revista rainha dos apostolos janeiro 2013

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50º Aniversário da Canonização de 90 ano nº 1051 janeiro/fevereiro | 2013

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Edição de Janeiro de 2013

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Page 1: Revista Rainha dos Apostolos Janeiro 2013

50º Aniversário da Canonização de

90ano nº 1051

janeiro/fevereiro | 2013

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Ano 90 | nº 1051 | jAneiro/fevereiro de 2013

50º Aniversário dA CAnonizAção de

são viCenTe PALLoTTi

04 dom dadeus

12 mundo sustentável

14 espiritualidade

18 miscelânea

22 direitos humanos

24 psicogerontologia

26 coisas da vida

28 oasis

31 reflexão

32 memória

34 filosofia

35 inspire-se

36 recanto da fé

37 o evangelho em sua vida

51 lugares incríveis

52 de bem com a vida

53 saber viver

54 teologia e cotidiano

56 comportamento

59 leitores de futuro

60 galeria

61 culinária

63 artesanato

65 do leitor

66 humor

Especial

revistarainha.com.br [email protected] revista.rainha

20

30

Pérolas e bugigangas

Vida Simples

Catequese, vocação e missão

Os jovens no meio do mundo

Fé no que virá!

Revendo os valores

16

58

Missões Palotinas

Juntos,crescendofirmes na fé

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Janeiro/Fevereiro | 2013RAINHA DOS APÓSTOLOS

Publicação mensal da Sociedade Vicente Pallotti Província N. Sra. Conquistadora Padres e Irmãos Palotinos

Redação e CentRal de atendimento ao assinante Av. Assis Brasil, 1768 | 91010-001 Porto Alegre (RS) | Fone: 0800 516633 (51) 3021-5008 | 3021-5010 [email protected] pallotti.com.br/rainha

supeRioR pRovinCial Pe. Lino Baggio, SAC

diRetoRes Pe. Judinei José Vanzeto, SAC Pe. Jadir Zaro, SAC

pRojeto GRáfiCo e diaGRamação Juarez Rodolpho dos Santos

tuRma da mia Textos: Benedita de Souza Ilustrações: Aline Reis

Revisão Maria Burin Cesca Maria Lúcia Barbará

assessoR de ComuniCação Carlos Alberto Veit

assinatuRas e expedição Bianca K. B. da Silva, Dênia G. Franz Danelon Juliana S. da Silva

impRessão e aCabamento Gráfica Editora Pallotti Estrada Ivo Afonso Dias, 297 Fone: (51) 3081-0801 São Leopoldo | RS

Os artigos assinados são de responsabilidade de seus autores, não expressando necessariamente

a opinião da Revista Rainha dos Apóstolos.

Expediente

Revista associada a

PE. JUDINEI VANZETO, SACEditorial 3

Caros amigos e amigas!Janeiro e fevereiro, para a maioria da população, é um período de

férias profissionais e escolares, visitas a parentes e amigos, praia e passeios diversos. Tempo de descanso e de renovar as forças para um novo ano. Para seguirmos juntos nas férias, apresento a primeira edição de 2013, repleta de esperança, de certeza e de alegria.

Nesta sintonia de palavras e desejos, anuncio que a Família Palotina está em festa pelos cinquenta anos de canonização de São Vicente Pallotti, o santo precursor da participação de todos na Igreja ao receber a inspiração de Deus para fundar a União do Apostolado Católico (UAC).

Fazem parte da UAC bispos, padres, diáconos, religiosos e religiosas, leigos e leigas no intento de reavivar a fé e reacender a caridade em todas as pessoas.

A matéria especial desta edição contém sete páginas escritas pelo Pe. Edgar Xavier Ertl, Vice-Provincial, e é dedicada à explanação da vida, obra, fundação, carisma e espiritualidade, processo de beatificação e canonização, depoimentos e comemorações do Ano Jubilar de São Vicente Pallotti.

Além da festa do Ano Jubilar, chamo a atenção para as mudanças significativas no logo da revista, no layout e nas cores, pois ingressamos no espírito comemorativo dos noventa anos da Revista. A comemoração já está agendada para o próximo dia 23 de abril. O desejo, portanto, consiste em compartilhar tais alegrias e conquistas, ao longo deste ano, com brindes e muito mais.

Contando com a intercessão de São Vicente Pallotti, em seu Ano Jubilar, e de Nossa Senhora Rainha dos Apóstolos, a padroeira da UAC, desejo a todos leitores, colaboradores, amigos e amigas, um ano cheio de paz, de fé, de realizações, de harmonia, de força e coragem em todas as circunstâncias da vida.

Feliz ano novo e muitas bênçãos!

União do Apostolado Católico em festa!

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Janeiro/Fevereiro | 2013 RAINHA DOS APÓSTOLOS

Dom Dadeus Grings4

A Revista Rainha dos Apóstolos está em festa! Além da celebração dos cinquenta anos de canonização de São Vicente Pallotti (20 de janeiro), a partir deste mês contaremos com a

valiosa colaboração do excelentíssimo Arcebispo de Porto Alegre nas nossas edições.

Nesta edição, queremos, mesmo que de forma su-cinta, apresentá-lo aos leitores de todo Brasil e exterior. Desde já, agradecermos a valiosa contribuição que ele certamente nos dará.

Dom Dadeus Grings nasceu em Nova Petrópolis (RS) em 07 de setembro de 1936, sendo filho de José Grings e Maria Margarida Büttenbender Grings. Em 1949, ingres-sou no Seminário Menor São José, de Gravataí (RS). Formou- se em Filosofia e Teologia em Roma na Universidade Gregoriana.

Foi ordenado sacerdote em 23 de dezembro de 1961 também em Roma. Depois atuou como vigário paroquial na Paróquia São Geraldo, de Porto Alegre, e foi nomeado professor de Filosofia e Teologia no Seminário Maior Nossa Senhora da Conceição, em Viamão (RS), onde chegou a ocupar o cargo de Reitor.

Diversos outros importantes cargos foram ocupados por Dom Dadeus. Cabe salientar, porém, que em 1981 foi indicado por Dom Vicente Scherer para trabalhar na Secretaria de Estado do Vaticano com o Papa João Paulo II.

Em 05 de novembro de 1984, foi agraciado com o título de Monsenhor. Já em 23 de janeiro de 1991, foi nomeado Bispo de São João da Boa Vista (SP). O lema por ele escolhido foi “A verdade vos libertará” (Jo 8, 32).

Finalmente, em 12 de abril de 2000, o Papa João Paulo II o nomeou Arcebispo Coadjutor de Porto Alegre e, com a renúncia (por idade) de Dom Altamiro Rossato (em 07 de fevereiro de 2001), Dom Dadeus tornou-se o Arcebispo Metropolitano de Porto Alegre.

Haveria ainda muito mais dados a apresentar, mas acreditamos que esta breve recepção serve principalmente para dar as boas-vindas a Dom Dadeus, que vai explanar suas ideias ao longo das futuras edições da nossa Revista.

Bem-vindo, Dom Dadeus! Obrigado por ter aceitado nosso convite; sinta-se em casa tanto entre os membros

da União do Apostolado Católico como entre nossos milhares de assinantes e leitores!

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Janeiro/Fevereiro | 2013RAINHA DOS APÓSTOLOS

Pe. edgaR XavieR eRtl, SaCEspecial 5

Tempo JubilarNo dia 20 de janeiro de 2013, que é domingo, a Família Palotina – sacer-

dotes, religiosos, religiosas, leigos e leigas, a União do Apostolado Católico (UAC) – com grande alegria e júbilo no coração festeja os cinquenta anos da canonização de seu fundador, Vicente Pallotti. Este é tempo favorável para louvar e agradecer a Deus pelo dom da santidade de Pallotti e pelos frutos colhidos ao longo deste meio século, quando o Fundador foi reconhecido pela Igreja como o Santo do Apostolado Católico (Universal). A Família Palotina, que está em festa desde o dia 20 de janeiro de 2012, procura celebrar bem o Ano Jubilar da canonização de São Vicente Pallotti. É muito bom, justo e necessário comemorar e celebrar um evento que deu muita alegria e grande impulso espiritual, apostólico e missionário aos membros da UAC e à Igreja.

50º Aniversário da Canonização de

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Santo é quem conforma sua vida ao modelo de Jesus Cristo. “Que a vida de Jesus Cristo seja a minha”, repetia muitas vezes o “Santo de Roma”. Na verdade, a vida de um santo é testemunho e estímulo para que todos bus-quem santidade e vida de amor e caridade no cotidiano de suas vidas, particularmente no exercício humilde da caridade evangélica. É o que neste artigo desejamos apresentar aos leitores da Revista Rainha dos Apóstolos no mês em que comemoramos os cinquenta anos em que a Igreja proclamou que a vida de Vicente Pallotti foi uma vida apostólica, segundo o mandamento de Jesus Cristo. Queremos também, como seus filhos espirituais, celebrar a continuidade do seu carisma na Província Palotina de Santa Maria (RS).

Raízes santasA vida de Vicente Pallotti desabrochou num belo dia

de primavera romana, numa terça-feira, em 21 de abril de 1795. Foi o terceiro filho do casal Pietro Paolo Pallotti e Madalena De Rossi, pequenos comerciantes romanos. Sua infância, adolescência e juventude foram nutridas pelo zelo e testemunho de fé e pelos princípios fundamentais da vida cristã de seus pais. A Serva de Deus Elisabetta Sanna, que teve com Pallotti boa familiaridade, no seu processo de beatificação declarou que os pais de Vicente Pallotti “pareciam dois santos”, e ele mesmo também disse: “O Senhor deu-me pais santos”.

Tal foi o ambiente familiar em que Vicente Pallotti viveu e no qual também sentiu o chamado ao ministério sacerdotal quando tinha dezesseis anos. Ele alimentou e cultivou a sua vocação para o sacerdócio com continuada oração, meditação diária, terna devoção à Virgem Maria e à Eucaristia, dedicação aos estudos e com crescente confiança em Deus.

No dia 16 de maio de 1818, com 23 anos, recebeu a ordenação sacerdotal. Ao ser ordenado sacerdote, esqueceu-se de si mesmo e, a exemplo de Cristo, fez-se o servidor de todos os irmãos carentes de ajuda espiritual e material. Possuído, animado e movido pelo espírito de Cristo, tinha a convicção de que o seu apostolado era uma participação no apostolado de Jesus Cristo. Para ele, Cristo era o grande apóstolo do Pai Eterno e, junto com muitos sacerdotes, religiosos, religiosas e leigos, queria reavivar a fé, reacender a caridade cristã e oferecer o dom da fé àqueles que ainda não conheciam Jesus Cristo.

E foi nessa vivência e experiência de Cristo, como Apóstolo do Pai Eterno, que Vicente quis viver o seu minis-tério, movido unicamente pelo amor a Deus e ao próximo, e que é a eficiência de todo o apostolado cristão. Para ele, o amor é o motivo, a força que move quem quer colaborar no apostolado de Jesus Cristo. De fato, são inseparáveis o seguimento de Cristo e a participação na sua missão de Salvador. E, já que todos somos chamados ao seu segui-mento e a participar no seu apostolado, temos todos uma

| Jornal do Dia - 20/01/63 | Porto Alegre (RS) | | Correio do Povo - 10/02/63 | Porto Alegre (RS) | | Roma - Itália |

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missão ou obrigação apostólica e precisamos, portanto, ser movidos e animados pelo amor de Cristo, como escrevia São Paulo – “O amor de Cristo nos impele” –, e que Pallotti escolheu como lema de sua fundação apostólica.

Um sacerdote incansável Pallotti, que exerceu incansavelmente suas atividades

apostólicas, dizia: “Eu peço a Deus que faça de mim um trabalhador incansável”. E, de fato, ele o foi: envolveu-se todo em inúmeras atividades pastorais da Igreja de Roma e também do mundo.

A partir da vida de Jesus Cristo e de seu projeto de sal-vação, abriu-se aos pobres e aos desprezados, aos doentes e marginalizados. Ajudou e protegeu espiritualmente os soldados, os encarcerados, os operários, os lavradores, os estudantes estrangeiros, as crianças e os adolescentes órfãos. Foi exímio confessor, solicitado por padres, bispos, religiosos/as, seminaristas e pelo povo em geral. Também, por onze anos, foi professor-assistente na Universidade de Roma. Pregou missões e retiros em paróquias de Roma e fora de Roma. Organizou a formação cristã de jovens e adultos e também do clero. Abriu orfanatos e foi susten-tador e incentivador das missões populares e estrangeiras. Foi um sacerdote sensibilizado pelos problemas sociais, econômicos, religiosos e culturais de seu país e também de todo o mundo. Já antes de sua ordenação, fez o seguinte

programa de sua vida sacerdotal: “Quero ser comida para os famintos, vestimenta para os nus, bebida para os cansados, força para os fracos, remédio e saúde para os doentes, aleijados, coxos, surdos e mudos, luz para os cegos do corpo e do espírito, vida para os que estão mortos para a vida da graça”.

Sua grande obra apostólicaA experiência de Deus, Amor e Misericórdia, abre os

olhos do sacerdote Vicente Pallotti para as necessidades fundamentais da Igreja de seu tempo e contexto, esti-mulando-o a dar uma resposta. No tempo e no contexto eclesial, Pallotti foi capaz de perceber qual era mesmo a vontade de Deus a seu respeito. Qual era mesmo o projeto em que devia colaborar.

No dia 09 de janeiro de 1835, iluminado por Deus, viu e sentiu que a sua resposta à Igreja de Cristo era des-pertar e promover o apostolado de todos os cristãos; em função disso, foi levado a fundar a União do Apostolado Católico. O Espírito Santo fez-lhe intuir uma obra em que os batizados participam da missão da Igreja quando se unem na realização de um objetivo comum cristão. Vicente Pallotti expressa tal intuição com as seguintes palavras: “O apostolado católico, isto é, universal, porque pode ser exercido por todas as classes de pessoas, é cada qual fazer quanto possa e deva pela maior glória de Deus e pela eterna salvação própria e de seu semelhante”.

Foi um ano muito especial para todos nós, paroquianos da paróquia São Vicente Pallotti de Porto Alegre. Tivemos

muitas oportunidades de recordar o que sabíamos sobre nosso padroeiro. Há muitos anos, não tínhamos uma novena em honra a São Vicente. Tivemos um retiro específico, a visita das relíquias de Pallotti, que foi um momento muito tocante que emocionou a todos; a visita da imagem de São Vicente Pallotti às famílias, livros colocados à disposição e padres que nos pas-saram tanto amor para com o Santo e seu carisma que todos ficaram contagiados.

Isso tudo contribuiu para nosso crescimento espiritual, um despertar para um novo ardor missionário, tentando fazer “res-plandecer a santidade de Deus” em cada um de nós batizados.

Celita Gianluppi Ferro | Porto Alegre (RS)

Apesar de frequentar a comunidade Palotina há treze anos, sinceramente nunca havia me preocupado com a questão

do padroeiro de nossa paróquia. Devido à ótima divulgação por meio de nossos padres, fiquei interessada quando fiquei sabendo sobre o Ano Jubilar Palotino. Incrivelmente, tive uma vivência muita intensa com o nosso padroeiro após ter frequentado as novenas propostas. Uma grande graça foi por mim alcançada no

dia 22 de abril de 2012 (no dia da procissão, à qual não pude ir, porque estava exatamente naquele momento obtendo a graça). Nesse dia, consegui trazer meu irmão doente novamente para dentro de nossa família, pois estava em situação de rua, uma situação muito complicada. Hoje Pallotti deixou de ser simples-mente o padroeiro da paróquia que frequento e passou a ser um Santo a quem devo muito louvor.

Maria Menoti | Porto Alegre (RS)

Foi uma grande emoção poder ver as relíquias de um santo de perto e poder tocá-las. Nunca imaginamos isto. A nossa co-

munidade acolheu de braços abertos as relíquias de São Vicente Pallotti. Considerou um privilégio e uma graça de Deus ver com os próprios olhos algo que fez parte de um grande homem, um exemplo de vida, um humilde acolhedor dos pobres, um sinal de Deus, um guia para todos. A passagem das relíquias foi um forte convite para também seguir a missão do Senhor e ajudar para que todos os homens se unam e vivam a fé, a esperança e o amor. As relíquias nos incentivaram, como batizados, ser apóstolos do Evangelho, imitar este grande santo e, pelas nossas vidas, ardentemente, seguir seus passos.

Antônio e Cleusa Batista de Oliveira | Deodápolis (MS)

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Mas foi no dia 04 de abril de 1835 que a fundação de Pallotti recebeu a bênção oficial da Igreja. Nasceu, então, a União do Apostolado Católico (UAC). Desde o seu nascimento, a UAC reuniu diversas comunidades de fiéis de cada estado, leigos, sacerdotes, religiosos desejosos de plasmar a própria vocação apostólica ou missionária, segundo os ideais apostólicos de São Vicente Pallotti. Ele queria que cada um assumisse a missão de viver e de propagar o Evangelho de Jesus Cristo a fim de reavivar a fé, reacender a caridade na Igreja e mundo e levar todas as pessoas à união e comunhão com Cristo.

Desde o início, a UAC foi constituída pelo fundador de sa-cerdotes, religiosos e leigos e, nos anos sucessivos, teve um desenvolvimento mais orgânico, expandindo-se na comunidade dos sacerdotes e dos irmãos (Sociedade do Apostolado Católico – SAC), nas comunidades das Irmãs Palotinas e numa vasta comunidade de leigos de todo estado de vida e condição. A padroeira da União do Apostolado Católico, modelo eminente de vida espiritual e de zelo apostólico, é a Bem-aventurada Virgem Maria, a “Rainha dos Apóstolos”.

“Morreu o santo de Roma” Em janeiro de 1850, no dia 15, Pallotti ficou repen-

tinamente doente. Parecia que em breve se recuperaria; no entanto, para surpresa de todos, não conseguiu dei-xar a cama. Pediu o Viático e a Unção dos Enfermos e, depois de ter dado aos seus filhos espirituais as últimas recomendações, morreu serenamente aos 54 anos, no dia 22 de janeiro, terça-feira, às 21h45min. No dia seguinte, os jornais romanos noticiavam: “Morreu o Santo! O Após-tolo de Roma, o Pai dos Pobres!”.

Ele foi beatificado depois de um século, em 1950, pelo Papa Pio XII, e canonizado em 20 de janeiro de 1963, durante o Concílio Vaticano II, pelo beato e Papa João XXIII. De acordo com o Papa, Pallotti foi “um apóstolo incansável, diretor de almas, inspirador de entusiasmo santo e magnífico em empreendimentos apostólicos”. Sua vida pode ser caracterizada por três obras: Santo, Apóstolo e Fundador.

João Paulo II, numa visita aos Palotinos no dia 22 de junho de 1986, na Igreja São Salvador em Onda, onde repousa o corpo incorrupto de São Vicente Pallotti, exor-tou todos os seus seguidores: “Continuai a multiplicar o vosso empenho para que aquilo que profeticamente anunciou Vicente Pallotti, e o Concílio Vaticano II com autoridade confirmou, se torne uma feliz realidade, e todos os cristãos sejam autênticos apóstolos de Cristo na Igreja e no mundo!”.

A missão não conhece fronteirasO primeiro gesto missionário de Pallotti, em 1844, foi

o envio do padre Rafael Mélia e, mais tarde, do padre José Faà di Bruno para Londres, na Inglaterra, a fim de animar e manter a fé dos imigrantes italianos. Nessa mesma pers-pectiva missionária herdada do Fundador, que queria e desejava ardentemente que o mundo fosse o quanto antes

Logomarca mundial da UAC

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evangelizado, Pe. José Faà di Bruno, Reitor-Geral da União do Apostolado Católico, de 1869 a 1889, quis que, em julho de 1886, chegassem ao Brasil, propriamente em Vale Vêneto, hoje distrito de São João do Polêsine (RS), os dois primeiros padres palotinos: Pe. Jacó Pfändler (suíço) e Pe. Francisco Xavier Schuster (alemão).

As primeiras Irmãs Palotinas chegaram ao Brasil em Dona Francisca (RS), em 22 de março de 1933. Hoje, a missão sem fronteiras da União do Apostolado Católico está presente nos cinco continentes e distribuída em mais de cinquenta países.

A Província Nossa Senhora Conquistadora, dos Padres e Irmãos da Sociedade do Apostolado Católico, tem sua sede em Santa Maria e expandiu sua presença e seu tra-balho nos seguintes estados: Rio Grande do Sul, Paraná, Mato Grosso do Sul, Rondônia, Amazonas e, na África, em Moçambique. Existem membros da Província de Santa Maria também na África do Sul, na Argentina, nos Estados Unidos e em Roma. O seu apostolado consiste em paróquias, capelanias hospitalares, escolas, faculdade, casas de formação, meios de comunicação (rádio, revista e boletins periódicos, gráficas), projetos sociais e culturais, acompanhamento de movimentos pastorais e formação bíblica, teológica e litúrgica aos leigos.

Cinquenta anos de canonização A canonização de São Vicente Pallotti, no dia 20 de

janeiro de 1963, concluiu de forma gloriosa a sua cami-nhada neste mundo. Para a União do Apostolado Católi-co, para a Igreja e a história, ele deixou o seu modelo de santidade e o seu carisma apostólico para quantos desejam seguir Jesus Cristo, Apóstolo do Pai, e trabalhar com ele na salvação do mundo. Pautar a vida no seguimento e no apostolado de Jesus Cristo foi o projeto de vida de Pallotti. Ele queria ter o espírito de Cristo para participar no apostolado de Cristo e, por isso, pedia a Deus que “a sua vida fosse destruída e que a vida de Jesus Cristo fosse a sua vida”. “Que seja destruído tudo o que está em mim e que esteja em mim tudo o que está em nosso Senhor Jesus Cristo”. Noutra ocasião, escrevia: “Que a vida do Pai seja minha vida; que a vida do Filho seja minha vida; que a vida do Espírito Santo seja minha vida; que a vida da Santíssima Trindade seja minha vida; que a vida de Maria seja minha vida”. E prosseguia ainda o Santo de Roma: “A vida de Jesus Cristo seja a minha meditação, o meu estudo, um adorno para a Igreja em minha pessoa. A oração de Cristo seja a minha oração, a palavra de Cristo seja a minha palavra, a caridade de Cristo seja a minha caridade. O amor de Cristo para com a Virgem Maria seja o meu amor para com ela”.

Essa foi sua experiência em Jesus Cristo e com Jesus Cristo; nesta experiência pautou seu apostolado e sua missão em Roma e, depois, para todos os quadrantes do mundo. Para ele, Jesus Cristo é o único modelo de santidade para todo o gênero humano. Jesus Cristo, o Deus-conosco, que armou sua tenda entre a humanidade, foi o centro de sua vida. Via em Cristo o Deus feito homem, seguia-o de um modo total e radical. Muitas vezes, Pallotti se penitenciava da sua indignidade do ministério sacerdotal a

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Papa João XXIII

Bilhete de ingresso na Basílica Vaticano no dia da canonização

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serviço da Igreja: “O sacerdote deve ser santo pela função que exerce na Igreja, porque ocupa o cargo de mediador entre Deus e os homens, porque oferece com o sacrifício a vítima santa e imaculada. Meu Deus, não sou digno de ser santo; vós, no entanto, por vossa infinita misericórdia e pelos merecimentos de Jesus e Maria, fazei-me perfeito como vós mesmo o sois”.

“Fazei resplandecera santidade de Deus” (cf. Mt 5,16) Esta frase do Evangelho de Mateus foi escolhida para

a celebração dos cinquenta anos da canonização de São Vicente Pallotti e quer ser, acima de tudo, um convite a todos os cristãos, particularmente aos seguidores de São Vicente, a fazerem resplandecer na sua vida a santidade de Deus, que é a força de todo apostolado, porque a nossa vocação é para a felicidade e para a santidade. E quando isso acontece? Quando procuramos sinceramente viver em comunhão com Deus e com nossos irmãos e nossas irmãs, a exemplo de Jesus Cristo. São Paulo, na sua pri-meira Carta aos Coríntios, assim caracterizava a santidade: “Aos que foram santificados em Cristo Jesus, chamados a ser santos junto com todos que, em qualquer lugar, in-vocam o nome de nosso Senhor Jesus Cristo” (1Cor 1,2). Ele também exortava Timóteo: “Que ninguém despreze a tua jovem idade. Quanto a ti, sê para os fiéis um modelo na palavra, na conduta, na caridade, na fé, na pureza” (1Tm 4,12). Todos são chamados à santidade, “pois esta é a vontade de Deus: a vossa santificação” (1Ts 4, 3). Somos purificados e santificados pela Palavra de Deus (cf. Jo 15,3; 17,17.19). “Que o Deus da paz vos conceda santidade perfeita; e que o vosso ser inteiro, o espírito, a alma e o corpo sejam guardados de modo irrepreensível para o dia da vinda de nosso Senhor Jesus Cristo”, destacava São Paulo aos Tessalonicenses (cf. 1Ts 5,23).

Renovação espirituale apostólicaPe. Jacob Nampudakam, SAC,

Superior-Geral dos Palotinos, obje-tiva o que esperamos alcançar nesta celebração dos cinquenta anos de canonização de Pallotti: “Desejamos que este tempo forte (20 de janeiro de 2012 a 20 de janeiro de 2013) seja caracterizado por uma intensa

regeneração espiritual e apostólica para todos os mem-bros da União, que faça vivenciar plenamente a vida e a experiência evangélica, assim como São Vicente Pallotti fez durante a sua existência terrena... Um grande desafio nos espera durante este quinquagésimo aniversário não só nos eventos que realizaremos, mas de preferência no renascimento espiritual e apostólico que se espera de toda a União. Estamos certos que esse renascimento não deixará de proporcionar muitas graças e riqueza de dons, pessoal e comunitariamente”.

Pe. Lino Baggio, SAC, Superior Provincial, ao dirigir-se aos seus coirmãos, também faz a sua interpelação neste tempo jubilar: “A proposta de fundo para este Ano Jubilar, é que dediquemos um tempo especial à reflexão em torno da santidade em Pallotti com a finalidade de vivenciarmos uma profunda renovação espiritual e apostólica. Fica claro para nós que Vicente Pallotti, na sua intensa dedicação apostólica, soube percorrer um caminho de santidade, razão pela qual a sua Fundação foi abençoada por Deus... E aqui não há lugar para discursos abstratos, mas experiên-cias concretas de verdadeira comunhão. Não é no fim da vida que se chega à santidade. Ela deve aparecer e aparece, de fato, em cada instante que passa, em cada pequeno ato de amor, de bondade, de compaixão, de abertura e de acolhida do outro. Santidade não é um resultado que possa ser contabilizado, é antes uma tendência, uma superação diária, um esvaziamento progressivo de si. Santidade é um caminhar: um passo depois do outro”.

