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Pontifícia Universidade Católica PUC RIO Departamento de Química LABMAM Laboratório de Estudos Marinhos e Ambientais AVALIAÇÃO ECOTOXICOLÓGICA DA QUALIDADE DA ÁGUA NA RPPN BOA ESPERANÇA- TINGUÁ, RJ Aluno: Larissa de Souza Pinto Nogueira Orientador: Angela de Luca Rebello Wagener Co-Orientador: Adriana Haddad Nudi Rio de Janeiro-RJ 2015.1

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Pontifícia Universidade Católica – PUC RIO Departamento de Química

LABMAM – Laboratório de Estudos Marinhos e Ambientais

AVALIAÇÃO ECOTOXICOLÓGICA DA QUALIDADE DA ÁGUA NA RPPN BOA ESPERANÇA- TINGUÁ,

RJ

Aluno: Larissa de Souza Pinto Nogueira

Orientador: Angela de Luca Rebello Wagener

Co-Orientador: Adriana Haddad Nudi

Rio de Janeiro-RJ

2015.1

AVALIAÇÃO ECOTOXICOLÓGICA DA QUALIDADE DA ÁGUA NA RPPN BOA ESPERANÇA- TINGUÁ,

RJ

1. Introdução

O crescimento da população mundial estimula o aumento das atividades industriais, comerciais e

agropecuárias. O desenvolvimento dessas atividades, de forma não sustentável, contribui para a contaminação

dos recursos hídricos superficiais e subterrâneos em decorrência do lançamento de rejeitos contendo metais,

matérias orgânicas, fertilizantes, pesticidas, óleos, percolados tóxicos de lixões, entre outros.

Consequentemente, além da escassez, a sociedade mundial está se deparando com a queda da qualidade das

águas em taxas muito acentuadas. (SARAIVA et. al, 2009).

De acordo com a Resolução nº 357 de 2005 do CONAMA (Conselho Nacional Meio Ambiente) quanto

às diretrizes ambientais acerca dos corpos d’água, uma série de considerações presentes nesta resolução são

de suma importância para assegurarem a qualidade da água, mesmo que para diferentes destinações. A

exemplo, do que está previsto pela Legislação: “CONSIDERANDO que a água integra as preocupações do

desenvolvimento sustentável, baseado nos princípios da função ecológica da propriedade, da prevenção, da

precaução, do poluidor-pagador, do usuário-pagador e da integração, bem como no reconhecimento de valor

intrínseco à natureza”.

A avaliação da qualidade da água pode ser realizada caracterizando determinados parâmetros como:

oxigênio dissolvido, coliformes termotolerantes, pH, demanda bioquímica de oxigênio (DBO5,20),

temperatura da água, turbidez, resíduo total, nitrogênio total e fósforo total (ANA_Agência Nacional de

Águas, 2009). Sendo esses dois últimos, nutrientes de extrema importância para esta avaliação, uma vez que,

muitos compostos químicos presentes nos corpos d’água possuem estes elementos em suas composições. Em

paralelo às análises químicas, é possível determinar qualitativamente o estado de conservação de ecossistemas

que contém corpos d’água. O Protocolo de Avaliação Rápida de Rios-PAR (Callisto et al., 2002; Bizzo et al.,

2014) é uma destas ferramentas pois, auxilia o monitoramento ambiental de cursos hídricos partir de

informações coletadas no local, gerando assim um diagnóstico do meio em que se encontra o rio.

O PAR é aplicado avaliando as características da água, do solo, ocupação de margens, erosão,

assoreamento, cobertura vegetal, “frequência de rápidos”, que diz respeito sobre o aumento da sequência de

corredeiras e indicando a alta qualidade de habitat e diversidade de fauna (Barbour et al., 1999) e ainda

“qualidade dos remansos”, que através dos padrões de velocidade e profundidade do rio, remetem a

diagnósticos sobre a qualidade e diversidade da fauna local, entre outros parâmetros importantes para a

geração de dados, que segundo Rodrigues et al. (2008) representam a qualidade dos ecossistemas fluviais, de

forma rápida e sem a necessidade altos gastos e profissionais especializados no assunto.

