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Revista para a Lactec - Instituto de Tecnologia para o Desenvolvimento

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Page 1: Revista P&D
Page 2: Revista P&D

Editoração: NMC - Núcleo de Mídia e Conhecimento

Jornalista responsável: Ari Lemos DRT 5954

Foto capa: Christian RizziAgência de Notícias Gazeta do Povo

Assessoria de Marketing e Comunicação do Lactec:Lenise Aubrift Klenk

Colaboração: Angela Hortencia Weber

Impressão: Reproset • Tiragem: 1.000 exemplares

Page 3: Revista P&D

P&D é tema estratégico para o mercado 04

Tradição em P&D 06

Ligas metálicas 09

Smart Grid 10

Mexilhão Dourado 12

P&D Lactec 14

Caro leitor

O Instituto de Tecnologia para o Desenvolvimento (Lactec) apresenta nesta publicação uma pequena amos-tra do seu trabalho de pesquisa para o setor elétrico. Uma tradição de cinco décadas que é reconhecida pela comunidade científica e está à disposição da sociedade como instrumento para alavancar negócios e contribuir com o desenvolvimento do país.

Nas páginas seguintes, os leitores terão contato com um pouco da história do Lactec nessa área. Também apresentamos alguns dos projetos de P&D em andamento ou recentemente concluídos, com destaque para assuntos como smart grid, controle de espécies invasoras e manutenção de turbinas.

Boa leitura!

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Page 4: Revista P&D

A pesquisa desenvolvida no setor elétrico vai aos poucos se afastando do conceito que envolve as despesas para assumir um papel protagonista no ambiente dos investimentos. Regulamentado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) em 2000, o programa de P&D do setor amadureceu e exige de seus agentes uma reflexão permanente sobre seus avanços, conquistas e desafios.

“Se o nosso país tem como perspectiva o desenvolvimento, há então que se investir em pesquisa”, defende Omar Sabbag Filho, diretor superintendente do Instituto de Tecnologia para o Desenvolvimento (Lactec). “Na medida em que outros países investiram em educação e pesquisa, eles tiveram um diferencial em seu desenvolvimento.”

Foi com a convicção de que P&D é um assunto estratégico para o mercado, que o Lactec buscou outras instituições do ramo como parceiras na idealização do 1.º Encontro Nacional de P&D dos Agentes do Setor Elétrico (Epase). O Instituto foi escolhido como anfitrião da primeira edição do evento. A iniciativa envolveu também a Aneel, que trouxe para Curitiba (Paraná) a audiência pública sobre o novo manual de P&D do setor.

P&D É TEMA ESTRATÉGICO PARA O MERCADO

“A Aneel está promovendo um momento muito importante de aprimoramento desse programa”, afirma Omar Sabbag Filho. Segundo ele, há ainda dificuldades impostas pela burocracia envolvida no programa, que muitas vezes fazem com que o pesquisador dispense a energia que poderia ser aplicada no projeto em procedimentos administrativos. “Precisamos que a regulamentação seja aprimorada e a própria Aneel já deu demonstrações que caminhará nesse sentido.”

A Associação Brasileira dos Produtores Independentes de Energia Elétrica (Apine) foi, ao lado do Lactec, uma das articuladoras das instituições do setor para a realização do 1.º Epase.

O presidente do Conselho de Administração da Apine, Luiz Fernando Leone Vianna, justifica a necessidade do investimento em P&D, por parte das concessionárias e afins, devido às profundas transformações que o setor elétrico brasileiro enfrenta, provenientes da concorrência. “A criação do ambiente institucional e regulatório, de coordenação eletroenergética e a concorrência nos segmentos de geração e comercialização de energia elétrica fizeram com que as empresas, que antes estavam

Omar Sabbag Filho diretor Superintendente do Lactec

Luiz Fernando Leone Vianna presidente do Conselho de Administração da Apine

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inseridas em um mercado monopolista, hoje sejam obrigadas a competir para sobreviver, pois novos agentes estão entrando no setor”, afirma.