Dia Jubilar: 20 de janeiro de 2013Em vista da importância do “Dia Jubilar” dos cinquenta

anos de canonização de Pallotti, de 14 a 20 de janeiro, acontecerá no Centro Cultural Rainha dos Apóstolos, em Vale Vêneto, primeiro berço dos palotinos no Brasil, o

1 - Reprodução, em pintura, do milagre da cura do Pe. Adalberto Turowski.2 - Reprodução, em pintura, da cura do Balzarani, um dos milagres que serviram para o processo de canonização de Pallotti.

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O autor, colaborador desta Revista, é padre palotino, Mestre em Teologia

e Vice-Provincial residindo em Santa Maria (RS)

tradicional Encontro dos Padres e Irmãos Palotinos da Província de Santa Maria. Durante o encontro, estão previstos conferências, testemunhos, diálogos, celebrações e vivências em torno da temática da santidade de São Vicente Pallotti e da nossa santidade e repercussões do tempo jubilar na Província.

Também estão sendo organizadas celebrações euca-rísticas em Faxinal do Soturno e em Santa Maria para os dias 18 e 19 de janeiro respectivamente. No dia 19 de janeiro, em Santa Maria, acontecerá a Jornada da União do Apostolado Católico. E, no dia 20 de janeiro, às 9h, a Solene Eucaristia na Igreja Corpo de Deus, de Vale Vêneto, presidida pelo Arcebispo de Santa Maria (RS), Dom Hélio Adelar Rubert, e concelebrada por mais de noventa sacerdotes palotinos, irmãos, irmãs palotinas, seminaristas e fiéis leigos.

Após a Eucaristia, será inaugurado um monumento com a escultura de São Vicente Pallotti como marco e sinal dos cinquenta anos de sua canonização. Ao meio-dia, haverá almoço festivo no Salão Paroquial. A celebração conclusiva do Ano Jubilar para todos os membros da União do Apostolado Católico do Brasil será no dia 26 de janeiro de 2013 às 9h no Santuário Nacional de Nossa Senhora

Aparecida, presidida pelo bispo palotino, Dom Julio Endi Akamine, SAC, bispo-auxiliar da Arquidiocese de São Paulo, e será transmitida pela Rede Vida de Televisão.

E, como conclusão, o Senhornos chama à santidadePara o cristianismo, santos são os que conseguem tra-

çar sua vida no seguimento de Jesus Cristo, que passou, entre os seus, fazendo o bem (cf. At 10, 38). Essa foi a rica experiência feita por São Vicente Pallotti no exer-cício de seu ministério sacerdotal. Já o autor da Carta aos Hebreus poderá ajudar-nos na busca de santificação pessoal, comunitária, palotina e missionária: “Procurai a paz com todos e a santificação, sem a qual ninguém pode ver Deus” (Hb 12,14). Ainda que já consagrados e santi-ficados pelo batismo e inseridos na vida de Cristo Jesus, nossa santificação deve continuar no cotidiano de nossa vida, particularmente neste ano de 2013, nos cinquenta anos da canonização de São Vicente Pallotti, para sermos, como ele foi, discípulo missionário.

Corpo intacto de São Vicente Pallotti na igreja de São Salvador em Onda, Roma

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Como acontece a cada início de ano, planos e objetivos são traçados. “O que eu quero fazer neste ano” ocupa um espaço em nossa mente. Queremos convidar você a incluir em seu plano de ação e metas pessoal a

implementação ou o aprimoramento de alguns atos simples, como as dicas a seguir.

Escolha algumas e felizes realizações!

1. AnDE mEnOs DE CArrO. Use menos o carro e mais o transporte coletivo (ônibus, metrô) ou o limpo (bicicle-ta ou caminhada). Se você deixar o carro em casa duas vezes por semana, deixará de emitir setecentos quilos de poluentes por ano. E atenção: o que você não quer mais dentro de seu carro reserve em uma lixeirinha e descarte no local adequado.2. UsE A EsCADA. Para subir até dois andares ou descer três, que tal ir de escada? Além de fazer exercício, você economiza energia elétrica dos elevadores. Além do que, a cada quinze degraus que você sobe, queima cinquenta calorias.3. nãO DEixE O BAgAgEirO Em CimA DO CArrO sE nãO fOr Usá-lO. Qualquer peso extra no carro causa aumento no consumo de combustível. Um bagageiro vazio gasta 10% a mais de combustível devido ao seu peso e ao aumento da resistência do ar. 4. mAntEnhA sEU CArrO rEgUlADO. Calibre os pneus a cada 15 dias e faça uma revisão completa a cada seis meses ou de acordo com a recomendação do fabri-cante. Carros regulados poluem menos. Um por cento (1%) da frota mundial de veículos com manutenção cor-reta representa meia tonelada de gás carbônico a menos na atmosfera.5. lAvE O CArrO A sECO. Existem diversas opções de lavagem sem água, algumas até mais baratas do que a lavagem tradicional, que desperdiça centenas de litros a cada lavagem. Procure no seu posto de gasolina ou no estacionamento do shopping. 6. QUAnDO fOr trOCAr DE CArrO, EsCOlhA Um mODElO mEnOs pOlUEntE. Apesar da dúvida sobre o álcool ser menos poluente que a gasolina ou não, existem indícios de que parte do gás carbônico emitido pela sua queima é reabsorvida pela própria cana-de-açúcar plan-tada. Carros menores e de motor 1.0 poluem menos.

DICAS PRÁTICAS QUE ECONOMIZAM ENERGIA E PROTEGEM O PLANETA

Em cidades maiores, onde no horário de pico anda-se a 10km/h, não faz muito sentido ter um carro grande e potente para ficar parado nos congestionamentos.7. pArA Os mEsEs DE CAlOr intEnsO, COmprE Um vEntilADOr DE tEtO. Mesmo nos dias muito quentes, combine o ar condicionado com o ventilador de teto. A economia de energia pode chegar a 70%. 8. limpE OU trOQUE Os filtrOs DO sEU Ar COnDiCiOnADO. Cada aparelho de ar condicionado sujo representa 158 quilos de gás carbônico a mais na atmosfera por ano. 9. trOQUE sUAs lâmpADAs inCAnDEsCEntEs pOr flUOrEsCEntEs. Lâmpadas fluorescentes gastam 60% menos energia que as incandescentes. Assim, você economizará 136 quilos de gás carbônico anualmente. Não é preciso desligar constantemente as lâmpadas. Se você usa o aposento várias vezes ao dia, é preferível deixar acesa a lâmpada. Gasta menos energia que o liga-desliga. Cuide do descarte adequado, pois elas são muito poluentes.10. EsCOlhA ElEtrODOméstiCOs DE BAixO COn-sUmO EnErgétiCO. Procure por aparelhos com o selo Procel (no caso de nacionais) ou Energy Star (no caso de importados). 11. nãO DEixE sEUs ApArElhOs Em stand-by. Simplesmente desligue ou tire da tomada quando não estiver usando um eletrodoméstico. A função de stand-by de um aparelho usa cerca de 15% a 40% da energia consumida quando ele está em uso. 12. mUDE sUA gElADEirA OU frEEzEr DE lUgAr sE EstivErEm próximOs DO fOgãO. Eles utilizam muito mais energia para compensar o ganho de temperatura. Mantenha-os afastados pelos menos 15 cm das paredes para evitar o superaquecimento. Colocar roupas e tênis para secar atrás deles, então, nem pensar!

Janeiro/Fevereiro | 2013 RAINHA DOS APÓSTOLOS

12 Mundo Sustentável

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Coisas que você não deve fazer!

vOCÊ decide se é uma pessoa ou um “porquinho”! Assim ou assim! A brincadeira é antiga, mas a falta de respeito ao meio ambiente permanece em alta. (E olhe que os porcos, na Europa, já são animais de estimação, vivem limpinhos, organizados e bem cheirosos!)

Aqui vão alguns exemplos de atos que devemos repudiar. Não suje a cidade ou a praia. De uma maneira ou de outra, mais cedo ou mais tarde... Você sofrerá as consequências de sua irrespon-sabilidade!

revistarainha.com.br mundosustentavel

13. ECOnOmizE CDs E DvDs. Eles são, sem dúvida, mídias eficientes e baratas, mas você sabia que um CD leva cerca de 450 anos para se decom-por e que, ao ser incinerado, ele volta como chuva ácida (como a maioria dos plásticos)? Utilize mídias regraváveis, como CD-RWs, drives USB ou mesmo e-mail ou FTP para carregar ou partilhar seus arquivos. Hoje em dia, são poucos arquivos que não podem ser disponibilizados virtualmente em substituição a mídias físicas. 14. COnsiDErE trOCAr sEU mOnitOr. O maior responsável pelo con-sumo de energia de um computador é o monitor. Monitores de LCD são mais econômicos, ocupam menos espaço na mesa e estão ficando cada vez mais baratos. O que fazer com o antigo? Doe a instituições como o Comitê para a Democratização da Informática.

Quer saber mais dicas?acesse nosso site!

Janeiro/Fevereiro | 2013RAINHA DOS APÓSTOLOS

A autora, colaboradora desta Revista, é escritora, educadora e ambientalista [email protected]

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Sustentabilidade é tema cada vez mais em voga. Na Festa dos Navegan-tes, em Porto Alegre, o tema para este ano será:

“sUstEntABiliDADE. nAvEgAntEs ApOiA EssA CAUsA.

vEm COm A gEntE!”

O evento ocorre nos meses de janei-ro e fevereiro e tem seu momento maior no dia 02 de fevereiro. Esta linda festa, a maior festa religiosa da cidade de Porto Alegre acontece em terra e água e, neste ano, vai também mobilizar a população para ações específicas de consciência ambiental. Serão oficinas que irão abor-dar temas como destinação dos resíduos sólidos, utilização responsável da água, alternativas de mobilidade urbana não poluentes e preservação das florestas, além de ações práticas efetivas, como por exemplo: a eliminação da queima de fogos para saudar a Santa (o que era uma tradição) e a redução de material gráfico, sendo os utilizados em papel de origem ambientalmente correta. “Além da confraternização, queremos oferecer práticas que levem a uma sociedade consciente e responsável sob o ponto de vista ambiental”, destaca André Cardoso Vasques, Provedor da Irmandade.

fEstA DOs nAvEgAntEs2013 | porto Alegre (rs)

MARISE JALOWITZKI

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Janeiro/Fevereiro | 2013 RAINHA DOS APÓSTOLOS

14DOM AGENOR GIRARDI, MSCEspiritualidade

O coração e a história de nossa igreja XI

A cruz de cada dia. Abrindo a Sagrada Escritura e, sobre-tudo, os evangelhos sinóticos, encontramos o convite de Jesus para tomar a cruz como condição para segui-lo. No Evangelho de Marcos, Jesus chama a multidão para perto de si juntamente com os seus discípulos e diz: “Se alguém quiser vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me” (Mc 8,34). No Evangelho de Mateus, porém, Jesus fala somente aos seus discípulos (Mt 16,24). A grande novidade está em Lucas, quando diz que a cruz deve ser aceita e carregada “cada dia”, ou seja, “tome sua cruz cada dia”. Em Lucas, Jesus também fala a todos, ou seja, às multidões (Lc 9,23). O seguimento de Jesus passa pela cruz. Ela se apresenta de muitas maneiras e nas mais diversas circunstâncias da vida.

A cruz do Mestre e dos discípulos. Jesus estava ple-namente ciente da necessidade de sua entrega ao Pai. O amor não pode chegar a terra sem passar pela cruz. A condição do Mestre chega também aos discípulos. Estes também deverão tomar a cruz e segui-lo, “perder a própria vida para salvá-la” (Mt 16,25). A salvação não virá pelo sucesso, mas pelo sacrifício de si oferecido por amor, aceito e reconhecido pelo Pai, que saberá restituir a vida plena. Os verbos empregados, “renegar”, “carregar a cruz”, “seguir”, “perder a vida” são matizes da mesma realidade. Quem quiser seguir a Jesus deve renunciar com deci-são a tudo para compartilhar com ele até a cruz. O verdadeiro cristão deve estar pronto a qualquer sacrifício para viver com Jesus e nele encontrar a verdadeira vida.

Ser discípulo sem ilusões. Aceitar Jesus como Servo Sofredor quer dizer segui-lo com plena adesão ao seu convite nas situações do cotidiano. A perspectiva pode parecer difícil, mas é o “caminho que conduz à vida” (Mt 7,14). Jesus não ilude a quem quer tornar-se discípulo seu nem promete falsos triunfos, mas também não decepciona, porque o sacrifício leva à glória do Pai. O caminho da cruz é o caminho que leva à vida e ao poder de sua ressurreição. Lucas mostra Jesus, no início da grande viagem, tomando com decisão o caminho de Jerusalém (Lc 9,51). O caminho do cristão é seguir Jesus. Ninguém pode ser discípulo se não compreende o que significa estar disposto todo dia a “perder a vida” por ele. Escolhendo a Jesus, o discípulo encontra também incom-preensões e perseguições; será mesmo necessário renunciar ao próprio eu e aos próprios apegos.

Um Messias sofredor. O ministério profético não é uma vocação à tranquilidade. Só resta ao discípulo uma possibilidade: “deixar-se conduzir pelo Senhor”. Para Jesus, o sofrimento, a paixão e a morte de cruz são as respostas para vencer a situação de pecado no coração humano. A morte é “sua hora máxima” que se aproxima. É necessário que ele vá a Jerusalém e “sofra muito por parte dos anciãos e dos sumos sacerdotes” (Lc 9,22). Com essa atitude, Jesus se afasta completamente das concep-ções messiânicas comuns do seu tempo, inseridas também na mentalidade dos discípulos. Não é um messias político nem um simples profeta, mas é o Filho de Deus. A imagem de um

A teologia da cruz

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Janeiro/Fevereiro | 2013RAINHA DOS APÓSTOLOS

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O autor, colaborador desta Revista, é mestre em Teologiae Espiritualidade e Bispo Auxiliar da Arquidiocese

de Porto Alegre (RS) | [email protected]

messias sofredor, de um servo crucificado, não era concebível pela sociedade do seu tempo nem pelos discípulos.

Duas mentalidades opostas. A opção de Jesus é total-mente nova e original; desconcerta a todos. Exige uma tomada de posição nunca vista antes. Também hoje encontramos aqueles que esperam a salvação pelo sucesso e pelo querer “ganhar o mundo inteiro” e, portanto, organizam sua vida e suas atividades a partir dessa ótica. Mas há também aqueles que esperam a sal-vação das mãos de Deus e a Ele se entregam totalmente, vivendo com fidelidade o seu chamado, embora aos olhos do mundo estejam “perdendo a vida” e indo ao encontro do fracasso. As duas realidades podem conviver dentro da mesma pessoa; por exemplo, em Pedro, o discípulo que está pronto para confessar sua fé em Jesus, o messias Filho de Deus, mas logo em seguida se torna “satanás”, disposto a afastar Jesus de sua missão e da vontade de Deus Pai (Mt 16,22-23).

A coerência entre o falar e o agir. Uma maneira de trair a Palavra de Jesus é aceitá-la no plano teórico e até mes-mo na afirmação verbal e depois desmentir tudo, negar tudo, exatamente na práxis da vida. É uma oposição contínua ao Evangelho e à própria cruz de Cristo. Vive-se um comodismo enraizado e uma profunda falta de vontade de conversão. São típicas de muitos cristãos algumas atitudes individualistas, em que a política prevalece sobre o evangelho, possibilitando assim que a mentalidade do mundo seja vencedora em tais situações. Conforme tal mentalidade, é possível até celebrar a eucaristia, anunciando a morte e a ressurreição de Jesus sem entrar em comunhão com Cristo e com os irmãos. É possível se considerar cristão e aceitar só uma parte, ou seja, um aspecto do evangelho.

A difícil missão de aceitar a cruz. A concepção do Messias como Servo Sofredor é o que se podia propor de mais distante e escandaloso para a mentalidade, bem como às ex-pectativas do povo judeu. Por isso, a reação de Pedro é muito significativa. Como é difícil e trabalhoso o caminho da fé que aceita o “escândalo da cruz”. Os discípulos, mesmo sendo um grupo qualificado e distinto dos demais ouvintes de Jesus, não aceitaram que ele fosse morto na cruz. Há um modo de pensar segundo Deus ou, então, segundo os homens. O critério para distingui-los é somente um: a cruz, na qual cada dia é necessário morrer um pouco para si. O verdadeiro discípulo sabe que deve tomar sua cruz. Não basta crer em Deus somente, mas é preciso fazer o caminho de Jesus que passa pela sua cruz.

A cruz da esperança. A cruz de Cristo continua a ser para muitos, também nos dias de hoje, loucura e escândalo. Estamos dispostos a aceitar Jesus como o Cristo, como o Filho de Deus, como o enviado do Pai, mas o Cristo do Calvário

permanece para nós um mistério incompreensível. O Pai não tinha necessidade dos sofrimentos de Jesus, mas somente do seu amor “até o fim” (Jo 13,1). O grande mistério é que o Reino de Deus prosseguiu o seu caminho mesmo quando a maldade humana matou o Filho de Deus. Naquele momen-to, porém, nem Jesus nem o Pai voltaram as costas para nós. Do maior pecado, nasceu o maior amor. A morte e o fracasso não são palavras finais, mas expressões de esperança. Contem-plar a cruz de Cristo é renovar sempre nossas esperanças.

Entre o céu e a terra. Deus se apresenta a nós como Salvador numa das penas de morte mais cruéis que a humani-dade conheceu: uma estaca vertical e uma trave horizontal – e aí está um homem suspenso entre o céu e a terra, o próprio Filho de Deus, esse Deus que sofre conosco num ato supremo de amor, ama e salva o mundo. Não permite que o mal tenha a última palavra. O mal não vem dele. Aquela cruz se prolonga em todas as direções. Aquele Homem estendido nela aponta o amor para todas as direções e indica o insondável mistério de Deus para todos. Nessa cruz, há um coração aberto, revelando o mais profundo segredo de um Deus solidário com todos os seres humanos.

O caminho para a vida. Jesus tem uma identidade pessoal que salva e revela. Para salvar a Verdade de sua vida, ele está disposto a tudo, até a dar a própria vida. A decisão de ser ele mesmo e cumprir a vontade do Pai é o ato supremo de amor e fidelidade; é o ato pelo qual a vida é salva. Jesus nos salva por aquilo que ele é, mas também com aquilo que faz. Os discí-pulos, que refletem a mentalidade corrente, pensam que Jesus é um messias com poder político (Lc 9,18-22). Jesus, todavia, entende sua missão como amor e doação da própria vida. Só Deus é amor, abertura, comunhão, não há outro caminho. Só um homem-amor pode ser a revelação do Deus-amor. Esse é o único caminho para a conversão dos corações. Jesus jamais poderia aceitar ser o que seus compatriotas queriam que ele fosse. A morte violenta na cruz tem duas faces: por um lado, revela a força do pecado e, por outro, a força do amor mais forte do que a morte. A morte de Jesus na cruz é a fonte da vida porque a vida tem suas raízes no amor; uma fonte que o ser humano almeja. A redenção humana passa pela cruz de Cristo. Essa cruz continua a atrair multidões de todos os tempos e de todas as gerações. A cruz é o sinal que mais fala à humanidade.

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16 Catequese, vocação e missão

Sem sombra de dúvida, em cada início de ano nos parece que tudo é novo, desde a agenda que carinhosamente adquirimos, como as promessas

que fazemos a nós mesmos de mudar para melhor. No entanto, se faz necessário estarmos preparados para as sur-presas do dia a dia. Nosso propósito é lutar pelos valores que caracterizam a plenitude da vida; essa luta poderá ser difícil sem a presença de Jesus, que estabeleceu um padrão entre os valores presentes no Evangelho e os do mundo, os quais são completamente contrários.

Nós, catequistas, a cada novo ano que se inicia senti-mos uma sensação boa de que temos que realizar tudo o que não tivemos oportunidade e tempo de fazer no ano que passou. É o momento de novos planos e projetos, vontade de acertar, coragem de reiniciar. Contudo, como evangelizadores, além de tudo isso, não podemos perder o foco dos verdadeiros valores do evangelho, pois tudo o que possuímos nesta terra só se reveste de importância se associado à busca dos valores do Reino. Jesus nos adverte: “Buscai em primeiro lugar o reino de

Os valores de cada um(a) de nós são

o resultado de como foram os princí-

pios adquiridos da família no decorrer

da vida. Como cristãos comprometi-

dos com o nosso batismo, devemos

cultivar, como valores essenciais, a

verdade, a justiça, a ética, a disciplina,

a integridade, o desapego, a paz e o

amor “ágape” (aquele de que nos fala

o apóstolo Paulo em 1Cor 13).

Revendo os valores

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Janeiro/Fevereiro | 2013RAINHA DOS APÓSTOLOS

17BENEDITA DE SOUSA

Deus e sua justiça, e todas as demais coisas vos serão acrescentadas” (Mt 6,33).

Portanto, neste começo de ano, temos que estar atentos ao excesso, pois à medida que passamos a viver em função do olhar crítico do outro menos vamos nos importar com os valores do evangelho, em sermos humil-des, simples, sinceros, moderados, misericordiosos, não colocando os valores do mundo acima de Deus.

Para que isso aconteça, precisamos reconhecer o que nos é dado gratuitamente por Deus, a força do Espírito Santo. Esse Espírito que habita em nós é o recurso de Deus para que saibamos usar os nossos dons com sabedoria, não a do mundo, mas a que nos é enviada pelo Altíssimo, como diz o apóstolo Paulo (1 Cor 2,12).

Se assim procedermos, será fácil rever nossos valores neste princípio de ano, pois, ainda como disse São Paulo aos cristãos de Corinto, sabemos que tudo na vida é per-mitido, mas nem tudo nos convém como filhos de Deus; que tudo pode ser lícito, mas não podemos nos deixar dominar por coisa alguma (1Cor 6,12).

Portanto, meus irmãos e minhas irmãs catequistas, é importante que saibamos usar com sabedoria o “livre-arbítrio” (a liberdade de pensamento e ações), que nos foi presenteado por Deus. Ele é uma bênção e uma graça que pode se tornar a nossa maldição se não agirmos com o dom do discernimento. Deus nos deu o livre-arbítrio para ser usado com toda responsabilidade, sempre lembrando que o meu direito e a minha liberdade se encerram quando começam o direito e a liberdade do outro.

Façamos com humildade e fé uma reavaliação de nossos valores e, se por acaso encontrarmos excessos, vamos colocá-los aos pés do Senhor Jesus; pedir sabedo-ria, força, moderação, mansidão, amor e fé na Trindade. Não esqueçamos que somente o Senhor pode nos manter firmes e fortes nestes tempos difíceis.

Revendo os valores

Buscai em primeiro lugar o reino de Deus e sua justiça, e todas as demais coisas vos serão acrescentadas” (Mt 6,33).

A autora, colaboradora desta Revista, é teóloga e escritora em São Paulo (SP)

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Os benefícios de apanhar solMuito mais do que o aspecto superficial de um

bronzeado atraente, os benefícios de apanhar sol de forma responsável são numerosos. A luz do sol aumenta a energia, o humor e o sistema imunitário.

1 - Combate a depressão. Apanhar sol faz com que o cérebro produza serotonina e endorfinas, melhorando o humor e ajudando a combater a depressão.

2 - Combate a insônia. Os banhos de sol tam-bém evitam insônia. O cérebro tem um relógio interno que se liga com o sol, produzindo mais melatonina e aumentando as hipóteses de uma boa noite de sono.

3 - pele mais limpa. As irritações de pele como acne, eczema, erupções e pé de atleta podem ficar curadas com a exposição solar. A pele fica límpida e ganha um aspecto saudável.

4 - Equilibra as hormonas. O sol ajuda a regu-lar a produção de hormonas. Apanhar sol ajuda a diminuir os sintomas pré-menstruais ou da meno-pausa. O sol estimula também a glândula pineal do cérebro, regulando as suas secreções, permitindo mais criatividade e atenção, melhor discernimento e melhor disposição.

5 - menor quantidade de toxinas. Os banhos de sol potenciam as funções do fígado, ajudando na eliminação de resíduos e toxinas que podem provocar doenças e cancro.

6 - melhor circulação. O sol aumenta a conta-gem de glóbulos brancos e vermelhos, melhorando a eficiência da circulação.

7 - mais vitamina D. A exposição solar aumen-ta os níveis de vitamina D, regulando o sistema imunitário, aumentando a absorção de cálcio, permitindo ossos mais fortes, prevenindo pedras nos rins, diabetes e até obesidade. Pensa-se até que a vitamina D melhora o sistema cognitivo e diminui as chances de Alzheimer.

Aproveite bem o verão

Fuja das tentações

como: frituras

e doces

Prefira sanduíchesnaturais com pão integral!

Não se esqueçade beber água em abundância.E coma muitas, muitas frutas!

Uma boa opção para

quem for à praia é levar

uma bolsa térmica cheia

de frutas e água.

A pele sensível dos lábios também precisa de cui-dados, principalmente durante o verão. O excesso de exposição ao sol pode desidratar a região e favorecer o ressecamento e a descamação. Para evitar isso, beba muito líquido e invista em hidratantes labiais.

Suco bronzeadorCenoura, batata-do-

ce, abóbora, beterraba, mamão papaia, manga, brócolis e espinafre são ricos em betacaroteno. No organismo, o nutriente é responsável pela formação da vitamina A e reforça a cor do bronzeado.

receita:1 copo pequenode suco de laranja1/2 beterraba crua1 cenoura média

Centrifugue a cenoura e a beterraba e misture ao suco de laranja.

Chegou o verão!! E, cla-ro, chegou também a época de praia. Todo cuidado é pouco. Mas nem tanto as-sim. Devemos ter cuidados, mas sem exageros.

Em vez de ficarmos pen-sando apenas nos perigos do sol e do calor em excesso, que tal vermos as ideias por outro ângulo? O que a natureza nos oferece deve ser usado com equilíbrio e bom senso. Partindo desse princípio, podemos ter mui-tos benefícios para um verão mais saudável.

veja ao lado algumas dicas e boas férias!!