Mesmo com alguns parâmetros pré-determinados que são utilizados para avaliação da qualidade da

água, há uma série de outros estudos que devem ser realizados no âmbito de caracterização de corpos d’água

acerca da presença de metais pesados, HPAs e pesticidas, por exemplo.

Pesticidas são comumente utilizados no Brasil e muitas vezes em quantidades exacerbadas. Dentre os

empregados na agricultura destacam-se os herbicidas, que correspondem à maior parcela comercializada

mundialmente (UETA et al., 2001). Os herbicidas são agentes biológicos ou substâncias químicas que agem

matando ou suprimindo o desenvolvimento de espécies daninhas (ROMAN et al., 2007). O problema é que

muitas destas moléculas têm grande probabilidade de contaminar os recursos hídricos, graças a características

como alto potencial de deslocamento no perfil do solo (lixiviação), elevada persistência no solo, baixa a

moderada solubilidade em água. (ALMEIDA et al., 2006; SILVA et al., 2006).

Ecotoxicologia é a ciência que estuda efeitos das substâncias naturais ou sintéticas sobre organismos

vivos, populações e comunidades, animais ou vegetais, terrestres ou aquáticos, que constituem a biosfera,

incluindo assim a interação das substâncias com o meio nos quais os organismos vivem num contexto

integrado (PLAA, 1982). Alguns organismos aquáticos são extremamente sensíveis às mudanças que ocorrem

no ambiente em que vivem, tendo um papel muito importante nos estudos de biomonitoramento e

consequentemente na avaliação da qualidade da água, sendo assim, eles são fundamentais para os estudos

ecotoxicológicos, desempenhando o papel de bioindicadores.

Os bioindicadores são definidos como qualquer resposta a um contaminante ambiental ao nível

individual, medidos no organismo ou matriz biológica, indicando um desvio do status normal que não pode

ser detectado no organismo intacto. Ou seja, são medidas de fluidos corporais, células, tecidos ou medidas

realizadas sobre o organismo completo, que indicam, em termos bioquímicos, celulares, fisiológicos,

compartimentais ou energéticos, a presença de substâncias contaminantes ou a magnitude da resposta do

organismo alvo (LIVINGSTONE, 1993).

Na região de estudo, além de possuir vários dutos onde são transportados gases de empresas

petrolíferas que podem, caso ocorram algum tipo de sinistro, atingir os corpos d´´agua presentes na área, há

também muitas plantações adjacentes e consequentemente, pode ocorrer o uso de pesticidas, que com o

processo de erodibilidade do solo, de taxas de transporte superficial e subsuperficial dos elementos químicos

dissolvidos e de sedimentos carreados para os cursos de água, pode estar ocorrendo processo de contaminação

desses corpos d’água e ainda há a questão da volatilização desses compostos, o que pode afetar em diferentes

intensidades estes ecossistemas aquáticos, dependendo do gradiente de concentração formado por esta

volatilização.

2. Objetivos

Gerais:

Avaliar o corpo d’água do Rio Boa Esperança, que corta a Reserva Particular do Patrimônio

Natural no bairro de Tinguá (RPPN PUC-Rio) no município de Nova Iguaçu- Rio de Janeiro.

Específicos:

Aplicar o Protocolo de Avaliação Rápida de Rios nos pontos selecionados como ferramenta de

screening inicial do estado ambiental da área de estudo

Determinar os parâmetros físico-químicos: oxigênio dissolvido, coliformes termotolerantes,

pH, demanda bioquímica de oxigênio (DBO5,20), temperatura da água, turbidez, resíduo total,

nitrogênio total e fósforo total), e a partir destes dados determinar o índice de Qualidade da

Água (IQA) nos pontos amostrados

Determinar os níveis iniciais de alguns poluentes orgânicos (hidrocarbonetos e pesticidas) nas

matrizes água, solo e biota (peixes)

Comparar os resultados dos parâmetros determinados com os preconizados pelas agências

reguladoras nacionais para classificação da área (se impactada ou não).

