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1 FUNDAÇÃO ARMANDO ALVARES PENTEADO FAAP Centro Superior de Aperfeiçoamento Profissional CENAP MDG Consultores Associados TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO 924/98 7ª TURMA CONTROLE DA POLUIÇÃO AMBIENTAL RIO PARAÍBA DO SUL, DEGRADAÇÃO AMBIENTAL PROVOCADA PELA MINERAÇÃO DE AREIA. José Eduardo Jendiroba Teixeira, Eng.º Mec. Patrícia Cardoso Santiago, Eng.ª Mec. Kelly Fabiana Chacim Tronchini, Eng.ª Mec. Coordenação do curso: Prof. Carlos Eduardo Tirlone Orientação metodológica: Prof. Eduardo Ehlers São José dos Campos, novembro de 1.999.

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1

FUNDAÇÃO ARMANDO ALVARES PENTEADO – FAAP

Centro Superior de Aperfeiçoamento Profissional – CENAP

MDG Consultores Associados

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

924/98 – 7ª TURMA – CONTROLE DA POLUIÇÃO AMBIENTAL

RIO PARAÍBA DO SUL,

DEGRADAÇÃO AMBIENTAL PROVOCADA

PELA MINERAÇÃO DE AREIA.

José Eduardo Jendiroba Teixeira, Eng.º Mec.

Patrícia Cardoso Santiago, Eng.ª Mec.

Kelly Fabiana Chacim Tronchini, Eng.ª Mec.

Coordenação do curso: Prof. Carlos Eduardo Tirlone

Orientação metodológica: Prof. Eduardo Ehlers

São José dos Campos, novembro de 1.999.

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FUNDAÇÃO ARMANDO ALVARES PENTEADO – FAAP

Centro Superior de Aperfeiçoamento Profissional – CENAP

MDG Consultores Associados

A monografia:

RIO PARAÍBA DO SUL,

DEGRADAÇÃO AMBIENTAL PROVOCADA

PELA MINERAÇÃO DE AREIA; elaborada por:

José Eduardo Jendiroba Teixeira, Eng.º Mec.

Patrícia Cardoso Santiago, Eng.ª Mec.

Kelly Fabiana Chacim Tronchini, Eng.ª Mec.

e aprovada por todos os membros da Banca Examinadora, foi aceita pelo Centro Superior

de Aperfeiçoamento Profissional e homologada como requisito à obtenção do Título de

Pós-Graduado em Engenharia de Controle da Poluição Ambiental.

Data:

Nota final:

Banca examinadora:

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AGRADECIMENTOS

Agradecemos a colaboração:

Associação Comercial e Industrial de São José dos Campos

Sindicato das Indústrias Extratoras de Areia do Estado de São Paulo

Secretarias do Meio Ambiente de S. J. Campos e Jacareí

Câmaras Municipais de São José dos Campos e Caçapava

Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais

Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental - Taubaté

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SINOPSE

Esta monografia apresenta e discute a origem, desenvolvimento e estágio

em que se encontra a degradação ambiental decorrente da mineração de areia no rio

Paraíba do Sul, no trecho Jacareí – Caçapava. Incursiona pela história do Vale do Paraíba

para encontrar a origem da devastação ambiental e analisar quais os principais estudos

realizados para a região. Faz uma apresentação dos fenômenos geomorfológicos que

afetam a bacia hidrográfica e consequentemente o rio Paraíba do Sul a fim de poder

diferenciar fenômenos naturais de atividades antrópicas. Verifica a dependência da região

metropolitana de São Paulo em relação aos minerais do Vale do Paraíba. Dimensiona o

negócio areia para a construção civil. Para avaliar o nível de consciência ecológica dos

empresários da areia, foi-lhes aplicada uma pesquisa sobre gestão ambiental. Os conflitos

originados da atividade mineral são apresentados e as imagens do satélite confirmam a

motivação da sociedade na luta por um ambiente restaurado e equilibrado.

Palavras chave: mineração de areia, degradação ambiental, rio Paraíba do

Sul, Vale do Paraíba, mata ciliar, construção civil.

ABSTRACT

This monograph presents and discusses the origin, development and state in

which one finds the environmental degradation due to the sand mining in Paraíba do Sul

river, in the Jacareí – Caçapava section. It makes an incurtion into the history of the

Paraíba Valley to find out the origin of the environmental degradation and analyse which

are the most important studies done for the region. It presents the main geomorphological

phenomena that affect the hidrographic basin and consequently the Paraíba do Sul river in

order to differenciate natural phenomenon from antropic activities. It verifies the

dependency of the metropolitan region of São Paulo in relation to the Paraíba Valley

minerals. It quantifies the business of sand to the civil construction. To appraise the level

of the ecological conscientiousness of the sand entrepreneurs, a survey on environmental

administration was undertaken. The conflicts originated from the mining activity are

presented and the satelite images confirm the motivation of society in the fight for a

restored and balanced environment.

Uniterms: sand mining environmental degradation, Paraíba do Sul river, Paraíba Valley,

ciliary forest, civil construction.

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SUMÁRIO

§ TÍTULO p.

1 INTRODUÇÃO 7

1.1 Metodologia de elaboração desta monografia 7

CAPÍTULO I 11

2 Generalidades 11

2.1 Classificação das condições do ecossistema 11

2.2 Água, recurso limitado 13

2.3 Apresentação da bacia do Paraíba do Sul 21

2.4 Histórico da região 25

2.5 Caracterização dos recursos hídricos superficiais 39

2.6 Descrição da área de trabalho 40

2.7 Clima 43

2.8 Vegetação 44

CAPÍTULO II 46

3 Geomorfologia 46

3.1 Introdução 46

3.2 Geomorfologia fluvial 47

CAPÍTULO III 64

4 O construbusiness e a indústria de construção civil 64

4.1 Introdução 64

4.2 A importância econômica do Vale do Paraíba 65

4.3 O consumo de agregados na construção civil 66

CAPÍTULO IV 68

5 O negócio mineração 68

5.1 O ambiente econômico 68

5.2 Indicadores da produção mineral 68

5.3 A mineração de areia 69

5.4 A engenharia mineral 74

5.5 Localização de jazidas de areia 77

5.6 Aspectos legais e institucionais 77

5.7 O potencial areeiro do Rio Paraíba do Sul 101

5.8 Identificação das mineradoras de areia 102

CAPÍTULO V 107

6 O conflito de interesses 107

6.1 A questão da energia 107

6.2 Mineração e meio ambiente 109

6.3 A extração de areia no rio Paraíba do Sul 111

6.4 O aproveitamento da areia no leito de rios 114

6.5 O planejamento ambiental 114

6.6 Recuperação das áreas degradadas 115

6.7 Matas ciliares 120

CAPÍTULO VI – Monitoramento 126

CAPÍTULO VII – Conclusões 129

CAPÍTULO VIII – Bibliografia 138

Anexos 149

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RIO PARAÍBA DO SUL,

DEGRADAÇÃO AMBIENTAL

PROVOCADA PELA

MINERAÇÃO DE AREIA.

“Nós concordamos em respeitar, fomentar, proteger e

reabilitar os ecossistemas da Terra, para assegurar a

diversidade biológica e cultural” (Carta da Terra).

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1 INTRODUÇÃO.

1.1 Metodologia de elaboração desta monografia.

1.1.1 Considerações gerais.

Esta monografia foi redigida em função do curso de pós-graduação

“Controle da Poluição Ambiental” visando a identificação das áreas de degradação

ambiental provocada pela mineração de areia no rio Paraíba do Sul e da necessidade dos

autores em relatar resultados das suas observações de temas regionais. Para tal seguiu-se o

fluxograma da figura 1:

1.1.2 Levantamento de dados.

Foram utilizados os seguintes meios:

Pesquisa de mercado para caracterização da gestão ambiental na lavra.

Fotografias, imagens de satélite e documentação cartográfica.

Vistorias.

Entrevistas.

Pesquisa bibliográfica.

Foram obedecidos os seguintes critérios:

a areia como insumo básico na construção civil;

o crescimento da demanda por obras civis e o conseqüente aumento do consumo de

areia;

a interdependência entre o rio Paraíba do Sul, suas margens, a mineração de areia, a

preservação do meio ambiente e em vários trechos, a necessidade da recomposição

do meio ambiente degradado.

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Figura 1 - Fluxograma de atividades.

Início

Definição do tema

Estabelecimento dos

objetivos

Seleção da área de

estudos

Reconhecimento

da área

(vistorias)

Trabalho de

campo

Inventário das

mineradoras

Coleta de dados

nos órgãos

governamentais Documentação

fotográfica

Avaliação da degradação

ambiental e dos conflitos

Fim

Lev

anta

men

to b

ibli

ográ

fico

, le

gis

lati

vo e

cart

ográ

fico

Monografia

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1.1.3 Conteúdo do trabalho.

No primeiro capítulo, o da introdução, comenta-se o estoque de água para

uso humano disponível, seu caráter finito, o seu desperdício e a ameaça de guerra pela sua

posse. Apresenta-se a problemática dos recursos hídricos no estado de São Paulo com

ênfase na bacia hidrográfica do rio Paraíba do Sul. Faz-se um histórico da região e de seus

projetos. A seguir caracterizam-se os recursos hídricos superficiais, descreve-se esta área,

caracteriza-se o seu clima e a sua vegetação.

No segundo capítulo, apresenta-se a geomorfologia e faz-se um resumo dos

estudos geomorfológicos da região.

No terceiro capítulo, descreve-se as tendências do construbusiness e da

construção civil e o consumo de agregados com enfoque na areia.

No quarto capítulo apresenta-se a mineração brasileira em especial a

mineração de areia. Conceitua-se a areia normal brasileira e a mineração de areia para a

construção civil. Aborda-se os aspectos legais e institucionais da legislação que afeta a

mineração de areia e a abertura de uma firma mineradora. Comenta-se o potencial areeiro

do rio Paraíba do Sul e as empresas mineradoras da área de estudo.

O quinto capítulo analisa o conflito de interesses entre areeiros - construção

civil - sociedade. Trata da recuperação das áreas degradadas e seu monitoramento.

No sexto capítulo estão as conclusões deste trabalho.

No sétimo capítulo apresenta-se a bibliografia.

Anexos a seguir.

1.1.4 Objetivos do trabalho e justificativa.

Este trabalho se propõe a estudar a degradação ambiental provocada pela

mineração de areia no rio Paraíba do Sul e identificar os conflitos existentes.

O estudo se justifica, pois, a bacia do rio Paraíba do Sul tem sido motivo de

preocupação dos setores de planejamento e dois grandes estudos foram realizados

culminando no Plano Regional do Macro Eixo Paulista e no Macrozoneamento da Bacia

do Paraíba do Sul, sendo este último aprovado pelo Decreto Federal n.º 87.561 de 13 de

setembro de 1.982.

O Governo do Estado de São Paulo através da Secretaria da Agricultura e

Abastecimento fez publicar no Diário Oficial de 15.03.1.983, folha 40 a Resolução S. A.

A. n.º 49 de 14.03.1.983 dispondo sobre a institucionalização do Programa de

Desenvolvimento Agrícola da Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul no Estado de São

Paulo – PROVALE com os seguintes objetivos gerais:

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a. Preservação das áreas agricultáveis; e,

b. Implantação de tipologia agrícola condicionada à capacidade de uso do solo

harmonizada com as atividades resultantes do desenvolvimento urbano e industrial, de

forma a compatibilizar-se necessidades sócio-econômicas e proteção ambiental

(Provale).

Duas portarias do Ministério do Interior, chamam a atenção, tabela 1:

Tabela 1 - Portarias do Ministério do Interior referentes à bacia do rio Paraíba do

Sul.

PORTARIA DATA DESCRIÇÃO

GM/n.º 086 04/06/1981 Classificação dos cursos d’água da Bacia Hidrográfica do Rio

Paraíba do Sul.

GM/ n.º 157 26/10/1982

Estabelece normas ao lançamento de efluentes líquidos

contendo substâncias não degradáveis de alto grau de

toxicidade decorrentes de quaisquer atividades industriais.

Além disso, a mineração de areia para a construção civil tem sido intensa,

na região, e a degradação ambiental conseqüente já é visivelmente agressiva em vários

trechos do Rio com vários comprometimentos.

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CAPÍTULO I

2 Generalidades.

2.1 Classificação das condições do ecossistema.

Segundo Aurélio,

ecossistema é o conjunto dos relacionamentos mútuos entre determinado meio ambiente e

a flora, a fauna e os microrganismos que nele habitam, e que incluem os fatores de

equilíbrio geológico, atmosférico, meteorológico e biológico.

A classificação das condições do ecossistema está apresentado na figura 2.

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Figura 2 - Classificação das condições do ecossistema.

Fonte: Cuidando do Planeta Terra – UICN/PNUMA/WWF in A Questão Ambiental e as Empresas – SEBRAE.

Auto-reguladoras.

Grande proporção de espécies

nativas em relação às introduzidas.

Sistemas naturais Provimento de sistemas de sustentação da

vida e da biodiversidade.

Sistemas

modificados

Provimentos de serviços de sustentação da

vida e da biodiversidade. Produção

sustentável de recursos em estado selvagem.

Sistemas

cultivados

Agricultura, plantio de árvores e

aquiculturas sustentáveis

Sistemas

construídos

Desenvolvimento urbano adequado à

sustentabilidade. Reguladas pelo

homem. Grande

proporção de

espécies

introduzidas em

relação às

espécies

nativas.

Recuperação ou

reabilitação

Insu

sten

tável

P

ote

nci

alm

ente

sust

entá

vel

Sistemas degradados

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Explicações sobre a figura 2:

1 – As principais condições do ecossistema estão demonstradas nos quadros escurecidos:

Sistemas naturais – ecossistemas onde, até a 1ª Revolução Industrial (1.780 a

1.860), o impacto do homem não foi maior do que o de quaisquer outras espécies nativas, e

não afetou a estrutura do ecossistema. A mudança climática está excluída da definição,

porque a mudança climática causada pelo homem deve afetar todos os ecossistemas e

eliminar todos os ecossistemas naturais como definidos aqui.

Sistemas modificados – ecossistemas onde o impacto humano é maior do que

quaisquer outras espécies, mas cujos componentes estruturais não são cultivados. A maior

parte do planeta está modificada, incluindo as áreas de terra e mar normalmente

consideradas áreas “naturais”. Por exemplo, florestas regenerativas, usadas para produção

de madeira; pastagens naturalmente regenerativas usadas para criação.

Sistemas cultivados – ecossistemas onde o impacto humano é maior do que o de

quaisquer outras espécies, e cuja maioria de componentes estruturais é cultivada. Por

exemplo, fazendas, pastos formados artificialmente, plantações, lagos para aqüiculturas.

Sistemas construídos – ecossistemas dominados por edificações, estradas, ferrovias,

aeroportos, portos, barragens, minas e outras construções antrópicas.

Sistemas degradados – ecossistemas cuja diversidade produtiva e condição para

habitação foram enormemente reduzidas. A degradação dos ecossistemas da Terra é

caracterizada por perda de vegetação e de solo; e a dos ecossistemas aquáticos é

freqüentemente caracterizada por águas poluídas que podem ser toleradas por poucas

espécies.

2 - As setas à esquerda indicam que o declive de sistemas naturais para sistemas

construídos representa uma mudança da condição auto-reguladora para a condição

regulada pelo homem, um declínio na diversidade das espécies nativas, e um aumento na

diversidade das espécies introduzidas.

3 – As principais conversões dos ecossistemas para condições diferentes são demonstradas

pelas linhas grossas; outras conversões importantes são indicadas por linhas finas.

4 – As condições para existência de ecossistemas potencialmente sustentáveis encontram-

se acima da linha pontilhada horizontal. Os usos potencialmente sustentáveis de cada

condição dos ecossistemas estão resumidos à direita dos quadros escurecidos. Os usos de

um ecossistema são sustentáveis se forem compatíveis com a manutenção do ecossistema

naquela condição. Os usos insustentáveis levam à conversão do ecossistema para uma

outra condição.

5 – A vida sustentável exige a proteção dos sistemas naturais mais a produção sustentável

de culturas e criações produzidas em sistemas cultivados mais o desenvolvimento de

sistemas construídos, implementado com base nos interesses humanos e ecológicos mais a

recuperação ou reabilitação dos sistemas degradados.

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2.2 Água, recurso limitado.

Os oceanos constituem importantes reservatórios de água, armazenando

97% das águas do planeta; os gelos representam cerca de 2,1%; as águas subterrâneas

totalizam 0,7% e mais, entre lagos doces e salinos (0,016%), umidade do solo (0,005%),

atmosfera (0,001%), biosfera (0,0002%) e, nos rios, apenas 0,00009%. O total de

evaporação da Terra e o total de precipitação que retorna à Terra se eqüivalem, mostrando

que não há perdas no balanço global: ambos atingem 496 x 1012

m3/ano, o que eqüivale a

uma profundidade de 97 cm/ano em termos médios do planeta (Berner e Berner, 1.987).

A América do Sul é o continente que apresenta os maiores valores de

precipitação total (163 cm/ano), dos quais 93 cm/ano escoam na superfície e 70 cm/ano

retornam à atmosfera (Budyco, 1.974).

Figura 3 - Brasil, principais bacias hidrográficas e a Bacia do Paraíba do Sul.

O Brasil tem a maior reserva hidrológica do mundo, 14% da que pode ser

consumida. Cada brasileiro possui, em tese, 34 x 106 l à sua disposição. A escassez se

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explica pela péssima distribuição da água brasileira. Quase 80% se concentram na

Amazônia, enquanto áreas do agreste ficam à mingua, figura 3. Apenas 10% do esgoto

gerado é tratado e 23,8% da população (36 milhões de pessoas) não tem água encanada.

Quem tem a usa mal, tabela 2.

Tabela 2 - Consumo de água nos afazeres domésticos.

CONSUMO DOMÉSTICO DE ÁGUA (l)

Higiene pessoal Lavar as mãos

Fazer a barba

Escovar os dentes

7

75

18

Banho Ducha (15 min)

Chuveiro (15 min)

135 a 243

45 a 144

Lavar louça Apartamento (15 min)

Casa (15 min)

117

243

Lavar roupa Lavadora (5kg)

Tanque

135

117 a 279

Regar jardim Durante 10 min 186

Lavar calçada Durante 15 min 279

Lavar carro Mangueira (30 min)

Balde

216 a 560

40 Fonte: SABESP e Panorama Setorial da Gazeta Mercantil.

Um agricultor nordestino gasta, em média, 18 x 106 l/ano para irrigar um ha,

trinta vezes mais que um israelense, submetido a clima igualmente seco. Pelas contas do

Ministério do Planejamento, da água tratada, distribuída à população, perdem-se até 40%

dos 10,4 x 1012

l distribuídos anualmente no País.

Devemos considerar, também, que são abertos, anualmente, no País, entre

90.000 e 100.000 poços artesianos.

A lei de direito da água do Brasil é o Código de Águas, de 10.07.1.934,

considerado pela Doutrina Jurídica como um dos textos modelares do Direito Positivo

Brasileiro. Em 08.01.1.997 foi sancionada a Lei Federal n.º 9.433 que organiza o setor de

planejamento e gestão, em âmbito nacional, portanto, uma Lei de Organização

Administrativa para o setor de recursos hídricos. A bacia hidrográfica é adotada como

unidade de planejamento.

A Lei n.º 9.433, de 8 de janeiro de 1.997, criou o Conselho Nacional de

Recursos Hídricos e atribuiu à Secretaria dos Recursos Hídricos a função de sua Secretaria

Executiva, estabeleceu que a presidência desse Conselho será ocupada pelo titular da Pasta

do Ministério do Meio Ambiente, dos Recursos Hídricos e da Amazônia Legal, e

proclamou os princípios básicos, tabela 3. No seu Art. 1º, V, define que a

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“bacia hidrográfica é a unidade territorial para implementação da Política Nacional de

Recursos Hídricos e atuação do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos

Hídricos”.

Tabela 3 - Princípios básicos na Lei Federal n.º 9.433/97.

POLÍTICA NACIONAL DE RECURSOS HÍDRICOS

Adoção da bacia hidrográfica como unidade de planejamento.

Usos múltiplos

Reconhecimento da água como um bem finito e vulnerável.

Reconhecimento do valor econômico da água.

Gestão descentralizada e participativa.

A Lei n.º 9.433/97 também define cinco instrumentos à boa gestão do uso

da água, tabela 4.

Tabela 4 - Instrumentos da Lei n.º 9.433/97.

INSTRUMENTOS DA LEI n.º 9433/97

Plano Nacional de Recursos Hídricos

Outorga de Direito de Uso dos Recursos Hídricos

Cobrança pelo uso da água

Enquadramento dos corpos d’água em classes de uso (ver Resolução CONAMA n.º 20)

Sistema Nacional de Informações sobre Recursos Hídricos.

A Lei Federal n.º 9.433/97 também estabeleceu um arranjo institucional

claro, baseado em novos tipos de organização para a gestão compartilhada do uso da água,

tabela 5.

Tabela 5 - Organismos criados pela Lei Federal n.º 9.433/97.

ORGANISMOS CRIADOS PELA LEI n.º 9.433/97

Conselho Nacional de Recursos Hídricos

Comitês de Bacias Hidrográficas

Agências de Água

Organizações Civis de Recursos Hídricos

Em 1.988 o governo federal lançou o Programa Nacional de Combate ao

Desperdício de Água que pretendia reduzir em 15% as perdas de água economizando R$

1,27 x 109/ano.

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Aos 2 de setembro de 1.999 o presidente Fernando Henrique Cardoso

assinou o projeto de lei que cria a Agência Nacional de Águas (ANA). A ANA terá pela

frente dois assuntos relevantes e atuais para serem tratados: as secas prolongadas,

especialmente no Nordeste, e a poluição dos rios.

São Paulo, aprovou uma política de recursos hídricos a partir do Plano

Estadual de Recursos Hídricos e a inclusão na Constituição Estadual de 1.987 de uma

seção (II) específica (Art. 205 a 213) para tratar da matéria recursos hídricos. Criou-se o

Conselho Estadual de Recursos Hídricos que propôs a Política Estadual de Recursos

Hídricos (PERH), instituída pela Lei Estadual n.º 7.663. Esta estabelece a cobrança pela

água, como uma commodity, e a criação de comitês de bacias hidrográficas, com

representantes de todos os setores interessados e poder decisório (Barbosa, 1997).

A Secretaria de Recursos Hídricos Saneamento e Obras, criada pela Lei

Estadual n.º 8.275, modificada pela Lei Estadual n.º 9.952, está montando o Projeto de

Conservação e Revitalização de Recursos Hídricos, para cuidar do setor rural, o maior

usuário do País, respondendo por cerca de 70% do consumo total de água e considerado

também o maior poluidor. O soro do leite polui dez vezes mais que o esgoto doméstico,

com uma ação tão nefasta para o meio ambiente quanto o vinhoto da cana-de-açúcar

(Sasse, 1.998).

A zona subsuperficial saturada ou zona freática representa a fonte de água

fresca mais importante no mundo: 21% do total da água doce do planeta ou 97% da água

doce não congelada. No Brasil estimou-se um volume armazenado de 111.661 km3. Este

volume é pouco utilizado por nós devido às condições climáticas e geológicas que

favorecem uma grande ocorrência de água superficial, especialmente na Região Sudeste,

onde estão as grandes concentrações populacionais (Guerra e Cunha, 1998). A Lei

Estadual n.º 6.134 regulamentada pelo Decreto Estadual n.º 32.955, dispõe sobre a

Preservação dos Depósitos Naturais de Águas Subterrâneas.

Dentro de vinte e cinco anos, aproximadamente, um terço da população

mundial enfrentará graves desabastecimentos de água, aumentando o perigo de guerras

pelos recursos hídricos, segundo a Organização das Nações Unidas . “Conflitos por causa

de água, guerras civis e internacionais, ameaçam tornar-se um fator-chave do panorama

mundial no século XXI” (Houlder, 1.999).

Praticamente todo o aumento de três bilhões de pessoas na população global

esperado até 2.025 ocorrerá em países em desenvolvimento, onde a água é, com

freqüência, escassa ou chega somente com a estação das chuvas, com furacões e enchentes,

sendo drenada rapidamente pelo solo. A maior parte da água potável disponível encontra-

se em países desenvolvidos, que só têm um quinto da população mundial.

Pesquisa recente (Houlder, 1.999) publicada pelo Instituto Internacional de

Administração dos Recursos Hídricos, um centro de pesquisa sediado na cidade de

Colombo, no Sri Lanka, prevê “absoluta escassez de água” para 17 países do Oriente

Médio, do Sul da África e para regiões mais secas do Oeste e do Sul da Índia e no norte da

China. Outras vinte e quatro nações sofrerão de “extrema escassez de água”,

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principalmente na África subsaariana. Para estes países é improvável um alívio da situação

por causa da falta de recursos para o desenvolvimento de projetos de captação. A escassez

será particularmente danosa para a agricultura, que absorve entre 70% e 80% das reservas

disponíveis de água.

A Comissão Mundial para a Água no Século XXI, um grupo de estudos

recém-formado com o apoio da ONU e do Banco Mundial, informa que a agricultura

irrigada terá de atender a 70% do aumento da demanda de alimentos da população mundial

em 2.025. Mas mesmo que haja um grande aumento na eficiência da irrigação, a

necessidade de água crescerá 17% mais do que o total disponível hoje. Se não houver

mudanças, a demanda será então 56% superior à disponibilidade atual.

Segundo a ONU, a escassez de água é agravada pela poluição, pelo uso

ineficiente e pelo consumo insustentável dos lençóis subterrâneos através dos poços

artesianos. As reservas hídricas também são prejudicadas por sua administração

insuficiente e fragmentada, relutância em tratar a água como patrimônio econômico

público e pela inadequada preocupação com a saúde e questões ambientais.

A ONU prevê um forte aumento do número de mortes por males

relacionados com a qualidade da água – atualmente são 5,3 milhões de óbitos por ano e

3,35 bilhões de casos de doença por ano. Cerca de metade da população dos países em

desenvolvimento sofre de doenças provocadas por água contaminada. Segundo o Sistema

Único de Saúde (SUS), 70% dos leitos hospitalares estão ocupados por portadores de

doenças hídricas (Lancia, 1.999).

A Organização Mundial da Saúde (OMS) informa e alerta que a qualidade

da água está se tornando um problema crescente na Europa por causa da agricultura

intensiva, da industrialização e da superexploração dos recursos. Um em cada sete

europeus, especialmente os habitantes da Europa Oriental, não tem acesso a água potável.

Doenças “medievais” como cólera, febre tifóide e hepatite do tipo A estão retornando

(Houlder, 1.999).

A globalização da questão ambiental teve início com a 1ª Conferência das

Nações Unidas sobre Meio Ambiente realizada em junho de 1.972, em Estocolmo, movida

pela degradação ambiental em todo o mundo que se refletia em uma poluição industrial,

exploração de recursos naturais, deterioração das condições ambientais e problemas

sanitários, déficit de nutrição e aumento da mortalidade. Problemas como efeito estufa e

aquecimento global, chuva ácida e aparecimento de buracos na camada de ozônio são

efeitos do processo de industrialização e da vida urbano-industrial. O desmatamento e as

diversas formas de poluição ambiental têm acelerado a destruição da diversidade biológica,

sendo que 70% do que restou de toda a variedade de espécies de vida existentes no mundo

concentram-se em apenas doze países (Austrália, Brasil, China, Colômbia, Equador, Índia,

Indonésia, Madagascar, Malásia, México, Peru e Zaire). O Brasil é o quarto país

contribuidor para o efeito estufa, seguido dos EUA, da Comunidade dos Estados

Independentes (antiga URSS) e China. Enquanto os três primeiros emitem elevados valores

de CO2 devido ao consumo de energia, o Brasil é o maior emissor de CO2 proveniente da

queimada de florestas.

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O modo de vida da maioria das sociedades modernas, que estabelecem

como meta o aumento da produção e do ritmo da produtividade, representa a causa

fundamental. Essas questões mundiais só serão resolvidas com medidas efetivas tomadas

em conjunto, entretanto, acordos entre países como os da 2ª Conferência das Nações

Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (ECO-92), realizada em junho de 1.992,

no Rio de Janeiro, nem sempre são eficazes, devido aos inúmeros interesses econômicos e

políticos em jogo.

Um desafio atual, para as sociedades, constitui colocar em prática a noção

surgida no final da década de 1.980 sobre o desenvolvimento sustentável, uma questão de

puro bom senso que exigirá mudanças na produção e no consumo e em nossa maneira de

pensar e de viver.

O W.B.C.S.D – Conselho Empresarial Mundial para o Desenvolvimento

Sustentável, lançou, em 1.998, na Holanda, as bases do conceito de responsabilidade

social corporativa:

“responsabilidade social corporativa é o comprometimento permanente dos empresários

de adotar um comportamento ético e contribuir para o desenvolvimento econômico,

melhorando, simultaneamente, a qualidade de vida de seus empregados e de suas famílias,

da comunidade local e da sociedade como um todo”.

Certos processos ambientais, como lixiviação, erosão, movimentos de massa

e cheias, podem ocorrer com ou sem a intervenção humana. Dessa forma, ao se

caracterizar processos físicos, como degradação ambiental, deve-se levar em consideração

critérios sociais que relacionam a terra com seu uso, ou pelo menos, com o potencial de

diversos tipos de uso (Guerra e Cunha, 1.996).

À medida em que a degradação ambiental se acelera e se amplia

espacialmente, numa determinada área que esteja sendo ocupada e explorada pelo homem,

a sua produtividade tende a diminuir, a menos que o homem invista no sentido de

recuperar essas áreas.

Comumente coloca-se a responsabilidade da degradação ambiental no

crescimento populacional e, na conseqüente pressão que esse crescimento proporciona

sobre o meio físico. Pode ser uma causa, mas não a única, nem a principal (Boyden e

Hadley, 1.973). O manejo inadequado do solo, tanto em áreas rurais, como em áreas

urbanas, é a principal causa da degradação. As próprias condições naturais podem, junto

com o manejo inadequado, acelerar a degradação. Chuvas concentradas, encostas

desprotegidas de vegetação, contato solo-rocha abrupto, descontinuidades litológicas e

pedológicas, encostas íngremes são algumas condições naturais que podem acelerar os

processos.

Mudanças ocorridas no interior das bacias de drenagem podem ter causas

naturais, entretanto, nos últimos anos, o homem tem participado como um agente

acelerador dos processos modificadores e de desequilíbrios da paisagem. O

comportamento da descarga e da carga sólida dos rios têm se modificado pela participação

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antrópica diretamente nos canais, através de obras de engenharia, e, indiretamente, através

das atividades humanas desenvolvidas nas bacias hidrográficas (Guerra e Cunha, 1.996).

O vale fluvial é uma depressão alongada (longitudinal) constituída por um

ou mais talvegues – o canal mais profundo do leito de um curso de água - e duas vertentes

com sistemas de declive convergente. Pode ser conceituado, também, como planície à

beira do rio ou várzea.

O perfil longitudinal do vale difere do perfil do rio porque o primeiro

depende do gradiente da planície. Em decorrência, as formas do vale, com seções

transversais em U ou V, resultam da interação do clima, relevo, tipo de rocha e estrutura

geológica.

O rio, com seu talvegue, controla os processos de formação do vale, embora

a sua influência direta seja restrita à calha e à planície de inundação.

O fundo do vale pode ser entendido sob o ponto de vista dos tipos de leito,

de canal e de rede de drenagem. Cada uma dessas fisiografias possui uma dinâmica

peculiar das águas correntes, associada à uma geometria hidráulica específica, geradas

pelos processos de erosão, transporte e deposição dos sedimentos fluviais.

A associação desses elementos da rede fluvial, com a altimetria e os

controles estruturais, que originam importantes níveis de base regionais e locais, permite o

desenvolvimento de um perfil longitudinal específico, dinâmico e em constante busca de

um equilibrado balanço entre descarga líquida, erosão, transporte e deposição de

sedimentos. Desse modo o rio mantém certa proporcionalidade entre os diferentes

tamanhos da sua calha, da nascente à foz. Atividades humanas desenvolvidas em um

trecho do rio podem alterar, de diferentes formas e escalas de intensidade, a dinâmica desse

equilíbrio. São exemplos, as obras de engenharia como as construções de reservatórios e

canalizações, a substituição da mata ciliar por terras cultivadas, o avanço do processo de

urbanização e a exploração de alúvios.

Uma das formas que o rio encontra para retornar ao equilíbrio anterior

refere-se à intensa erosão das margens, assim como a mudança na topografia do fundo do

leito.

As formas do fundo do leito são criadas pela interação da descarga e dos

sedimentos transportados. Canais com areias bem selecionadas, ou silte, têm suas próprias

formas características. Ondas de areias, por exemplo, formam bancos transversos, em

forma de lóbulos, em plano. Essas formas instáveis contrastam com os perfis dos rios de

cascalhos formados pela alternância de declives planos e íngremes das seções rasas e

fundas respectivamente. Essas soleiras e depressões são características de rios de cascalhos

que são eliminadas pelas obras de canalização. São necessários longos períodos de tempo

para a reconstrução dessas formas.

Os grãos de areia provêm, em sua grande maioria, da desagregação de

rochas preexistentes, seguida de um transporte pelas águas ou pelo vento. São mais

freqüentemente constituídos por quartzo. Segundo a dimensão dos grãos classifica-se em

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areia grossa, média, fina e muito fina. A nomenclatura também leva em consideração a

presença de outros elementos: areia feldspática (ou arcózio), micácea (ou psamito),

aurífera, argilosa, etc.. As areias mesmo compactadas, apresentam grande porosidade e

permeabilidade, que as tornam retentoras de água. As areias silicosas muito puras (com

99,5% de silício) são utilizadas em vidraria. Um solo arenoso contém pelo menos 80% de

areia.

2.3 Apresentação da bacia do Paraíba do Sul.

O estado de São Paulo tem relevo de planaltos ocupando quase a totalidade

da sua superfície, com exceção da baixada litorânea. Este relevo corresponde aos trechos

paulistas do Planalto Atlântico e do Planalto Meridional brasileiros, com 85% das terras

estaduais situadas entre 300 e 900 m de altitude, anexo 4. Identificam-se cinco unidades

morfológicas: a planície litorânea, o planalto cristalino, a depressão tectônica do vale do

Paraíba do Sul, a depressão periférica paulista e o planalto sedimentar, figura 4.

A rede hidrográfica do estado de São Paulo pode ser apreciada no anexo 6.

Figura 4 - Relevo brasileiro e planaltos e serras do Atlântico-Leste-Sudeste.

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A depressão tectônica do vale do Paraíba do Sul, percorrida, no sentido SO-

NE pelo rio Paraíba do Sul está limitada a NO pela escarpa da serra da Mantiqueira. A SE,

é limitada pelas serras do Quebra-Cangalha e da Bocaina, esta, um bloco soerguido da

serra do Mar, com altitudes que ultrapassam os 2.000 m. Sobre a serra da Mantiqueira

destaca-se ainda o bloco elevado do maciço de Campos do Jordão.

A bacia hidrográfica do rio Paraíba do Sul em seus limites atravessa três

estados brasileiros: 24% correspondem à sub-bacia paulista, estendendo-se desde a região

metropolitana de São Paulo até a divisa com o Rio de Janeiro; 37% compõem o sudeste

mineiro e os 39% restantes constituem a maior parte do território fluminense (DAEE,

1.977 e Vale Verde).

O rio Paraíba do Sul é formado pelos rios Paraitinga e Paraibuna, anexos 6 e

7, nascendo o primeiro na Serra da Bocaina a 1.800 m de altitude e o segundo na Serra do

Mar a 1.200 m de altitude (DAEE, 1.977; Alves, 1.997; Abranches, 1.999; Maia, 1.999).