Janeiro/Fevereiro | 2013 RAINHA DOS APÓSTOLOS

18 Miscelânea

Page 19: Revista Rainha dos Apostolos Janeiro 2013

Na década de 1930, um químico australiano formulou um agente prote-tor contendo 10% de salol. Em 1935, surgiram nos EUA loções protetoras com compostos de ácido oleico, quinino e bissulfato de qui-nino. Em 1936, surgiu o pri-meiro filtro solar produzido em escala comercial.

Túnel do Tempo

Você Sabia?

Origem dos Esportes

FiltroSolar (1932)A origem do surfe, atribui-se aos habitantes

da Ilha de Uros, no Peru, que há 450 anos desafiavam o mar em balsas feitas de

totora, um tipo de palha. Os pescadores ficavam de pé em cima das balsas e as direcionavam, com os remos, em direção à praia. Essas balsas são as ancestrais da prancha, talhada em peroba por George Freeth e Duke Kahanamoku nos primeiros anos do século XX no Havaí. Atualmente, se atribui a origem do esporte aos havaianos; no entanto, os peruanos tentam reivindicar isso.

Foi somente nos anos de 1950 que apareceu o poliuretano, material mais resistente e flexível que tornou as pranchas mais ágeis e rápidas. A partir daí, a evolução do surfe, que ocorreu em conjunto com as pranchas, foi num pulo até os dias de hoje. O primeiro torneio internacional ocorreu em 1953 no Havaí.

No Brasil, os primeiros praticantes de surfe de que se tem notícia surgiram em Santos na década de 1930. No entanto, é a praia do Arpoador, no Rio de Janeiro, que realmente pode ser considerada o berço do surfe brasileiro.

Vieram novas pessoas, novas ideias e surgiram pranchas feitas de madeira e sem quilhas, as chamadas “portas de igreja”. Por volta dos anos 1950, já se ficava de pé na prancha.

Chegaram os anos 1960, o surfe já tinha evoluído muito. Surgiram as primeiras pranchas de fibra de vidro, que foram um sucesso, pois eram muito mais leves e rápidas. Rolaram os primeiros campeonatos oficiais de surfe, embalados pelo som dos Beatles, Beach Boys, Elvis e Chuck Berry. Todo mundo participava, ocorrendo também os pri-meiros campeonatos femininos. O estilo de vestir, dançar, pensar e falar nesses anos era ditado pelos surfistas. O surfe era moda e veio para ficar.

SURFE

Que para obter 1kg de açafrão é ne-cessário colher um milhão de flores dessa espécie?

Que os búlgaros, para dizer sim, movem a cabeça de lado a lado e, para dizer não, movem-na para cima e para baixo?

Que as raízes de uma figueira podem penetrar na terra até 125 metros?

Que nenhum pedaço de papel pode ser dobrado na metade mais de 7 vezes? Faça a tentativa!

ATENÇÃO: Se você está lendo esta frase, já deve ter percebido que o mundo não acabou em 2012!

Então! Aproveite e realize seus desejos neste ano que se inicia... Um feliz 2013 a todos os nossos leitores!

O Dia de Reis, segundo a tradição cristã, seria aquele em que Jesus Cristo recém-nascido

recebera a visita de “três magos do Oriente” que ocorrera no dia 06.A data marca, para os católicos, o dia para a veneração aos Reis Magos, que a tradição surgida no século VIII converteu nos santos Melchior, Gaspar e Baltazar. Nessa data, ainda, encerram-se para os católicos os festejos natalícios – sendo o dia em que são desarmados os presépios e por conseguinte são retirados todos os enfeites natalinos.

06 de janeiro | Dia de Reis

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Janeiro/Fevereiro | 2013 RAINHA DOS APÓSTOLOS

20 Pérolas e Bugigangas

Antes, aceitávamos. Hoje, questionamos. Antes, escutávamos. Hoje, falamos. Antes, obedecíamos. Hoje, transgredimos. Antes, tínhamos poucos

caminhos a seguir. Hoje, temos inúmeras possibilidades. Na sociedade atual, em que tudo se relativiza, temos poucas referências concretas, o que acarreta uma série de seres humanos angustiados, procurando uma razão para viver, buscando dar sentido à vida.

A juventude é uma bela fase em que tudo parece pos-sível, em que os sonhos estão logo ali, ao nosso alcance, em que experimentamos o sentimento de imortalidade, de vida longa, de construção de carreira. Tudo parece longínquo, duradouro e feliz. Os projetos que temos nos alimentam e sentimos o vigor de quem tudo quer abraçar.

Ao mesmo tempo, estamos mergulhados em uma era tecnológica que apressa o ritmo da vida. A paciência se tornou uma virtude das mais raras. Se o computador trava, se a fila não anda, se alguém demora para nos respon-der... qualquer tempinho a mais já nos irrita. A rapidez em acessarmos informações, a rapidez em conhecermos pessoas, a rapidez em nos conectarmos com mundos distantes repercute na vida social dos jovens. Todas as esferas da vida sofrem esse impacto, e no campo religioso não poderia ser diferente.

Os jovens questionam a religião e não se permitem um tempo para refletir. Querem ouvir as respostas que mais lhes convêm e, quando não as têm, acabam indo atrás de outras respostas e de outras verdades. Explicar a fé não é fácil. Viver de acordo com as normas da Igreja tampouco o é. E, nesse oba-oba em que estamos, em que o mais fácil sempre é mais bem-vindo, acabam-se por se contaminar com o auê da maioria. Por que ser discreto, por que per-severar, por que evitar prazeres se – afinal – vivemos só uma vez, se a vida precisa de sentido, precisa de histórias e de fotografias para serem colocadas nas redes sociais?! Todos querem mostrar o quanto estão bem, o quanto se

no meio do mundojovens

Page 21: Revista Rainha dos Apostolos Janeiro 2013

Janeiro/Fevereiro | 2013RAINHA DOS APÓSTOLOS

21Flávia Pollo

A autora, colaboradora desta Revista, é jornalista em Porto Alegre (RS)

divertem, o quanto têm amigos. Poucos percebem que, quanto mais querem encher a vida de sentido superficial, menos conseguem. A bonita pose pode até convencer os outros de que aquilo representa felicidade, mas não convence a si mesmo.

Nesse contexto de rapidez e superficialidades, a Con-ferência Nacional dos Bispos do Brasil lança como tema da Campanha da Fraternidade a relação “Fraternidade e Juventude”, com o lema “Eis-me aqui, envia-me” (Is 6,8). O assunto é um convite à reflexão sobre a juventude, no ano em que a Jornada Mundial da Juventude será realizada no Brasil, na Cidade Maravilhosa.

“Eis-me aqui” é uma afirmação de serventia e humilda-de. “Eis-me aqui”, eu, com toda a minha vitalidade juvenil, com todas as minhas dúvidas também, mas estou aqui, quero trilhar um caminho diferente da maioria, quero ser sal para a terra. “Eis-me aqui”, coloco-me à disposição, quero ser parte desse caminho rumo a Jesus Cristo.

A segunda parte dessa pequena frase é ainda mais de-safiadora: “envia-me”. “Envia-me”, não para longe, mas para perto, para o meio das pessoas, “envia-me” entre os meus amigos, entre os colegas da faculdade, entre os meus vizinhos para que eu possa fazer alguma diferença, para que eu possa ser exemplo.

O texto-base da Campanha da Fraternidade resume muito bem a proposta da Igreja. “A Igreja no Brasil, ao repropor Juventude como tema da Campanha da Frater-nidade neste tempo de mudança de época, deseja refletir, rezar com os jovens, reapresentando-lhes o Evangelho como sentido de vida e, ao mesmo tempo, como missão. O Evangelho é nossa vida, nossa existência. A Campanha da Fraternidade é um convite para nos convertermos e irmos ao encontro dos jovens e, ao mesmo tempo, é um convite aos jovens para se deixarem encontrar por Jesus Cristo, caminho, verdade e vida (Jo 14,6).”

O convite está feito. O lema e o tema foram propostos.

E você, caro jovem, vai aceitar?

“Ide e fazeidiscípulos entre

todas as nações”(Mt 28,19).

Acompanhe as notícias deste evento através do site: rio2013.com

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Janeiro/Fevereiro | 2013 RAINHA DOS APÓSTOLOS

22 Direitos Humanos

O direito à educação é descrito principalmente no artigo 6º CF/88, na ordem individual ou coletiva, recebendo complementos e desta-

ques mais detalhados e específicos no artigo 205 CF/88: “A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho”.

A postura do Estado, de apresentar a educação no rol dos direitos fundamentais, não passa do reconhecimento de um direito próprio da natureza humana, conforme descreve Machado Júnior: “A educação é um direito de personalidade, decorrente da simples existência do ser humano, que tem início com o seu nascimento e apenas

termina com a sua morte. Esse direito não se refere tão somente a uma liberdade de aprendizagem, mas se ca-racteriza como direito social, pois todos podem exigir do Estado a criação de serviços públicos para atendê-los”.

A educação tem por característica ser direito funda-mental de caráter irrenunciável, imprescritível, universal e inalienável. Ao ser apresentada como direito universal, o constituinte também atribui ao Estado a responsabilidade principal. A ele compete o dever de estruturar (segundo o artigo 206 CF/88) a educação de forma adequada, conforme descreve o próprio dispositivo constitucional, abrangendo a dimensão antropológica, cultural, política e profissional.

As políticas públicas têm por dever possibilitar cada vez mais o acesso de todos a esse direito, e as demais normas

Educação eDireitos Humanos

Entre a lei,a realidade e o ideal

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Janeiro/Fevereiro | 2013RAINHA DOS APÓSTOLOS

O autor, colaborador desta Revista, é padre palotino e advogado

[email protected]

23Pe. JadiR ZaRo, SaC

constitucionais ou infraconstitucionais devem ter por função possibilitar o direito descrito. A sua aplicabilidade é imediata, podendo ser exigida judicialmente se não for dada por ordem administrativa.

Tendo por fundamento o direito descrito, para que se possa ter uma noção da atual situação da educação no Brasil e o discurso feito nos mais diversos setores e insti-tuições, apresentam-se algumas estatísticas colhidas das seguintes instituições: MEC, UNESCO, IDEB, Zero Hora, Ranking Mundial Brasil e UNESCO.

No relatório de monitoramento global do nível da educação, realizado em 167 países, o Brasil está no 88º lugar. Em outra pesquisa realizada entre 127 países, que também avalia o nível da educação do país, o Brasil encontra-se 53º em ciências e 57º em matemática. Con-tudo, o povo brasileiro é considerado pacífico, criativo e democrático, contando com bom desenvolvimento agrícola, com recursos naturais significativos e pessoas ascendendo socialmente.

No que tange à frequência do aluno na série corres-pondente à sua idade, os dados colhidos descrevem que 34,5% dos alunos do ensino médio não estão na série correspondente à sua idade. Mesmo assim, o Brasil é possuidor de uma juventude saudável, com uma mistura racial bem aceita, e as mulheres cada vez mais conquistam seu espaço. As crianças e os adolescentes possuem como meio de proteção um dos melhores códigos, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).

No que tange à carreira de professor, percebe-se que apenas 2% dos estudantes brasileiros querem seguir a profissão de professor. Mas o povo diz ter orgulho de ser brasileiro, e 75% da população acredita que o Brasil está melhorando. As crianças admiram seus professores, e a sociedade diz reconhecer a importância do professor e da escola.

Mais especificamente sobre as ciências exatas, verifica-se que 89% dos estudantes chegam ao último ano do ensino médio sem aprender o esperado em matemática. Contu-do, sabe-se que o progresso de um Estado depende do desenvolvimento da matemática; acredita-se que a área é base das demais ciências.

As pesquisas apontam que a maioria dos estudantes brasileiros não aprende o esperado conforme a sua idade.

Comumente, argumenta-se que a repetência é maior do que deveria, que existem escolas suficientes para a maioria das crianças. Além disso, afirma-se que se tem facilidade em manusear as tecnologias digitais.

Na relação entre pais e responsáveis com a escola, percebe-se que a maioria deles não participa da vida escolar dos filhos. O povo brasileiro, porém, acredita que a escola é um dos melhores caminhos para se formar a criança e o jovem; que um bom aluno será um ótimo cidadão; que a aprendizagem é a melhor herança dada para os filhos; e que a educação é o melhor passaporte para um futuro digno.

Tendo por base tais dados e estando ciente da impor-tância da educação para a sociedade, determinada em-presa apresentou algumas propostas para que os números descritos modifiquem para uma melhor relação entre a lei e a realidade. Dentre as muitas propostas, ela deseja valorizar a escola como centro do saber e espaço para o desenvolvimento individual e coletivo dos estudantes, defender a valorização dos profissionais do ensino e mo-bilizar a sociedade para participar ativamente no processo educacional.

Neste início de ano, voltemos o olhar para a nossa responsabilidade de seres humanos; seria sábio e humano que todo cidadão se sentisse mais educador e estivesse ciente de que qualquer atitude tomada influencia direta ou indiretamente o processo de maior humanização da sociedade.

Deseja-se, portanto, que o direito assegurado na Constituição, que tem por meta a dignidade humana como valor central e objetiva formar uma sociedade com a presença de cidadãos mais conscientes e ativos, seja um caminho construído com a participação de todos, em que o cidadão se sente um agente responsável, participante e transformador, percebendo na realização desse direito a melhor formação de sua identidade e a concretização de uma sociedade mais humanizada.

“A educação é um direito de personalidade, decorrente da simples existência do ser humano, que tem início com o seu nascimento e apenas termina com a sua

morte. Esse direito não se refere tão somente a uma liberdade de aprendizagem, mas se caracteriza como direito social, pois todos podem exigir do Estado a criação de serviços públicos para atendê-los”.

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Janeiro/Fevereiro | 2013 RAINHA DOS APÓSTOLOS

24 Psicogerontologia

A literatura psicológica deu muita

ênfase à importância do papel da mãe

para a formação do psiquismo do bebê,

considerando a importância da simbiose

existente entre ambos (durante a gesta-

ção, quando existe um só corpo para os

dois) e o papel posterior da maternagem

(como significativo para o desenvolvi-

mento e a maturação do bebê).

Em relação à função de pai, embora este não tenha uma relação corporal com o filho, sua atuação para o desen-volvimento do futuro serzinho é indispensável, porque

é através da segurança e do afeto oferecido à mãe que esta desempenhará seu papel, principalmente quando se encontra fragilizada no período da gestação e puerpério (meses após o nascimento).

O psicanalista francês Lacan (1949) foi mais além. Entendeu que o papel do pai tinha funções estruturadoras, uma vez que cabe a ele oportunizar a separação e individuação do bebê com a mãe para que este amadureça. Seu empenho, portanto, como representante da lei e da ordem simbólica, auxilia a construção da subjetividade do bebê, oportuniza o desenvolvimento do

pensamento e a formação de sua personalidade com as devidas regras e os princípios que o colocarão diante da realidade e regularão seu convívio social posterior.

Por outro lado, o exercício da paternidade possibilita ao indivíduo aprontar-se como adulto a partir desse acontecimento e registrar sua extensão natural, a continuidade biogenética, isto é, sua transcendência, uma vez constatado que o filho repre-sentará a sequência da vida, a percepção de que não morrerá com a própria morte.

A função e o papel do pai, além de auxiliarem no exercício para a maturidade devido à facilitação e revivência de situações da sua própria infância, possibilitam que frustrações e mágoas sejam reparadas, assim como a retomada de momentos praze-rosos a partir da repetição com os filhos daquilo que deu muita alegria na infância do passado.

Tanto a elaboração do que ficou faltando como a resolução de antigos conflitos que permaneceram incompreendidos, ao ter que enfrentar com seus filhos algo semelhante, tornam-se recursos excelentes para quem deseja amadurecer como pai e como pessoa. Caso contrário, não é raro repetirem da mesma ma-neira como seus pais o fizeram para educá-los, com as mesmas condutas para resolução de acontecimentos semelhantes − não são raros os pais que entendem que autoridade e agressividade andam juntas porque assim foram ensinados.

Mas, vale lembrar, estamos em outra época e é necessário estar atento para as exigências que a educação atual impõe. A relação entre pai e filho pode possibilitar a correção daquilo que não foi bem-sucedido no passado, mas é necessário evitar

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Janeiro/Fevereiro | 2013RAINHA DOS APÓSTOLOS

A autora, colaboradora desta Revista, é psicóloga clínica, psicogerontóloga

em Porto Alegre (RS) | (51) 3328-6076

25helena beatRiZ Finimundi balbinotti

oferecer aos filhos o que ele próprio gostaria de ter tido do seu pai naquela ocasião − o importante é estar sintonizado com a necessidade do filho no momento.

Por isso, ser pai, na atualidade, exige amadurecer e sentir-se sintonizado afetivamente no seu novo papel para poder tornar-se tão ou melhor do que seu pai conseguiu ser, sem procurar ali-mentar vaidades narcisistas, mas sempre numa relação empática. Todas essas mudanças acontecem com movimentos emocionais importantes para ambos, pais e filhos.

A continuidade do ciclo da vida permite que a paternidade evolua para outro papel, o de ser avô, uma vez que os filhos, até pouco tempo crianças, estão se tornando adolescentes e adultos jovens e logo terão seus filhos.

No caso dos filhos adolescentes, estes passarão a exigir novas posturas dos pais, que até então eram protetores, para assumir uma nova identidade paterna - a de ser um promotor interes-sado pelo progresso dos filhos, mas não se mostrando muito poderoso. Encontrar o equilíbrio de como desempenhar seu papel junto aos filhos sem que pareça estar muito próximo − despertando a impressão de não confiar neles, nem tão distante que signifique desinteresse − é um bom teste de maturidade e amor nos dias de hoje, quando os jovens querem manter uma autonomia precoce.

É nessa luta intrapsíquica (de ser um pai não invasivo e do filho poder acolher o que o pai oferece) que acontece o desenvolvimento em direção à nova fase para ambos. O filho viverá sua adolescência com um bom referencial identificatório, fundamentado no respeito, na tolerância e no amor e se enca-minhará para a adultez de forma tranquila, pela admiração que mantém pelo pai. Este, por sua vez, aprenderá a educar o filho sintonizado nas exigências atuais, a partir de uma relação de trocas e responsabilidades compartilhadas, conquistando mais um degrau para a maturidade e se preparando para seu novo papel − o de ser avô.

Essa dinâmica nem sempre acontece sem conflitos e desen-contros. Não é raro os jovens queixarem-se de que certas atitudes dos pais mais parecem ser de desconfiança do que de cuidados, enquanto os pais justificam estarem protegendo o filho.

Lembro-me de uma situação em que o jovem tomou todas as iniciativas após decidir-se sobre o curso superior que desejava fazer, encaminhando a documentação e demais exigências sem consultar o pai. Este, profundamente magoado, sentindo-se excluído, passou a criticar e a desacreditar todas as decisões do filho, mesmo sabendo que estas haviam sido plenamente exitosas. Somente após um trabalho com ambos, o pai pôde

reconhecer que o filho havia crescido e que deveria admirá-lo em suas iniciativas.

A percepção da crescente capacidade do filho e a consciência de que logo ele estaria se independizando provocaram nesse pai uma reação ao luto (dor pela finalização de um período da vida de ambos). A psicoterapia pôde auxiliá-los a perceber que o crescimento envolvia separação e que a relação pai e filho gradualmente estava mudando, e isso exigia uma maior igualdade e reciprocidade, redefinindo as funções de ser pai de um filho adulto − e este deveria fazer suas próprias escolhas sem a proteção do pai.

No ciclo da vida, os filhos crescem e inevitavelmente dei-xarão de buscar os cuidados paternos para desempenhar sua adultez e terem seus próprios filhos. O resultado dessa nova relação, que pode ter um efeito enriquecedor para os novos avós, oportunizando a sequência do ciclo vital, desafia novas compreensões sobre essas dinâmicas inter-relacionais.

Os novos avós (antigos pais), agora convivendo com a adultez dos filhos, deverão novamente redefinir sua posição e seu papel no grupo familiar, modificando suas representações internas sobre os filhos (agora adultos) e aprender a desenvol-ver novos vínculos com seus netos. Nesse papel de avós, terão de perceber como estão lidando com as tarefas evolutivas da meia-idade e adultez madura, intentando manter sua auto-nomia e independência, prevenindo-se das enfermidades, administrando a aposentadoria, a morte de amigos, familiares e outras exigências normais próprias da fase. Faz-se necessário mostrar mais maturidade emocional diante das mudanças naturais da vida.

Os novos avós devem se preparar, do ponto de vista evolu-tivo, para focalizar sua atenção nos filhos e nos netos, objetos que representam seu futuro (genético), um futuro que per-manecerá além da morte. Convém evitar espalhar nas rodas de amigos relatos carregados de idealização sobre os netos ou dedicarem-se exclusivamente a eles, com excessivos cuidados e intensa devoção, como um recurso desesperado e defensivo de encontrar sentido em suas próprias vidas de adultos maduros e ludibriar a finitude.

O desempenho sadio da função de avós envolve reconhecimen-to dos limites de suas expectativas e idealizações sem perder o prazer profundo da companhia e do amor que os netos podem proporcionar do jeito que são. A educação primeiramente cabe aos pais.

É nessa interação e relação que as sucessivas gerações se aprontam e amadurecem para cumprir os diferentes pa-péis, quando os nascimentos indicam a sequência da vida; e a morte, apenas a finalização de uma etapa, mas não de uma geração, porque enquanto houver família o ciclo da vida sempre continua.

No ciclo da vida, os filhos crescem e

inevitavelmente deixarão de buscar os

cuidados paternos para desempenhar

sua adultez e terem seus próprios filhos.

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Janeiro/Fevereiro | 2013 RAINHA DOS APÓSTOLOS

26 Coisas da Vida

inquietos por conquistar seu espaço, desejosos de fazer ecoar sua voz e sedentos de ver suas aspirações atendidas, os jovens traduzem em palavras o grito que emana de seus corações, sempre sorridentes e felizes em ser parte imprescindível da igreja de Jesus Cristo.

Entre os dias 23 e 28 de julho deste ano, o Brasil será a sede da Jornada Mundial da Juventude. Cerca de 4 milhões de jovens do mundo todo estarão no Rio

de Janeiro para o encontro com o Papa Bento XVI. Desde o anúncio do Brasil como sede da próxima Jornada, feito em Madri (Espanha) em 2011, a cruz peregrina e o ícone de Nossa Senhora foram entregues aos brasileiros para que percorram todas as dioceses até o início da JMJ. São os chamados Bote Fé. Na Diocese de Cascavel (PR), as igrejas estão se mobilizando e se preparando para a jornada.

Na paróquia Rainha dos Apóstolos, os preparativos começaram ainda no ano passado. O pontapé inicial se deu com a Noite da Juventude, uma festa que reuniu centenas de pessoas da diocese com um intuito principal, confraternizar e celebrar a nossa juventude. Para 2013, o Setor da Juventude, organismo que reúne os grupos jovens da comunidade, será responsável pela missa e

procissão do Domingo de Ramos. Uma cruz, representando a da JMJ, será carregada

pelos jovens. Além disso, seguem atividades durante a tarde, como gincanas e apresentações culturais. Ademais, a um mês da JMJ será promovido um retiro de aprofunda-mento na fé e na Igreja. A semana missionária oportunizará aos jovens a missão nas cidades próximas para atividades eclesiais, sociais e culturais. Cinco jovens irão representar a paróquia. Há, contudo, um número expressivo de jovens que, em grupos, seguirão para o Rio de Janeiro.

“Ide ao mundo e fazei discípulos entre todas as nações” (Mt 28,19). Mais do que o tema da JMJ Rio 2013, esse é um clamor da Igreja. Um dos principais objetivos é levar à juventude do mundo inteiro a mensagem de Deus e plantar nela a semente missionária. Os dias no Rio serão apenas o início, pois o principal legado da jornada será o ardor missionário, o desejo de mudança e de trans-formação que será levado às comunidades. Como um bom missionário, a ideia é levar a Palavra e o amor de Deus, com atos concretos junto à sociedade, e semear a plantinha missionária também nos jovens e grupos que não puderam participar da Jornada. Assim, a mudança acontecerá nas mais variadas esferas da nossa sociedade. O desafio é grande e está lançado!

Makelli | 27 anos

Rafael | 24 anos

Amanda | 19 anos

Izabela | 19 anos

Anderson | 22 anos

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Janeiro/Fevereiro | 2013RAINHA DOS APÓSTOLOS

O autor, colaborador desta Revista, é padre palotino em Cascavel (PR)

27Pe. Romeu ullRiCh, SaC

rafael vinícius schorekA expectativa é a melhor possível, e a ansiedade

aumenta a cada dia. A Jornada será uma oportunidade única de conhecer e trocar experiências com pessoas do mundo todo, além de vivenciar momentos de fé nas diver-sas atividades que serão preparadas, com bispos, cardeais e estudiosos e, principalmente, nos diversos encontros que teremos com o Papa. Tenho certeza de que esse evento valorizará a juventude. Acredito no despertar de muitos jovens para um mundo novo, para ver a vida de uma forma diferente, para aceitar esse chamado missionário e não se deixar levar pelo mundo, pelo que muitas vezes a mídia prega como verdade. Desejo que os jovens passem a acreditar, seguir e pregar a verdade de Deus transmitida pela Igreja por meio da Sagrada Escritura e do Catecis-mo da Igreja Católica. Ser jovem é ter a atitude de fazer a diferença, é ter dentro si a inquietude e o inconformismo com a realidade em que vivemos, é ter o desejo de trans-formação. O jovem não é o futuro, o jovem é o presente da nossa humanidade.

makelli facciochiEm vários momentos da nossa vida, ouvimos falar

de pessoas que deixaram um legado para os seus entes, amigos e para a sociedade. Nossos pais, com certeza, lutam para deixar algo bom para nós. Nós, como jovens cristãos, que lutamos para que outros jovens sigam os passos de Jesus, teremos a oportunidade de conhecer várias formas de segui-lo, dando continuidade ao apren-dizado que nossas famílias nos ensinaram. Consideramos, acima de tudo, que uma das estratégias que o inimigo de Deus usa para destruir nossas famílias é fazer com que elas tenham visão curta. A JMJ nos proporcionará ver que ainda existe uma juventude cheia de fé e de coragem. Essa dimensão só um jovem que segue Jesus pode apre-sentar. Para nossos lares, com certeza, ficará a experi-ência, linda e única, de saber que um de seus membros teve a honra de estar próximo ao Papa. Esse jovem será responsável por repassar as novidades à comunidade e trabalhar para que nossa juventude esteja cada vez mais próxima de Deus, junto aos movimentos, às pastorais, aos religiosos e aos padres.

