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Renda Básica de Cidadania contra a exploração capitalista: uma justificação ética a partir do jovem Marx Ricardo Rojas Fabres 1 RESUMO: O presente artigo possui um objetivo central: defender a ideia de uma “Renda Básica de Cidadania” (Van Parijs, 2000) a partir de uma determinada concepção de justiça presente nos escritos do jovem Marx. Para isso, primeiramente apresentamos os postulados básicos de legitimação da justiça das teorias tradicionais, especialmente de Rawls e, a partir disso, justificamos a relação entre Marx e a Justiça (Geras, 1984; Vázquez, 1993), inserindo o marxismo em um debate político sobre a realização de diferentes orientação normativas (Cohen, 2001). Neste sentido, discute-se a forma pela qual Marx sustenta que a exploração capitalista degrada a autonomia e a dignidade humana e, por fim, a proposta de “Renda Básica de Cidadania” (Van Parijs, 2000; Raventós, 2012), dialogando com os pressupostos marxistas, no sentido da realização de uma sociedade humanamente emancipada. Introdução É justo que no país onde 300 mil famílias vivem em situação de extrema pobreza 2 alguém se cubra com uma roupa que custa R$ 3 milhões 3 ? Ou que o patrimônio das 85 pessoas mais ricas do mundo seja equivalente ao patrimônio de metade da população mundial 4 e que, ao mesmo tempo, R$ 331,5 bilhões sejam gerados anualmente com exploração de trabalho forçado enquanto um bilhão de pessoas estão completamente desamparadas em todo o planeta? Ao lidar com estas questões, a percepção aparente é que os fatos são evidentes o bastante para que não precisemos fundamentar o que é “justo” ou “injusto”. Mas, por outro lado, não seria uma objeção legítima afirmar que, estando em conformidade com as regras estabelecidas pelas instituições jurídicas e políticas, estas seriam situações justas – independente de qualquer sentimento que possam gerar? A objeção da objeção, neste caso, tampouco seria menos legítima se questionasse a justeza das instituições jurídicas e políticas das quais estamos tratando. Para isso, no entanto, precisamos investigar a origem da legitimação deste ordenamento jurídico e estatal capaz de definir, entre outras coisas, os parâmetros do que é 1 Mestrando em Filosofia do Programa de Pós-Graduação em Filosofia da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) e bolsista da Coordenação de Aperfeiçoamento do Ensino Superior (Capes); [email protected] 2 De acordo com o relatório "Cadernos de Resultados - 3 anos de Plano Brasil Sem Miséria", disponível em http://www.brasilsemmiseria.gov.br/documentos/Caderno,P20de,P20Graficos,P20BSM,P20-,P203,P20anos,P20- ,P2004062014,P20-,P20Final.pdf.pagespeed.ce.FIC1dr_fAL.pdf 3 http://wp.clicrbs.com.br/redesocial/2014/06/12/claudia-leitte-cria-o-proprio-vestido-para-show-de-abertura-da- copa/?topo=13,1,1,,,13 4 Relatório “Working for the Few - Political capture and economic inequality (Oxfam)” disponível em http://www.oxfam.org/sites/www.oxfam.org/files/bp-working-for-few-political-capture-economic-inequality- 200114-en.pdf

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Renda Básica de Cidadania contra a exploração capitalista: uma justificação ética a

partir do jovem Marx

Ricardo Rojas Fabres1

RESUMO: O presente artigo possui um objetivo central: defender a ideia de uma “Renda

Básica de Cidadania” (Van Parijs, 2000) a partir de uma determinada concepção de justiça

presente nos escritos do jovem Marx. Para isso, primeiramente apresentamos os postulados

básicos de legitimação da justiça das teorias tradicionais, especialmente de Rawls e, a partir

disso, justificamos a relação entre Marx e a Justiça (Geras, 1984; Vázquez, 1993), inserindo o

marxismo em um debate político sobre a realização de diferentes orientação normativas

(Cohen, 2001). Neste sentido, discute-se a forma pela qual Marx sustenta que a exploração

capitalista degrada a autonomia e a dignidade humana e, por fim, a proposta de “Renda Básica

de Cidadania” (Van Parijs, 2000; Raventós, 2012), dialogando com os pressupostos marxistas,

no sentido da realização de uma sociedade humanamente emancipada.

