rima 2010 10 19 - semace.ce.gov.br · ibge instituto brasileiro de geografia e estatística ......

159
Relatório de Impacto Ambiental do Projeto Usina Termelétrica ENDESA Fortaleza II Caucaia - CE APRESENTAÇÃO A MRS Estudos Ambientais Ltda., contratada para a realização dos serviços apresenta à ENDESA Fortaleza o documento intitulado: RIMA – RELATÓRIO DE IMPACTO AMBIENTAL DO PROJETO USINA TERMELÉTRICA ENDESA FORTALEZA II Estruturado em conformidade com o Termo de Referência Nº 533/10-COPAM/NUCAM elaborado pela SEMACE e de acordo com o cronograma de trabalho proposto para a realização dos serviços. Novembro de 2010 Alexandre Nunes da Rosa MRS Estudos Ambientais Ltda.

Upload: buitram

Post on 07-Nov-2018

218 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: RIMA 2010 10 19 - semace.ce.gov.br · IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ... INCRA Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária ... PPT Programa Prioritário

Relatório de Impacto Ambiental do Projeto Usina Termelétrica ENDESA Fortaleza II

Caucaia - CE

APRESENTAÇÃO

A MRS Estudos Ambientais Ltda., contratada

para a realização dos serviços apresenta à

ENDESA Fortaleza

o documento intitulado:

RIMA – RELATÓRIO DE IMPACTO AMBIENTAL

DO PROJETO USINA TERMELÉTRICA

ENDESA FORTALEZA II

Estruturado em conformidade com o Termo de

Referência Nº 533/10-COPAM/NUCAM elaborado pela

SEMACE e de acordo com o cronograma de trabalho

proposto para a realização dos serviços.

Novembro de 2010

Alexandre Nunes da Rosa

MRS Estudos Ambientais Ltda.

Page 2: RIMA 2010 10 19 - semace.ce.gov.br · IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ... INCRA Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária ... PPT Programa Prioritário

Relatório de Impacto Ambiental do Projeto Usina Termelétrica ENDESA Fortaleza II

Caucaia - CE

i

LISTA DE SIGLAS, SÍMBOLOS E UNIDADES

% Porcentagem

Mícron (10 -6 m)

g/m3 Micrograma por metro cúbico

g/Nm3 Micrograma por normal metro cúbico

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas

ANEEL Agência Nacional de Energia Elétrica

ANP Agência Nacional de Petróleo

APA Área de Preservação Ambiental

bar Bar (medida de pressão)

bbl Barril

bep Barris equivalentes de petróleo

BNDES Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social

CAGECE Companhia de Água e Esgoto do Ceará

CE Calor Específico

CEGÁS Companhia Cearense de Gás

CGTF Central Geradora Termelétrica Fortaleza

CHESF Companhia Hidrelétrica do São Francisco

CIPP Complexo Industrial e Portuário do Pecém

CNAE Conselho Nacional de Águas e Energia

COELCE Companhia Energética do Ceará

COEMA Conselho Estadual de Meio Ambiente do Ceará

COGERH Companhia de Gerenciamento dos Recursos Hídricos do Ceará

CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente

dB Decibéis (medida de pressão sonora em escala de relação logarítmica)

dB(A) Decibéis (medida de pressão sonora em escala de relação logarítmica ponderada no filtro A)

Page 3: RIMA 2010 10 19 - semace.ce.gov.br · IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ... INCRA Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária ... PPT Programa Prioritário

Relatório de Impacto Ambiental do Projeto Usina Termelétrica ENDESA Fortaleza II

Caucaia - CE

ii

dB(dn) Decibéis (medida de pressão sonora em escala de relação logarítmica utilizada nos EUA, cujo valor é válido indistintamente para o dia e noite)

DNAEE Departamento Nacional de Águas e Energia Elétrica

DNER Departamento Nacional de Estradas de Rodagem

DQO Demanda Química de Oxigênio

EIA Estudo de Impacto Ambiental

ELETROBRÁS Centrais Elétricas Brasileiras

ELETRONORTE Centrais Elétricas do Norte do Brasil S.A.

ETP Evapotranspiração Potencial

FUNAI Fundação Nacional do Índio

FUNCEME Fundação Cearense de Meteorologia

g/l Grama por litro

g/s Grama por segundo

GW Gigawatt

hPa Hectopascal

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

ICMS Imposto de Circulação de Mercadorias e Serviços

IDH Índice de Desenvolvimento Humano

INCRA Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária

INMET Instituto Nacional de Meteorologia

INMETRO Instituto Nacional de Medidas

IPLANCE Instituto de Pesquisa e Informação do Estado do Ceará

IQA Índice de Qualidade de Água

kcal/kg Quilocaloria por quilo (medida de poder calorífico)

kg/h Quilograma por hora

km Quilômetro

km² Quilômetro quadrado

l/h Litro por hora

Page 4: RIMA 2010 10 19 - semace.ce.gov.br · IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ... INCRA Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária ... PPT Programa Prioritário

Relatório de Impacto Ambiental do Projeto Usina Termelétrica ENDESA Fortaleza II

Caucaia - CE

iii

l/s Litro por segundo

m Metro

m/km Metro por quilômetro

m³/s Metro cúbico por segundo (medida de vazão)

MAPA Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

mg/l Miligrama por litro

mm Milímetro

mm Hg Milímetro de mercúrio

MW Megawatt

MWh Megawatt hora

NBR Norma Brasileira

NR Norma Regulamentadora

NUCLEBRÁS Empresas Nucleares Brasileiras S.A

ºC Grau Celsius

OIE Oferta Interna de Energia

ONS Operador Nacional do Sistema Elétrico

PDDU Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano

PEA População Economicamente Ativa

PETROBRAS Petróleo Brasileiro S.A

PI_10 Partículas Inaláveis

PIB Produto Interno Bruto

ppm Parte por milhão

PPT Programa Prioritário de Termelétricas

PROCEL Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica

PRODETUR Programa de Desenvolvimento de Turismo do Nordeste

PROINFRA Programa de Financiamento à Infraestrutura Complementar no Nordeste

PRONAR Programa Nacional de Controle da Qualidade do Ar

Page 5: RIMA 2010 10 19 - semace.ce.gov.br · IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ... INCRA Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária ... PPT Programa Prioritário

Relatório de Impacto Ambiental do Projeto Usina Termelétrica ENDESA Fortaleza II

Caucaia - CE

iv

PROURB Programa de Urbanização

psi Pound per square inch ou libra por polegada quadrada (medida de pressão)

RIMA Relatório de Impacto Ambiental

RM Região Metropolitana

SE Subestação

SECEX Secretaria de Comércio Exterior

SEINFRA Secretaria da Infraestrutura do Ceará

SEMACE Superintendência Estadual de Meio Ambiente do Ceará

SIN Sistema Interligado Nacional

SNLCS Serviço Nacional de Levantamento e Conservação de Solos

t/ano Tonelada por ano

tep Tonelada equivalente de petróleo

TOC Compostos Orgânicos Totais

UC Unidade de Conservação

UHE Usina hidrelétrica

USEPA United States Environmental Protection Agency

UTE Usina termelétrica

UTM Universal Transverse Mercator

VAF Valor Adicional Fiscal

Page 6: RIMA 2010 10 19 - semace.ce.gov.br · IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ... INCRA Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária ... PPT Programa Prioritário

Relatório de Impacto Ambiental do Projeto Usina Termelétrica ENDESA Fortaleza II

Caucaia - CE

i

ÍNDICE

1  INTRODUÇÃO ............................................................................................................................. 3 

2  CENÁRIO SOCIOECONÔMICO E ENERGÉTICO BRASILEIRO ............................................................ 4 

2.1  SISTEMA INTERLIGADO NACIONAL ............................................................................................. 4 

2.2  FONTES DE GERAÇÃO .................................................................................................................. 5 

2.3  EXPANSÃO DA CAPACIDADE INSTALADA DE GERAÇÃO .............................................................. 5 

2.4  CENÁRIO SÓCIO‐ECONÔMICO E ENERGÉTICO NO CEARÁ ........................................................... 6 

3  ESTUDOS BÁSICOS ...................................................................................................................... 7 

3.1  DESCRIÇÃO DA ALTERNATIVA ..................................................................................................... 7 

3.2  JUSTIFICATIVA DE INSTALAÇÃO .................................................................................................. 7 

3.3  ALTERNATIVAS LOCACIONAIS ..................................................................................................... 7 

3.3.1  OPÇÕES CONSIDERADAS ........................................................................................................ 8 

3.4  ÁREA PROPOSTA PARA IMPLANTAÇÃO DO PROJETO ................................................................ 10 

3.5  ACESSOS .................................................................................................................................... 12 

3.6  INFRA‐ESTRUTURA ASSOCIADA ................................................................................................ 14 

3.6.1  ESTRUTURAS PARA SUPRIMENTO DE ÁGUA ........................................................................ 14 

3.6.2  ESGOTAMENTO SANITÁRIO .................................................................................................. 14 

3.6.3  ENERGIA ELÉTRICA ............................................................................................................... 15 

3.6.4  PAVIMENTAÇÃO E INFRAESTRUTURA VIÁRIA ...................................................................... 15 

4  DESCRIÇÃO DO PROJETO .......................................................................................................... 16 

4.1  CARACTERIZAÇÃO DO EMPREENDIMENTO............................................................................... 16 

4.1.1  CARACTERÍSTICAS TÉCNICAS ................................................................................................ 16 

4.2  PROCESSOS ENVOLVIDOS ......................................................................................................... 16 

4.2.1  CICLO PRINCIPAL ................................................................................................................... 16 

4.2.1.1  SUPRIMENTO DE GÁS NATURAL .................................................................................................18 

4.2.2  SISTEMA DE TRATAMENTO DE ÁGUA E EFLUENTES ............................................................. 18 

4.2.2.1  Sistema de Captação e Tratamento de Água Bruta ....................................................................18 

4.2.2.2  Sistema de Água Potável .............................................................................................................18 

4.2.2.3  Unidade de Água Desmineralizada .............................................................................................18 

4.2.2.4  Tratamento do Condensado do Sistema das Caldeiras de Recuperação de Calor ......................19 

4.3  IDENTIFICAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DE FONTES POLUIDORAS – ETAPAS DE GERAÇÃO DE CADA 

EMISSÃO ................................................................................................................................................ 19 

4.3.1  RESÍDUOS SÓLIDOS ............................................................................................................... 19 

4.3.1.1  Fase de Construção .....................................................................................................................19 

4.3.1.2  Fase de Operação .......................................................................................................................19 

4.3.1.3  Controle, Tratamento e Destinação Proposta ............................................................................20 

4.3.2  EMISSÕES AÉREAS ................................................................................................................ 22 

4.3.2.1  Fase de Construção .....................................................................................................................22 

Page 7: RIMA 2010 10 19 - semace.ce.gov.br · IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ... INCRA Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária ... PPT Programa Prioritário

Relatório de Impacto Ambiental do Projeto Usina Termelétrica ENDESA Fortaleza II

Caucaia - CE

ii

4.3.2.2  Fase de Operação .......................................................................................................................22 

4.3.2.3  Controle, Tratamento e Destinação Proposta ............................................................................22 

4.3.3  RUÍDOS E VIBRAÇÕES ........................................................................................................... 23 

4.3.3.1  Fase de construção .....................................................................................................................23 

4.3.3.2  Fase de operação ........................................................................................................................23 

4.3.3.3  Controle, Tratamento e Destinação Proposta ............................................................................24 

4.3.4  EFLUENTES LÍQUIDOS ........................................................................................................... 25 

4.3.4.1  Fase de Construção e Operação .................................................................................................25 

4.3.4.2  Controle, Tratamento e Destinação Proposta ............................................................................25 

4.4  MATÉRIA‐PRIMA ....................................................................................................................... 26 

4.5  PERFIL DO VENTO NA ÁREA DO EMPREENDIMENTO ................................................................ 26 

4.6  MÃO‐DE‐OBRA PREVISTA .......................................................................................................... 27 

5  DIAGNÓSTICO AMBIENTAL ....................................................................................................... 28 

5.1  DEFINIÇÃO DAS ÁREAS DE INFLUÊNCIA .................................................................................... 28 

5.1.1  MEIO FÍSICO .......................................................................................................................... 28 

5.1.1.1  Qualidade do Ar ..........................................................................................................................28 

5.1.1.2  Ruído ...........................................................................................................................................28 

5.1.1.3  Recursos Hídricos ........................................................................................................................29 

5.1.1.4  Geotecnia e Solos .......................................................................................................................29 

5.1.2  MEIO BIÓTICO ...................................................................................................................... 29 

5.1.3  MEIO ANTRÓPICO ................................................................................................................. 29 

5.1.3.1  Socioeconomia ............................................................................................................................29 

5.2  DIAGNÓSTICO DO MEIO FÍSICO ................................................................................................. 32 

5.2.1  GEOLOGIA ............................................................................................................................. 32 

5.2.1.1  Geologia Local .............................................................................................................................32 

5.2.1.2  Características Geotécnicas da Área ...........................................................................................34 

5.2.1.3  Recursos Minerais .......................................................................................................................34 

5.2.1.4  Pedologia ....................................................................................................................................35 

5.2.1.5  Hidrogeologia ..............................................................................................................................38 

5.2.2  GEOMORFOLOGIA ................................................................................................................ 39 

5.2.2.1  Unidades e Feições Geomorfológicas Regionais .........................................................................39 

5.2.2.2  Geomorfologia da ADA ...............................................................................................................42 

5.2.3  CLIMATOLOGIA E HIDROLOGIA ............................................................................................ 44 

5.2.3.1  CLIMA DA REGIÃO NORDESTE ....................................................................................................44 

5.2.3.2  Climatologia da Área de Influência .............................................................................................45 

5.2.3.3  Recursos Hídricos ........................................................................................................................48 

5.2.4  QUALIDADE DO AR ............................................................................................................... 50 

5.2.4.1  Qualidade do Ar na Área de Influência em Período Anterior às Obras de Ampliação ................50 

5.2.5  NÍVEL DE PRESSÃO SONORA (RUÍDO)................................................................................... 51 

5.2.5.1  Referência Legal ..........................................................................................................................51 

Page 8: RIMA 2010 10 19 - semace.ce.gov.br · IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ... INCRA Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária ... PPT Programa Prioritário

Relatório de Impacto Ambiental do Projeto Usina Termelétrica ENDESA Fortaleza II

Caucaia - CE

iii

5.2.5.2  Metodologia de Investigação ......................................................................................................51 

5.2.5.3  Análise ........................................................................................................................................51 

5.3  DIAGNÓSTICO DO MEIO BIÓTICO ............................................................................................. 52 

5.3.1  VEGETAÇÃO .......................................................................................................................... 53 

5.3.1.1  Caatinga ......................................................................................................................................53 

5.3.1.2  Espécies Endêmicas e Ameaçadas de Extinção ...........................................................................61 

5.3.1.3  Importância Econômica das Espécies da Área de Influência Direta ............................................61 

5.3.1.4  Outras Fitofisionomias da Área de Influência Indireta do Empreendimento .............................62 

5.3.2  FAUNA TERRESTRE ............................................................................................................... 65 

5.3.2.1  Avifauna ......................................................................................................................................65 

5.3.2.2  Herpetofauna ..............................................................................................................................68 

5.3.2.3  Mastofauna .................................................................................................................................70 

5.3.3  FAUNA AQUÁTICA ................................................................................................................ 71 

5.3.3.1  Ictiofauna ....................................................................................................................................71 

5.4  DIAGNÓSTICO DO MEIO ANTRÓPICO ........................................................................................ 72 

5.4.1  O ESTADO DO CEARÁ ............................................................................................................ 72 

5.4.1.1  Complexo Industrial e Portuário de Pecém (CIPP) ......................................................................72 

5.4.1.2  Indicadores Sociais e Econômicos ...............................................................................................74 

5.4.1.3  Região Metropolitana de Fortaleza ............................................................................................75 

5.4.1.4  Os Municípios de Caucaia e São Gonçalo do Amarante ..............................................................75 

5.4.1.5  Uso do solo .................................................................................................................................77 

5.4.1.6  Terras Indígenas ..........................................................................................................................77 

6  ZONEAMENTO AMBIENTAL....................................................................................................... 79 

6.1  UNIDADES DE CONSERVAÇÃO .................................................................................................. 79 

6.1.1  ÁREA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL DO LAGAMAR DO CAUÍPE ............................................... 81 

6.1.2  ÁREA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL DO PECÉM ....................................................................... 81 

6.1.3  ESTAÇÃO ECOLÓGICA DO PECÉM ......................................................................................... 81 

6.2  UNIDADES AMBIENTAIS NA ÁREA DE INFLUÊNCIA DIRETA ....................................................... 82 

7  AVALIAÇÃO DE IMPACTOS ........................................................................................................ 85 

7.1  MEIO FÍSICO .............................................................................................................................. 85 

7.1.1  QUALIDADE DO AR ............................................................................................................... 85 

7.1.1.1  Informações Meteorológicas da Área de Influência em Período Anterior às Obras de Ampliação

  85 

7.1.1.2  Emissões Consideradas no Estudo da Dispersão dos Poluentes da Usina ..................................86 

7.1.1.3  Aspectos Metodológicos .............................................................................................................86 

7.1.1.4  Estudo de Dispersão dos Poluentes da UTE ENDESA Fortaleza II ...............................................86 

7.1.2  RUÍDOS ................................................................................................................................. 87 

7.1.2.1  Fase de Implantação ...................................................................................................................87 

7.1.2.2  Fase de Operação .......................................................................................................................88 

7.1.2.3  Medidas Mitigadoras ..................................................................................................................88 

Page 9: RIMA 2010 10 19 - semace.ce.gov.br · IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ... INCRA Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária ... PPT Programa Prioritário

Relatório de Impacto Ambiental do Projeto Usina Termelétrica ENDESA Fortaleza II

Caucaia - CE

iv

7.1.3  GEOMORFOLOGIA, SOLOS E RECURSOS HÍDRICOS .............................................................. 88 

7.1.3.1  Fase de Implantação ...................................................................................................................88 

7.1.3.2  Fase de Operação .......................................................................................................................90 

7.2  MEIO BIÓTICO ........................................................................................................................... 92 

7.2.1  FASE DE IMPLANTAÇÃO ....................................................................................................... 92 

7.2.1.1  Perda de Habitats .......................................................................................................................92 

7.2.1.2  Aumento da fragmentação dos habitats e redução de áreas de forrageamento .......................92 

7.3  MEIO ANTRÓPICO ..................................................................................................................... 93 

7.3.1  FASE DE IMPLANTAÇÃO ....................................................................................................... 93 

7.3.1.1  Remanejamento da população ...................................................................................................93 

7.3.1.2  Alteração na organização e dinâmica territorial .........................................................................93 

7.3.1.3  Alteração no cotidiano da população .........................................................................................93 

7.3.1.4  Pressão sobre a infra‐estrutura de serviços essenciais ...............................................................94 

7.3.1.5  Comprometimento da saúde da população ...............................................................................95 

7.3.1.6  Aumento da oferta de postos de trabalho ..................................................................................95 

7.3.1.7  Aumento da renda local ..............................................................................................................95 

7.3.1.8  Aumento das arrecadações municipais e da geração de renda para o setor terciário ...............96 

7.3.2  FASE DE OPERAÇÃO .............................................................................................................. 96 

7.3.2.1  Aumento de oferta de postos de trabalho..................................................................................96 

7.3.2.2  Aumento das receitas tributárias ................................................................................................96 

7.3.2.3  Estímulo ao desenvolvimento do Complexo Industrial e Portuário do Pecém ...........................96 

7.3.2.4  Ampliação da oferta e melhoria da estabilidade do Sistema Interligado Regional e Nacional ...97 

7.4  MEIOS FÍSICO, BIÓTICO E ANTRÓPICO ...................................................................................... 98 

7.4.1  FASE DE IMPLANTAÇÃO ....................................................................................................... 98 

7.4.1.1  Aumento do risco de acidentes e de atropelamento da fauna devido à intensificação do 

trânsito  98 

7.4.1.2  Alterações na qualidade do ar ....................................................................................................98 

7.4.1.3  Afugentamento da fauna e incômodo para os trabalhadores em função do aumento do nível 

de ruídos  98 

7.4.1.4  Geração de resíduos sólidos .......................................................................................................99 

7.4.2  FASE DE OPERAÇÃO .............................................................................................................. 99 

7.4.2.1  Alteração na qualidade do ar, afetando a fauna e população ....................................................99 

7.5  MATRIZ DE AVALIAÇÃO QUANTI‐QUALITATIVA ........................................................................ 99 

8  MEDIDAS MITIGADORAS, COMPENSATÓRIAS, DE MONITORAMENTO E DE CONTROLE 

AMBIENTAL .................................................................................................................................... 110 

8.1  POLÍTICA AMBIENTAL DA ENDESA FORTALEZA II .................................................................... 110 

8.2  COMPENSAÇÃO AMBIENTAL .................................................................................................. 110 

8.2.1  ALTERNATIVAS DE COMPENSAÇÃO AMBIENTAL PARA ATENDIMENTO À RESOLUÇÃO 

CONAMA Nº02/96 ........................................................................................................................... 110 

8.2.2  ÁREAS COM POTENCIAL DE ENQUADRAMENTO ................................................................ 111 

Page 10: RIMA 2010 10 19 - semace.ce.gov.br · IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ... INCRA Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária ... PPT Programa Prioritário

Relatório de Impacto Ambiental do Projeto Usina Termelétrica ENDESA Fortaleza II

Caucaia - CE

v

8.3  PROGRAMAS E PROJETOS CO‐LOCALIZADOS .......................................................................... 112 

8.3.1  Abastecimento de Água ..................................................................................................... 112 

8.3.2  Infraestrutura ..................................................................................................................... 112 

8.3.3  Capacitação Técnica ........................................................................................................... 113 

8.4  PLANOS E PROGRAMAS AMBIENTAIS ..................................................................................... 114 

8.4.1  PLANO DE ADEQUAÇÃO À ESTRUTURA URBANA EXISTENTE E PROJETADA ...................... 114 

8.4.2  PLANO DE RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS ‐ PRAD .............................................. 115 

8.4.3  PLANO DE CONTROLE DE PROCESSOS EROSIVOS E DRENAGEM SUPERFICIAL ........ 115 

8.4.4  PROGRAMA DE PROTEÇÃO A FAUNA ................................................................................. 116 

8.4.5  PROGRAMA DE COMUNICAÇÃO SOCIAL E DE RELACIONAMENTO .................................... 116 

8.4.6  PROGRAMA DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL ......................................................... 117 

8.4.7  PROGRAMA DE CAPACITAÇÃO TÉCNICA E APROVEITAMENTO DE MÃO DE OBRA ............ 117 

8.4.8  PROGRAMA DE MONITORAMENTO DE RUÍDOS ................................................................ 118 

8.4.9  PROGRAMA DE MONITORAMENTO DA QUALIDADE DO AR .............................................. 118 

8.4.10  PROGRAMA DE GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS ............................................ 118 

8.4.11  PROCESSO E PROGRAMA DE MONITORAMENTO DOS EFLUENTES LÍQUIDOS E RECURSOS 

HÍDRICOS  118 

8.4.12  PROGRAMA DE RECOMPOSIÇÃO PAISAGÍSTICA ............................................................ 119 

8.4.13  SAÚDE E SEGURANÇA NAS INSTALAÇÕES DA USINA ..................................................... 119 

8.4.14  PROGRAMAS SOCIAIS ..................................................................................................... 120 

8.4.15  PROJETO DE AGRICULTURA FAMILIAR ........................................................................... 120 

9  AVALIAÇÃO DE RISCOS ........................................................................................................... 122 

9.1  IDENTIFICAÇÃO DOS PERIGOS ................................................................................................ 122 

9.2  ANÁLISE DOS PERIGOS ............................................................................................................ 122 

9.3  ANÁLISE DE VULNERABILIDADE .............................................................................................. 123 

9.3.1  DEFINIÇÃO FORMAL DE RISCO ........................................................................................... 123 

9.3.2  RISCO ASSOCIADO À OCORRÊNCIA x RISCO ASSOCIADO ÀS INSTALAÇÕES ........................ 124 

9.4  ESTIMATIVAS DAS FREQÜÊNCIAS DE OCORRÊNCIAS .............................................................. 125 

9.4.1  PRESSUPOSTOS ................................................................................................................... 125 

9.5  AVALIAÇÃO DOS PERIGOS ....................................................................................................... 126 

9.5.1  RISCO INDIVIDUAL .............................................................................................................. 126 

9.5.2  “FATAL ACCIDENT RATE” ‐ FAR ........................................................................................... 126 

9.5.3  RISCO SOCIAL ...................................................................................................................... 126 

9.5.4  AVALIAÇÃO DOS RISCOS ..................................................................................................... 126 

9.6  GERENCIAMENTO DOS RISCOS ............................................................................................... 127 

9.6.1  MEDIDAS PARA GERENCIAMENTO DAS CONSEQÜÊNCIAS ................................................. 128 

9.6.2  CONTROLE DE RISCO .......................................................................................................... 132 

9.6.2.1  Sistema de Alimentação de Gás Natural ...................................................................................132 

9.6.2.2  Sistema de Turbinas a Gás ........................................................................................................132 

9.6.2.3  Sistema de Vapor ......................................................................................................................133 

Page 11: RIMA 2010 10 19 - semace.ce.gov.br · IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ... INCRA Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária ... PPT Programa Prioritário

Relatório de Impacto Ambiental do Projeto Usina Termelétrica ENDESA Fortaleza II

Caucaia - CE

vi

9.6.2.4  Sistema de Óleo Lubrificante ....................................................................................................133 

9.6.2.5  Sistema Elétrico ‐ Transformador .............................................................................................133 

9.6.2.6  Sistema de Tratamento de Água ...............................................................................................133 

9.6.2.7  Auditorias ..................................................................................................................................133 

9.6.2.8  Medidas gerais ..........................................................................................................................134 

9.7  PLANO DE AÇÃO DE EMERGÊNCIA ................................................................................................... 134 

9.8  CONCLUSÃO ............................................................................................................................ 134 

10  PROGNÓSTICO AMBIENTAL .................................................................................................... 135 

10.1  ALTERNATIVA DE EXECUÇÃO .................................................................................................. 135 

10.1.1  MEIO FÍSICO ................................................................................................................... 135 

10.1.1.1  Qualidade do Ar ........................................................................................................................135 

10.1.1.2  Níveis de Ruído .........................................................................................................................135 

10.1.1.3  Recursos Hídricos ......................................................................................................................135 

10.1.2  MEIO BIÓTICO ................................................................................................................ 136 

10.1.3  MEIO ANTRÓPICO .......................................................................................................... 136 

10.2  ALTERNATIVA DE NÃO‐EXECUÇÃO .......................................................................................... 137 

10.3  ALTERNATIVA DE DESATIVAÇÃO ............................................................................................. 137 

11  CONCLUSÃO ........................................................................................................................... 139 

12  REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................................... 142 

13  ANEXO ................................................................................................................................... 144 

13.1  PLANO DE AÇÃO DE EMERGÊNCIA .......................................................................................... 144 

Page 12: RIMA 2010 10 19 - semace.ce.gov.br · IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ... INCRA Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária ... PPT Programa Prioritário

Relatório de Impacto Ambiental do Projeto Usina Termelétrica ENDESA Fortaleza II

Caucaia - CE

vii

LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 ‐ LOCALIZAÇÃO DAS ALTERNATIVAS LOCACIONAIS PARA IMPLANTAÇÃO DA USINA TERMELÉTRICA ENDESA 

FORTALEZA II ........................................................................................................................................... 9 

FIGURA 2 ‐ SITUAÇÃO E LOCALIZAÇÃO ................................................................................................................. 11 

FIGURA 3 ‐ VISTA GERAL DA ÁREA DE AMPLIAÇÃO DA USINA ................................................................................... 13 

FIGURA 4 ‐ CAATINGA ARBUSTIVA NA ÁREA DA USINA ........................................................................................... 13 

FIGURA 5 ‐ VISUAL DE CATUANA ....................................................................................................................... 13 

FIGURA 6 ‐ IGREJA DE CATUANA ........................................................................................................................ 13 

FIGURA 7 ‐ VISUAL DE PRIMAVERA .................................................................................................................... 13 

FIGURA 8 ‐ QUADRA DE ESPORTES EM PRIMAVERA ............................................................................................... 13 

FIGURA 9 – CASA QUE FOI DEMOLIDA ................................................................................................................ 13 

FIGURA 10 ‐ CASAS PARA OS REASSENTADOS ....................................................................................................... 13 

FIGURA 11 ‐ BARRAGEM SÍTIOS NOVOS ............................................................................................................. 14 

FIGURA 12 ‐ VISUAL DA ADUTORA A CÉU ABERTO ................................................................................................. 14 

FIGURA 13 ‐ DIAGRAMA ESQUEMÁTICO DO CICLO COMBINADO ................................................................................ 17 

FIGURA 14 ‐ VISUAL DA ARMAZENAGEM DE RESÍDUOS SÓLIDOS PERIGOSOS .............................................................. 21 

FIGURA 15 ‐ COLETORES NA ÁREA EXTERNA DA USINA EXISTENTE ............................................................................ 21 

FIGURA 16 ‐ ENTRADA DO ALMOXARIFADO ONDE SÃO ESTOCADOS OS PRODUTOS QUÍMICOS ....................................... 26 

FIGURA 17 ‐ VISTA INTERNA DO LOCAL DE ARMAZENAGEM DE PRODUTOS QUÍMICOS ................................................. 26 

FIGURA 18 ‐ MÃO‐DE‐OBRA PREVISTA PARA AS OBRAS ........................................................................................... 27 

FIGURA 19 ‐ ÁREAS DE INFLUÊNCIA (A) ............................................................................................................... 30 

FIGURA 20 ‐ ÁREAS DE INFLUÊNCIA (B) ............................................................................................................... 31 

FIGURA 21 ‐ MAPA GEOLÓGICO LOCAL ................................................................................................................ 33 

FIGURA 22 ‐ JAZIDA DE EXTRAÇÃO DE MATERIAIS PARA CONSTRUÇÃO CIVIL JUNTO À RODOVIA BR‐222 (SAIBRO E GRANITO).

 ........................................................................................................................................................... 35 

FIGURA 23 – MAPA DE SOLOS ........................................................................................................................... 36 

FIGURA 24 ‐ RELEVO CARACTERÍSTICO DE ARGISSOLOS AMARELOS .................................................................. 37 

FIGURA 25 ‐ RELEVO E VEGETAÇÃO INDICATIVOS DA OCORRÊNCIA DE ARGISSOLOS AMARELOS ............................. 37 

FIGURA 26 ‐ VISTA GERAL DA COMPARTIMENTAÇÃO DO RELEVO NAS PORÇÕES REBAIXADAS (DOMÍNIO PROPOSTO PARA A 

IMPLANTAÇÃO DO EMPREENDIMENTO) ....................................................................................................... 39 

FIGURA 27 ‐ MAPA GEOMORFOLÓGICO ............................................................................................................... 40 

FIGURA 28 ‐ DUNAS MÓVEIS AVANÇANDO SOBRE ÁREAS EDIFICADAS ......................................................................... 41 

FIGURA 29 ‐ MAPA TOPOGRÁFICO ..................................................................................................................... 43 

FIGURA 30 – BALANÇO HÍDRICO CLIMÁTICO ........................................................................................................ 48 

FIGURA 31 ‐ BACIAS HIDROGRÁFICAS DO CEARÁ (COGERH, 2003). ...................................................................... 49 

FIGURA 32 ‐ VISTA GERAL DO AÇUDE VIZINHO À PLANTA ATUALMENTE EXISTENTE ...................................................... 50 

FIGURA 33 ‐ DETALHE DO AÇUDE EXISTENTE NA ÁREA ........................................................................................... 50 

FIGURA 34 ‐ VISTA GERAL DO AÇUDE ................................................................................................................. 50 

FIGURA 35 ‐ DETALHE DA MARGEM SW DO AÇUDE (UTE AO FUNDO) ..................................................................... 50 

FIGURA 36 ‐ LOCALIZAÇÃO DOS PONTOS DE MEDIÇÃO ............................................................................................ 52 

Page 13: RIMA 2010 10 19 - semace.ce.gov.br · IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ... INCRA Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária ... PPT Programa Prioritário

Relatório de Impacto Ambiental do Projeto Usina Termelétrica ENDESA Fortaleza II

Caucaia - CE

viii

FIGURA 37 ‐ AÇUDE E ÁREA DE CAATINGA AO FUNDO ONDE OCORRERÁ A AMPLIAÇÃO DA USINA .................................. 56 

FIGURA 38 ‐ VISTA LATERAL DA UTE. EM PRIMEIRO PLANO, ÁREA ONDE OCORRERÁ A CONSTRUÇÃO DA UTE ENDESA 

FORTALEZA II ........................................................................................................................................ 56 

FIGURA 39 ‐ AÇUDE E CARNAÚBAS EM SUA MARGEM ........................................................................................... 56 

FIGURA 40 ‐ ÁREA DO EMPREENDIMENTO ANTROPIZADA ...................................................................................... 57 

FIGURA 41 ‐ CAATINGA SECA COM PREDOMINÂNCIA DAS ESPÉCIES CARNAÚBA E MARMELEIRO .................................... 57 

FIGURA 42 ‐ ÁREA DO EMPREENDIMENTO COM UM DENSO ESTRATO ARBUSTIVO....................................................... 57 

FIGURA 43 ‐ MATA DE CARNAÚBA ALTERADA NA ÁREA DO EMPREENDIMENTO, COM COEXISTÊNCIA DE MARMELEIROS E 

MUFUMBOS .......................................................................................................................................... 58 

FIGURA 44 ‐ VISTA DA FLORESTA ESTACIONAL SEMIDECIDUAL ALUVIAL NA AII DO EMPREENDIMENTO ........................... 58 

FIGURA 45 ‐ MATA DE CARNAÚBA ANTROPIZADA ................................................................................................ 58 

FIGURA 46 ‐ PERFIL DA CAATINGA ALTERADA, COM COEXISTÊNCIA DOMINANTE DE MARMELEIROS E MUFUMBOS .......... 59 

FIGURA 47 ‐ PERFIL DA CAATINGA ANTROPIZADA, COM PRESENÇA DE DOIS TIPOS DE CACTOS ...................................... 59 

FIGURA 48 ‐ VISTA DO INTERIOR DA ÁREA DE IMPLANTAÇÃO DO EMPREENDIMENTO ANTES DA INSTALAÇÃO DA UTE 

ENDESA FORTALEZA II .......................................................................................................................... 60 

FIGURA 49 ‐ VISTA FRONTAL DA ÁREA DE IMPLANTAÇÃO DO EMPREENDIMENTO COM AS SERRAS E A RODOVIA CE–422 

ANTES DA INSTALAÇÃO DA UTE ENDESA FORTALEZA II ............................................................................... 60 

FIGURA 50 ‐ PERFIL DA VEGETAÇÃO SECUNDÁRIA COM MARMELEIROS, CACTOS E CARNAÚBAS ..................................... 60 

FIGURA 51 ‐ CASA TOMADA PELA MOVIMENTAÇÃO DAS DUNAS, EFEITO DO DESMATAMENTO DA VEGETAÇÃO FIXADORA DE 

DUNA ................................................................................................................................................... 64 

FIGURA 52 ‐ VISTAS DO PÍER E DAS INSTALAÇÕES DE ARMAZENAGEM ........................................................................ 73 

FIGURA 53 ‐ TAXA GEOMÉTRICA DE CRESCIMENTO POPULACIONAL (FONTE: IPECE, 2006) ........................................... 74 

FIGURA 54 ‐ REGIÃO METROPOLITANA DE FORTALEZA ........................................................................................... 75 

FIGURA 55 – UNIDADES DE CONSERVAÇÃO .......................................................................................................... 80 

FIGURA 56 ‐ USO E OCUPAÇÃO NA AID DA UTE ENDESA FORTALEZA II ................................................................... 83 

FIGURA 57 – ZONEAMENTO AMBIENTAL ............................................................................................................. 84 

FIGURA 58 ‐ AMBULÂNCIA DA USINA ............................................................................................................... 120 

FIGURA 59 ‐ PONTO DE ENCONTRO DA BRIGADA DE INCÊNDIO .............................................................................. 120 

Page 14: RIMA 2010 10 19 - semace.ce.gov.br · IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ... INCRA Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária ... PPT Programa Prioritário

Relatório de Impacto Ambiental do Projeto Usina Termelétrica ENDESA Fortaleza II

Caucaia - CE

ix

LISTA DE QUADROS

QUADRO 1 ‐ MEDIDAS SUGERIDAS NA APP PARA GERENCIAMENTO DAS FREQÜÊNCIAS E CONSEQÜÊNCIAS .................... 129 

Page 15: RIMA 2010 10 19 - semace.ce.gov.br · IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ... INCRA Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária ... PPT Programa Prioritário

Relatório de Impacto Ambiental do Projeto Usina Termelétrica ENDESA Fortaleza II

Caucaia - CE

x

LISTA DE TABELAS

TABELA 1 ‐ IDENTIFICAÇÃO DA EMPREENDEDORA .................................................................................................... 1 

TABELA 2 ‐ IDENTIFICAÇÃO DA EMPRESA CONSULTORA ............................................................................................. 1 

TABELA 3 ‐ IDENTIFICAÇÃO DA EQUIPE TÉCNICA. ...................................................................................................... 2 

TABELA 4 ‐ RESÍDUOS SÓLIDOS NA FASE DE OPERAÇÃO ........................................................................................... 20 

TABELA 5 ‐ EMISSÕES MÁXIMAS POR CHAMINÉ (G/S) ............................................................................................ 22 

TABELA 6 ‐ NÍVEIS DE RUÍDO EM OBRAS CIVIS E DE MONTAGEM, A UMA DISTÂNCIA DE 15 M .......................................... 23 

TABELA 7 ‐ RESPOSTA ESTIMADA DA COMUNIDADE AO RUÍDO NA FASE DE IMPLANTAÇÃO,  DE ACORDO COM A DISTÂNCIA / 

NBR 10.151/87 / APLICADA CURVA DE DECAIMENTO LOGARÍTMICO  (OBS.: ÁREA NÃO HABITADA) ..................... 24 

TABELA 8 ‐ RESPOSTA ESTIMADA DA COMUNIDADE AO RUÍDO NA FASE DE OPERAÇÃO, DE ACORDO COM A DISTÂNCIA / NBR 

10.151/87 / APLICADA CURVA DE DECAIMENTO LOGARÍTMICO (OBS.: ÁREA NÃO HABITADA) .............................. 24 

TABELA 9 ‐ ESTIMATIVA DE LANÇAMENTO DE EFLUENTES INDUSTRIAIS ....................................................................... 25 

TABELA 10 – EVAPOTRANSPIRAÇÃO MENSAL PARA A ÁREA DE INFLUÊNCIA DO EMPREEENDIMENTO ................................ 46 

TABELA 11 – CÁLCULO DO BALANÇO HÍDRICO ...................................................................................................... 47 

TABELA 12 ‐ RELAÇÃO DAS BACIAS HIDROGRÁFICAS NO ESTADO DO CEARÁ (COGERH, 2003). ..................................... 49 

TABELA 13 ‐ LISTA DE ESPÉCIES ENCONTRADAS NA FITOFISIONOMIA CAATINGA ARBUSTIVA NA AII DO EMPREENDIMENTO .... 54 

TABELA 14 ‐ LISTA DE ESPÉCIES ENCONTRADAS NA FITOFISIONOMIA FLORESTA ESTACIONAL SEMIDECIDUAL ALUVIAL ‐ MATA 

DE CARNAÚBA ....................................................................................................................................... 55 

TABELA 15 ‐ LISTA DE ESPÉCIES ENDÊMICAS DA CAATINGA ENCONTRADA NA ÁREA DE INFLUÊNCIA DO EMPREENDIMENTO ‐ 

GIULIETTI ET AL. (2002) .......................................................................................................................... 61 

TABELA 16 ‐ LISTA DE ESPÉCIES REGISTRADAS NA REGIÃO PARA A FITOFISIONOMIA FLORESTA ESTACIONAL SEMIDECIDUAL 

MONTANA PRÓXIMA AO EMPREENDIMENTO ................................................................................................ 63 

TABELA 17 ‐ LISTA DE ESPÉCIES REGISTRADAS NA REGIÃO PARA A FITOFISIONOMIA FLORESTA PALUDOSA MARÍTIMA PRÓXIMA 

AO EMPREENDIMENTO ............................................................................................................................. 64 

TABELA 18 ‐ LISTA DE ESPÉCIES REGISTRADAS NA AII DO EMPREENDIMENTO ............................................................... 65 

TABELA 19 ‐ LISTA DE ESPÉCIES DA HERPETOFAUNA REGISTRADA NA AII DA UTE FORTALEZA II ...................................... 69 

TABELA 20 ‐ LISTA DA MASTOFAUNA EXISTENTE NA AII DA UTE FORTALEZA II ............................................................ 70 

TABELA 21 ‐ PRINCIPAIS ESPÉCIES DE PEIXES PRESENTES NO RIO CEARÁ ...................................................................... 71 

TABELA 22 ‐ POPULAÇÃO RESIDENTE 1991‐2000 ................................................................................................ 77 

TABELA 23 ‐ CLASSES DE USO E COBERTURA DO SOLO E SUAS RESPECTIVAS REPRESENTATIVIDADES .................................. 77 

TABELA 24 CLASSES DE USO E COBERTURA E SUAS RESPECTIVAS REPRESENTATIVIDADES NO MAPEAMENTO ....................... 83 

TABELA 25 ‐ MATRIZ DE AVALIAÇÃO QUANTI‐QUALITATIVA ‐ ÁREA DE INFLUÊNCIA DIRETA / FASE DE IMPLANTAÇÃO ...... 101 

TABELA 26 ‐ MATRIZ DE AVALIAÇÃO QUANTI‐QUALITATIVA ‐ ÁREA DE INFLUÊNCIA DIRETA / FASE DE OPERAÇÃO ........... 106 

TABELA 27 ‐ MATRIZ DE AVALIAÇÃO QUANTI‐QUALITATIVA ‐ ÁREA DE INFLUÊNCIA INDIRETA / FASE DE OPERAÇÃO ........ 109 

TABELA 28 ‐ LISTA DAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO QUE OCORREM PRÓXIMO À ÁREA DO EMPREENDIMENTO E QUE PODERÃO 

SER BENEFICIADAS PELA COMPENSAÇÃO AMBIENTAL  ESTABELECIDAS PELA RESOLUÇÃO CONAMA 237/87 ............. 111 

Page 16: RIMA 2010 10 19 - semace.ce.gov.br · IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ... INCRA Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária ... PPT Programa Prioritário

Relatório de Impacto Ambiental do Projeto Usina Termelétrica ENDESA Fortaleza II

Caucaia - CE

1

IDENTIFICAÇÃO DA EMPREENDEDORA, EMPRESA CONSULTORA E EQUIPE

TÉCNICA

Tabela 1 - Identificação da empreendedora

CENTRAL GERADORA TERMELÉTRICA FORTALEZA

Registro Legal: CNPJ: 04.659.917/0001-53

Endereço Completo:

Rodovia CE 422, km 01, s/n - Complexo Industrial e Portuário do Pecém, Caucaia, CE - CEP 61600-000

Telefone / FAX: (21) 2555-9800 / 2555-9933

Diretor Técnico: José Ignácio Pires Medeiros

Contato:

José Ignácio Pires Medeiros Endereço: Praça Leoni Ramos, 1 – bloco 2 – 6º andar Niterói - RJ CEP 24210-205 [email protected] Telefone (21) 2555-9860

Tabela 2 - Identificação da empresa consultora

MRS Estudos Ambientais Ltda.