“Como se não bastassem essas transformações, o setor elétrico, como um todo, necessita melhorar sua eficiência para enfrentar os desafios atuais e futuros”, pondera Vianna. Segundo ele, os programas de P&D devem ser de natureza criativa, sistemática, inovadora e ter como principal objetivo expandir os limites do conhecimento humano ou, simplesmente, descobrir novas aplicações para os conhecimentos já existentes. “Quando bem aplicados pelas empresas, esses recursos podem se tornar diferenciais competitivos para seu mercado de atuação. Ao mesmo tempo estarão [as empresas] contribuindo para o desenvolvimento sustentável do setor.”

Compreensão das demandasO Lactec tem vocação natural ao desenvolvimento e à compreensão das necessidades dos setores produtivos do país, uma vez que representa a associação entre a Companhia Paranaense de Energia – Copel, a Universidade Federal do Paraná – UFPR, a Associação Comercial do Paraná – ACP, a Federação das Indústrias do Estado do Paraná – Fiep, e Instituto de Engenharia do Paraná – IEP.

“Sendo constituído desta forma, temos um papel fundamental para o desenvolvimento, principalmente brasileiro. Somos capazes de compreender as demandas de diversos setores, com ênfase no elétrico, e possuímos capital intelectual para buscar, através das pesquisas, o desenvolvimento de técnicas, métodos e produtos inovadores, para o fortalecimento desses setores”, diz Omar Sabbag Filho.

Segundo o dirigente, o instituto vive um momento de revisão de seu planejamento estratégico, em que há grande ênfase à atuação em P&D para os próximos anos. “Estamos criando todas as condições e os meios necessários para que o

Lactec consolide sua posição no mercado pela eficiência e competência técnica já reconhecidas”, diz Omar.

Apenas em 2011, o instituto investiu mais de R$ 4 milhões em novos equipamentos para laboratórios. “O Lactec deve ser percebido pelos setores produtivos como um parceiro para o desenvolvimento de seus negócios e do país”, afirma.

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A tradição em pesquisa e desenvolvimento remete a uma história de 53 anos que fez do Lactec um dos institutos mais respeitados do Brasil, presente em todos os estados brasileiros e em diversos países. O primeiro dos laboratórios que compõem o Lactec foi criado em 1959. O trabalho do Centro de Hidráulica e Hidrologia Professor Parigot de Souza (Cehpar) começou pela criação de um modelo reduzido para solucionar o problema de refrigeração das caldeiras da Termoelétrica de Figueira, até hoje em funcionamento. Mais tarde um outro trabalho atraiu os olhares do setor elétrico para o instituto: o aperfeiçoamento da tecnologia de aeração em vertedouros de hidrelétricas, desenvolvida para evitar o fenômeno de cavitação (pressão negativa que avaria as calhas).Os resultados foram amplamente divulgados no meio científico e trouxeram reconhecimento internacional.

Atualmente, o Lactec está presente no desenvolvimento de soluções na Colômbia, Etiópia e Angola, mas já trabalhou também em países como Iraque, Malásia, Rússia, Estados Unidos e Canadá. “Estamos sempre atentos a oportunidades e as empresas vêm buscar nossos serviços por conta do reconhecimento que temos”, afirma Mauricio Müller, diretor de Operações Tecnológicas do instituto. “Devido à demanda nacional, pelo crescimento que estamos tendo, nossa participação exterior acaba sendo um complemento.”

