revista ordem dos farmacêuticos da ordem dos...2. conheça a sua farmacologia, mecanis - mos de...

32
Meio milhar de participantes. Cerca de 98 % considerou os temas debatidos “interessan- tes” ou “muito interessantes”. Mais de 97% admitiu que os objectivos de participação foram “todos” ou “quase todos” atingidos. Evento internacionaliza-se com a presença oficial da Coreia. |Págs. 6 a 14 de ANGOLA REVISTA da Farmacêuticos Ordem dos Trimestral | Ano 2 Número 8 OUT-DEZ 2015 Director: Boaventura Moura Carreira de farmácia do SNS Conheça o Decreto que aprovou o re- gime e a estruturação da carreira de farmácia do Serviço Nacional de Saú- de. O enquadramento profissional, as competências do farmacêutico, o seu ingresso na carreira, as categorias de farmacêutico e de técnico médio de farmácia, concursos, as modalidades de regime de trabalho, e o que está previsto para a sua formação e aperfei- çoamento profissional. | Págs. 28 e 29 Anti-inflamatórios não esteróides: efeitos cardiovasculares, cerebrovasculares e renais Os anti-inflamatórios não esteróides (AI- NEs) encontram-se entre os medicamen- tos mais prescritos. Nos últimos anos, tem sido questionada a segurança do uso dos AINEs na prática clínica, particular- mente dos inibidores selectivos da COX- 2. Conheça a sua farmacologia, mecanis- mos de acção e efeitos. | Págs.15 a 18 Reacções adversas a antimicrobianos nos serviços de medicina e ortopedia A aparição de reacções adversas a medica- mentos (RAM) nos serviços de medicina e ortopedia é considerável. Entre os antibac- terianos destacam-se as cefalosporinas. O orgão mais afectado foi a pele. Estas são al- gumas das conclusões do estudo realizado junto a 206 doentes internados no Hospi- tal Josina Machel. Saiba mais. | Págs. 19 a 22 2ª Semana da Farmácia ultrapassa expectativas

Upload: others

Post on 03-Jul-2020

1 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: REVISTA Ordem dos Farmacêuticos da Ordem dos...2. Conheça a sua farmacologia, mecanis - mos de acção e efeitos. | Págs.15 a 18 R e acçõ sdv r ant imcr ob s nos erv iç dm a

Meio milhar de participantes. Cerca de 98 %considerou os temas debatidos “interessan-tes” ou “muito interessantes”. Mais de 97%admitiu que os objectivos de participação foram “todos” ou “quase todos” atingidos.Evento internacionaliza-se com a presençaoficial da Coreia. |Págs. 6 a 14

de ANGOLA

REVISTA da

FarmacêuticosOrdem dos Trimestral | Ano 2

Número 8OUT-DEZ 2015

Director: Boaventura

Moura

Carreira de farmácia do SNSConheça o Decreto que aprovou o re-gime e a estruturação da carreira defarmácia do Serviço Nacional de Saú-de. O enquadramento profissional, ascompetências do farmacêutico, o seuingresso na carreira, as categorias defarmacêutico e de técnico médio defarmácia, concursos, as modalidadesde regime de trabalho, e o que estáprevisto para a sua formação e aperfei-çoamento profissional. | Págs. 28 e 29

Anti-inflamatórios nãoesteróides: efeitos cardiovasculares, cerebrovasculares e renaisOs anti-inflamatórios não esteróides (AI-NEs) encontram-se entre os medicamen-tos mais prescritos. Nos últimos anos,tem sido questionada a segurança do usodos AINEs na prática clínica, particular-mente dos inibidores selectivos da COX-2. Conheça a sua farmacologia, mecanis-mos de acção e efeitos. | Págs.15 a 18

Reacções adversas a antimicrobianos nos serviços de medicina e ortopediaA aparição de reacções adversas a medica-mentos (RAM) nos serviços de medicina eortopedia é considerável. Entre os antibac-terianos destacam-se as cefalosporinas. Oorgão mais afectado foi a pele. Estas são al-gumas das conclusões do estudo realizadojunto a 206 doentes internados no Hospi-tal Josina Machel. Saiba mais. |Págs. 19 a 22

2ª Semana da Farmácia ultrapassa

expectativas

Page 2: REVISTA Ordem dos Farmacêuticos da Ordem dos...2. Conheça a sua farmacologia, mecanis - mos de acção e efeitos. | Págs.15 a 18 R e acçõ sdv r ant imcr ob s nos erv iç dm a
Page 3: REVISTA Ordem dos Farmacêuticos da Ordem dos...2. Conheça a sua farmacologia, mecanis - mos de acção e efeitos. | Págs.15 a 18 R e acçõ sdv r ant imcr ob s nos erv iç dm a

EEditorial2 | Revista da Ordem dos Farmacêuticos de Angola Janeiro/Março 2014

Boaventura MouraBastonário e Presidente do Conselho Nacional

EditorialRevista da Ordem dos Farmacêuticos de Angola |3 Outubro/Dezembro 2015

Este projecto, que nos foi incumbido, é demuito trabalho e exige dedicação e empenhode toda a classe. Fazendo uma autocrítica,diremos que, realmente, poderíamos ter fei-to muito mais. Mas, ainda assim, temos umwebsite funcional e activo, desde a data daproclamação, editamos trimestralmente aRevista OFA – que tem aumentado o núme-ro de páginas –, realizámos a 2ª Assembleia-geral de farmacêuticos, em 2015, na ETPSL,actualizámos os Estatutos – que se apresen-taram ao Ministério da Justiça e Direitos Hu-manos –, tivemos uma representação con-digna no XI Congresso Mundial da Associa-ção dos Farmacêuticos dos Países de LínguaPortuguesa (AFPLP), realizado em Maputo,Moçambique – onde, aliás, a OFA foi eleitaVice-presidente desta organização, realizá-mos duas Semanas Nacionais da FarmáciaAngolana e duas edições da Expo Farma An-gola, lançámos e fechámos o concurso deideias para o novo logótipo da OFA, do qualresultou a actual imagem,... Enfim, conside-ramos que se procurou fazer o que nos pare-ceu possível.

Carecemos, contudo, da dedicação, em-penho e colaboração de todos. De facto, atéhoje, nenhum membro pagou as quotas, al-guns, pouquíssimos, pagaram a joia anualem 2015, e, neste novo ano, ainda ninguémse lembrou do pagamento de, pelo menos, ajoia anual, que é só de dez mil Kwanzas! En-fim..., vamos todos reflectir!

Apesar disto, o nosso muito obrigado atodos os colegas farmacêuticos pelo vossoprestigioso apoio e colaboração em 2015 –um ano infeliz pelo passamento físico donosso então Presidente de Mesa da Assem-bleia-geral. E que outros aspectos negativosconstituam uma aprendizagem para o futu-ro e não se repitam.

2016Um ano com muito brilho, saúde, paz, realizações de sucesso e prosperidade

No novo ano de 2016 vamos todos, demãos dadas, empenharmo-nos em fazermelhor, com muita camaradagem e amiza-de genuína, que, de certa forma, julgamosser-nos já familiar! Desejamos a todos e to-das um ano novo com muito brilho, cheio domelhor para a OFA e para todos os farma-cêuticos. Muitas realizações exitosas e de su-cesso, em prol da nossa classe, da OFA e daspopulações angolanas. E, sempre, com mui-ta saúde, paz, harmonia e prosperidade!

Por fim, um apelo a todos os colegas paraque apareçam sempre na sede da OFA, sitano segundo andar do Laboratório Farmaco-técnico, na Rua NKwame Nkrumah, 52/53na Maianga, em Luanda.

Bem hajam os Farmacêuticos Angolanos eviva a OFA!

ActualidadeOFA celebra 2º aniversárioO 2º aniversário da Ordem dos Farmacêuticos de Angola (OFA) foi cele-brado com muita alegria pelos farmacêuticos e demais convidados pre-sentes na cerimónia. | Pág. 4

Eventos2ª Semana da Farmácia Angolana e Expo FarmaA 2ª Semana da Farmácia Angolana que decorreu em Luanda, em Outu-bro último, saldou-se por um êxito expressivo: cerca de meio milhar departicipantes debateram, com interesse e entusiasmo, 19 temas da maiorpertinência e actualidade farmacêutica. A presença da Coreia como paísconvidado de honra deu um cunho internacional ao evento que contouainda com a participação de 27 empresas expositoras, as quais não tive-ram mãos a medir durante a Expo Farma simultânea. | Págs. 6 a 14

Folha FarmacoterapêuticaOs anti-inflamatórios não esteroides: efeitos cardiovasculares, cerebrovasculares, renais e outrosOs anti-inflamatórios não esteroides (AINEs) encontram-se entre os me-dicamentos mais prescritos em todo o mundo. Nos últimos anos, tem si-do questionada a segurança do uso dos AINEs na prática clínica, particu-larmente dos inibidores selectivos da COX-2. Conheça a sua farmacolo-gia, mecanismos de acção e efeitos. | Págs. 15 a 18

InvestigaçãoReacções adversas a antimicrobianos nos serviços de medicina e ortopediaA aparição de reacções adversas a medicamentos (RAM) nos serviços demedicina e ortopedia é considerável. O orgão mais afectado foi a pele. Es-tas são algumas das conclusões do estudo realizado por Mateus Fernan-des, Héctor Fernández e Vladimir Moreira junto a uma amostra de 206doentes internados no Hospital Josina Machel, 21 dos quais afectados porRAM. Saiba mais. | Págs. 19 a 22

FormaçãoHipertensão Arterial – uma realidade cada vez mais presente em AngolaA hipertensão arterial é uma doença cardiovascular que constitui hojeum problema de saúde que afecta grande porção da população mundial,provocando complicações em diferentes sistemas do organismo e até amorte em casos mais graves. | Págs. 23 e 24

Espaço RegulamentarAs bases gerais da política nacional farmacêuticaAs bases gerais da política nacional farmacêutica foram definidas peloDecreto Presidencial n.º 180/10, de 18 de Agosto. A Revista OFA terminaneste número a publicação integral do diploma. | Págs. 25 a 27

Carreira de farmácia do SNSConheça o Decreto que aprovou o regime e a estruturação da carreira defarmácia do Serviço Nacional de Saúde. | Págs. 28 e 29

InstitucionalA história do logótipo da OFASabe qual a razão do logotipo da OFA ser oval? E ter as cores ouro, roxo,verde e cinzento? E quanto à serpente, taça e cicadófica, ainda se recordadas lendas que estão na base desta simbologia? Não deixe de ler. | Págs. 30 e 31

Dr. João Lelessa - Presente no passado, hoje e sempre!É com enorme sentimento de pesar que deixamos registado nestas pági-nas, da sua e nossa ROFA, a triste notícia da perda do nosso ilustre cole-ga, Dr. João Lelessa, falecido em Lisboa, Portugal, a 7 de Novembro de2015, vítima de doença. O nosso mais velho, Presidente, amigo e camara-da deixou-nos, mas a memória do seu carácter, simplicidade e sorriso es-tarão sempre connosco. A melhor homenagem à sua memória deve sercontinuarmos a trabalhar todos juntos para o engrandecimento da OFAe prestígio da classe, quer ao nível nacional, como internacional. Honre-mos todos a sua memória e os seus ensinamentos, com esta frase, sem-pre por ele usada nas nossas dificuldades: "TODOS NÃO SOMOS DE-MAIS! TODOS SOMOS PRECISOS! EU ACREDITO!” (Fim de citação). ODr. Lelessa está e estará sempre presente. Bem-haja a sua força, simplici-dade e, também, o seu sorriso. VIVA A OFA!

Índice

Ficha TécnicaPropriedade:Ordem dos Farmacêuticos de Angola | Director:Boaventura Moura | Conselho editorial: JoãoNovo, Helena Vilhena, Pedro Zangulo e Santos Nicolau | Endereço:Rua Kwame Nkrumah, nº 52 / 53, Maianga,Luanda, Angola. Tel.: (+244) 935 333 709 / 912 847 892 | E-mails: [email protected] [email protected]| Web site:www.ordemfarmaceuticosangola.org | Editor: Rui Moreira de Sá - Marketing For You, Lda - www.mar-ketingforyou.co.ao | Redacção: Cláudia Pinto; Francisco Cosme; Magda Cunha Viana | Marketing e publicidade:Eileen Barreto Tel.: (+244) 945046312 / 928013347 e-mail: [email protected] | Pe-riodicidade:trimestral | Design e maquetização: Fernando Almeida | Impressão e acabamento:EAL - Ediçõesde Angola | Tiragem:3.000 exemplares

OFA - Dois anos se passaram!

Índice

Page 4: REVISTA Ordem dos Farmacêuticos da Ordem dos...2. Conheça a sua farmacologia, mecanis - mos de acção e efeitos. | Págs.15 a 18 R e acçõ sdv r ant imcr ob s nos erv iç dm a

OFA celebra 2º aniversárioMotivo de orgulho do farmacêutico angolano

4 | Revista da Ordem dos Farmacêuticos de Angola

ActualidadeOutubro/Dezembro 2015

O 2º aniversário da Ordem dos Farmacêuticos de Angola (OFA) foi celebrado com muita alegria pelos farmacêuti-cos presentes na cerimónia e demais convidados. Foi há dois anos atrás, precisamente a 25 de Outubro de 2013,que proclamámos, com orgulho, a sua constituição. Durante este período, com muita determinação, procurámosdar passos decisivos com vista ao reforço organizativo. Entre diversas realizações, destaca-se a Semana da Farmá-cia Angolana que já se internacionalizou e consolidou como o grande evento do sector e da profissão, cujo balan-ço da última edição encontra neste número da sua revista. Leia também, na página 30, a história do logótipo daOFA e o simbolismo dos seus elementos.

Durante a cerimónia de celebração do aniversário da OFA foram homenageados os patrocinadores da 2ªSemana da Farmácia Angolana, designadamente a Socifarma e Farwell (patrocinadores platina) ÁfricaPharmacy (Shalina) (ouro) e Mosel (Prata)

Page 5: REVISTA Ordem dos Farmacêuticos da Ordem dos...2. Conheça a sua farmacologia, mecanis - mos de acção e efeitos. | Págs.15 a 18 R e acçõ sdv r ant imcr ob s nos erv iç dm a
Page 6: REVISTA Ordem dos Farmacêuticos da Ordem dos...2. Conheça a sua farmacologia, mecanis - mos de acção e efeitos. | Págs.15 a 18 R e acçõ sdv r ant imcr ob s nos erv iç dm a

2ª Semana da Farmácia Angolana6 | Revista da Ordem dos Farmacêuticos de Angola Outubro/Dezembro 2015

Êxito totalA 2ª Semana da Farmácia Angolana que decorreu em Luanda,em Outubro último, saldou-se por um êxito expressivo: maisde 400 participantes debateram, com interesse e entusiasmo,numa sala sempre repleta, 19 temas da maior pertinência e ac-tualidade farmacêutica, agrupados em três painéis, duas me-sas-redondas e diversos temas livres. A presença da Coreia co-mo país convidado de honra foi a cereja em cima do bolo aodar um cunho internacional ao evento que contou ainda coma participação de 27 empresas expositoras, as quais não tive-ram mãos a medir durante a Expo Farma simultânea. Acresceque cerca de 98 por cento dos farmacêuticos consideraram ostemas debatidos “interessantes” e “muito interessantes”, deacordo com os resultados do inquérito realizado no final.

O papel do farmacêutico na promoção da saúde, prevençãoda doença e adesão à terapêutica, a farmacotécnica e a mani-pulação de medicamentos, a farmacoeconomia, o combate àcontrafacção de medicamentos, a regulação e regulamenta-ção do mercado, as perspectivas da farmácia hospitalar, a qua-lidade e credibilidade dos medicamentos genéricos, a garan-tia da qualidade dos produtos farmacêuticos, a sua produçãoem Angola e o investimento na formação pré, contínua e pósgraduada, foram alguns dos temas apresentados. O programavisou actualizar os conhecimentos dos farmacêuticos, parti-lhar experiências e debater as grandes questões que se colo-cam ao sector farmacêutico, à farmácia angolana, à profissãofarmacêutica e à saúde em geral, reforçando o compromissodo farmacêutico angolano para com a excelência na prestaçãode cuidados e serviços de saúde ao utente e à população noseu todo.A sessão de abertura foi presidida pelo Secretário de Estado daSaúde, Carlos Aberto Masseca, em representação do Ministroda Saúde, José Van-Dúnem, acompanhado pela deputada da7ª Comissão, Mariana Afonso, o Embaixador da Coreia, Kion YulLee, o bastonário da Ordem dos Médicos, Pinto de Sousa, e daOrdem dos Farmacêuticos, Boaventura Moura. De destacartambém a presença do Secretário de Estado da Saúde recente-mente nomeado, Luís Gomes Sambo, do deputado da 7ª Co-missão, e ex-director da DNME, José Diogo Ventura, e o basto-nário da Ordem dos Enfermeiros, Paulo Luvualo. A sessão deencerramento foi presidida pela directora nacional de forma-ção graduada, Carmen Van-Dúnem, em representação Minis-tro do Ensino Superior, Adão do Nascimento. De sublinhar, fi-nalmente, a presença da representante do Ministério da Saúdeda Coreia, Nam Jeomsoon, e do bastonário da Ordem dos Far-macêuticos de Portugal, Maurício Barbosa.

A Semana integrou ainda um ciclo de cursos de formaçãopré e pós conferência.

Page 7: REVISTA Ordem dos Farmacêuticos da Ordem dos...2. Conheça a sua farmacologia, mecanis - mos de acção e efeitos. | Págs.15 a 18 R e acçõ sdv r ant imcr ob s nos erv iç dm a

Revista da Ordem dos Farmacêuticos de Angola | 7Outubro/Dezembro 2015

Page 8: REVISTA Ordem dos Farmacêuticos da Ordem dos...2. Conheça a sua farmacologia, mecanis - mos de acção e efeitos. | Págs.15 a 18 R e acçõ sdv r ant imcr ob s nos erv iç dm a

2ª Semana da Farmácia Angolana8 | Revista da Ordem dos Farmacêuticos de Angola Outubro/Dezembro 2015

A medida do sucesso

Principais objectivos da sua participação(A pergunta admitia respostas múltiplas)

Objectivos atingidos

Sim

Quase nenhuns

47%

Previsão de participação na próxima edição em 2016?

