Rolagem Automática

Resultado de análise feita pela ONU em 1998 nas TV’s abertas do Brasil sobre desenhos animados:(WWW.midiativa.com.br)

a cada 60 minutos 20 crimes eram

exibidos

em apenas uma semana a TV veiculou imagens de 1432 atos de violência.

Telinha, sempre companheira,de cada dia evitas a solidão.Na mão empunho tua bandeirae, teu sentir, trago no coração. Ando na moda que ditas,as tuas ordens, sou só ouvidos.Consumo as drogas que indicase só sinto com os teus sentidos. O que a telinha mandar, faremos todos,senão levaremos bolos.

Cantei pelas "Diretas Já",marchei com Deus pela família,votei nos mesmos, do Rio Grande ao Pará,e festejei a “redentora fantasia”. Doei ouro para o bem do Brasil,do vermelho, ainda sinto pavorvibrei com Pelé pelo gol mile elegi, dos marajás, o caçador. Telinha, sempre companheira,telinha, minha droga, meu senhor.Vem aí, eleição brasileira,indica-me, da inflação, o domador.

O que a telinha mandar, faremos todos,senão levaremos bolos. Telinha, conserva-me na paz da servidão.Telinha, minha droga, meu senhor,afasta-me da inquieta indagação:"quem sou, de onde vim , para onde vou"?"Quem sou, de onde vim , para onde vou"? 

Arranjo : Ozias Ferreira

A seguir o texto: “Teveína”: Droga Socialmente Aceita desenvolve um pouco mais o tema que gerou a composição “Telinha: Minha Droga, Meu Senhor”

Se for de interesse é só CLICAR e continuar clicando.

Composição, e Voz: J.Coêlho

Imaginamos consultar livros e revistas para escrevermos sobre o assunto. Entretanto, achamos melhor expressar "livremente" o que pensamos e sentimos, com base, exclusivamente, em nossas próprias observações. Há muito estamos refletindo e chegamos a uma estranha e confusa conclusão: "não sabemos quando nossos comportamentos são motivados por nossa vontade, ou quando o são pela ingestão de "Teveína" - droga facilmente absorvida pelo organismo durante a audiência de alguns programas e comerciais transmitidos por TV. De uma forma simplista, concluímos: "enquanto a manutenção do domínio nas ditaduras é feita pela truculência das armas, nas democracias o é pela violência dos meios de comunicação, em especial a televisão". O sistema capitalista depende fundamentalmente do consumo. As previsões de vendas e de expansões das empresas são garantidas com a utilização dos meios de comunicação. 

Assim, a manutenção do poder político e do poder econômico dependem, fundamentalmente, de uma ação modeladora dos comportamentos das massas. Por mais incrível que possa parecer, comportamo-nos como verdadeiras marionetes. Os dominadores nos manobram por meio da "Teveína" ingerida, quando expomos nossos olhos e ouvidos às imagens e aos sons da telinha. Como podemos explicar nossa associação de prazer às drogas?Como podemos entender filmes de violência como passatempo?Como podemos explicar termos elegido como presidente um político biônico, colorido e endossado por uma legenda desconhecida?Como podemos ter saído às ruas, aos milhões, para exigir "Diretas Já" e, a seguir, termos respondido com o silêncio a um "Colégio Eleitoral"?

Como podemos ter saído às ruas, aos milhões, para, com bandeiras e caras pintadas, exigirmos o "impeachment" do mesmo colorido e não ensaiarmos nenhuma reação contra os mais variados grupos de "anões": os do orçamento, os do INSS, os do FGTS, os da seca, os da sonegação, os da lavagem de dinheiro etc...?

Como podemos valorizar tanto o automóvel, se deforma as cidades com pontes e viadutos e impede o tráfego gerando os grandes congestionamentos?

Como podemos consumir milhões de cópias de um disco e seis meses depois nem lembrarmos da música e da letra?

Como podemos passar tantas horas em frente da TV, assistindo aquela mesmice?

Como podemos enfeitar as ruas da cidade para incentivar os craques de bola, e não conseguimos sequer colocar uma fita verde no pulso para demonstrar nossa solidariedade na campanha contra a fome?

Como podemos deixar de usar aquela roupa, com a qual, até pouco tempo, sentíamo-nos muito bem?

Como podemos dar refrigerantes a nossos filhos, se temos a fartura e a variedade das frutas de um país tropical?

Como podemos nos encher de esperanças e otimismo por mais um plano econômico, se todos os anteriores reduziram nossas oportunidades de emprego e o nosso poder aquisitivo?

Enfim, como conseguimos fugir tanto de viver melhor? Por que tanto medo de ser feliz? Por que essa submissão geral e irrestrita?

Quando subverteremos essa desordem?

Quando deixaremos de ser marionetes para realizarmos nossos reais desejos e expressarmos, por pior ou mais ridículo que possa parecer, os nossos verdadeiros e íntimos sentimentos e pensamentos?

Quando teremos o prazer ou a coragem de conhecer-nos?

Quem somos nós? Para onde vamos e de onde viemos?

Como podemos utilizar o tempo, tão curto, entre o nosso nascimento e a nossa morte, a favor de nossa realização? O passo inicial contra mais essa dependência é não ligar a telinha. Evitemos o primeiro " Clic".

Para aqueles que precisarem de ajuda aconselhamos a participarem das reuniões dos T.A. - Teléticos Anônimos.

Nestes grupos são desenvolvidas técnicas de defesa pessoal contra a violência dos meios de comunicação, que consegue: fantasiar o velho de novo, a mentira de verdade, associar o prazer às drogas e o passatempo à violência ou à mesmice medíocre e vazia. Mais que isso, conseguem destruir nossa vontade e nos empurrar goela abaixo desejos e emoções.

 "Telinha, Minha Droga, Meu Senhor" é o nosso registro em rimas da nossa fuga de nós mesmos.

São as rimas das dificuldades do ser humano de abandonar a paz da servidão para viver a angústia do nascimento e correr os riscos da liberdade.

Formatação e Texto: J. Coêlho