Registro Legal CNPJ: 94.526.480/0001-72

Endereço Completo

Matriz: Av. Praia de Belas n° 2174, Sala 403, Bairro Menino Deus, Porto Alegre

Filial: SRTVS Quadra 701, Bloco O, Ed. Centro Multiempresarial, entrada A, Sala 504, Brasília

Telefone / FAX Matriz: (51) 3029-0068

Filial: (61) 3201-1800

E-mail Matriz: [email protected]

Filial: [email protected]

Diretores Alexandre Nunes da Rosa - Geólogo

Luciano Cezar Marca - Geólogo

Contato

Alexandre Nunes da Rosa - Sócio-Diretor CPF: 339.761.041-91 / E-mail: [email protected] Endereço: SRTVS Quadra 701, Bloco O, Ed. Centro Multiempresarial, entrada A, Sala 504. CEP 70340-000 Telefone / FAX: (61) 3201-1800

CTF (IBAMA) 196572

CREA 82.171 - RS

Page 17: RIMA 2010 10 19 - semace.ce.gov.br · IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ... INCRA Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária ... PPT Programa Prioritário

Relatório de Impacto Ambiental do Projeto Usina Termelétrica ENDESA Fortaleza II

Caucaia - CE

2

Tabela 3 - Identificação da equipe técnica.

NOME FORMAÇÃO REGISTRO REGISTRO

IBAMA Coordenação Geral

Alexandre Nunes da Rosa Geólogo 66.876/D CREA RS 225.743

Coordenação Técnica

Luciano Cezar Marca Geólogo 21158/D CREA PR 306.766

Catarina Chien Ming Mao Arquiteta 19.135/D CREA RS 294.809

Equipe Meio Físico

Luciano Cezar Marca Geólogo 21158/D CREA PR 306.766

Catarina Chien Ming Mao Arquiteta 19.135/D CREA RS 294.809

Alessandro Borges de Sousa Oliveira

Eng. Mecânico – Análise de Ruídos

8.625/D CREA DF 2.238.870

Tarcísio Isaia Eng. Mecânico – Análise de Qualidade do Ar

23.241/D CREA RS 2.220.273

Luis Alberto de Oliveira Santos Geólogo 112.018/D CREA RS 19.972

Equipe Meio Biótico

Yone Melo de Figueiredo Fonseca Bióloga 4 08785/90-D CRBio 1.509.550

Marcus Fernando Palma Moura Biólogo 57279/04-D CRBio 469.240

Otávio Marques Engenheiro Florestal

2004108717/DCREA-RJ 1.783.368

Luciana Arutim Adamo Bióloga 57278/04-D CRBio 1.725.328

Equipe Meio Antrópico

Catarina Chien Ming Mao (coordenadora)

Arquiteta 19.135/D CREA RS 294.809

Luciana Gonçalves Leite Cintra Engenheira Ambiental

12931/D CREA DF 705.763

Luciana Arutim Adamo Bióloga 57278/04-D CRBio 1.725.328

Luis Fernando Medeiros Geógrafo 8273/D CREA/MT 2318542

Cartografia e SIG

Antônio Felipe Couto Júnior Eng. Florestal 12.480/D CREA DF 526.822

Marcus Fernando Palma Moura Biólogo 57279/04-D CRBio 469.240

Análise de Riscos

Luiz Jaidemir de Figueiredo Ávila Eng de Segurança 40.591/D-CREA RS 707.581

Page 18: RIMA 2010 10 19 - semace.ce.gov.br · IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ... INCRA Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária ... PPT Programa Prioritário

Relatório de Impacto Ambiental do Projeto Usina Termelétrica ENDESA Fortaleza II

Caucaia - CE

3

1 INTRODUÇÃO

O presente Relatório de Impacto Ambiental - RIMA trata da ampliação da Usina

Termelétrica ENDESA Fortaleza, a ser situada na Rodovia CE 422, km 01 do

Complexo Industrial e Portuário do Pecém - CIPP, município de Caucaia, estado do

Ceará.

A nova unidade, designada UTE ENDESA Fortaleza II, terá potência instalada em

torno de 350 MW, utilizando como combustível gás natural.

O principal objetivo buscado neste empreendimento, a partir de sua operacionalização,

é a geração de energia de forma rentável para o empreendedor, com vistas à redução

da vulnerabilidade do estado do Ceará em relação ao risco de déficit de fornecimento

de energia elétrica, somados aos benefícios ambientais que a geração a partir do gás

natural pode oferecer quando comparada a outras fontes.

O tempo estimado para a construção do empreendimento é de 36 meses, sendo

utilizada mão-de-obra direta e indireta de 2.000 pessoas durante o período construtivo

e de 15 pessoas no período operacional.

Os investimentos para sua construção são estimados em aproximadamente US$ 250

milhões. Os efeitos diretos e indiretos na economia local ampliarão significativamente

este valor em termos de crescimento econômico.

Page 19: RIMA 2010 10 19 - semace.ce.gov.br · IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ... INCRA Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária ... PPT Programa Prioritário

Relatório de Impacto Ambiental do Projeto Usina Termelétrica ENDESA Fortaleza II

Caucaia - CE

4

2 CENÁRIO SOCIOECONÔMICO E ENERGÉTICO BRASILEIRO

Mudanças importantes aconteceram nos últimos anos no setor eletro-energético

brasileiro. Uma diz respeito ao caráter regulatório e outra à composição da matriz

energética nacional, em especial do setor elétrico. A primeira começou com a

desregulamentação e conseqüente desestatização parcial do setor de energia elétrica,

no fim da década de 90, e continuou com a implantação do novo modelo de expansão

da geração no primeiro mandato do atual Governo Federal. A outra está relacionada

com o incremento da disponibilidade de gás natural para o Ceará através do Gasoduto

Guamaré-Pecém (Petrobras).

Estas alterações propiciaram o aporte de capitais para investimento em novas obras

para atendimento ao consumo de energia elétrica, como usinas de geração, linhas de

transmissão, sistemas de distribuição e a utilização do gás natural como fonte primária

para geração de energia elétrica, em substituição às fontes térmicas convencionais

(carvão mineral e derivados do petróleo, como óleo Diesel ou combustível) e como

alternativa às usinas hidrelétricas.

2.1 SISTEMA INTERLIGADO NACIONAL

A capacidade instalada no Brasil, com dados levantados até o ano de 2006,

considerando todo o parque gerador existente, inclusive os aproveitamentos que

compõem os Sistemas Isolados (regiões geográficas brasileiras que não são

atendidas pelos sistemas de transmissão), as interligações internacionais já em

operação e também a parcela de Itaipu importada do Paraguai, é da ordem de

105.000 MW (MME, 2007).

Deste total, a maior parte corresponde à energia gerada pela hidreletricidade (71%).

Com participações menores encontram-se outras fontes: gás (10%), petróleo (4%),

biomassa (4%), nuclear (2%) e carvão (1%). A importação de energia do Paraguai,

Argentina, Venezuela e Uruguai representa 8%.

Face à distribuição geográfica dos grandes centros de carga, o Sistema Interligado

Nacional é hoje dividido em quatro subsistemas elétricos: Sudeste/Centro-Oeste, Sul,

Norte, Nordeste. No horizonte do Plano Decenal de Expansão de Energia Elétrica

2006-2017, há a previsão de interligação de dois sistemas isolados: Acre-Rondônia,

que será conectado ao subsistema Sudeste/Centro-Oeste a partir de setembro/2008, e

Manaus-Macapá, que irá se incorporar ao subsistema Norte a partir de janeiro/2012.

Page 20: RIMA 2010 10 19 - semace.ce.gov.br · IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ... INCRA Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária ... PPT Programa Prioritário

Relatório de Impacto Ambiental do Projeto Usina Termelétrica ENDESA Fortaleza II

Caucaia - CE

5

2.2 FONTES DE GERAÇÃO

A fonte hidrelétrica constitui uma das maiores vantagens competitivas do país, por se

tratar de um recurso renovável e passível de ser complementada e atendida pelo

parque industrial brasileiro com mais de 90% de bens e serviços nacionais.

As Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs), a atratividade destas usinas

fundamenta-se, principalmente, por suas características de menor impacto ambiental,

menor volume de investimentos, prazo de maturação mais curto e tratamento

incentivado pela regulamentação vigente.

No Brasil existe um potencial expressivo para a geração de energia elétrica a partir da

biomassa, a chamada “bioeletricidade”, produzida especialmente a partir de resíduos

da indústria sucroalcooleira, sobretudo o bagaço da cana de açúcar. A exploração

deste potencial traz benefícios para o meio ambiente, por se tratar de uma fonte de

energia renovável (bagaço e palhas da cana de açúcar), além de contribuir para a

modicidade tarifária, por se tratar de uma geração termelétrica de baixo custo, com

tecnologia dominada, e que pode ser disponibilizada em prazos relativamente curtos,

com equipamentos fabricados no país.

Entre as fontes de recursos para produção de energia primária que compõem a matriz

energética brasileira, o gás natural foi uma das de maior crescimento percentual,

passando de 5,8% em 1990 para 8,8% em 2005.

O Brasil possui importantes reservas de carvão mineral, de cerca de 32 bilhões de

toneladas, localizadas em sua maior parte (89%) no Rio Grande do Sul, nas regiões

de Candiota, Baixo Jacuí e litoral.

O desenvolvimento da energia eólica no Brasil tem ocorrido de forma gradual e

consistente, em consonância com a diretriz de diversificação da matriz energética,

valorizando as características e potencialidades regionais na formulação de políticas

energéticas.

2.3 EXPANSÃO DA CAPACIDADE INSTALADA DE GERAÇÃO

A projeção da carga de energia (consumo mais perdas), que representa o requisito de

geração de energia elétrica na barra das usinas para o atendimento do mercado, é

importante para avaliar o dimensionamento do parque elétrico nacional,

nomeadamente as necessidades de expansão da capacidade instalada de geração,

bem como para orientar a operação otimizada do setor elétrico.

A trajetória superior de mercado requer a expansão adicional da geração. Para esta

situação, o Plano Decenal considerou um acréscimo de geração hidrelétrica igual ao

Page 21: RIMA 2010 10 19 - semace.ce.gov.br · IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ... INCRA Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária ... PPT Programa Prioritário

Relatório de Impacto Ambiental do Projeto Usina Termelétrica ENDESA Fortaleza II

Caucaia - CE

6

da trajetória inferior e um total de 5.600 MW de expansão térmica adicional para o

atendimento do mercado.

2.4 CENÁRIO SÓCIO-ECONÔMICO E ENERGÉTICO NO CEARÁ

Segundo dados da Secretaria da Infra-Estrutura do Ceará (SEINFRA), o Estado

dispõe atualmente de 22 empreendimentos de geração de energia elétrica, totalizando

708.420 kW de potência instalada, distribuídos em 1 pequena central hidrelétrica, 3

eólicas e 18 térmicas.

Conforme pode ser observado, destaca-se a participação da UTE ENDESA Fortaleza,

que tem capacidade para fornecer aproximadamente 1/3 da energia consumida em

todo o Estado do Ceará, montante capaz de suprir o equivalente a uma cidade com

1,2 milhões de consumidores residenciais e industriais.

Tendo em vista que o consumo industrial de energia elétrica aumentou, enquanto o

número de consumidores industriais diminuiu, há de se imaginar que a indústria

cearense está se tornando mais sofisticada, por usar mais intensamente este tipo de

insumo.

Page 22: RIMA 2010 10 19 - semace.ce.gov.br · IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ... INCRA Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária ... PPT Programa Prioritário

Relatório de Impacto Ambiental do Projeto Usina Termelétrica ENDESA Fortaleza II

Caucaia - CE

7

3 ESTUDOS BÁSICOS

3.1 DESCRIÇÃO DA ALTERNATIVA

Durante os estudos que conduziram o projeto da UTE ENDESA Fortaleza, foi levada

em conta a ampliação da sua capacidade instalada, mediante a construção de uma

segunda unidade, de aproximadamente 350 MW junto à primeira.

A tecnologia adotada seria a mesma para ambas: geração de energia elétrica através

de turbinas de ciclo combinado, utilizando como combustível o gás natural.

O uso do gás natural em substituição aos demais combustíveis apresenta inúmeras

vantagens, entre as quais podemos destacar: facilidade de manuseio, diversificação

da matriz energética, melhoria do rendimento energético, combustão mais limpa, além

de ser menos poluente que os combustíveis derivados do petróleo e o carvão.

Além disso, a tecnologia de ciclo combinado para geração de energia elétrica

proporciona alta eficiência, menores investimentos para instalação, geração

insignificante de resíduos sólidos e emissões aéreas reduzidas.

3.2 JUSTIFICATIVA DE INSTALAÇÃO

A implantação da UTE ENDESA Fortaleza II está sendo concebida para suprir a

deficiência de geração de energia elétrica no Estado do Ceará e da Região Nordeste,

que não têm como expandir suas fontes de hidroeletricidade. Numa visão mais

localizada, esta ampliação atenderá as necessidades industriais, comerciais e

residenciais de energia elétrica da região onde está inserido o Complexo Industrial e

Portuário do Pecém, bem como a Região Metropolitana de Fortaleza.

O empreendimento proporcionará um aporte direto de recursos nas economias local e

regional. Além disto, aumentará a oportunidade de empregos na região de influência,

principalmente durante a fase de construção. Os setores de apoio, serviços e logística,

transporte e alimentação também serão beneficiados.

3.3 ALTERNATIVAS LOCACIONAIS

O estudo de alternativas locacionais para expansão da UTE ENDESA Fortaleza visou

à otimização da integração da parte existente com a parte nova e o melhor

aproveitamento do terreno, considerando o arranjo dos elementos já instalados, o

necessário resguardo da área do açude, as condições de corrosividade atmosférica e

direção predominante do vento.

Page 23: RIMA 2010 10 19 - semace.ce.gov.br · IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ... INCRA Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária ... PPT Programa Prioritário

Relatório de Impacto Ambiental do Projeto Usina Termelétrica ENDESA Fortaleza II

Caucaia - CE

8

Além disso, baseou-se na hipótese de os equipamentos da nova fase e o arranjo

interno da nova unidade ser idênticos aos equipamentos da fase existente.

3.3.1 OPÇÕES CONSIDERADAS

As opções consideradas na avaliação de alternativas locacionais (Figura 1) foram:

Área 1, na cota 28 metros, pontilhada em vermelho;

Área 2, na cota 29 metros, pontilhada em vermelho;

Área 3, na cota 29 metros, pontilhada em amarelo;

Área 4, na cota 31 metros, pontilhada em azul claro;

Page 24: RIMA 2010 10 19 - semace.ce.gov.br · IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ... INCRA Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária ... PPT Programa Prioritário

Relatório de Impacto Ambiental do Projeto Usina Termelétrica ENDESA Fortaleza II Caucaia - CE

9

Figura 1 - Localização das alternativas locacionais para implantação da Usina Termelétrica ENDESA Fortaleza II

Page 25: RIMA 2010 10 19 - semace.ce.gov.br · IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ... INCRA Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária ... PPT Programa Prioritário

Relatório de Impacto Ambiental do Projeto Usina Termelétrica ENDESA Fortaleza II

Caucaia - CE

10

Baseado na figura acima e nas características gerais da UTE ENDESA Fortaleza, a

conclusão do presente estudo aponta para as opções 1 e 2 como as mais vantajosas,

com preferência para a Área 2.

3.4 ÁREA PROPOSTA PARA IMPLANTAÇÃO DO PROJETO

A UTE ENDESA Fortaleza II será implantada em área anexa à usina existente, no

município de Caucaia, a 50 km de Fortaleza, capital do Estado do Ceará, dentro do

Complexo Industrial e Portuário do Pecém - CIPP.

Junto ao entroncamento da BR-222 com a CE-422 encontra-se a Subestação Cauípe

da CHESF (Figura 2).

Page 26: RIMA 2010 10 19 - semace.ce.gov.br · IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ... INCRA Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária ... PPT Programa Prioritário

Relatório de Impacto Ambiental do Projeto Usina Termelétrica ENDESA Fortaleza II

Caucaia - CE

11

Figura 2 - Situação e Localização

Page 27: RIMA 2010 10 19 - semace.ce.gov.br · IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ... INCRA Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária ... PPT Programa Prioritário

Relatório de Impacto Ambiental do Projeto Usina Termelétrica ENDESA Fortaleza II

Caucaia - CE

12

A usina será implantada em um terreno plano, com aproximadamente 237.000 m2,

onde hoje se distribuem formações campestres e florestais secundárias (Figura 3 e

Figura 4). A cota de implantação do empreendimento será de 29,0 metros.

O aglomerado urbano mais próximo à área é Catuana, município de São Gonçalo do

Amarante, e Primavera, município de Caucaia (Figura 5 a Figura 8).

No terreno, próximo a área onde será instalada a UTE ENDESA Fortaleza II, existiam

quatro famílias, as quais foram reassentadas pela ENDESA em outras casas no

próprio terreno da USINA (Figura 9 e Figura 10), porém, esse projeto de

reassentamento é independente da construção da nova usina e já está sendo

implantado.

3.5 ACESSOS

Os principais acessos ao local do empreendimento são:

BR-222: estrada federal e principal via de escoamento de mercadorias ao porto. Liga

Fortaleza à região Nordeste do Estado, assim como aos Estados situados a Oeste do

Ceará (Piauí e Mara nhã).

BR-116: rodovia federal liga Fortaleza aos estados do Sul do país. É prevista a

construção de um anel viário que fará a conexão do CIPP com os distritos industriais

de Maracanaú, Horizonte, Pacatuba, Eusébio, etc.

CE-422: rodovia estadual conhecida como “Via Portuária”, que liga a BR-222 com o

Porto de Pecém. É o acesso principal dos caminhões que levam e buscam

mercadorias no Porto.

As vias secundárias são:

CE-085: rodovia estadual conhecida como “Estruturante”, projetada para veículos

leves que se dirigem às praias da costa Oeste do Ceará.

CE-421: rodovia de tráfego de veículos leves que faz a ligação da CE-085 com a

localidade de Coité, dando acesso ao distrito de Pecém e à BR-222.

Um trecho de via férrea administrado pela Companhia Ferroviária do Nordeste (CFN)

liga o CIPP ao resto da malha ferroviária do Estado.

Page 28: RIMA 2010 10 19 - semace.ce.gov.br · IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ... INCRA Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária ... PPT Programa Prioritário

Relatório de Impacto Ambiental do Projeto Usina Termelétrica ENDESA Fortaleza II

Caucaia - CE

13

Figura 3 - Vista geral da área de ampliação da usina

Figura 4 - Caatinga arbustiva na área da usina

Figura 5 - Visual de Catuana Figura 6 - Igreja de Catuana

Figura 7 - Visual de Primavera Figura 8 - Quadra de esportes em Primavera

Figura 9 – Casa que foi demolida Figura 10 - Casas para os reassentados

Page 29: RIMA 2010 10 19 - semace.ce.gov.br · IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ... INCRA Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária ... PPT Programa Prioritário

Relatório de Impacto Ambiental do Projeto Usina Termelétrica ENDESA Fortaleza II

Caucaia - CE

14

3.6 INFRA-ESTRUTURA ASSOCIADA

3.6.1 ESTRUTURAS PARA SUPRIMENTO DE ÁGUA

O fornecimento de água para a UTE ENDESA Fortaleza II será disponibilizado pela

COGERH, através da adutora proveniente da barragem Sítios Novos que capta água

de chuvas. A partir desta barragem, com capacidade de acumulação de 123.200 m3 e

bacia hidrográfica de 446 km2, a água é conduzida por canal a céu aberto (Figura 11 e

Figura 12) até o CIPP e os limites do terreno da usina.

3.6.2 ESGOTAMENTO SANITÁRIO

Os efluentes de drenos, lavagem de pisos em geral dos prédios industriais e oficinas

e das áreas onde houver estocagem de óleo serão tratados em separador de água e

logo conduzida à Estação de Tratamento de Esgoto do empreendimento, e o óleo

tratado devidamente. Quanto ao efluente, depois de neutralizado o pH, serão

lançados no emissário da CAGECE.

O efluente da descarga da caldeira de recuperação, da descarga da torre de

resfriamento, descarga da estação de tratamento de água potável e desmineralizada

terá seu Ph neutralizado e enviado ao emissário da CAGECE.

Efluentes industriais da UTE ENDESA Fortaleza II serão enviados ao emissário da

CAGECE, que os lançará no mar, em ponto situado junto ao píer do Porto de Pecém.

Estima-se que, durante o pico das obras, o volume total de efluentes sanitários será

de 210 m3/dia e na fase de operação, 3m3/dia.

Figura 11 - Barragem Sítios Novos Figura 12 - Visual da adutora a céu aberto

Page 30: RIMA 2010 10 19 - semace.ce.gov.br · IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ... INCRA Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária ... PPT Programa Prioritário

Relatório de Impacto Ambiental do Projeto Usina Termelétrica ENDESA Fortaleza II

Caucaia - CE

15

3.6.3 ENERGIA ELÉTRICA

No que diz respeito ao abastecimento de energia elétrica planejada, a UTE ENDESA

Fortaleza II utilizará as mesmas instalações atuais utilizadas na UTE existente, sendo

a rede de distribuição da COELCE com 13,8kV.

3.6.4 PAVIMENTAÇÃO E INFRAESTRUTURA VIÁRIA

A estrutura viária atual não sofrerá significativas mudanças, uma vez que a UTE

ENDESA Fortaleza II se localiza na própria planta existente da UTE ENDESA

Fortaleza, sendo expandida levemente para oeste aproveitando a mesma estrutura

viária. No entanto, estima-se uma movimentação maior de veículos pesados no

período de implantação, onde serão atendidas todas as demandas referentes à

capacidade de tráfego na área próxima a UTE, com as devidas medidas de segurança

e controle do trânsito local.

No período de operação, o trânsito voltará próximo ao fluxo atual, sendo incrementado

somente pelo acréscimo de trânsito pelos funcionários para a nova planta da UTE, no

entanto, gerido pela ENDESA Fortaleza II a fim de garantir a segurança e organização

da estrutura local.

Page 31: RIMA 2010 10 19 - semace.ce.gov.br · IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ... INCRA Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária ... PPT Programa Prioritário

Relatório de Impacto Ambiental do Projeto Usina Termelétrica ENDESA Fortaleza II

Caucaia - CE

16

4 DESCRIÇÃO DO PROJETO

4.1 CARACTERIZAÇÃO DO EMPREENDIMENTO

A ampliação terá planta industrial similar à da usina existente, que está em operação

comercial desde dezembro de 2003, e terá potência instalada em torno de 350 MW.

Serão comuns à usina existente e ampliação as seguintes instalações:

Estação de tratamento de esgoto (ETE);

Linha de transmissão de 230 kV, duplo circuito;

City-gate de recebimento de combustível (PETROBRAS);

Estação de regulação e medição de gás natural;

Almoxarifados.

4.1.1 CARACTERÍSTICAS TÉCNICAS

As características técnicas da ampliação serão idênticas às da usina existente: terá

uma capacidade instalada de aproximadamente 350 MW, com duas turbinas a gás,

duas caldeiras de recuperação de vapor e uma turbina a vapor, podendo ser operada

em ciclo aberto (com uma ou duas turbinas) ou fechado (com uma ou duas turbinas a

gás e uma a vapor).

Contará ainda com tecnologia de ciclo combinado de alta eficiência termodinâmica em

relação à geração de energia elétrica e baixa taxa de consumo de combustível por

quantidade de energia gerada. Além disso, será utilizada a tecnologia mais avançada

em relação à queima de combustível, a fim de garantir o mais alto nível no que se

refere ao cumprimento das exigências de padrões ambientais.

4.2 PROCESSOS ENVOLVIDOS

4.2.1 CICLO PRINCIPAL

A configuração do sistema de ciclo combinado é composta por duas turbinas de

combustão a gás, duas caldeiras de recuperação (HRSG) e uma turbina a vapor,

conforme apresentado na Figura 13 a seguir.

Page 32: RIMA 2010 10 19 - semace.ce.gov.br · IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ... INCRA Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária ... PPT Programa Prioritário

Relatório de Impacto Ambiental do Projeto Usina Termelétrica ENDESA Fortaleza II

Caucaia - CE

17

Figura 13 - Diagrama esquemático do ciclo combinado

O ar ambiente é aspirado pelo compressor das turbinas de combustão através do

sistema de filtragem de ar e atenuação de ruído filtro de ar e silenciador localizados na

sua entrada. Em seguida, o ar é comprimido e alimenta a câmara de combustão, onde

ocorre a mistura com o gás natural, seguida da combustão.

Este processo origina gases a altas temperaturas e pressões, que são enviados à

turbina de potência, onde sua energia térmica e cinética é convertida em energia

mecânica através da interação com as palhetas da turbina. Um gerador elétrico

acoplado ao eixo do conjunto compressor - turbina converte a energia mecânica em

energia elétrica.

O vapor gerado nas duas caldeiras de recuperação é utilizado para o acionamento da

turbina a vapor. Após passar pelo processo de expansão e correspondente

resfriamento na turbina, o vapor é conduzido ao condensador, onde troca calor, sem

se misturar diretamente, com a água de circulação proveniente da torre de

resfriamento, mudando então de estado de vapor saturado para líquido saturado (por

volta de 43°C). O líquido condensado é extraído por bombas de poço quente e

mandado ao sistema de eliminação de gases diluídos (desaerador), de onde é

conduzido às bombas de água de alimentação das caldeiras de recuperação,

fechando assim o ciclo de vapor.

Existirá também na usina um gerador de emergência de baixa capacidade, acionado

por motor Diesel, necessário para geração de energia elétrica de emergência para o

caso de falha dos geradores principais.

Page 33: RIMA 2010 10 19 - semace.ce.gov.br · IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ... INCRA Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária ... PPT Programa Prioritário

Relatório de Impacto Ambiental do Projeto Usina Termelétrica ENDESA Fortaleza II

Caucaia - CE

18

4.2.1.1 SUPRIMENTO DE GÁS NATURAL

A usina utilizará exclusivamente gás natural. Conforme descrito anteriormente, será

utilizado o gás transportado pelo gasoduto Guamaré-Pecém e entregue pela CEGÁS

no City-gate da Petrobras localizado junto à entrada da usina existente.

O suprimento de gás natural do projeto é oriundo do Rio Grande do Norte.

4.2.2 SISTEMA DE TRATAMENTO DE ÁGUA E EFLUENTES

4.2.2.1 Sistema de Captação e Tratamento de Água Bruta

A água a ser utilizada nas atividades da UTE ENDESA Fortaleza II será fornecida sem

tratamento prévio, na condição de água bruta, pela Companhia de Gestão de

Recursos Hídricos - COGERH, de forma similar ao que ocorre atualmente. É previsto

um consumo total de água de 4.730.400 m3 ao ano.

Será construída uma nova Estação de Tratamento de Água para atender ao consumo

previsto de água de serviço para o processo de geração de energia (quantidade

reutilizável, cerca de 6% da vazão total), no sistema de resfriamento (92% do total) e

na produção de água potável e de serviços (2% do total).

4.2.2.2 Sistema de Água Potável

A água potável para uso geral da usina será obtida a partir da água pré-tratada,

processada por um filtro de carvão ativado, adicionando-se solução de hipoclorito de

sódio por meio de bomba dosadora.

Todos os produtos químicos a serem dosados serão manuseados em equipamentos e

sistemas apropriados, destinados a este fim, “skid” composto de tanque de preparo

com agitador, bomba dosadora, painel de controle e instrumentação necessária.

4.2.2.3 Unidade de Água Desmineralizada

A água desmineralizada é utilizada para reposição das perdas do sistema água-vapor

das caldeiras de recuperação (HRSG).

O sistema preparação de água desmineralizada será constituído por duas linhas de

produção com capacidade de 100% das necessidades do processo e serão

compostas de sistema de resinas de troca iônica, que usam troca catiônica, aniônica e

leito misto.

Page 34: RIMA 2010 10 19 - semace.ce.gov.br · IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ... INCRA Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária ... PPT Programa Prioritário

Relatório de Impacto Ambiental do Projeto Usina Termelétrica ENDESA Fortaleza II

Caucaia - CE

19

4.2.2.4 Tratamento do Condensado do Sistema das Caldeiras de Recuperação de

Calor

Para inibir o potencial de corrosão e incrustação no sistema de condensado das

caldeiras de recuperação de calor (HRSG) estão previstos sistemas de adição de

produtos químicos (tanque com agitador e bomba para cada produto). Serão utilizados

produtos inibidores de corrosão (sulfitos), inibidores de incrustação e polímeros

dispersantes.

4.3 IDENTIFICAÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DE FONTES POLUIDORAS –

ETAPAS DE GERAÇÃO DE CADA EMISSÃO

4.3.1 RESÍDUOS SÓLIDOS

4.3.1.1 Fase de Construção

Os resíduos sólidos gerados durante a fase de construção do empreendimento serão

constituídos por: resíduos sólidos domésticos, gerados pela mão-de-obra empregada

na construção; resíduos sólidos industriais, gerados por atividades específicas na fase

de construção (formas de madeira utilizadas em construções de concreto e detritos de

aço) e resíduos sólidos associados às embalagens de materiais entregues no local,

como caixas de papelão, plástico e isopor.

Deverá ser mantido durante todo o período de construção e montagem o recolhimento dos

resíduos sólidos da construção para estocagem e/ou disposição certificada.

Não se prevê a geração de resíduos sólidos tóxicos ou contaminados durante a fase de

construção. Na eventual possibilidade de ser gerado algum material contaminado durante esta

fase, os resíduos serão classificados e dispostos de acordo com a norma ABNT-NBR 10.004 e

leis estaduais.

4.3.1.2 Fase de Operação

Os resíduos sólidos a serem gerados durante a operação da ampliação da usina serão

similares aos que são identificados na usina existente, conforme apresentados na

Tabela 4, Figura 14 e Figura 15.

Os resíduos que vierem a ser produzidos deverão seguir o plano de manuseio

existente. A usina UTE ENDESA Fortaleza gerou em 2006 o equivalente a 412.228 kg

de resíduos, sendo 272.790 kg de resíduos perigosos (óleos usados e outros

materiais) e 139.043 kg de resíduos não perigosos, dos quais 11.330 kg de resíduos

comuns e 126.993 kg de materiais recicláveis.

Page 35: RIMA 2010 10 19 - semace.ce.gov.br · IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ... INCRA Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária ... PPT Programa Prioritário

Relatório de Impacto Ambiental do Projeto Usina Termelétrica ENDESA Fortaleza II

Caucaia - CE

20

4.3.1.3 Controle, Tratamento e Destinação Proposta

A Tabela 4 a seguir apresenta a destinação adequada e proposta para cada resíduo

sólido.

Tabela 4 - Resíduos sólidos na fase de operação TIPO DESTINO

Reciclável Venda para C.F. Nobre

Papel/papelão Venda para compradores diversos

Vidro Envio aos fornos da Companhia Industrial de Vidro

Metais Envio aos fornos da GERDAU

Plástico Compradores diversos

Óleos usados/Contaminados Venda para reciclagem pela LWART Lubrificantes Ltda. (SP)

Cartuchos de impressão Devolução ao fabricante ou recarga

Baterias e transformadores Envio à Apliquim Tecnologia Ambiental (SP) para reciclagem dos metais pesados

Lâmpadas fluorescentes Envio à Apliquim Tecnologia Ambiental (SP) para reciclagem

Pneus usados e resíduos contaminados em geral

Envio para incineração nos fornos da Cimento Poty S.A. (Grupo Votorantim) em Sobral, CE

Madeira Envio ao aterro sanitário em Maracanaú e Caucaia

Orgânico Envio para aterro sanitário da Construtora Queiroz Galvão em Maracanaú, CE e aterro sanitário da Construtora GEF Ltda. em Caucaia

Ambulatoriais Envio para incineração no Centro de Tratamento de Resíduos Perigosos em Fortaleza

Lodo Envio para aterro sanitário em Maracanaú e aterro sanitário em Caucaia

Page 36: RIMA 2010 10 19 - semace.ce.gov.br · IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ... INCRA Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária ... PPT Programa Prioritário

Relatório de Impacto Ambiental do Projeto Usina Termelétrica ENDESA Fortaleza II

Caucaia - CE

21

Figura 14 - Visual da armazenagem de resíduos sólidos perigosos

Figura 15 - Coletores na área externa da usina existente

Page 37: RIMA 2010 10 19 - semace.ce.gov.br · IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ... INCRA Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária ... PPT Programa Prioritário

Relatório de Impacto Ambiental do Projeto Usina Termelétrica ENDESA Fortaleza II

Caucaia - CE

22

4.3.2 EMISSÕES AÉREAS

4.3.2.1 Fase de Construção

Durante a fase de construção, as emissões de poluentes serão constituídas por

partículas fugitivas, resultantes da movimentação de terra e tráfego de veículos

pesados, da erosão dos solos expostos, das emissões de veículos e equipamentos em

operação e componentes voláteis de tintas e solventes, sendo, no entanto, de

natureza temporária e intermitente.