Talvez

Quase todos

50%

Não2%

1%

Reforçar a Ordem dos Farmacêuticos

de Angola

Contactar fornecedores habituais

na Expo Farma

Conviver comos colegas

Identificar novosfornecedores

na Expo Farma

Actualização profissional

52%

Participar na Conferência

20% 26% 35% 44%

80%

Não

Sim 29%

70%

1%

Organização

Razoável

Boa

Muitoboa

Sofrivel

Má 0%

Excelente

39%

29%

13%9%

10%

O que achou dos temas debatidos?

Interessantes

41%

Muito interessantes

57%

Pouco interessantes 2%

%52

%20

%26 35

%5 %44

%80

Objectivos atingid

dos

%%

O que achou dos temas debatidos?

mas debatidos?

evisão de partic Pr

xima eó cipação na pr

dição em 2016? e

Organização

e são de pa c

c pação a p

%

d ção e 0 6

O ga ação

Resultados do inquérito aos participantes (congressistas) da 2ª Semana da Farmácia Angolana

Inclui visitantes da Expo Farma 2015

P

Inclui visita

armácia AFessis ongr(c

Resultados

arm ntes da Expo F

Angolanastas) da 2ª Semana do inquérito aos p

ma 2015

a da participantes

Inclui visita

arm ntes da Expo F

ma 2015

C

A

Page 9: REVISTA Ordem dos Farmacêuticos da Ordem dos...2. Conheça a sua farmacologia, mecanis - mos de acção e efeitos. | Págs.15 a 18 R e acçõ sdv r ant imcr ob s nos erv iç dm a

Revista da Ordem dos Farmacêuticos de Angola | 9Outubro/Dezembro 2015

Cerca de 98 % dos farmacêuticos participantes consideraram os temas debatidos “interessantes” ou “muito interessantes”Os números não enganam. A 2ª Semana da Farmácia Angolana foi um sucesso. Na realidade, os resultados do inquérito realizadojunto aos farmacêuticos participantes, no final dos trabalhos, revelam que cerca de 57% consideraram os temas debatidos “muitointeressantes” e cerca de 41% “interessantes”. A actualização profissional foi o principal objectivo de participação. Por outro lado,cerca de 89% dos expositores da Expo Farma revelaram ter atingido todos, ou quase todos, os seus objectivos. Confira.

Identificar novos clientes Receber encomendas

Promover a imagem da empresa/marca

Receber clientes habituais

Outras razões

Objectivos atingidos

Quase todos

Sim

Não

56%

33%

Previsão de participação na próxima edição em 2016?

Principais objectivos da sua participação(A pergunta admitia respostas múltiplas)

11%

Não

Talvez

Sim

42%

54%

4%

81% 78%

44%

67%

41%

Organização

Razoável

Boa

Muitoboa

SofrivelMá

Excelente

30%

27%

27%

4%

4%

8%

%81 %78%44

%67%41

Objectivos atingid dos

evisão Pr Orgaanizaçãog ç

Resultados do inquérito aos expositores e patrocinadores da EXPO FARMA 2015

I

ocinae patrResultados

A es da EXPO Fador do inquérito aos e

ARMA 2015es expositor

Page 10: REVISTA Ordem dos Farmacêuticos da Ordem dos...2. Conheça a sua farmacologia, mecanis - mos de acção e efeitos. | Págs.15 a 18 R e acçõ sdv r ant imcr ob s nos erv iç dm a

Voz aos expositores

10 | Revista da Ordem dos Farmacêuticos de Angola

Expo Farma 2015Outubro/Dezembro 2015

Filipe Cigarro SOCIFARMA

Francisco Cosme dos Santos

“A Socifarma é uma empresa de distribui-ção farmacêutica de direito angolanoque opera no país há 19 anos. Teve o seuinício na rede de farmácias Mecofarma.Trabalha maioritariamente com medica-mentos e produtos de consumo humano,veterinário, equipamentos oftalmológi-cos, diálise e de imagiologia. Fornece far-mácias, clínicas e hospitais públicos eprivados, a nível nacional.

Destaco a inovação introduzida re-centemente que permite aos clientes,através do site da empresa na Internet,consultar preços, stocks e proceder a en-comendas.

Na Expo Farma, a Socifarma apresen-tou como novidade produtos de dois la-boratórios internacionais na área cardio-

vascular, disfunção eréctil e diabetes.Trata-se de um evento de grande dimen-são farmacêutica no país. É importantepois facilita-nos o contacto com os pro-fissionais do ramo, com a realidade dasaúde e a evolução do mercado, quer a ní-vel das farmácias, quer de outras áreasfarmacêuticas.

No futuro, pode-se esperar da Socifar-ma o reforço do seu posicionamento co-mo um parceiro na saúde, para o sectorprivado e público, que primará semprena compra e venda de medicamentoscredíveis de origem reconhecida e trarápara Angola produtos de terapêuticamais recente com reconhecimento mun-dial”.

Jalaludin RehemtulaFARWELL

“A Farwell é uma empresa de distribuiçãode medicamentos com actividade nomercado angolano há mais de dez anos.Disponibiliza medicamentos, equipa-mentos e materiais gastáveis para qual-quer hospital, farmácia e clínica do país,quer público, quer privado.

A Expo Farma é um evento de extremaimportância porque possibilita-nos co-nhecer os nossos parceiros directos,além de constituir um instrumento cata-lisador que contribui para nos afirmar-mos como empresa, garantir uma maiorabertura no mercado angolano e alargaras nossas linhas de acção relacionadascom a comercialização dos medicamen-tos e equipamentos.

Permite-nos ainda estabelecer gran-

des parcerias, receber orientações rela-cionadas com a saúde em geral, o que nosgarante uma maior interacção com as di-versas entidades do sector para alcançar-mos, em conjunto, os grandes desafiosdo crescimento do sector farmacêuticotraçados pelo Ministério da Saúde.

No futuro, esperamos fazer da Farwelluma empresa cada vez mais eficientecom um crescimento consentâneo nocontexto que o país atravessa”.

Page 11: REVISTA Ordem dos Farmacêuticos da Ordem dos...2. Conheça a sua farmacologia, mecanis - mos de acção e efeitos. | Págs.15 a 18 R e acçõ sdv r ant imcr ob s nos erv iç dm a
Page 12: REVISTA Ordem dos Farmacêuticos da Ordem dos...2. Conheça a sua farmacologia, mecanis - mos de acção e efeitos. | Págs.15 a 18 R e acçõ sdv r ant imcr ob s nos erv iç dm a

12 | Revista da Ordem dos Farmacêuticos de Angola Outubro/Dezembro 2015

COMUNICADO FINALA 2ª Semana da Farmácia Angolana,que decorreu em Luanda, sob o le-ma “Acesso a farmacêuticos é acessoa medicamentos eficazes, seguros ecom qualidade”, constituiu um pon-to de encontro de todos os farma-cêuticos angolanos e outros profis-sionais, quer nacionais, quer estran-geiros, ligados ao medicamento.

Contou-se com a prestigiosa pre-sença de Sua Excelência Senhor Se-cretário de Estado da Saúde, Dr. Car-los Aberto Masseca, em representa-ção do Senhor Ministro da Saúde, Dr.José Vieira Dias Van-Dúnem, a depu-tada da 7ª Comissão, Dra. MarianaAfonso, membros do governo e re-

presentantes de entidades oficiais.Queremos ainda enaltecer a pre-

sença ao mais alto nível do país con-vidado de honra, a República da Co-reia, nomeadamente o Senhor Em-baixador Kion Yul Lee e SenhoraNam Jeomsoon, em representaçãodo Ministério da Saúde.

Gostaríamos de agradecer tam-bém a presença de todos os colegasneste grandioso evento e tambémaos expositores e patrocinadores,sendo estes últimos a Socifarma, Far-well, Shalina e Mosel que abrilhanta-ram este evento.

Aos prelectores pela sua ilustrepresença e excelentes apresenta-

ções dos temas propostos que cons-tam do programa.

Um agradecimento especial a to-da a OFA, ao Bastonário da Ordemdos Farmacêuticos de Portugal, Prof.Dr. Maurício Barbosa que desde aprimeira hora esteve ao lado da OFA.

Não podemos deixar de agrade-cer também a presença de Sua Exce-lência Senhor Secretário de Estadoda Saúde recentemente nomeadoDr. Luís Gomes Sambo e da SenhoraDra. Carmen Van-Dúnem, directoranacional de formação graduada, emrepresentação do Senhor Ministrodo Ensino Superior, Dr. Adão do Nas-cimento, dos bastonários da Ordem

dos Médicos, Prof. Pinto de Sousa edos Enfermeiros, Paulo Luvualo.

O evento contou com um totalde 431 participantes e 27 exposito-res.

Na formação da pré conferênciaparticiparam 27 formandos no dia 5de Outubro. Estiveram representa-das 11 províncias e tivemos o apoiode todos os meios de comunicação.

Caros colegas, a OFA continua deparabéns! Todos não somos de maisno engrandecimento da nossa Or-dem e do nosso País. Estamos consi-go! Bem hajam!

Luanda, 7 de Outubro de 2015

João de Barros ÁFRICA PHARMACY

“A África Pharmacy é a representante emAngola da multinacional farmacêuticaShalina Healthcare, empresa que possui la-boratórios de medicamentos na Índia, Chi-na e que cobrem várias áreas terapêuticas.

Presente em Angola há mais de catorzeanos, notabiliza-se por apresentar uma ga-ma de produtos farmacêuticos de fabricopróprio de elevada qualidade que supremas necessidades para o tratamento dedoenças agudas e crónicas presente emÁfrica no geral e em Angola, em particular.

Consideramos que a Expo Farma cons-titui um evento muito importante. Trata-se do maior certame farmacêutico a nível

nacional que oferece a possibilidade aosexpositores de interagirem com os profis-sionais da saúde, e com as entidades da tu-tela farmacêutica no país. Permite-nosmostrar os nossos produtos e serviços, tro-car experiências e estabelecer parcerias.Nesta edição apresentámos como novida-des, na área dos dispositivos médicos, ostestes rápidos, e ainda produtos pediátri-cos e gastáveis, entre outros.

A população angolana pode esperar daÁfrica Pharmacy a garantia e o compro-misso de disponibilizar produtos de quali-dade que assegurem uma melhor saúdepara todos”.

Edisson Faria MOSEL

“A Mosel S.A. é uma empresa de direito an-golano, de comércio geral e prestação deserviços, com 18 anos de actividade e a re-presentação exclusiva para o mercado danossa região da empresa ALTER, detentorada marca Nutribén, especialista em produ-tos para alimentação infantil. Para alémdestes, também distribui medicamentosgenéricos, material gastável, equipamentomédico, mobiliário para hospitais, farmá-cias e clínicas.A Expo Farma é um evento que auxilia apromoção dos nossos produtos e permiteter um contacto directo com os clientes eoutros expositores do ramo farmacêutico.A Mosel apresentou como novidades, naedição deste ano, medicamentos genéricos

da marca Bluepharma, produtos de geria-tria com a representação para o mercadodos produtos INDAS e também a nova re-presentação de produtos de higiene oral damarca KIN.Futuramente, espera-se da Mosel muitotrabalho de forma a alcançar o crescimen-to que tanto se pretende para melhor serviros clientes.Aproveito a oportunidade para pedir aosclientes que continuem fiéis, porque tam-bém receberão do nosso lado toda a fideli-dade e lealdade, com base na simplicidadee eficiência dos nossos serviços que temosdemonstrado em prol da saúde de todosangolanos”.

Expo Farma 2015

Page 13: REVISTA Ordem dos Farmacêuticos da Ordem dos...2. Conheça a sua farmacologia, mecanis - mos de acção e efeitos. | Págs.15 a 18 R e acçõ sdv r ant imcr ob s nos erv iç dm a

Revista da Ordem dos Farmacêuticos de Angola | 13Outubro/Dezembro 2015

A Coreia ocupa o 13º lugar nomundo em termos económicos.E é o número 1 em muitas áreas.Pertencemos ao clube 30-50, oqual engloba os países com umapopulação superior a 50 milhõesde habitantes com um rendi-mento “per capita” anual de maisde 30 mil dólares. Existem ape-nas sete nações que cumprem si-multaneamente estes dois crité-rios.

A Coreia era o país mais pobredo mundo nos anos 60 do séculopassado. Subsistíamos apenascom ajuda externa. Ao contráriode Angola, não tínhamos nada. ACoreia é uma terra pequena, semrecursos no subsolo. Dispúnha-mos apenas dos nossos corposfortes, espíritos saudáveis e aconvicção de que "Nós pode-mos". Em menos de uma gera-ção, a Coreia tornou-se um paísdoador. O mundo considerouum milagre. Qual foi o segredodeste milagre? Simplesmente"trabalhando arduamente" nãoé suficiente para o rápido suces-so económico. Então qual foi osegredo?

Os três segredosO segredo foram os investi-

mentos. Para ser mais exacto, aCoreia fez três grandes investi-mentos para o desenvolvimentoeconómico. O primeiro foi naconstrução de uma economia demercado, com as devidas regrase infraestruturas. Investimos empeso! E continuamos a investirpara melhorar a economia. É umprocesso contínuo, uma condi-ção sine qua non.

O segundo investimento foina educação. Os nossos pais emães fizeram poupanças dopouco que tinham. E fizerampoupanças para quê? Pouparampara a educação de seus filhos. E

o governo fez o mesmo: investiuna educação pública. Este foi ofacto mais importante para o de-senvolvimento. Um desenvolvi-mento sustentável não é possívelsem cidadãos educados.

O terceiro investimento foi nasaúde pública. Começámos comcampanhas públicas de preven-ção sanitária. Construímos cen-tros de saúde locais e instituiçõesmédicas públicas. A partir demeados dos anos 70 a Coreia fezmais um grande investimento nasaúde das pessoas: introduziuum seguro nacional.

Actualmente, a Coreia é umdos países líderes no desenvolvi-mento de tecnologia e serviçosde saúde. Como referi atrás, nãohá desenvolvimento económicosustentável sem pessoas educa-das. Da mesma forma, não háprosperidade económica susten-tável sem que haja pessoas sau-dáveis.

Em síntese, dos três grandesinvestimentos da Coreia, dois fo-ram nos recursos humanos: sempessoas inteligentes e saudáveis,nenhuma economia é viável!Sem pessoas inteligentes e sau-dáveis o país não pode existir pormuito tempo. Esta foi a forma

que conduziu a Coreia ao que éagora.

Diplomacia do bem-estarDenominamos a política co-

reana de cooperação internacio-nal da saúde de "diplomacia dobem-estar", conforme declarouo ministro da Saúde da Coreia naassembleia anual da OMS, em2013.

A "diplomacia do bem-estar"da Coreia é um sistema duplo,com duas vertentes: uma públi-ca e outra privada. Em poucaspalavras, uma é de ajuda públicaao desenvolvimento e a outra co-mercial. Porém, a base é a mes-ma, dado que compartilhamosespecialidades da nossa compe-tência nos cuidados de saúde. Equais são então as componentesque fazem parte das nossas es-pecialidades?

O melhor sistema de seguro de saúde

do mundoEm primeiro lugar, nós temos

o melhor sistema de seguro desaúde no mundo. Ninguém estáfora da cobertura. O sistema deseguro de saúde é gerido poruma instituição pública e está to-talmente informatizado. Muitospaíses em desenvolvimento vêmà Coreia conhecê-lo e aprendercom a nossa experiência. Outros,estão interessados na utilizaçãoda aplicação informática.

Em segundo lugar, somosmuito bons em tratamento mé-dico para doenças não transmis-síveis como o cancro, diabetes,doenças cardiovasculares, entreoutras. Prestamos serviços de al-ta qualidade a baixo custo. Ob-serva-se, aliás, um número cres-cente de pacientes estrangeirosque vêm tratar-se à Coreia: 250mil, desde 2014.

Os três segredos do milagreeconómico e social da Coreia

Desenvolvimento e cuidados de saúde

De país mais po-bre do mundonos anos 60, semrecursos minerais,tornou-se, emmenos de umageração, numpaís doador. Ecom serviços desaúde e uma in-dústria farmacêu-tica muito avan-çada.

Kion Yul Lee Embaixador da Coreia em Angola

“A Coreia tem uma in-dústria farmacêuticaavançada. Concebemose lançámos cerca de 30medicamentos inovado-res, 300 biológicos e umnúmero incalculável degenéricos”

País convidado de honra

Page 14: REVISTA Ordem dos Farmacêuticos da Ordem dos...2. Conheça a sua farmacologia, mecanis - mos de acção e efeitos. | Págs.15 a 18 R e acçõ sdv r ant imcr ob s nos erv iç dm a

País convidado de honra14 | Revista da Ordem dos Farmacêuticos de Angola Outubro/Dezembro 2015

Indústria farmacêutica avançada

Em terceiro lugar, a Coreiatem uma indústria farmacêuticaavançada. Concebemos e lançá-mos cerca de 30 medicamentosinovadores, 300 biológicos e umnúmero incalculável de genéri-cos. O nosso objectivo é posicio-narmo-nos em 7º lugar no ran-king dos líderes mundiais da in-dústria farmacêutica até 2020.

Em quarto lugar, os hospitaiscoreanos atingiram o topo emgestão, a nível mundial. Total-mente informatizados. A maioriados hospitais, de diferentes ní-veis, estão ligados em rede unsaos outros. E ainda às farmáciase ao sistema nacional de segurode saúde. Com tudo isto, os pa-cientes beneficiam de um tempomais curto para iniciarem o seutratamento. Os seus serviços mé-dicos são supervisionados e assuas despesas médicas controla-das automaticamente.

