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Rio de Janeiro, 22 a 28 de novembro de 2019 www.jornalcorreiodamanha.com.br Presidente: Cláudio Magnavita Ano CXVIII Nº 23.447 R$ 4,00 Fundador: Edmundo Bittencourt Fundado em 15 de junho de 1901 A traição de Wilson a Jair Desafeto do presidente e ex-patrão do governador, o pastor Everaldo, dono do PSC, quer o ‘pupilo’ no Planalto. É ele quem comanda hoje a agenda da Cedae e do Detran Página 4 Irmão caçula de Rambo revive sucesso Domingos remontado Baia volta ao Circo Voador As múltiplas faces de Jude Law Apesar de seu carregado sotaque britânico, o ator Jude Law consegue encarnar uma gama variada de personagens. De coadjuvante no longa de Wod- dy Allen a um jovem papa que desafia as tradições católicas, o artista virá em breve ao Brasil gravar cenas de “Animais fantásticos”, superprodução- baseada no best seller de J. K. Rowling, que ante- cede a saga de Harry Potter. Documentário premiado destaca a trajetória do cantor Frank Stallone. Página 1 Página 12 Página 9 Página 5 Página 2 Camarão é campeão de preferência no Skunna 2º CADERNO Galvão é operado às pressas Escritor ataca sistema carcerário Quatro lições para vender mais ´Incorruptíveis´ Conmebol e CBF estariam bancando a viagem futebolística de Witzel ao Peru O presidente Jair Bolsonaro disse quinta-feira (21), em Brasília, que o governador do Rio, Wilson Wit- zel, está manipulando as investiga- ções sobre o assassinato da verea- dora Marielle Franco, em março de 2018. De acordo com o presidente, Witzel quer envolver a família Bol- sonaro no crime a qualquer custo. Por trás dos frequentes conflitos entre o governador e o presidente da República está o Pastor Everal- do, líder do Partido Social Cristão, ao qual Witzel é filiado. Homem forte no governo estadual, influin- do decisivamente sobre a gestão da Cedae e do Detran, Pastor Everal- do tenta abrir caminhos para que o governador do Rio seja candidato à presidência da República já nas próximas eleições, em 2022. O narrador Galvão Bueno, da Rede Globo, foi submetido na quinta-feira (21) a uma cirurgia cardíaca de emergência em Lima, no Peru, onde transmitiria a final da Taça Libertadores entre Fla- mengo e River Plate. Antes de tornar-se escritor e em- preendedor de sucesso, o america- no Halim Flowers passou 22 anos preso. Hoje é um crítico feroz do sistema carcerário, que fracassa na missão de recuperar o indivíduo para a sociedade. Empreendedores de pequeno e médio porte dão lições de oti- mismo e revelam fórmulas usadas para melhorar a gestão dos negó- cios e alavancar vendas mesmo em tempos de retração econômica. PÁGINA 8 PÁGINA 9 PÁGINA 6 COLUNA MAGNAVITA PÁGINA 3 Página 2 2º Caderno - Página 11 2º Caderno - Página 7 Página 5 2º Caderno - Página 3 Página 3 Página 3 Página 2 Página 4 O casamento de Evelyn Montesano O Rio de Janeiro que acontece Uma nova escala de valor para o zero Ex de Paul investe em rede vegana Péssimos hábitos que fazem indignar Freud explicaria o mundo de hoje? Tempo de refletir sobre o racismo A geração nem nem não tem culpa RUY CASTRO NINA KAUFFMANN LILIANA RODRIGUEZ JÂNIO DE FREITAS ANNA RAMALHO RICARDO CRAVO ALBIN JOSÉ A. MIGUEL ARISTÓTELES DRUMMOND Divulgação/PSC Pastor Everaldo (à esquerda) quer levar o seu ‘pupilo’, o governador Wilson Witzel, à presidência da República Ator com fama de galã, Law viverá o mais jovem papa da história na série ‘The new pope’, que estreará em breve na HBO Fotos Divulgação Até empresários condenam valor do pedágio BOLSONARO DESABAFA: ‘A ELEIÇÃO DE WITZEL TRANSFORMOU MINHA VIDA EM UM INFERNO’

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Page 1: Rio de Janeiro, 22 a 28 de novembro de 2019 … · 2020. 5. 4. · Rio de Janeiro, 22 a 28 de novembro de 2019 Presidente: Cláudio Magnavita Ano CXVIII Nº 23.447 R$ 4,00 Fundador:

Rio de Janeiro, 22 a 28 de novembro de 2019 www.jornalcorreiodamanha.com.br Presidente: Cláudio Magnavita Ano CXVIII Nº 23.447 R$ 4,00

Fundador:Edmundo Bittencourt

Fundado em15 de junho de 1901

A traição de Wilson a Jair Desafeto do presidente e ex-patrão do governador, o pastor Everaldo, dono do PSC,

quer o ‘pupilo’ no Planalto. É ele quem comanda hoje a agenda da Cedae e do Detran

Página 4

Irmão caçula de Rambo revive sucesso

Domingos remontado

Baia volta ao Circo Voador

As múltiplas faces de Jude LawApesar de seu carregado sotaque britânico, o ator Jude Law consegue encarnar uma gama variada de personagens. De coadjuvante no longa de Wod-dy Allen a um jovem papa que desafia as tradições

católicas, o artista virá em breve ao Brasil gravar cenas de “Animais fantásticos”, superprodução-baseada no best seller de J. K. Rowling, que ante-cede a saga de Harry Potter.

Documentário premiado destaca a trajetória do cantor Frank Stallone.

Página 1

Página 12

Página 9

Página 5Página 2

Camarão é campeão de preferência no Skunna

2º CADERNO

Galvão é operado às pressas

Escritor ataca sistema carcerário

Quatro lições para vender mais

´Incorruptíveis´ Conmebol

e CBF estariam bancando a viagem

futebolística de Witzel ao Peru

O presidente Jair Bolsonaro disse quinta-feira (21), em Brasília, que o governador do Rio, Wilson Wit-zel, está manipulando as investiga-ções sobre o assassinato da verea-dora Marielle Franco, em março de 2018. De acordo com o presidente, Witzel quer envolver a família Bol-sonaro no crime a qualquer custo.Por trás dos frequentes conflitos entre o governador e o presidente da República está o Pastor Everal-do, líder do Partido Social Cristão, ao qual Witzel é filiado. Homem forte no governo estadual, influin-do decisivamente sobre a gestão da Cedae e do Detran, Pastor Everal-do tenta abrir caminhos para que o governador do Rio seja candidato à presidência da República já nas próximas eleições, em 2022.

O narrador Galvão Bueno, da Rede Globo, foi submetido na quinta-feira (21) a uma cirurgia cardíaca de emergência em Lima, no Peru, onde transmitiria a final da Taça Libertadores entre Fla-mengo e River Plate.

Antes de tornar-se escritor e em-preendedor de sucesso, o america-no Halim Flowers passou 22 anos preso. Hoje é um crítico feroz do sistema carcerário, que fracassa na missão de recuperar o indivíduo para a sociedade.

Empreendedores de pequeno e médio porte dão lições de oti-mismo e revelam fórmulas usadas para melhorar a gestão dos negó-cios e alavancar vendas mesmo em tempos de retração econômica.

PÁGINA 8

PÁGINA 9

PÁGINA 6

COLUNA MAGNAVITA PÁGINA 3

Página 2

2º Caderno - Página 11

2º Caderno - Página 7

Página 5

2º Caderno - Página 3

Página 3

Página 3

Página 2

Página 4

O casamento de Evelyn Montesano

O Rio de Janeiro que acontece

Uma nova escala de valor para o zero

Ex de Paul investe em rede vegana

Péssimos hábitos que fazem indignar

Freud explicaria o mundo de hoje?

Tempo de refletir sobre o racismo

A geração nem nem não tem culpa

RUY CASTRO

NINA KAUFFMANN

LILIANA RODRIGUEZ

JÂNIO DE FREITAS

ANNA RAMALHO

RICARDO CRAVO ALBIN

JOSÉ A. MIGUEL

ARISTÓTELES DRUMMOND

Divulgação/PSC

Pastor Everaldo (à esquerda) quer levar o seu ‘pupilo’, o governador Wilson Witzel, à presidência da República

Ator com fama de galã, Law viverá o mais jovem papa da história na série ‘The new pope’, que estreará em breve na HBO

Fotos Divulgação

Até empresários condenam valor do pedágio

BOLSONARO DESABAFA: ‘A ELEIÇÃO DE WITZEL TRANSFORMOU MINHA VIDA EM UM INFERNO’

Page 2: Rio de Janeiro, 22 a 28 de novembro de 2019 … · 2020. 5. 4. · Rio de Janeiro, 22 a 28 de novembro de 2019 Presidente: Cláudio Magnavita Ano CXVIII Nº 23.447 R$ 4,00 Fundador:

2 De 22 a 28 de novembro 2019

OPINIÃO

Direção Executiva: Cláudio Magnavita (Editor Chefe) Fernando Vale Nogueira (Editor Executivo) [email protected]ção: Marcelo Perillier, Pedro Sobreiro, Gustavo Barreto, Marcio Corrêa, Ive Ribeiro, Guilherme Cosenza, Affonso Nunes e Cesar Ferreira. Estagiário: Gabriel Moses Serviço noticioso FOLHAPRESS e Agência BrasilProjeto Gráfico e arte: Leo Delfino (Designer)

[email protected]ção: (21) 2042 2955 | Comercial: (11) 3042 2009 whatsapp (21) 97948-0452

Av. João Cabral de Mello Neto, 850 Bloco 2 Conj 520 - Rio de Janeiro - RJ CEP: 22775-057

www.jornalcorre iodamanha.com.br

Fundado em 15 de junho de 1901

Edmundo Bittencourt (1901-1929)Paulo Bittencourt (1929-1963)Niomar Moniz Sodré Bittencourt (1963-1969)

Os artigos publicados são de exclusiva responsabilidade dos autores e não necessariamente refletem a opinião da direção do jornal.

Você os conhece. São os bra-sileirinhos que nem estudam nem trabalham. Compõem a chamada geração nem-nem, a quem se acusa de ser passiva, fol-gada e, às vezes, viver à custa das mães até os 39 anos sem a menor vergonha. Mas por que botar toda a culpa nesses garotos que, no fundo, são só vítimas de anos de políticas econômicas e educa-cionais desastradas?

Além disso, há muitos, talvez todos nós, com quem dividir a responsabilidade pelo que está acontecendo de ruim no país. Há, por exemplo, os que nem atam nem desatam. Nem vão nem ficam. Nem atacam nem defendem. Nem dão nem des-cem. Nem fazem nem desfazem. Nem dizem nem desdizem. Nem pedem nem mandam. Nem ca-lam nem consentem. Nem mor-dem nem sopram. Nem f..... nem saem de cima. Talvez por isso, nem arrisquem nem petisquem. Mas também não desocupam o penico.

É natural. Afinal, o mundo é relativo e aprendemos com os

filósofos que há muita coisa que não é nem sim nem não. Nem isso nem aquilo. Nem melhor nem pior. Nem mais nem menos. Nem lá nem cá. Nem assim nem assado. Nem agora nem nunca. Nem pau nem pedra. Nem carne nem peixe. Nem barro nem tijo-lo. Nem céu nem inferno. Nem tanto ao céu nem tanto à terra. E nem tanto nem tão pouco. Mas pode ser também as duas coisas.

Há no ar uma polarização de contrários que já começa a can-sar. Mesmo porque não são nem tão contrários assim – dos dois polos saem os mesmos discursos, as mesmas mentiras, as mesmas bravatas, como se eles se retroa-limentassem e já não existisse um sem o outro. Daí que, por não se deixar mais iludir por esse jogo de espelhos com sinal trocado, haja agora quem não queira saber nem de esquerda nem de direita.

São os que não se consideram representados pelas duas faces da mesma moeda. É gente que, hoje, no Brasil – talvez a maioria –, se perguntada, dirá nem Lula nem Bolsonaro.

Ruy CastroNem nem

sição da Câmara em homenagem à Consciência Negra afirmou que as mortes de jovens negros por po-liciais podem ser explicadas pela maior presença de negros no trá-fico de drogas. A placa em questão trazia uma charge denunciando mortes de jovens negros pela polí-cia. Dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública de 2019 mos-tram que 75,4% dos mortos em intervenções policiais são negros. (...) (Folha de S. Paulo) 3) Desemprego aumenta só en-tre os negros no terceiro trimes-tre, aponta IBGE Para cada R$ 1.000 que brancos recebem de salário, pretos e par-dos ganham de R$ 550 a R$ 560, escreve Diego Garcia. A popu-lação que se declara da cor preta foi a única que teve aumento na taxa de desemprego, informou o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) nesta terça-feira (19). Entre eles, a taxa de desemprego cresceu de 14,5% para 14,9% na comparação entre o segundo e o terceiro trimestre deste ano. (...) (Folha de S.Paulo)

4) A cada cinco resgatados em trabalho escravo no Brasil, qua-tro são negros

Sem acesso a educação e con-dições melhores, negros são impactados por trabalhos de-gradantes, informa Danie-la Penha (Repórter Brasil). Entre 2.400 trabalhadores que saíram da escravidão, dois mil são negros. Maioria é jovem e da região Nordeste. Falta de acesso

1) Brasil - Um país racista

Dia Nacional da Consciência Negra. 20 de novembro. O Bra-sil tem 5.570 municípios. Porém, a data de 20 de novembro - Dia Nacional da Consciência Negra - só é comemorada em cerca de mil municípios. É feriado nos estados de Alagoas, Amazonas, Amapá, Mato Grosso e Rio de Janeiro por meio de decretos estaduais. Em estados que não aderiram à lei a responsabilidade é de cada câmara de vereadores, que decide se haverá o feriado no município, informa a Wikipédia. A escravidão só foi oficialmente abolida no Brasil com a assina-tura da Lei Áurea em 13 de maio de 1888 pela princesa Isabel. No entanto, o trabalho com-pulsório e o tráfico de pessoas permanecem existindo no Brasil atual, constituindo a chamada escravidão moderna, que levou o país o primeiro da América a ser condenado em uma corte inter-nacional por este crime contra a humanidade em 2016; em 2017 o governo Michel Temer dificul-tou a fiscalização e divulgação dos casos de escravidão no Brasil, contrariando diversas conven-ções assinadas. (Site Brasilnews) 2) Negros são mortos por po-liciais por serem maioria no trá-fico, diz Coronel Tadeu, do PSL

