robÔ inteligente para uso na agricultura urbana

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FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE RONDONÓPOLIS INSTITUTO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E TECNOLÓGICAS CURSO DE ENGENHARIA AGRÍCOLA E AMBIENTAL ROBÔ INTELIGENTE PARA USO NA AGRICULTURA URBANA BACHAREL EM ENGENHARIA AGRÍCOLA E AMBIENTAL HUMBERTO SANCHES VICENTE Rondonópolis-MT - 2018

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Page 1: ROBÔ INTELIGENTE PARA USO NA AGRICULTURA URBANA

FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE RONDONÓPOLIS

INSTITUTO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E TECNOLÓGICAS

CURSO DE ENGENHARIA AGRÍCOLA E AMBIENTAL

ROBÔ INTELIGENTE PARA USO NA AGRICULTURA

URBANA

BACHAREL EM ENGENHARIA AGRÍCOLA E AMBIENTAL

HUMBERTO SANCHES VICENTE

Rondonópolis-MT - 2018

Page 2: ROBÔ INTELIGENTE PARA USO NA AGRICULTURA URBANA

ROBÔ INTELIGENTE PARA USO NA AGRICULTURA URBANA

Por

HUMBERTO SANCHES VICENTE

Monografia apresentada à Universidade Federal de Mato Grosso como parte dos

requisitos do Curso de Graduação em Engenharia Agrícola e Ambiental para

obtenção do título de Bacharel em Engenharia Agrícola e Ambiental.

Orientador: Prof.Dr. Renildo Luiz Mion

Rondonópolis, Mato Grosso – Brasil

2018

Page 3: ROBÔ INTELIGENTE PARA USO NA AGRICULTURA URBANA
Page 4: ROBÔ INTELIGENTE PARA USO NA AGRICULTURA URBANA

AGRADECIMENTO

Meus agradecimentos, primeiramente, aos meus pais, Dirce Eugenia Sanches Vicente e

Edilson Vicente, por sempre me apoiarem em minhas decisões, fazendo de mim a pessoa que

sou hoje. Muito obrigado por tudo.

À minha família, irmão Henrique Sanches Vicente, e a todos os tios e primos que sempre

estiveram ao meu lado, me incentivando e me dando conselhos incomparáveis.

Em especial a minha esposa Jacqueline Duarte Mariano, por sempre estar ao meu lado,

e fazer com que seguisse pelo lado certo, me dedicando ao que realmente é importante e me

ajudando de diversas maneira para a conclusão do curso.

Ao meu Professor Orientador Dr°. Renildo Luiz Mion, pelas inúmeras orientações e

conselhos não só neste trabalho, mas em todos os projetos que realizamos junto.

Aos meus amigos do projeto Smart Agriculture, Adriano Silveira, Pedro Bastos, Samuel

Norato, Sidney Borba e Vinícius Dorileo (Big Show), pela dedicação e esforço, foi uma imensa

ajuda para a conclusão deste projeto.

Muito obrigado!

Humberto Sanches Vicente

Page 5: ROBÔ INTELIGENTE PARA USO NA AGRICULTURA URBANA

RESUMO

O crescimento populacional das últimas décadas impulsiona o aumento territorial em diversas

metrópoles, a procura por alimentos e alimentos orgânicos torna-se cada vez mais abundante

decorrente a tal crescimento. A introdução de sistemas como a Inteligência Artificial – IA pode

levar a agricultura a um patamar de produção mais rápida e eficiente com qualidade e

sustentabilidade. Este trabalho teve como objetivo o desenvolvimento de um robô que realiza

as etapas da produção de hortaliças de forma automatizada. O robô realiza tarefas como semear,

verificar a umidade do solo, irriga-lo e eliminar plantas infestantes se necessário, com suas

ferramentas de trabalho acopladas a um braço que se movimenta pelo impulso de motores de

Passo no eixo X, Y e Z, contando também com um computador Raspberry Pi 3, um

microcontrolador Arduino Mega 2570 e uma placa Shield CNC. Com um software open source

a programação das tarefas a serem realizadas são feitas no site do fabricante. Ao realizar a

programação cria-se as coordenadas para cada ferramenta, conseguindo assim, o seu

acoplamento para realização do trabalho. O robô se mostrou muito eficiente, locomovendo-se

com precisão e suavidade, realizando as sequencias de plantio, irrigação e medição da umidade

do solo com perfeição e exatidão, conforme a programação feita no software do fabricante. O

equipamento foi adaptado de um modelo norte americano, lançado em 2014.

Palavras-chave: Plantio automatizado; hortaliças; robótica agrícola.

Page 6: ROBÔ INTELIGENTE PARA USO NA AGRICULTURA URBANA

ABSTRACT

The population growth of the last decades has boosted the territorial increase in severals

metropolis, the demand for food and organic food becomes more and more abundant due to

such growth. The introduction of systems such as Artificial Intelligence - AI can lead

agriculture to a faster and more efficient level of production with quality and sustainability.

This work had as objective the development of a robot that performs the steps of the production

of vegetables in an automated way. The robot performs tasks such as sowing, checking soil

moisture, irrigating it, and eliminating weeds if necessary, with its working tools coupled to an

arm that moves by the push of Step motors on the X, Y, and Z axes, counting also with a

Raspberry Pi 3 computer, an Arduino Mega 2570 microcontroller and a CNC Shield board.

With open source software, the scheduling of tasks to be performed is done on the

manufacturer's website. When performing the programming, the coordinates are created for

each tool, thus achieving its coupling to perform the work. The robot proved to be very efficient,

moving with precision and smoothness, realizing the sequences of planting, irrigation and soil

moisture measurement with perfection and accuracy, according to the programming made in

the manufacturer's software. The equipment was adapted from a North American model,

launched in 2014.

Keyword: Automated planting; vegetables; agricultural robotics.