Finalmente, dispomos de

uma excelente educação médica.Todos os anos, mais de três milmédicos qualificados são licen-ciados em mais de 40 faculdadesde medicina. Profissionais es-

trangeiros são igualmente treina-dos. Na área da ajuda pública aodesenvolvimento, através do pro-grama "Lee Jong-Wook Fellows-hip" são convidados todos osanos cerca de 100 médicos espe-cialistas estrangeiros para fre-quentar estágios de formaçãocom a duração de um ou doisanos.

Cooperação Angola-CoreiaOs nossos dois países inicia-

ram este ano um importante pro-grama de cooperação a nível mé-dico. A primeira consulta políticabilateral no domínio da saúderealizou-se a 2 de Fevereiro, emLuanda. Nessa ocasião, altos fun-cionários dos nossos dois Minis-térios encontraram-se e discuti-ram formas e meios para promo-ver a cooperação. Esta conferên-cia é um dos resultados destaconsulta. Um Memorando de En-tendimento (MoU) também estáa caminho. Este documento irápreparar a via para programas

mais concretos no âmbito danossa colaboração.

Na minha qualidade de Em-baixador da Coreia do Sul paraAngola, espero trabalhar em con-junto para identificar e imple-mentar muitos projectos bilate-rais. Acredito fortemente que te-mos uma enorme potencialidadepara gerar benefícios mútuos.Como mencionei anteriormente,a Coreia está disposta e determi-nada a compartilhar os seus co-nhecimentos e experiência emáreas como o seguro de saúde,produtos farmacêuticos, gestãohospitalar e desenvolvimento derecursos humanos. É tambémmeu desejo que conheceis as fá-bricas de produção de medica-mentos coreanos, a par do meuinteresse em conhecer as institui-ções médicas em Angola.

Comunicação apresentada na sessão deabertura da 2ª Semana da Farmácia An-golana, em Luanda, a 6 de Outubro de2015.

“Os dois países iniciarameste ano um importanteprograma de cooper-ação a nível médico. Aprimeira consulta políti-ca bilateral no domínioda saúde realizou-se a 2de Fevereiro, em Luan-da. Nessa ocasião, altosfuncionários dos respec-tivos Ministérios encon-traram-se e discutiramformas e meios para pro-mover a cooperação. “

Page 15: REVISTA Ordem dos Farmacêuticos da Ordem dos...2. Conheça a sua farmacologia, mecanis - mos de acção e efeitos. | Págs.15 a 18 R e acçõ sdv r ant imcr ob s nos erv iç dm a

Revista da Ordem dos Farmacêuticos de Angola | 15Outubro/Dezembro 2015

Folha Farmacoterapêutica

Órgão informativoCINFARMA– Centro de Informação Farmacêutica no

Departamento de FarmacovigilânciaDNME/MINSA

ANO 2 Nº 8 Outubro a Dezembro de 2015

MENSAGEM DE ABERTURA

Todo o nosso esforço tem um único objectivo: propor-cionar-lhe, a si e à sua família,melhores dias. Com o seuapoio e amizade atingimosgrandes metas, e outras nosesperam. Sentimo-nos realiza-dos com a sua alegria, prospe-ridade e felicidade, bem comocom a valorização da nossaprofissão. Nós acreditamos que é preciso acreditar.Nós acreditamos que só acreditando é possívelconstruir.Nós acreditamos que só construindo conseguire-mos vencer.Nós acreditamos na nossa profissão. Em si.Por isso, apresentamos-lhemais um feito farmacêuticoque gostaríamos que fizesseparte do seu quotidiano labo-ral, para a sua actualizaçãoprofissional. Pedimos-lhe que contribua para a sua melhoria. Esta Folha Farmacoterapêuti-ca estará sempre presente nesta sua Revista da OFA. Abrace esta causa.

O Director NacionalBoaventura Moura

OS ANTI-INFLAMATÓRIOS NÃO ESTERÓIDES:EFEITOS CARDIOVASCULARES,

CÉREBROVASCULARES, RENAIS E OUTROSIntroduçãoOs anti-inflamatórios não esteróides (AINEs) encontram-se entreos medicamentos mais prescritos em todo o mundo. Essa classeheterogénea de fármacos inclui a aspirina e vários outros agentesinibidores da ciclo-oxigenase (COX), selectivos ou não. Os AINEsnão selectivos são os mais antigos e designados como tradicionaisou convencionais. Os AINEs selectivos para a COX-2 são designa-dos COXIBEs. Nos últimos anos, tem sido questionada a seguran-ça do uso dos AINEs na prática clínica, particularmente dos ini-bidores selectivos da COX-2. As evidências sobre o aumento dorisco cardiovascular com o uso de AINEs são ainda incompletas,pela ausência de ensaios randomizados e controlados com poderpara avaliar desfechos cardiovasculares relevantes.No entanto, os AINEs também podem induzir uma variedade dealterações prejudiciais à função renal, especialmente naquelespacientes que já têm a perfusão sanguínea renal diminuída e nosque fazem uso prolongado dessas drogas, 4,5,6tornando o rim o se-gundo órgão mais afectado pelos efeitos adversos desses fárma-cos.6

O comprometimento renal constitui um dos principais respon-sáveis pelo alto índice de morbimortalidade associada ao uso in-discriminado dos AINEs. O grupo de risco para as alterações renais causadas por AINEs in-clui os pacientes com queda da taxa de filtração glomerular, porhipovolémia, insuficiência cardíaca congestiva, cirrose (princi-palmente quando há ascite) ou nefróticos com altos níveis de pro-teinúria.7 Situação análoga ocorre em pacientes com nefrite lú-pica, assim como nos hipertensos, nos diabéticos e naqueles quefazem uso concomitante de AINEs e diuréticos ou que fazem usoabusivo de analgésicos4,6

Nos últimos anos, tem sido questionada a segurança do uso dosAINEs na prática clínica, particularmente dos inibidores selecti-vos da COX-2 em presença de determinadas condições e doenças,o que levou à retirada de alguns desses fármacos do mercado. OsAINEs tradicionais podem apresentar padrão de selectividadeCOX-2 similar ao dos COXIBEs, como é o caso do diclofenacocomparado com o celecoxibe ou serem inibidores mais activosda COX-1, como naproxeno e ibuprofeno.

FARMACOLOGIAAs diferenças nos efeitos biológicos dos inibidores da COX resul-tam do grau de selectividade para as duas isoenzimas, das varia-ções teciduais específicas em sua distribuição e das enzimas queconvertem a PGH2 em prostanoides específicos. Os AINEs não selectivos da COX inibem a produção de prosta-glandinas na mucosa gastrointestinal, podendo causar gastro-duadinite, úlcera gástrica e sangramento digestivo. Esses AINEs,como a aspirina, reduzem a produção plaquetária de TXA2 , de-vido ao bloqueio da COX-1, e previnem a trombose arterial. Re-centemente, tem sido postulado que os inibidores selectivos daCOX-2 aumentam o risco cardiovascular. Esses agentes não blo-

queiam a formação de TXA2, nem exercem acção antiplaquetá-ria, devido à inibição mínima da COX-1, porém, reduzem a pro-dução de prostaciclina19. O aumento do risco cardiovascular po-deria resultar da não oposição às acções do TXA2 e da propensãoà trombose. Além disso, vários modelos experimentais têm mos-trado o efeito cardioprotector da COX-2, que poderia ser bloquea-do pelos inibidores dessa isoforma. A COX-2 expressa-se em ní-veis baixos pelas células endoteliais em condições estáticas. Po-rém, é induzida pelo estresse de cisalhamento18. Esses achadossugerem que a redução da produção de prostaciclina, secundáriaao decréscimo da COX-2, pode aumentar o risco de aterogênesefocal em locais de bifurcação vascular. A partir da década de 1960, muitos AINEs não selectivos foramintroduzidos na prática clínica. Esses AINEs, tradicionais ou con-vencionais, apresentam efeitos inibitórios variados em relação àCOX-1 e COX-2, bem como aos efeitos colaterais no tubo digesti-vo. A aspirina é aproximadamente 166 vezes mais potente comoinibidor da COX-1 em relação à COX-220. A aspirina acetila e inibeirreversivelmente a isoenzima COX-1, o que leva à inibição pla-quetária completa, pelo tempo de vida das plaquetas21. OutrosAINEs não selectivos, como naproxeno, ibuprofeno e piroxicam,causam inibição variável da COX-1 e COX-2 e provocam inibiçãoplaquetária reversível.

MECANISMO DE ACÇÃO DOS AINESO principal mecanismo de acção dos AINEs é a inibição das ci-clooxigenases, impedindo, assim, a síntese de prostaglandinas.Inibindo as ciclooxigenases, os AINEs provocam uma série de efei-tos colaterais, abaixo detalhados: • Impedem o efeito vasodilatador das prostaglandinas, causandovasoconstrição renal e redução na taxa de filtração glomerular,podendo evoluir para necrose tubular aguda. • Impedem o efeito inibitório das prostaglandinas sobre os linfó-citos T, permitindo a activação dessas células, com consequenteliberação de citocinas pró-inflamatórias; • Deslocam o ácido araquidónico para a via das lipoxigenases, au-mentando a síntese de leucotrienos pró- inflamatórios; • A lipoxigenase induz um aumento da permeabilidade capilar,podendo contribuir para a proteinúria, por alterar a barreira defiltração glomerular.Os anti-inflamatórios selectivos afectam menos os indivíduoscom função renal normal e afectam de modo semelhante os pa-cientes com alterações renais prévias. Nestes, a gravidade do qua-dro é directamente proporcional ao tempo de terapia.Estudos clínicos recentes mostram que o papel funcional da COX-2 nos rins está principalmente associado à manutenção da ho-meostase hidroelectrolítica, enquanto a COX-1 parece estar maisrelacionada à manutenção da filtração glomerular normal. Como tanto a COX-1 como a COX-2 estão presentes nos rins, to-das as classes de AINEs podem causar, em maior ou menor grau,lesão nesse órgão. Até há pouco tempo, acreditava-se que a toxi-

REPÚBLICA DE ANGOLAMINISTÉRIO DA SAÚDEDIRECÇÃO NACIONAL

DE MEDICAMENTOS E EQUIPAMENTOS

Page 16: REVISTA Ordem dos Farmacêuticos da Ordem dos...2. Conheça a sua farmacologia, mecanis - mos de acção e efeitos. | Págs.15 a 18 R e acçõ sdv r ant imcr ob s nos erv iç dm a

Folha Farmacoterapêutica16 | Revista da Ordem dos Farmacêuticos de Angola Outubro/Dezembro 2015

cidade renal estava associada apenas aos inibidores daCOX- 1 devido à maior quantidade dessa enzima nos rins.Entretanto, recentemente, foram descritos casos de toxi-cidade renal associada aos inibidores selectivos da COX-2,como o rofecoxibe e o celecoxib.A expressão constitutiva da COX-2 em tecidos renais levan-ta a possibilidade de que os seus inibidores específicos, co-mo rofecoxib e celecoxib, sejam capazes de causar os mes-mos efeitos adversos renais que os AINEs não-selectivos.2

Todavia, os efeitos hemodinâmicos renais, os quais podemser mediados pela acção da COX-1, podem constituir umaexcepção, pelo menos em adultos saudáveis em condiçõesfisiológicas.Os efeitos dos inibidores selectivos da COX-2 sobre a funçãorenal ainda não foram completamente esclarecidos e os ris-cos de usá-los cronicamente ainda não estão bem estabe-lecidos. Um estudo realizado por Vogt et al., com pacientesque apresentavam proteinúria de aproximadamente4,4g/24h devido a glomerulopatias, mostrou que o uso derofecoxib 50mg levou a um aumento reversível da creatini-na sérica, devido a uma redução da taxa de filtração glome-rular.

ALGUNS NÃO ESTERÓIDES (AINES) PODEM REDUZIR A FERTILIDADE FEMININASegundo especialistas, alguns medicamentos podem redu-zir a fertilidade feminina. Alguns investigadores descobri-ram que um grupo de medicamentos conhecidos como fár-macos anti-inflamatórios, “inibem de forma significativaa ovulação”. Estes produtos estão entre as drogas mais usa-das em todo o mundo, sendo tomadas por dezenas de mi-lhões de pessoas todos os dias. Disponíveis sem receita mé-dica, são amplamente utilizados para o tratamento de do-res, inflamação e febre, todas as características comuns decondições que envolvem a dor articular e muscular. Sãoexemplo os populares naproxenos, diclofenaco, ibuprofenoe ácido acetilsalicílico.Os pesquisadores analisaram os efeitos de três AINEs: di-clofenaco, naproxeno e etoricoxib e a sua relação com a fer-tilidade.Apenas 6% a 27% das mulheres que tomavam os medica-mentos, ovularam normalmente, dependendo do tipo demedicamento utilizado. Os médicos confirmaram que orisco de redução da fertilidade relacionado com as drogasdevem ser comunicados às mulheres que tomam regular-mente esta medicação.Os pesquisadores sugerem que as drogas também podem

ser pesquisadas como um contraceptivo potencial. “Depoisde apenas dez dias de tratamento, vimos uma diminuiçãosignificativa da progesterona, uma hormona essencial paraa ovulação, em todos os grupos de tratamento, bem comocistos funcionais em um terço das pacientes”, demonstrouo investigador do estudo, professor da Universidade de Bag-dá, no Iraque, Sami Salman.“Estes resultados mostram que, mesmo o uso a curto prazodestes populares medicamentos, poderiam ter um impactosignificativo sobre a capacidade das mulheres de ter filhos.Esta realidade precisa ser melhor comunicada aos pacien-tes com doenças reumáticas, que podem tomar esses me-dicamentos em uma base regular, com pouca consciênciado impacto.

EFEITOS DOS AINES NA HIPERTENSÃO ARTERIALDuas grandes meta-análises14,15, englobando mais de 90 en-saios clínicos, demonstraram que os AINEs podem elevara pressão arterial. Em ambas, a elevação ocorreu em maiormagnitude nos pacientes hipertensos. Na análise de Popee cols.14, indometacina e naproxeno elevaram a pressão ar-terial média em 3,59 mmHg e 3,74 mmHg, respectivamente.O piroxicam exerceu aumento negligível (0,49 mmHg) dapressão arterial média. Na meta-análise de Jonhson e cols.15, os dados mostraramque os AINEs aumentaram a pressão arterial supina médiaem cerca de 5,0 mmHg. O piroxicam induziu o aumentomais elevado (6,2 mmHg). Aspirina, sulindac e flubiprofenoapresentaram a menor elevação da pressão arterial; indo-metacina e ibuprofeno exerceram efeitos intermediários.O conjunto de dados também mostrou que os AINEs inter-ferem com os efeitos anti-hipertensivos das diversas classesdesses agentes, especialmente daquelas cujo mecanismode acção envolve também a síntese das prostaglandinas va-sodilatadoras, como diuréticos, inibidores da enzima deconversão da angiotensina e betabloqueadores. Bloquea-dores dos canais de cálcio e antagonistas dos receptores deangiotensina II sofreram menor interferência dos AINEsem seus efeitos16,17

O aumento da pressão arterial provocado pelos AINEs as-sociou-se ao declínio significante das concentrações deprostaglandinas e renina.

EVENTOS CEREBROVASCULARES DOS AINESRecentemente, Haag e cols.13 avaliaram 7.636 indivíduoscom idade média de 70,2 anos, dos quais 61,3% eram mu-

lheres, sem manifestação de isquemia cerebral prévia(1991-1993), para incidência de acidente vascular cerebral(AVC) até Setembro de 2004. Em 70.063 pessoas/ano de se-guimento (média = 9,2 anos), 807 indivíduos desenvolve-ram AVC (460 isquémicos, 74 hemorrágicos e 237 não es-pecificados). Os usuários habituais de AINEs não selectivos(HR 1,72; IC 95%; 1,22 a 2,44) e de inibidores selectivos daCOX-2 (HR 2,75; IC 1,28 a 5,95) tiveram maior risco de AVC,porém não os que tomaram inibidores selectivos da COX-1 (HR 1,1; IC 0,41 a 2,97). O autor concluiu que, na populaçãogeral, o risco de AVC foi maior com o uso corrente de AINEsselectivos, porém não limitado a estes, pois ocorre tambémcom os AINEs não selectivos.

EVENTOS CARDIOVASCULARES DOS AINESRecentemente, Garcia Rodriguez e cols.1 avaliaram a asso-ciação entre a frequência, dose e duração do uso de diferen-tes AINEs e o risco de enfarte do miocárdio na populaçãogeral. Verificaram também se o grau de inibição da COX-2no sangue total poderia ser um preditor bioquímico “subs-tituto” para o risco de enfarte do miocárdio associado aosAINEs. Foram identificados 8.852 casos de enfarte não fatalem pacientes com 50 a 80 anos, entre 2000 e 2005, e realiza-da a análise de casos-controlo. Correlacionou-se o risco deenfarte com o grau de inibição da COX-1 plaquetária e daCOX-2 monocítica in vitro pela concentração terapêuticamédia de cada AINE.O risco de enfarte do miocárdio aumentou com o uso habi-tual de AINEsO grau de inibição da actividade da COX-1 e COX-2 no san-gue total, in vitro, induzido pelos AINEs individualmente,mostrou que, com excepção do naproxeno e ibuprofeno,todos os outros inibiram a COX-2 mais intensamente quea COX-1, em concentrações terapêuticas.A inibição da prostaciclina dependente da COX-2 pode re-presentar o factor principal para o risco aumentado de en-farte do miocárdio entre os AINEs, com supressão não fun-cional da COX-1. Essa propriedade é compartilhada pelamaioria dos AINEs tradicionais e COXIBEs, e a determina-ção da concentração da COX-2 no sangue total pode repre-sentar um desfecho substituto para predizer o risco cardio-vascular desses fármacos.A separação dos AINEs em inibidores selectivos ou não daCOX-2 representa apenas parcialmente a predição do riscocardiovascular dos AINEs. Esses resultados são consisten-tes com os de estudos casos-controlo e ensaios clínicos ran-domizados8,9, porém só parcialmente, com a visão actualde que a selectividade para a COX-2 é um atributo necessá-rio para o risco cardiovascular. Em verdade, demonstrou-se que a acção prolongada e doses altas do composto activoassociam-se ao risco aumentado para qualquer AINE. Essesachados sugerem que o grau de inibição da COX por níveisterapêuticos de AINEs deve ser considerado o maior deter-minante do risco cardiovascular.5,11,12

A adição de um AINE ao esquema terapêutico de pacienteem uso de diurético para controlo de doença cardiovascu-lar, associada à retenção de sódio e água, aumenta a proba-bilidade de desenvolvimento de insuficiência cardíaca.Num estudo que envolveu cerca de 10.000 indivíduos, com55 anos ou mais, o uso concomitante de diuréticos e AINEsassociou-se ao aumento de duas vezes na taxa de hospita-lização por insuficiência cardíaca3. Pacientes com históriaprévia de insuficiência cardíaca congestiva apresentarammaior risco3.