4.3.2.2 Fase de Operação

Durante a operação da UTE ENDESA Fortaleza II, as emissões aéreas dos gases

resultantes do processo de combustão do gás natural serão lançadas à atmosfera por

um conjunto de duas chaminés com altura de 35,0 m.

Em virtude das características menos poluentes do combustível empregado, os

valores de concentração das emissões de gases contaminantes são relativamente

baixos, bem como a quantidade total emitida. Além disso, as turbinas de combustão

serão providas de queimadores especiais que minimizam a produção de NOX sem a

necessidade de injeção de água ou vapor para redução da temperatura de combustão

(tecnologia “baixo nível de NOX a seco”).

As emissões máximas por chaminé e tipo de combustível são apresentadas na Tabela

5, a seguir.

Tabela 5 - Emissões Máximas por Chaminé (g/s)

Poluente Emissão (g/s)

Partículas inaláveis (PI_10) 2,0

Dióxido de enxofre (SO2) 5,48

Monóxido de carbono (CO) 3,83

Dióxido de nitrogênio (NO2) 19,68

4.3.2.3 Controle, Tratamento e Destinação Proposta

Durante a fase de construção da nova unidade, o impacto gerado poderá ser mitigado

por meio da umidificação do solo.

Quanto ao monitoramento da qualidade do ar durante a operação da usina, o

prognóstico mostra que os poluentes apresentarão aumento respeitando as diretrizes

Page 38: RIMA 2010 10 19 - semace.ce.gov.br · IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ... INCRA Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária ... PPT Programa Prioritário

Relatório de Impacto Ambiental do Projeto Usina Termelétrica ENDESA Fortaleza II

Caucaia - CE

23

legais. Mesmo assim, as chaminés da nova unidade disporão de um sistema de

monitoração contínua de emissões, conforme já ocorre atualmente.

4.3.3 RUÍDOS E VIBRAÇÕES

4.3.3.1 Fase de construção

A construção da usina implica na utilização de máquinas e equipamentos

inerentemente geradores de ruído, particularmente na movimentação de terra

(escavadeiras, pá carregadeiras, motoniveladoras, caminhões e outros), fundações

(bate estacas, marteletes pneumáticos, compactadores e outros), obras civis

(betoneiras, vibradores). A geração de ruído por parte de tais equipamentos é variável

de acordo com a fase evolutiva da obra.

Em monitorações levadas a efeito em 11/12/98, junto às obras civis e de montagem

industrial de empreendimento assemelhado, obtiveram-se os níveis apresentados na

Tabela 6, com distância de 15 metros do limite da área de implantação do

empreendimento.

Tabela 6 - Níveis de ruído em obras civis e de montagem, a uma distância de 15 m Equipamento Nível de ruído dB(A)

Caminhão 67,4

Caminhão basculante 54,7

Caminhão betoneira 57,2

Caminhão betoneira / lavagem 62,5

Caminhão münck 63,0

Caminhonete 60,9

Caminhonete diesel 56,6

Carreta c/container 64,0

Freio ar carreta 64,2

Pá carregadeira 62,5

Retroescavadeira 64,1

Serra disco 58,0

Vibrador concreto 58,2

Fonte: MRS Estudos Ambientais Ltda. 1998.

Toda a população disposta num raio de até 240 metros dos limites do terreno será

atingida.

4.3.3.2 Fase de operação

Os ruídos gerados na operação do empreendimento são oriundos predominantemente

da turbina e equipamentos agregados. Tomando-se por base informações obtidas

junto ao fabricante das turbinas, o nível de ruído mais acentuado é gerado junto à

Page 39: RIMA 2010 10 19 - semace.ce.gov.br · IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ... INCRA Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária ... PPT Programa Prioritário

Relatório de Impacto Ambiental do Projeto Usina Termelétrica ENDESA Fortaleza II

Caucaia - CE

24

chaminé de exalação dos fumos oriundos da queima do gás. O nível de ruído é na

ordem de 90 dB(A), medidos a 1 metro do ponto de geração máxima.

4.3.3.3 Controle, Tratamento e Destinação Proposta

A população de trabalhadores da própria usina e prestadores de serviço (empreiteiros)

deverá ser protegida por medidas previstas na legislação de Higiene e Segurança do

Trabalho (Portaria 3.214/78 da CLT), particularmente Normas Regulamentadoras nos 7,

9 e 15 (Tabela 7).

Tabela 7 - Resposta estimada da comunidade ao ruído na fase de implantação, de acordo com a distância / NBR 10.151/87 / Aplicada curva de decaimento logarítmico

(Obs.: área não habitada) Distância dos limites do

terreno dB(A)(*)Resposta potencial estimada da comunidadeCategoria Descrição

Até 15 m 30,4 Muito enérgicas Ação comunitária vigorosa

De 15 m até 30 metros 24,4 Muito enérgicas Ação comunitária vigorosa

De 30 m até 60 metros 18,4 Enérgicas Ação comunitária

De 60 m até 120 metros 12,4 Média Queixas generalizadas

De 120 m até 240 metros 6,4 Pouca Queixas esporádicas

De 240 m até 480 metros 0,4 Nenhuma Não se observa reação

(*)dB(A): Valor em dB(A) pelo qual o nível sonoro de fonte ultrapassa o nível de ruído ambiente.

Quanto aos ruídos gerados nas turbinas e equipamentos agregados, tendo em vista a

atenuação do nível de ruído propagado ao ar livre em decorrência da distância (curva

de decaimento logarítmico / atenuação de aproximadamente 6 dB(A) a cada dobra da

distancia), entende-se que concentricamente a este ponto haverá atenuação de

acordo com a Tabela 8 apresentado adiante.

Quanto maior o nível do ruído de fundo, menor será a influência e a percepção do ruído de

fonte (usina) e vice-versa.

Tabela 8 - Resposta estimada da comunidade ao ruído na fase de operação, de acordo com a distância / NBR 10.151/87 / Aplicada curva de decaimento logarítmico (Obs.: área não habitada)

Distância à intersecção das chaminés (m)

Nível de ruído (dB(A))

Valor em dB(A) pelo qual o nível sonoro de fonte ultrapassa o nível

de ruído ambiente.

Resposta potencial estimada da comunidade

conf. NBR 10.151/87 Categoria Descrição

1 93 -x- -x- -x-

32 63 dB(A) = 26 dB Muito Enérgicas

Ação comunitária vigorosa

64 57 dB(A) = 20 dB Enérgicas Ação comunitária

128 51 dB(A) = 14 dB Média Queixas generalizadas

256 45 dB(A) = 8 dB Pouca Queixas esporádicas

512 39 dB(A) = 2 dB Nenhuma Não se observa reação

Page 40: RIMA 2010 10 19 - semace.ce.gov.br · IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ... INCRA Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária ... PPT Programa Prioritário

Relatório de Impacto Ambiental do Projeto Usina Termelétrica ENDESA Fortaleza II

Caucaia - CE

25

4.3.4 EFLUENTES LÍQUIDOS

4.3.4.1 Fase de Construção e Operação

Fazem parte do sistema de efluentes:

Efluentes de drenos, lavagem de pisos em geral dos prédios industriais e oficinas

e das áreas onde houver estocagem de óleo, que serão tratados em separador

de água e óleo antes da água recuperada ser conduzida à ETE e o óleo

separado tratado de maneira adequada. O uso e manutenção apropriada do

separador água/óleo assegura que as descargas obedeçam a diretrizes

estabelecidas pelos órgãos ambientais. Após neutralização de pH, são lançados

no emissário da CAGECE.

Efluentes da descarga da caldeira de recuperação, da descarga da torre de

resfriamento, da descarga da estação de tratamento de água potável e

desmineralizada, cujo pH é neutralizado antes de seu lançamento no emissário

da CAGECE.

Efluentes sanitários, que serão conduzidos para a rede de coleta de esgoto

sanitário e tratados em sistema formado por decantodigestor, filtro anaeróbio,

câmara de cloração e vala de infiltração com tempo de retenção hidráulico de no

mínimo 8 horas. Estima-se que, durante o pico das obras, o volume total de

efluentes sanitários será de 210 m3/dia e na fase de operação, 3m3/dia.

4.3.4.2 Controle, Tratamento e Destinação Proposta

Após correção de pH, os efluentes industriais da UTE ENDESA Fortaleza II serão

enviados ao emissário da CAGECE, que os lançará no mar, em ponto situado junto ao

píer do Porto de Pecém.

A Tabela 9 apresenta a estimativa de efluentes industriais que serão lançados na ETE.

Tabela 9 - Estimativa de lançamento de efluentes industriais

ORIGEM QUANTIDADE

Purga da torre de resfriamento ~2.160 m3/dia

Purga do sistema de condensado das caldeiras de recuperação ~288 m3/dia

Efluente do sistema de desmineralização ~1.488 m3/dia

TOTAL ~3.936 m3/dia

A usina disporá de sistema de monitoramento de efluentes industriais e sanitários nas

mesmas configurações da usina existente.

Page 41: RIMA 2010 10 19 - semace.ce.gov.br · IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ... INCRA Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária ... PPT Programa Prioritário

Relatório de Impacto Ambiental do Projeto Usina Termelétrica ENDESA Fortaleza II

Caucaia - CE

26

Serão monitorados os seguintes parâmetros dos efluentes industriais: óleo e graxas,

pH, sólidos suspensos totais, cromo, cobre, ferro e zinco. Quanto aos efluentes

sanitários, serão monitorados: óleo e graxas, pH e sólidos suspensos totais.

4.4 MATÉRIA-PRIMA

Além do gás utilizado no processo, serão utilizadas quantidades limitadas de óleos

lubrificantes, produtos químicos a serem utilizados no processo de tratamento de água

e diversos outros produtos químicos industriais serão armazenados no local (Figura 16

e Figura 17).

Figura 16 - Entrada do almoxarifado onde são estocados os produtos químicos

Figura 17 - Vista interna do local de armazenagem de produtos químicos

Serão adotados procedimentos similares aos já implantados na usina existente (caixas

de recolhimento de águas do piso da área de estocagem de produtos químicos) no

que se refere à prevenção de poluição, para que as águas pluviais não sejam

contaminadas por produtos químicos utilizados no local.

4.5 PERFIL DO VENTO NA ÁREA DO EMPREENDIMENTO

A velocidade do vento segundo a estação meteorológica da FUNCEME varia entre 2,5

m/s a 4,5 m/s no intervalo de ano, com valores máximos de agosto a setembro e

mínimos de março a abril. A direção predominante é de Sudeste e Leste, com uma

frequência menor da direção norte nos primeiros quatro meses do ano. O padrão de

variação dos valores da velocidade média dos ventos mostra a existência de ciclo

anual com o mínimo no mês de março e o máximo no mês de setembro.

Page 42: RIMA 2010 10 19 - semace.ce.gov.br · IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ... INCRA Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária ... PPT Programa Prioritário

Relatório de Impacto Ambiental do Projeto Usina Termelétrica ENDESA Fortaleza II

Caucaia - CE

27

4.6 MÃO-DE-OBRA PREVISTA

Estima-se que a mão-de-obra envolvida na etapa de construção e montagem atingirá

um pico de aproximadamente 2.000 pessoas. A previsão para a finalização do

empreendimento é de 36 meses a partir do início das obras.

Aproximadamente 15 pessoas serão empregadas na etapa de operação (20 anos),

correspondente à vida útil estimada dos equipamentos e da usina.

 Mão-de-obra prevista para as Obras

0

250

500

750

1000

1250

1500

1750

2000

1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35

Meses

Mão

de

Ob

ra

Figura 18 - Mão-de-obra prevista para as obras

Page 43: RIMA 2010 10 19 - semace.ce.gov.br · IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ... INCRA Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária ... PPT Programa Prioritário

Relatório de Impacto Ambiental do Projeto Usina Termelétrica ENDESA Fortaleza II

Caucaia - CE

28

5 DIAGNÓSTICO AMBIENTAL

5.1 DEFINIÇÃO DAS ÁREAS DE INFLUÊNCIA

A área de influência de um empreendimento corresponde ao espaço geográfico onde

ocorrem, direta ou indiretamente, as interações entre as atividades desenvolvidas pela

usina, tanto na fase de implantação quanto de operação, com o meio ambiente. Estas

interações se dão através dos meios físico, biótico e sócio-econômico.

As áreas definidas como de influência direta e indireta da UTE ENDESA Fortaleza II

estão indicadas na Figura 19 e Figura 20.

5.1.1 MEIO FÍSICO

5.1.1.1 Qualidade do Ar

A extensão do impacto de uma ou mais fontes de emissão de poluentes atmosféricos

é estudada em uma região, horizontal e verticalmente definida. Os limites espaciais

devem ser previamente delimitados, de modo a possibilitar a utilização dos modelos

de previsão dos futuros incrementos de impacto e localizá-los nos pontos-receptores.

Horizontalmente, esta região é denominada área de influência, caracterizada por sua

topografia peculiar, que abrange os locais normalmente visitados e visualizados em

campo. Verticalmente, apresenta-se o ingrediente mais importante, a atmosfera

turbulenta, o meio fluído de transporte e diluição dos poluentes emitidos pelas

chaminés.

No interior desta área, também conhecida como Área de Influência Indireta (AII),

está englobada a zona onde ocorrem os máximos impactos, região esta denominada

Área de Influência Direta (AID) dos impactos, isto é, porção da área de influência

onde os efeitos da usina predominam ou são significativos sobre os efeitos de outras

fontes estacionárias de emissão. A exata extensão desta área é de difícil precisão,

sendo variável, em função das fontes consideradas e dos parâmetros meteorológicos

(velocidade, direção do vento e altura da camada de mistura).

5.1.1.2 Ruído

Área de Influência Direta (AID): Tendo em vista que os níveis de ruído (pressão

sonora) gerados pelo empreendimento entende-se que a área de influência direta do

agente limita-se àquela onde o ruído de fundo é alterado por ação do ruído de fonte.

Page 44: RIMA 2010 10 19 - semace.ce.gov.br · IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ... INCRA Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária ... PPT Programa Prioritário

Relatório de Impacto Ambiental do Projeto Usina Termelétrica ENDESA Fortaleza II

Caucaia - CE

29

Tal situação é observada dentro de um círculo com raio de aproximadamente 512 m,

sendo que, a partir desta distância, o ruído de fonte já não será percebido. Alguma

alteração do ruído nesta área pode ser trazida pela ação dos ventos.

5.1.1.3 Recursos Hídricos

Área de Influência Direta (AID): Açude Sítios Novos, que irá atender à demanda de

água do empreendimento.

5.1.1.4 Geotecnia e Solos

Área Diretamente Afetada (ADA): Local de construção do empreendimento, onde

efetivamente serão alteradas as condições do solo em função dos serviços de

terraplenagem e execução de fundações das estruturas.

5.1.2 MEIO BIÓTICO

Área de Influência Direta (AID): Local de construção do empreendimento, onde haverá

supressão de vegetação para execução das obras.

Área de Influência Indireta (AII): Raio de 3 km a partir do centro das chaminés da

UGTF e ampliação, que inclui a zona onde ocorrerão os impactos mais significativos

relacionados à qualidade do ar e aumento dos níveis de ruído.

5.1.3 MEIO ANTRÓPICO

5.1.3.1 Socioeconomia

Área de influência Direta (AID): Municípios de Caucaia e São Gonçalo do Amarante,

sendo a localização da UTE ENDESA Fortaleza II, e o Complexo Industrial e Portuário

do Pecém se encontra em ambos os municípios.

Área de Influência Indireta (AII): Estado do Ceará, incluindo o CIPP, que será

beneficiada com a energia gerada na usina.

Page 45: RIMA 2010 10 19 - semace.ce.gov.br · IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ... INCRA Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária ... PPT Programa Prioritário

Relatório de Impacto Ambiental do Projeto Usina Termelétrica ENDESA Fortaleza II

Caucaia - CE

30

Figura 19 - Áreas de Influência (A)

Page 46: RIMA 2010 10 19 - semace.ce.gov.br · IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ... INCRA Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária ... PPT Programa Prioritário

Relatório de Impacto Ambiental do Projeto Usina Termelétrica ENDESA Fortaleza II

Caucaia - CE

31

Figura 20 - Áreas de Influência (B)

Page 47: RIMA 2010 10 19 - semace.ce.gov.br · IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ... INCRA Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária ... PPT Programa Prioritário

Relatório de Impacto Ambiental do Projeto Usina Termelétrica ENDESA Fortaleza II

Caucaia - CE

32

5.2 DIAGNÓSTICO DO MEIO FÍSICO

5.2.1 GEOLOGIA

5.2.1.1 Geologia Local

5.2.1.1.1 Aspectos Litológicos e Estruturais

A região do empreendimento está situada nas proximidades da sub-bacia Mundaú,

segmento compreendido entre a Falha de Sobral e o Alto de Fortaleza. A sub-bacia é

composta pelas seguintes unidades:

Formação Mundaú: Constituída por arenitos de coloração cinza-médio, finos a

grossos, intercalados com folhelho cinza-escuro, laminado e carbonoso.

Formação Paracuru: Composta por três litologias distintas. Na base, ocorrem arenitos

de granulometria variável e folhelhos cinzentos intensamente bioturbados. Na parte

média, distingue-se o Membro Trairi, caracterizado por uma camada carbonática rica

em calcilutito, ostracodes, dolomito e calcário nodular, com folhelho carbonoso e

halita. A parte superior da unidade é composta por folhelho síltico cinzento, com raras

intercalações de calcilutito creme e arenito fino.

Formação Ubarana: na Bacia do Ceará, duas seqüências podem ser reconhecidas: 1)

Membro Uruburetama, constituído de folhelho calcífero cinza-esverdeado e siltito

argiloso cinzento, com até 400 m de espessura; e 2) Membro Itapagé, composto por

1400 m de siltito, folhelho e marga cinzentos, calcilutito creme e arenito turbidítico fino

a grosso.

Formações Guamaré e Tibau: compostas por fácies carbonática e siliciclástica de

alta energia, depositadas em ambiente nerítico e litorâneo.

Formação Macau: ocorre na Sub-Bacia de Mundaú na forma de corpos intrusivos de

diabásio e extrusivos de basalto

O embasamento da região na qual é planejada a implantação da usina consiste no

Complexo Gnáissico-Migmatítico, que representa o embasamento cristalino, com

posicionamento no Proterozóico Inferior.

Nas proximidades da área do empreendimento, junto à região litorânea, ocorre a

Formação Barreiras, composta por sedimentos inconsolidados, variegados, que

ocorrem de forma contínua ao longo de toda a faixa costeira, desde o Rio de Janeiro

até o Amazonas.

A Figura 21 apresenta o mapa geológico da região do empreendimento e de seu

entorno, definindo as unidades geológicas ocorrentes.

Page 48: RIMA 2010 10 19 - semace.ce.gov.br · IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ... INCRA Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária ... PPT Programa Prioritário

Relatório de Impacto Ambiental do Projeto Usina Termelétrica ENDESA Fortaleza II

Caucaia - CE

33

Figura 21 - Mapa geológico local

Page 49: RIMA 2010 10 19 - semace.ce.gov.br · IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ... INCRA Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária ... PPT Programa Prioritário

Relatório de Impacto Ambiental do Projeto Usina Termelétrica ENDESA Fortaleza II

Caucaia - CE

34

5.2.1.2 Características Geotécnicas da Área

5.2.1.2.1 Geotecnia local

Conforme os dados obtidos nas sondagens efetuadas no EIA/RIMA da usina existente,

o nível estático do aqüífero local varia conforme a topografia, tendo sido obtidos

valores da ordem de 2,5 a 9,5 m.

A área, conforme as sondagens e ensaios efetuados é caracterizada pela presença de

três unidades distintas:

Cobertura superior argilo-arenosa de cor cinza amarelada a cinza escuro. Estes

sedimentos são predominantes nas áreas de cotas mais inferiores, inundáveis, e ao

longo das drenagens locais.

Camada argilo-conglomerática inconsolidada, coloração castanho a castanho

avermelhada. Ocorre ao longo de toda a área, aflorante ou sob a camada anterior,

repousando sobre o embasamento cristalino local.

Embasamento cristalino regional, com gnaisses e migmatitos alterados e muito

fraturados, cortados por veios pegmatíticos, muito compactos e impenetráveis ao

ensaio SPT. Neste embasamento, encontram-se cacimbas escavadas manualmente

que podem atingir até cerca de 10 m de profundidade.

5.2.1.3 Recursos Minerais

Conforme dados do Departamento Nacional da Produção Mineral, o município de

Caucaia comporta 59 processos de extração mineral, destacando-se a explotação de

areia e saibro para construção civil, granito, argila para uso industrial e, próximo ao

limite do município a sudoeste, calcário para uso industrial.

Em São Gonçalo do Amarante, município vizinho, há um total de 19 processos de

extração mineral, destacando-se a explotação de areia para usos industrial e

construção civil, granito para uso industrial e quartzito como material para

revestimento.

Em Paracuru, município próximo, há 30 processos junto ao DNPM, predominando a

extração de areia para uso industrial.

O mapeamento da AII do empreendimento permitiu visualizar algumas minas em

atividade, sendo elas visualizadas na Figura 22.

Page 50: RIMA 2010 10 19 - semace.ce.gov.br · IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ... INCRA Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária ... PPT Programa Prioritário

Relatório de Impacto Ambiental do Projeto Usina Termelétrica ENDESA Fortaleza II

Caucaia - CE

35

Figura 22 - Jazida de extração de materiais para construção civil junto à rodovia BR-222 (saibro e

granito).

5.2.1.4 Pedologia

5.2.1.4.1 Tipos de solos ocorrentes na região

Segundo Turetta (2007) a região do empreendimento situa-se sobre solos do tipo

ARGISSOLOS VERMELHOS, vinculados preferencialmente à Formação Barreiras, havendo,

ainda, contribuição de PLANOSSOLOS HÁPLICOS (Figura 23).

Os ARGISSOLOS predominam nas proximidades da zona costeira, onde a contribuição de

rochas com conteúdo de sedimentos finos é maior, estando em contato direto com solos do tipo

NEOSSOLO FLÚVICO. Ao longo do município de São Gonçalo do Amarante os ARGISSOLOS

ocupam uma ampla região, sendo cortados por PLANOSSOLOS nas proximidades dos cursos

hídricos contribuintes. Em Caucaia predominam PLANOSSOLOS, havendo ocorrências de

ARGISSOLOS nas proximidades da zona costeira.

Os ARGISSOLOS AMARELOS compreendem, segundo Gomes (2007), solos com horizonte B

textural dominante com argila de baixa atividade, profundos a muito profundos e com

seqüência de horizontes tipo A, E, Bt, Cr e R. Apresenta cores variando entre tonalidades

vermelho-amareladas a bruno-acinzentadas, normalmente na matiz 10YR.

Os ARGISSOLOS AMARELOS ocorrem em condições de relevo plano a suave

ondulado (Figura 24 e a Figura 25), sendo moderada a imperfeitamente drenados,

porosos a muito porosos e de textura variando de arenosa média a argilosa.

Page 51: RIMA 2010 10 19 - semace.ce.gov.br · IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ... INCRA Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária ... PPT Programa Prioritário

Relatório de Impacto Ambiental do Projeto Usina Termelétrica ENDESA Fortaleza II

Caucaia - CE

36

Figura 23 – Mapa de Solos

Page 52: RIMA 2010 10 19 - semace.ce.gov.br · IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ... INCRA Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária ... PPT Programa Prioritário

Relatório de Impacto Ambiental do Projeto Usina Termelétrica ENDESA Fortaleza II

Caucaia - CE

37

Figura 24 - Relevo característico de ARGISSOLOS AMARELOS

Figura 25 - Relevo e vegetação indicativos da ocorrência de ARGISSOLOS AMARELOS

Além destes fatores limitantes ao uso agrícola, apresentam elevada tendência de deflagração

de processos erosivos, além de uma elevada saturação de sódio nos horizontes

subsuperficiais, estrutura colunar ou prismática no horizonte B e somas de bases trocáveis

elevadas. Em adição, ainda segundo Turetta (2007), o horizonte B não apresenta condições

físicas favoráveis à penetração das raízes em função do excesso de água durante o período

chuvoso e o ressecamento durante o período seco.

5.2.1.4.2 Processos Erosivos de Sedimentação

A descaracterização do terreno natural, compactação e impermeabilização do solo

resultam na modificação da infiltração, escoamento subsuperficial e superficial natural,

com consequente ativação de processos erosivos (erosão laminar, sulcamento,

ravinamento e voçorocamento). Esses fenômenos erosivos são frequentemente

promotores de processos de assoreamento de corpos d’água, sistemas naturais e

artificiais de coleta e adução de águas pluviais, pelo carreamento de sedimentos.

Na área do empreendimento, por apresentar relevo bastante plano, as chances de

ocorrência de processos erosivos é reduzida. Porém, devido à declividade do terreno

apresentar caimento preferencial para SE, existe uma chance de ocorrer deposição de

sedimentos no açude.

No entanto, durante as obras e operação do empreendimento será executado o Erro!

Fonte de referência não encontrada., a fim de garantir a contenção de processos

erosivos, bem como sedimentação do açude próximo.

5.2.1.4.3 Áreas de Risco Geotécnico

Os fatores condicionantes de inundações, enchentes e alagamentos em regiões

costeiras são de origem natural e antrópica (Souza, 1998). Os condicionantes naturais

são divididos em: climático-meteorológicos, geológico-geomorfológicos das bacia de

drenagem, flúvio-hidrológicos, e oceanográficos. Os condicionantes antrópicos

Page 53: RIMA 2010 10 19 - semace.ce.gov.br · IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ... INCRA Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária ... PPT Programa Prioritário

Relatório de Impacto Ambiental do Projeto Usina Termelétrica ENDESA Fortaleza II

Caucaia - CE

38

resultam de intervenções humanas diretas ou indiretas nas bacias de drenagem

(Souza, 2004).

Os alagamentos ocorrem em áreas distantes dos canais, em terrenos com ocupação

antrópica e baixo coeficiente de escoamento superficial (fluxos de baixa velocidade)

(Souza, 2004). Na ADA e AID do empreendimento, nas proximidades do açude, existe

o risco de alagamentos ocasionado pela presença de maior quantidade de argila nesta

área. Porém, o projeto é dotado de alternativas técnicas construtivas e de contenção,

o qual irá garantir possíveis impactos ao meio ambiente e ao empreendimento.

5.2.1.5 Hidrogeologia

5.2.1.5.1 Províncias Hidrogeológicas

A região do empreendimento encontra-se próxima à divisa entre duas Províncias

Hidrogeológicas, sendo elas a Costeira e a do Escudo Oriental.

A Província Costeira, segundo dados da ABAS (disponível na web), abrange

praticamente toda a costa brasileira, tendo características bastante diversificadas em

função de abranger várias bacias sedimentares costeiras com diferentes idades e

características geológicas. No estado do Ceará destacam-se os sistemas aqüíferos

Dunas e Barreiras, amplamente utilizados para abastecimento humano.

A Província Escudo Oriental do Nordeste apresenta pequena disponibilidade hídrica

em decorrência da formação de rochas cristalinas. Aqui é comum as águas

apresentarem elevados teores de sais, restringindo ou mesmo impossibilitando seu

uso.

5.2.1.5.2 Características Hidrogeológicas de Caucaia

Segundo o sistema SIAGAS da CPRM (disponível na web), o município de Caucaia

dispõe de uma grande rede de poços de captação de águas subterrâneas, sendo dois

destes próximos ao local de implantação do empreendimento.

Entretanto, uma caracterização de maior detalhe torna-se dificultada, uma vez que a

rede carece de informações sobre as condições de vazão e qualidade das águas

nestes poços. As informações disponíveis apenas determinam uma profundidade

média do corpo dos poços da ordem de 60 a 64 m, com baixa vazão medida após a

estabilização do poço (em torno de 0,5 m³/h).

Page 54: RIMA 2010 10 19 - semace.ce.gov.br · IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ... INCRA Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária ... PPT Programa Prioritário

Relatório de Impacto Ambiental do Projeto Usina Termelétrica ENDESA Fortaleza II

Caucaia - CE

39

5.2.2 GEOMORFOLOGIA

5.2.2.1 Unidades e Feições Geomorfológicas Regionais

Geomorlogicamente, a zona da UTE ENDESA Fortaleza II está inserida no

compartimento de relevo da Depressão Sertaneja. Localmente há a ocorrência de

xistos micáceos e gnaisses ricos em feldspato, mais susceptíveis aos agentes

erosivos, proporcionando o desenvolvimento de zonas aplainadas, topograficamente

mais abatidas. A Figura 26 ilustra a compartimentação do relevo nas porções

rebaixadas, enquanto a Figura 27 apresenta o Mapa geomorfológico da região.

Figura 26 - Vista geral da compartimentação do relevo nas porções rebaixadas (domínio proposto

para a implantação do empreendimento)

Page 55: RIMA 2010 10 19 - semace.ce.gov.br · IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ... INCRA Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária ... PPT Programa Prioritário

Relatório de Impacto Ambiental do Projeto Usina Termelétrica ENDESA Fortaleza II

Caucaia - CE

40

Figura 27 - Mapa geomorfológico

Page 56: RIMA 2010 10 19 - semace.ce.gov.br · IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ... INCRA Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária ... PPT Programa Prioritário

Relatório de Impacto Ambiental do Projeto Usina Termelétrica ENDESA Fortaleza II

Caucaia - CE

41

5.2.2.1.1 Planície Litorânea

Apresenta uma disposição contínua desde a foz do rio Ceará (E), até a área da Praia

da Taíba (NW) na fronteira dos municípios de São Gonçalo do Amarante com

Paracuru. Na porção nordeste do município de Caucaia, a planície litorânea é estreita,

especialmente nas áreas imediatamente a oeste da foz do rio Ceará, sendo tal

fenômeno motivado pela ocorrência de falésias esculpidas em terrenos de Formação

Barreiras, como a Praia de Iparana. A partir da Praia de Tabuba a planície assume

largura significativa, superior a 1 km. Nas áreas de Cauipe e do porto de Pecém a

largura é ainda mais considerável e comumente se aproxima de 2 km.

Submetida à influência dos processos variados e a uma intensa ação morfodinâmica,

a planície litorânea apresenta uma acentuada variação de feições morfológicas,

destacando-se a faixa praial, campos de dunas móveis (Figura 28), campos de dunas

fixas, paleodunas, planície flúvio-marinha, planície lacustre e flúvio-lacustre e

promontórios.

Figura 28 - Dunas móveis avançando sobre áreas edificadas

Nas praias da porção nordeste do município de Caucaia a abrasão marinha tem sido

intensificada, expondo evidências da preponderância dos processos de degradação

em relação à sedimentação. Os altos topográficos têm sido afetados pela abrasão

marinha, conduzindo a um evidente recuo da linha de costa.

5.2.2.1.2 Planícies Fluviais

Estas planícies se desenvolvem nas porções laterais dos cursos hídricos, sendo

resultantes da deposição de sedimentos aluviais de textura fina. As planícies fluviais

dos rios Ceará, Cauípe, Juá e São Gonçalo se expandem na medida em que os rios

drenam terrenos do embasamento cristalino e penetram na área de sedimentos

Page 57: RIMA 2010 10 19 - semace.ce.gov.br · IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ... INCRA Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária ... PPT Programa Prioritário

Relatório de Impacto Ambiental do Projeto Usina Termelétrica ENDESA Fortaleza II

Caucaia - CE

42

inconsolidados de Formação Barreiras. Apresentam morfologia plana com restritos

desníveis, sendo compostas por sedimentos finos com variados percentuais de areia.

5.2.2.1.3 Glacis Pré-Litorâneos Dissecados em Tabuleiros

Nos pontos do litoral onde aflora a Formação Barreiras se formam falésias com alturas

entre 3 e 6 m, constituindo o limite da planície litorânea. Secundariamente, encontra-

se formando recifes com cimentação por óxido de ferro ou argila, e, neste caso, os

sedimentos se apresentam mais litificados e estão relacionados com o retrocesso da

costa por erosão das falésias. De forma geral os glacis têm níveis altimétricos que

variam de 30 a 40 m no interior, com caimento topográfico suave na direção da faixa

costeira.

5.2.2.1.4 Depressões Sertanejas

Dispõem-se ao sul da superfície dos tabuleiros, sendo composta por rochas pré-

cambrianas do embasamento cristalino. Correspondem a uma vasta superfície de

erosão truncando indistintamente variados tipos de rochas através de processos de

morfogênese mecânica de pediplanação. A morfologia da área apresenta superfícies

pedimentadas como rampas topográficas de declives suaves que se orientam para os

fundos de vales e em direções ao litoral. Os interflúvios têm aspectos variados, sendo

predominantemente de topos planos ou se apresentam como colinas rasas de topos

quase convexos. Esta unidade compreende a UTE atual e a objeto do presente EIA.

5.2.2.1.5 Maciços Residuais

Os maciços residuais consistem em relevos serranos resultantes das ações de erosão

diferencial. São constituídos por rochas graníticas e migmatitos cuja maior resistência

propiciou o aplainamento e rebaixamento das depressões sertanejas circunjacentes,

composta por rochas mais tenras. Consistem em estruturas dissecadas em formas

aguçadas ou convexas e têm vertentes com declives íngremes, possuindo, ainda,

melhores condições de unidade e as vertentes voltadas para barlavento apresentam

solos mais espessos e recobrimento vegetal de porte arbóreo.

5.2.2.2 Geomorfologia da ADA

O local planejado para a implantação da nova unidade apresenta um relevo pouco

acidentado, com variação máxima de elevação de 13 m (cota 21 a 34 m), situa-se a

montante do açude, em uma condição topográfica de baixa declividade entre as cotas

26 e 29 m.

A Figura 29 apresenta o mapa topográfico da AID do empreendimento, permitindo

verificar a situação da topografia local.

Page 58: RIMA 2010 10 19 - semace.ce.gov.br · IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ... INCRA Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária ... PPT Programa Prioritário

Relatório de Impacto Ambiental do Projeto Usina Termelétrica ENDESA Fortaleza II

Caucaia - CE

43

Figura 29 - Mapa Topográfico

Page 59: RIMA 2010 10 19 - semace.ce.gov.br · IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ... INCRA Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária ... PPT Programa Prioritário

Relatório de Impacto Ambiental do Projeto Usina Termelétrica ENDESA Fortaleza II

Caucaia - CE

44

5.2.3 CLIMATOLOGIA E HIDROLOGIA

O clima é um dos componentes do meio ambiente que afeta as principais bases da

vida da humanidade, como: ar, água, alimento e abrigo. O clima e as variações

climáticas de uma região exercem influências significativas nas atividades antrópicas e

na fauna e flora, sendo que as interfaces no desenvolvimento das atividades

dependem das formas de adaptação da sociedade e da natureza.

5.2.3.1 CLIMA DA REGIÃO NORDESTE

Do ponto de vista climático, a região Nordeste do Brasil é considerada semiárida por

apresentar substanciais variações temporal e espacial da precipitação pluviométrica, e

elevadas temperaturas ao longo do ano (Azevedo et al, 1998). Apesar das elevadas

temperaturas registradas durante todo o ano, as amplitudes térmicas máximas são em

torno de 6ºC (Ferreira & Mello, 2005).

5.2.3.1.1 Zona de Convergência Intertropical - ZCIT

O clima do Nordeste Brasileiro é fortemente influenciado pela presença da Zona de

Convergência Intertropical (ZCIT), caracterizada como uma zona de baixa pressão

atmosférica, com chuvas e trovoadas originadas pela convergência dos ventos alísios

dos dois hemisférios e a decorrente formação de massa de nuvens que resulta em

precipitações (Fontes & Correia, 2009).

5.2.3.1.2 Frentes Frias

Outro importante mecanismo causador de chuvas no Nordeste do Brasil está ligado à

penetração de frentes frias até as latitudes tropicais entre os meses de novembro a

janeiro (Ferreira & Mello, 2005).

As frentes frias são bandas de nuvens organizadas que se formam na região de

confluência entre uma massa de ar frio (mais densa) com uma massa de ar quente

(menos densa). A massa de ar frio penetra por baixo da quente, como uma cunha, e

faz com que o ar quente e úmido suba, forme as nuvens e, consequentemente, as

chuvas.

5.2.3.1.3 Vórtice Ciclônico de Altos Níveis

O Vórtices Ciclônicos de Altos Níveis (VCAN) que penetram na região Nordeste do

Brasil formam-se no Oceano Atlântico, principalmente entre os meses de novembro e

março, e sua trajetória normalmente é de leste para oeste, com maior frequência entre

os meses de janeiro e fevereiro, conforme demonstrado por Gan e Kousky (1982). O

Page 60: RIMA 2010 10 19 - semace.ce.gov.br · IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ... INCRA Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária ... PPT Programa Prioritário

Relatório de Impacto Ambiental do Projeto Usina Termelétrica ENDESA Fortaleza II

Caucaia - CE

45

tempo de vida desses sistemas varia, em média, entre 7 e 10 dias (Ferreira & Mello,

2005).

Os VCANS são um conjunto de nuvens que, observado pelas imagens de satélite, tem

a forma aproximada de um círculo girando no sentido horário. Na sua periferia há a

formação de nuvens causadoras de chuva e no centro há movimentos de ar de cima

para baixo (subsidência), aumentando a pressão e inibindo a formação de nuvens

(Ferreira & Mello, 2005).

5.2.3.2 Climatologia da Área de Influência

5.2.3.2.1 Perfil dos Ventos

A velocidade do vento segundo a estação meteorológica da FUNCEME varia entre 2,5

m/s a 4,5 m/s no intervalo de ano, com valores máximos de agosto a setembro e

mínimos de março a abril. A direção predominante é de Sudeste e Leste, com uma

frequência menor da direção norte nos primeiros quatro meses do ano. O padrão de

variação dos valores da velocidade média dos ventos mostra a existência de ciclo

anual com o mínimo no mês de março e o máximo no mês de setembro.

Na região litorânea do estado do Ceará, a distribuição dos valores médios anuais da

velocidade para o período 1993-1996 mostra uma tendência de crescimento de SE-

NW, associada a uma variação do vetor direção do tipo anti-ciclônico. Este padrão de

variação mantém-se praticamente constante durante o ano e reflete a influência da

proximidade da ZCIT nas estações situadas na porção mais ao norte do litoral. Os

valores da velocidade média nas estações do litoral do estado do Ceará são

geralmente superiores em 3 m/s aos valores da estação FUNCEME. Esta discrepância

deve-se provavelmente aos efeitos da urbanização na região metropolitana de

Fortaleza, na qual está situada a estação FUNCEME.