Apresenta uma disposição de exceção na rede hidrográfica brasileira: é formado

inicialmente pela confluência dos rios Paraitinga e Paraibuna que tem seus cursos na

direção sudoeste na área montanhosa da Serra do Mar, após a confluência, continua na

direção O até as proximidades de Guararema, onde é barrado pela Serra da Mantiqueira

que o obriga a inverter completamente o rumo do seu curso, passando a correr para o NE e

finalmente para L, até alcançar o oceano em São João da Barra, após percorrer uma

distância de 1200 km, anexos 6, 7, 8 e 9.

A Lei Estadual n.º 10.020 dispõe sobre a constituição de Agência de Bacia e

a Deliberação 21/98 sobre a criação de Agência de Bacias. O rio Paraíba do Sul e sua

bacia, são federais, então, todos os rios que o formam são federais também; mas as micro-

bacias, não.

Esse complicador vem sendo administrado pelo Comitê das Bacias

Hidrográficas do Rio Paraíba do Sul e Serra da Mantiqueira (CBH-PSM), criado em

25.11.1.994, anexos 8 e 9. Como a constituição de uma Agência depende sempre da

aprovação do Comitê e também da adesão de 35% dos municípios cortados pelo rio, torna-

se, então, necessário um acordo entre os estados de São Paulo, Minas Gerais e Rio de

Janeiro que será feito por meio do Comitê para Integração da Bacia Hidrográfica do Rio

Paraíba do Sul (CEIVAP). O CEIVAP calcula que serão necessários R$ 3,3 bilhões para a

recuperação ambiental da área total de 57 mil km2

da Bacia. O Banco Mundial está

liberando para o Ministério do Meio Ambiente recursos de US$ 800,000.00 do fundo do

governo japonês PHRD, para a elaboração de projeto de recuperação da bacia hidrográfica

do rio Paraíba do Sul, denominado Projeto de Qualidade das Águas e Controle da Poluição

Hídrica (PQA) (Feijo, 1.999).

A Agência das Bacias Hidrográficas do Rio Paraíba do Sul e Serra da

Mantiqueira deve entrar em operação a partir do ano 2.000. A proposta para sua criação

será encaminhada ao Conselho Estadual de Recursos Hídricos.

A Agência terá como principal objetivo colocar em prática todas as decisões

tomadas pelo CBH-PSM, prestando apoio técnico, financeiro e administrativo, além de

participar nas negociações de recursos junto aos investidores.

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Um levantamento abrangente da situação dos recursos hídricos brasileiros

foi feito em 1.984/85 pelo então DNAEE (Departamento Nacional de Água e Energia

Elétrica) e indicava, na bacia hidrográfica do rio Paraíba do Sul, como problemas

prioritários, a necessidade de recursos hídricos para o sistema Light/Rio e grandes cargas

orgânicas lançadas nas regiões de São José dos Campos, Taubaté, Volta Redonda e Juiz de

Fora (Castro, 1.998).

A Unidade de Gerenciamento de Recursos Hídricos (UGRHI) Bacia

Hidrográfica do rio Paraíba do Sul, possui as seguintes características, tabela 6 e anexos 8

e 9:

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Tabela 6 - Características da UGRHI Bacia Hidrográfica do Paraíba do Sul.

CARACTERÍSTICA DESCRIÇÃO DIMENSÃO

Área de drenagem (km2) Bacia do Paraíba do Sul 14.396

Cursos d’água principais Rios: Paraíba do Sul, Paraibuna,

Paraitinga, Jaguari, Parateí e Una

Reservatórios Funil, Jaguari, Paraibuna-Paraitinga,

Santa Branca

População urbana

(habitantes)

1.990 1.401.000

2.010 2.226.000

Demanda (m3/s)

Urbano 1.990

Urbano 2.010

3,5

7,2

Industrial 1.990

Industrial 2.010

8,3

12,9

Irrigação 1.990

Irrigação 2.010

8,2

30,9

Demanda/Disponibilidade

hídrica superficial

Demanda total (m3/s)

1.990

2.010

20,0

51,0

Disponibilidade (m3/s)

Q7,10

Qref.

71,0

140,0

(Dem.total/Qref.) x 100 (%) 1.990

2.010

14,3

36,4

Disponibilidade hídrica

subterrânea (m3/h)

vazão potencial

Aqüífero Taubaté 10 a 250

Cristalino 5 a 40

Carga Poluidora (t DBO/dia)

1.990

Potencial Urbana 85,4

Industrial 89,9

Remanescente Urbana 58,1

Industrial 8,3

Potencial total 175,3

Remanescente total 66,4

Municípios integrantes

Aparecida, Arapeí, Areias, Bananal, Caçapava, Cachoeira

Paulista, Canas, Cruzeiro, Cunha, Guararema, Guaratinguetá,

Igaratá, Jacareí, Jambeiro, Lagoinha, Lavrinhas, Lorena, Monteiro

Lobato, Natividade da Serra, Paraibuna, Pindamonhangaba,

Piquete, Potim, Queluz, Redenção da Serra, Roseira, Santa

Branca, Santa Isabel, São José do Barreiro, São José dos Campos,

São Luiz do Paraitinga, Silveiras, Taubaté, Tremembé.

Fonte: (1) DAEE; (2) PERH – 1994/95 in htpp://www.recursoshidricos.sp.gov.br

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O rio Paraíba do Sul, por mais que lhe voltemos as costas, é um elemento

natural importantíssimo do ponto de vista físico, econômico e cultural para a comunidade

do Cone Leste Paulista. A areia é um dos insumos básicos da construção civil e o rio

Paraíba do Sul é fundamental na economia regional como fonte de abastecimento de água e

extração de areia; alimentação e transporte foram relegados (Maia, 1.999).

Na várzea do rio Paraíba do Sul encontram-se grandes trechos de áreas de

cultura irrigada. Ao longo desta várzea estão também localizadas as principais cidades da

região, que tem apresentado uma crescente expansão nas últimas décadas. Assim, com

exceção das áreas urbanas que estão expandindo-se cada vez mais para as várzeas, todo o

restante da área apresenta uma aptidão do uso do solo bastante adequado à utilização

agrícola das terras, anexos 14, 15, 16 e 17. Nos trechos de escarpa com relevos

acidentados, muitos de altas declividades, um superpastoreio ou excessiva utilização das

terras com fins agrícolas, podem dar início a processos erosivos.

Deve-se atentar também o fato de que trechos de várzea sendo ocupados

com áreas urbanas é extremamente nocivo, pois, além de não atenderem a vocação

principal da várzea que é agrícola, impermeabiliza-a e gera resíduos líquidos e sólidos que

podem contaminar, tanto os recursos hídricos superficiais como os subterrâneos (Sausen,

1.991).

Nossas casas ribeirinhas são construídas orientadas no sentido de que o rio

seja o fundo do nosso quintal (Guidotti, 1.998); nossas cidades o têm como um estorvo ao

seu crescimento e, por isso, suas margens são desprezadas e seu curso receptáculo de

esgotos fétidos que deverão ser carregados sorrateiramente para a próxima cidade; nossas

indústrias, enquanto puderam o envenenaram; a areia, indispensável na construção civil,

está ali, “de graça”, no quintal; os pescadores, ah ! os pescadores ainda insistem?

2.4 Histórico da região.

O Vale do Paraíba teria sido percorrido pela bandeira chefiada por Braz

Cubas e Luiz Martins, que em 1.560 partiu de São Vicente à procura de ouro. Entretanto, a

primeira incursão, que documentadamente o percorreu na quase totalidade do trecho

paulista, foi a comandada por Martim Correia de Sá. Destinava-se a auxiliar os guaianás

contra os tamoios, e partiu do Rio de Janeiro a 14 de outubro de 1.597 com 700 brancos e

2.000 índios. Galgando a Serra do Mar por Parati, atravessou os campos de Cunha,

alcançou o rio Paraíba do Sul entre São José dos Campos e Pindamonhangaba, e daí,

cruzando a Mantiqueira, chegou até o rio Sapucaí (Simões, 1.977). Fernão Dias Pais, o

“governador das esmeraldas” partiu de São Paulo em 1.674, entrou pelo sertão de

Guaratinguetá e daí seguiu para Minas Gerais à procura das esmeraldas (Pombo, 1.960).

Durante todo o século XVI, até os fins do século XVII, o Vale do Paraíba

tornou-se passagem obrigatória de todos os que se dirigiam do Rio de Janeiro às Minas

Gerais e à São Paulo, através dos chamados “Caminho Velho” e “Caminho dos Paulistas”.

Os bandeirantes deixando o rio Tietê, alcançavam o rio Paraíba do Sul pela garganta de

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São Miguel, descendo-o até Guapacaré, atual Lorena, e dali passavam a Serra da

Mantiqueira, aproximadamente por onde transpunha a Estrada de Ferro Rio e Minas,

seguindo, então, para Goiás (Normano, 1.945). Ao longo desses caminhos foram surgindo

núcleos humanos permanentes. Esses núcleos formavam-se tanto em volta de sedes de

sesmarias (Taubaté, 1.632; Paraibuna, 1.666; etc.), como dos locais de pouso de viajantes.

Em fins do século XVIII já existiam as vilas de Taubaté, Guaratinguetá, Jacareí,

Pindamonhangaba, São José dos Campos (Regato, 1.994; Bondesan, 1.967), Cachoeira,

Bananal, Caçapava, Paraibuna, Paraitinga, todas muito pobres, produzindo apenas o

necessário para o próprio sustento.

Na primeira década do século XIX, a cultura cafeeira já atinge o Rio de

Janeiro, começando no litoral: Angra dos Reis e Parati, daí deslocando-se também para

São Paulo: Ubatuba, Caraguatatuba e São Sebastião. Porém é no Vale do Paraíba que o

café prospera (Prado Jr., 1.959; Hildebrando, 1.959; Koshiba, 1.979).

De 1.830 a 1.880, aproximadamente, toda energia econômica volta-se para o

cultivo do café, que então é vendido ao mercado europeu em expansão e sem concorrência.

Torna-se, por isso, o estabilizador da economia do Império, a ponto de se poder dizer, na

época, que o “Brasil é o Vale” (Koshiba, 1.979).

Por volta de 1.840 – ano do início da primeira fase do reinado pessoal de D.

Pedro I - o Vale do Paraíba produzia 80% do café de todo o estado de São Paulo e sua

produção rural representava 37% da produção do Estado. A partir de 1.850 o café passou a

ser o principal produto do Vale do Paraíba, com a produção aumentando sempre até o fim

do século. Foi uma época de grandes riquezas em que o Vale do Paraíba se sobressaiu

politicamente, representado pelos “barões do café”, membros da aristocracia rural do

Segundo Império (1.840 – 1.889). A produção per capita atingiu, em média, 60% mais do

que no resto do Estado (Simões, 1.977).

O Império tinha, na escravidão, o seu ponto principal de sustentação

(Calmon, 1.958) e os senhores de engenho e os barões do café constituem a camada

dominante do Império, pela simples razão de que a economia é escravista, monocultora e

inteiramente voltada para o mercado externo. Dominando o poder econômico, detinham o

poder político. O Império expressava, pois, os interesses dos senhores de engenho e dos

barões do café do Vale do Paraíba. Ramos de fumo e café ornamentavam o Escudo do

Brasil Império.

A abolição do tráfico negreiro em 1.850 (Gouveia, 1.955), porém,

representa um duro golpe à hegemonia daquela camada social. Sua situação se agrava após

a Guerra do Paraguai (1.865 – 1.870) quando a luta pela abolição da escravatura se coloca

no centro dos debates políticos. A Lei Áurea (1.888), enfim, solapa o próprio fundamento

sobre o qual se assentava o regime imperial brasileiro (Koshiba, 1.979).

As terras, intensamente exploradas, se exauriam, e o único motivo que ainda

as tornava economicamente rentáveis – o trabalho escravo – foi eliminado.

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A proclamação da República, em 1.889, vem atender os interesses dos

grandes fazendeiros de café, paulistas, mineiros e fluminenses. A República Velha é, por

isso, a “República do Café”.

No entanto, desde 1.895, a economia cafeeira começava a mostrar sinais de

crise: superprodução e queda de preço. Em 1.906, a crise atingiu seu ponto culminante. A

safra de café desse ano ultrapassou os 20 milhões de sacas, para um consumo mundial

inferior a 16 milhões, enquanto os preços continuavam a cair. Em fevereiro, reuniram-se

em Taubaté (Nosso Século, 1.985) os governadores de São Paulo, Minas Gerais e Rio de

Janeiro e firmam um acordo conhecido como “Convênio de Taubaté” (Bello, 1.959) e

decide-se que a fim de evitar a queda de preço, os governos estaduais interessados devem

contrair empréstimos no exterior para adquirir parte da produção que excede o consumo do

mercado internacional. Inicia-se, assim, a “política da valorização do café”.

Desde aí, o café, no Brasil, esteve continuamente sobre um sistema de

defesa: em 1.906 ele foi limitado pelo estado de São Paulo e um grupo de negociantes de

Nova York; em 1.927, já era composto de uma frente única de todos os estados produtores

de café do Brasil. O plano de 1.906 foi temporário e da mesma forma o foram os de 1.917

e 1.921 (Normano, 1.945). A crise cafeeira é aliviada em 1.918 com a geada e o fim da Iª

Grande Guerra.

De 1.898 a 1.919 a política do “café-com-leite” mantém-se inabalável.

Em 1.927 a porcentagem da exportação de café comparada com a

exportação brasileira total era de 70,6%.

Em outubro de 1.929, ocorre o crash da Bolsa de Nova York e a

cafeicultura mergulha em profunda depressão. O valor de venda do café cai em 30%. Não

há mais crédito externo. Está suspenso o financiamento interno. Banco e agiotas executam

hipotecas sobre fazendas de café e elas transferem-se da posse de famílias

“quatrocentonas” para a de sitiantes, imigrantes e seus filhos (Donato, 1.982).

As levas de imigrantes europeus que começavam a afluir no início deste

século, procuravam outras regiões do Estado, ainda inexploradas. As terras cansadas das

colinas foram dominadas pelos pastos e a pecuária passou a constituir, desde então, a maior

riqueza da região. As plantações passaram a dominar nas várzeas, onde se desenvolveu a

produção do arroz a partir de 1.920, passando a principal produto agrícola da região; esta

produção, entretanto, estava sujeita às enchentes periódicas do rio Paraíba do Sul. A

produção do Vale do Paraíba passou a constituir apenas 5% da produção do Estado, e a

produção per capita chegou a 29% abaixo da média estadual.

A população do Vale do Paraíba, que de 1.840 a 1.920 cresceu em

progressão aritmética, na razão de 3.700 habitantes por ano, chegou a decrescer entre 1.920

e 1.930. Surgem as “cidades mortas” descritas por Monteiro Lobato. Somente a partir de

1.950 voltou a apresentar um nível de crescimento razoável, com taxa de 12.500 habitantes

por ano. A partir dessa época teve início um rápido desenvolvimento industrial, que se

tornou possível graças à excepcional localização geo-econômica, à abundância de energia

elétrica e às facilidades de transporte. Cidades como Aparecida, Cruzeiro, Guaratinguetá,

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Jacareí, Lorena, Pindamonhangaba e Taubaté, quase que duplicaram de população entre

1.950 e 1.960, sendo que em São José dos Campos, nesse período, a população passou de

25.892 para 56.882 habitantes.

A população total dos trinta e dois municípios, que era de 449.732

habitantes em 1.950, passou para 574.036 em 1.960 e 792.461 em 1.970, isto é, aumentou

de 27,7% em dez anos e 76,5% em vinte anos. A população urbana passou de 344.563

habitantes em 1.960, para 584.816 em 1.970, com aumento de 70% em 10 anos,

representava 44,6% da população total em 1.950, passou a representar 60% em 1.960 e

74% em 1.970.

Esse crescimento vertiginoso das cidades, devido à rápida industrialização,

trouxe desenvolvimento, mas, também, inúmeros problemas, entre eles, a poluição do ar,

das águas e do solo, para cuja solução há ainda necessidade de medidas urgentes e em

alguns casos bem radicais.

Por outro lado o setor agropecuário não acompanhou o surto de

desenvolvimento aumentando ainda mais a diferença que já existia entre o setor primário e

o secundário.

A forte extração mineral no Vale do Paraíba teve seu início na década de 50

com o predomínio da extração no leito do rio por pequenas empresas e baixo impacto

ambiental.

Devido ao crescimento da demanda por agregados para a construção civil, a

exploração de areia no Vale do Paraíba acompanhou-a para atender o mercado regional e

da Grande São Paulo, tomando a frente o município de Jacareí por se localizar numa

grande jazida de boa qualidade e perto do mercado consumidor. Novas necessidades

surgiram na década de 70, esgotando a capacidade de extração de areia no leito do rio,

aparecendo, assim, as primeiras cavas às margens do rio Paraíba do Sul, que foram

crescendo de maneira desordenada e sem critérios.

O município de São José dos Campos está na altitude 600 m s.n.m., na

latitude –23º 10’46”, longitude 45º 53’13”, tem área de 1.102,2 km2 e foi criado em 1.767;

o município de Jacareí está na altitude 567 m s.n.m., na latitude –23º 18’19”, longitude 45º

57’57”, tem área de 461,1 km2 e foi criado em 1.653; o município de Caçapava está na

altitude 560m s.n.m., latitude –23º 06’03”, longitude 45º 42’25”, tem área de 370,8 km2 e

foi criado em 1.855 e Eugênio de Melo está na altitude 565 m s.n.m., na latitude –23º

08’20”, longitude 45º 47’09” (IBGE, 1.995).

2.4.1 Os planos do DAEE.

Com a finalidade de promover a recuperação econômica da bacia

hidrográfica do Vale do Paraíba, no seu trecho paulista, pelo aproveitamento racional dos

seus recursos naturais, o Governo do Estado criou, em 1.938, o Serviço de Melhoramento

do Vale do Paraíba, que deu início ao planejamento do Vale do Paraíba.

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Em 1.951 esse Serviço foi incorporado ao Departamento de Águas e

Energia Elétrica (DAEE), então criado. A partir daí, os trabalhos passaram a se reger pelos

princípios do planejamento regional, com base no aproveitamento múltiplo dos recursos

hídricos.

As diretrizes do planejamento de reerguimento regional, calcadas em grande

parte naquelas do Vale do Tennessee, foram elaboradas por uma equipe de técnicos do

DAEE e da Secretaria da Agricultura, em 1.952 e tinha como suporte o Art. 17 do Ato das

Disposições Transitórias da Constituição do Estado de São Paulo de 1.947.

O Tennessee é um rio dos Estados Unidos da América, afluente do Ohio

(margem esquerda), com 1.600 km de extensão. As obras realizadas em seu curso, no

período do New Deal do Presidente Franklin Delano Roosevelt, levaram à construção de

uma trintena de barragens, destinadas principalmente a regularizar o débito, permitir a

navegação e fornecer hidroeletricidade, o que favoreceu a industrialização em seu vale.

Esse plano de aproveitamento múltiplo dos recursos hídricos, atividade

básica do DAEE, era constituído dos seguintes itens:

a. Uso racional das bacias hidrográficas.

b. Defesa contra inundações.

c. Abastecimento de água.

d. Navegação.

e. Produção de energia elétrica.

f. Irrigação.

g. Controle de poluição.

h. Drenagem.

i. Uso recreativo dos recursos de água.

j. Caça e pesca.

k. Controle de sedimentos.

l. Controle de insetos.

m. Educação e assistência social.

2.4.1.1 O plano hidroelétrico.

Foram elaborados vários planos de regularização de vazão do rio Paraíba do

Sul com a finalidade de produzir energia elétrica, tanto por particulares como por entidades

governamentais.

O primeiro plano do DAEE de regularização das vazões objetivando o

aproveitamento hidroelétrico é aquele relativo à concessão de 1.954, constituído de seis

reservatórios com capacidade de 4 bilhões de m3 e a derivação das águas do Alto Paraíba

do Sul para a vertente oceânica. Previa esse plano uma potência instalada global de 740

MW. Posteriormente, foram elaborados outros planos, nos quais sempre se procurou dar

melhor utilização aos recursos hídricos disponíveis.

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Com a revogação da concessão em 1.966, foi eliminado do plano o desvio

das águas para a vertente marítima e consequentemente cancelada a construção da usina de

Caraguatatuba.

Em 1.971, foi assinado um Convênio entre o Governo Federal, Light –

Serviços de Eletricidade S/A, Estados do Rio de Janeiro e São Paulo, para a construção dos

reservatórios do Alto Paraíba do Sul, com responsabilidade financeira maior da Light

(41%), iguais para a União e o estado de São Paulo (24,5%) cada e menor para o estado do

Rio de Janeiro (10%).

Foram construídas as barragens: Paraibuna, Paraitinga, Santa Branca,

Jaguari e Funil, anexo 6.

Esses planos (DAEE, 1.973 e GESP, 1.975) sempre consideraram os fatores

inerentes aos diversos usos e controles das águas, a saber: defesa contra inundações,

abastecimento de água, navegação, produção de energia elétrica, irrigação, controle de

poluição, drenagem, pesca e uso recreativo.

As principais características do plano foram a sua flexibilidade e o elevado

grau de regularização, que atinge quase 100% nas cabeceiras do rio.

Nos reservatórios seriam deixadas bordas livres, cuja capacidade de

armazenamento resultante constituiria reserva suplementar para o controle de enchentes.

2.4.1.2 Plano hidro-agrícola.

Este foi um estudo mais geral, levou em consideração o Plano de

Regularização existente na época, o plano de endicamento do rio Paraíba do Sul e de corte

de meandros, estes dois últimos elaborados pelo Departamento de Obras de Saneamento e

fez todo o estudo de aproveitamento das terras de várzeas e de colinas para fins agrícolas.

O estudo se aprofundava em considerações de ordem econômica, hidráulica e agronômica.

As áreas de várzeas do rio Paraíba do Sul tem 50.000 ha e as várzeas dos

seus afluentes somam 15.000 ha. Para proteção das várzeas do Paraíba do Sul contra as

inundações periódicas que as assolavam foi prevista a construção de diques marginais que

delimitam quarenta e uma áreas protegidas denominadas polders, com superfície total de

35.000 ha. O comprimento total dos diques seria de cerca de 300 km.

Antes da construção dos diques foi prevista a retificação do rio Paraíba do

Sul por meio do corte de meandros. Com estes cortes entre as cidades de Jacareí e

Cachoeira Paulista, a declividade média passaria de 19 para 28 cm/km, anexo 13.

Internamente, nas áreas protegidas, era prevista a construção das obras

hidroagrícolas, isto é, as de irrigação e drenagem.

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2.4.1.3 Os estudos sanitários.

Em relação ao problema sanitário, vários estudos foram realizados, alguns

específicos e outros mais abrangentes, tendo recebido inicialmente colaboração do antigo

Departamento de Obras Sanitárias, DOS.

Oportuno mencionar aqui os estudos, o projeto e a construção da Lagoa de

Oxidação de São José dos Campos, executados com sucesso em colaboração com o

Serviço Especial de Saúde Pública.

Posteriormente, as atribuições foram transferidas ao FESP e mais

recentemente à CETESB com as quais o DAEE vem mantendo estreita colaboração no

sentido de dar solução ao problema sanitário do rio Paraíba do Sul que é um dos maiores

desafios aos técnicos nele engajados.

2.4.1.4 Outros estudos.

Foram realizados inúmeros estudos, sejam no campo da economia, da

sociologia, da agricultura, da hidrologia, etc., sempre com o objetivo de considerar

sistematicamente o conjunto água, solo e o homem.

Relativamente difícil é dividir esquematicamente as terras do Vale do

Paraíba em três tipos: a várzea, o terciário e o arqueano. Não é uma terminologia

geologicamente correta, porém, para os nossos propósitos é a mais conveniente.

As várzeas, localizam-se junto às margens do rio, são terras planas, ricas e

apropriadas à agricultura. São por outro lado, inadequadas para uso urbano, por

apresentarem elevada umidade e fraca resistência mecânica. Só se justificaria a utilização

desses terrenos para cidades ou indústrias se não houver outras áreas para essa finalidade.

As terras do terciário tipicamente de colina, são adequadas para pastagens,

fruticultura, reflorestamento, cidades e indústrias, dependendo da natureza do solo e de sua

declividade (GESP, 1.977).

O arqueano, em geral de grande declividade, deve destinar-se

principalmente ao reflorestamento (GESP, 1.975).

Essa divisão de uso seria a mais adequada e natural, entretanto a acelerada

industrialização e conseqüente crescimento urbano, está provocando a invasão das várzeas

para uso urbano e industrial, cuja explicação salvo raras exceções, é decorrente de

especulação imobiliária.

Assim, é uma questão de disciplinamento do uso do solo, a preservação do

uso das várzeas para a agricultura, anexos 14, 15 e 16.

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Por outro lado, deve-se notar que a população do macro-eixo Rio-São Paulo,

está mais exigente de produtos hortícolas. Para produzir esses alimentos, reservar as

várzeas do Paraíba do Sul, parece ser medida das mais sensatas.

Devemos, também, evitar o uso predatório das várzeas acarretado pela

extração desordenada da areia e do barro que poderá inutilizá-las irreversivelmente.

2.4.2 A questão da navegação do rio Paraíba do Sul.

A navegação no rio Paraíba do Sul, embora tenha sempre constituído

problema vivamente sentido (Guidotti, 1.998), não tinha sido objeto de estudo sob o ponto

de vista das possíveis soluções técnicas, desde que se excetuem algumas sondagens

preliminares sobre a parte final do rio, na zona de São João da Barra que, todavia, não

chegaram a conclusões concretas.

Novo estudo individualizou as linhas essenciais técnico-econômicas de

intervenção; as relativas conclusões poderão servir de base para a solução definitiva do

problema.

Considerando o volume de tráfego previsto para 1.980 e o tipo de carga a

ser transportada (na maior parte minérios), julgou-se oportuno prever, na época, em caráter

hipotético, a composição de uma frota fluvial constituída essencialmente de comboios de

6.000 t (excluindo o empurrador). As características de tais comboios seriam, tabela 7:

Tabela 7 - Características dos comboios.

DESCRIÇÃO CARACTERÍSTICA

Número de chatas por comboio 4 (aclopadas)

Meio propulsor Empurrador

Comprimento das chatas 60 m

Largura das chatas 12 m

Tonelagem das chatas 1.500 t

Comprimento do empurrador 60 m

Comprimento total do comboio 180 m

Calado com carga total do comboio 2,50m Fonte: IBRA/ITALCONSULT.

Para as obras básicas que possibilitariam a navegabilidade do rio Paraíba do

Sul o rio foi subdividido em nove trechos dos quais destacamos o trecho I, de São José dos

Campos até Cruzeiro.

O desnível total a ser vencido pela navegação entre estas localidades seria

de 48 m. Neste primeiro trecho, com 155 km de extensão, a navegação fluvial utilizaria o

leito do rio Paraíba do Sul retificado conforme planos do Departamento Nacional de Obras

de Saneamento, cuja declividade média ficaria em torno de 37 cm/km, anexo 13.

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Em virtude da exiguidade das descargas no período de estiagem, constatou-

se que aquela declividade média devia ser reduzida para se obter o tirante de 3,50 m

necessário ao tráfego normal de embarcações e comboios, como ficou acima especificado.

Assim, no estudo, previu-se a adoção das seguintes providências que, em

virtude do caráter preliminar desta fase, possuíam apenas valor indicativo: construção de

seis barragens móveis de pequena altura de retenção, munidas de eclusas submergíveis

durante as enchentes; dragagem e/ou derrocamento do leito do rio para a formação do

canal navegável com dimensões adequadas, particularmente nos trechos situados fora do

remanso provocado pelas barragens móveis; construção de dique longitudinal (em rip rap),

paralelo à caixa do rio, destinado à formação do canal navegável nos trechos em que a

profundidade do leito natural dispensa a dragagem ou o derrocamento.

Previa-se, também, a construção de nova ponte ferroviária e de quatro

pontes rodoviárias admitindo que outras tantas obras existentes devam ser demolidas para

permitir o tráfego normal das embarcações, mesmo durante as cheias.

A tabela 8, apresenta o plano completo.

Tabela 8 - Elementos característicos do plano de navegabilidade do rio Paraíba do

Sul.

TRECHO

N.º SUBDIVISÃO EM TRECHOS

COTAS N. A.

(m.s.n.m.) DESNÍVEL

(m)

COMPRIMENTO

(km) Inicial Final

1 De S. J. Campos até Cruzeiro 554,0 496,0 58,0 155

2 De Cruzeiro até o reservatório

do Funil

496,0 466,5 29,5 52

3 De reservatório do Funil até

Itatiaia

466,5 390,5 76,0 7

4a De Itatiaia até Volta Redonda 390,5 364,0 26,5 67

4b De Volta Redonda até Santa

Cecília

364,0 353,0 11,0 41

5 De Santa Cecília até a barragem

de Anta

353,0 264,5 88,5 111

6 De Anta até a barragem de

Sapucaia

264,5 177,5 87,0 14

7 Desde o reservatório de

Simplício até o de Itaocara

177,5 82,0 95,5 83

8 Desde a barragem de Itaocara

até São Fidelis

82,0 19,0 63,0 40

9 Desde São Fidelis até o Oceano

Atlântico

19,0 0,0 19,0 86

Total 554,0 656 Fonte: IBRA, 1967.

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No aspecto de consumo energético, para transportar 1 t de carga ao longo de

1.000 km, a hidrovia gasta 3,6 l de combustível; a ferrovia, 9 l e a rodovia 18 l. Um

comboio de 6.000 t alivia da estrada, a viagem de 220 carretas (Riva, 1.998).

2.4.3 Análise do CODIVAP.

Em 1.971 o CODIVAP – Consórcio de Desenvolvimento do Vale do

Paraíba, fez uma compartimentação geo-ecológica resultando a tabela 9.

Tabela 9 - Tentativa de compartimentação geo-ecológica.

REGIÃO GEOSISTEMA FACIES

Mantiqueira

Atlântico 1. Planalto de Campos do Jordão

Serra 2b Face SW

2 a Face SE

Cristas 3. Cristas paralelas

Fossa do Paraíba Vale Médio do Paraíba 1. Várzea

2. Colinas marginais

Planalto Atlântico

da Bocaina 2b Vertente Norte

2a Planalto da Bocaina

do Paraitinga

1b Serra do Quebra-Cangalha

1a Vales do Paraibuna, Paraitinga, e

Paraíba Superior

1c Borda do Planalto

Paulistano 3. Planalto Paulistano

Sua análise ecológica referia-se, então, ao estudo de três campos

fundamentais, o do potencial ecológico, o da exploração biológica e o da ação antrópica

(CODIVAP, 1.971).

Fossa do Paraíba.

É o compartimento básico na área em foco: apresenta o maior índice de

urbanização e abriga os núcleos normativos da rede urbana regional. Abriga praticamente

toda atividade industrial da área e constitui-se no eixo de circulação das duas maiores

metrópoles brasileiras: Rio de Janeiro e São Paulo. Apresenta a maior concentração da

exploração agrícola, incluindo a expressão paisagística mais definida comercialmente: o

arroz da bacia de Taubaté. A várzea de Taubaté corresponde a 9,2% das várzeas do estado

de São Paulo.

Das várzeas do rio Paraíba do Sul foram colhidas na safra de verão de

1.999, cerca de um milhão de sacas de arroz (50 kg). Esta safra colhida pelos produtores

foi a primeira com sinal de revitalização no setor por causa do aumento da área plantada,

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de 10 mil ha para 11,3 mil ha neste ano, o primeiro crescimento registrado nos últimos

cinco anos na região. A estimativa da produção é feita com base na produtividade média de

arroz irrigado do estado de São Paulo calculada pela Secretaria Estadual da Agricultura,

cuja estimativa era de 84 sacas (50 kg) por ha de arroz irrigado.

O aumento na área plantada de arroz irrigado na região ocorreu por causa da

alta no preço do arroz entre 1.997 e 1.998 causado pela diminuição da produção em países

do oriente, os maiores produtores mundiais. De olho na melhor cotação no mercado

internacional do produto nos últimos anos, chegando a US$ 19 a saca no ano passado, os

produtores do Vale do Paraíba inverteram o ciclo de declínio na área plantada, que chegou

a ser de 25.000 ha no passado. Em Guaratinguetá e Pindamonhangaba, dois dos maiores

produtores na região, a saca de 60 kg está cotada a R$ 17 (preço médio recebido pelos

produtores em abril de 1.999) (Oliveira, 1.999).

Ecologicamente, a distinção fundamental feita na “fossa”, referiu-se a:

Área das colinas marginais.

O vale propriamente dito: terraços e a várzea.

Na bacia do Paraíba do Sul, a maior concentração de várzea é ao longo do

canal principal do rio (Ivancko, 1.985). Deve-se reconhecer, contudo, que esta “faixa”,

relativamente estreita e longa, deve, sem dúvida alguma, ser decomposta em vários setores,

cujos critérios são de natureza geo e sócio-econômica, anexos 19 até 25.

Sistemas da fossa do Paraíba.

Vale propriamente dito.

Constituído por alguns níveis de terraços e pela várzea com toda sua riqueza de feições

morfológicas típicas: meandros vivos e mortos, diques marginais, etc.. O aproveitamento

urbano e agrícola (irrigação) exige estudos de detalhe capazes de revelar os aspectos

fundamentais para um planejamento mais racional do espaço urbano e do uso do solo.

As colinas marginais.

A divisão não segue limite geológico, uma vez que as colinas – em diferentes níveis –

escalonam-se nos terrenos sedimentares da Bacia de Taubaté e passam aos terrenos de

embasamento pré-cambriano do pé da Serra da Mantiqueira. Muitas vezes destinadas à

atividade pecuária que se implantou após a fase do café, que havia deixado os solos

esgotados e submetidos `a erosão acelerada, este sistema apresenta forte movimentação.

Na região (fossa do Paraíba), as chuvas são diminuídas entre os dois

sistemas orográficos – Mar e Mantiqueira, anexos 11 e 12. Contudo a intensidade das

chuvas tem muita importância a considerar os gradientes das colinas, já sulcadas por

erosão, ajudada ainda pelo pisoteio do gado e sem cobertura da floresta que originalmente

as recobria. Nos terraços e várzeas há que se considerar a existência de manchas locais de

campos e serrados (São José dos Campos). Em meio a uma região úmida de floresta do

Brasil de Sudeste, os pequenos enclaves de padrões vegetais próprios de outras áreas, tem

íntimas ligações com flutuações climáticas postopliocênicas. São fatos importantes no uso

da terra, que só podem ser equacionados em estudos de detalhe. A individualidade

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climática da “fossa” é também flagrante: dentro do Vale define-se o “período seco”, não

observado na Serra do Mar e Mantiqueira. A própria natureza do Vale – encaixado entre

dois planaltos – anexo 18, confere importância ao estudo da nebulosidade, térmica vertical,

etc., sem estes estudos de detalhe, nada se poderá saber sobre as condições de

predisposição à poluição que uma industrialização elevada poderia condicionar.

A região atravessada pelo rio Paraíba do Sul está localizada dentro da

província geomorfológica conhecida como Planalto Atlântico Brasileiro. Esta é uma região

de terras altas, constituída principalmente por rochas cristalinas Pré-Cambrianas e Cambro-

Ordovinianas, cobertas por bacias sedimentares. Nesta o vale do rio constitui-se em uma

longa depressão cuja origem está relacionada a movimentos tectonicamente depressivos,

que sofrem processos de sedimentação dentrítico-lacustre em camadas dispostas

horizontalmente (Formação Taubaté e Aluviões Quaternários), anexos 5 e 19.

Zona do Planalto de Paraitinga.

Caracteriza-se pela estrutura cristalina complexa, com predominância de um

relevo conhecido como “Mar de Morro”, ou seja, um relevo que se assemelha a um

conjunto de colinas maturamente dissecadas em forma de meias laranjas. Destaca-se

também a presença de longas serras longitudinais, geralmente na direção N/NE (Alvarez

V., 1.996).

