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REVISTA ON-LINE QUADRIMESTRAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE EUBIOSE ANO II – Nº 6 - OUTUBRO DE 2013 A JANEIRO DE 2014 Em homenagem ao centenário de nascimento de Anton Walter Smetak

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REVISTA ON-LINE QUADRIMESTRAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE EUBIOSE ANO II – Nº 6 - OUTUBRO DE 2013 A JANEIRO DE 2014

Em homenagem ao centenário de nascimento de Anton Walter Smetak

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A Sabedoria Iniciática das Idades, que é transmitida de geração em geração por Escolas de Mistério que operam dentro da Lei Justa e Perfeita, procura tornar vivos os conhecimentos, atitudes, práticas esotéricas legadas por dezenas de Avataras ao longo dos séculos.

Esta Sabedoria Iniciática das Idades foi durante várias eras veiculada de forma esotérica, de boca a ouvido, constituindo-se em várias tradições como os Mistérios Maiores, destinados a uns poucos que tinham um estado de consciência compatível para assimilar a essência de verdades eternas, envoltas sempre em lendas e parábolas destinadas ao grande público.

Esses milhares de saberes organizados de forma pedagógica e iniciática visavam e visam até hoje à transformação do homem comum em discípulo da Boa Lei, que a tudo e a todos rege. Este sistema ancestral de transmissão de conhecimentos age como indutor para que o discípulo possa se transformar num centro irradiador de sabedoria.

O caminho iniciático é cheio de alegria, felicidade, afeto e reconhecimento e, ao mesmo tempo, de sofrimento. Este último causado pela resistência interna que todos nós geramos ao tentar abandonar as formas ilusórias da vida, pensares e emoções ultrapassadas que teimam em grudar no nosso ser e que funcionam como carma individual.

Ao longo da caminhada, defrontamo-nos com as três clássicas perguntas das Escolas Iniciáticas:

Quem sou?

De onde vim?

Para onde vou?

EDITORIAL

São questões-chave da existência humana cujas respostas devem ser singulares. Cada um deve refletir muito bem sobre sua vida, suas particularidades inatas ou adquiridas, conhecer-se com profundidade para que as respostas balizem o caminho da sua atual vida.

As antigas tradições religiosas costumavam dar aos seus seguidores respostas sobre estes assuntos que remetiam a um mundo simbólico e coletivo. Havia então um padrão de santidade que deveria ser seguido, com regras claras para serem obedecidas. Este tipo de iniciação, de religiosidade, também conhecida como simbólica, conseguia levar o estado de consciência do iniciado de um padrão afetivo-emocional até um mais acima, que é o da razão, do mental concreto.

O processo iniciático da Sociedade Brasileira de Eubiose vai mais além. Partindo do mental concreto, ou comparativo, procura levar seus integrantes, através do Amor-Sabedoria, até o que denominamos de mental abstrato, que pode ser definido, dentre dezenas de maneiras, como a percepção integral do uno através de uma parte, ou a compreensão das diversas partes a partir da dedução do uno.

Uno aqui entendido como a Divindade e a parte como a expressão singular do indivíduo, do ser humano.

É na relação enriquecedora e fecunda entre Divindade e Ser Humano que se descortina para o discípulo o plano geral da evolução e, com isso, ele pode ser um participante ativo e consciente deste processo. E estará então apto a transpor um novo portal ao responder, para si mesmo e para a Divindade, a grande questão da novíssima Era de Maitreia:

O QUE QUERO?

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SUMÁRIO

DHÂRANÂHenrique José de Souza

Grande é o erro daqueles que confundem, o Espírito ou In-teligência (Nous) com a Alma (Psyké). Não menos os que confundem a Alma com o cor-po (Soma). Da união do Espí-rito com a Alma nasce a Razão; da união da Alma com o Corpo nasce a Paixão.

4SMETAK - EUBIOSE E A ALQUIMIA DO SOMMario Chagas e Claudia Storino

Em comemoração ao cente-nário de nascimento de Anton Walter Smetak - dedicado dis-cípulo da Ciência Iniciática das Idades, artista criador de futuros, alquimista do som e transformador de realidades – elaboramos o singelo texto, dividido em cinco movimentos.

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A EUBIOSE NA MÚSICAAnton Walter Smetak

A música clássica requer grande palco, orquestras sinfônicas, cantores, requisitos cênicos, iluminação etc. Ela nos conduz a representações cósmicas”.

13O PROFESSOR SMETAK - UM DEPOIMENTOCarlos Carvalho

Em 1968-69 estudava oboé nos Seminários Livres de Mú-sica da UFBa em Salvador, onde conheci o Prof. Smetak, que lecionava violoncelo, to-cava na Orquestra e desenvolvia uma pesquisa com ins-trumentos musicais.

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SMETAK: VONTADE, OU-SADIA E SABEDORIAJosé Luiz Conrado Vieira

“Não sou mais arara. Sou ho-mem.Mas não sou homem público. Sou um ser enigmático”.

22A PARTE OCULTA DA HISTÓRIA DO BRASILFrancisco Feitosa

Apesar da história de des-casos, subtrações e falta de consciência de seu povo, o Brasil, por força da LEI divi-na, tem uma missão muito importante no contexto mundial e no processo evolucio-nal da humanidade.

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YOGA, dizem os clássicos do Ocultismo, “é uma filosofia ou sistema que tem por fim

dar àquele que a prática, o poder de se abster de comer e de respirar durante considerável tempo, e processo, ainda, de se tornar insensível a todas as impressões exteriores”.

Para nós, aquele que pratica Yoga visando tais poderes é apenas um Faquir e não um Yogi.

Tal maneira de definir o termo Yoga tem provocado tantas perturbações entre os pretendentes à Vereda da Iniciação, como o próprio termo “Deus”, através de lutas religiosas entre os que se extasiam diante de definições, que não podem, de modo algum, expressar, com precisão e clareza, tudo quanto pertence ao mundo subjetivo.

Ademais, no que diz respeito à Yoga, logo se manifesta o desejo egoísta de sobrepujar os demais, de ser, enfim, um homem completamente diferente dos outros, sem falar nos perigos que de tal prática procedem, quase sempre em detrimento do próximo. Nesse caso, Magia Negra e não Magia Branca ou Aquela que praticam os Seres Superiores, como Guias ou Instrutores dessa pobre Humanidade acorrentada nas férreas cadeias da Ignorância, qual Prometeu ‘amarguradamente infeliz”, como diria Junqueiro, na sua mítica montanha, que é o Cáucaso, que tanto vale pelo “cárcere carnal” ou “pote de argila” bíblico.

Yoga, querendo dizer “união”, nada mais é do que a adoção deste ou daquele sistema por parte de quem, de fato, só tenha a preocupação de se UNIR, ao seu Eu ou Consciência Imortal, na razão do que

“Grande é o erro daqueles que confundem, o Espírito ou Inteligência (Nous) com a Alma (Psyké). Não menos os que confundem a Alma com o corpo (Soma). Da união do Espírito com a Alma nasce a Razão; da união da Alma com o Corpo nasce a Paixão.

Desses três elementos, a Terra deu o corpo; a Lua, a alma, e o Sol, o Espírito. Por isso que todo Homem justo, consciente de todas essas verdades, é, ao mesmo tempo, durante a sua vida física, um habitante da Terra, da Lua e do Sol”. – Plutarco (De Ísis e Osíris).

diz Paulo, em Efesus, III, 16/17: “Todo ser bom pode falar ao Cristo em seu Homem Interno”: Cristo ou Consciência Universal, tanto vale.

Das inúmeras espécies de Yoga que se conhecem, sobressaem as que se conjugam com os três corpos de que o homem se compõe, aparte opiniões até hoje divulgadas, por serem completamente errôneas. Referimo-nos à Hatha-Yoga, “como ciência do bem-estar físico”, desde que tal corpo é o sustentáculo da alma e do espírito. Mens sana in corpore sano. A seguir, Gnana-Yoga e não Raja, como querem outros, porquanto o mesmo termo Gnana ou Jnana, tem por étimo Jim ou Jina, que de ser um habitante do Astral, ipso facto, relaciona-se com a Alma ou Psiké. Donde o termo: poderes psíquicos. O mesmo termo Espiritismo, usualmente empregado, é errôneo por suas práticas envolverem única e exclusivamente o mundo astral. Nesse caso, ANIMISMO OU PSIQUISMO. Finalmente, Raja-Yoga (União real, régia ciência etc.) ou do Mental, como sede do Espírito, desde que acima dele se acham as consciências Búdica e Átmica que, a bem dizer, são Portas abertas ao Tabernáculo Divino. No corpo humano, a hipófise tem que ver com a Alma, enquanto a epífise (“sobrenatural”) com o Espírito.

Por tudo isso, dizer-se que “tal união com o Todo (pela prática da verdadeira Yoga) é feita por três caminhos”, que a mesma Vedanta denomina de: Karma ou ação para o físico; Bhakti ou “devoção” (a mística da Fraternidade Humana, como o maior de todos os Ideais) e Jnana ou do

DHÂRANÂ♪ Henrique José de Souza

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conhecimento, visão espiritual, sabedoria, Gnose etc.

Todo e qualquer processo de livrar o Ego das ilusões do mundo terreno com o fim de uni-lo à Consciência Universal, é uma YOGA.