Page 7: ROBÔ INTELIGENTE PARA USO NA AGRICULTURA URBANA

LISTA DE FIGURAS

Figura 4.1: Esboço do robô, mostrando sua estrutura e direções X, Y e Z...............................14

Figura 4.2: Impressão de uma peça pela MakerBot Print modelo Replicator 2..........................16

Figura 4.3: Bico Semeador........................................................................................................16

Figura 4.4: Bico Irrigador..........................................................................................................17

Figura 4.5: Bico Sensor de Umidade..........................................................................................18

Figura 4.6: Bico Plantas Daninhas.............................................................................................18

Figura 4.7: Bandeja de Sementes...............................................................................................19

Figura 4.8: UTM Cover.............................................................................................................19

Figura 4.9: UTM Universal inferior...........................................................................................20

Figura 4.10: UTM Universal superior........................................................................................20

Figura 4.11: Fixador da Correia.................................................................................................21

Figura 4.12: Suporte Rosca Sem Fim.........................................................................................21

Figura 4.13: Caixa Eletrônica....................................................................................................22

Figura 4.14: Capa dos Motores..................................................................................................22

Figura 4.15: Base de madeira.....................................................................................................23

Figura 4.16: Placa de Tecnil para suporte dos trilhos do Eixo X................................................24

Figura 4.17: Trilhos de alumínio eixo X instalado em nível na base de madeira........................24

Figura 4.18: Pórtico instalado no Eixo X...................................................................................25

Figura 4.19: Placa para suporte de canto do Pórtico...................................................................26

Figura 4.20: Placa de rodas do eixo X........................................................................................27

Figura 4.21: Placa de rodas instalado no trilho do eixo X...........................................................27

Figura 4.22: Etapa de construção da Placa de Deslizamento Cruzado.......................................28

Figura 4.23: Parte traseira da Placa Deslizamento Cruzado instalada no eixo Y........................29

Figura 4.24: Parte frontal da Placa Deslizamento Cruzado........................................................29

Figura 4.25: Placa para suporte do motor Z, instalada no eixo Z................................................30

Figura 4.26: Fase de teste das placas eletrônicas conectadas aos motores..................................31

Figura 4.27: Bomba a Vácuo.....................................................................................................32

Figura 4.28: Válvula Solenoide.................................................................................................32

Figura 4.29: Sensor de umidade instalado no bico.....................................................................33

Figura 4.30: Fonte de Alimentação 12V....................................................................................34

Figura 4.31: O Robô Inteligente................................................................................................35

Figura 4.32: Programação pelo software para o plantio de cenoura, alface e couve-flor............36

Page 8: ROBÔ INTELIGENTE PARA USO NA AGRICULTURA URBANA

Figura 4.33: Bico Semeador pegando a semente da Bandeja de Sementes.................................37

Figura 4.34: Bico Sensor de Umidade realizando a leitura no solo............................................37

Figura 4.35: Execução da sequência de irrigação.......................................................................38

Figura 4.36: Plantas germinadas................................................................................................39

Page 9: ROBÔ INTELIGENTE PARA USO NA AGRICULTURA URBANA

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO..................................................................................................................... 9

2. OBJETIVOS ....................................................................................................................... 10

2.1 Objetivo Geral ............................................................................................................ 10

2.2 Objetivo Específico .................................................................................................... 10

3. REVISÃO DE LITERATURA ............................................................................................. 11

3.1 Crescimento Populacional.......................................................................................... 11

3.2 Agricultura Urbana .................................................................................................... 11

3.3 Automação Agrícola .................................................................................................. 12

3.4 Robótica na Agricultura ............................................................................................. 13

4. MATERIAL E MÉTODOS .................................................................................................. 14

4.1 Impressora 3D ............................................................................................................ 15

4.1.1 Bico Semeador ...................................................................................................... 16

4.1.2 Bico Irrigador ....................................................................................................... 17

4.1.3 Bico Sensor de Umidade........................................................................................ 17

4.1.4 Bico Plantas Daninhas ........................................................................................... 18

4.1.5 Bandeja de Sementes ............................................................................................. 19

4.1.6 UTM Cover .......................................................................................................... 19

4.1.7 UTM Universal ..................................................................................................... 20

4.1.8 Fixador da Correia................................................................................................. 21

4.1.9 Suporte Rosca Sem Fim......................................................................................... 21

4.1.10 Caixa Eletrônica.................................................................................................... 22

4.1.11 Capa dos Motores.................................................................................................. 22

4.2 Montagem Estrutural.................................................................................................. 23

4.2.1 Base de madeira ................................................................................................... 23

4.2.2 Trilhos Eixo X ...................................................................................................... 23

4.2.3 Pórtico.................................................................................................................. 25

4.2.4 Deslizamento Cruzado ........................................................................................... 28

4.2.5 Eixo Z .................................................................................................................. 30

4.3 Hardware .................................................................................................................... 31

4.3.1 Placas Eletrônicas e Motor de Passo NEMA 17 ....................................................... 31

4.3.2 Bomba a Vácuo..................................................................................................... 32

4.3.3 Válvula Solenoide ................................................................................................. 32

4.3.4 Sensor de Umidade ............................................................................................... 33

Page 10: ROBÔ INTELIGENTE PARA USO NA AGRICULTURA URBANA

4.3.5 Fonte de Alimentação ............................................................................................ 33

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO........................................................................................... 35

6. CONCLUSÕES ................................................................................................................... 40

7. REFERÊNCIAS .................................................................................................................. 41

8. APÊNDICE......................................................................................................................... 43

Page 11: ROBÔ INTELIGENTE PARA USO NA AGRICULTURA URBANA

9

1. INTRODUÇÃO

A crescente urbanização sem planejamento no desenvolvimento social, apresenta-se

como um dos principais problemas da humanidade, como a falta de alimentos e sua

disponibilidade. O aumento demográfico das metrópoles implica na necessidade de aumentar a

produção de alimentos, para atender a demanda da população. Portanto, a necessidade do

aumento da produtividade, da qualidade e na eficiência na produção dos alimentos é de extrema

importância. Entende-se que a inovação sustentável não refere-se somente a novos conceitos,

mas também ao empreendedorismo e à comercialização das tecnologias, produtos e serviços

(CHARTER; CLARK, 2007).

Segundo Crestana e Fragalle (2012) a agricultura deve caminhar para o

desenvolvimento de métodos, processos, sistemas, sensores e equipamentos com vistas na

integração dos sistemas de produção e que sejam sustentáveis. A associação feita entre a

agricultura e o meio rural pode submeter a uma impressão de incompatibilidade entre a

agricultura e o meio urbano. A agricultura urbana é uma atividade que sempre se expressou

timidamente, porém não é uma prática antiga.

A inclusão de novas tecnologias, como novos processos de produção, pode fazer com

que o consumidor perceba a inovação e esteja disposto a adaptar-se para intensificar a produção

de alimentos. Por isso a robótica veio para contribuir com o aumento da eficiência, destacando-

se a velocidade de operação dos robôs que ultrapassa a dos humanos, além de dominar outras

habilidades, podendo trabalhar continuamente e de forma consistente com o mínimo de

manutenção (TANKE et al., 2011).