Amanda Caldeira gilnekNo dia 29/07/2012, o Papa se lembrou da JMJ 2013:

“Trata-se de uma preciosa ocasião para tantos jovens

experimentarem a alegria e a beleza de pertencem à Igre-ja e viverem a fé”. Eu, como jovem participante de um grupo de oração, já me sinto ansiosa, cheia de esperan-ças e expectativas, pois estarei na presença do Papa. Os milhões de jovens, com o desejo ardente de conhecer e de amar mais a Cristo, expressam o fenômeno da JMJ. Acredito que um dos muitos legados que ela deixará serão respostas e reflexões às questões relativas ao namoro, um assunto polêmico e que traz muitas dúvidas aos jovens. Lá descobriremos e confirmaremos quais são as atitudes que devemos ter, como devemos nos portar nesse período tão delicado, o que devemos fazer para sermos obedientes ao ensino da Igreja e como acolher a vontade divina.

izabela schvanIremos para a JMJ com a certeza de que aprenderemos

muito, enriqueceremos nossa fé, uma vez que estaremos com pessoas renomadas na fé e na comunhão. Na volta, repassaremos nossas experiências de fé, da caminhada de nossa Igreja, para os colegas de grupo, pois não consegui-remos segurar somente para nós. Além do mais, teremos que reverter todo aprendizado em prática no cotidiano para o bem da juventude e de toda comunidade eclesial.

Anderson r. W. de souzaEspero que a JMJ mostre ao Brasil e ao mundo que há

jovens que amam e louvam a Deus, que o sonho de um mundo melhor ainda é real e que nem tudo está perdido, como ainda se diz por aí. Que o Deus de amor continua a realizar milagres, muitos que serão professados pela boca de tantos jovens que se encontram por causa desse amor. E que, nos jovens de todos os cantos da terra, possamos realizar o desejo de Jesus quando disse: “Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda criatura” (Mc16, 15).

Nossa juventude nunca mais será a mesma, a JMJ será um divisor de águas. Veremos jovens mais discípulos missionários e fiéis seguidores de Jesus Cristo. Muitos jovens já despertaram para a jornada mundial. Faltam, contudo, em muitos outros o desafio eclesial de serem jovens em ação.

Vejam o que estesjovens têm a nos dizer

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28 CaRloS albeRto veitOásis

Ele já tinha problemas de visão e isso se agravou em seguida. Foi a um médico oftalmologista que lhe fez um diagnóstico sombrio. Ele tinha perdido toda a

visão de um olho e 50% do outro e iria piorar, perdendo o resto da visão e ficando cego.

Chateado com isso, ele estava caminhando, descen-do a Avenida Getúlio Vargas, quando ouviu o choro de uma pessoa vindo de um casebre. Foi ver do que se tratava e se deparou com uma idosa abandonada e doen-te. Compadeceu-se dela e começou a ajudá-la com remé-dios e alimentos. No dia seguinte, voltou lá e encontrou mais uma idosa em situação precária.

UM SINALAchou que era um sinal do céu e decidiu fazer uma

promessa a Nossa Senhora: se ele não ficasse cego, iria dedicar a sua vida a cuidar das idosas necessitadas. A quantidade de idosas que começou a aparecer de todos os cantos foi tão grande que ele fundou o Lar das Vovozi-nhas, em 16 de outubro de 1946, mesmo com recursos precários, movido mais pela fé e pela grande vontade que tinha de ajudar as pessoas.

Às vezes, uma família levava a idosa até lá e ele achava que a família tinha condições de cuidá-la e não a aceita-va como interna. Nas poucas vezes que isso aconteceu, a situação piorou muito no asilo, chegando a faltar o essencial. A conclusão a que Constantino chegou foi que a vontade divina era que ele aceitasse todas as idosas que iam procurá-lo, e assim o fez.

Ele nunca recebeu verbas de governo algum, quer seja municipal, estadual ou federal. A instituição sobrevivia à base de doações e de algumas aposentadorias, e chegou a ter mais de quinhentas idosas internas!

Em certas manhãs, quando não havia o que comer no almoço, ele pedia que as idosas o acompanhassem até a capela e todos rezavam juntos pedindo alimentos. NUNCA falhou. As doações chegavam minutos ou horas depois, de modo a terem um almoço digno.

Constantino cansou de sair a pé pedindo comida para as idosas. Certa vez, o comandante do exército visitou o local e ficou deveras surpreso e comovido com o que viu. Conseguiu que fosse feita uma doação de um veículo velho (Jeep) para que ele pudesse recolher os donativos, o que foi de muita valia. Outra pioneira que ajudava muito

Constantino Cordioli nasceu em Orleans (SC) em 11 de março de 1913. Ele era um irmão pa-lotino em Santa Maria, cidade conhecida como “coração do Rio Grande do Sul” por estar localizada bem na parte central do Estado. Na década de 1940, ele deixou a vida religiosa, pas-sando a viver como leigo.

Um patrimônio de amorno coração do Rio Grande

Fachada atual do Lar das Vovozinhas

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Janeiro/Fevereiro | 2013RAINHA DOS APÓSTOLOS

29

O autor, colaborador desta Revista, é professor, jornalista e psicólogo clínico em Porto Alegre (RS)

[email protected]

o Lar foi Estela Soares Castagna, já falecida, considerada uma grande benfeitora por todos.

Muitos casos curiosos foram relatados por Constan-tino: certa feita, uma idosa precisava ser internada, mas não queria ir. Mesmo na sua miséria e no seu abandono, ela não queria se separar da sua única companhia – um porquinho de estimação. Não houve argumento que a fizesse mudar de ideia. Preferia morrer com seu amiguinho a abandoná-lo. Constantino, com sua bondade, acabou construindo um pequeno cercado para o porco no Lar das Vovozinhas para que a idosa aceitasse ser tratada e transferida para lá.

POVO SOLIDÁRIOEm certas ocasiões do ano, Constantino abria as portas

da instituição para o povo, que começou a conhecer e a entender aquela obra maravilhosa. Começaram a surgir

mais voluntários, parcerias e colaboradores, de modo a poder manter esse verdadeiro patrimônio de fé e de amor que é o Lar das Vovozinhas de Santa Maria.

Após décadas de dedicação a essa causa tão nobre, Constantino começou a perder as forças. O juiz da cidade e o bispo da época acharam por bem passar os cuidados da obra para as Irmãs das Filhas de Santa Maria da Divina Providência (em setembro de 1991), que cuida das idosas até hoje. Essa congregação é também conhecida como Guanellianas, pois foi fundada na Itália por São Luís Gua-nella, recentemente canonizado (23/10/2011).

Constantino ficou um breve tempo fora, na antiga sede do Lar, onde veio a falecer em 30 de julho de 1992. De-pois de anos de sua passagem, foram abrir o caixão e seu corpo estava intacto. O novo ataúde foi levado em cortejo pela cidade, quase como um novo sepultamento, até o Lar das Vovozinhas, onde está definitivamente sepultado num mausoléu em sua homenagem.

Durante a visita que fiz à tão famosa instituição, fui acompanhado pela patronesse do local, Olinda Rosa Beltrame, grande benemérita dessa obra, que conheceu o fundador e guarda os registros da história do Lar desde a primeira ata. O atual Diretor-Presidente é Sérgio Renato Severo de Medeiros e o Presidente do Conselho Delibe-rativo é Mauro Kucera de Abreu.

Pude constatar no local como as idosas são bem trata-das, com carinho e assistência médica integral, sendo feito o possível com os escassos recursos disponíveis. Sendo assim, toda a comunidade da Santa Maria e dos arredores é convidada a colaborar com essa tão meritória obra.

O Lar das Vovozinhas situa-se na Avenida Hélvio Basso, 1250, bairro Medianeira. A grande festa anual na instituição ocorre no segundo domingo de junho, quando são arrecadados fundos para o ano inteiro.

Para colaborar ou saber mais informações, acesse:lardasvovozinhas.com.br

Na foto,ConstantinoCordioli ea placacolocadaem suahomenagemjunto ao lar.

Em frente ao busto do fundador, aparecem a Patronese Olinda Rosa

Beltrame e a irmã Maria José, que é uma das irmãs que

cuidam das idosas.

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Janeiro/Fevereiro | 2013 RAINHA DOS APÓSTOLOS

30 Sonia SiRtoli FäRbeRVida Simples

Na minha viagem à Itália, estive em muitos lugares de fé, basílicas, igrejas, mosteiros, casas religiosas e ambientes de culto; rezei com pessoas diferentes e isso me fez sentir igual a elas: gente que quer dar razão à sua fé (como ensina 1Pd 3,15). Mas a maior lição que trouxe foi que a fé é exigida em todos os âm-bitos da nossa vida e, além de crer em Deus, é necessário crer no ser humano, no seu valor, na sua honestidade e na fé que ele também tem.

Encontrei Deus em muitos ambientes de fé e, de modo especial, percebi-O nas ações das pessoas e nas interações que tivemos. Quem tem fé não precisa dizer que tem, suas ações são o suficiente.

A vida é uma jornada que implica riscos e exige parcerias. Não acontecem mudanças nem progresso sem que se arrisque fazer coisas novas e expor-se a situações desconhecidas. E essas são atos de fé. É preciso

ter fé para que a novi-dade aconteça, pois tudo o que é novo traz consigo a expec-tativa de felicidade e

de sucesso, assim é que começamos

o ano: cheios de expectativas, de projetos e de energia para fazer acontecerem coisas boas. O bem acontece na responsa-bilidade, na ajuda mútua e na perseverança; para isso, é preciso cooperar.

Neste ano, somos convida-dos a fazer a experiência da fé, cultivando-a e contemplando sua ação em nossa vida. Daí vem a pergunta: o que é fé? Fé um misto de crer, de acreditar e de confiar. Crer é ter certeza daquilo que não se vê, de estar certo da verdade, mesmo que não haja unanimidade nem con-senso, e até mesmo quando tudo aponta para o sentido contrário. Crer é ter fé em um contexto de contradição e, apesar disso, viver a serenidade de estar com-prometido com a verdade, e de ter “escolhido a melhor parte” (Lc 10,42).

Fé é, também, acreditar. Acreditar que é possível alguém mudar (incluindo você mesmo), que conversão é para gente nor-mal, não só para aqueles que são vistos como “caso perdido”. Acreditar é manter o propósito mesmo depois de muito tem-po e, especialmente, quando os outros não estão atentos ou observando. É entender que é

possível, ainda que difícil, alcan-çar a meta declarada no dia de ano novo (parar de fumar, apren-der um idioma, desacelerar).

Confiar é outro verbo que demonstra o que é ter fé, pois confiança é o exercício de ante-ver a resposta e a reação antes que elas aconteçam. Só quem confia espera. E a esperança é a irmã da fé.

Ano da fé é ano da criativi-dade para encontrar e sugerir caminhos para resgatar essa virtude que tem sido tão desa-fiada em nossos dias. Para viver a fé, não é preciso renunciar ao conhecimento científico nem às explicações da razão nem, tampouco, forçar para fazer coin-cidirem os conceitos da fé e da razão. Tem fé aquele que, apesar de reconhecer que a razão pode responder às questões de fé, não deixa de crer no essencial.

Em 2013, acredite que você pode crescer na fé; creia que tudo se resolve, mesmo que de-more; confie que o tratamento vai dar certo e tenha fé no amor de Deus. Que 2013 seja um ano cheio de amor e fé!

Fé n

o qu

e vi

rá!

A autora, colaboradoradesta Revista, é teóloga e

professora em Cascavel (PR)

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Janeiro/Fevereiro | 2013RAINHA DOS APÓSTOLOS

31Pe. XiKo, SaCReflexão

O autor, colaborador destaRevista, é padre palotino

em Santa Maria (RS)

No dia 11 de fevereiro, comemora-se Nossa Senhora de Lourdes; e o Papa João Paulo II ins-tituiu esse dia como o Dia Mundial do Enfermo.

Com certeza, esse tema merece uma reflexão. A do-ença, a dor e o sofrimento sempre questionaram o ser humano e o colocaram diante do inexplicável, do mistério.

Hoje em dia, sobretudo, parece que o sofrimento tornou-se ainda mais presente. Refiro-me não só ao so-frimento físico, mas ao sofrimento psicológico, moral e social. Sabemos que o sofrimento e a doença nos oprimem e muitas vezes até nos desequilibram.

Diante da doença, constatamos diferentes reações e atitudes: uns se revoltam, outros desanimam, outros ape-nas se conformam. Mas encontramos muitos que fazem da doença e do sofrimento um caminho de amadurecimento, de encontro mais profundo com Deus. Tenho visto gestos e atitudes admiráveis de pessoas que, abatidas pelo sofri-mento, pela doença, têm demonstrado uma grande força e coragem e, sobretudo, fé e confiança invejáveis, dignas de serem admiradas e tomadas por modelo.

No dia da festa de Nossa Senhora de Lourdes, 11 de fevereiro, lembrem os que carregam uma cruz mais pesada que somos todos convidados a colocá-la no colo daquela que acolheu em seu regaço justamente Aquele que sofreu as maiores dores e injustiças. Lembremos de Lourdes e voltemos nosso olhar para essa cidade, onde encontramos milhares de gestos de conforto, de cura, milhares de ex-votos demonstrando o carinho de Maria para com os enfermos.

Dia 11 de fevereiro é o dia em que somos convida-dos a renovar o sentimento de solidariedade para com tantos irmãos e irmãs caídos e machucados. Recorramos a Maria, a Mãe das Dores, a Senhora da Misericórdia, a Intercessora e, sobretudo, a grande fortalecedora e mestra em sua atitude.

Virgem Mãe de Lourdes, roga pelos enfermos! Mãe de Lourdes, intercede pelos sofredores! Virgem Mãe de Lourdes, ensina-nos o dom da fortaleza! Virgem Mãe de Lourdes, recebe em teu regaço todos os teus filhos sofre-dores e necessitados.

“Sobre os profissionais da saúde, cabe, também, uma palavra. Tenho grande veneração por todos, e lhes evoco um trecho do livro do Eclesiástico, no qual o médico é

colocado como aquele que parece estar mais próximo da ciência de Deus: Honra o médico por causa da necessi-dade, pois foi o Altíssimo quem o criou. (Toda a medicina provém de Deus) e ele recebe presentes do rei: a ciência do médico o eleva em honra; ele é admirado na presença dos grandes. O Altíssimo deu-lhe a ciência da Medicina para ser honrado em suas maravilhas; e dela se serve para acalmar as dores e curá-las” (Eclo 38,1-3.6-7).

Dia Mundial

Nossa Senhora de Lourdes

Page 32: Revista Rainha dos Apostolos Janeiro 2013

SomoS teStemunhaS! nóS eStávamoS lá!

Janeiro/Fevereiro | 2013 RAINHA DOS APÓSTOLOS

32 Memória32

Eu era estudante em Fribourg, na Suíça, e só estive em Roma em dois dias: 20 e 23

de janeiro de 1963. Assisti ao ato de canoniza-ção, feita por João XXIII, na Basílica São Pedro, durante o primeiro intervalo do Concílio Va-ticano II, iniciado em 11 de outubro de 1962.

A Basílica estava toda cheia de cadeiras, pois, poucas semanas depois, as sessões con-ciliares seriam retomadas. A cerimônia de canonização aconteceu na grande abside da Basílica. Havia muita gente na Basílica, não houve celebração eucarística, mas somente a proclamação da santidade de Pallotti para toda a Igreja. Vi e ouvi o Papa do Concílio Vaticano II, já marcado pelo câncer que, no início de junho daquele ano, o levaria desta vida.

A semana da canonização foi uma das que teve as temperaturas mais baixas na Europa. O frio era intenso. Até Roma estava cheia de neve e de fortes ventos frios.

Estive também presente na Igreja de Santo André do Vale, no dia 23 de janeiro, quando João XXIII veio incensar e honrar o corpo de São Vicente Pallotti e falar a todos os peregrinos chegados a Roma para a canonização.

A celebração eucarística, naquela igreja e naquele dia, foi presidida pelo Reitor Geral da Sociedade do Apostolado Católico, Pe. Guilherme Möhler (1912-1981). Foram mo-mentos e dias inesquecíveis na minha vida.

Pe. João Quaini, SAC

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Conheça o relato dos dois padres palotinos da Província Nossa Senhora Conquistadora, com sede em Santa Maria (RS), que estavam em Roma há 50 anos

por ocasião da canonização de São Vicente Pallotti.

Janeiro/Fevereiro | 2013RAINHA DOS APÓSTOLOS

3333

Estive em Roma, para fins de estudo, de 1960 a 1965,

e por isso realmente participei das expectativas e das grandes emoções da canonização de São Vicente Pallotti.

Lembro-me da grande es-pera e quase impaciência, nos anos de 1960, 1961 e 1962, pela aprovação dos milagres exigidos e da fixação da data da solene canonização. Quando, no final de 1962, foi anunciada

a data da canonização, houve aquela explosão de alegria e de entusiasmo entre os membros Palotinos de Roma!

Vivia-se a grande movimentação do Concílio Vaticano II. Finalmente, amanheceu o dia 20 de janeiro de 1963! Estava presente uma grande multidão de Palotinos de todas as partes do mundo. Só este fato de poder ver e saudar seguidores e filhos de Pallotti de todos os continentes, de todas as raças e línguas, parecia um novo Pentecostes.

A nave central da grande Basílica de S. Pedro estava ocupada pelas arquibancadas para o Concílio. Nós, Palotinos, Padres, Irmãos e Irmãs e muitos leigos ligados à Obra de Pallotti, ocupávamos o espaço perto do altar onde estava o trono Papal. Muita alegria e vibração quando entrou, sorridente, o Papa João XXIII, na cadeira gestatória, carregado aos ombros por quatro vigorosos senhores.

Com a invocação do Espírito Santo, cantado pela Capela Sis-tina, iniciou-se a cerimônia da canonização. Depois da oração, o Papa proclamou Vicente Pallotti santo da Igreja! Ressoou pela Basílica um estrondoso aplauso, seguido de emoção e lágrimas! Todos os sinos das igrejas de Roma tocaram, saudando o acon-tecimento. Não era para menos: Vicente Pallotti era romano!

Depois de sua fala e do hino de ação de graças (“Te Deum”), o Papa retirou-se. Seguiu-se uma missa solene, celebrada pelo Cardeal Vigário de Roma. À noite, a Basílica e todos os prédios circunvizinhos foram festivamente iluminados. Um belíssimo espetáculo, que foi também mostrado pela TV!

Realmente, a canonização foi um acontecimento marcante, de muita alegria, entusiasmo e admiração pela pessoa e santidade do Beato Vicente Pallotti.

Pe. Aguinelo Burin, SAC

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Janeiro/Fevereiro | 2013 RAINHA DOS APÓSTOLOS

34 Pe. Judinei JoSÉ vanZeto, SaCFilosofia

René Descartes é considerado o primeiro filósofo moderno. Nasceu em março de 1596, em La Haye en Touraine, França, e morreu em feve-reiro de 1650, em Estocolmo, Suécia. Ao longo de sua vida, dedicou-se à filosofia, à física e à matemática.

Seus estudos revolucionaram a filosofia e a ciência. Sugeriu a fusão da álgebra com a geometria, da qual gerou a geometria analítica e o siste-ma de coordenadas (plano cartesiano) que traz seu nome.

Descartes é visto como o funda-dor da filosofia moderna e pai da matemática moderna. Ele inspirou

várias gerações de pensadores posteriores. A partir de seus escritos, muitos escreveram em sua reação, pois uns con-cordavam com suas ideias, outros discordavam delas. Assim vive e progride o pen-samento filosófico. Descartes instaurou o racionalismo e, mais tarde, os ingleses John Locke e David Hume deram início ao empirismo moderno.

Para a sociedade feuda-lista, o pensamento de Des-cartes foi revolucionário, pois contribuiu para a produção

intelectual. Defendeu, pois, a ideia que a dúvida é o primeiro passo para alcançar o conhecimento. Ele viveu numa época marcada pelas guerras entre protestantes e católicos e pela Guerra dos Trinta Anos, o que provo-cou certa confusão religiosa e social.

Ao viajar por diversas regiões, percebeu as diferenças de crenças e costumes contraditórios. O que numa localidade era dito como ridículo ou falso, em outra era considerado verdadeiro. Viu que os costumes e a cultura influenciam a forma de viver e de acreditar de um povo.

A sua contribuição é essencial às ciências naturais por ter estabelecido um método que possibilitou o seu desenvolvimento. Descartes, na obra “Discurso sobre o método: medita-ções”, apresenta as bases da ciência contemporânea.

O método cartesiano, por sua vez, consiste no ceticismo metodológico. Descartes instituiu a dúvida no sen-tido de que existe aquilo que puder

ser provado, sendo o ato de duvidar indubitável. Com base nisso, busca provar a existência do próprio eu (cogito, ergo sum, ou seja, “Penso, logo existo”) e de Deus.

Em síntese, o método consiste em quatro regras básicas: a) verificar se existem evidências reais e indubitá-veis acerca do fenômeno ou da coisa estudada; b) analisar ou dividir ao máximo as coisas em suas unidades mais simples e estudá-las; c) sinteti-zar, ou melhor, agrupar novamente as unidades estudadas em um todo verdadeiro; d) enumerar todas as conclusões e todos os princípios uti-lizados a fim de manter a ordem do pensamento.

No tocante à ciência, Descar-tes desenvolveu uma filosofia que influenciou até ser superada pela metodologia de Isaac Newton (1643-1727). Descartes sustentava que o universo era pleno e não poderia haver vácuo. Também acreditava que a matéria não possuía qualidades secundárias inerentes, mas apenas qualidades primárias de extensão e movimento.

Descartes dividia a realidade em consciência (res cogitans) e matéria (res extensa). Além disso, que Deus criou o universo como um perfeito mecanismo de moção vertical e que funciona deterministicamente sem intervenção desde então.

Penso,logoexisto!

Se o leitor desejar aprofundar o conhecimento acerca desse pensador, sugiro visitar as suas principais obras:

Regras para a direçãodo espírito (1628)

O mundo ou tratadoda luz(1632)

Discursodométodo(1637)

Geometria(1637)

Meditaçõesmetafísicas(1641)

O autor, colaborador desta Revista, é padre palotino em Porto Alegre (RS)

[email protected]

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Janeiro/Fevereiro | 2013RAINHA DOS APÓSTOLOS

35CaRloS albeRto veitInspire-se

Se você encontrara noite por aí,

dê-lhe um recado meu:diga-lhe que nãoespere por mim.Eu marquei um

encontro com o sole não posso mais

afastar-me da luz,porque resolvi

ser chama.(EUClIDES DA CUNHA)

Tudo o que eu aprendifoi a vida que me ensinou.Só não me perguntem a vida de quem.(lUIS FERNANDO VERISSImO)

Todos veem o que pareces ser;poucos percebem o que és.(mAqUIAVEl)

Coloca um ponto finalem todas as vírgulas que te incomodam.(S. THOUgHTS)

Os livros me ensinaram a pensar,e o pensamento me fez livre.(RICARDO lEóN)

Se a sua compaixãonão inclui você mesmo,ela é incompleta.(BUDA)

Ninguém pode mudar uma pessoa,mas alguém pode ser a razãopela qual uma pessoa muda.(ANôNImO)

Quando Pedro me fala de Paulo,sei mais de Pedro do que de Paulo.

(FREUD)

Não viveu em vãoaquele que morre no dia

em que descobre o caminho.(CONFúCIO)

O que mede suas palavras é sábio,quem é calmo de espíritoé um homem inteligente.

(Pv 17, 27)

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Janeiro/Fevereiro | 2013 RAINHA DOS APÓSTOLOS

O autor, colaborador desta Revista, é doutor em Filosofia e padre palotino em Santa Maria (RS)

36Pe. João baPtiSta quaini, SaC Recanto da Fé

A o comemorar os cinquenta anos do início do Concílio Vaticano II e os vinte anos da publicação do Catecismo da Igreja Católica, que está baseado na Palavra de Deus,

na pregação apostólica e nos ensinamentos conciliares, Bento XVI, em 11 de outubro de 2012, proclamou o Ano da Fé, cuja culminação será a Festa de Cristo Rei, em 24 de novembro de 2013. O Ano da Fé é para todos os que creem em Cristo, e, espontaneamente, surge a pergunta: o que moveu Bento XVI a proclamar o Ano da Fé e o que ele espera desse ano?

Ele participou no Concílio Vaticano II e, como distinto professor de teologia em universidades alemãs, como bispo de Munique, como prefeito da Doutrina da Fé e especialmente como sucessor de São Pedro no governo da Igreja Católica, pôde ver e sentir a vida, mas também a crise da Igreja de Jesus Cristo. Ficou muito impressionado pelo esfriamento e pela diminuição de fé em muitíssimos cristãos, pouco interessados em conhecer e em amar Jesus Cristo, em torná-lo mais conhecido entre os próprios cristãos e menos ainda entre os que o desconhecem. Jesus Cristo está sendo facilmente esquecido e colocado de lado, e quase só se pensa em poder viver e ser feliz, sem Ele e sem a sua Igreja. Mas o esquecimento de Cristo e a tentativa de viver sem Ele, e sem o seu Espírito, causaram o amortecimento e o esquecimento do valor e da estima da vida humana, da paz, da verdadeira fraternidade e da verdadeira liberdade. O presu-mido medo de acolher Jesus Cristo suscita e alimenta o medo ao coirmão grande e pequeno que passa a ser visto mais como ameaça e concorrência.

Temos, pois, de um lado, Deus que, movido por seu ilimi-tado amor e por sua infinita bondade, cria o ser humano, quer ajudá-lo a viver melhor e conduzi-lo a ser eternamente feliz com ele, porque não quer ser feliz sozinho, e, do outro lado, temos o homem que, enganado por falsas ideias e programas de felicidade, tem medo de deixar-se amar e ajudar por Ele, desde o primeiro instante da sua existência e para sempre. Bento XVI, ao ver e sentir a necessidade de que os cristãos conheçam mais e melhor Jesus Cristo, acolham sua palavra libertadora e animadora, se valham de todos os seus dons e se deixem amar por Quem sempre ama primeiro, quis com razão promover este Ano da Fé.