Na de Patanjali, como a mais importante de todas, existem oito graus ou estados:

1º - YAMA: restrição, controle de si mesmo;

2º - NI-YAMA: observações religiosas, ou antes, alicerçamento do caráter;

3º - ASANA: posição especial para a meditação, embora que esteja incluída nos bailados iniciáticos, tanto do velho Egito como da Índia, e posteriormente, na Grécia (“mistérios eleusinos etc.”) e hoje, de modo velado, na arte coreográfica, em geral. Tais “asanas” ou posições, sempre debaixo de um certo ritmo, traduziam, muitas vezes, toda a história de um deus do Panteon do País, quando não, mensagens desses mesmos deuses ao Templo onde eram praticados semelhantes rituais. Haja vista, os bailados exigidos no começo de nossa Obra, todos eles expressando mensagens e divulgações de remoto passado, em referência aos fundadores da mesma Obra;

4º - PRANAYAMA: retenção do hálito para controle de todas as funções orgânicas (a mesma medicina atual já aconselha essa prática nas crises “simpaticotônicas” etc. em relação com o lado solar, do mesmo modo que as vagotônicas, com o lunar. E a prova é que as duas narinas estão classificadas nas antigas escrituras orientais, como: Ida ou lunar (a esquerda) e Píngala ou solar (a direita). Quando a respiração flui por ambas as narinas, recebe o nome de Sushumna (respiração andrógina, dizemos nós, ou equilibrante etc.). Este é o momento mais apropriado para semelhante YOGA, principalmente se levada a efeito em PADMASANA (Padma, loto e Asana, posição. Nesse caso, “posição do loto”, ou seja: de pernas cruzadas, como se vê nas imagens do Buda etc.)

5º - PRATY AHARA: o poder de afastar o mental das sensações físicas;

6º - DHÂRANÂ: “a intensa e perfeita concentração da mente em determinado objeto interno, com abstração completa do mundo

dos sentidos”. Em síntese: o sumo controle do pensamento;

7º - DHYANA: Meditação, contemplação abstrata ou afastamento do mundo dos sentidos, melhor dito, estado de “isolamento completo”. Constitui uma das “seis Paramitas” budistas. E a prova é que, em um dos mantras (hinos) do começo de nossa Obra – o mesmo que nos foi enviado do Oriente – figuram estas palavras: “Dhyâna, tuas portas de oiro nos livram da deusa Mayá (“ilusão dos sentidos”);

8º - SAMADHI (ou Samyâma): estado de meditação obtido pela concentração, no qual o Adepto se torna consciente de seu Mental Superior, o que tanto vale por se tornar Um com o Todo, a Consciência Universal etc. A mesma “posição do Buda” não significa outra coisa. Por isso, traz os olhos cerrados (visão para dentro ou espiritual), orelhas enormes, que muitos criticam sem saber que é apenas um símbolo; na razão daquele que além de CLARIVIDENTE é CLARIAUDIENTE. As pernas cruzadas ou na posição já apontada como de Padmasana, sendo as mãos unidas e os dedos curvos, formando a última letra do alfabeto sânscrito, ou Aquele que alcançou o Fim de sua evolução terrena: o Nirvana etc. E quanto ao ponto ou sinal que traz na fronte (“olho de Shiva”, como se chama na Índia, “ureus mágico”, no Egito, como prova a “serpente que se vê na fronte dos faraós”), em relação à mesma visão espiritual. E assim por diante.

____________

Por todas essas razões e outras mais ainda, a nossa Escola Iniciática ter sido fundada, com nome DHÂRANÂ, e seu órgão oficial o conservar até hoje como uma homenagem àquela época.

DHÂRANÂ serviu, pois, de “sumo controle do Pensamento”, para que, Dhyâna abrisse suas “Portas de Oiro” a Samadhi, além do mais, através de desconcertantes fenômenos psíquicos, que o vulgo denomina erroneamente de “milagres”. E logo chegando o domínio do Mental (Dhyâna ligada a Samadhi, ou antes, Budhi a Atmã, como 6º e 7º princípios teosóficos, para a formação da Tríade Superior), a própria Lei lhe exigir o de SOCIEDADE TEOSÓFICA BRASILEIRA, além de

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excelso e significativo lema, que é: SPES MESSIS IN SEMINE, ou “a esperança da colheita está na SEMENTE”. E isso porque, todos quantos forem atraídos para as suas fileiras, desde já representam os arautos dessa civilização de elite que fará seu surto nesta parte do Globo, e para a qual foi a mesma S. T. B. criada.

Assim, o mesmo leitor; ao manusear as iniciáticas páginas de seu órgão oficial, embora que não o saiba, pratica um rápido estado de Dhâranâ, por ter de abandonar o “mundo dos sentidos”,

sob pena de não poder compreender o que, por “baixo da letra que mata”, refulge, como um Novo Sol, a iluminar-lhe a Consciência, o “Espírito que vivifica”.

Vitam impendere Vero!

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA:

Dhâranâ, ano XIX – janeiro a dezembro de 1944, números 119 a 122.

*Henrique José de Souza (Salvador, 15 de setembro de 1883 — São Paulo, 9 de

setembro de 1963) Foi um eubiota, estudioso do ocultismo, fundador

da Sociedade Brasileira de Eubiose e reconhecido como patrono de diversas lojas maçônicas e instituições de cunho cultural-espiritualista, além de ter realizado diversos estudos iniciáticos acerca da espiritualidade e da identidade cultu-ral brasileira. Precursor do movimento eubiótico, manteve ainda, ao longo de sua vida, relações com experiências de iniciação do budismo esotérico e da teosofia.

ObrasPublicou centenas de artigos na revista Dhâranâ, di-

vulgada a partir da Sociedade Brasileira de Eubiose e ainda quatro livros: “O Tibete e a Teosofia” (1928-32), em parceria com seu amigo e também ocultista Mario Roso de Luna; “O Verdadeiro Caminho da Iniciação” (1940); “Ocultismo e Teo-sofia” (1949), sob pseudônimo de Laurentus; e “Os Mistérios do Sexo” (1ª edição em 1965).

Para a formação dos discípulos da Sociedade Brasileira de Eubiose, verteu do inglês e do francês parte da obra de Helena Petrovna Blavatsky, da mesma forma que, do espa-nhol, a de Roso de Luna, comentando-as e atualizando-as. Ainda de Roso de Luna - com quem manteve intensa cor-

respondência desde 1928 até a morte do amigo, em 1931 - traduziu do francês a obra Evolucion Solaire et Séries Astrochimiques (1909), que adianta a possibilidade teórica de estudar a composição química do Sol e outros astros pela análise do seu espectro eletromagnético, hoje fato consumado. Também de autoria do teósofo espanhol, traduziu os 21 capítulos iniciais de O Tibete e a Teosofia, completando-o com outros tantos de sua lavra.

Mas a grande obra literária de Henrique José de Souza são suas Cartas de Revelação, escritas de 1924 até 1963, contendo as linhas-mestras do movimento eubiótico e as instruções diretivas da Sociedade Brasileira de Eubiose, projetadas até o século XXI. Essa imensa pregação epistolar foi revista e resumida, sob sua orientação, na década de 1940, descartando-se os originais do período precedente. Pela desatenção de colaboradores, perdeu-se uma parte, mas restam ainda, organizadas cronologicamen-te e classificadas por assunto, através de exaustivo índice remissivo, cerca de 4 mil páginas datilografadas, que se mantém em bibliotecas reservadas para consulta de membros efetivos da Sociedade Brasileira de Eubiose.

Além de literato, foi músico e poeta, sendo de sua autoria a extensa coletânea de músicas (e letras) que enriquecem o cená-rio das ritualísticas da Eubiose.

Referência: Wikipédia

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Em comemoração ao centenário de nascimento de Anton Wal-

ter Smetak¹ - dedicado discípulo da Ciên-cia Iniciática das Idades, artista criador de futuros, alquimista do som e transfor-mador de realidades – elaboramos o sin-gelo texto que se segue, dividido em cinco movimentos. No primeiro, apresentamos o percurso do artista do oriente para o ocidente, seguindo o Itinerário da deusa IO; no segundo, descrevemos num alegro de chori sol e lua² o seu contato com os Gêmeos Espirituais e o seu vínculo ins-titucional com a Sociedade Brasileira de Eubiose; em seguida, abordamos o seu trabalho de criação de instrumentos e sons; no quarto movimento destacamos o seu papel de mestre e inspirador de uma nova geração de artistas; por fim, tam-bém num alegro de chori sol e lua, bus-camos explicitar um pouco mais, sem ne-nhuma intenção conclusiva, as relações de Smetak com a Eubiose.

SMETAK – EUBIOSE E A ALQUIMIA DO SOM

♪ Mario Chagas e Claudia Storino

¹ O presente texto adotou como referência as pesquisas e os textos elaborados para a exposição comemorativa do centenário de nascimento de Walter Smetak, apresentada em março de 2013, em São Lourenço (MG), durante o 4º Encontro Nacional da Ordem do Ararat, com a supervisão de Jefferson Henrique de Souza e Felícia Clélia Forlenza de Souza. ²Chori é um instrumento de cordas criado por Smetak com utilização de cabaças e outros materiais, para ser tocado com arco. Chori indica, nas palavras de seu criador, algo que “não chora nem ri”; nada impede, no entanto, que possamos compreendê-lo como um instrumento que chora e ri, ao mesmo tempo. Chori Sol e Lua utiliza-se de duas cabaças e, de algum modo, remete-nos aos Gêmeos Espirituais, Henrique e Helena, Pai e Mãe cósmicos.