ALTAS DOSES DE IBUPROFENO ASSOCIADAS A RISCO CARDÍACO 10Alerta sobre o anti-inflamatório é feito pelo Comité deAvaliação do Risco em Farmacovigilância (PRAC) daAgência Europeia do Medicamento (EMA).O anti-inflamatório ibuprofeno, quando tomado deforma diária e em doses muito elevadas, aumenta o ris-co dos doentes sofrerem um AVC ou um enfarte agudodo miocárdio.A informação diz respeito a tomas diárias do medicamentosuperiores a 2400 mg, esclarece um comunicado da EMA.

Tabela 12 -Resumo dos efeitos dos AINE’s na função renal

Síndrome Renal Mecanismos Factores de risco Prevenção/Tratamento

Retenção de sódio ↓Prostaglandina Terapia com AINE’s Interromper o uso do AINEe edema (efeito adverso mais

comum)

Hipercalemia ↓Prostaglandina, Doença renal, Interromper o uso do AINE,↓secreção de potássio insuficiência cardíaca, evitar indometacina para túbulo distal e diabetes, mieloma em pacientes de alto risco↓aldosterona/ múltiplo, terapia comreninaangiotensina diurético poupador

de potássio

Insuficiência Renal ↓Prostaglandina Doença hepática, Interromper o uso do AINEAguda e queda do balanço doença renal, evitar o uso em pacientes

hemodinámico insuficiência cardíaca, de alto riscodesidratação, idosos

Síndrome nefrótica ↓Recrutamento e activação Fenoprofeno Interromper o uso do AINE,com nefrite dos linfócitos dialisar e fazer uso intersticial aguda de esteróides (?)

se necessário

Necrose Papilar Toxicidade directa Abuso de fenacetina, Interromper o uso de AINE, combinação de aspirina evitar uso crónico e acetaminofeno de analgésico

Page 17: REVISTA Ordem dos Farmacêuticos da Ordem dos...2. Conheça a sua farmacologia, mecanis - mos de acção e efeitos. | Págs.15 a 18 R e acçõ sdv r ant imcr ob s nos erv iç dm a

Revista da Ordem dos Farmacêuticos de Angola | 17Outubro/Dezembro 2015

As conclusões do PRAC vão ser remetidas para o Comité deMedicamentos de Uso Humano, também pertencente àmesma agência, e a quem cabe a palavra final sobre o tema.O medicamento está disponível em embalagens de 200, 400ou 600 mg. O número de comprimidos que se tomam pordia varia de acordo com a doença, mas em todos os casos,a bula do fármaco nas suas várias apresentações, frisa sem-pre que “em qualquer caso, a dose diária não deverá exceder2400 mg de ibuprofeno”As conclusões da revisão de informação feita pelo PRAC“confirmam um pequeno aumento do risco de problemascardiovasculares” nos doentes que “tomam doses altas deibuprofeno”. “A revisão clarifica que o risco de elevadas do-ses de ibuprofeno é semelhante ao encontrado noutros an-ti-inflamatórios não esteróides”, explica a nota, onde se re-fere como exemplo o diclofenaco, conhecido pelo nome demarca Voltaren e que, no passado, levou a alertas seme-lhantes, e os chamados inibidores selectivos da COX-2.Em todos os casos, o PRAC defende que os benefícios desteanti-inflamatório (campeão de vendas a nível mundial) ain-da são superiores aos riscos, sendo apenas necessário ac-tualizar os alertas relacionados com os perigos relaciona-dos sobretudo para quem ultrapassa os limites de dosagemdiária. As conclusões tiveram como base a análise de vários traba-lhos publicados nos últimos anos sobre os efeitos deste me-dicamento, num estudo que começou em Junho de 2014, apedido do regulador do medicamento do Reino Unido. Oorganismo defende que deve haver um cuidado especialcom os doentes que já apresentam doença cardíaca, comohistorial de problemas circulatórios, AVC ou ataque car-díaco, assim como todos os casos em que se prevê um usoprolongado do ibuprofeno. A EMA dá ainda exemplos dealguns factores de risco, como por exemplo, o tabaco, a hi-pertensão, a diabetes e o colesterol.Alguns dados do PRAC apontam ainda para que o ibupro-feno possa interagir com medicamentos como a aspirina,que muitas vezes é tomada como forma de prevenir AVCs.No entanto, no uso esporádico, o organismo considera quenão existem problemas sérios. As recomendações aplicam-se também a um anti-inflamatório semelhante ao ibupro-feno, mas menos utilizado – o dexibuprofeno.

DOSAGENS RELACIONADAS AO USO DE AINES NAINTERACÇÃO DAS PROSTAGLANDINAS E A FUNÇÃO RENAL 2Dada a variedade de tipos celulares nos rins e as suas dife-rentes funções, a tamanha complexidade da interacção en-tre as prostaglandinas e a função renal já é esperada. Asprostaglandinas estão envolvidas na liberação de renina,na homeostase de sódio e água, no tónus vascular local, nacirculação regional e no balanço de potássio. As prostaglan-dinas actuam em conjunto com uma variedade de outrosmediadores, que mesmo na ausência das mesmas, podempreservar a homeostase. Assim, a inibição da função dasprostaglandinas pelos AINEs é mais passível de causarcomplicações em pacientes de risco com queda da perfu-são renal do que em pacientes normais. As desordens re-nais relacionadas ao uso de AINEs são, por ordem decres-cente de frequência, distúrbios hidroeletrolíticos, insufi-ciência renal aguda, síndrome nefrótica (com nefrite inters-ticial), necrose papilar e outras.

AINES E DISTÚBRIO HIDROELETROLÍTICOA retenção hídrica induzida pelos AINEs é tipicamente be-nigna, sendo reversível com a descontinuação da medica-ção. A retenção de sódio ocorre em cerca de 25% dos pa-cientes que usam AINEs. A redução na excreção de sódio e,em consequência, de água, leva a uma expansão volémicae à hipertensão. Esse aumento da pressão arterial é maisimportante em pacientes previamente hipertensos. Indi-víduos tratados com diuréticos ou β-bloqueadores sãomais vulneráveis do que aqueles que fazem uso de bloquea-dores de canal de cálcio, vasodilatadores directos ou cloni-dina. Outros distúrbios electrolíticos também são induzi-dos por AINEs, sendo o mais importante, a retenção de po-

tássio, com consequente desenvolvimento de hipercale-mia.A retenção hidrossalina é a complicação mais frequente re-lacionada ao uso de AINEs e está presente em quase todosos indivíduos expostos a essas drogas mas o edema passívelde ser detectado clinicamente ocorre em menos de 5% dospacientes e é reversível com a interrupção do tratamento.Os AINEs podem diminuir em cerca de 20% a resposta aosdiuréticos, principalmente os diuréticos de alça. Esse efeitopode estar ainda mais pronunciado naqueles pacientespropensos a reter sódio, como por exemplo, os portadoresde insuficiência cardíaca congestiva.A incidência de edema é provavelmente maior em pacien-tes com uso crónico dessas drogas. O início da retenção hí-drica ocorre por noma no início da terapia e pode chegar anúmeros impressionantes, como no caso do aumento de15kg, em uma paciente de 70 anos que fez uso de ibuprofe-no por apenas 17 dias. Os múltiplos mecanismos pelos quais os AINEs interferemna regulação do sódio e da água pelos rins podem explicara incidência dessa complicação. Como mencionado pre-viamente, essas drogas tem o potencial de interferir na diu-rese e na natriurese através das suas acções sobre o trans-porte de cloreto de sódio, de hormona antidiurética e datransmissão do fluxo sanguíneo mediado pelas prostaglan-dinas. A patogénese da síndrome nefrótica também estáincluída nessas hipóteses. A hiponatremia associada à ac-tividade física tem sido relatada com frequência sendo ouso de AINEs um factor de risco para esta complicação. OsAINEs têm o potencial de alterar os efeitos da arginina va-sopressina através da inibição da síntese renal de prosta-glandinas, além de reduzir a taxa de filtração glomerular,efeitos que reduzem a capacidade renal de diluição da uri-na, levando ao desenvolvimento de hiponatremia.A hipercalemia é uma complicação menos frequente, pro-vavelmente pela multiplicidade de factores capazes demanter o balanço de potássio, mesmo na ausência de pros-taglandinas. A hipercalemia ocorre mais em pacientes derisco como os portadores de insuficiência cardíaca, diabe-tes, mieloma múltiplo ou em pacientes que receberam su-plementação de potássio ou se encontram em uso de inibi-dores da enzima de conversão da angiotensina (IECA). Aindometacina parece ser o AINE mais associado a esse tipode complicação e causou hipercalemia em pacientes semfactores de risco aparentes2.

AINES E INSUFICIÊNCIA RENAL AGUDA (IRA)Os AINEs, juntamente com os aminoglicosídeos e os con-trastes radiológicos, são responsáveis por mais de 90% dasinsuficiências renais agudas causadas por drogas. Um es-tudo, realizado por Lafrance e Miller, mostrou que algunsAINEs, como naproxeno, piroxicam, ketorolac, etodolac,indometacina, sulindac, ibuprofeno e doses altas de aspi-rina, estão associados a alto risco de IRA, enquanto rofeco-xib, celecoxib, meloxicam e diclofenaco não estão associa-dos à IRA significante. Os AINEs podem levar a duas dife-rentes formas de IRA: a hemodinamicamente-mediada e anefrite intersticial aguda (que pode ou não estar acompa-nhada da síndrome nefrótica). As duas provavelmente es-tão associadas à redução na síntese de prostaglandinas pe-los AINEs2

IRA HEMODINAMICAMENTE MEDIADA Do ponto de vista clínico, o efeito renal mais importante in-duzido por AINEs é a insuficiência renal aguda hemodina-micamente mediada, que ocorre em indivíduos de risco, ouseja, aqueles com uma redução da perfusão renal preexis-tente. Normalmente, os rins desses pacientes produzemprostaglandinas localmente, o que, através da vasodilata-ção e outros efeitos glomerulares, ajudam a manter a per-fusão renal, que se encontra deficiente e a função normalem casos de diminuição da perfusão. Já em pacientes hígi-dos não ocorre essa libertação local para aumentar a per-fusão.Apesar de os AINEs não interferirem na taxa de filtraçãoglomerular em pessoas com função renal normal, pode

ocorrer uma descompensação aguda em pacientes de riscocom várias doenças renais ou extra-renais que podem levara um decréscimo da filtração glomerular. A disfunção renalnesse caso pode ser atribuída à interrupção do delicado ba-lanço entre os mecanismos pressóricos mediados por hor-monas e os efeitos vasodilatadores relacionados às prosta-glandinas. Em pacientes de risco, a contracção de volumeestimula uma resposta pressórica pelos sistemas adrenér-gicos e renina-anigiotensina. Em contraposição a essa va-soconstricção, as prostaglandinas liberadas localmentepromovem uma vasodilatação renal. O uso de AINEs au-menta o risco de azotemia e de danos isquémicos nos rinspor retirar esse efeito protector das prostaglandinas, per-mitindo a vasoconstrição.Assim, a inibição da síntese de prostaglandinas pelos AINEspode ocasionar isquemia renal reversível, declínio da pres-são hidrostática glomerular (a principal força envolvida noprocesso de filtração glomerular), necrose tubular aguda eIRA. A necrose tubular aguda (NTA) pode ser definida como umdano às células tubulares, causando IRA, na ausência deuma patologia vascular ou glomerular significante. A NTAtem sido relacionada com o uso de fenoprofeno, ibuprofenoe fenilbutazona.Inicialmente, a síndrome renal induzida pelos AINEs apre-senta-se com níveis sépticos elevados de ureia, creatininae potássio e com uma produção de urina reduzida (oligú-ria). O aumento nos níveis sépticos de creatinina é visto nosprimeiros três a sete dias de uso dos AINEs, tempo esse ne-cessário para que a droga atinja seus níveis máximos e, por-tanto, uma máxima inibição da síntese de prostaglandinas.Se o tratamento com AINEs for interrompido, os sintomascostumam ser reversíveis em até 24 horas. Caso a terapiaseja mantida, o paciente pode evoluir para uma disfunçãorenal progressiva e desenvolver uma necrose tubular agudanecessitando de diálise. Qualquer AINE pode ocasionar IRA. Sendo assim, não sóos AINEs inibidores não-selectivos (como se pensava anti-gamente), mas também os inibidores selectivos da COX-2podem ser nefrotóxicos. Tem-se discutido recentemente a nefrotoxicidade do anal-gésico parenteral. Estudos sugerem que o ketorolac apre-senta um maior potencial nefrotóxico que outros AINE,uma vez que reduz a taxa de filtração glomerular de algunspacientes, e aumenta o risco desses desenvolverem uma in-suficiência renal aguda. Um estudo retrospectivo de 1997realizado em 35 hospitais da Filadélfia, Estados Unidos,mostrou que pacientes que foram tratados com ketorolacpor mais de cinco dias apresentaram uma taxa elevada deinsuficiência renal aguda, quando comparados a pacientesque foram tratados apenas com analgésicos opióides (quenão apresentam poder nefrotóxico).Há evidências que sugerem que alguns AINEs não selecti-vos possuem um poder nefrotóxico menor que outros. Aaspirina, por exemplo, inibe apenas parcialmente as cicloo-xigenases renais, em contraste à sua acção irreversível nasplaquetas. Sendo assim, baixas doses de aspirina (até 40mgao dia) parecem ser mais seguras em relação a outros AI-NEs não selectivos, no que diz respeito aos riscos de insufi-ciência renal aguda. Contudo, em pacientes idosos, mesmoa aspirina em baixas doses, ou a aspirina associada a outrosAINEs, pode levar a um declínio na função renal. O ibuprofeno, por sua vez, em baixas doses, parece ser pou-co nefrotóxico para a maioria das pessoas. Entretanto, mes-mo as doses baixas do ibuprofeno podem reduzir a funçãorenal de pacientes que já possuem uma perfusão renal com-prometida. O mecanismo pelo qual o sulindac poupa a síntese de pros-taglandinas renais ainda não é totalmente compreendido.Sendo assim, a segurança no uso do sulindac não é total-mente garantida, sendo necessária monitorização cuida-dosa do paciente durante o tratamento. A deterioração aguda da função renal ocorre em 0,5 a 1%dos pacientes em uso crónico de AINEs e até em 13% dospacientes mais frágeis, como os idosos. Aproximadamente1 em 200 pacientes com mais de 65 anos irá desenvolver in-

Page 18: REVISTA Ordem dos Farmacêuticos da Ordem dos...2. Conheça a sua farmacologia, mecanis - mos de acção e efeitos. | Págs.15 a 18 R e acçõ sdv r ant imcr ob s nos erv iç dm a

Folha Farmacoterapêutica18 | Revista da Ordem dos Farmacêuticos de Angola Outubro/Dezembro 2015

suficiência renal aguda dentro de 45 dias após o início daterapia com os AINEs.Existe uma série de razões pelas quais os pacientes idosossão mais susceptíveis à nefrotoxicidade por AINEs. Eles ge-ralmente têm baixos níveis de albumina, resultando no au-mento dos níveis de droga livre. Pacientes idosos também apresentam um nível de águacorporal reduzido, o que proporciona maiores concentra-ções dos AINEs, além de possuírem o metabolismo hepá-tico mais lento, o que pode levar a um aumento da concen-tração sanguínea dos fármacos. Assim, ter mais de 80 anosé considerado um factor de risco independente da própriafisiologia. Ocorre queda de 50% da função renal em cercade 50% da população nessa faixa etária, primariamente co-mo resultado da progressão da arteriolonefroesclerose.Pacientes renais crónicos têm um maior risco de desen-volver insuficiência renal aguda induzida por AINEs devi-do à deficiente produção renal de prostaglandinas. A ex-creção urinária de Prostaglandina E2é quantitativamentemaior em pacientes que desenvolveram insuficiência re-nal induzida por AINEs do que naqueles que não desen-volveram e o ibuprofeno provou ser mais nefrotóxico doque o piroxican ou o sulindac.A contracção polémica causada por terapia diurética oupor doenças intercorrentes que causem desidratação tam-bém representa um importante factor de risco para o de-senvolvimento de insuficiência renal aguda induzida porAINEs2.