Aplicar ensaios com biomarcadores (micronúcleo, vermelho neutro e cometa) nas amostras de

peixes para testar a viabilidade celular

3. Metodologia

3.1 Área de estudo

A PUC-Rio recebeu como doação em 2011 uma área de conservação ambiental denominada como

Campus-Tinguá, que é uma Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN-Tinguá). Atualmente diversos

estudos em Ecologia, Conservação, Química Ambiental, Geoambientais, dentre outros, e principalmente de

Educação Ambiental são desenvolvidos na área. O local de pesquisa é no entrono desta reserva

(22°35'27.37"S/43°24'20.67"O), inserido no Município de Nova Iguaçu no estado do Rio de Janeiro. Faz parte

da URG Tinguá (Unidade Regional de Governo), que é composta por 5 bairros (Tinguá, Montevidéu,

Adrianópolis, Rio d'Ouro e Jaceruba).

A paisagem de Tinguá reflete seus ciclos econômicos e suas resultantes ambientais expressas na

composição de suas florestas e das áreas que hoje constituem o sistema de espaços livres de ocupação:

pastagens, campos antrópicos, matas degradadas e margens de rios ocupadas. As propriedades rurais

predominam na região e o número de habitantes é bem inferior comparado ao centro de N. Iguaçu, mas uma

ocupação menos densa também acarreta transformações. O município teve um grande destaque durante

o século XIX por conta da estação de trem fundada em 1883 e que foi desativada em 1964.

Segundo estudos prévios realizados na região em 2009 pelo Núcleo de Interdisciplinar de Meio

Ambiente da PUC-Rio, algumas espécies encontradas podem indicar forte ação antrópica: garapas (Apuleia

leiocarpa), embaúbas (Cecropia hololeica), jabuticabeiras (Myrciaria cauliflora), jameleiros (Syzingium

jambolana), cambucazeiros (Marlierea edullis), fruta-pão (Artocarpus altilis) e jaqueiras (Artocarpus

heterphyllus).

3.2 Coleta de material

Primeiramente foi realizada uma pesquisa de campo para a elaboração de um desenho amostral, de

modo a avaliar possíveis impactos oriundos das atividades locais (hoteleira e agropecuária). Foram definidos

cinco pontos de coleta ao longo do Rio Boa Esperança (Fig.1), que passa por várias propriedades, sendo o

primeiro ponto dentro da Reserva Biológica de Tinguá (P1); o segundo foi sob uma ponte onde havia trânsito

de pessoas, veículos e casa de eventos (P2). O ponto três (P3) foi coletado próximo a uma agrofloresta; o

ponto 4 é o localizado na própria RPPN – PUC-Rio (P4) e o cinco, localizado na área urbana de Tinguá (P5).

Figura 1: Local de estudo (área demarcada corresponde ao Rio Boa Esperança)

Posteriormente objetivou-se uma abordagem qualitativa da área com a aplicação do questionário PAR.

No local, foram determinadas a temperatura da água; pH da água e solo, além da medição dos fluxos de água.

As informações foram coletadas através de questionários preconizados por Callisto et al. (2002).

Para a coleta das amostras para determinação dos parâmetros oxigênio dissolvido (OD), coliformes

termotolerantes, pH, demanda bioquímica de oxigênio (DBO5,20), temperatura da água, turbidez, resíduo

total, nitrogênio total e fósforo total, seguiu-se o protocolo estabelecido pelo LABAGUAS-PUC-Rio. Para o

OD, no local foram adicionados todos os reagentes (R1, R2 e R3) relacionados ao método. Para os demais

parâmetros, foram coletados dois frascos, sendo que um deles acidificado previamente para preservação das

amostras. Todas as amostras foram mantidas sob refrigeração até a chegada à PUC.