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I. KAMINHANDO3 PARA O OCIDENTE“Falar sobre música é uma besteira, mas executá-la é uma loucura”. Smetak.

Filho de uma cigana e de um músico checos, Anton Walter Smetak nasceu em 1913, em Zurich, na Suíça, e trouxe consigo desde menino genes e tendências para a criatividade, a espiritualidade, a música, a técnica, a inquietude, o movimento e a intuição.

Seu pai, um virtuoso na cítara, foi seu primeiro professor. Estudou no Mozarteum de Salzburgo e em 1934, junto a Pablo Casals, tornou-se concertista de violoncelo no Conservatório de Viena, na Áustria.

Como quem segue o Itinerário Solar, aos 24 anos, dois anos antes do início da 2ª Guerra Mundial, Smetak mudou-se para o Brasil. Inicialmente residiu em Porto Alegre (RS), deu aulas de violoncelo no Instituto de Belas Artes do Rio Grande do Sul e tocou na Rádio Farroupilha. Nos anos de 1940 passou a viver no Rio de Janeiro, trabalhou na Orquestra Sinfônica Brasileira e nas rádios Nacional, Tupi, Guanabara, no famoso Cassino da Urca e no Teatro Municipal. Em 1952 partiu para São Paulo, onde trabalhou no Teatro Municipal e nas rádios Record, Bandeirantes e Sumaré.

II. OS MESTRES E SMETAK“Na ciência dos sons, das cores e dos números, está contido todo o mistério do universo”. JHS

Em 1949, Smetak conheceu seus Mestres, os Gêmeos Espirituais - Henrique José de Souza (JHS) e Helena Jefferson de Souza -, e filiou-se à Sociedade Teosófica Brasileira que, em 1969, passaria a denominar-se Sociedade Brasileira de

Eubiose. O violinista Carlos Meireles Osório foi quem levou Smetak à presença do seu Mestre.

Na fonte da Eubiose – a Ciência Iniciática das Idades, a Ciência da Vida e a Vida do Eu em ação – Walter Smetak encontrou energia e inspiração para a sua arte espiritual e passou a conviver cotidianamente com o mistério dos sons, das cores, dos números e das formas.

Para Smetak, Eubiose é Alquimia, é transformação do presente e construção de futuro e ele próprio, assim como seu Mestre, são Alquimistas do Som. É importante registrar que JHS é, em termos espirituais, o Bijam dos Avataras, a encarnação do Verbo Criador, o Senhor do Som e da Palavra Perdida; além disso, JHS, em termos práticos e operacionais, produziu textos sobre uma teoria musical eubiótica e criou músicas de caráter espiritual, onde se destaca a sua Grande Ode ao Som.

Em 1955, Smetak publicou na revista Dhâranâ, nº 7–8, artigo denominado A Eubiose na Música, no qual reconheceu o valor espiritual da música e indicou que “(...) só na 5ª e 6ª raças-mãe poderá ainda haver música; na 7ª, como estado de consciência átmica, haverá um só entendimento, e então a música terá cumprido a sua função, porque tudo se terá tornado luz e som”.

III. SMETAK E A SIMBOLOGIA DOS INSTRUMENTOS:

O LUTHIER DO NOVO MUNDO

“Instruir + Mentes = Instrumentos”

Smetak

³ O professor Henrique José de Souza indica que o “K” pode ser lido como um ideograma de quem “Kaminha”. Nesse sentido, o “K” de Smetak pode sugerir a sua tendência de “Kaminhante”.

Instrumento “Chori Sol e Lua”

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4 Ver SILVA, Adriana Pucci Penteado de Faria e. A arquitetônica das plásticas sonoras de Smetak. Revista Intercâmbio, vol. XX: 1-24, 2009. São Paulo: LAEL/PUC-SP.

Em 1957, a convite do maestro Hans Joachim Koellreuter, Walter Smetak mudou-se para Salvador (BA) e assumiu as funções de pesquisador e professor no Seminário de Música da Universidade Federal da Bahia (UFBa). Como professor quebrou preconceitos, atraiu a atenção de jovens artistas, investiu em aulas de improvisação, som e acústica e contribuiu para a renovação do panorama artístico e musical de Salvador; como pesquisador desenvolveu consistente programa de investigação sonora, construiu uma oficina onde criou cerca de 150 instrumentos musicais, denominados de “plásticas sonoras”, nos quais utilizava cabaças, cascas de coco, bambu, arames, cordas, folhas de flandres, pedras, madeiras, tubos de PVC, isopor e inúmeros outros materiais.

Além de músico, luthier e professor, Smetak foi escritor, escultor, filósofo e dramaturgo. Escreveu mais de 30 livros, mais de 300 poemas e pelo menos três peças teatrais.

Em 1967, participou da I Bienal de Artes Plásticas de Salvador, ao lado de artistas como Lygia Clark e Franz Krajberg, e recebeu o Prêmio Especial de Pesquisa. Seus instrumentos extrapolam a função musical, são esculturas marcadas e iluminadas por sua forma eubiótica de ver e ser no mundo.

Em 1968 – 32 anos depois de sua chegada ao Brasil, incluindo o ano de 1937 – Smetak naturalizou-se brasileiro. No entanto, a sua natureza de brasileiro e baiano já era reconhecida há bastante tempo4.

Instrumento “Colóquio”

Instrumento “Ronda”

Instrumento “Amém”

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IV. SMETAK: TAK - TAK“Eu costumava chamá-lo de Tak, Tak. Não só pelo expediente afetivo de abran-dar, com um apelido, a suposta/imposta seriedade da relação mestre/discípulo que entre nós se estabelecera, como pela lembrança que a sua condição de suíço trazia de relógios. (...) Eu, jamais serei impune ao fato de ter sido seu discípulo, seu amigo, seu irmão”. Gilberto Gil

A excentricidade e o experimentalismo de Smetak atrairam a atenção de artistas visuais e músicos eruditos e populares. A partir de 1969, a oficina do Mago do Som passou a ser frequentada por Gilberto Gil, Rogério Duarte e Tuzé de Abreu; além deles também foram seus discípulos Tom Zé, Gereba, Carlos Carvalho, Ernst Widmer, Rufo Herrera, Milton Gomes, Lindembergue Cardoso, Marcos Roriz, Lucemar A. Ferreira, Djalma Correia, Jamary Oliveira e Marco Antônio Guimarães, criador do grupo Uakti. Hélio Oiticica, em texto de 1967 denominado Esquema Geral da Nova Objetividade, ao referir-se à vanguarda artística brasileira, inclui o “baiano Walter Smetak com seus instrumentos de cor (musicais)”.

Para “tirar som” dos seus instrumentos Smetak criou, com os amigos e discípulos do Seminário de Música da UFBa, o «Grupo dos Mendigos» que realizou apresentações na Bahia e em São Paulo. Em 1975, com produção de Caetano Veloso e Roberto Santana e montagem de Gil e Caê, gravou o disco Smetak e em 1980, com o conjunto Microtons, foi a vez do Interregno, seu segundo e último disco.

O autor se foi, mas a obra ficou. Além das filhas Barbara Smetak e Jorgea Smetak e dos filhos Tercio Henrique Smetak, Honorato Smetak e Uibitu Smetak5, nascidos do ventre de Julieta, o “Louco do Porão” deixou muitos “herdeiros”, amigos, discípulos e uma grande obra que continua reverberando. 5 A Ciência Iniciática das Idades ou Eubiose esteve presente na vida de Walter Smetak de modo tão intenso que, além de manifestar-se em sua vida profissional e em sua atividade artística, revela-se em sua vida íntima e pessoal, como pode ser percebido pelos nomes que escolheu para os seus filhos.

O “Descompositor Contemporâneo” faleceu no dia 30 de maio de 1984, em Salvador, mas antes indicou aos mais próximos que voltaria em 2005 para cuidar de sua obra.

Instrumento “Caossonância”

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Anton Walter Smetak era filho de ciganos; tinha em sua genética a musicalidade e a espiritualidade. Os ciganos, como indica em inúmeros textos o professor Henrique José de Souza, sempre estiveram próximos da construção da Instituição e da Obra (IO) no presente ciclo ou na presente ronda de evolução.

Smetak chegou ao Brasil em 1937 e em 1949, ano que marca o nascimento de Maitreia Buda (o Avatara de Aquarius e das Três Mayas, Buda que é ao mesmo tempo Senhor dos Três Mundos: o de cima, o de baixo e o do meio) conheceu JHS. O contato com o Mestre foi radical, no sentido de ter sido levado à raiz. Smetak reconheceu JHS como o Senhor do Som e, por isso mesmo, dedicou toda a sua vida à Eubiose. Ele encarnou a Eubiose como Vida do Eu em ação, como imaginação criadora e utilizou o som e a sua habilidade com os instrumentos a favor da construção de um futuro em sintonia com os princípios eubióticos que indicam a necessidade do ser humano libertar-se do aprisionamento da mente, da alma e do corpo.

