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Risco de Conduta: tendências edesafios para o setor financeiro

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Índice

Introdução

Modelo para a identificação e medição do Risco de Conduta

Bibliografia

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Componentes da estrutura de gestão doRisco de Conduta 14

36

Glossário 37

Resumo executivo 4

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Resumo executivo

“Lembre-se que da conduta de cada um dependeo destino de todos”

Alexandre, o Grande

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definição de Risco de Conduta, estrutura e funçõesorganizativas, políticas e procedimentos, apetite de risco,etc.

4 A Seção 3 fornece uma análise mais aprofundada sobre umdos fatores que se tem revelado mais difícil de combater - aidentificação e mensuração efetiva do Risco de Conduta.Essa seção explora a abordagem clássica à mensuração dorisco, adaptada ao Risco de Conduta (apetite de risco,modelo de controle, auto avaliação de risco e controle,métricas de risco, etc.). Além disso, fornece informaçõessobre como as novas tecnologias e técnicas (incluindo aanálise de macrodados [Big Data] e de Dados Avançados)podem ser utilizadas para explorar potenciais riscos deconduta não óbvios de forma proativa e pensando nofuturo.

O desenvolvimento de um quadro robusto de gestão do Riscode Conduta deve ser um ponto essencial na agenda dosexecutivos. Nas palavras de Tracey McDermott, Diretor-GeralExecutivo da FCA (2015), “o custo de uma falha na identificaçãode riscos relacionados aos clientes, de integridade do mercadoou concorrência injusta é significativo. A gestão efetiva destesriscos, como qualquer outro risco no balanço, é bom sensocomercial (diria que é uma obrigatoriedade comercial).”

As instituições financeiras têm vindo a concretizar grandesavanços no tratamento de riscos clássicos, controle de perdas eproteção dos respectivos balanços. Contrariamente a qualquerrisco clássico, o Risco de Conduta obriga a uma alteração totalde paradigma, dado que exige que as instituições financeiras secoloquem no lugar dos clientes ou partes interessadas eprotejam os balanços de seus clientes (em certos casos, mesmocontra os interesses a curto prazo da própria instituiçãofinanceira). As instituições financeiras precisam estar centradasna proteção de seus ativos indiretos, isto é, os clientes.

As estruturas, tecnologias, organização e governança dosbancos não foram estabelecidas nem refinadas para lidar comesse novo paradigma, sendo essa uma das principais razõespelas quais o processo de adaptação está ainda em uma faseinicial.

O documento tem por objetivo apresentar uma visãopanorâmica sobre os principais componentes de uma bem-sucedida estrutura de gestão do Risco de Conduta, assim comodos agentes que a moldam.

4 A Seção 2 inclui uma visão geral desses componentes ecomo estão relacionados entre si. Uma síntese maisdescritiva é fornecida para alguns elementos, incluindo a

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Introdução

“As circuntâncias estão além do controle humano, mas nossa conduta está sobre nosso próprio poder”

Benjamin Disraeli

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4 Os desenvolvimentos tecnológicos continuamtransformando não só as formas como os bancosdistribuem os produtos, mas também o modelo derelacionamento entre bancos e clientes. As novastecnologias começaram a permitir que essesrelacionamentos evoluíssem, deixando de ser reativos eliderados pelos bancos e passando a proativos e lideradospelos clientes: significando que qualquer interação ocorreexatamente quando e como o cliente quer: Os clientes devárias idades e níveis de patrimônio ficaram acostumadosaos modelos de distribuição utilizados pelas grandesempresas tecnológicas e de bens, nos quais a relação entrecliente e fornecedor é mais automatizada, e começaram aexigir o mesmo aos bancos.

Deste modo, a análise e a gestão ativa do Risco de Conduta vemcrescendo rapidamente entre fronteiras e indústrias. Em certasregiões, esse progresso está sendo incentivado e alimentadopor uma intervenção reguladora muito ativa, onde asautoridades públicas tem ressaltado o impacto da má condutano sistema financeiro. Como referiu em 2014 Mark Carney,Governador do Banco de Inglaterra, “a escala da má condutaem determinadas instituições financeiras atingiu um nível quepode criar riscos sistêmicos”. A intervenção correspondentesurgiu sob a forma de aprovação de normas, orientações e boaspráticas, bem como da aplicação de grandes multas e de criarprogramas de reabilitação para as instituições financeiras.

O conceito de Risco de Conduta evoluiu nos últimos anos,deixando de ser um risco relativamente inexplorado esubestimado para se tornar em um dos maiores riscos queenfrentam as instituições financeiras. Embora exista algumadiversidade na forma como o Risco de Conduta é definido pelasdiversas instituições, é geralmente aceito que o Risco deConduta abrange as perdas decorrentes da fraca conduta deuma organização. O Comitê Europeu de Risco Sistêmicodescreve o Risco de Conduta como “os riscos associados àforma como uma empresa e o respectivo pessoal secomportam. Por conseguinte, inclui o modo como os clientes eos investidores são tratados, a venda abusiva de produtosfinanceiros, a infração de normas e a manipulação dosmercados”1.

Tal como em muitos outros aspectos das características do setorfinanceiro, nos últimos anos, a crise financeira e outras forçastransformadoras abalaram o status quo no modelo derelacionamento entre instituições financeiras e respectivosclientes:

4 Resgates: a necessidade de determinados bancos seremresgatados pelos governos, no mundo inteiro, desencadeouuma maior pressão da opinião pública, insitando governos ereguladores a atuarem em nome do público em geral e aresponsabilizarem as instituições financeiras.

4 Ambiente macroeconômico: as alterações cíclicas e aprofunda depressão dos indicadores macroeconômicosfizeram com que alguns produtos de investimentoperdessem dinheiro (por exemplo, produtos estruturadosreferenciados a um índice) e desencadearam a ativação dedeterminados produtos de proteção (começando nosseguros de proteção de pagamentos). Esses dois aspectosajudaram a revelar um grande número de casos de vendaabusiva de produtos, reforçando a percepção de falta deproteção dos clientes. Além disso, a mesma depressãoeconômica trouxe taxas de desemprego mais altas, fazendoaumentar o descontentamento público e a pressão sobre oslegisladores para obrigarem os bancos a pagarem a suaparte da fatura, como agentes da crise.

4 Fraca cultura de proteção do cliente. Algumas instituiçõesfinanceiras praticavam uma cultura de curto prazo,orientada para os resultados financeiros e não pararesultados justos para os clientes. Essa opinião é sustentadapela Comissão Parlamentar de Normas Bancárias, segundo aqual “é provável que (os esquemas de incentivos) tenhamincentivado a venda abusiva e a má conduta2”. De fato, emdeterminadas situações, esquemas de incentivosinadequados estiveram no centro de tão fraca cultura ecomportamento. Como salientou Andrew Bailey, Diretor-Geral Executivo da Prudential Regulation Authority do ReinoUnido, “na minha análise da história recente é que nãohouve nenhum caso de uma importante falha de condutaou prudência que não tenha sido originada por uma falhacultural”.

1European Systematic Risk Board (2013).2PCBS Final Report – Changing Banking for Good (2013).

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2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015

1,471m

1,101m

2,959m

Fatos e números

O surgimento de escândalos no mundo inteiro (como amanipulação da LIBOR, analisada no Caso de Estudo 1, e oprocesso cambial) aliado à resultante perda de confiança dosconsumidores nas instituições financeiras levou os reguladoresmundiais a examinarem em maior detalhe as origens de “mauscomportamentos” nos bancos, bem como os potenciaismotores, consequências e requisitos de remediação exigidospor esses escândalos. Deste modo, nos últimos anos assistimosa um rápido desenvolvimento do foco no Risco de Conduta,tanto por parte das organizações expostas a estes como porparte das instituições responsáveis por salvaguardar o públicocontra tais riscos (por exemplo, os reguladores). Naturalmente,esse maior foco não foi homogêneo em todas as partes domundo; as regiões com setores de serviços financeiros maisavançados tendem a ser aquelas onde é dada maior atenção aoRisco de Conduta.

Alguns indicadores geográficos e globais3 abaixo fornecemuma idéia do crescimento exponencial no nível desensibilização e no foco regulamentar no Risco de Conduta nosetor dos serviços financeiros:

4 Multas: o montante agregado de multas (em librasesterlinas) imposto às instituições financeiras que operamno Reino Unido desde 2007 pode ser observado na tabelaabaixo. Abrange, essencialmente, as sanções financeirasaplicadas pelo regulador britânico (FCA) às empresas emseu âmbito e em virtude de má conduta. Além disso, essasmultas podem ser aplicadas tanto a nível de pessoa jurídicacomo de pessoa física.

4 Compensação: o montante total de compensação pagopelas instituições financeiras que operam no Reino Unidoaos consumidores britânicos (em libras esterlinas) emresultado de tratamento indevido pode ser observado nográfico seguinte. Em geral, a compensação é entendidacomo o retorno do cliente à posição que teria se as falhasregulamentares não tivessem ocorrido, incluindo eventuais

danos indiretos. No Reino Unido, a FCA publica os dadossobre compensação semestralmente desde o segundosemestre de 2009, cuja evolução é apresentada na Fig. 2.

Conforme podemos observar no gráfico, nos últimos anos,os prestadores de serviços financeiros têm vindo acompensar os consumidores em quantidades muitosuperiores às anteriores. É, importante salientar, que oacentuado aumento nos valores de compensaçãoobservados no segundo semestre de 2011, foram causadoem grande parte pelo escândalo do PPI4 (ver o Caso deestudo 2).

Tantos os dados relativos às multas como os relativos àscompensações indicam um aumento do foco regulador e asubida dos padrões impostos à conduta bancária nosúltimos anos.

4 Queixas: o aumento do nível de análise sobre ocomportamento dos bancos, também se manifesta nonúmero de reclamações recebidas de clientes. Observandoos dados relativos à reclamações dos últimos nove anos,verificamos uma tendência ascendente, que têmaumentado drasticamente devido a diversos eventos:

Em 2007, em linha com a iniciativa Treating Customers Fairly(TFC) da FSA5, os consumidores se tornaram mais ativos naprocura de um tratamento mais justo por parte de seusprestadores de serviços financeiros, levando a um aumento nonúmero de queixas apresentadas.

3A informação pública é utilizada para ilustrar esses aspectos. Nesse sentido,existe uma inclinação natural na figura no sentido das regiões onde o Risco deConduta é mais evoluído e os reguladores e instituições financeiras têm estadotrabalhando há mais tempo.4Seguro de proteção de pagamentos.5Financial Services Authority (2007).

Fig. 1. Montante total de multas aplicadas no Reino Unido (£m)

Fonte: FCA (2016)

Fig. 2. Montante total de compensação paga no Reino Unido (£m)

Fonte: FCA (2015)

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2013H1

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2014H1

2014H2

2015H1

Aumento de 2.125%Aumento de 639%

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Fig. 3. Montante total de reembolsos e compensações dos PPI (£m)

Fonte: FCA (2015)

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3.000

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1.000

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Várias das maiores instituições financeiras mundiais estiveram,recentemente, no centro das atenções da mídia por teremparticipado em práticas que levaram a resultados adversos paraos respectivos clientes, bem como para todo o setor. A maisfamosa talvez tenha sido o “Escândalo LIBOR”, relativo às açõesde vários bancos destinadas a influenciar a LIBOR para lucraremcom diversas de operações.

Para contextualizar, a LIBOR é a Taxa Interbancária do Mercadode Londres (London Inter-Bank Offered Rate), que representa ataxa média de juros calculada pelos bancos de Londres e cobradaa um banco que contraia empréstimos em outro banco. Constituiuma das mais importantes referências para as taxas de juros decurto prazo no mundo inteiro e está relacionada a, pelo menos,350 trilhões de dólares em derivativos e outros produtosfinanceiros no mundo inteiro.

As primeiras notícias sobre uma potencial manipulação daLIBOR foram publicadas em 2008. No entanto, só em 2011 osreguladores deram início às investigações sobre manipulação dataxa e, em 2012, o Departamento de Justiça dos EUA deu início auma investigação criminal aos abusos na LIBOR.

Caso de estudo 1: manipulação da LIBOR (Mundial)

Os seguros de proteção de pagamentos (PPI) são um produto deseguros que permite aos consumidores cobrirem o reembolso deempréstimos ou dívidas caso não possam cumprir, desde queapresentem determinadas circunstâncias, como ficaremdesempregados, doentes ou incapacitados.

Não obstante, esse tipo de produto tem sido alvo de controvérsia(especialmente no Reino Unido), uma vez que erafrequentemente vendido aos consumidores sem que elescompreendessem as caraterísticas. Os bancos e outros credoresvendiam os PPI aos clientes sem explicarem qual era aabrangência do produto. Além disso, nos piores casos, oscredores informavam de forma erronea os clientes, indicando quea contratação desse serviço era um requisito obrigatório para umempréstimo e, em outras situações, o PPI era simplesmenteacrescentado sem a autorização do cliente. No exercíciofinanceiro de 2010-11, o Financial Ombudsman Service (FOS)(Serviço de Ouvidoria Financeira) do Reino Unido recebeu umnúmero recorde de queixas formais de clientes, mais da metadedas quais (51%) atribuídas a PPI. Essas queixas envolviam,principalmente, casos de rejeição de pedidos de aplicação dapolítica de proteção de pagamentos ou casos nos quais o PPItinha sido vendido sem a autorização do cliente, bem como casosque envolviam litígios sobre o reembolso de prêmio.

No final de 2010, a Financial Services Authority (FSA,Autoridade dos Serviços Financeiros, antecessora do atualregulador para matérias de conduta no Reino Unido – a FCA)introduziu normas destinadas a travar a venda abusiva de PPI.Contudo, os bancos, representados pela British BankersAssociation (Associação Britânica de Banqueiros), se opuseram a

Caso de estudo 2: venda abusiva de PPI (Reino Unido)

Essas investigações provaram que vários bancos estavamsubmetendo falsas taxas de referência para compor a LIBOR,em uma tentativa de manipular a taxa e de dar a impressão deterem uma posição de crédito mais forte do que na realidadetinham. Alguns bancos combinavam mesmo entre si os seuspedidos LIBOR.