Deputado é acusado de racismo por ter quebrado placa que denun-ciava mortes de jovens negros por policiais, reporta Angela Boldrini. O deputado que, nesta terça (19), quebrou uma placa em uma expo-

à educação é complicador na for-mação profissional. (...) (UOL) 5) Combate à desigualdade e à pobreza

O presidente da Câmara dos De-putados, Rodrigo Maia (DEM--RJ), divulgou terça-feira (19) um pacote com propostas de combate à desigualdade social e à pobreza. A iniciativa foi co-ordenada pela deputada Tabata Amaral (PDT-SP). As ações têm como base medidas que trabalhem pela garantia de ren-da, inclusão produtiva, rede de proteção do trabalhador, água e saneamento, além de governança e incentivos. (...) (Poder360) 6) Bancos demitem 5.542 fun-cionários em 12 meses PDVs vão cortar mais de 11 mil vagas, escrevem Hamilton Ferrari e Marlla Sabino. Os cinco maiores bancos do país fecharam 611 agên-cias e demitiram 5.542 funcionários num período de 12 meses. Os dados são do Banco do Brasil, Bradesco, Caixa, Itaú e Santander. Mesmo com todas apresentando lucro, há um movimento para reduzir a es-trutura administrativa e diminuir gastos. (...) (Poder360) 7) Juro alto limita expansão que governo quer no microcrédito

Concessão digital, porém, pode elevar concorrência, dizem espe-cialistas, segundo Isabela Bolzani. O plano do governo de ampliar o número de instituições financeiras atuando em microcrédito para

o momento político na América do Sul não está para reformas que provoquem a percepção de risco aos direitos, especialmente os dos servidores públicos. (O Globo)

10) Lula e Rodrigo Maia Lula fez chegar a Rodrigo Maia, por meio do deputado José Gui-marães, que gostaria de encon-trá-lo. Maia topou a conversa, segundo Lauro Jardim. Seria, as-sim, a primeira conversa de Lula solto com um político fora do âmbito da esquerda. (O Globo) 11) Manifestação na Paulista apoia Moro e Bolsonaro

Alguns manifestantes levaram tomates para atirar em carta-zes referentes a ministros do STF, reporta Carolina Moraes Manifestantes reunidos na ave-nida Paulista, em São Paulo, pediram domingo (18) o im-peachment do ministro Gilmar Mendes, do STF, e para que o ex--presidente Lula (PT) volte para a prisão. (...) (Folha de S. Paulo) 12) Tomar dinheiro de de-sempregado é covardia O doutor Paulo Guedes afa-ga para cima e apedreja para baixo, afirma Elio Gaspari. O doutor Paulo Guedes garantiu a sua presença nos anais da ciên-cia econômica: propôs a taxação dos desempregados para finan-ciar um programa de estímulo ao emprego. Não se conhece inicia-tiva igual no mundo, nos séculos afora. (...) (Folha de S.Paulo)

Tempo de consciência sobre um Brasil racista

(*) José Aparecido Miguel, diretor da Mais Comunicação-SP

(www.maiscom.com), jornalista e consultor de comunicação, foi

editor-executivo do Jornal do Brasil, entre outros jornais do país.

(www.outraspaginas.com.br)

OUTRAS PÁGINAS JOSÉ APARECIDO MIGUEL (*)

estimular a economia pode es-barrar em problema semelhante ao das linhas destinadas a consu-midor pessoa física: a alta taxa de juros. Segundo o Banco Central, o saldo de microcrédito para MEIs e MPEs (micro e pequenas em-presas) ficou em R$ 1,3 bilhão no primeiro semestre, alta de 5,6% ante igual período de 2018. Já o saldo para pessoas físicas foi de R$ 5,6 bilhões, avanço de 15,1%. (...) (Folha de S.Paulo) 8) Governo quer prazo de dois anos e meio para fim de obras pa-radas do Minha Casa

Medida provisória elaborada pelo Ministério do Desenvol-vimento Regional prevê que, se construtoras não aceitarem reto-mar trabalhos, terão de devolver com juros recursos já recebidos da União, reporta Mateus Var-gas. (...) (O Estado de S.Paulo) 9) Faro político

O tempo da política não é o mesmo do da economia, às vezes pode ace-lerar as medidas econômicas, ou-tras retardá-las, como está aconte-cendo agora, opina Merval Pereira. O presidente Bolsonaro deu a dei-xa ao dizer que a reforma adminis-trativa vai demorar “um pouqui-nho mais”, e perguntar: “Pra que tanta pressa?”. A pergunta não é uma simples ironia do presidente, mas a revelação de um estado de espírito. Foi o mesmo recado que passou ao ministro da Economia Paulo Guedes, mandando que não vá com tanta sede ao pote. O faro de Bolsonaro indica que

13) Como o Google favorece a manipulação política

Corporação permite que anun-ciantes confundam internautas, direcionando buscas a rumos opostos aos desejados. Desvio funciona em eleições, campanhas e atitudes, escreve Patrick Berlin-quette, com tradução de Simone Paz. (...) (Outras Palavras) 14) Iniciativa de Bill Gates transforma cocô em água limpa

Há quase uma década, o cofun-dador da Microsoft tem investi-do em pesquisas e tecnologia de saneamento por meio da Funda-ção Bill e Melinda Gates, reporta Rômulo Cabrera (Ecoa). O casal conta o quanto ficou impactado ao tomar conhecimento de que, em pleno século 21, crianças ain-da morrem de diarreia. De acor-do com a Organização Mundial da Saúde (OMS), 361 mil crian-ças com menos de cinco anos de idade morrem devido à doença. A planta piloto foi instalada em Dakar, no Senegal. O processa-dor de resíduos tem capacidade de tratar o esgoto de uma comu-nidade com até cem mil pessoas. Com esse volume de esgoto, é possível produzir 86 mil litros de água limpa por dia. (...) (UOL)

O CORREIO DA MANHÃ NA HISTÓRIA * POR BARROS MIRANDA

HÁ 100 ANOS: PROBLEMAS EM FIUME E ELEIÇÃO NA BAHIA

Na semana de 22 a 28 de novembro de 1919, as prin-cipais notícias internacionais do CORREIO DA MANHÃ eram sobre os acontecimentos na Itália, como o caso da provín-cia de Fuime.

O impasse continuava na província, que buscava a eman-

cipação para a criação de um es-tado independente do governo italiano. Além disso, partidos socialistas da Itália enviaram uma moção de solidariedade aos sovietes, pedindo ao governo o reconhecimento da URSS.

No Brasil, o noticiário era em torno da eleição para o go-verno da Bahia, disputado por Paulo Fontes e Ruy Barbosa.

HÁ 75 ANOS: 2ª GUERRA Já em 1944, a Segunda Guer-

ra Mundial era o destaque, com as tropas britânicas, norte-ame-ricanas, francesas, soviéticas e brasileiras se aproximando de Berlim, na Alemanha.

O noticiário nacional era em torno das comemorações da In-tentona de 1935 e a discussão do salário mínimo para jornalistas.

Opinião do leitor

deputadas do PT e do Psol. Foi assustador saber que o jornal de maior circulação do país deu voz à tentativa de derrubar um ministro, endossando uma briga paroquial.

Nos governos anteriores, mer-gulhados em mar de lama, a estra-tégia teria dado certo. Mas o pre-sidente não cedeu, e o ministro pôde ter uma ampla defesa.

O momento mais vergo-nhoso foi no final da audiência. Após ouvir ofensas de oposicio-nistas, inclusive de Alê Silva, o ministro se preparava para fazer sua réplica quando ela simples-mente se levantou e saiu. Para a plateia constrangida, ficou claro que tudo tinha sido apenas um factoide criado para alimentar a mídia. Foi a primeira vez que um parlamentar que subscreveu o pe-dido de uma sessão abandonou o barco. Ao sair de forma covarde, Alê Silva perdeu, para os colegas, seu último fiapo de credibilidade.

O país tem que separar o joio do trigo, e a honra de um homem público não pode ser jogada aos leões por uma condenação midi-ática antecipada.

Quem assistiu ao depoimento do ministro do Turismo e Cultu-ra, Marcelo Álvaro Antônio, na Comissão das Mulheres da Câ-mara dos Deputados, no último dia 20, testemunhou o desmo-ronar de uma farsa que, durante oito meses, tentou afastá-lo do seu cargo. Convidado para ir à Comissão, e não convocado, o ministro, que é deputado, foi de peito aberto. Não se acovardou, como muitos esperavam.

O seu depoimento foi sereno, apesar de traduzir a indignação de quem foi vítima de longa batalha midiática, provocada por moti-vo torpe da deputada Alê Silva. Foi a primeira vez que ela, como acusadora, esteve frente a frente com o seu acusado. Para a torcida oposicionista, seria um massacre. O efeito foi reverso. A deputada implodiu! Ficou claro o motivo da sua raiva: ter sido preterida do direito de indicar 32 dirigentes de diretórios dos municípios onde foi a mais votada, em Minas.

Foi curioso ver uma deputa-da, que se diz fiel ao presidente Jair Bolsonaro, fazendo coro com

Quando a verdadevence a injúria

EDITORIAL NANI

Sem puxar a sardinha para ninguém

O que mais me surpreendeu no Correio da Manhã, jornal de que nunca tinha ouvido falar, foi o 2º Caderno. Parece que, finalmente, o Rio de Janeiro terá um suplemento para falar de cultura e entreteni-mento sem ter que puxar a sardinha para a Globo. Parabéns.

Silvana Penteado de AlmeidaRio de Janeiro

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3De 22 a 28 de novembro 2019

OPINIÃO

Convite do Peru! - I

Homenagem Upgrade

Com ex-presidentes presos ou conde-nados, a Conmebol e a CBF não são exatamente exemplos de correção e entidades acima de qualquer suspeita. n É justamente pelo passado recente das duas entidades do futebol que acende uma luz amarela quando corre a notícia sobre o convite realiza-do e aceito por uma autoridade má-xima de um estado para uma viagem internacional. n Em nota oficial enviada ao COR-REIO DA MANHÃ, o governo confir-mou que a viagem do governador Wil-son Witzel a Lima, para assistir ao jogo final da Copa Libertadores da América, foi um convite da Conmebol. n Matéria do jornal “O Globo” infor-ma a concessão das passagens pela CBF. Ou seja, as duas entidades estão evitando o milionário ônus ao Estado do Rio do deslocamento internacional do governador e possíveis acompa-nhantes para o jogo do Flamengo.

Ter como governador in-terino o presidente do TJ, Claudio de Mello Tavares, foi visto como um gesto de cortesia ao Judiciário por parte de WW.n Ele sempre fala da sua influência no Judici-ário e o seu prazer de ter uma lista de filhos e pa-rentes de desembargado-res no estado, inclusive como secretário estadual.

A CONFRARIA que reúne todas as sextas no PA-LÁCIO GUANABARA tem causado muita inveja. Quem participa desde o início sentiu um verdadei-ro upgrade. n Melhorou sensivel-mente a qualidade do papo, dos integrantes e principalmente dos charutos e vinhos degus-tados animadamente.

Fotos CM

Thais Amaral Moura, do MTur, é a nova musa do Carnaval. Na foto, na reunião em pleno feriado de quarta-feira na Cidade das Artes pilotada pelo secretário Gutemberg Fonseca e Marcelo Alves, presidente da Riotur

Marie Bendelac e Guilberto Ururahy na festa 6 estrelas de abertura do Fairmont Rio

Netto Moreira com Janick Daudet, presidente do Club Med, na inauguração do Fairmont

Convite do Peru! - II

Sambódromo

Como as duas entidades são privadas, se o governador ou qualquer outro membro da administração estadual aceitar, estará contrariando o artigo 4º do decreto 43.583, de 11 de maio de 2012, do Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil do Poder Executivo do Estado do Rio. n O artigo 4º veda ao servidor público: c) pleitear, solicitar, provocar, sugerir ou aceitar vantagem de qualquer espécie, para si ou para outrem, como condição para a prática de ato funcional, ou como prêmio por havê-lo efetivado ou influen-ciado outro servidor a praticá-lo.

O ministro do Turismo e da Cultura, Marcelo Álvaro Antônio, vem ao Rio na primeira semana de dezembro para um mega evento no Sambódromo para anun-ciar o início das obras e o apoio do governo federal à recuperação do equipamento. n Será uma solenidade muito diferente do que havia sido arquitetado há duas semanas. Em vez de vaias, haverá aplausos às autoridades presentes. Nos planos do ministro, o apoio, através da Cultura, inclusive da Funarte, à instalação do Museu do Carnaval na pró-pria área da Sapucaí.

Convite do Peru! -IIIA grande ironia é quem assina o decreto que o atual governador pode ter contrariado. Seu autor foi o gover-nador Sérgio Cabral - que, hoje todos sabem, contrariou tudo que escreveu sobre conduta ética. n Já o vice-governador, Cláudio Castro, fez questão de deixar claro que as despesas com a passagem correram por sua conta. O mesmo ocorreu com o deputado André Ce-ciliano. O seu pacote foi comprado com antecedência para o Chile, local original da partida. De Santiago, ele e esposa tentaram ir para Lima.n Como houve a mudança de local, uma viagem para Lima não saiu por menos de R$ 12 mil a passagem, em classe econômica.n Com a ida do governador, do vice e do presidente da Alerj, assume o go-verno o Presidente do TJ, o desembar-gador Claudio de Mello Tavares. O fato foi visto como um aceno ao Judiciário.

Convite do Peru! - IV n As relações de Wilson Witzel com a CBF e com a Conmebol não chegam a ser novidade. Quando a vida dele foi escaneada durante a campanha, foi encontrada uma relação antiga com a Confederação Brasileira de Futebol que causou alguns questionamentos.n Como diretor da Associação de Juízes Federais, Witzel promeveu um torneio na Granja Comary, em Teresópolis, patrocinado pela CBF e reunindo diversos magistrados. Foi na época de Ricardo Teixeira na presidência da entidade. A polêmica surgiu pelo fato de Teixeira estar como réu de diversos processos, como pessoa física, na própria Justiça Federal.

APOSTAS DA SEMANA 1 - WW receberá diárias para a viagem ao Peru?2- WW consultou a Procuradoria do estado so-bre a licitude de realizar uma viagem com tudo pago por terceiros?3- E a lista dos ocupantes dos voos fretados?4- O vice-governador, Cláudio Castro, teria via-jado no mesmo avião de WW para Lima?5 - Quais os secretários estaduais que fizeram parte do trem da alegria com destino ao Peru?6 - Pergunta de um vascaíno doente... E se der zebra no Peru? Quem receberá o troféu de pé frio? 7- Se der Fla (e vai dar), WW vai descer a cam-po para entregar o troféu de campeão, repetin-do o gesto festivo da Ponte?

guardada, e salva milagrosamente, uma relíquia da cruz de Cristo.