Os instrumentos criados por Smetak partem de uma equação (instruir + mentes = instrumentos) e indicam que arte, ciência e técnica andam juntas na vida e no cotidiano. Os títulos dos seus instrumentos são expressivos e estão vinculados às suas experiências espirituais e ao seu processo de iniciação na Eubiose. A plena compreensão dos seus instrumentos exige uma combinação de conhecimento espiritual, sensibilidade artística e interesse no mundo contemporâneo em movimento. Seus instrumentos recebem nomes que dão pistas espirituais importantes, a saber: Três Sóis, Metástase, Ronda, Amém, São Jorge Tibetano, Colóquio, Máquina do Silêncio, I E A O U, Disco, Andrógino, Ak-Ela, Imprevistos, M-2005 e outros.

V. SMETAK E EUBIOSE: O CENTENÁRIO DE UM DISCÍPULO

“Tudo de Smetak trata da eubiose… Ele detestava que o chamassem de músico ou o que fazia de música”.

Tuzé de Abreu

Instrumento “Três Sóis”

Instrumento “Imprevisto”

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6 O processo de avatarização corresponde em linguagem junguiana ao processo de individualização

Quando ele denomina um instrumento de Metástase está dialogando com o processo de avatarização6, com a mudança de lugar da consciência e não apenas com um termo relacionado à oncologia ou às células cancerígenas; quando ele denomina um instrumento de Ronda está conversando com a cosmogênese na perspectiva eubiótica e não apenas com uma máquina de rodar; quando ele denomina um instrumento de Colóquio, está claramente referindo-se ao que ficou conhecido na tradição eubiótica como o Colóquio Amoroso entre os dois irmãos (Akbel e Arabel); quando ele faz referência ao São Jorge Tibetano, está citando Ak-dorge, muitas vezes confundido com Maitreia-Buda que, por sua vez, na obra de Smetak, está citado como M-2005. E aqui Smetak é claríssimo e com delicadeza paga o seu tributo ao mestre JHS. Maitreia (Henrique e Lorenzo) é o avatara do ciclo de Aquarius, nascido em 1949 (ano de contato de Smetak com o seu Mestre) e cuja epifania foi profetizada para 2005. Isso explica também a profecia do próprio Smetak de que ele retornaria em 2005 para cuidar de suas obras.

Hoje, oito anos depois de 2005, em sã consciência, sabendo que não sabemos, não podemos nos manifestar acerca da vinda de Maitreia-Buda, nem mesmo acerca da volta de Walter Smetak, a vida segue seu curso e nem tudo se oferta aos olhos. A obra de JHS continua a nos inspirar, assim como a obra de seu discípulo Smetak: Tak-Tak.

Instrumento “Máquina do Silêncio”

Instrumento de sopro para ser tocado por 28 pessoas

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A EUBIOSE NA MÚSICA

♪ Walter Smetak

É necessário distinguir duas espécies de músicas, uma que destrói e outra que constrói; aquela, que leva aos sonhos do astral inferior, das formas anfíbias do fundo do mar da Atlântida, por assim dizer, uma música de caráter formal, da espécie das emoções sensuais, sons que causam muitas vezes o saxofone, junto com o pistão, na música do “jazz”, a qual atinge o quaternário do umbigo para baixo, ou melhor dito, aqueles centros de força de Kundalini, que não encontraram seu circuito no Fohat celeste da mente.

Pertence esta música mais à qualidade dos ruídos ou da contemplação demoníaco-anímica, sem tônica vitalizante das paixões, em todas as formas, que provêm do reino animal, por parte animal, vegetal ou homino-animal de evoluções pré-atlântidas. Inclui este gênero toda a música de diversão, dançante, de guerra etc., para fazer dormir e despertar sentimentos outros desse gênero.

A literatura musical deste gênero predomina hoje entre as massas do povo, sendo riquíssima sua quantidade, servindo de ilustração para todas as atividades da vida comercial comum. Trata-se, aqui, da música antieubiótica, que deve desaparecer, tendo ela, talvez, o único valor preparatório para aquele grau que é conhecido como música – as canções folclóricas. Mostra, como dizia Confúcio, a medida de um povo. A música folclórica típica baseia-se em lendas antigas, que ressuscitam em lindas canções do caráter dos trovadores e menestréis, tão comuns na Idade Média, canções dos viajantes, reconhecidos como astros errantes, tendo

pendurado do lado esquerdo um violão, figuras que nos levam a identificar o símbolo do som e do infinito. 1º e 11º Arcanos Maiores, ou seja, a unidade da qual emana a música, em sua diversidade.

A outra música é a clássica dos grandes autores, ou, pelo menos, a chamada vulgarmente clássica. O autor único é sempre o Logos do 2º Trono, o Cristo Universal.

Serviu, assim, a música popular e folclórica de julgamento para um povo integral. A música clássica requer grande palco, orquestras sinfônicas, cantores, requisitos cênicos, iluminação etc. Ela nos conduz a representações cósmicas. Como todas as composições, representam um aspecto da Luz Astral de uma época, ou de Mente Abstrata que se faz entender como voz do Logos, dentro da mente concreta de um Gênio ou Jina, que vive sempre em todas as idades dentro do deserto humano, reconhecido, desconhecido, ou conhecido, tanto faz, o Gênio ou Jina cumpre, assim, a sua missão, apelando para o Juiz – Lei dos respectivos Tronos.

Toda obra causa um certo impulso evolucional. A crítica é feita pelo próprio público, pelo autor e pelo próprio Logos. A apreensão ou não da música pelo público revela o seu grau de evolução. Em qualquer caso, tanto o autor, como o Logos julgam-na como eficiente no momento, ou de efeitos remotos, ela sempre, porém, servindo de móvel para a evolução.

Somos obrigados a aceitar sempre os mesmos elementos, modulando-os eternamente nos ciclos que se desenrolam desde a Atlântida.

“A música clássica requer grande palco, orquestras sinfônicas, cantores, requisitos cênicos, iluminação etc. Ela nos conduz a representações cósmicas”.

Smetak

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Esses elementos é que deram origem à soma DE APRESENTAÇÕES PÚBLICAS NAS ARTES, NOS PALCOS TEATRAIS E NO MUNDO MESMO DE TODAS AS ATIVIDADES HUMANAS, MUSICAIS OU NÃO MUSICAIS. São fielmente representadas as mesmas dores, tragédias, crucificações, angústias, alegrias, tristezas e palhaçadas, originando-se de um desequilíbrio e naufrágio de povos que ficaram humanos.

É muito lógico, numa época de Satya Yuga, não poder haver esta rápida mudança do termômetro humano, e não há nada de dramático que se deseja transmitir. A contemplação é uma só, por causa própria, correndo como um rio sagrado e eterno dentro da juventude e da velhice, que se reúnem em uma Idade: Eterno Presente. Existe unicamente a música das vibrações sutis e também físicas dentro dos hábitos sacerdotais dos Templos. Mas aquilo não é mais música profana; não há mais nada profano, é só conhecimento puro, branco, não derivado, ou seja, isso que nós conhecemos novamente em cada ciclo como palavra saída da boca de Devavani, o Anjo da Palavra.

Redução é tanto como fazer vibrar a quinta essência. Um concerto sinfônico acaba, uma estrela apaga-se, a luz ainda vem vindo, existe como fotografia saindo do Akasha e permanecendo por idades na luz astral e no éter luminoso ou auditivo. Exemplo estupendo, como logaritmo, mostrando bem certo quanto tempo o homem necessita para receber através das diversas hierarquias as mensagens celestes, percebendo-as no fim da escala das vibrações auditivas, necessitando novamente transpor em linguagem humana a causa cósmica em Arte: Música, Lirismo, Pintura, Escultura e Arquitetura.

Sendo assim, provada a função da música eubiótica, ela é novamente separada em duas partes: as vibrações da Satya Yuga e a música artificial, seja para glorificação do artista humano ou da Divindade em ausência visual, criada da vibração unitária do Logos como escala setenária diversa, ouvida com sequência sem ou com quintessência, que seria sua oitava. Conduz a este mistério, que foi chamado a “Voz do Silêncio”, como excelsa vibração do som inaudível ouvido na garganta, lugar de separação de morte e vida ou vida e morte. Para o verdadeiro teósofo só

Música clássicawww.papodehomem.com.br

Música folclóricawww.brasilcultura.com.br

Música popularwww.vilamundo.org.br

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«É necessário distinguir duas espécies de músicas, uma que destrói e outra que

constrói”

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tem valor como meio, e não como conclusão e sublime verdade, sendo ela apenas um condutor para maior mistério. Meio para alcançar, meio como Mayâ, e grande passo de Om para Tat, dali para SAT, SATOM, tornando-se o valor de SAT OM equivalente à quarta He do lod-HE-Vau-he, formando a base fundamental de um novo ciclo, síntese deste e perfeito equilíbrio de todos os acontecimentos provindos ainda da Atlântida – TAT LÂNDIA ou seja hoje o novo sistema geográfico predominando como SAT LÂNDIA.

Necessário se faz falar dos máximos marcos componentes de alguns autores do período, ao alcance da nossa memória. Seja firmado isso com os nomes de Palestina, Bach, Mozart, Beethoven, Mendelssohn, Wagner e, por último, Debussy, Ravel, Stravinsky e Hindemith, que podemos considerar como uma alma-grupo.

