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VITOR AKEO TUBONE HIOKI RA 11079314 Resenha do artigo “O Programa Minha Casa Minha Vida nas regiões metropolitanas de São Paulo e Campinas: aspectos socioespaciais e segregação” No artigo publicado em 2014, a professora doutora Raquel Rolnik aborda o tema da atual política habitacional do Governo Federal, o Programa Minha Casa Minha Vida. O estudo é focado especificamente nas regiões metropolitanas de São Paulo e Campinas, em que foi analisado o padrão de inserção urbana dos empreendimentos produzidos pelo programa. A autora divide seu texto em três partes. Na primeira, ela aborda o funcionamento do programa em suas diferentes modalidades. Depois, caracteriza a estrutura das regiões estudadas e, por fim, analisa a relação entre a inserção dos conjuntos e os padrões de segregação soco espacial vigentes nos respectivos territórios. Ao se tratar da origem do programa, ele foi lançado em 2009 pelo Governo Federal, com o intuito de diminuir a falta de moradia pela população de baixa renda, criando meios de incentivo à construção e à obtenção de novas unidades habitacionais. Nele, três faixas de rendas diferentes são definidas, sendo a Faixa 1 da população mais pobre (renda mensal até R$1.600,00) e a 3 sendo a menos pobre (renda mensal entre R$3.100,00 e R$5.000,00).

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Page 1: Rolnik

VITOR AKEO TUBONE HIOKI

RA 11079314

Resenha do artigo “O Programa Minha Casa Minha Vida nas regiões

metropolitanas de São Paulo e Campinas: aspectos socioespaciais e

segregação”

No artigo publicado em 2014, a professora doutora Raquel Rolnik aborda

o tema da atual política habitacional do Governo Federal, o Programa Minha

Casa Minha Vida. O estudo é focado especificamente nas regiões

metropolitanas de São Paulo e Campinas, em que foi analisado o padrão de

inserção urbana dos empreendimentos produzidos pelo programa.

A autora divide seu texto em três partes. Na primeira, ela aborda o

funcionamento do programa em suas diferentes modalidades. Depois,

caracteriza a estrutura das regiões estudadas e, por fim, analisa a relação entre

a inserção dos conjuntos e os padrões de segregação soco espacial vigentes

nos respectivos territórios.

Ao se tratar da origem do programa, ele foi lançado em 2009 pelo

Governo Federal, com o intuito de diminuir a falta de moradia pela população

de baixa renda, criando meios de incentivo à construção e à obtenção de novas

unidades habitacionais. Nele, três faixas de rendas diferentes são definidas,

sendo a Faixa 1 da população mais pobre (renda mensal até R$1.600,00) e a 3

sendo a menos pobre (renda mensal entre R$3.100,00 e R$5.000,00).

A faixa de maior prioridade é a de menor renda. Nesse grupo, a demanda

dos empreendimentos é inteiramente indicada pelos governos locais, e são

subsidiados pelo Fundo de Arrendamento Residencial (FAR) ou pelo Fundo de

Desenvolvimento Social (FDS). A construtora participa apenas na parte da

construção das habitações. Já nas Faixas 2 e 3, a construtora se

responsabiliza também pela comercialização das unidades, onde os

beneficiários negociam diretamente com ela. O financiamento é concedido pela

CAIXA com recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS).

Além do problema da falta de moradia, o programa foi criado a fim de

minimizar os efeitos da crise internacional de 2008, estimulando o setor da

construção civil, que gera demanda expressiva por mão de obra de baixa

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qualificação e também a fim de evitar a falência generalizada de grandes

empresas do setor imobiliário.

A Região Metropolitana de Campinas (RMC) é caracterizada pelo

predomínio de um padrão de urbanização disperso, onde há alta necessidade

do uso de automóveis para locomoção. A presença da segregação sócio

espacial é outro ponto bem marcante dessa região, onde duas grandes áreas

(porção nordeste rica e porção sudoeste pobre) separadas por uma rodovia se

diferem muito em questões econômicas.

Na porção sudoeste, ou também “lugar dos pobres”, há muitos conjuntos

habitacionais de grande porte, devido ao valor das terras, que por serem de

baixo padrão, são mais baratas. Além disso, nessa parte da região, a oferta de

trabalhos e serviços públicos é menor e a mobilidade tem sérias restrições,

diferente da porção nordeste, onde estão localizados os bairros de alta renda e

altos investimentos, e portanto apresentam mais empregos, serviços e

equipamentos urbanos em geral. Por ter os lotes mais valorizados, o número

de empreendimentos do programa cai drasticamente comparando com a

porção sudoeste e os poucos que existem são destinados à famílias de

maiores rendas.

Ao se tratar da Região Metropolitana de São Paulo (RMSP), a qual possui

39 municípios dos quais São Paulo é considerado o polo por ser o mais

importante em termos populacionais e econômicos, refletiu na realidade do

quadrante sudoeste que “historicamente concentrou a renda e o emprego na

cidade”. A periferia no entanto, se desenvolveu com a ocupação da população

de baixa renda tanto no município de São Paulo, como nos outros, como

explica Rolnik.

Em comparação a RMC, a RMSP recebe empreendimentos de porte

menor, isso porque a região é mais cara e também porque já não há mais

tantos espaços disponíveis para construção. Mas como em RMC, na RMSP a

maior parte das unidades da Faixa 1 foram alocadas em áreas de alta

vulnerabilidade social, que no caso de São Paulo é a Zona Leste.

A grande crítica da autora é que ao invés de criar mais oportunidades a

essa população de menor renda e diminuir a desigualdade social, o programa

sustena ainda mais a ideia de segregação socioespacial, “reforçando a lógica

de que o lugar dos pobres é nas periferias”.