revista pesca e cia - ed. 183 março 2010

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Revista Pesca e Cia - Ed. 183 Março

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Por lielson tiozzo

Embarcamos em uma excursão até Paso de La Patria,

para conhecer de perto todos os elementos que compõem uma grande pescaria

onde os sonhos viram

realidade

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Ônibus-leito estava sempre de prontidão para partir nos horários combinados

entre Sérgio Figueira e os “Largados”

escar é muito mais do que apenas fisgar os peixes. Esse ritual envolve longas via-gens, o surgimento de novas amizades ou o reencontro de antigos companheiros que

têm na atividade a melhor maneira de se divertir. Todo esse ambiente fica ainda mais agradável e inesquecível quando existe conforto, boa alimen-tação, transporte seguro e, o melhor de tudo, garantia de que bons exem-plares podem ser capturados.

Disposta a apresentar um pouco mais sobre os ingredientes da receita para uma boa pescaria, a reportagem da Pesca & Companhia fez as malas e embarcou na excursão organizada pela operadora Pedrinho Pesca com destino a Paso de La Patria, no in-terior da Argentina. O objetivo era acompanhar a aventura do grupo de amigos do interior de São Paulo, chamado de “Largados”.

O grupo, formado em 2006 por homens de várias idades e profis-sões, se reúne ao menos uma vez por ano para pescar. Aquela era a primeira viagem dos amigos com uma empresa de turismo. Antes, todas as excursões tinham sido planejadas por eles mesmos. “Nós escolhemos a Pedrinho Pesca depois de fazer uma pesquisa e constatar que o serviço oferecido atendia àquilo que queríamos”, comenta o professor Carlos Hayashi, um dos 26 “Largados”.

Uma pequena parte dos amigos em-barcou na sede da Pedrinho Pesca em São José do Rio Preto (SP). Já a maio-ria estava concentrada na casa do empresário Ubiratan Guimarães, em Jaboticabal (SP). De lá, todos iriam se reunir para que a viagem pudesse prosseguir até o destino final.

Depois do delicioso churrasco de almoço e da confraternização, os amigos fizeram uma oração. Era o momento da despedida dos familiares e de seguir para Foz do Iguaçu (PR). Por decisão deles mesmos, a cidade que se encontra nas divisas com Pa-

raguai e Argentina era o primeiro ponto de parada da excursão.

“Nós temos esse costume de, den-tro do que é possível fazer, deixar o cliente escolher onde parar e qual caminho fazer para chegar até Paso de La Patria”, explica o empresário Pedro Luiz Milian, o Pedrinho.

A parada de um dia em Foz do Iguaçu fazia parte dos planos dos “Largados” para as compras de vá-rios tipos de produtos nas vizinhas Ciudad del Este (PAR) e Puerto Iguazú (ARG). Quem não pretendia visitar as duas cidades tinha a opção do passeio nas Cataratas do Iguaçu ou na Usina Hidrelétrica de Itaipu, ambos locais com cenários de agradar qualquer turista.

o transporteUm dos elementos que garantem

a tranqüilidade da pescaria é, sem dúvida, o transporte. A Pedrinho Pesca oferece pacotes com partidas de qualquer parte do Brasil por meios terrestres ou aéreos. Para en-carar os quase 2000 km de São José do Rio Preto até Paso de La Patria, os “Largados” decidiram fazer todo o trajeto viajando de ônibus.

Certa de que não podia decep-cionar os pescadores, a operadora disponibilizou um veículo confor-tável, com poltronas reclináveis, ar-condicionado, televisões e fri-gobares. Quando a turma estava disposta a fazer uma roda de samba ou de música sertaneja, eles podiam

Um dos passatempos prediletos dos passageiros era

ler a Pesca & Companhia

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se acomodar em um hall espaçoso, com mesas e poltronas dentro do próprio ônibus.