SÍNDROME NEFRÓTICA E NEFRITEINTERSTICIAL AGUDAOs AINEs podem ainda causar outro tipo de disfunção re-nal que está associada a vários níveis de dano e é caracte-rizada por síndrome nefrótica com nefrite intersticial agu-da. As características clínicas, a ausência de factores de ris-co e a fisiopatologia podem distingui-la de outras síndro-mes renais induzidas por AINEs e da clássica nefrite alér-gica intersticial induzida por drogas.O início da síndrome nefrótica causada por AINEs normal-mente é tardio, cerca de quatro ou cinco meses após o iní-cio da terapia e tem a duração de duas semanas a 18 meses.Pode ser reversível após um mês a um ano da interrupçãodo tratamento. Durante a recuperação, alguns pacientespodem precisar de diálise. Essa síndrome tem sido maiscomummente relatada após o uso de fenoprofen (aproxi-madamente dois terços dos casos) do que com outros AI-NEs.O uso contínuo de AINE pode produzir proteinúria maciçae síndrome nefrótica, associada a lesões glomerularesidênticas àquelas encontradas na doença de lesão mínimaem crianças. A inibição das ciclooxigenases pelos AINEsprovoca um deslocamento do ácido araquidónico para asíntese de leucotrienos, que são responsáveis pela activa-

ção de células T.Relatos de casos de doença de lesão mínima, associada àsíndrome nefrótica, causada pelo uso de AINEs, são bas-tante raros. Um interessante caso foi publicado em 2008,na Croácia: uma paciente do sexo feminino, de 53 anos, de-senvolveu doença de lesão mínima associada à síndromenefrótica e necrose tubular aguda, devido ao uso crónicode diclofenaco para dores musculares e artropatias, nãohavendo outra causa aparente para o desenvolvimento doquadro, a não ser o uso do AINE.O quadro de nefrite intersticial aguda associada à síndro-me nefrótica ocorre mais frequentemente com o fenopro-feno21, mas provavelmente pode acontecer com qualqueroutro AINEs. Há, inclusive, casos relatados de AINEs inibi-dores selectivos da COX-2 associados com esse padrão deNIA e síndrome nefrótica2.

NEFROPATIA MEMBRANOSAApresenta-se clinicamente como síndrome nefrótica (emmuitos casos também como proteinúria não nefrótica),podendo, em alguns casos, vir associada à microhematú-ria, hipertensão e insuficiência renal moderada. A maioriados pacientes com síndrome nefrótica causada por AINEs,que vão à biópsia renal, entretanto, apresenta doença delesão mínima.Muitos dos pacientes que desenvolveram nefropatiamembranosa fizeram uso de um AINE específico: o diclo-fenaco. Entretanto, qualquer AINE pode estar envolvidocom esse tipo de glomerulopatia. Deve-se levar em consi-deração que a fisiopatologia da nefropatia membranosacausada por AINEs não é conhecida, e nenhum antígenodepositado foi eluído e mostrado ter relação com os AINEs,apenas sugere-se uma relação causa-efeito2.

AINES E NECROSE DE PAPILA RENAL De acordo com informações dos respectivos produtores,a administração crónica de quase todos os AINEs causanecrose papilar em experimentos laboratoriais em ani-mais, e alguns relatos clínicos de casos podem ser encon-trados na literatura médica actual. A necrose papilar pa-rece ser a única forma irreversível de toxicidade renal.Grande parte das anormalidades renais encontradas co-mo resultado do uso de AINEs pode ser atribuídas ao efeitodessas drogas sobre as prostaglandinas.Os AINEs parecem estar associados a casos de necrose dapapila renal principalmente em pacientes com doença re-nal latente pré-existente. Há geralmente história de inges-tão excessiva de AINEs durante um período de severa de-sidratação.A ingestão excessiva de AINEs causa isquemia e posteriornecrose das papilas renais. Alguns AINEs podem ter efeito directo na papila renal,principalmente combinações de aspirina e acetaminofe-

no. Ambas as drogas ficam altamente concentradas namedula2.O que é clinicamente notável é que a exposição crónica (10a 20 anos) do rim a altas doses de analgésicos combinados,assim como salicilatos e acetaminofeno, muitas vezes comadição de cafeína, podem produzir uma necrose papilarcrónica progressiva. A pigmentação escura encontrada nanecrose papilar associada ao uso de fenacetina está ausen-te nos pacientes em uso de aspirina ou outros AINEs. Essapigmentação escura pode ser causada por um subprodutodo metabolismo de fenacetina. O uso de fenacetina, inclu-sive, parece estar relacionado com um maior risco de mor-te por doenças e neoplasias renais ou urológicas, e o seuuso foi temporariamente banido, sendo hoje a sua vendaparticularmente restrita. Em 1948, foi descoberto que o pa-racetamol constitui o maior metabólito de fenacetina2.

AINES E INSUFICIÊNCIA RENAL CRÓNICAAlguns estudos sugerem que o uso diário de AINEs por umperíodo maior que um ano pode estar associado a um au-mento no risco de insuficiência renal crónica (IRC).O IRC ocorre mais frequentemente em pacientes que de-senvolveram nefrite intersticial aguda. Parece que a funçãorenal não consegue retornar ao normal após um episódiode NIA e a fibrose intersticial pode progredir para IRC se ouso do AINE não for interrompido.

CONSIDERAÇÕES FINAIS- A prescrição dessa classe farmacêutica deve ser criteriosa,especialmente para os pacientes considerados de alto riscopara desenvolver lesão renal, como idosos, hipertensos,diabéticos.O risco de enfarte do miocárdio aumentou com o uso ha-bitual de AINEs- Uso prolongado de AINEs pode causar elevação da pres-são arterial média, principalmente em hipertensos, e in-terferir com os efeitos anti-hipertensivos.- A nefrotoxicidade dos anti-inflamatórios não esteróidesé relatada em diversos estudos e está relacionada princi-palmente à sua acção inibitória na síntese de prostaglan-dinas.- O comprometimento renal constitui um dos principaisresponsáveis pelo alto índice de morbimortalidade asso-ciada ao uso indiscriminado dos AINEs. - A nefrotoxicidade dos anti-inflamatórios não esteróidesé relatada em diversos estudos e está relacionada princi-palmente com a sua acção inibitória na síntese de prosta-glandinas. Essa toxicidade ocorre tanto com os inibidoresselectivos quanto com os não-selectivos das ciclooxigena-ses, ao contrário do que se pensava antigamente, podendoocasionar desde distúrbios hidroeletrolíticos até insufi-ciência renal crónica.

Direcção Técnica Dr. Boaventura Moura -Director Nacional de Medicamentos e EquipamentosConselho Redactorial Dra. Isabel Margareth Malungue - Chefe de Departamento Nacional de Farmacovigilância e Remédios Tradicionais; Dr. José Chocolate Lelo Zinga - Chefe do Centro de Informação Farmacêutica.

Fontes Bibliográficas1.GARCIA, R., TACCONELI S, PRATIGNANI P. Role of dose pontency in the prediction of risk of myocardial infarctionassociated with nosnteroidal anti-inflammatory drugs in the general population. J Am Coll Cardiol. 2008; 52: 1628-362.MELGAÇO SSC, SARAIVA MIR, LIMA TTC, SILVA JÚNIOR GB DA, DAHER E DE F. Nefrotoxicidade dos anti-inflama-tórios não esteroidais. Medicina (Ribeirão Preto) 2010;43(4): 382-90 http://www.fmrp.usp.br/revista3.HEERDINK ER, LEUFKENS HG, HERINGS RMC, OTTERVANGER JP, STRICKER BH, BAKKER A. NSAIDs associatedwith incresead risk of congestive heart failure in elderly patients taking diuretics. Arch Intern Med. 1998; 158: 1108-12MA-NASSE JR., H. R. (1989a) Am. J. Hosp. Pharm. 46: 929-444. Whelton A, Hamilton CW. Nonsteroidal anti-inflammatory drugs: effects on kidney function. J Clin Pharmacol1991;31:588-98.5.Piepho R,et al . Drug-induced nephrotoxicity. J Clin Pharmacol 1991; 31: 785-791.6.Michelin AF,et al. Renal Toxicity of the Selective Cyclooxygenase-2 Inhibitors: Celecoxib and Rofecoxib. Rev Ciênc Méd(Campinas) 2006; 15: 321-32.7.Weir MR. Renal effects of nonselective NSAIDs and coxibs. Clev Clin J Med 2002; 69: 53-8.8.KEARNEY PM, BAIGENT C, GODWIN J, HALL H, EMBERSON JR, PATRONO C. Do selective cyclo-oxygenase-2 inhi-bitors and traditional non-steroidal antiinflammatory drugs increase the risk of atherothrombosis? Meta-analysis ofrandomised trials. BMJ. 2006; 332: 1302-8.9.MCGETTINGAN P, HENRY D. Cardiovascular risk and inhibition of cyclooxygenase: a systematic rewiew of the ob-servational studies of selective and nonselective inhibitors of cyclooxygenase 2. JAMA. 2006; 296 (13): 1633-44.10.https://cifph.wordpress.com/2015/06/17/diclofenaco-e-naproxeno-estao-inibindo-a-ovulacao-em-apenas-10-dias/

11.MINUZ P. Nonsteroidal anti-inflammatory drugs and cardiovascular risk: is prostacyclin inhibition the key event?J Am Coll Cardiol. 2008; 52: 1637-9. 32. 12.WARNER TD, MITCHELL JA. COX-2 selectivity alone does not define the cardiovascular risks associated with non-steroidal anti-inflammatory drugs. Lancet. 2008; 371: 270-313.HAAG MENDEL DM, MICHIEL JB, HOFMAN A, KOUDSTAAL PJ, BRETELER MONIQUE MB, STRICKER BRUNOHC. Cycloxygenase selectivity of nonsteroidal anti-inflammatory drugs and risk of stroke. Arch Inter Med. 2008; 168 (11):1219-24.14. POPE JE, ANDERSON JJ, FELSON DT. A meta-analysis of the effects of nonsteroidal anti-inflammatory drugs onblood pressure. Arch Intern Med. 1993; 153: 477-8415.JONHSON AG, NGUYEN TV, DAY RO. Do nonsteroidal anti-inflammatory drugs on affect blood pressure? A meta-analysis. Ann Intern Med. 1994; 121 (4): 289-30016.5. RUOFF GE. e impact of nonsteroidal anti-inflammatory drugs on hypertension: alternative analgesics for pa-tients at risk. Clin er. 1998; 20: 376-87.17.WHELTON A. Nephrotoxicity of nonsteroidal anti-inflammatory drugs: physiologic foundations and clinical impli-cations. Am J Med. 1999; 106 (5B): 13S-24S.18.FITZGERALD GA. Coxibs and cardiovascular disease. N Engl J Med. 2004; 351: 1709-1119.FITZGERALD GA, AUSTIN YCS. COX-2 inihibitors and cardiovascular system Clin Exp Rheumatol. 2001;19 (Suppl25): S31-6.20.GUM PA, KOTTKE-MARCHANT K, POGGIO ED, GURM H, WELSH PA, BROOKS L, ET AL. Profile and prevalenceof aspirin resistance in patients with cardiovascular disease. Am J Cardiol 2001;88:230-521.FITZGERALD GA, PATRONO C. e coxibs, selective inhibitors of cyclooxygenase-2. N Engl J Med. 2001; 345: 433-42.

Page 19: REVISTA Ordem dos Farmacêuticos da Ordem dos...2. Conheça a sua farmacologia, mecanis - mos de acção e efeitos. | Págs.15 a 18 R e acçõ sdv r ant imcr ob s nos erv iç dm a

Revista da Ordem dos Farmacêuticos de Angola | 19Outubro/Dezembro 2015

Investigação

IntroduçãoConhece-se os elementos far-

macológicos e toxicológicos deum fármaco quando se comer-cializa. Mas isto não significa quea sua administração esteja isentade riscos, uma vez que se desco-nhece o amplo perfil de reacçõesadversas que pode produzir acurto, médio ou longo prazo1. Osestudos de pré-registo e comer-cialização realizam-se em poucaspessoas, em populações selecio-nadas (que tendem a excluir osmais velhos e os muito jovens) edurante períodos de tempo mui-to curtos, em condições fisiológi-cas definidas, que não são todasas que realmente caracterizarãoo universo de doentes que virão autilizar o medicamento2,3.

As reacções adversas a medi-camentos (RAM) são o resultadode uma interação entre o medica-mento administrado e algumascaracterísticas inerentes, ou ad-quiridas, do doente e que deter-minam o padrão individual deresposta. Deste modo, algumasreacções são determinadas prin-cipalmente pelo medicamento(características físicas e quími-cas, farmacocinéticas, associa-ção a outro fármaco, formulação,dose, frequência e via de adminis-tração), outras pelas característi-cas do indivíduo (idade, sexo, es-tado imunológico, predisposiçãogenética e hábitos tóxicos) e ou-tras por ambas as variáveis, emdoentes e em medicamentos4-6.

Segundo a Organização Mun-dial da Saúde (OMS), as RAM de-finem-se como qualquer efeitoprejudicial, não desejado, que seapresenta depois da administra-ção de um fármaco, em doses uti-lizadas habitualmente para pre-venir, diagnosticar, tratar umadoença ou para modificar qual-quer função biológica7.

Para conhecer o impacto sani-tário das suspeitas de RAM podeser útil examinar a sua gravidadee a sua frequência. Embora, emgeral, as suspeitas de RAM são decarácter leve ou moderado, nãodevemos esquecer que tambémpodem produzir a morte ou serresponsáveis por lesões irreversí-veis8,9.

A informação obtida em di-versos estudos mostra que, emhospitais, as RAM constituem naatualidade uma patologia emer-gente, com uma elevada reper-cussão assistencial e económi-ca10,12. Resultados publicados pelarevista JAMA, sobre uma compi-lação de 39 estudos prospetivosrealizados nos Estados Unidosdurante um período de 32 anosem hospitais, mostram que asRAM chegam a 15 por cento dasadmissões hospitalares, sendoque, dessas, cerca de 6,7 por cen-to são graves e 0,32 por cento sãomortais13. Dados recentes indi-cam que 100 mil americanosmorrem todos os anos devido aRAM, sendo uma das seis primei-ras causas de morte nos EstadosUnidos da América, e que 1,5 mi-lhões são hospitalizados14. Ou-tros estudos estimam que asRAM causem entre 0,86 e 3,9 porcento das visitas aos serviços deurgência e sejam responsáveispor 0,5 a 0,9 por cento da morta-lidade em doentes hospitaliza-dos15.

Em Angola, as enfermidadestransmissíveis são o principalproblema de saúde e primeiracausa de morbilidade e mortali-dade. Estudos internacionais de-monstram a incorreta utilizaçãodos medicamentos anti-infeccio-sos e antipalúdicos e a sua desfa-vorável repercussão nos sistemasde saúde. No país, não existem es-tudos sobre o tema, em especial

Reacções adversas a antimicrobianosnos serviços de medicina e ortopedia

HOSPITAL JOSINA MACHEL

Realizou-se um estudo descritivo, prospectivo, para ca-racterizar a incidência e tipo de reacções adversas a me-dicamentos (RAM) antimicrobianos em doentes inter-nados nos serviços de ortopedia e de medicina do Hos-pital Central Josina Machel, em Luanda, no período deJaneiro a Fevereiro de 2014. A ocorrência de RAM foiavaliada através da revisão diária da história clínica dosdoentes, com pesquisa activa de efeitos adversos po-tencialmente associados aos medicamentos antimicro-bianos prescritos.Do total de 206 doentes internados, 21 foram afetadospor RAM, correspondendo a uma taxa de incidência de10,2 por cento. A incidência foi significativamente maiselevada no serviço de medicina, tendo ocorrido em 11,7por cento dos 137 doentes internados, enquanto noserviço de ortopedia foi de 7,2 por cento (5/69). A maiorincidência de RAM registou-se nos doentes de idade en-tre os 30 e os 39 anos, com dez doentes (4,9 por cento), eno género feminino, com 7,8 por cento.As manifestações clínicas das RAM mais frequentes fo-ram o rash cutâneo, em 17,2 por cento dos afetados, se-guido de cefaleias, prurido e náuseas e vómitos (13,8por cento).Os antimicrobianos mais frequentemente associados àocorrência de RAM foram os antipalúdicos, imputados amais de metade dos casos. Entre os antibacterianos des-tacam-se as cefalosporinas, associadas a cinco casos deRAM (23,8 por cento).A maioria das RAM foi classificada, quanto à severidade,como moderada (52,4 por cento) e, como prováveis(57,1 por cento), relativamente à imputação de causali-dade. Face ao impacto crescente da ocorrência de RAMrecomendamos prosseguir esta investigação, para po-der aprofundar mais esta problemática.Palavras-chave: Reação adversa a medicamentos, ser-viços de medicina e ortopedia.

Mateus Sebastião João FernandesLicenciado em Ciências Farmacêuticas, mestrando de Farmacoepidemiologia, directordo CECOMAHéctor Lara FernándezEspecialista de primeiro grau em Higiene e Epidemiologia, mestre em Farmacoepi-demiologia, Doutor em Ciências Médicas, MINSAVladimir Calzadilla MoreiraEspecialista de segundo grau em Ortopedia e Traumatologia, Doutor em Ciências Mé-dicas, Hospital Josina Machel

Page 20: REVISTA Ordem dos Farmacêuticos da Ordem dos...2. Conheça a sua farmacologia, mecanis - mos de acção e efeitos. | Págs.15 a 18 R e acçõ sdv r ant imcr ob s nos erv iç dm a

Investigação20 | Revista da Ordem dos Farmacêuticos de Angola Outubro/Dezembro 2015

na atenção hospitalar12-15. Desco-nhece-se o impacto das RAM pa-ra a morbilidade e mortalidadehospitalar. O conhecimento dafrequência de ocorrência e gravi-dade desta complicação ressaltaa sua importância e a necessida-de de seu estudo. É por essa razãoque se realizou este estudo, com oobjetivo de caracterizar as RAMem doentes atendidos nos servi-ços de medicina e ortopedia doHospital Central Josina Machel,durante o período de Janeiro a Fe-vereiro de 2014.

MétodoRealizou-se um estudo ob-

servacional descritivo, de Janeiroa Fevereiro de 2014, no HospitalCentral Josina Machel, em Luan-da. O universo foi constituído portodos os doentes que deram en-trada nas salas de medicina e or-topedia no referido período. Pro-curou-se activamente doentescom RAM, em função da sua mo-nitorização diária, o que com-

preendia a recolha de dados doregisto de entrada nas salas e dahistória clínica, tendo em contaos antecedentes patológicos pes-soais, antecedentes de alergia amedicamentos, impressão diag-nóstica, evolução médica, evolu-ção de enfermagem e indicaçõesmédicas. Fez-se a anamnese far-macológica do doente, tendo emconsideração medicamentos in-geridos e as reacções adversascontidas segundo os fármacos.Uma vez detectado o doente comRAM, procedeu-se ao preenchi-mento do modelo de notificaçãoe, posteriormente, aplicou-se o al-goritmo em conjunto com o in-vestigador principal. Participou-se nos passes de visita junto dopessoal médico e comunicou-seao pessoal médico do serviço oresultado do mesmo,

para a tomada de decisões e amonitorização contínua dodoente, até à sua saída do hospi-tal. Para a imputabilidade dasRAM utilizou-se o algoritmo de

Page 21: REVISTA Ordem dos Farmacêuticos da Ordem dos...2. Conheça a sua farmacologia, mecanis - mos de acção e efeitos. | Págs.15 a 18 R e acçõ sdv r ant imcr ob s nos erv iç dm a

Revista da Ordem dos Farmacêuticos de Angola | 21Outubro/Dezembro 2015

Karch e Lasagna, adotado pelospaíses-membros do programa defarmacovigilância da OMS.

