documentri

15
Carlos Alexandre Valentim de Oliveira ADVOGADO EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ SUPERVISOR DO 5º JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DA COMARCA DE LONDRINA – PARANÁ Autos de Execução sob nº 0000564-62.2013.8.16.0014 LE MARCHE INDÚSTRIA E COMÉRCIO DE COSMÉTICOS LTDA, por seu representante legal SÉRGIO HIROSHI SUZUKI, já qualificado nos autos em epígrafe de Execução, que lhe move RÔMULO MARTINS PETRUY, também já qualificado, por seus advogados (procuração nos autos), inconformada com a referida sentença que julgou improcedentes os embargos à execução vem, respeitosamente perante Vossa Excelência, apresentar suas RAZÕES DE RECURSO INOMINADO, contra a decisão prolatada por este referido juízo no evento 66.1 (07/01/2014), nos termos em anexo, requerendo que seja conhecido a fim de reformar a referida sentença em grau inicial. Termos em que pede Deferimento. Londrina - PR, 06 de fevereiro de 2014. CARLOS ALEXANDRE VALENTIM DE OLIVEIRA OAB-PR 56.928 Rua Mauricio de Nassau, nº 294, Jd. Europa, Londrina, Paraná, CEP: 86015- Rua Mauricio de Nassau, nº 294, Jd. Europa, Londrina, Paraná, CEP: 86015- 720 720 Telefones: (43) 4141-2994 e (43) 9915-5171 Telefones: (43) 4141-2994 e (43) 9915-5171

Upload: vivi-martins-sgarbi

Post on 20-Oct-2015

14 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: DocumentRI

Carlos Alexandre Valentim de OliveiraADVOGADO

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ SUPERVISOR DO 5º JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DA COMARCA DE LONDRINA – PARANÁ

Autos de Execução sob nº 0000564-62.2013.8.16.0014

LE MARCHE INDÚSTRIA E COMÉRCIO DE COSMÉTICOS LTDA, por

seu representante legal SÉRGIO HIROSHI SUZUKI, já qualificado nos

autos em epígrafe de Execução, que lhe move RÔMULO MARTINS PETRUY,

também já qualificado, por seus advogados (procuração nos autos),

inconformada com a referida sentença que julgou improcedentes os

embargos à execução vem, respeitosamente perante Vossa Excelência,

apresentar suas RAZÕES DE RECURSO INOMINADO, contra a decisão

prolatada por este referido juízo no evento 66.1 (07/01/2014), nos

termos em anexo, requerendo que seja conhecido a fim de reformar a

referida sentença em grau inicial.

Termos em que pede Deferimento.

Londrina - PR, 06 de fevereiro de 2014.

CARLOS ALEXANDRE VALENTIM DE OLIVEIRAOAB-PR 56.928

VIVIAN MARTINS SGARBIOAB-PR 63.110

Rua Mauricio de Nassau, nº 294, Jd. Europa, Londrina, Paraná, CEP: 86015-720Rua Mauricio de Nassau, nº 294, Jd. Europa, Londrina, Paraná, CEP: 86015-720Telefones: (43) 4141-2994 e (43) 9915-5171Telefones: (43) 4141-2994 e (43) 9915-5171

Page 2: DocumentRI

Carlos Alexandre Valentim de OliveiraADVOGADO

RAZÕES DO RECURSO

Recorrente: LE MARCHE INDÚSTRIA E COMÉRCIO DE

COSMÉTICOS LTDA

Recorrido: RÔMULO MARTINS PETRUY

Processo: 0000564-62.2013.8.16.0014

Origem: 5º JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DA COMARCA DE

LONDRINA/PR

EGRÉGIA TURMA RECURSAL

Colenda Turma.

I - DO CABIMENTO DO PRESENTE RECURSO INOMINADO

Consoante os artigos 41 e seguintes da Lei 9.099/95,

cabe recurso inominado da sentença, salvo a homologatória de

conciliação ou laudo arbitral para a Turma Recursal Única do

próprio Juizado Especial.

Data Maxima Venia, a sentença ora combatida julgou

improcedentes os embargos à execução.