Durante todo o percurso a bor-do do ônibus os “Largados“ foram atendidos por Sérgio Figueira, o Barata, amigo antigo de Pedrinho e guia de viagem da operadora. Barata faz o serviço de comissa-riado, oferecendo todo tipo de bebida sempre bem gelada. Era ele também quem sugeria os melhores restaurantes às margens das estra-das para o almoço e o jantar. E no momento da chegada e da saída da Argentina, Barata é o responsável por recolher o RG ou o passaporte de todo mundo para a fiscalização na aduaneira vizinha.

Hospedagem e alimentaçãoPedrinho tem experiência de 20

anos com turismo de pesca. Por já ter vivido muitas situações, ele sabe o que fazer para garantir boas estadas a seus clientes. Ao chegar a Paso de La Patria, o turista mais desavisado pode se assustar com a simplicidade da ci-dade. Porém, o hotel Atrium Beach, onde a operadora abriga os pescado-res, está muito bem preparado para recepcionar os brasileiros.

“Me preocupo muito com o aten-dimento. Tenho que oferecer boa hospedagem e conforto para todos os meus clientes. Por isso que todos os funcionários têm que trabalhar sem-pre sorrindo”, explica Pedrinho.

Os quartos do hotel são espaçosos,

turistas tiveram

liberdade para escolher

locais de parada para alimentação e compra de

presentes

Grupo de 26 amigos unidos na hora do almoço e em momento

de descontração no ônibus

Hotel Falls Galli, em Foz do Iguaçu (PR), foi o primeiro ponto de parada dos “Largados”

no trajeto até Paso de La Patria, na Argentina

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Além dos peixões, os pescadores têm muitas mordomias, fartura de

alimentos e a oportunidade de conhecer Corrientes

com camas individuais confortáveis. Cada um deles tem televisão com ca-nais por assinatura, ar-condicionado e ventilador de teto, o que ameniza bastante o forte calor de 40ºC do ve-rão de Paso de La Patria, sendo que a piscina fica o tempo todo disponível, o que ajuda na volta das pescarias feitas debaixo de sol forte. As funcio-nárias entendem bem o português e fazem o serviço de quarto diariamen-te. Se o turista quiser algum tipo de limpeza específica, basta pedir, e será atendido sem problemas.

Já a alimentação é um show à par-te. O turista pode se preparar, porque terá de enfrentar uma guerra contra a balança depois da viagem. Pedrinho fez questão de trazer o cozinheiro bra-sileiro Agnaldo Verde para preparar as refeições do hotel, porque ele já conhe-ce muito bem o paladar tupiniquim. “A comida é a mesma que se come no Brasil. Também oferecemos cervejas e os ótimos vinhos argentinos. O que o cliente quer, nós fazemos. É só pedir. Aqui dificilmente se ouve a palavra ‘não’ para alguma coisa”, garante.

A primeira do diaA principal refeição diária, o café da

manhã, é servida a partir das 6h. O cardápio inclui variedades de frutas frescas, iogurtes, leite, café, frios e do-ces típicos da Argentina. O destaque, que ganhou elogios dos “Largados”, foi o delicioso misto quente, por lá chamado de carlitos, preparado na hora e em um pão diferente do co-nhecido no Brasil.

O almoço vai à mesa sempre quan-do a maioria dos turistas já retornou da pescaria matinal, por volta das 12h30. Antes, queijos de vários ti-pos e salames são oferecidos como o aperitivo ideal para a companhia de uma cerveja bem gelada. O arroz com feijão está sempre presente, além dos vários tipos de saladas. Mas o que realmente fez os turistas se deliciarem foram os bifes macios, as massas, o strogonoff, a costela de boi, os à milanesa ou à parmeggiana, sem contar as sobremesas como pudins, tortas, quindins, e o doce de leite, o

Casinos de Corrientes são bons points para serem visitados

qual teve diversas encomendas feitas por parte dos “Largados”.

Mesmo com o almoço farto, os turistas não conseguiam resistir ao jantar, também servido com uma fartura impressionante. Durante todo o tempo, os clientes tinham acesso a uma máquina de café expresso e às geladeiras carregadas de água com ou sem gás, refrigerante, cerveja e dos famosos vinhos argentinos.