Na Bolívia, Evo Morales afron-tou a todos com uma candidatura para um novo mandato não aprovado de consulta popular. Mas a Bolívia vinha bem na economia, explorando direito o petróleo e o gás, embora sem a livre empresa e tendo mesmo desa-propriado uma refinaria brasileira. A economia foi fortalecida também pela omissão governamental na venda de cocaína e maconha para o Cartel de Medellín. Agora, a Bolívia volta a se integrar aos países democráticos, rompendo com Cuba e Venezuela e reatando relações com EUA, Colôm-bia e Brasil. Nesta volta à ordem na Bolívia, não faltaram manifestações de censura da sra. Bachelet. A grande imprensa se referiu a estes aconteci-mentos de maneira discreta, mas deu destaque às observações da sra. Bache-let em favor dos manifestantes.

Em Hong Kong, as mani-festações prosseguem, na defesa das liberdades democráticas do território e pela sua independên-cia em relação à China, a qual se reintegrou há 20 anos. Mas a China, mais dia ou menos dia, vai entrar para valer e sufocar as manifestações, numa prévia de sua invasão a Taiwan. Sempre com a conivência da esquerda internacional e do oportunismo

equivocado do grande capital. O mundo assiste à desagre-

gação da França e, em especial, de Paris. O turismo vem caindo, com sucessivas greves em servi-ços essenciais e atos de barbárie. A França resiste às reformas labo-rais e à modernização do Estado. E paga o preço da perda da iden-tidade nacional pela proliferação de áreas em que já nem se fala o francês. Falta um De Gaulle...

Para o mundo liberal, demo-crático, conservador, cristão, o mais chocante, sem dúvida, é o que se passa na Espanha. Depois de sacarem o responsável pela sua unidade e pela não incorporação à antiga URSS, o generalíssimo Franco, de sua sepultura, violan-do uma Basílica da Igreja Católi-ca, 44 anos depois de sua morte, assistem agora à formação de um governo com a presença forte de radicais de esquerda.

E, por fim, mas não menos im-portante, os EUA vivem essa ofensiva incensada pela mídia mundial para a derrubada do presidente Trump, que vem recuperando a economia, o emprego, o salário, a firme posição ao lado de aliados tradicionais como Israel. A esquerda do Partido De-mocrata não é mais light como no passado e, sim, muito próxima das esquerdas marxistas da Europa.

O mundo vive uma onda per-turbadora sem uma motivação co-mum. São países diferentes, vários problemas, regimes divergentes.

O Chile, até seis semanas atrás, era o Estado exemplar da América Latina, com melhor renda per capita, democracia con-solidada. Elegeu, há pouco, um presidente conservador, que já havia sido governante aprovado e é empresário de sucesso. Derrotou a presidente Bachelet, socialista marxista, herdeira das ligações do pai, um militar ligado a Al-lende, com a Cuba de Fidel. Saiu chamuscada pela corrupção num favorecimento à própria nora. Mas a solidariedade socialista se fez presente e António Guterres lhe arranjou logo uma posição de destaque na ONU. Ela, segundo consta em Santiago, estaria por trás destas semanas de barbarida-des, com apoio do novo mecenas do bolivarianismo latino-ameri-cano, o presidente do México. O Chile tem uma tradição católica e estranha que o Papa não tenha se manifestado em relação à queima de duas igrejas emblemáticas no país. A de N. S. Assunção, padro-eira do país, em que, além do fogo, uma imagem da Nossa Senhora foi decapitada e jogada na rua. E outra, a Basílica, onde estava

Freud explicaria o que está acontecendo? ARISTÓTELES DRUMMOND RICARDO CRAVO ALBIN

feitura pelos nossos acervos de rua. O poder público municipal, à frente o prefeito, teria que se comportar como uma zelosa dona de casa, a defender os bens públicos com, aí sim, armas em punho. Ou com muitas vassouradas. Ou até mesmo disparando bordoadas domésticas Já escrevi isso inúmeras vezes. Só que os dirigentes continuam desatentos.

Mantenho interesse quase sa-cralizado por esses mimos urbanos, a que chamo de “adereços artísticos das praças”. Serão suas alegóricas pulseiras, seus brincos, colares. In-dispensáveis à formosura de uma cidade-mulher como a nossa.

Não pretendo me dar o acabru-nhamento de enumerar a destrui-ção das centenas, talvez milhares, das joias urbanas subtraídas aos olhos de todos nós. Dói-me, em especial, a brutalidade com que pequenos adornos são destruídos pela selvageria de meliantes, que, acho, não fica atrás da olímpica de-satenção municipal. Ao contrário, ambas se conjugam, e potenciali-zam os péssimos procedimentos.

Abate-me isso, ainda mais que outros vilipêndios, como o destroça-mento de peças seculares, por exem-plo, as de Mestre Valentim, ícones do século XVIII, sobretudo aquelas do Passeio Público. O Chafariz dos Jacarés foi duramente agredido, com

animais em bronze sem parte de ra-bos, dentes. Também, meu Deus, a estátua de Tritão (igualmente valen-tina), dentro do lago do Passeio, foi condenada a ficar cotó, com o braço de cobre cortado e roubado. Mas o crime também há de ser tributado ao descaso da Prefeitura, não só por conta do Chafariz dos Jacarés, como também pelo abandono do não me-nos encantador Chafariz do Lagarto, praticamente coberto, meses a fio, por sujeira, mato-alto, dejetos.

Paro por aqui, propondo uma brevíssima reflexão à Prefeitura: quando o poder público cuida, limpa, recompõe, o cidadão tende a limitar sua sanha destruidora.

O exemplo do metrô, bem tra-tado e prontamente recuperado de eventuais mal-tratos, serve como modelo. O público se habitua aos bons tratos. E também os repete. Até por instinto. Ou por simples imitação. O que sempre será be-néfico. Se nossas obras públicas de arte merecessem atenções má-ximas em cuidados, duvido que o espírito predador prosperasse.

Talvez não estivéssemos aqui a bradar contra os péssimos procedi-mentos dos vândalos, que não só desrespeitam os adereços da cidade de São Sebastião, como também os descaracterizam aos pouquinhos. Em busca de reles tostões.

Embora justas e adequadas, não pensem que as duas palavras acima se referem à indignação pela cida-dania ultrajada. Ou pela liberação em série, suprema infelicidade do STF, dos patéticos condenados em 2ª Instância pela Lava-Jato, os de ontem, os de hoje e até os de futu-ro próximo. Tampouco imaginem que estou a me referir à vergonha da insegurança pública, ao inominável abandono de itens de essência como escolas, hospitais e transportes.

Não, estes péssimos hábitos de agora são um tanto menores, mas não menos agressivos para quem cultua a cidade. É também um es-boço do desprezo do poder muni-cipal para com os adereços que mi-moseiam praças e passeios públicos, ou seja, as estátuas, as obras de arte, as esculturas. Por outro lado, an-tepõe-se ao abandono a selvageria dos indivíduos que as golpeiam sem dó, nem piedade. Tão somente para trocá-las por míseras moedas em ferro-velho. Ou por abjeta maldade. Ou ainda para atender a coleciona-dores hediondos (sim, eles existem), cometendo abismal desonestidade, a privatização de obras de arte do povo, da cidade, do país.

O historiador Nireu Cavalcanti, estimado amigo e permanente de-fensor da história e dos bens cario-cas, denunciou o descaso pela Pre-

Péssimos hábitos

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4 De 22 a 28 de novembro 2019

BRASIL

CORREIO CARIOCA

Delação aponta desvio de R$ 120 milhões da Fetranspor

Valor de uma vida

Curtas

Lélis Teixeira, ex-pre-sidente da Fetranspor, revelou em sua delação premiada um esquema de pagamento de propi-na que, nos últimos dez anos, teria desviado R$ 120 milhões para cerca de 30 políticos.

Entre os políticos ci-tados pelo ex-presidente da Fetranspor estão o ex--prefeito Eduardo Paes, o

n Dez meses após a morte de Caio Junquei-ra (o Neto de “Tropa de Elite”) em um acidente de carro no Aterro do Flamengo, a mãe do ator, Dona Maria Ines, faleceu. A causa da morte não foi informada pelos familiares.

n A Aeronáutica re-moveu uma faixa que pedia melhoras na se-gurança na Vila Militar da Aeronáutica, na Ilha do Governador. Ela foi

A moradora de rua Zilda Henrique dos Santos Le-andro (31) foi assassinada a sangue frio no Centro de Niterói, no sábado (16). Segundo a irmã de Zilda, ela pediu R$ 1 para Ader-bal Ramos de Castro, que puxou uma arma e dispa-rou. Aderbal está preso.

ex-governador Anthony Garotinho, os ex-se-cretários municipais de transportes, Júlio Lopes e Carlos Roberto Osório, e o ex-governador do Rio Luiz Fernando Pezão.

As respectivas as-sessorias negaram en-volvimento no esquema e classificaram as de-núncias de Lélis Teixeira como inverídicas.

estendida pelos mora-dores, que reclamam de muitos assaltos a residências e a pessoas na rua.

n Um homem foi pre-so em Búzios após pa-rar seu carro em uma estrada no bairro Ma-rina e sair correndo nu atrás de uma mulher que passava pelo local. Ele foi flagrado pelas câmeras de segurança e foi preso por importu-nação sexual.

Tomaz Silva/Agência Brasil

Ex-presidente da Fetranspor bota fogo na política carioca

Mar rubro-negroA torcida do Flamengo in-vadiu as ruas do Rio para acompanhar o ônibus dos atletas até o Galeão. O trânsito na Linha Amarela ficou caótico e a região do aeroporto ficou pratica-mente inacessível. O time foi para Lima, onde jogará a final da Libertadores.

Quadrilha com prazo de validadeA ministra do STJ

Laurita Vaz determinou a prescrição de pena do ex-governador Anthony Garotinho para o crime de formação de quadrilha. Na decisão, Laurita disse que a demora para o Tribunal Regional Federal da 2ª Região para julgar o recur-

so da condenação levou à impossibilidade de punir Garotinho, que foi con-denado em dois anos e meio de reclusão, em regi-me aberto. Depois de oito anos, o TRF-2 aumentou a pena para quatro anos e meio, passando para o semiaberto.

Aumento salarialA Assembleia Legisla-

tiva aprovou por 46 votos a favor, três contra e 16 abstenções o aumento de salário de servidores do poder Judiciário. Para compensar, a Justiça vai abrir mão de 309 cargos vazios e da realização de novos concursos.

Reajuste nas telesAlém do aumento do

Judiciário a Alerj também aprovou um reajuste nas contas de serviços de te-lecomunicações. Agora, consumidores que gasta-rem 450 kw/h por mês vão pagar, além de 28% de ICMS, 4% para o Fundo de Combate à Pobreza.

Novidades na biometria para idososOs idosos maiores de

70 anos não são obriga-dos a fazer o cadastro da biometria se não tiverem a intenção de continuar vo-tando nas próximas elei-ções.

O anúncio foi feito pela Justiça Eleitoral porque, apesar de já ser conheci-

do por algumas pessoas, muitos idosos estavam se dirigindo aos pontos de recadastramento com medo de acabarem per-dendo seus direitos a pen-sões ou aposentadorias. Com isso, há a intenção de que as filas de espera diminuam bastante.

ProibiçãoA Assembleia Legis-

lativa do Rio de Janei-ro aprovou uma lei que proíbe funcionários da área de saúde do estado de usarem vestimenta, como jalecos, e equipa-mentos fora do ambiente de trabalho. A multa é de R$ 684.

Obra da PMO inquérito da Delega-

cia de Homicídios da Ca-pital apontou que o dispa-ro que matou Ágatha Félix (8 anos) foi realizado por um cabo da PM. Ele fez um disparo de advertência contra dois motoqueiros, a bala ricocheteou e acer-tou a menina.

Fernando Frazão/Agência Brasil

Linha Amarela: associações comerciais manifestam-se contra pedágio

Bolsonaro: Witzel manipula caso MariellePresidente diz que eleição do governador do Rio tornou sua vida um inferno

Por Ricardo Della Coletta e Thais Arbex

(Folhapress)

O presidente Jair Bolsonaro acusou quinta-feira (21) o governa-dor do Rio, Wilson Witzel (PSC), de manipular as investigações do caso Marielle Franco e disse que a sua vida “virou um inferno” desde a eleição do seu ex-aliado.

- Esse é o trabalho de um go-vernador que tem a obsessão de ser presidente da República. Di-zem que no seu gabinete ele usa a faixa de presidente - afirmou Bolsonaro, durante a cerimônia de lançamento da Aliança pelo Brasil, partido que pretende criar após o racha com o PSL.

O presidente disse ainda que Witzel tem usado a Polícia Civil do estado para atingir esse obje-tivo - referindo-se à investigação sobre o assassinato da vereadora do PSOL, em março de 2018.

- Ele [Witzel] colocou na ca-

Por Marcelo Perillier

Não é apenas a população que está a favor do prefeito Mar-celo Crivella em passar para a Prefeitura o controle da Linha Amarela. Associações Comer-ciais da Barra (Acibarra), de Ja-carepaguá (Acija) e de Recreio e Vargens (Acir) divulgaram uma carta aberta, na qual repudiaram a volta da cobrança do pedágio pela Lamsa.

Elas consideram o valor de R$ 15 (ida e volta) extorsivo, representando um desrespeito à população. Para elas, a cobrança não afeta apenas moradores, tra-balhadores, turistas e estudantes, mas também todos os fornecedo-res de produtos e abastecimento da região, além do turismo.

A Linha Amarela é uma im-portante rota de passagem de mercadorias e não existem dúvi-das, para as associações, de que este custo de pedágio é repassado para o consumidor final que fre-quenta a região.

Por isso, independentemente das questões políticas, as asso-ciações pedem uma solução para este conflito entre a Prefeitura e a concessionária, levando em con-

sideração a população. O conflito começou no dia

25 de outubro, quando Crivella disse que iria acabar com a con-cessão da Lamsa, porque, de acordo com dados do Tribunal de Contas do Município e da CPI da Linha Amarela da Câ-mara dos Vereadores, a empresa deixou de repassar para os cofres públicos R$ 1,6 bilhão.