Jesus Cristo é, de fato, o centro da fé cristã. E a fé cristã é justamente a acolhida de Jesus Cristo que Deus Pai enviou ao mundo não para condenar o mundo, mas para salvá-lo. E por isso quem acolhe o Cristo e crê nele não é condenado, mas é condenado quem recusa acolher Jesus Cristo e crer Nele (cf. Jo 3,16-17). Não devemos ter medo de acolhê-lo, porque Ele vem não para tirar-nos algo, para ameaçar-nos, menos ainda para tirar-nos a liberdade, mas para dar-nos a verdadeira vida e a ver-

dadeira verdade e liberdade. E acolher e receber de coração Jesus Cristo é receber o Salvador, o verdadeiro Libertador, Aquele que nos alegra e nos faz felizes e nos impulsiona também a participar aos outros a nossa alegria. Vemos isto de modo especial em Maria Santíssima. Quando fez o seu grande ato de fé, isto é, quando acolheu o Filho eterno do Pai em seu seio virginal, ela sentiu-se feliz, e, movida por sua felicidade de mãe, foi alegrar e ajudar sua prima Isabel que aguardava o nascimento de João Batista. E a ainda pequena presença de Cristo causou alegria a quantos a perceberam e a sentiram.

Envolvido pelo amor de Cristo, João Evangelista quer tam-bém que os outros participem da sua felicidade: “O que vimos e ouvimos nós vos anunciamos, para que também vós tenhais comunhão conosco. E a nossa comunhão é com o Pai e com o seu Filho Jesus Cristo. E isto vos escrevemos para que a nossa alegria seja completa” (1Jo 1,3-4).

Se o apóstolo, o missionário, o cristão não é possuído por Cristo, se não é um enamorado de Cristo, não tem sequer o desejo de falar de Jesus Cristo aos outros. E isto aparece bas-tante hoje, quando muitos pais desejam e até querem que seus filhos ignorem Jesus Cristo. Bento XVI sente grande falta de verdadeiro espírito missionário na Igreja e, por isso, neste Ano da Fé, espera que Jesus Cristo, com o seu Espírito, reavive, anime e impulsione o espírito missionário em todos os cristãos, já que a maior parte do mundo ainda desconhece Jesus Cristo.

O Ano da Fé deverá ser um ano de oração a Jesus Cristo, a exemplo do que fez Maria Santíssima e todos os verdadeiros discípulos e discípulas de Cristo em todos os tempos. Um ano de oração ao Espírito Santo para que faça acontecer na Igreja e no mundo o que fez no dia de Pentecostes. A exemplo de Maria e dos apóstolos, somos convidados a invocar com muita confiança o Espírito Santo, dom do Pai e do Filho, para que possamos compreender e amar Jesus Cristo e sua palavra, valo-rizar os atos salvadores e renovadores de Jesus Cristo: o batismo, a confirmação, a eucaristia, a penitência, a força para os fracos e doentes, a bênção do Espírito para os matrimônios e para quantos recebem o sacramento da Ordem. Jesus Cristo bem sabe o que é ser possuído, animado e impelido pelo Espírito Santo e por isso quer dar-nos o seu Espírito, para fazer em nós o que experimentou e realizou, e quer também valer-se de nós para prolongar, no espaço e no tempo, a sua missão de Salvador.

Que o Ano da Fé seja o ano de Cristo e do seu Espírito em cada cristão, em cada família, em cada comunidade e em toda a Família de Deus, que é a sua Igreja!

o Ano dA fé

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37O EvAngElhO Em sUA viDA

proposta de contextualização

A meditação do “Evangelho da infância”, segundo Lucas (1-2), prepara o coração do ouvinte para aco-

lher o nascimento de Jesus como realização das profecias messiânicas (cf. Mq 5,1-3). O texto começa com uma afirmação importante referindo-se aos pastores: “foram depressa e encontraram Maria, José e o recém-nascido deitado no cocho. Vendo-o, eles então entenderam...” (Lc 2,16s.). Os pastores, no antigo Israel, apesar da importante tarefa que exerciam, constituíam a classe de pessoas me-nos prestigiadas da sociedade. Como parte das medidas de segurança para preservar a integridade do rebanho (cf. Sl 23,2s.; 1Sm 17,34s.), chegavam a dormir na entrada do abrigo noturno das ovelhas para impedir o acesso de intru-sos. Isso, do ponto de vista religioso, os tornava impuros, incapazes de atrair sobre si o olhar benevolente de Deus.

O excessivo zelo não ocorria tanto por amor ao re-banho, mas pela obrigação de restituir ao dono os ani-mais roubados ou devorados pelas feras (cf. Gn 31,39; Ex 22,9-12). Ao identificar-se como “porta das ovelhas”, segundo Jo 10,7, Jesus resgata a figura do pastor. Foi essa gente sofrida e de má fama que recebeu por primeiro a feliz notícia do nascimento do Salvador. O capítulo 2, em que o texto está inserido, começa fazendo referência ao imperador César Augusto (2,1). Tendo submetido o mundo a seus pés, ele passou a reivindicar para si o título de salvador. Só que esse déspota, que inspirou a ação de seus sucessores, reprimia com violência qualquer inicia-tiva que visasse à busca de justiça e paz ou representasse oposição ao seu projeto de poder. Mas o anúncio do anjo aos pastores e o cantar do coro celeste recolocam as coisas no seu devido lugar: o verdadeiro Salvador é Deus, que faz resplandecer sua glória (Hb 1,1-4) num recém-nascido na cidade de Davi (Lc 2,11).

proposta de atualizaçãoA pressa dos pastores simboliza o anseio de libertação

dos oprimidos. Ao verem “o sinal” indicado pelo anjo, os pastores “entenderam o que lhes tinha sido dito a respeito daquele menino” (Lc 2,17). Por certo, não foram os pastores as únicas testemunhas de tal acontecimento, mas foram os primeiros a acolhê-lo como manifestação do amor de Deus em favor dos oprimidos – talvez por se sentirem identificados com essa forma tão simples e concreta de revelação da glória divina. O espírito de po-breza como o único meio para compreender essas coisas foi constantemente evocado no ensinamento de Jesus aos seus discípulos. É importante notar que os pastores não se limitaram à constatação do fato. Eles se tornaram os primeiros anunciadores do Evangelho e “todos os que os ouviram ficaram admirados” (Lc 18). O versículo vinte registra a alegria dos pastores: “retornaram, glorificando e louvando a Deus por todas as coisas que ouviram e vi-ram”. É a reação de quem antes era escravo, submetido ao jugo da Lei (impureza legal), e agora sente-se filho (herdeiro) pelo dom do Espírito Santo (segunda Leitura). O versículo dezenove diz que Maria “guardava tudo isso, meditando em seu coração”. Isso quer dizer que a Mãe de Deus era dotada de grande capacidade de interpretar e discernir os acontecimentos da vida. Essa atitude de Maria deve ser nossa inspiração ao longo do ano que estamos inaugurando. Assim, nosso caminhar será permeado pela serenidade e paz. Meditar, guardar no coração é muito diferente do que “engolir em seco” e render-se a recalques e ressentimentos que nos tornam pessoas amarguradas e agressivas, incapazes de reconhecer o bem que há no mundo e nas pessoas.

Encontram Maria e José e o recém-nascido.E, oito dias depois,deram-lhe o nomede Jesus.

01 DE JANEIRO DE 2013

1ª leitura: Nm 6,22-27 salmo: Sl 66(67),2-3.5.6.8 (R/. 2a)2ª leitura: Gl 4,4-7 Evangelho: Lc 2,16-21Branco | Ofício Solene

Santa maria, mãe de Deus

O EvangElhO Em sua vidaCOORDENAÇÃO: PE. EDGAR XAVIER ERTL, SACTEXTOS: JANEIRO | PE. PEDRo SéRGIo BALDIn, SACFEVEREIRO | PE. CRISTIAno PARPInELLI DA SILVA, SAC

Ano cJAneiro/fevereiro 2013

Janeiro | 2013

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VEJA NO SITE : revistarainha.com.br o comentário da liturgia do primeiro domingo do mês, que é publicado na segunda-feira da semana anterior em “o evangelho em sua vida”, nos destaques da edição.

proposta de reflexãoA primeira leitura apresenta a fórmula da bênção

sacerdotal com a qual se concluíam as assembleias litúr-gicas judaicas. Ao retomá-la na liturgia de hoje, a Igreja convida-nos a renovar a fé na presença de Deus em nossa vida e na vida dos irmãos e lembra-nos do quanto é impor-tante começarmos o ano agradecidos pelo dom da vida. O evangelho mostra como o Senhor confia aos pastores de Belém e a nós, hoje, a tarefa de anunciar a Boa Notícia do nascimento de Jesus. Trata-se, sobretudo, de uma mensa-

gem de paz, da paz que vem de Deus, única garantia de felicidade completa e duradoura.

Leituras da Semana:Qua.: 1Jo 2, 22-28 | Sl 97(98),1.2-3ab.3cd-4 (R/. 3a)

Jo 1,19-28. Qui.: 1Jo 2,29-3,6 | Sl 97(98),1.3cd-4.5-6 (R/. 3a) | Jo 1,29-34. sex.: 1Jo 3,7-10 | Sl 97(98),1.7-8.9 (R/. 3a) | Jo 1,35-42. sáb.: 1Jo 3,11-21 | Sl 99(100),2.3.4.5 (R/. 2a) | Jo 1,43-51.

Um dia, um garoto perguntou ao pai:− Pai, qual o tamanho de Deus?O pai ia responder quando um avião cruzou o céu. Ele, então, perguntou:− Filho, qual o tamanho daquele avião?O menino olhou demoradamente e disse:− Pequeno, muito pequeno. Quase nem dá para ver.Na sequência, o pai levou o menino até o aeroporto e lhe mostrou a maior das aeronaves. − E agora, qual o tamanho desse?O menino, boquiaberto, respondeu sem pestanejar: − Nossa, esse é enorme! − Assim, meu filho, é Deus, cujo tamanho vai depender da distância que você estiver Dele. Quanto mais perto, maior Ele será em sua vida!

(autor desconhecido)

Qual o tamanho de

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Jesus recebeuo batismoe enquantorezava o céuse abriu.

13 DE JANEIRO DE 2013

1ª leitura: Is 40,1-5.9-11salmo: Sl 103(104),1-2.3-4.24-25.27-28.29-30 (R./ 1)2ª leitura: Tt 2,11-14; 3,4-7Evangelho: Lc 3,15-16.21-22Branco | Ofício Festivo

Batismo do Senhor

proposta de contextualização

Os “magos do oriente” integravam uma tribo meda (povos medos) possivelmente situada ao noroeste

iraniano, da qual os membros mais importantes podiam ser escribas, sacerdotes, ministros ou mesmo reis. Também ocupavam-se do conhecimento dos astros, julgando-se conhecedores de forças secretas. Tal função no Novo Testamento teria sido identificada com a feitiçaria (At 8,9-11; 13,6.8). No Evangelho de hoje, os magos são pessoas que reconhecem a realeza de Jesus e, conforme os usos e costumes de sua tribo, prestam homenagem ao novo rei. O ânimo dos magos contrasta com o do rei Herodes. Este, intimamente perturbado, mostra-se preocupado com o nascimento do “rei dos judeus”. O rei Herodes governou a Judeia entre 37 e 4 a.C. Por suas grandes habilidades políticas e militares, ficou conhecido como Herodes, o Grande. Tão “grande” que, por medo de perder o po-der, era capaz de qualquer coisa, inclusive matar crianças indefesas (Lc 2,16-18). Os versículos quatro e cinco mos-tram que o rei Herodes tinha as autoridades religiosas ao seu serviço. Na linha da ideologia monárquica daquele tempo, a salvação do povo estava na submissão ao rei, na confiança no poder das armas do monarca tirano.

proposta de atualizaçãoO nascimento de Jesus em Belém é a resposta de Deus

segundo a qual a justiça e a paz não são obtidas pelo uso da violência e das armas. Essa verdade foi afirmada com muita coragem pelo Papa Paulo VI em um discurso pro-ferido na ONU em 1965: “Se quereis ser irmãos, deixai cair as armas de vossas mãos. Não se pode amar com armas ofensivas em punho”. Embora nosso país seja de índole pacífica e acredite no poder da diplomacia como instrumento de defesa da sua soberania, não podemos nos acomodar com os altos índices de violência contra a vida que se registram a cada dia. Qual seria a causa de tanto desprezo pela vida? É um sinal de que precisamos recuperar o sentido da fé e da razão. Voltemos, pois, o nosso olhar para Deus e deixemo-nos surpreender pela

maneira como ele exerce o poder por meio de instrumen-tos simples e aparentemente frágeis. É assim que Deus salva. Ao tomarem um caminho alternativo na volta para casa, os magos mostram ter entendido a maneira de agir de Deus. Entenderam que a salvação de Deus atinge tudo e todos (segunda leitura). As ofertas que fazem ao menino (ouro, incenso e mirra) era o que de melhor encontraram em sua terra para oferecer ao novo rei. Quando o após-tolo Paulo descobriu esse mistério (a salvação de Deus revelada em Cristo), também ele ofereceu o que tinha de melhor, ofereceu a própria vida para torná-lo conhecido, principalmente dos pagãos.

proposta de reflexãoA festa da Epifania do Senhor nos convida a acolher

a salvação de Deus como um dom universal. Mas, para que o seja, de fato, cada membro da Igreja deve oferecer o que tem de melhor, inclusive um pouco de tempo para dedicar-se a algum ministério na comunidade.

Por que muitos cristãos católicos se contentam em ser meros cumpridores de ritos na sua comunidade e, por vezes, impacientes e críticos com os que se dedicam aos diversos serviços que fazem a comunidade andar? A consciência de sentir-se amado e herdeiro da salvação de Deus necessariamente leva a pôr a mão na massa. É surpreendente que Deus tenha querido contar com a nossa ajuda para realizar o seu plano salvífico. Mas parece que é assim mesmo.

Leituras da Semana:seg.: 1Jo 3,22-4,6 | Sl 2,7-8.10-11 (R/. 8a) | Mt 4,12-

17.23-25. ter.: 1Jo 4,7-10 | Sl 71(72),1-2.3-4ab.7-8 (R/. 11) | Mc 6,34-44. Qua.: 1Jo 4,11-18 | Sl 71(72),1-2.10-11.12-13 (R/. cf. 11) | Mc 6,45-52. Qui.: 1Jo 4,19-5,4 | Sl 71(72),1-2.14.15bc.17 (R/. cf. 11) | Lc 4,14-22a. sex.: 1Jo 5,5-13 | Sl 147(147B),12-13.14-15.19-20 (R/. 12a) Lc 5,12-16 | sáb.: 1Jo 5,14-21 | Sl 149,1-2.3-4.5.6a.9b (R/. 4a) | Jo 3,22-30.

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39O EvAngElhO Em sUA viDA Janeiro/Fevereiro | 2013

Vimos a suaestrela noOrientee viemosadorá-lo.

06 DE JANEIRO DE 2013

1ª leitura: Is 60,1-6salmo: Sl 71(72),1-2.7-8.10-11.12-13 (R/. cf. 11)2ª leitura: Ef 3,2-3a.5-6Evangelho: Mt 2,1-12Branco | Ofício Festivo

Epifania do Senhor Jesus

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40O EvAngElhO Em sUA viDA Janeiro/Fevereiro | 2013

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Jesus recebeuo batismo.E, enquantorezava, o céuse abriu.

13 DE JANEIRO DE 2013

1ª leitura: Is 40,1-5.9-11salmo: Sl 103(104),1-2.3-4.24-25.27-28.29-30 (R/. 1)2ª leitura: Tt 2,11-14; 3,4-7Evangelho: Lc 3,15-16.21-22Branco | Ofício Festivo

Batismo do Senhor Jesus

proposta de contextualização

A festa do Batismo do Senhor encerra o tempo do Natal e inaugura a série de relatos que irão apresentar

Jesus realizando a sua obra. Na passagem sobre a qual vamos meditar nesta celebração, o olhar sobre Jesus é projetado a partir da figura de João Batista. Começa destacando a expectativa messiânica do povo, surgida em torno da pessoa e pregação de João. O acento forte no testemunho do Batista, porém, era a necessidade de conversão como única oportunidade para acolher o Messias e entrar no Reino dele. A partilha (Lc 3,11), a justiça (Lc 3,12-13) e a autoridade como serviço (Lc 3,14) são três elementos que aparecem na pregação de João como indispensáveis nesse percurso. O testemunho profético do Batista, todavia, sugeriu ao povo que ele próprio viesse a ser o Cristo, tal era sua identificação com os grandes profetas do Antigo Testamento. A ele é aplicada a profecia de Isaías, retomada na primeira leitura (Is 40,3; Lc 3,4-5). No entanto, consciente do limite de sua missão, João permanece no seu lugar de precursor e, em relação ao Messias, declara: “virá aquele que é mais forte do que eu, e eu não tenho o direito de desamarrar o cordão das suas sandálias” (Lc 3,16). Os versículos dezenove e vinte trazem o tema central da liturgia de hoje: Jesus se submete ao batismo de João, recebe o dom do Espírito Santo (cf. Mt 3,13-17; Mc 1,9-11) e inaugura a sua missão redentora. A afirmação “o céu se abriu” é uma alusão à interrupção do carisma profético que vinha desde os tempos dos Macabeus (cf. 1Mc 4,16; 9,27). Agora, no “Filho amado”, o carisma profético retorna com toda a força.

proposta de atualizaçãoSe Jesus foi, em tudo, semelhante a nós, exceto no pe-

cado, por que se submeter a um batismo de conversão que culminava na confissão e no arrependimento dos pecados? Esta é uma pergunta que muitos crentes costumam fazer. Em Mateus, respondendo a um protesto do Batista, que parece mostrar-se constrangido em batizá-lo, Jesus afirma

“Deixa por hora, pois assim nos convém cumprir toda a justiça” (Mt 3,15). Isso quer dizer que Jesus se submeteu a todas as prescrições da Lei (cf. Lc 2,21-39). Afinal, ele foi um judeu piedoso, não fingiu sê-lo. Este é um gesto que deve ser visto na linha da solidariedade de Jesus com a fragilidade humana, por ele assumida com a determinação e o interesse de resgatá-la da escravidão do pecado. Lucas enriquece a cena com um tema que lhe é muito caro: a oração. Diversas vezes, ele volta a este tema para con-firmar que a eficácia da missão de Jesus e dos discípulos depende da oração. E a oração de Jesus faz o céu se abrir, o Espírito Santo descer, e o Pai pronunciar-se a favor do seu eleito (vv. 21-22), investindo-o da realeza messiânica (cf. Sl 2,7), que Jesus exercerá com espírito de serviço (Is 42,1), sem vacilar e desacorçoar, até que se estabeleça o direito na terra (cf. Is 42,4).

proposta de reflexãoO batismo de Jesus é um sinal de amor. Mostra como

ele se solidariza com o nosso pecado e decide curá-lo. Olhando para Jesus, meditando sobre a maneira como ele realizou sua missão, perguntamo-nos: como estamos vivendo o nosso batismo? Qual é a razão que move um pai e uma mãe para querer que o seu filho seja batizado na fé da Igreja?

Leituras da Semana:seg.: Hb 1,1-6 | Sl 96(97),1-2.6.7c.9 (R/. cf. 7c) | Mc

1,14-20. ter.: Hb 2,5-12 | Sl 8,2a.5.6-7.8-9 (R/. cf. 7)Mc 1,21b-28. Qua.: Hb 2,14-18 | Sl 104(105), 1-2.3-4.6-7.8-9 (R/. 8a) | Mc 1, 29-39. Qui.: Hb 3,7-14 | Sl 94(95),6-7.8-9.10-11 (R/. 8) | Mc 1, 40-45. sex.: Hb 4,1-5.11 |Sl 77(78),3.4bc.6c-7.8 (R/. cf. 7c) | Mc 2,1-12. sáb.: Hb 4,12-16 | Sl 18B(19B),8.9.10.15 (R/. cf. Jo 6,63c) | Mc 2,13-17.

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41O EvAngElhO Em sUA viDA Janeiro/Fevereiro | 2013

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Jesus realizou este iníciodos sinaisem Canáda Galileia.

20 DE JANEIRO DE 2013

1ª leitura: Is 62,1-5salmo: Sl 95(96),1-2a.2b-3.7-8a.9-10ac (R/.1a.3b)2ª leitura: 1Cor 12,4-11Evangelho: Jo 2,1-11Verde | II Semana do Saltério

2º Domingo do Tempo Comum Cinquentenário da canonização de São Vicente Pallotti (1963-2013)

proposta de contextualização

No prólogo do seu evangelho (1,1-18), São João afirma: “o Verbo se fez carne e habitou entre nós”

(1,14). E, aos poucos, leva os ouvintes do seu evangelho a compreender como o Verbo divino, revestido da nossa humanidade, vai revelando o mistério de sua divindade. Por meio de sinais, Jesus vai se revelando a fim de mani-festar a sua glória (Jo 1,14), que consiste em crer nele para ter a vida em seu nome (cf. Jo 20,30-31).

Dos muitos sinais que Jesus fez na presença dos seus discí-pulos, João escolheu seis para compor o seu relato evangélico. O primeiro deles é o tema da liturgia de hoje. O contexto é o de uma festa de casamento em Caná da Galileia em que estão presentes a mãe de Jesus, o próprio Jesus e os discípulos. Entender bem essa passagem é um grande pas-so para acolher com mais facilidade o quarto Evangelho. Vamos fazer um esforço para acompanhar a linguagem simbólica do texto. Enquanto os sinóticos empregam geralmente a palavra “milagre” (dýnamis: poder, força...) para definir uma ação portentosa de Jesus, João utiliza o termo “sinal” (seméion: indício, marca, selo, indicação...). Assim, um sinal provocado por Jesus, no quarto evange-lho, quer levar o discípulo ao conhecimento de algo que vai além das aparências e tomar uma decisão a favor ou contra Jesus.

O texto começa com a notícia de um casamento em Caná da Galileia, ocorrido no terceiro dia (v. 1). No con-texto desse relato (Jo 1,19-2,11), o terceiro dia correspon-de ao sexto dia da semana, o mesmo em que Deus criou o homem e a mulher à sua imagem e semelhança (Gn1). Numa perspectiva mais ampla, o terceiro dia também se refere à ressurreição (cf. Jo 2,19-22; 1Cor 15,3-4), cujo sentido está estreitamente ligado à “Hora de Jesus”, que compreende a paixão, morte e ressurreição de Cristo. A festa de casamento aponta para a aliança, tema muito apreciado no Antigo Testamento para falar do relacio-namento de Deus com a humanidade (primeira leitura). Não raro, um ato de infidelidade do povo (idolatria) era denunciado pelos profetas como um ato de prostituição

(cf. Os 1,5). A mãe que se dirige ao filho, inteirando-o da falta do vinho, recebe uma resposta em tom de censura por parecer querer forçar as coisas: “a minha hora ainda não chegou” (v. 5). Mais estranho ainda é o fato de ser chamada “mulher”, forma de tratamento incomum nos lábios de um filho dirigindo-se à própria mãe. O certo é que essa mulher tem um papel muito importante no Evangelho de João. É por meio dela que o olhar dos convivas se volta a Jesus (o noivo). Ela estará presente em outro momento decisivo da missão do filho (cf. Jo 20, 26). As seis talhas vazias denunciam a falência de uma fé baseada em normas e preceitos humanos. Esse tipo de fé foi constantemente questionado pelos profetas e por Jesus (cf. Mc 7,1-13). O vinho bom e abundante indica a chegada dos tempos messiânicos. É símbolo de amor (Ct 1,2; 7,10; 8,2) e convite à alegria. A palavra do mestre- sala: “Tu guardaste o vinho bom até agora” (v. 10) é o despertar para a nova vida que se projeta.

proposta de atualizaçãoA linguagem dos sinais em João é, portanto, um convite

para ultrapassar as aparências e chegar à fé. Não por acaso, a narrativa das bodas é finalizada com a feliz constatação: “os seus discípulos creram nele” (2,11). Sem o “crer nele”, não há alegria pelo vinho novo e menos ainda disposição para fazer tudo o que ele disser. Para superar a barreira do superficial e atingir o nível da fé madura, é preciso atenção e discernimento.

Essas duas virtudes ajudam, inclusive, a evitar a preci-pitação no falar e no agir. Prejulgamentos e preconceitos podem ser expressão de futilidade e incapacidade de percepção do essencial. Além disso, uma reflexão mais cuidadosa do que se passa ao nosso redor pode evitar muitos constrangimentos e atos de desamor.

proposta de reflexãoNa passagem das bodas de Caná, Jesus se apresen-

ta como aquele que pode trazer alegria aos corações.

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42O EvAngElhO Em sUA viDA Janeiro/Fevereiro | 2013

Naquela festa, a causa da alegria foi a transformação da água em vinho. Que sinais, hoje, podem transformar nossas frustrações em alegria? Que sinais podem levar a Igreja, esposa do Cordeiro, a ser um caminho de apro-fundamento na fé?

A liturgia de hoje nos convida a ter coragem de mergulhar mais profundamente no sentido das coisas. O nível do senso comum talvez seja pouco para um cristão que se preze.

Leituras da Semana:seg.: Hb 5,1-10 | Sl 109(110),1.2.3.4 (R/. 4bc) |

Mc 2,18-22. ter.: Hb 6,10-20 | Sl 110(111),1-2.4-5.9.10c (R/. 5b) | Mc 2, 23-28. Qua.: Hb 7,1-3.15-17 Sl 109(110),1.2.3.4 (R/. 4bc) | Mc 3,1-6. Qui.: Hb 7,25-8,6 | Sl 39(40),7-8a.8b-9.10.17 (R/. cf. 8a.9a)| Mc 3,7-12. sex.: At 22,3-16 ou At 9,1-22 | Sl 116(117),1.2 (R/. Mc 16,15)| Mc 16,15-18. sáb.: 2Tm 1,1-8 ou Tt 1,1-5 | Sl 95(96),1-2a.2b-3.7-8a.10 (R/. 3)| Lc 10,1-9.

Uma antiga lenda conta que um rabi, religioso dedicado, vivia muito feliz com sua família, esposa admirável e dois filhos queridos. Certa vez, por imperativos da

religião, o rabi viajou, ausentando-se do lar por vários dias. No período em que estava fora de casa, um grave acidente provocou a morte dos dois filhos amados.