Melhores momentosA hora mais aguardada de qualquer

pescaria é a da captura dos peixes. E Paso de La Patria está localizada em um ponto privilegiado para a ativi-dade: no encontro dos rios Paraná e Paraguai. O volume d’água e a fartura de alimentos fazem com que cardu-

mes de grandes dourados e pintados se concentrem por lá, proporcionan-do a alegria dos pescadores.

A cada captura, o turista tem a certeza de que vale a pena a aven-tura. “Creio que a maior motivação para sair de casa e viajar milhares de quilômetros é a quantidade e o tamanho dos peixes que serão fis-gados”, garante Pedrinho.

Para transformar o sonho de uma grande pescaria dos clientes em rea-lidade, Pedrinho escolheu com rigor seus guias e parceiros. Os piloteiros são exímios conhecedores da região, tendo a maioria pescado nas águas do Paranazão desde a infância. Embora tenham algumas dificuldades, eles compreendem o português e conhe-cem praticamente todos os termos

O café da manhã é irresistívelpara qualquer paladar exigente

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Nesse amplo salão, limpo e organizado, são servidas as refeições

As lanchas estão sempre prontas, com a tralha ideal para a pescaria

usados pelos pescadores brasileiros. O segredo para capturar as grandes

espécies? Ter uma boa tralha, segun-do Pedrinho. Mas isso sua operadora oferece em consignação com a loja “El Dorado”, de Rodolfo Cantale. O mesmo local serve para os turistas abastecerem a própria tralha com produtos de boa qualidade. Já as iscas naturais são fornecidas por Mariano Falcón, uma das figuras mais conhe-cidas de Paso de La Patria, por ser filho de políticos influentes.

“Se os clientes não estão conseguindo pescar, tenho que verificar o que está acontecendo, porque a tralha tem que estar adequada. A Pedrinho Pesca ofe-rece tudo, o pescador só paga se perder a isca artificial”, explica Pedrinho.

No caso da pescaria com os “Lar-

gados”, Pedrinho não teve muito trabalho. Dispostos a fisgar os maio-res exemplares, eles aproveitaram os quatro dias de pescaria. Cada barco tinha previamente definida uma du-pla de turistas e um piloteiro.

A captura dos dourados foi para muitos pescadores algo diferencia-do. A técnica do corrico com a isca artificial bananita se destacou para os grandes exemplares, apesar de as tu-viras também serem muito produtivas. Em algumas ocasiões, as piaparas e os curimbas usados como iscas funciona-ram muito bem. A pesca das piaparas, aliás, não estava muito favorecida naquela semana, devido ao elevado nível d’água do Paranazão.

Freqüentador dos rios de Mato Grosso, o empresário Luiz Fernando

Todos os quartos possuem ar-condicionado e tv a cabo instalados

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Depois dos momentos de emoção, Luiz Fernando

cumpre seu papel e devolve o belo dourado para seu lar

Nos momentos finais da briga com o peixão, Carlos Hayashi capricha

para não perdê-lo

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Miguel, de Monte Aprazível (SP), se emocionou com um dourado de 12 kg. Ele se impressionou com a quanti-dade de peixes pescados e destacou a política do pesque-e-solte incentiva-da pela Pesca & Companhia.

“Achei muito importante ter que soltar o douradão que peguei, porque ele vai crescer mais e poderá dar a mesma alegria que eu tive para outro pescador”, ressalta Miguel.

Mas a maior emoção estava guar-dada para a pescaria dos gigantes surubins-pintados. Para isso, a técnica do corrico com iscas de fundo rendeu belos exemplares, dos 20 aos 48 kg. Na hora da captura, os pescadores tive-ram que ter muita paciência e preparo físico para agüentar as “brigas”, que duravam até cerca de uma hora.

Pescador de primeira viagem, Mi-guel Porto, biomédico de Ribeirão Preto (SP), havia prometido uma grande captura para seu filho Pedro Porto. Promessa cumprida com um pintado de quase 40 kg.

“Chorei de emoção apenas duas ve-zes na minha vida: quando fui campeão de jiu-jitsu e outra quando pesquei esse pintado gigante. No momento em que consegui embarcá-lo, lembrei- me do meu filho”, conta Porto.