Introdução

É justo que no país onde 300 mil famílias vivem em situação de extrema pobreza2

alguém se cubra com uma roupa que custa R$ 3 milhões3? Ou que o patrimônio das 85

pessoas mais ricas do mundo seja equivalente ao patrimônio de metade da população

mundial4 e que, ao mesmo tempo, R$ 331,5 bilhões sejam gerados anualmente com

exploração de trabalho forçado enquanto um bilhão de pessoas estão completamente

desamparadas em todo o planeta? Ao lidar com estas questões, a percepção aparente é que os

fatos são evidentes o bastante para que não precisemos fundamentar o que é “justo” ou

“injusto”. Mas, por outro lado, não seria uma objeção legítima afirmar que, estando em

conformidade com as regras estabelecidas pelas instituições jurídicas e políticas, estas seriam

situações justas – independente de qualquer sentimento que possam gerar? A objeção da

objeção, neste caso, tampouco seria menos legítima se questionasse a justeza das instituições

jurídicas e políticas das quais estamos tratando.

Para isso, no entanto, precisamos investigar a origem da legitimação deste

ordenamento jurídico e estatal capaz de definir, entre outras coisas, os parâmetros do que é

1 Mestrando em Filosofia do Programa de Pós-Graduação em Filosofia da Universidade Federal de Pelotas

(UFPel) e bolsista da Coordenação de Aperfeiçoamento do Ensino Superior (Capes);

[email protected]

2 De acordo com o relatório "Cadernos de Resultados - 3 anos de Plano Brasil Sem Miséria", disponível em

http://www.brasilsemmiseria.gov.br/documentos/Caderno,P20de,P20Graficos,P20BSM,P20-,P203,P20anos,P20-

,P2004062014,P20-,P20Final.pdf.pagespeed.ce.FIC1dr_fAL.pdf

3 http://wp.clicrbs.com.br/redesocial/2014/06/12/claudia-leitte-cria-o-proprio-vestido-para-show-de-abertura-da-

copa/?topo=13,1,1,,,13

4 Relatório “Working for the Few - Political capture and economic inequality (Oxfam)” disponível em

http://www.oxfam.org/sites/www.oxfam.org/files/bp-working-for-few-political-capture-economic-inequality-

200114-en.pdf

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justo ou injusto. Sem dúvidas, neste ponto Thomas Hobbes seria um ponto de partida

particularmente importante. Não apenas por ser “o único grande filósofo de que a burguesia

pode orgulhar-se”, como afirmou Hanna Arendt, mas por sua incontestavelmente influência

teórica para aquela tradição da filosofia política que Amartya Sen denominou de

“institucionalismo transcendental”. Ali estão os elementos comuns à boa parte das teorias

tradicionais de justiça, a começar pela herança contratualista que concebe experimentos

intelectuais, a-históricos e hipotéticos (um Estado de Natureza, em Hobbes; uma Posição

Original, em John Rawls) com fins legitimatórios5 e o interesse na justiça perfeita, “mais do

que em comparações relativas entre justiça e injustiça”6.

O problema é que este procedimento contratualista apresenta, no mínimo, um

problema considerável que divide-se em dois momentos: (a) origina-se hipoteticamente em

um estado (não um Estado, mas um “momento”) onde os indivíduos estão desprovidos de

estrutura jurídica; (b) estes indivíduos possuem todas as características do indivíduo burguês7.

Deste modo, poderíamos dizer que este experimento orienta-se, apenas, pelos desejos do

indivíduo burguês desprovido de estrutura jurídica. Ou, em outras palavras, apenas pode

responder as seguintes questões: (1) O que faria o indivíduo burguês se desprovido de

estrutura jurídica? e (2) O que desejaria o indivíduo burguês se desprovido de estrutura

jurídica? Assim, compartilhando a constatação de Van Parijs8, questionamos: é justa “uma

sociedade regida por princípios que indivíduos egoístas escolheriam se estivessem forçados à

imparcialidade” (p. 22)? Sobre este problema de tornar equivalente a noção de “ser humano”

e a noção de “indivíduo burguês” trataremos mais adiante, apresentando a concepção

marxiana de ser humano (um ser social, racional, potencialmente libre e criador) como

possível pressuposto da justiça que se postula, isto é, a justiça própria de uma sociedade

humanamente emancipada.