A esposa e mãe sentiu o coração dilacerado de dor. No entanto, por ser uma mulher forte, sustentada pela fé e pela confiança em Deus, suportou o choque com bravura. Uma preocupação, todavia, lhe vinha à mente: como dar ao esposo a triste notícia? Sabendo que ele era portador de insuficiên-cia cardíaca, temia que não suportasse tamanha comoção. Lembrou-se de fazer uma prece. Rogou a Deus auxílio para resolver a difícil questão.

Alguns dias depois, num final de tarde, o rabi retornou ao lar.

Abraçou longamente a esposa e perguntou pelos filhos... Ela pediu para que não se preocupasse. Que tomasse o seu banho e logo depois ela lhe falaria dos moços.

Alguns minutos depois, estavam ambos sentados à mesa. Ela lhe perguntou sobre a viagem, e logo ele perguntou nova-mente pelos filhos.

A esposa, um tanto embaraçada, respondeu ao marido: “deixe os filhos”. Primeiro quero que me ajude a resolver um problema que considero grave.

O marido, já um pouco preocupado, perguntou: “O que aconteceu? Notei você abatida! Fale! Resolveremos juntos com a ajuda de Deus”.

− Enquanto você esteve ausente, um amigo nosso visitou-me e deixou duas joias de valor incalculável para que as guardasse. São joias muito preciosas! Jamais vi algo tão belo! O problema é esse! Ele vem buscá-las e eu não estou disposta a devolvê-las, pois já me afeiçoei a elas. O que você me diz?

− Ora, mulher! Não estou entendendo o seu comportamen-to! Você nunca cultivou vaidades! Por que isso agora?

− É que nunca havia visto joias assim! São maravilhosas!− Podem até ser, mas não lhe pertencem! Terá que devolvê-las.− Mas eu não consigo aceitar a ideia de perdê-las!E o rabi respondeu com firmeza: “Ninguém perde o que

não possui. Retê-las equivaleria a roubo! Vamos devolvê-las, eu a ajudarei. Faremos isso juntos, hoje mesmo”.

− Pois bem, meu querido, seja feita a sua vontade. O tesouro será devolvido. Na verdade, isso já foi feito. As joias preciosas eram nossos filhos. Deus os confiou à nossa guarda e, durante a sua viagem, veio buscá-los. Eles se foram.

O rabi compreendeu a mensagem. Abraçou a esposa e jun-tos derramaram grossas lágrimas. Sem revolta nem desespero.

Os filhos são joias preciosas que o Criador nos confia a fim de que as ajudemos a aperfeiçoarem-se. Não percamos a opor-tunidade de enfeitá-las de virtudes. Assim, quando elas voltarem a Deus, que possam estar ainda mais belas e mais valiosas.

Joias raras

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de boas leituras para toda a sua família.

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Hoje secumpriuesta passagem da Escritura.

27 DE JANEIRO DE 2013

1ª leitura: Ne 8,2-4a.5-6.8-10salmo: Sl 18B(19B), 8.9.10.15 (R/. Jo 6,63c)2ª leitura: 1Cor 12,12-30 Evangelho: Lc 1,1-4; 4,14-21Verde | III Semana do Saltério

3º Domingo do Tempo Comum

proposta de contextualização

A primeira parte do Evangelho deste domingo (Lc 1,1-4) apresenta a introdução de Lucas, expondo a Teófilo

o propósito de sua obra: “escrever-te de modo ordena-do, para que verifiques a solidez das palavras nas quais foste instruído” (vv. 3-4). A segunda parte (vv. 14-21) apresenta o início da atividade pública de Jesus. Tendo vencido as tentações no deserto (Lc 4,1-13), ele retorna à Galileia, sua terra natal e, no contexto de uma assem-bleia litúrgica, anuncia o programa do seu apostolado. Os versículos catorze e quinze resumem a missão de Jesus, destacando sua atividade didática nas sinagogas.

A ênfase: “no poder do Espírito” é uma afirmação relevante. É o ponto culminante de uma intensa manifestação do Espírito Santo registrada no princípio do evangelho (cf. Lc 1,15; 1,35; 1,41; 1,67; 2,25-27; 2,36, 3,16; 3,22; 4,1). No todo da obra de Lucas (Evangelho e Atos dos Apósto-los), a missão do Espírito Santo é o fio condutor da missão de Jesus e dos discípulos.

proposta de atualizaçãoO que o evangelista escreve nessa introdução é atesta-

do ao longo de sua obra (Lc-At). Por ser fruto do esforço de

* O valor da assinatura anual sofrerá reajuste a partir do mês de março de 2013.

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44O EvAngElhO Em sUA viDA Janeiro | 2013

assinale entre os parênteses o número de assinaturas

assinale aqui a opção de pagamento (marque com um X)

( ) assinatura(s) da Revista Rainha doS aPÓStoloS

( ) 1 pagamento de R$ 70,00 por assinatura ( ) 2 pagamentos de R$ 36,00 por assinatura( ) 3 pagamentos de R$ 25,00 por assinatura ( ) 4 pagamentos de R$ 20,00 por assinatura

( ) Cobrança bancária (boleto) ( ) Cheque nominal à ReviSta Rainha nº | __ | __ | __ | __ | __ | __ | __ | (esta opção é válida apenas para pagamento à vista - R$ 70,00)

nome: |____|____|____|____|____|____|____|____|____|____|____|____|____|____|____|____|____|____|____|____|____|____|____|____|____|

CPF: |____|____|____|.|____|____|____|.|____|____|____| - |____|____| data de nascimento: |____|____| / |____|____|/ |____|____|____|____|

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Seus dados

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uma pesquisa séria e atenta acerca do que foi publicado a respeito de Jesus (Evangelho) e da missão dos discípulos (Atos), os escritos de Lucas oferecem à família cristã uma reflexão madura e digna de muita credibilidade. Como bons ouvintes, somos chamados a nos colocar no lugar do “ilustríssimo Teófilo” (amigo de Deus) porque somos os legítimos destinatários de uma mensagem muito bem feita e que nos aproxima de Jesus com confiança e sem medo.

Como seria proveitoso para o crescimento do Reino de Deus se todos os que falam e trabalham em nome de Jesus tivessem a preocupação de levar os crentes a verificar a solidez das palavras com as quais são instruídos. Lucas mostra como a pregação deve ser um testemunho de fé capaz de oferecer aos ouvintes razões para crer.

Sem uma fé sólida e esclarecida, o cristianismo pode se tornar uma seita em que o Cristo seja reduzido ao nível de percepção e do comodismo de cada crente. A expec-tativa de milagres não é suficiente para sustentar a fé e manter um discípulo no seguimento de Jesus, cujas linhas mestras são indicadas na segunda parte do Evangelho de hoje. Ao celebrar com sua gente na sinagoga de Nazaré, Jesus mostra as razões do seu apostolado: evangelizar os

pobres; anunciar a remissão aos prisioneiros; dar aos cegos a recuperação da vista; libertar os oprimidos e proclamar um ano favorável do Senhor (vv. 18-19). Esse anúncio é feito com base na Sagrada Escritura (Is 61,1-2) e confirma a predileção de Deus pelos “derrotados” da história. Ao propor que meditemos sobre essa passagem, a igreja nos convida a acolher a boa notícia que ela contém. Mas para tal é preciso estar em sintonia com o Espírito de Deus para não nos acontecer o mesmo que aconteceu com os conterrâneos de Jesus.

Aqueles, além de recusar os ensinamentos do mensa-geiro de Deus, por pouco não o agrediram com violên-cia. Tamanha má disposição prova que não estavam em sintonia com o Espírito de Deus. Então Jesus passou pelo meio deles e foi embora (vv. 28-30).

proposta de reflexãoA primeira leitura mostra que uma escuta atenta da

Palavra de Deus produz gestos de partilha e solidarieda-de com os mais empobrecidos de nossas comunidades. Como ouvintes da Palavra de Deus na comunidade, como exercemos o carisma da inspiração diante das

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oportunidades que nos ocorrem de ajudar as pessoas mais necessitadas que nos cercam?

O Evangelho nos mostra a seriedade com que Cristo deve ser anunciado. Como reagimos à tentação de reduzir as exigências da fé cristã ao tamanho do nosso pensar e do nosso comodismo? A segunda leitura mostra o valor da diversidade no seio da comunidade cristã. A pluralidade é uma riqueza na medida em que leva as pessoas a parti-lharem com amor e humildade o melhor de si.

Leituras da Semana:seg.: Hb 9,15.24-28 | Sl 97(98),1.2-3ab.3cd-4.5-6 (R/.

1a) | Mc 3,22-30. ter.: Hb 10,1-10 | Sl 39(40), 2.4ab.7--8a.10.11 (R/. cf. 8a.9a) | Mc 3,31-35. Qua.: Hb 10,11-18 | Sl 109(110),1.2.3.4.(R/. 4bc) | Mc 4,1-20. Qui.: Hb 10,19-25 | Sl 23(24),1-2.3-4ab.5-6 (R/. cf. 6) | Mc 4,21-25. sex.: Hb 10,32-39 | Sl 36(37),3-4.5-6.23-24.39-40 (R/. 39a) | Mc 4,26-34. sáb.: Ml 3,1-4 ou Hb 2,14-18 | Sl 23(24),7.8.9.10 (R/. 10b) | Lc 2,22-40.

Jesus, assim como Eliase Eliseu,não é enviadosó aos judeus.

03 DE FEVEREIRO DE 2013

1ª leitura: Jr 1,4-5.17-19salmo: Sl 70(71),1-2.3-4a.5-6ab.15ab.17 (R/. cf. 15ab)2ª leitura: 1Cor 12,31–13,13Evangelho: Lc 4,21-30Verde | IV Semana do Saltério

4º Domingo do Tempo Comum

A liturgia deste quarto domingo do Tempo Comum nos fala da vocação profética. Profeta é “aquele que

fala em nome de”, e em nossa fé, que tem suas bases na tradição do Antigo Testamento, Deus suscita profetas para falar em seu nome ao seu povo. Para nós, Jesus é o grande Profeta, ou ainda, bem mais que um profeta porque se fez a mensagem de Deus para a humanidade inteira. Ele não só fala em nome de Deus, mas é Deus quem fala nele. Ele é o próprio Deus que desce e, no caminho para a cruz, convida à conversão e à vida nova.

na primeira leitura, vemos a vocação profética de Jeremias. A função do profeta em Israel foi a de denunciar com firmeza os vícios do povo, a falsidade do culto, os abusos de poder, as idolatrias e as formas de tentar apri-sionar Deus. Por outro lado, foi sempre um convite de conversão pessoal e comunitária. Jeremias foi um homem “apaixonado por Deus” e recebeu seu chamado desde o ventre materno: “te conheci...te consagrei...te fiz profeta” (v.5). Jeremias é enviado para uma missão bem precisa: falar em seu nome munido de coragem (v. 17). E o que é característico na pessoa do profeta é ter a certeza de que em sua missão nunca está sozinho (v. 19). Cantando com o salmista, também somos convidados a ter a confiança de que é ele quem nos chama, nos capacita e nos conduz à missão confiada. No domingo passado, Jesus traçou o seu programa de missão em Nazaré (cf. Lc 1,1-4).

O Evangelho de hoje não é recebido pelos seus con-terrâneos (v. 22) e sente uma reação violenta quando se revela como o cumprimento da Promessa Messiânica (v. 21). O povo de Nazaré desconhece o Filho de Deus (vv. 22-23), tropeça em sua origem por demais comum (v. 22) e perdeu a oportunidade de acolher o próprio Deus que os visitava. Na revelação, em Jesus, que se apresenta como a Profecia de Deus para com seu povo, se cumprem todas as profecias do Antigo Testamento. Jesus é O Profeta cumpridor de sua missão do modo querido por Deus. Por isso, assim como Elias e Eliseu, a mensagem de Jesus encontra resistências entre os seus e é acolhida entre os estranhos (vv.25-27). Jesus é um profeta diferente, que não apenas fala em nome de Deus, mas Deus fala Nele. Em Jesus, Deus se aproxima dos pobres, doentes, impuros, dos últimos de Israel – por isso, a não aceitação. Sua pregação ultrapassa os morros de Nazaré e do juda-ísmo. A palavra de Jesus exige uma decisão firme. É para acatar ou deixar: quando é deixada de lado e não acolhi-da, ela passa adiante (v.30) com toda a firmeza de que está acima do orgulho, da autossuficiência e da prepotência humana de querer caminhar sem Deus.

O conhecido Hino à Caridade (ao Amor) está na se-gunda leitura deste domingo, na qual o apóstolo Paulo mostra o que é mais importante na comunidade cristã. A comunidade de Corinto se perguntava qual era o caris-ma mais importante e mais sublime. Nesse hino, Paulo,

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ao mostrar as características da caridade e do verdadeiro amor responde que o mais importante na comunidade não é a função em si, mas o espírito com que se desem-penha a missão confiada. O carisma, se tomado como serviço à comunidade no amor e na caridade, permanece porque é dom de Deus. O ágape traduz o amor desin-teressado de Deus pela humanidade. Esse amor, quando construído, é doação, gratuidade e sem barreiras. Sentir- se chamado por esse amor é possuir aquele carisma que é dado pelo próprio Deus e que permanece por toda a humanidade. Como corpo de Cristo, a Igreja participa do carisma profético de sua Cabeça, o Cristo. Ela é comu-nidade profética enquanto anuncia um amor universal e gratuito como sendo a novidade de Deus. Ela necessita ser uma profecia de comunhão em meio a tanto egoísmo, indiferença, falta de fé, relativismos.

para refletirHoje vendo a vocação profética que há em nós, a ati-

tude de aceitar Jesus como parte de minha vida e anunciar

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um amor universal a todas as pessoas indistintamente, somos convidados a refletir: será que exercemos com fidelidade a vocação profética dada a nós desde o nosso batismo? E a nossa aceitação ao projeto de Jesus em nossa vida: estamos aderindo a ele ou somos temerosos em não reconhecê-lo e aceitá-lo em nossa missão? Somos sinais do amor ágape (desinteressado, alegre, contagiante) a todas as pessoas com as quais convivemos na família, na comunidade, no trabalho?

Leituras da Semana:seg.: Hb 11,32-40 | Sl 30(31),20.21.22.23.24 (R/.

25) | Mc 5,1-20. ter.: Hb 12,1-4 | Sl 21(22),26b-27.28.30.31-32 (R/. cf. 27b) | Mc 5,21-43. Qua.: Hb 12,4-7.11-15 | Sl 102(103),1-2.13-14.17-18a (R/. cf. 17 | Mc 6,1-6. Qui.: Hb 12,18-19.21-24 | Sl 47(48),2-3a.3b-4.9.10-11 (R/. cf. 10) | Mc 6,7-13. sex.: Hb 13,1-8 | Sl 26(27),1.3.5.8b-9abc (R/. 1a) | Mc 6,14-29. sáb.: Hb 13,15-17.20-21 | Sl 22(23),1-3a.3b-4.5.6 (R/.1) | Mc 6,30-34.

Deixaramtudo e oseguiram.

10 DE FEVEREIRO DE 2013

1ª leitura: Is 61,1-2a.3-8salmo: 137(138),1-2a.2bc.3.4-5.7c-8 (R/. 1c.2a)2ª leitura: 1Cor 15,1-11 Evangelho: Lc 5,1-11Verde | I Semana do Saltério

5º Domingo do Tempo Comum

Neste quinto domingo do Tempo Comum, vemos na liturgia o tema do chamado de Deus como fruto da

experiência de encontro com Ele. Revelação, vocação e missão estão intimamente unidas, sendo a iniciativa do chamado sempre de Deus. Para anunciá-lo, é preciso conhecê-lo! E, nesse sentido, o profeta, o apóstolo Paulo e os primeiros discípulos de Jesus tornaram-se anunciadores a partir do momento em que fizeram o encontro com Ele. Não podemos encerrar Deus em nosso limitado raciocínio, não é possível a pregação de uma ideia abstrata, mas o contato com um Deus imensamente amoroso que nos quer bem como seus filhos e suas filhas.

na adoração no templo, na primeira leitura, Isaías experimenta a presença poderosa de Deus (vv.1-4), toma consciência de sua impureza diante do sagrado (v.5), é purificado (vv.6-7) e aceita a missão (v.8). Contudo, o que mais chama atenção é o chamado e a aceitação da tarefa-missão confiada. A resposta do profeta, “Aqui estou! Envia-me!” (v.8), não visa apenas apresentar

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uma imagem excelsa de Deus sumamente distante da nossa humanidade (vv.2-3), mas diante do poder divi-no quer mostrar a necessidade de conversão por parte do homem (v.5) e a disponibilidade a esse chamado. É preciso saber que se Ele chama, Ele capacita. No chama-do feito a Isaías, há o sentimento de incapacidade para a missão, necessidade de conversão e uma revisão de vida. Com a purificação (vv.6-8), o profeta sente-se encorajado a dispor-se ao envio que o Senhor lhe faz. A iniciativa do chamado é de Deus, contudo a resposta livre e gratuita é do homem. Deus não invade, não condiciona, não vio-lenta a liberdade humana, mas simplesmente quer uma resposta positiva à missão que confiou a cada um de nós. No Novo Testamento, também é Deus que se revela em Jesus de Nazaré e chama. O chamado divino assume um verdadeiro significado nos lábios de Jesus porque Ele é a própria presença do Reino e convida ao seu seguimento. É Nele que os homens atingem a condição de filhos e filhas de Deus libertos do pecado.

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No chamado aos quatro primeiros discípulos do Evan-gelho de hoje, é perceptível o método usado por Jesus ao convidar esses homens ao seguimento: entra na realidade deles (vv.1-3) e os faz crer que sua Palavra gera o verda-deiro milagre da vida (vv.3-4). Diante da autoridade de Jesus, Simão Pedro é convidado a tentar mais uma vez, de forma diferente, agora com o mandato do Senhor (vv.4-6). A vocação se encarna na situação de cada um e conduz o ser humano nos caminhos de Deus. Na afirmação “em atenção à tua palavra, vou lançar as redes”, é possível per-ceber que foi a fé de Simão Pedro que o fez testemunhar o milagre da pesca (vv.6-7). Como Isaías, o espanto se apoderara do coração daqueles homens, e Simão logo se sente indigno, incapaz e pecador (v.8). Jesus, porém, não desejava apenas mostrar o seu poder, mas quis confiar a missão de pescar homens (v.10). Ou seja, missão de pescar homens e mulheres para Deus. A atitude de deixar tudo e seguir a Jesus (v.11) não é fruto de presenciar a pesca milagrosa, mas de receber um convite especial de lançar as redes mais uma vez. Fazendo com que a vez seja de Deus; não mero esforço humano, mas a iniciativa e a ação são dele; nós, convocados, somos apenas instrumentos e cabe a nós responder.

paulo, na segunda leitura, também é um daqueles que recebeu uma missão e respondeu generosamente a ela. A experiência de encontro com o Ressuscitado transformou a vida desse homem. Sobre os questiona-mentos da comunidade de Corinto sobre a ressurreição, o apóstolo responde com o testemunho da própria vida: “é pela graça de Deus que sou o que sou” (v.10). Sentin-do-se agraciado, mas indigno (v.9), o apóstolo reconhece que não são suas próprias forças, mas é a graça que atua e o faz apóstolo missionário: “é a graça de Deus comigo”. Toda experiência de fé está baseada na experiência de Cristo crucificado e ressuscitado. Tal experiência é pessoal

e também transmitida pela comunidade de fé (vv.3-8). A vocação é sempre dom de Deus e, por isso, é fruto de um encontro que transforma radicalmente a própria vida, como aconteceu com Paulo e com tantos outros (vv.9-11). O Salmo desta liturgia é um canto de gratidão e aponta que o chamado de Deus deve ser acolhido com alegria. A vocação não é fardo nem encosto, mas exige uma res-posta generosa à cooperação na realização do projeto de Deus na humanidade.

para refletirSem vocação e sem chamado divino, somos seres

incompletos, extraviados e perdidos. Sentir-se chamado é fazer encontro com o mistério, com o Deus Trinda-de. Somos chamados a ser na sociedade de hoje cris-tãos por vocação, e não por modismos, conveniência. Um cristão consciente da própria vocação vive em aten-ção à Palavra, e não ao que o mundo dita. Assim, quais atitudes que tenho no meu dia a dia correspondem ao chamado que o Senhor me fez enquanto membro de uma família, pertencente a uma comunidade, evangelizador na sociedade atual? Como aconteceu na vida de Isaías, Pedro e Paulo, o que faço para que minha vida esteja em atenção à Palavra do Senhor?

Leituras da Semana:seg.: Is 66,10-14c | (Sl)Jt 13,18bcde.19 (R/. 15,9d)

Jo 2,1-11. ter.: Gn 1,20-2,4a | Sl 8,4-5.6-7.8-9 (R/. 2a) | Mc 7,1-13. Qua.: Jl 2,12-18 | Sl 50(51),3-4.5-6a.12-13.14.17 (R/. cf. 3a) | 2Cor 5,20-6,2 | Mt 6,1-6.16-18. Qui.: Dt 30,15-20 | Sl 1,1a-2.3.4.6 (R/. 39.5a) | Lc 9,22-25. sex.: Is 58,1-9a | Sl 50(51),3-4.5-6a.18-19 (R/. 19b) | Mt 9,14-15. sáb.: Is 58,9b-14 | Sl 85(86),1-2.3-4.5-6 (R/. 11a) | Lc 5,27-32.

Ao fundar a União do Apostolado Católico (UAC), em 1835, Pallotti queria que todos se empenhassem para reavivar a fé e reacender a caridade em todo o mundo. Mulheres e homens, leigos e consagrados. Cada um de acordo com sua capacidade e seus dons, em todos os lugares. Os padres palotinos, através da Sociedade do Apostolado Católico, fazem parte da UAC, assim como as irmãs palotinas e os leigos empenhados.

voCê queR ConheCeR o CaRisma e a espiRitualidade palotina?

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Deixe a semente do carisma palotino brotar em seu coração!Já pensaste em ser Padre ou Irmão Palotino?

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Jesus,no deserto,era guiadopelo Espíritoe foi tentado.

17 DE FEVEREIRO DE 2013

1ª leitura: Dt 26,4-10salmo: Sl 90(91), 1-2.10-11.12-13.14-15 (R/. 15b) 2ª leitura: Rm 10,8-13Evangelho: Lc 4,1-13Roxo | I Semana do Saltério

1º Domingo da quaresma

Estamos no tempo da Quaresma, tempo de revisão, de mudança de vida. São quarenta dias que lembram um

tempo de deserto, de preparação. No transcorrer desses quarenta dias, temos uma oportunidade que nos é ofere-cida para nos configurarmos ao Cristo que caminha para sua Paixão. E com Ele, queremos também ressuscitar para uma vida nova, com novas atitudes, com uma fé renovada, como mulheres e homens ressuscitados. Neste primeiro domingo da Quaresma, vemos que o evento êxodo marca a identidade de Israel enquanto povo, raça escolhida por Deus em vista de uma missão. E, superando as tentações, Jesus mostra que a eleição desse povo ultrapassa as fron-teiras de Israel e que a libertação começa de dentro do coração humano.

Somos convidados a vencer a tentação do egoísmo, da busca insana pelos bens materiais, da sede de posse, do domínio sobre os outros, da ilusão do sucesso e de outros impedimentos de nossa harmonia com Deus e com os irmãos.

A primeira leitura deste domingo apresenta o Credo Israelita, “Meu pai era um arameu errante...”, no qual Israel lembra a libertação do Egito, os quarenta anos passados no deserto sob a condução de Deus. Todos os anos, isso era lembrado na memória histórica e religiosa do povo. Por outro lado, percebe-se aqui a simplicidade da fé dos israelenses, que se apoiava no fato de Deus estar presente na vida do povo e conduzi-lo com carinho (vv.5-9). A base dessa fé é o fato pascal: libertação do Egito e posse da Terra Prometida. Em reconhecimento às dádivas desse bom Deus, Israel oferece as primícias da terra, os primeiros frutos em ação de graças (v.10). Para os cristãos, o acontecimento é a Páscoa de Jesus; sua vida, paixão, morte, ressurreição é a marca daqueles que aceitam a graça da salvação dada em Cristo e se deixam transformar por Ele. A libertação que acontece em nós hoje é a de nossos pecados, de nossa falta de amor, de nossa falta de fé. Quais as primícias que podem ser oferecidas a Deus neste tempo? Com a mesma simplicidade de fé de Israel, nós também podemos ser simples na relação com nosso Deus e oferecer a Ele nossa oração, comuni-

tária, profunda, confiante, silenciosa – em meio a tantos barulhos externos e internos –, nosso jejum – renúncia alegre ao que é supérfluo –, nossa esmola – repartir com o outro o que o outro necessita, e não o que me sobra –, partilhar a presença de estar gratuitamente com o outro, estar na companhia dos doentes, dos mais abandonados. Juntamente como o salmista de hoje, queremos perceber a fidelidade daqueles que depositam sua proteção em Deus. Aqueles que pautam a vida em sua Palavra sentirão sua presença em meio às dores, dificuldades, tentações. Por isso, queremos colocar em evidência que nossos sacrifícios quaresmais servem para fortalecer ainda mais nossa comu-nhão com Deus e com os irmãos. Na Oração dos Salmos, temos a confiante certeza de que não estamos sozinhos.

O evangelista lucas faz das tentações de Jesus um paradigma para toda a sua vida. O Evangelho traz que Jesus passou por um tempo de Quaresma em sua vida. Reviveu a história de seu povo no período do deserto, conheceu as tentações da carne (v.3), a tentação da ido-latria e do poder (vv.5-7) e a tentação de querer negociar, manipular, forçar a Deus (v.9-11). Em todas elas, Jesus deu uma resposta utilizando-se da Palavra. Por meio disso, podemos ver que Jesus é o novo Adão porque é tentado como todo homem, na concupiscência da carne (prazer), na concupiscência dos olhos (poder) e na soberba da vida (ser). Contudo, diferente do primeiro Adão, Jesus, por sua fidelidade à Palavra de Deus, sai vitorioso. Jesus abre tam-bém a entrada de um povo novo na grande promessa de salvação, pois aos seguidores de Cristo também é possível vencer as tentações dos desertos da vida. No Evangelho segundo Lucas, Jesus é o homem de oração, em profun-da relação com o Pai e, por isso, vence as tentações do deserto e, mais tarde, vencerá a tentação em Jerusalém, na sua agonia.

