revista poesiativa...

39

Upload: doankien

Post on 14-Dec-2018

217 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: REVISTA POESIATIVA CONCLUÍDA-REVISADAvirtualcult.com.br/spva/poesiativa_setembro_2017_01/poesiaativa... · Ozany Gomes, lança esta 1ª Edição da REVISTA POESIATIVA, para ampliar
Page 2: REVISTA POESIATIVA CONCLUÍDA-REVISADAvirtualcult.com.br/spva/poesiativa_setembro_2017_01/poesiaativa... · Ozany Gomes, lança esta 1ª Edição da REVISTA POESIATIVA, para ampliar

REVISTA LITERÁRIA POESIATIVA SPVA/RN - Página 01

Página 02

EDITORIAL ............................. Por Ozany Gomes

Página 08

RESENHA LITERÁRIA ................ Por P. C. Palhares

Página 07

PROSA POÉTICA ....................... Por Ayrton Alves

Página 03

ESCRITOR HOMENAGEADO.......Por Adélia Costa

Página 12

CRÔNICA .......... Por Roberto Cardoso (in memória)

Página 09

ARTIGO LITERÁRIO ............. Por Paulo Caldas Neto

Página 16

ENTREVISTA ............................ Com Jania Souza

Página 14

LITERATURA INFANTIL .............. Por José de Castro

Página 22

RETROSPECTIVA LITERÁRIA SPVA/RN

Página 36

POÉTICA VIRTUAL ..................... Por Ozany Gomes

Page 3: REVISTA POESIATIVA CONCLUÍDA-REVISADAvirtualcult.com.br/spva/poesiativa_setembro_2017_01/poesiaativa... · Ozany Gomes, lança esta 1ª Edição da REVISTA POESIATIVA, para ampliar

EDITORIAL

O BARCO DE SONHOS E PALAVRAS Apresentamos ao público leitor um barco de sonhos e palavras chamado Sociedade dos Poetas Vivos e Afins do Rio Grande do Norte - SPVA/RN, que está ancorado na cidade do Natal, Estado do Rio Grande do Norte, desde 1997, em um porto às margens do mar de poesia e paz, com o propósito de divulgar a grandeza da literatura, da música, das artes visuais e demais segmentos culturais produzidos por seus tripulantes. O idealizador e autor da concretização deste sonho de palavras, chama-se Paulo Augusto da Silva, jornalista, escritor e poeta pauferrense. Como primeiro presidente da SPVA/RN, tinha como objetivo, congregar poetas, pensadores, artistas, criadores, produtores e apreciadores da arte e da cultura em geral, os quais nomeou TRABALHADORES DA CULTURA, visando oferecer estímulo e subsídios para a consecução de suas práticas intelectuais. Estamos no ano 2017, e este barco, que está sempre agregando novos tripulantes, completa 20 anos de existência! Para comemorarmos esta ocasião, a nova gestão da SPVA/RN, presidida por Ozany Gomes, lança esta 1ª Edição da REVISTA POESIATIVA, para ampliar a difusão do trabalho dos seus associados, além de escritores convidados, através de gêneros como: poesia, crônica, resenha, artigos e entrevistas, provando que o que está sendo produzido no cenário literário e cultural do Rio Grande do Norte, é eclético e de qualidade. A SPVA/RN orgulha-se em ter uma tripulação de artistas e literatos tão competentes! O desejo da atual gestão e equipe editorial desta revista é que sigamos sempre JUNTOS, em UNIÃO, navegando nesse mar de poesia e paz, no barco de sonhos e palavras chamado SPVA/RN, para que a cada dia nossa literatura e nossa cultura se fortaleçam e se evidenciem. Que seja eterno o florescer da poesia na cultura! Ozany Gomes Editor Geral

Ano I – Nº 01 Setembro a Dez de 2017 REVISTA DE CIRCULAÇÃOTRIMESTRAL Os conteúdos de todos os textos publicados nesta revista são de total responsabilidade dos escritores que os assinam. Algumas das imagens contidas nessa revista são de domínio público extraídas da internet e outras de arquivos particulares dos colaboradores. EDITOR GERAL Ozany Gomes EDITOR Carla Alves CONSELHO EDITORIAL Ozany Gomes Carla Alves José de Castro José Rodrigues Guilherme Cavalcante COLABORADORES DESSA EDIÇÃO Paulo Caldas Neto Paulo Palhares Roberto Cardoso Jania Souza Adélia Costa Envio de textos a serem avaliados para publicação e contato com o Conselho Editorial, deve ser através do e-mail: [email protected]

REVISTA LITERÁRIA POESIATIVA SPVA/RN - Página 02

Page 4: REVISTA POESIATIVA CONCLUÍDA-REVISADAvirtualcult.com.br/spva/poesiativa_setembro_2017_01/poesiaativa... · Ozany Gomes, lança esta 1ª Edição da REVISTA POESIATIVA, para ampliar

ESCRITOR HOMENAGEADO PAULO AUGUSTO

Por Adélia Costa

ADÉLIA COSTA, graduada em Pedagoga, Letras e Mestre em Literatura Comparada. Mãe de Artur e Rebeca, colaboradora da Revista de Ouro e, atualmente, está como Diretora de Comunicação da SPVA/RN. Possui poemas publicados na Revista Kukukaya, Revista de Ouro e na Folha Poética, além de publicações no Jornal Quinzenal de Caicó.

INQUIETAÇÕES E CONTRIBUIÇÕES DO POETA PAULO AUGUSTO PARA A FUNDAÇÃO DA SPVA/RN Falar sobre o poeta Paulo Augusto da Silva, ou simplesmente, Paulo Augusto, nos remonta à ideia de movimento, comprometimento, luz, efervescência, irreverência, poesia homoafetiva e, principalmente, à imagem de um grande incentivador e militante cultural do Estado do Rio Grande do Norte dos anos noventa. Como bem podemos observar no carinhoso texto da poeta (SILVA: 2017, Inédito): “... filho da cidade de Pau dos Ferros no estado do Rio Grande do Norte, mudou-se ainda criança para a capital do estado com sua família. Viveu sua infância e adolescência no bairro da Cidade Alta, frequentando a escola e vivenciando suas primeiras experiências sociais, culturais e políticas na comunidade. Sendo de grande influência em seu pensamento crítico, os marcantes acontecimentos da época do Golpe Militar de 1964 e a perseguição política da Ditadura foram marcantes em sua poesia. Ele testemunhou prisões e desaparecimentos de personalidades representativas da vida potiguar, inclusive, a cassação dos direitos políticos e o exílio do Prefeito Djalma Maranhão.” Nascido no dia 03 de agosto de 1950, o poeta teve sua formação acadêmica no Estado do Rio de Janeiro no curso de Jornalismo pela Universidade Federal Fluminense e trabalhou em importantes jornais de tiragem nacional, como: O Fluminense, Última Hora, Diário do Grande ABC, Folha de São Paulo e Diário Comércio & Indústria. Em nosso estado, trabalhou no Diário de Natal, Tribuna do Norte e Jornal de Natal. Nessa época, “Cria o encarte Poesiativa com o intuito de divulgar poemas de autores da cidade. Inicialmente no Diário de Natal.” (SILVA: 2017, Inédito) Sendo um homem atuante e detentor da arte da escrita, Paulo Augusto também teve produções literárias importantes de referência no cenário nacional, pois foi precursor da poesia homoafetiva com o livro FALO (publicado em 1976). Seu livro é considerado uma das primeiras publicações do gênero em

REVISTA LITERÁRIA POESIATIVA SPVA/RN - Página 03

Page 5: REVISTA POESIATIVA CONCLUÍDA-REVISADAvirtualcult.com.br/spva/poesiativa_setembro_2017_01/poesiaativa... · Ozany Gomes, lança esta 1ª Edição da REVISTA POESIATIVA, para ampliar

nosso país e está fazendo, atualmente, 41 anos de existência. O poeta participou, também, de maneira atuante, do Jornal Lampião da Esquina, o primeiro periódico do gênero no Brasil, juntamente com outros renomados escritores como Glauco Mattoso, Leila Miccolis, João Silvério Trevisan e Caio de Fernando Abreu, em pleno período do Regime Militar (1978-1981). A inquietação de nosso poeta, juntou-se à de mais outros dezesseis poetas norte rio-grandense e juntos, após muitas conversas sobre arte, poesia e cultura, sentiram a necessidade de criarem algo que os unissem mais em torno da literatura e os tirasse da condição de poetas individuais e solitários, para a criação de uma poética de identidade coletiva. A ideia, registrada na Ata de Fundação (1999), era a de fundar uma associação com o objetivo inicial e tímido de “difundir a poesia, em especial a locais de difícil acesso da cultura”. E foi no dia 12 de junho de 1997, uma data especial, romântica e poética, que dezessete jovens poetas, articulados e convocados pelo jornalista Paulo Augusto, se reuniram no Sindicato dos Vigilantes, no Baldo em Natal/RN e deram vida à Sociedade dos Poetas Vivos e Afins (boa parte dos jovens poetas, na época, eram atuantes de forma efervescente dos movimentos poéticos de nosso Estado). Dessa forma, os nossos poetas precursores foram: Tércia Maria Mauricio de Queiroz, Josean Rodrigues, Aucides Mariero, Jania Maria Souza da Silva, Servilio Queiroz de Sena, Ana Cristina Cavalcanti Tinoco, Carlos Magnos de Souza, Jairo Silvestre de Araújo, Mery Medeiros da Silva, Uênio Pinheiro Barbosa, Arlete Santos, José Gonçalves da Silva, Pedro Grilo Neto, Marione Medeiros, Cipriano Maribondo e Antonio Carlos Coringa. Alguns continuam participando ativamente das ações da SPVA, como os poetas Pedro Grillo, Arlete santos e Jania Souza. Vale destacar que o grupo dos dezessete não se conheciam entre si. O que ressalta mais ainda a grande importância do poeta e jornalista Paulo Augusto nesse processo de articulação, fundação e formalização da SPVA/RN, pois graças a sua atuação esse

encontro foi concretizado. São ainda os depoimentos de (SILVA: 2017, Inédito) que confirmam isso: “A característica irrequieta do artista, leva Paulo Augusto a articular com outros poetas uma associação que desse visibilidade à produção poética fora do eixo preestabelecido pelos padrões em voga. Suas tentativas eclodiram com o festival na Praça das Flores. Há uma primeira e simbólica fundação da SPVA que não se concretiza de fato por falta de afirmação do grupo, que só se consolidou, como entidade com objetivos e direitos, após a reunião convocada por ele no Restaurante do SESC na Avenida Rio Branco administrado por Glaunice Fernandes (grande incentivadora da nova entidade literária em formação). Paulo Augusto convidou os poetas e expôs a necessidade e a finalidade da criação da Sociedade de Poetas Vivos e Afins do estado do Rio Grande do Norte – SPVA/RN. As reuniões começaram na Biblioteca do SESC. Passaram para a Casa do Trabalhador e chegaram à FUNCARTE na Biblioteca Esmeraldo Siqueira, logo após o 14 de Março de 1999 com a autorização da então Presidente Isaura Amélia Rosado.” E como se não fosse suficiente, um ano após a fundação da SPVA, o poeta, inquieto e atuante, ainda lançou o Manifesto Janduís, no qual denuncia: “Considera-se como ponto pacífico, pelas práticas das seguidas administrações da riqueza pública, nos níveis do Estado e do município, o deliberado alheamento dos gestores no que diz respeito a uma Política Cultural democrática e socializadora dos bens simbólicos, furtando-se de propiciar à comunidade potiguar o usufruto da cultura como gênero de primeira necessidade, tendo em vista a ausência de qualquer programação cultura voltada para a maioria da população.” O Manifesto Janduís representa um importante documento que traduz o sentimento do poeta local numa época de tanta ebulição literária, que se contrapôs à falta de incentivos, apoio e movimentos culturais num estado tão fértil como o nosso. Portanto, esse documento histórico é:

