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Em Porto Alegre do Norte a Clínica Dr. Ro-gowski tem atendimento especializado em Ultrassonografia com tecnologia de ponta, ou seja, o que há de mais moder-

no em equipamentos de ultrassom.A Clínica tem o atendimento do médico Sílvio Ro-

gowski, paranaense, porém veio para a região no ano de 1986 por isso se considera filho do Norte Araguaia, morou em Goiânia aonde estudou e se especializou em medicina, conceituado pela qua-lidade no atendimento aos pacientes, Sílvio Ro-gowski quer resgatar o jargão popular de “meu médico”, com atendimento domiciliar, ele atende inúmeros pacientes em casa,

bastando ligar no telefone da clínica a qualquer hora do dia ou da noite.

Rogowski é o único médico da região que faz proce-dimentos de PAAF/PBAF , isto é, procedimentos em cistos, nódulos e outros, com os equipamentos da clí-nica é possível encontrar um cisto e ao mesmo tempo fazer o procedimento com uma agulha fina, tratamen-to este que só é encontrado nos grandes centros e nas capitais, já sendo realizado pioneiramente pelo Dr.

Silvio Rogowski em Porto Alegre do Norte.A Clínica Rogowski conta hoje com atendimento

em ultrassonografia, medicina do trabalho, clínica geral, biópsia de nódulos e cistos, nutrição, fisio-terapia e drenagem linfática, e o atendimento é humanizado, mudando com certeza o conceito em saúde no Norte Araguaia.

Fonte: Leandro Nascimento

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De olho na expansão agríco-la e econômica da região Norte Araguaia, a Plantar Máquinas Agrícolas, empresa fruto da socie-dade dos jovens amigos Adilson, Eduardo e Ricardo e com sede em querência, vê uma grande oportu-nidade de investimento e estraté-gia na região Norte Araguaia.

“Hoje a expansão é uma re-alidade, recentemente tivemos vendas expressivas na região, por isso a necessidade de investir e se fazer presente na região hoje é considerada a melhor aposta dos agro-investidores”. disse Ricardo Luis Munchen um dos sócios.

A empresa é revendedora au-torizada dos implementos e má-quinas Vence Tudo, Baldan e Me-

talfor. Atualmente a plantar atende a toda região do Xingu e Araguaia, além de participar de diversos even-tos como dias de campos e exposi-ções.

Você também está convidado

a fazer uma visita e conhecer de perto os diferenciais da Plantar Má-quinas Agrícolas. Mais informações pelos telefones (66) 3529-2286 ou (66) 9976-5250.

Empresa Agrícola de querência acredita e

investe na região

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Saímos daqui ex-tremamente motiva-dos e animados, para que possamos juntos construir um Norte Araguaia grande e forte. 46 cidades de Mato Grosso ainda não têm asfalto de interligação, e dessas mais de 50 % está na região do Araguaia.

É evidente que aqui é o grande celeiro do Brasil, temos um alto índice pluviométrico, terra muito fértil, boa logística, portanto pre-cisamos de estrutura e o asfalto é a primeira delas. O Governador Silval como o visionário que é com certeza nos dará todo o apoio ne-cessário.

Marcos Ávila

A MT 430 não atenderá só a região do Araguaia, pois ela é um gargalo que atenderá o Brasil em um todo, e ela é prio-ridade nacional na questão do asfalto, pois com essa obra pronta a qualidade e o custo do produto para o consumidor final será muito melhor do que é hoje. O de-senvolvimento que vai ser gerado por esse asfaltamento trará melhorias não só em pro-dutos, como também em educação, saúde e qualidade de vida.

Mário Forlin

A integração com a produção, isso dá uma parceria inte-ressante, nós vamos fazer um convenio com os produtores, pra construirmos esta estrada. O Gover-no já está presente construindo o asfal-tamento de Confresa a Santo Antonio do Fontoura, mas não é só isso, queremos ligar o asfaltamento até Santa Cruz do Xingu e São José do Xingu, e com o consórcio, perfeitamente dentro de dois anos teremos essa obra pronta e benefician-do toda a classe produtiva além da população dos municípios.

Silval Barbosa

O Governo do Es-tado vai entrar com 50 milhões de reais para uma estrada de 120 km. Essa parceria é séria, com produtores de alta índole e com toda certeza é mais uma das muitas par-cerias que deram cer-to em Mato Grosso.