As altitudes que chegam a 1.300 m decrescem para a direção W/SW. Em

vários pontos as amplitudes locais variam entre 200 a 300 m e os rios apresentam então

corredeiras e cachoeiras, com planícies aluvionares pouco desenvolvidas exceção feita ao

rio Paraibuna, entre Paraibuna e Bairro Alto, e alguns de seus afluentes.

Dentro do Planalto de Paraibuna destacam-se algumas regiões tais como a

Morraria de Paraitinga, expressivamente destacado pela predominância de seu relevo de

morros paralelos, com pouca influência estrutural remanescente, pois representa uma fase

geomorfologicamente mais evoluída, anexo 18 (Alvarez V., 1.996).

A região que separa as morrarias do Paraitinga e do Paraibuna constitui-se

num conjunto de serras alongadas que funcionam como divisor de águas. O Planalto de

Paraitinga é constituído de morros de serras restritas, orientado pelas estruturas

migmatíticas.

Zona do Médio Vale do Paraíba.

A Zona do Médio Vale do Paraíba é uma depressão alongada, com relevo de

colinas, baixos morros e planícies da várzea com cerca de 200 km de extensão.

O rio Paraíba do Sul atravessa a bacia com um curso extremamente sinuoso,

desenvolvido em ampla e contínua várzea, cuja largura que varia de 2,5 a 6,0 km excede de

muito a faixa de meandros, anexo 18.

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A Bacia do Paraíba do Sul é constituída, também de areias, argilas e

cascalhos que ocorrem no topo, e, folhelhos papiráceos e pirobetuminosos com areias

intercaladas, na parte basal. Estes folhelhos estão presentes principalmente na área de

Taubaté a Pindamonhangaba, anexo 18 (Ribeiro, 1.964). O solo da Bacia de Taubaté tem

sido estudado pelo Instituto Agronômico da Secretaria da Agricultura desde 1.936

(Hackett, 1.962).

A espessura dos sedimentos cenozóicos, nessa bacia, é grande e variável em

função do embasamento cristalino. Numa perfuração para captação de água subterrânea

realizada a pedido da Prefeitura Municipal de Taubaté chegou-se até 500 m sem atingir o

embasamento (Mezzalira e Torres, 1.977 e Frangipani e Pannuti, 1.965).

Segundo Freitas (1.957):

“os sedimentos quaternários estariam em níveis mais elevados que os das várzeas e

estariam separados dos sedimentos terciários por uma camada de seixos; cita também a

existência de superfície de erosão e depósitos aluvionais. Descreve, também, três estágios

fisiográficos para o Quaternário. O mais novo é a larga planície varzeana, sendo que

terraços de 10 a 15 m constituem o estágio intermediário e numa altitude de 20 a 25 m,

temos o mais velho nível de terraços”.

Provavelmente o fato do rio Paraíba do Sul apresentar inúmeros meandros

formados em sedimentos inconsolidados é a causa pela qual a várzea apresenta-se com o

desenvolvimento observado. Tudo isto surge em conseqüência do baixo gradiente

apresentado pelo rio: 0,186 m/km, anexo 13 (Rachocki, 1.981).

Levantamentos mostraram que normalmente os sedimentos das várzeas

apresentam cor cinzenta e quanto à granulometria existe toda gama, desde as argilas mais

finas até os cascalhos.

Por outro lado o levantamento de solos feito pelo Instituto Agronômico de

Campinas indicou o aparecimento de sedimentos de textura rudácea por baixo da argila, o

que é fato comum nos aluviões. Indicou ainda que o Paraíba do Sul corre ladeado por

estreitos de sedimentos argilosos deixando grandes e extensas áreas, até as primeiras

barrancas do Terciário, de solos orgânicos formados por acúmulo em condições

anaeróbicas de restos vegetais. Tais solos formam bacias locais, fechadas, que recebem

pouca contribuição de matéria mineral carreada nas enchentes.

Próximo à estação do Limoeiro, nas margens do Paraíba do Sul, fez-se a

extração de cascalho e areia. Trata-se de material mal selecionado e que apresenta também

mau arredondamento. Como esta área está relativamente próxima do início do curso do rio

dentro da área sedimentar é provável que seja esse o primeiro material que as águas

depositam. A medida que escoa vai depositando material mais fino.

Na estrada de Santa Branca, no km 98, próximo a Jacareí encontrou-se um

depósito de seixos (Frangipani e Pannuti, 1.965).

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38

No município de Caçapava, próximo à estrada da pedreira da General

Motors identificou-se solo podzolizado com cascalhos (MA, 1960 e Moniz, 1.972).

As argilas da bacia terciária do rio Paraíba do Sul, em certo trecho nos

estados de São Paulo e Rio de Janeiro foram depositadas num lago que em certa época

represou as águas entre as encostas das Serras da Mantiqueira e do Mar. Isso permitiu a

sedimentação ali dos detritos finos resultantes da classificação dos produtos da alteração

das rochas circunvizinhas, constituídas principalmente por granitos, gnaisses, sienitos,

filitos e quartzitos. Parte do material depositado foi constituído de matéria orgânica na

forma de colônias de algas que proliferaram nas águas tranqüilas daquela represa natural e

se juntaram periodicamente às lamas do fundo, dando origem às camadas pirobetuminosas.

Entre os horizontes argilosos com elevada proporção de querogênio,

encontram-se argilas de fraca porcentagem de matéria orgânica e até mesmo camadas de

argila pura que se apresentam de colorações creme, verde, cinza ou rósea.

Tem-se verificado que esse produto é constituído por material argiloso

isento de areia grossa, com apreciável tendência higrófila, contendo certa proporção de

potássio e revelando propriedades inerentes às argilas montemoriloníticas. Tem sido

mencionadas como taguás, segundo a nomenclatura paulista e já vêm sendo usadas há

muito para uso em cerâmica. Alguns horizontes têm argilas com elevada capacidade de

troca de bases e por isso vem sendo usadas como terra fuller para clarificação de óleos

vegetais.

Os taguás do Vale do Paraíba mostram um teor de material insolúvel em

ácido sulfúrico (areia fina e feldspato fino) da ordem de 20% (variando de 12% a 30%), de

1% a 2% de álcalis, predominando o potássio e uma relação molecular de sílica para

alumina entre 2 e 3 (Abreu, 1.960).

A água subterrânea, na área de estudo, no Vale do Paraíba, é, de modo geral,

de boa qualidade, podendo ser utilizada para o abastecimento público, irrigação e na

grande maioria das indústrias sem necessidade de tratamento. Devido aos métodos de

construção dos poços e às características dos sedimentos, durante os primeiros tempos de

bombeamento normalmente a água apresenta turbidez apreciável e carreia certa quantidade

de areia, que se reduzem a medida que o desenvolvimento do poço vai se completando.

Nos casos em que o isolamento superficial não foi efetuado adequadamente é possível

haver contaminação do poço por fontes externas de poluição (Frangipani e Pannuti, 1.965).

Distingue-se três regiões de colinas terciárias nesta região:

Da extremidade sudoeste da Bacia de Jacareí, com colinas mais elevadas semelhantes

as elevações do cristalino.

De São José dos Campos a Pindamonhangaba, com colinas mais extensas, cujos altos

correspondem a um platô que definiria o nível superior da sedimentação da bacia.

Pindamonhangaba até Cruzeiro com colinas suavizadas dando aspecto de tabuleiro.

Os sedimentos “Terciários” localizam-se entre os sedimentos de várzea e as

rochas do Complexo Cristalino. Na região à direita do rio Paraíba do Sul estendem-se de

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maneira contínua desde Jacareí até Taubaté, formando uma faixa sedimentar de 10 km de

largura em média. Já na região à esquerda não se observa tal continuidade, uma vez que até

a altura de São José dos Campos a várzea está encostada diretamente no Cristalino, salvo

em pequenos trechos, e somente dali para diante é que os sedimentos “Terciários”

começam a aflorar de maneira contínua, tendo o máximo em área aflorante nas

proximidades de Caçapava (Fragipani e Pannuti, 1.965).

2.5 Caracterização dos recursos hídricos superficiais.

2.5.1 Utilização dos recursos hídricos.

A utilização de recursos hídricos estaduais requer um profissional

devidamente registrado no Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia -

CREA e autorizações emitidas pelo Departamento de Águas e Energia Elétrica – DAEE. A

autorização para esse fim decorre da Constituição Federal e da Estadual. A primeira

determina que as águas superficiais ou subterrâneas, fluentes, emergentes e em depósitos

são bens do Estado. A Carta Estadual dispõe sobre medidas para a utilização racional

desses recursos.

O decreto 41.258, de outubro de 1.996, regulamentou, em São Paulo, o uso

dos recursos hídricos, as infrações e as penalidades. Em razão disso, o DAEE, através da

Portaria n.º 717, de dezembro de 1.996, aprovou as normas e estabeleceu procedimentos a

serem observados para que qualquer usuário possa solicitar a outorga de uso dos recursos.

Já a Decisão Normativa n.º 059, do CONFEA, determina que os profissionais legalmente

habilitados para atuarem como responsáveis técnicos pelo planejamento, pesquisa, locação,

perfuração, limpeza e manutenção de poços tubulares para captação de água subterrânea,

deverão estar devidamente registrados no CREA. Profissionais com atribuições constantes

no Decreto n.º 23.569/33, deverão submeter seu currículo escolar à análise da Câmara

Especializada de Geologia e Minas.

2.5.2 Vazão.

Os dados de vazão do rio Paraíba do Sul são obtidos através da operação de

uma rede de postos fluviométricos, onde se efetuam leituras em escalas linimétricas

convertidas posteriormente em séries de vazões, anexos 10, 11 e 12.

As séries históricas anteriores a 1.952 foram registradas pelos postos,

podendo ser utilizadas para determinar vazões estatísticas mínimas, por abrangerem um

período em que as vazões neste trecho paulista ainda não apresentavam alterações pela

operação do reservatório de Santa Branca (Bandini, 1.954).

As vazões são encontradas nos Boletins Fluviométricos, de vários postos,

publicados pelo DAEE – Departamento de Águas e Energia Elétrica e o DNAE –

Departamento Nacional de Águas e Energia compreendendo diversos períodos históricos,

não simultâneos, que em caráter preliminar e a nível de planejamento, tornam-se

importantes indicadores das coleções hídricas da região.

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40

Verifica-se que várias são as fontes afluentes, destacando-se pela

contribuição de vazão o rio Jaguarí, seguido pelos rios Piquete, Bocaina e Buquira.

2.6 Descrição da área do trabalho.

A bacia hidrográfica do rio Paraíba do Sul, mede 62.500 km2, dos quais

possui uma área de drenagem no estado de São Paulo de 14.396 km2, 21.200 km

2

constituem parte do sudeste mineiro e o restante 27.070 km2, pertence ao estado do Rio de

Janeiro.

Praticamente toda a bacia integra o Sudeste do Planalto Cristalino Atlântico,

mostrando em seu relevo, uma sucessão de cuestas e vales paralelos à linha da costa. No

trecho paulista, o compartimento topográfico mais importante é o da Bacia Sedimentar

Terciária, aninhada entre as escarpas da Serra da Mantiqueira, ao Norte, e das Serras do

Quebra Cangalha e do Jambeiro, ao Sul; anexo 8.

O curso do rio Paraíba do Sul apresenta quatro trechos bem distintos e

característicos (Leão, 1.956 e Simões, 1.977), anexo 13:

Das nascentes até a cidade de Jacareí – percorre terreno arqueano, o regime é torrencial

e as declividades são elevadas, 4,9 m/km.

De Jacareí até Cachoeira Paulista – trecho das várzeas paulistas ou da bacia sedimentar,

apresenta uma declividade muito suave, os níveis das várzeas e dos baixos terraços de

551 a 552 m e 559 a 562 m, respectivamente, em Jacareí descem num percurso de

quase 200 km para 512 a 517 m e 518 a 525 m em Cachoeira Paulista. O curso é

bastante sinuoso apresentando sucessão de numerosos meandros. As várzeas paulistas,

que se estendem por uma superfície de 50.000 ha, são constituídas por terrenos

sedimentares.

De Cachoeira Paulista até São Fidelis – trecho encachoeirado, onde as declividades são

outra vez elevadas.

De São Fidelis até a foz – trecho de planície, com baixas declividades. Os terrenos

percorridos são aluvionares.

A figura 5 posiciona a região no estado de São Paulo.

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41

Figura 5 - Mapa do estado de São Paulo e o rio Paraíba do Sul.

A seção transversal, sem escala, é a que se vê na figura 6.

Figura 6 - Seção transversal tipo do Vale do Paraíba.

Oceano

Atlântico

Serra do Mar

Rio Paraíba

do Sul

Serra da

Mantiqueira

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42

Por razões financeiras limitamos o estudo ao trecho do rio Paraíba do Sul

compreendido entre Jacareí e Caçapava, figura 7.

Fonte: Infoguia.

Figura 7 - Trecho Jacareí - Caçapava do rio Paraíba do Sul.

2.6.1 Caracterização física da região.

Em decorrência da posição geográfica do estado de São Paulo (atravessado

pelo trópico de Capricórnio) e da ação das massas de ar (sobretudo a polar atlântica e a

tropical atlântica, predominam os climas de tipo tropical, figura 8.

No estado de São Paulo as florestas (latifoliada tropical ou mata da bacia do

Paraná no planalto ocidental, e latifoliada tropical úmida da encosta ou Mata Atlântica, no

planalto cristalino) recobriam originalmente cerca de 80% da sua superfície (nas regiões

mais elevadas, como na Mantiqueira e na Bocaina, com ocorrência da araucária ou

pinheiro-do-paraná). Devastadas com o avanço da ocupação agrícola, restam menos de 5%

da área original, basicamente na encostas da serra do Mar. O cerrado, que correspondia a

pouco mais de 15% da cobertura vegetal primitiva, ocorria em manchas dispersas, nas

áreas de solos mais pobres da depressão periférica e do planalto ocidental. Os campos

(1,5% da superfície estadual) aparecem na porção sul da depressão periférica como

extensão dos campos gerais paranaenses, e nas áreas mais elevadas do planalto, como na

Mantiqueira, onde ocorrem associados a capões de araucárias, anexo 15 (Wettstein, 1.970 e

Eiten, 1.983).

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43

Figura 8 - Brasil, vegetação e o Parque da Serra da Bocaina (24).

2.7 Clima.

Devido a configuração geomorfológica do Vale do Paraíba, isolado por duas

grandes cadeias de montanhas, a Serra do Mar e a Serra da Mantiqueira, aliada ainda a

influencia da proximidade do litoral, esta área possui uma feição climática especial.

A área do Vale do Paraíba, da Mantiqueira, Litoral e Planalto Atlântico

Norte, incluem-se nos climas controlados pelas massas de ar tropical e polar e no sub-

grupo do clima tropical úmido das costas orientais e subtropicais dominados largamente

pela massa tropical.

O regime de ventos do Vale do Paraíba mostra uma predominância de

calmarias e, secundariamente, ventos de NE. Eventualmente registram-se ventos de SE ou

SW. Ocasionalmente quedas dos totais pluviométricos, diminuição dos dias de chuvas e

abaixamento da temperatura, com eventuais formações de geadas (Coltrinari, 1.975).

Pode-se ressaltar as características da dinâmica climática regional:

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44

A posição da região como limite zonal entre dois grandes domínios climáticos: o

controlado por massas equatorianas e aquele por massas polares, em sistemas

alternados, o que apresenta grande participação da atividade frontal da gênese regional

das chuvas.

As barreiras representadas pelo relevo acidentado do Alto Vale e ainda pela Serra da

Mantiqueira, além de atenuarem o avanço das correntes perturbadoras, submetem a

faixa deprimida do Médio Vale a uma condição de abrigo, favorecendo elevada

freqüência de calmarias, o que poderá ocasionar sérios problemas de poluição

atmosférica, em casos de indústrias mal localizadas ou sem correto controle de

emissão.

A faixa que corresponde ao fundo do vale apresenta menor umidade e

temperatura mais elevadas entre as Serras do Mar e Mantiqueira. Os valores

pluviométricos anuais chegam até 3.000 mm nas serras e decrescem em direção ao vale

para 1.100 e 1.400 mm, chegando mesmo, em certos trechos a índices inferiores a 1.100

mm, pois quando a massa atlântica chega ao vale ela já aliviou boa parte de sua umidade

através da precipitação na subida da Serra do Mar pelo lado litorâneo, anexos 11 e 12.

Como as temperaturas são mais elevadas no vale, e decrescem no sentido

das cotas mais altas, também a evaporação se comporta da mesma forma e as acompanha

no mesmo sentido. Assim, os balanços hídricos anuais podem apresentar pequenos déficits

de umidade nos meses de inverno, onde as precipitações são geralmente menores que a

evaporação. Para as regiões semi-montanhosas há um excedente hídrico, sem déficit de

inverno ou anual.

O clima reinante na área é o Tropical Sub-Quente Úmido com três meses

secos. Possui pelo menos um mês com temperaturas médias inferiores a 18ºC, sendo junho

e julho o período mais frio. Na Região da Serra da Mantiqueira, no Alto do Planalto que

corresponde a uma pequena faixa do território paulista (Campos do Jordão) destaca-se por

um clima muito salubre.

Toda a rede hidrográfica do rio Paraíba do Sul está sob influência das

chuvas de verão, sendo os meses de dezembro, janeiro e fevereiro os mais chuvosos.

2.8 Vegetação.

2.8.1 Várzea.

Ao longo da várzea do rio Paraíba do Sul, encontram-se pequenas manchas

de vegetação remanescente, a maioria delas sendo de vegetação secundária, ou seja, aquela

que ressurge após a retirada da vegetação original (Wettstein, 1.970). A antiga mata galeria

ou ciliar que se formou ao longo do rio, é constituída agora por árvores de pequeno porte,

arbustos e vegetação típicas de terrenos alagadiços. Estas poucas manchas estão

localizadas entre os municípios de São José dos Campos e Taubaté e entre Aparecida e

Guaratinguetá, anexos 15, 16 e 17.

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45

Existem também em terrenos limítrofes a área de várzea, grandes áreas

destinadas ao reflorestamento, especialmente de eucaliptos e pinus, localizados entre

Pindamonhangaba e Roseira e também próximo a Tremembé (GESP, 1.975).

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46

CAPÍTULO II

3 GEOMORFOLOGIA.

3.1 Introdução.

Geomorfologia é a ciência que estuda as formas do relevo terrestre

(Christofoletti, 1.974).

Encostas, topos ou cristas e fundos de vales, canais, corpos de água

subterrânea, sistemas de drenagem urbanos e áreas irrigadas, entre outras unidades

espaciais, são interligadas como componentes de bacias de drenagem. A bacia de

drenagem é uma área da superfície terrestre que drena água, sedimentos e materiais

dissolvidos para uma saída comum, num determinado ponto de um canal fluvial. O limite

de uma bacia de drenagem é conhecido como divisor de drenagem ou divisor de águas.

Uma determinada paisagem pode conter um certo número de bacias drenando para um

reservatório terminal comum como os oceanos ou mesmo um lago. A bacia de drenagem

pode desenvolver-se em diferentes tamanhos, que variam desde a bacia do rio Amazonas

até bacias com poucos metros quadrados que drenam para a cabeça de um pequeno canal

erosivo ou, simplesmente, para o eixo de um fundo de vale não-canalizado. Bacias de

diferentes tamanhos articulam-se a partir dos divisores de drenagem principais e drenam

em direção a um canal, tronco ou coletor principal, constituindo um sistema de drenagem

hierarquicamente organizado (Guerra e Cunha, 1.998).

Pelo pensamento sistêmico, a bacia de drenagem, enquanto uma unidade

hidrogeomorfológica, constitui um exemplo típico de sistema aberto na medida em que

recebe impulsos energéticos de forças climáticas atuantes sobre sua área e das forças

tectônicas subjacentes, e perde energia por meio da água, dos sedimentos e dos solúveis

exportados pela bacia no seu ponto de saída. A organização interna do sistema bacia de

drenagem, isto é, os elementos de forma e os processos característicos, influencia as

relações de entrada e saída. Assim, mudanças externas no suprimento de energia e massa

conduzem a um auto-ajuste das formas e dos processos, de modo a ajustar essas mudanças.

O princípio de auto-ajuste no desenvolvimento do relevo é apontado “como um membro

do sistema pode influenciar todos os demais, então, cada membro é influenciado por todos

os outros. Há uma interdependência por meio do sistema” (Chorley, 1.962).

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47

O trabalho erosivo nas faces de exfiltração (pontos de interseção do lençol

d’água com a superfície; túneis ou dutos associados à ação biogênica nos solos; bordas e

canais ou cortes de estrada) pode conduzir à formação de canais e vales e, posteriormente,

à expansão de redes de drenagem canalizadas. Trabalhos realizados no Vale do Paraíba

confirmam a importância dos mecanismos erosivos pela ação dos fluxos d’água

subsuperficiais e apontam esta região como exemplo típico da paisagem geomorfológica

prevista no modelo dunneano de evolução de relevo por mecânica de erosão subsuperficial

(Dunne, 1.990).

As descontinuidades lito-estruturais do substrato geológico na região

estudada atuam no controle das propriedades hidráulicas e mecânica das rochas,

destacando o fraturamento como zonas de alívio de pressão piezométrica. A exfiltração da

água por meio de fraturas pode detonar a erosão de vazamento, originando túneis que

avançam e que com o colapso do teto pode ocorrer a formação do canal erosivo. A

evolução desses canais associa-se à instabilização das encostas laterais e da cabeceira pela

ação gravitacional (movimentos de massa), especialmente sob condições de fortes declives,

propiciando a formação e o desenvolvimento do vale. No avanço remontante do canal pode

ocorrer a interseção com outras fraturas ou com bandas litológicas menos resistentes,

induzindo neste ponto a formação de canais e respectivos vales tributários e, assim,

promovendo o avanço da rede de drenagem.

Outras descontinuidades hidráulicas, associadas aos contatos da

sedimentação quaternária com o saprólio ou à ação da fauna escavadora, particularmente

produzida pelas formigas saúvas, são também muito importantes na detonação do

mecanismo de erosão por vazamento dos fluxos d’água subsuperficiais ou por lavagem em

túneis. Tais mecanismos são vistos como dominantes na iniciação e no avanço subsequente

de canais incisos, os quais são também chamados de voçorocas. Não se exclui a

importância do trabalho dos fluxos d’água superficiais do tipo hortoniano no

desenvolvimento da rede de drenagem desta região do Vale do Paraíba, em qualquer dos

seus paleo-ambientes naturais ou no ambiente atual bem antropogeneizado. Ao contrário,

mesmo nos ambientes vegetados e, portanto, desfavoráveis à produção do fluxo

hortoniano, estes fluxos atuaram e atuam de maneira muito efetiva na lavagem das

cicatrizes erosivas originadas pela ação das águas subsuperficiais e ação gravitacional e,

também, na remoção dos respectivos materiais detríticos (Guerra e Cunha, 1.998).

3.2 Geomorfologia fluvial.

A geomorfologia fluvial engloba o estudo dos:

Cursos de água – detendo-se nos processos fluviais e nas formas resultantes do

escoamento das águas.

Bacias hidrográficas – considerando as principais características dessas bacias que

condicionam o regime hidrológico ligando-se aos aspectos geológicos, às formas de

relevo e aos processos geomorfológicos, às características hidrológicas e climáticas, à

biota e à ocupação do solo.

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Todos os acontecimentos que ocorrem na bacia de drenagem repercutem,

direta ou indiretamente, nos rios. As condições climáticas, a cobertura vegetal e a litologia

são fatores que controlam a morfogênese das vertentes e, por sua vez, o tipo de carga

detrítica a ser fornecida aos rios. O estudo e a análise dos cursos d’água só podem ser

realizados em função da perspectiva global do sistema hidrográfico.

3.2.1 Fisiografia fluvial.

A fisiografia fluvial pode ser entendida sob o ponto de vista dos tipos de

leito, de canal e de rede de drenagem.

3.2.1.1 Tipos de leito.

O leito fluvial corresponde ao espaço ocupado pelo escoamento das águas.

De acordo com a freqüência das descargas e a conseqüente topografia dos canais fluviais,

os leitos podem ser classificados, figura 9, em:

Leito menor – o escoamento das águas nesse leito tem a freqüência suficiente para

impedir o crescimento da vegetação.

Leito de vazante – está incluído no leito menor e é utilizado para o escoamento das

águas baixas.

Leito maior, periódico ou sazonal – é regularmente ocupado pelas cheias, pelo menos

uma vez cada ano.

Leito maior excepcional – por onde correm as cheias mais elevadas, as enchentes; é

submerso em intervalos irregulares, mas, por definição, nem todos os anos.

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49

Divisor topográfico e de águas

+ +

+ + + + + Vertente

+ + + + + + + + + + + +

+ + + + + + + + + + + + +

+ + + + + + +

Figura 9 - Tipos distintos de leito.

3.2.1.2 Tipos de canal.

A fisionomia que o rio exibe ao longo do seu perfil longitudinal é descrita

como retilínea, anostomosada e meândrica, constituindo o chamado padrão de canais,

conforme figura 10.

Os canais retos são aqueles em que o rio percorre um trajeto retilíneo, sem

se desviar significativamente de sua trajetória normal em direção à foz.

Os canais meândricos são aqueles em que os rios descrevem curvas

sinuosas, largas, harmoniosas e semelhantes entre si, através de um trabalho contínuo de

escavação na margem côncava (ponto de maior velocidade da corrente) e de deposição na

margem convexa (ponto de menor velocidade) anexos 18, 20, e 21. Deve-se notar que a

deposição dos detritos da carga do leito se faz no mesmo lado da margem em que eles

foram arrancados (Twenhofel, 1.939). Uma relação importante existe entre o raio médio de

curvatura e a largura do canal, por refletir as características das condições de fluxo e

tendem a situar-se entre 2 e 3. Para o rio Paraíba do Sul o valor é 2,7, para o rio Piracicaba,

2,6, para o Mogí-guaçú, 2,2 e para o Ribeira de Iguape, 2,9 (Christofoletti, 1.981).

Leito

menor

Leito maior

Leito

vazante

Dique

marginal

Dique

marginal

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50

Os canais anostomosados são os formados em condições especiais,

altamente relacionados com a carga sedimentar do leito.

PADRÃO DE CANAIS

RETILÍNEO

ANASTOMOSADO

MEANDRICO

Colo

Figura 10 - Padrão de canais.

Essa geometria do sistema fluvial resulta no ajuste do canal à sua seção

transversal e reflete o inter-relacionamento entre as variáveis:

Descarga líquida.

Carga sedimentar.

Declive.

Largura do canal.

Profundidade do canal.

Barra de

sedimentos

Local de

agradação Depressão

Umbral

Local de degradação

Banco de

solapamento Barra de

sedimento,

pontal de

meandro

Margem

convexa.

Agradação

Margem

côncava.

Degradação

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Velocidade do fluxo.

Rugosidade do leito.

As diferentes sinuosidades dos canais são determinadas muito mais pelo

tipo de carga detrítica do que pela descarga fluvial. Assim, os canais meândricos

relacionam-se aos elevados teores de silte e argila, e os canais anostomosados a uma carga

mais arenosa (Hinds, 1.943).

Os canais meândricos são encontrados com freqüência, nas áreas úmidas

cobertas por vegetação ciliar, descrevem curvas sinuosas harmoniosas e semelhantes entre

si, possuem um único canal que transborda suas águas na época das cheias.

A formação da seqüência de depressões (pools) e umbrais (riffles) ao longo

do eixo fluvial, definindo margens de erosão e deposição, representa o estágio inicial do

meandramento, anexos 20 e 21.

Várias são as condições essenciais para o desenvolvimento dos meandros:

camadas sedimentares de granulação móvel, coerentes, firmes e não soltas; gradientes

moderadamente baixos; fluxos contínuos e regulares; cargas em suspensão e de fundo em

quantidades mais ou menos equivalentes. Essas formas meandrantes representam um

estado de estabilidade do canal, denunciando um certo ajustamento entre todas as variáveis

hidrológicas (declividade, largura e profundidade do canal, velocidade dos fluxos,

rugosidade do leito, carga sólida e vazão); no entanto, esse estado de equilíbrio,

representado pela formação dos meandros, poderá ser alterado pela ocorrência de um

distúrbio na região, como, por exemplo, a atuação do homem (plantio nas áreas férteis

próximas aos meandros) (Goudie, 1.984).

As seções transversais, nesse tipo de padrão de canal, são desiguais,

considerando o desenvolvimento das curvaturas. Nos trechos retilíneos entre dois

meandros contínuos, os canais são mais simétricos, rasos, com a ocorrência de umbrais.

Nos pontos de curvas máximas, o perfil transversal é assimétrico com maior profundidade

na margem côncava (depressões) suavizando-se na direção da margem convexa. Os canais

meandrantes transportam, em dominância, sedimentos finos e mais selecionados, e sua

capacidade de transporte é mais baixa e uniforme, quando comparada com os canais

anostomosados.

Uma terminologia específica é empregada para esse padrão de canal, cujos

termos mais freqüentes são: meandro abandonado, dique semicircular, colo, faixa de

meandro, banco de solapamento e barra de sedimento (point bar). A parte de planície

ocupada pelos meandros atuais e paleoformas é denominada faixa de meandros. Colo de

meandro é o esporão ou pedúnculo que separa os dois braços de meandro. Quando as

margens côncavas adjacentes sofrem intensa ação erosiva, essa zona pode ser estrangulada

pela formação e desenvolvimento de bancos sedimentares (dique / barra de meandro),

desligando, assim, parte do curso que dará origem ao meandro abandonado. Uma vez

isolado, esse meandro pode formar lagos ou pântanos. Os bancos de solapamento

originam-se da atuação da erosão, por solapamento basal, nas margens côncavas,

permitindo a conservação da verticalidade das margens.

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52

A remoção e transporte dos materiais desses bancos de solapamento dão

origem à formação de bancos ou barras de sedimentos localizados nas margens convexas a

jusante. Os meandros podem, ainda, pertencer a duas categorias, em função dos tipos de

vale onde correm. Considera-se meandro divagante ou de planície aluvial quando as

sinuosidades meândricas são independentes do traçado do vale. Esses meandros deslocam-

se em qualquer direção da planície, podendo atingir toda a sua extensão. Os meandros

encaixados surgem quando a curvatura meândrica acompanha a curvatura do vale,

conservando a mesma escala (Guerra e Cunha, 1.998).

3.2.2 Dinâmica das águas correntes: Hidrologia e Geometria Hidráulica.

A quantidade de água que alcança o canal expressa o escoamento fluvial,

que é alimentado pelas águas superficiais e subterrâneas. A proporcionalidade entre essas

duas fontes é definida por fatores tais como clima, solo, rocha, declividade e cobertura

vegetal. Fazendo parte do ciclo hidrológico, o escoamento fluvial recebe as águas das

chuvas, refletidas no escoamento fluvial imediato, mais a água de infiltração, e, do total

precipitado, apenas as quantidades eliminadas pela evapotranspiração estão isentas da

participação do escoamento.

A geometria hidráulica é o estudo das relações entre vazão, velocidade das

águas, forma do canal, carga de sedimentos e declividade.

A velocidade das águas de um rio depende de fatores como:

declividade do perfil longitudinal;

volume das águas;

forma da seção transversal;

coeficiente de rugosidade do leito;

viscosidade da água.

Entre os elementos que alteram a velocidade citam-se:

mudanças na declividade,

na rugosidade do leito e

na eficiência do fluxo.

Modificações como aumento da declividade do perfil do rio e diminuição da

rugosidade do leito, com a passagem da draga, são realizadas pelas obras de retificação de

canais, com a intenção de acelerar a velocidade das águas.

A alteração na eficiência do fluxo é dada pelo aparecimento de obstáculos.

Assim, quanto mais lisa for a calha, maior será a eficiência do fluxo. Essa eficiência é

medida pelo raio hidráulico que corresponde ao quociente da área da seção transversal

molhada, pelo perímetro molhado.

A capacidade de erosão das margens e do leito fluvial, bem como o

transporte e disposição da carga do rio dependem, entre outros fatores da velocidade, e sua

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alteração modifica, de imediato, essas condições. As correntes fluviais podem transportar a

carga sedimentar de diferentes maneiras (suspensão, saltação e rolamento), de acordo com

a granulação das partículas (tamanho e forma) e as características da própria corrente

(turbulência e forças hidrodinâmicas exercidas sobre as partículas) (Christofoletti, 1.974;

Welch, 1.996).

O fluxo fluvial é constituído pela descarga líquida, sólida e dissolvida. A

descarga líquida é definida pela equação 1:

Equação 1 - Descarga líquida.

Onde:

Q = descarga

A = área da seção do canal (largura x profundidade média)

V = velocidade da corrente

L = largura

P = profundidade média

Por meio da descarga líquida, ou vazão, são definidas a competência

(tamanho máximo do material que pode ser transportado) e a capacidade do rio (volume de

carga que pode ser transportado).

A carga sólida de um rio (suspensão e fundo) decresce para jusante,

indicando diminuição da sua competência. Ainda a carga sólida é reflexo direto da

participação da chuva, com sua intensidade e freqüência, erodindo encostas, e do papel da

cobertura vegetal. Ambas, chuva e cobertura vegetal, possuem destaque na participação do

volume da carga sólida e no entulhamento de lagoas e de reservatórios, reduzindo, muitas

vezes, a sua utilização (vida útil).

A carga em suspensão constitui-se de partículas finas, silte e argila, que se

conservam suspensas na água até a velocidade do fluxo decrescer, atingindo o limite crítico

ou velocidade crítica, que corresponde à menor velocidade requerida para uma partícula de

determinado tamanho movimentar-se.

A carga de fundo é formada por partículas de tamanhos maiores (areia,

cascalho ou fragmento de rocha) que saltam ou deslizam ao longo do leito fluvial. A

velocidade, nesse tipo de carga, tem participação reduzida, fazendo com que os grãos se

movam lentamente.

Mudanças ocorridas na vazão implicam, de imediato, em alterações e

ajustamentos em diversas variáveis. O aumento da vazão em dada seção transversal do

canal, origina aumento nas variáveis dependentes: largura, profundidade média, velocidade

VPLVAQ ...

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média das águas, rugosidade do leito e concentração de sedimentos (Guerra e Cunha,

1.998).

3.2.2.1 Processos fluviais: erosão, transporte e deposição.

Os processos de erosão, transporte e deposição de sedimentos no leito

fluvial alternam-se no decorrer do tempo e, espacialmente, são definidos pela distribuição

da velocidade e da turbulência do fluxo dentro do canal. São processos dependentes entre

si e resultam não apenas das mudanças no fluxo, como, também, da carga existente.

Dessa forma, a capacidade de erosão das águas depende da velocidade e

turbulência, do volume e das partículas por elas transportadas em suspensão, saltação e

rolamento. A erosão das paredes e do fundo do leito pelas águas correntes atua de três

formas: pelas ações corrasiva e corrosiva, e pelo impacto hidráulico. A corrasão, ou efeito

abrasivo das partículas em transporte sobre as rochas e sobre outras partículas, tende a

reduzir a rugosidade do leito, enquanto a ação corrosiva resulta da dissolução de material

solúvel no decorrer da percolação da água ainda no solo.

Ao longo do perfil longitudinal, quando a velocidade é lenta e uniforme, as

águas fluem em camadas, sem haver mistura entre elas, constituindo o fluxo laminar, no

qual os processos erosivos são diminutos e a capacidade de transporte se torna reduzida,

deslocando, apenas, partículas muito finas. Ao contrário, nos fluxos turbulentos onde

ocorrem flutuações da velocidade, devidas a redemoinhos produzidos por obstáculos e

irregularidades existentes no leito, a capacidade de transporte atinge partículas maiores

(Garcez, 1.960; Daugherty, 1.965). A menor velocidade crítica para a remoção de uma

partícula é em torno de 20 cm/s, removendo material de diâmetro entre 0,1 e 0,5 mm.