Neste sentido, outra questão se impõe: como conceber concepções de justiça,

ética, bem e moral a partir de pressupostos marxistas? Ou seja, é possível que os escritos de

Marx ofereçam elementos para determinar o conteúdo de certas prescrições morais como, por

exemplo, uma clara noção do que é “Justo” e “injusto” ou a resposta para a pergunta “porque

devemos obedecer certas regras”?. Para isso, nosso ponto de partida será o ponto de vista

antropológico-crítico de Marx, aquilo que Lukács denominou de “ontologia do ser social” - de

5 Höffe, Otfried. O que é justiça?. Vol. 155. Edipucrs, 2003.

6 Sen, Amartya. A ideia de Justiça. Edições Almedina. 2009.

7 Macpherson, Crawford Brough. A teoria política do individualismo possessivo, de Hobbes até Locke. Paz e

Terra, 1979.

8 Parijs, Phillipe Van. "La doble originalidad de Rawls." REVISTA CUADERNOS DE ECONOMÍA (1994).

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onde decorre a noção de “riqueza genérica” e alguns valores humanos considerados

universais: liberdade, comunidade e autorrealização, por exemplo.

Por fim, no último capítulo nos colocamos a tarefa explícita no título deste

trabalho: justificar a Renda Básica de Cidadania a partir do jovem Marx. O movimento

argumentativo, neste caso, dirige-se no sentido de aproximar as questões já apresentadas,

relacionando os postulados críticos da obra marxiana com a filosofia moral. Pretende-se,

assim, não adentrar o âmbito das correlações políticas ou dos fatores sociais que

desencadeariam (ou não) a implantação da Renda Básica de Cidadania, mas especificamente

advogar em defesa de uma justificação ética sobre a superioridade moral desta proposta em

relação ao fundamento das economias de mercado. Neste sentido, nosso objetivo é apresentar

os motivos pelos quais estes princípios seriam desejáveis para uma sociedade que se impõe a

tarefa categórica de ter a justiça como a primeira de suas virtudes.

2. Rawls e o contrato que “legitima” a justiça

Otfried Höffe explica que para a teoria contratualista, o contrato social consiste

em um contrato político, sem o qual seria impossível justificar um sistema jurídico e estatal9.

Dito isso, o autor sustenta que seria necessário avaliar o contrato sob três pontos de vista: a)

“considerando legítima somente a coação voluntariamente assumida, ou seja, a contratual” e

necessitando um rigoroso consenso “para que ninguém sofra nenhuma injustiça”10; b)

considerando que a teoria inicia “num estado de absoluta isenção de dominação, denominado

Estado de Natureza”, onde os indivíduos desistem do “alegado direito a tudo e recebe em

contrapartida liberdades correspondentes”11; c) considerando que os indivíduos vinculam-se

ao contrato “em conformidade com o princípio jurídico 'contratos devem ser cumpridos'”12.

Estas seriam as condições necessárias para que sejam respondidas perguntas

relativas ao fundamento do agir humano, isto é, perguntas do tipo “o que devemos fazer?” ou

“por que devemos fazer?” - cujas respostas, de uma forma ou de outra, derivam do fato destes

fundamentos apresentarem-se como resultados de um acordo com o qual, de forma livre e

espontânea (pontos “a” e “b”), “nos comprometemos em cumprir” (ponto “c”). Em outras

palavras, tratam-se de contratos hipotéticos dos quais derivam obrigações reais. Neste sentido,

ao discutir o Estado de Natureza para Hobbes, que configura-se como o pressuposto para a

9 Höffe, Otfried. O que é justiça?. Vol. 155. Edipucrs, 2003. p. 76

10 Idem. p. 75

11 Idem. P .76

12 Idem. P. 78

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justificativa da necessidade do Estado, Macphseron13 problematiza a posição imposta pelo

autor como uma hipótese lógica e intrínseca à existência humana. De acordo com

Macphserson14, Hobbes não refere-se ao estado psicológico intrínseco à existência humana ou

as características naturais dos seres humanos, tampouco refere-se a organização social dos

homens primitivos.