REVISTA LITERÁRIA POESIATIVA SPVA/RN - Página 04

Page 6: REVISTA POESIATIVA CONCLUÍDA-REVISADAvirtualcult.com.br/spva/poesiativa_setembro_2017_01/poesiaativa... · Ozany Gomes, lança esta 1ª Edição da REVISTA POESIATIVA, para ampliar

“...um marco de resistência, nas limitações de sua apresentação, deixa consignado o compromisso de manter a Sociedade dos Poetas Vivos e Afins do Rio Grande do Norte como instância receptora e estimuladora das aspirações do artista e do homem norte-rio-grandense, com o firme propósito de oferecer ferramentas, através da cultura, para a busca do equilíbrio e da harmonia no convívio dos que constroem e preservam o Estado do Rio Grande do Norte.” Durante o mandato do primeiro presidente, a SPVA teve como sede a Fundação Capitania das Artes (Funcart) e fazia publicações mensais no suplemento mensal Poesiativa do Jornal de Natal, organizado por nosso poeta jornalista (Daí o nome da nossa Revista Virtual prestar essa homenagem aos nossos poetas fundadores). Além disso, a SPVA publicava também um pequeno informativo mimeografado denominado PapoExpresso, compondo o quadro do importante e efervescente movimento Geração Mimeógrafo de nossa cidade. No ano de 1999, foi publicada a primeira ANTOLOGIA POÉTICA SPVA/RN, a qual foi organizada e coordenada por nossa poeta Jania Maria Souza da Silva e Mery Medeiros. Tal volume fez uma homenagem aos quatrocentos anos da cidade do Natal. Destacamos o poema de Paulo Augusto publicado nesse livro: BALADA PARA NATAL QUATROCENTONA Éramos felizes na inocência mas o descerrar das ignomínias que praticam seus homens e mulheres impuros dia e noite, e noite mal e dia, na faina de malbaratar tuas riquezas e formosuras, a começar da infância até a velhice, fizeram de ti um lusco-fusco de prazer-dor. Enquanto estamos alienados na beleza imorredoura dos tesouros de tua natura, não atinamos nem medimos o incomensurável mal que te perpetram abjetas mulheres e infames homens, se dizendo filhos enamorados para melhor roubar de tua boca o sorriso e impregnar a ti e a nós de doloridas paisagens ressequidas, de almas escuras, de prantos paralisados no ar, de gritos que não ecoam, de vontades decepadas em tenra idade, e na flor da manhã de nossa humanidade colocar um ponto final antes do grande salto do protopotiguar para mirradas caras.

Do século 21, natalenses dormem em plena porteira, enquanto os ratos atuam na luz e na neblina, passando-se por gentis-homens. Covardes ! Natal, pedra bruta. Observamos o tom inquieto e denunciador do seu eu lírico diante de algo que tornou a inocente cidade “um lusco-fusco de prazer-dor”, enquanto ficamos aos “prantos paralisados no ar” e assim “natalenses dormem em plena porteira”. Esse é o Paulo Augusto engajado, sensível, militante e observador da realidade bonita, mas caótica em que se encontrava nossa cidade diante “Do século 21”. Pelo seu ideal humanitário, realizou oficinas de Jornalismo nas comunidades para os mais carentes e sem acesso à profissionalização nessa área, possibilitando novas oportunidades, inclusive de formação de leitores e de um pensamento crítico nos beneficiados. Trabalhou na Secretaria de Saúde do Estado do Rio Grande do Norte como Assessor de Comunicação. Ganhou o Prêmio Literário de Prosa do Município de Natal. Publicou Falo (poemas), 1976 e Estilhaços de um País-Geni (ensaios), 1995. Fundou e presidiu a SPVARN em duas gestões, sendo considerado atualmente seu Presidente de Honra. Na poesia homoafetiva, Paulo Augusto também demonstrou a sua sensibilidade poética e a irreverência necessária e peculiar de um coletivo que historicamente é perseguido e obrigado a se calar. Seu livro FALO é uma referência etimológica não apenas ao órgão sexual masculino, como também representa o grito das muitas vozes que, sufocadamente, foram obrigadas a se calar e, portanto, no presente do indicativo alto ecoa: “EU FALO”. Assim, observamos versos contendo falas que denunciam uma época marcada pela presença de um militarismo cheio de contradições, que perseguia ao mesmo tempo em que “sentia prazer em “bulinar” os transeuntes “gays” que encontrava: Se me encontra pela rua madrugada quer violentar-me, ver meus documentos, me revista e se delicia

REVISTA LITERÁRIA POESIATIVA SPVA/RN - Página 05

Page 7: REVISTA POESIATIVA CONCLUÍDA-REVISADAvirtualcult.com.br/spva/poesiativa_setembro_2017_01/poesiaativa... · Ozany Gomes, lança esta 1ª Edição da REVISTA POESIATIVA, para ampliar

apalpando minhas partes, pensa em coito. (Poema SYSTEM-ATTICA. In: FALO, 1976) Tem pressa, tamborila, a voz, rouca, tange: - O próximo! As grades rangem, rebanhos pastam, aguardam a vez. Vadios, prostitutas, bichas loucas, estelionatários que um camburão despejou lá fora. (Poema: RAÇÃO BALANCEADA. In: FALO, 1976) Para prender-me a polícia por a-tentar - o pudico e ávido público termina por decifrar a mensagem dos órgãos de segurança sexual e mergulha sob as cobertas comigo. Deliciosamente infratores simultaneamente gozamos entre relinchos, unhadas, beijos e coronhadas. (Poema: ATENTADO AO PUDOR. In: FALO, 1976) Existem muitos outros pontos a serem explorados na poética do escritor Paulo Augusto, como também há muito a se dizer sobre as suas contribuições no cenário cultural do Rio Grande do Norte e também do Brasil. Graças às suas inquietações e contribuições, tivemos concretizada a fundação da Sociedade dos Poetas Vivos e Afins do Rio Grande do Norte. Mas o leque de informações e registros de seus feitos precisam ser melhores divulgados e explorados. Há pouco registro ainda, principalmente disponível na internet, ao ponto de sentirmos dificuldades para produzir esse texto à altura da homenagem que ele merece. Sem dúvida alguma, há muito o que se dizer e o que se garimpar e registrar sobre o poeta. Isso é fazer

a nossa história, é não permitir que o nosso legado se perca. Dessa forma, concluímos com um enorme agradecimento e reconhecimento público por parte dos Poetas e Afins que compõem a SPVA/RN a esse ilustre poeta, jornalista, militante incentivador e ser humano especial Paulo Augusto. Hoje, com o passar do tempo, temos certeza que nessa mente brilhante e inquieta mora muita poesia, criatividade, humanidade e luz. Mora ainda o menino que procura a Felicidade (In: FALO, 1976), enquanto grita, mesmo quando silencia. Seu legado veio para marcar a nossa geração, pulsar e fazer história e com isso nos tornar mais humanos e voltados para a voz do outro e de nós mesmos. BIBLIOGRAFIA: AUGUSTO, Paulo. Falo: obra completa. In: http://falo1976.blogspot.com.br/. 1976. _______________. Manifesto Janduis. In: http://dhnet.org.br/w3/spva/janduis.html Diversidade Potiguar. Falo: a poesia transgressora de Paulo Augusto. In:https://grupodiversidadepotiguar.wordpress.com/2014/11/16/falo-a-poesia-transgressora-de-paulo-augusto/ SILVA, Jania Maria de Souza; MEDEIROS, Mery (Org). Antologia Literária: homenagem - 2 anos de SPVA e 400 anos da cidade do natal. Natal, Sindicato dos Bancários, Sociedade dos Poetas vivos e Afins do RN.VOL I, 1999. _____________________________. Presidente de Honra da SPVA/RN: jornalista, poeta, escritor Paulo Augusto da Silva. Texto Inédito. QUEIROZ, Tércia Maria Mauricio de. Ata de fundação da SPVA/RN. Natal, 2º OfÍcio de notas, 1999. Substantivo Plural. Sarau homenageia poeta Paulo Augusto e os 40 anos do livro Falo. In: http://www.substantivoplural.com.br/paulo-augusto-40-anos-livro-falo/, 1976.

REVISTA LITERÁRIA POESIATIVA ARTIGO LITERÁRIO - Página 06

Page 8: REVISTA POESIATIVA CONCLUÍDA-REVISADAvirtualcult.com.br/spva/poesiativa_setembro_2017_01/poesiaativa... · Ozany Gomes, lança esta 1ª Edição da REVISTA POESIATIVA, para ampliar

PROSA POÉTICA

AYRTON ALVES

Poeta Potiguar, graduando em Letras pela UFRN

*Nota do Autor: extraído do poema Tabacaria de Fernando Pessoa.

ENGOLIDO PELO CÉU Você já se sentiu infinito? É como me sinto agora, infinito... Eu me perdi, para quedar-me infinito. Sempre julguei ser detentor de um conteúdo palpável: livro espesso, páginas finas, capa dura, letras douradas... Mas a vida é um conjunto de fatores, talvez o conjunto da desordem total. Poderia seguir com a minha primordial e pioneira ideologia, mas o destino é implacável, o destino é travesso. O destino não é destino. Tirou o livro de meus braços, arrancou a capa, levantou o cheiro de guardado. Naftalina-fundo-de-gaveta. As páginas se foram ao léu, a escrita se desfez e, tão logo, se mostraram tal qual eu era... sou. Brancas. À espera de uma tinta encorpada, caligrafia espessa, capaz de suportar os maiores fulgores do vento. Estou à espera de quem me escreva, quando constatei tal premissa, me veio um medo... Frio-subindo-dos-pés-à-cabeça. Me escreva? Me escreve? Foram as únicas coisas que rondaram minhas insanidades, também chamadas, em momentos propícios, pensamentos. Fiquei com raiva do céu, quase quebrei meu braço, a janela, meu ser. Mas meus cacos seriam mais inúteis que o meu completo. O que é ser completo? Não sei, apenas sinto. E foi sentindo, me desestabilizando, me jogando contra as paredes de meu quarto. Frias. Escuras. Pequenas. Me completei. Tenho medo de estrelas... Medo. Medo. Medo. Quiseram me pôr ao sol, tirar esse cheiro de guardado que trago nas veias. Tudo que emite luz me apavora. À noite, me recolho ao canto da parede, minha janela é grande. Meus sonhos maiores ainda. Mas os esqueço. Estrelas. Eu as via, não adiantava para onde olhasse, elas estavam lá. Elas cá estão... Me joguei na imensidão, fui devorado pelo céu, deglutido pelas estrelas... Esquecido pelos homens, renegado pelos anjos... "Não sou nada. Não posso querer ser nada. À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo."* Sonhos. Rodavam minha mente. No céu, fiz um outro céu. Só haviam duas estrelas... Brilhavam tanto... Tanto... Tanto... mais que qualquer outra fonte de luz, mais que o próprio sol. Brilhavam numa tonalidade diferente, que me fazia infinito. Me faz infinito. Dei ao céu teus olhos, emersos na tua cor. Foi nesse momento que percebi que não podia ser contido.

