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Rima
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Rima é uma homofonia externa, em um sentido antigo, na tradição literária de língua portuguesa, constante darepetição da última vogal tônica do verso e dos fonemas que eventualmente a seguem. No entanto, a rima podeser classificada segundo sua Posição no Verso, sua Posição na Estrofe, a sua Sonoridade, a Tonicidade e aindao seu Valor, podendo-se rimar, pouco usualmente, consoantes, e, na tradição de língua inglesa, sílabas átonas.Ou seja, o uso e o conceito usual de rima pode variar de uma língua para outra. Existem ainda outraspossibilidades de rima usadas ao longo da história, mas somente estudadas a partir do século XX.
Índice
1 Classificação usual das rimas na tradição da Língua Portuguesa1.1 Posição no verso
1.2 Posição na estrofe1.3 Tonicidade
1.4 Sonoridade
1.5 Valores2 Conceito atual e amplo de rima
3 Referência e bibliografia
4 Ver também
5 Ligações externas
Classificação usual das rimas na tradição da Língua Portuguesa
Posição no verso
Externa - Quando a rima aparece ao final do verso. É o tipo mais comum de rima.
Interna - Quando a semelhança fonética aparece no interior do verso.
Lembranças, que lembrais meu bem passadoPara que sinta mais o mal presenteDeixai-me se quereis viver contenteNão me deixeis morrer neste estado — Lembranças, que lembrais meu bem passado,
Thiago Augusto Cardoso da Silva
Posição na estrofe
Cruzada ou alternada: O primeiro verso rima com o terceiro, e o segundo com o quarto .
Minha desgraça, não, não é ser poeta,
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Nem na terra de amor não ter um eco,É meu anjo de Deus, o meu planetaTratar-me como trata-se um boneco — Minha Desgraça,
Álvares de Azevedo
Interpolada ou intercalada: Frequentemente usada em sonetos, o primeiro verso rima com o quarto, e
o segundo com o terceiro .
Eu, filho do carbono e do amoníaco,
Monstro de escuridão e rutilância,Sofro, desde a epigênese da infância,A influência má dos signos do zodíaco — Psicologia de um Vencido,
Augusto dos Anjos
Emparelhada: O primeiro verso rima com o segundo, e o terceiro com o quarto .
Aos que me dão lugar no bonde
e que conheço não sei de onde,aos que me dizem terno adeussem que lhes saiba os nomes seus — Obrigado,
Carlos Drummond de Andrade
Encadeada ou internas: Quando rimam palavras que estão no fim do verso e no interior do verso
seguinte:
Salve Bandeira do Brasil querida
Toda tecida de esperança e luzPálio sagrado sobre o qual palpitaA alma bendita do país da Cruz
— Francisco de Aquino Correia
Misturadas: Não tem ordem determinada entre as rimas.
A chuva chove mansamente em resende ... como um sono
Que tranquilize, pacifique, resserene...A chuva chove mansamente... Que abandono!A chuva é a música de um poema de Verlaine...E vem-me o sonho de uma véspera solene,Em certo paço, já sem data e já sem dono...Véspera triste como a noite, que envenene...Num velho paço, muito longe, em terra estranha,Com muita névoa pelos ombros da montanha...
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Paço de imensos corredores espectrais,Onde murmurem, velhos órgãos, árias mortas,Enquanto o vento, estrepitando pelas portas,Revira in-fólios, cancioneiros e missais
— A Chuva Chove,
Cecília Meireles
Versos brancos ou soltos: São os versos que não tem rima
A rosa com cirrose
A anti-rosa atômicaSem cor sem perfumeSem rosa sem nada — Rosa de Hiroshima,
Vinícius de Moraes
Tonicidade
Agudas ou masculinas: Quando a rima acontece entre palavras oxítonas ou monossilábicas.Exemplo: Valor/Amor, és/viés
Graves ou femininas: Quando a rima acontece entre palavras paroxítonas.Exemplo: Santa/planta, mala/sala, toque/choque.
Esdrúxulas: Quando a rima acontece entre palavras proparoxítonas.
Exemplo: Mágico/Trágico, Fábula/tábula.
Sonoridade
Perfeitas (consoantes, soantes, totais): Há uma perfeita identidade dos sons finais, assim como umasemelhança entre as últimas vogais e consoantes.
Exemplo: Fada/dourada, rosa/formosa, anil/Brasil.