TRADIÇÃO EM P&D

Formação – O Lactec está estruturado da forma como é conhecido hoje, desde 2000, quando recebeu a qualificação, pelo do Ministério da Justiça, de Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip). Com isso, o instituto passou a ser o responsável por todas as suas despesas com recursos humanos, instalações e demais custos necessários para sua operação. Desde então, o Lactec não é vinculado financeiramente a nenhuma empresa privada, órgão ou entidade pública. “Todo nosso

José Mário Moraes e Silvagerente da Divisão de Ensaios Elétricos

do Lactec

Mauricio Müller diretor de Operações Tecnológicas do

Instituto

Luiz Alkimin de Lacerdagerente do Departamento de

Estruturas Civis do Lactec

Instituto mantém-se na vanguarda tecnológica

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“Estamos sempre atentos a opor-tunidades e as empresas vêm bus-car nossos serviços por conta do reconhecimento que temos.”Mauricio Müller

Page 7: Revista P&D

Qualidade – O trabalho deste conglome-rado de laboratórios, que formou o Lactec, há mui-to é reconhecido e premiado. “O reconhecimento é fruto da qualidade de nosso corpo técnico, com pesquisadores experientes, e nossa infraestrutura laboratorial”, afirma Mauricio Müller.

Preocupado com a formação de seus pesquisadores, já no início dos anos 80, muitos deles foram se aperfeiçoar no exterior, com mestrados e doutorados. “Transformar-se em um centro de pesquisa era algo vislumbrado naquela época”, diz José Mário.

Segundo Luiz Alkimin de Lacerda, um dos dife-

2000Lactec

Linha do tempo:

1959Cehpar

1982LAC

1994Lame

2000Leme

renciais do Lactec está na sua capacidade e faci-lidade em formar equipes multidisciplinares para atuar em diversas áreas. “O Lactec, comparado com instituições do mesmo tipo no setor elétrico, é lider de mercado.” Este é um instituto que tem potencial enorme e condições de crescer ao me-nos 10% por ano, nos próximos três anos.

O quadro pessoal do Lactec ultrapassa o número de 550 profissionais, se somados os estagiários de graduação e os bolsistas de mestrado e dou-torado. Desse número, fazem parte 27 doutores, 47 mestres, sete doutorandos, 18 mestrandos, 35 especialistas e 134 graduados.

resultado operacional é aplicado na modernização de equipamentos laboratoriais e nos treinamentos profissionais”, afirma Mauricio Müller. “Temos que apresentar resultados, ou estaríamos ainda com os mesmos laboratórios de dez anos atrás.” No mesmo período em que o Lactec passava por mudanças, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) passou a regular o investimento em pesquisa e desenvolvimento (P&D), o que fortaleceu ainda mais o perfil inovador do Lactec, voltado ao mercado. “Deixamos de ser um grupo de laboratórios cativos da Copel para nos transformar em um centro de pesquisa de abrangência nacional”, conta José Mário Moraes e Silva, gerente da Divisão de Ensaios Elétricos do Lactec.“O P&D Aneel abriu um novo mercado e desde o início tivemos uma participação expressiva neste processo, o que ajudou em muito a manter a estabilidade do instituto”, diz José Mário. De acordo com ele, a regulamentação da atividade permitiu ao Lactec obter um volume de recursos que propiciou sua sobrevivência, principalmente num momento em que a Copel deixava de ser a única cliente. Para José Mário, a regulamentação do P&D foi um divisor de águas para o setor por ter ampliado a participação das universidades e do meio científico,

trazendo em contrapartida um ganho de qualidade. Segundo o gerente do Departamento de Estruturas Civis do Lactec, Luiz Alkimin de Lacerda, o instituto chegou a ser responsável pela execução de grande parte da demanda produzida no ínicio do programa P&D Aneel. Como Oscip, o Lactec tem entre seus associados a Associação Comercial do Paraná (ACP), a Companhia Paranaense de Energia (Copel), a Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), o Instituto de Engenharia do Paraná (IEP) e a Universidade Federal do Paraná (UFPR). Seu complexo de pesquisa é formado por quatro conjuntos de laboratórios, alguns deles instalados no campus Centro Politécnico da Universidade Federal do Paraná. O instituto desenvolve pesquisas e serviços tecnológicos a partir de seis departamentos: Eletricidade; Recursos Ambientais; Mecânica; Tecnologia de Materiais; Eletrônica e Tecnologia da Informação; e Estruturas Civis. Os laboratórios funcionam no prédio sede; no Centro de Hidráulica e Hidrologia Professor Parigot de Souza (Cehpar); no Laboratório Central de Pesquisa e Desenvolvimento (LAC); no Laboratório de Materiais e Estruturas (Lame); e no Laboratório de Emissões Veiculares (Leme).