Essas ações afetaram pessoas no mundo inteiro de váriasmaneiras: uma subida da LIBOR pode desencadear umasubida das taxas de juros nos pagamentos mensais deempréstimos, enquanto uma LIBOR mais baixa significa taxasde juros mais baixas. Todavia, uma LIBOR mais baixa pode terefeitos negativos para fundos de investimento e pensões cominvestimentos em títulos associados à LIBOR, que,consequentemente, recebem menos juros.

Por conseguinte, é evidente que as ações dos bancosenvolvidos tiveram implicações negativas para várias partesinteressadas no mundo inteiro e os reguladores tiveram dereagir em conformidade. Até a presente data, váriasinstituições foram multadas pelos reguladores em decorrênciada manipulação da LIBOR, com um valor total das multas queultrapassa 8,5 bilhões de dólares.

Além disso, esse escândalo ficou marcado pela investigaçãocriminal a diversas pessoas envolvidas, bem como pelademissão de vários executivos.

essas normas. O caso avançou para o Supremo Tribunal quedeliberou a favor das normas da FSA, abrindo assim, a porta parauma série de queixas por venda abusiva de PPI, bem como aimportantes montantes de compensações pagos aos clientes.

A evolução dos reembolsos e compensações dos PPI pode serobservada no gráfico Fig. 3: de um modo geral, nos últimos 4anos, o Reino Unido pagou mais de 20 bilhões de libras a clientesrelativos a PPI.

2011 2012 2013 2014 2015

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Fig. 4. Número total de queixas (em milhões) Fig.5. Queixas de clientes nos EUA

Fonte: FCA (2016) Fonte: Consumer Finance Protection Bureau (2015)

Em 2009, a crescente frustração dos clientes com comissõespor saques a descoberto não autorizados resultou em maisqueixas. O caso chegou à Suprema Corte do Reino Unido,que alterou decisões anteriores, autorizando o Gabinete deTransações Comerciais a investigar a equidade dos encargospor saques a descoberto não autorizados.

Mais recentemente, em 2011, uma acentuada subida nasqueixas PPI representou a maioria das reclamações contra osbancos, conforme já referimos.

O aumento gradual no número médio de queixas, mesmocom a remoção das que anteriormente eram as mais atípicas,parece contraintuitivo, tendo em conta os extensos esforçoshumanos e os investimentos realizados por bancos ereguladores para melhorar os níveis dos serviços ao cliente.Sem dúvida, o gráfico (Fig. 4) reflete um dos fatoressubjacentes ao aumento do Risco de Conduta, nomeado

como a sensibilidade e alta expectativa de clientes ereguladores no que se refere aos serviços financeiros.

Todavia, para cada um dos indicadores referidos (multas,compensações e queixas), o intervalo de tempo mais recenteapresentado em cada gráfico parece ilustrar uma melhoriageral, ou pelo menos uma estabilização.

Além disso, o aumento no volume de indicadores de condutatem sido evidenciado em outras regiões. Ainda que asignificância dos números reais possa diferir bastante entrepaíses, verificamos uma tendência ascendente em diferentesregiões. As Fig. 5, 6 e 7 demonstram o aumento das queixasdos clientes nos EUA, Brasil e Espanha:

3.500

3.000

2.500

2.000

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1.000

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250.000

200.000

150.000

100.000

50.000

02006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2011 2012 2013 2014 2015

Aumento devido areclamaçõesbancárias

Aumento devido areclamações sobreencargos bancários

Aumento devidoa reclamaçõessobre o SPP

Aumento aprox. de 2.400%

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Fonte: Banco Central do Brasil (2014)

Fig. 6. Queixas de clientes no Brasil Fig. 7. Queixas de clientes em Espanha

Fonte: Banco de España (2014)

Ambiente regulatório

Desde o início da crise financeira, a regulação nas regiões maisavançadas tem vindo a incluir mais elementos relativos ao Riscode Conduta. Por exemplo, a Diretiva Requisitos de FundosPróprios IV (CRD IV) embora esteja centrada nas normas emedição de capital inclui um limite para prêmios dosbanqueiros. Regras como o Regulamento europeu relativo àInfraestrutura de Mercado (EMIR), que visa reduzir os riscosassociados aos mercados de derivados, ajudam, também, aproteger os clientes contra falhas em grande escala. Há aindamais regulamentos que incluem grandes seções dedicadas arequisitos de conduta ou exclusivamente centrados no Risco deConduta.

A síntese abaixo, organizada por regiões, tem por objetivofornecer uma seleção de regulamentos explicitamente

centrados no Risco de Conduta e que são mais relevantes naatual conjuntura.

Algumas regulações ainda estão em processo de construção epodem sofrer alterações. Nos casos em que existam diversasdatas de cumprimento, a mais relevante foi selecionada.

Algumas regiões, incluindo os EUA e o Reino Unido,assumiram a liderança emitindo regulação especificamenterelacionada com o Risco de Conduta. No caso do Reino Unido,foi criado um organismo regulador específico (a FinancialConduct Authority - Autoridade de Conduta Financeira) em2013. Todavia, tanto os regulamentos como a atividade desupervisão do Risco de Conduta estão se disseminandorapidamente para outras regiões, incluindo a Europacontinental, Ásia-Pacífico, Austrália ou América Latina, commuitos pontos em comum entre as várias regiões.

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350.000

300.000

250.000

200.000

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50.000

0

40.000

35.000

30.000

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20.000

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02010 2011 2012 2013 2014 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014

Aumento aprox. de 200%

Aumento aprox. de 580%

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Europa 6

Regulamento DescriçãoPrazo de

cumprimento

Diretiva relativa aos gestoresde fundos de investimentoalternativos (AIFMD)

4Requisitos de padrões mínimos na realização de negócios, salvaguarda de investimentos eautorização de gestores de fundos 3T 2014

Diretiva relativa ao CréditoHipotecário

4Quadro de normas de conduta para os bancos da UE que oferecem primeiras e segundashipotecas

4Exige aos bancos que implementem novas divulgações pré-contratuais e períodos delevantamento/reflexão

4Requer aos reguladores que implementem um regime de admissões para intermediários

1T 2016

Diretiva relativa aos Órgãosde Investimento Coletivo emValores Mobiliários (OICVM)

4Uniformiza as normas na UE sobre os deveres, elegibilidade e responsabilidades dosdepositários

4Alinha a estrutura dos OICVM com os procedimentos AIFMD em vigor para os fundos nãoOICVM

1T 2016

Diretiva relativa às contas depagamento

4Exige que todos os clientes tenham acesso a contas básicas4Maior transparência nas comissões sobre contas de pagamento4Define normas mínimas de mudança

3T 2016

Regulamento/Diretivarelativa ao abuso demercado (MAD II / MAR)

4Proíbe qualquer tentativa de informação privilegiada e manipulação do mercado4Sanções penais mínimas para o abuso de mercado e exigências de cooperação

transfronteiriça entre todos os Estados-Membros da UE3T 2016

Documentos de informaçãofundamental para pacotes deprodutos de investimento devarejo e de produtos deinvestimento (KID para PRIIP)

4Exige o fornecimento de um documento de informação fundamental para pacotes deprodutos de investimento de varejo e para produtos de seguros 4T 2016

Regulamento/Diretivarelativa aos mercados deinstrumentos financeiros(MiFID II / MiFIR)

4Novas medidas de proteção/distribuição do investimento, maior transparência e maisrigorosos controles dos processos do mercado 1T 2018

Normas de referência(projeto)

4Normas para a autorização e supervisão de contribuintes de referência4Melhora a transparência e a governança da produção de referências4Garante uma supervisão adequada das referências

TBC9

Regulamento relativo àstransações de financiamentode valores mobiliários(projeto)

4Exigências de divulgação, como providenciar informações aos clientes sobre os efeitos denovas hipotecas e a utilização de SFT TBC9

Diretiva relativa àdistribuição de seguros(projeto)

4Regras sobre os conhecimentos e competências dos funcionários e intermediários4Introdução de dois princípios de conduta segundo os quais os bancos devem atuar com

honestidade, equidade e profissionalismo e todas as informações devem ser justas, claras enão enganadoras

TBC9

Reforma estrutural dosbancos da UE (projeto)

4Proibição das transações por conta própria em todos os Estados da UE4Poder para os supervisores exigirem a delimitação de depósitos (permitindo a derrogação aos

Estados onde as propostas estão já em curso)TBC9

6Comissão Europeia.7Congresso dos Estados Unidos.8FINRA.9Data limite de cumprimento pendente de confirmação.

Estados Unidos

Regulamento DescriçãoPrazo de

cumprimento

Dodd – Frank7

4Normas internas de conduta sobre conflito de interesses, manutenção de registros e gestãode riscos, etc.

4Maior proteção do consumidor por meio de normas de conduta externas4Maior transparência por meio de relatórios de atividade em tempo real

2T 2013

Normas de transaçõespróprias8

4Exigência de implementação de políticas e procedimentos de análise das atividades e paratravar padrões de transações próprias com a mesma origem (por exemplo, mesa denegociação).

3T 2014

Diretrizes de sanções8 4Melhoria das sanções contra quem pratique fraudes ou efetue recomendações inadequadasaos clientes 2T 2015

Normas Volcker (sob Dodd –Frank)8

4Proibição de transações próprias pelos bancos comerciais - nas quais os depósitos são usadospara negociação nas contas próprias do banco (incluindo o contorno da norma por meio defundos de capital privado/cobertura)

3T 2015

Proposta de redefinição doâmbito da ERISA7

4Proposta de redefinição de um fiduciário de modo a incluir “recomendações” deinvestimento

4Os fiduciários de consultoria financeira estão proibidos de receberem comissões de vendas eparticiparem em acordos de partilha de receitas (se não cumprirem a isenção “no melhorinteresse do contrato”)

Pendente deconfirmação9

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Reino Unido

Regulamento DescriçãoPrazo de

cumprimento

Revisão da distribuição novarejo10

4Exige uma descrição clara do serviço oferecido e uma adequada divulgação dos encargos4Melhoria das normas profissionais para os consultores, incluindo um código de ética 1T 2013

Análise do mercadohipotecário10

4Reforma de práticas para tornar o mercado hipotecário mais robusto e centrado no cliente 4Práticas melhoradas incluindo verificações de acessibilidade mais completas, condições

mais rigorosas para créditos hipotecários só com juros e o requisito de vendas maisinterativas a serem aconselhadas

2T 2014

Peer to peer / Crowdfunding(financiamento coletivo)Regulamento

4Mais medidas de proteção do consumidor, incluindo maior transparência sobre como eonde é investido o dinheiro

4Análise adicional esperada em 20162T 2014

Normas para o crédito aoconsumo e limite depreços10

4Melhoria na lei sobre o crédito ao consumo4Padrões superiores em particular para o crédito de maior custo e curto prazo (HCSTC)4Limite de preços para garantir que os consumidores não sejam confrontados com encargos

excessivos nos HCSTC

1T 2015

Análise aos ativos declientes10

4Requisitos de documentação adicional4Novos requisitos de segregação do dinheiro dos clientes, garantindo a conformidade com

o Guia sobre ativos de clientes2T 2015

Remuneração dos quadrossuperiores10

4Remuneração dos quadros superiores. Novas normas destinadas a desencorajar riscosirresponsáveis e de curto prazo nos quadros superiores

4Incluiu a introdução de normas de recuperação e o alargamento de períodos deprorrogação

3T 2015

Lei relativa aos direitos dosconsumidores11

4Esclarece as normas relacionadas à compra de bens/serviços e opções de reparação4Revê os requisitos sobre termos injustos em contratos4Outras disposições específicas ao setor

4T 2015

Regime de quadrossuperiores e Regime decertificação (SMR & CR12)

4O Regime de quadros superiores (SMR) visa assegurar uma responsabilização maisestruturada

4O Regime de certificação (CR) visa vincular todas as pessoas a normas de condutaadequadas

1T 2016

Tratamento de queixas104Novas normas sobre como gerir e comunicar queixas de clientes4As normas incluem a extensão do período de tratamento informal de uma queixa, o

requisito para os bancos enviarem comunicações escritas e relatarem/publicarem todas asqueixas

2T 2016

Novas regras sobredenúncias10

4Normas sobre o desenvolvimento de uma efetiva rede de denúncias4Por exemplo, a introdução de ouvidores da denúncia 3T 2016

Lei sobre reformabancária11

4Proibição às transações por conta própria4Introdução de delimitações nos depósitos de varejo 4Introdução de depositário preferencial

1T 2019

Propostas de análise amercados justos e efetivos(FEMR)12

4Eleva as normas de conduta das pessoas4Melhora a qualidade, clareza e equidade das práticas de negociação FICC4Promove uma identificação do Risco de Conduta pensando no futuro4Reforça a governança interna e internacional

N/A

10FCA.11Ata do parlamento do Reino Unido.12PRA.13ASIC.14Autoridade de Serviços Financeiros.

Outros

Regulamento DescriçãoPrazo de

cumprimento

Reformas para o futuro daassessoria financeira(FOFA) - Austrália13

4Proibição das estruturas de remuneração (incluindo comissão) relativamente à distribuiçãoe assessoria de produtos de investimento de varejo

4Normas que exijam que os assessores financeiros atuem no melhor interesse dos clientes4Maior visibilidade dos encargos

3T 2013

Alterações à Lei dosinstrumentos financeiros ecâmbios (FIEA) - Japão14

4Melhor proteção para os investidores e requisitos de divulgação para as instituiçõesfinanceiras

4Garante uma adequada gestão das operações de autorregulação4Impõe medidas mais rigorosas de combate às práticas comerciais desleais

Em curso

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Componentes da estrutura de gestão do Risco deConduta

“Iniciativa é fazer o correto sem queninguém o diga”

Victor Hugo

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Para assegurar o alinhamento com as políticas internas, asinstituições financeiras definem, habitualmente, uma estruturade controle do Risco de Conduta, com diferentes tipos decontroles ao longo de todo o ciclo de vida do produto, que sãoexecutados com uma frequência definida, tem proprietáriosatribuídos, etc.