Dois dias depois, as cabinas de pedágio da via foram destru-

ídas. No entanto, nas primeiras horas do dia 28 de outubro, a Justiça determinou que a cobran-ça deveria voltar, e a concessio-nária demorou quatro dias para reconstruir as cabinas.

NOVOS CAPÍTULOSNo dia seguinte, a Prefeitura

enviou para a Câmara um pro-jeto de encampação da via, que foi aprovado pelos vereadores. Contudo, a Lamsa foi à Justiça,

sob o argumento de que não po-deria devolver a Linha Amarela para a Prefeitura sem pagamento de indenização. Com isso, a via continua sob o comando da con-cessionária, com o pedágio de R$ 7,50 nos dois trechos.

Recentemente, a Prefeitura entrou com uma nova ação ju-dicial contra a Lamsa, desta vez para ressarcir os usuários que fre-quentam a Linha Amarela, por conta da cobrança de tarifa de pedágio excessiva.

Na ação, a Procuradoria Geral do Município pede que o pedágio seja fixado em R$ 2,10. Além disso, o documento pede a divulgação nas cabines de que os consumidores devem guadar os comprovantes de pa-gamentos para uma possível restituição e que as cancelas se-jam abertas sempre que as filas de pagamento ultrapassem cem metros de extensão ou que o tempo de espera seja maior que um minuto.

Segundo a Prefeitura, asso-ciações de consumidores, mora-dores, motoristas, transportado-ras e turistas que se consideram lesadas pelos atos da concessio-nária podem aderir à ação.

Bolsonaro tem duas casas no condomínio Vivendas da Barra. Além do imóvel onde ele morava com a família, em outro reside um de seus filhos, Carlos Bolso-naro, vereador do Rio pelo PSC.

Na Câmara Municipal, Car-los se envolveu em uma ríspida discussão em 2017 com um as-sessor de Marielle. Na ocasião, a vereadora chegou a intervir para acalmar o filho de Bolsonaro.

A polícia do Rio, porém, in-tensificou nas últimas semanas a busca por testemunhas para en-tender melhor as circunstâncias do bate-boca, que já era de co-nhecimento dos investigadores e havia sido mencionado por Car-los anteriormente. Sobre esse as-sunto, Bolsonaro afirmou quinta que agora “tentam envolver o Carlos” nas investigações.

- Parte de alguns no Bra-sil quer jogar pra cima de mim a possibilidade eu ser um dos mandantes do crime da Marielle - acrescentou Bolsonaro, ao dizer que ele seria um “imbecil” se re-cebesse um dos responsáveis pelo crime em sua casa.

Em um último ataque a Wit-zel, o presidente disse que gover-nador deveria ter gratidão, por-que ele não teria sido eleito sem a ajuda de seus dois filhos.

beça que queria destruir o Bolso-naro - acrescentou o mandatário.

O presidente foi citado na apuração do caso por um portei-ro do condomínio no Rio onde ele tem casa. Num depoimento à Polícia Civil, o funcionário havia atribuído a Bolsonaro a autoriza-ção para a entrada no condomí-nio Vivendas da Barra de um dos acusados no crime. Em nova oiti-va, desta vez à Polícia Federal, o porteiro disse que errou ao men-cionar o presidente.

Durante o evento da Aliança pelo Brasil, Bolsonaro fez ainda um relato da sua conversa com Witzel sobre as investigações. Ele

disse que encontrou o governador em 9 de outubro e que, na ocasião, foi informado pelo governador de que “o processo foi ao Supremo”.

- Perguntei: como você sabe disso se o processo corre em se-gredo de Justiça? - afirmou Bol-sonaro, para em seguida dizer que Witzel manipula a investigação.

De fato a menção ao nome de Bolsonaro foi comunicada ao STF, mas, segundo o procurador-geral da República, o caso foi arquivado.

- Parece que não interessa à esquerda chegar aos mandantes do crime, mas usá-lo para atingir reputação de pessoas outras - dis-se o presidente.

Mateus Bonomi/Agif/Folhapress

Presidente diz que o governador Wagner Witzel quer destruí-lo

Contra o pedágio da LamsaAssociações comerciais alegam que valor cobrado desrespeita a população

O suicídio político de Wilson WitzelPor Claudio Magnavita*

Governando um estado fra-gilizado financeiramente e que depende do governo federal, não é possível encontrar lógica no permanente estado de con-flito do governador Wilson Witzel com o presidente Jair Bolsonaro. O novo capítulo é assustador. Agora o presidente da República acusa o governa-dor de tentar implicar um dos seus filhos, o vereador Carlos Bolsonaro, no caso do assassina-to da vereadora Mariella Franco, depois de ver frustrada a tentati-

va de envolver o próprio presi-dente da República no caso.

A maior vítima deste confli-to será a população do Rio, com a falência de um governo esta-dual cuja pirotecnia, até agora, foi sempre paga por terceiros.

O desabafo do presidente de que a sua “vida virou inferno depois da eleição do Witzel” no lançamento da Aliança para o Brasil, no último dia 21, colou a relação em ponto de ebulição máxima.

Mas o que se esperar de um governador que tem como che-fe e ex-patrão um dos desafetos

-mor dos Bolsonaros, o pastor Everaldo Pereira, presidente do PSC? O sonho de ser presiden-te virou, como afirmou Bolso-naro, uma “obsessão” do Witzel e do seu pastor kamikaze.

Para Witzel explodir, basta a Polícia Federal colocar a lupa nos negócios pilotados pelo pas-tor na Cedae, desde a época de Eduardo Cunha, o que levou o ex-presidente da empresa Wag-ner Victer a responder a ques-tões legais até hoje. Se a lupa for colocada no Detran, o caso fica mais sério. O filho do pastor fica porta a porta com o governador,

e o movimento de empresários e fornecedores é constante.

Ao se distanciar de quem o elegeu, Witzel recebe o carimbo de traidor. A sua rejeição nas redes sociais bate recorde.

Agora, uma infeliz coincidên-cia. Todas as vezes que os torpedos são disparados para Bolsonaro, o governador está com um pé no ex-terior. Na primeira crise estava em Londres, e agora tem passagem paga para Lima pelas impolutas CBF e Conmebol. Coincidência?

(*) Diretor de Redação do Cor-

reio da Manhã

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5De 22 a 28 de novembro 2019

BRASIL

Janio de Freitas

Zero. É apenas um cisco de vergonha, não uma quantidade, que se encosta na verdade para estabelecer em 0,1% o cresci-mento econômico da América Latina neste ano, na mais recente estimativa da Cepal - a institui-ção mantida pela Organização das Nações Unidas para estudo da economia regional.

Zero de crescimento e, no entanto, excetuada a Venezue-la, as classes altas não estiveram queixosas em nenhum país des-ta geografia do desemprego, das favelas, de vida com R$ 4,50 por dia, de morte pela falta de sanea-mento e violência sem limite. Da desigualdade e da injustiça como princípios básicos de cada país.

Não é preciso lembrar por que as classes altas não estiveram nem estão queixosas dessas polí-ticas econômicas nacionais.

Jair Bolsonaro e Paulo Guedes não faltam com a já esperada con-tribuição ao divisionismo. O estu-do da Cepal coincide com as atu-ais previsões daqui mesmo sobre o crescimento brasileiro neste ano.

Da campanha até à posse, os dois falavam em crescimento de

3%, e mesmo de 3,5% neste ano. O previsto está em 0,8%. A cami-nho da adesão às 17 economias, entre as 20 da região, já compro-metidas com o ano de desacele-ração. Mas as nossas classes altas não emitiram, até agora, nem a mais sussurrante insatisfação com algo do governo Bolsonaro. Bem ao contrário.

Os casos do Chile e da Bo-lívia são resumos perfeitos da América Latina. O Chile con-vulsionado seguia para crescer no ano quase 2%. Mas, fora as classes altas, os chilenos estão nas ruas, manifestando-se ou com-batendo, por redução das usur-pações e das opressões econômi-cas a que são submetidos. Diz o noticiário que já são “mais de 25 mortos e mais de 200 com lesões nos olhos”. E, inerte, o que o go-verno Sebastián Piñera - um dos mais opulentos empresários do país - tem afinal a propor, “para a pacificação”, é um plebiscito em abril, daqui a cinco meses, sobre o tipo de Constituinte. É claro que pensa no esmorecimento da rebelião, para voltar ao que Pau-lo Guedes definiu como “paraíso

chileno”. Explosivo, porém.Recordista de golpes, país

mais pobre do grupo latino-a-mericano, embora seu território riquíssimo, a Bolívia enfim expe-rimentou com Evo Morales qua-se 15 anos de estabilidade. Nesse período, o crescimento econô-mico, sem precedente, foi de 5% ao ano. A pobreza, da ordem de 60% da população na posse de Morales, foi reduzida a quase 30%. As medidas de inclusão dos indígenas não se fizeram à custa dos abastados históricos, que não tiveram queixas econômicas.

O caudilhismo de que a direita brasileira acusa Evo Morales, por pretender o quarto mandato, não encontra justificativa no estilo que praticou, como o de seu decisivo companheiro de governo, o cien-tista e vice Álvaro García Linera.

A situação degenerou com os estímulos oposicionistas à re-belião de policiais, em resposta a decisões de governo contra a es-candalosa corrupção da polícia. A campanha contrária à candi-datura e logo à eleição da dupla prosperou com facilidade.

Mas o que precipitou a inter-

venção do comando militar na crise foi o chamado de Morales a uma nova eleição. Proposta que resolvia as acusações de fraude e dava outra oportunidade à opo-sição. Recusá-la seria desmora-lizante. Aceitá-la? E se Morales ganhasse outra vez? Melhor ati-var os generais do que respon-der à proposta. Antes de acabar a semana, “mais de dez mortos”, centenas de feridos, convulsão instalada e uma falsa presidente apoiada pelo governo Bolsonaro, como o falso presidente venezue-lano Juan Guaidó (Bolsonaro é adepto de falsas presidências).

Há, contudo, a inclusão da América Latina no recurso à violência urbana em progressão. Como na França dos coletes amarelos, na Espanha dos sepa-ratistas, no Equador do já derro-tado Lenín Moreno, no “paraíso chileno”, na prosperidade inter-rompida da Bolívia, nos bravos de Hong Kong: quem padece as políticas elitistas transfigura-se em arma de combate, e combate. É parte da fase global de trans-formações, à qual o Brasil, até agora, não fugiu.

O novo valor do zero CORREIO POLÍTICO

STJ pode criar ‘força-tarefa’ para o Caso Marielle Franco

Se vira nos 30

Curtas

Quem mandou matar Marielle? Essa pergunta ronda os noticiários há um ano e nove meses e segue sem respostas. Por conta disso e da pressão dos familiares da vereadora assassinada, o Superior Tribunal de Justiça está estudando a possibilida-de de formar uma aliança entre a polícia estadual do Rio de Janeiro e a Polí-cia Federal para atuarem

n A CCJ do Senado aprovou um projeto de lei que troca a prisão por penas alternativas para condenadas que se-jam gestantes ou sejam mães de crianças pe-quenas - de até 6 anos.

n A ministra Damares Alves anunciou um pro-jeto em parceria com o MEC para criar um canal de denúncias de conteúdos que aten-tem “contra a moral, a religião e a ética da fa-

O major Vitor Hugo, lí-der do governo na Câma-ra, confirmou que cerca de 30 deputados vão deixar o PSL para se unirem ao projeto de partido de Jair Bolsonaro, a Aliança pelo Brasil. Ele precisa correr contra o tempo para viabi-lizar o projeto.

em conjunto nas investi-gações do crime. É uma alternativa à intenção da Procuradoria Geral da Re-pública para retirar o caso da esfera estadual e pas-sar para a Federal, o que também era um pedido da família de Marielle. Com as investigações chegan-do perto da família Bol-sonaro, o envolvimento da Justiça Federal parece inevitável.

mília”. A ministra dos Direitos Humanos não explicou por onde esse canal funcionará, se por telefone ou internet.

n A CCJ da Câmara aprovou o projeto de Reforma da Previdên-cia para a classe militar. Agora a proposta segue para o Senado, onde será analisado e vota-do. A ideia do projeto é economizar até R$ 10,45 bilhões nos pró-ximos dez anos.

Marcelo Camargo/Agência Brasil

Investigação sobre assassinato da vereadora dura mais de um ano

Faltou éticaA atitude do deputa-

do Coronel Tadeu, que quebrou uma placa que associava a morte de ne-gros à PM, deve dar dor de cabeça. O PT acionou o Conselho de Ética da Câmara para julgar a “ex-trema gravidade” da ação indecorosa do deputado.

De olho nos foguetes do MaranhãoAssinado na viagem de

Jair Bolsonaro a Washing-ton, em março de 2019, o acordo entre Brasil e Es-tados Unidos que permite o uso da base de Alcân-tara, no Maranhão, para lançamento de satélites e foguetes foi publicado no Diário Oficial da União.

O acordo precisava ser aprovado pela Câmara e pelo Senado. O decreto foi aceito em ambas as Casas e proíbe o lança-mento de mísseis na re-gião. A intenção é receber recursos para o investi-mento no Programa Espa-cial Brasileiro.

Desmonte Marina Silva, ex-minis-

tra do Meio Ambiente, foi acusada por Jair Bolsona-ro de ser culpada por inú-meros crimes ambientais na Amazônia em gestões passadas. Ela rebateu di-zendo que ele “desmon-tou o plano de combate ao desmatamento”.

Nova estatalO presidente Jair Bol-

sonaro aprovou a criação da NAV Brasil Serviços de Navegação Aérea, uma divisão da Infraero. Ela terá sede no Rio de Ja-neiro e será vinculada ao Ministério da Defesa para administrar os serviços de navegação aérea.

Para BrasíliaO TRF-4 optou por en-

caminhar o inquérito sigi-loso sobre a construção da Usina de Belo Monte, que investiga a possibili-dade de envolvimento do ex-presidente Lula, para a Justiça Federal de Bra-sília. O caso estava sendo feito em Curitiba.

Pediu juízoEm entrevista, o ex-

presidente Lula pediu que o Congresso tenha juízo ao analisar proposta que pode alterar a Constitui-ção para permitir o cum-primento de pena após condenação em segunda instância, já que, assim, ele pode voltar à cadeia.

Cadê 13º?Jair Bolsonaro havia

feito a promessa de pa-gamento do 13º para os beneficiários do Bolsa Fa-mília. Porém, o orçamento é insuficiente e, se nada for feito, cerca de quatro milhões de beneficiados podem ficar sem receber o prometido.