Baiano filho

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2002, ano da chegada do Grupo Itaquerê em Porto Alegre do Norte. Grupo esse vindo de Primavera do Leste, tinha um objetivo que não coincidia com a realidade da região, o Norte Araguaia por ser uma re-gião tomada por pequenos produto-res o seu maior foco era a pecuária. Com a chegada do Grupo Itaquerê a região tomou um rumo diferente, no início um pouco desacreditado por quem via acontecer, mas muito almejado por quem estava disposto a fazer acontecer. Foram muitos os desafios, falta de mão de obra quali-ficada, estradas em péssimo estado, áreas degradadas, falta de peças e equipamento agrícola, foram alguns

dos problemas enfrentados no iní-cio do plantio na região. Mas por ter uma ótima logística e por ser áreas relativamente planas, foram terras bem classificadas para a agricultura.

O grupo iniciou seus trabalhos em parceria com a empresa de produção de biodiesel e óleo vegetal, Araguas-sú, com um plantio de mamona e soja, totalizando 2 mil hectares. Os resultados foram satisfatórios, e com isso os visionários irmãos Brunetta, investiram ainda mais para o ano se-guinte, e assim foi se consolidando no Norte Araguaia.

Em 2004 com as fortes chuvas na região, uma enchente devastou gran-de parte da produção. As más condi-

ções das estradas foi outro fator que dificultou bastante o escoamento dos grãos até os portos de destino.

Com isso o grupo teve um enor-me prejuízo o que reduziu o plantio no ano que se seguiu, forçando a diminuição do quadro de funcioná-rios. Como se não bastasse, em 2005 a crise no agronegócio nacional fez com que muitos produtores sofres-sem um grande retrocesso, não foi diferente com o Grupo Itaquerê, que ao invés de recuar investiu em 2006 por acreditar muito no potencial da região, e essa aposta veio com o su-cesso daí em diante.

Em 3 anos o Grupo Itaquerê cres-ceu em média 300% elevando o seu

Junior Ribeiro

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plantio para 5 mil hectares, somando mais de 230 empregos diretos nas ci-dades de Canabrava do Norte, Con-fresa e Porto Alegre do Norte. Atual-mente o grupo está com um plantio de 16,5 mil hectares de soja, 10 mil hectares de milho 2° safra e um re-banho bovino que totaliza 15 mil ca-beças na cria, recria e engorda. Além disso, o grupo tem pioneirismo re-gional no plantio de soja, gergelim, algodão e na integração lavoura pe-cuária que acontece na maior parte da área pertencente ao grupo, além do plantio da 2° safra de mamona, girassol, milho e gergelim.

Pelo pioneirismo e bom trabalho desenvolvido, a Matsuda, um dos maiores nomes em saúde e nutrição animal do Brasil, destinou o Prêmio Matsuda de Integração Lavoura Pe-cuária ao Grupo Itaquerê, que por sua vez investe alto em tecnologia e pesquisa a ser aplicada em suas áreas, no âmbito de sempre estar potencializando a produtividade em cada hectare plantado. Muitos pro-dutores aderiram ao plantio no Norte Araguaia, hoje são 250 mil hectares destinados ao plantio de soja, 50 mil ao plantio de milho, com a previsão de crescimento em 100% nos próxi-mos cinco anos.

Muitas empresas hoje já instala-das, outras se instalando devido ao crescimento visível da agricultura,

acabam gerando emprego e renda à região, e muito desse “Boom” na agricultura é atribuído ao grupo, que ao acreditar e ver um futuro além de tudo produtivo no Norte Araguaia trouxe benefícios e reconhecimento para a região. Isso também levou a uma considerável valorização nas áreas da região.

O grupo, hoje sendo a maior em-presa regional do ramo, fez com que a região fosse reconhecida nacio-nalmente com matérias exibidas na TV em rede nacional (Globo Rural), e também com a exposição em fei-ras como a Dinâmica de Empreen-dimentos e Empreendedores, sendo um dos idealizadores e principais apoiadores do evento.

O grupo já reconhecido pelo seu trabalho no campo, investe também no setor imobiliário, como é o caso da construção da agencia do Ban-co do Brasil na cidade de Confresa, doação da área para construção do Aeroporto de Porto Alegre do Norte, Fórum e Hospital Regional também na cidade de Porto Alegre do Norte.