O desenvolvimento tecnológico contribui para aumentar a produtividade e eficiência

econômica à agropecuária. Atualmente a tendência é a substituição das máquinas com mais

potência e pesadas por tecnologias baseadas nas informações que podem propiciar operações

autônomas viáveis e confiáveis em campo (EARL et. al, 2000).

O Robô Inteligente para uso na Agricultura Urbana é uma máquina automatizada de

precisão e software projetado com as tecnologias atuais. Similar a uma impressora 3D e

máquinas de usinagem CNC, o hardware emprega guias lineares nas direções X, Y e Z que

permite o trabalho feito com suas ferramentas sendo elas um bico semeador, um bico irrigador,

um bico sensor de umidade do solo e um bico que elimina plantas daninhas.

Page 12: ROBÔ INTELIGENTE PARA USO NA AGRICULTURA URBANA

10

2. OBJETIVOS

2.1 Objetivo Geral

Objetivou-se a construção de um robô que realiza o plantio, a irrigação e o controle de

plantas daninhas de forma automatizada para produção de hortaliças.

2.2 Objetivo Específico

Como objetivos específicos, têm-se:

• Construção e demonstração do processo de automação do equipamento;

• Projetar peças para conexão dos trilhos de extrusão de alumínio, placas e suportes;

• Adaptar o software e hardware do fabricante para as dimensões do presente

trabalho;

• Testar e ajustar o equipamento para seu devido funcionamento;

Page 13: ROBÔ INTELIGENTE PARA USO NA AGRICULTURA URBANA

11

3. REVISÃO DE LITERATURA

3.1 Crescimento Populacional

A agricultura mundial passou, por uma série de transformações decorrentes do processo

de modernização, conhecida como Revolução Verde a partir da segunda guerra mundial. A

modernização consistiu na utilização de máquinas, insumos e técnicas produtivas que

permitiram aumentar a produtividade do trabalho e da terra (NUNES, 2007). A Revolução

Verde permitiu um pequeno aumento da oferta per capita mundial de alimentos.

Entre 1940 e 1970 a população brasileira passou de 41 para 93 milhões de pessoas, com

taxa média de crescimento de 2,8% ao ano (CARVALHO, 2004). O aumento da população nas

grandes cidades em grandes proporções se deu devido à falta de perspectivas de trabalho no

campo, onde os trabalhadores rurais começaram a migrar em busca de empregos e melhores

condições de vida, conhecido como êxodo rural (PAULO, 2010).

3.2 Agricultura Urbana

A agricultura urbana não é uma ocorrência recente, o surgimento das hortas

comunitárias ocorreu nos anos sessenta do Século XX. De acordo com Dieleman (2016) essas

hortas consistem em pequenos lotes para uso familiar em propriedades pública ou privada e

controlada de forma coletiva. Desse modo, os principais elementos de definição da agricultura

urbana são os tipos de atividades econômicas desenvolvidas, as categorias e as subcategorias

de produtos (alimentares e não-alimentares), característica locacional intra-urbano e periurbano

(essa localizada às margens da cidade, em contato mais próximo às áreas rurais) , tipos de áreas

onde a agricultura urbana é praticada, tipos de sistemas de produção e destino dos produtos e

escala de produção.

A produção de alimentos dentro do perímetro urbano e periurbano, aplicando métodos

intensivos, tem-se conta a inter-relação homem–cultivo–animal–meio ambiente e as facilidades

da infraestrutura urbanística que propiciam a estabilidade da força de trabalho e a produção

diversificada de cultivos e animais durante todo o ano, baseadas em práticas sustentáveis que

Page 14: ROBÔ INTELIGENTE PARA USO NA AGRICULTURA URBANA

12

permitem a reciclagem dos resíduo (GRUPO NACIONAL DE AGRICULTURA URBANA,

2001).

Evidentemente, a agricultura urbana e a periurbana estimulam a produção orgânica de

alimentos nos grandes centros urbanos, aproveitando as áreas ociosas para promover o plantio

de hortaliças, ervas medicinais e aromáticas, plantas ornamentais, criação de pequenos animais

e instalação de micro agroindústrias. As fazendas urbanas podem ser definidas como hortas

plantadas em vasos, em containers adaptados, em praças, varandas, sacadas ou telhados de

edifícios e casas (COOK et al., 2015).

Mougeot (2000) destaca que uma característica relevante da agricultura urbana é a sua

integração com o sistema econômico, urbano, social e ecológico. Este grau de integração

depende, por um lado, da utilização dos recursos urbanos, tais como solo, trabalho, resíduos

orgânicos e água. Por outro lado, depende dos impactos causados para os cidadãos urbanos em

termos de segurança alimentar, ecologia, economia, coesão social, saúde, redução da pobreza e

significado cultural.

3.3 Automação Agrícola

A modernização agrícola no Brasil, iniciou-se após metade da década de 1960, quando

muitas indústrias de tratores, equipamentos agrícolas, fertilizantes químicos, rações e

medicamentos veterinários começaram a se instalar no país, contribuindo para o princípio de

uma transformação gradativa no campo, modificando inclusive a base produtiva, priorizando a

produção de produtos com fácil comercialização no mercado exterior (SILVA ,1998).

Ao final da década de 80 e início de 90, iniciou um novo ciclo de tecnologias aplicadas

à agricultura, principalmente no que se refere aos equipamentos agrícolas, pelas possibilidades

e alternativas para gerenciar, com precisão, os campos de produção. Evidentemente, a

automação, já em uso naquela época, facilitava o trabalho dos operadores de máquinas agrícolas

e a área técnica na tomada de decisão. Mas, com a disponibilização do GPS, por volta de 1990,

a melhoria da precisão para localização e navegação dos veículos, provocou-se uma onda de

atividades, estabelecendo a Agricultura de Precisão (TAYLOR; WHELAN, 2010).

Com a expansão demográfica, associado à transformação do perfil socioeconômico e a

busca por maior produtividade e qualidade fez com que agricultores recorressem a

equipamentos tecnológicos para modernizarem suas plantações, e os que ainda se recusam os

Page 15: ROBÔ INTELIGENTE PARA USO NA AGRICULTURA URBANA

13

fazer uso dessa tecnologia acabam perdendo o espaço no mercado. De acordo com Christofidis

(1999) para qualquer tipo de empresa, a agricultura necessita ter capacidade de competir com a

concorrência, oferecendo qualidade e agilidade, e para tanto, existem diversos tipos de

máquinas que tornam mais rápidas as etapas do plantio, aragem, irrigação, colheita, etc.