Para a determinação de BTEX, amostras de água foram coletadas em frascos de 40 mL, previamente

acidificados com HCl. As amostras foram analisadas por GCPID (Cromatografia Gasosa com detector de

fotoionização) da Thermo Finigan.

Para a determinação de metais e compostos orgânicos no solo, as amostras para metais foram coletadas

em frascos plásticos e as para compostos orgânicos em recipientes de alumínio, previamente descontaminados.

As amostras foram congeladas até análise.

A princípio planeja-se a realização de duas coletas em diferentes períodos: Julho de 2015 e Janeiro de

2016 para comparação entre períodos seco e úmido.

Para os peixes foi empregado o método de coleta ativa com auxílio de redes de mão, puçás e peneiras.

E no laboratório realizadas as análises químicas (HPAs) e os biomarcadores (MN, VN e EC) empregando os

protocolos necessários.

Observação: Até o presente momento serão apresentados neste relatório os resultados do PAR, IQA e

BTEX. As determinações de HPA, pesticidas e biomarcadores ainda estão sendo processadas.

4. Resultados

PAR

Com relação ao Protocolo de Avaliação Rápida de Rios (PAR) que foca a diversidade dos pontos

analisados, as áreas avaliadas apresentaram a seguinte classificação de acordo com a pontuação pré-

determinada por Callisto et al. (2002), Tabela 1. A classificação resume em de 0 a 40: “áreas consideradas

impactadas”, de 41 a 60: “áreas alteradas” e de 61 a 100: “áreas naturais”.

Tabela 1: Diagnóstico para cada ponto de coleta de acordo com cada pontuação atribuída.

PONTOS DE COLETA S O PONTUAÇÕES DIAGNÓSTICO

1 (Controle) -22.57889 -43.39361 88 Área natural

2 (Ponte depois do hotel) -22.58556 -43.40139 44 Área alterada

3 (Japonês) -22.58778 -43.40306 61 Área natural

4 (RPPN PUC) -22.58833 -43.40722 52 Área alterada

5 (Cidade) -22.59250 -43.41417 28 Área impactada

Dentre os resultados obtidos, percebem-se claramente várias diferenças entre os pontos coletados

mediante as características abordadas pelo PAR, principalmente entre o ponto 1, utilizado como controle

(dentro de uma mata densa) e o P5, localizado na parte mais urbana do bairro. O P1, diagnosticado como área

natural, está localizado dentro da Reserva Biológica do Tinguá e pôde-se observar uma cobertura vegetal

maior no leito, a água bem transparente, sem odor e o único sem alterações antrópicas, de acordo com o

preconizado no questionário PAR. O ponto 5 apresenta moradias nas adjacências do rio, o despejo de lixo e

esgoto doméstico (14 pontos de lançamento no trecho amostrado), além disto, a retirada parcial de vegetação

aquática influenciou bastante nos parâmetros avaliados, sendo assim o diagnóstico desta área foi tido como

“impactado”.

Ressalva-se que embora o ponto 3 tenha sido classificado como natural, sua pontuação foi limite ao

estabelecido como área alterada. Visualmente a densidade de vegetação no entorno deste ponto era menor que

da área controle e o tipo também, pois não se trata de uma área de floresta e sim uma propriedade agrícola e a

largura do rio neste ponto também era inferior ao P1 (3.50m e 1.80m, respectivamente).

Em todos os pontos amostrados as extensões de rápidos não eram tão expressivas, sendo mais

acentuada apenas no P1. Em comparação ao P1 e com relação ao que se estabelece no protocolo, o P2

apresentou uma disponibilidade de habitats insuficiente e isto implica diretamente na diversidade de espécies

presentes no trecho, e o P5 recebeu uma pontuação ainda menor, apresentando menos de 10% de habitats

diversificados. Não foi observado nenhum peixe no período em que a coleta de água e solo foi realizada neste

trecho, diferentemente dos outros pontos, nos quais observou-se alguns espécimes de peixes e outros animais,

porém a quantidade também variou, sendo o P1, aparentemente mais abundante, porém uma amostragem mais

detalhada e específica poderia ser conduzida, com o intuito de corroborar essas observações rapidamente

pontuadas. Nos pontos 2, 4 e principalmente 5 havia um odor característico de esgoto tanto na água, quanto

no sedimento.