REVISTA LITERÁRIA POESIATIVA ARTIGO LITERÁRIO - Página 07

Page 9: REVISTA POESIATIVA CONCLUÍDA-REVISADAvirtualcult.com.br/spva/poesiativa_setembro_2017_01/poesiaativa... · Ozany Gomes, lança esta 1ª Edição da REVISTA POESIATIVA, para ampliar

RESENHA LITERÁRIA

P. C. PALHARES Professor graduado em geografia, escritor, desenhista gráfico e membro da Sociedade dos Poetas Vivos e Afins do RN – SPVA/RN. CAVALCANTI, Marcos Antônio Bezerra. Imaginário; Natal/RN: Departamento Estadual de Imprensa. 2008. O autor também é membro da SPVA/RN.

O autor Marcos Cavalcanti, formado em Letras e em Jornalismo pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte, tem em seu histórico literário projetos como: Poesia viva (1993), Templos tempo diversos (1995) e Trairi em versos (1997). Foi membro fundador dos Jornais Memorial Santacruzense (1997) e O Circular Notícias (2000). Colecionou em seu curriculum trabalhos deveras importantes e se tornou membro da Associação Santacruzense de Poetas e Escritores – ASPE e Sociedade dos Poetas Vivos e Afins do Rio Grande do Norte – SPVA/RN. Sua poesia em o Imaginário é de grande interesse pela tecnicidade que Cavalcanti (2008) emprega em seus poemas. Além de um compêndio de pensamentos riquíssimos e de um grande esmero, a publicação do livro ocorrida pelo Departamento Estadual de Imprensa – DEI, traz em suas páginas a poesia em língua espanhola, o que enriquece a obra. As características técnicas da editoração são um excepcional abre alas para o que vem em termos de conteúdo. O autor que traz em suas palavras reflexões sociais, ambientais e com um teor também político, faz um belíssimo trabalho poético, versos colocados em belas rimas ricas, ou seja, não utiliza de classes gramaticais iguais para rimar, mas sim de um vasto linguajar que corrobora com a intencionalidade do seu escrito. Poderia citar os poemas de Cavalcanti (2008), que em sua magnitude todos contribuíram especialmente para uma construção do meu eu social e lírico, mas não gostaria de tirar dos amigos leitores esse belo saborear das letras bem encaixadas e articuladas que o autor me propiciou. O que pode ser dito em termos de resumo crítico é que Marcos Cavalcanti, em seu Eu lírico, foi além de palavras e objetos. Não o consideraria um escritor parnasiano de maneira alguma, mas ouso falar que seus versos me fazem lembrar de autores como Aluízio Azevedo e Lima Barreto. Aconselho a leitura de Imaginário e confesso que fico ansioso para saborear os demais trabalhos de Cavalcanti.

REVISTA LITERÁRIA POESIATIVA SPVA/RN - Página 08

Page 10: REVISTA POESIATIVA CONCLUÍDA-REVISADAvirtualcult.com.br/spva/poesiativa_setembro_2017_01/poesiaativa... · Ozany Gomes, lança esta 1ª Edição da REVISTA POESIATIVA, para ampliar

ARTIGO LITERÁRIO PAULO CALDAS NETO Professor Dr. em Estudos da Linguagem pela UFRN. Membro da Sociedade dos Poetas Vivos e Afins do RN – SPVA/RN e União Brasileira dos Escritores do RN – UBE/RN.

CRÍTICA DE FAZ DE CONTA Sou um iniciante nos estudos da literatura potiguar e, com as posições aqui assumidas, pode até parecer que estarei incorrendo em algum radicalismo. Mas não me considero alguém radical, uma vez que me posiciono politicamente mais ao centro. Uma pessoa de centro foge dos extremos e pode estar sujeita, quando muito, a alinhamentos que a levem a se identificar com ideias tanto à esquerda quanto à direita quando nelas encontrar alguma coerência e/ou afinidade. Noutras palavras, uma pessoa de centro sempre busca uma equidistância, um equilíbrio que a leve a não pender muito só para um dos lados. Não quero dizer com isso que exerço alguma militância. Na verdade, coloco-me tão-só na condição de mero cidadão vigilante às ações do tempo, observando-as com cautela como todo mundo deveria fazer. Se os leitores dessa maneira entenderem, dou-me por satisfeito e saberei que fui bem compreendido. Caso contrário, lamentarei profundamente, pois, na minha visão, isso poderá ser um sinal de que elas ainda precisam amadurecer as suas ideias sobre a questão aqui enfocada. Ultimamente, tenho procurado ler o máximo que posso sobre a história da literatura potiguar e sobre as produções contemporâneas da nossa província. Sempre que posso vou a lançamentos de conhecidos escritores nas poucas livrarias da cidade do Natal. Infelizmente, ainda são poucas as que dão oportunidade a quem se envereda nessa arte. Muitas vezes, não se vislumbram as dificuldades inerentes a esse ofício de escritor, principalmente quando se trata de iniciantes. Quanto aos gêneros produzidos, o poema continua se destacando, o que mantém viva a chama em versos que teve início, na oralidade, com Fabião das Queimadas, mas que, segundo alguns estudiosos locais, só se materializou na escrita de Lourival Açucena ainda no final do século XIX, anos depois organizada em livro por Luís da Câmara Cascudo. O romance, a novela, o conto, a crônica e a memorialística tentam seguir o ritmo do poema como podem, revelando, aqui e acolá, grandes talentos. É claro que na literatura existem os bons e os maus escritores, porém, sabendo-se separar o joio do trigo, é possível se preservar boas obras. Com relação à crítica literária, parece-me ser um terreno espinhoso para quem ousa nele se aventurar. Não me parece que hoje, no Rio

REVISTA LITERÁRIA POESIATIVA CRÔNICA - Página 09

Page 11: REVISTA POESIATIVA CONCLUÍDA-REVISADAvirtualcult.com.br/spva/poesiativa_setembro_2017_01/poesiaativa... · Ozany Gomes, lança esta 1ª Edição da REVISTA POESIATIVA, para ampliar

Grande do Norte, tal ofício esteja sendo exercido de maneira consistente, de forma a ajudar o escritor e o leitor a transitarem com mais segurança dentro desse campo. Senão, vejamos. O único momento em que a crítica pareceu mostrar-se sólida ― enquanto gênero literário que é ― foi com Antônio Marinho nos primórdios da República, quando Natal se urbanizou e assistiu ao nascimento de uma oligarquia política, como todos sabem, liderada por Pedro Velho de Albuquerque Maranhão. Dessa forma, o RN chegaria aos anos de 1920 com traços em suas produções estéticas ditas como “passadistas” (Romantismo, Realismo, Parnasianismo e Simbolismo), conhecendo somente a ousadia de um Jorge Fernandes em sua obra Livro de poemas, publicado em 1927, mesmo ano em que Cascudo lançou a coletânea Versos, reunindo o que havia de melhor na poesia de Lourival Açucena. Registra-se, naquela época, uma crítica mordaz de Marinho à obra de Segundo Wanderley. De acordo com o crítico, era necessário o surgimento de uma inovação estética, o que ainda não fora alcançado por Wanderley, nem mesmo pelo seu teatro, que também não foi poupado. Realmente, aquele tempo exigia algo que se aproximasse da originalidade. Iconoclasta ou não, buscava-se fugir aos padrões. Nada mais do que justo, já que a tecnologia chegava a Natal, que tentava escapar de um contexto de insulamento pelo qual passou até o começo do século XX. De lá para cá, não se teve notícia de mais nenhum trabalho de crítica literária com a substância encontrada à semelhança daquele de Marinho. Vários escritores locais até que tentaram enveredar pelos caminhos da crítica. Contudo, o que se viu foram meros comentários jornalísticos que mais se assemelhavam a confetes jogados a certos grupos de escritores por motivos mais relacionados a interesses íntimos e políticos do que necessariamente técnicos. Uma crítica tão parcial torna-se provinciana e incapaz de revelar talentos autênticos dentro do cenário das letras. Devido a isso, pode-se concluir que esta é uma terra em que não se mede o mérito pelo valor literário intrínseco dos autores. Tal crítica capenga não consegue romper muros ou quebrar paradigmas. Pelo contrário, estagna-se,

deixando que o conformismo se assente e ganhe força a partir de um mero elogio de um amigo escritor, muitas vezes, detentor de holofotes, os quais acentuam e massageiam mais o ego do escriba, deixando de lado uma análise mais criteriosa do trabalho literário propriamente dito. Parece até que só talento não é o suficiente ou nem mesmo é valorizado. Jorge Fernandes pode ser citado como um exemplo clássico desse viés. Em sua época, esse autor só chegou a ter alguns momentos de fama devido ao mestre Cascudo que o conhecia e que apresentou a sua obra ao pesquisador Mário de Andrade quando de sua visita a Natal. Do contrário, Jorge Fernandes, apesar do seu talento nato, quase teria sido esquecido, como na verdade chegou a ser um pouco naqueles fins da década de 1920, perto do alvorecer da década de 1930. Sua obra Livro de Poemas teve uma pequena tiragem, alcançando poucos leitores. O tempo passou e surgiram novos autores na literatura potiguar. Contudo, o modelo de fazer crítica aqui no Estado não mudou muito. Os guetos das elites oligárquicas deixaram sementes, e criaram-se confrarias que passaram a assumir o papel da crítica local, isso quando a própria Universidade Federal do RN não assumia essa função. Ainda assim, a crítica mostrava-se ineficiente para descobrir novos talentos e ajudar na sua difusão junto a um público-leitor. As edições de obras literárias daqueles poucos que eram considerados como grandes autores se esgotaram e não houve uma preocupação em se elaborar projetos que viabilizassem reimpressões. Sem isso, muitas dessas obras ficaram esquecidas e muitas se perderam no tempo. Isso dificultou o conhecimento desses autores pelas novas gerações de leitores. A inexistência ou a letargia de um corpo crítico, fator agravado pela ausência de uma política editorial que valorizasse a cultura do Estado, evidenciou a falta de seriedade na área da literatura. Mas a questão das confrarias sempre me pareceu uma das piores coisas. Eu mesmo tive que entrar em uma delas para que os holofotes migrassem para mim. Vaidade nunca foi muito a minha preocupação, o que não significa que eu deva omitir o meu anseio em assinar meu nome nas letras potiguares. Eu diria que isto é mais