Para a realização do estudo de dispersão para o prognóstico da qualidade do ar,

foram utilizados dados meteorológicos referentes a vento disponibilizados pela torre

meteorológica instalada na AID da UTE ENDESA Fortaleza.

5.2.3.2.2 Temperatura

O regime térmico da área em enfoque neste estudo caracteriza-se por temperaturas

elevadas com amplitude reduzidas de variação. A temperatura média anual é de 26,9

ºC com variações inferiores a 5 ºC. A variação anual da temperatura apresenta valores

mínimos nos meses de junho e agosto (26,3 ºC) e máximos no período de outubro a

janeiro (27,6 ºC). A temperatura média nos últimos 20 anos apresenta uma tendência

crescente com uma taxa de aumento de 0,8 ºC para o período ou 4 ºC/século. As

variações médias anuais obtidas na estação FUNCEME podem também refletir os

efeitos da urbanização da região metropolitana de Fortaleza, e em geral estão 2

Page 61: RIMA 2010 10 19 - semace.ce.gov.br · IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ... INCRA Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária ... PPT Programa Prioritário

Relatório de Impacto Ambiental do Projeto Usina Termelétrica ENDESA Fortaleza II

Caucaia - CE

46

ºC/século acima da tendência global de aumento da temperatura superficial medida

pela rede climatológica mundial (Global Historical Climate Network).

5.2.3.2.3 Umidade do Ar

A umidade relativa do ar é a relação existente entre a umidade absoluta do ar e a

umidade do mesmo ar no ponto de saturação a mesma temperatura. Foram

analisados os períodos entre 1931 a 1960 e 1961 a 1990. Para o primeiro período,

observou-se a maior umidade relativa registrada em 82,0% no mês de abril, e a menor

registrada em 73,0% para o mês de outubro. Já no segundo período, o maior valor

registrado foi de 85,0% no mês de abril e a menor umidade relativa registrada foi de

73,0% em outubro.

5.2.3.2.4 Evaporação e Evapotranspiração

Para poder retirar os nutrientes do solo, a planta necessita absorver também grandes

quantidades de água. Parte desta água (menos de 2%) tem o objetivo de atender as

necessidades fisiológicas da planta (constituição de órgãos, transporte de gases e

solutos, compor a fotossíntese, a hidrólise dos açúcares, etc.), o restante desta água é

transpirada (Biscaro, 2007).

A evapotranspiração (ETp)é a perda combinada de água para a atmosfera, na forma

de vapor, pelos processos de evaporação das superfícies e transpiração das plantas.

A ETp corresponde à água utilizada por uma extensa superfície vegetada, em

crescimento ativo e cobrindo totalmente o terreno, estando esse bem suprido de

umidade (Schimidt & Valiati, 2006). Os valores de Evapotranspiração estão dispostos

na Tabela 10, indicando o valor mensal da ETp.

Tabela 10 – Evapotranspiração mensal para a Área de Influência do Empreeendimento

MÊS  Temp. (ºC)  UR (%)  Etp (mm/ dia) 

Jan  27,4  78  5,05 

fev  27,1  79  4,89 

Mar  26,8  84  4,45 

Abr  26,9  85  4,41 

Mai  26,9  82  4,62 

Jun  26,4  80  4,62 

Jul  26,3  80  4,59 

Ago  26,4  75  4,96 

Set  26,9  74  5,18 

Out  27,2  71  5,50 

Nov  27,5  74  5,38 

Dez  27,6  76  5,26 

Page 62: RIMA 2010 10 19 - semace.ce.gov.br · IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ... INCRA Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária ... PPT Programa Prioritário

Relatório de Impacto Ambiental do Projeto Usina Termelétrica ENDESA Fortaleza II

Caucaia - CE

47

5.2.3.2.5 Componentes de Balanço Hídrico no Solo

O Balanço Hídrico do solo é um método de cálculo utilizado para determinar qual foi o

armazenamento de água em um solo em um ano específico, contabilizando todas as

entradas de água, por precipitação ou irrigação, e todas as saídas de água por

evapotranspiração. Com isso é possível determinar a disponibilidade de água em um

solo (Biscaro, 2007).

Cada tipo de solo possui sua capacidade de armazenamento que, quando atingida, faz

com que a água que estiver em excesso seja percolada ou ocorra o escoamento

superficial da mesma. A máxima capacidade de retenção de água de um solo, de

acordo com a vegetação (em pleno desenvolvimento) nele cultivada é um valor

tabelado que deve ser definido no início do cálculo do balanço hídrico.

A metodologia utilizada para o cálculo do balanço hídrico foi desenvolvida por

Thornthwaite e Matter em 1955 e utiliza as informações de precipitação total mensal

(mm), evapotranspiração potencial ‘total mensal (mm) e temperatura média mensal

(ºC) de uma região. A Tabela 11 e a Figura 30 apresentam os dados com os cálculos

do balanço hídrico.

Tabela 11 – Cálculo do Balanço Hídrico

Tempo T P ETP P-ETP NEG-AC ARM ALT ETR DEF EXC

Mês oC mm mm mm mm mm mm mm mm

Jan 27,4 65,265 156,55 -91,3 -91,3 40,14 -59,86 125,1 31,4 0,0

Fev 27,1 131,83 136,92 -5,1 -96,4 38,15 -1,99 133,8 3,1 0,0

Mar 26,8 291,55 137,95 153,6 0,0 100,00 61,85 138,0 0,0 91,7

Abr 26,9 284,93 132,3 152,6 0,0 100,00 0,00 132,3 0,0 152,6

Mai 26,9 183,845 143,22 40,6 0,0 100,00 0,00 143,2 0,0 40,6

Jun 26,4 76,64 138,6 -62,0 -62,0 53,82 -46,18 122,8 15,8 0,0

Jul 26,3 21,975 142,29 -120,3 -182,3 16,16 -37,66 59,6 82,7 0,0

Ago 26,4 9,025 153,76 -144,7 -327,0 3,80 -12,36 21,4 132,4 0,0

Set 26,9 10,475 155,4 -144,9 -471,9 0,89 -2,91 13,4 142,0 0,0

Out 27,2 7,39 170,5 -163,1 -635,0 0,17 -0,72 8,1 162,4 0,0

Nov 27,5 12,925 161,4 -148,5 -783,5 0,04 -0,14 13,1 148,3 0,0

Dez 27,6 24,565 163,06 -138,5 -922,0 0,01 -0,03 24,6 138,5 0,0

Page 63: RIMA 2010 10 19 - semace.ce.gov.br · IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ... INCRA Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária ... PPT Programa Prioritário

Relatório de Impacto Ambiental do Projeto Usina Termelétrica ENDESA Fortaleza II

Caucaia - CE

48

Figura 30 – Balanço Hídrico Climático

5.2.3.2.6 Regime de Chuvas

O regime pluviométrico da área em enfoque é definido como do tipo tropical, com uma

estação chuvosa concentrada em 4 meses consecutivos, e com um ciclo de variação

anual. Geralmente a estação chuvosa inicia em fevereiro, com um máximo no mês de

março, diminuindo progressivamente no resto do ano, alcançando valores mínimos

nos meses de setembro e novembro.

Na série de 1931 a 1960, a maior precipitação ocorrida em um período de 24 horas foi

no mês de maio, registrando 230mm de chuva e a menor no mês de outubro com

15mm. Já na série 1961 a 1990, a maior precipitação em um período de 24 horas foi

de 215mm no mês de fevereiro e a menor de 15mm no mês de novembro. A média

anual total é registrada em 1125,42 mm, segundo os dados da Estação Caucaia,

disponibilizado pela Agência Nacional de Águas.

5.2.3.3 Recursos Hídricos

A caracterização hidrológica regional tem como objetivo fornecer informações

relacionadas às condições hidrodinâmicas dos principais cursos hídricos formadores

da região, além de estabelecer os padrões atuais de qualidade das águas.

5.2.3.3.1 Caracterização Regional

Conforme o Anuário do Monitoramento Quantitativo dos Principais Açudes do Estado

do Ceará (COGERH, 2003) o estado está dividido em 11 bacias hidrográficas,

conforme visualizado na Figura 31 e na Tabela 12.

Page 64: RIMA 2010 10 19 - semace.ce.gov.br · IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ... INCRA Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária ... PPT Programa Prioritário

Relatório de Impacto Ambiental do Projeto Usina Termelétrica ENDESA Fortaleza II

Caucaia - CE

49

Tabela 12 - Relação das bacias hidrográficas no estado do Ceará (COGERH, 2003).

Número Bacia Hidrográfica Área (km²) Capacidade (m³) Número de

Açudes

1 Alto Jaguaribe 24.538 2.532.890.001 16

2 Salgado 12.216 447.409.997 13

3 Banabuiú 19.810 2.758.919.002 17

4 Médio Jaguaribe 10.509 148.019.995 9

5 Baixo Jaguaribe 12.216 27.700.000 1

6 Acaraú 14.423 1.396.535.023 11

7 Coreaú 10.500 284.589.997 9

8 Curu 9.000 1.068.355.013 13

9 Parnaíba 14.377 660.740.005 9

10 Metropolitanas 15.085 1.117.386.002 13

11 Litoral 8.619 98.289.997 7

Total 151.293 10.540.835.032 118

Figura 31 - Bacias hidrográficas do Ceará (COGERH, 2003).

No terreno onde é planejada a implantação do empreendimento existe apenas um

pequeno açude, com área total de 8.112 m² na entre as cotas 22 e 23 (cotas normais),

podendo, conforme o regime pluviométrico, assumir dimensões de 16.359 m² junto à

cota 23 e 44.453 m² na cota 24 (cota de máxima inundação do açude). Da Figura 32 a

Figura 35 demonstra-se a situação do açude existente no terreno.

Page 65: RIMA 2010 10 19 - semace.ce.gov.br · IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ... INCRA Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária ... PPT Programa Prioritário

Relatório de Impacto Ambiental do Projeto Usina Termelétrica ENDESA Fortaleza II

Caucaia - CE

50

Figura 32 - Vista geral do açude vizinho à planta atualmente existente

Figura 33 - Detalhe do açude existente na área

Figura 34 - Vista geral do açude Figura 35 - Detalhe da margem SW do açude (UTE ao fundo)

5.2.4 QUALIDADE DO AR

5.2.4.1 Qualidade do Ar na Área de Influência em Período Anterior às Obras de

Ampliação

Na área de influência onde ocorrerão os novos incrementos de impacto da usina, foi

providenciada uma campanha de monitoramento da qualidade do ar em alguns pontos

de medição. Nesta campanha foi medida a qualidade do ar, concomitante à operação

da fase atual da UTE ENDESA Fortaleza.

Maiores detalhes desta campanha podem ser encontrados no respectivo relatório,

denominado “ENDESA Fortaleza Termo Fortaleza. Relatório Anual de

Monitoramento. Abril/2007”.

Page 66: RIMA 2010 10 19 - semace.ce.gov.br · IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ... INCRA Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária ... PPT Programa Prioritário

Relatório de Impacto Ambiental do Projeto Usina Termelétrica ENDESA Fortaleza II

Caucaia - CE

51

5.2.5 NÍVEL DE PRESSÃO SONORA (RUÍDO)

5.2.5.1 Referência Legal

Entende-se por ruído o som puro ou mistura de sons com dois ou mais tons, capaz de

prejudicar a saúde, a segurança, ou o sossego público.

5.2.5.2 Metodologia de Investigação

O trabalho tem por objetivo estudar e quantificar os níveis de ruído (pressão sonora

em decibéis) incidentes no entorno do futuro empreendimento a partir da análise dos

dados existentes e do anteprojeto de expansão, cuja área física é pré-definida,

delimitando a área de influência do ruído e propondo ações que possibilitem seu

controle e mitigação.

A avaliação do impacto do ruído gerado implicou preliminarmente na obtenção,

através da monitoração in loco, de um nível de ruído ambiente (Lra). Consiste no nível

de ruído pré-existente, em dB(A), medido diretamente no local. Em função do tipo e

qualidade do ruído monitorado, é estabelecido um nível critério medido diretamente ou

calculado estatisticamente a partir deste.

Em resumo, o trabalho consiste em verificar o nível de ruído atualmente, previamente

à expansão do empreendimento.

5.2.5.3 Análise

Foram avaliados os níveis de ruído no entorno área de implantação da UTE Fortaleza

II e nas proximidades de terrenos e propriedades de terceiros.

A Figura 36 apresenta um croqui de localização dos pontos de monitoramento.

Page 67: RIMA 2010 10 19 - semace.ce.gov.br · IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ... INCRA Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária ... PPT Programa Prioritário

Relatório de Impacto Ambiental do Projeto Usina Termelétrica ENDESA Fortaleza II

Caucaia - CE

52

Figura 36 - Localização dos pontos de medição

A análise das campanhas de medição, a qual serviu para a Determinação do Ruído de

Fundo - DRF (background) no entorno do empreendimento, permitiu concluir que os

níveis de ruído de fundo encontram-se dentro de uma condição de normalidade em

relação aos padrões de referência legal estabelecidos pelo Nível de Critério de

Avaliação - NCA para ambientes externos, conforme ABNT NBR 10.151.

5.3 DIAGNÓSTICO DO MEIO BIÓTICO

A construção da Usina Termelétrica ENDESA Fortaleza II ocorrerá ao lado da usina já

existente, UTE ENDESA Fortaleza, no município de Caucaia. Assim, as áreas de

influência do empreendimento em análise e do empreendimento já existente, em parte,

se sobrepõem.

Essa região é constituída pelo bioma Caatinga, que ocupa aproximadamente 70% da

área do Nordeste e 13% do Brasil. Com 736.833 km2, este se estende pela totalidade

do estado do Ceará (100%) e mais da metade da Bahia (54%), da Paraíba (92%), de

Pernambuco (83%), do Piauí (63%) e do Rio Grande do Norte (95%), quase a metade

dos estados de Alagoas (48%) e de Sergipe (49%), além de pequenas porções em

Minas Gerais (2%) e no Maranhão (1%).

Devido à localização do empreendimento em análise, foram utilizadas informações

produzidas pelo EIA/RIMA UTE ENDESA Fortaleza, além de outros trabalhos

realizados na região do empreendimento.

Page 68: RIMA 2010 10 19 - semace.ce.gov.br · IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ... INCRA Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária ... PPT Programa Prioritário

Relatório de Impacto Ambiental do Projeto Usina Termelétrica ENDESA Fortaleza II

Caucaia - CE

53

5.3.1 VEGETAÇÃO

5.3.1.1 Caatinga

A grande diversidade de paisagens e tipos vegetacionais desse bioma é devido às

variações geomorfológicas, climáticas e topográficas (Andrade-Lima, 1981), o que

influencia a distribuição, riqueza e diversidade de suas espécies vegetais (Silva, 1995).

Já a altura e a densidade da comunidade vegetal deste ecossistema estão

relacionadas, principalmente, com a precipitação (Gomes, 1979), mas também, com

as características químicas e físicas do solo (Santos et al., 1992), sendo seu

ecossistema definido pelo seu clima (Andrade- Lima, 1989).

A vegetação desse bioma é constituída, especialmente, de espécies lenhosas e

herbáceas, de pequeno porte, geralmente dotadas de espinhos, sendo, geralmente,

caducifólias, cactáceas e bromeliáceas.

5.3.1.1.1 Caracterização da Área de Influência

Na Área de Influência Indireta - AII destacam-se as tipologias vegetacionais Caatinga

Arbustiva e a Floresta Estacional Semidecidual Aluvial (Mata de Carnaúba -

Carnaubal).

A primeira fitofisionomia citada é uma vegetação xerófila secundária

predominantemente arbustiva, podendo ser densa ou aberta. Este tipo vegetacional

caracteriza a típica região que foi devastada, queimada e/ou utilizadas pela

agricultura/pecuária e depois abandonada.

A fitofisionomia em questão somente fica fotossitenticamente ativa no período

chuvoso, quando em poucos meses a vegetação completa seu ciclo de vida. O solo

onde a mesma se desenvolve, devido ao forte estresse que sofre, pode estar

suscetível à chamada desertificação.

Essa fitofisionomia ocupa hoje a maior parte do estado; encontram-se elas nas

depressões sertanejas, em solos rasos, por vezes pedregosos, como os Luvissolos,

Planossolos e os Litólicos.

A seguir é apresentada a lista de espécies para a fisionomia caatinga arbustiva

encontradas na área indiretamente afetada pelo empreendimento, esta foi elaborada

através de levantamentos primários no Estudo de Impacto Ambiental da UTE ENDESA

Fortaleza.

Page 69: RIMA 2010 10 19 - semace.ce.gov.br · IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ... INCRA Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária ... PPT Programa Prioritário

Relatório de Impacto Ambiental do Projeto Usina Termelétrica ENDESA Fortaleza II

Caucaia - CE

54

Tabela 13 - Lista de espécies encontradas na fitofisionomia caatinga arbustiva na AII do empreendimento

Nome Popular Hábito

arruda Arbustivo

imburana Arbórea

mandacaru Arbustivo

catingueira -

mofumbo Arbustivo

batata-de-porco Arbustivo

pinhão Arbustivo

brandão Arbustivo

marmeleiro-cravo Arbustivo

marmeleiro Arbustivo

espinheiro-preto Arbustivo

mororó Arbustivo

jiquiri Arbustivo

jurema-preta Arbustivo

jurema-branca Arbustivo

surucucu Arbustivo

Fonte: EIA/RIMA UTE Fortaleza

A outra fitofisionomia característica da Área de Influência Indireta é a Mata de

Carnaúba ou Floresta Estacional Semidecidual Aluvial. Essa tipologia, originalmente, é

uma formação florestal mista dicótilo-palmácea que recobria as várzeas fluviais e os

interflúvios em relevos planos de solos aluvionais. A espécie característica desse tipo

de formação é a palmeira carnaúba (Copernicia prunifera) que emergia do conjunto

denso deste tipo vegetacional e formava largos corredores. Essa formação trata-se de

resíduos florestais, constituindo encraves situados dentro do bioma caatinga

(Fernandes, 1996).

A área de influência indireta do empreendimento em análise situa-se neste quadro.

Das espécies nativas dessa formação vegetal permanece a carnaúba (Copernicia

prunifera), além de outras poucas espécies arbóreas, típicas das matas de carnaúbas

originais, e arbustivas, de estágio sucessional secundário, como é o caso do

marmeleiro (Croton sonderianus) próprio da caatinga arbustiva interiorana que está

bastante proliferado na área em análise, outras espécies bastante comuns nesta área

são a jurema-preta (Piptadenia stipulacea) e o jiquiri (Mimosa arenosa).

As demais espécies listadas para área são típicas da fitofisionomia descrita (Tabela

14).

Page 70: RIMA 2010 10 19 - semace.ce.gov.br · IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ... INCRA Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária ... PPT Programa Prioritário

Relatório de Impacto Ambiental do Projeto Usina Termelétrica ENDESA Fortaleza II

Caucaia - CE

55

Tabela 14 - Lista de espécies encontradas na fitofisionomia Floresta Estacional Semidecidual Aluvial - Mata de Carnaúba

Nome Popular Hábito

carnaúba Arbóreo

trepadeira Arbustivo

pau-branco Arbóreo

mandacaru Arbustivo

facheiro Arbustivo

jucá Arbóreo

turco Arbóreo

mororó Arbustivo

oiticica Arbóreo

mofumbo Arbustivo

junco Aquática

junco Aquática

marmeleiro Arbustivo

mulungu Arbóreo

pacavira Aquática

jurema branca Arbustivo

jiquiri Arbustivo

sabiá Arbustivo

pajeú Arbóreo

coaçu Arbustivo

pacova Aquática

juazeiro Arbóreo

espinho de judeu Arbustivo

roseteira Arbustivo

saca-rolha Arbustivo

Fonte: EIA/RIMA UTE Fortaleza

A seguir são apresentadas imagens da área do empreendimento, que permitem uma

visualização das fitofisonomias citadas, como também da paisagem próxima da UTE

ENDESA Fortaleza II (da Figura 37 a Figura 50).

Page 71: RIMA 2010 10 19 - semace.ce.gov.br · IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ... INCRA Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária ... PPT Programa Prioritário

Relatório de Impacto Ambiental do Projeto Usina Termelétrica ENDESA Fortaleza II

Caucaia - CE

56

Figura 37 - Açude e área de caatinga ao fundo onde ocorrerá a ampliação da usina

Figura 38 - Vista lateral da UTE. Em primeiro plano, área onde ocorrerá a construção da UTE

ENDESA Fortaleza II

Figura 39 - Açude e carnaúbas em sua margem

Page 72: RIMA 2010 10 19 - semace.ce.gov.br · IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ... INCRA Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária ... PPT Programa Prioritário

Relatório de Impacto Ambiental do Projeto Usina Termelétrica ENDESA Fortaleza II

Caucaia - CE

57

Figura 40 - Área do empreendimento antropizada

Figura 41 - Caatinga seca com predominância das espécies carnaúba e marmeleiro

Figura 42 - Área do empreendimento com um denso estrato arbustivo.

Page 73: RIMA 2010 10 19 - semace.ce.gov.br · IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ... INCRA Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária ... PPT Programa Prioritário

Relatório de Impacto Ambiental do Projeto Usina Termelétrica ENDESA Fortaleza II

Caucaia - CE

58

Figura 43 - Mata de carnaúba alterada na área do empreendimento, com coexistência de

marmeleiros e mufumbos

Figura 44 - Vista da floresta estacional semidecidual aluvial na AII do empreendimento

Figura 45 - Mata de carnaúba antropizada

Page 74: RIMA 2010 10 19 - semace.ce.gov.br · IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ... INCRA Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária ... PPT Programa Prioritário

Relatório de Impacto Ambiental do Projeto Usina Termelétrica ENDESA Fortaleza II

Caucaia - CE

59

Figura 46 - Perfil da Caatinga alterada, com coexistência dominante de Marmeleiros e Mufumbos

Figura 47 - Perfil da Caatinga antropizada, com presença de dois tipos de cactos

Page 75: RIMA 2010 10 19 - semace.ce.gov.br · IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ... INCRA Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária ... PPT Programa Prioritário

Relatório de Impacto Ambiental do Projeto Usina Termelétrica ENDESA Fortaleza II

Caucaia - CE

60

Figura 48 - Vista do interior da área de implantação do empreendimento antes da instalação da

UTE ENDESA Fortaleza II

Figura 49 - Vista frontal da área de implantação do empreendimento com as serras e a Rodovia

CE–422 antes da instalação da UTE ENDESA Fortaleza II

Figura 50 - Perfil da vegetação secundária com marmeleiros, cactos e carnaúbas

Page 76: RIMA 2010 10 19 - semace.ce.gov.br · IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ... INCRA Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária ... PPT Programa Prioritário

Relatório de Impacto Ambiental do Projeto Usina Termelétrica ENDESA Fortaleza II

Caucaia - CE

61

5.3.1.2 Espécies Endêmicas e Ameaçadas de Extinção

Na área do empreendimento, das 37 espécies identificadas na Área de Influência

Direta, dez são endêmicas da Caatinga. Essas espécies endêmicas estão distribuídas

em oito famílias, sendo que a única família que possui mais de uma espécie endêmica

é a Cactaceae Tabela 15).

Tabela 15 - Lista de espécies endêmicas da caatinga encontrada na área de influência do empreendimento - Giulietti et al. (2002)

Nome-popular Hábito

arruda Arbustivo

carnaúba Arbóreo

pau-branco Arbóreo

imburana Arbórea

mandacaru Arbustivo

facheiro Arbustivo

oiticica Arbóreo

pinhão Arbustivo

juazeiro Arbóreo

5.3.1.3 Importância Econômica das Espécies da Área de Influência Direta

Grande parte da população rural do estado do nordeste vive do extrativismo vegetal de

espécies nativas, nelas se destacam:

Carnaúba (Copernicia prunifera) - Essa planta é uma árvore da família

Arecaceae, endêmica da caatinga, além de ser árvore símbolo dos Estados do

Ceará e Piauí, é conhecida como árvore da vida, pois oferece uma infinidade

de usos ao homem. Essa espécie predomina nos ambientes com solos

argiloso, de margens de rios, suportando lugares alagados e com elevados

teores de salinidade, no caso em particular da área em estudo.

Oiticica (Licania rígida) - árvore da família Chrysobalanaceae, sua utilização se

dá através da extração das sementes ricas em óleo (60%), próprios para tintas

e vernizes de alto poder de secagem. Além disso, seus ramos flexíveis servem

para cobrir as frentes das e servem, ainda, para construir rústicos abrigos.

Marmeleiro (Croton spp.) e outras espécies de Euphorbiaceae têm quantidades

razoáveis de óleo e algumas têm ampla distribuição, essas espécies também

têm potencial de produção de óleos essenciais, entretanto, não há um uso

popular dos óleos essenciais que requerem, para sua obtenção, um processo

químico sofisticado demais para prática caseira, embora simples para as

Page 77: RIMA 2010 10 19 - semace.ce.gov.br · IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ... INCRA Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária ... PPT Programa Prioritário

Relatório de Impacto Ambiental do Projeto Usina Termelétrica ENDESA Fortaleza II

Caucaia - CE

62

indústrias. Sua utilização está, geralmente, ligada à indústria de cosméticos e

produtos de limpeza.

O Pau-Branco (Auxemma oncocalyx) é endêmico da Caatinga. Madeira de

cerne roxo-escuro, dura, para tabuados, vigamentos, carpintaria e marcenaria,

estacas. Cascas adstringentes usadas no tratamento de feridas. Suas ramas

são apreciadas pelo gado.

Fornecem madeira para usos variados, o sabiá (Mimosa caesalpiniifolia) de

grande durabilidade, o mororó (Bauhinia ungulata), o mulungu (Erythrina

velutina), o pau-branco (Auxemma oncocalyx), e o marmeleiro (Croton

sonderianus) (lenha e carvão).

Os frutos do juazeiro (Ziziphus joazeiro) são muito apreciados pela fauna

silvestre e pelo rebanho caprino, sua casca tem uso medicinal, sendo rica em

saponina, aplicada como dentifrício. Suas folhas são forrageiras.

5.3.1.4 Outras Fitofisionomias da Área de Influência Indireta do Empreendimento

5.3.1.4.1 Floresta Estacional Semidecidual Montana (Mata Seca Serrana)

Nas áreas próximas ao empreendimento, essa fitofisionomia é encontrada no serrote

Olho D’água, serrote das Ipueiras, serrote das Cajazeiras, serra da Tornázia (serrote

Salgadinho), serra da Madeira, serra da Travessa, serrote Bico Fino, serra da

Conceição, serra do Camará e outras elevações menores.

Esta fitofisionomia é composta por indivíduos arbóreos, com espécie subcaducifólias e

poucas perenifólias. Esta recobre as serra baixa, como as que ocorrem nas áreas do

Pecém, e as encostas de serras altas.

Na Tabela 16 é apresentada a lista de espécies registradas na região.

Page 78: RIMA 2010 10 19 - semace.ce.gov.br · IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ... INCRA Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária ... PPT Programa Prioritário

Relatório de Impacto Ambiental do Projeto Usina Termelétrica ENDESA Fortaleza II

Caucaia - CE

63

Tabela 16 - Lista de espécies registradas na região para a fitofisionomia Floresta Estacional Semidecidual Montana próxima ao empreendimento

Nome Popular

Cajá

Aroeira

Pitiá

Pau d’água

Barriguda

embiratanha

Feijão-brabo

Pacotê

Sipaúba

Pau ferro

Mororó

Freijó

Maniçoba

Unha-de-gato

Angico preto

Angico branco

Sabiá

Timbaúba

inharé

chichá

Fonte: EIA/RIMA UTE Fortaleza

5.3.1.4.2 Vegetação de Dunas Costeiras

As espécies lenhosas desse tipo vegetacional são compostas, principalmente, por

arbustos com poucas árvores, que crescem em dunas já estabilizadas, mais antigas, e

essas espécies vegetais possuem raízes muito profundas, necessárias à fixação das

dunas.

A vegetação possui papel fundamental na manutenção do equilíbrio hídrico das dunas

que se tornam verdadeiros aquíferos, e na sua fixação, evitando que se desestruturem

e soterrem edificações e estradas (Figura 51). Nas Dunas Semi-Fixas, próximo ao

mar, crescem plantas herbáceas que iniciam a edafização. As dunas surgem em

cordões arenosos, paralelos ao mar, pelo efeito dos ventos sobre as areias

quartzozas.

Page 79: RIMA 2010 10 19 - semace.ce.gov.br · IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ... INCRA Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária ... PPT Programa Prioritário

Relatório de Impacto Ambiental do Projeto Usina Termelétrica ENDESA Fortaleza II

Caucaia - CE

64

Figura 51 - Casa tomada pela movimentação das dunas, efeito do desmatamento da vegetação fixadora de duna

5.3.1.4.3 Floresta Paludosa Marítima (Mangue)

Na área em estudo, essa fitofisionomia ocupa uma pequena área próxima à foz do rio

Cauípe. Trata-se de um ecossistema ímpar de grande importância, pois servem de

criatório de dezenas de espécies de peixes e crustáceos e moluscos, além de recobrir

os estuários nas desembocaduras dos rios, em solos halomórficos sulfatados, mal

drenados e sujeitos à influência das marés.

As espécies dessa fisionomia florestal possuem adaptações ao substrato instável e

pouco oxigenado, como raízes escoras, e respiratórias (Pneumatóforos) (Tabela 17).

Tabela 17 - Lista de espécies registradas na região para a fitofisionomia Floresta Paludosa Marítima próxima ao empreendimento

Espécie Nome Popular

Rhizophora mangle L. mangue-vermelho

Avicennia germinans (L.) Stearn mangue-preto

Avicennia schaueriana Stapf & Leechman mangue-preto

Laguncularia racemosa C.F. Gaertn. mangue-branco

Conocarpus erectus L. mangue-de-botão

Fonte: EIA/RIMA UTE Fortaleza

Page 80: RIMA 2010 10 19 - semace.ce.gov.br · IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ... INCRA Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária ... PPT Programa Prioritário

Relatório de Impacto Ambiental do Projeto Usina Termelétrica ENDESA Fortaleza II

Caucaia - CE

65

5.3.2 FAUNA TERRESTRE

5.3.2.1 Avifauna

Nesse trabalho, que considerou como Área de Influência Indireta um raio de 3 km do

empreendimento, foram identificadas 72 espécies. Na Tabela 18 é apresentada a lista

de espécies existentes na AII do empreendimento.

Tabela 18 - Lista de espécies registradas na AII do empreendimento

Taxa1 Nome vulgar2 Hábito3 Ambientes4 Status5 Sensitivi-

dade6

PODICIPEDIFORMES

Podicipedidae (1)

Podylimbus podiceps mergulhão A A RE M

CICONIIFORMES

Ardeidae (4)

Casmerodius albus garça-branca A A RE B

Bubulcus ibis garça-vaqueira C TA RE B

Butorides striatus socozinho A A RE B

Tigrisoma lineatum socó-boi A A RE M

Threskiornithidae (1)

Phimosus infuscatus coró-coró A A RE M

Cathartidae (2)

Coragyps atratus urubu-preto C MAT RE B

Cathartes aura jereba C MAT RE B

ANSERIFORMES

Anatidae (1)

Amazonetta brasiliensis marreca A A RE/VC B

FALCONIFORMES

Accipitridae (4)

Rostrhamus sociabilis caramujeiro A A RE B

Rupornis magnirostris pinhé F MT

Buteogallus meridionalis casaca-de-

couro C MAT RE B

Geranospiza caerulescens pernilongo F MT RE M

Falconidae (2)

Polyborus plancus carcará C MAT

Falco sparverius quiri-quiri C T RE B

GRUIFORMES

1 EIA/RIMA UTE Fortaleza - Diagnóstico Ambiental 2 EIA/RIMA UTE Fortaleza - Diagnóstico Ambiental 3 EIA/RIMA UTE Fortaleza - Diagnóstico Ambiental 4 EIA/RIMA UTE Fortaleza - Diagnóstico Ambiental 5 Silva et al., 2004 6 Silva et al, 2004

Page 81: RIMA 2010 10 19 - semace.ce.gov.br · IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ... INCRA Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária ... PPT Programa Prioritário

Relatório de Impacto Ambiental do Projeto Usina Termelétrica ENDESA Fortaleza II

Caucaia - CE

66

Taxa1 Nome vulgar2 Hábito3 Ambientes4 Status5 Sensitivi-

dade6

Rallidae (1)

Gallinula chloropus frango-d’água A A RE/VC B

CHARADRIIFORMES

Jacanidae (1)

Jacana jacana jaçanã A A RE/VC B

Charadriidae (2)

Vanellus chilensis quero-quero A A RE B

Charadrius collaris maçarico A A RE A

Scolopacidae (2)

Tringa flavipes maçarico A A VN B

Actitis macularia maçarico A A VN B

COLUMBIFORMES

Columbidae (3)

Columbina talpacoti caldo-de-feijão C MAT RE B

Columbina picui pombinha-picuí C MAT RE B

Scardafella squammata fogo-pagou C MAT

PSITTACIFORMES

Psittacidae (2)

Aratinga cactorum periquito C T RE/EN M

Forpus xanthopterygius tuim F MT RE B

CUCULIFORMES

Cuculidae (3)

Piaya cayana alma-de-gato F MT RE B

Crotophaga ani anú-preto C MAT RE B

Guira guira anú-branco C MAT RE B

STRIGIFORMES

Tytonidae (1)

Tyto alba suindara C MAT RE B

Strigidae (1)

Rhinoptynx clamator mocho-

orelhudo C MAT RE B

CAPRIMULGIFORMES

Caprimulgidae (3)

Chordeiles pusillus bacurauzinho C MAT RE M

Nyctidromus albicollis curiango F MAT RE B

Hydropsalis torquata bacurau-tesoura

C MAT RE B

APODIFORMES

Apodidae (2)

Chaetura andrei andorinhão C MAT RE B

Reinarda squamata andorinhão C MAT RE B

Trochilidae (2)

Eupetomena macroura beija-flor F MAT RE B

Page 82: RIMA 2010 10 19 - semace.ce.gov.br · IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ... INCRA Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária ... PPT Programa Prioritário

Relatório de Impacto Ambiental do Projeto Usina Termelétrica ENDESA Fortaleza II

Caucaia - CE

67

Taxa1 Nome vulgar2 Hábito3 Ambientes4 Status5 Sensitivi-

dade6

Polytmus guainumbi beija-flor C MT RE B

CORACIFORMES

Alcedinidae (2)

Ceryle torquata martim-

pescador A A RE B

Chloroceryle amazona martim-

pescador A A RE B

PICIFORMES

Bucconidae (1)

Nystalus maculatus joão-bobo F MT RE M

Picidae (3)

Colaptes campestres xã-xã C MAT RE B

Colaptes melanochloros pica-pau C MAT RE B

Melanerpes candidus benedito C MAT RE B

PASSERIFORMES

Thamnophilidae (1)

Formicivora melanogaster papa-formiga C MT RE M

Furnariidae (1)

Certhiaxis cinnamomea curitié A A RE M

Tyrannidae (6)

Camptostoma obsoletum risadinha C MAT RE B

Fluvicola nengeta lavadeira A A RE B

Machetornis rixosus siriri-cavalheiro A A RE B

Myiarchus tyrannulus cavalheira F MT RE B

Pitangus sulphuratus bem-te-vi F MAT RE B

Tyrannus melancholicus siriri C MT RE B

Hirundinidae (2)

Tachycineta albiventer andorinha A A RE B

Progne chalybea andorinha C MAT RE B

Corvidae (1)

Cyanocorax cyanopogon cã-cã F MT RE M

Troglodytidae (2)

Thryothorus longirostris bico-longo F T RE B

Troglodytes aedon cambaxirra C MAT RE B

Sylviidae (1)

Polioptila plumbea balança-rabo F MT RE M

Turdidae (1)

Turdus leucomelas sabiá-barranco F MAT RE B

Mimidae (1)

Page 83: RIMA 2010 10 19 - semace.ce.gov.br · IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ... INCRA Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária ... PPT Programa Prioritário

Relatório de Impacto Ambiental do Projeto Usina Termelétrica ENDESA Fortaleza II

Caucaia - CE

68

Taxa1 Nome vulgar2 Hábito3 Ambientes4 Status5 Sensitivi-

dade6

Mimus saturninus sabiá-do-

campo C MAT RE B

Vireonidae (1)

Cyclarhis gujanensis mucuripe F MT RE B

Coerebidae (1)

Coereba flaveola sebinho F MAT RE B

Thraupidae (2)

Thraupis sayaca sanhaço F MT RE B

Euphonia chlorotica fim-fim F MT RE B

Emberizidae (4)

Ammodramus humeralis tico-rato C AT RE B

Volatinia jacarina tiziu C MAT RE B

Sporophila albogularis golinho C T RE M

Paroaria dominicana galo-de-campina

C T RE/EN B

Frigilidae (1)

Coryphospingus pileatus tico-flecha F MT RE B

Icteridae (3)

Molothrus bonariensis chopim C MAT RE B

Molothrus badius asa-de-telha C AT RE B

Gnorimopsar chopi pássaro-preto C AT RE B

Taxa: número entre parênteses indica número de espécies por família. Hábito: A= espécies aquáticas; C= espécies campestres e; F= espécies essencialmente florestais. Ambientes: M=

remanescente de mata seca sobre afloramento; T= mata seca transformada em ambiente campestre; A= lagoas e açudes. Status: RE= Residente; VN= espécie migrante do norte; VS=

espécie migrante do sul; CV= espécies de valor cinegético para a população local e; EM= espécie endêmica da Caatinga. Sensitividade: B= Baixa sensitividade aos distúrbios humanos; M= Média

sensitividade aos distúrbios humanos; A= Alta sensitividade aos distúrbios humanos.

5.3.2.2 Herpetofauna

As espécies de anfíbios têm características físicas que restringem sua área de vida e

determinam padrões de distribuição espacial e temporal no ambiente.

Já os répteis, são mais resistentes às condições de maior escassez de água, podendo

assim, forragear áreas de maior aridez.

Em um levantamento da herpetofauna realizado em 2001 para subsidiar o EIA/RIMA

UTE Fortaleza, foram registradas as espécies listadas na Tabela 19 a seguir.