A informação foi processadade forma computadorizada. Co-mo medidas de resumo, utiliza-ram-se, para as variáveis qualita-tivas, a percentagem e a razão. Pa-ra uma melhor compreensão, ainformação foi apresentada naforma de tabelas e gráficos.

Na investigação tiveram-se emconta os princípios básicos da éti-

ca médica, fazendo-se uso da be-neficência na manipulação e nadivulgação dos dados.

ResultadosRealizou-se uma monitoriza-

ção intensiva de 206 doentes; des-tes, 21 apresentaram RAM, comuma taxa de incidência de 10,2por cento. Dos 21 doentes comRAM, seis apresentaram duas oumais RAM. A média do evento ad-verso foi de 1,4 RAM por doente.

Todas as RAM encontradas na in-vestigação correspondem às des-critas no formulário de medica-mento do país. No serviço de me-dicina, a incidência foi de 11,7 porcento, com 16 doentes afetados,e nos serviços de ortopedia foi de7,2 por cento, com cinco doentes(Tabela 1).

Pode-se verificar que o grupode 30-39 anos foi o de maior inci-dência, com 10 doentes, que re-presentam 4,9 por cento do total,

enquanto o grupo de <20 anos,com quatro doentes reportados(1,9 por cento), é o de menor nú-mero de casos. Analisando o sexocomo fator de predisposição deocorrência de RAM, observou-seum predomínio do sexo feminino,com uma incidência de 7,8 porcento (Tabela 1).

As manifestações clínicasmais frequentes foram o rash cu-tâneo (17,2 por cento), a cefaleia,o prurido e as náuseas e vómitos,

Page 22: REVISTA Ordem dos Farmacêuticos da Ordem dos...2. Conheça a sua farmacologia, mecanis - mos de acção e efeitos. | Págs.15 a 18 R e acçõ sdv r ant imcr ob s nos erv iç dm a

Investigação22 | Revista da Ordem dos Farmacêuticos de Angola Outubro/Dezembro 2015

Referências Bibliográficas1.United States Food and Drug Administration. Presentable Adverse Drug Reactions: A focus on druginteractions. New Hampshire: Center for Drug Evaluation and Research. Disponível emwww.fda.gov/cder/drug/drugreactions/default.htm.2. Naranjo AC, Busto UC. Reacciones adversas a medicamentos. Em: Naranjo AC. Métodos de farma-cología Clínica. Toronto: El servier science; 1992: pp. 330-348.3.Laporte JR, Capella D. Mecanismos de producción y diagnóstico clínico de los efectos indeseablesproducidos por medicamentos Em: Laporte JR. Principios de la epidemiología del medicamento. Bar-celona: ediciones científicas y técnicas. S. A; 1993: pp. 95-96.4. Laporte JR, Carné I. Estudio de las reacciones adversas a medicamentos y farmacovigilancia. MedClin. 1989;92:536-538.5.Laporte JR, Armadans L, Carné I. Estudio de reacciones adversas a medicamentos a partir del diag-nostico de ingreso hospitalario. Métodos y Resultados. Med Clin. 1998;91:124-127.6. Goodman G. Las bases farmacológicas de la terapéutica. México DF: Mac Graw Hill Interamericana;2010: pp. 21-30.7.Organização Mundial da Saúde. Collaborating Center for International Drug Monitiring. WiewpointPart 1. Uppsala, Suécia: Organización Mundial de la Salud; 2002.8.Organização Mundial da Saúde. Vigilancia de la seguridad de los medicamentos. Guía para la insta-lación y puesta en funcionamiento de un centro de farmacovigilancia. Genebra: Organización Mundialde la Salud; 2006.9.Pirmohamed M, James S, Meakin S, Green Ch, Scott AK, Walley TJ. Adverse drug reactions as causeof admission to hospital: prospective analysis of 18 820 patients. BMJ. 2008;329:15-9.10. Actualización Médica Periódica. Quesada J. Detección y reporte de las reacciones adversas a losmedicamentos Costa Rica: Actualización Médica Periódica. Disponível em www. ampmd.com.11.Organização Mundial da Saúde. Star K, Linquinst M. Who where, and what in spontaneous reports.Uppsala: e WHO Collaborating Centre for International Drug Monitoring. Disponível em www.who-

umc.org/graphisc/6906.pdf.12.Aranaz JM, Aíbar C, Gea MT, León MT. Los efectos adversos en la atención hospitalaria. Una revi-sión crítica. Med Clin Barc. 2008;123:21-5.13.Lazarou J, Pomerans BH. Incidence of adverse drug reaction in hospitalised patients. A meta-analysisof prospective studies. JAMA. 1998;279:1200-5.14.Hafner JW, Belknap SM, Squillante MD. Adverse drug events in emergency department patients.Ann Emerg Med. 2008;38:666-71.15. Harm P, Gil M, Dphil J, Moore A. Adverse drug reactions in hospital patients. A systematic review ofprospective and retrospective studies. Bandolier Extra. Jun 2008;2:1-14.16.Foster AJ, Asmis TR, Clark HD, Saided GA. Incidence and timing of adverse events in patients ad-mitted to a Canadian teaching hospital. Can Med Assoc. 2009;170:1235-40.17. Beijer HJ, Blaey CJ. Hospitalisations caused by adverse drug reactions (ADR): a metaanalysis ofobservational studies. Pharmacy World & Science. 2002;24:46-54.18.CDF. Boletín de Farmacovigilancia. Ciudad de la Habana: UCNFv; 2013.19. García DF, Jiménez G. Principales resultados del SistemaCubano de Farmacovigilancia. Ciudad de la Habana: CDF; 2012.20.Budnitz D, Pollock D, Weidenbach KN, Mendelsohn A, Schoeder T. Notional susveillance of emer-gency department visits for outpatient adverse drug events. JAMA. 2006;296(15):185-94.21.Hasford J, Goettler M, Munter KH. Physicians’ knowledge and attitudes regarding the spontaneousreporting system for adverse drug reactions. J Clin Epidemiol. 2006;55:945-55.22.Bates DW, Cullen DJ, Laird N, Petersen LA, Small SD, Servi D. Incidence of adverse drug events andpotential drug events. Implications for prevention. JAMA. 1995;274:29-34.23. Alonso P, Otero MJ, Maderuelo JA. Reacciones adversas hospitalarias causadas por medicamentos:incidencia, características y coste. Farmacia Hosp. 2002;36:1238-48.24.Hohl CM, Dankoff J, Colacone A. Polypharmacy, adverse drug-related events, and potential adversedrug reactions in elderly patients presenting to the emergency department. Ann Emerg Med.2001;38:666-71.

com 13,8 por cento de aparição,seguidas da reacção de hipersen-sibilidade com 10,3 por cento(Gráfico 1).

Ao observar a distribuição dedoentes com RAM por gruposfarmacológicos no Gráfico 2, ve-rificamos que os antimaláricossão os membros do subgrupo demedicamentos de mais casos re-portados, com 11 doentes, o queequivale à 52,4 por cento. Segue-lhe em ordem descendente o gru-po das cefalosporinas, com cincoRAM (23,8 por cento). Em ordemde frequência, o quinino foi o me-dicamento que mais RAM produ-ziu, com quatro doentes afetados(19,0 por cento), seguido do arte-mether e a ceftriaxona, com trêsdoentes cada um (14,3 por cento)(Gráfico 3).

No Gráfico 4 pode observar-seque existe um predomínio dasmanifestações da pele, com 12observações (41,4 por cento), aci-ma das seis reportadas no siste-ma gastrointestinal e das cincodo sistema nervoso central e pe-riférico (20,7 e 17,2 por cento, res-pectivamente). Como se pode ve-rificar no Gráfico 5, as reacçõesadversas de severidade modera-da, com 52,4 por cento do total,foram as predominantes. É de as-sinalar que, no período estudado,não ocorreram reacções adver-sas com desenlaces fatais. Aoanalisar a relação de medica-mentos suspeitos de RAM (Grá-fico 6) podemos ver que a reac-

ção adversa provável, com 12suspeitas (57,1 por cento), preva-leceu devido ao facto de que namaioria dos casos não houve re-administração do fármaco quecausou a reacção, nem quantifi-cação em fluidos biológicos domesmo.

DiscussãoO comportamento do surgi-

mento de reacções adversas nohospital resulta similar ao repor-tado pela literatura internacio-nal, que assinala cifras entre 0,9 e35 por cento para o meio hospi-talar. Numa meta-análise realiza-da em França, na qual se in-cluíam 69 estudos com dadosavaliáveis de 412 mil doentes,chegou-se a uma proporção glo-bal de 4,9 por cento. Outros estu-dos realizados mostram resulta-

dos entre 3,6 e 25 por cento.9,12,15,16.A distribuição das suspeitas dereacções adversas no estudocoincide com as dez primeirascausas de suspeitas de RAM maisreportadas no mundo. Segundodados da OMS de 2013, as reac-ções adversas mais frequentesforam o rash, os vómitos, a cefa-leia, a febre, os enjoos, a dispneia,a tosse e as náuseas, coincidindoem grande parte com o observa-do nas salas17, 14. Diversos autoresmostram que a idade altera a far-macocinética e as propriedadesdos fármacos.

Os idosos, de forma particu-lar, são mais susceptíveis do queo adulto jovem, por alteração naabsorção, distribuição, funçãorenal diminuída e capacidademetabolizante diminuída. Estu-dos realizados em Inglaterra, aoexaminar a relação da idade coma suspeita de RAM, referem per-centagens em maiores de 60anos de até 50 por cento16,18.

Diversos estudos internacio-nais atribuem às mulheres umamaior probabilidade de sofrerRAM, o que se deve a uma maiortendência à exposição a fárma-cos, a uma menor massa corpo-ral e, além disso, a apresentar di-ferenças hormonais em relaçãoaos homens19,22. Estudos interna-cionais referem que os antimi-crobianos são responsáveis porcerca de 30 por cento de todas asRAM. Uma meta-análise de 22estudos concluiu que os antimi-

crobianos e os analgésicos, os an-tipiréticos e os anti-inflamató-rios aparecem citados em 15 es-tudos como os de maior contri-buição para as RAM15,27. Estudosinternacionais reportam tam-bém que preponderaram asRAM na pele, no sistema gas-trointestinal e no sistema nervo-so central e periférico19,20.

No estudo realizado, a severi-dade esteve em relação com osserviços vigiados no meio hospi-talar, as características fisiopato-lógicas dos doentes que deramentrada nestes serviços, as carac-terísticas físico-químicas dosmedicamentos e as suas apre-sentações farmacêuticas, os es-quemas terapêuticos utilizadosem relação à via de administra-ção dos fármacos, a dose e os in-tervalos de administração, alémda associação de outros fárma-cos, o que pode produzir, para al-guns autores, uma ampla gamade reacções adversas21,24.

As RAM prováveis foram asque preponderaram, já que namaioria dos casos não houve re-administração do fármaco quecausou a reacção, nem quantifi-cação em fluidos biológicos domesmo. Em segundo lugar esti-veram as RAM possíveis. No rela-tório de 2013 da Unidade de Far-macovigilância em Cuba preva-leceram também as RAMprováveis, mas em 76,9 por cen-to, seguidas das RAM possíveis,com 16,5 por cento18.

A aparição de RAM nosserviços de medicina e orto-pedia é considerável. Os an-timicrobianos que con-tribuíram com a maior per-centagem de RAM foram osantimaláricos. O sistema deórgãos mais afetado foi a pelee as RAM moderadas apre-sentaram-se com maior fre-quência, com um pre-domínio das avaliadas comoprováveis.

Conclusões

Page 23: REVISTA Ordem dos Farmacêuticos da Ordem dos...2. Conheça a sua farmacologia, mecanis - mos de acção e efeitos. | Págs.15 a 18 R e acçõ sdv r ant imcr ob s nos erv iç dm a

Nos últimos anos, as doenças in-fecciosas e não infecciosas, bemcomo os acidentes de viação,têm provocado um forte impac-to do ponto de vista epidemioló-gico, económico e social em Áfri-ca, devido ao seu aumento signi-ficativo. É verdade que ocontrolo das doenças infecciosasou transmissíveis constitui umenorme desafio aos profissionaisde saúde competentes, todaviaas doenças cardiovasculares e assuas complicações já constituemnos dias que correm uma epide-mia muito expressiva.

Esta é uma problemática querequer atenção, dado que asdoenças cardiovasculares, con-sideradas enfermidades nãotransmissíveis ou não infeccio-sas, são responsáveis pelo eleva-do número de mortes em inúme-ros países, expondo um elevadocusto médico-social. Presente-mente, a hipertensão arterial éuma destas patologias, sendoresponsável por uma série decomplicações que podem ou nãocomprometer órgãos deverasimportantes tais como o cére-bro, o coração e rins, conhecidoscomo órgãos alvo.

Assim, a hipertensão arterialconsidera-se uma doença cróni-ca determinada por elevados ní-veis de pressão sanguínea nas ar-térias, o que faz com que o cora-ção tenha que exercer umesforço maior do que o normalpara fazer circular o sangue atra-vés dos vasos sanguíneos.

A pressão arterial é a pressãoque o sangue exerce sobre a su-perfície interna das artérias doorganismo, quando nele circulaem consequência da acção debombeamento que o coração

efectua por pulsação. Por conse-guinte, por cada vez que o cora-ção se contrai (sístole), o sangueé expelido através da artéria aor-ta, pelo que a pressão máximaatingida durante a expulsão dosangue é denominada pressãosistólica (pressão máxima). Se-guidamente, a pressão no inte-rior das artérias vai diminuindoà medida que o coração relaxa. Apressão mais baixa atingida é de-signada por pressão diastólica(pressão mínima).

Aquando da elevação da pres-são arterial a níveis iguais ou su-periores a 140 mmHg de pressãosistólica e/ou 90 mmHg de dias-tólica — em pelo menos três me-dições subsequentes — obtidasem dias diferentes, ou em condi-ções de repouso e ambiente tran-quilo, considera-se um síndromeclínico de hipertensão arterial.

Causas e sintomasA hipertensão arterial pode

ser classificada em hipertensãoprimária ou secundária median-te a sua etiologia. A hipertensãoprimária é devida a uma combi-nação de factores hereditários,ambientais e de erros no estilo devida, tais como o excesso de con-sumo de sal, excesso de álcool,excesso de peso corporal, seden-tarismo e tabaco. Por outro lado,a hipertensão secundária advémde uma causa identificável, co-mo por exemplo:•Doenças renais – sobretudodoenças do parênquima renal;•Doenças endócrinas – hiperal-dosteronismo primário, o feo-cromocitoma ou mesmo a sín-drome de Cushing;•Doenças iatrogénicas – resul-tante da toma de corticosteroi-des, álcool, anfetaminas, estro-génios, contraceptivos orais, ci-closporina, eritropoetina, AINEs,inibidores COX-2 e venlafaxina.

A hipertensão arterial evoluisem sintomas, isto é, os danosvão-se instalando de forma silen-ciosa em órgãos como o coração,os rins, os olhos, os pulmões e océrebro, pelo que é frequente-mente responsável pela ocorrên-cia de Acidentes Vasculares Ce-rebrais (AVC’s), cardiopatia is-quémica, incluindo angina depeito, enfarte do miocárdio emorte súbita, insuficiência car-díaca, aneurisma dissecante daaorta, retinopatias e insuficiên-cia renal.

Apesar da maioria dos uten-tes ser assintomática, eventual-mente podem surgir alguns sin-tomas como dores de cabeça,tonturas, zumbidos, distúrbiosna visão, desmaios e náuseas/vó-

A hipertensão arte-rial é uma doençacardiovascular queconstitui hoje umproblema de saúdeque afecta grandeporção da popula-ção mundial, provo-cando complica-ções em diferentessistemas do organis-mo e até a morte emcasos mais graves. Aesta problemáticasoma-se o custoeconómico para afamília e para o país,onde Angola não éexcepção.

Nádia NoronhaFarmacêutica e Consultora Farmacêuticada Tecnosaúde Angola

Hipertensão Arterial – uma realidade cada vez mais presente em Angola

“Em Angola encontram-se hoje disponíveis vá-rias classes terapêuticas,nomeadamente os diu-réticos (ex. Hidrocloro-tiazida, Furosemida, In-dapamida), os inibido-res da enzima de conver-são da angiotensina (ex.Captopril, Lisinopril), osantagonistas dos recep-tores de angiotensina(ex. Candesartan, Irbe-sartan), os bloqueado-res dos canais de cálcio(ex. Diltiazem, Amlodi-pina, Nifedipina) e os β-bloqueadores (ex. Ate-nolol, Propanolol)”

Revista da Ordem dos Farmacêuticos de Angola | 23Outubro/Dezembro 2015

Formação

Page 24: REVISTA Ordem dos Farmacêuticos da Ordem dos...2. Conheça a sua farmacologia, mecanis - mos de acção e efeitos. | Págs.15 a 18 R e acçõ sdv r ant imcr ob s nos erv iç dm a

Formação24 | Revista da Ordem dos Farmacêuticos de Angola Outubro/Dezembro 2015

mitos, que estão associados alongos períodos de tempo depressão arterial elevada.