Pelo contrário, mostra Macpherson, o Estado de Natureza hobbesiano

É uma afirmação quanto ao comportamento a que seriam levados os indivíduos

(como são agora, indivíduos que vivem em sociedades civilizadas e que têm desejos

de homens civilizados) se fosse suspensa a obrigação ao cumprimento de todas as

leis e contratos (…) Para conseguir o Estado de Natureza Hobbes deixou de lado a

lei, mas não o comportamento e os desejos humanos socialmente adquiridos (p. 33)

Já Amartya Sen15, refere-se à tradição contratualista afirmando que baseia-se em

um contrato que pressupõe-se como objeto de escolha, tornando-se uma alternativa ideal ao

caos que, de outra maneira, caracterizaria a sociedade. Embora neste ponto não haja grande

novidade, o autor apresenta como resultado prático desta opção contratualista a “elaboração

de teorias da justiça que se centram numa identificação ou caracterização transcendental de

instituições ideais”16. No caso de Rawls, o “objeto do consenso original”, isto é, deste

contrato específico, são “os princípios de justiça para a estrutura básica da sociedade”17, sendo

estes princípios aceitos por “pessoas livres e racionais, preocupadas em promover seus

próprios interesses” (idem) em uma posição original de igualdade. Tal posição original de

igualdade, que Rawls denomina “Posição Original”, refere-se, de uma forma geral, a um

processo heurístico cuja proposta de abstração representa, em última instância, um

procedimentalismo puro.

Isto é, o objetivo de Rawls é encontrar uma solução para determinado problema

partindo do princípio que os resultados obtidos em seu procedimento serão justos na medida

em que as regras forem corretamente seguidas. Neste procedimento, o fundamental é que os

indivíduos envolvidos estejam em uma posição igual para legislar, o que faz Rawls

desenvolver um artifício denominado “véu da ignorância”, responsável pela ignorância dos

13 Macpherson, Crawford Brough. A teoria política do individualismo possessivo, de Hobbes até Locke. Paz e

Terra, 1979.

14 O autor afirma, ainda, que o comportamento dos seres humanos descrito por Hobbes como natural, “aquele

para o qual eles são inevitavelmente levados pelas suas paixões” pode ser visto no comportamento de seres

civilizados. Isto é, a dedução oriunda das paixões, em verdade refere-se às paixões dos seres civilizados. Assim,

quando Hobbes refere-se aos homens que “no caminho para seu fim esforçam-se por se destruir ou subjugar um

ao outro”, que estão prontos para desapossar e privar o outro “não apenas do fruto de seu trabalho, mas também

de sua vida e de sua liberdade”, os homens que “não tiram prazer algum da companhia uns dos outros”, o autor

não refere-se a outro homem senão o homem civilizado destituído de instituições políticas.

15 Sen, Amartya. A ideia de Justiça. Edições Almedina. 2009.

16 Idem. p. 43

17 Rawls, John. "Uma teoria da justiça. Martins Fontes. 2002. p. 12

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indivíduos em relação ao seu “lugar no mundo”. Desta forma, explica Rawls, “fica excluído o

conhecimento dessas contingências que criam disparidade entre os homens e permitem que

eles se orientem pelos seus preconceitos”18. Sob estas condições, denominadas por Van Parijs

como “circunstâncias de justiça” e “restrições de moralidade”, estes indivíduos consentem

dois princípios:

Primeiro: cada pessoa deve ter um direito igual ao mais abrangente sistema de

liberdades básicas iguais que seja compatível com um sistema semelhante de

liberdades para as outras.

Segundo: as desigualdades sociais e econômicas devem ser ordenadas de tal modo

que sejam ao mesmo tempo (a) consideradas como vantajosas para todos dentro dos

limites do razoável, e (b) vinculadas a posições e cargos acessíveis a todos19

O importante aqui, mais do que problematizar a noção rawlsiana de justiça, é

utilizá-la como ilustração de um aspecto comum ao procedimento contratualista desde

Hobbes: a concepção do indivíduo que legitima determinado ordenamento jurídico e estatal.

Tanto para Hobbes quanto para Rawls, o indivíduo possui um conjunto de autointeresses

naturais que só podem ser aceitos a partir de uma concepção antropológica muito particular da

filosofia política liberal que entende o ser humano como um indivíduo que persegue

incessantemente seus próprios interesses e cuja preocupação com os demais parceiros de

interação social apenas se manifesta quando estes ameaçam seus interesses individuais.

Embora Rawls remeta à moralidade kantiana para estabelecer limites morais a este egoísmo

privado, como aponta Chantal Mouffe, isto não seria suficiente “para questionar

verdadeiramente a concepção individualista”20.