A carne é fraca?A ministra da Agricul-

tura, Tereza Cristina, se reuniu com Sonny Per-due, secretário do Depar-tamento de Agricultura americano para reavaliar barreiras impostas sobre a carne bovina brasileira para os EUA. Ainda não houve acordo.

Por Julio Wiziak e Gustavo Uribe (Folhapress)

Em encontro com o presidente Jair Bolsonaro quarta-feira (20), Car-los Slim Domit, herdeiro do bilioná-rio mexicano Carlos Slim, dono de um império global que inclui a ope-radora Claro, apresentou um plano de investimentos anuais de R$ 11 bi-lhões nos próximos três anos no país.

Segundo a revista “Forbes”, Slim

tem uma fortuna estimada em US$ 64 bilhões, o equivalente a 6% do PIB do México.

Pela empresa no Brasil, participa-ram o presidente da Claro Brasil, José Félix, o diretor jurídico, Oscar Peter-son, e o vice-presidente de relações institucionais, Fábio Andrade, que integra o Conselho de Comunicação Social do Congresso Nacional.

Na conversa, o filho de Slim disse que o grupo deve investir pelo menos

R$ 11 bilhões no país no próximo ano, sem contar a recente compra da Nextel, por R$ 3,5 bilhões, e que ainda aguarda a aprovação do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica). No ano passado, a em-presa anunciou investimentos de R$ 8,8 bilhões, pelo menos 25% abaixo do patamar previsto para 2020.

Carlos Slim Domit disse ao jor-nal que a ideia é investir, em média, outros R$ 11 bilhões por ano até

2022, quando terminam os compro-missos de instalação da rede 4G.

Pessoas que participaram da reu-nião afirmam que a Claro disse ser inoportuna a realização do leilão 5G em 2020. O ideal, para as teles, seria que ocorresse em 2021.

Isso porque as empresas ainda têm compromissos de expansão do serviço 4G. Pela lógica de investimen-to, não será possível ter 5G onde hoje não existe 4G.

Investimentos de R$ 11 biControlador da Claro promete desembolso nos próximos três anos no país

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ESPECIAL

Gina CantoFranqueada da loja Piticas

“Grande parte do sucesso nas vendas é relacionada à contratação das pessoas.

A cultura geek é nosso foco. O cliente tem envolvimento emocional com os produtos, então preciso de um vendedor que se identifique com ele.O consumidor fica desconfortável quando percebe que o funcionário só quer ganhar comissão. Ele procura alguém com afinidades em comum.Antes, não conseguíamos interagir com as pessoas que entravam na loja. Quando acontece essa interação, as vendas aumentam muito.Hoje, durante o processo seletivo, levo em consideração se o candidato lê quadrinhos ou se é fã

de anime. Entro em grupos fechados nas redes sociais sobre assuntos nerds para anunciar as vagas. Alguns dos melhores funcionários vieram desses canais.Aprendemos a confiar no vendedor. Quanto mais você interfere na atividade dele, maior é a sua insegurança.No começo, eu ficava muito tempo na loja. Tinha a impressão de que, se não estivesse lá, o negócio não seria bem feito. Na verdade, o vendedor costuma ser melhor do que eu. Ele é mais fã do produto e tão jovem quanto o cliente. Falam a mesma língua.Eu e meu sócio compramos três unidades que já estavam funcionando. Com essa estratégia de contratação, nosso crescimento mínimo foi de 60% por ano. Os clientes percebem que o dono mudou. Falam que não sabiam que a loja tinha produtos de determinada marca quando ela sempre esteve ali.

Quatro lições de sucessoEmpreendedores compartilham experiências de gestão que os levaram a ampliar seus negócios e a lucratividade

Por Renan Marra (Folhapress)

Para aumentar as vendas, muitas vezes

pequenos empresários precisam reinventar

processos, mexer em produtos e mudar as

estratégias de gestão dos negócios. Franque-

ada da Piticas, loja que vende produtos rela-

cionados à cultura pop, Gina Canto, alterou

seus critérios de contratação. Ela passou a

frequentar grupos nerds para achar os fun-

cionários mais adequados ao seu negócio.

No caso de Ana Carolina Vaz, dona da fabri-

cante de fraldas para cachorro Dogs Care,

o problema era o preço. A situação mudou

depois que ela contratou uma empresa de

gestão estratégica.

A mudança de foco ajudou a Hisnëk,

criada como clube de assinatura de lanches

saudáveis. Ao detectar uma demanda por

serviços relacionados à saúde, a fundado-

ra, Carolina Dassie, começou a trabalhar

com programas de bem-estar corporativo.

E o dono da sorveteria Slice Cream, Edu-

ardo Schlieper, ampliou a oferta e investiu

em um diferencial de apresentação de seus

produtos.

Nos depoimentos a seguir, eles detalham

os caminhos que os levaram ao sucesso.Divulgação

Ana Carolina VazFundadora da Dogs Care

“Em 2014, vendíamos cerca de 60% das fraldas para cachorro que produzíamos para

dois grandes clientes. Este era nosso calcanhar de Aquiles.Quando a crise chegou, tivemos retração de crédito. Passamos a enxugar custos, mas não olhávamos para a precificação dos produtos, a área da empresa que estava doente.Com o caixa desajustado, muitas vezes cobríamos as ofertas da concorrência para não perder espaço nas prateleiras. Mas nossos produtos não davam lucro, mesmo com qualidade superior.

Travamos. Eu faturava de manhã para pagar as contas à tarde. Decidimos vender parte da empresa para não quebrar. Com o dinheiro, contratamos uma companhia de gestão estratégica. Pagamos R$ 200 mil por um ano em consultoria.O investimento valeu a pena. Naquele momento, reposicionamos nossa marca e deixamos mais claro que nossos produtos têm qualidade superior. Aumentamos os preços, renegociamos com fornecedores e ampliamos os clientes.Hoje, temos caixa saudável e comprei de volta a parte da empresa que havia vendido. Em cinco anos, nossa produção aumentou de 450 mil fraldas para 1,5 milhão por mês.

Carolina DassieFundadora da Hisnëk

“A Hisnëk nasceu em 2014 como um clube de assinatura de lanches saudáveis. Empresas

forneciam nossos produtos para seus funcionários e, dessa forma, ficamos próximos dos departamentos de recursos humanos.Detectamos que havia uma demanda no mercado corporativo por mais serviços relacionados à saúde mental e física. Então, decidimos aumentar nosso escopo de atuação. Investimos R$ 50 mil em tecnologia e consultorias com psicólogos e educadores físicos e criamos um robô que usa inteligência artificial para antever problemas de saúde.

O funcionário de empresas que contratam o nosso serviço baixa um aplicativo e responde perguntas sobre seu estado emocional. O sistema, então, analisa as respostas e envia para ele um conteúdo personalizado, adequado ao que ele está sentindo naquele momento. Um conteúdo que pode ser áudio, vídeo, texto.Se ele está muito estressado, receberá informações sobre técnicas de respiração ou meditação. Quando verificamos sintomas de depressão, angústia ou tristeza persistente, sugerimos sessões com psicólogos parceiros.Deixamos de ser uma empresa que só vendia snacks para uma que oferece serviço completo de bem-estar e saúde. Nosso faturamento passou a ser quatro vezes maior.

Eduardo SchlieperFundador da Slice Cream

“O Brasil ainda é um país que associa o consumo de sorvete ao frio. Por isso, decidimos incluir

bebidas quentes no cardápio da gelateria. Mas ainda faltava alguma coisa. Em uma viagem à Ásia, descobri uma impressora para bebidas. Em 20 segundos, ela coloca uma imagem ou um texto na espuma do milk-shake ou do café.A tinta é um café com granulometria muito baixa, que não passa o amargor para a bebida. O investimento foi de aproximadamente US$ 8 mil (R$ 33,4 mil). Começamos a utilizar o equipamento em janeiro e, desde então, nosso faturamento mensal dobrou de

R$ 40 mil para R$ 80 mil.O cliente pode personalizar o produto, por exemplo, com fotos de pessoas ou com o escudo de time de futebol. Muitas pessoas tiram tantas fotos que a bebida até esfria.Com essa experiência, você convida o cliente a fazer parte do produto. Cria cumplicidade e relação de pertencimento com o consumidor, que monta a bebida do jeito dele.Como é um negócio imagético, as pessoas postam fotos nas redes sociais. As pessoas adoram postar novidades na qual estão inseridas.Com essa dinâmica, trouxemos modernidade e conseguimos equilibrar nosso faturamento em dias de frio.

Adriano Vizoni/Folhapress

Divulgação Zanone Fraissat/Folhapress

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ECONOMIA

Novas regras para a aposentadoria em vigorConfira como ficou o cálculo das aposentadorias do novo INSS

Por Ana Paula Branco (Folhapress)

As novas regras para se apo-sentar pelo INSS entraram em vigor na última quarta (13), as-sim como o novo cálculo, que vai dificultar para o trabalhador receber o benefício integral.

O benefício, agora, será de 60% da média salarial para a mu-lher que se aposenta com 15 anos de contribuição e para o homem que pede o benefício com 15 anos de recolhimentos.

Para homens novos no mer-cado de trabalho serão exigidos 20 anos de contribuição. Esta re-gra, porém, está em discussão na PEC paralela e pode mudar.

Cada ano extra de contribui-ção vai acrescentar 2% da média salarial ao valor da aposentado-ria. Ou seja, para receber o be-nefício integral mulheres terão que contribuir por 35 anos, e homens, por 40 anos.

EXIGÊNCIA DIMINUIUO cálculo da média salarial

também mudou. Antes, as 20% menores contribuições feitas pelo trabalhador eram descarta-das. Com a nova legislação, serão consideradas todas as contribui-ções feitas desde julho de 1994, o que tende a diminuir o valor do benefício mensal.

Segurados que cumpriram antigas exigências do INSS até o dia 12 de novembro podem con-seguir o benefício integral por meio de direito adquirido.

Profissionais que puderem optar pela regra de transição do pedágio de 100% também vão receber o valor integral do benefício. Para isso precisam contribuir com o dobro do pe-ríodo que faltava para se apo-

CORREIO ECONÔMICO

Agronegócio leva Ipea a revisar projeções do PIB

Confiantes

Curtas

O incremento do Pro-duto Interno Bruto (PIB) do setor agropecuário neste ano e no próximo foi revisto para cima pelo Instituto de Pesquisa Eco-nômica Aplicada (Ipea).

A previsão anterior era de crescimento de 0,5% em 2019 e a nova proje-ção marca 1,4%. No caso de 2020, a projeção de

n A empresa EB-5 Ca-pital criou um programa próprio para ajudar bra-sileiros a conseguirem o green card por meio de investimentos co-merciais nos Estados Unidos. Os investidores devem ter renda anual de, pelo menos, US$ 200 mil.

n Instituições finan-ceiras divulgaram no-vas previsões para a inflação, calculada pelo IPCA. A estimativa para o índice foi rea-

O Índice de Confiança do Empresário Industrial em novembro aumentou 3,2 pontos frente a outubro e alcançou 62,5 pontos, com o indicador 7,9 pontos acima da média histórica de 54,6 pontos, informa pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI).

crescimento vai de 3,2% a 3,7%, conforme o prog-nóstico de safra.

Todos os percentu-ais estão acima do que vinha sendo esperado para o conjunto da eco-nomia. Segundo o Ipea, em 2019 o PIB deverá ter alta de 1%. Em 2020, o crescimento deve ficar em 2,3%.

justada de 3,31% para 3,33%. Para os anos seguintes não houve alterações: 3,60%, em 2020, 3,75% em 2021, e 3,50% em 2022.

n Com a taxa básica de juros em queda, os rendimentos da pou-pança devem perder para a inflação. Isso pode acontecer por-que os rendimentos da poupança são 70% da Selic, mais a Taxa Refe-rencial (TR), que atual-mente está zerada.

Valter Campanato/Agência Brasil

Agronegócio teve o melhor desempenho na economia este ano

Mais energiaA Agência Nacional de

Energia Elétrica (Aneel) au-torizou a entrada em ope-ração da 18ª turbina da hi-drelétrica de Belo Monte. Assim, a usina passa a ter capacidade instalada de 11.233,1 MW e quantida-de média de geração de energia de 4.571 MW.

Déficit primário será de R$ 80 bi A entrada de receitas

extraordinárias, principal-mente no segundo semes-tre, fará o Governo Central – Tesouro Nacional, Pre-vidência Social e Banco Central – encerrar 2019 com déficit primário de R$ 80 bi, anunciou Paulo Gue-des, em coletiva à impren-

sa no Palácio do Planalto. A meta para o ano, no en-tanto, será mantida em R$ 139 bilhões, quase o do-bro do déficit projetado. O déficit primário representa o resultado negativo das contas do governo sem o pagamento dos juros da dívida pública.

AumentoA Petrobras reajustou

o preço da gasolina em 2,8% em suas refinarias. O aumento foi no com-bustível vendido nas refi-narias para nos pontos de venda. O valor final que o motorista pagará para abastecer seu carro de-penderá de cada posto.

DesempenhoAs vendas por meio

de comércio eletrônico da Black Friday devem, pela primeira vez, se aproxi-mar das realizadas nas lojas físicas. A Associação Brasileira de Lojistas de Shoppings projeta um fa-turamento acima de R$ 3 bilhões.

Zona FrancaUm estudo elaborado

pelo Instituto Escolhas prevê a criação de cem mil empregos diretos na região da Zona Franca de Manaus a partir do investimento público e privado de R$ 7 bilhões dentro de um período de dez anos.

ImpasseO acordo oficializado

entre Estados Unidos e China para aplacar a guer-ra comercial entre ambos pode sofrer um revés ain-da em sua primeira fase. Isso porque a China de-seja a remoção de todas as tarifas impostas a seus produtos durante a crise.

UpgradeA Agência Nacional de

Telecomunicações (Ana-tel) reformulou a ferramen-ta pela qual recebe quei-xas contra as operadoras que prestam serviços de telefonia móvel, internet e de TVs por assinatura seja pelo site ou pelo atendi-mento telefônico.

Investimento altoO presidente do con-

selho de administração do Grupo América Móvil, Car-los Slim, se reuniu com o presidente Jair Bolsonaro e anunciou investimentos de R$ 30 bilhões no país ao longo dos próximos três anos. A multinacional con-trola a Claro, NET e Nextel.

sentar na data da publicação da reforma e cumprir a idade mí-nima: de 57 anos (mulheres) e 60 (homens).