Além disso, tal como em qualquer outro risco, a segunda linhade defesa utiliza um conjunto de ferramentas para garantir queos riscos não ultrapassam o apetite de risco definido. Entre elesfigura uma estrutura para identificar os riscos emergentes emedir a exposição ao risco e o framework para consolidar ereportar informações gerenciais. Os esforços para obtergarantias envolvem, habitualmente, a criação de equipes degarantia especializadas em Risco de Conduta que, utilizandotoda a informação disponível, fornecem avaliaçõesindependentes do nível de cumprimento com as normasinternas, recorrendo a um plano de garantia do Risco deConduta.

O último elemento de uma estrutura bem-sucedida é uma forteinfraestrutura tecnológica que permita a implementação daspolíticas e das normas de forma sistemática, automática econtrolada.

A estrutura supracitada deve ser permeada, influenciada, e defato, conduzido por um forte componente cultural ecomportamental. Em todos os aspectos do modelo operacional,em todos os processos de negócios que articular a atividadecomercial, e em todas as funções de apoio na segunda e terceiralinhas de defesa, tem de existir uma forte cultura de serviço etratamento justos aos clientes e outras partes interessadas. Istoé, habitualmente, suportado por um bem concebido sistema deremunerações e incentivos que garante o alinhamento dosincentivos com a estratégia do banco.

Uma estrutura de gestão do Risco de Conduta pode serdesenvolvida ao redor do modelo de negócios e da proposiçãode valor da instituição financeira e no limite das fronteirasestabelecidas pela conjuntura regulatória.

Uma instituição financeira começa, habitualmente, por forneceruma definição do Risco de Conduta para a sua organização. Esseesforço define o limite do risco e, por conseguinte, da própriaestrutura. Essa definição é, normalmente, influenciada tantopelo ambiente regulador como pelo próprio modelo denegócios da instituição financeira. A estrutura do Risco deConduta é suportada por uma estrutura organizacional e porum modelo de governança que estabelece responsabilidadesclaras na primeira e segunda linhas de defesa.

O modelo de negócios de uma instituição financeira éarticulado por meio de uma série de processos de negócios quefornecem o tecido de seu modelo de operação comercial. Elesvão desde ativação de clientes até a concepção de produtos,passando pelo marketing de produtos, vendas deprodutos/assessoria, pós-venda de produtos, monitoramentode produtos, serviços ao cliente, tratamento das queixas, erecuperação, etc. e abrangem todos os canais, segmentos declientes e regiões.

Os processos de negócios estão sendo remodelados pela novaconjuntura regulatória, que impõe restrições como quais osprodutos que podem ser comercializados, a quem, por quem,etc. Esses requisitos regulamentares são, normalmente,traduzidos em políticas, procedimentos e normas internas, queditam a forma como os processos de negócios têm de serconcebidos, executados e controlados.

Tal como qualquer outro risco, será a organização a definir oapetite ao Risco de Conduta. Esse apetite de risco corresponde apolíticas de risco específicas (com sub declarações de apetite derisco) que definem algumas restrições ao modelo de negócios. Omodelo de negócios, por seu lado, tem de assegurar que os riscosoriginados na concretização da estratégia e dos objetivoscomerciais ficam dentro dos limites definidos pelo apetite de risco.

Fig. 8. Componentes da Estrutura de Risco de Conduta

Infraestrutura de TI

Cultura, Comportamento e Incentivos

Garantia de Risco de Conduta e Plano de Garantia

Modelo de Controle

Apetite de Risco Identificação eMedição de Risco

Reporte de Risco deConduta

Governança e EstruturaOrganizacional

Risco de CondutaDefinição

Modelo de Negócio eProcessos1 2 3

5

4 6

9

8

7

10

Inclui ConduzImplementado a

través de

Implementadoatravés de

Afetado por

Alimenta

Exige

Fonte: Management Solutions, 2016

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Definição e fontes do Risco de Conduta

A definição de Risco de Conduta permite às instituiçõesfinanceiras definirem fronteiras para a estrutura e constitui abase dos componentes restantes. No seu atual nível dematuridade, há ainda discrepâncias no setor relativas ao âmbitodo Risco de Conduta. Nos últimos anos, porém, à medida queinstituições financeiras e reguladoras dedicaram mais tempo eesforços à compreensão deste risco, houve uma amplianção doescopo desta definição, bem como uma melhoria nos níveis dealinhamento no setor.

Como referência, à continuação se apresentam várias definiçõesde Risco de Conduta marcadas por associações setoriais ereguladores internacionais.

Nas orientações de melhores práticas, a definição de Risco deConduta é formulada por meio de diferentes dimensões,incluindo

4 Uma visão inclusiva sobre quem pode potencialmentepraticar uma má conduta (não só os trabalhadores, mastambém os quadros superiores, terceiros ou representantesque atuem em nome do banco).

4 Uma visão inclusiva sobre quem pode ser o destinatário da máconduta, incluindo clientes individuais, clientes institucionais,contrapartes do mercado, concorrentes, acionistas e asociedade em geral (incluindo reguladores, organismosgovernamentais, etc.).

4 Uma visão inclusiva dos processos de negócios que possam darorigem ao Risco de Conduta. Eles permitem uma classificaçãodo Risco de Conduta em subtipos:

4 Conduta no varejo, originada em processos denegócios como a concepção do produto,comercialização do produto, vendas e assessoria,serviços pós-vendas, tratamento das queixas, cobrançase recuperações, bem como tratamento de clientesvulneráveis.

4 Conduta no atacado, originada nas transaçõescomerciais com contrapartes atacadistas e informaçãoprivilegiada, limites de informação, tratamento deconflitos de interesses, práticas de abuso de mercado,denúncias, etc.

4 Conduta comercial, originada nos processos denegócios ao redor de atividades transfronteiras, gestãode dados confidenciais, etc. Em determinados casos, adefinição de Conduta também inclui o crime financeiro(atividades de combate à lavagem de dinheiro, combateà corrupção e ao suborno, sanções e combate aofinanciamento do terrorismo).

Uma abordagem complementar à definição do Risco de Condutaé a identificação das causas fundamentais que originam o risco.Essa análise fundamental tem sido perseguida por algunsreguladores: em um documento de base em 201315, a Financial 15Informe sobre Riscos realizado pela Autoridade de Conduta Financeira do Reino

Unido em 2013.

Conduct Authority identificou nove causas do Risco deConduta, que podem ser classificados em três grupos:

Fatores inerentes

4 Assimetrias de informação: onde uma parte em umatransação tem informações adicionais ou superiores à outraparte. De acordo com a FCA, essa é a raiz da maioria dosproblemas de conduta das organizações financeiras. Oexemplo mais relevante é o de consumidores que nãocompreendem os pormenores de produtos ou serviçossofisticados ou não serem capazes de comparar produtos.Outro exemplo comum é a informação privilegiada, pormeio da qual os intervenientes no mercado obtêm umavantagem desleal sobre a concorrência, utilizandoinformações que não estão disponíveis ao público paratomarem as respectivas decisões de investimento.

4 Vieses, regras de ouro e atalhos mentais: osconsumidores podem tomar decisões financeirasequivocadas e os assessores podem dar conselhos nãoadequados. Regras de ouro e atalhos mentais na tomada dedecisões podem levar à tomada de decisões equivocadasquando os consumidores não prestam atenção suficienteaos termos e caraterísticas mais importantes dos produtos.Esses comportamentos podem ser particularmenteproblemáticos nos mercados financeiros, devido àcomplexidade e porque as decisões financeiras envolvem,frequentemente, risco, tempo e previsões sobre o futuro,especialmente suscetíveis aos vieses dos consumidores. Osexemplos de má conduta decorrentes deste fator são oscasos nos quais os bancos tiram partido dos vieses dosconsumidores por meio do modo como optam porapresentar os respectivos produtos e sobre avaliar o valordos mesmos para o cliente.

4 A crescente importância de capacidade financeira: acapacidade financeira é a capacidade para compreender ainformação sobre produtos e serviços financeiros. Essa é,normalmente, uma capacidade fraca entre osconsumidores. As instituições financeiras assumem,frequentemente, que os respectivos clientes sãosuficientemente informados a nível financeiro paracompreenderem todas as caraterísticas de um produto,quando, na realidade, isto nem sempre acontece.

Estruturas e conduta comercial

4 Conflitos de interesses: na raiz de vários riscos de condutaestão conflitos de interesses que, ao longo do tempo, vão sedesenvolvendo nas estruturas, processos e gestão do setorfinanceiro. Os conflitos de interesses são particularmentepertinentes para os mercados de atacado, onde os bancospor vezes colocam os interesses de um cliente maislucrativo acima do interesse daqueles que oferecem menoslucros.

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rentabilidade e o volume de produtos financeiros vendidos.Por exemplo, a recente crise econômica levou a umaincapacidade de vários consumidores de pagarem orespectivo crédito hipotecário que assumiram, uma vez que ovalor era maior do que o valor atualizado da garantia quehavia sido dada (ex.: casa).

4 Tecnológica: a tecnologia continua crescendo em importânciaà medida que uma maior dependência sobre a conectividadedigital afeta tanto a forma como muitos consumidores seenvolvem com os serviços financeiros como a forma como osprodutos e serviços são distribuídos. Os consumidores podemse beneficiar de muitas maneiras por terem interações maisrápidas, as quais são mais baratas e, de modo geral, maissimples de usar. Além disso, os consumidores têm apossibilidade de acessar novos canais para obtenção deinformações e assessoria. Isso irá incentivar a concorrência ecriar mais informações sobre o mercado para os consumidores.No entanto, esse uso da tecnologia também trazvulnerabilidades. As instituições financeiras e os consumidoresestão mais expostos às capacidades de interrupções datecnologia, tais como mal-entendidos, complexidade,dependência nos sistemas, etc.

4 A política e ambiente regulatório: a agenda de reforma deregulamentação, tanto no Reino Unido como globalmente,está trazendo mudanças para a estrutura de mercados e

4 Cultura e incentivos: a cultura impulsiona o comportamento;reflete os valores subjacentes e a mentalidade de umaorganização. As estruturas de incentivos são outra importanteforma de motivar comportamentos e podem refletir os tiposde comportamentos valorizados e recompensados pelosquadros superiores de um banco. Por exemplo, uma políticade vendas fortemente impulsionada por prêmios pode levaros funcionários a venderem produtos a clientes que nãoprecisam destes ou para quem eles não são adequados comvista a maximizarem os respectivos ganhos pessoais.

4 Estruturas de mercado: é o elemento chave de mercadoscom um bom funcionamento, sendo relativo à forma como asdiferentes caraterísticas do mercado afetam a forma como osprodutos são avaliados ou como os custos sãoimplementados. Por exemplo, uma concorrência ineficazpode levar as instituições financeiras a explorarem suaposição vantajosa no mercado para cobrarem valoresexcessivos sem risco de perderem clientes.

Alterações nas condições do ambiente

4 Economia e mercado: os desenvolvimentos nos mercadoseconômico e financeiro influenciam os produtos e os serviçosque as instituições financeiras estão dispostas a oferecer, asnecessidades e as exigências dos consumidores e a

“O risco de má conduta abrange os riscos associados à forma como uma empresa e o respectivo pessoal se comportam. Porconseguinte, inclui o modo como os clientes e os investidores são tratados, a venda abusiva de produtos financeiros, a infração denormas e a manipulação dos mercados”.

Comitê Europeu do Risco Sistêmico (2015), “Relatório sobre o risco de má conduta no setor bancário”

“O Risco de Conduta é o risco de um comportamento inadequado, não ético e ilícito pela administração ou pelos trabalhadores deuma organização. Essa conduta pode ser provocada por ações deliberadas ou inadvertidas e por desajustamentos nas práticas,estruturas ou programas educativos de uma organização.”

Australian Securities and Investments Commission (Comissão de Investimentos e Valores Mobiliários Australiana) (2014), “Market Supervision Update Issue 57”

“O Risco de Conduta de mercado é o risco de perdas ou danos para os consumidores e contrapartes decorrente de práticas de condutade mercado indesejáveis por parte de uma instituição e/ou dos respectivos representantes e/ou a sua incapacidade ou falta devontade em cumprir os requisitos do mercado e da conduta comercial.”

Monetary Authority of Singapore (Autoridade Monetária de Singapura) (2015), “MAS’ framework for impact and risk assessment of financial institutions”

O Risco de Conduta é entendido como o risco de “detrimento dos clientes decorrente de os produtos errados acabarem por ficar nasmãos erradas e de prejuízos para a sociedade de as pessoas não serem capazes de aceder aos produtos certos”

Financial Conduct Authority (Autoridade de Conduta Financeira) (2013), “FCA Risk Outlook 2013”

“O Risco de Conduta é a ocorrência ou a perspectiva de ocorrência de perdas para uma instituição decorrentes de um fornecimentoinadequado de serviços financeiros, incluindo conduta dolosa ou negligente.”

Autoridade Bancária Europeia (2014), “Projeto de diretrizes para procedimentos e metodologias comuns de SREP”

“O Risco de Conduta deriva das ações tomadas pela empresa e da conduta que é exibida em cada fase do produto e que pode terimpactos nocivos, como resultados negativos para os clientes.”

(Banco de Espanha)

Definições de Risco de Conduta

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suporte para o setor financeiro destinadas a alcançar melhoresresultados para os consumidores, alterando a forma como osbancos conduzem os negócios. Esse é um impulsionadorimportante de como as instituições financeiras estãoprocurando desenvolver e reorientar seus modelos de negócio.O ambiente de política ao longo do último ano tem continuadocentrado em fortalecer as finanças públicas, restaurar ocrescimento econômico e assegurar a estabilidade financeirano Reino Unido.