No P2, observou-se um bambuzal extenso na margem do rio, bananeiras e outras espécies exóticas. O

P1 apresentava uma grande diversidade em relação à vegetação ripária, grande parte nativa, porém existiam

algumas espécies exóticas, assim como no entorno do rio, principalmente por se tratar de um trecho localizado

dentro de uma mata de vegetação densa. Nos outros trechos, observou-se alguns pontos de desflorestamento

e uma clara redução da vegetação ripária em relação ao P1, sendo que no P5, essas características estavam

muito mais acentuadas. Muitas espécies vegetais exóticas foram observadas nas margens dos diferentes

trechos avaliados e o impacto das atividades antrópicas era perceptível nos outros pontos.

O questionário com os resultados dos cinco pontos é apresentado a seguir.

Protocolo de Avaliação Rápida da Diversidade de Habitats em trechos de baciais hidrográficas. Fonte: Callisto et al.(2002)

P1 P2 P3 P4 P5

NOTAS NOTAS NOTAS NOTAS NOTAS Parâmetros 4 pontos 2 pontos 0 ponto

1.Tipo de ocupação

das margens do corpo

d'água (principal

atividade) Vegetação Natural

Campo de patagem/

agricultura/monocultura/

Reflorestamento

Residencial/Comercial/

Industrial 4 2 2 2 0

2. Erosão próxima

e/ou nas margens do

rio e assoreamento em

seu leito Ausente Moderada Acentuada 2 2 2 2 0

3. Alterações

Antrópicas Ausente

Alterações de origem

doméstica (esgoto, lixo)

Alterações de origem

industrial/urbana (fábricas,

siderurgias, canalização do

curso do rio 4 2 2 2 2

4. Cobertura vegetal

no leito Parcial Total Ausente 2 2 4 4 4

5. Odor da água Nenhum Esgoto (ovo podre) Óleo/industrial 4 2 4 2 2

6. Oleosidade da água Ausente Moderada Abundante 4 4 4 4 0

7. Transparência da

Água Transparente Turva/cor de chá-forte Opaca ou colorida 4 2 4 2 2

8. Odor do sedimento Nenhum Esgoto (ovo podre) Óleo/industrial 4 2 4 2 2

9. Oleosidade do

fundo Ausente Moderada Abundante 4 4 4 4 2

10. Tipo de Fundo Pedras/cascalho Lama/Areia Cimento/canalizado 4 2 2 2 2

Parâmetros 5 pontos 3 pontos 2 ponto 0 ponto

11. Tipos de fundo

Mais de 50% com

habitats

diversificados;

pedaçoes de troncos

submersos; cascalho

ou outros habitats

estáveis

30 a 50% de habitats

diversificados; habitats

adequados para a manutenção

das populações de organismos

aquáticos

10 a 30% diversificados;

disponibildade de habitats

insufuciente; substratos

frequentemente modificados

Menos de 10% de habitats

diversificados; ausência de

habitats óbvia; sustrato rochoso

instável para fixação dos

organismos 5 2 3 3 0

Protocolo de Avaliação Rápida da Diversidade de Habitats em trechos de baciais hidrográficas. Fonte: Callisto et al.(2002)