O trabalhador que sempre contribuiu sobre um salário mí-nimo (hoje, R$ 998) terá o be-nefício sem redutor na média salarial, seja pelas novas ou pe-

las antigas regras. Isso porque a Constituição garante que nenhu-ma aposentadoria seja menor que o piso nacional.

A votação da PEC Paralela no Senado, que busca ampliar as mudanças da reforma da Previ-dência, deve ser retomada nesta semana. Entre as emendas ana-

lisadas está a do tempo mínimo de contribuição dos homens que entrarão no mercado de traba-lho. A carência deverá cair de 20 anos para 15 anos. Depois do primeiro turno ser concluído, o texto irá ao plenário em votação em segundo turno antes de se-guir para a Câmara.

Com a corda no pescoçoPor Vitor Abdala (Agência Brasil)

Cerca de 3,2 milhões de pessoas estão à procura de em-prego há dois anos ou mais no Brasil. Segundo dados da Pes-quisa Nacional por Amostra de Domicílios – Contínua (Pnad Contínua), produzida pelo Ins-tituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), isso repre-senta 25,2% dos 12,5 milhões de desocupados do país.

Ainda segundo o IBGE, cer-ca de 1,8 milhão, ou 7,1% dos desocupados, estavam há menos de um mês procurando emprego. A taxa de desemprego no país no terceiro trimestre deste ano, di-vulgada no fim de outubro, ficou em 11,8%, abaixo dos 12% regis-trados no segundo trimestre.

A Pnad-Contínua traz ainda dados sobre taxa de desempre-go dos estados. O estado de São Paulo foi o único a apresentar queda na taxa de desemprego do segundo para o terceiro trimes-tre deste ano. A taxa recuou de 12,8% para 12% no período em São Paulo.

De acordo com a pesquisado-ra da IBGE, Adriana Beringuy, a queda ocorreu devido à redução do número de desempregados e

Agência Brasil

Apenas São Paulo registrou queda nas taxas de desemprego no trimestre

IBGE revela que mais de 3 milhões de pessoas buscam emprego há 2 anos

não em função do aumento da ocupação.

Já Rondônia foi o único es-tado com alta na taxa de desem-prego, ao passar de 6,7% para 8,2%. As outras 25 unidades da federação tiveram estabilidade na taxa, de acordo com os dados do IBGE.

As maiores taxas foram ob-servadas nos estados da Bahia (16,8%), Amapá (16,7%) e Per-nambuco (15,8%).

Já os menores níveis foram registrados em Santa Catarina (5,8%), Mato Grosso do Sul (7,5%) e Mato Grosso (8%).

Na comparação com o ter-ceiro trimestre do ano passado,

houve altas em Goiás (8,9% para 10,8%) e Mato Grosso (de 6,7% para 8%). Três estados tiveram queda neste tipo de comparação: São Paulo (13,1% para 12%), Alagoas (de 17,1% para 15,4%) e Sergipe (17,5% para 14,7%).

A taxa composta de subu-tilização da força de trabalho (percentual de pessoas deso-cupadas ou subocupadas por insuficiência de horas trabalha-das) foi de 24% no país. Mara-nhão (41,6%) e Piauí (41,1%) apresentam estimativas acima de 40%.

Por outro lado, as meno-res taxas foram observadas em Santa Catarina (10,6%), Mato

Grosso (14,7%), Rio Grande do Sul (16,3%) e Mato Grosso do Sul (16,3%).

DESALENTADOSO número de desalenta-

dos (pessoas que desistiram de procurar emprego) foi de 4,7 milhões de pessoas no terceiro trimestre. Os maiores contingen-tes estavam na Bahia (781 mil) e no Maranhão (592 mil), Já os menores, em Roraima (17 mil) e Amapá (19 mil).

O percentual de pessoas de-salentadas foi de 4,2%. Os maio-res percentuais estavam no Mara-nhão (18,3%) e Alagoas (16,5%) e os menores em Santa Catari-na (1,1%), Rio Grande do Sul (1,3%) e Distrito Federal (1,3%).

Santa Catarina tinha o maior percentual de empregados com carteira assinada (87,7%). Já o menor percentual estava no Ma-ranhão (49,9%).

As unidades da federação com maior percentual de traba-lhadores sem carteira assinada no setor privado foram Maranhão (50,1%), Pará (49,9%) e Piauí (49,9%). As menores taxas, no Rio Grande do Sul (18,1%) e Santa Catarina (12,3%).

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INTERNACIONAL

CORREIO NO MUNDOGUSTAVO BARRETO

Trump minimiza importância de testemunhos contra ele

União indígena

Curtas

O processo de impe-achment aberto contra o presidente Donald Trump pelo Partido Democra-ta avança no congresso e mais figuras chaves do corpo diplomático do go-verno vêm sendo convo-cadas a depor.

O presidente mantém a estratégia de se manter seguro diante das acusa-

n Um ataque de drone americano matou um importante oficial da Al-Shabaab no sudeste da Somália. Segundo o exército dos EUA o alvo não só estava envolvi-do com a Al-Shabaab como também tinha li-gações diretas com a Al-Qaeda.

n O congresso dos Estados Unidos expres-saram preocupação re-ferente a possibilidade do governo ser parali-

A última reunião de Au-toridades sobre Povos In-dígenas do Mercosul, for-mada por representantes de órgãos indígenas dos países membros do blo-co definiu que uma união de esforços para facilitar o acesso dos indígenas à documentação básica.

ções de subornar o novo governo ucraniano para investigar o principal nome da oposição, Joe Biden.

Trump insiste em des-qualificar os testemunhos que classifica como “ver-gonhosos”. Para ele, a in-vestigação não passa de um “tribunal canguru” (ter-mo reservado a tribunais que não seguem a lei).

sado por falta de verba. Para tanto foi aprovada uma resolução permi-tindo que agências fe-derais possam manter suas verbas, evitando uma paralisação geral.

n A poluição do ar em Sydney, a maior cidade da Austrália, com mais de cinco milhões de ha-bitantes, está hoje entre as 20 piores do mundo por conta da onda de in-cêndios ocorrida no les-te do país.

Tia Dufour/Casa Branca

Trump enfrenta o terceiro caso de impeachment na história dos EUA

RecuoFoi preciso que o nú-

mero de feridos chegasse a 200 para que a polícia chilena suspendesse o uso de balas de borracha para reprimir os protestos. Um estudo indica que os arte-fatos tem 20% de borra-cha e o restante de sílica, sulfato de bário e chumbo. 

Netanyahu irá a julgamentoO procurador-geral de

Israel, Avichai Mandelblit, confirmou que o primei-ro-ministro Benjamin Ne-tanyahu será indiciado por crimes de corrupção. Ne-tanyahu está sendo acu-sado de suborno, quebra de confiança e fraude.

A notícia surge no pior

momento possível para o premiê, uma vez que só em 2019 ele teve que en-frentar duas eleições para permanecer no cargo.

O próximo passo de Mandelblit será pedir ao Knesset (parlamento) a suspensão da imunidade legal do dirigente.

Totalmente contraO perdão presidencial

americano a dois solda-dos acusados de crimes de guerra, bem como a re-dução da pena de um ter-ceiro, foi alvo de críticas do Comitê de Direitos Hu-manos da ONU. A decisão vai contra os principios do grupo, segundo a ONU.

Assassinato A ex-diplomata e ativis-

ta somali Almaas Elwan, foi assassinada a tiros no subúrbio da capital Moga-dishu. Informações preli-minares da polícia indicam que Almaas estava grávi-da e, na ocasião, ela esta-va planejando viajar para Nairobi, no Quênia.

US$ 2 bilhõesEm entrevista, o diretor

do Serviço Federal de Co-operação Técnica Militar da Rússa, Dmitri Shugaev, informou que o país ex-portou equipamentos mi-litares avaliados em mais de US$ 2 bilhões para o Oriente Médio nos últimos cinco anos.

Aviso amigoA União Europeia lis-

tou a França entre os oito países com maior risco de quebrar as regras de gasto estabelecidas para membros do bloco. O go-verno francês já projetara um deficit no PIB de 3.1%, tornando-o país europeu perto do limite das regras.

Anti-salvinismoO movimento crítico

ao líder de extrema direi-ta italiana Matteo Salvini, as Sardinhas, anunciou que continuará a organizar protestos contra o políti-co. O último protesto, rea-lizado em Bologna, reuniu cerca de 14 mil pessoas.

Aviso amigo IIA Comissão Europeia

alertou Portugal sobre o esboço de orçamen-to para 2020. Segundo a entidade, existe o risco de não haver uma confor-midade com o chamado Pacto de Estabilidade e Crescimento.

‘Prender pessoas não traz segurança’, diz escritorMesmo sendo exemplo de ressocialização, Halim Flowers é um crítico feroz do sistema carcerário americano

Por Folhapress

WASHINGTON. Em 1997, quando tinha 16 anos, Halim Flowers foi condenado à prisão perpétua por partici-par de um assalto. Seu cúmplice matou uma pessoa na ação. Em 2019, com 39 anos, foi solto - depois de uma eternidade que durou mais de duas décadas. E milita, agora, pela abolição do sistema carcerário.

Colocar pessoas atrás das grades por toda a sua vida, afi-nal, é uma maneira “primitiva, desumana e indiferente” de tra-tar a criminalidade e a desigual-dade social.Em especial, no caso de quem foi preso quando nem era adulto.

Flowers teria permaneci-do na cadeia se o governo local não tivesse modificado a lei em 2016, permitindo a soltura de detentos condenados quando ainda eram menores de idade. As condições: ter cumprido ao menos 20 anos da pena e ter comprovado a sua reabilitação.

A transformação de Flowers era visível. Ele publicou 11 li-vros enquanto estava preso, in-cluindo a coletânea de poemas “Unchained” (desacorrentado)

mas destruí-lo. - Prender pessoas não traz

segurança. Estive preso por 22 anos, mas ainda há violência em Washington.

O Estado deveria, ele sugere, investir em programas sociais nos bairros periféricos para os jovens.

- Não sei o que deveríamos construir no lugar das prisões. Mas somos um povo inovador. Inventamos carros, smartpho-nes, redes sociais. Não acredito que não possamos criar uma al-ternativa.

IMPACTO NO MUNDONesse futuro ainda sem con-

tornos claros, enxerga um papel central para a educação. Cita um dos livros que leu na prisão, uma compilação de cartas do ativista George Jackson redigidas na ca-deia na década de 70.

- Percebi que, mesmo de dentro da cadeia, eu poderia causar impacto no mundo.

Em parceria com um amigo, também preso, começou a es-crever canções de rap. Migrou à literatura e, aos 19 anos, es-creveu seus primeiros poemas. Criou, em 2015, uma editora.

Flowers se deu conta do tamanho de sua metamorfose quando assistiu, recentemen-te, ao documentário da HBO “Thug Life in DC” em que narra sua participação no assalto que deixou uma pessoa morta.

- Percebi que, por falta de perspectivas, eu não enxergava meu próprio valor naquela épo-ca. Estava anestesiado quanto ao fato de que havia machucado outra pessoa e quanto à ideia de passar o resto da vida na cadeia.

Ele tem, agora, outra opinião.

e o guia de economia para afro--americanos “Niggernomics” (algo como “negreconomia”). Ele fundou em 2018 a produtora audiovisual Unchained Media Collective para que outros pre-sos contem suas histórias.

Também em 2018, Flowers começou a estudar. A Universi-dade Georgetown - em que uma disciplina pode custar R$ 24 mil por semestre - passou a oferecer naquele ano cursos a prisionei-ros, com palestras dentro das prisões. Flowers estudou filoso-

fia, literatura e política.Desde sua soltura, entrou

para o coletivo Halcyon Arts Lab, que oferece bolsas para pro-jetos artísticos com viés social.

A questão prisional é urgen-te nos EUA, o país com a maior população carcerária do mundo: 2,1 milhões de pessoas estavam presas em 2016 - um quinto do total de presos do planeta. Na-quele ano, em terceiro lugar, o Brasil tinha 726 mil presos.

Flowers não fala em reforma. Não quer consertar o sistema,

Reprodução Instagram

Percebi que, por falta de perspectivas, eu não enxergava o meu valor naquela época”

Halim Flowers, escritor

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ESPORTES

CORREIO ESPORTIVOPEDRO SOBREIRO

Mal-estar tira Galvão Bueno da final da Libertadores

Show no Maraca

Curtas

O principal narrador esportivo do Brasil ficou fora da final da Copa Li-bertadores da América, entre River Plate e Fla-mengo em Lima, no Peru. Galvão teve um mal-estar na manhã da última quin-ta-feira (21), poucas horas depois de sua chegada ao à capital peruana, e foi levado para exames na clínica Anglo-Americana,

n O ex-presidente da Uefa, Michel Plati-ni fez duras críticas ao VAR. Em entrevista à TV italiana RAI, o ex-jo-gador comentou que o VAR não funciona por-que transfere a culpa dos erros para tercei-ros e classificou o ser-viço como uma “bela merd#”

n Já dado pela impren-sa como treinador do In-ternacional em 2020, o

Os torcedores que não conseguirem ir para Lima poderão assistir a Final da Libertadores no Mara-canã. O Fun Fest contará com dez telões e shows de Mc Poze, Ludmilla, Bu-checha e DJ Marlboro. Os ingressos estão à venda no site do Flamengo.

localizada no bairro de Mi-raflores.

Os médicos decidiram fazer um cateterismo para desobstruir uma artéria coronariana.

Com a ausência de Galvão, a TV Globo es-calou Luis Roberto para narrar o jogo. A notícia despertou grande onda de solidariedade nas re-des sociais.

técnico Eduardo Coudet voltou a ser assunto. O presidente Victor Blan-co, do Racing, seu atual clube, falou que não ga-rante a permanência do treinador em 2020.

n Diego Maradona não é mais técnico do Gimnasia. A renúncia foi por motivação polí-tica e “Diós” já recebeu propostas do Godoy Cruz e do Argentino Ju-niors.

Divulgação/TV Globo

Galvão passou por uma cirurgia para desobstruir uma artéria

PreocupaçãoO técnico Alberto Va-

lentim não tem consegui-do fazer um bom trabalho à frente do Botafogo. Seu aproveitamento é de ape-nas 25% com o Alvinegro. Ele conseguiu somente duas vitórias e segue na briga contra a zona de re-baixamento do Brasileiro.