A maioria das seções ao longo do restante deste documento, sãoaplicáveis a todos os subtipos de Riscos de Conduta. No entanto,alguns elementos (por exemplo, medição de risco e alguns dosexemplos usados) foram, para efeitos de ilustrativos e deesclarecimento, restringidos à conduta de varejo (ou seja, o Riscode Conduta originado na concepção, distribuição e gestão pós-venda de produtos e serviços financeiros para clientes de varejo).

Essa seção sobre a definição de Risco de Conduta conclui comduas observações finais:

4 Os impulsionadores que podem desencadear umacontecimento de Risco de Conduta são muito amplos. Umacontecimento de Risco de Conduta pode ser desencadeadopor causa de um produto que foi mal projetado (por exemplo,teste de stress inadequado que faz o produto obter umdesempenho inferior em determinadas condições), maldistribuído (vendido a clientes não pertencentes ao mercadoalvo original, em diferentes faixas etárias, etc.), ou devido anegligência deliberada dos funcionários e agentes de umainstituição financeira. Além disso, esses impulsionadores nemsempre são independentes, mas, em geral, podem seraltamente correlacionados e interdependentes. Isso dificulta aidentificação de causas raiz e o isolamento de efeitos (para finsde medição e previsão).

4 Alguns dos subtipos de Risco de Conduta já fazem parte dacategoria de Risco Operacional (sob a categoria de Basileia

de acontecimentos de “Clientes, Produtos e Práticas deNegócio”, definido como “perdas decorrentes de uma falhanão-intencional ou negligência em cumprir uma obrigaçãoprofissional com clientes específicos, ou da natureza ouconcepção de um produto”16). Isso permite que algumasinstituições financeiras e órgãos reguladores usem as basesde dados de acontecimentos históricos para esse subtipopara calibrar potenciais encargos de capital nos processosde avaliação de Capital17.

Modelo de Negócio, Processos, Políticas e Normas

Após ser determinado o papel dos processos de negócios emum quadro de gestão de Risco de Conduta, é importante levarem consideração os seguintes pontos:

4 O modelo de negócios de uma instituição financeira, ou seja,a forma que serve os seus clientes e segue a sua estratégiacomercial e aspirações, é totalmente articulado por meio deuma coleção de processos de negócios que fornecem aestrutura do modelo de exploração comercial do banco.

4 Esses processos de negócios são reestruturados pelo novocenário regulador, que impõe restrições sobre os produtosque podem ser comercializados, a quem, por quem, etc.Esses requisitos regulatórios são geralmente traduzidos empolíticas, procedimentos e normas internas, que ditam aforma como os processos de negócios precisam serconcebidos, executados e controlados.

Ao revermos os regulamentos especificados na Seção 1.2 (econcentrando, para efeitos de esclarecimento, no negócio devarejo), verificamos que as instituições financeiras estãoatualmente sujeitas a um conjunto de restrições ou limites, algunsdos quais são especificados a seguir.

16Banco de Pagamentos Internacionais17Teste de esforço EBA na UE em 2016 – Nota Metodológica Provisória.

Fig. 9. Fatores causadores do Risco de Conduta

Principais fatorespara o Risco deConduta

Ambiente

Inerentes

Estruturas eCondutaComercial

4 Assimetrias de Informação4 Preconceitos e Regras Básicas4 A crescente importância decapacidade financeira

4 Conflitos de interesses4 Cultura e incentivos4 Estruturas de mercado

4 Economia e Mercados4 Tecnologia4 Política e Regulação

Fonte: Relatório sobre Riscos, produzido pela Autoridade de Conduta Financeira do Reino Unido (2013)

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Concepção do Produto

4 Oferecer contas bancárias básicas a clientes e garantir que oprocesso de abertura não demora uma quantidade excessivade tempo.

4 Conceber produtos responsáveis para o mercado de créditohipotecário evitar “combinações tóxicas” (por exemplo, valorelevado de empréstimo combinado com clientes com créditofraco ou uma renda instável).

4 Ao conceber produtos de curto prazo, garantir que as taxasde juros e encargos não sejam excessivas, prestando especialatenção a quaisquer limites em crédito de elevado custo.

Comercialização de produto

4 Certificar que os anúncios utilizados são justos e nãoenganosos para os clientes.

4 Fornecer materiais de marketing transparentes, querepresentam claramente todos os encargos e outrascaracterísticas. Por exemplo:

- Oferecer Documentos de Informações Chave (KIDs)quando da comercialização de fundos relevantes (porexemplo, PRIP, OICVM, FMM).

- Fornecer “mensagens chave” simples sobre os triggersdefinidos na divulgação de informações sobre créditohipotecário aos clientes.

- Divulgar todos os riscos associados relacionados com acomercialização dos produtos de investimento e todas astaxas de inadimplência, possíveis retornos, etc. aopromover um serviço de empréstimo P2P.

4 Manter os mesmos padrões de conduta quando são usadas asredes sociais ou outros canais recentemente desenvolvidoscomo quando são usados os métodos mais tradicionais.

4 Incorporar avisos de risco em quaisquer anúncios para créditode curto prazo.

Vendas

4 Interagir com os clientes de forma transparente:

4 Garantindo termos de contrato transparentes eproeminentes (em linguagem simples e inteligível).

4 Declarando claramente o custo da assessoria, permitindoaos investidores estarem bem informados antes detomarem a decisão de aceitar o serviço.

4 Informando os clientes sobre se os serviços/produtosadicionais têm que ser ou não comprados ao combinarcontas/produtos e ser transparentes quanto aos custos.

4 Atuando no melhor interesse dos clientes:

4 Garantindo que qualquer assessoria independente éimparcial e sem restrições, e onde se efetua umaconselhamento restrito, divulgar de forma clara anatureza da restrição.

4 Assessorando sobre a gama completa de produtos,independentemente do painel/plataforma que o bancousa, relativamente a um terceiro quando a equipe internanão possuir as permissões/experiência.

4 Aconselhando sobre as vendas de crédito hipotecário (comexceções limitadas, tais como o cliente ter um elevadopatrimônio líquido) de uma forma que garanta que o clientereceba o produto mais adequado:

4 Oferecendo produtos apenas com juros quando há umaestratégia factível para o reembolso do capital.

4 Fornecendo as divulgações do pré-contrato em formatossimples, incluindo uma discriminação de todos osencargos, sem demoras injustificadas e permitindo umperíodo de reflexão antes do pré-contrato.

Pós-Vendas

4 Com relação a resolução de uma reclamação: enviar umacomunicação resumida ao cliente, incluindo informaçõessobre um serviço de ouvidoria, se disponível.

4 Disponibilizar a troca de conta aos clientes de forma simples edentro do prazo.

4 Fornecer um extrato anual de comissões em formatopadronizado aos clientes.

4 Tratar qualquer informação pré-contratual dada como umtermo vinculatório, caso seja um fator para que o clientecelebre o contrato.

4 Fornecer maior flexibilidade aos consumidores emreembolsar aquilo que devem antes do término do contratode crédito.

4 Para produtos mais complexos, fornecer informaçõesregulares e mais detalhadas (por exemplo, regras do fundo,objetivos, tipos de ativos).

Clientes Vulneráveis e Gestão de Dívida

4 Adotar uma tolerância razoável com os clientes que estejamem renegociação, antes de iniciar o processo de recuperação.

4 Reduzir ou eliminar os encargos em atraso quando omutuário está em processo de renegociação.

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4 Cobrar taxas razoáveis por violações dos termos e condiçõesrelativos a contas básicas.

4 Restringir o número de vezes que o crédito de alto custo decurto prazo pode ser diferido.

Gestão de Riscos

4 Realizar verificações adequadas de acessibilidade e renda aosclientes (independentemente dos canais de terceiros teremsido utilizados).

4 Realizar testes de stress da taxa de juros como rotina.

4 Implementar um maior grau de monitoramento quanto aospadrões e comportamentos de negociação.

4 Aumentar a separação da função de gestão de risco de outrasunidades operacionais.

4 Impor controles mais rígidos em operação por conta própria(devido ao elevado valor em risco e volatilidade).

Os requisitos regulatórios que influenciam esses processos(juntamente com restrições adicionais provenientes do apetite derisco da organização) são geralmente traduzidos em políticas,procedimentos e normas internas, que determinam a forma comoos processos de negócio precisam ser concebidos e executados. Éimportante salientar que, embora esses processos sejamamplamente afetados por requisitos regulatórios, as instituiçõesfinanceiras deveriam complementar as mudanças regulatórias comuma mentalidade de melhoria contínua no tratamento do cliente.

Apetite de risco

Como com qualquer outro risco, as instituições financeiras definemgeralmente um apetite de Risco de Conduta. Tendo em conta anatureza do Risco de Conduta e sua relação com a proteção do

interesse do cliente, não há geralmente nenhum apetite formalpara qualquer exposição de Risco de Conduta. No entanto, umaorganização grande e complexa com uma variedade de produtos eserviços, distribuídos em diferentes regiões geográficas, canais esegmentos de clientes, trabalha sob o pressuposto que erradicarcompletamente o potencial de maltratar os clientes pode ser umaaspiração, mas não é realizável de uma perspectiva de negócio.Conforme destacado pelo Conselho Europeu de Risco Sistêmico18,combater o Risco de Conduta é especialmente desafiador emgrandes bancos, onde a gestão sênior poderá não estar ciente dasquestões emergentes de má conduta.

Isso acresce às dificuldades inerentes associadas à identificação emedição da exposição ao Risco de Conduta. Neste sentido, asinstituições financeiras geralmente articulam seu apetite de riscocomo um conjunto de Declarações e Sub declarações de Apetitede risco que especificam a ambição da organização em relaçãoao Risco de Conduta em todo o ciclo de vida do produto e nossegmentos de clientes, canais, produtos e serviços. Esse apetitede risco também é traduzido em políticas de risco específico(que desenvolvem as sub declarações de apetite de risco), asquais estabelecem mais restrições sobre o modelo de negócio(que precisa garantir que os riscos originados na prossecução daestratégia comercial e alvos estão dentro dos limites definidosno apetite de risco).

A seção Identificação e Medição de Risco contêm mais detalhes eexemplos específicos sobre como esse Apetite de risco é articuladoe como ele está associado com as dificuldades em medir aexposição ao Risco de Conduta em relação ao apetite de risco.

Modelo de Controle

Tanto o cenário regulatório como o apetite de risco impõemuma série de restrições sobre o modelo de negócio e processosenvolvidos no ciclo de vida do produto anterior-posterior. Paraassegurar que esses processos de negócio são executados em

18ESRB, Relatório sobre o risco de má conduta no setor bancário (2015).

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4 Identificação de riscos inerentes.4 Avaliação dos controles implementados.4 Remediação de riscos residuais.4 Monitoramento dos níveis de risco.

Essa auto avaliação é usada na maioria dos casos para seconstruir um mapa de calor que pode ser usado para determinaro impacto de cada risco inerente aplicável. Para cada risco, aprobabilidade do acontecimento também é considerada.

Identificação e medição de risco

Como parte do quadro de gestão de risco, um ponto essencial emqualquer estratégia de Risco de Conduta é ser capaz deeficazmente identificar e antecipar os acontecimentos de Risco deConduta (ou seja, conseguir detectar os primeiros sinais do “PPIseguinte” para impedir que o mesmo aconteça). As perdassubstanciais que foram cristalizadas nos últimos anos com umacausa raiz no Risco de Conduta, às vezes equivalente ao valor doslucros de vários anos de uma instituição financeira, tornam esseponto ainda mais crítico e reafirmam a sua posição no topo daagenda dos praticantes de Risco de Conduta, com as instituiçõesfinanceiras a investirem grandes quantidades de recursos.

Associadas a esse ponto, embora uma disciplina ligeiramentediferente, as instituições financeiras também estão investindofortemente em conseguirem medir sua exposição ao Risco deConduta ou, por outras palavras, conseguirem comunicar à gestãosênior a magnitude do seu risco de má conduta. Conforme aseção elaborará a seguir mais detalhadamente, as instituiçõesfinanceiras podem realizar várias ações para alcançar esseobjetivo.

No entanto, a natureza de Risco de Conduta torna umaidentificação de risco eficaz e um quadro de medição de riscobastante desafiador, pelo menos usando a medição de riscopadrão e técnicas de gestão. Há muitas razões para que taldemonstre ser um desafio e, até determinado ponto, elas não sãomuito diferentes do caso de outros riscos clássicos.

alinhamento com políticas internas, um banco normalmentedefinirá um quadro de controle para o Risco de Conduta, comdiferentes tipos de controles em todo o ciclo de vida do produtoanterior-posterior que são executados com uma frequência eproprietários definidos, são planejados e testados quanto à eficácia,etc.

No que diz respeito ao modelo de controle de Risco de Conduta, umconjunto de bancos têm tirado partido do quadro de controleinterno definido para o risco operacional.

Nesse sentido, é comum encontrar:

4 Um inventário de controle, que consiste em um conjunto decontroles de processo, cujo objetivo é assegurar que osprocedimentos sejam consistentes com o apetite de Risco deConduta estabelecido. Esses controles funcionam normalmente,identificando se determinados critérios ao longo de todo oprocesso de ponta a ponta foram cumpridos e não permitindoque o processo continue caso não tenham sido. Deste modo,eles “controlam” se o resultado de cada processo implicaqualquer Risco de Conduta.

4 Um conjunto de indicadores de controle que avalia e monitorizaa eficácia dos controles internos inventariados no ponto anterior.Cada indicador de controle é atribuído a um proprietárioresponsável por definir os níveis de limite apropriados e ações demitigação em caso de ultrapassar o limite.