P1 P2 P3 P4 P5

NOTAS NOTAS NOTAS NOTAS NOTAS

12. Extensão de

rápidos

Rápidos e

corredeiras bem

desenvolvidas;

rápidos tão largos

quanto o rio e com o

comprimento igual

ao dobro da largura

do rio

Rápidos com a largura igual à

do rio, mas com comprimento

menor que o dobro da largura

do rio

Trechos rápidos podem

estar ausentes; rápidos não

tão largos quanto o rio e seu

comprimento menor que o

dobro da largura do rio

Rápidos ou corredeiras

inexistentes 2 0 0 0 0

13. Frequência de

rápidos

Rápidos

relativamente

frequentes; distância

entre rápidos

dividida pela largura

do rio entre 5 e 7

Rápidos não frequentes;

distância entre rápidos dividida

pela largura do rio entre 7 e 15

Rápidos ou corredeiras

ocasionais; hábitats

formados pelos contornos

do fundo; distância entre

rápidos dividida pela largura

do rio entre 15 e 25

Geralmente com lâmina d'água

"lisa" ou com rápidos rasos;

pobreza de hábitats; distância

entre rápidos dividida pela

largura do rio maior que 25 5 5 3 5 5

14. Tipos de

substratro

seixos abundantes

(prevalecendo em

nascentes)

seixos abundantes; cascalho

comum

fundo formado

predominantemente por

cascalho; alguns seixos

presentes

fundos pedregoso; seixos ou

lamoso 2 0 2 0 0

15. Deposição de lama

entre 0 e 25% do

fundo coberto por

lama

entre 25 e 50% do fundo

coberto por lama

entre 50 e 75% coberto por

lama mais de 75% coberto por lama 5 0 5 2 0

16. Depósitos

sedimentares

Menos de 5% do

fundo com

deposição de lama;

ausência de

deposição nos

remansos

Alguma evidência de

modificação no fundo,

principalmente como aumento

de cascalho, areia ou lama; 5 a

30 % do fundo afetado; suave

deposição de remansos

deposição moderada de

cascalho novo, areia ou

lama nas margens; entre 30

e 50% do fundo afetado;

deposição moderada de

remansos

grandes depósitos de lama,

maior desenvolvimnto nas

margens; mais de 50% do fundo

modifcado; remansos ausentes

devido à deposição de

sedimentos 3 0 2 2 0

17. Alterações nos

canais do rio

Canalização

(retificação) ou

dragagem auente ou

mínima; rio com

padrão normal

alguma canalização presente,

normalmente próximo à

construção de pontes;

evidencia de modificações há

mais de 20 anos

alguma modificação

presente nas duas margens;

40 a 80% do rio modificado

margens modificadas; acima de

80% do rio modificado 5 3 5 2 2

Protocolo de Avaliação Rápida da Diversidade de Habitats em trechos de baciais hidrográficas. Fonte: Callisto et al.(2002)

P1 P2 P3 P4 P5

NOTAS NOTAS NOTAS NOTAS NOTAS

18. Características do

fluxo das águas

Fluxo relativamente

igual em toda a

largura do rio;

mínima quantidade

de substrato exposta

lâmina d'água acima de 75% do

canal do rio; ou menos de 25%

do substrato exposto

lâmina d'água entre 25 e

75% do canal do rio, e /ou

maior parte do substrato nos

"rápidos" exposto

lâmina d'água escassa e

presente apenas nos remansos 5 2 3 3 3

19. Presença de mata

ciliar

Acima de 90% com

vegetação ripária

nativa, incluindo

árvores, arbustos ou

macrófitas; mínima

evidência de

desflrestamento;

todas as plantas

atingindo altura

normal

entre 70 e 90% com vegetação

ripária nativa; desflorestamento

evidente mas não afetando o

desenvolvimento da vegetação;

maioria das plantas atingindo a

altura "normal"

entre 50 e 70% com

vegetação ripária nativa;

desflorestamento óbvio;

trechos com solo exposto ou

vegetação eliminada; menos

da metade das plantas

atingindo a altura "normal"

menos de 50 % da mata ciliar

nativa; desflorestamento muito

acentuado 5 2 2 2 0

20. Estabilidade das

margens

margens estáveis;

evidência de erosão

mínima ou ausente;

pequeno potencial

para problemas

futuros. Menos de

5% da margem

afetada

moderadamente estáveis;

pequenas áreas de erosão

frequentes. Entre 5 e 30% da

margem com erosão

moderadamente instável;