A época de Palestina significa a música religiosa mais pura da Cantata cantada, de um Cristianismo já sectário, alcançando em Bach o seu apogeu. Música de efeito grandioso na sua mística gótica, contemplativa, elevando o homem pelos céus, em vez de para dentro da terra, a olhar extrospectivamente em vez de introspectivamente, música verdadeiramente exotérica em vez de esotérica, adorando uma divindade como se ela fosse de forma humana, lembrando os quadros

de Dürer daquela época, já demonstrando a deficiência de um cristianismo dogmático, estas representações já não eram mais representantes de alguma coisa tulkuística. Isso é que foi visível em todos os aspectos, e nada mais, determinando a luz astral do céu azul, lugar de reconhecimento devacânico, que outrora era a Divina Mãe ou Akasha, em forma de um Ramakrisna.

Veio depois AMA-DEUS, aquele que amou Deus, Mozart, cujas músicas nos contam do segundo Trono humano e Divino, fazendo sentir a onipotência divina na Natureza. Não emocional, e como tom moderníssimo na sua facilidade e felicidade de conversação e doçura.

E vem Beethoven, o libertador das formas tradicionais, baseando-se ainda em Mozart, transformando esses elementos em grandiosa rebeldia assúrica, super-humana, e sublimando-se, ele mesmo, nessas três etapas – Transformação, Superação e Metástase. Serve ele de exemplo da palavra renúncia. A metástase de Beethoven é comprovada pela sua Ressurreição. Uma das características de Beethoven são as pancadas como sforzatto, causando verdadeiros turbilhões de sílfides, dando a impressão como se um gigante estivesse batendo no portal de uma montanha, pedindo entrada no mistério ali existente, como se gritasse “Abre-te Sésamo da

... Bach, Mozart, Beethoven, Mendelssohn, Wagner e, por último, Debussy, Ravel, Stravinsky e Hindemith, que podemos considerar como uma alma-grupo.

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Terra”. O grande poder da intuição de Beethoven revela-se na Quinta Sinfonia, chamada a Sinfonia do Destino, dando motivos de meditação sobre essas pancadas, querendo apontar justamente a contradição dos conceitos profanos. É a sua música dizendo: Não há Destino! Por outra vez aquelas pancadas da Quinta, quatro em conjunto, repetindo-se continuamente no primeiro tempo dessa sinfonia com o ritmo seguinte: ... O ... O (tá tá tá táaaaa... tá tá táaaaa...) não são nada mais do que a causa do despertar de kundalini do Muladara, ou se algum Pai Divino dava aquelas pancadas em seu filho desobediente na Quarta Ronda ou Quinta Raça-Mãe, querendo dizer assim: despertai, acordai, meu povo; chegou a hora do Cristo vivo.

Querendo dar ainda outro ponto de referência importante, aponta-se o grande cântico do último tempo da Nona, que se baseia nos versos de Schiller, titulando o

Jivatmã Universal, que jaz no peito de todos os homens como faísca divina. E aparece como nova estação na evolução da Mônada, no palco do mundo, o elegante, primaveril Mendelssohn, já com tintas ilustrativas, musicando o Hamlet de Shakespeare, como a música Uma noite de Verão, com timbres decorativos. Se Beethoven anunciou a música do programa, Mendelssohn já está nesta medida.

Surge Wagner, o grande Jina sem escola, sem tradição profana de Conservatórios, destas escolas anteriores, autodidata, por assim dizer, autor de obras cíclicas de durações longas como os Niebelungen, espetáculos de duração de algumas noites, revelando as lendas antigas mitológicas germânicas, permitindo até hoje na massa profana e não iniciada as mais múltiplas interpretações, mas para os poucos que entendem, apontando para o Ciclo de Aquarius, Richard Wagner, mitólogo e ocultista, como o chamava Mario Roso de Luna, realizou com seu gênio a grande alquimia de todos os elementos componentes de um espetáculo grandioso da cosmogênese das idades.

Assim chegamos ao fim do ciclo de Piscis, não falando de muitos outros que ficam como intermediários nesta corrente de pérolas musicais.

Remanescente da Atlântida, Lemúria, Debussy, o cantor do Mar Fatalista, descreve os jogos da água e das gotas d’água, que voltam, fundindo-se no grande oceano aquático (não akáshico), dando a impressão certa de que são sempre as mesmas chuvas que molham a face da terra desde a Atlântida até hoje. E a música dos reflexos impressionistas também produzindo perfumes.

Se Debussy foi o artista do expressionismo e do impressionismo, usando tintas leves como pastel e aquarela, criando uma escola à Ia gourmand, francês, revivendo pinturas faunísticas, impressões que ele foi buscar no astral bastante voluptuoso, continua a música ibérica nessa tradição por ele iniciada, levando todas essas criaturas recriadas pelo expressionismo num solo mais ardente, apaixonado e sanguíneo. Usando Ravel principalmente elementos folclóricos dos mouros árabes (a-rabinos, que ainda hoje pretendem destruir a terra de Israel) e do figurismo oriental do Oriente Médio, deve-se chamá-lo ao

mesmo tempo pintor e músico das noites escuras e negras. O panorama de cores é o vermelho, prata, cinza e preto. A hora dos acontecimentos é depois da meia-noite, hora zero, ou como fosse a hora do eclipse máximo noturno. Contrastes, dualidades, doçura e temor, os extremos, gestos da grande fidalguia caindo no plebeu, revivendo a grande Atlântida. Música de caráter dançante com enorme vivacidade apenas física, jogos de espadas que só poderão fazer honra a um mago negro. Por outro modo, cenas de abandono, solidão em desertos petrificados, secos, sem vegetação como os únicos visitantes urubus e ventos. Música que pode-se chamar psíquica, fala ela bem alto de grandes festas populares, onde é sacrificado o touro, animal, cujo aspecto feminino em outro país, na Índia, é sagrado (Arcano VI).

Insiste a música ibérica, na sua tradição, não permitindo diferença alguma de outras escolas, dando padrão à música itálica não evolutiva,

... O ... O (tá tá tá táaaaa... tá tá táaaaa...) não são nada mais

do que a causa do despertar de kundalini do Muladara,

ou se algum Pai Divino dava aquelas pancadas em seu filho desobediente na Quarta Ronda ou Quinta Raça-Mãe, querendo dizer assim: despertai, acordai,

meu povo; chegou a hora do Cristo vivo.

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seja por razões religiosas, ou por querer manter tradições antigas e já passadas. Vamos falar agora de um autor que vem de uma outra terra, cuja civilização, por lei cármica, se baseia em instituições políticas e filosóficas de cobaia de outros: a Rússia.

Chegamos a Stravinsky, fugido do oriente negro da Rússia para o ocidente dos Estados Unidos. Na sua música, baseando-se em todos os anteriores, às vezes ridiculariza todas as formas e caracteres já usados, dissolvendo-se em humorismo internacional de judaísmo conflagrado. Músico este que nos traz a ideia de conceitos, que o autor julga novos e modernos, de espécie realística, com um tom de dissolução e revolução musical. Alcançamos o último destas considerações: Hindemith.

Volta este aos sons da maneira gótica e ao modo mui profundo de um Bach, moderníssimo, um Cristo de letras bíblicas em suas interpretações mortas, ao pé da letra, trágico de dores e de guerras, de uma época que abrange o milênio que não chegou a entender a sua finalidade, na sua psíquica sensibilidade, chocada com a palavra vivificadora: morte, vida, ressurreição. A máxima obra a que se refere esta observação (não crítica) é a belíssima obra – Matias, o pintor. Ela fecha o ciclo.

Resta ainda levar mais uma vez em consideração o retrato fiel de um milênio só, como resultado da evolução, ou seja, o tempo que nos toca, a transformação de Bante Yaul em Munindras, através da música ou arte artificial, originando-se em uma outra, sublimando as dores em artes ou passando os estágios.

ESCOLA, TEATRO E TEMPLO

Surge enfim uma pergunta: – onde fica o acento? A música na Eubiose ou a Eubiose na música? Música eubiótica claramente, definidamente, não existe, se considerarmos as várias composições musicais já no domínio público. Temos, entretanto, no compositor brasileiro Villa-Lobos uma característica preocupação em reproduzir a voz da natureza, o calor do Agni, fazendo vibrar os mistérios do Roncador em sua obra musical. Não existe a música eubiótica, ou seja numa escala, nos acordes da harmonia escolástica comum, nas cadências das leis que ligam a harmonia a uma nota da escala do setenário com uma outra seguinte, e desejada como combinação (cadeias). Vale também, como queremos nos expressar, seja admitindo uma escala escolástica, sem alteração de sustenidos ou com alteração de sustenidos, praticando uma qualidade de maré musical. Parece à vista, ou melhor dito, ao ouvido, as escalas orientais e ocidentais, permitindo as duas qualidades de composição – sequências todas diferentes. Uma imitando quadros de sons e qualidade mística e em outro caso, mundano. O ponto de transição será sempre a nota FÁ, respectivamente o FÁ sustenido, se a escala continua em notas inteiras, ou em outra variante, por exemplo, as tonalidades chamadas

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ciganas, cujos intervalos variam de FÁ para o SOL sustenido, alterada a quarta nota, tendo esta escala o caráter de modulante para LÁ menor, ou seja, a escala menor paralela de DÓ maior relativo.