4 Investigações de incidentes (tanto interna como externamente)para avaliar se há quaisquer lições a serem aprendidas. Essasrevisões devem ser realizadas periodicamente.

Os controles desempenham um papel essencial na avaliação deRisco de Conduta. A maioria das instituições financeirasdesenvolveu uma metodologia de auto avaliação de risco e controleque revê sistematicamente os Riscos de Conduta inerentes, avalia aeficácia dos controles definidos e avalia os riscos residuais. Essametodologia é geralmente desenvolvida em uma abordagemfaseada, incorporando as seguintes ações:

“O regulador é o árbitro, as empresassão os jogadores. Um árbitro ruim pode

estragar uma partida, mas um árbitrobom não pode fazer com que osjogadores realizem bons passes.

A mudança tem que vir das empresas do setor”

John Griffith-Jones, Presidente da FCA

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Esses são alguns dos desafios para a identificação e mediçãoeficazes de Risco de Conduta:

4 Os impulsionadores subjacentes que podem desencadear umacontecimento de Risco de Conduta são muito variados, deassimetrias de informação a incentivos inadequados, fracacultura financeira do cliente, má concepção de um produto,falha em um processo, condições macroeconômicas, etc.

4 Esses impulsionadores não são completamenteindependentes mas, em alguns casos, estão altamentecorrelacionados, aumentando a dificuldade na construção demodelos de previsão a partir de um conjunto independentede variáveis explicativas.

4 Há um atraso significativo entre o momento em que ocorreuma falha no modelo de controle e o momento em que asconsequências começam a surgir. Nesse sentido, uma análiseadequada da causa raiz, bem como a recolha de informaçõese feedback do modelo é ineficaz.

4 Como é no caso de alguns outros riscos clássicos, a naturezados acontecimentos de Risco de Conduta que dizem respeitoa instituições financeiras, a maioria são aqueles de baixarentabilidade/alto impacto. Por outras palavras, para essesacontecimentos de risco especial não há nenhumainformação histórica suficiente para conseguir “reconhecer”corretamente os padrões.

4 A qualidade e a profundidade da informação histórica é fracae só permite uma análise de dados limitada. A fim de executarcorretamente a análise de dados orientada para o futuro19,existem requisitos de dados muito fortes em torno deinformações históricas limitadas:

- Os dados de diferentes domínios precisam estardisponíveis ao nível mais baixo possível (para permitiragregações e desagregação significativas)

- Igualmente importante, os dados de diferentes domíniosprecisam ser “conectáveis” ou seja, associados uns aosoutros. Isso é feito por meio de identificadores simples oumais complexas técnicas de Big Data que permitem quediferentes domínios sejam combinados uns com os outros.

Além dos motivos acima expostos, ou precisamente por causadeles, há uma diferença entre como o apetite de risco de umainstituição financeira é semanticamente descrito (a um nívelacordado pelos membros do Conselho) e o real conjunto deindicadores e métricas que fornecem um sentido de exposição aorisco e medição. As declarações de apetite de risco sãogeralmente redigidas usando uma abordagem baseada emprincípios, significando que são bastante amplas e genéricas paraconseguirem alocar especificamente uma ou muitas medidas derisco aos mesmos.

Mesmo quando as declarações de apetite de risco sãodecompostas em sub declarações e com uma orientação maisgranular, sua natureza é geralmente conduzida pelo processo(dado que é assim que o banco está programado para operar),significando que são muito úteis para impor restrições e controlessobre o ciclo de vida do produto anterior-posterior (conformereferido acima), mas não tanto para medir dinamicamente o risco,nem identificar padrões que conduziriam a futuros problemas. ASeção 4 contém uma análise mais detalhada deste aspecto doQuadro de Risco de Conduta.

Reporte de Risco de Conduta

Um dos elementos mais essenciais do quadro de Risco de Condutaé a capacidade de comunicar os atuais níveis de exposição ao Riscode Conduta ao resto da organização, bem como os principaisproblemas relacionados com o Risco de Conduta.

19Devemos ter em consideração que as análises de dados não necessitamforçosamente alcançar o melhor nível possível de precisão. Dado que apenas sãodestinadas a identificar padrões, é possível tolerar algum nível de inexatidão nosdados que utiliza, desde que essa inexatidão não tenha impacto significativo nasconclusões.

Fig. 10. Governança do Risco de Conduta

Orientação centralizada / princípios de governança

Articulação da orientação através de políticas

Inclusão de políticas nos processos atuais

Responsabilidade do Riscode Conduta específico por

divisão

Equipe de Risco deConduta “controle ecomando” central

1

2

3

a b

Fonte: Management Solutions, 2016

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organizacionais. Uma das mais difundidas consiste na criação deequipes especializadas de Risco de Conduta entranhadas naprimeira linha de defesa e especializadas por qualquer divisão denegócio, linha de produto ou segmento de cliente:

4 De uma perspectiva de identificação e medição de risco, asorganizações mais amadurecidas têm o controle, execução eidentificação de riscos como uma das responsabilidades daprimeira linha de defesa e apoiam esse processo deidentificação com uma capacidade de análise de dadoscentral usada para identificar padrões e valores atípicos entredivisões, regiões, produtos e clientes.

4 Da perspectiva de uma segunda linha de defesa, além daemissão de políticas e normas, a consolidação da medição deRisco de Conduta, etc., há normalmente umaresponsabilidade de supervisionar e desafiar o nível deconformidade com as políticas de Risco de Conduta. Demodo geral, tal é realizado por uma função de garantia(normalmente gerenciada centralizadamente mas comvariações e especialização por divisão de negócio/ produto/segmento) que é capaz de observar por meio das linhas denegócio, produtos e mercados e executar revisões temáticase controle independente.

4 De uma perspectiva de responsabilidade individual, a melhorprática (desencadeada em alguns casos por regulamentação,como a Gestão Sênior e o Regime de Certificação no ReinoUnido) envolve a definição e documentação dasresponsabilidades de gestão sênior e responsabilizarpessoalmente os gestores por acontecimentos de máconduta, a menos que eles possam provar que foramtomadas medidas razoáveis para evitar o risco. Além disso, osfuncionários em determinados cargos (tal como osrelacionados com o cliente) precisam ser avaliados econsiderados “aptos e adequados” para cumprir os seusrespectivos papéis. Essa prática de responsabilizar as pessoassegue uma série de falhas de mercado em que as instituiçõesfinanceiras foram consideradas culpadas de má conduta, masos reguladores não conseguiam atribuir a culpa a pessoasespecíficas dentro da organização.

4 No seguimento dos desenvolvimentos regulamentaresdescritos acima, os bancos neste âmbito não só devemdocumentar as responsabilidades de determinadas pessoas,mas também devem comunicar o desempenho dessesfuncionários face às suas responsabilidades definidas aoregulador. Além disso, para aumentar a responsabilidadeindividual em todo o quadro de Risco de Conduta, asinstituições financeiras também podem implementarferramentas tais como um mapa de responsabilidades (umúnico documento que descreve os acordos de gestão egovernança da organização), bem como melhorar os seusacordos de transferência quando as pessoas mudam defunções, para que medidas razoáveis possam ser tomadaspara assegurar que os gestores recém-nomeados tenhamconhecimento de todas as informações e riscos relevantespara o cargo.

Nas orientações de melhores práticas, há um conjunto deindicadores de risco chave acordados em comum que sãodefinidos e medidos a um nível mais granular, ou seja, ao nível deproduto/segmento de cliente/linha de negócio. Um subconjuntodos mesmos é definido a um nível da empresa e agregado. Quandopossível, eles estão ligados às declarações de apetite de risco parafornecer uma visão de exposição face ao apetite. Os limites sãodefinidos para cada um desses KRI que permitem reportar eescalonar em uma base de exceção.

Além desses indicadores de risco chave ao nível de toda a empresa,cada divisão de negócio ou subequipe usa suas próprias mediçõesdo nível de desempenho do seu ambiente de controle. Aimplementação de um sólido quadro de reporte de Risco deConduta enfrenta um conjunto de desafios, incluindo:

4 Concordar com um conjunto comum de indicadores que sejamsignificativos e mensuráveis em toda a empresa que podemconstituir um desafio em complexas instituições globais deimportância sistêmica. Eles requerem um grande esforço emrelação à descrição semântica e implementação físicaconsistente.

4 Muitas vezes, os dados são divididos em muitos sistemas dediferentes fontes e identificar a linhagem e fonte original dasinformações de uma ponta à outra é um desafio. Em muitoscasos, a propriedade dos dados também não é clara.

4 É importante garantir que o processo de agregação não“normaliza” ou remove quaisquer valores atípicos nos dados,podendo potencialmente ser uma indicação precoce deatividade anormal ou má conduta.

Além disso, tal como acontece com outros tipos de risco, o ato emsi de definir um conjunto de métricas para monitorar odesempenho muda o comportamento das organizações, nosentido de que as empresas comecem agindo de forma a garantirque as métricas melhorem20. Embora, em geral, essa seja uma boaprática, tal poderá proporcionar uma falsa sensação de segurança ereduzir o nível de alerta para potenciais impulsionadores de Riscode Conduta não refletidos na medição.

Governança, Responsabilização e EstruturaOrganizacional

O quadro de Risco de Conduta é incorporado em uma estruturaorganizacional e modelo de governança que defineresponsabilidades claras entre a primeira e a segunda linha dedefesa.

A maioria das instituições financeiras começa com uma orientaçãocentralizada, geralmente liderada pela segunda linha de defesa, aqual é então cristalizada em políticas, procedimentos e normas aonível da empresa.

Assim que estejam implementados, há um processo de adoção depolíticas e incorporação BAU da gestão de Risco de Conduta naprimeira linha de defesa. Essa incorporação pode assumirdiferentes formas e ser articulada utilizando diferentes abordagens 20Ver efeito Hawthorne.

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4 Por fim, as instituições financeiras mais amadurecidas nagestão de Risco de Conduta possuem Comitês e Conselhosespecializados a nível executivo incorporados no negócio,onde os principais indicadores de Risco de Conduta sãomonitorados e discutidos. Os alertas e questões escalonadostambém são discutidos a esse nível, juntamente com oprogresso dos programas de remediação relacionados comRisco de Conduta mais relevantes e qualquer interaçãoregulamentar relevante (visitas regulamentares, cartas,acontecimentos de risco regulatório na indústria, etc.).

Para além destes Conselhos, durante o Comitê de Risco deConselho ou o Comitê do Conselho, normalmente algumtempo é dedicado à discussão e escalonamento dequaisquer aspectos ou problemas relevantes relacionadoscom Risco de Conduta.

Garantia de Risco de Conduta e plano de garantia

Para ser garantido que o modelo de controle executado pelaprimeira linha de defesa mitigue os riscos eficazmente, algunsbancos irão criar uma função de garantia de segunda linha dedefesa. A estrutura pode variar, mas nas orientações de melhorespráticas, a estrutura permite um escalonamento independente eeficaz das questões para a gestão sênior (independente deoutras funções e unidades de negócios).

A função de garantia usará diferentes ferramentas na execuçãode suas responsabilidades de supervisão. Elas incluem:

4 Monitoramento simples de KPI.4 Testes de controle independente (mystery shopping,

chamadas de cliente pós-venda, registro de transação, etc.).4 Avaliações temáticas em divisões, produtos, segmento de

cliente, processo, ...4 Análise profunda.

A escolha da metodologia é geralmente diferente para cadacombinação de produto / cliente / divisão de negócio / região e ésensível aos resultados da Auto Avaliação de Controle de Risco(RCSA), mas também ao nível de consciência do risco real

inerente e residual na área e a transparência dos seus processosde negócio.

A função de garantia organiza sua atividade com base em umplano de garantia que é produzido anualmente, mas revistovárias vezes durante o ano dependendo das prioridades e daevolução do mapa de calor da organização. Esse plano degarantia é complementado com opiniões ad hoc que abordamtemas de interesses específicos influenciados tanto pelomercado e o negócio como pelo clima regulatório. Por último,para comprovar que a garantia consegue atingir seus objetivoseficazmente, normalmente tem as suas próprias estruturas degovernança e comitê onde as avaliações de risco e resultados sãodiretamente comunicados às partes interessadas.

Cultura, comportamento e incentivos

Reforçar o modelo operacional de Risco de Conduta ecomplementar com recursos otimizados poderá melhorar suaeficácia na identificação precoce de negligência. Contudo, acultura corporativa é vista pela maioria dos praticantes ereguladores como o núcleo do quadro de Risco de Conduta. Acultura corporativa aqui é relativa ao conjunto de valores ecomportamentos que impulsionam e influenciam a forma comoos funcionários pensam, agem e falam. Clive Adamson, Diretorde Supervisão na FCA, vê a cultura como os “julgamentos, ética ecomportamentos exibidos nesses momentos-chave, grandes oupequenos, que são importantes para o desempenho e reputaçãodas empresas e para o serviço que oferece aos clientes.” Há umamplo reconhecimento na maioria das instituições financeirasque é a cultura, ao invés da regulamentação, que maiseficazmente garante o profissionalismo e integridade.

Muitos bancos estão percebendo que para incorporarem bonscomportamentos em sua organização, eles precisam fortaleceros seus valores e melhorar sua cultura. No entanto, umamudança cultural tão profunda desta natureza vem com os seusdesafios próprios, incluindo:

4 Deve ser impulsionada a partir do topo da organização e,portanto, precisa ser incluído na ordem de trabalhos da altagestão.

4 Uma mudança na cultura não pode acontecer da noite para odia; a Cass Business School lançou uma publicação sugerindoque demorará mais de 15 anos para o comportamento dasempresas ser alterado21.

4 Começa desde a fase de recrutamento, onde a ética detrabalho precisa ser promovida como sendo consideradacomo a competência mais desejada, acima de todas ascapacidades técnicas.

4 Não há nenhuma forma simples de medir o nível subjacenteda ética de trabalho e cultura corporativa de umaorganização.

21Escola de Negócios Cass (2014).