TratamentoEm relação ao tratamento,

normalmente a instituição demedidas não farmacológicastraz só por si enormes benefíciosao doente, não só em termos dedescida da pressão arterial, co-mo também pela correcção deoutros factores de risco cardio-vascular, como a obesidade, hi-perlipidémia, diabetes, tabagis-mo, sedentarismo, erros alimen-tares, alcoolismo, etc.

Deste modo, a alteração decertos estilos de vida é uma regrade ouro para prevenir e controlara hipertensão, pelo que se sugereo seguinte:• Reduzir a ingestão de sal, bebi-

das alcoólicas e cafeína;• Praticar exercício físico de for-ma regular;• Baixar o peso até atingir o pesoideal;• Não fumar;• Alimentação rica em fruta e ve-getais e pobre em gorduras.

Relativamente ao tratamentofarmacológico, actualmente, amaioria das Guidelines reco-menda a instituição de regimeterapêutico para valores de140/90 mmHg em hipertensosde risco baixo a moderado e para130/80 mmHg em hipertensosde alto risco (com diabetes,doença cerebrovascular, cardio-vascular ou renal).

Em Angola encontram-se ho-je disponíveis várias classes tera-pêuticas, nomeadamente os Diu-réticos (ex. Hidroclorotiazida, Fu-

rosemida, Indapamida), os Inibi-dores da Enzima de Conversãoda Angiotensina (ex. Captopril,Lisinopril), os Antagonistas dosReceptores de Angiotensina (ex.Candesartan, Irbesartan), os Blo-queadores dos Canais de Cálcio(ex. Diltiazem,Amlodipina, Nife-dipina) e os β-Bloqueadores (ex.Atenolol, Propanolol).

Para o controlo da pressão ar-terial é fundamental realizaruma monitorização da mesma,de forma a prevenir e atrasar ascomplicações associadas à hi-pertensão arterial, bem comopara determinar se a terapêuticaestá ou não a ser efectiva.

O papel do farmacêuticoAssim, o profissional de far-

mácia assume um papel prepon-derante nesta problemática de

saúde, pois deve estar habilitadonão só à dispensa do receituário,como à realização das medições,permitindo ao utente acessibili-dade, rapidez, fiabilidade e acon-selhamento profissional. Por ou-tro lado, a realização de medi-ções de pressão arterial nasfarmácias permite uma diferen-ciação na qualidade do serviço,maior proximidade com a popu-lação e uma fonte de rendimento(directa ou indirecta).

FormaçãoA pensar nos profissionais de

farmácia de Angola, a Tecnosaú-de apresenta um leque de forma-ções dirigido à capacitação nes-ta área de intervenção como, porexemplo, formação específica naárea da hipertensão arterial eserviços farmacêuticos.

Page 25: REVISTA Ordem dos Farmacêuticos da Ordem dos...2. Conheça a sua farmacologia, mecanis - mos de acção e efeitos. | Págs.15 a 18 R e acçõ sdv r ant imcr ob s nos erv iç dm a

Revista da Ordem dos Farmacêuticos de Angola | 25Outubro/Dezembro 2015

Política Nacional Farmacêutica

A política nacional farmacêutica é a ex-

pressão do compromisso e do engaja-

mento do Executivo em matéria de assis-

tência farmacêutica em todo o território

nacional. Visa garantir o abastecimento do

país com medicamentos seguros, eficazes

e de qualidade, bem como assegurar a

permanente disponibilidade e acessibili-

dade de medicamentos a toda a popula-

ção, aos melhores preços, promovendo o

seu uso racional.

As bases gerais da política nacional farma-

cêutica foram definidas pelo Decreto pre-

sidencial n.º 180/10, de 18 de Agosto. Pela

sua magna importância, a Revista OFA en-

tendeu publicá-lo na íntegra para que,

quer os farmacêuticos, quer os estudantes

de ciências farmacêuticas, quer outros

profissionais de saúde interessados, te-

nham aqui o acesso facilitado ao docu-

mento que baliza e orienta toda a activida-

de farmacêutica em Angola.

Terminamos nesta edição a reprodução

do diploma que, dada a sua extensão, ha-

víamos iniciado no número 5 da revista.

As bases gerais da políticanacional farmacêutica

Uso Racional de Medicamentos(CAPITULO VII)

Uso racional de medicamentos (ARTIGO 25º)O Ministério da Saúde deve criar e desenvolverum quadro favorável e promotor do uso racio-nal de medicamentos, tanto ao nível nacional,como aos diversos escalões de prestação de cui-dados assistenciais.

Formação de quadros (ARTIGO 26º)A política de recursos humanos deve assegurarque os técnicos envolvidos nas actividadesde diagnóstico, prescrição e dispensa de fár-macos a todos os níveis recebam conheci-mentos teórico práticos adequados que os ha-bilitem a um exercício profissional eficiente.

Informação Farmacêutica (ARTIGO 27º)1.O Centro Nacional de Informação Farma-cêutica tem como objectivo garantir aos tra-balhadores do sector da saúde e ao públicoem geral o acesso à informação prática e im-parcial sobre o correcto manuseamento e usoracional dos medicamentos.2.Um sistema de monitorização das reacçõesadversas aos medicamentos deve ser implan-tado com vista a definir o perfil de segurançados medicamentos comercializados no Paíse preservar a saúde da população.3.A informação adequada e suficiente ao uti-lizador final de cada medicamento, atravésda obrigatoriedade de todos os produtos ad-quiridos deve fazer se acompanhar do pros-pecto correspondente em língua portuguesa,contendo dados, em linguagem comum, rela-tivos ao medicamento, sendo da competênciado centro nacional de informação farmacêu-tica esclarecer as dúvidas relativas a esta área,originárias dos profissionais de saúde, dosmeios de comunicação e do público em geral.O conteúdo e formato deste prospecto, bemcomo os dados obrigatoriamente constantesdo acondicionamento do medicamento, sãoobjecto de regulamentação própria, sendo o

seu texto aprovado para cada medicamentoaquando do seu registo.4. Uma análise de todos os documentos e in-formação utilizada na promoção e publicida-de relativa a produtos farmacêuticos deve serfeita respeitando a legislação em vigor, com-petindo a sua verificação à Autoridade Regu-ladora do Sector Farmacêutico.5.A divulgação e informação dos produtosfarmacêuticos junto dos profissionais de saú-de deve ser garantida com vista a controlar asacções de promoção e publicidade, feita empublicações especializadas, ou em suportepróprio, destinando se estas exclusivamenteaos profissionais de saúde, utilizando obriga-toriamente como suporte técnico o resumodas características do medicamento aprova-do.6.O Ministério da Saúde deve promover o res-peito pela legislação em vigor e os critérios éti-cos definidos pela Organização Mundial daSaúde que sejam aplicáveis ou adaptáveis aocontexto nacional, em todas as acções depromoção e publicidade de produtos farma-cêuticos.7. Programas de informação e educação dapopulação devem ser realizadas, utilizandomeios de comunicação e técnicas apropriadas,com o objectivo de tomar a auto medicaçãoconsciente e responsável e promover o uso ade-quado dos medicarncntos.

Prescrição e dispensa de medicamentos (ARTIGO 28º)Para garantir o uso racional de medicamen-tos o Ministério da Saúde deve promover:

a) A utilização da designação comum in-ternacional (nome genérico) na prescriçãode medicamentos a todos os níveis da ca-deia de assistência sanitária;b)A substituição de medicamentos sobnome comercial por equivalentes genéri-cos mais baratos, nos estabelecimentosfarmacêuticos, com os pertinentes escla-recimentos e consentimento do consumi-dor;c)A avaliação contínua com o recurso a in-dicadores, a supervisão do trabalho a todosos níveis assistenciais e a realização de ac-ções formativas, as quais constituem ins-

Page 26: REVISTA Ordem dos Farmacêuticos da Ordem dos...2. Conheça a sua farmacologia, mecanis - mos de acção e efeitos. | Págs.15 a 18 R e acçõ sdv r ant imcr ob s nos erv iç dm a

Política Nacional Farmacêutica26 | Revista da Ordem dos Farmacêuticos de Angola Outubro/Dezembro 2015

trumentos chave na promoção do uso ra-cional de medicamentos, os quais devemtornar-se práticas de rotina:d)Um quadro favorável ao uso racional demedica mentos, tanto ao nível nacional, co-mo nos diversos escalões de prestação decuidados assistenciais, através da criação eda aplicação ou do funcionamento de al-guns instrumentos fundamentaiscomo:

i.Formulário nacional de medicamen-tos, que deve ser regularmente revistoe actualizado em intervalos não superio-res a cinco anos;ii. Formulários hospitalares;iii. Normas orientadoras e manuais dediagnóstico e tratamento das doençascorrentes;iv.Comissões de farmacoterapia;v. Indicadores de avaliação do uso racio-nal de medicamentos;vi. Auditorias regulares ao trabalho assis-tencial a todos os níveis,

e)A formação adequada e progressiva emprescrição de medicamentos para técnicosa nível dos cuidados primários de saúde,nomeadamente nos centros e postos desaúde, com vista a qualificá-los como pres-critores.

Estratégias Económicaspara a Disponibilidade e Acessibilidade de Medicamentos (CAPÍTULO VIII)

Financiamento de medicamentos (ARTIGO 29º)1. O Orçamento do Estado para a compra demedicamentos deve ter por referência a estima-tiva das necessidades feitas, tão acuradamentequanto possível, e também o valor «per capita»determinado em função de indicadores inter-nacionais recomendáveis para os países comníveis de desenvolvimento e condições compa-ráveis ao nosso.2. A adopção de procedimentos de compratransparentes e racionais, bem como a melho-ria da gestão e uso dos medicamentos consti-tuem os alicerces de uma estratégia conducentea optimizar o uso dos recursos e a capitalizara credibilidade do Ministério da Saúde, comrepercussões muito positivas no financiamentodos medicamentos.3. O Ministério da Saúde trabalha em estreitacolaboração com outros sectores do Executivo,nomeadamente os Ministérios do Planeamen-to, das Finanças (incluindo as Alfândegas) e doComércio de forma a dar se prioridade e respeitopelo cumprimento dos prazos legais aos proces-sos de aquisição e importação de produtos far-macêuticos para o País, evitando se roturas deestoque que comportariam a eventualidade do

recurso a compras de emergên-cia.4.A adopção de qualquer meca-nismo de financiamento é prece-dida de uma pré avaliação sob ospontos de vista de equidade, efi-ciência, operacionalidade, im-pacto, sustentabilidade, exequi-bilidade e viabilidade.5. Deve ser assegurado que umaparte dos fundos resultantes do finan-ciamento directo das unidades sanitáriaspela população seja directamente gerida porestas.6. As verbas referidas no ponto precedente sãocomplementares ao orçamento que o Estadodeve disponibilizar para estas unidades.7.O Ministério da Saúde toma as disposiçõesnecessárias, incluindo as definições de meca-nismos legais, para garantir que todas as enti-dades envolvidas na compra e/ou no abasteci-mento de medicamentos em Angola forneçamcom regularidade e actualidade necessárias osdados considerados pertinentes.

Regulação dos preços dos medicamentos (ARTIGO 30º)1. A legislação sobre a regulação dos preços dosmedicamentos deve ser periodicamente re-vista, atualizada e integralmente aplicada,competindo aos inspectores farmacêuticos ve-lar pelo seu cabal cumprimento2.É exigida total transparência na definição dospreços dos medicamentos nas unidades de pro-dução e comércio de medicamentos, bem co-mo nas que prestam serviços de assistênciafarmacêutica, quer sejam estatais, mistas ouprivadas.3.Uma comissão de regulação de preços paraos produtos farmacêuticos é constituída, inte-grando representantes dos seguintes órgãos einstituições:

a) Ministério das Finanças; b)Ministério do Comércio; c) Ministério da Economia;d) Ministério da Geologia e Minas e da Indústria;e) Autoridade Reguladora do Sector Farmacêutico:f) Comissão Nacional de Compras;g)Representante dos Importadores;h)Órgão de Defesa dos Consumidores;i)Representante das Farmácias Privadas;j)Representante da Indústria Farmacêutica.

4. A Comissão de Regulação de Preços tem co-mo objectivo propor a criação/alteração da le-gislação relativa à fixação dos preços dos pro-dutos farmacêuticos, nomeadamente no esta-belecimento das regras e fórmulas a aplicar parao cálculo dos preços a serem praticados e naatualização dos mesmos relativamente a pro-dutos farmacêuticos já comercializados.

Formação e Desenvolvimento dos RecursosHumanos (CAPITULO IX)

Formação e desenvolvimento dos recursos humanos (ARTIGO 31º)1. A formação permanente e contínua a todosos níveis e nas mais diversas áreas das ciênciasde saúde permite garantir profissionais, técnicae cientificamente preparados para a implemen-tação da Política Nacional Farmacêutica, per-mitindo promover o conceito de medicamentosessenciais e de uso racional dos medicamentos.2. O Ministério da Saúde deve implementar umplano de desenvolvimento de recursos huma-

Page 27: REVISTA Ordem dos Farmacêuticos da Ordem dos...2. Conheça a sua farmacologia, mecanis - mos de acção e efeitos. | Págs.15 a 18 R e acçõ sdv r ant imcr ob s nos erv iç dm a

Revista da Ordem dos Farmacêuticos de Angola | 27Outubro/Dezembro 2015

nos qualificados de forma a cobrir paulatina-mente as necessidades das áreas chave para aexecução da Política Nacional Farmacêutica.3.Para garantir a formação dos recursos huma-nos o Executivo deve aproveitar as capacidadesnacionais e estrangeiras disponíveis, utilizan-do todas as oportunidades oferecidas pelasagências de cooperação e demais instituiçõesinternacionais.4. O Ministério da Saúde deve fazer uma gestãoracional dos recursos técnicos disponíveis da áreade farmácia, e em particular dos farmacêuticos.5. Nos programas de formação dos profissionaisde saúde é activamente promovida a integra-ção dos conceitos demedicamentos essenciais e de uso racionaldos medicamentos nas diferentes disciplinasleccionadas.

Medicamentos Tradicionais (CAPÍTULO X)

Medicamentos tradicionais (ARTIGO 32º)

l. A Política Nacional Farmacêu-tica promove a integração e a utiliza-

ção dos medicamentos tradicionaisque se revelem seguros, eficazes e com

qualidade.2. Para que a regulamentação dos remédios tra-dicionais possa ser realizada, a Autoridade Re-guladora do Sector Farmacêutico deve ser do-tada de recursos financeiros, materiais e huma-nos suficientes e apropriados para aprossecução deste objectivo.3. Progressivamente é feito um levantamento eenquadramento da lista de medicamentos tra-dicionais em uso, e desta forma promover a ela-boração de uma farmacopeia angolana de re-médios tradicionais.4. A cooperação com outros países que usamidênticos medicamentos tradicionais deve serincentivada e apoiada para uma troca mútua deexperiências.5. As boas práticas de dispensa de medicamen-tos, com as devidas adaptações, devem ser ob-servadas pelas ervanárias.6.Com vista a preservar o meio ambiente, a pro-dução de produtos fitoterapêuticos não deveconstituir-se como factor de destruição da ri-queza vegetal do País, mas antes como incen-tivo à sua preservação e racional exploração.

Investigação Científica (CAPÍTULO XI)

Desenvolvimento da investigaçãono sector farmacêutico (ARTIGO 33º)1. O Ministério da Saúde deve estimular as ac-tividades científicas do sector farmacêutico. Asactividades de investigação devem privilegiar:

a)O impacto da Política Nacional Farma-cêutica e os seus principais componentes;b)Os comportamentos de prescrição e dis-pensa aos diferentes níveis do sistema sani-tário;c)Os conhecimentos, atitudes e práticas, re-lacionados com o uso dos medicamentos pe-la população;d) Os aspectos económicos do abasteci-mento e utilização dos medicamentos;e)A utilidade de novos medicamentos nocontexto nacional;f) Os produtos naturais de origem animal,vegetal e mineral eficazes e seguros, e sua uti-lização para as doenças mais frequentes nopaís.

Controlo daImplementação da PolíticaNacional Farmacêutica (CAPÍTULO XII)

Supervisão, monitorização e ava-liação da Política Nacional Farma-cêutica(ARTIGO 34º)1. A supervisão e monitorização da implemen-tação da Política Nacional Farmacêutica é umtrabalho contínuo, em que todos os protagonis-tas que intervêm no domínio farmacêutico têmum papel a desempenhar.2. A Comissão Nacional de Monitorização eAvaliação da Política Nacional Farmacêuticasupervisiona todas as actividades de implemen-tação da Política Nacional Farmacêutica.3.Ao nível provincial, a actividade da ComissãoNacional de Monitorização e Avaliação da Polí-tica Nacional Farmaceutica é representada pe-las Comissões Provinciais de Implementaçãoda Política Nacional Farmacêutica.

Instrumentos de supervisão(ARTIGO 35º)A Comissão Nacional de Monitorização e Ava-liação da Política Nacional Farmacêutica fun-ciona com os termos de referência determina-dos pela Comissão Técnica Nacional de Medi-camentos.

Disposições Finais e Transitórias (CAPÍTULO XIII)

Implementação (ARTIGO 36º)O Ministério da Saúde e os demais órgãos daadministração do Estado devem garantir a suaimplementação com vista à melhoria da assis-tência farmacêutica no país.

Dúvidas e omissões (ARTIGO 37º)As dúvidas e omissões suscitadas da aplicaçãoe interpretação do presente Decreto Presiden-cial são resolvidas pelo Presidente da Repúbli-ca.

Entrada cm vigor (ARTIGO 38º)O presente Decreto Presidencial entra em vigorna data da sua publicação.

Apreciado em Conselho de Ministros, em Luan-da, aos 30 de Junho de 2010.

Publique se

Luanda, aos 13 de Agosto de 2010.