3.4 Robótica na Agricultura

Uma das técnicas para intensificar a produção de alimentos é a robótica. Nos últimos

anos, diversos avanços foram feitos no setor. De acordo com Tanke et al (2011) a velocidade

de operação dos robôs ultrapassou a de humanos e eles estão alcançando outras habilidades,

podendo trabalhar continuamente e de forma consistente com o mínimo de manutenção. A

robotização das atividades agrícolas deve considerar todos os agentes envolvidos na produção

possibilitando a intensificação com o menor impacto possível.

Dá-se o nome de robô aos agentes capazes de realizar tarefas que alteram o espaço físico

com a utilização de atuadores e também são equipados com sensores o que lhe permite perceber

o ambiente (RUSSEL; NORVING, 2004).

A robótica na agricultura não é um conceito novo, em ambientes controlados (estufas)

tem uma história de mais de 20 anos. Estudos vêm sendo realizados para desenvolver

colhedoras para o tomate cereja, pepino, cogumelos e frutas. Na horticultura, robôs foram

utilizados para a colheita de citrinos e maçãs. Em criação de gado leiteiro, a ordenha realizada

por robôs é muito comum na Holanda (NOGUCHI, 2010).

Segundo Tanke et al (2011) hidroponia é uma boa plataforma para automação robótica

porque exige um trabalho periódico, uma abordagem sistemática, movimento repetitivo e um

ambiente estruturado. Assim, combinando hidroponia e melhorias robóticas obtém-se eficiência

de crescimento de plantas, aumento da produtividade e diminuição as perdas.

De acordo com Oliveira (2009), até o presente estágio de desenvolvimento da

tecnologia, a adoção da robótica vem sendo estimulada principalmente pela avaliação do

retorno econômico, essencialmente promovido pela eficiência na aplicação diferenciada de

insumos. Entretanto a tecnologia deve ser entendida como um sistema de produção agrícola que

integra a informação dentro de uma visão holística da produção.

Page 16: ROBÔ INTELIGENTE PARA USO NA AGRICULTURA URBANA

14

4. MATERIAL E MÉTODOS

A construção do equipamento foi realizado na Universidade Federal de Mato Grosso,

campus Rondonópolis – MT, desenvolvido no Laboratório de Máquinas e Mecanização

Agrícola, do curso de Engenharia Agrícola e Ambiental, no período de Fevereiro 2018 a Julho

2018.

O robô foi construído com extrusão de alumínio e rodas V-Slot, placas e suportes. O

equipamento tem uma área de plantio de aproximadamente 1 m², possui as seguintes dimensões

de um metro de comprimento, um metro de largura e conseguindo suportar plantas de ate

sessenta centímetros de altura.

Similar a impressoras 3D e máquinas de usinagem CNC, o hardware emprega guias

lineares nas direções X, Y e Z que permite o equipamento trabalhar com suas ferramentas, como

pode ser observado na Figura 4.1. Essas ferramentas são os bicos que são mudados conforme a

tarefa a ser executada, sendo, um bico semeador, um bico irrigador, um bico com sensor de

umidade do solo e um bico que elimina plantas daninhas.

Figura 4.1: Esboço do robô, mostrando sua estrutura e direções X, Y e Z.

Para realização da semeadura, irrigação e medição da umidade do solo o equipamento

é impulsionado por quatro motores de passo NEMA 17 com codificadores rotativos, um

microcontrolador Arduino Mega 2570 com uma placa Shield CNC, e um computador

Raspberry Pi 3.

Com dois trilhos em paralelo fixos a uma base de madeira, que estende-se na direção X

e um Pórtico que abrange as faixas e se move ao longo deles. Montado para conectar-se ao

Page 17: ROBÔ INTELIGENTE PARA USO NA AGRICULTURA URBANA

15

Pórtico a placa Movimento Cruzado se move na direção Y e dimensionado como suporte do

eixo Z, que assim trabalha com suas ferramentas. O projeto de montagem das ferramentas

citadas permite o fácil dimensionamento nas direções X, Y e Z, se locomovendo com exatidão.

Sendo um projeto tanto de hardware como de software todo o sistema é automatizado e

controlado numericamente. Com um software de nuvem em base open source, o usuário pode

projetar, programar e controlar seu hardware da maneira que desejar.

O usuário é capaz de controla-lo manualmente, através da interface web usando alguns

botões de controle simples. Um motivo para usar o controle manual é no caso de início da

programação, manutenção ou resoluções de problemas que requer o movimento exato dos

componentes.

Para usar o software do equipamento, é preciso criar uma conta de usuário pelo site

https://my.farm.bot/ para que seu trabalho e dados podem ser salvos e mais tarde acessados.

O perfil do usuário precisará estar relacionado ao hardware para fornecer autenticação

ao carregar o código de controle numérico para o hardware, ou seja, o software precisa saber

exatamente qual hardware o usuário possui e sua configuração atual. Caso contrário, o usuário

pode agendar as operações que não podem ser concluídas ou o controle numérico enviado para

a máquina não será compatível.

Na programação existe a possibilidade do uso de aplicativo em celular, tablete e

notebook para monitorar o sistema via Wi-Fi, devido ao uso de um microcomputador tipo

Raspberry Pi3®. A sua interface da Web é lida pelo microcomputador Raspberry Pi3®, e

interpretada para o microcontrolador Arduino, que deverá enviar os comandos para todos os

sensores, motores e outros equipamento e também mostrar os dados em tempo real de volta

online. Portanto, o microcomputador terá seu próprio sistema operacional incorporado, que

poderá interpretar o código, enviar e receber dados para os motores e sensores.

4.1 Impressora 3D

Para iniciar a fabricação do equipamento algumas peças foram impressas em impressora

3D, da marca MakerBot Print modelo Replicator 2. Com a utilização do software SolidWorks

as peças são projetadas e passadas para o software da impressora 3D, e então gravadas em um

cartão de memória para imprimi-las na impressora que trabalha com o polímero Ácido

Poliláctico (PLA). Na Figura 4.2 pode ser observada a impressão de uma peça.

Page 18: ROBÔ INTELIGENTE PARA USO NA AGRICULTURA URBANA

16

Figura 4.2: Impressão de uma peça pela MakerBot Print modelo Replicator 2.