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mas também para a análise de risco (por meio do uso deidentificadores únicos ou consultas semânticas e otimização, entreoutros).

As instituições financeiras ainda enfrentam desafios na área dearquitetura de dados e infraestrutura de TI, incluindo:

4 Decidir quais as informações a usar não é uma tarefa simples.Dada a natureza evolutiva do Risco de Conduta, o processo deidentificação de elementos de dados críticos precisa ser umprocesso constante.

4 Muitas vezes, os dados são divididos em muitos sistemas defontes diferentes e identificar a linhagem das informações deponta a ponta é um desafio, resultando assim em ineficiênciaquando os usuários têm que localizar determinados pontosde dados. Em muitos casos, a propriedade dos dados tambémnão é clara.

4 Os dados relativos a processos contêm geralmenteferramentas de cálculo para o usuário final, ajustes ouenriquecimentos manuais, com o correspondente impacto naqualidade e atualidade dos dados.

4 Embora a gestão de grandes volumes de dados já não seja umproblema devido às tecnologias avançadas, sua manutençãose caracteriza muitas vezes por várias questões. Isso inclui aqualidade inadequada dos dados recolhidos, podendo terimplicações significativas na precisão de quaisquer resultadosderivados de dados. A convergência da infraestrutura de TIcentral pode ajudar a alcançar uma visão integrada dos riscose controles dos processos subjacentes, com funções eestruturas para, entre outros, risco operacional, controleinterno, conformidade e auditoria interna.

Algumas das melhores práticas no mercado incluem aincorporação de uma conduta adequada nos planos de incentivo,aumentando os programas de formação e sensibilização ou aimplementação de procedimentos de escalonamento anônimoeficaz para denunciar comportamentos inadequados.

Há evidências de que as empresas já estão implementandoalgumas das medidas acima referidas; por exemplo, um inquéritorealizado pela Reuters viu uma mudança de 48% na atitude doconselho, com 40% instalando novas políticas e 32% dos bancosoferecendo formação para aumentar a consciência do Risco deConduta22. Além disso, alguns bancos deram seminários a seusfuncionários, abordando os valores centrais da empresa,enquanto outros bancos transmitiram vídeos aos funcionáriosilustrando os seus erros. O Relatório de Estabilidade Financeira doBanco da Inglaterra em julho de 2015 revelou que os prêmioscomo uma parte do salário caíram de 17% para 11% da rendatotal entre 2011 e 201423, sugerindo que há menos provas depromoção financeira. Embora essas medidas indiquem algunsprogressos na mudança da cultura em toda a indústria, ainda éum processo em curso e os bancos se beneficiarão amplamentese continuarem enfrentando eficazmente os desafios descritosacima a fim de melhorar os comportamentos na sua organização.

Infraestrutura de TI e arquitetura de dados

A gestão global do Risco de Conduta precisa ser apoiada poruma forte infraestrutura de TI e arquitetura de dados quepermitam a agregação atempada e rigorosa dos dados usadospara calcular cada indicador de conduta, mas também paracombinar diferentes fontes de dados para realizar uma análiseavançada de dados e aplicar técnicas de Big Data paraidentificação de riscos e padrões.

Neste sentido, os dados relacionados com regulamentos taiscomo a Agregação de Dados de Risco e Reporte de Risco (BCBS239) têm ajudado alguns Bancos Globais de ImportânciaSistêmica (SIBs) a definir um cenário de dados de Risco deConduta, a organizar dados relacionados com conduta (viataxonomias de dados e dicionários de dados), a identificar suaorigem (por meio de linhagem) e a preparar não só para o reporte

22Thomson Reuters (2015).23Banco de Inglaterra (2015).

“A cultura não é algo que se pode ouse queira prescrever - são as empresasque devem decidir que tipo de culturaelas querem. Mas qualquer que seja acultura corporativa de uma empresa,

esta deve estar centrada no trato justoaos clientes e a integridade do

mercado - para não prejudicar pessoasnem práticas de negócio”

Linda Woodall, Diretora de Hipotecas eEmpréstimos para consumo na FCA

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Um blueprint para identificação e mensuração de Risco de Conduta

“A lei controla o homem mais fraco. A condutacorreta controla os mais fortes”

Mark Twain

Fig. 11. Marco de Risco de Conduta

Enfoque padrão para a medição do risco“O Risco da empresa está dentro do apetite?”

Nova tecnologia aplicada à identificação do risco“Como seria um cenário em que se transgrediu o apetite?”

Apetite de Risco daEmpresa

Medido

Estabelece

Identifica

Inspira

Proporcionaum marcoImpõe

Exige

Avaliaçãopor

Resultado dostestes

Informar a administraçãopor exceção Alimenta

Contraste (Backtest)

Informa

Informa

Exige

Exige

Utiliza

Apoiadopor

Identifica

Metodologia

Gera

Com

par

ar com

Info

rma

Info

rma

Definição deRisco deConduta

Eventos de Riscode Conduta(com causa origem)

+ Análises do Setor

Alavancagem

Controles ao CicloF2B do produto

Avaliação de Riscos e Controles

Métricas de Riscos(KPIs, KRIs)

InvestigaçãoAd hoc

Padrões e Alertas

Limites

Restrições ao CicloF2B do produto

Análise de dados

Informação deGestão e ReportingRisco inerente

Ambiente do controle

Risco residual

Mapa de Calor doRisco de Conduta

Apetite de Risco

Dados granularese meta dados

Iniciativas regulatorias(BCBS 239, ...)

4 Orientado ao futuro4 Menos limitado4 Proativo

4 Propenso a valores atípicos4 Altos requerimentos

tecnológicos

Apetite de Risco daEmpresa

Planos de Ação/Planos de Mitigação

Definir planos

Fonte: Management Solutions, 2016

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não receber todas as informações relevantes sobre umproduto em um ponto de venda.

4 Controles definidos no modelo de controle, e avaliaçãodestes controles e dos correspondentes mecanismos deteste através do qual a organização pode garantir queos controles estão sendo executados conformedeveriam. Ex: a plataforma de Front Office não permitea execução de uma operação a menos que a versãoimpressa dos Termos de Referência tenha sido entregueao cliente.

4 A avaliação de riscos residuais que determina osriscos remanescentes após a implementação doscontroles, que são convertidos em um mapa de calor deRiscos Residuais.

4 O Processo de Controle e Avaliação do Risco écontinuamente alimentado e testado através de outrafuncionalidade do framework, a análise de eventospassados. Essa funcionalidade proporciona a análise decausa raiz e a classificação (de maneira adequada à análiseRSCA) de eventos prévios associados ao Risco de Condutaque tenham ocorrido dentro da organização ou que tenhamafetado pares na indústria, e que possibilita:

4 Testar estatisticamente o mapa de calor (ex: analisar seproblemas ocorrem com a probabilidade e severidadesugerida pelo mapa de calor).

4 Melhorar a identificação de riscos inerentes e oambiente de controle.

Conforme mencionado na seção anterior, a área de Garantiasupervisiona a eficácia dos controles (ex: realizando mysteryshopping ou ligações de pós-vendas para clientes). Essa áreatambém delibera sobre o grau de intervenção necessáriobaseado na probabilidade de um evento ocorrer (considerandoa qualidade dos processos e controles existentes), a severidadedo evento (mensurado através do número de clientesimpactados, prejuízos causados, impacto econômico daremediação, etc.), o nível de consciência, qualidade deinformação e transparência em relação à divisão/área donegócio dentro do escopo. Estas informações são utilizadascomo input para desenhar o mapa de calor de risco residual.

Adicionalmente à abordagem acima descrita, que fornece umametodologia sistemática para identificação e medição do Riscode Conduta, o último elemento do processo desse frameworkestá relacionado ao uso de data analytics, geralmenteenvolvendo técnicas de Big Data (lado direito do diagrama doinicio dessa seção):

4 Essa análise tenta responder uma pergunta um poucodiferente, mas sugere uma maneira fundamentalmentediferente de abordar o tema. Em vez de tentar garantir eprovar que os riscos estão dentro do apetite definido, apergunta fundamental para essa segunda funcionalidade é:“como seria o cenário onde o apetite ao risco foi violado?”.

Descrição Geral do framework

Esta seção terá como foco o processo de identificação emensuração de Risco de Conduta em maiores detalhes,descrevendo o framework sugerido para superar alguns dosdesafios. Esse modelo de identificação e mensuração do riscopossui os seguintes componentes:

4 Definição e mensuração do apetite de Risco de Conduta.

4 Um processo para controle e avaliação do risco.

4 Uma abordagem complementar alavancando análisesavançadas de dados.

Esse framework é resumido no diagrama (Fig. 11). A explicaçãodo diagrama segue abaixo:

4 Além disso, o apetite de risco pode ser expressado emtermos de uma série de afirmações e subafirmações queapontam o apetite do banco com relação ao catálogo depotenciais Riscos de Conduta que representariam umaameaça à empresa. (ex: “Todas as vendas devem ser feitaspara o mercado alvo identificado a menos que umarenúncia tenha sido aprovada através dos processos degovernança”). Dado a natureza do Risco de Conduta, essasafirmações são geralmente escritas em termos de princípiosabsolutos que impõem restrições front-to-back aos ciclosde vida do produto.

4 Essas restrições geralmente necessitam ser convertidas emIndicadores Chave de Risco e respectivos limiares quepodem ser utilizados para suporte a um sistema de mediçãoe alertas (ex: renúncias / aprovações de exceções paradistribuição de produto).

4 Tais métricas são agregadas e reportadas para a alta gestãoregularmente (através de uma série de relatórios,dashboards, etc.) permitindo o monitoramento efetivo daexposição ao Risco de Conduta e identificando qualquertendência nas métricas que possam sugerir algumapotencial conduta imprópria. Uma métrica que excede seulimite definido é um indicador de que o bancoprovavelmente está exposto ao Risco de Conduta; talevento criaria um alerta, que seria utilizado na definição deum plano de remediação e mitigação do Risco de Conduta.

4 Ao mesmo tempo, as restrições do ciclo de vida do produtoatribuídas a partir do apetite ao risco (e os respectivoscontroles que asseguraram a incorporação dessas restrições)requerem um processo de controle e avaliação do risco.

4 Tal processo tipicamente é alavancado a partir dainfraestrutura de risco operacional, mas é específico paraconduta e utiliza o catálogo de potenciais Riscos deConduta como base. Esse processo de controle inclui umaanálise padrão de:

4 Riscos inerentes (riscos identificados como parte docatálogo de Risco de Conduta) – ex: Risco do cliente

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Em outras palavras, inicia-se com a suposição de que haverácasos na organização onde o apetite ao risco está sendoultrapassado e assim identifica-se quais são os sintomasdesse caso. Ex.: combinar informações de volume elucratividade de produtos e comparar contra segmentaçõesde clientes, nível de dívida e/ou variação e profissão com oobjetivo de identificar valores atípicos.

4 Para responder essa questão, a abordagem proposta éutilizar uma metodologia menos restrita, na qual é utilizadodata analytics para combinar informações de diferentesfontes e reconhecer padrões que possam indicar evidênciasde violação dos limites. Esses padrões podem vir dediferentes técnicas de análise de dados:

4 Análise de Outliers (análise de valor extremo, modelosbaseados em proximidade, modelos lineares eespectrais, etc.).

4 Análise comportamental.

4 Teste de stress e previsão financeira.

4 Monitoramento de mídias sociais e tendências.

Como parte de suas análises, um cientista de dados teriacomo objetivo determinar quais padrões comportamentaissão incomuns ou inesperados (por exemplo, um produtocom desempenho superior em termos de lucros, segmentos,gerentes responsáveis ou regiões com resultados comerciaismaiores que a média, um dado produto ou serviço comconcentração de cancelamentos antecipados em umsegmento particular, etc).

Uma vez que um padrão é identificado como uma potencialruptura nos limites estabelecidos para o apetite ao risco, estepadrão é discutido com experts das equipes de Garantia eNegócios, com o objetivo de decidir sobre o descarte doevento como alarme falso ou inicio de uma análiseaprofundada para entender o evento com maior nível dedetalhe.

4 Essa análise requer excelentes capacidades analíticas(incluindo cientistas de dados com experiência significativaem riscos, em lugar de especialistas de riscos generalistas),uma infraestrutura tecnológica capaz de suportarprocessamentos complexos e uma infraestrutura de dadosque suporta data mining e analytics.

4 Tal infraestrutura de dados está atualmente em vigor ouestá em desenvolvimento, alavancando-se nos esforços quea organização tem feito com foco na construção de suascapacidades de Big Data e infraestrutura de dados(desambiguação semântica, etc., programas tais como anormativa 239 do Comitê de Basileia).

Exemplo Prático

Esta seção irá desenvolver um exemplo do processo deidentificação e mensuração de Riscos de Conduta e de medição,como descrito acima, para um dos processos de negócio querecentemente tem recebido significativa atenção einvestimento: as vendas de produtos e assessoramento paraclientes de varejo.

Drivers

O primeiro passo para a identificação de Risco de Conduta naárea de venda de produtos e assessoramento seria avaliar quaissão os drivers aplicáveis (utilizando, por exemplo, o modelo deFCA para os drivers de Risco de Conduta, como foi indicadoanteriormente), ou seja, como o Risco de Conduta pode surgirno processo de venda de produtos e/ou assessoramento dosclientes.

Cada um dos drivers do Risco de Conduta precisa ser avaliado apartir da perspectiva de venda de produtos e assessoramento,para entender sua relevância neste processo:

A maioria destes fatores estaria presente e aplicável à venda deprodutos e processo de assessoria. No entanto, com base na

Fonte: Management Solutions, 2016

Fig. 12. Exemplos de quadro de controle que monitora os distintos indicadores de risco (KRI), incluindo informações sobre reclamações.