O Presidente da República, José Eduardo dos Santos

Page 28: REVISTA Ordem dos Farmacêuticos da Ordem dos...2. Conheça a sua farmacologia, mecanis - mos de acção e efeitos. | Págs.15 a 18 R e acçõ sdv r ant imcr ob s nos erv iç dm a

Editorial2 | Revista da Ordem dos Farmacêuticos de Angola Janeiro/Março 2014

Espaço regulamentar28 | Revista da Ordem dos Farmacêuticos de Angola Outubro/Dezembro 2015

CONSELHO DE MINISTROSDecreto nº 28/97 de 10 de AbrilA medida legislativa ao institucio-nalizar a carreira de técnico de far-mácia é ditada pela necessidadede reconverter o sistema de carrei-ra do Serviço Nacional de Saúde,de adoptar um modelo mais dinâ-mico e de adequar a uma formade perspectivar e conceber a orga-nização e funcionamento dos es-tabelecimentos de saúde.

Considera-se, por outro lado,que a nível de formação profis-sional de especialização e asáreas profissionais previstas nalegislação regulamentadora per-mitem que se salvaguarde, najusta medida, a indispensável es-pecialidade que reveste o traba-lho desenvolvido no campo dafarmácia.

Nos termos das disposiçõesconjugadas da alínea h) do artigo110º e do artigo 113º, ambos daLei Constitucional, o Governodecreta o seguinte:

CAPÍTULO IObjecto e Âmbito de Aplicação

Artigo 1º(Objecto)O presente decreto aprova o re-gime e estruturação de carreirade farmácia do Serviço Nacionalde Saúde.

Artigo 2º(Âmbito de Aplicação)

1. Ficam inscritos na carreira defarmácia os profissionais actual-mente providos em lugares cor-respondentes às áreas profissio-nais previstos no presente decre-to.2. As disposições do presente de-creto e seus anexos podem sertornados extensivos aos profis-sionais que em idênticas cir-cunstâncias exerçam cargos domesmo conteúdo funcional nou-tros departamentos governa-mentais mediante decreto mi-nisterial.

CAPITULO IIRegime de Carreira de Farmácia

Artigo 3º(Natureza da carreira)1.A carreira de pessoal de farmá-cia pode ser exercida, tanto emestabelecimentos e serviços de-pendentes do Ministério da Saú-de, como em outros organismosdo Estado e privados.2. A carreira de farmácia integrafunções de natureza técnica,científica e administrativa.

Artigo 4º(Estruturação da carreira)1. São reconhecidos os seguintesgrupos de pessoal da carreira defarmácia:

a) Farmacêuticob) Técnico médio de farmáciac) Técnico auxiliar de farmá-cia

2. Os grupos de pessoal defini-dos no nº 1 constam em mapa noanexo que é parte integrante dopresente diploma.

Artigo 5º(Enquadramento profissional)1. É considerado farmacêutico,todo aquele que ao longo doscinco anos de formação superiorou universitária tenha absorvidoconhecimentos técnico-científi-cos no ramo e obtido o diplomacomprovativo da formação.2. É considerado técnico médiode farmácia, todo aquele queconcluiu o curso de formaçãotécnico-profissional do ensinomédio de farmácia e possui di-ploma comprovativo.3. É considerado técnico auxiliarde farmácia todo aquele queconcluiu o curso de formaçãotécnico-profissional do ensinobásico e possui o diploma com-provativo.

Artigo 6º(Competências)1. Ao farmacêutico compete:

a) Preparar, acondicionar,conservar e gerir produtosfarmacêuticos, alopáticos ehomeopáticos naturais ouquímicos para uso humano eveterinário, para fins profilá-ticos, diagnósticos, terapêuti-cos e cosméticos;b) Manipular, conservar, geriroutros produtos químicos pa-ra uso agrícola ou industrial,matérias, equipamentos eacessórios médico-cirúrgicosde laboratórios e farmacêuti-cos, artigos de óptica, acústi-ca e de prótese, de acordocom as normas em vigor;c) Orientar, controlar a con-servação e gestão das subs-tâncias venenosas (tóxicas,estupefacientes e psicotrópi-cos) em conformidade comas disposições legais e nor-mas internacionais vigentes;d) Proceder às análises físicase químicas, bacteriológicas,toxicológicas, bromatológi-cas, farmacológicas e clínicasem laboratórios apropriados;e) Participar na elaboração eactualização da legislação doregulamento do exercício far-macêutico, na política nacio-nal de saúde, inspecção, do-

O Decreto que aprovou o regime e a estruturação dacarreira de farmácia no Serviço Nacional de Saúde cons-titui um documento que convém conhecer bem e tersempre à mão. Em particular, para os jovens que saemagora das faculdades e institutos. Por esta razão, inicia-mos neste número a sua reprodução integral. O enqua-dramento profissional, as competências do farmacêuti-co, o seu ingresso na carreira, as categorias de farmacêu-tico e de técnico médio de farmácia, concursos, asmodalidades de regime de trabalho, e o que está previs-to para a sua formação e aperfeiçoamento profissional,são alguns dos aspectos que o diploma contempla.

A carreira de farmácia no Serviço Nacional de Saúde

Page 29: REVISTA Ordem dos Farmacêuticos da Ordem dos...2. Conheça a sua farmacologia, mecanis - mos de acção e efeitos. | Págs.15 a 18 R e acçõ sdv r ant imcr ob s nos erv iç dm a

cência e investigação;f) Participar na política deprodução de matérias primasde origem natural e sintéticapara fins laboratoriais e medi-camentosos.

2. Ao técnico médio de farmáciacompete:

a) Preparar, acondicionar,conservar e gerir produtosfarmacêuticos para fins dediagnósticos, preventivos,correctivos e curativos;b) Manipular, gerir produtosdietéticos, higiénicos e cos-méticos, materiais médico-ci-rúrgicos e laboratoriais;c) Transmitir correctamentea informação terapêutica;d) Participar na formação dotécnico auxiliar de farmácia ena docência do ensino médiode farmácia;

3. Ao técnico auxiliar de farmá-cia compete:

a) Conservar, gerir produtosfarmacêuticos essenciais pa-ra fins diagnósticos, preventi-vos, correctivos, curativos, hi-giénicos, cosméticos, mate-riais médico-cirúrgicos e delaboratórios básicos;b)Executar preparações galéni-cas conforme formulários ofi-ciais autorizados e acondicio-nar segundo normas em vigor;c) Transmitir correctamentea informação terapêutica.

Artigo 7º(Ingresso e forma de acesso)1. O ingresso em qualquer dos

grupos de pessoal de carreira defarmácia efectua-se na categoriamais baixa, observando os requi-sitos estabelecidos em matériade recrutamento e selecção, me-diante concurso documental.2. O acesso a cada grupo de pes-soal, faz-se por progressão oupromoção e depende da existên-cia de vaga, da observância dosperíodos mínimos de perma-nência na categoria imediata-mente inferior e obedece às de-mais disposições legais sobre oconcurso de acesso.3. A promoção e progressão emcada grupo de pessoal de carrei-ra ficam sujeitas à atribuição declassificação de serviço gradua-do em bom ou muito bom, du-rante o tempo de permanêncianas categorias imediatamenteinferiores.4. A atribuição da classificaçãode serviço graduado em muitobom, durante quatro anos con-secutivos determinará a reduçãode um ano no tempo de perma-nência nas categorias inferiores.

Artigo 8º(Categorias do farmacêutico)O grupo de farmacêuticos inte-gra a seguintes categorias:a) Farmacêutico assessor princi-palb) Farmacêutico primeiro asses-sorc) Farmacêutico assessord) Farmacêutico principale) Farmacêutico de 1ª classef) Farmacêutico de 2ª classe

Revista da Ordem dos Farmacêuticos de Angola | 29Outubro/Dezembro 2015

Artigo 9º(Recrutamento para farmacêutico)1.O recrutamento para as catego-rias de farmacêutico obedece àsseguintes regras:

a) Para a categoria de farma-cêutico assessor principal: deentre os farmacêuticos commais de 12 anos de licenciaturae com um mínimo de 18 anosde serviço efectivo na funçãopública;b) Para a categoria de farma-cêutico primeiro assessor: deentre os farmacêuticos quepossuam um mínimo de 9 anose um máximo de 12 anos de li-cenciatura e com um mínimode 15 anos de serviço efectivona função pública;c) Para a categoria de farma-cêutico assessor: de entre osfarmacêuticos que possuamum mínimo de 6 anos de servi-ço e um máximo de 9 anos de li-cenciatura e com um mínimo

de 12 anos de serviço efectivona função pública;d) Para a categoria de farma-cêutico principal: de entre osfarmacêuticos que possuamum mínimo de 4 anos e um má-ximo de 6 anos de licenciaturae com um mínimo de 9 anos deserviço efectivo na função pú-blica;e) Para a categoria de farma-cêutico de 1ª classe: de entre osfarmacêuticos que possuamum mínimo de 4 anos de licen-ciatura e com um máximo de 6anos de serviço efectivo na fun-ção pública;f) Para a categoria de farma-cêutico de 2ª classe: de entre osfarmacêuticos habilitados como grau de licenciatura e com 3anos de serviço efectivo na fun-ção pública.

2.Aos indivíduos que não pos-suam os requisitos para ingressona carreira é vedada a promoção.Conclui na próxima edição

Estrutura da carreira a que se refere o Artigo 4º

Grupo de pessoal farmacêutico Categorias

Farmacêutico Farmacêutico assessor principalPrimeiro assessorAssessor principal de 1ª classede 2ª classe

Técnico médio (assistente) Técnico especialista principalde farmácia Especialista principal

de 1ª classede 2ª classe

Técnico auxiliar de farmácia Auxiliar de 1ª classede 2ª classede 3ª classe

Page 30: REVISTA Ordem dos Farmacêuticos da Ordem dos...2. Conheça a sua farmacologia, mecanis - mos de acção e efeitos. | Págs.15 a 18 R e acçõ sdv r ant imcr ob s nos erv iç dm a

Foi desde o primeiro momentoque este projecto nos mereceu onosso maior cuidado e atenção,tendo em conta a importânciade conciliar elementos e símbo-los que distingam a Ordem dosFarmacêuticos de Angola de ou-tras ordens profissionais exis-tentes em Angola e no mundo(atendendo ao contexto de glo-balização em que vivemos ac-tualmente); distinguisse a Or-dem dos Farmacêuticos de An-gola das outras Ordens dos Far-macêuticos e suas correspon-dentes a nível mundial; que per-mitisse, por via de símbolos eelementos conjugados, conferircaracterísticas únicas que alias-sem a história da profissão far-macêutica ao seu enquadra-mento no contexto actual emmatéria do papel do farmacêu-tico angolano e seu contributopara a Saúde e suas prioridadesa nível nacional.

Com base nestas premissas,partimos para a construção dologótipo OFA: uma assinaturainstitucional, a representaçãográfica de uma marca – a vossamarca e da que todos devem or-gulhar-se (a primeira Ordem dosFarmacêuticos criada nos paí-ses africanos de língua oficialportuguesa), respeitar e levarconvosco para o vosso contextolaboral diário através da vossaconduta e profissionalismo –permitindo que a mesma sejareconhecida entre todos e pelosdemais (profissionais de saúde,outras classes profissionais,população e pacientes), sinó-nimo e expoente máximo naafirmação dos seus desígnios erazões pelas quais a mesmaexiste e foi proclamada em2013: a casa do farmacêutico eo órgão máximo que defende eregula a profissão e o acto far-macêutico em Angola.

Explicativo global do logótipo OFA

São componentes da assina-tura principal do logótipo daOrdem dos Farmacêuticos An-gola a ilustração, o símbolo e olettering referentes a esta entida-de e apresentados agregados deuma forma imutável. Como tal,devem ser utilizados como umtodo, independentemente daaplicação ou dimensões impos-tas. A elaboração do logótipodeu-se a partir da composição devários elementos caracterizan-tes da ideologia farmacêutica,tais como a Serpente, a Taça daSabedoria e a Cicadófita. As coresutilizadas tiveram em conta ostons que definem a Saúde e asCiências Farmacêuticas en-quanto profissão e ciência, as-sim como o recurso a cores queelevam as características distin-tivas de Angola pela sua riquezaem recursos e o facto de ter sidoa primeira Ordem dos Farma-cêuticos criada nos países africa-nos de língua oficial portuguesa,e de que é exemplo o dourado uti-lizado.

Relativamente aos elemen-tos de lettering, a sua assinaturatodos eles destacam a Ordemdos Farmacêuticos de Angola eo ano da sua proclamação:2013.

Significado detalhado de cada um

dos símbolos à luz da história da farmácia

A. Forma

Forma oval acompanhada deuma linha descontínua em tornode todo o logótipo.

SignificadoPretende transmitir-se um carác-ter de universalidade pela formacircular, aliada à linha descontí-nua, que denota a existência deuma identidade e rumo própriosOFA, mas ao mesmo tempo per-meabilidade, abertura, interac-

ção e participação com o exterior(Ordens profissionais nacionaise internacionais, dos farmacêuti-cos e outras), tendo em conta ocontexto de globalização em quevivemos e as prioridades actuaise futuras do sector farmacêuticoangolano e seus profissionais.

B. Lettering | tipo de letraO tipo de letra utilizado, moder-no e atual, conjuga o momento

de proclamação da OFA (2013),com a antiguidade da profissãofarmacêutica e sua história, con-seguido através do seu serifado:pequenos traços ou linhas a re-matar as extremidades.

Fazem parte dos elementoscomunicados:1. “Ordem dos Farmacêuticos deAngola” – “OFA” 2. “2013” – ano de proclamaçãoda OFA

A destacar o posicionamentocircular do texto a acompanhar aforma global do logótipo, refor-çando o objetivo da forma e o po-sicionamento de “2013”.

C. Cores

Fazem parte das cores do logóti-po: ouro, roxo, verde e cinzento

OuroConjugada com a identificaçãode “Ordem dosFarmacêuticos deAngola”, “OFA”, à qual estão asso-ciados conceitos como riqueza,grandiosidade, prestígio: ligadosà riqueza em recursos que carac-teriza Angola e que pretendetranspor-se para o sector farma-cêutico angolano e seusprofissionais, pela sua éticaprofissional e conduta laboraldiária.

Roxo Cor muito ligada à magia, símbo-lo de purificação mental e mate-rial do corpo, sendo também acor que simboliza a transforma-ção: transformação de matériasprimas em medicamentos.

Verde Ligada à esperança, liberdade,saúde e vitalidade. A destacar acor verde mais clara e aberta(verde mais amarelo), adaptadaao contexto africano e seusprofissionais: mais abertos, bemdispostos e coloridos. Cores li-gadas, respectivamente, às Ciên-

A história do logótipo da OFA

São componentes daassinatura principal dologótipo da Ordem dosFarmacêuticos Angola ailustração, o símbolo eo lettering referentes aesta entidade e apresen-tados agregados de umaforma imutável.

“À cor ouro estão associ-ados conceitos comoriqueza, grandiosidade,prestígio: ligados àriqueza em recursos que caracteriza Angola e quepretende transpor-separa o sector farmacêu-tico angolano e seusprofissionais, pela suaética profissional e con-duta laboral diária”

30 | Revista da Ordem dos Farmacêuticos de Angola

Institucional

Outubro/Dezembro 2015

João Pedro Matos Farmacêutico consultor iD CONSULTING®

Page 31: REVISTA Ordem dos Farmacêuticos da Ordem dos...2. Conheça a sua farmacologia, mecanis - mos de acção e efeitos. | Págs.15 a 18 R e acçõ sdv r ant imcr ob s nos erv iç dm a

Revista da Ordem dos Farmacêuticos de Angola | 31Outubro/Dezembro 2015

Asclépio, figura mitológica da antiguidade grega, teria sido fulmi-nado por um raio que foi lançado pelo deus Zeus. O lançamento deste raio teve a ver com o facto de Asclépio terressuscitado dos mortos através de plantas medicinais. Depois da morte de Asclépio, a serpente que estava enrolada noseu bastão e que simbolizava o poder sobre as doenças, foi adop-tada pela sua filha Higia ou Higeia (deusa da higiene) que assimpassou a assumir a responsabilidadesobre as doenças. A serpente enrolou-se ao cálice que simbolizava o podersobre a doença e a sua cura.Outra explicação refere que a serpenteenrolou-se no bastão de Hipócrates.Quando esta estava para mordê-lo eenvenená-lo, Hipócrates disse à ser-pente que ela não o podia envene-nar porque ele tinha o antídotocontra o seu veneno. Hipócrates,pensando que a serpente teriafome, pegou numa taça onde mis-turava as plantas medicinais,colocando leite que a serpente be-beu.

As lendas…cias Farmacêuticas enquantociência e profissão.

Cinzento Associada a neutralidade, sig-nifica compostura, solidez e esta-bilidade. Quando utilizada cor-rectamente comunica tambémelegância e sofisticação.

No logótipo, vem associada aolettering “Ordem dos Farmacêu-ticos de Angola”, “OFA” e à pal-meira/cicadófita também pre-sente em marca de água: o objec-tivo principal é o de reforçar aimagem e posicionamento daOFA com uma instituição de to-dos os profissionais farmacêuti-cos angolanos.

C. Símbolos utilizadosSerpente Destaque para a cor verde maisaberta (verde mais amarelado), o

formato e cor do olho que lhe con-ferem um aspecto mais elegante esedutor, bem como a forma emcurvas e de diâmetro variável.

Taça | Cálice Forma concêntrica com pé finoafunilado no meio, contribuindopara a elegância e sofisticação, as-sim como a base e topo largos,transmitindo robustez e consis-tência, mas também abundância.

CicadóticaDe tronco mais grosso e folhasmais espessas, contribui para oreforço dos benefícios dos ele-mentos anteriores, sendo tam-bém caracterizante da rica e vas-ta flora africana.

Fonte:Professor Doutor João Rui Pita |Departamento de Tecnologia Farmacêu-tica da Faculdade de Farmácia da Uni-versidade de Coimbra | Especialista emHistória e Sociologia da Farmácia, comdiversas publicações e livros na área

“…A serpente enrolou-se ao cálice que sim-bolizava o poder sobrea doença e a sua cura…”

Page 32: REVISTA Ordem dos Farmacêuticos da Ordem dos...2. Conheça a sua farmacologia, mecanis - mos de acção e efeitos. | Págs.15 a 18 R e acçõ sdv r ant imcr ob s nos erv iç dm a