As melodias ciganas possuem ainda a tendência natural de se moverem em sextas, não alcançando a sétima como ponta da oitava.

Servem ainda de exemplo as escalas chamadas gregas, que se assemelham muito às orientais ainda em uso. Temos outros exemplos de evoluções de efeitos mântricos de povos antigos, usando escalas de uma divisão métrica, completamente diferente da nossa. EscaIas surgem, abrangendo nem sempre o setenário completo, que contêm três, quatro, cinco intervalos, mostrando, assim, um desejo de não querer acabar a evolução completa, caindo em selvageria ou ritmo de povos que comem carne humana..., desqualificando, no fim, a melodia como ritmo.

Qual é o elemento que faz a música eubiótica? Por enquanto só estado de consciência que atingiu Budhi e Manas, reconhecendo os três elementos em que ela se baseia: Harmonia, Melodia e Ritmo. A música futura, eubiótica, deverá caracterizar-se pela fusão da música mística oriental com a mundana ocidental, formando uma base que receberá um novo hálito, traduzindo, então, a nova civilização. Dominando um desses elementos – Harmonia, Melodia e Ritmo – acha-se o seu partidário. Distribuindo os três iguais, desaparece o domínio. Escolhendo uma tonalidade, outra tônica estará vibrando, por que, de cada vez, um chacra ou um planetário é mais atingido de vibrações que os outros. Mas isso ainda não é eubiótico, é só preliminar. Unicamente como conhecimento dos outros elementos, a música se torna eubiótica, de conhecimento pleno e absoluto, fazendo vibrar as respectivas cores, números e símbolos. A Ioga Universal nos revelará todos esses mistérios. Neste ponto as partituras tornam-se universais, parecerão assim a abóbada celeste como um disco de long play, de estrelas fazendo soar um aspecto exterior com música interna, entoando a música universal das esferas. Esta música se percebe em apenas um instante, como fosse o princípio no fim, o fim no meio,

expressando o passado, o presente e o futuro num tempo só.

Isto nos lembra, como confirmação de tudo o que foi dito, a necessidade de uma verdadeira nova música para o novo ciclo de Aquarius, tal como nos fala Davi no seu Psalmo 150, onde ele se refere ao novo cântico.

Smetak e seu instrumento “Amém”

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Mas, isso já é mais finalidade que, propriamente, caminho. Já é fora da Eubiose. É

Aquilo, é a Lei. A música tornou-se matemática ou o próprio SAT vibrando em tudo.

Tornando-se este conhecimento libertador da grande Mayâ, dando a possibilidade gratuita a novos dirigentes de espetáculos interpretarem o poder da música eubiótica. Toda interpretação fica bem clara e definida, mostrando sempre Aquilo vibrando em tudo, fazendo-se a Música a Yoga das massas humanas. Observa-se consequentemente o fenômeno na crítica que surge sobre os concertos, a preferência que alguns dão a um compositor, a um dirigente ou a um gênero de música. Temos o desejo, por uma parte, de achar aquele fulano o maior de todos, levando as massas muitas vezes à essa crítica, àquele que alcançou maior sucesso. Mas, quase todos se esquecem de que foi o estado de consciência que interpretou uma música, a quem, por lei de atração, um público, um povo, se inclinou. Sabendo também que a diferença de opiniões forma o contraste, que é a força da grande alavanca, ou em nosso caso, a crítica que surge dos diversos partidários de estados de consciência, são duais, hoje na política “esta-dual” cria os grandes movimentos e produções. No entanto, só na 5ª e 6ª raças-mãe poderá ainda haver música; na 7ª como estado de consciência átmica, haverá um só entendimento, e então a música terá cumprido a sua função, porque tudo se terá tornado luz e som.

Outro exemplo interessante é a música na sua forma de instrumentação: a música de câmara, que de fato é a música das câmaras de iniciações (Música de Câmara – últimos quartetos – de Beethoven). E, neste gênero temos o solo, a música uníssona de um instrumento, depois o duo, terceto, quarteto, quinteto, sexteto; septeto e octeto, que não são nada mais que a Divindade em diversidade, fazendo vibrar a unidade respectiva, ou mostrando a luta entre a magia branca e a negra, 5 x 7 das notas brancas e pretas (alternadas) para conseguir tal cousa e, então, temos aqui a música como caminho: Ka-Tao-Bey. (7 brancas, 5 pretas, dando a soma de

A EUBIOSE É A GRANDE ARTE VIRTUOSA, E A MÚSICA O SEU INSTRUMENTO

12 – Arcano 12, ou seja, o sacrificado ou as notas musicais que se sacrificaram para uma finalidade. Transformando o 5, dará o valor de 8). Resulta uma única tonalidade, que é o DÓ maior ou escala de Atmã consciente, que não pode ser mais destruída.

Novos instrumentos surgirão cada vez mais desenvolvidos no Akasha, junto com os tocadores ou artistas, também o sistema de notação, em vez de 5, será o de 7 linhas, para entrar em mais dimensões de expressão. Serão usados com caráter de órgão-xilofone, árvores de florestas inteiras, produzindo som pelos ventos, causando vibrações mais vivas que os nossos instrumentos de madeira velha e morta, misturando-se com estranhos acordes de campainhas. O som será cada vez mais livre do atrito, esse grande obstáculo desaparecerá com a evolução dos indivíduos. A individualidade da sociedade causa o atrito, a união dessa sociedade o elimina, o qual em toda produção desejada, produz uma série de elementos fenomênicos não desejados, como na técnica, o calor, o desgaste, as impurezas, identificando-se até com falsificações, criando uma outra lei, cuja atração magnética influi sobre o quaternário, quer dizer, esta matéria criada, condenando-a em muitas encarnações seguintes, em nosso caso, a composição de sempre novas peças ou combinações de notas musicais, até que as 7 notas se unam à sua oitava. Como tudo em matemática, representam as escalas com bemóis, os mundos divinos, os sustenidos, os mundos humanos e sobre-humanos. Se o Cristo carregou uma cruz só, há outros cristos que carregam até 6 cruzes,ou seja a escala de fá sustenido maior, a qual se faz Idêntica ao Mundo Divino de Sol bemol maior, ou a trocada, mudança harmônica, ou das

... só na 5ª e 6ª raças-mãe poderá ainda haver música;

na 7ª como estado de consciência átmica, haverá

um só entendimento, e então a música terá cumprido a sua função, porque tudo se terá

tornado luz e som

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suas contrapartes, RÉ sustenido menor ou Mi bemol menor respectivamente: Fohat e Kundalini soprando em todas as escalas, procurando o seu equilíbrio em Sushumna, que ficam no meio das escalas maior e menor, por vez, ou seja como a escala real dessas passagens de efeito real de uma escala em FÁ maior ou contraparte de RÉ bemol menor, estado de tonalidade que nos toca, a nota Mi, ou mercúrio... E com isto está dito tudo. E se doenças ainda houver, a música, que já também é matemática, será também medicina nas mãos de um taumaturgo, sendo tudo uma ciência só, materializando-se como verdadeiramente física na face da terra.

Toda manifestação saiu da perfeita união, e para a união tem que voltar, para se manifestar de novo em outro ciclo. O meio é o SOM. Na Natureza naturante seja esse mistério a linguagem rutilante da fala de Senzar, tradução deste são os mantras.

Reduzindo e aceitando os mantras como efeitos de uma causa, é ali que nós podemos ouvir a linguagem universal, que não foi criada para uma música eubiótica, mas para elevar a criação do plano físico, na face da terra, do 3º Logos na sua plenitude.

Concluindo, tivemos, assim, em primeiro, a palavra como linguagem ou fala, transformando-se essa fala em música eubiótica, ou música consciente – música-ciência - transformando-se esta, na sua última maturação, em palavras de poder criador, Kryashakti.

Seria isso a disciplina da Nova Ordem, a Nova Civilização, depois do Caos do Tombovacuum deste fim de ciclo, entrando esta música em todas as atividades humanas, supra-humanas, e também nos reinos menores da natureza, que são o verdadeiro animal dos animais sagrados, dos vegetais dourados e dos minerais despetrificados, tal como a vibração da fala do Rei do Mundo descrita por Ossendowsky.

Dirigir, em vez de ser dirigido, como está sendo hoje, laborando tanto na política, como na economia, eliminando, inutilizando os falsos defensores da única Lei que rege a todos, da qual julgam-se representantes – clero, cientistas e

militares – imitando de longe sacerdotes, sábios e guerreiros, querendo ser assim os senhores deste mundo.

Tirando a conclusão sintética, necessário se faz escrever ou mandar escrever músicas por seres que passaram pelos processos de Iniciação, porque só neles vibra a grande verdade do futuro. O resto pertence ao passado e às cinzas da destruição. Fabricar Mayas, obras maravilhosas, elas são o único meio que, por muitos milênios, ainda podem atingir a Humanidade. São essas Mayas que foram banhadas nas próprias lágrimas do Akasha da Divina Mãe, ressuscitando os seres vivos da terra, que é Ela mesma.

E, terminando este despretensioso trabalho, só resta dizer e apontar, mais uma vez, reconhecer na música o grande valor educativo, preparativo para estes que ainda podem entrar em um colégio iniciático, para lá ouvir a verdadeira música, seja nos sons, nos mantras, na ioga, como vibração interna da palavra do Mestre, nas músicas por ele divulgadas, e que já têm caráter eubiótico, ainda que reservadas a uso interno, ou seja, também no campo, na natureza verdejante, ouvindo a nota FÁ em transição, ou no Templo, cuja cúpula se faz de boca, reproduzindo na hora da PAX, a voz da Divina Mãe.