REVISTA LITERÁRIA POESIATIVA SPVA/RN - Página 10

Page 12: REVISTA POESIATIVA CONCLUÍDA-REVISADAvirtualcult.com.br/spva/poesiativa_setembro_2017_01/poesiaativa... · Ozany Gomes, lança esta 1ª Edição da REVISTA POESIATIVA, para ampliar

um sonho do que um esnobismo. E ser sincero, nesse caso, é uma questão de honra para um escritor que se preza. Só há valorização se o sujeito se filiar a alguma confraria. Ou então se ele alcançar a proeza de ser classificado em primeiro lugar em um grande concurso literário, de preferência nacional, como aconteceu com o poeta Nei Leandro de Castro. Até porque numa cidade grande como Natal e num Estado grande ― como o próprio nome sugere ― consegue-se até o prodígio de se encontrar uma agulha no palheiro, o que dá margem aos favoritismos. Talvez assim a crítica caia aos pés do escolhido. E é uma crítica mais de elogios do que de análise criteriosa. Na verdade, o sucesso pode ser fruto de o autor participar de uma confraria e ser exímio na arte da bajulação do seu líder. Assim, ele pode cair na graça deste e vir a merecer rasgados e exagerados elogios. Isso é um perigo, principalmente para aqueles jovens escritores de nossa província que, mal iniciam sua carreira, já se sentem estrelas de Hollywood! Tudo por culpa de uma crítica literária hipócrita, aquela que não tem compromisso com a sua verdadeira função de gênero literário exercido com seriedade. No meu modo de ver, é o provincianismo local ― ligado a uma herança política e oligárquica ― que contribui para que não exista uma crítica semelhante à de Antonio Candido, à de Alfredo Bosi, ou algo parecido com o trabalho de um Otto Maria Carpeaux. Reforço esse ponto de vista, pois penso que isso é algo que todos sabem, mas fingem que não veem. Como todo mundo conhece todo mundo, mesmo que a distância, o silêncio impera na hora de se analisar a obra de um autor potiguar, sobretudo quando se trata de uma amizade ou quase amizade. Qualquer tentativa de se construir algo positivo para o melhoramento do escritor, este se sente ofendido, o seu ego se exalta, e ele acaba publicando segredos da própria pessoa, que atrapalham a colaboração antes mesmo que esta possa sedimentar alguma lição proveitosa. O resultado de tudo isso se configura no desinteresse do público-leitor, o que, na maioria das vezes, serve de desestímulo ao próprio escritor que acaba condenado ao esquecimento. E a sua obra fica intocada e empoeirada nas

prateleiras das poucas bibliotecas ainda existentes no Estado, à mercê das traças. Um caso no sentido inverso, dentre poucos ocorridos aqui no estado, no qual prevaleceram a imparcialidade e a competência técnica, foi a crítica feita por Antônio Pinto de Medeiros aos primeiros escritos de Zila Mamede. E, hoje, eis Zila! Sua obra se universaliza, e seu nome se eterniza como patrona da biblioteca central da UFRN. O que prova que se precisa e se deve criticar com isenção, sem favoritismos de qualquer espécie. Por tudo isso, em vez de somente ler estudos acadêmicos sobre a literatura do meu Estado e baboseiras de alguns colegas ― professores universitários ou não, quando disputam holofotes para si mesmos e não uma inteligência neutra e puramente técnica ― prefiro e gostaria mesmo de ler críticos literários locais confiáveis. Profissionais que de fato levassem, com aptidão, aos outros uma dose de sabedoria e equilíbrio na hora de comentar as obras que irão compor o acervo literário potiguar. Pessoas que agissem com a mesma isenção que deveria ser exercida por um magistrado da lei. Isso significa o exercício da moralidade, do lado racional e da imparcialidade do juízo. Evitar-se-ia, dessa forma, a poluição verbal inútil, eivada de intimidações, paixões desenfreadas, discursos tendenciosos e caprichos ― como se fossem de deuses ―, posto que escrever uma justa avaliação é ter a prudência e o discernimento como aliados. Massaud Moisés, em sua obra A criação literária ― Prosa II (Cultrix, 2011), ao estudar o gênero Ensaio, que abriga a tarefa da crítica, é categórico: o bom ensaísta é aquele que consegue conter os impulsos da mocidade. Assim sejam os críticos que espero para o futuro do Rio Grande do Norte: livres de ímpetos favoritistas, alheios às tempestades do ego, plenos de sobriedade, senso de justiça e imparcialidade como verdadeiros juízes. Profissionais que se distanciem cada vez mais daquela crítica que apenas faz de conta. E que só existe para bajular os amigos. Ou que silencia porque nada tem a dizer.

REVISTA LITERÁRIA POESIATIVA SPVA/RN - Página 11

Page 13: REVISTA POESIATIVA CONCLUÍDA-REVISADAvirtualcult.com.br/spva/poesiativa_setembro_2017_01/poesiaativa... · Ozany Gomes, lança esta 1ª Edição da REVISTA POESIATIVA, para ampliar

CRÔNICA ROBERTO CARDOSO (In memória) Jornalista Científico, FAPERN/UFRN/CNPq, Branded Content (produtor de conteúdo), Desenvolvedor de Komunikologia, Reiki Master & Karuna Reiki Master.

CRÔNICA FOUCAULTIANA Crônicas com temas e conteúdo, dos graves aos agudos, podem ser escritas em caráter eletivo, programadas e planejadas, com visões a uma data marcada, antecipadamente agendada. Ocasionalmente podem ser escritas em caráter de urgência e de emergência, dependendo do caso clínico do leitor ou do escritor. Dependendo das necessidades das mídias de divulgação, dos transportes, que locomovem o paciente, o leitor e o escritor. Mídias e meios que transportam livros e mentes, arquivos e cérebros, para um hospital, biblioteca ou livraria. Ambulância, livro impresso ou livro eletrônico. Das revistas impressas às revistas eletrônicas, em Doc, JPG, ou PDF. SAMU USA e SAMU USB. Podendo ser alocadas, em plataformas permanentes ou temporárias. E agora emerge uma revista, esquecida, mas já anteriormente publicada, a ressurgência de uma patologia literária, talvez crônica, com eventos agudos, por meios impressos ou eletrônicos. Surge com uma sangria desatada, que precisa ser estancada, com versos e prosas, contos e crônicas. Socorristas e paramédicos, ledores e professores, transferem, transmitem e transportam informações e conhecimentos. Ambulâncias, médicos, paramédicos, repletos de signos e conhecimentos. Seus símbolos visuais ou sonoros, letras escritas normais ou invertidas. Seus uniformes e suas fardas, transmitem a uma pessoa à sua frente, uma leitura corporal. O corpo como um símbolo explicito. Uma escrita e uma leitura da sua profissão e de seus conhecimentos, pelo corpo e seus fardamentos. Um conjunto de imagens e comportamentos que Bourdieu denominou como habitus. Um conjunto de comportamentos de uma profissão, um modus operandi, dos seus comportamentos, a partir de um conhecimento, uma técnica e um know-how. Por vezes um vocabulário exclusivo, preservando e mantendo um espaço, o campo bourdiesiano. Nos textos, revistas e livros, nem se fala, o quanto há de imagens e símbolos, com uma quantidade enorme de informação e conhecimento. Cada revista ou livro tem seu corpo, seja ele físico ou editorial. Suas falas, suas agendas, seus índices, suas seções e seus critérios, com normas e regras, estabelecendo seu campo, seu espaço. Tanto Foucault quanto Bourdieu estudaram a questão do corpo, o corpo pessoal, como ele se

REVISTA LITERÁRIA POESIATIVA SPVA/RN - Página 12

Page 14: REVISTA POESIATIVA CONCLUÍDA-REVISADAvirtualcult.com.br/spva/poesiativa_setembro_2017_01/poesiaativa... · Ozany Gomes, lança esta 1ª Edição da REVISTA POESIATIVA, para ampliar

insere e se explicita na sociedade, quem o domina em determinado momento, seja o próprio dono do corpo ou o estado; o indivíduo ou o mercado. Chegaram a questões de gênero com a dominação masculina. E o uso do corpo tem início em um tempo distante, quando o homem através de danças e gestos, utilizava-o para ter acesso ao oculto. Adorando e agradecendo seus deuses. Das danças e expressões corporais, surgiu o teatro. Do espaço aberto, com ligação com o céu, a espaços e lugares restritos. A mente humana é um HD biológico com downloads e uploads, continuamente, sistematicamente. Informações chegam a todo momento, pelos sentidos, que são enviados ao cérebro a partir de informações externas, e percorrendo uma malha com sensores nervosos, cada um na sua especialidade. A informação à flor da pele, levam mensagens ao cérebro. Pessoas com gestos e poses, uniformes e trajes diferentes transmitem uma informação, que podem ser transformadas em um conhecimento. E se Paul-Michel Foucault (1926-1984), que não era médico, mas estudou a história das doenças, com aspectos clínicos e patológicos, com um olhar da sociologia, podemos então estudar os contos e as crônicas, fazer um breve estudo clinico, da crônica, com versos e trovas, sem sermos letrados. Com um conhecimento contido nas ruas e nos textos que nos chegam as mãos, e com os olhos levamos as imagens e as mensagens para o cérebro. Mensagens que podem ser expressas pela escrita, depois de processadas no HD biológico chamado de cérebro, com espaços para memória e processamento dos dados armazenados. Mas Foucault era filho de médico, e outros tantos de médicos na família, o que pode ter influenciado um estudo, sem mergulhos mais profundos na anatomia e na fisiologia; não enveredou para a cirurgia, ficou na psicologia, a sociologia do indivíduo. Não se aprofundou na patologia e na farmacologia, apenas nos olhares observacionais de médicos e pacientes. E Foucault não foi um paciente comum. Frequentou as mesmas enfermarias das escolas normais de Paris, com Pierre Bourdieu (1930-2002) e Jean-Paul Sartre (1905-1980), este casado com Simone de Beauvoir (1908-1986). Foram contaminados por Kant, Hegel e Marx, filósofos e pensadores que fecundaram e contaminaram suas ideias, em estudos, palestras e seminários. Foucault estudou e se

formou em filosofia com Merleau-Ponty (École Normale Supérieure). Quem sabe, depois de estudar o Discurso do Método (René Descartes), pode ter se inspirado a escrever A Ordem do Discurso (Michel Foucault). Olhando para teoria de Foucault novamente, ele diz que ao longo da história, as palavras mudam de sentido, e para entendê-las com suas mudanças e variações seria necessário fazer uma antropologia. E por uma antropologia começou uma pesquisa chegando a uma genealogia. Daí entendemos que artigo, conto, ou crônica, assim classificados por critérios e formatações, podem estar em um momento de transição, com alterações e transfigurações. Transmutações de nomes e conteúdos. Nas enxurradas de informações, não há como perder tempo fazendo classificações, se um texto é ensaio ou artigo, empírico ou cientifico. E o artigo cientifico não é mais que um modelo literário. Seu conteúdo e seu conhecimento, podem ser transmitidos por uma infinidade de versos, trovas e outras palavras. Por sons e por gestos, facilitando a compressão por mudos e cegos. Mas não é só um texto que modifica, se altera e evolui. Enquanto Foucault disse que o homem seria uma invenção recente, mas também poderia estar perto do fim. Vilém Flusser (1920 – 1991), escritor tcheco-brasileiro já descrevia um novo homem, como um ser pós humano. Um ser que se prepara, e adapta-se a um futuro, usando de signos e símbolos. Abandonando seus escritos, Flusser também visualizou uma nova disciplina, um conhecimento, que englobasse todas as disciplinas e todos os conhecimentos, dando o nome de Kommunokologie. Uma Comunicologia, com o uso de imagens e símbolos. E ainda usando Foucault, o texto é um discurso. Uma estratégia de ocupar um espaço através das palavras construindo ideias, construindo um pensamento, com ideias e outros objetivos mais profundos. Um simples fato temático que rendeu uma aula inaugural, no College de France em 1970, proferida por Michel Foulcault. E assim cada leitor poderá entender que este texto tem um objetivo, ocupar uma lacuna, ou difundir um conhecimento, independente do estilo figurado, no momento.