Bittencourt cobrado pela torcidaO grupo de torcedores

do Fluminense “Sou Trico-lor” entregou uma carta à diretoria do clube cobran-do promessas feitas na campanha do presidente Mário Bittencourt, como a chegada de novos pa-trocinadores e, principal-mente, a abertura de uma

auditoria externa para a torcida ter uma real noção da situação financeira do clube e os números dei-xados pela gestão atual e das diretorias passadas. Outro pedido é adoção de um modelo de gestão pro-fissional do departamento de futebol.

Adiós, VerdónO atacante colombia-

no Miguel Borja quer sair do Palmeiras. Envolvido em polêmica com o técni-co Mano Menezes, Borja não vive boa fase no Ver-dão, mas tem contrato até 2021. Seu sonho é jogar no Junior Barranquilla, seu clube de infância.

Autori não fica!Principal aposta para a permanência de Jorge Sampaoli no Santos para a próxima temporada, Paulo Autuori anunciou que não vai seguir no clube. Em sua passagem pelo Santos, o dirigente criticou a diretoria por sua falta de planejamento.

Tricolor de MadriEm entrevista à rádio

“Onda Madrid”, o lateral direito Juanfran comparou o São Paulo ao Atlético de Madri. Ele falou que assim como o “Atleti”, seu clube atual “tem estabilidade e o melhor estádio de todos”. Ele ressaltou sua vontade de ser campeão.

Rumo ao interiorPromovido aos pro-

fissionais do Corinthians este ano, o zagueiro João Victor vai jogar o Paulis-tão 2020 pelo Jundiaí. Ele é considerado uma pro-messa do clube e vai usar essa transferência para ganhar rodagem. Tiago Nunes aprovou a medida.

Mala branca?Após o empate que sa-

cramentou o rebaixamen-to do Avaí para a Série B, o jogador do Cruzeiro, Thiago Neves, disse sus-peitar que os atletas do time catarinense tenham recebido dinheiro de outra equipe para tirarem pon-tos da Raposa.

Perto da voltaO goleiro Victor, do

Atlético-MG, está recupe-rado de uma tendinite que o afastou dos campos por quatro meses. Ele ficou no banco de reservas contra o Fluminense e pode re-tomar a titularidade antes do final do Campeonato Brasileiro.

Uma longa série de vacilos da ConmebolRecheada de polêmicas, a gestão da entidade sul-americana prejudica seus próprios produtosPor Pedro Sobreiro

Após o vexame da final da Libertadores 2018, que foi dis-putada no estádio Santiago Ber-nabéu, na Espanha, por conta das cenas de bárbarie antes do clássico entre River Plate e Boca Juniors, a Conmebol decidiu rea-lizar suas finais da Libertadores e da Sul-Americana em jogos úni-cos a serem disputados em cam-pos neutros.

A decisão foi polêmica des-de seu anúncio. Inspirada nas competições europeias, a medi-da não levou em consideração a dificuldade de locomoção entre países no continente americano. Na Europa, a malha ferroviária é avançada e permite viagens in-ternacionais rápidas e baratas, enquanto aqui o acesso é prati-camente feito por viagens aéreas, que são muito caras, resultando no afastamento dos torcedores de classe econômica mais baixa.

Além disso, uma série de me-didas impopulares da entidade foram desgastando a paciência dos torcedores nos últimos anos.

As mudanças de sedes das

Por Pedro Sobreiro

O presidente do Vasco da Gama, Alexandre Campello foi às redes sociais para anunciar o fechamento de uma parceira com o governador Wilson Witzel. O objetivo é contar com a ajuda do Governo do Estado do Rio de Janeiro no projeto de ampliação do estádio de São Januário e de revitalização da região.

Localizado na Zona Norte do Rio, São Januário fica em meio a duas comunidades: a Barreira do Vasco e o Tuiuti, que sofrem com alguns problemas de mobilida-de urbana, iluminação e poucas opções de lazer e cultura para os moradores. Alexandre Campello comentou no vídeo sobre os ob-jetivos da reforma:

As meninas do basquete ba-teram a seleção da Argentina na terça-feira (17) por 77 X 55 e garantiram sua participação no torneio Pré-Olímpico que será disputado de 6 a 9 de fevereiro do ano que vem, em Tóquio.

A Seleção Brasileira Femi-nina de Basquete vem de um ano bastante proveitoso, mar-cado pela chegada de novas jogadoras ao elenco do técnico José Neto, que busca fazer uma verdadeira renovação no bas-quete brasileiro.

Em 2019, as meninas con-quistaram o bronze na Copa

Este foi um ano de inúmeros avanços para o futebol femini-no. Além da maior audiência da história das Copas do Mundo da modalidade, o esporte bateu um novo recorde de público no Brasil: a final do Paulistão entre Corinthians 4X0 São Paulo contou com a presença de 28.862 pessoas na Arena Co-rinthians.

Aliás, o Coringão viu seu investimento - começado em 2016 - dar retorno e transfor-mar o alvinegro paulista numa potência continental do futebol feminino.

- Esse é um projeto que tem como finalidade ampliar e mo-dernizar São Januário, mas que não trata apenas do estádio, tra-ta de todo o entorno. O Vasco é um clube que tem no seu DNA essa coisa social e nós queremos trazer benefícios para todas as comunidades do entorno de São

América e a medalha de ouro nos Jogos Pan-Americanos de Lima, batendo a Seleção dos Estados Unidos em um jogão eletrizante, daqueles que ficam marcados na história do esporte mundial.

O Pré-Olímpico vai reunir 16 seleções - sendo duas delas o Japão e os Estados Unidos, que já têm vaga garantida nas Olimpíadas por serem país sede e campeã mundial, respectiva-mente - por dez vagas nas Olim-píadas de Tóquio. Ou seja, são 14 seleções para dez vagas. O torneio vai pegar fogo.

Além do Paulistão, as meni-nas do Corinthians conquista-ram a segunda Libertadores da história e foram vice-campeãs brasileiras.

É um desempenho impres-sionante de uma equipe que está invicta há 45 jogos, recorde mundial reconhecido pela Fifa, provando que lugar de mulher é nos gramados, mostrando um futebol mágico.

O Corinthians entra para a história como um caso de su-cesso que mostra que o esporte merece demais a atenção e o in-vestimento dos clubes.

Januário - afirmou o mandatário.Apresentado em outubro

deste ano, o projeto de reforma de São Januário prevê o aumento da capacidade para 43 mil luga-res, a criação de um ginásio, três quadras poliesportivas, a revita-lização do parque aquático e da Capela de Nossa Senhora das Vi-

tórias. Fora a construção de um museu e de uma esplanada que serviria como lazer para os mora-dores da comunidade.

O acesso ao estádio, dura-mente criticado por parte da torcida, também está incluso no projeto, que tentaria viabilizar um maior número de linhas de ônibus e, ainda que mais difícil, a chegada de uma linha de trem ou metrô à região.

Se tudo correr conforme o planejado, a reforma será feita em até dois anos e custará cerca de R$ 250 milhões, vindos de um fundo de investimento.

O valor terá que ser pago em 20 anos e contaria com parte das receitas de bilheteria, sócios, ven-da de cadeiras cativas, camarotes e naming rights dos setores.

Lima não serve para ser palco da final da Sul-Americana, por que então foi escolhida para sediar a finalíssima da Libertadores, que é o principal produto da Con-mebol?

Fora isso, o favorecimento a clubes argentinos está cada vez mais nítido. A última edição fi-cou marcada por lances decisivos a favor dos hermanos. A polê-mica desse ano envolve o Corin-thians. O clube paulista levou uma multa pesada por usar fogos de artifício no jogo contra o Ind. Del Valle. Pouco tempo depois, no jogo contra o River, o Boca Juniors utilizou fogos de artifí-cio e foi parabenizado pela enti-dade no Twitter. Essas faltas de critério e organização mancham a imagem dos torneios e tiram a credibilidade da própria Conme-bol. Até quando será assim?

finais apontaram muita desorga-nização da Conmebol. Ainda no começo do ano, a final da Copa Sul-Americana estava marcada para Lima, no Peru, mas depois de uma reunião do Conselho da Conmebol, eles chegaram a con-clusão de que haveria uma mu-dança para o histórico estádio pa-raguaio Defensores Del Chaco. Essa mudança foi justificada por questões organizacionais para facilitar as questões logísticas e conseguirem fazer uma final sem maiores preocupações.

O problema é que a final úni-ca da Libertadores, marcada para

o Estádio Nacional, no Chile, fi-cou em xeque graças aos protestos violentos na região. Em vez de as-sumir logo que não daria para ga-rantir a segurança dos torcedores e remarcar a final para outro país, a entidade prolongou a decisão o máximo que pôde para resol-ver mudar a sede na última hora. Essa decisão causou muita dor de cabeça a milhares de torcedores que já tinham seus hotéis reserva-dos e passagens aéreas compradas e tiveram que se desdobrar para conseguir transferências.

Além disso, a final foi remar-cada para Lima, no Peru. Peraí, se

Reprodução/Internet

A #VerguenzaConmebol começou a ser usada por santistas após serem desclassificados da Libertadores 2018

Se Lima não serve para sediar a final da Sul-Americana, por que serviria para a

finalíssima da Copa Libertadores?

Tradição e modernidadeGoverno estadual entra em campo no apoio à reforma de São Januário

A esperança brasileira no Pré-Olímpico de basquete

O ano dourado do futebol feminino do Corinthians

Reprodução

O ‘Novo São Januário’ terá capacidade para 43 mil torcedores

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VEÍCULOS

Prepare seu coração. E o bolsoToyota bate o martelo: nova Hilux chega em fevereiro para concorrer na faixa dos R$ 200 milPor Fernando Pedroso (Folhapress)

A Toyota anunciou nesta semana que a Hilux GR-Sport Gazoo Racing chega em feve-reiro do ano que vem. Será uma versão esportiva com o objeti-vo de enfrentar a Volkswagen Amarok V6 (R$ 195.990 a R$ 205.990).

A diferença é que a rival da Volks é movida a diesel e o 4.0 V6 de 234 cv da Hilux bebe so-mente gasolina.

Isso significa que a pica-pe da marca japonesa terá um consumo bem maior. Apesar de mais potente (a Amarok tem 225 cv), o motor a gasolina perde feio no torque, com 38,3 kgfm a 3.800 rpm contra 56,1 kgfm a 1.500 rpm.

Por outro lado, pode se es-perar um funcionamento mais suave e silencioso na Hilux do que em qualquer motor a diesel.

Os preços ainda não foram definidos, o que só deve aconte-cer no ano que vem, mas os fãs da Hilux podem ter que olhar de novo para a rival da Volkswa-gen. Hoje, a Hilux GR Sport à venda usa um motor de quatro cilindros 2.8 a diesel de 177 cv e 45,9 kgfm de torque.

Essa opção custa R$ 214.990, ou seja, R$ 9 mil a mais do que a rival mais cara. A versão com motor V6 deve ser mais barata do que isso, salvo grande surpre-sa, mas não a ponto de disputar com a Volkswagen.

Para compensar o valor, a Hilux terá itens de série como botão de partida, central mul-timídia, sete airbags, faróis de LED, controles de estabilidade, assistente de subida e controle de balanceamento de reboque (capaz de usar o controle de estabilidade para segurar qual-

Divulgação

A Toyota Hilux GR-Sports Gazoo Racing em dois momentos: tentação que chega em fevereiro vai concorrer com a VW Amarok V6, chegando ao mercado na faixa dos R$ 200 mil

Volvo XC40 T5 deve chegar às lojas no primeiro trimestre de 2020

quer desvio do que está sendo puxado).

Ficam de fora recursos de direção semiautônoma. A Ford Ranger tem até controle de cru-zeiro adaptativo e a Chevrolet S10 é capaz de frear automatica-mente em emergências.

O visual também é capricha-do. A versão tem adesivos nas cores da Gazoo Racing, divisão esportiva da marca, grade com o nome da montadora ao invés do logotipo e frisos vermelhos no interior. As rodas de 17” são ex-clusivas, e a suspensão é prepa-rada para o uso fora de estrada e em altas velocidades em estradas de cascalho.

Por Folhapress

A montadora sueca Volvo está investindo R$ 5 milhões na instalação de 500 postos de recarga para carros híbridos e 100% elétricos no Brasil. Para atingir o objetivo, a empresa tem estabelecido parcerias com redes de shoppings e estacionamentos.

Segundo Luis Rezende, res-ponsável pelas operações da Volvo Cars na América Latina, a fabricante fornece o carregador e sua instalação. O custo da ener-gia é bancado pelo local.

A iniciativa é parte do plano de eletrificação da montadora, que prepara o lançamento de no-vos carros aptos a rodar com ele-tricidade ou gasolina. O próximo a chegar às lojas será o XC40 T5 Hybrid, com estreia prevista para o primeiro trimestre de 2020. A versão 100% elétrica desse mo-

delo será lançada no mercado nacional em 2021.

Além da Volvo, BMW, Nis-san e Volkswagen trabalham na expansão da rede de recarga no Brasil, também por meio de par-cerias.

- Já existe um ponto de re-carga a cada dez quilômetros em São Paulo. Se o motorista se programar bem, consegue rodar na cidade usando apenas eletrici-dade - diz Rezende, da Volvo.

O interesse das empresas é alimentado pela expectativa de crescimento da comercialização. De acordo com a Volvo, 6.015 carros híbridos e elétricos de di-ferentes marcas foram vendidos no Brasil entre janeiro e outu-bro de 2019. Desses, 884 são da montadora de origem sueca.

O número representa 22% das vendas da Volvo no Brasil em 2019.

Volvo investe em pontos de recarga

Divulgação

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SAÚDE

TECNOLOGIA

Doenças do coração matam mil por dia

O que é e como tratar a espondilite anquilosante

A bateria do celular está acabando rápido?

Sarampo na segunda fase no RJ

Pesquisa da Sociedade de Cardiologia mostra que 35% das vítimas no país são idosos

Por Folhapress

Doença crônica pouco conhe-cida pelo grande público, a espon-dilite anquilosante é caracterizada justamente por inflamações na co-luna, em articulações e nos dedos dos pés e das mãos. A dor lombar é o sintoma mais comum. O in-cômodo piora à noite, durante o repouso, e é comum que a pessoa acorde com rigidez no corpo.

- A maioria das dores piora com esforço, mas a da espondilite não. Isso é sinal de inflamação - diz Marcelo Pinheiro, coordenador da comissão de espondiloartrite da Sociedade Brasileira de Reumato-logia (SBR).