O que está em jogo, portanto, como já havíamos antecipado, é questionar se esta

noção de indivíduo não seria problemática para considerar a justeza dos termos acordados em

um contrato hipotético. Isto é, da mesma forma que teríamos boas razões para supor que um

contrato realizado por leões provavelmente não acordaria termos favoráveis à cordeiros (e

vice-versa), o acordo consentido na posição original de Rawls consolida uma concepção de

sociedade baseada, justamente, na reunião de individualismos privados. O próprios Rawls,

por outro lado, antecipa esta problemática ao caracterizar sua teoria:

Uma característica da justiça coma equidade é a de conceber as partes na situação

inicial como racionais e mutuamente desinteressadas. Isso não significa que as

partes sejam egoístas, isto é, indivíduos com apenas certos tipos de interesses, por

exemplo, riquezas, prestigio e poder. Mas são concebidas como pessoas que não têm

interesse nos interesses das outras21

18 Idem. p. 21

19 Idem. p. 64

20 Chantal, Mouffe. El retorno de lo político, Comunidad, ciudadanía, pluralismo, democracia radical. Editorial

Paidós, 1999.

21 Rawls, John. "Uma teoria da justiça. Martins Fontes. 2002. p. 15

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Ou seja, o indivíduo proposto por Rawls possui uma concepção de justiça que

garanta as condições para a realização do seu próprio interesse, o que em certa medida

demonstra a concepção liberal de que o indivíduo é livre e autônomo quando a sociedade

oferece possibilidades para que ele realize seu próprio plano racional vida. No caso específico

da Posição Original, a escolha pelos princípios básicos se dá porque o indivíduo, sob o véu da

ignorância e sem saber sua verdadeira posição na sociedade, ambiciona uma posição social

elevada ao mesmo tempo em que possui receio de ser abandonado à sorte no caso de não

consegui-lo. Na interpretação de Sandel, é um caso em que “não sabemos nossa posição na

sociedade, mas sabemos que vamos buscar nossos objetivos e vamos querer ser tratados com

respeito”22.

É, portanto, uma situação em que o objetivo dos indivíduos legislantes consiste

basicamente na promoção de seus próprios interesses. Neste caso, a objeção de Kolm (2000) é

pertinente. Segundo o autor,

Um indivíduo não pode propor princípios gerais de justiça que sejam objetivos,

justos e imparciais – sobretudo de justiça distributiva – se suas palavras e escolhas

forem influenciadas pelo desejo de promover seus interesses pessoais” (Kolm, 2000,

p. 236)

Assim, a compreensão individualista do sujeito na Posição Original condiciona a

orientação normativa dos resultados, de modo que, ainda sob o véu da ignorância, o indivíduo

permanece preso à uma condição inicial essencialmente egoísta – procedimento do qual

deriva uma moralidade própria ao modo de produção capitalista. Sobre este aspecto, seria

interessante problematizar quatro questões: (1) o resultado do procedimento rawlsiano é

compatível com uma organização de indivíduos “humanos” ou de indivíduos “egoístas”?; (2).

Os indivíduos “humanos” são naturalmente “egoístas”?; (3) Seria possível conceber uma

noção de indivíduo com características distintas daquelas apresentadas pelas teorias

contratualistas?; (4) Quais seriam os princípios escolhidos pelo indivíduos com estas

características distintas?

3. O jovem Marx e a exploração capitalista

Do ponto de vista moral, a crítica de Marx ao modo de produção capitalista

alcançará seu ponto central na crítica às relações de produção e à exploração capitalista. Não

precisamos rejeitar as teses de Wood23 e Ryan24 para admitir que, no capitalismo, o

22 Sandel, Michael J. "Justiça: o que é fazer a coisa certa." Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2012.

23 Wood, Allen. “Justice and class interests”. Philosophica nº 33, 1984, p. 9-32.

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intercâmbio de equivalentes entre capital e força de trabalho não é imoral, ou injusto, visto

que está de acordo com a moral hegemônica. Entretanto, a crítica de Marx dirige-se

justamente ao processo pelo qual este intercâmbio torna-se desigual, isto é, uma troca entre

mais trabalho por menos trabalho que, por sua vez, gera a mais-valia (produto este gerado

pelo trabalho e apropriado pelo capital). Assim, podemos sugerir que a ideia moral dominante,

isto é, a moral burguesa, está em desacordo com o seu correspondente econômico: o modo de

produção capitalista. Ou, em outras palavras, que o capitalismo pode ser moralmente criticado

(e acreditamos que assim o foi por Marx) a partir de sua própria ideia moral.