Hoje, a região Norte Araguaia não é mais chamada de “Vale dos Esquecidos”, e muito disso se dá a vontade e credibilidade de empre-sas como o Grupo Itaquerê em cres-cer e se desenvolver, investindo e criando parcerias que beneficiam a região.

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Como corrigir erros históricos? Como ser justo hoje por crimes cometidos no pas-sado? O fato é que não se pode cobrar da sociedade ou comunidade, o reparo de uma injustiça cometida por outros personagens.

A retirada dos índios da região nos anos 60 como alega a própria FUNAI, mostra que mesmo em um passado recente da his-tória brasileira, havia muitas barbaridades (elas ainda existem), e não podemos negar essa agressão aos Xavantes. Na remoção, segundo alguns, muitos índios padeceram vitimados por doenças. Fotos e testemunhas indicam que os índios foram retirados pelo próprio estado brasileiro. Na época, o país governado por militares via como estratégi-co a ocupação da Amazônia, nesse período surgiram os “investidores da SUDAM” gru-pos que pegavam muita grana com o estado para gastar em projetos nos confins da flo-resta. Como exemplo, tivemos as fazendas Codeara em Santa Terezinha, Frenova em Confresa e Suiá Missú em São Felix e Alto Bo Vista (na época tudo ainda era municí-pio de Barra do Garças). Em pleno início dos anos 90, quando os projetos da SU-DAM já se mostravam inviáveis, a região sofreu um intensivo avanço na pecuária e foi nesse período que terras baratas ficaram a disposição de interessados em construir sonhos, investindo e explorando a terra. O que foi sonho do trabalhador rural foi o pe-sadelo dos ambientalistas. Nascia assim a comunidade do Posto da Mata.

Nos 21 anos de ocupação humana o local se transformou, as explorações de-senfreadas em busca de pastagens iam de

queimadas e motoserras aos “arrastões com esteiras”, como bem colocado no documen-tário e propaganda indigenista “O Vale dos Esquecidos”. A área da Suiá Missú que an-tes era uma densa mata de floresta hoje em dia se assemelha mais a um deserto. O in-teressante é que apesar de degradada a FU-NAI não abriu mão da área. Em declarações da fundação sobre a permuta, proposta pelo governo de Mato Grosso, ela cita que a área de 205 mil hectares oferecida pelo estado e localizada no parque Estadual do Araguaia possuía um menor valor.

Podemos perceber claramente neste caso que a fundação usa “critérios brancos” e capitalista para defender os interesse dos índios. Não houve nesse caso flexibilida-de de valores, uma vez que também há a questão de bem-estar indígena e a relação com o meio (caça e pesca), algo que se contrasta com os secadores de grãos, pas-tos e lavouras que se encontram na área em litígio.

O erro de FHC.Quando em 1998 o

então Presidente da Re-pública Fernando Hen-rique Cardoso assinou o decreto criando a re-serva Marãiwatsede, a área foi oficializada e a partir daquele momento por lei passou a pertencer aos Xavantes. A FUNAI

sabia que era questão de tempo... Quando os últimos recursos jurídicos começaram a se esgotar a fundação agiu para fazer valer a “le-galidade”.

A área é indígena e ponto final! Com esse argumento e se apoiando mais em um decreto do que na credibilidade dos fatos ou em um parecer técnico consistente, a FUNAI entrou na briga usando parte do Governo Fe-deral e da igreja. O pensamento de esquerda aliado a um forte sentimento de rancor mar-caram a posição e pensamento dos que de-fendiam os índios.

É difícil imaginar que havia na área mais de 7 mil pessoas, ou acreditar que o fato não foi explorado pela classe políti-ca. Não podemos culpar os produtores de lutarem pela permanência na

terra, como

Por Gustavo C. Fortes

No inicio dos anos 90, a área ainda possuía muito de sua vegetação original, embora o processo de desmatamento começaste muito antes, hoje a região lembra mais um cerrado do que floresta.

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também é um erro enxergar que ali só ha-viam pobres, crianças e idosos, pois na área existiam grandes produtores, ressaltando que ninguém tem culpa de possuir propriedade. Em um mundo democrático e livre, a ascen-são social é na maioria das vezes o fruto do trabalho duro e mérito do indivíduo.