4.1.1 Bico Semeador

O bico semeador possui três imãs de neodímio para mante-lo conectado ao sistema de

engate rápido do robô. Possui um orifício por onde é conectado a mangueira do vácuo e na sua

ponta contém uma agulha que pode ser substituído conforme as dimensões da sementes a ser

usada. (Figura 4.3).

Figura 4.3: Bico Semeador.

Page 19: ROBÔ INTELIGENTE PARA USO NA AGRICULTURA URBANA

17

4.1.2 Bico Irrigador

O bico irrigador foi dimensionado para a água ser liberada como um chuveiro, de forma

suave, sem que haja danos nas plantas e no solo, trabalhando juntamente com uma válvula

solenoide que libera a água apenas quando acionada por um tempo determinado na

programação. A irrigação é feita de acordo com as coordenadas das plantas, portanto ela é

realizada em cima de cada uma. No bico foi instalado três ímãs de Neodímio para ser acoplado

pelo UTM Universal, conforme a Figura 4.4.

Figura 4.4: Bico Irrigador.

4.1.3 Bico Sensor de Umidade

Este conector possui um sensor de umidade responsável para realizar as leituras da

umidade do solo. É construído baseado na capacitância do solo e, envia informações para o

sistema de aquisição de dados em que é realizado o processamento dos dados e transmite

informação se é o momento para irrigar ou não, conforme a programação feita pelo usuário.

Possui três imãs de Neodímio para ser acoplados pelo UTM Universal. (Figura 4.5)

Page 20: ROBÔ INTELIGENTE PARA USO NA AGRICULTURA URBANA

18

Figura 4.5: Bico Sensor de Umidade.

4.1.4 Bico Plantas Daninhas

Este bico foi fabricado com a intenção de eliminar as plantas daninhas, esmagando-as

contra o solo quando detectadas. A identificação das plantas infestantes é realizado por uma

câmera instalado no eixo Z do equipamento. Neste bico foi instalado três pás que realiza o

esmagamento da planta e três ímãs de Neodímio para ser acoplado pelo UTM Universal. (Figura

4.6).

Figura 4.6: Bico Plantas Daninhas.

Page 21: ROBÔ INTELIGENTE PARA USO NA AGRICULTURA URBANA

19

4.1.5 Bandeja de Sementes

A bandeja de sementes pode armazenar 16 tipos diferentes de sementes. Em sua

programação é identificado cada coordenada, identificando-as como 1A, 2A, 3A, 4A, 1B, 2B,

3B, 4B, 1C, 2C..., onde, em cada espaço tem um tipo de semente, e assim, o bico semeador irá

pegar a semente com exatidão, semeando-as em um local também já estabelecido pela

programação. Na (Figura 4.7), pode ser observado a bandeja de sementes.

Figura 4.7: Bandeja de Sementes.

4.1.6 UTM Cover

O UTM Cover é o suporte primário das mangueiras e fios para o UTM Universal. Ele é

fixado no eixo Z, conforme a (Figura 4.8).

Figura 4.8: UTM Cover.

Page 22: ROBÔ INTELIGENTE PARA USO NA AGRICULTURA URBANA

20

4.1.7 UTM Universal

Este é o suporte secundário, que é instalado abaixo do UTM Cover. Nele inseriu-se as

mangueiras de água e ar por conectores pneumáticos de engate rápido, os fios do sensor de

umidade, anéis de vedação, e três ímãs de Neodímio para o devido acoplamento nos bicos

descritos acima, como pode ser visualizado nas (Figuras 4.9 e 4.10).

Figura 4.9: UTM Universal inferior.

Figura 4.10: UTM Universal superior.

Page 23: ROBÔ INTELIGENTE PARA USO NA AGRICULTURA URBANA

21

4.1.8 Fixador da Correia

Esta peça tem por finalidade fixar as correias dentadas. Nele existem três aberturas que

ao passar a correia a mesma fica bem firme. Esta peça é instalada com cautela para que a correia

não fique muito esticada, nem muito frouxa, sendo utilizadas nos eixos X e Y (Figura 4.11).

Figura 4.11: Fixador da Correia.

4.1.9 Suporte Rosca Sem Fim

Este suporte é responsável pela fixação do eixo Z, ele é instalado na placa do

Deslizamento Cruzado. O motor ao ser acionado move a rosca sem fim, que ao passar pelo

suporte move todo o eixo Z para cima ou para baixo (Figura 4.12).

Figura 4.12: Suporte Rosca Sem Fim.

Page 24: ROBÔ INTELIGENTE PARA USO NA AGRICULTURA URBANA

22

4.1.10 Caixa Eletrônica

A caixa eletrônica foi projetada para manter os componentes eletrônicos em segurança.

Nela é instalada o Raspberry Pi 3, o Arduino Mega 2570 a Placa Shield CNC acoplada no

Arduino, e uma placa do sensor de umidade do solo (Figura 4.13).

Figura 4.13: Caixa Eletrônica.

4.1.11 Capa dos Motores

As capas dos motores foram confeccionadas com a intenção de proteger os motores de

intemperes, Sol, chuva e sujeira. Sendo duas para os motores do eixo X, e uma para o motor

do eixo Y, e uma capa com o designe diferente para o motor do eixo Z, como observado na

(Figura 4.14).

Figura 4.14: Capa dos Motores.

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4.2 Montagem Estrutural

4.2.1 Base de madeira

A base do projeto foi construída de madeira com as dimensões de 1,1 x 1 x 0,3 m

(comprimento, largura e profundidade), e reforçada em cada quina com vigas também de

madeira, as quais foram fixadas com parafusos M8 x 100 mm de comprimento, arruelas e porcas

auto-travante. Essa base será preenchida com uma camada solo e sustentará todo o equipamento

(Figura 4.15).

Figura 4.15: Base de madeira.

4.2.2 Trilhos Eixo X

Os trilhos de extrusão de alumínio em V-slot dão ao equipamento o movimento com

precisão nas direções X e Y. O eixo X é composto por dois trilhos, os quais são instalados em

paralelo.

Os trilhos obtêm grande precisão na sua locomoção de forma simples e eficiente,

permitindo que o equipamento retorne a sua posição inicial rapidamente. Com a utilização dos

trilhos, na área plantada não há compactação no solo e nem esmagamento da planta .

Os trilhos do eixo X é responsável pelo movimento linear do equipamento, para frente

e para trás, o qual é composto por duas barras de extrusão de alumínio em V-Slot, com 1m de

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comprimento cada. Ambos foram instalados em paralelo na base de madeira com placas de

Tecnil, duas para cada lado, conforme a (Figura 4.16).