Podemos supor, desta forma, que a crítica de Marx baseia-se em um conjunto de

princípios morais proclamados pelo próprio capitalismo quando de sua ascensão enquanto

modo de produção hegemônico. Dirá Marx25 que o homem não pode ser escravizado e esta

constatação está plenamente de acordo com o que afirma Kant - que atuar livremente é atuar

autonomamente, “conforme uma lei que me dou a mim mesmo” e não “conforme

determinações dadas fora de mim”. E se Kant diz que o homem deve ser tratado “sempre

como um fim e nunca apenas como um meio”, Marx, sem dúvida, não negaria. O que Marx

demonstra, por meio de uma rigorosa análise, é que o capitalismo não oferece as condições

concretas para que estes princípios (liberdade, igualdade e dignidade, por exemplo) se

manifestem de fato, dado que sua realização econômica se funda na negação da liberdade

plena, da dignidade humana e da igualdade de oportunidades - fazendo da exploração uma

forma de instrumentalização do indivíduo.

Desta forma, em sua explicação de como se dá o processo de apropriação da força

de trabalho no capitalismo, Marx oferece como chave do materialismo histórico a afirmativa

que a classe dominante de cada modo de produção possui seu método particular de extrair o

excedente econômico dos produtores. No caso do capitalismo, isto se dá a partir da escassez

de capital em relação à oferta disponível de força de trabalho. Ao falar sobre a existência da

oferta ser maior que a procura, Marx considera que uma parte dos trabalhadores “cai na

situação de miséria ou na morte pela fome” e disto conclui: “o trabalhador tornou-se uma

mercadoria e é uma sorte para ele conseguir chegar ao homem que se interesse por ele. E a

procura, da qual a vida do trabalhador depende, depende do capricho do rico e capitalista”26.

Esta consideração refere-se a uma situação particular do capitalismo: a

dependência do trabalhador em relação ao capital. Nos Manuscritos Econômico-filosóficos,

24 Ryan, Alan. Justicia, Explotacion y el fin de la Moral. Revista de Ciencia Politica vol. XII nº 1-2, 1990. 45-

65.

25 Marx, Karl. Contribuição à crítica da economia política. São Paulo: Expressão Popular, 2008. P. 152.

26 Marx, Karl. Manuscritos econômico-filosóficos. Boitempo Editorial, 2004.

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Marx se debruça sobre esta questão. Segundo ele, pensando nas “três situações principais em

que a sociedade pode se encontrar”27 (1 - quando a riqueza da sociedade está em declínio, 2 -

quando a riqueza da sociedade está em crescimento, 3 - quando a riqueza da sociedade está

em situação plena), na melhor delas (a riqueza plena) o trabalhador está em uma situação de

“miséria estacionária”28. O trabalhador, portanto, ao mesmo tempo em que depende do capital

para manter sua existência física e sua efetiva participação material na sociedade, vê os

interesses da sociedade se contraporem aos seus.

Assim, dirá Marx, a economia nacional, termo que mais tarde será substituído por

“economia política”, estabelece a proposição que o trabalhador “tal como todo cavalo tem de

receber o suficiente para poder trabalhar”, isto é, a economia nacional “conhece o trabalhador

apenas como animal de trabalho, como uma besta reduzida às mais estritas necessidades

corporais” ao mesmo tempo em que “considera o trabalho abstratamente como uma coisa; o

trabalho é uma mercadoria”, de modo que “com a valorização do mundo das coisas aumenta

em proporção direta a desvalorização do mundo dos homens”29. A denúncia de Marx em

relação a um tipo de trabalho que considera o homem como uma mercadoria, “um animal de

trabalho”, assemelha-se ao princípio kantiano de que o homem deveria ser tratado como um

fim em si mesmo.

Esta é, em suma, uma das mais importantes contribuições de Marx em seus

escritos de juventude: a constatação de que a estrutura econômica do modo de produção

capitalista transformou o homem em uma engrenagem da produção e reprodução da atividade

capitalista, a ponto de concebê-lo como uma das mercadorias produzidas por ele. Pois bem, se

na produção material o homem é reduzido a um meio, é humilhado a ponto de ser concebido

como um cavalo, uma besta ou uma mercadoria, seria esta uma sociedade decente para Marx?

Neste sentido, poderíamos dizer que o filósofo Avishai Margalit oferece uma contribuição

importante ao diferenciar uma sociedade decente de uma sociedade civilizada, sendo a

primeira aquela em que as instituições não humilham os indivíduos e a segunda aquela em

que os indivíduos não se humilham entre si30.

Se pudéssemos estabelecer um diálogo entre os conceitos de Margalit e os escritos

de Marx, diríamos que para este a sociedade capitalista não é decente tampouco civilizada.