REVISTA LITERÁRIA POESIATIVA SPVA/RN - Página 13

Page 15: REVISTA POESIATIVA CONCLUÍDA-REVISADAvirtualcult.com.br/spva/poesiativa_setembro_2017_01/poesiaativa... · Ozany Gomes, lança esta 1ª Edição da REVISTA POESIATIVA, para ampliar

LITERATURA INFANTOJUVENIL JOSÉ DE CASTRO Jornalista, escritor, poeta, autor de literatura infantojuvenil, Mestre em Educação, membro da Sociedade dos Poetas Vivos e Afins do RN - SPVA/RN e da União Brasileira dos Escritores do RN - UBE/RN. A seção “Literatura Infantojuvenil” será dedicada a publicar artigos, ensaios e resenhas de livros relacionados com essa área. Poderá também publicar poemas e pequenas histórias dedicadas a esse público, advindos de autores diversificados, tanto do Rio Grande do Norte quanto de abrangência nacional ou até mesmo de outros países. Terá, também, o compromisso de, a cada edição, entrevistar algum autor ou autora de literatura infantojuvenil, com preferência para autores potiguares, contudo sem nos esquecer de que não podemos ficar alheios ao que se produz fora daqui, seja noutros estados ou para além das fronteiras do nosso país. Sugestões e comentários dos leitores serão sempre bem-vindos.

VIVA O LIVRO E VIVA A LITERATURA

INFANTIL VOCÊ SABIA QUE... Na data 02 de abril é comemorado o “Dia Internacional do Livro Infantil”? E que essa data é uma homenagem ao escritor dinamarquês Hans Christian Andersen? E você sabia que no mesmo mês, no dia 18 de abril, se comemora o “Dia Nacional do Livro Infantil”, numa homenagem ao escritor Monteiro Lobato? Finalmente, você sabia que existe também o “Dia Municipal do Livro Infantojuvenil” em Natal/RN? E que é essa data passa a ser comemorada no dia 08 de setembro, em homenagem à autora potiguar Nati Cortez? Assim, se você não sabia de nada disso, procure, a partir de agora, buscar sempre uma forma de comemorar essas datas tão significativas, pois o livro infantil é uma das ferramentas mais importantes para o incentivo à leitura do mundo por parte desse público que será a geração condutora dos destinos da humanidade de amanhã. Os livros infantis, sejam de poesia ou de prosa, poderão transformar a história de vida das crianças uma vez que eles se caracterizam como fonte inesgotável de descobertas e de aventuras pelos mundos do faz de conta, pelos mundos da fantasia e da imaginação. O livro, no dizer do saudoso escritor mineiro Elias José, “é uma caixa mágica de surpresas”. Desde a invenção da escrita o homem vem podendo registrar sua história, sua gênese, sua trajetória e, principalmente, registrar suas emoções, seus sonhos e exercer a arte de contar histórias, de escrever poemas e se dedicar a inúmeros gêneros literários que atravessam o tempo e servem como guardiães e depositários de toda a sua memória, seja real ou inventada. Assim, do mesmo jeito que Monteiro Lobato é considerado o “pai da literatura infantil brasileira”, a escritora Nati Cortez (Maria Natividade Cortez Gomes, 1914 - 1989) pode

REVISTA LITERÁRIA POESIATIVA SPVA/RN - Página 14

Page 16: REVISTA POESIATIVA CONCLUÍDA-REVISADAvirtualcult.com.br/spva/poesiativa_setembro_2017_01/poesiaativa... · Ozany Gomes, lança esta 1ª Edição da REVISTA POESIATIVA, para ampliar

ser considerada como a pioneira, aquela que inaugurou a literatura infantil no estado do Rio Grande do Norte. Nati Cortez, foi escritora, poetisa, trovadora, teatróloga e ufóloga, tendo participado de várias confrarias artísticas, culturais e científicas, inclusive da Associação Norte-rio-grandense de Astronomia, da Sociedade Brasileira de Autores Teatrais - SBAT e da Academia de Trovas do RN. Publicou vários livros, tais como Diálogo das Estrelas (1971), A Abelhinha Sonhadora (1973), Mistério dos Discos Voadores (1976), A guerra dos planetas, O Curumim amazônico, O Maribondo amoroso, dentre outros. Por tudo isso, a União Brasileira de Escritores – UBE/RN, sugeriu ao Sr. Prefeito da cidade do Natal que decretasse o dia 08 de setembro – data natalícia de Nati Cortez – como o “Dia Municipal do Livro Infantojuvenil” aqui na Cidade do Sol. Prontamente o chefe do executivo municipal acatou o pleito da UBE/RN através da Lei n. 6550, de 04 de setembro de 2015, instituindo essa efeméride no calendário oficial da cidade do Natal. Considerando ainda a importância da escrita de Nati Cortez para a história da literatura infantil do estado, a UBE/RN, já no ano de 2012, durante o V Encontro Potiguar de Escritores, em 30 de outubro daquele ano, dentro do selo editorial Nave da Palavra, havia lançado a “Coleção Nati Cortez”, destinada a divulgar livros do gênero literatura infantojuvenil. A primeira publicação contemplada dentro da coleção foi uma reedição do livro “O maribondo amoroso”, que é uma peça teatral infantil de sua autoria. Portanto, POESIATIVA deixa aqui homenagens a Hans Christian Andersen, a Monteiro Lobato e a Nati Cortez, patronos dos livros nos âmbitos internacional, nacional e local, respectivamente, ao mesmo tempo em que saúda a todos os autores e às autoras que neles se inspiram e se dedicam a produzir livros para esse tão importante segmento de

público: as crianças. Elas representam o futuro desta nação. Pois, como já dizia Monteiro Lobato, “um país se faz com homens e livros.” Viva o livro e viva a literatura infantil...! Alguns livros de JOSÉ DE CASTRO:

REVISTA LITERÁRIA POESIATIVA SPVA/RN - Página 15

Page 17: REVISTA POESIATIVA CONCLUÍDA-REVISADAvirtualcult.com.br/spva/poesiativa_setembro_2017_01/poesiaativa... · Ozany Gomes, lança esta 1ª Edição da REVISTA POESIATIVA, para ampliar

ENTREVISTA COM JÂNIA SOUZA Por JOSÉ DE CASTRO JANIA SOUZA, escritora, poeta, declamadora, artista plástica, economista e contadora pela UFRN, nascida em Natal/RN, Brasil. Tem ativa participação no movimento literário de sua cidade e do seu país. Em sua obra encontra-se registrado um toque sutil de erotismo e realismo com predominância de um profundo pensamento crítico revestido pela metáfora poética, social e humana. Publica literatura infantil; infantojuvenil, poemas, crônicas, contos. Sócia de entidades culturais nacionais e internacionais. Organizou os seis primeiros volumes da Antologia Literária da Sociedade dos Poetas Vivos e Afins do RN. Primeira Vice-Presidente da União Brasileira dos Escritores do RN – 2016/17. Participação em exposições de artes visuais individuais e coletivas. www.janiasouzaspvrncultural.blogspot.com [email protected]

POESIATIVA - Primeiramente, conte para nossos leitores um pouco sobre o início de sua carreira de escritora e poeta. JANIA SOUZA - Interessante, comecei lá pela adolescência a escrever e a poetar. Contudo, naquela época não havia o incentivo da escola para os pais publicarem seus filhos como hoje. Acho fantástica essa metodologia de fomentar o autor desde a infância. Parabenizo. Voltando à minha época, não consegui editora. Meus pais não tinham recursos para patrocinar essa minha realização. Guardei o sonho literário na gaveta. Voltei a contar histórias imaginárias para meus filhos na hora da cama. A partir daí, retornei à produção de poemas e prosa, principalmente em horários vagos. Meus maiores incentivadores foram meus amigos de trabalho Francisco Gonçalves Filho e Aloísio Alves. O primeiro disse que eu escrevia poesia ao deparar-se com meus versos. Achava legal. O outro inventou o jornal O Rumo da Agência Ribeira na Caixa e começou a publicar minhas poesias. Depois, as levou para a nossa Associação de Empregados da Caixa e ao Sindicato dos Bancários, quando ganhei meus primeiros prêmios e publicação em coletâneas, anos mais tarde. Participei do Concurso “O Guincho”, promovido pelo poeta Josean Rodrigues. Trampolim para encontrar o irreverente e talentoso poeta Paulo Augusto e a SPVA/RN, que nasceu no dia doze de junho de um mil e novecentos e noventa e sete, da qual participei ativamente na equipe de gestão desde o início. Em sua forma embrionária, com reuniões na Biblioteca do Restaurante do SESC, apadrinhada por Glaunice Fernandes, secretariei a entidade em algumas datas. Quando fomos para a Casa do Trabalhador, dirigida pelo sócio Roberto Lima – sindicalista, que ofereceu o espaço para as reuniões da entidade às sextas à noite e, depois, aos sábados à tarde, acumulei o cargo de Secretária e fui designada pelo grupo para a Coordenação Geral, como no Partido Comunista. Era um modelo com o qual eu particularmente não comungava. Porém, fora idealizado pela maioria dos poetas integrantes

REVISTA LITERÁRIA POESIATIVA SPVA/RN - Página 16

Page 18: REVISTA POESIATIVA CONCLUÍDA-REVISADAvirtualcult.com.br/spva/poesiativa_setembro_2017_01/poesiaativa... · Ozany Gomes, lança esta 1ª Edição da REVISTA POESIATIVA, para ampliar