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Orgulho é um sentimento que os pesquisadores do Lactec costumam manifestar quando falam da instituição. José Mário Moraes e Silva, que pertence ao quadro funcional desde 1986, conta que muitos pesquisadores que deixaram o instituto voltaram depois de algum tempo. “Eu mesmo saí em 2007 para trabalhar em uma multinacional, mas pouco depois de um ano acabei voltando.” Da turma de faculdade de José Mário, há cinco engenheiros nos quadros do Lactec desde o início da década de 80. Todos já estão aposentados, mas permanecem no instituto. “Trabalhar em algo que lhe dá satisfação pessoal é muito bom, principalmente quando é algo importante para a sociedade”, afirma.O diretor Mauricio Müller, que tem uma experiência profissional intimamente ligada ao Lactec, também engrossa esse coro. “Entrei em 1992 como estagiário e aqui estou até hoje”, conta. “O clima de trabalho é muito bom e temos a oportunidade de nos desenvolver.”“O pesquisador tem, em curto espaço de tempo, a oportunidade de se envolver em diversos trabalhos e tecnologias, e crescer profissionalmente”, diz Luiz Alkimin de Lacerda, que entrou no Lactec em 2001.

Hi-Tech – O instituto é detentor de diversas patentes. Entre elas estão: Protetor Catódico, para bases de linhas de transmissão; o Chip do Boi, criado para facilitar o rastreamento animal; Tornozeleira para presos; Lacres Eletrônicos; Ambientes em realidade virtual, para treinamentos; monitoramento de construções por fibra óptica, que permite o acompanhamento, por exemplo, da cura do concreto em toda a extensão de uma calha de vertedouro; entre outros.

Um time vocacionado

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LIGAS METÁLICAS

O Lactec concluirá em breve os estudos de um novo produto desenvolvido para minimizar os custos de manutenção e melhorar o desempenho de turbinas de hidrelétricas. Um projeto de P&D, que está sendo realizado em parceria com a Copel, deverá resultar na patente de uma nova liga metálica, aliada a um processo, que ajudará a aumentar a vida útil das turbinas. O Lactec já desenvolve pesquisas nessa área desde o início da década de 90. Vários desses processos e materiais desenvolvidos já são aplicados por concessionárias de energia elétrica.Segundo o pesquisador André Ricardo Capra, da Divisão de Sistemas Mecânicos do Lactec, há casos em que as turbinas, que têm vida útil estimada em 50 anos, estão sendo substituídas com 35 anos devido ao desgaste provocado pelo fenômeno da cavitação e pelas alterações estruturais, ocasionadas pelos reparos.O processo que está sendo desenvolvido consiste na aspersão de partículas de ligas metálicas, originalmente na forma de arame, na área danificada. Esse processo chamado asperção térmica substitui a soldagem convencional. “Criamos uma camada de sacrifício, para ser desgastada pela cavitação, de forma que não seja atingida a base da turbina”, explica Capra.A nova tecnologia, além de um processo até quatro vezes mais rápido de manutenção, tem custo de aproximadamente um quinto da técnica

convencional e não ocasiona a tensão residual que é criada quando se tem os chamados ciclos térmicos, provenientes do processo de soldagem.Segundo o gerente da Divisão de Manutenção Mecânica da Copel Geração, Marcelo Zan, o custo de troca de uma turbina é muito elevado e o processo em desenvolvimento representa o controle do desgaste. “Há casos em que este custo [para troca de uma turbina] fica na casa dos U$ 70 milhões”, diz. Segundo ele, o procedimento criado recupera a superfície de maneira mais uniforme que o processo atual, o que produz um fluxo hidráulico mais regular.Desgaste – A maior parte dos danos nesses componentes ocorre de duas formas. Primeiro, diretamente pelo fenômeno da cavitação, em que a energia gerada pela implosão de bolhas de ar contidas no fluido promove a remoção de material e formação de cavidades na superfície da turbina. Depois, na perda de características básicas do metal, como a resistência, por conta dos ciclos térmicos ocasionados por processos de soldagem utilizados na correção de danos da cavitação. “Esses ciclos de aquecimento e resfriamento geram tensão residual no material, que ocasiona a perda de resistência mecânica do componente e, consequentemente, o aparecimento de trincas. Elas precisam de grandes reparos e podem chegar a inutilizar os componentes caso não sejam recuperadas”, explica Capra.