Partículas de tamanhos menores (silte e argila) necessitam de maiores velocidades críticas

de erosão devido à força de coesão entre os minerais de argila. As partículas permanecem

em movimento até ser atingida sua velocidade crítica de deposição, que corresponde a

cerca de dois terços da velocidade crítica de erosão.

Ao longo do perfil transversal, a velocidade e a turbulência das águas são

também variáveis, definindo locais preferenciais e de erosão e deposição das partículas.

Outro elemento que deve ser considerado nos processos fluviais refere-se às

velocidades de decantação dos grãos. Quando esses são muito pequenos (silte e argila), a

velocidade de decantação é diretamente proporcional às diferenças de densidades entre a

partícula e o fluido; à esfericidade da partícula; e ao quadrado do diâmetro da partícula; e

inversamente proporcional à viscosidade do fluxo (Lei de Stokes). Quando as partículas

são maiores (areias), as velocidades de decantação são independentes da viscosidade do

fluido; diretamente proporcionais à raiz quadrada do diâmetro da partícula e à diferença

entre as densidades da partícula e do fluido dividida pela densidade do fluido (Lei do

Impacto) (Garcez, 1.960; Daugherty, 1.965; Guerra e Cunha, 1.998).

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55

3.2.2.2 Perfil longitudinal dos rios e equilíbrio fluvial.

O perfil longitudinal de um rio expressa a relação entre seu comprimento e

sua altimetria, que significa o gradiente. O perfil típico é côncavo, com declividades

maiores em direção à nascente, e cursos de água que apresentam tal morfologia são

considerados em equilíbrio, assumido quando há relação de igualdade entre a atuação da

erosão, do transporte e da deposição.

Ainda, a forma do perfil reflete o ajuste do rio a diferentes fatores, com

distintas flutuações (volume e carga da corrente, tamanho e peso dos sedimentos

transportados, declividade, geologia da calha e regime das chuvas, entre outros) e a

propagação das ações erosivas e disposicionais para montante, que tendem a alterar a

declividade e a forma do canal, eliminando as irregularidades da calha. A forma do perfil

do rio procura atingir o equilíbrio entre a carga que entra e a que é transportada,

representado por um perfil côncavo e liso (Guerra e Cunha, 1.998).

3.2.2.3 Influência do homem sobre a geomorfologia fluvial.

Nos últimos três séculos, as atividades humanas têm aumentado a sua

influência sobre as bacias de drenagem e, por conseguinte, sobre os canais constituintes.

Hoje, há grande interesse no homem como agente geomorfológico.

São dois os grupos de mudanças fluviais induzidas pelo homem:

Modificações ocorridas diretamente no canal fluvial para controlar as vazões (para

armazenamento das águas em reservatórios ou desvio das águas) ou para alterar a

forma do canal imposta pelas obras de engenharia, visando a estabilizar as margens,

atenuar os efeitos de enchentes, inundações, erosão ou deposição de material, retificar

o canal e extrair cascalhos. Essas obras alteram a seção transversal, o perfil

longitudinal do rio, o padrão de canal, entre outras modificações.

Mudanças fluviais indiretas que resultam das atividades humanas, realizadas fora da

área dos canais, mas que modificam o comportamento da descarga e da carga sólida do

rio. Tais atividades estendem-se para a bacia hidrográfica e estão ligadas ao uso da

terra, como a remoção da vegetação, desmatamento, emprego de práticas agrícolas

indevidas, construção de prédios e urbanização (Guerra e Cunha, 1.998).

3.2.2.4 Impactos das obras de engenharia no ambiente fluvial.

O aproveitamento das águas fluviais, com o fechamento de um rio para a

formação de reservatório, assim como o aproveitamento da planície de inundação, através

de obras de canalização está associado à geração de uma série de alterações fluviais, em

especial na dinâmica fluvial. Esses impactos no canal fluvial são, na maioria, fenômenos

localizados que ocasionam efeitos em cadeia, com reações muitas vezes irreversíveis

(Guerra e Cunha, 1.998).

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56

3.2.3 Construção de barragens.

Fatores importantes de grande significado ecológico, que mostram uma

mudança progressiva ao longo dos rios são principalmente: velocidade da corrente,

substrato, fluxo de água, temperatura, oxigênio dissolvido e nutrientes inorgânicos; desta

forma, em regiões tropicais como a nossa, diferenças de temperatura dos rios devido à

altitude podem ser significantes.

Em um rio, portanto, o fluxo de água, impõe um determinado sentido e há

um arraste de material orgânico e inorgânico. O rio é parte de um sistema amplo, com

profunda interação com ecossistemas terrestres, dos quais recebe uma parte considerável

de material alóctone.

Qualquer região do rio recebe, portanto, um aporte contínuo de organismos

das porções superiores.

Os rios com grande desenvolvimento de meandros e lagoas costeiras como o

rio Paraíba do Sul, representam um sistema de grande complexidade, o qual pode ser

comparado a um clímax terrestre de florestas tropicais.

Do ponto de vista biológico, nos rios, superpõem-se dois tipos de

comunidades: as do fundo e as das águas livres.

Um rio é portanto, um ecossistema com características de fluxo e

associações de comunidades ao longo desse fluxo extremamente particulares.

A construção de um reservatório no curso de um rio, provoca modificações

consideráveis neste ecossistema, induzindo inclusive, a um novo modelo energético

(Tundisi e Barbosa, 1.981), figura 11.

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57

Figura 11 - Principais alterações introduzidas no ecossistema quando se constrói uma

barragem.

A construção de barragens em vales fluviais rompe a seqüência natural dos

rios em três áreas distintas. Na parte a montante da barragem, o nível de base local é

levantado, alterando a forma do canal e a capacidade de transporte sólido, quando ocorre o

assoreamento na desembocadura e no fundo do vale principal e afluentes. Os impactos

registrados no local não se limitam à área próxima do reservatório e à faixa de inundação,

estendendo-se gradualmente para montante, ao longo dos perfis dos rios. Geram o aumento

no fornecimento de sedimentos para o reservatório, modificando, muitas vezes, o seu

tempo útil e alterando a biota fluvial.

No reservatório, em virtude da mudança da situação lótica (água corrente)

para lêntica (água parada), a atuação dos ventos e ondas nas margens torna-se mais

importante do que o impacto da energia cinética das correntes sobre o fundo.

Desenvolvem-se as margens de abrasão (Thompson, 1.999), cujos declives favorecem a

atuação dos processos gravitacionais, o recuo das margens ou das falésias lacustres e a

formação de praias. Os produtos de abrasão, em conjunto com os sedimentos trazidos pelos

tributários, podem originar feições deposicionais na faixa litoral lacustre, tais como os

depósitos dos desmoronamentos, as praias e os leques lacustres. Os impactos mencionados

aumentam a carga de fundo e de suspensão, provocando o assoreamento do reservatório

com conseqüente redução da vida útil do mesmo.

Sedimento

Alterações em

granulometria

Ciclos de nutrientes

Precipitação e

sedimentação

Trocas com a água

(difusão)

Refletividade

do sedimento

Ventos (modificações na

estrutura térmica)

Superfície da água Trocas gasosas Evapotranspiração

Radiação solar Refletividade da superfície da água

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A terceira área localiza-se a jusante do reservatório, onde o regime do rio

sofre significativas modificações, devidas ao controle artificial das descargas líquidas e de

sedimentos no reservatório. As mudanças ocorridas no regime das águas, neste setor do rio,

acarretam significativos efeitos nos processos do canal, tais como o entalhe do leito, a

erosão nas margens e a deposição a jusante, atingindo longas distâncias (Guerra e Cunha,

1.998).

As principais alterações ecológicas podem ser sintetizadas na figura 12.

São quatro as barragens construídas na região.

A barragem Jaguari foi concluída em 1.973, tem duas turbinas Francis,

potência instalada de 28 MW e reservatório de 69 km2.

A barragem Paraitinga foi concluída em 1.977, pertence ao Complexo

Paraibuna e é uma das mais altas barragens do Brasil, 104 m.

A barragem de Paraibuna foi concluída em 1.978, tem duas turbinas Francis,

potência instalada de 86 MW e reservatório de 159 km2. Integra o Complexo Paraibuna

(Van der Leeden, 1.990).

A barragem de Santa Branca, que faz parte do Complexo de Lajes, foi

construída na década de 1.950, tendo sido usada apenas como regularizadora da vazão do

rio Paraíba do Sul; com a privatização, o antigo projeto de uma usina hidroelétrica tornou-

se realidade com a inauguração em 10 de junho de 1.999 da sua capacidade de geração de

56 MW, o suficiente para abastecer Jacareí (Thompson, 1.999). A Light Energia S/A está

investindo US$ 1 milhão na recuperação de áreas degradadas da barragem durante obras

realizadas por muitos anos. O principal problema é a erosão que ocorre nos morros às

margens da barragem de onde a terra foi retirada para ser utilizada no desvio do percurso

do rio. Para conter o deslizamento de terra, estão sendo utilizadas telas vegetais até que o

replantio esteja garantido (Lara, 1.998 e 1.999).

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59

Figura 12 - Alterações ecológicas com a construção de uma barragem.

3.2.4 Canalização.

A canalização é uma obra de engenharia realizada no sistema fluvial que

envolve a direta modificação da calha do rio e desencadeia consideráveis impactos, no

canal e na planície de inundação. Os diferentes processos de canalização consistem no

alargamento e aprofundamento da calha fluvial, na retificação do canal, na construção de

canais artificiais e de diques, na proteção das margens e na remoção de obstáculos no

canal. O emprego de qualquer desses processos de canalização exige permanente

manutenção da capacidade do canal. Isso envolve dragagem, corte e/ou remoção das

obstruções. Por sua vez, a freqüência da dragagem requerida pelos canais é função do tipo

granulométrico dos sedimentos, o que varia com o ambiente e a taxa de sedimentação.

Canais de leitos arenosos, por apresentarem grande sedimentação, requerem freqüência de

dragagem com intervalos de dez anos ou mais.

Entre as obras de canalização, a retificação dos rios tem como finalidade o

controle das cheias, a drenagem das terras alagadas e a melhoria do canal para a

navegação. A utilização desse tipo de obra de engenharia é ainda controversa, sendo

considerada técnica imprópria, com efeitos prejudiciais ao ambiente. A passagem da draga,

Aumento da superfície e da área de evaporação e evapotranspiração

Alterações

nos

parâmetros

biológicos

Modificações na

refletividade da

superfície

Modificações nas

trocas gasosas

Alterações nos

parâmetros

físico e

químicos

Produção

primária.

Distribuição

de

organismos.

Balanço entre

heterótrofos e

antótrofos.

Penetração de

luz.

Oxigênio

dissolvido.

Condutividade.

PH e

alcalinidade.

Estrutura

térmica.

Tipo de

sedimento.

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60

aprofundando o canal, provoca o abaixamento do nível da base, favorecendo a retomada

erosiva nos afluentes.

Ainda, os impactos geomorfológicos que ocorrem no canal retificado

mudam o padrão de drenagem, reduzindo o comprimento do canal, com a perda dos

meandros; altera a forma do canal (aprofundamento e alargamento), diminui a rugosidade

do leito e aumenta seu gradiente. A jusante do canal retificado verifica-se um aumento da

carga sólida e imediato assoreamento durante a passagem da draga, e a erosão no canal

pelos eventos torrenciais do regime. A erosão dos bancos de areia formados pelos

sedimentos provenientes da passagem da draga, pode aumentar a quantidade de sedimentos

que chega à foz do rio principal, modificando o equilíbrio natural de sedimentação e dando

origem a novas formas deposicionais. Na planície de inundação, o aprofundamento do leito

poderá causar a transformação dos meandros em bacias de decantação, lagos ou pântanos e

a subida relativa do terraço fluvial, em relação ao nível da água.

A restauração e a reparação dos canais são também empregadas para

amenizar os efeitos negativos da canalização. Esse processo consiste na conservação das

árvores, que produzem a estabilização das margens, na minimização das mudanças na

forma do canal, no emprego de técnicas de estabilização das margens e na reconstituição

da morfologia natural da calha do rio. A alternativa de reparar é semelhante à restauração.

Para minimizar os impactos da canalização no ambiente, essa alternativa preconiza dragar

o mínimo do fundo e das margens, exceto onde ocorra assoreamento, e conservar a maioria

das árvores (Guerra e Cunha, 1.998).

Como conseqüência da regularização das vazões do rio Paraíba do Sul, pela

construção dos grandes reservatórios de cabeceira (Van der Leeden, 1.990), e da

retificação de seu leito, através do corte de meandros, foram reduzidas as enchentes e os

conseqüentes riscos de inundação de suas várzeas. A construção de diques marginais,

completaram a proteção das várzeas contra inundações, permitindo seu uso durante todo o

ano.

Recuperados, assim, esses terrenos, que pela sua própria formação

geológica são planos e de alta fertilidade, procurou-se através de polders dar-lhes uma

infra-estrutura que permitisse seu aproveitamento integral através de uma agricultura

intensiva.

Constituem os polders, áreas individualizadas, protegidas contra inundações

através de diques e dotadas de uma rede ou canais de drenagem capazes de coletar o

excesso de água da área, e conduzindo-a a pontos estratégicos, onde casas de bombas

recalcam-na para o rio, mesmo quando seus níveis sejam elevados. Um sistema de

irrigação, além disso, capta a água do rio conduzindo-a através de canais até cada uma das

glebas em quantidades adequadas.

Os critérios para a delimitação das áreas de polders levaram em conta,

principalmente, a relação área protegida e comprimento do dique, além da conveniência

em se manter fora dos polders certos afluentes do rio.

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61

Assim, foi previsto a constituição de 42 polders no total sendo os seguintes

os da área estudada, tabela 10.

“Polder”

Área (ha)

Caçapava n.º 1 912

Caçapava n.º 2 364

Caçapava n.º 3 288

Caçapava n.º 4 840

Eugênio de Melo 236

São José dos Campos n.º 1 830

São José dos Campos n.º 2 1730

São José dos Campos n.º 3 252

São José dos Campos n.º 4 1060

São José dos Campos n.º 5 467

São José dos Campos n.º 6 1340

Jacareí n.º 1 624

Jacareí n.º 2 536

Jacareí n.º 3 614

Jacareí n.º 4 473

Tabela 10- Relação original dos "polders" na área entre Jacareí e Caçapava.

O polder Pinda n.º 1 foi o primeiro polder no País a entrar em operação e

abriga desde 1.957 o campo de pesquisas da Divisão Regional do Vale do Paraíba (ex -

Serviço do Vale do Paraíba), dispunha em 1.983 de 5.100 m de diques de proteção, 6.000

m de canais de irrigação e uma casa de bombas, única, com dois conjuntos moto-bombas

de 50 HP cada, capacitados a drenar 700 l/s ou a irrigar 300 l/s, apenas com a operação de

um jogo de comportas.

3.2.4.1 Influência dos cortes de meandros no processo erosivo do leito

do rio Paraíba do Sul.

O corte de meandro ocasiona o aumento da declividade da linha de energia,

da velocidade média do escoamento, e consequentemente o aumento da capacidade de

transporte sólido do rio. Em conseqüência deste tipo de ação, o leito procura readquirir o

seu equilíbrio natural, que se traduz na diminuição da declividade a níveis compatíveis

com a natureza do rio. Esse fenômeno produz erosão regressiva do leito a montante do

corte, o que pode ser nocivo à segurança de estruturas localizadas nesta região. No caso do

rio Paraíba do Sul, tem-se notícia de estudos anteriores, em que foi feito o

acompanhamento da evolução do leito em algumas regiões de cortes de meandro, e

verificou-se um período de estabilização inferior a cinco anos.

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62

Este fato já evidencia que o afundamento ocorrido nos últimos anos não

deve ser atribuído aos cortes de meandros, pois os últimos cortes foram realizados por

volta do ano de 1.970. Constatou-se que o trecho a jusante de Pindamonhangaba, onde os

cortes são mais antigos e em maior número, o leito não sofreu aprofundamento nos últimos

anos a partir de 1.974. Evidentemente os cortes de meandros, situados a montante de

Pindamonhangaba, que atingem uma extensão bem menor que o trecho a jusante e tem

mais de dez anos de existência não contribuíram significativamente com o processo de

erosão do leito.

Uma outra evidência de que os cortes atingiram o equilíbrio, é o fato de que

as linhas d’água levantadas, apresentam declividades uniformes em grandes extensões,

independentemente da existência ou não de cortes de meandros (DAEE, 1.982).

3.2.5 Zonas geomorfológicas.

Segundo Ross e Moroz (1.997),

“a unidade morfológica denominada Planalto do Médio Vale do Paraíba ... situa-se entre

o Planalto e Serra da Mantiqueira (ao N) e os Planaltos da Bocaina e do

Paraitinga/Paraibuna (ao S).

Nesta unidade predominam formas de relevo denudacionais cujo modelado

constitui-se basicamente em morros baixos com topos convexos (Dc) e também formas

agradacionais (Apf) associadas ao rio Paraíba do Sul. Os padrões de formas semelhantes

são do tipo Dc24, Dc15, Da34, Dc25, com entalhamento dos vales variando entre 20 m a 40

m e dimensão interfluvial entre 250 m a 750 m.

Predominam altimetrias entre 600 e 800 m e as declividades predominantes

são de 20 a 30%.

A litologia desta unidade morfológica é basicamente constituída por

migmatitos e os solos são predominantemente do tipo Latossolo Vermelho-Amarelo.

A drenagem apresenta um padrão dentrítico, adaptado às direções das

estruturas geológicas da área.

Esta unidade apresenta formas de dissecação média, com vales entalhados

e densidade de drenagem média a alta, o que implica, portanto em um nível de fragilidade

potencial médio o que torna a área susceptível a fortes atividades erosivas.

A morfoescultura Depressão do Médio Paraíba pertence a morfoestrutura

Bacia Sedimentar de Taubaté. Localiza-se entre o Planalto e Serra da Mantiqueira (ao S),

o Planalto de Paraitinga/Paraibuna (ao N) e o Planalto do Médio Vale do Paraíba (a L e

O).

Nesta unidade predominam formas de relevo denudacionais cujo modelado

constitui-se basicamente por colinas de topos convexos, cujos tipos de Padrões de Formas

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63

Semelhantes são, Dc12, DC13, Dc14, com vales de entalhamento até 20m de dimensão

interfluvial variando de 250 a 3750 m; e Dc22, Dc34 com vales com entalhamentos

variando de 20 a 80 m e dimensão interfluvial oscilando de 250 a 3750 m. As altimetrias

predominantes são de 600 a 700 m e as vertentes apresentam declividades entre 5 e 20%.

As litologias desta unidade morfológica basicamente constituída por

arenito, folhelhos e argilitos e os solos são do tipo Latossolo Vermelho-Amarelo.

A drenagem apresenta um padrão dendrítico, com o vale principal

adaptado às direções das estruturas geológicas regionais.

Nesta unidade encontra-se ainda a Planície Fluvial do Rio Paraíba do Sul

formada por depósitos alúvio-fluviais recentes” anexo 18.

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64

CAPÍTULO III

4 O CONSTRUBUSINESS E A INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO CIVIL.

4.1 Introdução.

A Comissão da Indústria da Construção da FIESP/CIESP considera que a

contribuição da indústria da construção para a economia brasileira ultrapassa as áreas de

Edificações e Construção Pesada, incluindo também os segmentos de Material de

Construção, Máquinas e Equipamentos e Serviços Diversos.

Nesse cenário mais abrangente, o construbusiness, mostra sua força:

participa com 14,8% do PIB (R$ 128 bilhões em 1.997); realiza investimentos acima de R$

115 bilhões/ano; e gera 13,5 milhões de empregos diretos, indiretos e induzidos (para cada

100 diretos são outros 285 indiretos), colocando-se como o maior setor industrial na

geração de vagas de trabalho. Na relação com outros setores da economia, também

confirma sua vocação de alavanca do desenvolvimento sustentado, com encadeamento de

produção da ordem de R$ 48 bilhões para trás (demanda de insumos de outros setores) e

R$ 5 bilhões para frente (fornecimento de insumos e serviços a outros setores) (Araújo,

1.999).

No Brasil, apenas 10% das estradas são asfaltadas e com pequenas variações

o quadro é semelhante em saneamento básico, energia, portos, aeroportos e só começa a

ser revertido na área de telecomunicações através das recentes privatizações. Na área da

habitação, há mais de uma década prejudicada pela falta de políticas eficientes de

financiamento, o Brasil registra um enorme déficit de, no mínimo, 5,5 milhões de moradias

(Construbusiness, 1.999).

Além de agravar o “custo Brasil”, esses estrangulamentos comprometem

seriamente as nossas perspectivas de crescimento e precisam ser vencidos rapidamente.

As principais contribuições do construbusiness para o desenvolvimento

sustentado estão relacionadas com a oferta de habitações, de infra-estrutura e a geração de

empregos, figura 13.

O custo do metro quadrado de uma construção residencial (padrão H8-2N)

no estado de São Paulo era, em agosto de 1.999 = R$ 536,15/m2.

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65

O desempenho das construtoras paulistas no segundo trimestre de 1.999 tem

refletido a delicada situação econômica do País.

Quanto à areia lavada e quartzosa, a produção brasileira apresentou a

seguinte taxa de variação: Mar. 99 / Fev. 99: 18,68%; o acumulado 12 meses: -19,76%;

Mar. 99 / Mar. 98: 3,77% e o acumulado no ano: -2,50%. A areia média lavada apresentou

em maio/1.999, no estado de São Paulo, o preço médio de R$ 21,23/m3.

O consumo de cimento Portland apresentou o seguinte comportamento:

1.996 = 11.581.000 t; 1.997 = 12.065.000 t e 1.998 = 11.858.000 t (Sinduscon, 1.999).

Figura 13 - As contribuições do construbusiness.

4.2 A importância econômica do Vale do Paraíba.

O Vale do Paraíba está passando por uma nova fase de expansão industrial e

tecnológica, com indícios de uma sólida retomada do seu crescimento econômico para os

próximos anos. Vai entrar no ano 2.000 como a segunda região do interior do Estado em

volume de investimentos privados entre janeiro de 1.995 e julho de 1.999, US$ 9,7 bilhões

(11,77% do total investido no território paulista) e São José dos Campos fecha a década

como a segunda cidade no ranking de investimentos nesse mesmo período com US$ 4,418

bilhões, atrás somente da Capital.

O aporte de recursos permitirá também a criação de 35.000 empregos

diretos e cerca de 104.000 indiretos. As novas oportunidades de emprego vão beneficiar os

39 municípios que compõem o Vale e uma população estimada de 1,8 milhão de pessoas.

Material de Oferta de Construção Habitações Bens de Capital para a Construção Edificações Geração de Empregos Construção Pesada Serviços Oferta de Diversos Infra-estrutura

CONSTRUBUSINESS

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População total recenseada e estimada nos municípios da região em estudo

encontra-se na tabela 11.

Tabela 11 - População da região do estudo.

CIDADE 1970 1975 1980 1985 1990 1991 1992 1993 1994

S. J. Campos 148.500 190.300 287.513 372.578 434.296 442.370 455.773 468.678 480.630

Jacareí 61.379 70.628 115.738 149.061 166.683 163.867 168.129 172.047 175.762

Caçapava 30.710 51.352 64.213 75.152 67.074 68.330 69.363

Total 242.559 456.583 587.837 678.121 692.968 711.048 727.749 Fonte: Censo Oficial: 1970, 1980 e 1991. Censo estimado: 1975, 1985, 1992, 1993 e 1994.

Fundação IBGE (1996) in Amorim, 1998.

A população das 39 cidades do Vale do Paraíba, Litoral Norte e Serra da

Mantiqueira está estimada em 1.880.068 pessoas em 1.999, segundo o IBGE. Assim, São

José dos Campos conta com 515.553 habitantes; Jacareí, com 170.356 e Caçapava, com

69.673 (Oliveira, 1.999; Rocha, 1.999).

4.3 O consumo de agregados na construção civil.

O consumo de agregados de produção mineral está diretamente relacionado

aos setores de construção civil e também às políticas de execução de obras públicas. Pode-

se, portanto, calcular o consumo hipotético da areia.

O consumo de agregados, no caso, areia para construção civil, é sensível às

mudanças na densidade e crescimento demográfico e de renda da população. Esses fatores

podem ter fortes efeitos na previsão da produção a longo prazo. As políticas de incentivo à

construção popular e de redistribuição de renda podem, também, ampliar os níveis de

consumo de agregados.

Para se construir uma casa de 45 m2 de área é necessário aproximadamente

7 m3 de areia. Porém, como a indústria da construção civil brasileira é pouco eficiente em

relação ao aproveitamento dos materiais de construção (as perdas, em peso, ultrapassam os

20%), deve-se considerar o uso de 8,5 m3 de areia para a construção de uma casa popular

(Fabianovicz, 1.998).

A Companhia de Desenvolvimento da Região Metropolitana de Salvador –

CONDER, estabeleceu o consumo por m2 de uma construção média conforme a tabela 12.

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Tabela 12 - Consumo de materiais por metro quadrado de uma construção média.

MATERIAIS UNIDADE CONSUMO/m2

Cimento sacos 1,693

Areia grossa m3 0,276

Arenoso m3 0,199

Cal kg 19,368

Brita m3 0,256

Pedra bruta m3 0,214

Bloco 6 furos milheiro 0,080

Telhas milheiro 0,044

Madeira p/ cobertura m3 0,023

Portas unidade 0,156 Fonte: CONDER (1978) in Hermann, op. cit.

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CAPÍTULO IV

5 O negócio mineração.

5.1 O ambiente econômico.

O Brasil é um dos mais importantes produtores minerais do mundo, embora

em algumas regiões seu potencial ainda seja insuficientemente pesquisado. São extraídas

no País mais de setenta substâncias minerais, em operações conduzidas por cerca de 1.400

empresas. O Brasil possui posição de destaque na produção mundial de mais de uam

dezena de produtos, sendo os principais o ferro, responsável por cerca de 20% do valor da

produção mineral brasileira, que tem oscilado em torno de US$ 12 bilhões anuais

nos últimos três anos.

Outro destaque do setor são os crescentes investimentos verificados na

atividade de prospecção mineral nos últimos anos, após a retirada de entraves ao capital

estrangeiro em 1.995. Com isso o chamado VPM (Valor da Produção Mineral) deverá

crescer significativamente nos próximos anos (Tayra, 1.998).

5.2 Indicadores da produção mineral.

O resultado preliminar da mineração apurado pela Divisão de Economia

Mineral do Departamento Nacional da Produção Mineral, aponta para um VPM de US$

14,6 bilhões para o ano de 1.996, a preços de 1.995.

A presente formulação quanto ao painel das substâncias minerais constitui

uma amostra representativa de 80% do VPM. Das vinte e quatro substâncias minerais

pesquisadas, doze apresentaram elevação no ritmo de expansão em relação ao ano anterior:

caulim, ferro, fluorita, gás natural, gipsita, grafita, nióbio (pirocloro), níquel, petróleo,

potássio, rocha fosfática e zinco, tabela 13.

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Tabela 13 - Produção mineral brasileira - principais bens minerais.

DISCRIMINAÇÃO TONELADAS

1997 (p) 1996

Alumínio (bauxita) 10.800.000 10.855.762

Amianto (fibra) 208.400 213.293

Areia (1) 97.700.000 99.957.974

Caulim 1.280.000 1.057.671

Cobre (2) 39.900 46.203

Cromo (3) 120.000 174.150

Estanho (2) 18.290 19.611

Ferro 187.900.000 174.156.598

Fluorita 78.400 59.040

Gás natural (4) 9.724.722 9.167.428

Gipsita (5) 1.264.500 1.126.106

Grafita 48.900 40.466

Magnesita 290.400 316.695

Manganês 2.400.000 2.476.483

Nióbio (pirocloro) (6) 25.700 19.621

Níquel (7) 18.199 16.432

Ouro (8) 58.000 60.725

Pedra britada (1) 59.214.000 60.567.214

Petróleo (1) 48.831.924 45.605.631

Pirofilita/agalmatolito (5) 160.000 164.707

Potássio (9) 466.900 404.538

Rocha fosfática 4.275.600 3.823.246

Talco (esteatito) 270.000 287.473

Zinco (2) 152.600 117.342 Fonte: DNPM – DEM

Notas: (p) preliminar; (1) m3; (2) em metal contido; (3) em Cr2O3, inclui concentrado e lamp; (4) mil m3; (5) produção em

rum-of-mine; (6) em Nb2O5 contido no concentrado; (7) níquel eletrolítico e níquel contido na liga Fe-Ni; (8) kg; (9) em

KCl.

5.3 A mineração de areia.

5.3.1 As areias.

De modo geral as areias são utilizadas para os mais diversos fins, sendo a

construção civil seu maior consumidor. Nesse segmento, a sua função é aumentar a

resistência `a compressão das argamassas de cal, cimento, entre outros aglomerantes, além

da redução de custo das argamassas. Dentre os usos na construção civil, destacam-se os

seguintes:

Concreto: utilizado para redução das variações volumétricas, devendo ter para isto

grãos que resistam à compressão, à tração, à abrasão e ao impacto.

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Argamassa: de acordo com o tipo de argamassa, a areia pode ter variadas

composições.

Pavimentação: como formador da base do pavimento e do concreto asfáltico, ajuda

na diminuição dos vazios entre os agregados maiores e aumenta a resistência à

abrasão e ao impacto quando da incorporação ao concreto asfáltico.

Outras formas mais difundidas são: fabricação de vidros, cerâmica,

siderúrgicas, filtros domésticos e industriais, drenos, abrasivos, estabilização do solo para

fins vários e óptica. A sua utilização está relacionada com a pureza e a granulometria do

minério (Rossete, 1.996).

Distinguiram-se sete características como influentes na capacidade de carga

ou no ângulo de atrito interno das areias, tabela 14 (Pinto, 1.969).

Tabela 14 - Características das areias.

AREIAS

CARACTERÍSTICAS PROCESSO DE DETERMINAÇÃO

Compacidade

Massa específica

Porosidade

Índice de vazios

Compacidade relativa

Distribuição granulométrica Coeficiente de uniformidade (Hazen)

Coeficiente de distribuição

Tamanho dos grãos

Diâmetro efetivo

Diâmetro máximo

Diâmetro médio

Formato dos grãos

Esfericidade

Angulosidade ou arredondamento

Rugosidade

Resistência dos grãos

Presença de água Umidade

Grau de saturação

Composição mineralógica Identificação mineralógica

5.3.2 Conceituação de areia.

Segundo o dicionário Aurélio:

“Verbete: areia [Do lat. arena.] S. f. Partículas de rochas em desagregação que se

apresentam em grãos mais ou menos finos, nas praias, leito de rios, desertos, etc.”

Segundo a American Society for Testing Materials – ASTM: areia é o

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“material granular que passa pela peneira de 3/8, passa quase inteiramente pela peneira

n.º 4 e fica retido, na sua maior parte, na peneira n.º 200, e é resultante da desagregação

sobre o arenito completamente friável”.

A Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT, através da NTB-

196/1.955, define areia com sendo:

“material natural, com propriedades adequadas e definidas, de dimensão máxima inferior

a 2,0 mm e de dimensão mínima igual ou superior a 0,075 mm”.

A areia natural, portanto, quanto à sua origem, é produto da desagregação

por intemperismo de rochas eruptivas (granito), metamórficas (gnaisse e quartzito) e

sedimentares (arenito), geralmente transportadas pelas águas para as partes mais baixas

(praias, leitos de rios, lagoas e vales), ou que foram alteradas “in situ” pelos agentes

climáticos.

A areia pode ser classificada em função do tamanho dos grãos que a

compõe, tabelas 15 e 16, do formato dos grãos e quanto à sua pureza (Pettijohn, 1.987).

Tabela 15 - Classificação da areia por tipo de peneira.

CLASSIFICAÇÃO

DA AREIA

TIPO DE PENEIRA (mesh)

Muito grossa 12 a 20

Grossa 20 a 40

Média 40 a 70

Fina 70 a 140

Muito fina 140 a 200

Finíssima acima de 200

Tabela 16 - Classificação da areia em função do tamanho dos grãos.

CLASSIFICAÇÃO

DA AREIA

TAMANHO DE GRÃO (mm)

Areia grossa entre 2 e 1,20

Areia média entre 1,20 e 0,42

Areia fina entre 0,42 e 0,075 Fonte: ABNT, 1955.

Esta classificação da ABNT visa apenas definir o uso preponderante futuro

dos diversos tipos de areia: areia fina para acabamento (massa fina); areia média (para

argamassa) e areia grossa para concreto.

A segunda forma de classificar areia leva em consideração o seu formato,

que pode ser redondo, angular ou subangular.

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Estas formas de grãos de areia decorrem inevitavelmente de três coisas:

distância percorrida pelo grão até sua efetiva deposição, a maneira mais ou menos violenta

do seu transporte e a origem do material.

Quanto a pureza, a areia tem como principal elemento o quartzo. Outras

substâncias eventualmente podem ocorrer na sua constituição, tais como: óxidos de ferro

(magnetita e hematita), micas, feldspato, ilmenita, etc. Existem ainda, as areias brutas, que

não foram beneficiadas, e as lavadas, que foram submetidas a processo de tratamento

(Hermann, 1.992).

Quanto à existência de substâncias nocivas, elas não devem exceder os

seguintes limites relativamente ao peso do material: torrões de argila, 3% e material

carbonoso, 1%.

Não devem possuir, também, material pulverulento que passe pela peneira

n.º 200 (0,075 mm de abertura de malha), além de impurezas orgânicas que são detritos de

origem vegetal. O cloreto de sódio, ao contrário do entendimento popular, não é nocivo,

podendo a areia do mar ser empregada sem maiores inconvenientes, com exceção das

alvenarias e revestimentos expostos ao ar, dada a característica higroscópica do sal, que faz

aparecer manchas de umidade nas paredes e muros construídos com esse material.

A areia é elemento essencial para a construção civil; é utilizada como

agregado para concreto, para argamassas e também para pavimentação. Insubstituível, até

agora, na construção civil, como material de enchimento, vê surgir, lentamente,

alternativas (Scharf, 1.999).

A sua eficiência como agregado para concreto está condicionada, entretanto,

à sua uniformidade granulométrica. A falta dessa especificação implica num aumento

significativo de consumo de cimento para preencher os vazios não ocupados pela areia.

A areia, no entanto, pode ser beneficiada para melhorar suas características

e de maneira geral todos os procedimentos de beneficiamento consomem quantidades

reduzidas de energia elétrica: menos de 1,0 kWh/t (3,6 MJ.t-1

) e os investimentos são

relativamente modestos para instalações de classificação hidráulica, lavagem e

peneiramento e razoavelmente altos para processo de cominuição (fragmentação) grossa e

média.

O beneficiamento de areia natural e de rocha britada não apenas pode

reduzir as distâncias de transporte, com a conseqüente redução do consumo de energia,

mas, também, provocar uma redução no consumo de cimento pela otimização dos

parâmetros que incidem sobre este aspecto da dosagem dos concretos. Uma redução de

cimento de 10 kg.m-3

de concreto pronto significa uma redução de custo de no mínimo 1%

quando comparados concretos de igual consistência e resistência mecânica. A eliminação

das partículas de mica, silte, argila e matéria orgânica mediante hidrociclonagem e a

correção adequada da distribuição granulométrica com partículas de forma e textura

superficial apropriada já são suficientes para provocar reduções de 10 a 15 kg de cimento

por metro cúbico (Bucher, 1.986).

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As areias têm inúmeras outras aplicações industriais, dentre as quais

selecionamos (Ferreira, 1.995):

Vidraria – a areia é elemento importante para a elaboração do vidro, pois, constitui 60 a

80% do seu peso. A areia para vidraria deve conter alto teor em sílica, e as mais usadas

são as de praias, devido à sua pureza. As especificações químicas são fundamentais,

tabela 17.