Todavia, o Douto Juízo não considerou a existência de

conexão e de litispendência e, tampouco, vislumbrou a evidente má-

fé da embargada/exequente, fator este que torna oponível as

exceções pessoais perante o terceiro.

Rua Mauricio de Nassau, nº 294, Jd. Europa, Londrina, Paraná, CEP: 86015-720Rua Mauricio de Nassau, nº 294, Jd. Europa, Londrina, Paraná, CEP: 86015-720Telefones: (43) 4141-2994 e (43) 9915-5171Telefones: (43) 4141-2994 e (43) 9915-5171

Page 3: DocumentRI

Carlos Alexandre Valentim de OliveiraADVOGADO

Destarte, ultrapassadas estas questões, pertinente,

portanto, demonstrar os fundamentos que embasam o presente recurso,

por este ser tempestivo.

II – DA TEMPESTIVIDADE

A expedição de intimação da referida sentença recorrida

foi feita em 28/01/2014 e sua leitura também foi realizada em

28/01/2014, sendo assim, o último dia para se apresentar recurso

inominado é o dia 07/02/2014 (sexta-feira).

Isto posto, resta tempestivo o presente recurso.

III – PRELIMINARMENTE

3.1. DA EXISTÊNCIA DE CONEXÃO E DE LITISPENDÊNCIA

Frisa-se que na data de 25/07/2012, o representante

legal da ora embargante/executada SÉRGIO HIROSHI SUZUKI demandou

contra o Embargado/exequente, a lide entre estes tramita na 1º VARA

CÍVEL DA CIDADE DE LONDRINA, autos nº 0048985-20.2012.8.16.0014 com

valor total da lide em R$ 48.714,55 (quarenta e oito mil setecentos

e quatorze reais e cinquenta e cinco centavos), versando entre

outros sobre ESPECIFICAMENTE ESTE CHEQUE N º 00051 emitido pela ora

embargante/executada e sustado devido ao descumprimento TOTAL de

contrato celebrado entre o representante legal da embargante SÉRGIO

HIROSHI SUZUKI e o embargado (contrato em anexo).

Nesta demanda, discute-se acerca do cheque em lide, a

saída do sócio/Embargado da sociedade empresária e demais outros

negócios entabulados entre as partes, firmados com contrato e

assinado por duas testemunhas.

Rua Mauricio de Nassau, nº 294, Jd. Europa, Londrina, Paraná, CEP: 86015-720Rua Mauricio de Nassau, nº 294, Jd. Europa, Londrina, Paraná, CEP: 86015-720Telefones: (43) 4141-2994 e (43) 9915-5171Telefones: (43) 4141-2994 e (43) 9915-5171

Page 4: DocumentRI

Carlos Alexandre Valentim de OliveiraADVOGADO

O presente caso, em trâmite no 5º Juizado Especial

Cível, esbarra na conexão e na continência e, tendo o juiz da 1ª

Vara Cível proferido o primeiro despacho, é este juízo (1ª Vara

Cível) prevento e não o 5º Juizado Especial Cível.

Comentando os artigos 102 a 106, do Código de Processo

Civil, os quais respaldam a conexão e a continência, aduzem Luiz

Guilherme Marinoni e Daniel Mitidiero1:

1. Conexão: A conexão é um nexo de semelhança entre duas ou mais ações. O artigo em comento limita-se a conceituar apenas uma espécie de conexão (conexão própria simples objetiva), não abarcando outros casos de conexão (STJ, 4ª Turma, REsp 309.668/SP, rel. Min. Sálvio de Figueiredo Teixeira, j. em 21.06.2001, DJ 10.09.2001, p. 396). Persiste, no direito brasileiro, a possibilidade de reconhecer-se a conexão fora dos casos do art. 103, CPC. Já se decidiu que “a conceituação legal admite certo grau de maleabilidade no exame dos casos concretos pelo juiz, à luz do critério da utilidade da reunião dos processos como forma de evitar a coexistência de decisões judiciais inconciliáveis sob o ponto de vista prático” (STJ, 1ª Turma, REsp 594.748/RS, rel. Min. Teori Zavascki, j. em 17.08.2006, DJ 31.08.2006, p. 201). A conexão própria simples objetiva verifica-se quando entre duas ou mais ações há identidade de causa de pedir ou de pedido (imediato e mediato). O objeto da ação a que alude o artigo em comento é o pedido.