Novo processo aumenta vida útil de turbinas

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Pesquisador André Capra, em trabalho de revestimento de turbina, na Usina Governador José Richa. Ao lado, o pesquisador no Lactec.

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O Brasil prepara-se para ingressar numa nova era da distribuição de energia elétrica e o Lactec está entre as lideranças desse processo. O conceito Smart Grid é a ferramenta que permitirá a superação do modelo atual, em vigor há 100 anos, e que trará mais eficiência e inteligência ao sistema.

“Essa modernização representará ao setor elétrico algo como, por exemplo, a evolução do telefone fixo para o telefone móvel com tecnologia GSM, no campo das telecomunicações”, compara o pesquisador do Departamento de Eletricidade do Lactec, Alexandre Aoki. De acordo com ele, esse

SMART GRID A revolução da distribuição elétrica

“As pessoas poderão fazer uma distribuição de consumo, escolhendo o horário para gastar mais energia a um preço mais baixo.” Rodrigo Jardim Riella

Alexandre Aoki pesquisador do

Departamento de

Eletricidade do Lactec

Fabio Toledo coordenador executivo

do Programa

Smart Grid da Light

Rodrigo Riella pesquisador do Departamento de Eletrônica e Tecnologia da Informação do Lactec.

novo conceito engloba diversos temas que já vinham sendo tratados de forma independente. “Em alguns campos desta tecnologia já atuávamos antes mesmo da criação do instituto”.

Segundo Aoki, na medida em que se aumentava o consumo, construía-se uma nova usina. De acordo com ele, é necessário a otimização dos recursos, devido às limitações para a geração de energia. “Temos tecnologia para ter o controle do processo, evitando desperdícios desde a geração até o consumidor final”, explica.

A tecnologia Smart Grid é aplicada em vários países e ainda neste ano será gradativamente implantada no Rio de Janeiro, pela companhia Light, para quem o Lactec desenvolve diversas pesquisas baseadas no

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distribuição de consumo, escolhendo o horário para gastar mais energia a um preço mais baixo”, explica.

Riella diz que o usuário poderá programar seu consumo mensal avaliado dia a dia por uma projeção e poderá também programar uma tomada específica para, por exemplo, utilizar uma máquina de lavar roupas no momento em que a energia seja mais barata. “Isso também acabará com o fator surpresa da conta de energia”.

Via facebook, twitter, mensagem SMS, e-mail ou ainda no display do medidor, o cliente é quem escolhe como acompanhar seu consumo. Outra novidade está na inteligência da rede, a qual Fabio Toledo denomina de autocura, uma vez que se utilizará dos próprios medidores de energia como sensores para diagnosticar a falha, isolar a área necessária e, ao invés de deixar cinco mil consumidores sem energia, agir no ponto específico - por exemplo, onde caiu um poste.

De acordo com Toledo, o programa aumentará a satisfação do consumidor, diminuirá a utiliza-ção de call center, entre outros benefícios, além de representar uma diminuição entre 15 a 20% nos custos em relação às tecnologias atualmen-te utilizadas. “Estamos investindo cerca de R$ 35 milhões e o payback estimado é de dois anos”.

conceito de inteligência em redes elétricas. “Temos atualmente o maior programa de P&D Smart Grid da América Latina”, diz Fabio Toledo, superintendente de Tecnologia e Inovação e coordenador executivo do Programa Smart Grid da Light.