Tabela 17 - Especificações químicas da areia para vidraria.

COMPONENTES TIPO

A B C D

SiO2 (min) 99,5 99,5 99,4 99,0

Al2O3 (máx) 0,20 0,20 0,30 0,50

Fe2O3 (máx) 0,002 0,015 0,03 0,15

TiO2 (máx) 0,02 0,02 0,03 0,05

Ca2O3 (máx) 0,0002 0,0003 0,0005 0,0005

PF (máx) 0,10 0,20 0,20 0,30

Tipo A – vidros especiais (ópticos, oftálmicos, etc.).

Tipo B – vidros brancos de alta qualidade (cristais, frascarias e artigos de mesa).

Tipo C – vidros brancos comuns (embalagem em geral e planos).

Tipo D – vidros coloridos (frascarias, embalagens em geral e vidros planos).

Siderurgia – a areia é utilizada na fabricação do sínter, como fonte de sílica, bem como

na preparação de moldes para produção de lingotes.

Fundição – confecção de moldes para fundição de ferro, aço e outros metais. O segredo

da boa moldagem está nas características da areia utilizada. Normalmente são

utilizadas areias de praia, devido a granulometria fina dos seus grãos.

5.3.3 A areia normal brasileira.

O ensaio de resistência à compressão em argamassa de cimento Portland,

conforme é preconizado na NBR-7215, da ABNT, introduz a utilização de uma areia

padrão cuja origem, características de granulometria e de beneficiamento são fixas.

Esta areia padrão que no Brasil é denominada Areia Normal Brasileira é um

dos constituintes na confecção de corpos de prova cilíndricos de argamassa, com

dimensões de 5 cm de diâmetro por 10 cm de altura, que se destinam à avaliação de

resistência à compressão, após cura em câmara úmida, nas idades de 3, 7 e 28 dias. O

ensaio de resistência à compressão axial é efetuado com o rompimento dos corpos de prova

cilíndricos em prensa com dinamômetro de precisão.

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De acordo com a NBR-5732, da ABNT, há uma série de exigências

químicas e físicas, entre as quais o resultado do ensaio de resistência à compressão, que

levam à classificação dos cimentos Portland produzidos no Brasil em três classes: 25, 32 e

40.

Há necessidade de um padrão tecnologicamente preciso, tendo em vista que

ele se constituirá num fator decisivo na classificação dos cimentos nacionais, com

implicações técnicas e econômicas profundas na construção civil.

A norma NBR-7214, da ABNT, define areia normal como sendo o material

quartzoso extraído do rio Tietê, na região do município de São Paulo em direção à

nascente, produzido e fornecido pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São

Paulo e que satisfaz às exigências da citada norma. As frações granulométricas são

definidas de acordo com a tabela 18 a seguir.

Tabela 18 - Frações granulométricas da areia normal brasileira.

MATERIAL RETIDO ENTRE AS PENEIRAS (mm) DENOMINAÇÃO

2,4 e 1,2 Grossa

1,2 e 0,6 Média grossa

0,6 e 0,3 Média fina

0,3 e 0,15 Fina

As peneiras empregadas na seleção granulométrica são de malha quadrada e

devem obedecer às características fixadas pelo método NBR-5734, da ABNT (Sbrighi

Neto e Marques, 1.991).

5.4 A engenharia mineral.

A mineração compreende a pesquisa, o desenvolvimento e a lavra, bem

como o transporte, manuseio, beneficiamento e toda infra-estrutura necessária a essas

operações, excluindo-se os processos de metalurgia e transformação. Estas atividades tem

como finalidade última, o aproveitamento dos recursos minerais de forma econômica.

O artigo 14 do Código de Mineração (Decreto-lei n.º 227, de 28.02.1.967,

alterado pelo Decreto-lei n.º 318, de 14.03.1.967) estabelece que:

“entende-se por pesquisa mineral a execução dos trabalhos necessários à definição da

jazida, sua avaliação e a determinação da exequibilidade do seu aproveitamento

econômico”.

Desenvolvimento é a etapa onde são definidos os métodos e processos de

engenharia mineral a partir dos ensaios de lavra e beneficiamento do minério (Rossete,

1.996).

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Na lavra acontece a abertura da mina e a exploração do minério. Para o

Código de Mineração, art. 36, temos:

“entende-se por lavra, o conjunto de operações coordenadas objetivando o

aproveitamento industrial da jazida, desde a extração de substâncias minerais úteis que

contiver, até o beneficiamento das mesmas”.

Quanto a geração de empregos, um levantamento do Banco Nacional de

Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) mostra que a indústria de automóveis,

caminhões e ônibus gera dois empregos diretos e 16 indiretos para cada R$ 1,0 milhão a

mais produzido, enquanto para a extração mineral os números são 18 diretos e 17 indiretos

(Háfez e Stock, 1.999).

5.4.1 Características do setor mineral de areia.

O setor mineral de areia apresenta características próprias que o diferenciam

de outros setores produtivos, especialmente a cava que é uma atividade superficial

(Detwyler). Segundo esta caracterização, relativa à extração de insumos minerais utilizados

diretamente na construção civil, podemos destacar na tabela 19:

Tabela 19 - Características do setor mineral de areia.

CARACTERÍSTICA DESCRIÇÃO

Exauribilidade

Os bens minerais se esgotam com a produção, por isso

os recursos minerais são considerados recursos

naturais não renováveis.

Rigidez locacional

As substâncias minerais encontram-se onde as

condicionantes físicas, químicas e geológicas

permitiram sua formação.

Monitoramento ambiental

A mineração é uma atividade essencialmente

modificadora do meio ambiente; assim, necessita de

um acompanhamento sistemático.

Porte As empresas extratoras de agregados são em grande

número de pequenas operadoras.

Capital

A ordem e magnitude de capital gasto e de risco é

muitas vezes menor para uma extratora de agregados

em relação às outras atividades de mineração.

Mercado O mercado para agregados é geralmente local.

Abundância relativa

Devido a sua ampla distribuição geográfica, muitos

acreditam que é possível encontrar agregados em

qualquer lugar, o que nem sempre é verdadeiro.

Baixo índice de rejeitos Nas atividades de extração de agregados o volume de

rejeito é pequeno, com índices inferiores a 5%.

Simplicidade de lavra e

beneficiamento

Principalmente nos casos da areia, com poucas

operações de lavra e equipamentos, é possível

conseguir a explotação do material. Fonte: Fabianovicz, 1998.

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O IPT – Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo S/A,

em trabalho publicado em 1.987, relacionou e conceituou os principais impactos causados

pela mineração e que podem ser agrupados da seguinte maneira:

Impactos modificadores da evolução natural da superfície:

Erosão.

Assoreamento.

Instabilidade de taludes, encostas e terrenos em geral.

Mobilização de terra.

Modificação dos regimes hídricos, principalmente das águas subterrâneas.

Impactos sobre a fauna.

Impactos sobre a flora.

Poluição das águas superficiais e subterrâneas.

Alteração das qualidades do solo agrícola e geotécnico.

Poluição do ar.

Poluição sonora.

Poluição visual.

Conflito com outras formas de uso e ocupação do solo.

Comprometimentos sociais e culturais.

(Anexo 3).

5.4.2 O processo de lavra em leito de rios.

A areia depositada no canal principal do rio é dragada por sucção. O

produto dessa sucção é transferido diretamente para a margem do rio ou para outra barca

que transporta a areia até as margens do rio, onde, por meio de um fundo falso despeja o

material, realizando aí a primeira lavagem. Depois a areia é novamente dragada e levada

para uma segunda lavagem ou transportada para os silos ou separadores. As porções finas

são, na sua maior parte, separadas na primeira lavagem e o resto na segunda.

O processo de lavra em cava seca.

A areia que ocorre em bancos é desmontada hidraulicamente e levada em

canaletas para uma bacia de concentração. Esse percurso serve para separar as porções

grossas das finas. Nessa bacia de decantação, a areia é separada gravimétricamente e

dragada por sucção para uma outra bacia onde se processa a lavagem secundária; em

seguida é dragada para os separadores onde passa por um peneiramento preliminar.

O processo de lavra em solo de alteração.

Esse tipo de lavra aproveita a camada de rocha alterada do embasamento

(granitos, gnaisses, migmáticos e quartzitos). Também é feita por desmonte hidráulico,

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77

acumulando a areia num tanque, de onde é bombeada para o tanque secundário, e depois

transportada até os silos.

5.5 Localização de jazidas de areia.

Algumas regras (Pichler, 1951) são tão úteis que merecem ser transcritas no

anexo 4.

A areia proveniente de jazida localizada em Jacareí, SP., é constituída

predominantemente de quartzo. Suas características físicas atendem aos limites

especificados na NBR-7211/1.983, da ABNT, sendo por ela classificada

granulométricamente como areia média (zona 3). Tem massa unitária no estado solto de

1.510 kg/m3

e massa específica, determinada no frasco de Chapman, de 2.600 kg/m3. No

ensaio petrográfico, NBR-7289/1.982, da ABNT, é considerada como agregado miúdo

adequado ao uso em concreto (Helene, 1.986), anexos 25 e 26.

5.6 Aspectos legais e institucionais.

5.6.1 Aspectos institucionais.

Na década de 1.980, toma corpo no País a legislação ambiental sintonizada

com a tendência mundial de conciliar atividades empresariais e preservação do meio

ambiente.

Nessa época o movimento ambientalista internacional já era muito intenso e

as empresas dos setores mais vulneráveis, nos países chamados desenvolvidos, buscavam

soluções conjuntas, com bons resultados para suas pendências.

A Constituição Brasileira de 1.988 confirmou a tendência à maior

regulamentação ambiental para o funcionamento das empresas, seguida também pelos

estados e Distrito Federal. A partir daí, passou a existir instrumento jurídico para qualquer

cidadão brasileiro interferir nos processos de degradação ambiental.

As atividades empresariais podem ser classificadas em função de

oferecerem potencial poluidor. A classificação utilizada é baseada na estabelecida pelo

IBGE e leva em conta as características de processo e do tipo de utilização de matéria

prima, energia, etc..

A legislação ambiental brasileira, embora faça referência, não contempla de

forma precisa e específica a prevenção e o controle de alterações do meio ambiente

relacionadas com atividades de mineração.

As especificidades inerentes às relações entre mineração e meio ambiente,

em especial quanto aos impactos ambientais decorrentes, estão a requerer tratamento

próprio no quadro das legislações ambiental e mineral brasileiras, como verificado em

outros países face à dimensão e à importância dos problemas associados, de modo a

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78

orientar o desenvolvimento das atividades da mineração de forma compatível à proteção

ambiental.

A extração de areia, em classificação baseada no documento “Classificação

de Atividades Poluidoras (MN-050.R1), de 1.992, da Fundação Estadual de Engenharia do

Meio Ambiente – FEEMA/RJ, encontra-se na tabela 20.

Tabela 20 - Classificação da atividade mineração de areia como poluidora pela

FEEMA/RJ.

EXTRAÇÃO E TRATAMENTO DE MINERAIS

Extr

ação

à c

éu

aber

to s

em

ben

efic

iam

ento

Material Porte Potencial

poluidor Pequeno Médio Grande

Areia/cascalho/

aluvião

Área

avanço

(m2/ano)

500 500 a

30.000 30.000 médio

Areia/saibro/terra Área total

(ha) 2 2 a 6 6 a 20 médio

A atividade de mineração, do ponto de vista institucional, é um setor

bastante interessante, pois é regido principalmente por legislação federal, ocorre

geralmente em território local e implica em ações de fiscalização e controle principalmente

no âmbito estadual.

Na esfera federal os principais órgãos relacionados com a questão mineral

são: o Ministério de Minas e Energia (MME) e o Departamento Nacional da Produção

Mineral (DNPM). O MME é responsável pela política de recursos minerais e energéticos

no país, estabelecendo diretrizes e elaborando planos plurianuais de mineração; o DNPM é

o órgão responsável pela execução das normas previstas no Código de Mineração e tem a

finalidade de fiscalizar as atividades relativas à mineração, à indústria e ao consumo de

matérias primas minerais (Decreto-Lei n.º 62.934/68); além de promover o planejamento e

fomento da exploração e do aproveitamento dos recursos minerais e superintender as

pesquisas geológicas, minerais e de tecnologia mineral (Lei n.º 8.876/94).

O Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis

(IBAMA), vinculado ao Ministério do Meio Ambiente, dos Recursos Hídricos e da

Amazônia Legal (MMA), é o responsável pela fixação de parâmetros básicos que devem

constar nos Estudos de Impacto Ambiental (EIA) e dos seus respectivos Relatórios de

Impacto Ambiental (RIMA); além de ser o responsável pelo licenciamento para atividades

em áreas de preservação permanente e para desmate.

O MMA, ao fazer um estudo sobre a relação entre a extração de bens

minerais de uso social e o meio ambiente, visitou os principais centros produtores e

verificou que, na maioria dos casos, existe um grande número de órgãos envolvidos no

processo de licenciamento e, muitas vezes, cada órgão apresenta diferentes exigências em

relação à documentação.

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79

Os órgãos estaduais relacionados direta ou indiretamente com a atividade

mineral nos principais centros produtores de bens minerais de uso social no Brasil, seguem

a seguir:

Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (CETESB): órgão que recebe a

documentação necessária para o licenciamento ambiental e analisa o Plano de Controle

Ambiental (PCA) quando o projeto não necessita de Estudo de Impacto Ambiental e do

respectivo Relatório de Impacto Ambiental (EIA/RIMA).

Secretaria do Meio Ambiente: avalia a dispensa do EIA/RIMA.

Departamento de Meio Ambiente da Secretaria do Meio Ambiente: analisa o

EIA/RIMA.

Conselho Estadual de Meio Ambiente (CONSEMA): aprova o EIA/RIMA.

Departamento Estadual de Proteção de Recursos Naturais (DEPRN): responsável pela

licença para desmate de áreas que não são de preservação permanente.

Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do

Estado de São Paulo (CONDEPAHAAT): licença para áreas protegidas pelo

patrimônio histórico.

Prefeitura Municipal: responsável pela outorga do licenciamento ambiental municipal

(porém este instrumento é questionado judicialmente).

No município de São José dos Campos existem vários conflitos entre a

atividade mineradora e outras formas de uso e ocupação do solo urbano. Estes conflitos

envolvem os mineradores em disputas com seus moradores vizinhos e com a

regulamentação das áreas de proteção ambiental.

A areia consumida na Região Metropolitana de São Paulo é, em grande

parte, proveniente do Vale do Paraíba, do sul de Minas Gerais e do Vale do Ribeira, locais

que distam mais de 100 km de São Paulo. Diante deste fato, o Governo de Estado de São

Paulo resolveu adotar um projeto de beneficiamento da areia depositada no rio Tietê, cujo

material corresponderia de 5 a 8% do total consumido na região.

A exploração econômica mineral no município de São José dos Campos está

baseada principalmente na extração de areia do rio Paraíba do Sul, e em menor escala pelo

sistema de cavas nos terrenos aluviais (várzea), bem como na extração de turfa para

produção de condicionantes de solos para agricultura, brita e cascalhos para conservação

de estradas, e argila para produção de tijolos.

A significativa importância da extração de areia na região,

comparativamente aos outros minerais, deve-se ao fato da disponibilidade de grandes

quantidades de jazidas e da proximidade da região com o centro consumidor da Grande

São Paulo e do próprio município de São José dos Campos.

A exploração de areia deu-se sem critérios de proteção às áreas marginais

aos rios e de recuperação de áreas já exploradas, promovendo ao longo dos anos sérios

problemas de degradação ambiental e conflitos com o meio ambiente urbano, devido a

solapamento de pilares de pontes, deterioração do pavimento asfáltico e acidentes de

trânsito resultante do tráfego intenso de caminhões com sobrecarga de areia.

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80

Diante destes problemas e das constantes reclamações da comunidade, o

Poder Público Municipal normatizou a instalação das atividades minerárias classe 2 (areia,

argila e cascalho) no município, através das Lei Municipal n.º 3.666/89 e Lei Municipal

3.667/89, anexo 1. Esta legislação estabeleceu normas ambientais e urbanísticas para

exploração desses minerais, objetivando exercer maior controle sobre os mesmos. Vale

mencionar o Plano de Exploração e Controle, Plano de Recuperação de Área Degradada,

EIA-RIMA ou Relatório de Controle Ambiental aprovado na Secretaria de Estado de Meio

Ambiente, Licença da CETESB e Registro da Licença no DNPM. O objetivo principal era

exercer um controle sobre a exploração de areia, uma vez que a produção dos outros

minerais não era significativa.

Com o advento das citadas leis, as mineradoras de areia com Inscrição

Municipal e interessadas em manter suas atividades no município, foram obrigadas a

atender a nova legislação, regularizando sua situação nos órgãos federais e estaduais

competentes. Entretanto, desde a publicação da referida Lei, até a presente data, os Estudos

de Impacto Ambiental, Relatórios de Impacto Ambiental e os Planos de Recuperação de

Áreas Degradadas submetidos a apreciação da Secretaria de Estado de Meio Ambiente,

não obtiveram nenhum comentário oficial referente a aprovação ou não do referido órgão.

Decorrência deste fato é que os respectivos empreendimentos funcionaram de 1.990 a

1.992, irregularmente (sem licença), sem um controle fiscalizador rígido e sem adotar

medidas concretas de recuperação da área degradada.

No ano de 1.993, a Secretaria Municipal de Planejamento e Meio Ambiente,

ciente dos problemas ambientais decorrentes da extração de areia, e das dificuldades de

aprovação dos EIA/RIMA e dos PRAD (Plano de Recuperação de Áreas Degradadas) nos

trâmites legais, em razão da morosidade do Estado, reuniu os mineradores e estabeleceu

critérios para extração de areia no município. Dentro do discutido, estabeleceu-se que as

empresas que estavam com os documentos protocolados na Secretaria de Estado de Meio

Ambiente, continuariam desenvolvendo suas atividades no município, desde que

adotassem as diretrizes operacionais para extração de areia estabelecidas no Documento do

CONSEMA (Conselho Estadual de Meio Ambiente), e implantassem o Plano de

Recuperação de Áreas Degradadas. Ressalta-se que não foi expedida ou renovada a

Licença Específica de Funcionamento, apenas estabeleceu-se um critério do município

para a mineração, com intuito de obter um ganho ambiental.

Como resultante deste fato, temos que das doze empresas que atuavam no

município, apenas nove continuaram exercendo a atividade areeira, sendo quatro

realizando extração em leito de rio, e uma com extração por método de cava. Estas

empresas de maneira geral, estão cumprindo as determinações da Prefeitura, sendo que

iniciaram recuperação das referidas áreas anteriormente degradadas, através da

recomposição vegetal, e estão sendo fiscalizadas regularmente pelos órgãos públicos.

Com relação à implantação de novos empreendimentos no município,

ressalta-se que a Lei Orgânica vedou a possibilidade de realizar a extração de areia por

método de cavas nas várzeas do rio Paraíba do Sul, e o Plano Diretor, que incorporou como

área urbana todo o trecho do rio Paraíba do Sul que atravessa São José dos Campos,

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81

inviabilizou, em razão dos dispositivos da legislação minerária, a extração de areia no rio,

podendo esta ser realizada excepcionalmente no caso de obras de desassoreamento.

Diante de todo este contexto e em resposta às cobranças das instituições

públicas e privadas, e, principalmente das entidades ambientalistas e da própria Associação

dos Extratores de Areia do Vale do Paraíba, a Secretaria Estadual do Meio Ambiente

instituiu através da Resolução SMA-32, de 04/07/1.995, um Grupo de Trabalho junto ao

Gabinete do então Secretário Fábio Feldman, a fim de estudar e propor diretrizes para

disciplinar e licenciar as atividades na bacia de drenagem do rio Paraíba do Sul. Este grupo

de trabalho foi constituído por representantes de órgãos da SMA (CPLA, DEPRN, DAIA,

CETESB, IG), da Polícia Florestal e do CODIVAP, órgão pelo qual as Prefeituras de São

José dos Campos, Jacareí e Pindamonhangaba, representaram as Prefeituras do Vale do

Paraíba em seu trecho paulista.

Como resultado das primeiras ações, foram criadas duas frentes de trabalho,

sendo uma denominada Regularização/Recuperação Ambiental, tendo como principais

ações o licenciamento, a fiscalização e a recuperação das atividades já instaladas, e a outra

denominada Planejamento, responsável pela elaboração de um zoneamento minerário para

o Vale do Paraíba, a partir da sistematização de dados sobre o potencial mineral, uso do

solo e outras variáveis ambientais.

A frente de regularização definiu critérios técnicos operacionais para

extração de areia de leito de rio, cava e desmonte hidráulico, e para recuperação de áreas

degradadas. Estes critérios foram submetidos a apreciação do CONSEMA, que após

deliberação, resultou na Resolução SMA n.º 42, de 16/09/1.996, específica para o

licenciamento ambiental de empreendimentos minerários na Bacia Hidrográfica do Rio

Paraíba do Sul. A partir daí, a SMA através da CETESB e do DEPRN vem realizando

vistorias periódicas no Vale do Paraíba, visando a adequação dos empreendimentos às

normas da Resolução n.º 42, para expedição da licença ambiental.

A frente de planejamento, através do Instituto Geológico realizou pesquisas

e levantamentos técnicos para definição do potencial mineral de areia, fundamentais para o

estabelecimento do zoneamento minerário, bem como, contatou as diversas Prefeituras no

intuito de levantar as leis de uso do solo e os interesses específicos de cada município. Em

novembro de 1.998, a SMA apresentou à público a proposta de disciplinamento e

zoneamento de atividades de extração de areia, que foi devidamente aprovado pelo

CONSEMA, através da Deliberação CONSEMA n.º 28, de 15/12/1.998. Vale ressaltar que

durante todo o processo de aprovação do Zoneamento Minerário para Extração de Areia no

Vale do Rio Paraíba do Sul, trecho Jacareí-Pindamonhangaba, ocorreram várias críticas

das entidades ambientalistas, relacionadas a ausência de critérios mais específicos quanto a

porte e números de frentes de lavra, escalas de produção, recuperação ambiental e

principalmente uso das áreas, bem como algumas críticas de empresários de outros bens

minerais, que não foram contemplados no presente zoneamento, e críticas de alguns

municípios à atividade areeira, que embora seja economicamente rentável para os agentes

privados e a areia de suma importância para o desenvolvimento econômico e social da

região, sua exploração não tem constituído benefício para o município, uma vez que o

imposto recolhido é pouco significativo em relação aos danos e incômodos causados ao

ambiente rural e urbano.

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82

Conforme já citado, a Lei Orgânica do Município de São José dos Campos,

através do seu ART. 259, inviabilizou a atividade minerária nas várzeas do rio Paraíba do

Sul, ao estabelecer para esses terrenos, o uso exclusivo à agricultura. Este fato propiciou à

São José dos Campos, comparativamente aos outros municípios da bacia do rio Paraíba do

Sul, que exercem intensamente a exploração minerária desses terrenos, um grande estoque

de minerais, porém não garantiu o efetivo uso agrícola das várzeas, pois, em decorrência

da intensa urbanização, as várzeas ficaram contíguas à malha urbana - anexo 25 - vindo a

sofrer inúmeros processos de degradação que enfraqueceram o cultivo agrícola, dentre

eles, os freqüentes roubos à propriedades rurais e a alta poluição dos recursos hídricos,

principalmente dos córregos que atravessam a várzea, cujas águas eram utilizadas na

irrigação das culturas e atualmente servem como veículos de disseminação de doenças,

fato que acarreta a utilização cada vez maior de agrotóxicos e outros insumos e

consequentemente o aumento do custo final de produção; fatores estes, que associados às

políticas agrícolas contribuíram para uma grande retração de áreas de plantio e

descapitalização dos produtores rurais, o que vem inviabilizando economicamente o

cultivo das várzeas, resultando em extensas áreas ociosas no Município, com ocorrência de

parcelamento clandestino.

Já a extração de areia no leito do rio Paraíba do Sul, foi inviabilizada pelo

Plano Diretor de São José dos Campos (Lei Complementar n.º 121/95), que ao incorporar

suas várzeas no perímetro urbano, impediu em decorrência de dispositivos legais da Lei

Municipal n.º 3.666/89, o exercício da atividade.

Para equacionar o problema, o Plano Diretor, que ressalta a importância dos

minerais como matéria prima básica para a urbanização das cidades, previu em seu Art. 10

a necessidade de estabelecer uma política minerária de caráter regional, que contemple a

identificação do potencial mineral do município, sua compatibilização em relação às

demais atividades urbanas e rurais, objetivando estabelecer um zoneamento mineral para

São José dos Campos. O referido zoneamento não foi desenvolvido até o momento, porque

a Secretaria de Planejamento e Meio Ambiente, além da necessidade de uma consultoria

especializada para a realização dos trabalhos, aguardava a definição do Zoneamento

Minerário do Estado, recentemente aprovado pelo CONSEMA. No decorrer deste tempo, o

advento da Lei Complementar n.º 165/97, de Uso e Ocupação do Solo, que não

contemplou a atividade minerária no solo do município, impediu a exploração de novos

empreendimentos minerais em São José dos Campos.

Diante de toda esta situação, os empreendedores do setor, com aval do

Zoneamento do Estado, vem pleiteando e cobrando da Administração Pública Municipal,

uma solução para o impasse legal em que se encontra a atividade minerária no Município.

A Secretaria de Planejamento e Meio Ambiente, ciente da necessidade de regulamentar o

Plano Diretor, e disciplinar a atividade minerária no município, contatou o IPT (Instituto

de Pesquisas Tecnológicas), que já desenvolveu para a municipalidade a Carta Geotécnica

de São José dos Campos, para subsidiar tecnicamente o desenvolvimento dos trabalhos,

para posterior readequação da legislação municipal joseense (Paula Jr.).

Em Jacareí, por sua vez, surge em 1.981 a Lei n.º 2.030, regularizando a

extração mineral no município, obrigando o proprietário a recompor a cava de extração.

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83

Entretanto, esta obrigatoriedade, sob o ponto de vista técnico/econômico, foi considerada

inviável pelos empresários, porque para se recompor, por aterramento, uma cava, seria

necessário tirar terra de outro local, causando outro impacto ambiental. Para agravar ainda

mais, não houve uma fiscalização e a extração continuou da mesma forma. Em 1.989 a

administração municipal manteve reuniões com os empresários da área de mineração a fim

de criar uma legislação coerente à atividade, esclarecendo-se a obrigatoriedade de

apresentação de EIA-RIMA. Finalmente aos 29 de agosto de 1.990, promulga-se a “Lei da

Areia”, n.º 2.811.

Em Caçapava estão em vigor as Leis Complementares n.º s 16, 25, 27 e 45.

5.6.2 Legislação na esfera federal.

No Brasil a maioria das leis que regem a atividade mineral é de âmbito

federal.

A Constituição Federal (CF) de 05.10.1.988, com relação ao ordenamento

jurídico do setor mineral e ao escopo deste trabalho, enfatiza os seguintes aspectos:

Os recursos minerais são bens da União, Art. 20, IX.

A participação no resultado da exploração de recursos minerais em favor dos

Estados, Distrito Federal e Municípios em seus territórios, Art. 20, §1.

Compete à União legislar sobre os recursos minerais, Art. 22 – XII, sendo de

competência comum entre União, Estado e Município registrar, acompanhar e

fiscalizar a concessão de direito de pesquisa e explotação de recursos minerais, nos

respectivos territórios, Art. 23-IX.

Compete à União, Estados e Municípios legislar concorrentemente sobre a defesa do

solo, conservação da natureza e recursos minerais, proteção do meio ambiente e

controle da poluição, Art. 24-VI.

Compete à União autorizar ou conceder a pesquisa e a lavra de recursos minerais,

Art. 176, §1, assegurando ao proprietário do solo a participação nos resultados da

lavra, Art. 176, § 2.

As atividades de mineração são regidas pelo Decreto-Lei n.º 227, de

28.02.1.967 - alterado pela Lei Federal n.º 6.403, de 15.12.1.976, Diário Oficial da União

(DOU) de 16.12.1.976; pela Lei Federal n.º 7.085, de 21.12.1.988, DOU de 22.12.1.982;

pela Lei Federal n.º 7.805, de 18.07.1.989, DOU de 20.07.1.989; Lei Federal n.º 7.886, de

20.11.1.989, DOU de 21.11.1.989;Lei Federal n.º 8.901, de 30.06.1.994, DOU de

01.07.1.994; recentemente pela Lei Federal n.º 9.314, de 14.11.1.996, DOU de 18.11.1.996

- denominado Código de Mineração (CM), o qual é regulamentado pelo Decreto n.º

62.934, de 02.07.1.968, Decreto n.º 66.404, de 1º de abril de 1.970, Decreto n.º 88.814 de

04.10.1.983, Decreto n.º 95.002, de 05.10.1.987 e por legislações posteriores.

Conforme o seu Art. 2º, os recursos minerais no Brasil são explotados de

acordo com um dos seguintes regimes jurídicos, tabela 21.

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84

A Portaria n.º 148, de 27.10.1.980, estabelece que o registro de licença será

dirigido ao Diretor Geral do DNPM.

A fiscalização nas proximidades das margens dos cursos d’água está

regulamentada pela PORTOMARINST n.º 31-01-A.

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85

Tabela 21 - Regimes legais de aproveitamento de recursos minerais de utilização

imediata na construção civil, seus principais aspectos e legislações básicas.

PIC

OS

AUTORIZAÇÃO DE

PESQUISA

CONCESSÃO DE

LAVRA LICENCIAMENTO

Tit

ula

res

Brasileiro, pessoa natural,

firma individual ou

empresa legalmente

habilitada, mediante

requerimento (CM. Art.

15; Lei 9.314/96, Art. 1º)

Brasileiro, pessoa natural,

firma individual ou

empresa legalmente

habilitada, mediante

requerimento (CM. Art.

15; Lei 9.314/96, Art. 1º)

Proprietário do solo ou

quem dele tiver

autorização (Lei

6.567/78, Art. 2º)

Au

tori

dad

e

con

ced

ente

Diretor Geral do DNPM

(CM, Art. 2º; II, Lei

9.314/96, Art. 1º)

Ministro de Estado de

Minas e Energia (CM,

Art. 2º, I; Lei 9.314/96,

Art. 1º)

Autoridade Local e

Registro no DNPM (CM,

Art. 2º, III; Lei

93.124/96, Art. 1º, Lei

6.567/78, Art. 3º)

Du

raçã

o

Prazo de 2 anos (Portaria

DNPM n.º 16/97, III),

com possibilidade de

prorrogação (CM, Art.

22, III; Lei 9.314/96, Art.

1º)

Indeterminado Variável em função das

diretrizes municipais.

Su

bst

ân

cias

min

erais

Todos os minerais exceto

os garimpáveis e os

trabalhos de

movimentação de terra e

de desmonte de materiais

“in natura” que tem por

objetivo abertura de vias

de transporte e obras de

terraplanagem e

edificações (CM, Art. 3º,

Lei 8.982/95, Art. 1º)

Todos os minerais exceto

os garimpáveis e os

trabalhos de

movimentação de terra e

de desmonte de materiais

“in natura” que tem por

objetivo abertura de vias

de transporte e obras de

terraplanagem e

edificações (CM, Art. 3º,

Lei 8.982/95, Art. 1º)

Minerais com utilização

imediata na construção

civil; argilas usadas no

fabrico de cerâmica

vermelha e o calcário

empregado como

corretivo de solo (Lei

6.567/78, Art. 1º; Lei

8.982/95, Art. 1º)

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86

Continuação T

ÓP

ICO

S

AUTORIZAÇÃO DE

PESQUISA

CONCESSÃO DE

LAVRA LICENCIAMENTO

Tít

ulo

Alvará de autorização de

pesquisa (CM, Art. 7º;

Lei 9.314/96, Art. 1º)

Portaria de Concessão de

Lavra (CM, Art. 7º; Lei

9.314/96, Art. 1º)

Registro de Licença (Lei

6.567/78, Art. 6º)

Áre

a

ab

ran

gid

a

por

req

uer

ente

Até 50 hectares

(Portaria DNPM n.º

16/97, I,2)

Variável, respeitada a

área de pesquisa

(CM, Art. 37, II)

Até 50 ha

(Lei 6567/78, Art. 5º)

Dir

eito

s d

o p

rop

riet

ári

o d

o s

olo

Renda pela ocupação

efetiva do terreno a

quem esteja na superfície

do imóvel, e uma

indenização pelos danos

e prejuízos que possam

ser causados (CM, Art.

27)

Renda pela ocupação

efetiva do terreno a

quem esteja na superfície

do imóvel, e uma

indenização pelos danos

e prejuízos que possam

ser causados (CM, Art.

27).

Pagamento referente à

participação do

proprietário do solo nos

resultados da lavra (CM,

Art. 7º; Lei 9.314/96,

Art. 1º).

Renda pela ocupação

efetiva do terreno a

quem esteja na superfície

do imóvel, e uma

indenização pelos danos

e prejuízos que possam

ser causados, na hipótese

de ser um terceiro o

titular do licenciamento

(CM, Art. 27; Lei

6.567/78, Art. 11).

Pagamento referente à

participação do

proprietário do solo nos

resultados da lavra (CM,

Art. 7º; Lei 9314/96, Art.

1º).

Pen

ali

dad

es

Advertência; multa;

caducidade; anulação do

alvará (CM, Art. 63, 64,

65 e 66).

A extração do produto

mineral sem autorização

expressa, constitui crime

contra o patrimônio,

sujeito o infrator à pena

de prisão (até cinco

anos) e multa (Lei n.º

8.176/90, Art. 2º).

Advertência; multa;

caducidade; anulação do

alvará (CM, Art. 63, 64,

65 e 66).

A extração do produto

mineral sem autorização

expressa, constitui crime

contra o patrimônio,

sujeito o infrator à pena

de prisão (até cinco

anos) e multa (Lei n.º

8.176/90, Art. 2º).

Advertência; multa;

caducidade; anulação do

alvará (CM, Art. 63, 64,

65 e 66).

A extração do produto

mineral sem autorização

expressa, constitui crime

contra o patrimônio,

sujeito o infrator à pena

de prisão (até cinco

anos) e multa (Lei n.º

8.176/90, Art. 2º). Fonte: Fabianovicz, 1998.

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87

A outorga é o ato pelo qual a autoridade competente autoriza, concede ou

licencia, para determinado usuário, o direito de uso ou interferência no recurso hídrico e/ou

mineral (Silva, 1.999).

Existem, também, as exigências legais relacionadas ao meio ambiente,

tabela 22.

Tabela 22 - Exigências legais relacionadas ao meio ambiente.

TÓPICO LEGISLAÇÃO

Proteção ao meio ambiente CF, Art. 225, VII; Lei 4771/65, Art. 2º, I, II, II, Art.

3º, Art. 26; Lei 6.902/81, Art. 7º.

Estudo prévio de impacto

ambiental

CF, Art. 225, IV; Lei 6.938/81, Art. 10; Resolução

CONAMA 001/86, Art. 2º e 3º; Resolução

CONAMA 009 e 010/90.

Obrigatoriedade de recuperação CF, Art. 225, § 2º; Lei 6.938/81, Art. 14, IV; Dec.

97.632/88, Art. 1º.

Restrição às atividades

poluidoras

CF, Art. 225, III; CM, Art. 47; Lei 6.902/81; Dec.

89.336/84; Dec. 99.274/90. Fonte: Fabianovicz, 1998.

Apesar de a Constituição Brasileira assegurar o direito de propriedade,

estabelece, também, a sua função social (Art. 5º, inciso XXII e XXIII). Assim a

propriedade está sujeita às restrições de uso e ocupação, ficando subordinada à sua função

social e à defesa do meio ambiente (Art. 170).

De acordo com a Constituição Federal há diversos instrumentos legais de

planejamento urbano, tais como: Plano Diretor, Lei de Zoneamento de Uso e Ocupação do

Solo Urbano, Lei de Parcelamento do Solo Urbano, dentre outros.