O bispo, o grande culpado? -Não! Com uma vida marcada pela luta

contra a exploração humana, adepto da teo-logia da libertação, Pedro Casaldáliga sem-pre lutou pelo que considerou ser o certo, fez

voto de pobreza e dedi-cou a vida a lutar

pelos pobres. Seu legado é a essência para quem quer entender as questões agrárias na amazônia legal. O homem que denunciou o primeiro caso de escravidão branca no Brasil em 1971 é hoje uma referência mundial.

Não há como negar o legado do bispo, mas também é difícil compactuar com suas ideias mais radicais. O ideal do bom selva-gem que nasce puro e que é contaminado pelo desenvolvimento e riqueza não faz sen-tido, e em um mundo moderno com leis tra-balhistas e que milhões de pessoas ascendem economicamente, essa ideia parece um tanto quanto ultrapassada.

Para alguém que idealizou uma região protegida das ações da modernidade e do capitalismo, deve ser um duro golpe cons-tatar que hoje o Norte Araguaia está toma-do por grandes grupos empresariais ligados ao agronegócio e nada aponta que isso irá mudar. É fácil saber que a relevância de Ca-saldáliga é muito maior para os que nunca pisaram o pé em Suiá Missú ou pelas terras do Araguaia. Mesmo sabendo disso, enfatizo que não podemos tirar o direito do velho bis-po de agir como acha que deve agir ou de ter seguidores. Ao defender o direito dos índios xavantes ele se mostra fiel ao que “pregou” ao longo de sua vida.

A história da humanidade é marcada por inúmeros erros em que nunca se descobriu o culpado. O caso Suiá Missú é um alerta sobre os métodos de demarcação indígena no país e de como ideias políticas podem ludibriar e influenciar decisões importantes. Cito aqui os nomes dos petistas Gilberto Carvalho e Paulo Maldos, que a meu ver retratam o jogo de indicações e clientelismo político existen-te, sendo a conduta desses dois personagens compatíveis com o que eles são e pensam.

Marx sabia o quão perigoso eram as ideias. Mal podia imaginar que seria pai de uma das mais belas e destrutivas correntes do pensamento humano. Não vou aqui fa-lar do socialismo, mas ilustrar o perigo e equívoco que ocorre quando idéias socio-políticas são usadas para justificar atitudes inconsequentes.

Os interesses por trás do caso Suiá Mis-sú retratam um jogo onde todos os lados se mostram bem intencionados, mas como diz o velho ditado; “as piores coisas do mundo são feitas com as melhores das intenções”.

Onde os fracos não tem vez!Taxados pelos indigenistas como invaso-

res, culpados ou não os moradores do Posto da Mata foram retalhados e humilhados. Mo-

ravam muitos fazendeiros e latifúndios na re-gião como bem disse o relatório da FUNAI, mas foi a população local e mais carente que sucumbiu e sofreu as maiores consequências. Com uma velocidade ainda maior do que ocorreu a floresta, a vila se acabou, perdendo seus moradores e orgulho. Foi preciso vinte anos para transformar uma floresta em uma área que hoje só serve para pastagem e plan-tação, mas foi preciso poucos dias para acabar com um povoado e com muitos sonhos.

Questões como a assistência aos po-vos indígenas e as condições vividas pelos mesmos são de suma importância, e a socie-dade de nossa região precisa ficar livre do sentimento de Xenofobia e indiferença aos irmãos indígenas, principalmente agora de-pois do ocorrido no Posto da Mata. Que a in-justiça acometida aos produtores rurais não venha a se repetir aos Xavantes.

Agora que o ocorrido acabou, temos a sensação de injustiça e a impressão de que os personagens desta história foram reunidos em volta de uma causa maior, que havia interes-ses obscuros pela área, interesses esses inter-nacionais, e não vamos seguir aqui a linha das conspirações. É difícil de acreditar que a CNBB tenha usado indígenas e traba-lhadores rurais para atingir latifún-dios, mas é essa a grande impressão que se tem quando olhamos para os argumentos apresentados pela própria Conferência de Bispos.

Quando parte da CNBB e representantes da igreja cri-ticam os latifúndios, esque-cem-se de olhar para Roma e para os mais de 5 Trilhões de reais (2 trilhões de euros segundo a revista Veja Ed. 2309) em patrimônios do Vaticano espalhados pelo planeta.