à época: José Gonçalves, Mery Medeiros, Paulo Augusto, Carlos Magno, Arlete Santos, Tércia, Lécia Cavalcanti e outros. Nessa época, não havia estatuto e nem diretoria, que foi eleita em 1999, passando a ser presidida à ocasião pelo poeta Paulo Augusto, que me nomeou para Diretora Executiva e Coordenadora da Antologia Literária da entidade que nascia. Organizávamos o jornal de encarte Poesiativa, o grande ideal do editor Paulo Augusto, que congregou os poetas em torno da SPVA/RN. Íamos às escolas, praças, feiras públicas, centros comunitários, universidades, faculdades e cidades vizinhas para declamar e distribuir nossas obras, divulgando e difundindo o autor associado e seus convidados. Em 1999, Paulo Augusto conseguiu com a presidente da Fundação Capitania das Artes - FUNCARTE, Isaura Amélia Rosado, autorização para as reuniões serem ali realizadas aos sábados à tarde, em parceria com a Biblioteca Municipal Esmeraldo Siqueira, na época sob a coordenação de Joiran Araújo com apoio de Bob Bezerra. Assim, teve início o Sarau Estação da Lira toda última quinta-feira de cada mês, homenageando um artista potiguar com apresentações dos associados. Paralelamente a essa agitada vida da entidade, teve início minha carreira de escritora e poeta. Começou como um passatempo, bem antes da existência da SPVA. Sem qualquer pretensão. Contudo, na nossa comunidade literária, foi se fortalecendo com a motivação possibilitada pelas reuniões que também funcionavam como oficina de escrita, nas quais se apresentava a produção do associado nas rodadas de poesia. Além dos compromissos para apresentação dos artistas, como já citei anteriormente. Em consequência, meu trabalho foi se aprimorando e adquiriu um caráter, uma feição profissional, porta aberta para novos voos. Foi um período muito marcante em minha vida que me preparou para o mercado. Muito tenho a agradecer à SPVA/RN por burilar-me. Recomendo-a aos iniciantes, pois é um espaço que pode contribuir muito para o enriquecimento de currículo e para a divulgação de obras. Ou

seja, pode assegurar uma rica e produtiva experiência. Em 2007, publiquei minha primeira obra “Rua Descalça” poemas, Edições Bagaço/PE, que já foi traduzida para o espanhol e lançada na Argentina, em 2013, pela Editorial Argenta, com o título “Calle Descalza”. POESIATIVA - Como se deu o processo de internacionalização de suas obras e fale sobre a importância de divulgar a literatura em outros países, os principais desafios encontrados. JANIA SOUZA - As redes sociais funcionam como grandes facilitadoras para o processo de internacionalização de obras em geral. Com a organização de seis volumes da Antologia da SPVA/RN, os meus contatos ampliaram-se. Associei-me a APPERJ, ao Clube de Escritores de Piracicaba, continuo a participar das Coletâneas da Del Secchi, em Vassouras/RJ, e do site Blocosonline, além de administrar um blog e publicar na Escrita – Biblioteca Virtual. Participo de concursos e coletâneas no Brasil e no exterior. Associei-me aos Poetas Del Mundo e público regularmente com o poeta Alfred Asís. Minha obra circulou pelo mundo e cheguei ao Salão de Genebra com o Varal do Brasil em três edições. Também sou associada ao site Mesa do Escritor, que apresenta obras de escritores às editoras nacionais e internacionais, que procuram material para publicação. Convido-os a visitarem esse site e cadastrarem-se. Podem informar que os indiquei. Conheci o

REVISTA LITERÁRIA POESIATIVA SPVA/RN - Página 17

Page 19: REVISTA POESIATIVA CONCLUÍDA-REVISADAvirtualcult.com.br/spva/poesiativa_setembro_2017_01/poesiaativa... · Ozany Gomes, lança esta 1ª Edição da REVISTA POESIATIVA, para ampliar

poeta, jornalista, escritor e agitador cultural argentino Gito Minore, que produziu em seu projeto para o Youtube, vídeo sobre minha obra “Rua descalça”. Na abertura, declamou Alicerce do Mundo, que na ocasião foi traduzida por ele. Toda essa articulação aconteceu naturalmente, sem qualquer planejamento. Contudo, resultou em duas publicações internacionais. Em 2011, a obra “Entre Quatro Paredes” foi selecionada em concurso internacional e publicada pela Corpos Editora do Porto, em Portugal. Em 2013, recebi o convite para publicação de “Rua descalça” pela Editorial Argenta de Buenos Aires. A importância da divulgação em outros países é o de ampliar o público e o conhecimento da obra do autor. Além disso, leva consigo o nome do Brasil e permite a interação com outras culturas. O principal desafio encontrado para essa divulgação é o aporte financeiro que precisa ser feito em decorrência de despesas de deslocamento para lançamentos, feiras e salões. O idioma também é outro desafio, além das diferenças culturais encontradas no ambiente que recebe o autor. Mas a receptividade e o carinho sempre compensam, além de se ter o prazer de ver sua obra apreciada e valorizada fora das fronteiras do seu país. POESIATIVA - Quais foram as razões que a levaram a escrever literatura infantil? JANIA SOUZA - Desde a infância, além de ouvir, sempre gostei de inventar contos. A chegada dos meus filhos fez ressurgir essa linha literária, inicialmente pela oralidade. Depois comecei a rabiscar e a guardar os rascunhos. Em 2005, desengavetei Magnólia, a besourinha perfumada e aprofundei sua argumentação. Entrei em contato com a Editora Alcance, de Porto Alegre, dirigida pelo poeta Rossyr Benny. Negociamos as condições e, em novembro de 2007, autografei o livro na 55ª. Feira do Livro de Porto Alegre, a maior feira de livros ao ar livre das Américas.

Foi uma experiência inesquecível, inclusive pelo frio que fazia lá no dia do lançamento em pleno verão brasileiro e pela quantidade de autógrafos que dei. Inacreditável, porque naquela época eu não conhecia ninguém na capital gaúcha. Grande organização da editora. POESIATIVA - Você sente alguma diferença entre escrever para adulto e para criança? JANIA SOUZA - Na verdade são linguagens diferentes. Todavia, tudo depende da inspiração e da motivação. Às vezes a ideia vem por um tema infantil que chama atenção ou através do desejo de falar para todos através de um texto infantil. Em outros momentos, minha inspiração dirige a caneta para o adulto. Só não posso deixar de registrar o veio para não perder o fio da história em verso ou em prosa. POESIATIVA - Quais são os autores que mais te influenciaram até hoje, ou aqueles de que mais gosta? Tanto na literatura infantil quanto na literatura para adultos. JANIA SOUZA - Não gosto muito de ser influenciada. Acho que o criador tem que ter personalidade própria. Estilo. Ando em busca do meu. Admiro muitos escritores aqui, no Brasil e no mundo, de ontem e os de hoje, mas procuro ater-me à minha linguagem. Não vou criar escolas, porque meu resultado final é o que aprendi e apreendi nos livros de mamãe, da escola, das bibliotecas e das livrarias e hoje na rede social. Gosto de muitos, porém não me debruço apenas em um. Gosto realmente

REVISTA LITERÁRIA POESIATIVA SPVA/RN - Página 18

Page 20: REVISTA POESIATIVA CONCLUÍDA-REVISADAvirtualcult.com.br/spva/poesiativa_setembro_2017_01/poesiaativa... · Ozany Gomes, lança esta 1ª Edição da REVISTA POESIATIVA, para ampliar

de beber a obra de cada um, pela riqueza das palavras, tanto na literatura infantil quanto na dita adulta. POESIATIVA - Fale de alguns livros que foram importantes em sua vida, aqueles que te marcaram. JANIA SOUZA - Todos os livros que li foram muito importantes para a minha vida. Eles deram uma gotinha para o que eu aceito como verdade e para o que refuto. Há livros que não consegui largar até a conclusão. Outros, não me permitiram passar da primeira linha. Cada artista com seu público. Romance: Madeleine, O Espírito da França; Teseu; Jane Eyre; Ana Karenina; E o vento levou; Dom Casmurro; A Pata da Gazela e Helena; Vidas Secas e outros. POESIATIVA - Você tem planos de escrever livros de prosa ou vai continuar mesmo na poesia? JANIA SOUZA - Estou em contato com José Correia, do selo Caravelas, para produção de um livro, provavelmente com o título “Recortes” com contos e crônicas, para lançamento ainda esse ano. Estou trabalhando nos textos, mas a falta de tempo é um sufoco. Além desse, estou trabalhando em dois romances totalmente diversos, mas que me instigam. O título preliminar do mais antigo é “Humanidade e Fé”. O do segundo ainda está em fase de definição. Tenho três propostas em vista. POESIATIVA - Fale sobre alguns dos seus últimos livros e nos conte um pouco da história deles e como está sendo a sua divulgação/distribuição. JANIA SOUZA - Os meus três últimos livros infantis, produzidos pela Editora Pragmatha, de Porto Alegre, foram publicados para o projeto de contação de histórias da ONG Cataventus, no Rio Grande do Sul. O interessante dessa história é que recebi alguns exemplares pelo Correio para divulgação e os coloquei para comercialização na Livraria

Nobel. Todavia, para o lançamento aqui em Natal, a gráfica os enviou por uma transportadora e eu fiquei sem recebê-los, pois ocorreu um extravio. Hoje, eles estão à venda no site da editora. E pouquíssimos exemplares na antiga Nobel. Não tive como fazer a divulgação por falta de exemplares. Eles foram lançados nas Bienais do Livro de São Paulo, em 2014, no estande da Editora Dellicata, e na do Rio de Janeiro, em 2015, no estande da Oficina Editores. Também foram lançados no 29º. Salão do Livro e da Imprensa em Genebra, em 2015. Vejam de forma resumida sobre o que eles tratam: 1. O Menino e o Cavalo: obra infantojuvenil em versos, da autora potiguar Jania Souza; ilustrações de Giselle Sebobia; Editora Pragmatha, RS, edição 2015; 40 páginas. Ludicamente aborda o imaginário da criança e sua relação com seu animal de estimação em um contexto afetivo e recheado com descobertas e sonhos em uma agradável e emocionante aventura no despertar das emoções e no encontro com os valores do mundo. 2. O dia em que o boi falou: obra infantojuvenil adaptada, de uma lenda potiguar, pela escritora Jania Souza; ilustrações e capa de Giselle Sebobia; Editora Pragmatha, RS, edição 2015, 40 páginas. Conto bizarro em que o boi rebela-se por ser explorado pelo dono de engenho no dia de descanso da cristandade na época do regime escravocrata no Brasil nas terras do vale do Ceará Mirim. (Esse texto encontra-se hospedado no site: Escrita-Biblioteca-Virtual

REVISTA LITERÁRIA POESIATIVA SPVA/RN - Página 19

Page 21: REVISTA POESIATIVA CONCLUÍDA-REVISADAvirtualcult.com.br/spva/poesiativa_setembro_2017_01/poesiaativa... · Ozany Gomes, lança esta 1ª Edição da REVISTA POESIATIVA, para ampliar

http://www.escrita.com.br/escrita/leitura.asp?Texto_ID=136. Pasmem: ele já foi visto por mais de 21.000 leitores! 3. Nossa Morada: obra infantojuvenil da autoria de Jania Souza; ilustrações e capa de Giselle Sebobia; Editora Pragmatha, RS, edição 2015, 40 páginas. Aborda poemas sobre a terra e a sua relação com os seres que a habitam, principalmente a criança em suas reflexões sobre sua morada e o seu papel na preservação dos ecossistemas. POESIATIVA - Como você vê o panorama da literatura infantil no Rio Grande do Norte? JANIA SOUZA - Em ascensão. Em número de escritores e na qualidade das obras. Muitos poetas e cordelistas têm se dedicado a esse segmento encantador, principalmente com vistas ao seu uso nas escolas, esse nicho da formação de leitores. Os contadores de histórias estão se agregando a esse gênero de escrita. As editoras também estão garimpando novos autores. O resultado é promissor para nossa produção que conta com trabalhos reconhecidos nacionalmente de autores como