2. Classificação da Conexão: A conexão pode ser própria ou imprópria. Há conexão própria quando há semelhança entre causas ou ações; imprópria, quando existem duas ações ou causas diferentes, mas que dependem total ou parcialmente da resolução de questões idênticas. A conexão própria subdivide-se em simples ou qualificada. A conexão própria simples pode ser subjetiva (art. 104,CPC) ou objetiva (art. 103, CPC). A conexão própria pode ser qualificada por acessoriedade (art. 108, CPC), por prejudicialidade, por reconvenção, por garantia ou por compensação (art. 109, CPC). Tanto a conexão própria como a imprópria podem dar lugar à reunião dos processos.

Continência: Continência é espécie de conexão. Trata-se de conexão própria simples subjetiva. Para que se dê a continência entre duas ou mais ações tem de haver as mesmas partes e a mesma causa de pedir. O que difere é o pedido que, em uma

1 MARINONI, Luiz Guilherme e MITIDIERO, Daniel. Código de processo civil : comentado artigo por artigo. 5. ed. rev. e atualizada. São Paulo : Editora Revista dos Tribunais, 2013. P. 163 a 165.

Rua Mauricio de Nassau, nº 294, Jd. Europa, Londrina, Paraná, CEP: 86015-720Rua Mauricio de Nassau, nº 294, Jd. Europa, Londrina, Paraná, CEP: 86015-720Telefones: (43) 4141-2994 e (43) 9915-5171Telefones: (43) 4141-2994 e (43) 9915-5171

Page 5: DocumentRI

Carlos Alexandre Valentim de OliveiraADVOGADO

delas, é mais amplo, abarcando os pedidos formulados nas outras ações.

1. Reunião de Causas: Havendo conexão entre duas ou mais causas ou ações, o juiz pode ordenar a reunião de ações propostas em separado, a fim de que sejam decididas simultaneamente. Economiza-se atividade processual, porque pode haver discussão e instrução conjuntas, ao mesmo tempo em que se evita a possibilidade de duas ou mais decisões conflitantes. A conexão não determina a reunião dos processos, se um deles já foi julgado no primeiro grau de jurisdição (Súmula 235, STJ: “A conexão não determina a reunião dos processos, se um deles já foi julgado”), justamente porque aí desaparece o duplo desiderato que anima a conexão. A reunião dos processos pode se dar de ofício ou a requerimento de qualquer das partes.

Prevenção: A prevenção fixa a competência em função de determinado elemento temporal. Correndo em separado ações conexas perante juízes que têm a mesma competência territorial, considera-se prevento aquele que despachou em primeiro lugar (art. 106, CPC). Se as ações conexas correm perante juízes que têm competência territorial diferente, então a prevenção ocorre em face da primeira citação válida (art. 219, CPC, conforme STJ, 1ª Seção, CC 35.507/MG, rel. Min. Luiz Fux, j. em 22.09.2004, DJ 03.11.2004, p. 121).

2. Primeiro Despacho. O primeiro despacho a que faz referência o art. 106, CPC, é a primeira manifestação do órgão jurisdicional no processo, independentemente de seu conteúdo (contra, já se decidiu que só previne a competência, nos termos do artigo em comento, o ato do juiz que ordena a citação do demandado, STJ, 4ª Turma, REsp 217.860/PR, rel. Min. Sálvio de Figueiredo Teixeira, j. em 19.08.1999, p.67).

Ora, com o devido respeito, Excelência, na presente

demanda, são as mesmas partes, mesmo objeto (cheque), sendo que o

pedido do ora Embargante/executado, na ação junto à 1ª. Vara Cível

é mais abrangente que a da presente lide, seguindo o que prescreve

o artigo 106, sobre a Prevenção.

Destarte, tornou-se prevento o Juízo da 1ª Vara Cível,

eis que o despacho já foi proferido e atualmente está em INSTÂNCIA

SUPERIOR.