Assim como se dá com a escravidão, no capitalismo a exploração deriva da autoridade

27 idem

28 idem

29 idem

30 Rego, Walquiria G. Domingues Leão, and Alessandro Pinzani. Vozes do Bolsa Família: autonomia, dinheiro

e cidadania. 2013.

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superior sobre a força de trabalho do produtor. A diferença, como mostra Gerald Cohen em

Karl Marx´s Theory of History: a defense, se dá porque na escravidão e na servidão “não há

venda de força de trabalho do produtor ao explorador. A exploração se consegue mediante

uma coerção extraeconômica”. Entretanto, como no capitalismo o trabalhador assalariado é

proprietário de sua força de trabalho este não pode ser ameaçado por negar-se a utilizá-la,

embora, por não possuir os meios de produção, vê-se obrigado “a firmar um contrato sob pena

de morrer de fome”31

A questão que parece impor-se neste ponto é a seguinte: o trabalhador, para

assegurar sua existência material, isto é, seu bem mais precioso que é a vida, submete-se a um

contrato pelo qual oferece força de trabalho e em troca recebe meios de subsistência. A

objeção liberal neste caso diz respeito ao fato de que as condições estabelecidas neste contrato

são justas na medida em que ambas as partes estão de acordo com suas condições. Por outro

lado, podemos afirmar que esta justeza é aparente, dado que na relação efetiva o trabalhador

não a escolhe a partir de suas preferências, mas em busca da sobrevivência. Callinicos resume

esta relação da seguinte forma:

Um dos pressupostos básicos do capitalismo como sistema econômico é que a

maioria da população não possui nenhuma alternativa aceitável à opção de vender

sua força de trabalho em termos suficientemente desfavoráveis para conduzi-los a

sua exploração32

Em que pese tenhamos que admitir a complexidade das relações de produção

contemporâneas, o importante aqui, sem fugir do objetivo deste trabalho, é demonstrar se

existe ou não um princípio de justiça por trás da análise de Marx sobre a exploração

capitalista. Neste sentido, parece razoável supor que, para Marx, o homem perde sua

dignidade duplamente: 1) quando “a procura [por trabalho], da qual a vida do trabalhador

depende, depende do capricho do rico e capitalista”, isto é, quando sua própria existência,

antes de ser autônoma depende de uma vontade externa a ele e sobre a qual ele mesmo não

possui qualquer gerência e 2) quando o seu ser resume-se a “um animal de trabalho”, “uma

besta reduzida às mais estritas necessidades corporais”33, ou seja, quando é tratado com um

meio e não como um fim em si mesmo.

Esta nos parece, portanto, a motivação para que Marx conclua a necessidade de

superação do trabalho alienado, isto é, a necessidade do “comunismo na condição de supra-

31 Cohen, Gerald A. La teoría de la historia de Karl Marx: una defensa. Pablo Iglesias Editorial. 1986.

32 Callinicos, A. Igualdade e capitalismo. In: BORÓN, A; AMADEO, J; GONZÁLEZ, S. (orgs.). A teoria

marxista hoje: problemas e perspectivas. Buenos Aires: CLACSO, 2006, p. 253-269.

33 Marx, Karl. Manuscritos econômico-filosóficos. Boitempo Editorial, 2004, p. 32.

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sunção positiva da propriedade privada”34. Ou, em outras palavras, o que ele chama de “o

imperativo categórico de subverter todas as relações em que o homem é um ser humilhado,

escravizado, abandonado, desprezível”35. Ora, então para Marx não apenas o capitalismo deve

ser abominado por degradar a dignidade e a autonomia dos homens mas também é necessário

instaurar como categórica a tarefa de organizar uma sociedade onde sejam realizados, de fato,

estes princípios. Princípios, diríamos, não de classe, mas universais e normativos.

4. Renda Básica: uma alternativa justa à exploração capitalista?

Ao admitir o “imperativo categórico” de transformar o capitalismo não

precisamos confrontarmo-nos com a ideia liberal de uma sociedade cujas instituições tenham

como virtude fundamental a justiça. Pelo contrário, parece-nos pertinente a realização de uma

sociedade onde o homem não seja um ser “humilhado, escravizado, abandonado, desprezível”

(Marx, 2004). Para isso, no entanto, existem diferentes caminhos. Um particularmente nos

parece interessante e pode ser descrito, de forma bastante resumida, como “uma renda paga

por uma comunidade política a todos os seus membros individualmente, independentemente

de sua situação financeira ou exigência de trabalho”36. Este é o conceito de “Renda Básica”,

também conhecida como “Ingreso Ciudadano”, “Renda Mínima” ou “Renda Básica

Universal”.