Page 84: RIMA 2010 10 19 - semace.ce.gov.br · IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ... INCRA Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária ... PPT Programa Prioritário

Relatório de Impacto Ambiental do Projeto Usina Termelétrica ENDESA Fortaleza II

Caucaia - CE

69

Tabela 19 - Lista de espécies da herpetofauna registrada na AII da UTE Fortaleza II

Táxon Nome Popular Forma de Obtenção da

informação - FO Categoria

Ecológica - CE

AMPHIBIA

BUFONIDAE

Bufo paracnemis sapo-cururu V T

Bufo granulosus sapo C T

LEPTODACTYLIDAE

Leptodactylus labirynthicus rã-pimenta C T

Leptodactylus ocellatus rã-manteiga C T

Leptodactylus cf. podicipinus rã C T

Pseudopaludicola ameghini rã C T

Physalaemus cuvieri sapo-cachorro V T

HYLIDAE

Hyla raniceps perereca V A

Hyla nana perereca C A

Hyla minuta perereca V A

Scinax gr. ruber perereca C A

REPTILIA

TROPIDURIDAE

Tropidurus semitaeneatus* lagartixa V T

Tropidurus hispidus lagartixa C T

Tropidurus torquatus lagartixa C T

TEIIDAE

Cnemidophorus ocellifer calanguinho V T

Ameiva ameiva calango-verde ou

tejubina V T

COLUBRIDAE

Philodryas viridissimus cobra-verde V T

CHELIDAE

Phrynops sp. cágado R Q

KINOSTERNIDAE

Kinosternon scorpioides tracajá ou tartaruga V Q

FO - C=coletado, V=visualizado e R=Carcaça. CE - A=arborícola, F=fossorial, Q=aquática e T=terrestre

Fonte: EIA/RIMA UTE Fortaleza

Page 85: RIMA 2010 10 19 - semace.ce.gov.br · IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ... INCRA Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária ... PPT Programa Prioritário

Relatório de Impacto Ambiental do Projeto Usina Termelétrica ENDESA Fortaleza II

Caucaia - CE

70

5.3.2.3 Mastofauna

Recentes revisões taxonômicas envolvendo amostras de mamíferos da caatinga vêm

revelando sua distinção com relação a populações de outros ecossistemas. Oliveira et

al. (2000), a partir de revisões bibliográficas, elaborou uma lista para toda região da

caatinga com 143 espécies. Destas, se destacam as famílias: Quiropteras, com 64

spp; Rodentia, com 22 spp; e Carnívora com 14 spp.

Com isso, apesar da caatinga ainda possuir uma riqueza de espécies local menor que

as outras três grandes eco-regiões brasileiras, o seu valor ecológico elevou bastante,

pois foi descoberto que duas espécies de mamíferos que ocorrem na caatinga são

endêmicas da região e outras 17 espécies são pouco representadas em outras regiões

e, enquanto na caatinga, são amplamente distribuídas.

Um levantamento da mastofauna da área de influência da UTE Fortaleza foi realizado

em 2001. Neste foram analisados a mastofauna local através de observações diretas,

de registros de rastos, entrevistas com a população local e levantamentos de dados

secundários.

A partir dessa analise foi elaborada a lista de espécies (Tabela 20).

Tabela 20 - Lista da mastofauna existente na AII da UTE Fortaleza II

Táxon Nome Popular Forma de Obtenção da

informação - FO

CANIDAE Cerdocyon thous

cachorro do mato E

PROCYONIDAE

Procyon cancrivorous guaximin E

Nasua nasua quati E

Rodentia

Cavia cf. aperea preá E

Xenartra

Euphractus sexcintus tatu peba E

Tamandua tetradactyla tamanduá mirim E

Didelphimorphia

Didelphis albiventris gambá E

Fonte: EIA/RIMA UTE Fortaleza

Page 86: RIMA 2010 10 19 - semace.ce.gov.br · IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ... INCRA Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária ... PPT Programa Prioritário

Relatório de Impacto Ambiental do Projeto Usina Termelétrica ENDESA Fortaleza II

Caucaia - CE

71

5.3.3 FAUNA AQUÁTICA

5.3.3.1 Ictiofauna

Sobre o ecossistema aquático da área de influência do empreendimento, ou pelo

menos próximo a ela, existe, basicamente, o sistema de drenagens intermitentes da

bacia do rio Cauípe e outros sistemas lênticos, tais como açudes, lagoas e lagamares.

De acordo com as informações locais e levantamentos secundários realizados pelo

levantamento realizado na área de influência direta da UTE Fortaleza, os açudes e

lagamares apresentam uma grande quantidade de peixes.

Os crustáceos e os moluscos também têm grande importância na cadeia trófica desse

ambiente, pois são fonte de alimentos para as cadeias tróficas superiores. Além de

peixes e outros invertebrados, os corpos d`água na região são de extrema importância

para outros animais para servirem de refúgio, fonte de alimento e, por vezes, servindo

como habitat para desenvolvimento de indivíduos jovens e algumas larvas.

Na Tabela 21 é apresentada a lista de espécie do rio Ceará elaborada por Silva (1993), esta

representa as principais espécies dos ecossistemas aquáticos das microbacias da região.

Tabela 21 - Principais espécies de peixes presentes no rio Ceará FAMÍLIA NOME CIENTÍFICO NOME VULGAR

BAGRIDAE Bagre bagre bagre

BATRACHOIDIDAE Batrachoides surinamensis pacamom

CENTROPOMIDAE Centropomus ensiferus camurim

GERRIDAE Diapterus sp. Eucinostomus sp

carapeba carapicu

GOBIIDAE Gobioides sp. Gobionellus sp.

moré

LUTJANIDAE Lutjanus jocu Lutjanus spp. Lutjanus synagris

carapitanga caranha ariacó

MUGILIDAE Mugil curema Mugil sp.

sauna tainha

POMADASYDAE Haemulon parrai pirambu

SCIANIDAE Cynoscion spp. pescada

SERRANIDAE Epinephelus itajara mero FONTE: Silva (1993)

Page 87: RIMA 2010 10 19 - semace.ce.gov.br · IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ... INCRA Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária ... PPT Programa Prioritário

Relatório de Impacto Ambiental do Projeto Usina Termelétrica ENDESA Fortaleza II

Caucaia - CE

72

5.4 DIAGNÓSTICO DO MEIO ANTRÓPICO

5.4.1 O ESTADO DO CEARÁ

O Estado do Ceará está situado na região Nordeste do Brasil e tem por limites o

Oceano Atlântico a Norte e Nordeste, o Rio Grande do Norte e a Paraíba a Leste,

Pernambuco ao Sul e Piauí a Oeste. Seu território possui 146.348,30 km2, ou seja,

9,37% de toda a região Nordestina e 1,7% do território brasileiro. A capital do Estado é

Fortaleza, uma das cidades mais populosas e de maior concentração demográfica do

país.

O Ceará é conhecido por suas riquezas naturais, principalmente em sua costa, dotada

de belas praias. Esta característica e os investimentos locais tornaram-na um dos

pontos turísticos mais procurados por visitantes do Brasil e do exterior. Na região

Nordeste do Ceará estão os locais mais freqüentados e desenvolvidos pelo turismo,

ao lado da Bahia, Pernambuco e Alagoas. O turismo é, portanto, uma representativa

fonte de economia no Estado, embora muito centralizada na parte litorânea.

Portanto, o Ceará é beneficiado por duas realizações econômicas: o turismo e o

desenvolvimento industrial, ambas ganhando força. O turismo, com investimentos

diversificados, e o setor industrial, tanto pelo porto existente, quanto pela dinamização

de municípios na Região Metropolitana, em especial Fortaleza, Caucaia e São

Gonçalo do Amarante, por estarem diretamente envolvidos com o Complexo Industrial

e Portuário do Pecém (CIPP).

5.4.1.1 Complexo Industrial e Portuário de Pecém (CIPP)

A necessidade de dispor de um complexo industrial portuário moderno, e de porte

condizente com a sua política de desenvolvimento sócio-econômico, associada às

fortes restrições de expansão do Porto de Fortaleza (decorrente tanto de sua

localização urbana, quanto das restrições morfológicas e marítimas, que impedem a

expansão e acesso a navios de maior calado), conduziram o Governo do Estado do

Ceará à decisão de implementar o Complexo Industrial - Portuário do Pecém (Figura

52).

A concepção básica do projeto seguiu as seguintes diretrizes:

− A compatibilidade com a operação de navios de grande capacidade de carga,

implicando em necessidade de maior calado;

− A localização adequada, tanto do ponto de vista de logística em relação à Fortaleza,

que se tornou uma cidade francamente vinculada à expansão do setor terciário

moderno, quanto do ponto de vista do eixo de expansão industrial, afetando

principalmente os municípios da Região Metropolitana, na sua porção Oeste. Nesse

Page 88: RIMA 2010 10 19 - semace.ce.gov.br · IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ... INCRA Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária ... PPT Programa Prioritário

Relatório de Impacto Ambiental do Projeto Usina Termelétrica ENDESA Fortaleza II

Caucaia - CE

73

sentido, vem sendo gerada uma dinâmica de polarização de desenvolvimento

industrial positivamente reforçada com a localização portuária;

− A inserção dentro da concepção de “porto-indústria”, implicando numa integração

operacional entre o porto e o complexo industrial associado;

− A preocupação com a natureza dos impactos ambientais, em especial aqueles

atuantes sobre a linha da costa cearense, decorrente da intensa dinâmica morfológico-

marítima que caracteriza a mesma.

Figura 52 - Vistas do píer e das instalações de armazenagem

A busca por águas profundas e a valorização da preservação ambiental determinaram

a localização das instalações para atracação de navios a certa distância da costa e a

construção de uma ponte de interligação entre os "piers" de atracação e as instalações

em terra.

O complexo portuário é composto por:

Píer de rebocadores;

Quebra mar - finalidade de criar uma baía artificial de águas paradas, onde se

situam os “piers” de atracação;

Ponte de acesso ao quebra mar;

Page 89: RIMA 2010 10 19 - semace.ce.gov.br · IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ... INCRA Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária ... PPT Programa Prioritário

Relatório de Impacto Ambiental do Projeto Usina Termelétrica ENDESA Fortaleza II

Caucaia - CE

74

Instalações de armazenagem;

Equipamentos portuários.

Ainda seguindo a diretriz ambiental, há uma área de proteção ambiental e uma

estação ecológica (APA e Estação Ecológica do Pecém), que foram criadas para

estabelecer uma barreira física entre o CIPP e a costa, além de evitar a presença

humana no local.

Além do porto, o complexo foi projetado para acolher indústrias, como: a UTE

ENDESA Fortaleza; a Termoceará, usina termelétrica a gás da Petrobras; a Wobben

(subsidiária da alemã Enercon), fabricante de aerogeradores para usinas eólicas; a

Companhia Siderúrgica do Ceará, que irá fabricar lâminas de aço; a empresa Tortuga

de produtos químicos; a Refinaria do Nordeste, que irá produzir GLP, querosene, óleo

diesel, gasolina e outros derivados de petróleo; além de relocação de depósitos de

combustível.

5.4.1.2 Indicadores Sociais e Econômicos

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE, a população do

Estado do Ceará totalizou 8.097.276 habitantes em 2005 e 8.217.085 em 2006.

Analisando a Figura 53, verifica-se que a taxa geométrica de crescimento populacional

do Estado ao longo do período 1992/2005 sofre uma redução ao longo dos últimos

anos, de forma similar ao que ocorre no Nordeste e no Brasil.

Figura 53 - Taxa geométrica de crescimento populacional (Fonte: IPECE, 2006)

Nos últimos tempos, o Governo do Ceará vem investindo recursos massivos na

economia do Estado, principalmente no que diz respeito ao desenvolvimento industrial.

O resultado tem sido positivo. A economia cearense apresentou bom desempenho em

2005 e confirmou, mais uma vez, a tendência de crescer acima do ritmo da economia

brasileira, nos últimos anos.

Page 90: RIMA 2010 10 19 - semace.ce.gov.br · IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ... INCRA Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária ... PPT Programa Prioritário

Relatório de Impacto Ambiental do Projeto Usina Termelétrica ENDESA Fortaleza II

Caucaia - CE

75

5.4.1.3 Região Metropolitana de Fortaleza

A Região Metropolitana de Fortaleza (RMF) situa-se ao Norte do Estado do Ceará. A

população perfaz um total de 3.415.455 habitantes, sendo uma das dez maiores áreas

urbanas do Brasil e a segunda maior do Nordeste, segundo dados do Instituto

Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e do Instituto de Planejamento do Estado

do Ceará (IPLANCE).

Os municípios que formam a RMF são: Fortaleza, Caucaia, Maranguape, Maracanaú,

Pacatuba, Guaiuba, Itaitinga, Aquiraz, Eusébio, Chorozinho, Horizonte, Pacajús e São

Gonçalo do Amarante. O município mais adensado é justamente Fortaleza com

Caucaia, principalmente no que envolve a chamada “Grande Jurema” e os seus mais

de 90.000 habitantes. Este bairro de Caucaia é considerado uma extensão de

Fortaleza e funciona como um bairro dormitório. Praticamente não há postos de

empregos locais e os moradores trabalham, em sua maioria, em Fortaleza (Figura 54).

Figura 54 - Região Metropolitana de Fortaleza

5.4.1.4 Os Municípios de Caucaia e São Gonçalo do Amarante

5.4.1.4.1 Histórico de Caucaia

A história de Caucaia remonta aos índios e jesuítas que chegaram à região no século

XVII, incumbidos de catequizar os nativos. Por algum tempo os jesuítas administraram

Page 91: RIMA 2010 10 19 - semace.ce.gov.br · IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ... INCRA Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária ... PPT Programa Prioritário

Relatório de Impacto Ambiental do Projeto Usina Termelétrica ENDESA Fortaleza II

Caucaia - CE

76

o local, até o governo português expedir mandato retirando a administração dos

jesuítas.

5.4.1.4.2 Histórico de São Gonçalo do Amarante

Os primeiros povoamentos se instalaram em fazendas e sítios nas localidades de

Siupé e Parazinho. Com o passar do tempo, outros povoados foram se desenvolvendo

política e economicamente como Paracuru e Trairí e passaram a disputar a sede da

localidade. De 1874 a 1890 Trairí foi sede municipal até que ao final de 1890,

Paracuru retoma esse posto. Assim aconteceu outras vezes inclusive com São

Gonçalo quando tomou corpo de cidade.

5.4.1.4.3 Planejamento urbano e atividades econômicas

O município de Caucaia possui uma localização privilegiada, próximo a Fortaleza

(16,5 km) e com importantes vias de acesso cruzando seus limites (BR-020 e CE-085).

Apresenta considerada diversidade de paisagens, que variam entre formação de

dunas em seu litoral, manguezais, lagoas e caatinga em sua porção interiorana. Esses

atributos fazem do município um pólo de turismo no Ceará, sendo um dos mais

visitados do Estado.

Caucaia é o município mais extenso (1.293 km2) da Região Metropolitana de

Fortaleza. Fora da sede municipal, Caucaia possui outros 07 (sete) distritos:

Tucunduva, Guararu, Sítios Novos, Mirambé, Catuana, Bom Princípio e Jurema.

Destes, o mais adensado é o de Jurema, que conurba com Fortaleza.

O município de São Gonçalo do Amarante, emancipado de Caucaia em 10 de

agosto de 1921, tem um território de 845 km2. Encontra-se a 55 km de Fortaleza, com

acesso pelas rodovias BR- 222 e CE- 423. Os cinco distritos municipais são: Siupé,

Umarituba, Serrote, Taíba e Pecém.

A população é estimada em 40.281 habitantes (2006), e a densidade demográfica é de

48,3 hab/km2. Os atrativos naturais do município são as praias do Jatobá, da Taíba e

do Pecém, além da Lagoa do Coração.

5.4.1.4.4 Sinopse socioeconômica da área de influência

Conforme Tabela 22 a seguir, a população de Caucaia é expressivamente maior do

que a de São Gonçalo do Amarante. Além disso, a parcela rural é muito reduzida

(quase 10%), ao contrário de São Gonçalo do Amarante, onde a população urbana é

um pouco maior do que a rural.

Page 92: RIMA 2010 10 19 - semace.ce.gov.br · IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ... INCRA Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária ... PPT Programa Prioritário

Relatório de Impacto Ambiental do Projeto Usina Termelétrica ENDESA Fortaleza II

Caucaia - CE

77

Tabela 22 - População residente 1991-2000

DISCRIMINAÇÃO

Caucaia S. Gonçalo do Amarante

1991 2000 1991 2000

Nº % Nº % Nº % Nº %

Total 165.099 100,00 250.479 100,00 29.286 100,00 35.608 100,00

Urbana 147.601 89,40 226.088 90,26 17.999 61,46 22.077 62,00

Rural 17.498 10,60 24.391 9,74 11.287 38,54 13.531 38,00

Homens 80.972 49,04 123.299 49,23 15.107 51,58 18.354 51,54

Mulheres 84.127 50,96 127.180 50,77 14.179 48,42 17.254 48,46

Fonte: IBGE - Censos Demográficos 1991/2000

Em termos de população residente, não houve alteração significativa ao longo do

período analisado (1991-2000), sendo a parcela feminina um pouco maior do que a

masculina, situação que se inverte em São Gonçalo do Amarante.

5.4.1.5 Uso do solo

A Tabela 23 mostra as classes de uso e cobertura do solo dos municípios de Caucaia

e São Gonçalo do Amarante. Observa-se que predominam a Caatinga e as áreas de

uso agropecuário, totalizando, respectivamente, 39,3% e 31,8%, em Caucaia e 44,3%

e 29,0%, em São Gonçalo do Amarante.

Tabela 23 - Classes de uso e cobertura do solo e suas respectivas representatividades

Cobertura Caucaia São Gonçalo do Amarante Total

km² % km² % km² %

Área Agropecuária 391 31,8 242 29,0 633 30,7

Caatinga 483 39,3 370 44,3 852 41,3

Cobertura Florestal 126 10,3 64 7,6 190 9,2

Corpos d'água 23 1,9 21 2,6 45 2,2

Dunas 21 1,7 29 3,4 50 2,4

Infra-Estrutura/Solo Exposto 184 15,0 109 13,1 293 14,2

Total 1228 100 834 100 2063 100

5.4.1.6 Terras Indígenas

Em Caucaia, existe uma comunidade indígena, os Tapeba. Na verdade existe uma

discussão em torno da identidade indígena deste grupo e este é o elemento que vem

norteando, desde o início, o processo de reconhecimento jurídico-administrativo da

Terra Indígena Tapeba.

A Terra Indígena Tapeba foi identificada por um grupo de trabalho formado por um

sociólogo, um engenheiro agrônomo da FUNAI e por um representante da equipe

Page 93: RIMA 2010 10 19 - semace.ce.gov.br · IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ... INCRA Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária ... PPT Programa Prioritário

Relatório de Impacto Ambiental do Projeto Usina Termelétrica ENDESA Fortaleza II

Caucaia - CE

78

arquidiocesana, equipe esta que vem defendendo os direitos Tapeba. Em outubro de

1986, ficou definida a área de 4.675 ha e 75 km de perímetro.

A parte mais conflituosa do processo de reconhecimento das Terras Indígenas Tabeba

se deu em 1987 e foi marcada por resistência ativa e passiva dos supostos

proprietários dos imóveis que não aceitavam a vistoria. No total foram levantados 118

ocupantes não-índios, sendo 55 supostos proprietários com títulos registrados em

cartório, 61 pequenos posseiros e dois foreiros.

O terreno da UTE Fortaleza não está em terras indígenas, nem foram reclamadas

pelos mesmos.

Page 94: RIMA 2010 10 19 - semace.ce.gov.br · IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ... INCRA Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária ... PPT Programa Prioritário

Relatório de Impacto Ambiental do Projeto Usina Termelétrica ENDESA Fortaleza II

Caucaia - CE

79

6 ZONEAMENTO AMBIENTAL

6.1 UNIDADES DE CONSERVAÇÃO

As unidades de conservação mais próximas à UTE ENDESA Fortaleza II são: Área de

Proteção Ambiental do Pecém, Área de Proteção Ambiental do Lagamar do Cauípe e

a Estação Ecológica do Pecém, a qual fazem parte do Plano Diretor do Complexo

Industrial - Portuário do Pecém (CIPP).

Na Figura 55 é apresentado as Unidades de Conservação próxima e a estrutura

urbana com as principais rodovias.

Nota-se que a mais próxima é a APA do Lagamar do Cauípe, com 7,5 Km de

distância, seguida da Estação Ecológia do Pecém (11,8 Km) e da APA do Pecém com

13,7 Km.

Page 95: RIMA 2010 10 19 - semace.ce.gov.br · IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ... INCRA Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária ... PPT Programa Prioritário

Relatório de Impacto Ambiental do Projeto Usina Termelétrica ENDESA Fortaleza II

Caucaia - CE

80

Figura 55 – Unidades de Conservação

Page 96: RIMA 2010 10 19 - semace.ce.gov.br · IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ... INCRA Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária ... PPT Programa Prioritário

Relatório de Impacto Ambiental do Projeto Usina Termelétrica ENDESA Fortaleza II

Caucaia - CE

81

6.1.1 ÁREA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL DO LAGAMAR DO CAUÍPE

Criada através do Decreto Estadual nº 24.957, de 05 de Junho de 1998. Localiza-se no

Município de Caucaia, Estado do Ceará, com principais acessos pela Via Estruturante Costa do

Sol Poente – CE-085 ou pela Praia do Cumbuco CE -090.

A APA possui uma extensão territorial de 1.884,46 hectares, situada entre as seguintes

coordenadas geográficas: 3°34’24” e 3°40’47” de latitude Sul e entre 38º 49’03” e 38º 44’22” de

longitude Oeste.

De acordo com o Diagnóstico e Zoneamento Ambiental da APA do Lagamar do

Cauípe, a área integra ecossistemas da planície litorânea e dos tabuleiros pré-

litorâneos, onde a planície flúvio-lacustre está embutida. O Lagamar se apresenta

como um corpo d’água alongado, disposto perpendicularmente à linha de costa,

oriundo do barramento do rio Cauípe pelo campo de dunas móveis.

A cobertura vegetal é composta por espécies características de áreas de dunas e

tabuleiros pré-litorâneos, destacando-se o Anacardium occidentale (cajueiro),

Byrsonima crassifolia (murici), Guazuma ulmifolia (mutamba), Jatropha molissima

(pinhão bravo) e Hirtella racemosa (azeitona do mato).

6.1.2 ÁREA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL DO PECÉM

Criada através do Decreto Estadual nº 24.957, de 05 de junho de 1998, localiza-se no

Município de São Gonçalo do Amarante, Estado do Ceará, com principais acessos pela Via

Estruturante, Costa do Sol Poente, CE - 085. A APA possui uma área de 122,79 hectares

sendo uma Unidade de Conservação de Uso Sustentável, dela fazendo parte comunidades

nativas e de veranistas.

A APA do Pecém integra ecossistemas da planície litorânea, dos tabuleiros pré-

litorâneos e uma planície lacustre, na qual está localizada a Lagoa do Pecém que

abastece a Vila do Pecém. A cobertura vegetal é composta por espécies

características de áreas de dunas e tabuleiros pré-litorâneos, destacando-se o

Anacardium occidentale (cajueiro), Coccos nucifera (coqueiro), Byrsonima crassifolia

(murici) e Hymenae courbarilia (jatobá).

6.1.3 ESTAÇÃO ECOLÓGICA DO PECÉM

Criada por meio do Decreto Estadual do Nº 25.708, de 17 de dezembro de 1999, que declara

de utilidade pública para fins de desapropriação pelo Estado do Ceará, as áreas de terra

Page 97: RIMA 2010 10 19 - semace.ce.gov.br · IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ... INCRA Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária ... PPT Programa Prioritário

Relatório de Impacto Ambiental do Projeto Usina Termelétrica ENDESA Fortaleza II

Caucaia - CE

82

indicadas em seu memorial descritivo. Ela se situa nos Municípios de Caucaia e de São

Gonçalo do Amarante e se localiza na Zona Costeira Oeste a 57 km de Fortaleza, possui uma

área de 956,04 ha e a sua principal via de acesso é pela Via Estruturante - Costa do Sol

Poente, CE-085.

A Estação Ecológica do Pecém ocupa uma área de grande riqueza biológica, com

diversidade faunística e florística. A beleza cênica dos cordões de dunas móveis e

edafizadas completam-se com alguns córregos provenientes de afloramentos de

aqüíferos e a formação de lagoas interdunares. A sua área de abrangência apresenta

vegetação do tipo Complexo Vegetacional Litorâneo, englobando ambientes lacustres

interdunares e tabuleiros pré-litorâneo.

6.2 UNIDADES AMBIENTAIS NA ÁREA DE INFLUÊNCIA DIRETA

Na Área de Influência Direta destacam-se as tipologias vegetacionais Caatinga

Arbustiva e a Floresta Estacional Semidecidual Aluvial (Mata de Carnaúba).

A caatinga é uma vegetação xerófila secundária predominantemente arbustiva,

podendo ser densa ou aberta. Sua vegetação atinge em média a altura de 3 a 6

metros. A fitofisionomia somente fica fotossitenticamente ativa no período chuvoso,

quando em poucos meses a vegetação completa seu ciclo de vida.

A outra fitofisionomia característica da Área de Influência Direta é a Mata de Carnaúba

ou Floresta Estacional Semidecidual Aluvial. Essa tipologia, originalmente, é uma

formação florestal mista dicótilo-palmácea que recobria as várzeas fluviais e os

interflúvios em relevos planos de solos aluvionais. A espécie característica desse tipo

de formação é a palmeira carnaúba (Copernicia prunifera).

Pequenos fragmentos de solo exposto (1,2%) são encontrados ao longo da região, no

entanto, percebe-se que a área compreendida por caatinga é maior.

Outras duas plantas industriais se encontram próximas a 1,7 Km e 1,1 Km.

Page 98: RIMA 2010 10 19 - semace.ce.gov.br · IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ... INCRA Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária ... PPT Programa Prioritário

Relatório de Impacto Ambiental do Projeto Usina Termelétrica ENDESA Fortaleza II

Caucaia - CE

83

Figura 56 - Uso e ocupação na AID da UTE ENDESA Fortaleza II

Utilisou-se um raio de 3 Km para a classificação do uso do solo na região da Área de

Influência Direta da UTE ENDESA Fortaleza II.

Para delimitação das zonas ambientais foram definidas oito classes de mapeamento,

conforme apresentado na tabela a seguir.

Tabela 24 Classes de uso e cobertura e suas respectivas representatividades no mapeamento

Classe Descrição Representatividade (%)

Carnaúba De porte arbóreo, ocorrendo em áreas rebaixadas e ao longo das linhas de drenagem

24,8

Caatinga Vegetação característica da área, devido ao clima semi-árido Vegetação esparsa, de porte arbóreo/arbustivo

69,4

Massa D’água Região com corpo D’água 1,5

Infraestrutura/ Áreas com infra-estrutura 1,4

Solo Exposto Áreas de solo exposto 1,2

Vias Pavimentadas Pavimento 0,3

Canal Sítios Novos/Pecém Canal de Água 0,1

Área Alagada Áreas de alagamento 1,4

Nota-se que na Figura 57 a área de caatinga representa grande parte, sendo quase

70% da área. As zonas de área alagada e massa d’água correspondem a 2,9% onde é

possível observar a ausência de Áreas de Preservação Permanente na região afetada

pelo empreendimento.

Page 99: RIMA 2010 10 19 - semace.ce.gov.br · IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ... INCRA Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária ... PPT Programa Prioritário

Relatório de Impacto Ambiental do Projeto Usina Termelétrica ENDESA Fortaleza II

Caucaia - CE

84

Figura 57 – Zoneamento Ambiental

Page 100: RIMA 2010 10 19 - semace.ce.gov.br · IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ... INCRA Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária ... PPT Programa Prioritário

Relatório de Impacto Ambiental do Projeto Usina Termelétrica ENDESA Fortaleza II

Caucaia - CE

85

7 AVALIAÇÃO DE IMPACTOS

A metodologia adotada para avaliar os impactos da UTE Fortaleza seguiu as seguintes

etapas:

Descrição dos impactos decorrentes do empreendimento;

Elaboração de Matriz de Impacto Quanti-Qualitativa, segundo adaptação do

método Fischer e Davies, desenvolvido em 1972, visando dar uma

caracterização e quantificação dos impactos;

Síntese dos impactos.

7.1 MEIO FÍSICO

7.1.1 QUALIDADE DO AR

7.1.1.1 Informações Meteorológicas da Área de Influência em Período Anterior às

Obras de Ampliação

Para a realização do estudo da dispersão para o prognóstico da qualidade do ar

esperada após a implantação da usina ampliada, foram selecionados os dados

meteorológicos disponibilizados pela torre meteorológica instalada dentro da Área de

Influência Direta da UTE ENDESA Fortaleza II, onde predominam os impactos diretos

da usina.

É sempre saudável utilizar informações meteorológicas as mais próximas a uma fonte

de emissão em estudo, pois sintonizam melhor as propriedades meteorológicas que

interferem na dispersão de poluentes na área de influência da mesma.

No estudo de impacto inicial, para o licenciamento da fase atual da usina, esta estação

não existia, tendo sido utilizados os melhores dados disponíveis à época, do Aeroporto

de Fortaleza, período 1995-1996.

Aqueles dados acumulados no período 1995 a 1996 mostram uma velocidade média

anual de 3,17 m/s, com ventos soprando quase exclusivamente do quadrante sudeste

e com uma maior magnitude de calmarias (28,96%).

Estas diferenças nos dados meteorológicos têm influência nos resultados das

simulações aqui apresentadas para a ampliação da UTE ENDESA Fortaleza, em

comparação com os resultados verificados na época do licenciamento ambiental da

fase atual da usina. Previamente, podemos antecipar que o menor teor de calmarias

dos dados atuais é indicador de melhor dispersão turbulenta dos poluentes da usina,

conseqüentemente, menores incrementos de impacto sobre a qualidade do ar.

Page 101: RIMA 2010 10 19 - semace.ce.gov.br · IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ... INCRA Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária ... PPT Programa Prioritário

Relatório de Impacto Ambiental do Projeto Usina Termelétrica ENDESA Fortaleza II

Caucaia - CE

86

7.1.1.2 Emissões Consideradas no Estudo da Dispersão dos Poluentes da Usina

A implantação da UTE ENDESA Fortaleza II (em torno de 450 MW), junto à UTE

Fortaleza existente (346 MW) se dará da seguinte forma:

Serão instaladas duas turbinas a gás modelo, operando em ciclo combinado e, neste

estudo, com 100% de capacidade de carga.

Nestas condições, serão queimados até 66.600 Nm3/h de gás natural, distribuídos nas

duas usinas estacionárias. Cada turbina originará, assim, 1.013.593 Nm3/h de gases

de combustão, com 12% O2 e 9,4% de umidade.

As emissões principais decorrentes das especificações do fabricante da usina,

estabelecidas para a condição normalizada (base seca e 15% O2) dizem respeito à

vazão corrigida dos gases de combustão para 1.379.974 Nm3/h, por turbina, e serão

as mesmas do estudo anterior:

7.1.1.3 Aspectos Metodológicos

7.1.1.3.1 Diversificação na Caracterização da Área de Influencia

Na região englobada pela área de influência selecionada, temos uma multiplicidade de

usos do solo, urbanos, rurais e mistos. Sob a ótica da diversidade da dispersão de

poluentes na atmosfera, estes tipos de áreas apresentam uma maior ou menor

influência neste processo.

Quanto maior a rugosidade do terreno, maior é o atrito provocado nas primeiras

camadas verticais da atmosfera, consequentemente, maior é a turbulência da camada

de mistura. Outros fatores, como a velocidade do vento, a radiação solar e a variação

vertical da temperatura do ar, interferem na turbulência atmosférica.

7.1.1.4 Estudo de Dispersão dos Poluentes da UTE ENDESA Fortaleza II

O estudo de dispersão na atmosfera dos poluentes emitidos pela implantação da UTE

ENDESA Fortaleza II está concebido para propiciar a formulação do prognóstico

esperado para a qualidade do ar.

Assim, foi considerado que a qualidade do ar existente antes do acréscimo de entorno

de 350 MW inclui os incrementos da fase atual da usina (346 MW), juntamente com as

demais fontes da área de influência. Conforme apresentado no diagnóstico da

qualidade do ar prévio à ampliação, os níveis máximos medidos são os sintetizados a

seguir:

Page 102: RIMA 2010 10 19 - semace.ce.gov.br · IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ... INCRA Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária ... PPT Programa Prioritário

Relatório de Impacto Ambiental do Projeto Usina Termelétrica ENDESA Fortaleza II

Caucaia - CE

87

Partículas Inaláveis/24h 80 g/m3

Dióxido de enxofre/24h: 25 g/m3

Monóxido de Carbono/8h: 7 g/m3

Monóxido de Carbono/1h: 22 g/m3

Dióxido de Nitrogênio/1h7 142 g/m3

Para estes poluentes previamente monitorados o pior prognóstico da qualidade do ar

esperada, para curtos períodos, será a soma entre o incremento máximo simulado

pelo modelo de dispersão e estes níveis de fundo.

7.1.1.4.1 Conclusão

Os maiores incrementos de impacto serão para dióxido de nitrogênio em período

horário. Entretanto, serão localizados dentro da área da usina.

As simulações deste poluente foram efetivadas com emissões de NOx com 100% de

conversão para NO2, o que é uma abordagem conservadora e segura.

Os demais incrementos máximos para períodos de 24 horas para partículas inaláveis

e dióxido de enxofre, localizam-se distantes da área do site, mas seus valores são

baixos e posicionados fora das áreas urbanizadas.

Todos os poluentes simulados apresentarão incrementos de impacto de baixa à média

magnitude (esta última para NO2), com degradações da qualidade do ar sempre dentro

dos padrões secundários de qualidade do ar fora do site da usina.

Desta forma, com base no estudo apresentado, conclui-se não haver impedimentos

para a implantação de nova unidade de ciclo combinado, com as emissões de

poluentes consideradas e as condições de emissão dos mesmos nas próprias

chaminés. Cabe ressaltar que o projeto executivo poderá trazer alterações que serão

mais favoráveis sob o ponto de vista ambiental.

7.1.2 RUÍDOS

7.1.2.1 Fase de Implantação

A construção da nova unidade implica na utilização de máquinas e equipamentos

inerentemente geradores de ruído como escavadeiras, pá carregadeiras,

motoniveladoras, caminhões, bate estacas, marteletes pneumáticos, compactadores,

betoneiras, vibradores e outros. A geração de ruído por parte de tais equipamentos é

variável de acordo com a fase evolutiva da obra.

7 Obtido pela transformação do valor medido de 24h (75 g /m3) para o período de 1h. Ver 10.2.1 - Qualidade do Ar na Área de Influência.

Page 103: RIMA 2010 10 19 - semace.ce.gov.br · IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ... INCRA Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária ... PPT Programa Prioritário

Relatório de Impacto Ambiental do Projeto Usina Termelétrica ENDESA Fortaleza II

Caucaia - CE

88

Os ruídos de fonte citados (caminhão, situação mais adversa, maior ruído de fonte) e a

análise do ruído de fundo monitorado in loco, afirma-se que o ruído emitido pelas

obras será absorvido pelo ruído de fundo a uma ordem de 240 metros.

Sendo assim, a população atingida englobará somente os trabalhadores e prestadores

de serviço (empreiteiros) contratados para a execução das obras.

7.1.2.2 Fase de Operação

Os ruídos gerados na operação do empreendimento são oriundos predominantemente

da turbina e equipamentos agregados. Tomando-se por base informações obtidas

junto ao fabricante das turbinas, o nível de ruído mais acentuado é gerado junto à

chaminé de exalação dos fumos oriundos da queima do gás.

Segundo dados apresentados em itemização anterior, a distância máxima na qual será

possível identificar o nível de pressão sonora oriundo das turbinas no

empreendimento, sem que o nível de ruído de fundo a absorva, é de 512 metros. Ou

seja, a partir desta distância, o ruído predominante será somente o ruído de fundo

identificado e monitorado freqüentemente na atual instalação.

7.1.2.3 Medidas Mitigadoras

Como o entorno da área do empreendimento é de uso exclusivamente industrial, a

população atingida será aquela não ligada diretamente ao empreendimento, que

porventura seja atuante em instalações que venham a ocupar futuramente terrenos

vizinhos do entorno, além dos trabalhadores que irão atuar na construção e operação

da UTE ENDESA Fortaleza II.

Estes efeitos são mitigados pelas medidas previstas na legislação de Higiene e

Segurança do Trabalho (Portaria 3.214/78 da CLT), particularmente as Normas

Regulamentadoras no 7, 9 e 15. Outra medida importante é a continuidade do

monitoramento de níveis de ruído já em andamento na usina existente, que deverá ser

reavaliado quanto à necessidade de inserir novos pontos de monitoramento.

7.1.3 GEOMORFOLOGIA, SOLOS E RECURSOS HÍDRICOS

7.1.3.1 Fase de Implantação

7.1.3.1.1 Intervenção das camadas superficiais dos solos, assoreamento e

propagação de feições erosivas

As ações de terraplenagem e a conseqüente remoção da camada superior dos solos

ocasionam um impacto direto, pouco significativo e de baixa magnitude no que diz

Page 104: RIMA 2010 10 19 - semace.ce.gov.br · IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ... INCRA Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária ... PPT Programa Prioritário

Relatório de Impacto Ambiental do Projeto Usina Termelétrica ENDESA Fortaleza II

Caucaia - CE

89

respeito à perda de fertilidade dos solos em função da natural incipiência de nutrientes

existentes, não acarretando, desta forma, um impacto intenso.

Em adição, a movimentação de solos poderá impactar o açude a jusante, promovendo

o carreamento de sedimentos, o que acarretaria em assoreamento localizado.

Entretanto, este impacto é interpretado como meramente potencial, de baixa

magnitude e pouco significativo em função das baixas declividades do terreno.

O aterramento, elevando a cota do terreno da futura planta para 29 m, promoverá um

suave aumento na declividade do terreno (gerando um declive máximo de 4º), o que,

entretanto, tende a gerar um impacto meramente potencial, pouco significativo e de

baixa magnitude, uma vez que não há tendência de aumento substancial no

escoamento superficial (principal causador da propagação de processos erosivos).