Ainda não se sabe a causa exata da doença, mas há fatores hereditá-

Vanessa Carvalho/Brazil Photo Press/Folhapress

Sistema no iPhone está do IOS 13 em diante e é padronizado

Por Marcelo Mora (Folhapress)

Doenças cardiovasculares são a principal causa de morte no mundo, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS). No Brasil, não é diferente. Para se ter uma ideia, mil pessoas mor-rem por dia no país por esse tipo de doença. Por ano, são cerca de 400 mil mortes. Do total, cerca de 35% das vítimas de doenças cardiovasculares são de idosos, de acordo com estudo recente da Sociedade Brasileira de Cardio-logia (SBC).

- É o maior desafio de saúde pública do Brasil. Pelos custos, pela alta taxa de mortalidade e pelas doenças que causam isso, como a hipertensão, a diabetes, o excesso de peso, colesterol alto etc - alerta o médico José Fran-cisco Kerr Saraiva, presidente da Sociedade de Cardiologia do Es-tado de São Paulo.

O problema tem se agravado com o envelhecimento da popu-lação, segundo o especialista. De uma população estimada de 20 milhões de idosos - pessoas aci-

ma dos 60 anos -, cerca de oito milhões sofrem de hipertensão. Acima dos 80 anos, por exemplo, a cada dois idosos, ao menos um é hipertenso.

A morte pelas doenças car-diovasculares é consequência de fatores de riscos considerados clássicos: hipertensão, diabetes, tabagismo, colesterol alto em decorrência da má alimentação, do excesso de peso e do seden-tarismo.

- Dados da OMS dizem que, se você não fumar, se fizer exercícios regularmente, tiver uma dieta adequada, manti-

A prevenção já a partir da infân-cia e da adolescência é fundamental para a redução das doenças cardio-vasculares no Brasil.

- A prevenção começa na escola, ensinando as crianças a comerem bem, por exemplo. Uma criança obesa vai ser obesa, hipertensa e dia-bética na vida adulta - disse o médi-co José Francisco Kerr Saraiva.

Cuidados simples, como uma boa higiene bucal, também con-tribuem para evitar doenças do coração.

- A saúde dental e, principal-mente, a gengival em ordem evita o acúmulo de resíduos de alimentos que possam causar lesões dentárias e serem foco de infecção e inflamação. Essas doenças infecciosas e inflama-

tórias aceleram as doenças cardio-vasculares. Pouca gente aborda esse assunto - afirma o cardiologista Ri-cardo Pavanello.

Por não ter acesso às informa-ções, as classes sociais mais baixas são as mais vulneráveis.

- O pobre fuma mais, é mais obeso e também mais sedentário - diz Saraiva. (MM)

Prevenção deve começar na infância

ver um peso adequado, ingerir bebidas alcoólicas moderada-mente e se tratar de doenças como a hipertensão, a diabetes e o colesterol alto, você reduz em 85% a chance de vir a mor-rer de doença cardiovascular - diz Saraiva.

No caso dos idosos, a aten-ção por parte da saúde pública deveria ser redobrada.

- O envelhecimento faz com que haja um aumento substan-cial do percentual de pacientes com uma arritmia chamada fi-brilação atrial. O ritmo cardí-aco normal é marcado por um marca passo natural; cada um nasce com seu marca passo pró-prio, que ao longo do tempo sofre um desgaste. Esse desgas-te leva a essa arritmia, chamada fibrilação atrial, que tem uma característica muito perigosa para o idoso, por formar coágu-los dentro do átrio [cavidade do coração que recebe o sangue ve-noso] e esses coágulos vão para a cabeça, causando o AVC e o derrame - explica o cardiologis-ta Ricardo Pavanello.

Não fumar, beber de forma moderada e fazer exercícios reduz o risco de doenças cardiovascular” José Kerr Saraiva

rios envolvidos. Entre 70% e 80% das pessoas com espondilite têm o gene HLA-B27, segundo Pinhei-ro. Somente o gene, porém, não explica a doença, que também tem relação com fatores ambientais.

Existem diferentes graus da doença, que pode ser leve, com momentos em que não há infla-mações e a vida da pessoa não é muito afetada, e mais grave. Nesse caso, a doença pode levar a deformidades e incapacitação — conforme as inflamações avançam, as articulações se cal-cificam.

Pinheiro diz que, até recente-mente o diagnóstico podia levar a aposentadorias precoces. Hoje, mesmo ainda incurável, é possível controlar as dores e evitar que a do-

ença evolua. Por isso, é importante o diagnóstico precoce.

O exercício físico para forta-lecimento muscular é o pilar cen-tral do tratamento, que também conta com anti-inflamatórios, diz Pinheiro.

A SBR tem um aplicativo gra-tuito chamado “Repare” que ofe-rece exercícios de alongamento e fisioterapia, agenda para registro de consultas, informações sobre medicamentos, intensidade de sintomas e respostas a perguntas frequentes.

Recentemente, o cantor Zé Feli-pe, 21, filho do cantor sertanejo Leo-nardo, publicou nas redes sociais um vídeo anunciando que também sofre da doença, reclamando de dores nas costas, nos pés e no joelho.

O início da segunda fase da Campanha Nacional de Vacina-ção, iniciado na segunda-feira, marca o próximo passo do proje-to de prevenção contra o saram-po em todo o território nacio-nal. O público alvo da segunda fase será jovens e adultos entre 20 a 29 anos. De acordo com o Ministério da Saúde, mais de 9 milhões de pessoas nesta faixa etária não foram vacinadas ou possuem vacinação pendente.

No Rio, estima-se que haja 1.173.708 pessoas não vacina-das. Desse total, foram confir-mados 149 casos na faixa etária visada pela segunda fase, com destaque em Duque de Caxias (46 casos), Paraty (12 casos), São João de Meriti (10 casos) e Rio de Janeiro (53 casos).

De acordo com a Prefeitura, a vacina está disponível em todas as Unidades de Atenção primá-ria da rede municipal.

Por Rodrigo Trindade (Tilt/UOL/Folhapress)

Aos poucos, aplicativos e até sistemas operacionais de celulares têm introduzido o modo escuro, um novo design para a apresenta-ção de seus conteúdos na tela do dispositivo. Esta foi, talvez, a maior novidade do iOS 13, lançado pela Apple em setembro. O Google já estava nessa com o Android 9 Pie

Ligar o modo escuro ajuda a manter a energia do aparelho

e aprimorou a função no Android 10, disponível em poucos celulares.

O benefício imediato da ati-vação desse recurso é poupar seus olhos de luminosidade, especial-mente se o seu celular tem uma tela Oled, pois essa tecnologia de display não tem o chamado “ba-cklight”, a iluminação constante de todo painel. Com um preto real-mente preto, a imagem não fica só

com uma qualidade melhor, mas é mais confortável para o olhar. Smartphones com tela Oled e modo escuro têm outra vantagem: otimizar sua bateria.

COMO LIGAR?Comecemos pelo iPhone, que

é padronizado. Em primeiro lugar, é preciso baixar o iOS 13, disponí-vel a partir de iPhone 6S e iPhone SE. É só abrir Ajustes, seguir para Tela e Brilho e, em Aparência, esco-lher Escura.

No Android, varia bastante de celular para celular, inclusive os que

possuem o recurso. O caminho, no entanto, é parecido em todos os casos. O padrão é abrir Configura-ções e, na sequência, clicar em Tela. Neste menu que as variações cos-tumam surgir. Em geral, você deve clicar em Avançado e selecionar a opção Tema do dispositivo, para dali escolher o modo escuro.

Se seu celular é Samsung, o jei-to é abrir as Configurações e clicar na opção Visor. Uma vez nele, você pode ligar ou desligar o Modo No-turno, que também pode ser acio-nado direto da central de controle do aparelho.

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TURISMO

Visitantes enfrentam aridez e altas temperaturas para conhecer as dunas do Vale da MortePor Leonardo Neiva (Folhapress)

De qualquer lado que você vier, as montanhas de pedra mar-rom, no horizonte de uma estra-da sem fim, são o primeiro sinal de proximidade do Vale da Mor-te, nos Estados Unidos.

Uma vez dentro dele, os vi-sitantes podem se deparar com dunas e morros de cores variadas, formações de lava vulcânica e um deserto de sal com mais de 500 km² de extensão.

Mas, para ver tudo isso, não basta percorrer as dezenas de qui-lômetros que separam cada uma das atrações do parque. É preciso enfrentar uma aridez sufocante e temperaturas extremas, que no verão chegam perto dos 50ºC.

Localizado na parte leste da Califórnia e ao norte do deserto de Mojave, o parque Death Val-ley, que tem 7.800 km² de exten-são, mantém até hoje o recorde de maior temperatura da Terra, de 56,7ºC, registrado em 1913.

Apesar do calor excessivo, o número de turistas vem crescen-do e alcançou seu ápice em 2018, com 1,68 milhão de visitantes. Pode-se imaginar que a maioria dessas visitas ocorre no inverno, quando as máximas giram em torno de 20ºC. Mas não é o que acontece.

No ano passado, o principal fluxo de turistas foi em agosto, mês em que os termômetros pas-sam com frequência dos 40ºC. Segundo o Serviço Nacional de Parques dos EUA, muitos che-gam buscando justamente as altas temperaturas, para provar que estiveram de fato no lugar mais quente da Terra.

O repórter visitou o Vale da Morte entre o fim de agosto e o início de setembro, quando o termômetro marcava acima dos 48ºC. Dias antes, duas pessoas haviam morrido. Uma delas em um acidente de carro e outra com suspeita de enfermidade causada pelo calor, causas comuns de fa-talidades no parque.

Para evitar esses casos, a ad-ministração recomenda que, no verão, turistas não façam cami-nhadas longas após o relógio marcar 10h, bebam quatro litros de água por dia e saiam do sol caso sintam tontura ou enjoo. Para os motoristas, a recomen-

Fotos de VisualCallifornia.com

P O S S O V I A J A R

O lugar mais quente da Terra

Os mais arrojados

podem montar acampamento

dentro do parque em

locais pagos ou gratuitos e observar, em

primeira mão, o céu estrelado e o nascer do sol no

deserto.

A viagem mais comum até o parque, devido à proximidade (são 177 km), ocor-re a partir de Las Vegas. O repórter, porém, partiu de Los Angeles, percorrendo de car-ro 328 km em três horas e meia.

Dentre as rodovias visitadas, a mais bo-nita para se entrar no parque é a NV-374, passando pela cidade de Beatty, a nordeste. O viajante percorre uma reta de 14,6 km rodeada de areia, tufos de vegetação rastei-ra e montanhas pedregosas, com os montes que marcam o início do Vale da Morte ao fundo. No meio do caminho, pode visitar a cidade fantasma de Rhyolite, construída em 1905 para os mineradores.

Lá dentro, a vontade dos turistas de caminhar sobre a crosta de sal é compreen-sível. Basta dar alguns passos para alcançar um estado de um silêncio quase completo, interrompido pelo ruído ocasional dos car-ros e por conversas esparsas dos visitantes.

É comum ouvir frases em francês, ale-mão, italiano, espanhol e japonês, deno-tando o interesse internacional na região. Já o português, tão escutado em outros lu-gares, passou em branco.

Badwater fica na região que mais con-centra atrações. Além dela e do Dante’s View, há Zabriskie Point, formação rocho-sa de coloração dourada, que foi cenário do filme homônimo do cineasta Michelange-lo Antonioni.

A alguns quilômetros se encontra a Via dos Artistas, trajeto em que se contempla uma variedade de cores na superfície das montanhas, do rosa ao verde fosforescente.

Ao longo do passeio, alguns turistas loucos por selfies podem se frustrar. No calor, celulares correm risco de sobrea-quecimento, travam e enviam avisos de desligamento. Além disso, a internet não funciona no parque, tornando impossível

o acesso às redes sociais. É melhor deixar o aparelho na sombra do automóvel.

Muitas atrações só podem ser alcança-das de carro. Para quem pretende perma-necer nas vias principais, não há problema em usar automóveis compactos. Mas, se a intenção for se embrenhar por estradas de terra e cascalho, a dica é buscar veículos de tração nas quatro rodas.

Há uma taxa para entrar no parque, vá-lida por uma semana, mas é raro ver veícu-los com o selo que comprova o pagamento. Não há guichês nem muitos locais dentro do vale em que o valor pode ser pago.

O parque conta com ótimas estradas e boa infraestrutura, mas há um problema: os banheiros. As privadas, impraticáveis no verão, são meros buracos no chão dentro de cabines de madeira e se tornam depó-sitos de dejetos cujo mau cheiro pode ser sentido de longe.

dação é para permanecer nas vias asfaltadas e prestar atenção nas estradas.

Se o calor é considerado uma atração a mais do Vale da Morte, são as paisagens - muitas delas eternizadas pelo cinema - que fa-zem a viagem valer a pena.

Entre os pontos mais procra-dos estão as dunas de Mesquite Flat, na região central do parque, cenário pelo qual circulou o ro-bozinho R2D2 em uma cena de “Star Wars episódio IV: Uma nova esperança”.

Ali, as pessoas abandonam por alguns minutos o conforto do carro e do ar-condicionado para dar passos na areia sob um sol escaldante. A maioria não se arrisca muito. Anda algumas dezenas de metros, aproveita a vista, tira suas fotos e volta já ofe-gante ao estacionamento.

As paisagens ficam mais bo-nitas no interior do parque. No entanto, quem vai muito longe em meio às dunas corre o risco de passar por maus bocados na vol-ta, quando o corpo, abatido pela caminhada no calor, luta para andar sobre a areia quente. Nes-se caso, chegar ao carro equivale a encontrar um oásis no deserto.

Algumas das vistas mais be-las de todo o parque ficam a 76 km das dunas, no topo da Vista de Dante, de onde se enxerga um panorama da parte sul da bacia do Vale da Morte.

De cima, o vale é uma mis-tura do marrom terroso do solo com o branco dos sedimentos ali depositados no decorrer de mi-lhões de anos, escurecidos em al-guns pontos por nuvens do céu.

Da montanha, se vê parte da bacia de Badwater, o ponto mais baixo dos Estados Unidos - 86 metros sob o nível do mar. No local, uma crosta de sal cobre boa parte do solo branco, que fica meio sujo com as pegadas dos turistas. Algumas raras poças se formam no chão, mas, como o nome indica, a água é imprópria para o consumo.

Foi também nesta área que o repórter registrou a temperatura mais alta da viagem: 48,3ºC, por volta das 16h.

Uma curiosidade é que no período noturno a cidade fica cheia de coelhos, que circulam por praças e matagais.

As rodovias para entrar no parque