Nos últimos anos, a ideia de uma renda básica distribuída incondicionalmente aos

membros de uma comunidade foi impulsionada por filósofos como Phillipe Van Parijs e

Robert J. Van der Veen que, em 1987, escreveram A capitalist road to communism, onde a

caracterizavam como “uma forma elegante de combinar os imperativos de igualdade e

eficiência”. Em linhas gerais, como vemos em Raventós, a existência de uma Renda Básica

supõe “uma independência socioeconômica e uma base autônoma de existência muito maior

que a atual para parte dos cidadãos, sobretudo para aqueles setores mais vulneráveis e

dominados”37. Para outros autores, como Iglesias, uma renda deste tipo torna-se um

mecanismo de distribuição de renda, “limitando o papel do mercado de trabalho, fonte

principal da exploração capitalista na distribuição primária da renda”38.

Realmente, um dos pontos centrais desta proposta reside, justamente, no fato de

34 idem

35 MARX, Karl. Contribuição à crítica da economia política. São Paulo: Expressão Popular, 2008.

36 VAN PARIJS, Philippe. Renda básica: renda mínima garantida para o século XXI?. Estud. av. [online]. 2000,

vol.14, n.40, pp. 179-210.

37 Raventós, Daniel. "¿ La renta básica es (o no) justa? Sobre liberalismos y republicanismos. Temas nº 70, 39-

45. 2012

38 IGLESIAS, José, and M. SÁEZ. "Todo sobre la Renta Básica. Introducción a los principios, conceptos,

teorías y argumentos." Virus (2001), p. 45.

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que uma renda básica garantida para todos os cidadãos se impõe como alternativa à chamada

“mercantilização da força de trabalho”, isto é, a situação em que os trabalhadores que não

possuem os meios de produção se veem obrigados a vender sua força de trabalho em troca de

sua subsistência. “O trabalhador tornou-se uma mercadoria e é uma sorte para ele conseguir

chegar ao homem que se interesse por ele”, dirá Marx39. A implantação de uma Renda Básica,

desta forma, garantiria que estas necessidades das quais depende a vida do trabalhador sejam

asseguradas fora do mercado de trabalho, ou, em outras palavras, asseguradas pela própria

comunidade.

Assim, reconstruindo a nossa exposição inicial, se admitirmos a injustiça da

exploração da força de trabalho (de modo que ela seja responsável pela perda da autonomia e

da dignidade dos explorados a ponto destes serem tratados como instrumentos de outros) e

que, no modo de produção capitalista, os trabalhadores não possuem outra alternativa senão

submeterem-se a esta situação degradante, resta-nos buscar uma alternativa justa à

exploração. Neste caso, a Renda Básica possui algumas possibilidades. Dirá Van Parijs, em

uma definição bastante simples que este é um projeto que “pretende tornar possível que todos

trabalhem, mas que não obrigue ninguém a aceitar qualquer tipo de trabalho” (Ramirez,

2003). Ou, nas palavras de Marx, que o ser humano não precise ser tratado “como qualquer

cavalo”.

5. Considerações Finais

Em síntese, nosso argumento em defesa da Renda Básica de Cidadania baseia-se,

efetivamente, em três pontos: 1) A oferta de uma renda mínima incondicional para todos os

membros de uma comunidade afeta positivamente a relação entre capital e trabalho, de modo

que o indivíduo passa a possuir autonomia e liberdade para escolher racionalmente entre

vender sua força de trabalho ou não; 2) Ao passo em que uma Renda Básica garante a

sobrevivência dos indivíduos fora do mercado de trabalho, estes não veem mais sua dignidade

constrangida pela exploração de sua força de trabalho; 3) No momento em que não se veem

obrigados a vender sua força de trabalho, os indivíduos podem eleger racionalmente um

trabalho que os satisfaça, isto é, que a experiência do trabalho propicie a autorrealização.

6. Referências Bibliográficas

Bidet, Jacques y Kouvelakis, Stathis (ed). Critical Companion to Contemporary Marxism.

Brill, 2008.

39 Marx, Karl. Manuscritos econômico-filosóficos. Boitempo Editorial, 2004. P. 24

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