Em um mundo onde os interesses econômi-cos e políticos são for-ças universais, vemos o quão pequena nossa região se torna. O con-flito em Suiá Missú nos mostra que assim como num jogo de xadrez, independente dos lados, sempre os peões são os primei-ros a padecerem.

O sonho custou caro; O vilarejo sucumbiu em uma velocidade muito maior que a floresta.

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Por: Uasley Werneck

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Camila Nalevaiko que trabalha na imprensa desde 1997 é hoje diretora do site Agencia da Notícia, a repórter e jornalista que foi um dos símbolos da luta pelos direitos dos trabalhadores conta para a reda-ção do Olhar 21 sobre a tensão vivida nos dias que acompanhou a desintrusão na Suiá Missú.

Olhar21: Camila com toda a sua experiência como foi fazer a cobertura na Suiá Missú?

Camila Nalevaiko: Considero no mínimo inusita-do, uma vez que eu não tinha noção da extensão e de quanta gente estava envolvida direta e indire-tamente na Suiá Missú. Quando eu comecei a ter uma maior noção, foi quando o pessoal que morava no Posto da Mata veio para Confresa para pedir o apoio da comunidade e das autoridades, para um evento que ia acontecer no dia 22 de novembro de 2012, com a intenção de mostrar de verdade qual era a realidade do que estava acontecendo.

Olhar21: Percebemos que você se envolveu pes-soal e emocionalmente com a situação dessas fa-mílias, como foi passar os últimos dias junto com aquelas pessoas sem nenhuma fé no poder público?

Nalevaiko: Eu vivo esse momento até os dias de hoje, ainda não acredito que aquilo aconteceu, pois eu nunca tinha acompanhado nenhuma ação de desocupação. Foi muito triste ver todas aquelas pessoas sendo retiradas de suas casas, muitas delas a força. Ficava nítido no olhar dessas pessoas que elas não tinham mais força para refazer suas vidas, existem famílias que estavam naquela área há mais de 30 anos, aquelas cenas eu creio que não saíram mais da minha cabeça.

Olhar21: Depois do ocorrido você ainda acredita em justiça?

Nalevaiko: A única justiça que eu acredito é a jus-tiça divina, pois a dos homens é falida. E em todo processo que se passou nesses dias, ficou claro de que tem grandes nomes por trás dessa desintrusão e isso dificulta muito para os pequenos produtores que viviam no povoado do “Posto da Mata”.

Olhar21: Como você vê a relação da igreja católica em todo esse processo?

Nalevaiko: Acho que devemos falar mais propria-mente do Bispo Dom Pedro Casaldáliga, pois ele sim, teve participação direta com aquelas pessoas. E ele sendo Bispo não acho que ele esteja acima do bem e do mal, e não vejo essa visão de religio-so nele, pra você ter noção ele nunca rezou sequer uma missa no “Posto da Mata” ele sempre se negou alegando que ali tinha grandes produtores, e desde quando é pecado ter uma propriedade grande?... In-clusive ele excomungo algumas grandes fazendas da região, como é o caso da fazenda Frenova e da fazenda Codeara. O Romão Flor convidou o Bispo para rezar uma missa na fazenda dele e ele recu-sou, que Bispo é ele que nega um abraço, um aperto de mão a uma pessoa, só pelo fato de ele ter uma grande propriedade?... Por isso não posso dizer a igreja católica apenas pelas ações desse homem, mas in-felizmente ele representa uma en-tidade que é a CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) e tenho plena convicção de que de

alguma forma alguém financia ele para ele conti-nuar mandando e desmandando aqui no Araguaia, e a certeza de que essa desintrução foi um pedido expresso do Bispo Dom Pedro Casaldáliga. Eu estive na casa dele após a desocupação e ele nem sequer me ofereceu um copo d’água, ele nem quis me receber, mandou um secretário que por sinal foi bem vago nas respostas. Creio que o Bispo deixa a política falar mais alto do que os votos que ele jurou perante Deus.

Olhar21: Você acha que a FUNAI tem algum outro interesse por tráz dessa desintrusão?

Nalevaiko: Creio que sim, só resta saber qual in-teresse é esse, e até que ponto chega a ganância de órgãos com tamanho poder como a CNBB e FU-NAI em deixar 7 mil pessoas desabrigadas para se satisfazer com esses interesses.

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