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Causas Aplicabilidade na venda de produtos e assessoramento

Inerentes

Assimetrias de informação

Um fator muito importante na venda de produtos de varejo, já que uma informação incompleta parao cliente pode resultar em que o mesmo tome decisões que não representam o melhor resultadopossível. As assimetrias de informação podem sinalizar provisionamento de informação incorreta ouincompleta ao cliente e, portanto, constituem um driver chave de Risco de Conduta navenda/assessoria de produtos.

Vieses e senso comum

Os consumidores podem nem sempre tomar decisões com base em fatores racionais e, em vez disso,tendem a empregar vários atalhos mentais. Isso pode levar à compra de produtos que não atendemsuas necessidades financeiras. No passado, isto foi agravado por assessores que se aproveitaram detais vieses para impulsionar vendas, o que constitui um caso claro de má conduta. O fornecedor doproduto/serviço (no caso, a equipe assessorando o cliente) precisa demonstrar claramente o valorque o cliente terá com isso.

A crescente importânciadas habilidades

financeiras

Assessores podem, em certas ocasiões, superestimar a compreensão que seus clientes possuemsobre informações financeiras. Isto pode dar origem a Risco de Conduta, como em alguns casos (porexemplo, em clientes vulneráveis), os clientes não são capazes de compreender inteiramente o queestá sendo apresentado a eles e, portanto, podem não tomar as decisões mais adequadas.

Estrutura econduta

empresarial

Conflitos de interesseIsto pode envolver empregados ou assessores atuando de forma a beneficiar a eles próprios (a fim deatingir metas de vendas, ou qualquer métrica utilizada para medir seu desempenho) em vez de agirde uma forma que garanta a proteção do cliente.

Cultura e incentivosSistemas de incentivo inadequados podem resultar em assessores recomendando produtos paraclientes que não são adequados às suas necessidades, a fim de se beneficiar de altas comissões. Nopassado, esta foi uma fonte comum de Risco de Conduta no processo de venda de produtos.

Estruturas de mercado A falta de competição em uma categoria de produto pode resultar em clientes de varejo tendo umaescolha limitada de fornecedores.

Ambiental

Economia e o mercado

Desenvolvimentos no ambiente econômico podem afetar a seleção de produtos que um bancooferece aos seus clientes, assim como variáveis específicas dos produtos (por exemplo, preço). Estedriver de Risco de Conduta não é aplicável à venda e assessoramento de produtos, mas sim aodesenvolvimento do portfólio de produtos e design de produtos específicos.

Fatores tecnológicos

Desenvolvimentos em tecnologia alteraram a maneira em que os consumidores selecionam ecompram produtos bancários, racionalizando o processo e incrementando as informaçõesdisponíveis a eles. No entanto, a tecnologia também pode ser fonte de Risco de Conduta durante avenda de produtos: a inovação na oferta de um banco pode resultar em produtos mais complexosoferecidos a clientes através de uma ampla gama de canais, os quais podem ter dificuldades emavaliar suas características. O aumento da disponibilidade de dados, assim como a melhorcapacidade de análise dos bancos pode levar consumidores de maior risco a serem excluídos domercado por razões econômicas.

Ambiente de políticas eregulatório

O processo de vendas de produtos e assessoramento foi influenciado fortemente pela recenteagenda regulatória, e este fator remete à incerteza que os bancos enfrentam no que diz respeito aoaumento de requerimentos de mudança (incrementado pelo ambiente regulatório), que pode levaros bancos a deixar de oferecer determinados produtos sem avaliar plenamente como operar nonovo contexto regulatório.

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prática do mercado, e para efeitos de simplificação,destacaremos o conjunto seguinte como os drivers chave:

4 Assimetria de informação entre assessores e clientes.

4 Vieses e senso comum usados pelos clientes ao selecionarprodutos.

4 Habilidade financeira dos clientes.

4 Cultura organizacional e incentivos afetando a maneira emque a equipe de vendas conduz suas funções.

4 Desenvolvimentos tecnológicos e estruturas de mercadoque não resultam em uma concorrência efetiva em umdeterminado produto.

Apetite ao Risco e Indicadores Chave de Risco (KRI)

Uma vez que os drivers aplicáveis tenham sido identificados, opróximo passo no processo seria determinar o apetite do bancoem relação ao Risco de Conduta na venda de produtos eassessoramento. Este processo se refere essencialmente avincular os drivers de Risco de Conduta com controles para queeles não se concretizem. Tais controles são expressos pordeclarações de apetite.

Em contraste a outros tipos de risco, as declarações de apetiteao Risco de Conduta tendem a ser absolutas, definindo umatolerância zero para comportamento impróprio em qualquerprocesso. Em geral, declarações são desenvolvidas para cadaprocesso de negócio (ex. design de produto, vendas eassessoramento, etc.). No entanto, tais declarações tendem a sergenéricas e, portanto, são seguidas por sub declarações quedescrevem os objetivos da organização no que diz respeito acada declaração. Estas sub declarações precisam serabrangentes o suficiente para abordar todos os drivers de Riscode Conduta identificados em relação aos processos de negócioa que se referem.

Cada uma dessas sub declarações são então vinculadas a um

conjunto de Indicadores Chave de Risco (no inglês, KRIs) cujoobjetivo é o de medir o desempenho da organização emalcançar o objetivo definido. Em alguns casos, sub declaraçõespodem ser expressas através de um único KRI; em outros casos,no entanto, as instituições financeiras podem ter que calcular umgrupo de KRIs para medir uma determinada sub declaração emparticular.

Apenas para fins ilustrativos, a tabela a seguir fornece umexemplo de uma declaração de apetite para venda de produtos eassessoramento, seguido por um conjunto de sub declarações eo tipo de KRIs que seriam utilizados para medí-los:

Gerenciamento de informação e reporte

Devido à articulação de todas as subafirmações relacionadas àvenda de produtos e assessoria aos clientes e seus respectivosindicadores de risco (KRI), que por sua vez serão monitorados deforma contínua, a fim de garantir que a instituição financeiraesteja operando dentro do nível de apetite ao Risco de Condutadefinido.

Para cada KRI de conduta definido, é essencial estabelecer umintervalo de valores aceitáveis (ex: horas mínimas detreinamento para a equipe de vendas ou limite máximo dedefault para determinado produto), junto a um mecanismo dealerta e escalação à alta gestão nos casos em que estes limitesforem atingidos.

Um exemplo de KRI utilizado em caso de venda eassessoramento de produtos é o indicador de reclamações.Comumente utilizado em indústrias, a análise de reclamaçõespermite às instituições financeiras entender quais foram os errosno processo de venda de produtos e assessoramento de clientes.Como tal, um aumento do número de reclamações de um clienteem relação a um produto determinado, acima dos intervalosdefinidos, pode indicar que a equipe de vendas não estáexplicando as características do produto aos clientes de formaadequada. Portanto, tal situação deve ser acompanhada pela altagestão para discussão e tomada de decisão.

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Declaração de Apetite

Venda de Produtos e Assessoramento - Vendas de produtos e assessoramento oferecidos aos clientes devem ser conduzidos de uma talforma que garanta benefícios aos clientes

Exemplo de sub declaração Exemplo de KRI ou famílias de KRIs

Tanto a equipe de vendas quanto os assessores devemestar integral e adequadamente treinados, qualificados esupervisionados

A quantidade de treinamento orientado e creditado para as equipes que têm contatocom o cliente será analisada e comparada com as ocorrências de Controle de Qualidadee reclamações recebidas. Outliers nos dados de treinamento das equipes serãoanalisados já que podem indicar potenciais deficiências de treinamento.

Todas as vendas devem ser feitas no mercado alvoidentificado, a menos que se tenha aprovado umaexceção através dos canais formais de governança

As vendas realizadas fora dos mercados alvo e as aprovações destas estabelecerão asbases da análise. A proporção de exceções aprovadas também será considerada.

Vendas aos clientes só devem ser feitas para responder auma necessidade reconhecida e devem ser adequadas /acessíveis dadas suas circunstâncias individuais

As métricas implicarão em analisar os diferentes segmentos de consumidores, assimcomo o nível de renda e a taxa de inadimplência correspondente.

As vendas devem ser objeto de controle de qualidadeinterno para monitorar a qualidade e práticas de vendas

As métricas incidirão sobre os processos e áreas cobertas por Controle de Qualidade e oresultado das análises realizadas.

Monitoramento independente de vendas deve serrealizado para monitorar a qualidade e práticas devendas

As métricas incluirão o número de diversas atividades de controle e o resultado dasmesmas, bem como ocorrências de Controle de Qualidade.

Os clientes devem receber informação adequada e clarano ponto de venda para que possam tomar uma decisãoconsciente

A métrica estará baseada nos resultados da gestão de reclamações de clientes dediferentes áreas geográficas e segmentos de clientes, bem como sobre produtos cominformações incompletas.

Os clientes não devem ser pressionados a tomar decisõese deve ser dado tempo suficiente para que tomem umadecisão consciente

As métricas incluem a quantidade e segmentação de reclamações de clientes, bemcomo o prazo de resposta ao cliente e processo ante ausência de resposta. Além disso,uma Pesquisa de Experiência do Cliente no pós-venda será usada para medir aquantidade de clientes que se sentiram pressionados.

Os clientes devem ser informados no momento da vendasobre as taxas, exclusões, critérios de exigibilidade,critérios para realizar reclamações e cobranças quepossam ocorrer, assim como as circunstâncias em queserão aplicadas

As métricas incluem produtos com informações incompletas, quantidade esegmentação de reclamações de clientes e a quantidade de novas operações suscetíveisa exigir a entrega de informação pré-contratual.

Todas as taxas e cobranças aplicadas aos produtos docliente, contas ou serviços devem ser claramentecomunicados e definidos de forma antecipada e nomomento da aplicação

As métricas analisarão as reclamações do cliente relacionadas a taxas e cobranças.

Os clientes devem dispor de informação clara e precisa,pelo canal de entrega mais eficaz, para permitir queestejam cientes e façam uso de qualquer oferta deproduto que possa melhorar a sua posição financeira

O material de marketing enviado para clientes existentes será analisado em relação aomaterial de marketing total enviado. Além disso, a frequência das atualizações enviadasaos clientes sobre a sua conta individual será usada para medir a entrega deinformações

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A Figura 13 mostra um painel de controle24 interativo utilizadopara monitorar o desempenho de conduta dos KRIs, osincumprimentos dos limites estabelecidos e seuscorrespondentes alertas. Nesse exemplo em particular:

4 Os KRIs foram classificados em quatro categorias (Design deProduto, Distribuição, Reclamações e Pós-venda).

4 Cada categoria tem um status (Vermelho, amarelo, verde),que depende da quantidade de KRIs de cada categoria queexcedeu o limite, o qual inclui um fator de ponderação(relevância).

4 É possível modificar o quadro de controle para mostrar odesempenho individual de cada KRI por categoria. Destaforma, oferece as funcionalidades de desdobramento deinformações e descoberta de dados.

Avaliação de Controle de Riscos

Como descrito anteriormente, o processo de monitoramento daexposição ao Risco de Conduta através do uso de métricascomplementa-se com um mecanismo de Avaliação de Controlede Riscos, como forma de assegurar que os controles existentesmitiguem de forma efetiva o Risco de Conduta originado noprocesso de venda de produtos e assessoria ao cliente. Asinstituições financeiras utilizam uma ampla gama de controlespara mitigar os diferentes drivers de Risco de Condutaidentificados. No caso particular da venda de produtos eassessoria ao cliente, os controles podem incluir:

4 O sistema front-office não permite a execução de vendas deprodutos que não tenham sido aprovadas pelo Comitê deMonitoramento de Produto, ou não permite selecionar umcliente para a venda se o mesmo não pertencer aosegmento de mercado alvo desse produto em particular.

4 Controles de sistema que requerem a assinatura do clienteconfirmando a leitura e entendimento dos Termos e

Condições do produto antes que o produto possa serprocessado no back-office.

4 O sistema de vendas requer uma série de entradas e analisainternamente a capacidade de pagamento do cliente antesque a operação seja concluída.

4 A especificação de condições que o cliente deve assinarinclui uma versão executiva e exemplos reais do que oproduto poderia custar ou qual poderia ser seu rendimentoem circunstâncias específicas.

Esses controles têm como objetivo eliminar o Risco de Conduta,como foi identificado através do processo de definição de apetiteao Risco de Conduta.

Uma primeira avaliação de controle poderia ser realizada atravésda ‘Auto avaliação de Controle de Riscos’ (RCSA), nas quais asprovas de controle são realizadas pela equipe cujas funçõesremetem ao processo que se aplica cada controle. Essaabordagem é alavancada pelo conhecimento detalhado dosfuncionários para identificar onde é provável que ocorram osriscos. Através disso, se avalia a eficácia do controle edesenvolvem planos de melhoria em conjunto com as equipes deGarantia. O RCSA pode ser executado através de umaautoauditoria realizada pelos usuários, pela realização dequestionários, oficinas de modelo de controle, assim como váriasoutras abordagens.

Os controles também são submetidos a uma avaliaçãoindependente por parte da função da área de Garantia, que testasua eficácia através de um Processo de Avaliação de Controleindependente com o objetivo de identificar onde ocorreu o Riscode Conduta apesar desses controles (ou seja, o risco residual).

24Painel de controle definido pela Management Solutions, e executadotecnicamente por Luxoft.

Fig. 13. KRI contrastado com os limites definidos

Painel de controle definido pela Management Solutions, e executado tecnicamente por Luxoft

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4 Contato com o Cliente: frequentemente, é necessáriocomplementar os dados de reclamações com informaçõesadicionais dos clientes. Assim, as instituições financeiraspodem realizar ligações para uma amostra de clientesposteriormente à venda de um produto, para entender não sócomo foi sua experiência como cliente, mas também parasaber se o cliente entendeu corretamente o produto quecomprou. Esta é uma prática efetiva, uma vez que se podemobter casos nos quais os clientes não foram bem atendidos(por exemplo, este foi um caso de alguns clientes de SPP quenão estavam cientes de que haviam adquirido um seguro depagamento).