Medidas Mitigadoras

Avalia-se como mais viável a adoção de medidas preventivas, as quais consistem em

promover a estocagem do material removido em áreas planas, distantes do açude e

com sistema de encorajem simples do material (estaqueamento), evitando que o

mesmo seja mobilizado quando da ocorrência de chuvas.

O suave aumento de declividade a ser gerado pelo aterramento terá seus efeitos

impactantes minimizados através da implantação de cobertura vegetal rasteira ao

longo da encosta adjacente ao açude, evitando o deslizamento de sedimentos em

função do escoamento pluvial superficial.

Outra medida importante consiste no monitoramento do açude durante a execução

das obras, em especial logo após a ocorrência de chuvas. Caso verificado o

carreamento de sedimentos para jusante em volume suficiente a gerar colmatação

localizada, deverá ser feita a imediata remoção do material acumulado e implantado

sistema de redução da velocidade das águas, o que, automaticamente, possibilitará

um incremento na manutenção das condições naturais de escoamento. No âmbito dos

referidos sistemas poderão ser incluídas escadarias de redução de velocidade das

águas, valas de drenagem, bacias de contenção de sedimentos e/ou outros que se

mostrem eficazes e viáveis conforme a intensidade do impacto gerado.

7.1.3.1.2 Contaminação do solo por óleos, graxas e produtos químicos em geral

A contaminação dos solos por produtos químicos consiste em impacto potencial e de

magnitude variável (diretamente dependente da intensidade do vazamento e da área

diretamente impactada) passível de ocorrer tanto na fase de implantação quanto na

fase de operação, com maior potencialidade de deflagração na primeira.

De forma geral, a contaminação dos solos por produtos químicos pode se dar através

dos seguintes agentes:

Page 105: RIMA 2010 10 19 - semace.ce.gov.br · IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ... INCRA Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária ... PPT Programa Prioritário

Relatório de Impacto Ambiental do Projeto Usina Termelétrica ENDESA Fortaleza II

Caucaia - CE

90

Vazamentos em equipamentos, embalagens ou sistemas de armazenamento;

Derramamentos durante as operações de carga e descarga dos produtos;

Gotejamento de veículos, equipamentos, reservatórios e/ou tubulações.

Medidas Mitigadoras

Como medida preventiva principal define-se a necessidade de implantação de caixas

separadoras de óleo nos locais de lavagem e pontos de manutenção de veículos e

equipamentos, evitando a contaminação dos solos. A impermeabilização dos solos

evitará, igualmente, a infiltração dos contaminantes.

A manutenção periódica dos maquinários (durante a implantação do empreendimento)

e dos equipamentos (durante a operação) permitirá uma maior segurança, evitando,

assim, que desgastes em peças venham a ocasionar vazamentos e gotejamentos.

Em caso da ocorrência de acidentes com os produtos químicos, deverá ser feito

mapeamento da área impactada e de sua intensidade, permitindo a elaboração de um

Plano de Recuperação de Áreas Degradadas direcionado ao impacto gerado.

7.1.3.1.3 Contaminação dos recursos hídricos pela produção de efluentes

sanitários

Haverá geração de efluentes sanitários nos refeitórios, acampamentos e instalações

para operários, consistindo em um impacto garantido, de elevado significado e

magnitude caso não tratado.

Medidas Mitigadoras

Para evitar o impacto nos mananciais hídricos em função da geração de efluentes

sanitários será implantado sistema de tratamento que evite o descarte in natura nos

corpos hídricos do entorno.

7.1.3.2 Fase de Operação

7.1.3.2.1 Redução da disponibilidade de água para abastecimento em função da

captação

Será feita captação direta do açude Sítios Novos, localizado a sudoeste da área

almejada para o empreendimento, gerando um impacto direto que consiste na redução

da capacidade disponível do mesmo para os diversos usos aos quais é destinado.

Entretanto, conforme o volume armazenado em 2003 (123.230.000 m³),

correspondente à capacidade máxima de armazenamento do corpo hídrico, avalia-se

que o total a ser captado (12.960 m³/dia) não irá caracterizar um impacto que venha a

gerar déficit hídrico e reduzir a disponibilidade de abastecimento da região.

Page 106: RIMA 2010 10 19 - semace.ce.gov.br · IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ... INCRA Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária ... PPT Programa Prioritário

Relatório de Impacto Ambiental do Projeto Usina Termelétrica ENDESA Fortaleza II

Caucaia - CE

91

7.1.3.2.2 Contaminação dos solos por efluentes sanitários

A contaminação em função da geração de efluentes sanitários durante a operação do

empreendimento consiste em impacto de características idênticas àquele passível de

ser gerado durante a implantação (porém em menor magnitude, dada o menor

contingente de trabalhadores na planta). Entretanto, não é avaliado como sendo um

impacto passível de ocorrência, uma vez que os efluentes serão dirigidos ao sistema

de tratamento de efluentes do CIPP.

Medidas Mitigadoras

Implantação de sistema de tratamento que evite o descarte in natura nos corpos

hídricos do entorno.

7.1.3.2.3 Contaminação das águas por efluentes industriais

A contaminação dos recursos hídricos por efluentes líquidos oriundos dos processos

industriais durante a operação do empreendimento consiste em impacto provável, de

natureza negativa e magnitude variável conforme o volume e a tipologia do efluente

liberado ao ambiente.

Este impacto se relaciona diretamente ao local de descarte dos efluentes, sendo, no

caso deste empreendimento, em local próximo ao píer do porto, que apresenta

condições de circulação e dispersão de efluentes bastante eficientes. Conforme as

modelagens efetuadas para este projeto, a pluma de dispersão dos efluentes não

atinge as regiões costeiras.

Medidas Mitigadoras

Manter o tratamento de pH atualmente empregado e encaminhar os efluentes

industriais para o emissário já existente, promovendo o lançamento no mar, evitando,

desta forma, qualquer tipo de dispersão que se torne efetivamente impactante sobre o

meio ambiente.

7.1.3.2.4 Deformação de estruturas e recalque dos solos por sobrepeso

Este impacto, de ocorrência meramente potencial, caracteriza-se por deformações

passíveis de ocorrência nos solos e nas edificações em função do sobrepeso a ser

gerado pelas instalações da UTE. Entretanto, a verificação da inexistência de

quaisquer problemas desta natureza na unidade já existente permite caracterizar tal

impacto como de ocorrência improvável, desde que mantidas condições

estruturais/construtivas similares àquelas já existentes em observância à conformação

pedológica e geomorfológica da região, promovendo adaptações sempre que

necessário.

Page 107: RIMA 2010 10 19 - semace.ce.gov.br · IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ... INCRA Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária ... PPT Programa Prioritário

Relatório de Impacto Ambiental do Projeto Usina Termelétrica ENDESA Fortaleza II

Caucaia - CE

92

Medidas Mitigadoras

Uma medida de caráter preventivo consiste em promover a compactação dos solos

nas porções que sofrerão aterramento e implantar conjunto de sapatas com base

sustentada em substrato coeso, evitando, assim, movimentações em função de

deformações dos solos.

7.2 MEIO BIÓTICO

7.2.1 FASE DE IMPLANTAÇÃO

Na fase de instalação ocorrerá uma série de eventos e ações potencialmente

geradoras de impactos, a saber: intervenção da vegetação; terraplanagem,

mobilização e desmobilização de mão-de-obra; implantação do Canteiro de Obras;

transporte de equipamentos e materiais de construção, e, conseqüentemente, o

aumento no fluxo de circulação de veículos e desmatamentos.

7.2.1.1 Perda de Habitats

A região onde será implantado o empreendimento é composta basicamente por

caatinga arbustiva, mesclada com uma mata de carnaúba bastante modificada. A

construção da nova unidade implicará a perda de habitat para as espécies de fauna

que vivem na área do empreendimento.

A fauna poderá ser afetada caso houver redução da superfície do açude existente

próximo à área de ampliação, especialmente a avifauna.

Medidas Mitigadoras e Compensatórias

Medida mitigadora: manutenção das condições atuais do açude existente.

Medidas compensatórias: recuperar e conservar as áreas vizinhas à área da

supressão; proteger os remanescentes da mata seca, que são fisionomias vegetais

originais da região e de grande diversidade biológica, existentes nos morrotes; e

instituir projetos que visam à implantação de corredores ecológicos para aumentar a

conectividade dos fragmentos de mata seca isolados. Outra medida que deve ser

tomada é o transplante das carnaúbas que se encontram na área e que sofreriam

intervenção para local próximo.

7.2.1.2 Aumento da fragmentação dos habitats e redução de áreas de

forrageamento

Apesar da pequena extensão da área a ser suprimida e a homogênea distribuição da

vegetação em áreas próximas, a supressão da vegetação irá diminuir as áreas de

forrageamento de fauna e aumentar a fragmentação dos habitats da fauna.

Page 108: RIMA 2010 10 19 - semace.ce.gov.br · IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ... INCRA Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária ... PPT Programa Prioritário

Relatório de Impacto Ambiental do Projeto Usina Termelétrica ENDESA Fortaleza II

Caucaia - CE

93

Medidas Mitigadoras

Para minimizar os impactos da fragmentação do habitat, faz-se necessário um

planejamento prévio da área para manter a conectividade entre fragmentos

remanescentes, especialmente as matas secas.

7.3 MEIO ANTRÓPICO

7.3.1 FASE DE IMPLANTAÇÃO

7.3.1.1 Remanejamento da população

Na área do entorno do empreendimento existem quatro famílias, que estão sendo

relocadas para área de propriedade da ENDESA situada próximo à nova unidade. As

casas a serem demolidas serão substituídas por outras construídas pelo

empreendedor, e que irão dispor de toda a infraestutura necessária.

Medidas Mitigadoras e Compensatórias

Construção de novas casas com toda a infra-estrutura em substituição às

antigas, que serão demolidas.

Implantação de modelo de agricultura familiar para os reassentados e famílias

moradoras do entorno da usina.

7.3.1.2 Alteração na organização e dinâmica territorial

Este impacto surge principalmente pelo fato de o empreendimento absorver um

grande contingente de mão-de-obra, tanto direta quanto indireta, o que altera

significativamente a dinâmica local. Uma das principais alterações nessa dinâmica é

com relação à construção de alojamentos e moradias, que atuam sobre as atuais

formas de uso e ocupação do solo.

Medidas Mitigadoras

As empreiteiras deverão fazer um planejamento prévio para avaliar sobre a localização

e infra-estrutura a ser implantada para moradia, lazer, transporte, etc., de forma a

evitar conflitos com a população local.

7.3.1.3 Alteração no cotidiano da população

O cotidiano das populações envolvidas com o empreendimento se altera

consideravelmente durante a fase de construção do empreendimento. As alterações

ocorrem sob diversos aspectos distintos, mas o mais perceptível é referente à

expectativa dessas populações com relação à maior oferta de trabalho, que gera

Page 109: RIMA 2010 10 19 - semace.ce.gov.br · IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ... INCRA Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária ... PPT Programa Prioritário

Relatório de Impacto Ambiental do Projeto Usina Termelétrica ENDESA Fortaleza II

Caucaia - CE

94

demandas e conflitos, estes últimos, na maioria das vezes decorrentes da convivência

entre moradores e trabalhadores vindos de outras regiões.

Além das alterações anteriormente mencionadas, estima-se a possibilidade de

mudanças no atual padrão de ocorrência de Doenças Sexualmente Transmissíveis,

(DST’s), o aumento na demanda pelos serviços de educação, saúde, etc. Este impacto

poderá ocorrer nas localidades mais próximas (Catuana e Primavera).

Medidas Mitigadoras

Veiculação de informes na mídia local, com os tipos de postos de trabalho para

os quais se recrutará mão-de-obra, além de elaboração de um cadastro

contendo dados sobre a mão-de-obra local disponível, que pode ser realizado

principalmente através das Prefeituras Municipais;

Dar preferência de contratação à mão-de-obra disponível nas sedes urbanas

mais próximas; seguida da mão-de-obra regional, ou seja, proveniente de

outros municípios do próprio Estado. Essa medida poderá evitar um aumento

do contingente de população trabalhadora oriunda de outras regiões do

Estado, atraída pela oferta de emprego e disposta a se instalar nas

proximidades da obra;

Implementação de um plano de acompanhamento e atendimento da mão-de-

obra, de modo a evitar possíveis transtornos;

7.3.1.4 Pressão sobre a infra-estrutura de serviços essenciais

O contingente de trabalhadores que irá se instalar junto ao local das obras será

responsável por um aumento na demanda pelos serviços essenciais, que já se

mostram insuficientes para a população atual e, sendo assim, sofrerão uma pressão

considerável. Também o setor terciário será impactado por esse aumento do número

de habitantes, uma vez que a oferta de emprego tende a aumentar a renda familiar e,

conseqüentemente, a demanda por produtos desse setor.

Medidas Mitigadoras

Contratação da mão-de-obra e dos serviços disponíveis nas comunidades

imediatamente próximas, para reduzir a migração e conseqüentemente, o

aumento populacional;

Fornecimento dos serviços básicos necessários aos trabalhadores no próprio

Canteiro de Obras, evitando que esses sobrecarreguem a infra-estrutura dos

municípios onde se instalem;

Dimensionamento e preparo de áreas de lazer e recreação adequadas para

receber os trabalhadores nos períodos de descanso para evitar conflitos que

eventualmente possam ocorrer com o uso de equipamentos locais;

Page 110: RIMA 2010 10 19 - semace.ce.gov.br · IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ... INCRA Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária ... PPT Programa Prioritário

Relatório de Impacto Ambiental do Projeto Usina Termelétrica ENDESA Fortaleza II

Caucaia - CE

95

Elaboração de alternativas, em parceria com o Poder Público, para evitar a

pressão sobre os serviços essenciais existentes nos municípios.

7.3.1.5 Comprometimento da saúde da população

O comprometimento da saúde pode ser em diversos âmbitos e atingir principalmente

os trabalhadores diretos do empreendimento, uma vez que esses estarão mais

expostos a situações que demandem os serviços desse setor, que se encontra

deficiente até mesmo para atender a população já existente na região e que será

agravado por um aumento populacional, com conseqüente aumento de demanda.

Medidas Mitigadoras

Proporcionar o acesso aos serviços do setor de saúde para os trabalhadores

da usina, de forma que esses não venham a sobrecarregar os serviços

disponibilizados pelas sedes urbanas próximas ao empreendimento;

Realização de controle epidemiológico, como medida preventiva à proliferação

de doenças e para monitorar o quadro de saúde da população;

Controlar o padrão de saúde dos trabalhadores desde a admissão;

Realização de campanhas educativas voltadas à conscientização da população

sobre a importância dos cuidados a serem tomados como medidas preventivas

das DST’s.

A permanência e incorporação dos novos trabalhadores aos programas de segurança

e saúde do trabalhador já existentes na UTE ENDESA Fortaleza certamente irão

contribuir na redução dos casos de atendimento.

7.3.1.6 Aumento da oferta de postos de trabalho

A fase de implantação do empreendimento prevê a geração de aproximadamente

2.000 empregos diretos, acrescidos de, no mínimo, igual quantia de postos de trabalho

indiretos, o que irá dinamizar o mercado de trabalho local temporariamente. Esses

empregos irão beneficiar principalmente a mão-de-obra não-qualificada, existente em

abundância na região do empreendimento. Esse fator gera duas conseqüências para a

população local: em um primeiro momento a redução das taxas de desemprego,

geralmente elevadas; num segundo momento, provocando um efeito contrário, com

aumento nas taxas de desemprego pela finalização da obra e incapacidade do

empreendimento em permanecer absorvendo essa mão-de-obra.

7.3.1.7 Aumento da renda local

O empreendimento irá demandar grande quantidade de mão-de-obra, principalmente

não-qualificada, o que possibilita a contratação da população local (sedes urbanas e

Page 111: RIMA 2010 10 19 - semace.ce.gov.br · IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ... INCRA Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária ... PPT Programa Prioritário

Relatório de Impacto Ambiental do Projeto Usina Termelétrica ENDESA Fortaleza II

Caucaia - CE

96

comunidades imediatamente próximas à área prevista para a implantação da LT).

Dessa forma, possibilitará um pequeno aumento na renda local, considerada baixa

principalmente pela alta taxa de desemprego, sendo o mercado informal a maior fonte

de renda da população dessa região.

7.3.1.8 Aumento das arrecadações municipais e da geração de renda para o setor

terciário

Com a chegada de novas pessoas à região, e conseqüente aumento populacional,

haverá aumento na arrecadação fiscal dos municípios da AID. Outro fator que gera

aumento nessa arrecadação é a implantação do Canteiro de Obras, dos alojamentos e

refeitórios. As principais fontes de receita que sofrerão esse impacto são o ISS e o

FPM. Convém lembrar que esses impactos serão maiores durante a fase de

implantação do empreendimento.

Com relação ao setor terciário, com o aumento da população haverá aumento na

demanda pelos serviços desse setor. Também a usina influenciará esse setor pela

compra de materiais de construção diversos, combustíveis, reparação de máquinas e

veículos, etc. Além disso, haverá aumento no consumo de água e energia elétrica.

7.3.2 FASE DE OPERAÇÃO

7.3.2.1 Aumento de oferta de postos de trabalho

Na fase de operação do empreendimento, é prevista a geração de 15 postos de

trabalho diretos. As funções que exigem conhecimento especializado tendem a ser

preenchidos por pessoal qualificado de Fortaleza e outras capitais. Contudo, mesmo

que não seja expressivo o número de trabalhadores contratados oriundos dos

municípios da área de influência, este impacto é de alta significância para a população

local.

7.3.2.2 Aumento das receitas tributárias

Durante a vida útil da usina, estimada em 20 anos, haverá um aumento da

arrecadação de tributos, tanto municipais, como estaduais e federais, decorrente da

venda de energia, dos postos de trabalho criados nesta etapa e dos serviços

associados ao atendimento das necessidades da população de trabalhadores.

7.3.2.3 Estímulo ao desenvolvimento do Complexo Industrial e Portuário do

Pecém

Ao assegurar energia elétrica para indústrias com intenções de se instalar no CIPP, o

empreendimento irá gerar um efeito multiplicador de estimular o desenvolvimento do

Page 112: RIMA 2010 10 19 - semace.ce.gov.br · IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ... INCRA Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária ... PPT Programa Prioritário

Relatório de Impacto Ambiental do Projeto Usina Termelétrica ENDESA Fortaleza II

Caucaia - CE

97

Complexo Industrial e Portuário do Pecém, e com isso, gerar mais oportunidades de

trabalho e novos tributos para os cofres públicos.

7.3.2.4 Ampliação da oferta e melhoria da estabilidade do Sistema Interligado

Regional e Nacional

O impacto mais relevante do empreendimento não se circunscreve apenas ao âmbito

da área de influência, mas atinge dimensões regionais que extrapolam os limites

estaduais. Comparativamente aos empreendimentos hidrelétricos, por exemplo, a

geração de energia elétrica que passa a ser integrada ao Sistema Interligado

representa uma contribuição importante na diversificação da matriz energética. A

geração hidrelétrica, sobre a qual está sustentado o sistema de geração brasileiro,

está sujeita a flutuações de ordem natural, de acordo com os regimes de chuva e

variações climáticas, acrescentando um ingrediente de risco incontrolável ao Sistema.

A sustentabilidade do crescimento da atividade econômica no Brasil depende da

garantia de fornecimento de energia elétrica. Hoje, o crescimento da oferta deve

exceder o da demanda sob pena de tornar-se insuficiente para atendê-la. Neste

sentido, o empreendimento é um importante fator de impacto positivo, pela rapidez no

processo de conclusão e início de operação.

A utilização de outras fontes, especialmente a eólica, recurso disponível localmente e,

portanto, não sujeito a estas injunções, é uma alternativa importante na

complementação da matriz energética, porém, de pequeno potencial gerador se

comparado às usinas térmicas a gás.

Outro aspecto do impacto sobre a economia regional em termos da segurança do

fornecimento de energia elétrica é o da localização da unidade geradora estar

próxima ao centro de carga, que é a Região Metropolitana de Fortaleza. Tal

posicionamento acrescenta uma série de vantagens se comparado a uma alternativa

de geração mais distante. Além da segurança maior, fruto da menor distância, não é

desprezível a redução das perdas com a transmissão a longa distância de energia em

alta tensão, bem como o impacto gerado por extensas linhas de transmissão, sujeitas

a ocorrências com condições atmosféricas adversas e acidentes.

As características do empreendimento, portanto, contribuem de forma peculiar para

estes impactos positivos sobre a economia regional, na medida em que está situado

próximo a um importante centro de carga. Além disso, é complementar a um sistema

de geração interligada que minimiza os riscos inerentes a cada uma das unidades

geradoras individualmente de comprometerem o abastecimento de uma região por

terem sua operação interrompida ou reduzida por fatores técnicos ou climáticos.

Page 113: RIMA 2010 10 19 - semace.ce.gov.br · IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ... INCRA Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária ... PPT Programa Prioritário

Relatório de Impacto Ambiental do Projeto Usina Termelétrica ENDESA Fortaleza II

Caucaia - CE

98

7.4 MEIOS FÍSICO, BIÓTICO E ANTRÓPICO

7.4.1 FASE DE IMPLANTAÇÃO

7.4.1.1 Aumento do risco de acidentes e de atropelamento da fauna devido à

intensificação do trânsito

O aumento do tráfego de veículos deverá ocorrer nas principais vias de acesso ao

local das obras: a BR-222 e a CE-422. Este impacto poderá causar a degradação das

rodovias, o aumento do risco de acidentes e de atropelamento de animais silvestres,

em função do aumento no fluxo de veículos pesados que irão abastecer as obras e de

veículos de pequeno porte, do pessoal administrativo.

Medidas Mitigadoras

Estabelecer cooperação com os órgãos de trânsito na organização do uso do

sistema viário.

Elaborar e aplicar planos de educação no trânsito.

7.4.1.2 Alterações na qualidade do ar

Os trabalhos de terraplenagem poderão ocasionar um aumento da concentração de pó

e poeira, devido à movimentação de veículos, máquinas e equipamentos. Ocorrerão

também, em menor escala, emissão de gases, principalmente CO2, emitido pela

combustão de veículos e máquinas.

Medidas Mitigadoras

Uso de caminhões-pipa para umedecer os acessos e áreas aonde irão se

desenvolver as atividades de terraplenagem, ocasião em que o problema tende

a se intensificar.

Realizar regulagens e revisões periódicas dos veículos para reduzir a emissão

de poluentes.

7.4.1.3 Afugentamento da fauna e incômodo para os trabalhadores em função do

aumento do nível de ruídos

A preparação do Canteiro de Obras e as atividades de construção produzirão um

aumento do nível de ruídos que afugentará a fauna local, além de afetar os

trabalhadores da obra.

Medidas Mitigadoras

Monitoramento de ruídos e uso de EPIs.

Page 114: RIMA 2010 10 19 - semace.ce.gov.br · IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ... INCRA Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária ... PPT Programa Prioritário

Relatório de Impacto Ambiental do Projeto Usina Termelétrica ENDESA Fortaleza II

Caucaia - CE

99

7.4.1.4 Geração de resíduos sólidos

Nesta fase é gerada uma quantidade significativa de resíduos sólidos, como papelão,

madeira e plástico de embalagens, bem como restos de sucata e materiais diversos

utilizados na construção. Além disso, também são gerados resíduos no Canteiro de

Obras, e nos alojamentos e refeitórios destinados aos trabalhadores. É importante que

sejam tomadas medidas para o correto manuseio e destinação dos resíduos para

evitar impactos nos meios físico (contaminação do solo e recursos hídricos), biótico

(degradação dos ambientes da flora e fauna) e antrópico (proliferação de doenças e

vetores).

Medidas Mitigadoras

Correto manuseio dos resíduos, incluindo as seguintes etapas:

acondicionamento, coleta, transporte e tratamento e/ou disposição final;

Utilização de recipientes apropriados para o acondicionamento, atendendo as

normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).

7.4.2 FASE DE OPERAÇÃO

7.4.2.1 Alteração na qualidade do ar, afetando a fauna e população

Durante a operação da UTE ENDESA Fortaleza II, serão emitidos na atmosfera gases

poluentes, como partículas inaláveis, CO, SO2 e NO2, além de poeira em suspensão,

fumaça e gases provenientes da circulação de veículos na área da usina, e que

poderão afetar a fauna e a população de funcionários, visitantes e eventuais

trabalhadores de locais próximos. Entretanto, devido à tecnologia adotada, as

emissões oriundas da operação do empreendimento serão mínimas e não deverão

causar danos às pessoas ou à fauna.

Medidas Mitigadoras

Continuação do monitoramento da qualidade do ar.

7.5 MATRIZ DE AVALIAÇÃO QUANTI-QUALITATIVA

Com o objetivo de proporcionar um aprofundamento na análise matricial anterior, foi

elaborada uma Matriz de Avaliação Quanti-qualitativa (Tabela 25, Tabela 26 e Tabela

27), onde os impactos foram avaliados de acordo com os seguintes critérios:

Natureza: positivo ou negativo - caracteriza os efeitos;

Prazo de Ocorrência: a curto, médio ou longo prazo - indica o momento em

que ocorrem;

Page 115: RIMA 2010 10 19 - semace.ce.gov.br · IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ... INCRA Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária ... PPT Programa Prioritário

Relatório de Impacto Ambiental do Projeto Usina Termelétrica ENDESA Fortaleza II

Caucaia - CE

100

Área de Incidência: localizado ou disperso - situa a abrangência;

Duração: temporário ou permanente - indica a duração;

Magnitude: pequena, média ou grande - quantifica os efeitos;

Grau de Resolução das medidas propostas para reduzir ou potencializar um

dado impacto: baixo, médio ou alto - indica a suscetibilidade de interferência;

Grau de Relevância, tendo em vista a magnitude do impacto e o grau de

resolução das medidas propostas, conclui-se sobre sua relevância: baixa,

média ou alta.

Page 116: RIMA 2010 10 19 - semace.ce.gov.br · IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ... INCRA Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária ... PPT Programa Prioritário

Relatório de Impacto Ambiental do Projeto Usina Termelétrica ENDESA Fortaleza II Caucaia - CE

101

Tabela 25 - Matriz de Avaliação Quanti-Qualitativa - Área de Influência Direta / Fase de Implantação

MEIO IMPACTO

ATRIBUTOS MENSURAÇÃO MEDIDAS MITIGADORASGRAU DE

RELEVÂNCIA Natu-reza

Ocorrência Forma de

Interf. Duração Indicador

Nº Abs.

Magnit. Descrição Grau

de Resol. Prob Prazo Espacial

Físico

Intervenção das camadas superficiais dos solos e propagação de feições erosivas

- P Curto L a t Peq.

Estocagem do material removido em ações de terraplenagem Cobertura vegetal ao longo de taludes mais íngremes Monitoramento da erosão na encosta e de assoreamento, no açude

M b

Físico

Contaminação do solo por óleos, graxas e produtos químicos em geral

- P Curto L/D o t/p Peq.

Implantação de caixas separadoras de água/óleo Manutenção dos equipamentos e maquinário Elaboração de PRAD caso ocorra contaminação

A b

Físico

Contaminação dos recursos hídricos pela produção de efluentes sanitários

- C Curto D a t/p m3/ dia 210 Gran-de

Implantação de sistemas de tratamento dos efluentes líquidos

A b

NATUREZA Probabilidade PRAZO ESPACIALIDADE FORMA DE INTERFERÊNCIA

DURAÇÂO MAGNITUDE GRAU DE RESOLUÇÃO

GRAU DE RELEVÂNCIA

Positivo (+) Certo (C) Curto Localizado (L) Ocasiona (o) Temporário (t) Pequena Alto (A) Alto (a) Negativo (-) Provável (P) Médio Disperso (D) Aumenta (a) Permanente (p) Média Médio(M) Médio (m) Longo Grande Baixo (B) Baixo (b)

Page 117: RIMA 2010 10 19 - semace.ce.gov.br · IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ... INCRA Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária ... PPT Programa Prioritário

Relatório de Impacto Ambiental do Projeto Usina Termelétrica ENDESA Fortaleza II Caucaia - CE

102

Tabela 18 - Matriz de Avaliação Quanti-Qualitativa - Área de Influência Direta / Fase de Implantação (continuação)

MEIO IMPACTO

ATRIBUTOS MENSURAÇÃO MEDIDAS MITIGADORASGRAU DE

RELEVÂNCIA Natu-reza

Ocorrência Forma de

Interf.

Dura-ção

Indi-cador

Nº Abs.

Magnit. Descrição Grau

de Resol. Prob. Prazo

Espa-cial.

Biótico Perda de habitats - C Curto L o p Média

Manutenção do açude existente Recuperar e conservar as áreas vizinhas, proteger os remanescentes de mata seca, implantação de corredores ecológicos, transplante da carnaúba para área próxima

M m

Biótico

Aumento da fragmentação dos habitats e redução das áreas de forrageamento

- C Curto L/D o p Média

Planejamento prévio da área para manter conectividade entre fragmentos remanescentes

M m

Antró-pico

Alteração na organização e dinâmica territorial

P Curto L o t Média Planejamento prévio para evitar conflitos com a população local

M b

NATUREZA Probabilidade PRAZO ESPACIALIDADE FORMA DE INTERFERÊNCIA

DURAÇÂO MAGNITUDE GRAU DE RESOLUÇÃO

GRAU DE RELEVÂNCIA

Positivo (+) Certo (C) Curto Localizado (L) Ocasiona (o) Temporário (t) Pequena Alto (A) Alto (a) Negativo (-) Provável (P) Médio Disperso (D) Aumenta (a) Permanente (p) Média Médio(M) Médio (m) Longo Grande Baixo (B) Baixo (b)

Page 118: RIMA 2010 10 19 - semace.ce.gov.br · IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ... INCRA Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária ... PPT Programa Prioritário

Relatório de Impacto Ambiental do Projeto Usina Termelétrica ENDESA Fortaleza II Caucaia - CE

103

Tabela 18 - Matriz de Avaliação Quanti-Qualitativa - Área de Influência Direta / Fase de Implantação (continuação)

MEIO IMPACTO

ATRIBUTOS MENSURAÇÃO MEDIDAS MITIGADORASGRAU DE

RELEVÂNCIA Natu-reza

Ocorrência Forma de

Interf.

Dura-ção

Indi-cador

Nº Abs.

Magnit. Descrição Grau de Resol. Prob. Prazo

Espa-cial.

Antro-pico

Alteração no cotidiano da população

- P Curto L o t Média

Iinformes na mídia local sobre o tipo de mão-de-obra a ser demandada Dar preferência à contratação de mão-de-obra do local Implementar plano de acompanhamento e atendimento da mão-de-obra

M b

Antró-pico

Pressão sobre a infra-estrutura de serviços essenciais

- C Curto L o t Média

Contratar mão-de-obra e serviços nas comunidades próximas Fornecimento de serviços básicos no Cant. de Obras Disponibilizar áreas de lazer e recreação Parceria com o Poder Público para elaborar alternativas de infra-estrutura

M m

NATUREZA Probabilidade PRAZO ESPACIALIDADE FORMA DE INTERFERÊNCIA

DURAÇÂO MAGNITUDE GRAU DE RESOLUÇÃO

GRAU DE RELEVÂNCIA

Positivo (+) Certo (C) Curto Localizado (L) Ocasiona (o) Temporário (t) Pequena Alto (A) Alto (a) Negativo (-) Provável (P) Médio Disperso (D) Aumenta (a) Permanente (p) Média Médio(M) Médio (m) Longo Grande Baixo (B) Baixo (b)

Page 119: RIMA 2010 10 19 - semace.ce.gov.br · IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ... INCRA Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária ... PPT Programa Prioritário

Relatório de Impacto Ambiental do Projeto Usina Termelétrica ENDESA Fortaleza II Caucaia - CE

104

Tabela 18 - Matriz de Avaliação Quanti-Qualitativa - Área de Influência Direta / Fase de Implantação (continuação)

MEIO IMPACTO

ATRIBUTOS MENSURAÇÃO MEDIDAS MITIGADORASGRAU DE

RELEVÂNCIA Natu-reza

Ocorrência Forma de

Interf.

Dura-ção

Indi-cador

Nº Abs.

Magnit. Descrição Grau

de Resol. Prob. Prazo

Espa-cial.

Antró-pico

Comprometimento da saúde da população

- P Curto L o t Média

Proporcionar acesso aos serviços do setor de saúde Realizar controle epidemiológico Controlar padrão de saúde dos trabalhadores Realização de campanhas educativas

A b

Antró-pico

Aumento da oferta de postos de trabalho

+ C Curto L o t Grande a

Antró-pico

Aumento da renda local + C Curto L o t Grande a

Antró-pico

Aumento de arrecadação e da geração de renda para o setor terciário

+ C Curto L a p Grande a

NATUREZA Probabilidade PRAZO ESPACIALIDADE FORMA DE INTERFERÊNCIA

DURAÇÂO MAGNITUDE GRAU DE RESOLUÇÃO

GRAU DE RELEVÂNCIA

Positivo (+) Certo (C) Curto Localizado (L) Ocasiona (o) Temporário (t) Pequena Alto (A) Alto (a) Negativo (-) Provável (P) Médio Disperso (D) Aumenta (a) Permanente (p) Média Médio(M) Médio (m) Longo Grande Baixo (B) Baixo (b)

Page 120: RIMA 2010 10 19 - semace.ce.gov.br · IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ... INCRA Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária ... PPT Programa Prioritário

Relatório de Impacto Ambiental do Projeto Usina Termelétrica ENDESA Fortaleza II Caucaia - CE

105

Tabela 18 - Matriz de Avaliação Quanti-Qualitativa - Área de Influência Direta / Fase de Implantação (continuação)

MEIO IMPACTO

ATRIBUTOS MENSURAÇÃO MEDIDAS MITIGADORAS

GRAU DE RELEVÂNCIA Natu-

reza

Ocorrência Forma de

Interf.

Dura-ção

Indi-cador

Nº Abs.

Magnit. Descrição Grau

de Resol. Prob. Prazo

Espa-cial.

Físico, Biótico e Antró-pico

Aumento do risco de acidentes e de atrope-lamento da fauna devido à intensificação do trânsito

- P Curto L o t Média M b

Físico, Biótico e Antró-pico

Alteração na qualidade do ar devido à movimentação de veículos, máquinas e equipamentos

- C Curto L/D o t Média

Umidificação dos acessos com caminhão-pipa Regulagens e revisões periódicas nos veículos

M b

Físico, Biótico e Antró-pico

Afugentamento da fauna e incômodo para os trabalhadores em função do aumento do nível de ruídos em raio de 240 m

- C Curto L a t Média Uso de EPIs Monitoramento de ruídos

M b

Físico, Biótico e Antró-pico

Geração de resíduos sólidos

- C Curto L o t Média

Correto manuseio de resíduos Utilização de recipientes apropriados para acondicionamento

A b

NATUREZA Probabilidade PRAZO ESPACIALIDADE FORMA DE INTERFERÊNCIA

DURAÇÂO MAGNITUDE GRAU DE RESOLUÇÃO

GRAU DE RELEVÂNCIA

Positivo (+) Certo (C) Curto Localizado (L) Ocasiona (o) Temporário (t) Pequena Alto (A) Alto (a) Negativo (-) Provável (P) Médio Disperso (D) Aumenta (a) Permanente (p) Média Médio(M) Médio (m) Longo Grande Baixo (B) Baixo (b)

Page 121: RIMA 2010 10 19 - semace.ce.gov.br · IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ... INCRA Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária ... PPT Programa Prioritário

Relatório de Impacto Ambiental do Projeto Usina Termelétrica ENDESA Fortaleza II Caucaia - CE

106

Tabela 26 - Matriz de Avaliação Quanti-Qualitativa - Área de Influência Direta / Fase de Operação

MEIO IMPACTO

ATRIBUTOS MENSURAÇÃO MEDIDAS MITIGADORASGRAU DE

RELEVÂNCIA Natu-reza

Ocorrência Forma de

Interf.

Dura-ção

Indi-cador

Nº Abs.

Magnit. Descrição Grau

de Resol. Prob. Prazo

Espa-cial.

Físico

Redução da disponibilidade de água para abastecimento em função da captação

- C Curto/Médio/Longo D a p Peq. Manutenção e preservação das áreas de preservação ambiental

- -

Físico Contaminação das águas por efluentes industriais

- P Curto D a t/p Peq.

Manter o tratamento de pH atualmente empregado Utilizar o emissário atual para descarte no mar

A b

Físico

Contaminação dos recursos hídricos pela produção de efluentes sanitários

- C Curto D a t/p m3/ dia

3 Média Uso de sistemas de tratamento dos efluentes líquidos

A b

Físico

Deformação de estruturas e recalque dos solos por sobrepeso

- P Médio/Longo L o p Alta

Compactação dos solos nas áreas aterradas Sistema de sapatas sustentadas em substrato coeso

M/A b

NATUREZA Probabilidade PRAZO ESPACIALIDADE FORMA DE INTERFERÊNCIA

DURAÇÂO MAGNITUDE GRAU DE RESOLUÇÃO

GRAU DE RELEVÂNCIA

Positivo (+) Certo (C) Curto Localizado (L) Ocasiona (o) Temporário (t) Pequena Alto (A) Alto (a) Negativo (-) Provável (P) Médio Disperso (D) Aumenta (a) Permanente (p) Média Médio(M) Médio (m) Longo Grande Baixo (B) Baixo (b)

Tabela 19 - Matriz de Avaliação Quanti-Qualitativa - Área de Influência Direta - Fase de Operação (continuação)

MEIO IMPACTO

ATRIBUTOS MENSURAÇÃO MEDIDAS MITIGADORASGRAU DE

RELEVÂNCIA Natu-reza

Ocorrência Forma de

Interf.

Dura-ção

Indi-cador

Nº Abs. Magnit. Descrição Grau

de Resol. Prob. Prazo

Espa-cial.