Rua Mauricio de Nassau, nº 294, Jd. Europa, Londrina, Paraná, CEP: 86015-720Rua Mauricio de Nassau, nº 294, Jd. Europa, Londrina, Paraná, CEP: 86015-720Telefones: (43) 4141-2994 e (43) 9915-5171Telefones: (43) 4141-2994 e (43) 9915-5171

Page 6: DocumentRI

Carlos Alexandre Valentim de OliveiraADVOGADO

Neste diapasão, é entendimento jurisprudencial:

EXECUÇÃO SIMULTÂNEA DE UMA MESMA DÍVIDA EM PROCESSOS DISTINTOS. EXTINÇÃO JÁ DECRETADA DE UMA DELAS. REUNIÃO DOS FEITOS REMANESCENTES DETERMINADA. - REPRESENTAÇÃO PROCESSUAL. SUBSTABELECIMENTO. OMISSÃO QUANTO À RESERVA DE PODERES. 1. Omisso o substabelecimento a respeito, não se pode presumir que a outorga fora feita sem reserva de poderes, mesmo porque o advogado substabelecente prosseguiu atuando normalmente na causa. 2. Não é lícito ao credor promover concomitantemente execuções distintas para cobrar a mesma dívida. Precedentes do STJ. 3. Por aplicação dos princípios da instrumentalidade das formas e da economia processual, é determinada a reunião das execuções remanescentes, mantidas a penhora e a improcedência dos embargos opostos. 4. Recurso especial conhecido, em parte, e provido parcialmente.

(STJ - REsp: 166075 SP 1998/0015020-0, Relator: Ministro BARROS MONTEIRO, Data de Julgamento: 13/03/2001, T4 - QUARTA TURMA, Data de Publicação: DJ 22/10/2001 p. 326)

Ainda na mesma senda, o Superior Tribunal de Jutiça

veiculou em seu endereço eletrônico a seguinte notícia2:

É impossível usar duas medidas judiciais distintas para obter o mesmo crédito

Depois de habilitar seu crédito no inventário do devedor, não é permitido ao credor que execute título extrajudicial contra o codevedor para obter o mesmo crédito. Com esse entendimento, a Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) manteve decisão que extinguiu ação de execução ajuizada pelo Banco do Estado do Rio Grande do Sul (Banrisul) a despeito de já ter habilitado o mesmo crédito no inventário. O Banrisul promoveu ação de execução contra a viúva, com base em escritura de confissão de dívida assinada pelo casal, no valor de pouco mais de R$ 40 mil reais. A executada apresentou exceção de pré-executividade – usada para prevenir prejuízos decorrentes de vícios que comprometem a execução –, alegando que o banco já havia ajuizado habilitação do crédito no inventário de seu falecido marido, para cobrar a dívida do espólio. O juízo de primeiro grau acolheu a exceção de pré-executividade e extinguiu o processo sem julgamento do mérito, por considerar “abusiva a pretensão de execução concomitante do mesmo crédito”. O Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul manteve a sentença. Por isso, o banco recorreu ao STJ argumentando que “a habilitação de crédito e a execução de título extrajudicial

2<http://www.stj.jus.br/portal_stj/publicacao/engine.wsp?tmp.area=398&tmp.texto=103727> Acessado em 03/02/2014.

Rua Mauricio de Nassau, nº 294, Jd. Europa, Londrina, Paraná, CEP: 86015-720Rua Mauricio de Nassau, nº 294, Jd. Europa, Londrina, Paraná, CEP: 86015-720Telefones: (43) 4141-2994 e (43) 9915-5171Telefones: (43) 4141-2994 e (43) 9915-5171