O Art. 182 da Constituição Federal considera que a política de

desenvolvimento urbano deve ordenar as funções sociais da cidade e garantir o bem-estar

de seus habitantes. O Plano Diretor, obrigatório para cidades com mais de vinte mil

habitantes, é o instrumento básico da política de desenvolvimento.

A exploração de bens minerais sempre esteve associada à cobrança de

impostos. Entretanto o Brasil não dispõe de legislação específica sobre tributação na

mineração.

A retirada e o transporte irregulares de areia são crimes ambientais previstos

no Art. 55 da Lei de Crimes Ambientais ( Lei n.º 9.605 de 12.02.1.998, regulamentada em

21.09.1.999).

O Ministério de Minas e Energia está preparando um projeto de lei que trata

da criação da Agência Nacional de Mineração e revê a regulamentação atual do setor

mineral no Brasil. O processo de reestruturação do setor mineral engloba a transformação

do Departamento Nacional da Produção Mineral (DNPM) na agência regulatória do setor

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88

mineral. A idéia, ainda, é reforçar a imagem da Companhia de Pesquisas de Recursos

Minerais (CPRM) como prestadora de serviços geológicos nesse processo (Caride, 1.999).

Quanto ao licenciamento ambiental, destacam-se como principais leis

federais de referência:

Lei 6938/81 – estabelece como um dos instrumentos da Política Nacional do Meio

Ambiente o licenciamento e a revisão das atividades efetivas ou potencialmente

poluidoras.

Resolução CONAMA 001/86 – estabelece a exigência de elaboração de EIA/RIMA

para o licenciamento das atividades constantes do seu Art. 2º.

Resolução CONAMA 006/86 – trata dos modelos de publicação de pedidos de

licenciamento, em quaisquer de suas modalidades, sua renovação e respectiva

concessão de licença.

Resolução CONAMA 011/86 – altera e acrescenta atividades modificadoras do meio

ambiente apresentadas no Art. 2º da Resolução 001/86.

Resolução CONAMA 010/90 – estabelece critérios específicos para o licenciamento

ambiental de extração mineral da classe II.

Decreto n.º 99-274/90, Capítulo IV – trata do licenciamento ambiental de atividades

utilizadoras de recursos ambientais, consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras,

bem como dos empreendimentos capazes, sob qualquer forma, de causar degradação

ambiental.

5.6.3 Legislação na esfera estadual.

A partir da data da Regulamentação do Decreto Estadual n.º 8.468, ocorrida

em 08.09.1.976, ficaram sujeitos ao sistema de licenciamento:

Loteamentos.

Construção, reconstrução ou reforma de prédio destinado à instalação de uma fonte

de poluição.

Instalação de fonte de poluição em prédio já construído.

Instalação, ampliação ou alteração de uma fonte de poluição.

Para efeito de aplicação de licenciamento, consideram-se fontes de poluição

as atividades de extração e tratamento de minerais.

No que se refere à mata ciliar, a Constituição Estadual, seção I, Capítulo IV,

Art. 197, determina: são áreas de Proteção Permanente: II – as nascentes, os mananciais

e matas ciliares. Seção II, Art. 210 – Para proteger e conservar as águas e prevenir seus

efeitos adversos, o Estado incentivará a adoção de medidas pelos municípios no sentido: I

– da instituição de áreas de preservação das águas utilizáveis para abastecimento às

populações e da implantação, conservação e recuperação de matas ciliares.

A Portaria DEPRN (Departamento Estadual de Proteção de Recursos

Naturais) 11-89, estabelece normas para a exploração de florestas nativas primárias ou em

estados de regeneração e dá outras providências.

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89

O Decreto Estadual n.º 34.663, de 26.02.1.992 dispõe sobre a exploração

agrícola das áreas de várzeas no estado de São Paulo.

O Conselho Estadual do Meio Ambiente, em sua 82ª Reunião Ordinária, ao

apreciar o relatório “Critérios de Exigência de EIA/RIMA para Empreendimentos

Minerários e Outras Providências”, elaborado pela Comissão Especial criada pela

Deliberação Consema 14/92, aprovou proposta de resolução com o objetivo de disciplinar

os procedimentos para o licenciamento ambiental de empreendimentos minerários.

A Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo – SMA, através da

Resolução SMA – 32/95, instituiu um Grupo de Trabalho com vistas ao estabelecimento de

diretrizes específicas para o disciplinamento e licenciamento da atividade minerária no

Vale do Paraíba. Foram estabelecidas duas frentes de trabalho: Recuperação Ambiental e

Planejamento. A ênfase inicial dos trabalhos foi a extração de areia pela sua significância

na região, conforme já descrito.

A Resolução SMA-42, de 16.09.1.996 disciplina o Licenciamento

Ambiental dos empreendimentos de extração de areia na Bacia Hidrográfica do Rio

Paraíba do Sul.

O Conselho Estadual do Meio Ambiente, em sua 139ª Reunião Plenária

Ordinária, concluída a apreciação da “Proposta de Zoneamento Ambiental Minerário para

o trecho Jacareí-Pindamonhangaba” e da “Proposta de alteração da Resolução SMA 26/93”

sobre licenciamento de empreendimentos minerários, elaborados pela SMA com a

participação das Comissões Especiais de Mineração e de Avaliação de Impacto Ambiental,

aprovou e decidiu submeter à apreciação e à aprovação da Secretaria do Meio Ambiente as

minutas da Resolução SMA:

a – que estabelece o zoneamento regional ambiental da mineração de areia na várzea do

Rio Paraíba do Sul; e,

b – que dá nova redação à Resolução SMA 26/93, que estabelece as normas que

disciplinam os procedimentos para o licenciamento ambiental dos empreendimentos

minerários.

A Resolução SMA 3, de 22.01.1.999, dispõe sobre os procedimentos para o

licenciamento ambiental de atividades minerárias.

A Resolução SMA-32, de 04.07.1.995, institui o Grupo de Trabalho junto

ao Gabinete do Secretário, a fim de estudar e propor diretrizes para a disciplina das

atividades minerárias na bacia de drenagem do rio Paraíba do Sul.

A Resolução SMA-26/93, estabelece critérios de exigência de EIA/RIMA.

A Resolução SMA-66, de 20.12.1.995 disciplina a tramitação dos pedidos

de licença ambiental para os empreendimentos minerários.

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90

5.6.4 Legislação na esfera municipal.

Rossete (1.996) apresenta algumas formas de inserir a atividade minerária

nos instrumentos de gestão municipal em áreas urbanas, tabela 23.

Tabela 23 - Algumas possibilidades de inserção da mineração em áreas urbanas nos

instrumentos legais municipais.

INSTRUMENTOS

LEGAIS CARACTERÍSTICAS

INSERÇÃO DA

MINERAÇÃO

Plano Diretor (CF, Art. 182)

Lei Orgânica (CF. Art. 29)

Instrumento básico da

política de desenvolvimento

e de expansão urbana.

Identificar áreas potenciais

para mineração e propor

zoneamentos minerais.

Lei de Ocupação e Uso do

Solo

Regulamenta a utilização do

solo em todo o território

municipal.

Regular a extração de

recursos naturais.

Lei de Parcelamento do Solo

Urbano (Lei Federal

6.766/79, modificada pela

Lei Federal 9.785 de

29.01.99)

Estabelece diretrizes para

projetos de parcelamento de

glebas urbanas, em

conformidade com interesses

municipais.

Fixar normas para evitar a

mineração em áreas urbanas

pela implementação de

projetos de parcelamento.

Código de Obras

Disciplina as edificações

com o fim de garantir

condições de higiene, saúde

e segurança.

Fixar normas técnicas para

edificações destinadas a

guardar equipamentos e

combustíveis utilizados pela

mineração.

Código Tributário Estabelece a política

municipal de tributação.

Prever incentivos tributários

e cobrança de contribuição

para atividade de mineração.

Legislação Orçamentária

Estabelece diretrizes

orçamentárias, prevendo

receitas e fixando as

despesas necessárias.

Prever a origem e aplicação

de recursos financeiros em

projetos de controle

ambiental na mineração. Fonte: Rossete, 1996, p.102.

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91

Resumimos a legislação joseense na tabela 24.

Tabela 24 - A legislação municipal de São José dos Campos.

O J

OS

É D

OS

CA

MP

OS

LEGISLAÇÃO CONTEÚDO

Lei n.º 2.495/81 de 17

de agosto de 1.981.

Autoriza a Prefeitura Municipal a proibir a extração de areia do rio

Jaguari.

Art. 1º - Fica o Poder Executivo autorizado a proibir a extração de

areia do rio Jaguari.

Lei n.º 3.666/89 de 14

de novembro de 1989.

Dispõe sobre a exploração de minerais em leitos de rios no

Município e dá outras providências.

Lei n.º 3.337/89 de 14

de novembro de 1989.

Dispõe sobre a exploração de minerais, pelo processo de cava, no

Município e dá outras providências.

Lei n.º 3.974 de 06 de

junho de 1.991.

Art. 1º - Fica suspenso, em todo território do Município, pelo prazo

de 30 (trinta) dias, todo e qualquer tipo de extração de areia em rios

ou cursos d’água.

§ 1º - O prazo aqui fixado terá fluência a partir do início da vigência

desta lei.

§ 2º - O disposto neste artigo não se aplica aos extratores de areia

que estiverem operando de acordo com a legislação vigente

aplicável à espécie.

Art. 2º - As partes interessadas deverão, durante o prazo

estabelecido no artigo anterior, encontrar e aplicar as soluções para

os problemas decorrentes da extração de areia.

Lei n.º 4.636/94 de 26

de outubro de 1.994.

Estabelece normas para evitar a poluição do Rio Paraíba e demais

cursos d’água do Município.

Art. 1º - As indústrias que se utilizarem de recursos hídricos,

situados no território do Município, somente poderão efetuar

despejos industriais a montante de sua respectiva captação.

Lei Complementar n.º

124/95 de 10 de maio

de 1.995.

Dispõe sobre alteração da redação do art. 213 da Lei Complementar

n.º 056 de 24/07/92.

SEÇÃO IV – DAS DIRETRIZES ESPECÍFICAS DO

DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO MINERÁRIO.

Art. 10 – A política do desenvolvimento econômico minerário

municipal observará as seguintes diretrizes:

I – Promover a elaboração do Plano Minerário do Município,

integrando neste processo a participação dos Municípios do Médio

Vale do Paraíba.

II – Promover a regulamentação do zoneamento minerário baseada

nas diretrizes estabelecidas no “Plano Minerário”.

III – Fazer gestões junto ao Governo Federal para ampliação da

ação fiscalizatória, objetivando incrementar a arrecadação e

diminuir a evasão de receita.

Lei Orgânica do

Município São José

dos Campos – SP.

Atualizada até a

Emenda à Lei

Orgânica n.º 51, de

março de 1.997.

Art. 259 – As áreas de várzea serão destinadas apenas para a

agricultura, evitando a especulação imobiliária, a construção de

indústria e os loteamentos.

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92

Temos referência na Lei Complementar n.º 124/95, de 10 de maio de 1.995,

Seção IV, Das diretrizes específicas do desenvolvimento econômico minerário, Art. 10º - A

política do desenvolvimento econômico minerário municipal observará as seguintes

diretrizes:

I – Promover a elaboração do Plano Minerário do Município, integrando neste

processo a participação dos Municípios do médio Vale do Paraíba.

II – Promover a regulamentação do zoneamento minerário baseada nas diretrizes

estabelecidas no “Plano Minerário”.

III – Fazer gestões junto ao Governo Federal para ampliação da ação

fiscalizatória, objetivando incrementar a arrecadação e diminuir a evasão de receita.

Pela sua especificidade e importância, transcrevemos, no anexo 1, as Leis

3.666/89, Exploração de minerais em leitos de rios, e a Lei 3667/89, Exploração de

minerais pelo processo de cava.

Em Jacareí, a atividade extração de minerais, está sob a Lei Municipal n.º

2.811, de 29 de agosto de 1.990, que dispõe sobre a exploração de minerais definidos pela

legislação federal como integrantes da classe II; de argilas e de calcário dolomítico e dá

outras providências.

Em Caçapava, a legislação conta com as Leis Complementares:

N.º 16, de 09.10.1.990, que dispõe sobre a exploração de minerais no leito de cursos

d’água e no solo, e dá outras providências.

N.º 25, de 08.07.1.991, que dispõe sobre nova redação do inciso VII, do § único, do art.

7º, da Lei Complementar n.º 16.

N.º 27, de 23.07.1.991, que dispõe sobre nova redação à alínea “a”, do inciso II, do

artigo 7.º, da Lei Complementar n.º 16.

N.º 45, de 30.12.1.992, que dispõe sobre alterações em dispositivos da Lei

Complementar n.º 16.

O art. 7º, da Lei Complementar n.º 16, é o que trata da obtenção da licença

de instalação de atividade de exploração de minério.

5.6.5 Abrindo uma empresa mineradora de areia.

O Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Estado de São Paulo

– SEBRAE-SP, informa que para exercer essa atividade a empresa deverá:

Ser registrada como empresa mercantil.

Informar-se sobre o tratamento dado pelo ICMS.

Obter autorização do DNPM.

Obter informações no INFOMINE, do SEBRAE, na parte de textos técnicos

(mineração de areia lavada).

Consultar o IPT.

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93

Em se tratando de areia para uso imediato na construção civil, o proprietário do solo

tem prioridade na exploração do recurso mineral, caso contrário, deve-se obter a sua

autorização expressa (Código de Mineração).

Obter das autoridades municipais do local de situação da jazida a outorga da licença

específica, a qual deverá ser registrada na DNPM.

Contar com um responsável técnico registrado no CREA, engenheiro de minas,

geólogo ou técnico de mineração.

A mineração de areia pode ser realizada em leito de cursos de água, em

planícies aluvionares, terrenos colinosos, morros e morrotes. As operações realizadas em

cada um desses ambientes guardam várias semelhanças, envolvendo operações específicas

e comuns a todos os tipos de mineração.

Na mineração em leito de cursos de água e em planície aluvionar são

realizadas as seguintes operações:

Estabelecimento de porto de areia onde são colocados:

Silos.

Oficinas de apoio.

Pátio de estocagem.

Escritório.

Instalações de higiene.

Dragagem: Barcaça com bomba/draga para bombeamento da areia (uma tubulação é

colocada no fundo do curso de água e, através da bomba, a areia é sugada e transferida

para outra embarcação que fará o transporte).

Transporte: feito por outra barcaça ou chata até as proximidades do porto.

Transferência da areia para o silo: através de bombeamento por tubulação metálica

usando outra bomba colocada na margem do curso de água.

Peneiramento: sobre o silo pode existir uma peneira para reter seixos e restos vegetais

que possam ter sido sugados junto com a areia.

Silagem: a areia vai sofer decantação no silo e deverá ser descartada a água com a areia

mais fina.

Estocagem e transporte externo: a areia a ser comercializada é retirada do silo por

caminhões.

Instalações de apoio:

Oficina de manutenção e caldeiraria.

Escritório.

Refeitório.

Instalação de higiene.

Ambulatório.

Existem dois procedimentos legais independentes que regulamentam o

aproveitamento econômico de depósitos de areia:

Regime de autorização/concessão.

Regime de licenciamento.

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94

Para obter a autorização/concessão é preciso:

Requerimento de pesquisa, elaborado por técnico habilitado, ao DNPM.

Relatório de pesquisa mineral com definição da jazida, sua avaliação e

viabilidade do seu aproveitamento econômico.

Após a publicação da aprovação desse relatório pelo DNPM:

Apresentação de requerimento de autorização de lavra, com plano de

aproveitamento econômico (Plano de Lavra).

Estudos de impacto ambiental dentro dos parâmetros estabelecidos

pela Secretaria do Meio Ambiente.

Após a publicação da portaria de lavra, da emissão de posse da jazida e

obtenção de licenças de instalação e funcionamento nos órgãos ambientais, pode-se iniciar

a lavra.

No regime de licenciamento, a obtenção do direito de mineração exige:

Obtenção de certidão de uso de solo, esclarecendo a inexistência de impedimentos

legais para implantação do empreendimento.

Apresentação de requerimento à Prefeitura Municipal, acompanhado de escrituras

do terreno ou autorização do proprietário.

Protocolamento da licença da Prefeitura no DNPM, para garantir a prioridade da

área.

Solicitação de licença de instalação e de funcionamento na CETESB que poderá

exigir um Relatório de Controle Ambiental e Plano de Controle Ambiental.

Preciso estar atento às várias alterações que a legislação sobre mineração

vem sofrendo no últimos anos. O novo Código de Mineração (Lei n.º 9.314, de

14.11.1.996, DOU 18.11.1.996) está em vigor desde 17/01/1.997 e várias portarias têm

sido publicadas para esclarecer o seu conteúdo. Também existem outros documentos legais

que precisam ser considerados. Uma consulta ao NRI-SP/IPT, pelo telefone 011-2682211,

ramal 23, pode ser de grande utilidade ao candidato a empresário da mineração.

5.6.6 O licenciamento ambiental.

O empresário deve saber que, a Lei 6.938/81, Art. 9º, inciso III, instituiu o

licenciamento ambiental (Cunha e Guerra, 1.999) e, no caso de empreendimentos que

exijam desmatamento, é preciso obter uma autorização do órgão estadual de florestas e que

para empreendimentos de extração mineral é necessário que o DNPM aprove o Plano de

Aproveitamento Econômico apresentado pela empresa além do cumprimento de outras

etapas.

A partir da data da regulamentação do Decreto Estadual n.º 8.468, ocorrida

em 08.09.1.976, as atividades de extração e tratamento de minerais ficaram sujeitos ao

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95

sistema de licenciamento. Trata-se de um instrumento prévio de controle ambiental para o

exercício legal de atividades modificadoras do meio ambiente. As licenças ambientais são

fornecidas pelos órgãos estaduais de meio ambiente ou pelo IBAMA, em caráter supletivo

ou para aquelas atividades que, por lei, são de competência federal.

A CETESB – Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental, órgão

vinculado à Secretaria de Estado do Meio Ambiente – SMA, tem como atribuições

principais a prevenção e o controle da poluição do meio ambiente no estado de São Paulo,

com base na Lei Estadual n.º 997/76 e seu Regulamento aprovado pelo Decreto Estadual

n.º 8.468/76. No exercício dessas atribuições, a CETESB atua correlativamente nos

estabelecimentos industriais considerados regularmente existentes à data da publicação do

Regulamento já mencionado e, preventivamente, por meio do licenciamento, nos

estabelecimentos criados desde então.

O sistema de licenciamento implantado na CETESB tem como principal

objetivo o controle preventivo de fontes de poluição ambiental, estabelecidas a partir de 8

de setembro de 1.976. A Resolução CONAMA n.º 237, de 19 de dezembro de 1.997, rege

a matéria.

Entretanto, o sistema atual de licenciamento de fontes de poluição está

sujeito a alterações. De acordo com a Lei Estadual n.º 9509, aprovada em 20 de março de

1.997, que dispõe sobre a política estadual de meio ambiente, seus fins e mecanismos de

formulação e aplicação, estão previstas duas alterações básicas:

adoção de três tipos de licenças: prévia (LP), de instalação (LI) e de operação (LO).

as licenças passam a ser renováveis, não tendo caráter definitivo, como dispõe a Lei

Estadual 997/76 e ser Regimento.

O citado diploma legal precisa, ainda, ser regulamentado para viabilizar sua aplicação.

Licença Prévia (LP)

Concedida na fase preliminar do planejamento da atividade, contém

requisitos básicos a serem atendidos nas fases de localização, instalação e operação,

observados os planos municipais, estaduais ou federais de uso do solo.

Sua emissão ocorre após a aprovação do EIA/RIMA; é um instrumento

indispensável para solicitação de financiamento e obtenção de incentivos fiscais.

Para orientar a elaboração do EIA e do RIMA, o DAIA – Departamento de

Avaliação de Impacto Ambiental) fornece ao empreendedor um Termo de Referência –

documento que estabelece o escopo mínimo que o EIA e o RIMA devem contemplar, além

das questões pontuais mais importantes.

Os documentos expedidos pelo DAIA, segundo estabelece a legislação (Lei

Estadual n.º 9.477, de 30.12.1.996, a Lei Kito Junqueira; alterada pela Lei Estadual n.º

9.509, de 20.03.1.997, a Lei Trípoli), são:

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TR: Termo de Referência.

LP: Licença Ambiental Prévia – define a viabilidade ambiental do empreendimento.

LI: Licença de Instalação – define as condições para a implantação do

empreendimento.

LO: Licença de Operação – define as condições e concede permissão para que o

empreendimento possa operar.

Parecer de Indeferimento.

A finalidade da LP é estabelecer condições tais que o empreendedor possa

prosseguir com a elaboração do seu projeto. Corresponde a um comprometimento por parte

do empreendedor de que suas atividades serão realizadas observando os pré-requisitos

estabelecidos pelo órgão de meio ambiente.

Essa licença não autoriza o início de qualquer obra ou serviço no local do

empreendimento e tem prazo de validade determinado.

Licença de Instalação (LI)

A licença de instalação é o documento expedido pela CETESB, que permite

a instalação de uma determinada fonte de poluição em um determinado local, desde que

atenda às imposições legais.

Na análise da solicitação de LI são considerados fatores como critérios

ambientais, características do local, diretrizes municipais e estaduais de uso e ocupação do

solo, de maneira que, agindo preventivamente, seja evitada a ocorrência de problemas de

poluição ambiental no futuro. A LI pode ser expedida com ou sem exigências técnicas que

devem ser cumpridas por ocasião do início de operação da empresa.

Documentação necessária para uma LI

Os formulários necessários para formalizar o pedido das licenças da

CETESB são distribuídos gratuitamente nas Agências Ambientais.

A documentação necessária para formalizar o pedido de licença de

instalação é constituída de:

Impresso denominado “Solicitação de”, utilizado para quaisquer pedidos de

Licenças, Certificados ou Pareceres.

Comprovante de pagamento de preço para expedição de licença.

Procuração, quando for o caso.

Memorial de Caracterização do Empreendimento – MCE – GERAL.

Disposição física dos equipamentos (lay-out).

Plantas baixas, de corte e de fachadas.

Certidão da Prefeitura Municipal local, especificando as diretrizes de uso do solo e

aprovando a instalação da empresa.

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Certidão do órgão responsável pelo serviço de distribuição de água e coleta de

esgotos.

Impresso MCE – Resíduos Industriais – Folha Adicional, com informações sobre

geração, composição e destinação de resíduos industriais.

Publicação em Diário Oficial do Estado de São Paulo.

Publicação em um periódico, em que seja informado o ato de solicitação da Licença

de Instalação.

A LI é concedida, então, após a análise e aprovação do projeto executivo e

de outros estudos (PCA – Plano de Controle Ambiental; RCA – Relatório de Controle

Ambiental; PRAD – Plano de Recuperação de Áreas Degradadas), que especificam os

dispositivos de controle ambiental, de acordo com o tipo, porte, características e nível de

poluição da atividade e de recuperação de áreas degradadas.

Licença de operação (LO)

A Licença de Operação é o documento que autoriza o início das atividades

de determinada fonte de poluição que deve, previamente, ter recebido a LI.

Quando a comprovação do atendimento à(s) exigência(s) técnica(s), exigir o

funcionamento ou operação da fonte de poluição, para verificação do sistema de controle

adotado, pode ser expedida uma LO a título precário.

A LO não será expedida se, por ocasião da vistoria técnica no local,

constatar-se alguma das seguintes situações:

As exigências técnicas constantes da Licença de Instalação não estiverem totalmente

cumpridas.

As instalações e atividades não corresponderem às mencionadas no Memorial de

Caracterização do Empreendimento - MCE, apresentado pelo interessado, por

ocasião do pedido de Licença de Instalação.

Quando não houver possibilidade de se instalar todos os equipamentos

constantes do MCE, faculta-se ao interessado solicitar Licença de Funcionamento Parcial,

apenas para a parcela do empreendimento efetivamente implantada.

Documentação necessária para uma LO

A documentação necessária para formalizar o pedido de LO é constituído

de:

Impresso denominado “Solicitação de”.

Comprovante de pagamento de preço para expedição de licença.

Publicações no Diário Oficial do Estado e em um outro periódico sobre a solicitação da

Licença de acordo com os modelos de publicações aprovados através da Resolução

CONAMA 006/86.

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Estudo ambiental contendo projetos executivos de minimização de impacto ambiental,

para empreendimentos instalados antes da entrada em vigor da Resolução CONAMA

001/86, com vistas a seu enquadramento às exigências de licenciamento ambiental.

Esse estudo é exigido, da mesma forma, para empreendimentos instalados

irregularmente, após a publicação da referida Resolução.

Relatório técnico de vistoria confirmando se os sistemas de controle ambiental

especificados na LI foram efetivamente instalados.

Parecer técnico do órgão de meio ambiente sobre o pedido de LO. Contém

condicionantes para continuidade da operação do empreendimento e prazo de validade

da LO.

Outros tipos de licença

Relatório Ambiental Preliminar (RAP) - o DAIA analisa os empreendimentos sujeitos

ao licenciamento ambiental através da avaliação de impacto ambiental. Ao solicitar

esse licenciamento, o empreendedor deverá entregar o RAP – Relatório Ambiental

Preliminar. Para orientar a elaboração desse documento técnico o DAIA coloca à

disposição dos interessados vários manuais, organizados por tipo de empreendimento.

O RAP, enquanto primeiro documento para o licenciamento, instrumentaliza a decisão

quanto à exigência ou dispensa de EIA-RIMA, para obtenção de Licença Prévia.

Quando o EIA e RIMA são exigidos, o documento seguinte que deve ser entregue pelo

empreendedor, é o Plano de Trabalho. Por último, o EIA e o RIMA, documentos mais

complexos, cuja elaboração também é de responsabilidade do empreendedor.

Licença de Pré-Operação – criada pelo IBAMA para a fase de teste dos equipamentos

de controle da poluição, de curto prazo, concedida de acordo com as características do

projeto.

Plano de Controle Ambiental (PCA) – Resolução CONAMA 009/90 e 010/90, trata da

exigência de apresentação do Plano de Controle Ambiental (PCA) para a obtenção da

LI de atividades de extração mineral das classes I a IX (Decreto Lei 227/67), o qual

conterá os projetos executivos de minimização dos impactos ambientais avaliados na

fase da LP.

Relatório de Controle Ambiental (RCA) – Resolução CONAMA 010/90, exige a

apresentação do RCA para a obtenção de LP, no caso de dispensa de EIA/RIMA (Art.

3º, § único), para atividade de extração mineral da classe II (Decreto Lei 227/67).

Plano de Recuperação de Áreas Degradadas (PRA) – ABNT-NBR 13.030, fixa as

diretrizes para a elaboração e apresentação de PRA pelas atividades de mineração.

Termo de Ajustamento de Conduta Ambiental (TAC) - Criado através da Medida

Provisória n.º 1.710/98 (e versões posteriores), com o objetivo de permitir que as

pessoas físicas ou jurídicas procedam às correções necessárias para o atendimento das

exigências impostas pelas autoridades ambientais competentes. Em termos práticos, ela

abriu a possibilidade da assinatura de TAC’s para empresas em funcionamento ilegal,

dentro de alguns princípios gerais: o prazo de vigência do TAC poderá, em função da

complexidade das obrigações nele fixadas, variar de, no mínimo, 90 dias, até o máximo

de cinco anos, com possibilidade de prorrogação por igual período. A Secretaria do

Meio Ambiente emitiu a Resolução n.º SMA 66, de 18.08.1.998, restringindo o prazo

de cinco para três anos e estabelecendo outros condicionantes para a assinatura do

termo. A partir da protocolização do requerimento de TAC pelo interessado e,

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enquanto perdurar a vigência do termo, ficam suspensas a aplicação e a execução de

sanções administrativas relacionadas aos fatos que deram causa à celebração do

referido instrumento.

A legislação não prevê PCA, RCA e PRAD para outras atividades que não

estejam na categoria “extração mineral”.

5.6.7 Tributos sobre o setor mineral.

Os principais tributos sobre o setor mineral, podem ser divididos em dois

tipos: os que incidem sobre a receita e os que incidem sobre o lucro, tabela 25.

Receita: ICMS, PIS, COFINS, IPI (imposto federal que incide sobre o valor

adicionado gerado na transformação e no processamento industrial), IOF (imposto

federal, envolvendo o ouro, como ativo financeiro).

Lucro: Imposto de Renda sobre Pessoa Jurídica (IRPJ) e a Contribuição Social sobre

o Lucro (CSL).

Tabela 25 - Tributos sobre o setor mineral.

ENCARGOS ICMS IRPJ

Definição

Imposto sobre operações relativas à

circulação de mercadorias e sobre

prestação de serviços de transporte

interestadual e intermunicipal e de

comunicações; CF, Art. 155

Imposto de Renda sobre Pessoa

Jurídica.

Incidência

Sobre operações relativas à

circulação de mercadorias e às

prestações de serviços de transporte

interestadual e intermunicipal e de

comunicações

Incide sobre pessoas jurídicas e tem

como base o lucro tributável.

Alíquotas 7 a 18 % em função da natureza das

operações. 25%

Distribuição 75 % Estado

25% Municípios União

A Constituição Federal de 1.988, em seu artigo 195, estabelece que a

seguridade social deve ser financiada pela sociedade mediante recursos provenientes dos

orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e das contribuições

sociais dos empregadores, trabalhadores e da receita de concursos de prognósticos

(loterias), tabela 26.

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Tabela 26 - Tributos sobre o setor mineral - Contribuições Sociais.

CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS

Encargos PIS CONFINS CSL

Definição

Programa de Integração

Social; Lei Complementar

n.º 7, de 07.09.70.

Contribuição Financeira de

Seguridade Social; Lei

Complementar n.º 70, de

30.12.93.

Contribuição Social

sobre o Lucro; Lei

n.º 7.689, de

15.12.88.

Incidência Sobre a receita operacional

bruta da empresa. Sobre a receita bruta.

Sobre o lucro

líquido antes do

imposto de renda.

Alíquota

Contribuição mensal de

0,65%; Decreto-Lei n.º

2.445, de 29.06.88 e

Decreto-Lei n.º 2.449, de

21.07.88.

Taxa de 3%

(Há uma ADIN – Ação

Direta de

Inconstitucionalidade no

STF contra a União, ainda

não julgada).

8%

No dia 30.06.1.999 o Supremo Tribunal Federal derrubou a imunidade da

Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (COFINS) de diversos setores,

entre eles o da mineração (Izaguirre, 1.999).

Relacionados com o regime de autorizações e concessões minerais temos,

ainda, os seguintes encargos: pagamento de taxas e emolumentos ao DNPM sobre os

títulos e áreas concedidas e o pagamento da participação ao proprietário do solo pelas

atividades de produção mineral praticada em terreno de terceiros.

Outra figura que onera a mineração é a CFEM (CF, Art. 20; Leis

n.º7.990/89 e 8.001/90 e Decreto n.º 01/91). Mesmo não sendo definida como um imposto,

a CFEM é vista como tal, pois tem base de cálculo definida, alíquotas e prazo para

recolhimento e tem definição do sujeito passivo.

O percentual da CFEM é calculado sobre o valor do faturamento líquido e

varia em função da substância mineral. O faturamento líquido citado é obtido deduzindo-se

do total das receitas de venda os tributos incidentes sobre a comercialização do produto

mineral, as despesas de transporte e de seguro. No caso da substância mineral consumida,

transformada ou utilizada pelo próprio titular, considera-se como faturamento líquido o

valor industrial.

Embora variável em função do bem mineral (CFEM) e destino das vendas

(ICMS) a oneração fiscal e extrafiscal sobre o valor de venda pode chegar a 24,65% =

(18% de ICMS) + (3% de CFEM) + (3% de COFINS) + (0,65% de PIS).

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5.7 O potencial areeiro do rio Paraíba do Sul.

Entende-se por potencial mineral a possibilidade de uma dada área conter a

concentração de um ou mais bens minerais em condições econômicas de explotação

(Bistrichi, 1.993).

A identificação do potencial mineral de areia na várzea do Paraíba do Sul

foi primeiramente estudado pelo Instituto Geológico que concluiu o relatório “Paraíba do

Sul – Potencialidade de Areias”, em julho de 1.997.

A CPLA – Coordenadoria de Planejamento Ambiental elaborou, então, o

mapa de uso do solo para a área definida como de potencial mineral.

Verificou-se que os municípios com maior número de empreendimentos de

mineração de areia estavam no trecho Jacareí – Pindamonhangaba, anexos 22 e 24.

O rio Paraíba do Sul se constitui num sistema fluvial meandrante cujo canal

descreve vários caminhos ao longo de um cinturão meândrico e, às vezes, até o abandona,

por avulsão, e escapa pela várzea de inundação onde irá construir um outro cinturão.

Alguns elementos geomorfológicos desse tipo de sistema, tais como barras de pontal,

diques marginais e canais abandonados, constituíram-se em referências básicas, ou guias

para se proceder à reconstituição dos vários caminhos do canal fluvial meandrante do rio

Paraíba do Sul em tempos pré-atuais (anexos 20, 21, 22 e 23).

As últimas trajetórias dos canais foram recuperadas em cada compartimento

para efeito de se obter o grau de sinuosidade, considerando-se como atuais aquelas

trajetórias ativas até a década de 50, quando tiveram início as retificações antrópicas. No

compartimento Jacareí, o sistema fluvial atual é de baixa sinuosidade, não meandrante.

Porém trajetórias pretéritas reconstituídas e variações de fácies dos depósitos representam

indícios de que, outrora, foi meandrante. Nos demais compartimentos, tanto as trajetórias

atuais, como as pretéritas, assim como as características das fácies sedimentares, apontam

para a permanência de regime fluvial meandrante.

Cinturões meândricos construídos ao longo do tempo, pelo processo de

avulsão, definida principalmente pela fotointerpretação geológica e complementada pelos

trabalhos de campo, representou critério determinante para delimitação da zona de

potencial de areia, tendo em vista que representam construções iminentemente arenosas

dos vários caminhos do canal fluvial do rio Paraíba do Sul, em épocas pré-atuais. O pacote

arenoso apresenta espessura decrescente de montante para jusante, variando de 18 a 28 m

no Compartimento Jacareí, de 12 a 16 m no Compartimento Eugênio de Melo, de 8 a 10 m

no Compartimento Quiririm e de 4 a 6 m no Compartimento Roseira. Acompanhando a

variação da espessura, a compartimentação da bacia aluvial também exerceu controle sobre

a granulometria dos depósitos, reservando para o Compartimento Jacareí termos arenosos

mais grossos, gradando para termos mais finos em direção ao Compartimento Roseira

(SMA, 1.998).

A área de potencial de areia definida para fins de planejamento e gestão de

recursos minerais, constitui apenas o alvo inicial de uma prospecção mineral, necessitando

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de trabalhos de pesquisa complementares e sistemáticos, caso se pretenda configurar

corpos de minério, anexo 26. Essa área, que representa o cinturão meândrico reconstituído,

ocupa uma superfície de 202 km2, enquanto que a planície aluvial (inclusive tributários)

abrange cerca de 369 km2. A relação entre as duas zonas é de cerca de 53%, confirmando a

alta potencialidade para areia, da várzea do rio Paraíba do Sul.

A atividade de mineração que se concentra nesses cinturões, por aí

predominarem as construções arenosas, é representada por portos, principalmente em cavas

submersas ao longo da várzea, que lavram a areia através de dragagem. À época do

levantamento de campo realizado - out./nov. 1.996 - (SMA, 1.998), foram identificados

138 empreendimentos minerários, dos quais 93 ativos, cuja maior concentração ocorre nos

municípios de Caçapava e Tremembé. A superfície total ocupada pelas cavas representava,

nessa ocasião, cerca de 10 km2, enquanto que a área coberta por vegetação remanescente,

em especial a de porte arbustivo, era de cerca de 15 km2.