Salizete Soares Freire e José de Castro. Na SPVA/RN, desponta o trabalho de Jardia Maia, que foi sucesso de divulgação e difusão no final de 2016, sendo uma revelação em vendas e contato com escolas. Outra ferramenta a promover a visibilidade das obras para o público e para as escolas, além dos lançamentos e do apoio da imprensa local, são as feiras de livros. E também projetos como o Caravana de Escritores Potiguares. A própria SPVA/RN com seu trabalho de divulgar o seu autor (como nesse trabalho de entrevista) também marca presença. Pode-se mencionar ainda o apoio do governo do Estado com o cheque livro para mobilizar e incrementar o mercado editorial e livreiro, o que serve para que as escolas atualizem seus acervos com autores potiguares, dentre outros. Precisa-se de mais iniciativas. Mas já há uma infraestrutura a fornecer a base para o incremento da divulgação do livro e para o incentivo à leitura literária nas escolas. POESIATIVA - Você está com algum projeto novo direcionada para esse público infantil? JANIA SOUZA - Estou com muitos. Porém o mais encaminhado que desejo lançar esse ano com ilustração da artista plástica e poeta amiga Socorro Evangelista é “O Jovem Lenhador e o Violão”. Esse texto foi publicado pela primeira vez na II Antologia Literária da SPVA/RN. Agora, ele vem praticamente transformado, sem, contudo, abandonar a essência do texto original. Fato semelhante aconteceu com “Magnólia, a besourinha perfumada”. Escrevo – guardo – altero até o nascimento da versão definitiva para publicação. Outro projeto para esse ano é o da reedição de quatro livros infantis que estão esgotados: Magnólia; O Dia em que o Boi falou; Nossa Morada e O Menino e o Cavalo. Além, desses estão no prelo O Casamento do Sapo; Letícia, A Formiguinha; e O Natal dos Insetos. POESIATIVA - Quais são os conselhos ou recomendações que você dá/faz para quem quer escrever para criança?

REVISTA LITERÁRIA POESIATIVA SPVA/RN - Página 20

Page 22: REVISTA POESIATIVA CONCLUÍDA-REVISADAvirtualcult.com.br/spva/poesiativa_setembro_2017_01/poesiaativa... · Ozany Gomes, lança esta 1ª Edição da REVISTA POESIATIVA, para ampliar

JANIA SOUZA - Não sou uma especialista em literatura infantil. Apenas gosto de contar histórias que acredito que encantam o universo das crianças. Critico sempre os meus textos e reescrevo-os até acreditar que eles estão claros, simples, transparentes, coerentes com a mensagem central que desejo comunicar ao meu leitor ou ouvinte. “Magnólia, a besourinha perfumada”, idealizei para ser lido na cama com os pais. Mas foi maravilhosamente trabalhado nas escolas e senti-me gratificada com a recepção das crianças e das professoras mediadoras de leitura junto aos seus alunos. Principalmente aqui em Natal. Fiquei muito feliz por ter tido a oportunidade de conversar sobre esta obra em diversas escolas. Este livro foi lançado em outros estados, porém, embora tenha sido convidada para visitar as escolas, não pude comparecer, tanto em decorrência da distância quanto de compromissos profissionais assumidos aqui. Mas futuramente haverá novas oportunidades. Sugiro a quem deseja escrever para criança, em primeiro lugar, lembrar-se da época de sua infância e como gostava de ouvir histórias que o maravilhavam, isso ajuda muito a encontrar o fio do diálogo e a sua identidade na escrita. Além disso, escreva, escreva, escreva e leve para seu público sempre ávido por novidades. O mundo evoluiu, mas a imaginação infantil continua ansiosa por novas descobertas. Vamos contar histórias encantadoras que mostram todas as possibilidades da vida e do próprio ser. Acredito que o escritor não pode nem deve ser omisso em seu trabalho. O leitor sempre se encontra à espera. Torna-se necessário que a obra chegue às suas mãos. POESIATIVA - Finalmente, em poucas palavras, diga quem é a escritora e a poeta Jania Souza. JANIA SOUZA - Sou um ser simples, sem muitas complicações que gosta de compartilhar suas emoções, sentimentos e impressões sobre o cotidiano que me toca a alma abrindo feridas que querem cura e usam minha língua para chamar a atenção. Ou sou

tocada pelo existir com seu jardim de poesia que exige o lápis para não se perder nas folhas do esquecimento. Nesse desafio diário realizo-me completamente com o encantador jogo da escrita, necessidade que carrego na alma e me faz feliz. Outros livros de Jania Souza:

REVISTA LITERÁRIA POESIATIVA SPVA/RN - Página 21

Page 23: REVISTA POESIATIVA CONCLUÍDA-REVISADAvirtualcult.com.br/spva/poesiativa_setembro_2017_01/poesiaativa... · Ozany Gomes, lança esta 1ª Edição da REVISTA POESIATIVA, para ampliar

RETROSPECTIVA DAS AÇÕES LITERÁRIAS DA SPVA/RN MARÇO À SETEMBRO DE 2017 PROJETOS: POETAS NA ESCOLA EXPOSIÇÃO DE FOTOPOEMAS ITINERANTE Esse projeto nasceu há dez anos, na gestão de Pedro Grilo Neto, com o objetivo de disseminar e divulgar a poesia potiguar no âmbito escolar e estimular a leitura da literatura poética. O projeto Poetas na Escola esteve desativado por muitos anos, porém a nova gestão, presidida por Ozany Gomes, retomou as ações e fechou agendamento com muitas escolas para esse ano. As visitas têm levado grupos de poetas para um bate-papo, sarau interativo, sorteio e doação de livros para as bibliotecas das escolas contempladas. Até o final de novembro, quando encerramos as visitas do ano de 2017, teremos visitado 30 escolas públicas. Novos agendamentos só serão realizados em janeiro de 2018, pois a agenda para esse ano já está fechada. A Sociedade dos Poetas Vivos e Afins do Rio Grande do Norte – SPVA/RN, agradece a todas as escolas e escritores poetas envolvidos nessa ação, bem como por todas as doações de livros, feitas pelos escritores, para compor os kits que doamos para as bibliotecas das escolas.

Dia 08 de março de 2017 Escola Estadual Peregrino Júnior Natal/RN – Bairro Potengi Participaram dessa ação literária os escritores poetas: Roberto Noir, Leocy Saraiva, Marcelo Decristo, Ozany Gomes (Presidente da SPVA/RN) e Glauber Vieira (escritor visitante de Brasília/DF).

REVISTA LITERÁRIA POESIATIVA SPVA/RN - Página 22

Page 24: REVISTA POESIATIVA CONCLUÍDA-REVISADAvirtualcult.com.br/spva/poesiativa_setembro_2017_01/poesiaativa... · Ozany Gomes, lança esta 1ª Edição da REVISTA POESIATIVA, para ampliar

POETAS NA ESCOLA 22 de março de 2017 Escola Estadual Nísia Floresta Nísia Floresta/RN – Centro Participaram dessa ação literária os escritores poetas: Zé Martins, João Andrade, Eliete Marry, Mário Bróis e Ozany Gomes.

Dia 19 de abril de 2017 Centro Educacional Nazareno Natal/RN – Bairro Lagoa Nova Participaram dessa ação literária os escritores poetas: Janaina Leite, Eva Potiguar, José de Castro e Ozany Gomes.

REVISTA LITERÁRIA POESIATIVA SPVA/RN - Página 23

Page 25: REVISTA POESIATIVA CONCLUÍDA-REVISADAvirtualcult.com.br/spva/poesiativa_setembro_2017_01/poesiaativa... · Ozany Gomes, lança esta 1ª Edição da REVISTA POESIATIVA, para ampliar

POETAS NA ESCOLA Dia 11 de maio de 2017 Escola Estadual Almirante Newton Braga de Faria – Natal/RN – Bairro Alecrim Participaram dessa ação literária os escritores poetas: Júnior Dalberto, Leocy Saraiva, João Andrade, Adélia Costa, Carla Alves, Aluízio Mathias, Ozany Gomes, Dorinha Timóteo e Barroca.

Dia 17 de maio de 2017 Escola Estadual Prof. Josino Macêdo Natal/RN – Bairro Potengi Participaram dessa ação literária os escritores poetas: Dorinha Timóteo, Barroca, Emecê Garcia, Claudivan Janio e Ozany Gomes.

REVISTA LITERÁRIA POESIATIVA SPVA/RN - Página 24

Page 26: REVISTA POESIATIVA CONCLUÍDA-REVISADAvirtualcult.com.br/spva/poesiativa_setembro_2017_01/poesiaativa... · Ozany Gomes, lança esta 1ª Edição da REVISTA POESIATIVA, para ampliar

POETAS NA ESCOLA Dia 24 de maio de 2017 Escola Municipal Mª Madalena Xavier Natal/ RN – Bairro Lagoa Azul/Potengi Participaram dessa ação literária os escritores poetas: Leocy Saraiva, Claudio Wagner, Célia Melo, José Rodrigues, Ozany Gomes e José Sóter (escritor poeta convidado de Brasília/DF)

19/07/2017 Escola Estadual Professor Luiz Antônio Natal/RN – Bairro: Candelária Participaram dessa ação literária os escritores poetas: João Andrade, Dudé Viana, Mário Bróis, Adélia Costa e Ozany Gomes.

REVISTA LITERÁRIA POESIATIVA SPVA/RN - Página 25

Page 27: REVISTA POESIATIVA CONCLUÍDA-REVISADAvirtualcult.com.br/spva/poesiativa_setembro_2017_01/poesiaativa... · Ozany Gomes, lança esta 1ª Edição da REVISTA POESIATIVA, para ampliar

POETAS NA ESCOLA Dia 26 de julho de 2017 Escola Estadual Dom Nivaldo Monte Parnamirim/RN – Parque Industrial Participaram dessa ação literária os escritores poetas: Rosa Régis, Nando Poeta, Patrícia Almeida e Ozany Gomes.

Dia 02 de agosto de 2017 Centro Profissional Lourdinha Guerra Parnamirim/RN – Nova Parnamirim Participaram dessa ação literária os escritores poetas:

REVISTA LITERÁRIA POESIATIVA SPVA/RN - Página 26

Page 28: REVISTA POESIATIVA CONCLUÍDA-REVISADAvirtualcult.com.br/spva/poesiativa_setembro_2017_01/poesiaativa... · Ozany Gomes, lança esta 1ª Edição da REVISTA POESIATIVA, para ampliar

POETAS NA ESCOLA Dia 09 de agosto de 2017 Escola Estadual Stela Wanderley Natal/ RN – Bairro Candelária Participaram dessa ação literária os escritores poetas: João Andrade, Dilson Ferreira, Mário Lúcio Cavalcanti, Marcelo Decristo, Adélia Costa e Ozany Gomes.

Dia 16 de agosto de 2017 Escola Estadual Doutor Severiano Macaíba/RN - Centro Participaram dessa ação literária os escritores poetas: Wedson Nunnes, Ailton Mangabeira, Eliete Marry, Mário Bróis e Ozany Gomes.