Olhando para a vida de nossas comunidades, a segun-da leitura reconhece que a causa da salvação é o aconte-cimento pascal realizado em Cristo (vv.8-9). O apóstolo mostra que a libertação desta vez vai além da opressão do Egito e é oferecida a todos, indo além das fronteiras de Israel (vv.12-13). Os israelitas se reuniam para oferecer

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suas primícias a um Deus que os libertou da escravidão estrangeira e lhe deu uma nova terra. Os cristãos se reú-nem para professar a “palavra da fé” em Cristo, morto e ressuscitado, que deu vida nova a todos os homens e a todas as mulheres de boa vontade. A confissão da fé em Cristo de que nos fala Paulo passa necessariamente por nossas atitudes em não sermos confundidos com outras propostas e opções que estão em discordância com o Evangelho. Queremos ser um povo diferente não na raça, mas em nossa opção por Deus, sermos sepultados com Cristo para, com Ele, na noite da vigília, ressuscitarmos como cristãos novos.

para refletirA comunidade eclesial luta com as armas do Evangelho

para a superação das tentações que rondam a sociedade hodierna. É importante que nós saiamos para os desertos de nossa vida com a presença de Jesus. As tentações a Jesus prefiguram o seu caminho e também as dificuldades que podemos encontrar em nossa missão. Por isso, somos convocados a ser sinais da vitória ao tentador por meio do combate à pobreza, à intolerância, à falta de fé, ao consumismo, à violência... enfim, à infidelidade ao projeto de Deus para a humanidade. Iniciamos no Brasil a Cam-panha da Fraternidade, que desde a década de 1960 faz

ressoar em nossas comunidades uma urgência concreta para ser refletida à luz do Evangelho. Neste ano, em vista da Jornada Mundial da Juventude que acontecerá no Rio de Janeiro, e da própria urgência da nossa juventude, a Campanha tem como tema “Fraternidade e Juventude” e o lema “Eis-me aqui, envia-me” (Is 6,8). Queremos vencer as tentações que querem carregar a vida de nossos jovens para fora de nossas famílias e comunidades. Assim, quais as propostas concretas de nossa comunidade para que os jovens tenham o seu espaço e se sintam acolhidos para superarem as várias tentações do mundo? O que favore-cemos para a formação de nossos jovens como futuras lideranças em nossas pastorais, em nossos movimentos e em nossos grupos?

Leituras da Semana:seg.: Lv 19,1-2.11-18 | Sl 18B(19B),8.9.10.15 (R/. Jo

6,63c) | Mt 25,31-46. ter.: Is 55,10-11 | Sl 33(34),4-5.6-7.16-17.18-19 (R/. 18b) | Mt 6, 7-15. Qua.: Jn 3,1-10 | Sl 50(51),3-4.12-13.18-19 (R/. 19b) | Lc 11,29-32. Qui.: Est 4,17n.p-r.aa-bb.gg-hh | Sl 137(138),1-2a.2bc-3.7c-8 (R/. 3a) Mt 7,7-12. sex.: 1Pd 5,1-4 | Sl 22(23),1-3a.3b-4.5.6 (R/. 1) Mt 16,13-19. sáb.: Dt 26,16-19 | Sl 118(119),1-2.4-5.7-8 (R/. 1b) | Mt 5,43-48.

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EnquantoJesus rezava,seu rostomudoude aparência.

24 DE FEVEREIRO DE 2013

1ª leitura: Gn 15,5-12.17-18 salmo: Sl 26(27),1.7-8.9abc.13.14 (R/. 1a)2ª leitura: Fl 3,17-4,1Evangelho: Lc 9,28b-36Roxo | II Semana do Saltério

2º Domingo da quaresma

Neste segundo domingo da Quaresma, somos convi-dados a firmar nossa aliança com Deus. Transfigurar-se

(ter uma nova figura) é característica daqueles que fazem essa aliança com Ele e a renovam todos os dias. O Deus de Abraão anda com ele, promete-lhe descendência e terra, e Abraão crê. Por meio da Eucaristia e da palavra, não temos mais os sinais da presença de Deus, mas temos o próprio Cristo que nos fortalece ainda mais em nossa missão. Nesta liturgia, somos convocados a subir com o Cristo e percebermos os pequenos sinais de sua presença em nossa história. Na certeza de que Ele é nossa luz e

salvação, é que nos reunimos para celebrar nossa fé no Crucificado e Ressuscitado.

Na primeira leitura, há o início de uma história de fidelidade da parte de Deus − e os desvios, os limites por parte de seu povo Israel. Apresenta-nos no texto do Gêne-sis um rito sacrifical que sela um pacto, uma aliança entre Deus e Abrão. É própria das antigas religiões a existência de sacrifícios que uniam os homens com as divindades. Contudo, em se tratando do “Deus de Israel”, é Deus quem faz aliança com o homem Abrão, homem de fé.

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A iniciativa é de Deus e, ao escolher Abrão (que depois se chamará Abraão em Gn 17,5), sua vida se orientará de acordo com os planos daquele que o chamou e caminha com ele. O cumprimento da promessa de Deus se faz esperar e Abraão pede um sinal (v.8). A aliança é o sinal selado que passa em forma de fogo entre as duas meta-des dos animais sacrificados (v.17). Interessante notar é a “espera de Abrão ao sinal de Deus”. No momento do sono, do cansaço (v.12), Deus se manifesta em forma de fogo devorador. Abrão deixa de lado as certezas humanas e confia seu futuro no “Deus da Promessa”. Por isso, o “Pai na fé” também é considerado como “Amigo de Deus”. A aliança é o novo sentido da história da vida não só deste homem por sua fidelidade como também do povo que dele descenderá (v.18).

E Cristo é a aliança definitiva entre Deus e seu povo. Esta foi realizada não mais como fogo devorador entre animais sacrificados, mas com o sangue do Filho de Deus na cruz. O Evangelho segundo Lucas traz o relato da transfiguração. O evangelista nos relata que Jesus foi orar no monte e levou consigo Pedro, Tiago e João e se transfigurou na frente deles (vv.28-30). Na noite, na hora em que podem ocorrer os cansaços da vida, Deus se manifesta, Deus se transfigura e irradia na vida daqueles que estão próximos dele. As figuras de Moisés e Elias no momento da transfiguração (v.33) confirmam a perma-nência e fidelidade de Deus na história de povo. A glória de Jesus na montanha é mais um sinal da presença de Deus na vida e história de seu povo. Todavia, esse sinal apresentado por Jesus é o de paixão, morte e ressurreição. Enquanto caminha para esse momento, Jesus se fortalece ainda mais na sua relação com o Pai por meio da oração. Os apóstolos não compreenderam esse sinal de Jesus a ponto de desejarem reter esse momento (v.34) divino sem passar pela cruz. Daí vemos que, no sinal da transfigura-ção, o Pai quer revelar aos discípulos que Jesus é o seu Filho Amado (v.35) a quem devemos obedecer ou, ainda, a quem devemos conhecer, amar e seguir. E, para isso, é preciso passar pela cruz.

No Batismo, é feita uma aliança com os seguidores de Cristo. Paulo, na Carta aos Filipenses, exorta a comu-nidade a transcender a uma realidade além desta. Somos cidadãos do céu. Na aliança, é concedida essa cidadania. O importante não é ficar no sinal, mas ir além dele. Nossa pátria está no céu, de onde esperamos vigilantes a nova vida dada em Cristo que transforma, que transfigura todo

o nosso ser. O apóstolo espera confiante de que Ele trans-formará o nosso corpo humilhado e o tornará semelhante ao seu corpo glorioso (v.21). Nosso destino verdadeiro é a glória que Deus nos quer dar e, para isso, é necessário que haja: comunidade fraterna, caminho da cruz e con-fiança na presença inconfundível de Deus. A Igreja, como herdeira de Israel e da promessa de Abraão, renova, por meio do sacrifício eucarístico, sua aliança com Deus. O pão e o vinho partilhados são o sinal da comunhão com Deus, da caminhada com Cristo e da aceitação das exigências que são agora pautadas no amor. O encontro com o Deus da Aliança, com o Deus da Promessa aconte-ce na comunidade cristã onde há a Eucaristia e a Palavra. Como a vida de Abraão, muitos cristãos devem sentir suas vidas transformadas pela iniciativa, força do Deus-Amor. Que possamos sentir em nossa vida-missão pequenas transfigurações que nos darão a certeza disso.

para refletir Celebrando o segundo domingo da Quaresma, ainda

há tempo de reavaliarmos nossa fidelidade à aliança feita com Deus. Na Eucaristia, neste encontro com o Cristo, nosso rosto deve mudar de aparência e, a partir daí, que sejam mudadas nossas relações, nosso modo de encarar a vida, nossa vida de oração... Por isso, diante da espera dos sinais de Deus, sou paciente e sensível a esse Deus que passa em minha vida e que se transfigura? Diante dos desafios, dos tropeços, das dificuldades, temos a certeza de que o Deus da Promessa caminha conosco e nos dá forças para sermos sinais de sua presença na família, na comunidade, na missão a nós confiada? E quanto à nossa juventude: estamos criando condições em nossa comuni-dade para que ela seja transfigurada em membros ativos da comunidade de fé e atuantes na sociedade?

Leituras da Semana:seg.: Dn 9,4b-10 | Sl 78(79),8.9.11.13 (R/. 102[103],10a)

| Lc 6,36-38. ter.: Is 1,10.16-20 | Sl 49(50),8-9.16bc-17.21.23 (R/. 23b) | Mt 23,1-12. Qua.: Jr 18,18-20 | Sl 30(31),5-6.14.15-16 (R/. 17b) | Mt 20,17-28. Qui.: Jr 17,5-10 | Sl 1,1-2.3.4.6 (R/. 39[40],5a) | Lc 16,19-31.

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Janeiro/Fevereiro | 2013RAINHA DOS APÓSTOLOS

51 Lugares Incríveis

Tudo começou quando eu estava à procura de lugares exóticos

para visitar durante as férias de verão. De lugares exóticos a lugares perigo-sos, a distância é pequena e passei a procurar, por mera curiosidade, qual seria o lugar mais perigoso do mundo para visitar.

É claro que se deve destacar aqui que não se contam nesta lista países em guerra, e sim aqueles que por suas próprias características naturais são perigosos.

Foi procurando de site em site que eu descobri que o lugar mais perigoso do mundo para se visitar ficava no nosso querido Brasil! Surpresa geral! Quase ninguém tinha conhecimento da sua existência, mas ele está lá, impávido, a aguçar a nossa curiosida-de. Esse lugar superou muitos outros, também com fama de arrepiar, como Chernobyl e sua radioatividade, bocas de vulcão etc.

Trata-se da ilha de Queimada Grande, localizada no sul do lito-ral paulista. Ela fica a cerca de 35 quilômetros da costa e, à primeira vista, parece uma ilha paradisíaca,

despovoada, própria para turismo de aventura. No entanto, os especialistas no assunto afirmam categoricamente que ela é o próprio inferno na Terra.

Felizmente, a ilha está sob a guar-da da marinha brasileira e ninguém pode aportar lá sem a autorização expressa dos militares. Trata-se de uma reserva natural de Mata Atlântica que abriga a famosa jararaca-ilhoa, espécie que só existe ali naquele lugar. Essa cobra tem um veneno que é de doze a vinte vezes mais potente do que a da sua também te-mível parente, a jararaca continental. Só para constar, devo dizer que ela não é a cobra mais venenosa do mundo, mas quase chega lá. A mais venenosa de todas é a cobra inland taipan, que vive na Austrália, cujo veneno é tão mortal que uma gota é suficiente para matar cem pessoas!

O veneno da jararaca-ilhoa tam-bém é muito mortal e pode matar uma pessoa em instantes. Como agravante, temos o fato de que as cobras são tão abundantes por lá que se torna quase impossível caminhar pela ilha sem ser picado.

Segundo cálculos, existem cerca de 15 mil dessas jararacas na ilha, sendo, em média, nove delas por metro quadrado! Elas se alimentam, principalmente, de aves marinhas. Antigamente, quando a proibição nem existia, os pescadores já conhe-ciam a fama da ilha e de suas temí-veis habitantes. Para conseguirem desembarcar na ilha, eles tinham que primeiro colocar fogo na vegetação para afugentar as cobras. Foi daí que surgiu o nome de Queimada Grande.

A ilha não possui praias ou en-seadas, mas sim um pequeno farol, desabitado é claro. Ninguém mora lá desde 1918, quando a marinha automatizou o farol, mas cientistas (biólogos, veterinários, ambientalistas etc) de vez em quando visitam a ilha para estudo – com o apoio e autori-zação oficiais.

Portanto, se você está planejando suas férias de verão e gosta de aven-turas no mar, trate de passar bem longe dessa ilha que é, nada mais, nada menos, o lugar mais perigoso do mundo para se morar ou visitar.

O lugar mais perigOsO dO mundO

Jararaca-ilhoa

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Janeiro/Fevereiro | 2013 RAINHA DOS APÓSTOLOS

52 Pe. antônio FRanCiSCo bohnDe Bem com a Vida

Na prudênciaO sábio, com sua calma,vai corrigindotudo na vida.(Tau Te King)

O autor, colaborador desta Revista, é padre em Luís Alves (SC)

História da vidaUm garimpeiro ensinou seus

filhos, ainda jovens, a encontra-rem ouro na velha mina da família. Já várias gerações quebravam rochas e, no meio do entulho, procuravam as pepitas de ouro, encontradas em boa quantidade.

Embora fosse um trabalho árduo, compensava porque oferecia um bom nível de vida para a família. Quando o pai morreu, os filhos con-tinuaram a trabalhar na mina.

Certo dia, os jovens mineiros receberam a visita de um amigo. Ele contou que, numa terra distante, existia um rio em cujo leito havia mui-to ouro. Lá não era necessário que-brar rochas para encontrar as pepitas. Sem pensar, os jovens desfizeram-se da velha e tradicional mina da família e seguiram para o tal rio.

Quando lá chegaram, ficaram encantados com a quantidade de ouro que brilhava no leito do rio. Começaram a garimpar e, em poucas semanas, reuniram grande quanti-dade do precioso metal. Alugaram uma carroça e levaram o tesouro ao mercado.

Quando o negociante abriu o primeiro saco, soltou uma gargalhada e disse aos jovens garimpeiros que aquilo era mica.

ReflexãoA mica brilha como ouro e se

parece com ele, mas não vale nada. Da velha mina, o ouro era extraído

com maior dificuldade, mas era se-guro e de boa qualidade. Na vida, não se deve arriscar demais, além das possibilidades. Trocar a segurança pela insegurança. Deixar-se levar pela ambição. Algumas pessoas seguem o caminho e nunca se questionam a respeito do que lhes acontece. Apenas enfrentam as fortes tempes-tades e continuam a remar em dire-ção à vitória. Não desanime diante das adversidades e contrariedades. Às vezes, a maré empurra para a direção certa; outras vezes, o vento desvia o rumo. O que importa é a força para resistir.

OraçãoSenhor Deus único, Tu és o santo,

operas maravilhas, és forte e grande. Tu és o Altíssimo, Senhor onipotente, Pai santo, criador do céu e da terra. Mereces louvor, adoração, prostra-ção. Vivo e verdadeiro, és a bondade e todo bem. És o amor misericordioso que tudo perdoa, a caridade perfeita que nada deixa faltar. A razão de nossa fé, o motivo da nossa alegria. A sabedoria que tudo governa, sobe-rano. Tu és a paciência, a harmoniosa beleza. Mansidão, segurança e razão de nossa esperança. Guarda onipo-tente, protetor e defensor. Digno de louvor e glória, júbilo e exaltação.

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Janeiro/Fevereiro | 2013RAINHA DOS APÓSTOLOS

53Pe. valdeCi antonio de almeida, SaCSaber Viver

O Deus no qual acreditamos é um Deus que se comunica pela obra criada, pela Palavra e por meio de sinais ou acontecimentos. A revelação

de Cristo é a prova máxima de que Deus está muito próxi-mo de nós para nos orientar no caminho gerando sempre vida nova. Ele é o Verbo Eterno, que comunicou o amor do Pai e que nos abriu a porta do paraíso, fechado por causa do pecado.

São João, no Prólogo, escreve que no princípio era a Palavra, a Palavra estava com Deus, a Palavra era Deus e a Palavra se fez carne e veio morar no meio de nós. Deus é um Ser de comunicação. Ele se comunica o tempo todo, mas, somente aquele que está em contínua sintonia com Ele consegue assimilar a sua mensagem.

Deus usa de todos os meios para nos atrair a Ele, pode usar até mesmo de algum acontecimento trágico da vida para mostrar a sua misericórdia e o seu amor para conosco. Infelizmente, poucas pessoas conseguem descobrir Deus na sua história pessoal. Até mesmo aqueles que convive-ram com Jesus não tinham essa sensibilidade. Na pesca milagrosa, somente João descobriu que quem transformou aquela fracassada pescaria em uma abundante recompen-sa foi o Senhor. Ele esteve sempre muito perto do Mestre, como na última Ceia, reclinando sua cabeça no peito de Jesus. Ele estava perto do coração de Jesus e isso o fez mais sensível para reconhecer as suas obras.

Talvez esteja aí a dificuldade que muitos têm de per-ceber Deus na sua caminhada de fé, porque não basta apenas ouvir falar de Jesus, mas é preciso que façamos a experiência de estar com Ele e de se deixar tocar pela graça. O Antigo Testamento apresenta a figura de Jó que, depois de passar por inúmeras dificuldades e de se ter sentido abandonado por Deus, um dia reconheceu como Ele agiu na sua vida, expressando seu amor de Pai: “Eu conhecia Deus só de ouvir falar, mas agora meus olhos

te viram” (Jó 42, 5). Após descobrir que Deus caminha por caminhos diferentes dos nossos, Jó tornou-se ainda mais obediente a Deus e Ele lhe responde cumulando-o de graças incontáveis: “Deus abençoou os últimos tempos de Jó mais do que os primeiros” (v. 12).

Isso faz com que os cristãos de hoje também reflitam como Deus age em suas vidas. Portanto, fica o ques-tionamento. Como percebo Deus na minha história? Eu vivo apenas reclamando de tudo o que acontece? Se isso faz parte da sua caminhada, chegou o momento de rever todos os detalhes da vida para assim descobrir o quanto Deus amou você e propôs um novo caminho de santidade. Só assim o cristão poderá testemunhar verda-deiramente que “Deus é amor, e quem permanece no amor, permanece em Deus e Deus nele”.

O verbo se fez

O autor, colaborador desta Revista, é Padre Palotino em Cornélio Procópio (PR)

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Janeiro/Fevereiro | 2013 RAINHA DOS APÓSTOLOS

54 Teologia e Cotidiano

As balsas já começaram a ser montadas, os shows erguem os palanques, os corações e, sobretudo, as gargantas e os estômagos se preparam. Nem bem acabou o Natal, o ano novo já se anuncia

pelos preparativos, o clima que paira no ar, a sintonia das pessoas que substituíram Papai Noel pelos fogos de artifício que rasgarão os céus durante vários minutos com a chegada de 2013.

E, já na manhã do dia 1º de janeiro, o comércio começará a encher as vitrinas com produtos de carnaval, pois os blocos e as festas pré-carnavalescas começarão a acontecer antes dos três dias de Momo. E, na quarta-feira de cinzas, ovos de chocolate brilharão sedutores, convi-dando ao consumo e ao sabor. E, assim, sucessivamente chegarão o Dia das Mães, o Dia dos Namorados, o Dia dos Pais, o Dia da Criança e todas as datas que o comér-cio festeja e das quais vive até que...de novo será Natal e nem percebemos.

Enquanto na Antiguidade o tempo era marcado pela semeadura e pela colheita, e na Idade Média pelas festas religiosas, em nossa sociedade pós-moderna o tempo é marcado pelas datas estelares do consumo. Como é im-portante não deixar cair o ritmo, já que o consumo não pode perder a velocidade sob pena de perder o poder de sedução sobre as pessoas, a rapidez e a efemeridade são uma marca registrada de nosso modo de contar o tempo.

Vivemos apressadamente, pulando de uma etapa para outra, de uma festa para outra, de uma comemoração para outra. Não se celebra mais, comemora-se. Não se fazem mais ritos de passagem, mas sim saltos de mudan-

ça atropelados e sem preparação. Não se vive mais em profundidade, se é carregado pela vida, que não deixa tempo sobretudo para se pensar e refletir. Há que viver em ritmo de frenesi, de pressa, de sucessão vertiginosa, de emoções provocadas e rasas.

A fisionomia das pessoas durante o tempo que pre-cede o Natal se transforma; estão ansiosas, apressadas, cansadas, esgotadas. Reclamam da centena de compro-missos, dos milhares de almoços de “confraternização”, dos “amigos ocultos” em profusão, dos festejos vazios e sem finalidade. Nada cala fundo, nada convida para uma reflexão, nada marca um momento e faz suavemente a passagem para o outro.

Em 2013, a coisa promete repetir-se. Já há contagem de quantos feriados-ponte haverá, em que época cairá o carnaval e como será possível emendar os dias para torná-lo mais longo. Assim como a Semana Santa, que santa para muitos deixou de ser há longo tempo, tornando-se apenas um feriado a mais, quando se bebe, se come, se dorme em demasia para depois cair na mesma rotina sem trans-formação interior, sem conversão, sem passagem pascal da morte para a vida verdadeira.

Curtindoo anonovo

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Janeiro/Fevereiro | 2013RAINHA DOS APÓSTOLOS

55maRia ClaRa luCChetti bingemeR

A autora, colaboradora desta Revista, é professora do Depto. de Teologia da PUC-Rio

E, no entanto, depende de nós. Depende de nós andar na contramão dessa corrente que nos arrasta inexoravel-mente. Depende de nós fazer com que o ano novo seja diferente. Depende de nós viver intensa e profundamente cada momento, não como um foguete que passa, do qual só vemos a cauda, mas deixando-nos moldar e configurar por ele. Depende de nós ser senhores, e não escravos do tempo que o calendário comercial nos determina. Depende de nós fazer a pauta do ano que começará em poucos dias.

Neste novo ano, vivamos a vida e não deixemos que a vida nos viva. Amemos as pessoas sem data marcada. Não só no dia fixado para homenageá-la. Beijemos nossas mães todos os dias, e não apenas no segundo domingo de maio. Festejemos nossas crianças a todo minuto e a todo momento, e não apenas no dia 12 de outubro. Vivamos o carnaval com alegria, sim, que a alegria e a festa são coisas boas e humanizadoras. Mas vivamos também a Quaresma, que nos prepara para a grande luz da Páscoa, que nos diz que fomos feitos para a vida, e não para a morte.

Demo-nos tempo, pois o tempo nos foi dado. Ao criar o mundo e criar-nos, o Criador nos fez históricos

e cronológicos. Se não vivemos nossa condição de seres históricos, se não refletimos sobre cada acontecimento, não poderemos aprender as lições da história e crescer com erros e acertos. Se tudo passa muito rápido por nós, como água pelo espelho, sem interiorização nem absorção, corremos o risco de passar correndo pela vida e sermos surpreendidos pela morte, que só nos mostrará no espelho da verdade o imenso vazio do não vivido.

O ano vem novo e cheio de promessas. É preciso vivê-las e vê-las transformar-se em realizações. Ou serem adiadas na fé e na esperança. Curtir cada experiência e dela fazer aprendizado. Para que o ano continue novo, mesmo avançando em seus 365 dias. Pois, na verdade... o que são 365 dias diante da eternidade?

FELIZ ANO NOVO!

Se tudo passa muito rápido por nós,como água pelo espelho,

sem interiorização nem absorção, corremos o risco de passar correndo pela vida

e sermos surpreendidos pela morte,que só nos mostrará no espelho da verdade

o imenso vazio do não vivido.

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Janeiro/Fevereiro | 2013 RAINHA DOS APÓSTOLOS

56Pe. SÉRgio laSta, SaCComportamento56Pe. SÉRgio laSta, SaCComportamento

Muitas vezes, precisamos de alguém que nos escute. Saber escutar é uma arte nos relacionamentos in-terpessoais. Às vezes, pensamos estar escutando

aquilo que o outro fala quando, na verdade, não estamos realmente atentos ao que ele diz.

Na arte de escutar o outro, dois mundos interagem: o do ouvinte e o do falante; nessa interlocução, muitos sen-timentos entram em ação, pois quem procura alguém para falar de si tem algo que lhe é muito importante e precisa que alguém o ouça.

No cerne da interlocução está a empatia, ou seja, a vontade e a capacidade de penetrar no universo e na expe-riência do outro. Seria como entrar em seu mundo interno e perceber o que ele realmente está sentindo. Às vezes, o falante não sabe bem, não tem clareza do que sente e quem escuta empaticamente é capaz de decifrar seus sentimen-tos. Portanto, trata-se de uma atividade exigente e de uma atitude de escuta reflexiva ou ativa. Sempre parte do outro a necessidade para falar.

Falar comporta grandes benefícios porque quem fala se sente vivo, e isso faz parte da própria identidade. Pela palavra, o eu adquire consciência de si. Assim, encontrar alguém que permita ao outro perceber a si mesmo como indivíduo significativo é encontrar um caminho de vida.

Sobre isso diz Mihály Szentmartoni: “A palavra agre-ga: afiliação, de estar junto com os outros, de se sentir profundamente parte da existência do outro, para a qual ele se sente naturalmente inclinado. Falar constitui ainda um fator eficaz de aprendizagem e de desenvolvimento intelectual por causa da estrita relação que existe entre pensamento e palavras. O fato de poder se exprimir cons-

titui a possibilidade de manter o contato com a realidade, característica primária de uma mente sadia”.

Quando alguém não consegue estabelecer uma comuni-cação com outro, vive num mundo todo seu e não consegue promover a comunicação com os que o cercam. Nesse caso, está com alguma dificuldade muito grande.

Ao falar para alguém, as coisas se tornam mais claras porque a palavra confere estado de espírito. Quando alguém se exprime, se esclarece para si mesmo e poderá encontrar soluções para problemas graves. Pela palavra, é possível re-sumir, não somente emergir, captando o encadeamento dos episódios em seus antecedentes e em suas consequências.

Quando alguém se dispõe a falar de si, é preciso que um outro o escute e é preciso saber ouvir, admitir que tudo o que o outro disser poderá ser interpretado de diversas maneiras. O outro pode até mesmo interpretar as palavras de outrem de acordo com as próprias experiências; por isso, é preciso tomar cuidado para não tomar o lugar do outro, mas se manter na posição de ouvinte.