entre 30 e 60% da margem

com erosão. Risco elevado

de erosão durante enchentes

Instável; muitas áreas com

erosão; ferquentes áreas

descobertas nas curvas do rio;

erosão óbvia enre 60 e 100% da

margem 5 2 2 3 0

21. Extensão de mata

ciliar

Largura da

vegetação ripária

entre

MODIFICADO NO

RELATÓRIO

Largura da vegetação ripária

entre MODIFICADO NO

RELATÓRIO

Largura da vegetação ripária

entre MODIFICADO NO

RELATÓRIO

Largura da vegetação ripária

entre MODIFICADO NO

RELATÓRIO 5 2 2 2 2

22. Presença de

plantas aquáticas

pequenas macrófitas

aquáticas e ou

musgos distriuídos

pelo leito

macrófitas aquáticas ou algas

filamentosas ou musgos

distribuídos no rio, substrato

com perifiton

algas filamentosas ou

macrófitas em poucas

pedras ou alguns remansos,

perifiton abundante e

biofilme

ausência de vegetação aquática

no leito do rio ou grandes

bancos macrófitas (p. ex.

aguapé) 5 2 0 2 0

Total 88 44 61 52 28

Parâmetros físico-químicos

A tabela 2 apresenta o resumo dos resultados dos parâmetros físicos e físico-químicos

obtidos nos cinco pontos estudados, e a tabela 3, alguns ânions por cromatografia de íons. De um

modo geral, os resultados dos parâmetros físicos apresentam a área com ausência de influências

antropogênicas, com exceções. O ponto 4 apresentou valores acima dos limites estabelecidos

pela portaria 2914 para a cor aparente e turbidez. Quanto aos demais parâmetros, todas as

amostras ficaram abaixo dos limites preconizados pelos órgãos balizadores nacionais.

Tabela 2. Resultados dos parâmetros físicos e físico-químicos das amostras de água

coletadas na RPPN-Tinguá em julho de 2015.

Parâmetros Físicos e Físico-químicos VMP

Ensaio P1 P2 P3 P4 P5 Unidade LQ Metodologia

RDC

274

Port.

MS

2914

CONAMA

396

Aspecto

natural

Límpido

e ncolor

Límpido

e ncolor

Límpido

e ncolor

Límpido

e ncolor

Límpido

e ncolor - N.A. Visual - - -

Odor a frio Ausente Ausente Ausente Ausente Ausente - N.A. Sensorial - - -

Sólidos em

suspensão Presente Presente Presente Presente Presente - N.A. Visual - - -

Cor aparente 5,5 12 12,6 16,7 14,3 uH <0,2

NBR

13798-97 -

15

uH -

Cor real 3,9 3,9 4,4 5,3 4,7 uH <0,2

NBR

13798-97 - - -

Turbidez <1 4 3 6 3 uT <1

MB-

3227-90 - 5 uT -

pH a 25ºC 7,586 7,177 7,073 7,063 7,108 - N.A.

ASTM

D1293-12 - - -

Condutividade 45,5 50 58,3 55 68,5

x106

mhos

cm-1 <1,3

ASTM

D1125-95 - - -

Sólidos totais

dissolvidos 39,2 42,1 47,3 45,2 53,8

mg L-1,

calc. <11,2 Calculado -

1000

mg

L-1

1000

mg L-1

Dureza Total

em CaCO3 9,8 10,6 12,6 12,2 14,5 mg L-1 <0,10 Calculado -

500

mg

L-1 -

Dureza

permanente

em CaCO3 - - - - - mg L-1 <0,10 Calculado - - -

Dureza

temporária

em CaCO3 9,8 10,6 12,6 12,2 14,5 mg L-1 <0,10 Calculado - - -

Alcalinidade

Total em

CaCO3 12,3 12 15,2 13,9 16,5 mg L-1 <1,00

ASTM

D1067-11 - - -

Carbonato em

CO32- <1,50 <1,50 <1,50 <1,50 <1,50 mg L-1 <1,50

ASTM

D1067-11 - - -

Bicarbonato

em HCO3- 15 14,6 18,5 17 20,1 mg L-1 <1,50

ASTM

D1067-11 - - -

Estes resultados se correlacionaram qualitativamente com os resultados obtidos no

questionário PAR, pois de um modo geral, os valores obtidos para os pontos 1, 3, 2, 4 e 5 apresentaram

com raras exceções, um gradiente crescente dos parâmetros avaliados.