Imperfeitas (assonantes, toantes, parciais): Quando, ou há identidade apenas entre as vogais finais, não
havendo necessariamente identidade entre os sons finais, ou quando a sonoridade é semelhante, mas a
grafia das palavras é diferente.Exemplo: Estrela/vela, vertigem/virgem, mais/faz, seis/fez, boca/foca, viu/funil.
Valores
'Pobres: Quando a rima acontece entre palavras da mesma classe gramatical.
Exemplo: Falar/amar, o calor/o sabor, bonito/bendito.
Ricas: Quando a rima acontece entre palavras de classes gramaticais diferentes.Exemplo: Cantando/bando, mar/navegar, vagos/lagos e quem/tem
Raras: Quando a rima acontece entre palavras de difícil combinação melódica.
Exemplo: Cisne/tisne.
Preciosas: Rimas entre verbos na forma verbo-pronome com outras palavras.
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Exemplo: Estrela/tê-la, Tranquilo/segui-lo, Amar/Aramar. rimas alternadas.
Conceito atual e amplo de rima
No século XX, a partir dos estudos dos formalistas russos, principalmente Roman Jakobson entre estes,surgiram novas definições e classificações para a rima na ciência Linguística. Além dos linguistas, muitos poetascomo Wladimir Maiakovski perceberam a inadequação de alguns antigos conceitos sobre a rima.
Um exemplo clássico é o poema épico inglês antigo Beowulf, que usa a aliteração como forma principal decoesão dos versos entre si. Neste sentido, a aliteração se transformaria em rima.
Um exemplo de versos aliterativos atuais são os seguintes, do poeta W. H. Auden:
“Now the news. Night raids on
Five cities. Fires started.Pressure applied by pincer movementIn threatening thrust. Third DivisionEnlarges beachhead. Lucky charmSaves sniper. Sabotage hintedIn steel-mill stoppage. . . . ”
Observe-se que os versos se dividem por uma pausa, rimando uma consoante ou grupo de consoantes no início(ou próximo dele) de cada uma destas duas divisões. Neste caso vemos uma rima que não é feita por vogais enão está no fim do verso, não é externa.
Também relevante é o exemplo inquestionável de Emily Dickinson, poeta americana considerada de difíciltradução, posto que ela rimava, muitas vezes, somente as consoantes, não as vogais, nos finais dos versos. Nãohá diferença de função com a rima tradicional.
No livro "Como fazer versos", traduzido por Boris Schnaiderman, Maiakovski escreveu: “Pode-se rimar oinício das linhas, pode-se rimar o fim da primeira linha com o princípio da seguinte. Pode-se rimar o fim daprimeira linha e o fim da segunda e, ao mesmo tempo, com a última palavra, da terceira e quarta linhas. Etc.etc., indefinidamente.”
Em vista destas discrepâncias entre a rima tal qual ela é utilizada pelos poetas ao redor do mundo ao longo dahistória e as suas definições tradicionais é que os linguistas e poetas atuais tem proposto novas classificações edefinições para a rima, sem chegar a um consenso.
Não há, no entanto, discordância quanto à função da rima. Mais uma vez, o poeta Maiakovski nos explica: “Arima faz voltar à linha precedente, força a pensar nela, obriga as linhas que formulam um pensamento a teremunidade.” Ou seja, é um mecanismo de coesão do texto poético.
Referência e bibliografia
COELHO, Nelly Novaes. Literatura e Linguagem: a obra literária e a expressão linguística,
introdução aos cursos de Letras e de Ciências Humanas, Rio de Janeiro, Livraria José Olympio,
1974
Jatobá, João Felipe Brandão Jatobá (9 de Janeiro de 2008). Elemento Literário Estrutural - Poesia -
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Rima (http://oficioliterario.wordpress.com/2008/01/09/elemento-literario-estrutural-poesia-rima/).Ofício Literário. Página visitada em 9 de Janeiro de 2008.
Ver também
MétricaEstrofe
Ritmo
Ligações externas
Dicionário de Rimas (http://rimas.mmacedo.net/) da Língua Portuguesa - BrasilPoeta Vadio (http://poetavadio.com/index.php/) Dicionário de Rimas da Língua Portuguesa
Rima e eco também podem ser chamadas de "Homeoteleuto", na literatura brasileira. MARTINS, Nilce Sant´Anna.Introdução à estilistica.São Paulo: T. A. Queiroz. 2000. p.26 - 66.
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