rolagem automÁtica faixa 4 do cd: “nÓs e os nÓs 2”
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ROLAGEM AUTOMÁTICAFAIXA 4 DO CD:
“NÓS E OS NÓS 2”
A mão que prepara o solo,semeia a terrae colhe o fruto,faz a queimada.
A mão que escreve o conto,o poema e a prosa,redige e publicaa notícia mentirosa.
A mão que segura a régua,a ferramenta e a caneta,empunha as armas,arriscando o planeta.
A mão que navega por um corpo,fazendo amor ou ternura,espanca no protesto e sevicia na tortura.
A mão que se estende na chegadae repinica na folia,acena na partidae rufa para a guerra.
Nossas mãos, nossa contradição:o domínio ou a potência;a omissão ou a ação;a segurança ou a liberdade;
o ódio ou o amor;a ilusão ou a verdade;nas mãos nossas de cada dia,a vida e a felicidade;nas mãos nossas de cada dia,a vida e a felicidade.
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A seguir a crônica “Nossas Contradições” complementa o tema da canção “Mãos Nossas De Cada Dia”.
Se for de interesse é só usar o “ratinho”.
Nós homens somos dotados de atributos, que nos diferenciam dos animais. Somos conscientes de nós mesmos como uma entidade independente: lembramos do passado; visualizamos o futuro e indicamos ações e objetos por meio de símbolos. Somos dotados de consciência, razão e imaginação.
Acreditamos que num passado remoto, a partir do momento em que esses atributos foram ativados na raça humana, perdemos a vida em harmonia com a Natureza, tal como ocorre na vida animal.
Essa desarmonia e a responsabilidade de cuidarmos de nossa existência geraram e continuam gerando necessidades muito maiores, que as necessidades dos animais. Mesmo que a fome, a sede, e nossos desejos sexuais estejam completamente satisfeitos, continuamos insatisfeitos.
A razão de tudo isso é que carregamos no nosso interior uma Semente Divina e dela somos os responsáveis pelo seu cultivo, até que se realize a Árvore Nela potencialmente contida.
Precisamos preparar o solo do nosso interior, tratando com todos os cuidados o nosso corpo: boa alimentação, sem exageros e sem vícios. Precisamos levar água de boa qualidade e na quantidade justa, selecionando e orientando nossas emoções. É indispensável que se faça a luz em nosso interior, por meio de pensamentos construtivos e positivos. Assim, nossa permanente insatisfação é justificada pelo clamor dessa Semente, por um solo preparado, por água e luz, para que realize a árvore Nela potencialmente contida. Quando a Semente Divina de cada um de nós se transformar em Árvore, teremos reconquistado a harmonia perdida e reencontrado a trilha de volta à Casa Paterna. Nessa caminhada vamos percebendo nossas contradições e, é essa percepção que nos estimula a prosseguir.
São verdadeiros “estalos mentais”, que começam em nossa juventude e vão revelando a dualidade que existe em nós: capacidade de construir e capacidade de destruir; a verdade e a mentira; o ódio e o amor; a agressividade e a suavidade; a segurança e a liberdade; a dor e o prazer; a capacidade de dominar ou de escravizar e a de desenvolver; o masculino e o feminino; enfim a vida e a morte.
Esses “estalos mentais”, quando ocorrem, marcam com muita intensidade esses momentos. Quem, durante o seu processo de evolução, não teve a oportunidade de identificar essa dualidade dentro de si? Quem, num dia qualquer, olhando-se no espelho, no caso de fêmea, não teve a oportunidade de achar-se um tanto masculina e, no caso de macho, um tanto feminino? Quem, pelas mesas da vida, não teve oportunidade de defrontar-se com sua agressividade, ao perceber, sobre seu prato, as ossadas dos animais servidos? Quem, em algum momento, não preferiu a ilusão à verdade?
“Mão Nossa de cada Dia” é a constatação dessa dualidade, ao observarmos o nosso dia a dia. Entretanto, apesar de sermos um indivíduo, com nossas peculiaridades, carregamos dentro de nós todas as características da raça humana.