As substâncias minerais mais freqüentes na área de São José dos Campos

são as areias quartzosas, secundadas pelas argilas, anexos 23 e 24. O maior número de

minas ativas de areias estavam situadas em terraços e várzeas dos rios Paraíba do Sul e

Jaguaribe. Procedem da Seqüência Vale do Paraíba, e sua explotação se dá

predominantemente na forma de cavas. Várias extrações ocorrem também no leito ativo do

rio Paraíba do Sul, apresentando para esses mineradores maiores vantagens em relação à

constante renovação de reservas, fato que não ocorre com aquelas situadas nos terraços,

cujas reservas são limitadas (Bistrichi, 1.993).

O cascalho quartzoso da Seqüência Vale do Paraíba pode ser utilizado para

revestimento primário de estradas vicinais ou vias públicas não-pavimentadas, bem como

na forma de material ornamental e/ou agente filtrante.

5.8 Identificação das mineradoras de areia.

Para a elaboração deste trabalho utilizamos como critério para identificação

das empresas mineradoras de areia aquelas associadas ao Sindicato das Indústrias de

Extração de Areia do Estado de São Paulo – SINDAREIA e que tinham atividades

extrativas localizadas na área de estudo; foram 65 as empresas selecionadas.

5.8.1 Descrição das principais mineradoras de areia e seu estágio evolutivo

em relação ao sistema de gestão ambiental.

Segundo a ABNT-NBR ISO 14.001:1996, § 3.5, define-se sistema de gestão

ambiental como:

“a parte do sistema de gestão global que inclui estrutura organizacional, atividades de

planejamento, responsabilidades, práticas, procedimentos, processos e recursos para

desenvolver, implementar, atingir, analisar criticamente e manter a política ambiental”.

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103

Às 65 empresas enviamos um questionário padrão, com a garantia de

manutenção de sigilo quanto a sua identificação e dados individuais, e o resultado é o que

segue:

Questionários distribuídos: 65.

Questionários retornados preenchidos: 3.

Percentual de respostas: (3/65) 100 = 4,6%.

Devido ao baixo percentual da amostragem, apesar do seguimento atendo,

não foi possível completar o estudo e, portanto, não há resultados nem conclusões.

O interessante, no caso, foi que notamos, desde o início, uma retração muito

grande dos empresários sobre o tema da pesquisa, mostrando-se bastante ressabiados com

o trabalho que estávamos executando.

Assim, apresentamos a seguir, apenas o formulário que lhes foi distribuído,

figura 14 e tabela 27.

QUESTIONÁRIO DE AUTO-AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO AMBIENTAL.

Os primeiros dados solicitados foram os da figura 14:

Est

as

info

rma

ções

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o f

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l.

RAZÃO SOCIAL

Endereço

Cidade

CEP

Tel. Fax. e-mail

Responsável pelo preenchimento:

Cargo:

Capacidade

produtiva da empresa

Instalada: Utilizada:

Principais praças consumidoras:

Processo de extração

utilizado Cava Leito do rio Desmonte hidráulico

Figura 14 - Identificação das mineradoras.

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104

Tabela 27 - Resultado da pesquisa sobre sistema de gestão ambiental.

1 – Política de meio ambiente.

A empresa não tem política de meio

ambiente. Ainda não se pensou

nisso, nem na sua importância.

1 2 3 4 5 N

A

A política de meio ambiente

expressa o comprometimento da alta

gerência com a melhoria contínua

do desempenho ambiental da

empresa e está claramente definida,

documentada e divulgada para todos

os empregados.

2 – Aspectos ambientais.

A empresa não acredita ser

necessário identificar se suas

atividades causam impactos sobre o

meio ambiente.

1 2 3 4 5 N

A

Como parte do processo de

identificação dos aspectos

ambientais, a empresa já identificou

suas atividades, produtos e serviços

considerados críticos por poderem

causar impactos ambientais

adversos ao meio ambiente da

região onde opera.

3 – Requisitos legais.

A empresa não identificou a

legislação ambiental aplicável.

Quando necessita informação a

respeito, são feitas consultas

específicas aos órgãos competentes.

1 2 3 4 5 N

A

Leis, decretos, resoluções e

portarias, federais, estaduais e

municipais, assim como códigos e

práticas setoriais relativas à

qualidade ambiental, estão

documentados, são periodicamente

atualizados e divulgados em toda

empresa.

4 – Objetivos e metas.

No planejamento da empresa para

os próximos anos, não estão

previstas implementações de ações

relativas ao meio ambiente.

1 2 3 4 5 N

A

Baseando-se na política de meio

ambiente e nos seus aspectos

ambientais considerados críticos, a

empresa estabeleceu seus objetivos

e metas ambientais

5 – Gestão da qualidade do ar, da água, resíduos e produtos perigosos.

A empresa ainda não exerce o

controle de suas emissões para o ar

e a água lançada no corpo receptor;

considera impossível produzir sem

lixo, não realiza gestão sobre os

produtos perigosos que utiliza e não

realiza gestão do consumo de água

e energia, visto que estes recursos

são abundantes na região.

1 2 3 4 5 N

A A empresa implementou programa

de gestão da qualidade do ar e da

água; implementou um processo de

racionalização do consumo de água

e energia; reutiliza e/ou recicla seus

resíduos e possui inventário de

produtos perigosos e os empregados

são treinados para o seu manuseio.

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105

continuação

6 – Alocação de recursos.

A empresa não tem disponibilidade

de recursos financeiros e/ou

humanos para investir em meio

ambiente.

1 2 3 4 5 N

A

A empresa vem periodicamente,

alocando recursos financeiros, e/ou

físicos e/ou humanos para investir

na melhoria de seu desempenho

ambiental.

7 – Atribuições e responsabilidades.

A empresa vem operando com um

quadro de empregados muito

reduzido. Não há como atribuir

responsabilidades ambientais aos

empregados.

1 2 3 4 5 N

A

A empresa atribuiu

responsabilidades ambientais aos

seus empregados. A avaliação de

desempenho de seus gerentes e

líderes inclui requisitos da qualidade

ambiental.

8 – Conscientização e treinamento.

No momento a empresa não dispõe

de recursos para treinamento.

1 2 3 4 5 N

A

A empresa investe continuamente

em programas de treinamento e no

processo de conscientização de seus

empregados.

9 – Comunicação interna.

Não há sistema formalizado de

comunicação interna para dar

ciência aos seus empregados e/ou

aos acionistas dos fatos e dados

relativos às questões ambientais na

empresa.

1 2 3 4 5 N

A

A empresa tem um sistema de

comunicação interna. A política de

meio ambiente, os objetivos e metas

ambientais e os planos da empresa

são conhecidos por todos os

empregados.

10 - Documentação

A empresa não possui um sistema

de documentação, registros ou

cadastros relativos ao meio

ambiente.

1 2 3 4 5 N

A A empresa mantém um sistema de

informações atualizado, inclusive

um Manual de Gestão Ambiental.

11 – Controle operacional.

O controle operacional das

atividades e/ou processos da

empresa está voltado

exclusivamente para o seu

“negócio” específico, isto é, par

o(s) seu(s) produto(s).

1 2 3 4 5 N

A Existem procedimentos e instruções

de trabalho específicos para todos

os processos, atividades e tarefas

caracterizados como

ambientalmente críticos na empresa.

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106

continuação

12 – Ações de emergência.

Caso venha a ocorrer um acidente

grave na empresa, os empregados

devem acionar o Corpo de

Bombeiros e/ou o Pronto Socorro

mais próximo, e/ou a Delegacia de

Polícia da região. Na história da

empresa não há registros de

acidentes graves.

1 2 3 4 5 N

A O plano de ação de emergência

existente na empresa abrange ações

para prevenir e minimizar os

impactos ambientais adversos. Os

empregados são periodicamente

treinados para agir frente às

situações de emergência.

13 – Medições.

A empresa só realiza medições e

monitoramento se exigidos pelo

órgão ambiental competente.

1 2 3 4 5 N

A

A empresa realiza medições e

monitoramentos periódicos do seu

desempenho ambiental, para

implementar as ações corretivas e

preventivas que se façam

necessárias e melhorar

continuamente seus resultados.

14 – Avaliações ambientais.

A empresa ainda não realiza

avaliações do seu desempenho

ambiental.

1 2 3 4 5 N

A

A empresa realiza avaliações

periódicas, documentadas, do seu

desempenho ambiental.

15 – Melhoria contínua.

A empresa não tem uma sistemática

que lhe permita avaliar a

consistência de sua política, de seus

objetivos e metas e/ou de suas

ações, com relação aos requisitos

legais, e/ou aos requisitos e

tendências de mercado.

1 2 3 4 5 N

A A empresa revisa periodicamente

sua política, objetivos e metas

ambientais, a partir dos resultados

das medições, monitoramentos e das

avaliações ambientais.

Adaptado de: SEBRAE, Gestão ambiental; compromisso da empresa, São Paulo: SEBRAE, fascículo 4, 10.04.1.996, p. 4..

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107

CAPÍTULO V

6 O CONFLITO DE INTERESSES.

6.1 A questão da energia.

O consumo de areia de construção até o ano 2.000, na região metropolitana

paulista é de 130.000.000 m3 contra uma reserva, na área, de apenas 80.000.000 m

3. O

déficit será coberto mediante transporte desde distâncias cada vez mais crescentes.

Atualmente já são, em média, de 80 km. O consumo de energia é da ordem de 3MJ/tkm

(frete sem retorno em caminhão com capacidade de transporte relativamente baixa entre 8

e 15 t). O transporte adicional de 100 km representa um consumo de energia térmica

equivalente a 83,3 kWh/t (Bucher, 1.986).

O concreto de cimento Portland é o material de construção de maior uso e

difusão no mundo inteiro. A utilização técnica de um material só se justifica em função da

sua relação custo/benefício, o conteúdo de energia ou energia embutida durante a

manufatura é o principal componente do seu custo. Aqui reside basicamente a vantagem

principal do concreto comparativamente com os seus concorrentes estruturais, tabela 28.

Tabela 28 - O concreto comparado aos seus concorrentes estruturais.

Material de construção Conteúdo de

energia MJ.m-3

Concreto simples (80 até 380 kg cimento/m3) 250 até 1.700

Concreto armado (250 até 380 kg cimento e 50 até 150

kg aço/m3)

3.000 até 8.500

Aço de construção 47.000

Madeira estrutural 3.500

Tijolo (cerâmica vermelha) 3.000 até 4.000 Fonte: Bucher, 1986.

A discriminação do conteúdo de energia do concreto (energia primária total

necessária para produzir uma unidade de material pronto), por sua vez, se compõe das

seguintes parcelas, tabela 29.

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108

Tabela 29 - Conteúdo de energia do concreto.

PARCELAS ENERGIA PRIMÁRIA

(MJ.t-1

)

Cimento (média brasileira 1.983) 3.893

Agregado graúdo britado (extração e beneficiamento) 45

Agregado miúdo natural (extração) 5

Agregado miúdo britado (beneficiamento) 20

Cinza volante de termoelétrica 18

Escória básica granulada de alto-forno (seca) 32

Aço em barra (cortado, dobrado e colocado) 47.000

Preparo (manuseio, mistura, transporte interno, adensamento) 4 Fonte: Bucher, 1986.

Em função da aplicação específica do concreto (simples ou armado) o

conteúdo total de energia primária poderá flutuar entre, aproximadamente, 200 MJ.t-1

para

o concreto de uma barragem (com 100 kg de cimento por m3 e sem armadura, e, da ordem

de até 8.500 MJ.t-1

para concreto armado (com 360 kg de cimento e 150 kg de aço total por

m3). Em todo este intervalo de 200 até 8.500 MJ.t

-1 não está incluído o gasto de energia

relativo ao transporte desde o produtor até a obra, de cada um dos componentes do

concreto armado. Como a maior parcela de uma unidade de massa de concreto simples é

representada pelos agregados (de 75 a 80% do total), a energia gasta no seu transporte

apresenta uma influência expressiva tanto sobre o custo como sobre a conservação de

energia na construção civil. Considerando que a média brasileira para o transporte de carga

por rodovia é de cerca de 1,4 MJ/tkm, depreende-se a grande influência exercida pela

distância entre o porto, o depósito ou a jazida do agregado e a obra.

A atividade extrativa de agregados, apesar de ser fundamental ao

desenvolvimento urbano, é implacavelmente perseguida pelas Prefeituras e órgãos de

controle ambiental pela sua natureza degradadora e poluidora (ruído, projeção de corpos,

emissões de partículas, estremecimento, esburacamento, poluição visual da paisagem,

destruição de matas, erosão, etc.).

Uma das maiores fontes de partículas de matéria no ar são os motores à

diesel. Os transportes (e as emissões industriais) causam uma espécie de névoa que destrói

os tecidos sensíveis nas pessoas e animais, além de produzir minúsculas partículas

cancerígenas que reduzem a função pulmonar e são responsáveis por muitas mortes

prematuras.

Neste contexto do conflito entre o aumento progressivo do consumo de

combustível para o transporte até os centros urbanos devido à necessidade de fugir deles

pelo esgotamento das reservas nas suas proximidades e pelo aumento de custo de produção

decorrente das restrições do uso no meio ambiente que se deve situar a análise da

exploração econômica e do uso técnico dos agregados pétreos para concreto.

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O cruzamento das disponibilidades de uso do solo, levando-se em conta as

restrições impostas pelos diferentes tipos de ocupação humana e as restrições impostas pela

legislação, destacamos as seguintes restrições e conflitos (Campanha, 1.994):

Com as atividades urbanas: aquelas oriundas do fato de que a área, apesar de ser

livre para a mineração do ponto de vista da legislação, está, no entanto, subordinada

às leis orgânicas dos municípios e seus planos diretores.

Com atividades industriais: neste caso, a restrição é imposta pelas possíveis

atividades minerárias, livres do ponto de vista de legislação e, no entanto,

concorrendo com as atividades industriais aí desenvolvidas.

Com as atividades agropecuárias: gerada pela difícil coexistência, em um dado

momento, de mineração e atividades agrícolas e pecuárias.

Com a concentração de manchas de matas naturais: a mineração, nestas áreas,

deverá ocorrer de maneira controlada, no intuito de possibilitar a preservação dessas

matas e da eventual fauna associada, bem como do ecossistema local.

Com áreas bloqueadas: a restrição, neste contexto, está apoiada em decretos federais

e estaduais, uma vez que aí se localizam áreas de preservação permanente. Qualquer

mineração, aí implantada, estará sujeita às penalidades previstas por lei.

6.2 Mineração e meio ambiente.

Quando se fala em meio ambiente, muitas vezes este é associado apenas à

fauna e à flora. Dessa forma são considerados outros elementos essenciais e indissociáveis,

relativos ao ser humano: a subsistência do homem está diretamente vinculada ao meio

social, aos elementos sócio-econômicos, históricos, culturais e aos recursos naturais.

Existem várias definições para meio ambiente. Algumas consideram apenas

os componentes naturais, outras consideram que o meio ambiente é um sistema no qual

interagem fatores físicos, químicos, biológicos, espaciais e sócio-econômicos.

De acordo com a Política Nacional de Meio Ambiente, Lei Federal n.º

6.938/81, Art. 3º, I e II, o meio ambiente compreende determinado espaço, onde o

“conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica

que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas; e, degradação da qualidade

ambiental: a alteração adversa das características do meio ambiente”.

Toda e qualquer forma de vida é capaz de modificar o meio onde vive. Ao

longo da história o homem não agiu de forma diferente.

A partir da pré-história as atividades produtivas e, em muitos casos,

predadoras do homem, acabaram por provocar a redução geral e a transformação contínua

dos ecossistemas naturais. Em decorrência disto, a legislação federal define o impacto

ambiental como sendo: “toda alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do

meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante da atividade

humana que, direta ou indiretamente, afetem a segurança, e o bem-estar da população; as

atividades sociais e econômicas; a biota; as condições estéticas e sanitárias do meio

ambiente; e a qualidade dos recursos ambientais” (Resolução CONAMA 001/86, Art. 1º).

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A poluição é caracterizada pela degradação da qualidade ambiental,

resultante de atividades que, direta ou indiretamente, prejudicam a saúde, a segurança e o

bem estar da população.

A mineração é uma atividade extrativa que retira um recurso natural não

renovável e, por conseqüência, tende a agredir o meio ambiente e criar espaços vazios,

apesar dos cuidados que se possa ter com a questão da recuperação ou reabilitação da área

minerada. Esses impactos ambientais estão relacionados com a degradação do solo, a

poluição do ar e das águas:

Do solo: através dos desmatamentos, deposição de estéreis e rejeitos, ação da erosão e

desfiguração paisagística.

Do ar: devido ao aumento da concentração de material particulado e/ou gases na

atmosfera e a emissão de ruídos decorrentes das detonações do desmonte de rochas.

Das águas: ocasionada pelo assoreamento dos cursos d’água devido ao arraste de

sedimentos, bem como, a contaminação dos mananciais, em função da descarga de

efluentes (óleos e graxas utilizados nos equipamentos), além da contaminação inclusive

com metais pesados, das lagoas deixadas pelas cavas abandonadas (Shimizu, 1.995).

Em muitos casos a atividade mineradora se desenvolve de maneira

conflitante com os princípios de proteção ao meio ambiente e de uso do solo

(principalmente entre a agricultura e a ocupação urbana).

Ao mesmo tempo que a mineração é importante para manter e/ou melhorar

a qualidade de vida do homem, sua existência em meio social e ambiental é bastante

conturbada. Muitas vezes associa-se mineração com degradação ambiental porque esta

atividade esteve durante muito tempo, baseada no uso predatório dos recursos naturais. A

indiferença de alguns mineradores com relação ao meio ambiente se deve à falta de

consciência ecológica e à ausência de fiscalização e multas compatíveis.

A mineração em áreas urbanas tem provocado preocupações devido ao

confronto entre produção e consumo, tendo em vista que, sob esta ótica, a produção se

reveste de rigidez locacional, enquanto o consumo, normalmente, está localizado nos

grande centros populacionais.

A atividade mineradora é, por essência, modificadora do meio ambiente. Por

tratar-se, no caso da areia do Vale do Paraíba, de uma atividade desenvolvida, por

necessidade, próxima aos centros urbanos, que se desenvolveram ao longo de suas

margens, a mineração de areia apresenta-se mais visível à maior parte da população,

gerando maior pressão da sociedade contra os seus impactos ambientais.

No entanto, esta atividade é regulamentada e controlada por uma série de

legislações e órgãos das três esferas de governo, conforme apresentado anteriormente e

mostrado nos anexos 22, 23, 24, 25 e 26.

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6.3 A extração de areia do rio Paraíba do Sul.

A atividade de extração de areia do leito do rio Paraíba do Sul era

regulamentada pelo Departamento Nacional de Obras de Saneamento (DNOS), que,

através de concorrências públicas fornecia concessões para esse fim, em trechos de

aproximadamente um km de extensão.

Os períodos de duração destas concessões, assim como as quantidades

limites de extração nos respectivos períodos, eram variáveis. Os contratos celebrados a

partir de 1.978 estabeleciam um período de concessão de três anos permitindo um volume

médio de extração na faixa de 72.000 m3 a 144.000 m

3 para o período de contrato.

Não havendo possibilidade, na época, para que o DNOS procedesse à

fiscalização do montante extraído em cada porto de areia, as informações referentes a esta

atividade eram aquelas fornecidas pelos extratores ao referido órgão. De acordo com estas

fontes, há informações de que a extração total de areia do leito do rio Paraíba do Sul foram

da ordem de, tabela 30:

Tabela 30 - Volume de areia extraído do leito do rio Paraíba do Sul.

ANO VOLUME EXTRAÍDO (m3)

1978 1.087.000

1979 735.000

1980 871.000

1981 (estimativa) 745.000 Fonte: DNOS.

A tabela 31 apresenta o volume de material sólido transportado por

arrastamento de fundo, nos períodos de 1.980 e 1.981, medidos nos postos

sedimentométricos instalados no rio Paraíba do Sul.

Tabela 31 - Valores anuais de transporte de fundo medidos nos postos

sedimentométricos do rio Paraíba do Sul.

POSTO Ano 1.980 (m3) Ano 1.981 (m

3)

Jacareí 16.138 4.724

Pindamonhangaba 25.075

Rio Comprido 30.815 31.512

Cachoeira Paulista 35.215

Admitiu-se, a partir dos resultados das medições de transporte de fundo, que

este transporte correspondia a 10% do transporte sólido total (DAEE, 1.982).

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Admitindo-se estes valores como sendo o transporte sólido normal do rio

em regime, visto que os postos localizavam-se em trechos estáveis, concluiu-se que a

extração de um porto de areia, que em geral tem a permissão para extrair de 25.000 m3 a

50.000 m3 ao ano, eqüivalia à capacidade de reposição do material retirado do leito. A

somatória da produção dos diversos portos que extraiam areia do leito do rio, superaram

largamente esta capacidade de reposição do material retirado. Este fato implicava no

aprofundamento do leito, de onde era feita a retirada de areia. Uma evidência disto eram os

grandes aprofundamentos localizados (alguns da ordem de cinco metros) formando

verdadeiras fossas ao longo do curso , fato este que não pode ser atribuído a um

mecanismo de erosão natural do rio (Twenhofel, 1.939).

Foi feito, também no ano de 1.981, um levantamento junto aos extratores de

areia, para verificar as respectivas capacidades de extração. Verificou-se neste caso,

novamente, a compatibilidade entre a capacidade de extração de areia, e o volume de

material erodido. Esta estimativa levou em conta um ano de 260 dias trabalhados, tabela

32.

Tabela 32 - Estimativa da capacidade de extração de areia no rio Paraíba do Sul, em

1.981.

TRECHO

CAPACIDADE DE

EXTRAÇÃO

(m3/ano)

Jacareí a São José dos Campos

extensão: 28.000 m 514.000

São José dos Campos a Caçapava

extensão: 25.000 m 725.000

Caçapava a Quiririm

extensão: 30.000 m 832.000

Quiririm a Tremembé

extensão: 20.000 m 442.000

Tremembé a Pindamonhangaba

extensão: 20.000 m 240.000

O DAEE concluiu então, que:

A erosão do leito do rio somente foi notada na região onde predominavam os portos de

areia.

O volume de material retirado do leito era da mesma ordem de grandeza do volume

erodido.

Podia haver ocorrência significativa de efeitos secundários, tal como a desagregação da

parcela de material fino do fundo durante a dragagem do leito, que passava a ser

transportado em suspensão. Em decorrência desta ação, havia uma intensificação do

aprofundamento do leito.

Os cortes de meandros, atingiram praticamente a estabilidade, não podendo ser

considerados, na época, como fatores de erosão.

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A atividade intensiva da extração de areia, da maneira como vinha se processando, não

era conveniente, principalmente nos trechos em que existiam estruturas como por

exemplo, captações de água, pilares de ponte, etc., onde o rebaixamento do leito e da

linha d’água acabaria comprometendo a estrutura de tais obras e/ou sua finalidade

(DAEE, 1.982, 1.983) (ValeParaibano, 19/05/1.999).

Por esta época, os areeiros estavam encerrando as atividades de extração de

areia do leito do rio Paraíba do Sul, pois a areia estava acabando e eles estavam atingindo a

camada argilosa. O que ocorreu é que com o fechamento do reservatório de Paraibuna-

Paraitinga, o sedimento oriundo das cabeceiras ficava retido no mesmo, não havendo

reposição no leito do rio Paraíba do Sul; as atividades extratoras começaram a se transferir

do canal do rio para a várzea. A retirada de material do leito era superior ao transporte

sólido de fundo, impossibilitando a reposição natural do material retirado.

Os reservatórios de Santa Branca e Jaguarí não modificaram o regime do rio

Paraíba do Sul. Estes reservatórios operam em sintonia com o regime das precipitações,

por este motivo eles não exercem no rio Paraíba do Sul a mesma influência marcada do

reservatório Paraibuna-Paraitinga.

Depois do fechamento de Paraibuna-Paraitinga, pode-se observar um

acentuado estreitamento do canal do rio, nos dez anos seguintes de operação da represa e

continuou decrescendo nos anos posteriores. Houve o fechamento de muitos portos de

areia, principalmente os de menor porte (P.M. Jacareí).

Segundo a Associação das Indústrias de Mineração e Extração de Areia do

Vale do Paraíba (AIMEA), a atividade soma, atualmente, um volume médio mensal de

1.000.000 m3 de areia extraídos pelos 106 portos existentes ao longo do rio Paraíba do Sul

(Maia, 1.999).

Após a aprovação da Resolução SMA n.º 42, de 16.09.1.996, relativa ao

disciplinamento do licenciamento ambiental dos empreendimentos de extração de areia na

bacia hidrográfica do Paraíba do Sul, a frente de Regularização e Licenciamento iniciou

vistorias conjuntas de técnicos do DAIA, DEPRN e CETESB, contando sempre com a

presença do proprietário do empreendimento e seu responsável técnico. Em 11.03.1.997,

iniciou-se a segunda etapa de vistorias.

De maneira geral os trabalhos realizados demonstraram que tinha sido

significativo o ganho ambiental, verificado através da recomposição da vegetação ciliar

tanto nas áreas de preservação permanente ao longo do rio Paraíba do Sul quanto das

cavas, e da adoção das medidas de controle então exigidas. Além disso, houve

aprimoramento das metodologias de recomposição vegetal; a mudança de mentalidade do

empresariado do setor minerário, provocando um aproveitamento mais racional do recurso

mineral; e o retorno da SMA à sua principal função: orientação, licenciamento e

fiscalização; e não, ao atendimento somente ao Ministério Público (SMA, 1997).

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6.4 O aproveitamento de areia no leito de rios.

Considerando que o processo de assoreamento dos rios paulistas é uma

constante, e que ocorre como conseqüência de erros acumulados, tanto dos agricultores,

como das próprias autoridades governamentais, não há como justificar uma paralisação

imediata dos portos de areia existentes, apesar de todos os comprometimentos que eles

trazem ao meio ambiente. Primeiro é preciso restaurar as matas ciliares dos rios paulistas;

em segundo lugar, é preciso formular a política governamental para impedir que a

movimentação de terra provoque erosão e consequentemente assoreie rios. Finalmente,

torna-se necessário estabelecer uma política gradual de restrição ao aproveitamento de

areia dos corpos d’água a iniciar-se pelos rios que já tenham projetos específicos de

recuperação e utilização aprovados, e onde haja mínimos trabalhos de extração mineral,

com finalidade de manter tais rios desassoreados.

6.5 O planejamento ambiental.

O planejamento ambiental tem que garantir, de forma completa, as

condições ecológicas para o desenvolvimento efetivo da produção social e de todas as

atividades da população, através do uso eficiente e da proteção dos recursos do meio

ambiente, articulando-se através de quatro níveis devidamente integrados (Rossete, 1.996):

a organização ambiental do território,

a avaliação ambiental de projetos,

a auditoria e peritagem ambiental e

a gestão do modelo de planejamento ambiental.

Na forma que dispõe a Constituição Federal de 1.988, no capítulo da

Política Urbana, art. 182, cabe ao Poder Público Municipal a execução da política de

desenvolvimento urbano, tendo por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções

sociais da cidade e garantir o bem-estar de seus habitantes. Conforme o § 1º desse artigo, o

instrumento básico da política de desenvolvimento e de expansão urbana é o plano diretor,

a ser aprovado pela Câmara Municipal e obrigatório para as cidades com mais de 20.000

habitantes.

Uma das questões mais relevantes a serem discutidas em um Plano Diretor,

é a do Zoneamento Mineral, não somente pelos aspectos legais envolvidos, como também

pelas características da atividade mineral e o número de interfaces a ela relacionadas,

principalmente quando desenvolvida próximo aos centros urbanos.

Além disso, constantemente ocorrem atos e ações, nas várias instâncias de

Poder, nem sempre integrados, como seria mais desejável e produtivo. Como exemplo das

ambigüidades legais, no segmento da mineração, tem-se a concessão de pesquisa e lavra na

legislação mineral e a obrigatoriedade de planos de recuperação de áreas mineradas na

legislação ambiental, em nível federal; a concessão de Licenças de Instalação (LI) e de

Operação (LO) a cargo de órgãos estaduais de meio ambiente, e a expedição de

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licenciamentos, outorgados pelas Prefeituras e registrados no DNPM, no caso de

substâncias de emprego imediato na construção civil, como é o caso da areia.

Por outro lado, há também todo um conjunto de dispositivos e leis,

disciplinando a política de ocupação do solo urbano, concomitantemente com a utilização

dos recursos naturais, por exemplo, áreas de mananciais, estuarinas, áreas verdes, o que

ressalta a necessidade de um esforço conjunto do governo e sociedade, a médio prazo,

visando propiciar aos municípios o conhecimento de seus recursos naturais, inclusive

minerais, possibilitando o seu consumo de forma mais racional, sem causar maiores

transtornos ao meio ambiente. O ecossistema da várzea está sujeito a pressões e conflitos

devido aos diversos usos ligados à urbanização, industrialização, agropecuária e

mineração. O Decreto Federal n.º 87.561/1.981 reflete essa preocupação no seu Art. 5º:

“as áreas de terras baixas, de formação aluvial ou hidromórfica, nas margens dos rios e

córregos e em depressões topográficas contínuas, serão, preferencialmente, destinadas

para a agropecuária, a silvicultura e a unidades de conservação ecológica.” (SMA,

1.998).

O DNPM é o órgão federal responsável, em todo o território nacional, pela

supervisão, fiscalização e o controle da exploração de recursos minerais. No caso da areia,

o DNPM responde tanto pela autorização de pesquisa e concessão de lavra como também

pelo registro de licenciamento (Rossete, 1.996).

6.6 Recuperação das áreas degradadas.

A conservação consiste em um esforço deliberado para evitar uma

degradação excessiva dos ecossistemas (Margalef, 1.989).

O órgão estadual, ligado à questão ambiental, em consonância com as

prefeituras municipais, deverá estabelecer um roteiro para trabalhos de recuperação de

áreas degradadas pela extração de areia, relacionando, exemplificadamente, alguns tipos de

recuperação mais comuns utilizadas por diversos países do mundo, entre os quais:

Rearranjo da área para loteamento urbano.

Destinação da área para implantação de projetos industriais.

Reaterro para atividades agrícolas.

Utilização das cavas para depósito de rejeitos sólidos urbanos e industriais que não

comprometam o meio ambiente.

Áreas de lazer.

Outros.

Como as jazidas não são iguais, não se pode, a princípio, estabelecer

soluções padronizadas. Deve-se exigir, todavia, um planejamento prévio como forma de se

viabilizar a reutilização da área.

O estudo da compatibilidade da atividade extrativa com outras formas de

uso e ocupação do solo deve ser definido para momentos distintos: um, no qual a

recomposição é feita simultaneamente à extração, e outro, após a exaustão da jazida.

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Quem deixa de recuperar a área pesquisada ou explorada, nos termos da

autorização, permissão, licença, concessão ou determinação do órgão competente incorre

nas penas previstas no Art. 55, da Lei n.º 9.605, de 12.02.1.998.

6.6.1 Recuperação de áreas degradadas com essências nativas.

Vejamos primeiro, quais as conseqüências do desmatamento, que estão

representadas na figura 15.

Fonte: Goodland e Irwin in Queiroz Neto, 1989.

Figura 15 - Modificações da cobertura vegetal florestal e suas conseqüências.

Em todo local onde a vegetação primitiva formava uma floresta que posteriormente

veio a ser eliminada, é possível reverter essa situação, através dos diversos processos de

recuperação de florestas (Lorenzi, 1.992).

DESMATAMENTO

Exposição direta do solo à chuva, à insolação e ao vento;

queima dos restos vegetais.

Modificações no

microclima e

pedoclima

Aumento do

escoamento

superficial

Diminuição da

matéria orgânica

dos solos

Diminuição da

atividade

biológica global

Diminuição da

água disponível

Aumento da

erosão

Diminuição do ciclo de

nutrientes

Diminuição da fertilidade do solo

Insucesso das culturas

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A avaliação do grau de perturbação ou de degradação de uma determinada

área irá estabelecer qual o método de reflorestamento que deverá ser adotado, o que poderá

ser feito também, a partir da fisionomia da vegetação existente (Pesson, 1.978).

Essas áreas podem tornar-se projetos ambientais privados voltados para o

chamado “seqüestro de carbono” – que visa a recuperação e preservação de áreas florestais

para a absorção do gás, lançado em excesso na atmosfera, visando minimizar o efeito

estufa, conforme o Protocolo de Kyoto de 1.997. A compra e venda de “bônus de

Carbono” deverá movimentar US$ 10 bilhões até 2.005 (Rosa, 1.999).

6.6.2 Regeneração natural.

Método utilizado em áreas pouco perturbadas, em ambientes alterados, que

mantêm a maioria das características bióticas (flora e fauna) das formações florestais

típicas da área a ser preservada. O método é indicado para locais onde existe floresta

remanescente nas proximidades, de modo que os processos naturais de recuperação possam

agir. Os meios de recuperação biótica, como banco de sementes, banco de plântulas, chuva

de sementes e rebrota, estão presentes, garantindo dessa forma um novo povoamento

florestal, através da dispersão das matrizes existentes, tabela 33 (Crestana, 1.993):

Tabela 33 - Níveis de dispersão de algumas espécies nativas.

ESPÉCIE

Dispersão

Mudas/m2

Nome comum Nome botânico

Aldrago Pterocarpus violaceus 44

Caputuna Metrodorea pubescens 8

Cumbaru Dipteryx alata 7

Cedro-rosa Cedrela fissilis 7

Ipê-roxo Tabebuia impetiginosa 3

Guarantã Esenbeckia leiocarpa 3

Angico Anadenanthera falcata 2

Canela Ocotea acutifolia 2

A seqüência de ocupação, em condições naturais, é a seguinte: nos dois a

quatro anos iniciais, surgem espécies herbáceas anuais, depois as perenes, e, em seguida, as

arbustivas perenes; a partir daí, começam a aparecer as primeiras espécies pioneiras

arbóreas, mais ou menos específicas para cada região, e depois, as secundárias e clímaces.

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6.6.3 Enriquecimento de florestas secundárias.

As florestas secundárias são o resultado de explorações seletivas e

descontínuas, após ter sido retirada delas toda a vegetação arbórea importante, como a

madeira de lei e, consequentemente, o seu valor econômico. Na maioria das vezes, essas

matas são restos de uma vegetação exuberante outrora ocorrida, com alguns exemplares

considerados de baixo valor comercial.

Esse sistema de reflorestamento consiste em acrescentar mudas de espécies

secundárias iniciais e tardias, sob a copa das árvores remanescentes, enriquecendo essas

áreas com espécies já ocorrentes na região bioclimática.

6.6.4 Reflorestamento heterogêneo com essências nativas.

Quando as áreas desflorestadas estão degradadas e não existem

características bióticas das formações florestais originais, não ocorrendo remanescente

florestal ou banco de sementes e de plântulas disponíveis no solo, nas proximidades dessas

áreas, pode-se utilizar do sistema de reflorestamento denominado plantio heterogêneo.

Esse sistema consiste em se plantar diferentes espécies numa mesma área,

recriando condições mais próximas das florestas naturais, outrora ocorrentes na região

(Eiten, 1.983 e Wettstein, 1.970) .

O reflorestamento com essências nativas vem sendo desenvolvido a partir

de três linhas básicas:

Plantio aleatório de espécies não selecionadas.

Seleção de espécies e distribuição no campo segundo características ecofisiológicas da

formação florestal original.

Seleção de espécies e plantio de acordo com os estágios de sucessão.

O ecossistema das áreas desflorestadas apresenta baixa resiliência, ou seja, o

retorno ao estado anterior pode não ocorrer ou ser extremamente lento, levando para isso

sessenta anos ou mais. Pelo método, visa-se, sobretudo, acelerar o processo de sucessão

secundária e a conseqüente redução do tempo de formação dessa vegetação para dez a

quinze anos.