O processo de escuta se inicia quando o interlocutor co-meça a falar; pela empatia, o ouvinte identifica exatamente o que o falante diz, faz uma decodificação para entender o que o falante quer dizer. Portanto, é importante deixar o outro falar, permitir que ele expresse todos os seus sen-timentos e conte realmente aquilo que quer dizer. Muitas vezes, o ouvinte poderá se sentir ansioso diante do outro que fala e interrompê-lo ou procurar dar uma solução rápida, mas nem sempre adequada. Com a ajuda do ouvinte, o falante chega às suas próprias conclusões.

O ouvinte é aquele que permite ao outro falar e facilita para que fale mais. Ele deve estar atento a tudo: entonação

Saberescutar

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Janeiro/Fevereiro | 2013RAINHA DOS APÓSTOLOS

57

O autor, colaborador desta Revista, é psicólogo e padre palotino em Santa Maria (RS)

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de voz, gestos, olhares etc. Estar aberto ao diálogo, livre de preconceitos, ideias preconcebidas ou julgamentos para que o outro se sinta entendido e tenha a certeza de que tudo o que disser ficará em sigilo.

No processo de escuta, o ouvinte deve estar realmente presente, porque o falante percebe e sente se está sendo realmente ouvido e entendido. Nesse momento, quem fala é o mais importante, o que merece toda atenção; ele deve sentir-se respeitado e ter confiança no seu ouvinte.

É necessário que aquele que ouve procure realmente entender o que o falante quer dizer e quando não entender pedir que repita ou dizer: “deixa ver se entendi, você quer dizer...”. Para que fique claro o que o falante quer dizer e evitar mal-entendidos, deve-se encorajar que o outro fale, mesmo que seja difícil e dolorido, pois só assim o ouvinte vai penetrando no universo interior do outro.

Outro aspecto interessante é ter paciência e demonstrar ao falante que o ouvinte está ali para ouvi-lo quantas vezes forem necessárias e poderá penetrar cada vez mais em seu próprio universo.

É possível que ocorra algum impasse nesse processo, como o ouvinte se sentir limitado para ajudar em certas situações: nesse caso, seria bom encaminhar o falante para outra pessoa ou para um profissional. São limitações co-muns que poderão acontecer com qualquer pessoa, que, mesmo estando disposta a ouvir, se depara com tal situação.

Ouvir o outro também enriquece quem escuta. Pelo diálogo, muitas coisas se resolvem. Deparamo-nos, na atualidade, com certas dificuldades para escutar; geralmente por falta de tempo, pelo estresse cotidiano, enfim, tantas barreiras se interpõem nesse processo de escuta. Por outro lado, ter um tempo para ouvir ou para falar de si torna o ser humano mais empático e compreensivo para com os demais.

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Janeiro/Fevereiro | 2013 RAINHA DOS APÓSTOLOS

58Pe. ademaR luiZ FigheRa, SaCMissões Palotinas

Esse foi o lema escolhido para a vivência do Ano Jubilar dos cinquenta anos de criação da Diocese de Inhambane, na qual estamos presentes – padres,

irmãs e irmãos palotinos – desde 1998, hoje com duas comunidades de irmãs e três comunidades dos padres e irmãos.

Antecipando o Ano da Fé, o Ano Jubilar foi dedicado à fé celebrada, isto é, a toda a vida acontecida nesses cin-quenta anos da diocese. Foi, portanto, um ano celebrativo.

A diocese de Inhambane foi criada em 03 de agosto de 1962 pelo Papa conciliar, João XXIII, através da Bula Supremi Muneris, desmembrando-a da Arquidiocese da então Lourenço Marques (Maputo) e colocando-a sob a proteção de Nossa Senhora Imaculada Conceição.

Por isso, o Ano Jubilar teve início no dia 08 de dezem-bro – dia da solenidade da Imaculada Conceição – de 2011, e a sua conclusão será em 08 de dezembro de 2012.

Na carta pastoral de promulgação do Ano Jubilar, o bis-po diocesano Dom Adriano Langa diz que “celebrar um tal acontecimento é celebrar a graça, o dom do amor de Deus”. E, mais adiante, diz que, ao celebrarmos o jubileu, “deve-mos agradecer pelo DOM desse tempo e pelo caminho feito e, ainda, agradecermos pelo que conseguimos fazer ao longo desse caminho. Mais ainda: diante desse sinal e por esse sinal somos chamados a olhar para trás para ver os motivos de nos alegrar e de agradecer. Mas, também para nos darmos conta dos erros e das omissões cometidas, a fim de nos penitenciarmos e corrigirmos. É também um sinal que nos convida a olhar para a frente e projetar os novos e futuros passos: que passos e como dá-los?”.

Em nível de diocese, foram três momentos fortes. A abertura do ano jubilar, no dia 08 de dezembro de 2011, com uma celebração na Catedral de Inhambane; a celebração central do jubileu, que aconteceu no dia 05 de agosto no Santuário Maria Rainha dos Mártires, criado em março desse ano em homenagem aos catequistas mortos junto ao centro de formação no período da guerra civil. Foi o evento mais importante e com maior número de

participantes de toda a diocese; e a celebração de encer-ramento, no dia 08 de dezembro de 2012, na catedral de Inhambane.

Para ajudar na vivência do Ano Jubilar foram feitas camisetas, capulanas e bonés. Foi elaborado um hino, através de concurso em nível diocesano, cujo refrão diz assim: “A semente do Evangelho; Caiu, nasceu, cresceu; Nesta terra de Inhambane; Obrigado, Senhor, Na bonga kunene”, e uma bela oração que, em uma de suas partes destaca: “Te agradecemos, Senhor, a coragem de come-çar, a força de permanecer, a determinação de continuar a crescer firmes na fé”. E Te pedimos humildemente: Dá-nos a Tua força para dar testemunho do Evangelho em todas as comunidades cristãs”.

Um dos pontos altos deste ano foi o fato de a ima-gem da padroeira da diocese, Nossa Senhora Imaculada Conceição, ter visitado todas as 22 paróquias, em cujas comunidades realizou-se uma catequese sobre Maria e sobre a oração do terço.

Nas avaliações feitas pelas comunidades, destaca-se a afirmação de que foi um evento de muita alegria e festa, de fortalecimento da fé e da devoção a Maria e de valo-rização da oração do terço; de maior conhecimento da história e da vida de nossa diocese e, consequentemente, o aumento do amor a Deus, a Maria e à Igreja diocesana.

Em nossas paróquias palotinas, constatamos a alegria e devoção com que foi vivenciado esse evento, espe-cialmente a recepção da imagem de Maria Imaculada, o que nos dá a certeza de que a vida das comunidades se fortaleceu ainda mais. Percebemos que, realmente, a Mãe congrega os filhos e os conduz ao seu Filho Jesus.

Aproveitamos para desejar a toda a equipe da Rainha e a todos os leitores um ano de 2013 cheio de vida, alegria e paz, sempre sob a proteção de Deus e a intercessão de Maria Rainha dos Apóstolos e São Vicente Pallotti.

Juntos, crescendo firmes na fé

O autor, colaborador desta Revista, é missionário palotino em Moçambique - África

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Janeiro/Fevereiro | 2013RAINHA DOS APÓSTOLOS

O autor, colaborador desta Revista, é doutor em Teoria da

Literatura em Porto Alegre (RS)

59Leitores de Futuro 59CelSo SiSto

A s ações de formação de leitores e o desenvolvimento do gosto pela leitura certamente envolvem

o convívio com muitos tipos de textos. É importante que o leitor possa ter contato com contos, fábulas, lendas, mitos, crônicas, adivinhas, dramaturgia, novelas, romances, biografias, poemas, histórias em quadrinhos, jornais, revistas, além de todas as variações de gênero que se possa encontrar: histórias de encan-tamento, livros de aventuras, livros de imagens, contos de terror e mistério, drama, ficção científica, histórias de amor e tudo o mais que for possível.

Também não é novidade a inter-relação entre as diversas manifestações artísticas e a literatura. Obras de literatura vão parar no cinema; obras de literatura vão parar no teatro; obras de literatura servem de base para jogos virtuais; obras de litera-tura dão origem a espetáculos de dança. Pois então!

Uma história dançada constrói um roteiro que por sua vez está baseado em uma narrativa famosa. É assim com os principais balés do mundo, pelo menos os clássicos. E eles ficaram bastante famosos a partir do século XIX. Esses balés são chamados também de “balés de repertório”, porque está contida dentro deles uma história que vai ser represen-tada através da dança. Aliás, da dança, da música e da mímica. E há nessas representações uma partitura musical e um conjunto de coreografias que são fixas e que são seguidas minuciosamente por quem quiser encená-los. As músicas e as coreografias de origem são respeitadas e seguem as criações originais.

Os balés mais conhecidos são “O quebra-nozes”, “O lago dos cisnes”, “Giselle”, “Copélia”, “O pássaro de fogo”; “Esmeralda”, “Dom Quixote”, “A bela adormecida” e “Romeu e Julieta” entre outros. Se as histórias são transferidas do

plano narrativo para o plano do movi-mento corporal e representativo do palco, elas também ganham uma concretude visual, um caráter de vivido e animado, e são, portanto, enriquecidas com essa transposição para uma nova linguagem. Com isso, ganham nova dimensão. E mais, se essa transposição é boa, as obras ganham maior plasticidade e ampliam também seu poder de comunicabilidade.

Hoje essas obras de dança são patri-mônio da humanidade. Adquiriram um respeito e uma reverência.

Há, no entanto, um movimento de retorno. Se contos, lendas, fábulas e narrativas famosas viraram espetáculos de balé, hoje vários espetáculos de balé viraram livros infantis. Principalmente, porque muitas dessas obras não foram originalmente escritas para crianças. E uma maneira da literatura infantil se apropriar dessas obras é também colocá-las em livros a partir dos roteiros de espe-táculos de dança, que por conta de suas limitações técnicas (principalmente de tempo e espaço) já processaram uma boa adaptação da obra original. O fato de essas obras perdurarem através dos tempos de certo modo funciona como um legitimador da qualidade dessa versão na nova linguagem.

Ainda lembro a surpresa que o livro “Giselle e outras histórias de ballet I” (Editora Nórdica), de Luiza Lagôas, me causou em 1989 (embora ele já tivesse tido uma edição em 1984 pela Memórias Futuras). Pela primeira vez, eu via che-gar às crianças brasileiras um livro feito para elas com os enredos dos principais balés clássicos contados de forma clara e simples, com fotografias, ilustrações e informações técnicas, como a quantidade de atos, o nome do coreógrafo original, o autor da música e o da história que serviu de base, e até a data da primeira apresentação. Nesse primeiro volume,

A literatura infantile as outras artes:

estavam lá: “Giselle”, “O lago dos cisnes”, “Petrouchka” etc. Eram dez histórias. O sucesso foi tão grande que logo saiu “Carmem e outras histórias de ballet II” (1989) e depois “Silvia e outras histórias de ballet III” (em 1994) da mesma autora e da mesma editora.

Claro que algumas das histórias consagradas também como balés são de autores famosos e universalmente reco-nhecidos, publicados e traduzidos em muitas línguas. Nesse caso, é importante ir também ao conto original, a não ser que ele seja inacessível para o leitor crian-ça. Mas alguns enredos específicos o leitor criança brasileiro não conhecerá senão por esses livros que contam as histórias dos balés, como é o caso de “Corsário”, “A Filha mal guardada”, ou mesmo de “O lago dos cisnes”.

Atualmente, parece que as editoras voltaram a se interessar pelos balés; uma boa mostra disso é o livro “Copélia, a menina dos olhos de esmalte”, (Editora Salesiana, 2009), adaptado para a forma narrativa por Júlio Emílio Braz e com óti-mas ilustrações de Alexandre Rampazo. A editora Salamandra também tem a série “Os mais belos balés para crianças”, com ilustrações primorosas. São três livros, num total de nove, das mais apreciadas histórias do balé, recriadas por Geraldi-ne McCaughrean, acompanhadas das primorosas ilustrações de Angela Barrett.

A cultura universal da dança unida à literatura infantil pode mesmo produzir belos livros para as crianças na mão de bons escritores e ilustradores. É para ampliar o olhar, os ouvidos, a sensibi-lidade! É para confirmar que as artes se entrelaçam de forma magnânima!

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Janeiro/Fevereiro | 2013 RAINHA DOS APÓSTOLOS

6060 Galeria

Frei Álvaro Agazzi

O Frei é provincial da Ordem dos Agostinianos Descal-ços, dos Seminários no Brasil e Paraguai. Na foto, está

junto ao casal, Vilson e Fatima Fasolo, presidente da Pasto-ral Vocacional.

Ampére (PR)

Nelly Jahn Rauber parabenizaseu filho

Paulo Romeu Rauber e Adriane Rauber

Por suas Bodas de Prata, comemora-

das em feveveiro de 2012.

Arroio do Tigre (RS)

Homenagem pelasBodas de Rubi do casal

João A. Bozza e Angelina Assumpta Bozza

Eles estão comemo-rando sessenta anos

de casados em janeiro de 2013.

Parabéns ao casal!Elizangela Bozza

Curitiba (PR)

Familiares e amigos homenageiam

Maria Clara Baumgarten

Pela passagem de mais um aniversário, completando 89 anos no último dia 03 de agosto de 2012.

Chegar a esta idade é uma grande bênção de Deus, pois Maria faz seus afazeres de casa, cuida do jardim e da horta com muito carinho e dedicação. Além disso, nunca deixa de ler a Revista Rainha, da qual é assinante desde 1980.Parabéns e continue sendo esta mulher batalhadora , pois a leitura faz com que a nossa memória continue sempre ativa. Obrigado por seu exemplo de vida.Na galeria de 2003, consta a foto de suas Bodas de Ouro. Atualmente é viúva, tem dez netos e quatro bisnetos.

Linha Glória | Cunha Porã (SC)

Nelly Jahn Rauber

Reunida com sua família. As quatro gerações, sua filha Elisa Nelci Rauber Hass, sua neta Jaciara Ester Hass

Pfeifer e sua bisneta Bibiana Hass Pfeifer. A esta família, felicidades.

Arroio do Tigre (RS)

Estamos aguardando as suas fotos! Faça parte de nossa galeria!Acesse nosso site e encontre as fotos na seção Galeria de cada mês! revistarainha.com.br

Page 61: Revista Rainha dos Apostolos Janeiro 2013

Janeiro/Fevereiro | 2013RAINHA DOS APÓSTOLOS

61Culinária RECEITAS TESTADAS POR CÉSaR buFFetFone: (51) 3341-4188 | cesarbuffet.com.br | [email protected]

INGREDIENTES 4 ovos 1 xícara de leite quente ½ colher de sopa de margarina ou manteiga 2 xícaras de açúcar 2 xícaras de farinha de trigo 1 colher de sopa de fermento químico 1 pitada de salRecheio 2 caixinhas de leite condensado 2 caixinhas de creme de leite 4 colheres de chocolate em pó 200g de bombomCobertura 1 xícara de claras 2 xícaras de açúcar 1 colher de sopa de emustabe 1 colher de sopa de essência de baunilha

MoDo DE PREPaRoBata as claras em neve, coloque uma xícara de açúcar, bata mais um pouco e reserve. Bata as gemas com a outra xícara de açúcar, acrescente o leite fervido com a margarina e bata mais um minuto. Despeje por cima das claras e misture delicadamente. Adicione a farinha e o fermento peneirados e misture.

Coloque a mistura em uma fôrma untada e enfarinhada, asse em forno médio (180ºC) por mais ou menos 25 ou 30 minutos.

Recheio: Leve ao fogo o leite conden-sado, o chocolate em pó e o creme de leite, mexendo sempre até tomar a consistência de brigadeiro mole. Deixe esfriar. Pode-se fazer um branquinho mole para usar como outro recheio.

Cobertura: Coloque todos os ingre-dientes na batedeira e bata por 5 minutos.

Montagem: Corte o bolo na metade e coloque-o em uma travessa. Coloque o recheio e os bombons picados e cubra com a outra metade do bolo.Coloque a cobertura em um saco de confeitar e decore a gosto. O bolo da foto tem quatro camadas.

INGREDIENTES 1 pão para torta fria sem casca 100 g de presunto 100 g de queijo lanche 1 cenoura média cozida e cortada em rodelas finas 4 pepinos cortados em rodelas finas 250g de maionese ou requeijão

Bolo

Sanduíche

MoDo DE PREPaRoEm uma fatia de pão, passe a maio-nese, coloque a cenoura, besunte o presunto com maionese e disponha sobre a cenoura. Passe maionese em outra fatia de pão e disponha sobre o presunto. Repita a operação usando o pepino e o queijo. Embrulhe em papel filme e guarde na geladeira. Desembrulhe e corte em quadradi-nhos pequenos.

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Janeiro/Fevereiro | 2013 RAINHA DOS APÓSTOLOS

6262

INGREDIENTES

INGREDIENTES

MoDo DE PREPaRoColoque a massinha em fôrmas de empada, pressionando no fundo. Asse por 20 minutos ou até dourar, reserve.

MoDo DE PREPaRoBata todos os ingredientes no liquidificador por uns 4 minutos.

Cestinha 1 pacote de massa de pastel pequenoRecheio 200g de presunto 50g de maionese 50g queijo lanche

4 xícaras de chá de suco de laranja 2 pacotes de 100g de polpa de acerola congelada 1 xícara de chá de cubos de gelo 3 xícaras de chá de água Açúcar a gosto

ceStinha de maSSade paStel

Suco delaranjae acerola

Recheio: Coloque todos os ingredien-tes em um processador. Processe até formar uma pasta. Disponha em um saquinho de confeitar e recheie as cestinhas. Decore a gosto.

Você pode variar o recheio (frango, carne, legumes)

Page 63: Revista Rainha dos Apostolos Janeiro 2013

Coloque as pedras sobre o modelo, assim você poderá decidir como será o seu maxicolar.Escolha a maneira como você irá dispor as pedras (você poderá utilizar outros materiais, como um cordão de strass).Coloque a cola sobre uma base.

Janeiro/Fevereiro | 2013RAINHA DOS APÓSTOLOS

63RoSa PolettoArtesanato

Maxicolar

material: 1 modelo em corino ou feltro(comprado em loja de bijuterias) cola específica para bijuteria pedras de sua preferência 1 metro de cordão de couro

Page 64: Revista Rainha dos Apostolos Janeiro 2013

Janeiro/Fevereiro | 2013 RAINHA DOS APÓSTOLOS

6464

Para colar as pedras, pressione-as por pelo menos doze segundos. Corte ao meio o cordão de couro.Passe uma das metades do cor-dão de couro pelo orifício de uma das extremidades do molde de corino e amarre-o.Repita o passo anterior no outro lado do molde.

AtEnÇãO: A secagem da cola ocorre em duas horas, mas antes de 24 horas a peça ainda não estará totalmente colada.

Ao lado nossa colaboradorae modelo Bianca Karina da Silva.

A autora, colaboradora desta Revista, é artesã

Page 65: Revista Rainha dos Apostolos Janeiro 2013

Janeiro/Fevereiro | 2013RAINHA DOS APÓSTOLOS

65Leitores de Futuro 65Do Leitor

Minha fé era a costumeira, sem muito entusiasmo. Até que um

dia, fui convidada a escutar uma pre-gação do Caminho Neocatecumenal. A partir de então, passei a integrar a pequena comunidade, fruto da pregação, que me fez crescer muito na fé.

Há muito tempo, eu me fazia cer-tas perguntas, tais como: Quem sou eu? Para que eu existo? Para onde vou? Até então, as minhas respostas eram vagas.

Também São Vicente Pallotti se fazia essas perguntas e encontrou as respostas na fé em Cristo, trazida da família e na missão da União do Apostolado Católico, fundada por ele. E Deus foi construindo a sua história.

Fui encontrando as respostas nos encontros comunitários semanais: tenho meditado, partilhado e celebra-

do a fé e a vida através da Palavra de Deus. Também ajudaram as diversas etapas da renovação do batismo com a ajuda de ritos e convivências coor-denados por catequista do caminho. Igualmente, ajudou na participação na missão evangelizadora, que é fruto da vivência cristã. Venci todas as etapas desse processo de reevan-gelização.

Em junho e julho de 2011, fui, com minha comunidade, em pere-grinação à Terra Santa. Depois de ter conhecido os quatro evangelhos, foi emocionante conhecer o quinto. Percorremos os lugares por onde Jesus andou e celebramos a história dos acontecimentos que ele realizou para a nossa salvação.

Estivemos também com o Papa, em Roma, e lá tivemos o privilégio de conhecer a casa onde São Vicente

Pallotti morou nos últimos anos: seu quarto, sua pobreza e os sinais da sua piedade nas imagens e nos cruci-fixos que ele tinha em sua mesinha.

Senti o grande apelo que ele faz a todos os cristãos: todos, bispos, padres, religiosos, leigos de todas as classes e condições são chamados, se-gundo suas possibilidades, a cooperar na obra do apostolado, na tarefa de reavivar a fé e reacender a caridade em toda parte.

Lá, diante do corpo de São Vicen-te Pallotti e com minha redescoberta do valor da fé cristã, senti ainda mais o apelo de colaborar do meu jeito na difusão e na defesa do seguimento de Jesus. Peço a São Vicente Pallotti que seja um intercessor junto a Deus Pai por todos nós!

Maria Ivete dos Santos | Cascavel (PR)

Agradeço pelo envio da Revista Rainha, que é tão apre-ciada em nossa comunidade, e agradeço também

o valioso livro “Dinâmica de Realização Pessoal”. Uma leitura que com certeza irá acrescentar muito em nossa formação pessoal e individual.

Peço a Deus que cumule de todas as bênçãos e graças necessárias a todos que trabalham nesta bela Revista.

Saúde de corpo e alma e muita força para que, através deste fabuloso meio de comunicação, toda esta equipe possa continuar a evangelizar o povo de Deus.

AtenciosamenteMara Conceição de Carvalho

Irmã Catarina da Imaculada ConceiçãoSão João Del-Rei (MG)

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Janeiro/Fevereiro | 2013 RAINHA DOS APÓSTOLOS

6666 Humor1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11

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hOrizOntAis01. Mente, intelecto (gíria)/a espirradeira, arbusto ornamental;02. Furtado/pessoa de considerável influência ou prestígio;03. Um tipo de látex/dar pios (a ave);04. Cuco preto da América tropical/embarcação cargueira amazônica com capacidade de até 2 t;05. Ornamento, enfeite;06. Terra lavrada/mesquinho;07. Funda, institui;08. Tirada da sepultura/tipo comum de código de barras;09. Em uma/suportar, tolerar;10. Época histórica/aderente (feminino);11. Uma bebida alcoólica/benévolas.

vErtiCAis 01. Nome genérico das vespas/estabelecimento de ensino;02. (...)-se: vangloriar-se/a ema;03. Ardente, fogosa/algumas;04. A Agência Nacional de Águas/acúmulo anormal de líquido em tecido do corpo;05. Ousada, atrevida/símbolo do ouro;06. Préstimo, serventia (popular)/tempo, época;07. Compaixão/tipo de cestinho de vime sem arco e asas;08. Forneci, abasteci/tipo de interface para comunicação com microcomputador;09. 57 (romanos)/indígena do povo que habita o parque Tumucumaque (PA);10. (...) lux: faça-se a luz (Latim)/raspava (o pelo);11. Consideração, estima/a voz do corvo.

sOlUÇãO: hOrizOntAis: 1. cuca/adelfa, 2. afanado/VIP, 3. balata/piar, 4. ani/igarité, 5. adereço, 6. arada/avaro, 7. edifica, 8. exumada/UPC, 9. numa/aturar, 10. era/adesiva, 11. uísque/boas. vErtiCAis: 1. caba/ateneu, 2. ufanar/xuri, 3. cálida/umas, 4. ANA/edema, 5. atirada/Au, 6. adage/idade, 7. dó/açafate, 8. provi/USB, 9. LVII/acurio, 10. fiat/rapava, 11. apreço/crás.

diaGnóstiCo médiCoCom dores lombares, o homem foi se consultar com um ortopedista. Após olhar a radiografia, ele receitou anti-inflamatórios e teceu considerações a respeito de coluna lombar, nervo ciático, disco intervertebral etc.O paciente perguntou o que poderia estar fazendo para dar origem às dores.A resposta do médico foi lacônica:– Aniversários...

peRGunta do pRofessoR:– O que gostaria que falassem de vocêno seu VELÓRIO? O primeiro aluno respondeu: – Que eu fui um grande médicoe um ótimo pai de família. O segundo aluno disse: – Que eu fui um homem maravilhoso,excelente pai de família e um professorde grande influência no futuro das crianças. Aí, o terceiro arrasou: – Gostaria que eles dissessem:”OLHA, ELE ESTÁ SE MEXENDO!”

Um cachorrinho, perdido na selva,vê um tigre correndo em sua direção.Pensa rápido, vê uns ossos no chãoe se põe a mordê- los. Então, quando o tigreestá a ponto de atacá-lo, o cachorrinho diz: – Ah, que delícia este tigre que acabo de comer! O tigre para bruscamente e sai apavorado correndodo cachorrinho; e no caminho, vai pensando:“Que cachorro bravo!Por pouco não come a mim também!”Um macaco, que havia visto a cena, sai correndo atrás do tigre e conta comoele havia sido enganado. O tigre, furioso, diz: – Cachorro maldito! Vai me pagar! O cachorrinho vê que o tigre vem atrás delede novo e desta vez traz o macaco montado em suas costas. “Ah, macaco traidor!O que faço agora?” – pensou o cachorrinho.Em vez de sair correndo, ele ficou de costas, como se não estivesse vendo nada. Quando o tigre está a ponto de atacá-lo de novo, o cachorrinho diz: – Macaco preguiçoso! Faz meia hora que eu o mandei me trazer um outro tigre e ele ainda não voltou!

“Em momentos de crise, só a imaginaçãoé mais importante que o conhecimento.” ( Albert Einstein )

Page 67: Revista Rainha dos Apostolos Janeiro 2013

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Page 68: Revista Rainha dos Apostolos Janeiro 2013

Diga as palavras que sempre desejou ouvir.Pronuncie as frases que um dia desejou repartir.Caminhe pelos trilhos que um dia desejou seguir.

Sinta a emoção que sempre esperou sentir.Divida o carinho com quem sempre desejou dividir.

Cuide da natureza como você cuidaria de si.Abrace todos os amigos que sempre desejou reunir.

Que Deus esteja em sua vida,aonde você desejar ir.

Sorria para a vida,para que ela possa lhe sorrir,

e viva a vida real,que sempre sonhou existir...

(JR Santos)

Em 2013...