Page 7: DocumentRI

Carlos Alexandre Valentim de OliveiraADVOGADO

possuem natureza diversa”. De acordo com o ministro relator, Massami Uyeda, a tentativa de cobrança do mesmo crédito por vias distintas não respeita o princípio da menor onerosidade para o executado e, além disso, indica falta de interesse de agir do credor. Há interesse de agir quando a ação, além de buscar algo útil para o autor, é necessária à obtenção do bem pleiteado. Como, antes da partilha, não havia individualização das cotas pertencentes aos herdeiros, o relator afirmou que naquele momento era dada ao banco “a possibilidade de promover ação de execução (única, ressalte-se), com lastro na escritura de confissão de dívida, em face do espólio, bem como da codevedora”.No entanto, observou, o banco deixou de se valer dessa via judicial e optou por habilitar o crédito nos autos do inventário, o que foi homologado judicialmente. Com isso, entende o ministro que a finalidade do credor já foi atingida, pois após a habilitação os bens reservados são alienados em hasta pública para pagamento da dívida. Depois da habilitação de crédito no inventário, não é permitida a utilização de outra ação judicial para obtenção do mesmo crédito. Segundo o relator, a adoção de outra medida judicial é “absolutamente inócua e, mesmo, desnecessária”. A existência de duas execuções concomitantes, segundo o ministro relator, é ilícita. Logo, ante a falta de interesse de agir, o ministro Massami Uyeda reconheceu a carência da ação executiva, no que foi acompanhado pela Terceira Turma.

Assim, diante da prevenção do Juízo da 1ª Vara Cível, a

boa técnica processual implica que se aplique o artigo 267, inciso

V, do Código de Processo Civil, extinguindo o processo e no

entendimento de Vossa Excelência a condenação por litigância de má-

fé com base no artigo 18 do Código de Processo Civil, bem como a

aplicação do inciso I, parágrafo único do artigo 55 da Lei 9099/95.

IV – DO MÉRITO

4.1. DA EXCEÇÃO DO CONTRATO NÃO CUMPRIDO

Ressalta-se que a presente demanda não se trata de

qualquer confusão patrimonial, o valor dado a Rômulo, ora

exequente, por meio do cheque emitido pela LE MARCHE é de

exclusividade apenas do sócio Sérgio na qualidade de pessoa física,

Rua Mauricio de Nassau, nº 294, Jd. Europa, Londrina, Paraná, CEP: 86015-720Rua Mauricio de Nassau, nº 294, Jd. Europa, Londrina, Paraná, CEP: 86015-720Telefones: (43) 4141-2994 e (43) 9915-5171Telefones: (43) 4141-2994 e (43) 9915-5171

Page 8: DocumentRI

Carlos Alexandre Valentim de OliveiraADVOGADO

tendo em vista que não cabe aqui discutir a relação societária da

executada visto que o outro sócio desta é quem interessaria ou

mesmo deveria opor resistência, caso o valor entregue para o

exequente Rômulo não pertencesse exclusivamente à pessoa física

Sérgio que nessa qualidade ingressou com ação contra o exequente

devido ao contrato não cumprido, vem agora o exequente Rômulo, por

meio desta execução indevida receber aquilo pelo que não cumpriu.

Não se pode permitir que neste contexto ora explanado

tanto na exceção de pré-executividade quanto nos embargos o

exequente/embargado venha a se beneficiar recebendo o valor cuja

discussão encontra-se ainda em trâmite em segunda instância tendo

sido parcialmente procedente em primeiro grau o que deixará sem

razão a ação que lá tramita.

Ademais, os pedidos efetuados na presente execução

devem ser julgados improcedentes porque o Exequente/Embargado não

cumpriu suas obrigações discutidas na Ação que tramita perante a 1ª

Vara Cível desta Comarca, tratando-se, em outros termos, de exceção

de contrato não cumprido.

A Exceção de Contrato não Cumprido, prevista no artigo

476 do Código Civil, refere-se à:

Artigo 476: Nos contratos bilaterais, nenhum dos contratantes, antes de cumprida a sua obrigação, pode exigir o implemento da do outro.

Salienta-se que o referido instituto, previsto no

artigo 476 do Código Civil, é explicado na reciprocidade e na

interdependência das obrigações contraídas pelas partes. Desta

forma, explica Pablo Stolze:

Justamente porque a prestação de um contratante tem como causa ou razão de ser a prestação do outro é que a lei concebeu a defesa consistente na exceptio non adimpleti contractus (...).