4 Revisões temáticas: para comprovar se um conjunto decontroles é eficaz na prevenção de Riscos de Conduta na áreade venda de produto e assessoria ao cliente, revisõestemáticas podem envolver revisões de conduta de váriasetapas do processo end-to-end, a fim de identificar ondeocorreu o Risco de Conduta. Isto pode incluir uma avaliaçãoda formação oferecida aos funcionários que lidam com ocliente para comprovar que atendam todos os pontos paramitigar o Risco de Conduta. Também pode incluir uma análisedos requerimentos regulatórios recentes contra os processosatuais do banco, com o objetivo de comprovar que estãoatendendo as normativas. Em adição, as revisões temáticaspodem também considerar as medidas que existem nainstituição para escalar à alta direção uma quebra de controle,já que os controles podem indicar uma possível condutainapropriada, que não foi considerada pela alta direção.

Após o processo de provas de controle, geralmente a área deGarantia é capaz de obter uma visão independente dos riscosresiduais em toda a organização, que são classificados de acordocom os diferentes níveis de risco envolvidos, com base na suaprobabilidade, gravidade e frequência.

Além disso, é possível rastrear os níveis desses riscos retornandopara as diferentes dimensões de agregação e análise. Uma dessasdimensões seria o fator determinante do Risco de Conduta

Isto pode envolver diversas técnicas e abordagensorganizacionais:

4 Função de Controle de Qualidade: em alguns casos, umafunção especializada de controle de qualidade integrada naprimeira linha de defesa (diferente de Garantia de Riscos,que realiza uma supervisão independente desde a segundalinha de defesa) cobrindo as diferentes áreas envolvidas noprocesso de venda e assessoria. A função revisanormalmente os processos existentes e identifica qualquerproblema relacionado que possa ocasionar Risco deConduta. O processo de Controle de Qualidade pode incluira revisão de uma amostra de arquivos físicos para garantirque os processos sejam documentados adequadamente,escutar chamadas gravadas de conversas com clientes, etambém monitorar a atuação do pessoal de vendas.

4 Mystery Shopping: os bancos podem utilizar técnicas demystery shopping para permitir uma melhor compreensãodos processos de venda e assessoria. Isto pode incluir umaavaliação da experiência do cliente, o comportamento e aeficácia dos funcionários de vendas, o tratamento dosclientes vulneráveis, a divulgação de informação aosclientes, entre outros fatores. O processo é avaliado paracada categoria e os resultados são monitorados ao longo dotempo. Para as áreas que apresentarem baixo resultadosegundo uma base consistente, a área de Garantia identificaplanos de melhoria com objetivo de mitigar o Risco deConduta.

4 Análise da origem das Reclamações: embora os números dereclamações sejam monitorados no processo de medição daadesão do banco ao seu apetite ao risco, é essencial que osbancos revisem também o motivo das reclamaçõesindividuais dos clientes, já que isto pode ajudar norastreamento do problema até a etapa do processo devenda/assessoria de onde originou-se e no entendimento deonde houve falha nos controles de prevenção dematerialização do Risco de Conduta.

Fig. 14. Exemplo de mapa de calor e análise RCSA para Risco de Conduta (como um subconjunto de Risco Operacional) performada com uma ferramentadesenvolvida internamente, SIRO®

Fonte: Management Solutions, 2016

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descrito anteriormente, o que demonstraria qual destes fatores émais provável de que se materialize.

Pode-se representar esta relação utilizando um mapa de calor decontrole, indicando os níveis de Risco de Conduta por fatororigem e produto.

O “mapa de calor” da Fig. 14 ilustra o nível de Risco de Condutaresidual que cada driver origem supõe para o banco, dividido porprocesso (ou seja, vendas e assessoria) e produto. Este “mapa decalor” pode também ser representado em vários níveis de detalhe(ou seja, com mais detalhes, mostrando o nível de Risco deConduta por canal ou mesmo por processo, ou de forma maisagregada, mostrando o risco para cada negócio, por exemplo,Varejo, Corporate, etc.).

Cada célula foi avaliada a partir dos controles descritosanteriormente; por exemplo, um “vermelho” em Assessoria deHipotecas em relação a assimetrias na informação pode serresultado de um exercício de mystery shopping, o qual revelouque a insuficiência de controles permite que os funcionários queassessoram os clientes não os informam de maneira adequadasobre a relação entre as hipotecas flutuantes e os movimentosnas variáveis de mercado. Além disso, um “Bege” em Vendas deCartões de Crédito com relação à Capacitação Financeira pode serresultado da venda de produtos aos clientes que não cumpramcom os requisitos mínimos de crédito e, portanto, destacando ofracasso do controle correspondente a esse processo.

Em alguns casos, esta ferramenta serve para comprovar que tantoo processo de Auto avaliação de Riscos e Controles como outrosmecanismos utilizados pelo banco para avaliar sua exposição aoRisco de Conduta faz sentido desde o ponto de vista estatístico,assim como para desafiar estes processos de maneira efetiva.

Análise de dados e Big Data

Nesse sentido, o mapa de calor é uma ferramenta útil àsinstituições financeiras para monitorar a sua exposição ao Risco deConduta, assim como para priorizar as áreas de melhora. Nãoobstante, em quase todos os casos, esse mecanismo:

4 É baseado em uma metodologia bem estruturada, que requerum framework temporal especifico para ser executado (autoavaliações a cada 3 ou 6 meses, planos de controle comhorizonte temporal de um ano, etc).

4 É baseado na medição da infraestrutura de controle existente,nem sempre com visão futura.

Dado ao impacto negativo dos possíveis eventos de Risco deConduta na organização, cada vez mais as instituições financeirasestão complementando seu framework de medição do risco comum enfoque de identificação de riscos proativo e com visão futura.Isso é feito geralmente aproveitando técnicas e infraestruturas deBig Data. Alguns exemplos:

Fig. 15. Mapa de Risco de Conduta na venda de produtos e assessoramento

Assimetria deinformação

Preconceitos eRegras gerais

CapacidadeFinanceira

Cultura eIncentivos

Fatorestecnológicos

Estruturas de Mercado

HipotecasContas

correntesCartões de

créditoUPLs Poupança

Investimentose pensões

Vendas Assessoramento

Risco de Conduta bajo Risco de Conduta médio Risco de Conduta alto

Fonte: Management Solutions, 2016

HipotecasContas

correntesCartões de

créditoUPLs Poupança

Investimentose pensões

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Outliers em dados de venda

4Avaliando unidades que estejam superando o desempenho do restante do banco em termos de vendas pode revelar algumadeficiência no processo de venda.

4Por exemplo, um banco pode identificar que uma filial está registrando números de venda excepcionalmente altos em seusprodutos de investimento de varejo, e decidir iniciar uma revisão a fim de entender a causa desse rendimento alto. Essa revisãopode revelar que a filial recentemente contratou diversos assessores sem a devida experiência no aconselhamento adequadodos clientes. Isso pode indicar que o aumento nas vendas é decorrente do fato de que os clientes estão comprando produtossem receber explicações claras sobre as ressalvas desta aquisição, o que pode ter influenciado sua decisão de compra; nestecaso, um Risco de Conduta se materializou.

Exploração de Redes Sociais

4A abundância de informações disponíveis atualmente através das redes sociais aponta que os bancos sabem mais sobre seusclientes e suas percepções do que no passado. Além das vantagens relacionadas às oportunidades comerciais e ao alcance demais clientes em razão das redes sociais, os bancos também podem aproveitar estas redes para melhorar sua compreensãosobre a experiência que oferecem ao consumidor e identificar qualquer deficiência em relação ao Risco de Conduta. Isso podeser transformado em uma forma de acompanhamento de opinião através de redes sociais, monitorando comentários de clientesa respeito de sua experiência recebendo assessoramento, assim como observações enviadas através de outros meios (porexemplo, artigos em jornais). Isso garante que os produtos sejam dirigidos aos grupos corretos de clientes e que oassessoramento esteja ajustado ao cliente, minimizando a probabilidade de haver Risco de Conduta durante a venda ouassessoramento sobre um produto.

4Por exemplo, um banco de varejo pode decidir monitorar o número de referências que recebe em redes sociais, como o Twitter:

4Para extrair melhor veracidade desse processo, um mecanismo é implementado para acompanhamento do número dereferências provenientes de geografias específicas, o que leva a identificar uma tendência crescente de comentáriosrelacionados a um banco no norte da Alemanha.

4Isso poderia levar o banco a revisar o motivo desta tendência e descobrir que os clientes publicaram comentáriosnegativos no Twitter relacionados ao assessoramento recebido sobre seus produtos de investimento. Assim, o bancopoderia iniciar uma revisão e descobrir que uma determinada filial nessa região está vendendo produtos aos clientes quenão cumprem com todos os requisitos de acessibilidade.

4Nesse exemplo, o monitoramento das redes sociais auxilia o banco na identificação de uma conduta inapropriada. Ressalta-seque se o banco tivesse recebido somente uma visão agrupada das atividades nas redes sociais (exemplo, comentários no Twittersobre o banco em todo o país), poderia não ter sido capaz de identificar o potencial problema, já que o aumento de comentáriosem uma região especifica pode ser neutralizado por uma atividade estável no restante do país. Portanto, a capacidade deexecutar análises mais específicas (ao invés de análise geral), possibilita obter resultados mais significativos.

Alavancando em Capacidades de Big Data

4Através da utilização de todos os dados ao seu alcance, os bancos terão condições de compreender melhor as necessidades deseus clientes, assim como sua situação financeira. Uma maior quantidade de informação trará maior credibilidade às pontuaçõesde crédito e uma melhor compreensão do cliente que se traduzirá em recomendações mais ajustadas ao público alvo; assim, osprodutos vendidos aos clientes estarão mais alinhados às suas necessidades e situação financeira, reduzindo o risco de que osclientes comprem produtos inadequados ao seu perfil.

4Por exemplo, um banco utilizando Big Data pode complementar seus modelos de risco com dados provenientes de fontes nãotradicionais, tais como os hábitos de consumo do cliente, para obter uma visão mais profunda dos perfis dos clientes, o tipo deproduto que preferem, assim como seu grau de prudência, além de outros aspectos. Esta visão, baseada na informação que obanco possui sobre as preferências e a situação financeira do cliente, pode ser utilizada no momento de assessorar os clientessobre quais produtos são os mais adequados para eles.

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ASIC (Australian Securities and Investments Commission):Comissão de Valores e Investimentos Australiana.

BCBS (Basel Committee on Banking Supervision): Comitê deSupervisão Bancária de Basileia.

BIS (Bank for International Settlements): Banco deCompensações Internacionais.

CR (Certification Regime): Regime de Certificação.

EBA (European Banking Authority): Autoridade BancáriaEuropeia.

EMIR (European Market Infrastructure Regulation): RegulamentoEuropeu de Infraestrutura de Mercado.

ESRB (European Systemic Risk Board): Conselho Europeu deRisco Sistêmico.

FCA (Financial Conduct Authority): Autoridade de CondutaFinanceira do Reino Unido.

FEMR (Fair and Effective Markets Review): Revisão por Equidadee Efetividade dos Mercados.

FICC (Fixed Income Clearing Corporation): Corporação deCompensação de Valores de Renda Fixa.

FOFA (Future of Financial Advice): Futuro do AssessoramentoFinanceiro.

FSA (Financial Services Authority): Autoridade de ServiçosFinanceiros do Reino Unido.

Glossário

FX Probe (Forex Probe): Inquérito sobre operações de divisas.

G-SIB (Global Systemically Important Bank): Instituiçõesfinanceiras de importância sistêmica a escala global.

KID (Key Information Document): Documento de InformaçãoChave.

LIBOR (London Inter-Bank Offered Rate): Taxa de referência domercado interbancário de Londres.

MAD (Market Abuse Directive): Diretriz sobre os abusos demercado.

MAR (Market Abuse Regulation): Regulamento sobre os abusosde mercado.

MAS (Monetary Authority of Singapore): Autoridade Monetáriade Singapura.

MiFID (Markets in Financial Instruments Directive): Diretrizrelativa aos mercados de instrumentos financeiros.

PPI (Payment Protection Insurance): Seguro de proteção depagamentos.

RCSA (Risk Control Self-Assessment): Auto avaliação do controlede riscos.

SMR (Senior Managers Regime): Regime da alta direção.

TCF (Treating Consumers Fairly): Tratamento equitativo dosconsumidores.

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A Management Solutions é uma empresa internacional deserviços de consultoria com foco em assessoria de negócios,riscos, organização e processos, tanto sobre seus componentesfuncionais como na implementação de tecnologias relacionadas.

Com uma equipe multidisciplinar (funcionais, matemáticos,técnicos, etc.) com mais de 1.900 profissionais, a ManagementSolutions desenvolve suas atividades em 23 escritórios (11 naEuropa, 11 nas Américas e um na Ásia).

Para atender às necessidades de seus clientes, a ManagementSolutions estruturou suas práticas por setores (InstituiçõesFinanceiras, Energia e Telecomunicações) e por linha de negócio(FCRC, RBC, NT), reunindo uma ampla gama de competências deEstratégia, Gestão Comercial e Marketing, Organização eProcessos, Gerenciamento e Controle de Riscos, InformaçãoGerencial e Financeira e Tecnologias Aplicadas.

No setor financeiro, a Management Solutions oferece serviçospara todos os tipos de empresas, bancos, seguradoras, empresasde investimento, financeiras, etc. - tanto para organizaçõesglobais, como para instituições locais e órgãos públicos.

Alberto RiloSócio [email protected]

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Raúl García de BlasSó[email protected]

Javier CalvoSó[email protected]

Juan FabiosSó[email protected]

Marcos IzenaSó[email protected]

Rafael [email protected]

Nosso objetivo é superar as expectativasdos nossos clientes sendo parceiros de

confiança

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