Figura 4.16: Placa de Tecnil para suporte dos trilhos do Eixo X.

As placas foram fixadas a base de madeira com parafusos de madeira, tomando o

cuidado de deixar os trilhos na mesma altura e alinhados ao longo do seu comprimento, de

modo que o equipamento se mova suavemente.

Os trilhos são fixados na placa de Tecnil com parafusos M5 x 10mm e porcas auto-

travante. Para confirmação desta correta instalação foi utilizado uma régua de nível em cima

dos trilhos, como pode ser observado na (Figura 4.17).

Figura 4.17: Trilhos de alumínio eixo X instalado em nível na base de madeira.

Page 27: ROBÔ INTELIGENTE PARA USO NA AGRICULTURA URBANA

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4.2.3 Pórtico

O Pórtico é um componente estrutural encaixado aos dois trilhos do eixo X (Figura

4.18), que por meio de um sistema de acionamento se move na direção X. Ele serve como um

guia linear para o deslizamento cruzado, que se move na direção Y, o qual também é usado

como base para a montagem de outras ferramentas, como a caixa das placas eletrônicas.

Figura 4.18: Pórtico instalado no Eixo X.

Os componentes estruturais do pórtico conta com três trilhos de alumínio de extrusão

V-slot, conectados por quatro placas. Duas placas são usadas em sua base, que foram

encaixados aos trilhos do eixo X e dará o movimento por rodas e correia dentada ligadas ao

motor de passo e pinhão. As outras duas placas são para fixar a estrutura do pórtico, juntando

os dois trilhos da vertical com o trilho da horizontal.

A construção do pórtico iniciou-se na fabricação da placa para suporte de canto, a qual

juntará as duas vigas com a coluna. Esta placa de fixação é de aço e para fixa-las foram

utilizados parafusos M5 x 10mm e porcas M5. As porcas dos parafusos são introduzidas por

dentro do trilho de alumínio, o qual, ao apertar os parafusos todos fiquem bem firmes (Figura

4.19).

Page 28: ROBÔ INTELIGENTE PARA USO NA AGRICULTURA URBANA

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Figura 4.19: Placa para suporte de canto do Pórtico.

O mesmo procedimento foi realizado com a outra placa, tomando o cuidado de instalar

a placa na mesma altura para ambas ficarem alinhadas e em nível. Após as duas vigas estarem

com as placa instaladas, foram fixadas nelas a coluna, também com parafusos M5 x10mm e

porcas M5.

Com a estrutura quase pronta realizou-se a fabricação de duas placas de rodas. Nelas

são instaladas as rodas para deslizamento e o motor de passo e fixada no pórtico.

Para cada placa foram instaladas sete rodas em V-slot, quatro que passará na parte

superior do trilho, e três na parte inferior do eixo X. Cada rodas obtêm dois rolamentos em seu

interior. Para fixar as rodas nas placas foram utilizados parafusos M5 x 30mm, porcas auto-

travante e arruelas, apertando-as com cautela para não deixar as rodas travadas. As arruelas

foram usadas como espaçadores, o qual dá a distância necessária para a placa não bater no

trilho. Na (Figura 4.20), pode ser observada a placa de rodas do eixo X.

Page 29: ROBÔ INTELIGENTE PARA USO NA AGRICULTURA URBANA

27

Figura 4.20: Placa de rodas do eixo X.

Para a devida locomoção do pórtico, foram instalados em cada placa de rodas um motor

de passo, contendo na ponta do eixo polia GT2 de vinte dentes com parafusos de fixação. A

correia dentada foi instalada no eixo X, com o fixador de correias, como já descritos

anteriormente, passando pela polia dentada GT2, deixando-a com bem fixa, porém não muito

apertada, pois, influenciaria no movimento de rotação do motor. Na (Figura 4.21), pode ser

observado a placa de rodas instalado no trilho do eixo X.

Figura 4.21: Placa de rodas instalado no trilho do eixo X.

Page 30: ROBÔ INTELIGENTE PARA USO NA AGRICULTURA URBANA

28

Posteriormente, com o pórtico instalado a base do equipamento, foi fixado em uma das

vigas a caixa eletrônica e na outra a bomba a vácuo.

Realizou-se também um teste manual, empurrando-o para frente e para trás, visando sua

correta movimentação, sem que haja nenhuma interferência, ou desalinhamento.

4.2.4 Deslizamento Cruzado

O deslizamento cruzado se move na direção Y através do pórtico. Ele permite que o

equipamento realize as operações em qualquer lugar no plano X Y, e é movido por um motor

de passo NEMA 17, funcionando como base para o eixo Z.

A montagem da placa de deslizamento cruzado pode ser dividida em três etapas. A

primeira foi a construção da placa, nesta etapa deve-se ter bastante cautela e atenção para seus

componentes e parafusos não sobreporem uns aos outros, pois ela é usada para diversas funções.

Na (Figura 4.22), podemos observar a construção da Placa de Deslizamento Cruzado.

Figura 4.22: Etapa de construção da Placa de Deslizamento Cruzado.

Na segunda etapa da construção foi realizada a montagem da parte traseira da placa, a

qual dará ao equipamento o movimento no eixo Y. Para isso foram utilizados cinco rodas em

V-Slot e um motor de passo. As rodas são fixadas na placa com parafusos M5 x 30mm com

arruelas e porcas auto-travante. Posteriormente foi realizado a instalação do motor de passo,

Page 31: ROBÔ INTELIGENTE PARA USO NA AGRICULTURA URBANA

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que igual aos motores do eixo X contém um polia GT2 com vinte dentes na ponta de seu eixo,

como pode ser observado na (Figura 4.23).

Figura 4.23: Parte traseira da Placa Deslizamento Cruzado instalada no eixo Y.

Na terceira e última etapa, foi realizado a montagem da parte frontal da placa, a qual

sustenta os componentes do eixo Z. Utilizando parafusos M5 x 30mm quatro rodas V-Slot

foram fixadas na placa com arruelas e porcas auto-travante para o acoplamento da barra de

alumínio do eixo Z. Em seguida foi fixado a placa o suporte da rosca sem fim, como pode ser

observado na (Figura 4.24).

Figura 4.24: Parte frontal da Placa Deslizamento Cruzado.