Rua Mauricio de Nassau, nº 294, Jd. Europa, Londrina, Paraná, CEP: 86015-720Rua Mauricio de Nassau, nº 294, Jd. Europa, Londrina, Paraná, CEP: 86015-720Telefones: (43) 4141-2994 e (43) 9915-5171Telefones: (43) 4141-2994 e (43) 9915-5171

Page 9: DocumentRI

Carlos Alexandre Valentim de OliveiraADVOGADO

Maria Helena Diniz assim explica que essa exceção

consiste em:

A exceptio nos adimpleti contractus é uma defesa oponível pelo contratante demandado contra o co-contratante inadimplente, em que o demandado se recusa a cumprir a sua obrigação, sob a alegação de não ter, aquele que a reclama, cumprido o seu dever, dado que cada contratante está sujeito ao estrito adimplemento do contrato. Dessa forma, se um deles não o cumprir, o outro tem direito de lhe opor em defesa dessa exceção, desde que a lei ou o próprio contrato não determine a quem competirá a obrigação em primeiro lugar.

Diante dos exposto, constata-se que os pedidos da

presente execução não possuem razão de ser, isto levando-se em

consideração: a conexão, a continência, a exceção do contrato não

cumprido e a má-fé do exequente/embargado.

4.2. DA OPONIBILIDADE DE EXCEÇÕES PESSOAIS PERANTE

TERCEIROS DE MÁ-FÉ E DA MULTA POR LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ

Argui a sentença guerreada que as exceções pessoais são

inoponíveis perante terceiros de boa-fé. Pois bem.

A Exequente/embargada está se utilizando de má-fé ao

ter ingressado processo de execução perante o 5º Juizado Especial

Cível quando já havia processo em tramite na 1ª Vara Cível, ambos

da Comarca de Londrina, cujo objeto é o mesmo cheque.

O Princípio da Boa-Fé não está previsto na Constituição

da República, mas é conteúdo do devido processo legal e está

positivado na legislação infra-constitucional nos artigos 113, 187

e 422, todos do Código Civil.

Artigo 113. Os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme a boa-fé e os usos do lugar de sua celebração.

Rua Mauricio de Nassau, nº 294, Jd. Europa, Londrina, Paraná, CEP: 86015-720Rua Mauricio de Nassau, nº 294, Jd. Europa, Londrina, Paraná, CEP: 86015-720Telefones: (43) 4141-2994 e (43) 9915-5171Telefones: (43) 4141-2994 e (43) 9915-5171

Page 10: DocumentRI

Carlos Alexandre Valentim de OliveiraADVOGADO

Artigo 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes.

Artigo 422. Os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato, como em sua execução, os princípios de probidade e boa-fé.

Nas palavras do Excelentíssimo Ministro Paulo de Tarso

Sanseverino:

A boa-fé objetiva constitui um modelo de conduta social ou um padrão ético de comportamento, que impõe, concretamente, a todo o cidadão que, na sua vida de relação, atue com honestidade, lealdade e probidade. (...) Em sua função interpretativa, prevista no art. 113 do Código Civil brasileiro, a boa-fé auxilia no processo de interpretação das cláusulas contratuais. Colabora, dessa forma, para uma análise objetiva das normas estipuladas no pacto. A função integrativa da boa-fé, tendo por fonte o art. 422 do Código Civil brasileiro, permite a identificação concreta, em face das peculiaridades próprias de cada relação obrigacional, de novos deveres, além daquelas que nascem diretamente da vontades das partes. Ao lado dos deveres primários da prestação, surgem os deveres secundários ou acidentais da prestação e, até mesmo, deveres laterais ou acessórios de conduta.A boa-fé objetiva é norma de conduta, consistente num princípio. Impõe que as condutas estejam em conformidade com um padrão ético, dentro de determinado contexto. A boa-fé objetiva impõe comportamentos que devem ser tidos como éticos, como leais.

Ora, empiricamente, acaso pode-se considerar leal ter

ingressado processo de execução perante o 5º Juizado Especial Cível

quando já havia processo em tramite na 1ª Vara Cível, ambos da

Comarca de Londrina, discutindo o mesmo título? Certamente que não.

E o princípio da boa-fé, quando desrespeitado, gera

várias consequências, dentre as quais, no caso em tela, a

oponibilidade das exceções pessoais perante o terceiro de má-fé.