Page 122: RIMA 2010 10 19 - semace.ce.gov.br · IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ... INCRA Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária ... PPT Programa Prioritário

Relatório de Impacto Ambiental do Projeto Usina Termelétrica ENDESA Fortaleza II Caucaia - CE

107

Antró-pico

Aumento da oferta de postos de trabalho

+ C Curto Grande a

Antró-pico

Aumento das receitas tributárias

+ C Curto Grande a

Antró-pico

Estímulo ao desenvolvimento do CIPP

+ C Curto Grande a

Físico, Biótico e Antró-pico

Alteração na qualidade do ar, afetando a fauna e população devido às emissões da usina

- C Curto D a p g/s 2,0 PI 3,8 CO 19,6 NO2 5,5 SO2

Peq. Controle tecnológico Monitoramento da qualidade do ar

M m

NATUREZA Probabilidade PRAZO ESPACIALIDADE FORMA DE INTERFERÊNCIA

DURAÇÂO MAGNITUDE GRAU DE RESOLUÇÃO

GRAU DE RELEVÂNCIA

Positivo (+) Certo (C) Curto Localizado (L) Ocasiona (o) Temporário (t) Pequena Alto (A) Alto (a) Negativo (-) Provável (P) Médio Disperso (D) Aumenta (a) Permanente (p) Média Médio(M) Médio (m) Longo Grande Baixo (B) Baixo (b)

Page 123: RIMA 2010 10 19 - semace.ce.gov.br · IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ... INCRA Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária ... PPT Programa Prioritário

Relatório de Impacto Ambiental do Projeto Usina Termelétrica ENDESA Fortaleza II Caucaia - CE

108

Tabela 19 - Matriz de Avaliação Quanti-Qualitativa - Área de Influência Direta - Fase de Operação (continuação)

MEIO IMPACTO

ATRIBUTOS MENSURAÇÃO MEDIDAS MITIGADORAS

GRAU DE RELEVÂNCIA Natu-

reza

Ocorrência Forma de

Interf.

Dura-ção

Indi-cador

Nº Abs. Magnit. Descrição Grau

de Resol. Prob. Prazo

Espa-cial.

Físico, Biótico e Antró-pico

Geração de resíduos sólidos

- C Curto L o p kg/ dia 411.833 Peq. Sistema adequado de manuseio e destinação de resíduos sólidos

A b

Físico, Biótico e Antró-pico

Aumento do nível de ruído no entorno da usina

- C Curto D a p m 512 Peq. Uso de EPIs Monitoramento de ruídos

M b

NATUREZA Probabilidade PRAZO ESPACIALIDADE FORMA DE INTERFERÊNCIA

DURAÇÂO MAGNITUDE GRAU DE RESOLUÇÃO

GRAU DE RELEVÂNCIA

Positivo (+) Certo (C) Curto Localizado (L) Ocasiona (o) Temporário (t) Pequena Alto (A) Alto (a) Negativo (-) Provável (P) Médio Disperso (D) Aumenta (a) Permanente (p) Média Médio(M) Médio (m) Longo Grande Baixo (B) Baixo (b)

Page 124: RIMA 2010 10 19 - semace.ce.gov.br · IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ... INCRA Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária ... PPT Programa Prioritário

Relatório de Impacto Ambiental do Projeto Usina Termelétrica ENDESA Fortaleza II Caucaia - CE

109

Tabela 27 - Matriz de Avaliação Quanti-Qualitativa - Área de Influência Indireta / Fase de Operação

MEIO IMPACTO

ATRIBUTOS MENSURAÇÃO MEDIDAS MITIGADORASGRAU DE

RELEVÂNCIA Natu-reza

Ocorrência Forma de

Interf.

Dura-ção

Indi-cador

Nº Abs.

Magnit. Descrição Grau

de Resol. Prob. Prazo

Espa-cial.

Antró-pico

Ampliação da oferta de energia

+ C Curto o MW 324 Grande a

Antró-pico

Melhoria da estabilidade do Sistema Interligado Regional e Nacional

+ C Curto D o p Grande a

Antró-pico

Diversificação da matriz energética

+ C Curto D o Grande a

Antró-pico

Garantia de energia para as atividades econômicas no Brasil

+ C Curto D o Grande a

Antro-pico

Aumento da oferta de postos de trabalho

+ C Curto L/D o p Grande a

NATUREZA Probabilidade PRAZO ESPACIALIDADE FORMA DE INTERFERÊNCIA

DURAÇÂO MAGNITUDE GRAU DE RESOLUÇÃO

GRAU DE RELEVÂNCIA

Positivo (+) Certo (C) Curto Localizado (L) Ocasiona (o) Temporário (t) Pequena Alto (A) Alto (a) Negativo (-) Provável (P) Médio Disperso (D) Aumenta (a) Permanente (p) Médio Médio(M) Médio (m) Longo Grande Baixo (B) Baixo (b)

Page 125: RIMA 2010 10 19 - semace.ce.gov.br · IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ... INCRA Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária ... PPT Programa Prioritário

Relatório de Impacto Ambiental do Projeto Usina Termelétrica ENDESA Fortaleza II

Caucaia - CE

110

8 MEDIDAS MITIGADORAS, COMPENSATÓRIAS, DE MONITORAMENTO E DE CONTROLE AMBIENTAL

8.1 POLÍTICA AMBIENTAL DA ENDESA FORTALEZA II

A UTE ENDESA Fortaleza II deve se tornar referência ambiental na área de geração de

energia termelétrica. A mesma assumiu os seguintes compromissos:

Controlar e prevenir a poluição, otimizar a utilização de recursos energéticos, de

água e de materiais em seus processos por meio da adoção de soluções técnica e

economicamente viáveis e de gerenciamento ambiental adequado;

Atender aos requisitos legais e aos outros compromissos firmados que se

relacionem aos aspectos ambientais de suas atividades;

Melhorar continuamente seu Sistema de Gestão Ambiental.

O Sistema de Gestão Ambiental - SGA é o conjunto das políticas ambientais seguidas

pela empresa, integradas em todas as esferas de seu funcionamento. O sistema prevê a

catalogação e o gerenciamento de todo tipo de emissão de resíduos e adequação às

normas ambientais em todas as atividades da empresa e dos prestadores de serviços. A

certificação ISO 14.001, obtida em agosto de 2006, demonstra que a empresa tem uma

atuação consciente e ativa ante a questão ambiental.

8.2 COMPENSAÇÃO AMBIENTAL

8.2.1 ALTERNATIVAS DE COMPENSAÇÃO AMBIENTAL PARA ATENDIMENTO À

RESOLUÇÃO CONAMA Nº02/96

A Resolução CONAMA 02/96 foi revogada pela Resolução CONAMA 371/06, esta por sua

vez, estabelece diretrizes aos órgãos ambientais para o cálculo, cobrança, aplicação,

aprovação e controle de gastos de recursos advindos de compensação ambiental,

conforme a Lei n° 9.985, de 18 de julho de 2000, que institui o Sistema Nacional de

Unidades de Conservação da Natureza – SNUC e dá outras providências.

A implementação de áreas formalmente protegidas e instituídas como UCs constitui uma

alternativa de manutenção do ambiente natural, contribuindo para perpetuar espécies

animais e vegetais, melhorar o ciclo das águas, regular o regime de chuvas, evitar

processos erosivos e assoreamentos de rios, lagos e arroios, bem como propiciar a

Page 126: RIMA 2010 10 19 - semace.ce.gov.br · IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ... INCRA Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária ... PPT Programa Prioritário

Relatório de Impacto Ambiental do Projeto Usina Termelétrica ENDESA Fortaleza II

Caucaia - CE

111

investigação científica da biodiversidade ocorrente nesses ecossistemas, a educação

ambiental e a recreação em ambientes naturais, como por exemplo o ecoturismo.

8.2.2 ÁREAS COM POTENCIAL DE ENQUADRAMENTO

Sobre as três unidades de conservação próximas à área do empreendimento temos duas

Unidades de Conservação de Uso Sustentável e uma de Proteção Integral e todas essas

são de responsabilidade estadual (Tabela 28).

Tabela 28 - Lista das Unidades de Conservação que ocorrem próximo à área do empreendimento e que poderão ser beneficiadas pela compensação ambiental estabelecidas pela Resolução Conama 237/87

Nome da UC Diploma Legal Status Área (ha) Região Ecossistema predominante

Área de Proteção Ambiental do Lagamar do Cauípe

Decreto Estadual nº 24.957 de 05/06/98

Uso Sustentável

1.884,46 Caucaia Lacustre/Complexo Vegetacional Litorâneo

Área de Proteção Ambiental do Pecém

Decreto Estadual nº 24.957 de 05/06/98

Uso Sustentável

122,76 S. Gonçalo do Amarante

Lacustre/Complexo Vegetacional Litorâneo

Estação Ecológica do Pecém

Decreto Estadual no 25.708 de 17.12.99

Proteção Integral

- Caucaia e São Gonçalo do Amarante

Dunas

As unidades de conservação Estação Ecológica do Pecém e a Área de Proteção

Ambiental do Lagamar do Cauípe englobam ecossistemas distintos e representativos da

área próximo da UTE Fortaleza II. Aquela dá suporte a uma variedade de espécies da

flora de tabuleiros e da fauna terrestre, e colabora com a contenção das dunas; essa

engloba um importante recurso hídrico da região interiorana do município: o Lagamar.

As condições de preservação destas duas unidades se encontram ameaçadas por

pressão antrópica. A Estação Ecológica do Pecém tem sido utilizada irregularmente como

fonte de matéria prima para alguns empreendimentos do Complexo Portuário. Entretanto,

a dinâmica ambiental destes ecossistemas não suporta tais tipos de intervenções, que

podem comprometer todos os princípios da existência destas unidades de conservação.

Page 127: RIMA 2010 10 19 - semace.ce.gov.br · IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ... INCRA Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária ... PPT Programa Prioritário

Relatório de Impacto Ambiental do Projeto Usina Termelétrica ENDESA Fortaleza II

Caucaia - CE

112

8.3 PROGRAMAS E PROJETOS CO-LOCALIZADOS

8.3.1 ABASTECIMENTO DE ÁGUA

Segundo a Companhia de Água e Esgoto do Ceará – Cagece, o Governo estadual está

investindo na construção da Estação de Tratamento de Água - ETA Oeste, no município

de Caucaia. A estação terá, na primeira fase, uma vazão de 1,5 metro cúbico por

segundo, suficiente para atender cerca de 650 mil pessoas das regiões norte e oeste de

Fortaleza.

As obras fazem parte da fase inicial da integração, que transportará água do Açude

Castanhão para a Região Metropolitana de Fortaleza.

A ETA-Oeste está sendo construída em Caucaia, região oeste da capital cearense, que

vem apresentando maior crescimento social e econômico, não só nos seus sete distritos,

mas em virtude dos investimentos que se verificam no Complexo Industrial e Portuário do

Pecém.

A construção está sendo tocada pela Secretaria de Recursos Hídricos na primeira etapa,

ora em curso, que deverá concluir-se em novembro deste ano. A segunda etapa, a ser

executada pela Cagece, irá reforçar melhorar o abastecimento da sede e de alguns

municípios de Caucaia, além de beneficiar também a região oeste de Fortaleza.

O Eixão das Águas, um grande canal de transposição de águas de açudes que vem

sendo construído desde 2001 no Ceará levará água para diversas estações de tratamento

da Cagece, melhorando o abastecimento em Fortaleza e em municípios vizinhos.

Ainda que, o fornecimento de água para a UTE ENDESA Fortaleza II seja projetado para

captar água através da adutora proveniente da barragem Sítios Novos, a ETA-Oeste

poderá interferir positivamente na distribuição de água potável para a região de Pecém.

8.3.2 INFRAESTRUTURA

O governo do Ceará, por meio da Secretaria de Infraestrutura do Estado - SEINFRA, no

ano de 2010 confirma a ampliação do Terminal Portuário do Pecém.

A nova etapa do porto deverá atender aos futuros empreendimentos previstos na região,

como a refinaria Premium II da Petrobras, a Companhia Siderúrgica de Pecém e às

necessidades da Ferrovia Transnordestina.

Page 128: RIMA 2010 10 19 - semace.ce.gov.br · IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ... INCRA Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária ... PPT Programa Prioritário

Relatório de Impacto Ambiental do Projeto Usina Termelétrica ENDESA Fortaleza II

Caucaia - CE

113

Segundo a Secretaria, a ampliação é uma obra fundamental não só para o

empreendimento, mas também para o Estado do Ceará diante da modernização

garantindo uma melhor operacionalidade.

O projeto compreende uma nova ponte de acesso ao quebra-mar existente com 1.800

metros de extensão, a pavimentação de 1.000 metros sobre o quebra-mar; a construção

de 930 metros de cais de atracação com três berços para a exportação das placas de aço

que produzidas pela Companhia Siderúrgica de Pecém, projetos conceituais de dois

píeres de granéis líquidos para as operações da Refinaria Premium II e um píer de

granéis sólidos para a operação da Transnordestina Logística e edificações de apoio.

A iniciativa deve-se ao incremento na movimentação de cargas em suas instalações,

principalmente por conta do desenvolvimento do Complexo Industrial e Portuário do

Pecém, o qual encontra-se localizado a UTE ENDESA Fortaleza II com sua futura planta

de distribuição energética.

8.3.3 CAPACITAÇÃO TÉCNICA

De acordo com da Secretaria da Ciência, Tecnologia e Educação Superior do Ceará -

SECITECE o governo do Estado continua dando prosseguimento ao processo para a

construção do Centro de Treinamento Técnico do Ceará - CTTC, em Caucaia, a qual

objetiva principalmente a formação de mão de obra para o Complexo Industrial e

Portuário do Pecém.

Situado no entroncamento das rodovias CE 085 com a CE 422, o equipamento irá ser

gerido pelo Instituto CENTEC, com o qual o governo do Estado possui contrato de gestão

para prestação de serviços de educação profissional.

A unidade contará com área total construída de 9.100 m², em uma área projetada total de

16 m² produzindo uma capacidade para treinar 12 mil alunos por ano.

No início do projeto, a ideia é ofertar formação inicial com cursos modulados de 80 a 240

horas nas áreas de construção civil, eletromecânica, química e petroquímica.

Dados levantados pela Agência de Desenvolvimento do Estado do Ceará - ADECE

mostram que a demanda por mão de obra para a Siderúrgica é de 47.637 profissionais; a

da Refinaria é de 31.839 profissionais. O levantamento também define os cursos

demandados e o número de alunos a serem atendidos. O CTTC destinará principalmente

àquelas pessoas que estão fora do mercado de trabalho por falta de oportunidades de

emprego e que serão atendidos na implantação e operação do Complexo do Pecém, o

qual também necessita de mão de obra qualificada para a crescente demanda.

Page 129: RIMA 2010 10 19 - semace.ce.gov.br · IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ... INCRA Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária ... PPT Programa Prioritário

Relatório de Impacto Ambiental do Projeto Usina Termelétrica ENDESA Fortaleza II

Caucaia - CE

114

8.4 PLANOS E PROGRAMAS AMBIENTAIS

Os Planos e Programas foram estruturados tomando-se como base os impactos que

recaem sobre os meios físico, biótico e antrópico gerados pelas diversas atividades

efetuadas ao longo das fases de implantação e operação da usina.

Neste Capítulo, são retomadas as medidas mitigadoras que foram propostas no Capítulo

de Avaliação de Impactos e que são aplicáveis principalmente para a fase de construção

do empreendimento.

Quanto à fase de operação, propõe-se o prosseguimento de todos os Programas

Ambientais já implantados na UTE ENDESA Fortaleza, de forma a estendê-los até a nova

unidade de geração.

8.4.1 PLANO DE ADEQUAÇÃO À ESTRUTURA URBANA EXISTENTE E

PROJETADA

Historicamente, obras costumam atrair não somente a população que será diretamente

contratada para atividade, mas também aquela motivada pela oferta de empregos

indiretos associados à demanda intersetorial, causada, por exemplo, pelo aumento de

renda disponível devido à ampliação da massa salarial em circulação.

Este aumento populacional, mesmo que temporário, tende a ampliar a demanda pelos

serviços públicos municipais, de modo que este projeto se justifica pela necessidade de

equacionar este impacto e propor medidas para sua mitigação.

O objetivo deste programa é contribuir com o fortalecimento das estruturas dos serviços

básicos da Área de Influência Direta (AID) do empreendimento, visando ao equilíbrio entre

a oferta destes serviços frente à demanda emergente.

Este programa deverá abordar algumas atividades conforme listada a seguir.

Estimar o aumento do tráfego ocasionado na AID pelo empreendimento;

Planejar o sistema viário local;

Planejar a localização e infraestrutura a ser implantada para moradia, lazer,

transporte, etc., para os novos trabalhadores da obra;

Dar preferência de contratação à mão-de-obra disponível nas sedes urbanas mais

próximas, seguida da mão-de-obra regional, ou seja, proveniente de outros

municípios do próprio Estado;

Page 130: RIMA 2010 10 19 - semace.ce.gov.br · IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ... INCRA Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária ... PPT Programa Prioritário

Relatório de Impacto Ambiental do Projeto Usina Termelétrica ENDESA Fortaleza II

Caucaia - CE

115

Planejar o fornecimento dos serviços básicos necessários aos trabalhadores no

próprio Canteiro de Obras, evitando que esses sobrecarreguem a infraestrutura da

AID;

Planejar áreas de lazer e recreação adequadas para receber os trabalhadores nos

períodos de descanso;

Realizar controle epidemiológico, como medida preventiva à proliferação de

doenças;

Controlar o padrão de saúde dos trabalhadores desde a admissão

Apoiar os serviços municipais sendo principalmente as secretarias de:

o Desenvolvimento Social e Cidadania;

o Educação;

o Esporte e lazer;

o Infraestrutura;

o Segurança pública e;

o Saúde.

8.4.2 PLANO DE RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS - PRAD

O PRAD consiste no planejamento e posterior execução de ações de reabilitação

ambiental das áreas de apoio às obras, tais como os canteiros de obra, áreas de

empréstimo, jazidas e pedreiras para a obtenção de materiais de construção, e os bota-

foras, que deverão ter suas condições originais alteradas na fase de obras da usina.

Este programa refere-se, portanto, à proposição de medidas de recuperação para os

locais situados na área de influência direta e mesmo em pontos afastados que serão

atingidos pelas ações das obras.

8.4.3 PLANO DE CONTROLE DE PROCESSOS EROSIVOS E DRENAGEM

SUPERFICIAL

Nas áreas suscetíveis à erosão e instabilidade de encostas, quando ocorrerem

alterações no ambiente natural, provocadas pela supressão de vegetação, abertura de

novos acessos, entre outras atividades das obras, será necessário que medidas

preventivas e corretivas venham a ser adotadas, com vistas a evitar o início de

Page 131: RIMA 2010 10 19 - semace.ce.gov.br · IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ... INCRA Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária ... PPT Programa Prioritário

Relatório de Impacto Ambiental do Projeto Usina Termelétrica ENDESA Fortaleza II

Caucaia - CE

116

processos erosivos e instabilidade do terreno, bem como preservar o próprio

empreendimento.

Nas áreas com risco de erosão haverá necessidade de serem implementadas medidas

preventivas durante a instalação e operação da usina.

O objetivo deste programa é o de localizar as áreas com maior suscetibilidade à erosão

dentro do polígono do projeto, sugerindo alterações e ou implementando o controle

através de técnicas específicas nos locais propensos, caso sejam necessárias, e a

proposição de medidas de prevenção/monitoramento para as obras e/ou para a fase de

operação da usina.

8.4.4 PROGRAMA DE PROTEÇÃO A FAUNA

Primeiramente devem-se localizar os principais pontos de travessia da fauna na área de

influência direta do empreendimento. Esta atividade fornecerá subsídios para a

elaboração de programas de ações de mecanismos que venham a evitar o afugentamento

da fauna, bem como o possível atropelamento.

Como partida para o programa de monitoramento de fauna, os grupos e ou espécies

apresentadas no estudo como bioindicadores da fauna local deverão ser monitorados

durante o tempo de instalação e operação.

8.4.5 PROGRAMA DE COMUNICAÇÃO SOCIAL E DE RELACIONAMENTO

Este programa está baseado no estabelecimento de um espaço para inter-relacionamento

entre o empreendedor e a população direta ou indiretamente afetada pela instalação do

empreendimento. Suas ações básicas estão centradas na definição do público, dos

instrumentos e dos meios para que o espaço de comunicação entre empreendedor e

população se estabeleça de forma eficaz. É por meio do presente programa que as

informações sobre a natureza, importância estratégica, instalação, andamento das obras

e funcionamento da usina serão compartilhadas com o público interessado.

O programa de comunicação social durante a fase que precede a instalação do

empreendimento se propõe a realizar uma divulgação prévia acerca do mesmo, visando

um entendimento – mesmo que não detalhadamente – sobre sua finalidade e atividades

executadas. Ele tende a estabelecer um entendimento entre empreendedor e sociedade,

em especial a população diretamente afetada, permitindo sua participação durante todo o

processo de planejamento, instalação e operação do mesmo. Para isso, o programa deve

se apresentar de modo informativo e participativo.

Page 132: RIMA 2010 10 19 - semace.ce.gov.br · IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ... INCRA Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária ... PPT Programa Prioritário

Relatório de Impacto Ambiental do Projeto Usina Termelétrica ENDESA Fortaleza II

Caucaia - CE

117

O principal objetivo desse programa é informar a população sobre o que vai ocorrer a

partir da instalação do empreendimento, antecipando o esclarecimento de dúvidas que

possam vir a surgir.

8.4.6 PROGRAMA DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL

O programa de educação ambiental para o empreendimento deve adotar um

direcionamento distinto da educação ambiental aplicada nas escolas ou aquela

desenvolvida para o público em geral. Deve ser voltada a responder as necessidades

efetivas das populações diretamente afetadas pelo empreendimento. Dessa forma, é

necessário valorizar a participação dessas populações, tanto para identificação do

problema ou conflito ambiental, quanto na proposição de ações concretas.

Sendo assim, a educação ambiental deve colaborar para o desenvolvimento de atitudes e

comportamentos sociais favoráveis ao meio ambiente, ao mesmo tempo em que beneficie

a construção da cidadania, criando condições para a participação individual e coletiva

sobre o acesso aos recursos naturais.

O presente programa visa conscientizar as comunidades locais a respeito da proteção ao

meio ambiente, repassar às populações informações sobre o valor da biodiversidade e

medidas de conservação. Esse programa inclui também, treinamento de trabalhadores

em questões ambientais, informação aos trabalhadores envolvidos com as obras sobre o

comportamento a ser adotado no trato com as comunidades locais e sobre as medidas de

proteção ambiental, apresentação de medidas que minimizem os impactos do

empreendimento sobre o meio ambiente, possibilitando a participação da comunidade no

planejamento das ações referentes à educação ambiental, capacitação de educadores e

formação de agentes educadores no planejamento e execução de ações sócio-

ambientais.

8.4.7 PROGRAMA DE CAPACITAÇÃO TÉCNICA E APROVEITAMENTO DE MÃO DE

OBRA

O presente Programa visa criar uma relação do trabalhador com seu ambiente de trabalho

cujos resultados se manifestarão em uma redução de danos ambientais e sociais e em

acidentes de trabalho. O mesmo tem a capacidade de transformar a consciência destes

trabalhadores, o que se refletirá em mudanças de comportamentos e atitudes no conjunto

das atividades subseqüentes realizadas por estes indivíduos.

Page 133: RIMA 2010 10 19 - semace.ce.gov.br · IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ... INCRA Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária ... PPT Programa Prioritário

Relatório de Impacto Ambiental do Projeto Usina Termelétrica ENDESA Fortaleza II

Caucaia - CE

118

8.4.8 PROGRAMA DE MONITORAMENTO DE RUÍDOS

O monitoramento de ruídos existente será estendido para a área de ampliação. A análise

dos níveis de ruído considera o atendimento aos limites estabelecidos pelo subparágrafo

II da Resolução CONAMA 001/1990 e NBR 10.151 de 06/2000.

8.4.9 PROGRAMA DE MONITORAMENTO DA QUALIDADE DO AR

Durante a fase de construção da nova unidade, o impacto gerado pelo lançamento de pó

e poeira decorrente das atividades típicas desta etapa, como a terraplenagem, a

movimentação de máquina e equipamentos, poderá ser mitigado através da umidificação

do solo.

Quanto ao monitoramento da qualidade do ar durante a operação da usina, o prognóstico

apresentado no presente Estudo mostra que, praticamente todos os poluentes estudados

apresentarão degradações mínimas sobre a qualidade do ar na área de influência.

Assim, é recomendada a instalação de um monitor automático e contínuo para dióxido de

nitrogênio, para monitorar a evolução diária das concentrações horárias deste poluente.

8.4.10 PROGRAMA DE GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS

Os resíduos sólidos gerados durante a fase de construção da nova unidade deverão

seguir o plano de manuseio já existente na usina atual.

O bota-fora resultante das atividades de terraplenagem será realizado em área adequada

dentro do canteiro de obras, para posterior utilização nos reaterros. O material excedente

será redistribuído na própria área de construção, não contendo quaisquer outros resíduos

(alvenaria, asfalto, plásticos, etc.).

8.4.11 PROCESSO E PROGRAMA DE MONITORAMENTO DOS EFLUENTES

LÍQUIDOS E RECURSOS HÍDRICOS

Será utilizado o sistema de tratamento de efluentes sanitários existente para tratar a carga

orgânica gerada pelos trabalhadores nas fases de construção e operação do

empreendimento. A ETE é constituída por decantodigestor, filtro anaeróbio, câmara de

cloração e vala de infiltração. Este sistema deverá atender à fase de operação da nova

unidade.

Page 134: RIMA 2010 10 19 - semace.ce.gov.br · IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ... INCRA Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária ... PPT Programa Prioritário

Relatório de Impacto Ambiental do Projeto Usina Termelétrica ENDESA Fortaleza II

Caucaia - CE

119

O sistema de tratamento de efluentes contemplará, também, os efluentes gerados na fase

de comissionamento, resultantes dos processos de limpeza das tubulações e caldeiras, e

na fase de operação, para tratamento dos efluentes de processo.

Os efluentes líquidos oriundos do processo industrial serão conduzidos para lançamento

no mar (emissário) nas proximidades do Porto de Pecém. O recalque e o lançamento do

efluente são realizados pela CAGECE, que possui licenciamento ambiental específico

para a atividade e é responsável pelo monitoramento dos impactos associados. No ano

2005, foram descartados 309.257 m3 de efluentes industriais da usina atual e em 2006,

424.466 m3.

O monitoramento de efluentes existente será mensal e contemplará a área de ampliação,

de forma a avaliar também a qualidade dos efluentes industriais e sanitários da nova

planta.

8.4.12 PROGRAMA DE RECOMPOSIÇÃO PAISAGÍSTICA

Deverá ser desenvolvido um projeto paisagístico para a área disponível do

empreendimento, na qual busca-se não só mitigar os impactos relacionados com a

questão visual (paisagem), ruído e emissões aéreas, como também promover o

enriquecimento da vegetação existente, proporcionando abrigo e fontes de alimento para

a fauna.

O projeto de paisagismo tem os seguintes objetivos:

Amenizar o impacto visual da usina;

Atenuar o ruído provocado pela operação da Usina;

Criar abrigos e fontes de alimentação para a fauna;

Auxiliar no controle dos processos erosivos e das propriedades do solo;

Proporcionar maior conforto térmico;

Criar zonas de transição entre a paisagem natural e o espaço construído.

8.4.13 SAÚDE E SEGURANÇA NAS INSTALAÇÕES DA USINA

Os trabalhadores da fase de construção deverão receber treinamento técnico e ambiental.

O ambulatório existente atenderá eventuais acidentes de trabalho (Figura 58 e Figura 59).

A fim de promover a saúde dos seus trabalhadores, a usina existente realiza check-ups

regularmente e disponibiliza um centro médico com atendimento 24 horas. São também

desenvolvidas atividades e apresentações relacionadas com a preservação da audição e

Page 135: RIMA 2010 10 19 - semace.ce.gov.br · IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ... INCRA Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária ... PPT Programa Prioritário

Relatório de Impacto Ambiental do Projeto Usina Termelétrica ENDESA Fortaleza II

Caucaia - CE

120

prevenção contra doenças como AIDS, DST, obesidade, qualidade de vida, cuidados com

o coração.

Figura 58 - Ambulância da usina Figura 59 - Ponto de encontro da brigada de incêndio

8.4.14 PROGRAMAS SOCIAIS

A empresa ENDESA Fortaleza entende que a educação deve ser vista por um enfoque

amplo de cidadania, com parte de um processo de conscientização. Ela tem priorizado

tanto o desenvolvimento de programas e projetos de educação, cultura e lazer quanto

investimentos em infraestrutura e serviços em favor das comunidades locais.

8.4.15 PROJETO DE AGRICULTURA FAMILIAR

No início de 2007, a ENDESA Fortaleza firmou parceria com a Embrapa Solos, para a

execução do projeto intitulado “Avaliação e Difusão de Tecnologias para o

Desenvolvimento da Agricultura Familiar da Área do Entorno da Usina Termoelétrica

ENDESA Fortaleza - Área Piloto”, com recursos provenientes da ANEEL/ENDESA,

através do Programa de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D).

O projeto contempla a identificação das propriedades e das fragilidades do meio físico e

sócio-econômico da área de entorno e a seleção, aperfeiçoamento e transferência de

tecnologias para desenvolvimento da agricultura familiar, priorizando as famílias das

comunidades rurais localizadas no entorno da usina, nos municípios de Caucaia e São

Gonçalo do Amarante.

O objetivo geral deste projeto é o de avaliar e difundir tecnologias para o desenvolvimento

sustentável da agricultura familiar na Região do Semi - Árido Cearense, através de

Page 136: RIMA 2010 10 19 - semace.ce.gov.br · IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ... INCRA Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária ... PPT Programa Prioritário

Relatório de Impacto Ambiental do Projeto Usina Termelétrica ENDESA Fortaleza II

Caucaia - CE

121

unidades de pesquisa participativa de sistemas de produção sustentável, que conciliem o

aproveitamento dos recursos naturais com a melhoria da qualidade de vida das

comunidades rurais.

Os beneficiários diretos são as famílias reassentadas na área patrimonial da ENDESA e

as famílias residentes em pequenas comunidades rurais próximas à usina.

Page 137: RIMA 2010 10 19 - semace.ce.gov.br · IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ... INCRA Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária ... PPT Programa Prioritário

Relatório de Impacto Ambiental do Projeto Usina Termelétrica ENDESA Fortaleza II

Caucaia - CE

122

9 AVALIAÇÃO DE RISCOS

9.1 IDENTIFICAÇÃO DOS PERIGOS

A identificação de riscos é um processo estruturado e sistemático através do qual os

resultados das Análises de Riscos são utilizados para o gerenciamento desses riscos.

Envolve comparação com critérios de tolerabilidade e subsidia processos de tomada de

decisão.

Segundo a análise histórica desenvolvida pode-se concluir que:

As usinas termelétricas que utilizam gás natural como combustível são

empreendimentos que historicamente estão associadas a nenhuma ou poucas

fatalidades.

As causas iniciadoras de acidentes possíveis de acontecer na Usina são a falha

operacional, falha mecânica, corrosão, causa natural e ação de terceiros.

Observa-se que informações detalhadas sobre acidentes associados a usinas

termelétricas, alimentadas à gás natural, não são rotineiramente compilados. Os

dados disponíveis são relativos à indústria de geração de energia elétrica como

um todo ou aos sistemas de transporte de gás natural. Esses e outros dados

foram usados de modo a fornecer uma estimativa do potencial de risco para o

público, o meio ambiente e a própria usina.

9.2 ANÁLISE DOS PERIGOS

A metodologia a ser utilizada na presente análise de risco é aquela normalmente adotada

para avaliação de perigos em sistemas que ainda não se encontram em operação. É a da

Análise Preliminar de Perigos (APP), tendo em vista que a usina encontra-se em fase de

projeto sem o respectivo detalhamento, bem como, o Programa de Prevenção de Riscos

Ambientais (PPRA), previsto na NR 9, do Ministério do Trabalho.

Este estudo de Análise e Avaliação de Perigos refere-se ao duto de distribuição de gás

natural, dentro do perímetro da usina, HRSG, turbina e transformadores da futura Usina

Termelétrica de ENDESA Fortaleza II.

A simplicidade de operação e manutenção da planta, aliada ao baixo risco de manuseio

sem estoque de gás natural, torna este tipo de planta industrial um dos que apresenta

Page 138: RIMA 2010 10 19 - semace.ce.gov.br · IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ... INCRA Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária ... PPT Programa Prioritário

Relatório de Impacto Ambiental do Projeto Usina Termelétrica ENDESA Fortaleza II

Caucaia - CE

123

menores índices de acidentes ou incidentes, só sendo superada em menor risco pelas

plantas de geração hidráulica.

Concluiu-se que as principais hipóteses acidentais (Major Hazards) que podem ocorrer no

sistema em estudo são vazamentos nos dutos, tubulações e de seus acessórios

(juntas/flanges).

A magnitude de um vazamento está associada ao tamanho do furo. Um estudo realizado

pela ICI - Imperial Chemical Industries relacionou o tamanho do furo com a dimensão do

vazamento, considerando o furo como uma porcentagem da secção transversal do duto.

9.3 ANÁLISE DE VULNERABILIDADE

9.3.1 DEFINIÇÃO FORMAL DE RISCO

Risco é uma medida da probabilidade e severidade de se causar danos a um receptor

exposto. No caso em questão, os receptores expostos são as comunidades localizadas

fora da área de implantação do projeto. As instalações são consideradas seguras se os

perigos associados às suas operações forem julgados aceitáveis. Existem graus de risco

e, consequentemente, graus de segurança.

Avaliação de risco envolve a estimativa de:

probabilidades ou freqüências esperadas de ocorrências indesejáveis,

conseqüências destas ocorrências indesejáveis com relação às pessoas, e

do risco associado, em termos quantitativos.

No que se refere à usina termelétrica ENDESA Fortaleza II, as ocorrências indesejáveis

são poucas e limitadas a vazamentos de gás natural, vapor ou óleo dos recipientes destes

materiais, que poderão resultar em incêndios ou explosões.

No caso de um vazamento acidental de gás natural, as variáveis referentes a tamanho e

geometria da chama precisam primeiro ser estabelecidas, ou seja, deverão ser

estabelecidos os possíveis tipos de vazamento em termos de extensão e forma de

dispersão (vertical, horizontal, etc.). Logo após, as conseqüências do vazamento deverão

ser estimadas e expressas em termos de chance (por evento) de um indivíduo exposto

aquele evento vir a se tornar uma fatalidade ou sofrer ferimentos, em função da distância

da pessoa ao ponto de vazamento. A freqüência de ocorrência para um dado vazamento

dentro de um período especificado de tempo (normalmente de um ano) precisa então ser

estimada, baseando-se nos dados históricos obtidos.

Page 139: RIMA 2010 10 19 - semace.ce.gov.br · IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ... INCRA Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária ... PPT Programa Prioritário

Relatório de Impacto Ambiental do Projeto Usina Termelétrica ENDESA Fortaleza II

Caucaia - CE

124

9.3.2 RISCO ASSOCIADO À OCORRÊNCIA X RISCO ASSOCIADO ÀS

INSTALAÇÕES

Antes de conduzir uma análise dos perigos relativos à usina termelétrica, os termos “risco

associado à ocorrência” e “risco associado às instalações” deverão ser diferenciados. Na

maioria das avaliações de risco, o foco da discussão se concentra nos perigos associados

a determinadas ocorrências, como por exemplo, um vazamento significativo de gás

natural de um gasoduto pressurizado. O risco resultante desta ocorrência é calculado

baseando-se na probabilidade de que cada determinado incidente acontecerá de maneira

independente. Por outro lado, o risco associado às instalações implica o risco total ao qual

um indivíduo está exposto, devido à presença das instalações industriais, levando em

consideração o total de todos os perigos resultantes de todas as possíveis “ocorrências”

independentes. Por exemplo, existe a possibilidade de que uma serie de ocorrências

possa acontecer nas instalações envolvendo vazamentos de gás natural, como por

exemplo, vazamentos de válvulas seguidos de falha das tubulações. Cada tipo de

ocorrência tem uma probabilidade associada e conseqüências potenciais associadas. O

risco resultante para o indivíduo exposto é a soma dos perigos associados aos

vazamentos e do risco relacionado à falha das tubulações.

A análise apresentada neste documento tenta abranger todos os possíveis perigos

associados às instalações. Mais propriamente, a análise apresenta os perigos associados

às ocorrências mais significativas que poderão ocorrer nas instalações, visando priorizar

as principais fontes de risco, bem como elaborar possíveis medidas mitigadoras. Se os

perigos às comunidades em geral associados a estes principais perigos, bem como a

soma destes perigos, forem considerados insignificantes, não será necessário conduzir

uma análise global de perigos associados às instalações industriais.

As principais etapas no processo de avaliação de risco são:

Identificação dos eventos;

Estimativa das conseqüências;

Estimativa das freqüências de ocorrências;

Estimativa ou quantificação do risco;

Análise de risco.

Nas seções a seguir, estes passos estão relacionados com a usina termelétrica proposta,

e os perigos associados às suas operações serão analisados.

Page 140: RIMA 2010 10 19 - semace.ce.gov.br · IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ... INCRA Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária ... PPT Programa Prioritário

Relatório de Impacto Ambiental do Projeto Usina Termelétrica ENDESA Fortaleza II

Caucaia - CE

125

A análise de conseqüências está preocupada em identificar os efeitos prejudiciais de

ocorrências perigosas ao ser humano. No que se refere ao ser humano, efeito prejudicial

significa ferimento ou fatalidade. A possibilidade de uma ocorrência prejudicial está

dependente da causa da ocorrência e do nível de vulnerabilidade da pessoa exposta à

ocorrência. O fator causador está determinado em função do nível do perigo (por

exemplo, intensidade de radiação térmica) e do período de tempo que um indivíduo

estiver exposto à ocorrência.

9.4 ESTIMATIVAS DAS FREQÜÊNCIAS DE OCORRÊNCIAS

9.4.1 PRESSUPOSTOS

Para efeito deste Capítulo, foram considerados os eventos básicos e eventos-topo

escolhidos a partir da análise dos dados levantados nos capítulos anteriores.

As taxas de falhas foram pesquisadas nos bancos de dados da ICI e em literatura

internacional especializada.

Deve-se ressaltar que as taxas de falhas utilizadas correspondem a equipamentos e

componentes de sistemas que operam segundo normas, padrões, procedimentos e

programas de manutenção e testes diferentes dos desenvolvidos e implementados em

nível nacional.

Fatores tais como alterações de projeto que ocorrem durante a montagem dos

equipamentos/tubulações associados às condições de operação demonstram que, além

dos fatores intrínsecos dos equipamentos/materiais e suas características, há

interferências externas peculiares que não estão previstas como base de cálculo para as

taxas de falhas, principalmente as consideradas em bancos de dados internacionais.