Tabela 3. Resultados de ânions por cromatografia de íons das amostras de água coletadas na

RPPN-Tinguá em julho de 2015.

Ânions por cromatografia de íons VMP

Ensaio P1 P2 P3 P4 P5 Unidade LQ Metodologia RDC274 Port. MS

2914 CONAMA

396

Fluoreto (F-) 0,04 0,04 0,04 0,04 0,04 <0,01 - 1,5 1,5

Cloreto (Cl-) 3,45 3,88 4,27 4,04 5,17 <0,01 - 250 250

Brometo (Br-) 0,027 0,025 0,026 0,027 0,029 <0,01 - - -

Nitrato (NO3-) 2,12 2,79 2,22 2,31 2,47 mg L-1 <0,01 ASTM 4327-

11 50 10* 10*

Fosfato (PO43-) <0,01 <0,01 <0,01 <0,01 0,013 <0,01 - - -

Sulfato (SO42-) 1,52 1,76 2,54 2,3 3,15 <0,01 - 250 250

Legenda: ND- Não determinado * Nitrato como N

Quanto aos resultados dos ânions fluoretos, cloretos, brometos, nitratos, fosfatos e sulfatos,

nenhuma amostra apresentou níveis próximos aos estabelecidos pelas normas.

BTEX

A tabela 4 apresenta os resultados de BTEX (benzeno, tolueno, etilbenzeno e xilenos) nas

amostras de água coletadas nos cinco pontos no presente trabalho, bem como os limites de

detecção e de quantificação da metodologia utilizada. As amostras foram coletadas em triplicatas

em cada ponto e a determinação realizada por cromatografia gasosa com detector de ionização

de chama. A quantificação foi realizada com padronização externa com os padrões de benzeno,

tolueno, etilbenzeno e xilenos.

Tabela 4. Resultados de BTEX das amostras de água coletadas na RPPN-Tinguá em julho de

2015. Valores expressos em ng mL-1.

Benzeno Tolueno Etilbenzeno m/p xileno O-xileno

Limite Quantificação < 1,00 < 1,00 < 1,00 < 2,00 < 1,00

Limite Detecção < 0,49 < 0,17 < 0,08 < 0,19 < 0,08

P1 < 0.49 <LQ <LQ < 0.19 < 0.08

P2 < 0.49 <LQ <LQ < 0.19 <LQ

P3 < 0.49 <LQ <LQ < 0.19 <LQ

P4 < 0.49 <LQ <LQ < 0.19 <LQ

P5 < 0.49 <LQ <LQ < 0.19 <LQ

Todas as amostras apresentaram valores abaixo dos limites de quantificação e de

detecção, e portanto conclui-se que as áreas avaliadas não estão impactadas por estes compostos.

5. Conclusões

Pelos resultados qualitativos obtidos pelo protocolo PAR, foi possível diferenciar os pontos

amostrados. Visualmente o ponto 5, localizado na área urbana de Tinguá apresentava grandes

alterações antrópicas. Este protocolo é fácil, rápido e de baixo custo em avaliações iniciais e

contínuas em monitoramentos ambientais.

Houve correlação entre os resultados qualitativos do PAR com os químicos, pois observou-se

basicamente as mesmas tendências entre os pontos analisados. Porém, em termos de valores

limites preconizados pelos órgãos legisladores, todas as áreas estão isentas de contaminação.

Ressalva-se que ainda estão sendo processadas outras análises químicas que podem fornecer

novas informações, pois são marcadores moleculares de contaminação por petróleo

(hidrocarbonetos) e esgoto (esteróis).

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