Page 32: ROBÔ INTELIGENTE PARA USO NA AGRICULTURA URBANA

30

Contudo, após todos os componentes da placa estarem instalados, a mesma foi

encaixada ao trilho da coluna do pórtico. Para ocorrer o devido deslizamento da placa no eixo

Y foi utilizado uma correia dentada, que é fixa nas extremidades do trilho com o Fixador da

Correia, já descrita anteriormente. Igualmente ao pórtico, a correia deve ser bem fixada e

esticada, porém não tão apertada para não afetar a rotação do motor.

4.2.5 Eixo Z

O eixo Z se conecta a placa deslizamento cruzado e fornece o movimento na direção Z.

Ele serve como base para conectar o suporte UTM Cover e UTM Universal para o acoplamento

dos bicos, e como fixador de uma placa que sustenta o motor de passo NEMA 17 que dará o

movimento da rosca sem fim. A montagem do eixo Z iniciou-se na fabricação de uma placa

para o motor Z. Esta chapa é de aço suporta um motor de passo, onde, em sua ponta é conectado

a rosca sem fim e fora instalada na parte superior do trilho do eixo Z.

Uma barra de alumínio de extrusão V-Slot, foi encaixada na placa do deslizamento

cruzado, passando-a pelas rodas do lado frontal da placa. Nesta barra foi fixada a placa para

suporte do motor Z, com parafusos M5 x 10mm e porcas. O motor ao ficar com seu eixo para

baixo foi fixado em sua ponta um acoplamento flex pelo lado de 5mm, em sua outra

extremidade foi encaixado uma barra sem fim de 8mm, a qual passa pelo seu suporte fixo na

placa do deslizamento cruzado, conforme a (Figura 4.25).

Figura 4.25: Placa para suporte do motor Z, instalada no eixo Z.

Page 33: ROBÔ INTELIGENTE PARA USO NA AGRICULTURA URBANA

31

Na barra do eixo Z também foram fixados em sua ponta de baixo as ferramentas UTM

Cover e UTM Universal, já descritas anteriormente.

4.3 Hardware

A eletrônica embarcada utilizada neste projeto é semelhante aos encontrados em

máquinas de usinagem CNC e impressoras 3D, placas eletrônicas, motores, válvula solenoide

e sensor.

Com toda estrutura do robô já instalado, iniciou-se a montagem dos componentes

elétricos, eletrônicos e a alimentação de energia.

4.3.1 Placas Eletrônicas e Motor de Passo NEMA 17

O hardware é controlado por um microcontrolador Arduino Mega 2570, uma placa

Shield CNC e um computador Raspberry Pi 3, todos alimentados em corrente contínua de 5 e

12V.

O microcontrolador Arduino precisa de um software que interprete o código de controle

numérico (CNC), para enviar o sinal para os motores e outros equipamentos em operação,

realizado pela placa Shield CNC. Na (Figura 4.26) pode ser observado a fase de teste das placas

eletrônicas conectadas aos motores.

Figura 4.26: Fase de teste das placas eletrônicas conectadas aos motores.

Page 34: ROBÔ INTELIGENTE PARA USO NA AGRICULTURA URBANA

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4.3.2 Bomba a Vácuo

A bomba a vácuo trabalha em conjunto com o bico semeador, ela permite que o bico

pegue a semente da bandeja e a semeie com precisão no local definido pelo programador.

Instalada no pórtico uma mangueira passa pelo eixo Z até ser acoplada no UTM Universal. A

bomba a vácuo pode ser observada instalada no pórtico pela (Figura 4.27).

Figura 4.27: Bomba a Vácuo instalada no Pórtico.

4.3.3 Válvula Solenoide

A válvula solenoide trabalha juntamente com o bico irrigador. Instalada abaixo da fonte

de alimentação ela controla a saída de água. Sendo ela normalmente fechada a água é liberada

apenas quando acionada por um tempo determinado na programação. (Figura 4.28).

Figura 4.28: Válvula Solenoide.

Page 35: ROBÔ INTELIGENTE PARA USO NA AGRICULTURA URBANA

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4.3.4 Sensor de Umidade

O sensor de umidade está instalado no Bico Sensor de Umidade. Ele faz a leitura de

umidade do solo quando o bico já está introduzido no solo, mandando o resultado para o

microcontrolador e verifica se há necessidade de iniciar a sequência de irrigação. (Figura 4.29).

Figura 4.29: Sensor de Umidade instalada no bico.

4.3.5 Fonte de Alimentação

A fonte de alimentação de energia se tem por dois aparelhos. Uma fonte de celular que

fornece energia em corrente continua de 5V para o Raspbarry Pi 3, e uma fonte de computador

que fornece energia também em corrente contínua de 12V para a Placa Shield CNC que assim

alimenta os motores, bomba a vácuo e a válvula solenoide. Com a intenção de proteger a fonte,

ela foi instalada dentro de uma caixa de madeira acoplada a base de madeira, como pode ser

observado na (Figura 4.30). Ambas as fontes são alimentadas por corrente alternada de 127V.

Page 36: ROBÔ INTELIGENTE PARA USO NA AGRICULTURA URBANA

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Figura 4.30: Fonte de Alimentação 12V.

Page 37: ROBÔ INTELIGENTE PARA USO NA AGRICULTURA URBANA

35

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Com a programação realizada de acordo com o dimensionamento atual do equipamento,

o robô foi submetido a testes para verificar seu devido funcionamento. Apesar de sua base ter

sido projetada para ficar em contato com o solo, o equipamento foi colocado em uma bancada

de madeira para melhor apresentação didática e possíveis consertos e melhorias. Conforme a

(Figura 4.31), pode-se visualizar a arquitetura do projeto depois de finalizado.

Figura 4.31: O Robô Inteligente.

O robô se move de forma suave em todas as direções, ou seja, no eixo X, Y e Z, com

extrema precisão em seu posicionamento. No entanto, o Raspberry não pode ser desligado

enquanto o equipamento estiver executando alguma tarefa, pois, ao religar ele terá perdido as

suas coordenadas, reiniciando como se estivesse na posição inicial de trabalho, definida como

Home, X = 0, Y = 0 e Z = 0, ou seja, a fonte de energia deve ser confiável, fornecendo para o

Page 38: ROBÔ INTELIGENTE PARA USO NA AGRICULTURA URBANA

36

Raspberry 5V em uma faixa de 2 a 3A, para não ocorrer nenhum problema na execução das

tarefas diárias.