Recomenda-se, portanto, que os valores apresentados neste capítulo sejam analisados

de maneira relativa e não como resultados absolutos em si.

Finalmente, os valores de freqüência de ocorrência de cada hipótese acidental obtidos

neste capítulo devem ser interpretados em confronto com a magnitude das

conseqüências e respectivos impactos gerados.

Page 141: RIMA 2010 10 19 - semace.ce.gov.br · IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ... INCRA Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária ... PPT Programa Prioritário

Relatório de Impacto Ambiental do Projeto Usina Termelétrica ENDESA Fortaleza II

Caucaia - CE

126

9.5 AVALIAÇÃO DOS PERIGOS

9.5.1 RISCO INDIVIDUAL

Risco Individual é o risco para uma pessoa na vizinhança de um empreendimento capaz

de gerar um evento indesejável. Este inclui a natureza do dano ao indivíduo, a

probabilidade de ocorrer o dano e o período de tempo no qual o dano pode ocorrer.

9.5.2 “FATAL ACCIDENT RATE” - FAR

O índice de Risco “Fatal Accident Rate” (FAR) é o número estimado de vítimas por 108

horas de exposição (aproximadamente 1.000 funcionários de uma planta trabalhando

durante todo o período de suas vidas). Este índice tem sido utilizado na avaliação do risco

de funcionários.

Neste estudo, os únicos possíveis funcionários expostos serão os que trabalham na

operação e manutenção da Usina.

A Usina contará com 15 (quinze) operadores. Que serão distribuídos em regime de três

turnos de 8 (oito) horas/dia; 11 (onze) trabalharão na manutenção em turno único de 8

(oito) horas, e 10 (dez) trabalharão na parte administrativa e almoxarifado, em turno único

de 8 (oito) horas.

9.5.3 RISCO SOCIAL

Risco Social ou risco para a população extramuros é representado por uma função

matemática que relaciona a freqüência de ocorrência dos eventos às suas

conseqüências.

A localização da Usina em local afastado de centros populacionais, como centro urbano,

vilas, áreas comerciais, contribuiu de forma significativa para a obtenção deste índice.

Desta forma, a elaboração da curva F-N não é necessária para análise deste

empreendimento, conforme termo de referência.

9.5.4 AVALIAÇÃO DOS RISCOS

Apresentamos a quantificação do risco considerando-se o risco ao homem (letalidade da

população exposta).

Page 142: RIMA 2010 10 19 - semace.ce.gov.br · IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ... INCRA Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária ... PPT Programa Prioritário

Relatório de Impacto Ambiental do Projeto Usina Termelétrica ENDESA Fortaleza II

Caucaia - CE

127

Comparando-se os valores de Risco Individual calculados para este Estudo com os

valores de aceitabilidade, verifica-se que os valores de Risco Individual calculados para

todas as Hipóteses Acidentais situam-se abaixo do limite máximo tolerável para um

indivíduo exposto ao risco. Os valores de risco individual situam-se abaixo do valor de

risco de referência.

O valor esperado de fatalidades extra-usina é menor do que um para todas as hipóteses

acidentais deste Estudo. Assim, a elaboração da curva F-N e a comparação com os

critérios de aceitabilidade de Risco Social não são necessários com a análise deste

empreendimento.

Os riscos ao público associados à operação da usina termelétrica foram estimados como

insignificantes. O pior cenário possível, no caso de um incêndio do tipo de chama exposta

(jato de fogo), apresenta um risco individual, no que se refere a uma pessoa exposta

hipoteticamente e permanentemente, localizada acima da linha de gás natural que

alimenta a usina, de uma chance de fatalidade em 6.000 anos. Este nível de risco está

semelhante ao que existe em muitos bairros das cidades norte-americanas e européias,

onde o gás natural é utilizado para aquecimento de residências ou alimentar usinas de

geração de energia elétrica.

A estimativa de risco é conservadora como resultado da superestimação do risco atual,

devido às pressuposições simplificadoras utilizadas nos cálculos. As diversas medidas

mitigadoras de risco, que já foram incluídas no desenho das instalações reduzirão, mais

ainda, os riscos associados às operações da Usina.

9.6 GERENCIAMENTO DOS RISCOS

Após análise das conclusões da Avaliação dos Riscos, considera-se que os valores

encontrados neste Estudo são aceitáveis.

Menciona-se a importância da adoção das medidas identificadas na aplicação da técnica

APP aqui transcritas. Estas medidas são essenciais para a manutenção dos níveis de

risco inerentes ao sistema dentro de padrões de aceitabilidade e, consequentemente,

para o gerenciamento de riscos do empreendimento. Também foram propostas medidas

para gerenciamento dos riscos referentes à redução/manutenção das freqüências e das

conseqüências, parâmetros estes contribuintes para a avaliação do risco do

empreendimento em análise.

Os riscos inerentes ao sistema podem ser expressos em número de mortos, feridos, dias

perdidos ou prejuízos econômicos. Os prejuízos econômicos são decorrentes, dentre

outros, dos seguintes fatores:

Page 143: RIMA 2010 10 19 - semace.ce.gov.br · IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ... INCRA Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária ... PPT Programa Prioritário

Relatório de Impacto Ambiental do Projeto Usina Termelétrica ENDESA Fortaleza II

Caucaia - CE

128

Perda de equipamento e material.

Paralisação do processo operacional.

Aumento de tarifas de seguro.

Penalizações por danos ambientais.

9.6.1 MEDIDAS PARA GERENCIAMENTO DAS CONSEQÜÊNCIAS

As medidas apresentadas a seguir contribuem para o gerenciamento e redução dos

efeitos físicos causados por um evento acidental seja reduzindo o volume vazado seja

diminuindo o tempo de resposta para combate a emergência.

Implantar um programa permanente de conscientização e de procedimentos com

os empregados e a comunidade, em relação aos riscos da usina.

Disponibilizar recursos de comunicação integrada entre a UTE ENDESA Fortaleza

II, Corpo de Bombeiros, Polícia Militar.

Colocar e manter placas de aviso nos pontos críticos, internos, em condições

legíveis e com os telefones, internos e externos, de contato no caso de

emergência.

Disponibilizar um sistema confiável e permanente de rádio-comunicação e

telefonia. O sistema deve ser concebido e dimensionado para atender às

comunicações operacionais em situações de emergência, com o pessoal de

campo, e ter um canal exclusivo de transmissão para comunicações internas.

Implantar o Plano de Ação de Emergência da Usina e divulgá-lo.

Criar sistemática de treinamento de combate à emergência.

Page 144: RIMA 2010 10 19 - semace.ce.gov.br · IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ... INCRA Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária ... PPT Programa Prioritário

Relatório de Impacto Ambiental do Projeto Usina Termelétrica ENDESA Fortaleza II Caucaia - CE

129

Quadro 1 - Medidas Sugeridas na APP para Gerenciamento das Freqüências e Conseqüências

Nº de Ordem

PERIGO CAUSAS DETECÇÃO CONSEQUÊNCIAS CLASSIFICAÇÃO DO

PERIGO MEDIDAS SUGERIDAS PROB SEV CLAS

1 Perfuração de dutos

Ação de terceiros Corrosão

Sistemas automáticos de monitoramento de queda de pressão nos dutos, com alarmes sonoros e visuais nos painéis de operação.

Vazamentos de gás, líquidos e vapor Perigo de Incêndio Perigo de Explosão Perigo de contaminação

C III M

Sinalizar e identificar todos os dutos Adotar os procedimentos ao sistema de proteção catódica para as fases de construção, montagem e manutenção

2 Corrosão

Ação do ambiente Falta de manutenção preventiva do sistema de proteção

Inspeções de manutenção preventiva.

Furo nos dutos e canalizações a médio e longo prazos Vazamentos de gás, líquidos e vapor Perigo de incêndio Perigo de Explosão Perigo de contaminação

C II NC Inspeção periódica Manutenção preventiva

3

Pequenos vazamentos através de juntas, válvulas, flanges e soldas

Desgaste de material Falha na especificação do material Falta de manutenção preventiva

Inspeções de manutenção preventiva Sistemas de controle e monitoramento de demanda e consumo Odor característico do produto vazado

Vazamentos de gás, líquidos e vapor Perigo de Incêndio Perigo de Explosão Perigo de contaminação

B II M

Manutenção Preventiva Garantir especificação do material adequada às pressões dos dutos. Dar retorno de eventual modificação de projeto a Engenharia. Sistemas automáticos de detecção e combate a incêndios Sistemas fixos de combate a incêndio

4

Grandes vazamentos através de juntas, válvulas, flanges e soldas

Desgaste de material Falha na especificação do material Falta de manutenção preventiva

Inspeções de manutenção preventiva Sistemas de controle e monitoramento de demanda e consumo Odor característico do produto vazado

Vazamentos de gás, líquidos e vapor Perigo de Incêndio Perigo de Explosão Perigo de contaminação

C II NC

Analisar a especificação das válvulas para o sistema junto ao fabricante Manutenção Preventiva Garantir especificação do material adequada às pressões dos dutos. Dar retorno de eventual modificação de projeto a Engenharia. Sistemas automáticos de detecção e combate a incêndios Sistemas fixos de combate a incêndio

5 Sobrepressão Falha Sistemas automáticos de Vazamentos de vapor C III M Analisar através da técnica de HAZOP

Page 145: RIMA 2010 10 19 - semace.ce.gov.br · IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ... INCRA Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária ... PPT Programa Prioritário

Relatório de Impacto Ambiental do Projeto Usina Termelétrica ENDESA Fortaleza II Caucaia - CE

130

Nº de Ordem

PERIGO CAUSAS DETECÇÃO CONSEQUÊNCIAS CLASSIFICAÇÃO DO

PERIGO MEDIDAS SUGERIDAS PROB SEV CLAS

operacional Falta de manutenção Falha nas válvulas reguladoras

controle das pressões com informações visuais e sonoras das anomalias Válvulas de alívio das pressões acionadas

Perigo de Explosão Perigo de queimaduras Perigo de asfixia

ou PHAST durante o projeto executivo.

6

Introdução de efeitos elétricos na tubulação

Interferência elétrica com outros sistemas

Inspeções rotineiras das tubulações e dutos Medição da proteção catódica

Corrosão externa C II NC Prever no projeto do sistema de prote-ção as interferências elétricas, se existirem

7 Turbinas

Quebra de palhetas Falta de lubrificação Falha nos sistemas operacionais de controle e monitoramento

Sistemas automáticos de monitoramento das anomalias nos processos de queima de combustível, vibrações e etc., com alarmes sonoros e visuais nos painéis de operação.

Perigo de Incêndio Perigo de Explosão Travamento da turbina Perigo de queimaduras

D II NC

Manutenção preventiva Sistemas de automáticos de monitoramento Sistemas automáticos de detecção e combate a incêndios

8 HRSG

Falha nos sistemas operacionais de controle e monitoramento Falha nas válvulas de alívio Falha Humana Sobrepressão

Sistemas automáticos de controle das pressões com informações visuais e sonoras das anomalias Válvulas de alívio das pressões acionadas

Perigo de Explosão Perigo de ondas de choque Perigo de queimaduras Perigo de Projeção de estilhaços Perigo de Asfixia Perigo de projeção de estilhaços

D IV M

Analisar a especificação das válvulas para o sistema junto ao fabricante Manutenção Preventiva Garantir especificação do material adequada às pressões dos dutos. Dar retorno de eventual modificação de projeto a Engenharia. Sistemas automáticos de monitoramento. Analisar através da técnica de HAZOP ou PHAST durante o projeto executivo.

9 Transfor-madores

Corrosão Ação de terceiros

Inspeções de manutenção preventiva Sistemas de controle e

Vazamentos de líquidos Perigo de Incêndio Perigo de Explosão

C III M Manutenção Preventiva Garantir especificação do material previsto no projeto

Page 146: RIMA 2010 10 19 - semace.ce.gov.br · IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ... INCRA Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária ... PPT Programa Prioritário

Relatório de Impacto Ambiental do Projeto Usina Termelétrica ENDESA Fortaleza II Caucaia - CE

131

Nº de Ordem

PERIGO CAUSAS DETECÇÃO CONSEQUÊNCIAS CLASSIFICAÇÃO DO

PERIGO MEDIDAS SUGERIDAS PROB SEV CLAS

Naturais Falha nos sistemas operacionais de controle e monitoramento Falha Operacional Sobrecarga elétrica

monitoramento de demanda e consumo Odor característico do produto vazado Sistemas de detecção e combate a incêndio acionados Sistemas automáticos de controle com informações visuais e sonoras das anomalias

Perigo de contaminação Perigo de queimaduras Perigo de Projeção de estilhaços

Dar retorno de eventual modificação de projeto a Engenharia. Sistemas de automáticos de monitoramento. Analisar através da técnica de HAZOP ou PHAST durante o projeto executivo.

Page 147: RIMA 2010 10 19 - semace.ce.gov.br · IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ... INCRA Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária ... PPT Programa Prioritário

Relatório de Impacto Ambiental do Projeto Usina Termelétrica ENDESA Fortaleza II

Caucaia - CE

132

9.6.2 CONTROLE DE RISCO

O desenho da usina proposta inclui diversas medidas cuja intenção é de minimizar os

riscos associados às instalações. Um plano de emergência detalhado será elaborado

e utilizado como base para o treinamento do pessoal, o que dará instruções de como

reagir em casos de emergência nas instalações. Apresentamos a seguir alguns dos

aspectos mais significativos do plano para minimização dos riscos operacionais da

Usina.

9.6.2.1 Sistema de Alimentação de Gás Natural

Válvulas de desativação de emergência, que poderão ser fechadas rapidamente,

serão instaladas em intervalos regulares, na linha de gás natural que alimenta a

turbina de combustão, desde a sua entrada na área de responsabilidade da Usina.

Esta medida minimizará as conseqüências de uma explosão confinada, através da

redução do volume de gás natural liberado. Será instalado um sistema de controle

duplo das válvulas de desativação de emergência, que utiliza sensores de pressão e

de fluxo, desta forma aumentando o nível de confiabilidade do sistema de controle.

9.6.2.2 Sistema de Turbinas a Gás

O desenho apropriado das palhetas, balanceamento, bem como a execução de

ajustes e manutenção preventiva visando garantir que as palhetas não causem uma

ressonância crítica quando atingem a velocidade operacional; irá minimizar a

possibilidade de sua desintegração quando em operação.

O sistema de segurança, que faz parte do desenho das instalações, é composto de

detectores de chama, localizados na área de combustão, e estão programados para

sinalizar o fechamento do suprimento de combustível dentro de um período de tempo

pré-determinado.

Visando reduzir o risco de incêndios externos associados à turbina de combustão,

como resultado de vazamentos de óleo lubrificante, foram incluídos na planta os itens

apresentados a seguir:

alarmes de vibrações e dispositivos de desligamento automático;

linhas de óleo lubrificante do tipo “alta resistência” com acessórios flangeados;

utilização de óleo lubrificante, do tipo de baixo ponto de fulgor e flamabilidade,

e de um dispositivo de proteção para o duto de saída dos gases quentes de

combustão, visando reduzir a temperatura da superfície, desta forma

diminuindo a possibilidade de que o óleo venha a incendiar.

Page 148: RIMA 2010 10 19 - semace.ce.gov.br · IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ... INCRA Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária ... PPT Programa Prioritário

Relatório de Impacto Ambiental do Projeto Usina Termelétrica ENDESA Fortaleza II

Caucaia - CE

133

Também está prevista a instalação de um filtro na linha de gás natural, uma vez que

gás sujo poderá causar o desequilíbrio das palhetas da turbina.

9.6.2.3 Sistema de Vapor

Apresentamos a seguir as medidas preventivas incluídas no desenho do sistema de

geração de vapor:

múltiplas válvulas de alívio;

alarmes da pressão no recipiente de vapor e do baixo nível da água;

dispositivos de controle de pressão, temperatura e do nível da água instalados

no recipiente de vapor; e

tratamento do sistema de alimentação de água visando minimizar o nível de

corrosão do sistema.

9.6.2.4 Sistema de Óleo Lubrificante

Dispositivos serão fornecidos para o monitoramento da temperatura do óleo

lubrificante visando garantir que a turbina-gerador somente comece a funcionar após o

aquecimento adequado do óleo. Um sistema de proteção contra incêndio será previsto

para o sistema.

9.6.2.5 Sistema Elétrico - Transformador

A instalação de um sistema de prevenção e combate a incêndio, em conjunto com a

existência de um espaço adequado entre os transformadores, irá reduzir os riscos

associados a este componente da planta.

9.6.2.6 Sistema de Tratamento de Água

Os tanques de estocagem do sistema de tratamento de água serão providos de

sistemas de contenção cativos, projetados de forma a isolar qualquer vazamento dos

outros produtos químicos e dos demais componentes da Usina.

9.6.2.7 Auditorias

As auditorias serão realizadas regularmente (sistemática), através de plano específico

ou de inopino (assistemática) visando detectar erros ou falhas nas rotinas operacionais

e de manutenção.

Os relatórios serão arquivados e disponibilizados aos órgãos pertinentes.

Page 149: RIMA 2010 10 19 - semace.ce.gov.br · IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ... INCRA Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária ... PPT Programa Prioritário

Relatório de Impacto Ambiental do Projeto Usina Termelétrica ENDESA Fortaleza II

Caucaia - CE

134

9.6.2.8 Medidas gerais

9.6.2.8.1 NR 20 – Líquidos Combustíveis e Inflamáveis

A NR-20 classifica "líquido inflamável" como todo aquele que possua ponto de fulgor

inferior a 70 ºC (setenta graus centígrados) e pressão de vapor que não exceda 2,8

kg/cm2 absoluta a 37,7 ºC (trinta e sete graus e sete décimos de graus centígrados).

Logo, tanto a gasolina como o álcool etílico se enquadram neste conceito e não como

"líquidos combustíveis".

20.1.4 A distância entre 2 (dois) tanques de armazenamento de líquidos combustíveis

não deverá ser inferior a 1,00m (um metro).

20.1.5 O espaçamento mínimo entre 2 (dois) tanques de armazenamento de líquidos

combustíveis diferentes, ou de armazenamento de qualquer outro combustível, deverá

ser de 6,00m (seis metros).

20.2.4 O distanciamento entre tanques de armazenamento de líquidos inflamáveis

instalados na superfície deverá obedecer ao disposto nos itens 20.1.4 e 20.1.5.

8.3.9.2 NR 10 - Segurança em Instalações e Serviços em Eletricidade

Deve-se usar a NR-10, no que couber, para providenciar no aterramento dos tanques

e/ou depósitos evitando a descarga elétrica da eletricidade estática gerada na

movimentação do líquido.

9.7 PLANO DE AÇÃO DE EMERGÊNCIA

O PAE segue anexo para que possa ser utilizado após a implantação da Usina.

9.8 CONCLUSÃO

A Usina não apresenta risco para a comunidade, nem para seus funcionários e

instituições localizadas nas cercanias, pois a Análise histórica em empreendimentos

similares não registra acidentes/incidentes graves.

A classificação de uma Usina Termelétrica junto ao Instituto de Resseguros do Brasil

(IRB) é de risco médio e com a rubrica 192.10 -15.

Page 150: RIMA 2010 10 19 - semace.ce.gov.br · IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ... INCRA Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária ... PPT Programa Prioritário

Relatório de Impacto Ambiental do Projeto Usina Termelétrica ENDESA Fortaleza II

Caucaia - CE

135

10 PROGNÓSTICO AMBIENTAL

10.1 ALTERNATIVA DE EXECUÇÃO

Na alternativa de implantação do empreendimento, o prognóstico da área de influência

encontra-se relacionado a seguir.

10.1.1 MEIO FÍSICO

10.1.1.1 Qualidade do Ar

Os estudos realizados para quantificar as emissões e avaliar a qualidade do ar após a

entrada em operação do empreendimento mostraram que os máximos impactos

gerados pela operação da nova planta não deverão ocasionar, isoladamente, efeitos

adversos à saúde, bem-estar da população e aos demais constituintes do meio

ambiente. Considerando 100% de carga, queimando gás natural, as máximas

concentrações de poluentes no nível do solo, a serem geradas na atmosfera pela

operação da usina, ocorrerão sempre em níveis inferiores aos incrementos máximos

admissíveis pela legislação ambiental.

10.1.1.2 Níveis de Ruído

Devido ao ruído gerado na operação da usina, a população potencialmente exposta

em um raio de até 512 metros do ponto de geração de maior nível de ruído (chaminé

do gerador) poderá receber um acréscimo nos níveis de pressão sonora. Isto

implicaria, segundo a NBR 10.151, em "pouca resposta da comunidade e queixas

esporádicas" da comunidade. Como a área circunvizinha é destinada exclusivamente

para fins industriais, a população atingida seria constituída somente pelos

trabalhadores da usina e das indústrias situadas nas áreas circunvizinhas.

Nos limites reais da propriedade, o ruído incidente é inferior ao máximo tolerado, e,

portanto, verifica-se a aceitabilidade do nível de ruído, de acordo com a legislação

vigente.

10.1.1.3 Recursos Hídricos

O volume total de água a ser utilizada para a operação da UTE ENDESA Fortaleza II

será proveniente do açude Sítios Novos, através da adutora que abastece o CIPP. A

demanda prevista para a nova planta (cerca de 12.960 m3/dia) será plenamente

atendida sem comprometer as vazões disponíveis neste sistema (adutora), uma vez

que o mesmo foi projetado para esta finalidade.

Page 151: RIMA 2010 10 19 - semace.ce.gov.br · IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ... INCRA Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária ... PPT Programa Prioritário

Relatório de Impacto Ambiental do Projeto Usina Termelétrica ENDESA Fortaleza II

Caucaia - CE

136

Quanto aos efluentes gerados pelo processo industrial, após correção de pH, são

conduzidos ao emissário da CAGECE, e posteriormente, para o mar (junto ao pier do

Porto), onde a vazão existente proporciona uma expressiva diluição da carga orgânica.

Quanto aos efluentes sanitários, estes recebem tratamento em ETE, atendendo às

normas da legislação vigente. Desta forma, pode-se afirmar que não há impacto sobre

os recursos hídricos locais.

10.1.2 MEIO BIÓTICO

A construção do novo empreendimento implicará na perda de habitat para as espécies

da fauna que ali vivem, impacto será intensificado se houver alteração nas condições

atuais do açude existente na área.

O aumento da fragmentação dos habitats e a redução das áreas de forrageamento é

outro impacto previsto, apesar da reduzida extensão da área de vegetação a ser

suprimida.

A recuperação e conservação das áreas vizinhas à área da intervenção; a proteção

dos remanescentes da mata seca, que são fisionomias vegetais originais da região e

de grande diversidade biológica existentes nos morrotes; e o transplante de carnaúbas

que se encontram na área são medidas que podem mitigar estes impactos.

10.1.3 MEIO ANTRÓPICO

A utilização de gás natural proporcionará maior equilíbrio não só na matriz energética

nacional, como também na estadual. Em termos de energia elétrica, serão

disponibilizados em torno de 350 MW para o Ceará, utilizando-se tecnologia mais

limpa e menos poluente disponível atualmente no mercado.

O aumento da oferta de energia elétrica deverá estimular as atividades industriais,

sobretudo as localizadas no CIPP e na Região Metropolitana, ao assegurar-lhes um

insumo básico e pouco sujeito a interrupções de fornecimento devido à proximidade

entre estas e a usina.

O potencial crescimento da economia ao ser assegurado o fornecimento de energia,

por sua vez, trará reflexos positivos na geração de empregos nas áreas de influência

do empreendimento, o que atenderá uma expectativa de grande significado para a

comunidade. Tanto para a população dos centros urbanos como da área rural, a

energia elétrica é importante, encontrando-se identificada com conforto, segurança e

empregos indiretos.

Page 152: RIMA 2010 10 19 - semace.ce.gov.br · IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ... INCRA Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária ... PPT Programa Prioritário

Relatório de Impacto Ambiental do Projeto Usina Termelétrica ENDESA Fortaleza II

Caucaia - CE

137

10.2 ALTERNATIVA DE NÃO-EXECUÇÃO

As principais conseqüências, no caso de não ser construída a UTE ENDESA Fortaleza

II, seriam de natureza sócio-econômica, uma vez que:

A matriz energética do CE continuará a ser muito dependente do sistema

hidrelétrico, que, além de ser importado do Subsistema Nordeste, é

dependente das chuvas;

O Estado do Ceará perderá a oportunidade de obter a instalação de empresa

de grande porte, com prejuízos na geração de postos de trabalho, arrecadação

de impostos e desenvolvimento do seu parque industrial;

Não serão disponibilizados em curto prazo (36 meses) em torno de 350 MW

adicionais de energia firme, o que aumentará o risco de manutenção do déficit

de fornecimento de energia elétrica no Estado;

Não será gerado aumento de posto de trabalho na região (2.000 durante a

construção e 15 na operação), nem aumento de arrecadação para os

municípios;

Para a população urbana, a falta de energia elétrica ou o risco de

desabastecimento originará situações críticas, uma vez que é um insumo sem

o qual é impossível assegurar até mesmo o funcionamento das atividades

rotineiras nas cidades.

Quanto aos meios físico e biótico, não haveria qualquer modificação na situação atual

caso o empreendimento não seja construído.

10.3 ALTERNATIVA DE DESATIVAÇÃO

Em decorrência da obsolescência da tecnologia utilizada ou da própria extinção da

vida útil dos componentes da usina, poderão ser tomadas algumas medidas para

promover sua substituição por equipamentos novos, atualizados tecnologicamente, ou

promover a destinação adequada dos equipamentos e instalações da usina, no

sentido de remover ou minimizar os impactos sócio-ambientais negativos.

No caso de substituição por equipamentos mais atualizados no futuro, serão

ponderados, entre outros fatores, as vantagens econômicas e a indispensável

paralisação da geração durante certo período de tempo.

Como a tecnologia empregada na UTE Endesa Fortaleza II será a mais recente do

mercado, não é possível afirmar exatamente quando poderá haver este avanço

tecnológico, seja em termos de eficiência ou de redução de emissões. Os

componentes que tendem a ser atualizados seriam, portanto, os equipamentos de

geração e os de controle de emissão.

Page 153: RIMA 2010 10 19 - semace.ce.gov.br · IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ... INCRA Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária ... PPT Programa Prioritário

Relatório de Impacto Ambiental do Projeto Usina Termelétrica ENDESA Fortaleza II

Caucaia - CE

138

Caso isto ocorra, os componentes não-utilizáveis na nova instalação serão

desmontados e classificados em:

Materiais e/ou componentes reaproveitáveis na usina;

Materiais e/ou componentes vendidos como tal;

Materiais e/ou componentes vendidos como sucata.

No caso de término da atividade produtiva e desativação da unidade industrial, serão

buscadas soluções que viabilizem o reaproveitamento de equipamentos com vida útil

residual, a adaptação das instalações civis para serem utilizadas para outros fins, pela

própria empresa ou pela comunidade e a destinação adequada aos inservíveis. A

classificação dos materiais com vistas à sua reciclagem também será importante.

Page 154: RIMA 2010 10 19 - semace.ce.gov.br · IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ... INCRA Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária ... PPT Programa Prioritário

Relatório de Impacto Ambiental do Projeto Usina Termelétrica ENDESA Fortaleza II

Caucaia - CE

139

11 CONCLUSÃO

Os impactos negativos da implantação e operação deste empreendimento existirão,

entretanto, a maioria é de baixa magnitude e, além disso, podem ser mitigados

considerando a escolha de alternativas tecnológicas viáveis ao empreendimento.

Em suma, serão apresentados a seguir os principais impactos identificados e

avaliados no presente estudo, bem como a importância relativa em função da

implantação da nova planta.

No que diz respeito às alterações condizentes ao incremento de compostos orgânicos

na atmosfera, a avaliação prévia mostrou que os maiores incrementos de impacto

serão para dióxido de nitrogênio. No entanto, serão localizados dentro da área da

usina. Todos os poluentes simulados apresentaram incrementos na atmosfera, de

impactos de baixa a média magnitude.

Ressalta-se que o estudo considerou as máximas concentrações de poluentes no

nível do solo a serem geradas pela operação da usina. Mesmo assim, os níveis de

emissão ocorrerão sempre em níveis inferiores aos incrementos máximos admissíveis

pela legislação ambiental.

Sendo assim, é possível prognosticar que todos os impactos dos compostos gerados

pela operação da nova planta, emitidos para a atmosfera, não deverão ocasionar

efeitos adversos à saúde da população e aos demais constituintes do meio ambiente,

o que ressalta o não impedimento da ampliação da nova planta em função da

tecnologia escolhida (ciclo combinado).

Quanto ao ruído, na fase de implantação, a população afetada será somente a de

operários da própria instalação da usina. Estudos estimaram que somente serão

afetados os trabalhadores dispostos em um raio de até 240 metros das obras. No

entanto, estes se encontrarão regidos por medidas preventivas e previstas na

legislação de Higiene e Segurança do Trabalho (Portaria 3.214/78 da CLT),

particularmente as Normas Regulamentadoras nos 7, 9 e 15 (Uso de EPIs, EPCs,

restrições de tempo, etc.)

No período de operação da nova planta, a população exposta ao ruído emitido será

aquela disposta até um raio de até 512 metros do ponto de geração de maior nível de

ruído (turbinas e chaminé do gerador), lembrando sempre que o nível de pressão

sonora é logaritmicamente reduzido a partir do ponto da emissão ruidosa, chegando

ao momento em que prevalecerá somente o ruído de fundo (> 512 metros).

Como a área circunvizinha é destinada exclusivamente para fins industriais, a

população atingida será constituída somente pelos trabalhadores da usina e, por vez,

de outras instalações industriais nas áreas circunvizinhas.

Page 155: RIMA 2010 10 19 - semace.ce.gov.br · IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ... INCRA Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária ... PPT Programa Prioritário

Relatório de Impacto Ambiental do Projeto Usina Termelétrica ENDESA Fortaleza II

Caucaia - CE

140

No que tange a demanda de água a ser utilizada para a operação da UTE ENDESA

Fortaleza II, esta prevista em 12.960 m3/dia, será plenamente atendida sem

comprometer as vazões disponíveis neste sistema adutor, provindo do açude Sítios

Novos.

O sistema de tratamento de efluentes líquidos, tanto do processo industrial quanto dos

efluentes sanitários, será composto por tecnologia condizente à adequação aos níveis

legais de disposição.

A construção do novo empreendimento não implicará na perda significativa de habitat

para as espécies da fauna e flora, uma vez que a área a ser utilizada já é bastante

degradada pela ação antrópica. Eventual forrageamento da fauna poderá ocorrer nas

proximidades do empreendimento pela movimentação das obras e operação da usina,

o que de fato não será significativo.

A recuperação e conservação das áreas vizinhas à área da intervenção; a proteção

dos remanescentes de mata seca, que são fisionomias vegetais originais da região,

são medidas que irão mitigar estes impactos.

Por sua vez, os impactos positivos existentes e avaliados são significativos, pois o

empreendimento irá contribuir para o fornecimento de energia elétrica para o estado

do Ceará, bem como para a criação de empregos diretos e indiretos.

Um prognóstico sucinto da construção da nova planta em relação ao meio sócio-

econômico encontra-se a seguir:

A matriz energética do estado do Ceará será menos dependente do sistema

hidrelétrico, que, além de ser importado do subsistema Nordeste, é dependente

das estações climáticas favoráveis (pluviosidade);

Incremento de cerca de 350 MW adicionais de energia firme que diminuirá o

risco do déficit de fornecimento de energia elétrica no Estado;

Geração de pico de posto de trabalho na região com aproximadamente 2000

vagas durante a construção da planta e 15 durante a operação;

O aumento da oferta de energia elétrica deverá estimular as atividades

industriais, sobretudo as localizadas no CIPP e na Região Metropolitana, ao

assegurar-lhes um insumo básico e pouco sujeito a interrupções de

fornecimento devido à proximidade entre estas e a usina;

O potencial crescimento da economia a ser assegurado pelo fornecimento de

energia, por sua vez, trará reflexos positivos na geração de empregos nas

áreas de influência do empreendimento, o que atenderá uma expectativa de

grande significado para a comunidade. Tanto para a população dos centros

urbanos como da área rural, a energia elétrica é importante, encontrando-se

identificada com conforto, segurança e empregos indiretos;

Incremento da arrecadação fiscal nos municípios e estado pela operação da

usina, bem como pela demanda de bens construtivos na fase de instalação.

Page 156: RIMA 2010 10 19 - semace.ce.gov.br · IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ... INCRA Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária ... PPT Programa Prioritário

Relatório de Impacto Ambiental do Projeto Usina Termelétrica ENDESA Fortaleza II

Caucaia - CE

141

Por fim, dada a implementação das medidas mitigadoras, bem como a correta

execução dos programas de monitoramento e de controle ambiental, conclui-se que há

meios de compatibilizar os objetivos propostos da implantação da nova planta com o

uso sustentado do meio ambiente.

Page 157: RIMA 2010 10 19 - semace.ce.gov.br · IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ... INCRA Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária ... PPT Programa Prioritário

Relatório de Impacto Ambiental do Projeto Usina Termelétrica ENDESA Fortaleza II

Caucaia - CE

142

12 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ANDRADE-LIMA, D. Plantas das caatingas. Academia Brasileira de Ciências, Rio de Janeiro, RJ. 1989.

ANDRADE-LIMA, D. The caatingas dominium. Revista Brasileira de Botânica 4: 149-163. 1981.

COMPANHIA DE GESTÃO DE RECURSOS HÍDRICOS – COGERH. Anuário do Monitoramento Quantitativo dos Principais Açudes do Estado do Ceará, Fortaleza: COGERH, 2003.

CONAMA. Resolução nº 001 de 08/03/90, estabelece padrões, critérios e diretrizes para a emissão de ruídos por atividades industriais, comerciais, sociais, recreativas e de propaganda política, no interesse da saúde e do sossego.

FERNANDES, A.G. Fitogeografia do semi-árido. p. 215-219 In: Anais da Reunião Especial da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, 4. Feira de Santana, BA. 1996.

GIULIETTI, A.M., R.M. HARLEY, L.P. QUEIROZ, M.R.V. BARBOSA, A.L. BOCAGE NETA & M.A. FIGUEIREDO. Plantas endêmicas da caatinga. p.103-115 In: Vegetação e flora das caatingas (SAMPAIO, E.V.S.B., A.M. GIULIETTI, J. VIRGÍNIO & C.F.L. GAMARRA-ROJAS, ed.). APNE / CNIP. Recife, 2002.

GOMES, E.C. Avaliação e Difusão de Tecnologias para o Desenvolvimento da Agricultura Familiar da Área do Entorno da Central Geradora Termelétrica Fortaleza/CE - Área Piloto. Levantamento Detalhado de Solos no Entorno da Central Termelétrica Fortaleza (CGTF). Município de Caucaia, CE. EMBRAPA Solos/FAPEDE/ENDESA Fortaleza. Fevereiro de 2007. 31 p.

GOMES, M.A.F. Padrões de caatinga nos Cariris Velhos, Paraíba. Dissertação de Mestrado. Universidade Federal Rural de Pernambuco, Recife, 1979.

IBGE. Censo demográfico, 1991.

IBGE. Censo demográfico, 2000

IPECE. Anuário Estatístico do Ceará 2006. Indicadores Demográficos. Disponível em: http://www.ipece.ce.gov.br. Acesso em 08.10.2007.

MINISTÉRIO DE MINAS E ENERGIA. Balanço Energético Nacional 2006. Disponível em: <http://www.ben.epe.gov.br> Acesso em 01/10/2007.

MINISTÉRIO DE MINAS E ENERGIA/EPE. Plano Decenal de Expansão de Energia Elétrica 2006-2015. Disponível em: <http://www.epe.gov.br> Acesso em 26/09/2007.

NBR 10.151. Acústica - Avaliação do ruído em áreas habitadas, visando o conforto da comunidade - Procedimento. Brasil, 2000.

Page 158: RIMA 2010 10 19 - semace.ce.gov.br · IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ... INCRA Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária ... PPT Programa Prioritário

Relatório de Impacto Ambiental do Projeto Usina Termelétrica ENDESA Fortaleza II

Caucaia - CE

143

NBR 10.151. Avaliação do ruído em áreas habitadas visando o conforto da comunidade. Brasil, 1987.

OLIVEIRA, J. A; GONÇALVES, P. R.; BONVICINO, C. R. Mamíferos da Caatinga. In. Biodiversidade da Caatinga: Áreas e Ações Prioritárias para a Conservação. Universidade Federal de Pernambuco, Fundação de Apoio ao Desenvolvimento da UFPE, Conservation International do Brasil, Fundação Biodiversitas, EMBRAPA Semi-Árido. Brasília, 2000.

SANTOS, M.F.A.V., M.R. RIBEIRO & E.V.S.B. SAMPAIO. Semelhanças vegetacionais em sete solos de Caatinga. Pesquisa Agropecuária Brasileira 27: 305-314. 1992.

SILVA, V. da. Dinâmica da paisagem: estudo integrado de ecossistemas litorâneos em Huelva (Espanha) e Ceará (Brasil). Tese de doutorado, UNESP, Rio Claro, 1993, 436 p.il. 1993.

SILVA, V.M., ARAÚJO FILHO, J.A., LEITE, E.R., PEREIRA, V.L.A., UGIETTE, S.A. Manipulação da caatinga e seu efeito sobre parâmetros fitossociológicos e de produção, em Serra Talhada, Pernambuco. p. 58- 61 In: Anais da Reunião da Sociedade Brasileira de Zootecnia, 32. SBZ, Brasília, DF, 1995.

SUDENE. Incentivos fiscais do Nordeste: avaliação e sugestões de aprimoramento. Recife,1990.

TURETTA, A.P.D et al. Avaliação e Difusão de Tecnologias para o Desenvolvimento da Agricultura Familiar da Área do Entorno da Central Geradora Termelétrica Fortaleza/CE-Área Piloto. Embrapa-solos, 2007.

Page 159: RIMA 2010 10 19 - semace.ce.gov.br · IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ... INCRA Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária ... PPT Programa Prioritário

Relatório de Impacto Ambiental do Projeto Usina Termelétrica ENDESA Fortaleza II

Caucaia - CE

144

13 ANEXO

13.1 PLANO DE AÇÃO DE EMERGÊNCIA