Rua Mauricio de Nassau, nº 294, Jd. Europa, Londrina, Paraná, CEP: 86015-720Rua Mauricio de Nassau, nº 294, Jd. Europa, Londrina, Paraná, CEP: 86015-720Telefones: (43) 4141-2994 e (43) 9915-5171Telefones: (43) 4141-2994 e (43) 9915-5171

Page 11: DocumentRI

Carlos Alexandre Valentim de OliveiraADVOGADO

Tendo em vista a prevalência deste princípio, há que se

observar também a Teoria dos Atos Próprios e a proibição do

comportamento contraditório. A este respeito, leciona Judith

Martins Costa:

...[a] ninguém é lícito fazer valer um direito em contradição com a sua anterior conduta interpretada objetivamente segundo a lei, segundo os bons costumes e a boa-fé, ou quando o exercício posterior se choque com a lei, os bons costumes e a boa-fé. (...) A teoria dos atos próprios desdobra-se em duas importantes vertentes. Numa direção vem particularizada doutrinariamente sob a denominação tuo quoque - "pela natureza do sinalagma, surgindo como uma extensão da exceção de contrato não cumprido, uma vez traduzir a regra pela qual a pessoa que viola uma norma jurídica, legal ou contratual, não poderia, sem abuso, exercer a situação jurídica que essa mesma norma lhe tivesse atribuído. Na segunda direção, vem expressa pela máxima que proíbe venire contra factum proprium...

O objetivo primordial é impedir que a parte que tenha

violado deveres contratuais exija o cumprimento pela outra parte,

ou valha-se do seu próprio inadimplemento para se beneficiar de

disposição contratual ou legal.

Assim sendo, é completamente contrário ao princípio da

boa-fé ter ingressado processo de execução perante o 5º Juizado

Especial Cível quando já havia processo em tramite na 1ª Vara

Cível, ambos da Comarca de Londrina, discutindo o mesmo título.

Por estas razões, as exceções pessoais são oponíveis

perante a parte exequente/embargada, pois esta tem agido com má-fé.

Ademais, agindo com má-fé, ao Exequente/embargado é

cabível a aplicação da multa por litigância de má-fé, com

fundamento nos artigos 17 e 18, do Código de Processo Civil.

V – DOS REQUERIMENTOS FINAIS

Rua Mauricio de Nassau, nº 294, Jd. Europa, Londrina, Paraná, CEP: 86015-720Rua Mauricio de Nassau, nº 294, Jd. Europa, Londrina, Paraná, CEP: 86015-720Telefones: (43) 4141-2994 e (43) 9915-5171Telefones: (43) 4141-2994 e (43) 9915-5171

Page 12: DocumentRI

Carlos Alexandre Valentim de OliveiraADVOGADO

Por derradeiro, contando com os suprimentos que

certamente emergirão do notável saber jurídico e do elevado senso

de equidade dos Doutos componentes desta Corte, requer,

respeitosamente, seja recebido e provido o presente Recurso em seus

exatos termos para:

Reformar a sentença de grau inicial, a fim de que se

aplique o artigo 267, inciso V, do Código de Processo Civil,

extinguindo o processo; tendo em vista a presença de conexão e de

continência, além do fato de o embargado/exequente estar agindo com

evidente má-fé, razão pela qual são oponíveis as exceções pessoais

contra ele.

Ademais, com fundamento nos artigos 17 e 18, do Código

de Processo Civil, requer a condenação do exequente/embargado em

multa a ser arbitrada por Vossas Excelências, pelo motivo de

litigância de má-fé.

Termos em que pede Deferimento.

Londrina - PR, 06 de fevereiro de 2014.

CARLOS ALEXANDRE VALENTIM DE OLIVEIRAOAB-PR 56.928

VIVIAN MARTINS SGARBIOAB-PR 63.110

Rua Mauricio de Nassau, nº 294, Jd. Europa, Londrina, Paraná, CEP: 86015-720Rua Mauricio de Nassau, nº 294, Jd. Europa, Londrina, Paraná, CEP: 86015-720Telefones: (43) 4141-2994 e (43) 9915-5171Telefones: (43) 4141-2994 e (43) 9915-5171