São Paulo, 14 de fevereiro de 1955.

Revista Dhâranâ nºs 7 – 8 – março/junho de 1955 – Ano XXX

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Ateliê

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Em 1968-69 estudava oboé nos Seminários Livres de Música da UFBa

em Salvador, onde conheci o Prof. Smetak, que lecionava violoncelo, tocava na Orquestra e desenvolvia uma pesquisa com instrumentos musicais.Seu Ateliê ficava no subsolo da Escola. Aliás um local bem amplo, onde ele passava talvez a maior parte do seu tempo.

Não sei por que passei a visitá-lo constantemente. Fazia inúmeras perguntas e ele falava muito sobre assuntos completamente estranhos para mim na época. Em determinado momento me convidou para participar de um grupo de estudos no qual estava Gilberto Gil. Isso era na Piedade (bairro de Salvador) depois na sua casa (rua dos Artistas, se não me engano nº 37). Essa rua fica no bairro Garcia, perto do Colégio Antonio Vieira (se não me engano onde o Prof. Henrique José de Souza estudou).

Na época, apesar de ter acompanhado bastante o trabalho do Prof. Smetak, me interessei mais pela parte filosófica que era justamente Teosofia e Eubiose. Ao contrário do Marco António Guimarães (colega da época), cujo trabalho no Uakti foi bastante inspirado nele (Smetak).

Ressalto dois episódios marcantes: talvez por aparentar muita ignorância nos assuntos e contestar bastante, um belo dia ele falou: vá ler a Doutrina Secreta de Blavatsky e depois de uns dez anos nós voltamos a conversar. Na verdade me senti ofendido e desafiado.

Fui para Alemanha em 1970 e ao voltar a primeira coisa que fiz foi comprar a Doutrina

Secreta e ler (claro que não entendi nada). Em outra oportunidade estava conversando

com ele no seu ateliê e comentava sobre a visita da V. Helena Jefferson de Souza em Salvador. Imediatamente falei que gostaria de conhecê-la e ele disse: calma não é bem assim.Nesse momento chega um funcionário e diz: Professor, o senhor tem visita.

Era a V. Helena e os Vs. Jefferson e Felícia (não me lembro se o V. Osório também estava presente).

Em resumo, o Smetak tinha duas características marcantes: a franqueza e a pureza. A grande importância do seu trabalho foi desenvolver vários temas deixados pelo Mestre JHS, usando principalmente a linguagem do som que era a sua tônica. Com isso projetava a filosofia do Mestre especialmente no mundo artístico. Com muita razão o Mestre da OA, V. Jefferson Henrique de Souza, outorgou-lhe o título de “Cavaleiro Portador do Saber Artístico”.

O PROFESSOR SMETAK. UM DEPOIMENTO

♪ Carlos Carvalho

Flauta coletiva criada por Smetak

Ateliê

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Desnecessário dizer da carga simbólica que emana do texto constante da epígrafe

deste artigo (v. De Paoli, 2009, p. 13), sobretudo quando analisado à luz do imaginário de todos aqueles que tenham tido contato com o pensamento eubiótico e, dentro dele, com o significado da arara e dos arats, que remetem à ideia de ararat.

Aliás, outra frase densa sob o prisma da semiótica, cunhada por Smetak, e que costuma aguçar, igualmente, os espíritos mais argutos, é a que diz: “O fim da fala ainda não é o início do silêncio”.

Mas quem foi, afinal, Smetak?

Uma matéria publicada pelo portal eletrônico do jornal O Estado de São Paulo, em 19.1.2013, intitulada O futuro sonhado por Smetak (Medeiros, 2013a), foi aberta com uma chamada que parece ter sintetizado, substancialmente bem, a sua dimensão artística: “Em suas mãos, a música ganhava imagem e as esculturas viravam som. Walter Smetak foi mais do que um alquimista”.

Gilberto Gil, seu amigo e discípulo, reconhece a dificuldade em analisar Smetak ao dizer, em seu blog na Internet, que “Smetak era muita coisa a um só tempo e fica muito difícil separar e analisar as partes de que foi composta sua vida, sua figura e seu papel, na sua existência brasileira que cobriu os seus últimos 30 anos” (Gil, sem data).

Assim, presente a impossibilidade de se fazer, nos limites estreitos de um artigo como este, uma abordagem abrangente de uma figura dessa magnitude, o objetivo aqui é, apenas, o de traçar algumas linhas, de natureza introdutória, a respeito da vida e obra de Walter Smetak, que, se vivo, teria festejado o seu centenário de nascimento

Não sou mais arara. Sou homem.Mas não sou homem público. Sou um ser enigmático.

(A. W. Stemak)

SMETAK: VONTADE, OUSADIA E SABEDORIA1

♪ José Luiz Conrado Vieira2

1 Este artigo, ressalvados alguns poucos ajustes aqui efetuados, foi originalmente publicado na edição nº 158 (março/2013), ano 13, do boletim informativo Integre-se... para caminharmos juntos!, do Departamento de São Paulo - Lacerda Franco da Sociedade Brasileira de Eubiose (SBE), na coluna intitulada “Querer, Saber, Ousar, Calar”.2 Membro da Série Interna do Departamento de São Paulo - Lacerda Franco da SBE

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em 12.2.2013. Esse, aliás, é um dos motivos pelos quais Smetak vem sendo lembrado, aqui e acolá, com homenagens vindas especialmente daqueles que, crescentemente, reconhecem o seu valor no campo da cultura e, ao fazê-lo, invariavelmente associam-no à corrente filosófica que abraçou: a Eubiose.

Com esse caráter de introdução a um estudo mais amplo (que se recomenda, desde já, a todos os que pretendam conhecer um pouco mais sobre tão intrigante e enigmática, quanto carismática e instigante figura), cumpre esclarecer que este texto está baseado nas análises, estudos e comentários de Jessica Smetak Paoli, Jotabê Medeiros, Julia Lima, Marco Antonio Farias Scarassatti e Paula Silveira De Paoli, além do blog “Sombarato” (todos citados na Bibliografia), que deixam clara a importância desse eubiota no campo das artes, em geral, e da música, em particular.

Pois bem, Anton Walter Smetak ou, simplesmente, Smetak, conhecido como “alquimista dos sons”, foi um dos maiores nomes da música experimental e de vanguarda no século XX, tendo sido mestre e/ou inspirador de inúmeros artistas, com destaque para Caetano Veloso, Gilberto Gil, Tom Zé, Djalma Correia, Gereba, Marco Antônio Guimarães, Rogério Duarte e Tuzé de Abreu, além de grupos musicais como Os Mutantes e o Uakti, dentre tantos outros que, de uma forma ou de outra, atuaram ou atuam na área experimentalista.

Suíço, nascido em Zurique em 1913, transferiu-se para o Brasil em 1937 e radicou-se na Bahia em 1957, naturalizando-se brasileiro, posteriormente, em 1968. Foi na “Bahia de Todos os Santos”, a Bahia do Prof. Henrique José de Souza, que aprofundou o seu contato com o pensamento eubiótico, iniciado antes, em 1949, mergulhando

nesse campo do conhecimento com intensidade tal que marcaria, profundamente, sua vida e sua obra.

Foi, também, escultor, escritor e dramaturgo, tendo produzido, sobretudo nas décadas de 1970 e 1980, dezenas de trabalhos entre livros e peças teatrais. Segundo o contido em Sombarato (2008), seus livros e artigos expressavam “ideias cósmico-musicais em textos num português aproximativo, entre poético e místico” e seus manuscritos estão “povoados de símbolos alquímicos e musicais, com textos cheios de neologismos”, sugerindo que, “para ele, as artes, a música, a literatura são intermediários para estados de consciência superior”.

Foi na música, entretanto, que Smetak se notabilizou, apresentando uma contribuição inestimável, sobretudo, no campo experimental. Mesmo antes de sua

fase mais fecunda, vivida na Bahia, diz Julia Lima (2005) que “até a primeira metade da década de 50, já reunia 13 peças para piano e três para violoncelo de cordas, que viriam a ser executadas nas rádios de Zurique”, destacando-se, dentre elas, a obra O malandro assobiando, para violoncelo e orquestra. Na fase experimentalista, sua obra foi amplamente reconhecida, nacional e internacionalmente, tendo recebido, inclusive, o Prêmio Personalidade Global do ano de 1974, na área de música, conferido pela Rede Globo de Televisão.

Assim, eubiota, suíço de nascimento, mas brasileiro e baiano por opção, atuou de forma ampla no âmbito da cultura, mantendo contato com inúmeros expoentes de seu tempo, pelos quais era tratado, no plano intelectual, com respeito e admiração, tendo recebido, ao que consta, a seguinte definição por parte de Jorge Amado (v. Sombarato, 2008): “Um homem chegado de terras longínquas, aqui plantou raízes, a compor, a tocar, a inventar instrumentos, misto de músico e escultor, de filósofo e profeta, uma das figuras mais extraordinárias da arte brasileira”.