“Escolhemos o Lactec para ser nosso parceiro no P&D Smart Grid Light por este ser o maior instituto de pesquisa e desenvolvimento de sistemas de potência do país e, consequentemente, por possuir laboratórios e profissionais altamente qualificados”, afirma Toledo.

O projeto desenvolvido pelo Lactec leva em conta a resolução da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), que determina que a partir de 2014 as tarifas de energia serão diferenciadas em faixas horárias de consumo. Segundo Rodrigo Jardim Riella, pesquisador do Departamento de Eletrônica e Tecnologia de Informação do Lactec, o consumidor terá indicativos de seu gasto em tempo real, comparado ao valor da tarifa aplicada ao horário. “Com isso, as pessoas poderão fazer uma

“Estamos investindo R$ 35 milhões neste projeto e nosso payback estimado é de 2 anos.” Fabio Toledo

• Automação de redes

• Medição inteligente de energia

• Geração distribuída

• Gerenciamento de demanda

• Geslocamento de cargas

• Inteligência e controle

Projeto Lactec-LightAlgumas características do projeto:

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A infestação do bioma hídrico por espécies invasoras está se tornando um grave risco para a produção de energia. O mexilhão dourado, um dos invasores que mais ameaçam o setor, está se alastrando pela América Latina e em pouco tempo estará presente em todo o território brasileiro.

O Lactec é um dos únicos institutos no mundo a realizar estudos sobre esse problema. Desde 2003, os pesquisadores do Lactec analisam a vida de diversas espécies para encontrar soluções para concessionárias de energia, a partir de projetos de prevenção, ações educacionais e de controle para minimizar danos.

Proveniente do continente asiático, esse molusco de água doce não possui predadores naturais no ambiente brasileiro e, por isso, apresenta superpopulações que entopem as entradas de dutos, filtros e sistemas de troca térmica, diminuindo a vida útil de equipamentos e aumentando a necessidade de manutenção.

ResultadosSegundo o engenheiro químico Otto Samuel Mader Netto, pesquisador do Departamento de Recursos Ambientais do Lactec, alguns produtos químicos testados dentro das usinas têm eficiência próxima a 100% no controle do mexilhão. O hidróxido de sódio, por exemplo, eleva o pH da água e cria um ambiente inóspito ao mexilhão. Outro químico utilizado é o MXD100, um produto comercial feito à base de taninos, que forma uma película protetora na superfície de tubulações e equipamentos que impede a fixação dos organismos.

MEXILHÃO DOURADOLactec trabalha com soluções para minimizar danos provocados por espécies invasoras

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Superpopulação Pesquisas têm medido o potencial de infestação do mexilhão dourado. Um desses estudos mostrou a evolução de uma colônia no decorrer de um ano. “Seis meses após a detecção do primeiro mexilhão adulto incrustado em uma área, observamos a presença de 60 indivíduos por metro quadrado. Ao fim de outro ciclo de seis meses a colônia já passava dos 150 mil por metro quadrado”, conta Otto Samuel.

De acordo com o pesquisador, a segunda maior causa de perda de biodiversidade é o alastramento de espécies invasoras, que está atrás apenas da ação do homem, por meio do desmatamento. “Em pouco tempo esse mexilhão estará espalhado pelo Brasil inteiro”, afirma.

Segundo Otto, não há nenhum controle no Brasil para segurar esse avanço. “O maior investimento para o estudo biológico e de controle provém do setor elétrico, diferente do que ocorre nos EUA, que enfrentam um problema semelhante com o mexilhão zebra”, conta. “Lá, o governo investe bilhões de dólares em pesquisas, barreiras sanitárias e educação ambiental.”

Atualmente, o Lactec realiza monitoramento da espécie em todo o Brasil. “A principal forma de dispersão do mexilhão se dá com o auxílio das pessoas, como por exemplo, incrustado em navios, barcos de pesca e transporte de areias”, diz Patrícia. O mexilhão dourado é capaz de sobreviver fora da água por até dez dias.