Para realização do plantio, é feito anteriormente pela programação no software, todo o

dimensionamento e coordenadas das plantas no canteiro. Conforme a (Figura 4.32), podemos

observar que a realização deste dimensionamento pode ser feito de forma simétrica, dando ao

programador uma noção de quanto espaço cada planta necessita para o seu melhor

desenvolvimento, conseguindo assim, encaixar diversos tipos de planta em cada espaço

respectivamente, porém neste caso foi dimensionado de forma adensada, para real ização dos

testes e observação da atuação do equipamento.

Figura 4.32: Programação pelo software para o plantio de cenoura, alface e couve-flor.

Executando as sequências de plantio com o Bico Semeador, pode-se verificar que o bico

não segura apenas uma semente de cada vez, mas sim em torno de três sementes por vez, o que

não é ruim devida a taxa de germinação, porém, necessitando de desbaste, após a germinação,

para deixar apenas uma planta em cada local, sem que haja competição de energia solar e

nutricional entre elas.

Na Figura 4.33 podemos observar o Bico Semeador na posição A1 da Bandeja de

Semente, o qual está executando a tarefa de semear, indo buscar na bandeja a semente e semeá-

la no local estabelecido pelo programador. A bomba a vácuo é acionada neste exato momento

da figura 4.33, e só é desligada no memento que o Bico Semeador já introduziu a semente no

solo, normalmente a 5mm de profundidade. Portanto o solo deve estar bem nivelado para não

Page 39: ROBÔ INTELIGENTE PARA USO NA AGRICULTURA URBANA

37

ocorrer do bico introduzir a semente com muita profundidade ou muito próximo a superfície,

pois pode ocorrer dificuldades durante a germinação.

Figura 4.33: Bico Semeador pegando a semente da Bandeja de Sementes.

Para o Sensor de Umidade, decorrente a programação, o sensor é introduzido no solo

para fazer a leitura de umidade, que ao obter o resultado da leitura o equipamento toma a decisão

de iniciar a sequência de irrigação ou não. Para esta tarefa ser executada com perfeição o usuário

deve estar bem ciente de onde tem ou não planta no canteiro, pois o sensor ao descer para ser

introduzido no solo não pode penetrar no local de uma planta, caso contrário pode ocorrer danos

tanto no sensor, como na planta, e até mesmo no braço do eixo Z. Na figura 4.34, podemos

observar o sensor de umidade introduzido no solo realizando a leitura.

Figura 4.34: Bico Sensor de Umidade realizando a leitura no solo.

Page 40: ROBÔ INTELIGENTE PARA USO NA AGRICULTURA URBANA

38

O sensor de umidade ao fazer a leitura no solo, entende que o solo está a uma

porcentagem de umidade abaixo ou acima do estabelecido, decorrente a programação definida

pelo usuário. O sensor demostrou-se ser bem preciso quanto a suas leituras realizadas nos testes,

iniciando a irrigação quando o solo estava mais seco, ou finalizando a tarefa quando o solo bem

úmido, guardando o bico e indo para Home.

Ao executar a sequência de irrigação observou-se que apesar do Bico Irrigador ter sido

dimensionado para liberar a água de forma suave, a altura em que a água é liberada influência

de forma negativa na planta após a germinação, pelo impacto da água no solo e na planta,

contudo é necessário fazer com que a programação execute a irrigação em três etapas, que eles

diferenciam-se apenas na altura da irrigação.

A primeira etapa é para planta após a germinação, que a irrigação ocorrerá próximo ao

solo, causando o mínimo de impacto na planta e no solo. A segunda etapa é quando a planta já

atinge uma altura média de 15 centímetros, a qual a irrigação já pode ser a uma altura mais

elevada, pois a planta está mais desenvolvida. E a terceira etapa com a planta já adulta, que a

irrigação pode ocorrer com o eixo Z mais alto sem ocorrer danos a planta.

Na figura 4.35 observa-se a execução de irrigação.

Figura: 4.35: Execução da sequência de irrigação.

Contudo, conforme a programação no software, o robô executou todas as suas tarefas

com perfeição. Como pode ser observado na figura 4.36, com as plantas após a germinação.

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Figura 4.36: Plantas germinadas.

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6. CONCLUSÕES

As mudanças realizadas na programação para adequar o robô para desempenhar as

funções de semeadura, umidade do solo e irrigação mostrou-se adequado.

A semeadura das sementes de hortaliças foi realizada de acordo com a profundidade e

coordenadas conforme programação.

O robô pode ser utilizado em hortas e dimensionado em maiores extensões, pois o

presente trabalho é um protótipo.

O hardware se move com precisão e suavidade, de acordo com a programação no

software, demonstrando seu correto funcionamento.

Page 43: ROBÔ INTELIGENTE PARA USO NA AGRICULTURA URBANA

41

7. REFERÊNCIAS

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RUSSEL, S; NORVING, P. Inteligência Artificial. 2 ed. Ed. Campus, 2004.

Page 45: ROBÔ INTELIGENTE PARA USO NA AGRICULTURA URBANA

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8. APÊNDICE

Lista de Materiais:

40 - Parafusos M5-10mm

40 - Parafusos M5-30mm

90 - Porcas M5

28 - Parafusos de madeira 20mm

25 – Parafusos M3

4 – Madeiras de 1000 x 1000 x 300 mm

4 – Vigas de Madeira 300 x 50 x 50 mm

150 – Arruelas M5

25 – Arruelas M3

2 - Suporte de Canto

2 - Placa de Rodas

1 – Placa de Deslizamento Cruzado

1 – Suporte Motor Eixo Z

4 - Placas de Tecnil

6 - Fixador da Correia

3 - Trilhos de Extrusão V-Slot 20 x 40 x 1000 mm

2 - Trilhos de Extrusão V-Slot 20 x 60 x 1000mm

1 - Rosca sem fim Trapezoidal de Passo 2

4 - Motor de Passo NEMA 17

4 metros - Correia dentada GT2

3 - Polia da Correia Dentada GT2

1 - Acoplamento Flex 5mm x 8mm

1 – Bomba a Vácuo

1 - Raspberry Pi 3

1 – Arduino Mega 2570

1 – Placa Shield CNC

1 – Sensor de Umidade

25 – Rodas V-Slot

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50 – Rolamentos

1 – Fonte de Celular

1 – Fonte de Computador

1 – Válvula Solenoide

2 metros - Protetor de fios

4 metros – Mangueira

2 – Suporte para os Bicos

1 – Bico Semeador

1 – Bico Irrigador

1 – Bico Sensor de Umidade

1 – Bico Planta Daninha

1 – Bandeja de Sementes

4 – Capas para os Motores