Nessas condições pode-se adotar um espaçamento inicial de 3 m x 2 m ou 3

m x 4 m, com densidades respectivas de 1.600 e 830 plantas por hectare; nesse compasso,

o povoamento irá se formar mais rapidamente, mesmo havendo falhas no plantio, o que

inicialmente poderá ocorrer (Crestana, 1.993).

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Importante lembrar que, na implantação de uma floresta com espécies

nativas, devem-se adotar as mesmas técnicas recomendadas para as culturas permanentes,

como tratos culturais, adubações, combate às pragas e doenças e proteção contra incêndios.

Nos dois primeiros anos, a limpeza poderá ser mecanizada e completada

manualmente (coroação); as mudas devem ser tutoradas quando necessário e sofrer poda

de formação, deixando-se somente o ramo-guia, sem brotações laterais.

A partir do terceiro ano, quando as mudas atingirem altura aproximada de

dois metros, a conservação do talhão poderá ser feita através de roçadas manuais,

continuando a praticar-se as medidas de proteção e vigilância.

Depois de quatro a cinco anos, quando as copas das árvores começarem a se

tocar, haverá maior sombreamento e, em conseqüência, menos quantidade de gramíneas.

A partir desse estágio, os cuidados dispensados à floresta serão menores,

não havendo competição com plantas invasoras, mas somente entre as próprias árvores em

formação.

6.6.5 Manejo de florestas implantadas.

Dependendo do espaçamento adotado, quando da implantação do

povoamento florestal, os indivíduos que inicialmente apresentam uma certa taxa de

desenvolvimento em altura e diâmetro irão, com o passar do tempo, ter esse ritmo

desacelerado até atingirem um ponto de estagnação, determinado pela competição entre si

e pela água, luz e nutrientes.

Isso ocorre dos oito aos dez anos para a densidade inicial de 1.600

plantas/ha, e dos dez aos doze anos para uma população de 1.000 indivíduos/ha, quando

recomenda-se efetuar o desbaste seletivo a partir do seguinte critério:

Eliminação periódica de 20 a 30% das árvores, a cada quatro ou cinco anos.

Eliminação das espécies em maior número no povoamento (de maior freqüência) e/ou

cuja importância biológica ou madeireira seja secundária.

Tanto em um caso com no outro, devem-se retirar primeiramente as árvores

defeituosas, doentes e subdesenvolvidas, inclusive as pioneiras em maior ou menor número

e as de menor valor comercial (madeireiro).

Embora seja tecnicamente recomendada, a adoção desse método deve ser

precedida de um plano de manejo e submetida à análise e aprovação do órgão técnico

competente.

Conforme os desbastes vão-se sucedendo, surgirá no talhão um sub-bosque,

representado por indivíduos jovens das espécies que estão ocupando o primeiro estrato, e

por outras, originadas por dispersão, ocorrentes nas proximidades.

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120

Esse sub-bosque, deverá ser mantido, pois não chega a competir com as

árvores mais velhas. Terá função de refúgio da fauna e aguardará oportunidade para se

desenvolver, caso ocorra morte de indivíduos de porte mais elevado.

Ao final do ciclo – de vinte e cinco anos – deverão permanecer, no

povoamento, de 10 a 15 % das árvores inicialmente plantadas, sendo o seu porte

diretamente relacionado com as condições locais de clima e solo.

6.7 Matas ciliares.

As matas ciliares, ou ripárias, constituem uma formação florestal típica de

áreas restritas ao longo dos cursos d’água, em locais sujeitos a inundações temporárias, em

nascentes e olhos d’água.

As diferenças florísticas e estruturais dessa vegetação estão diretamente

relacionadas com um conjunto de fatores que as condicionam, tendo como determinantes a

umidade do solo e do ar, a freqüência de alagamentos, a profundidade do lençol freático, as

condições de microclima, a fertilidade e estrutura dos solos, a disponibilidade de oxigênio,

a temperatura, as diferenças nos perfis topomórficos, o microrelevo, o traçado do curso

d’água, as mudanças dos cursos dos rios, as características geomorfológicas e geológicas

locais e as ações antrópicas.

Como objetivos primordiais, temos a considerar que as matas ciliares:

Reduzem as perdas de solo decorrentes de processos erosivos e de solapamento das

margens dos rios, causadas pela ausência de vegetação (Bruijnzeel, 1.990).

Aumentam os refúgios e fontes de alimentação para as faunas silvestre e aquática; são,

também, importantes pastos apícolas (Nilsson, 1.989).

Asseguram a perenidade das fontes e nascentes.

Protegem os cursos d’água dos impactos decorrentes do transporte de defensivos,

corretivos e fertilizantes.

Melhoram a qualidade e aumentam o volume de água para consumo humano e uso

agrícola.

Promovem o repovoamento faunístico das matas artificiais e dos cursos d’água.

A mata ciliar é um espaço territorial protegido pela Constituição Federal de

1.988.

A existência de uma mata ciliar, ou a obrigatoriedade de sua implantação

independe da vontade do proprietário do terreno ribeirinho (fosse ele o próprio Poder

Público ou o particular) e não depende a presença dessa mata de um ato expresso de um

órgão da Administração Pública. O Código Florestal de 1.965 instituiu essas matas

(Machado, 1.989).

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121

A C. F. de 1.988 mudou a repartição de competência para legislar no tocante

a florestas e permitiu, através de seu Art. 225, § 3º, que não só as pessoas físicas que

agredirem a mata ciliar possam ser processadas pessoalmente; agora, as pessoas jurídicas

poderão ser responsabilizadas não só civil e administrativamente, mas, também,

penalmente.

A ação civil pública, criada pela Lei n.º 7.347, de 24.07.1.985, dá

legitimidade nova para as associações ambientais estarem em juízo, afirma a legitimidade

dos órgãos públicos para pleitearem em juízo e melhora os instrumentos processuais do

Ministério Público, que já tinha legitimidade pela Lei n.º 6.938, de 03.08.1.981.

A ação popular é um direito do cidadão brasileiro para defender o

patrimônio ambiental. A C. F. de 1.988 inclui explicitamente como patrimônio público

abrangido na ação popular o meio ambiente. Portanto, a lesão à mata ciliar pode ser

atacada pela via dessa ação judicial, que passa a dispensar para quem a utiliza (autor) a

obrigação de pagar custas judiciais ou pagar despesas para o adversário (“ônus da

sucumbência”), salvo comprovada má-fé , conforme o inciso LXX do art. 5º da C. F.).

A responsabilidade dos agressores das matas ciliares é objetiva ou

independente de culpa, isto é, havendo o prejuízo ou o dano à vegetação, há fundamento

para se exigir civilmente a interdição da atividade perigosa à mata, a apreensão de

instrumentos (tratores, motosserras, etc.) ou a recomposição da mata ou a introdução da

vegetação. Princípio da responsabilidade sem culpa, em que não é necessário provar que o

agressor da mata agiu com intenção, ou com negligência, imprudência ou imperícia (Art.

14, § 1º da Lei n.º 6.938/81).

Recomposição da mata ciliar.

Dois são os objetivos visados na recomposição de matas ciliares e que não

são excludentes (Kageyama, 1.989):

a. Recriar a vegetação existente no passado, mantendo tanto a estrutura como a

composição de espécies originais. A preocupação fundamental é a manutenção da

diversidade vegetal e animal, característica desse habitat.

b. Recompor uma estrutura de vegetação no sentido de obter benefícios, tais como a

contenção da erosão das margens, restabelecimento de um regime hídrico e de

nutrientes, a retenção de adubos e agrotóxicos

Dentre os sistemas mais utilizados para a recomposição ciliar, destacam-se:

o fitossociológico e o sucessional. O sistema fitossociológico tenta reproduzir a flora,

baseando-se na estrutura qualitativa e quantitativa determinada pelos levantamentos

desenvolvidos em áreas próximas (distância de até 50 km) do local de implantação do

reflorestamento. Os métodos de parcelas (com áreas) e sem parcelas ou dos quadrantes

(sem áreas), fazem parte do sistema fitossociológico (Crestana, 1.983).

Há grandes dificuldades em se implantar esse sistema de reflorestamento,

por não se encontrarem mudas de todas as espécies exigidas e nem sementes disponíveis

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122

no mercado ou tecnologia para sua produção, além de não se disporem de dados científicos

sobre a evolução da mata.

Já o sistema sucessional, promove o reflorestamento de uma determinada

área em curto espaço de tempo, por exigir uma diversidade menor das espécies,

pertencentes à mesma gama de representantes, determinada pelo sistema fitossociológico.

O processo baseia-se na proposta didática de Budowski, que classifica as

espécies arbóreas tropicais em quatro grupos distintos, para orientar o reflorestamento de

forma organizada e funcional; na realidade a sucessão secundária é muito mais complexa.

Assim, as espécies estão subdivididas e enquadradas em grupos

diferenciados quanto às necessidades de luz solar, qualitativa e quantitativamente. Num

primeiro grupo, alinham-se as chamadas pioneiras, espécies plenamente heliófilas, de porte

médio a médio-baixo, de rápido desenvolvimento, ciclo de vida curto, cuja dispersão se faz

por pássaros e ventos. As secundárias iniciais e tardias (2º e 3º grupos) tem características

intermediárias de exigência em luz, incremento e longevidade, com ciclo de vida maior

que as pioneiras, mais ou menos exigentes, em relação à presença de luz solar, com

dispersão anemófila. Já as espécies clímaces têm lento desenvolvimento, porte elevado

quando adultas, são umbrófilas na fase inicial de desenvolvimento, longevas e com

sementes pesadas, o que determina dispersão por mamíferos (roedores) e pássaros grandes

(Eiten, 1.983).

Desse modo, por razões ecológicas e econômicas, recomendam-se

espaçamentos de 2x2 m até 3,3 x 3,3 m – de 4 a 10 m2 por planta – o que determina uma

população de 1.000 a 2.500 plantas/ha, empregando-se representantes de todos os estágios

de sucessão, distribuídos na seguinte relação percentual: 50:25:15:10 – pioneira:

secundária inicial: secundária tardia e clímax, trabalhando-se com vinte a trinta espécies

diferentes.

Quanto à distribuição de espaço no campo, há vários esquemas propostos,

sendo mais viáveis os seguintes:

Sistema de módulos repetidos, de forma quadrada (com nove indivíduos), de acordo

com a disponibilidade de mudas e dentro da diversidade de espécies encontradas,

figura 16.

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123

Fonte: Adaptado de Crestana, 1993.

[Os números, indicam indivíduos pertencentes a espécies vegetais, tendo sempre ao

centro espécies em estágio mais avançado de sucessão ecológica (clímaces). Os demais,

pertencem aos estágios de pioneiras e secundárias (iniciais e tardias)].

Figura 16 - Sistema de módulos repetidos.

Sistemas de faixas paralelas, usa-se a mesma proporção recomendada anteriormente,

adensando-se o plantio na faixa marginal, onde o lençol freático é superficial, figura

17.

1 4 7

2 5 8

3 6 9

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124

Fonte: Adaptado de Crestana, 1993.

Legenda: Indivíduos

PA = Espécies Pioneiras de Água

NPA = Espécies não Pioneiras de Água

P = Espécies Pioneiras.

NP = Espécies não Pioneiras.

Figura 17 - Sistemas de faixas paralelas.

Fai

xa

co

mp

lem

enta

r

3m

3m

3m

NP

P

NP

P

9m

3m

2m

2m 22m

6m

Curso d’água

NPA

PA

NPA

PA

Fai

xa

m

arg

inal

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125

As indicações feitas anteriormente para a formação de florestas nativas são

válidas para a recomposição ciliar, onde não há influência direta da umidade no solo. Nos

terrenos próximos dos cursos d’água, onde o lençol freático é superficial e ocorrem

inundações periódicas, existe uma vegetação exclusiva, adaptada àquelas condições. Como

exemplo, podemos citar algumas espécies, como o guanandi (Calophyllum brasiliensis),

ingás (Inga spp), pau-de-viola (Citharexyllum myrianthum), sangra-d’água (Croton

urucurama), ipê-do-brejo (Tabebuia umbellata) e pinha-do-brejo (Talauma ovata).

Na mata ciliar não inundável, a flora é representada por espécies comuns às

das florestas de solos profundos de meia-encosta. Há espécies de grande amplitude

ecológica, que ocorrem desde a condição ciliar, passando pelas matas não influenciadas

pelos rios, até atingir os cerrados, em condições bem mais adversas, como o óleo-de-

copaíba (Copaifera langsdorffii) o peito-de-pomba (Tapirira guianensis), o jacarandá

paulista (Machaerium villosum), o cinzeiro (Vochysia tucanorum), o jerivá (Syagrus

romanzoffiana) e outras.

Há grandes diferenças florísticas e estruturais entre a vegetação ciliar da

região de cerrado e a vegetação da região onde ocorre a floresta tropical (mesófila). As

respectivas formações florestais influenciam as composições florística e estrutural da mata

ciliar próxima.

6.7.1 Indicações das espécies.

Existe um grande número de espécies lenhosas compreendidas entre árvores

e arbustos, ocorrendo nos diversos tipos de vegetação no estado de São Paulo.

O anexo 2, traz dados, dos nomes comuns de grande ocorrência no Estado,

adaptáveis à várzea paulista do Paraíba do Sul, e cuja colheita de sementes e produção de

mudas são viáveis.

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126

CAPÍTULO VI

7 MONITORAMENTO.

O monitoramento é de importância fundamental, em qualquer ramo do saber

que trate de questões experimentais, em especial àquelas relacionadas com o meio

ambiente.

Através da mensuração das diversas formas de degradação ambiental, é

possível contribuir para a realização de um diagnóstico do problema. Utiliza-se, para tanto,

fotografias aéreas, imagens de satélite ou de radar, estações experimentais, coleta de

amostras de água, rochas, sedimentos, seres vivos, etc..

O município de Jacareí convive com os mais antigos mineradores de areia

do estado de São Paulo, anteriores à legislação vigente. Essas áreas de mineração

cresceram desordenadamente, avançando sobre áreas de preservação do rio Paraíba do Sul,

na faixa dos 100 m, resultando em taludes estreitos demais para serem estáveis. A

CETESB e o DAEE preocupados com o problema, realizam monitoramento constante

nessas áreas para prevenir a desestabilização e solapamento desses pontos vulneráveis.

O processo de regularização do funcionamento dos portos de areia no

município de Jacareí, teve início em 1988, através da solicitação do EIA/RIMA aos

mineradores por parte da Prefeitura Municipal, após elaboração do novo Projeto de Lei

sobre a questão minerária e, resolveu embargar todos os portos de areia existentes na sua

jurisdição. Com o impasse criado, a SMA adotou uma nova estratégia, propondo um Plano

de Recuperação Ambiental, vinculado ao licenciamento dos empreendimentos. A partir

daí, novos portos foram licenciados.

Em 25.12.1991, foi aprovado pelo CONSEMA através da Deliberação n.º

036/91, um plano de gestão AIMEA-I que visava o disciplinamento e recuperação

ambiental em 24 portos de areia na região de Jacareí.

Nos planos de monitoramento e vistorias realizadas pelos técnicos da

CETESB, em diversos portos de areia dos municípios do Vale do Paraíba, foram

constatados que ao longo dos últimos cinco anos de atividade mineradora, houve um

aumento significativo das áreas solapadas nas margens do Rio, principalmente nos trechos

compreendidos entre os municípios de Jacareí e São José dos Campos. Isso ocasiona o

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aparecimento de grandes bancos de areia e consequentemente a mudança do traçado do

Rio, propiciando pontos de instabilidade nos taludes entre as cavas e o leito do Rio.

Aos 22.06.1995, a CETESB e o DPRN, realizaram uma reunião onde, em

“situação de urgência”, foi citado o município de São José dos Campos, onde o ministério

público notificou nove portos de areia no município para cumprimento de um plano de

recuperação emergencial, elaborado pela Prefeitura Municipal e pelo DPRN. A CETESB

alegou que o plano era composto por intervenções de recuperação, as quais não são objeto

de fiscalização e acompanhamento de sua parte e mais, que não houve consulta ao DAIA

quando de sua elaboração.

Aos 10.10,1997, foi feita uma reunião técnica sobre a mineração de areia na

várzea do rio Paraíba do Sul, onde uma coletânea de informações e esclarecimentos foram

abordados, dentre eles:

O conflito do uso do solo na várzea do rio Paraíba do Sul – anexos 23, 24 e 26.

A importância da várzea para o equilíbrio da região – embora a área tenha sido

degradada, ela ainda é importante como ecossistema, devendo ser recuperada,

mantida e respeitada, principalmente os meandros abandonados.

Para que todo o processo de não alteração e não degradação do meio

ambiente seja eficaz, algumas recomendações são importantes:

Incorporar a participação dos municípios, no processo decisório, considerando os

cenários das áreas degradadas e das áreas semi-preservadas.

No zoneamento, delimitar, precisamente, as áreas onde se permitirá a mineração.

Adequar as legislações municipais de forma a torná-las harmônicas com um

planejamento regional.

Definir alternativas e elaborar normas técnicas para recuperação e uso das cavas.

Elaborar um planejamento de longo prazo de extração mineral para impedir seu

esgotamento a curto prazo.

Incentivar a pesquisa de processos de reciclagem de entulhos da construção civil.

Elaborar um plano, integrado e regional, de recuperação e preservação do

ecossistema da várzea.

Redefinir um projeto global de recuperação das cavas que sobrepõe-se aos “100m”.

Executar um monitoramento constante do leito do rio para verificar problemas de

desassoreamento e lavra clandestina.

Elaborar normas técnicas para extração mineral que contemplem distâncias de obras

de arte, como, pontes, estação de captação, loteamentos habitacionais, despejos, etc.

Elaborar normas para reflorestamento e recuperação da mata ciliar, adequadas à

região.

O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), vem fazendo um

levantamento sobre o impacto ambiental provocada pela extração de areia no rio Paraíba

do Sul utilizando imagens dos satélites Spot (França), anexo 27, e Landsat (EUA).

Detectou-se, preliminarmente, que, a situação em Jacareí é semelhante à de Caçapava em

1.997. O município de Caçapava tinha 2 km2 de cavas há dois anos e o levantamento

apontou cavas com profundidade média de 10 m.. No ano passado, essas áreas

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aumentaram, totalizando 3,28 km2. O que mais chamou a atenção do INPE no

levantamento feito em Jacareí foram as profundidades das cavas, que tinham, em média, 25

m e que podem estar aumentando. A maior cava em Jacareí tinha cerca de 1.100 m de

extensão (Gomes, 1.999).

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129

CAPÍTULO VII

8 CONCLUSÕES.

A população do Vale do Paraíba, Litoral Norte e Serra da Mantiqueira

cresceu 13,8% nos últimos oito anos, alcançando 1.880.000 habitantes, o dobro da

população dos estados do Amapá e Roraima juntos. A Bacia Hidrográfica do Paraíba do

Sul possui uma área de drenagem de 14.396 km2, maior portanto que as Bahamas, e

abrange três estados. A dependência da região desse fabuloso recurso natural, fonte de

água, alimentos e minérios, é condição de sua sobrevivência e desenvolvimento, o que por

si só justifica um esforço de manejo sustentado e de preservação.

Faltará água potável, em diversas partes do mundo, no próximo século.

Regiões que a tem hoje, precisam preservá-la para as futuras gerações.

A degradação ambiental do Vale do Paraíba começou no século passado

com o desmatamento para o cultivo do café. A técnica ineficiente do plantio “morro

abaixo” aliada às queimadas para a limpeza do terreno e o trabalho incessante das saúvas,

contribuiu para a formação de enxurradas que lavaram o solo, aceleraram a erosão fazendo

surgir as vossorocas, provocando a exaustão dessas terras para o cultivo. Os cafezais

tomaram rumo Oeste. As terras foram ocupadas pelo gado, o seu conseqüente pisoteio só

agravou o problema.

O crescimento das cidades exigiu áreas de várzea para sua expansão e

agregados para suas edificações. Surge a extração de areia, a impermeabilização do solo, a

poluição em suas diversas formas e a demanda por mais água potável. Às margens da

rodovia Presidente Dutra instalam-se indústrias, com expressiva representação das

multinacionais químicas, todas com alto potencial poluidor.

O rio Paraíba do Sul é, então, agredido pela enorme carga orgânica recebida

de esgotos urbanos não tratados, rejeitos industriais de diversos tipos, agrotóxicos e a

extração predatória da areia do seu leito.

Tudo o que ocorre numa bacia de drenagem repercute nos rios. O rio

Paraíba do Sul é de canal meândrico com a conseqüente formação de seqüência de

depressões e umbrais ao longo do eixo fluvial, definindo áreas de erosão e deposição

naturais, hoje bastante alteradas pela ação antrópica.

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130

A capacidade de erosão das margens e do leito fluvial, bem como o

transporte e disposição da carga do rio permitiram transportar e distribuir a carga

sedimentar, de acordo com a granulação das partículas e as características da corrente, ao

longo da várzea. Assim, formou-se, na região, ao longo do tempo, uma jazida de areia que,

em Jacareí, possui areia mais grossa e espessura de até 28 m, que vai adelgaçando

atingindo 8 m em Quiririm.

Uma casa com 45 m2 de área construída, consome aproximadamente 8,5 m

3

de areia na sua construção, a um custo aproximado de R$ 21,23/m3, posto na obra, o que

totaliza R$ 180,46. Considerando o custo dessa construção como sendo R$ 536,15/m2,

temos:

R$ 536,15/m2 x 45 m

2 = R$ 24.126,75

e a participação da areia, no custo da casa será, então, de 0,75%.

A produção de areia, no Vale do Paraíba, segundo a AIMEA, é de 1.000.000

m3/mês, que ao preço de R$ 21,23 (posto na obra), gera um valor de negócio de

(1,00 x 106) x 12 x R$ 21,23 = R$ 254.760.000,00/ano

valor intermediário entre a receita líquida da segunda e terceira maiores empresas da região

e próximo ao valor adicionado (1.998) do município de Cruzeiro, tabela 34:

Tabela 34 - O negócio areia em relação a outros.

REFERÊNCIA R$ milhões

Ciro Atacadista (Receita líquida 12/97) 324,91

Município de Cruzeiro, SP (Valor adicionado 1.998) 259,08

O negócio areia para construção civil 254,76

Alstom (Receita líquida 03/99) 238,14

Fonte: AIMEA e Gazeta Mercantil Vale do Paraíba (22.09.1.999).

A 1ª Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente, em Estocolmo,

em 1972, marca o surgimento da consciência ecológica no mundo e com ela um arcabouço

jurídico. Os municípios do Vale do Paraíba, independentemente, regulamentam e

restringem a extração mineral, da areia em particular, e contemplam a preservação e a

recuperação da mata ciliar.

O processo de industrialização do Vale do Paraíba revitaliza-se, neste final

de século, e com a tendência de urbanização da população, surge o fenômeno da

conurbação e esta cria uma demanda crescente de agregados para a construção civil que

deve atender, também, a região metropolitana de São Paulo.

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131

A areia natural é um insumo ainda insubstituível no processo e o Vale do

Paraíba possui jazidas de boa qualidade, principalmente as de Jacareí, ideais para a

elaboração de concreto estrutural.

A legislação mineral e ambiental brasileira apresenta-se extremamente

complexa e em contínua evolução. A atividade mineração é regulada principalmente pela

legislação federal, ocorre geralmente em território local e implica em ações de fiscalização

e controle principalmente no âmbito estadual.

O setor produtor de areia para construção civil é caracterizado pela falta de

planejamento, simplificação dos processos de lavra e beneficiamento, e forte presença de

produtores clandestinos. Essas características impedem o exercício de uma exploração

racional e mantém práticas bastante inadequadas, com interferências prejudiciais ao meio

ambiente. Os impactos ambientais, por sua vez, provocam baixas na qualidade de vida,

tanto do ponto de vista social, quanto econômico e político.

A lavra e lavagem em leito de rio liberam partículas finas da primeira

lavagem que, por ocorrer às margens do rio, são levadas pela correnteza aumentando a

turbidez da água, impedindo a oxigenação e obstruindo a penetração dos raios solares,

prejudicando, assim, a proliferação da vida aquática. A má conservação dos equipamentos

operando no leito dos rios provoca o derramamento de lubrificantes e combustíveis.

Na lavra em cava seca o efeito sobre o meio ambiente se faz sentir devido

ao desmonte descontrolado e os taludes mal calculados que facilitam o escorregamento,

principalmente em épocas chuvosas. A retirada indiscriminada da vegetação e do solo

superficial dos aluviões provoca graves focos de erosão e a não tomada de medidas

adequadas, provoca, no manancial que recebe as águas das lavagens, um elevado índice de

turbidez, assoreamento e alteração de pH normal.

Na lavra em cava submersa, utilizam-se de equipamentos que desmontam

hidraulicamente os barrancos e os fundos dos rios ou lagos; depois, o procedimento

adotado é semelhante ao da lavra em leito de rios. Esse modo de extração de areia destrói

os barrancos dos rios ou lagos, alterando seus cursos, seus regimes hidrológicos e causando

turbidez. Esse fenômeno provocará assoreamento à jusante. A destruição das margens do

rio ainda poderá criar pontos mais susceptíveis à erosão, principalmente se a cobertura

vegetal foi retirada.

Na lavra em solo de alteração utiliza-se o desmonte hidráulico com seus

inconvenientes sendo acrescidos de maior quantidade de finos, de minerais micáceos e

metálicos, liberados da rocha mãe, que provocam grande volume de rejeito, intenso

assoreamento, turbidez, acarretando má qualidade do produto e baixa rentabilidade

econômica do processo.

A explotação implica em devastação de áreas localizadas, traduzida pelo

desmatamento de superfície, remoção e perda do solo superficial que sustenta a vegetação,

e ainda, após o esgotamento das jazidas, o abandono de cavas profundas, quando em

baixadas e vales, ou a instabilização de áreas adjacentes quando próximas ao rio ou de

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132

encostas de terrenos elevados. A essa devastação associa-se a conseqüente alteração da

drenagem natural com o assoreamento de rios e desvios nos cursos d’água e a poluição das

lagoas formadas das cavas abandonadas deixando-as sem vida aquática, contaminada por

esgotos, derivados de petróleo e metais pesados. A tabela 35 apresenta um resumo das

conseqüências da mineração de areia.

Tabela 35 - A mineração de areia e o meio ambiente.

MEIO AMBIENTE

MIN

ER

ÃO

DE

AR

EIA

INTERVENÇÃO

DO MEIO

FÍSICO

IMPACTOS

DIRETOS

CONSEQUÊNCIAS

CORRELATAS

Desmatamento Erosão

Assoreamento

Desaparecimento da

fauna e flora

Polu

ição

: vis

ual

, so

nora

, do s

olo

,

da

água

e do a

r.

Taludes instáveis Escorregamentos e

deslizamentos

Ameaças e/ou danos

às edificações, ao

curso do rio, às vidas

humanas

Depósitos de

rejeitos

Contaminação do

solo e do lençol

freático

Limites à urbanização

e agricultura

Diante tamanha devastação e enorme encargo ao Poder Público, a sociedade

reage exigindo planejamento, racionalidade e recuperação do ambiente destruído. Surge

um complexo jogo de interesses que origina conflitos aparentemente inconciliáveis entre

mineradores, agricultores e a população, chegando, às vezes, aos tribunais.

O Poder Público, por sua vez, alega que não obtém dos mineradores, através

dos impostos específicos, numerário suficiente para compensar:

A inconveniência da atividade mineradora.

A destruição da pavimentação das vias públicas e o abalo das edificações adjacentes

pelos caminhões com ou sem excesso de peso.

A degradação ambiental provocada, incluindo aí as alterações na fisiografia do rio.

A descontaminação das lagoas formadas por cavas abandonadas.

Os constantes afogamentos.

A agricultura se vê pressionada pela expansão urbana de um lado e pela

mineração do outro. Ambas reduzindo-lhe o espaço, absorvendo-lhe a mão de obra,

contaminando a água, criando-lhe o problema do furto e da violência. Uma política agrária

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equivocada, a descapitalização do agricultor, o problema fundiário mal resolvido e a

especulação imobiliária só agravam o problema.

A sociedade procura exercer o seu direito a uma vida saudável num

ambiente ecologicamente equilibrado. Não aceita a destruição pura e simples do seu meio

ambiente, mas, admite o manejo sustentável, pois, minério retirado não se repõe, mas, a

paisagem e o meio ambiente podem e devem ser reparados pelo empreendedor.

Sugerimos, então, algumas premissas que devem nortear o trabalho de

disciplinamento da mineração:

Admitir o caráter social da atividade mineradora de areia.

Convencer os empresário da mineração do seu comprometimento ambiental e da

necessidade de implantar técnicas modernas de gestão incluindo o sistema de gestão

ambiental.

Reconhecer a falta de informações básicas para a atividade e obter recursos para

gerá-las.

Conscientizar os legisladores da atuação deficiente, desordenada e descoordenada de

diversos órgãos públicos dos níveis federal, estadual e municipal.

Provocar nos legisladores a necessidade de desregulamentação da atividade

econômica da mineração.

Alterar as leis de zoneamento inadequadas e incluir-lhes visão regional.

Algumas medidas precisam, então, ser tomadas:

Reorganização da administração pública mineral com a conseqüente revisão da

legislação específica.

Redefinição e reorganização das competências dos órgãos que interferem na

mineração objetivando a descentralização e a redução dos custos.

Elaboração de um plano integrado de aproveitamento econômico dos recursos

minerários do Vale do Paraíba, composto por:

Cartografia geológica, geotécnica, hidrológica, geomorfológica,

pedológica, uso do solo, vegetação, conflitos, etc..

Estudo da potencialidade mineral, hidrológica e agrícola.

Diretrizes de aproveitamento dos recursos naturais e recuperação de

áreas degradadas.

Estudo e proposição de novas leis de zoneamento para uso e ocupação do solo

adequadas à realidade sócio-econômica local e regional.

Elaboração, difusão e implantação de normas técnicas que visem a realização de

lavras racionais em toda a extensão da atividade, desde a pesquisa até a reabilitação

da área minerada ou atingida pela mineração.

Criação de um setor, nas prefeituras, para responsabilizar-se pela regulamentação e

fiscalização da atividade, análise e acompanhamento dos processos.

Assegurar:

Orientação e divulgação da nova postura institucional e exigências

legais, cujo desconhecimento poderá gerar situações de ilegalidade.

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Atuação das instâncias fiscalizadoras como intermediadoras entre o

poder público e o minerador, visando a compatibilização dos conflitos

e anseios das partes envolvidas, a sociedade e o minerador.

Para medir a consciência ecológica do minerador na condução do seu

negócio, os submetemos a um questionário sobre seu sistema de gestão ambiental. Nada

pôde ser concluído pelo reduzido número de respostas obtidas, o que pode ser sintomático.

Não houve oportunidade, também, para um estudo de avaliação de ciclo de

vida da areia como material de construção civil.

A degradação ambiental, no entanto, é flagrante, conforme ilustram as

imagens em seqüência:

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CAPÍTULO VIII

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INDICES

Figura 1 - Fluxograma de atividades. .................................................................................... 8

Figura 2 - Classificação das condições do ecossistema. ...................................................... 12

Figura 3 - Brasil, principais bacias hidrográficas e a Bacia do Paraíba do Sul. ................. 14

Figura 4 - Relevo brasileiro e planaltos e serras do Atlântico-Leste-Sudeste. ................. 21

Figura 5 - Mapa do estado de São Paulo e o rio Paraíba do Sul. ......................................... 41

Figura 6 - Seção transversal tipo do Vale do Paraíba. ......................................................... 41

Figura 7 - Trecho Jacareí - Caçapava do rio Paraíba do Sul. .............................................. 42

Figura 8 - Brasil, vegetação e o Parque da Serra da Bocaina (24). ..................................... 43

Figura 9 - Tipos distintos de leito. ....................................................................................... 49

Figura 10 - Padrão de canais................................................................................................ 50

Figura 11 - Principais alterações introduzidas no ecossistema quando se constrói uma

barragem. ............................................................................................................................. 57

Figura 12 - Alterações ecológicas com a construção de uma barragem. ............................. 59

Figura 13 - As contribuições do construbusiness. ............................................................... 65

Figura 14 - Identificação das mineradoras. ....................................................................... 103

Figura 15 - Modificações da cobertura vegetal florestal e suas conseqüências. ............... 116

Figura 16 - Sistema de módulos repetidos......................................................................... 123

Figura 17 - Sistemas de faixas paralelas. ........................................................................... 124

Tabela 1 - Portarias do Ministério do Interior referentes à bacia do rio Paraíba do Sul. .... 10

Tabela 2 - Consumo de água nos afazeres domésticos. ....................................................... 15

Tabela 3 - Princípios básicos na Lei Federal n.º 9.433/97. ................................................. 16

Tabela 4 - Instrumentos da Lei n.º 9.433/97. ....................................................................... 16 Tabela 5 - Organismos criados pela Lei Federal n.º 9.433/97. ............................................ 16

Tabela 6 - Características da UGRHI Bacia Hidrográfica do Paraíba do Sul. .................... 24 Tabela 7 - Características dos comboios. ............................................................................ 32 Tabela 8 - Elementos característicos do plano de navegabilidade do rio Paraíba do Sul.... 33 Tabela 9 - Tentativa de compartimentação geo-ecológica. ................................................. 34

Tabela 10- Relação original dos "polders" na área entre Jacareí e Caçapava. ................... 61 Tabela 11 - População da região do estudo. ........................................................................ 66 Tabela 12 - Consumo de materiais por metro quadrado de uma construção média. ........... 67 Tabela 13 - Produção mineral brasileira - principais bens minerais.................................... 69 Tabela 14 - Características das areias. ................................................................................. 70

Tabela 15 - Classificação da areia por tipo de peneira. ....................................................... 71

Tabela 16 - Classificação da areia em função do tamanho dos grãos. ................................ 71

Tabela 17 - Especificações químicas da areia para vidraria. ............................................... 73 Tabela 18 - Frações granulométricas da areia normal brasileira. ........................................ 74 Tabela 19 - Características do setor mineral de areia. ......................................................... 75 Tabela 20 - Classificação da atividade mineração de areia como poluidora pela

FEEMA/RJ. ......................................................................................................................... 78

Tabela 21 - Regimes legais de aproveitamento de recursos minerais de utilização imediata

na construção civil, seus principais aspectos e legislações básicas. .................................... 85 Tabela 22 - Exigências legais relacionadas ao meio ambiente. .......................................... 87

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Tabela 23 - Algumas possibilidades de inserção da mineração em áreas urbanas nos

instrumentos legais municipais. ........................................................................................... 90

Tabela 24 - A legislação municipal de São José dos Campos. ............................................ 91 Tabela 25 - Tributos sobre o setor mineral. ......................................................................... 99 Tabela 26 - Tributos sobre o setor mineral - Contribuições Sociais. ................................ 100 Tabela 27 - Resultado da pesquisa sobre sistema de gestão ambiental. ............................ 104 Tabela 28 - O concreto comparado aos seus concorrentes estruturais. ............................. 107

Tabela 29 - Conteúdo de energia do concreto. .................................................................. 108 Tabela 30 - Volume de areia extraído do leito do rio Paraíba do Sul................................ 111 Tabela 31 - Valores anuais de transporte de fundo medidos nos postos sedimentométricos

do rio Paraíba do Sul. ........................................................................................................ 111 Tabela 32 - Estimativa da capacidade de extração de areia no rio Paraíba do Sul, em 1.981.

........................................................................................................................................... 112

Tabela 33 - Níveis de dispersão de algumas espécies nativas. .......................................... 117

Tabela 34 - O negócio areia em relação a outros. ............................................................. 130 Tabela 35 - A mineração de areia e o meio ambiente. ...................................................... 132

Equação 1 - Descarga líquida. ............................................................................................. 53