Felicidade parecida teve o advoga-do de São Paulo Jorge Luiz Caetano, ao fisgar um pintado de 20 kg. “Tive poucas emoções na minha vida. É in-descritível pegar um peixão daquele

A melhor parte da pescaria está na conquista de

belos troféus que fazem valer cada quilômetro

da viagem

tamanho. Comparo essa boa sensação à que tive no dia do nascimento da minha filha Gabriela”, afirma.

Pedrinho estava no barco de Caetano e viu seu cliente chorar feito criança. “É esse tipo de coisa que me deixa muito satisfeito e me motiva a trabalhar cada vez melhor”, ressalta o anfitrião, que naquele mesmo dia também tinha fisgado um imenso pintado.

Passeio e diversãoOs turistas encontram em Paso de La

Patria poucas opções de atividade além da pescaria. Nos finais de semana, a pacata cidade, com pouco mais de cin-co mil habitantes, recebe milhares de turistas das cidades vizinhas, que vêm à procura de um banho refrescante nas águas do Paranazão. Por isso, é muito comum encontrar casas para aluguel de temporadas, disponíveis a banhistas e pescadores.

Barzinhos e quiosques próximos do rio são os passatempos prediletos dos argentinos nos finais de tarde mais

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movimentados. É neste momento que os turistas brasileiros podem aproveitar para conhecer um pouco mais sobre a cultura vizinha e curtir o agitado som da cumbia, ritmo po-pular na Argentina.

Mas de segunda a sexta-feira, Paso de La Patria volta a ser um local tranqüilo, praticamente sem movimento de veículos nas ruas. Vale lembrar que o comércio da ci-dade funciona de acordo com uma tradição espanhola: das 8h às 12h e das 14h às 18h. Poucos lugares fogem dessa regra.

Todas as ruas da cidade são de terra, com exceção da via principal de Paso de La Patria, a Avenida La Rioja. Se-

DICAS ÚTeIS

Para maior comodidade, o turista deve ter alguns cuidados básicos. Para cruzar a fronteira com a Argentina vale lembrar que apenas RG e passaporte serão aceitos pela aduana vizinha, segundo a cartilha do Mercosul. Docu-mentos expedidos por órgãos como OAB, CRM, CRE ou CNH não servem.

Se um dos locais de visita escolhido for Puerto Iguazú, os comerciantes locais ainda aceitam o dólar como moeda de comércio. No entanto, mais no interior da Argentina não é indicado fazer compras com o dinheiro estadu-nidense, sendo que em alguns locais o dólar sequer é aceito. O melhor é pro-curar alguma casa de câmbio e trocar dólares ou reais por pesos argentinos, pois a operação feita nesses locais tem a cotação certa e segura.

gundo os moradores, a falta de pavi-mentação é um pedido dos donos das casas de aluguel, para manter o cará-ter rústico do local e atrair os turistas estressados das grandes cidades.

Se o turista deseja um passeio mais requintado, ele deve ir a Corrientes, a capital da Província de mesmo nome, a 30 km de Paso de La Patria. Corrientes tem praticamente tudo o que se espera encontrar em uma ci-dade grande, como shopping center, lanchonetes de fast-food, bons restau-rantes e lojas de marcas famosas no mundo todo. Mas o que mais chama a atenção são os enormes cassinos, freqüentados por turistas de várias partes da América do Sul.

A explosão do pintado na superfície alimenta a expectativa de Miguel. O sorriso após a captura veio coroar a longa briga e a promessa de fisgar um grande troféu para seu filho

A viagem a Corrientes, no caso do grupo “Largados”, não fazia parte do pacote da Pedrinho Pesca. Mas os funcionários do hotel se disponibili-zaram a providenciar táxis ou vans para a curta viagem. O preço do táxi de Paso de La Patria a Corrientes va-ria de 60 a 80 pesos, enquanto que a van cobra 100 pesos, valor que pode ser dividido de acordo com o número de passageiros interessado e pode ser reduzido se for feita a famosa pechincha brasileira.

A pacata Paso de la Patria tem como principais

opções de turismo a pesca

esportiva e o banho refrescante

nas águas do Paranazão

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