Linha do tempo:

*Dados do Lactec

Infestação nos grandes rios*

1992Rio Prata

1997Rio Paraguai

1998Rio Guaíba

2001Rio Paraná

2003Rio Paranaíba

2005Rio Tietê

2006Rio Iguaçu

2006Rio Paranapanema

Especialistas suspeitam que o mexilhão dourado tenha sido introduzido na América Latina na água de lastro de navios estrangeiros. A presença da espécie foi detectada no início da década de 90 no Rio da Prata, de onde o molusco se espalhou. A estimativa é que o alastramento nos rios ocorra com velocidade de 240 quilômetros ao ano.

Segundo a bióloga Patrícia Borges, também pesquisadora do Departamento de Recursos Ambientais, quando um navio carrega água para lastro acaba levando junto diversos espécimes de moluscos, pei-xes, plantas e bactérias. Quando soltos novamente na natureza, por estar em um ambiente diferente, a maioria não consegue se desenvolver. “Porém, em determinados casos, como o deste mexilhão, eles encontraram um ambiente favorável para viver”, explica.

Otto Samuel Mader Nettopesquisador do Departamento de Recursos Ambientais do Lactec.

Patrícia Borgespesquisadora do Departamento de Recursos Ambientais do Lactec.

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A pesquisa está no DNA do instituto

Projetos em andamento

O Lactec conta com várias linhas de pesquisa dentro do programa de P&D do setor elétrico, focadas no atendimento das demandas de con-cessionárias do Brasil.

“Os projetos têm uma grande representatividade em nosso portfólio, além de contribuírem para a geração de conhecimento, inovação e desenvolvimento tecnológico para todo o país”, explica Luiz Fernando Vianna, diretor Administrativo Financeiro do Lactec.

P&D LACTEC

Além disso, conta com o Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento de Tecnologia (Prodetec), mestrado profissional que nos últimos dez anos resultou em 70 dissertações defendidas e aprovadas.

“O Lactec considera que esta também é uma de suas funções sociais, indu-zindo pesquisa e aplicando resultados na prática das instituições de produ-ção do Brasil”, afirma Ney Augusto Nascimento, diretor de Desenvolvimento Tecnológico do Instituto. Confira, a seguir, alguns projetos do Lactec.

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Aferidor de medidores de energia elétrica sem interrupção no fornecimento,com controle das correntes no medidor

24 meses

Aproveitamento da energia residual do canal de fuga de PCH 24 meses

Cabeça de série - metodologia e ferramental para a substituição de cabos aéreos energizados 36 meses

Desenvolvimento de ferramenta e metodologia para realização de serviço em linha viva noturno 24 meses

Desenvolvimento de metodologias físico-químicas e dielétricas para avaliação de condiçãode sistemas de isolação papel/óleo utilizados em equipamentos de subestações

36 meses

Desenvolvimento de sistema - cromatógrafo, metodologia e software - para determinaçãoda concentração de PCBs em líquidos isolantes de equipamentos elétricos de alta tensão

24 meses

Desenvolvimento de sistema, com tecnologia nacional, para localização de faltas em cabos isolados 36 meses

36 mesesDesenvolvimento de transformador de distribuição inteligente

24 mesesDesenvolvimento de um programa computacional para cálculo dos campos elétricose magnéticos em subestações da Copel

Desenvolvimento de um sistema de digestão anaeróbica de alto desempenho parao tratamento de vinhaça visando o aproveitamento energético do biogás

36 meses

Desenvolvimento do projeto de pesquisa e desenvolvimento intitulado PA0010 inovaçãoem materiais e equipamentos de rede

36 meses

Desenvolvimento e avaliação de instrumentação geotécnica com base em tecnologiade fibra óptica – protótipos para instalação em campo

24 meses

Estudo e identificação de alternativas visando controlar o aquecimento nas unidadesgeradoras da UHE Tucuruí (sistema de arrefecimento)

48 meses

Formação de corredores de biodiversidade através da recomposição de áreas de preservaçãopermanente: uma análise genética das populações 24 meses

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A pesquisa está no DNA do instituto

Projetos finalizados

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