REVISTA LITERÁRIA POESIATIVA SPVA/RN - Página 27

Page 29: REVISTA POESIATIVA CONCLUÍDA-REVISADAvirtualcult.com.br/spva/poesiativa_setembro_2017_01/poesiaativa... · Ozany Gomes, lança esta 1ª Edição da REVISTA POESIATIVA, para ampliar

POETAS NA ESCOLA Dia 23 de agosto de 2017 Escola Municipal Irmã Arcângela Natal/RN – Bairro Igapó Participaram dessa ação literária os escritores poetas: José de castro, Emecê Garcia e Ozany Gomes.

Dia 30 de agosto de 2017 CEMEI Professora Antônia Fernanda Jalles Natal/RN – Bairro Pitimbú Participaram dessa ação literária os escritores poetas: Célia Melo, José de Castro, Vital Nogueira, Janaina Leite e Ozany Gomes.

REVISTA LITERÁRIA POESIATIVA SPVA/RN - Página 28

Page 30: REVISTA POESIATIVA CONCLUÍDA-REVISADAvirtualcult.com.br/spva/poesiativa_setembro_2017_01/poesiaativa... · Ozany Gomes, lança esta 1ª Edição da REVISTA POESIATIVA, para ampliar

POETAS NA ESCOLA Dia 01 de setembro de 2017 Escola Municipal Dr. Orlando Flávio Junqueira Ayres Touros/RN - Centro Participaram dessa ação literária os escritores poetas: Pedro grilo, Ivam Pinheiro, Zé Martins, Adélia Costa, Célia Melo e Ozany Gomes.

Dia 13 de setembro de 2017 Escola Municipal Jonas Escolástico de Noronha São Gonçalo do Amarante/RN Participaram dessa ação literária os escritores poetas: Claudio Wagner, Marcos Calaça, Dorinha Timóteo, Wedson Nunnes, Mário Bróis e Ozany Gomes.

REVISTA LITERÁRIA POESIATIVA SPVA/RN - Página 29

Page 31: REVISTA POESIATIVA CONCLUÍDA-REVISADAvirtualcult.com.br/spva/poesiativa_setembro_2017_01/poesiaativa... · Ozany Gomes, lança esta 1ª Edição da REVISTA POESIATIVA, para ampliar

PROJETO: ENCONTRO LÍTERO-MUSICAL Com o objetivo de valorizar, divulgar, disseminar e dar visibilidade aos artistas da literatura, da música e das artes visuais, a Sociedade dos Poetas Vivos e Afins do Rio Grande do Norte - SPVA/RN, apresenta o Encontro Lítero-Musical, oportunizando, toda 2ª sexta-feira de cada mês, uma interação entre a sociedade e artistas desses vários seguimentos, através de uma roda de bate-papo, muita música e exposição. Esse projeto teve início em janeiro de 2016, inicialmente com a parceria da Livraria Nobel e, atualmente, do Palácio da Cultura Potiguar. Dia 10 de fevereiro de 2017 - Pinacoteca Escritor: Paulo Palhares Músico: Dussete Mediador: Claudio Wagner

Dia 10 de março de 2017 - Pinacoteca Escritor: Glauber Vieira (de Brasília/DF) Músico: Daniel Valente e Igor Traço Mediador: Marcos Cavalcanti

REVISTA LITERÁRIA POESIATIVA SPVA/RN - Página 30

Page 32: REVISTA POESIATIVA CONCLUÍDA-REVISADAvirtualcult.com.br/spva/poesiativa_setembro_2017_01/poesiaativa... · Ozany Gomes, lança esta 1ª Edição da REVISTA POESIATIVA, para ampliar

ENCONTRO LÍTERO-MUSICAL Dia 21 de abril de 2017 – Pinacoteca Escritor: Francisco Martins Músico: Janaina Leite Mediador: Dorinha Timóteo

Dia 12 de maio de 2017 – Auditório do IFRN Escritor: Júnior Dalberto Músico: Lu Ribeiro Mediador: Rubens Azevedo

REVISTA POESIATIVA SPVA/RN - Página 31

Page 33: REVISTA POESIATIVA CONCLUÍDA-REVISADAvirtualcult.com.br/spva/poesiativa_setembro_2017_01/poesiaativa... · Ozany Gomes, lança esta 1ª Edição da REVISTA POESIATIVA, para ampliar

ENCONTRO LÍTERO-MUSICAL 14 de julho de 2017 - Pinacoteca Escritor: Daniel Campos Músico: Carlos Zens Mediador: Carla Alves

11 de agosto de 2017 - Pinacoteca Escritor: Gonzaga Neto Músico: Bando Baião de Noiz Mediador: Deth Haak

REVISTA LITERÁRIA POESIATIVA SPVA/RN - Página 32

Page 34: REVISTA POESIATIVA CONCLUÍDA-REVISADAvirtualcult.com.br/spva/poesiativa_setembro_2017_01/poesiaativa... · Ozany Gomes, lança esta 1ª Edição da REVISTA POESIATIVA, para ampliar

ENCONTRO LÍTERO-MUSICAL Dia 15 de setembro de 2017 Biblioteca da Escola Est. Anísio Teixeira Escritor: Nair Damasceno Músico/Escritor: Zé Martins Mediador: Marcos Campos

Para o desenvolvimento/execução desse projeto, contamos com as parcerias e apoios das seguintes instituições:

REVISTA LITERÁRIA POESIATIVA SPVA/RN - Página 33

Page 35: REVISTA POESIATIVA CONCLUÍDA-REVISADAvirtualcult.com.br/spva/poesiativa_setembro_2017_01/poesiaativa... · Ozany Gomes, lança esta 1ª Edição da REVISTA POESIATIVA, para ampliar

SARAU MENSAL DA SPVA/RN HOMENAGEM AO POETA DO MÊS Dia 28 de janeiro de 2017 No Conselho Regional de Odontologia Poeta do Mês: ALUÍZIO MATHIAS Mediador: ROSA REGIS Dia 18 de fevereiro de 2017 No Conselho Regional de Odontologia Poeta do Mês: ORENY JÚNIOR Mediador: OZANY GOMES

Dia 25 de março de 2017 No Conselho regional de Odontologia Poeta do Mês: EMECÊ GARCIA Mediador: RUBENS AZEVEDO Lançamento Folheto de Cordel de: PAULO CALCAS NETO Dia 29 de abril de 2017 No Conselho regional de Odontologia Poeta do Mês: CLAUDIO WAGNER Mediador: EVALDO SILVA

REVISTA LITERÁRIA POESIATIVA SPVA/RN - Página 34

Page 36: REVISTA POESIATIVA CONCLUÍDA-REVISADAvirtualcult.com.br/spva/poesiativa_setembro_2017_01/poesiaativa... · Ozany Gomes, lança esta 1ª Edição da REVISTA POESIATIVA, para ampliar

SARAU MENSAL DA SPVA/RN Dia 27 de maio de 2017 No Conselho regional de Odontologia Poeta do Mês: JOSÉ SÓTER Mediador: ARLETE SANTOS Dia 26 de agosto de 2017 No Comando Geral da Polícia Militar Poeta do Mês: ROBERTO NOIR Mediador: CLÉCIA SANTOS

Para realizarmos essa ação literária, contamos com a parceria e apoio das seguintes instituições:

REVISTA LITERÁRIA POESIATIVA SPVA/RN - Página 35

Page 37: REVISTA POESIATIVA CONCLUÍDA-REVISADAvirtualcult.com.br/spva/poesiativa_setembro_2017_01/poesiaativa... · Ozany Gomes, lança esta 1ª Edição da REVISTA POESIATIVA, para ampliar

Poética Virtual Homenagem aos Presidentes da SPVA/RN 1º PRESIDENTE DA SPVA/RN

Paulo Augusto da Silva

VAE VICTIS Sensação de cão sem plumas, a máscara, a farsa - o medo, isto tudo nasceu comigo. A primeira mentira dita, a gente se documenta, se habilita, se exercita - e acaba se acostumando. A enfermeira é porta-voz. Oficiosa, a víbora morde, sopra, e cospe um verbete: Homem! Meu pai acredita, minha mãe se deleita, o povo festeja. Bandeiras, discursos, charutos - bandas de música. Beberam o mijo do menino magricela - sem lhe perguntar, sem lhe auscultar - a sina. Toda festa tem seu preço. Etiquetado, recebo no berço a humanidade me olhando e rindo um riso que eu não entendo e que não me larga. Só não ri o anjo, que me protege assexuado, a-ético, aéreo, sobrevoando o meu ser e dizendo: - Vai, Paulo, ser gay na vida! No espaço geográfico do discurso há-sumo. Nihil obstat.

2º PRESIDENTE DA SPVA/RN

Zé Martins

SEM VENDAS Acredite no máximo desejo, Descubra mais que o beijo Desvendando mistérios só seus Que procuram os meus. Domine o que é ansiedade Enquanto contempla teu ser Sem maior medo de viver No mínimo da complexidade, Conjumine elos contemporâneos Sedentos de refluxos espontâneos Na máxima do prazer, Não esqueça o lazer Na busca diária da vida Abrindo vias n’outra partida...

3º PRESIDENTE

Pedro Grilo Neto

Com assaz serenidade, transpondo a vicissitude, enfrento a terceira idade com vigor e juventude...

REVISTA LITERÁRIA POESIATIVA SPVA/RN - Página 36

Page 38: REVISTA POESIATIVA CONCLUÍDA-REVISADAvirtualcult.com.br/spva/poesiativa_setembro_2017_01/poesiaativa... · Ozany Gomes, lança esta 1ª Edição da REVISTA POESIATIVA, para ampliar

Poética Virtual Homenagem aos Presidentes da SPVA/RN 4º PRESIDENTE DA SPVA/RN

Geralda Efigênia

PAISAGEM DESNUDA Sozinha e à deriva no meio do nada Tecendo sonhos e pensamentos distantes Busco na paisagem ao léu algum encanto A tristeza, meu Deus, concomitante. Assim, alheia à vida eu já decanto O desalento, a angústia assim sentida Como uma náufraga e à deriva desta vida Olhando a existência como uma fotografia Sigo em busca da minha sobrevida Criptografando assim minha biografia.

5º PRESIDENTE DA SPVA/RN

Emecê Garcia

NÃO FUJA, NÃO SUMA Feche seus olhos agora Sinta a taciturna paz Que emana da aurora Nas belezas matinais. Sinta leve a pulsação Como relógio suave No bater do coração Dentro duma nuvem nave.. Seja pássaro, paz, pluma Uma bolha de espuma... Nesse espaço sideral Porém, não fuja, não suma Verdadeiramente assuma Que tudo isso é real.

6º PRESIDENTE DA SPVA/RN

Ozany Gomes

SOLIDÃO A dor dilacera o coração, o orgulho, a alma E corta como um fio de navalha. Lágrimas e sangue se unem e escorrem. A fragilidade toma conta do corpo A cabeça pesa, o corpo geme sem calma, Um emaranhado de sentimentos em conflito Confundem-me Ausências de afeto, de colo, Angústia noturna, Solidão que me acolhe.

REVISTA LITERÁRIA POESIATIVA SPVA/RN - Página 37

Page 39: REVISTA POESIATIVA CONCLUÍDA-REVISADAvirtualcult.com.br/spva/poesiativa_setembro_2017_01/poesiaativa... · Ozany Gomes, lança esta 1ª Edição da REVISTA POESIATIVA, para ampliar