... foi, também, escultor, escritor e dramaturgo, tendo produzido,

sobretudo nas décadas de 1970 e 1980, dezenas de trabalhos entre

livros e peças teatrais....Foi na música, entretanto, que Smetak se notabilizou,

apresentando uma contribuição inestimável, sobretudo, no campo

experimental.

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Vale ressaltar que quando Smetak chegou à Bahia a cultura vivia, especialmente na capital, um clima de efervescência. Conforme Jotabê Medeiros (2013b), “a ida de Walter Smetak a Salvador deu-se num momento de rara ousadia nas políticas de cultura brasileiras”, quando, sob o comando do reitor Edgard Santos, “a universidade federal da capital baiana tornou-se, nos anos 1950, polo de vanguarda cultural, abraçando as contribuições do português Agostinho da Silva no Centro de Estudos Afro-Orientais; de Eros Martim Gonçalves na Escola de Teatro; de Hans Joachim Koellreuter, Smetak e Ernest Widmer no Seminário Livre de Música; e de Yanka Rudzka e Rolf Gelewsky, na Escola de Dança”. Além destes, completa, “o esforço de avant-garde se consolidaria com nomes como os da arquiteta italiana Lina Bo Bardi, o etnólogo francês Pierre Verger, o artista plástico argentino Carybé, entre outros”.

Foi esse o riquíssimo contexto histórico--cultural em que se inseriu Smetak após a sua ida para a Bahia. O próprio maestro e compositor alemão Koellreuter, que o convidara, era extremamente respeitado e de renome internacional, detentor de vasta bagagem musical e cultural, responsável pela introdução de grandes inovações no ensino da Escola de Música da Universidade Federal da Bahia (UFBA), como o dodecafonismo, o serialismo, além das obras de John Cage, Schoenberg, Pierre Boulez e outros vanguardistas da época.

Quanto à sua formação musical, Smetak era considerado exímio violoncelista, instrumento

ao qual se dedicou após um acidente com a mão direita impedir que continuasse seus estudos de piano, que escolhera em função, sobretudo, de seu particular interesse pelas músicas de Bach e Beethoven. Filho de pai músico (Anton Smetak, virtuose do zhiter, um instrumento da família da cítara) e de mãe cigana (Frederica Smetak), ambos tchecos, aprofundou-se, inicialmente, na música erudita, tendo-se formado pelo Mozarteum de Salzburg e se tornado concertista, em 1934, no Conservatório de Viena, atuando, então, em conjuntos musicais, orquestras sinfônicas e na Orquestra de Câmara de Zurique, participando como solista em vários concertos.

Com isso, disse De Paoli (2009, p. 4), Smetak ganhou notoriedade na profissão, tendo decidido, todavia, transferir-se para o Brasil em 1937, de um lado em função da ascensão do nazismo e dos rumores de guerra na Europa e, de outro, atendendo a um convite de um antigo professor para atuar na

Orquestra Internacional da Rádio Farroupilha, em Porto Alegre - RS, cidade onde residiria nos dois anos seguintes.

Lembra De Paoli (2009, p. 4), citando Scarassatti (2001, p. 14), uma crítica publicada no jornal Deutsches Volksblatt, comentando a estreia de Smetak como solista no Rio Grande do Sul, segundo a qual tratava-se de “um jovem e magnífico artista”, um extraordinário conhecedor de seu instrumento, “tendo a isso aliado uma sensibilidade e concepção magnífica”, completando por dizer: “O escritor destas linhas, como também todos os presentes, tanto quanto puderam acompanhar, tinham a impressão de estar na presença de Bach”.

Já no Brasil, além de atuar como músico, lecionou violoncelo no Instituto de Belas Artes do Rio Grande do Sul e trabalhou, ainda, como

Aliás, Jessica Smetak Paoli diz em seu blog (2010) que Smetak se referia ao

Brasil como “terra das impossibilidades possíveis”, ressaltando que ele “se encaixou perfeitamente no universo de revolução e criação, com a conjunção de escultura e

instrumentos: as plásticas sonoras, veículos para alcançar novas dimensões ocultas da

consciência e do espírito”

Instrumento “Anjo Soprador”

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luthier, construindo, artesanalmente, instrumentos e consertando violinos, violões etc. (v. Sombarato, 2008; e Lima, 2005). Depois de passar por experiências como músico também em São Paulo e no Rio de Janeiro, onde trabalhou na Orquestra Sinfônica Brasileira, em diversas rádios e chegou a acompanhar artistas populares como Carmem Miranda, mudou-se para Salvador, em 1957, atendendo a convite do maestro Koellreuter para que assumisse a cadeira de Som e Acústica da Escola de Música da UFBA, na condição de pesquisador e professor. É aí que começa a realizar pesquisas sonoras e a desenvolver e ensinar novos conceitos musicais, além de ministrar aulas tanto de violoncelo, como de técnicas de improvisação. Vale ressaltar que o improviso, fundamental na sua obra musical, era por ele considerado um elemento criativo caracteristicamente brasileiro.

Aliás, Jessica Smetak Paoli diz em seu blog (2010) que Smetak se referia ao Brasil como “terra das impossibilidades possíveis”, ressaltando que ele “se encaixou perfeitamente no universo de revolução e criação, com a conjunção de escultura e instrumentos: as plásticas sonoras, veículos para alcançar novas dimensões ocultas da consciência e do espírito”.

Quanto ao seu vínculo com o pensamento eubiótico, diz De Paoli (2009, p. 4) que no final dos anos 1940 “Smetak conheceu o violinista Carlos Meirelles Osório, que participava das reuniões da Sociedade Teosófica Brasileira, cujo diretor, Henrique José de Souza, fundaria mais tarde a Sociedade Brasileira de Eubiose, com o objetivo de estudar a ciência da vida, baseando-se nos ensinamentos secretos das escolas iniciáticas orientais. A experiência com a Eubiose marcou profundamente a obra de Smetak na fase baiana, orientando seus experimentos musicais e o sentido

de construção de um novo mundo que ele lhes conferia”.

Foi nessa fase, pois, que ele construiu na UFBA uma oficina onde criou cerca de 150 instrumentos musicais chamados, a certa altura, de “plásticas sonoras”, empregando objetos e materiais os mais diversos, como tubos de PVC, madeira, plásticos, isopor, mangueiras, latas, cabaças etc. Para Julia Lima (2005), foi das árvores baianas que ele “descobriu a cabaça, fruto que seria utilizado em boa parte dos seus

instrumentos”. Sua forma ovalada, diz aquela autora, “simbolizava para ele o mundo, a Terra, o OVO de onde surgiu a vida”.

Além de suas referências europeias de origem, diz ainda Julia Lima (2005), Smetak descobriu, a posteriori, “o quanto seus instrumentos se assemelhavam aos da antiga cultura hindu, africana e indígena brasileira. Em todos eles, percebeu que o simbolismo da forma é quase tão importante quanto o som. As formas dos seus instrumentos, até então, não possuíam cores; tempos depois, a descoberta das tintas, a partir de mentalizações visuais eubióticas, daria um novo colorido à sua arte. Surgiriam plásticas como Vir a Ser, IEAOU, Amém e Imprevisto, cujas cores, formas e sons encontravam uma simbiose perfeita”.

Interessante, também, a observação (v. Sombarato, 2008) segundo o qual teria Smetak dito: “(...) me interessa muito mais o mistério dos sons que o da música. Tenho procurado diferenciar claramente o fazer som, um meio de despertar novas faculdades da percepção mental, e o fazer música, apenas um acalento para velhas faculdades da consciência”. A partir desses novos conceitos de matéria e espaço, prossegue o texto, “nasceram as Plásticas Sonoras”, que refletem uma tendência de “integrar a música às artes plásticas utilizando também outros recursos, como a linguagem das cores; o amarelo, o azul e o vermelho,

“(...) me interessa muito mais o mistério dos sons que o da música. Tenho procurado diferenciar claramente o fazer som, um meio de despertar

novas faculdades da percepção mental, e o fazer música, apenas um acalento para velhas

faculdades da consciência”.

Instrumento coletivo “Pindorama”

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representando, respectivamente, segundo ele, planos de uma mente cósmica, sabedoria, atividade e produção”.

Enfim, foi no início dos anos 1960 que se deu, de modo definitivo, essa “virada” de Smetak para a música experimental, lastreada numa pesquisa por ele chamada de “Iniciação pelo Som”, baseada “nos estudos realizados na Eubiose, corrente teosófica dedicada à ciência da vida - na qual se matriculou em 1949 -, focada na evolução humana” (Sombarato, 2008). Ainda nesse texto consta: “Nascia uma ‘nova escola’. Uma investigação sobre silêncio, som e as suas relações com o homem”.

Smetak atuou também como violoncelista da Orquestra Sinfônica da UFBA, tendo ainda participado, como artista plástico e escultor, de mostras de arte como a I Bienal de Artes Plásticas, em 1966 (realizada em Salvador, com a presença de Lygia Clark e outros renomados artistas), na qual recebeu o Prêmio Especial de Pesquisa, e a exposição Nova Objetividade Brasileira, em 1967. Foi nessa Bienal que teria surgido a expressão “plásticas sonoras”, cunhada pelo seu curador, Juarez Paraíso, aluno de Smetak, nome esse que, na visão de Julia Lima (2005), “não poderia ser melhor aplicado, visto que entre as obras expostas, constavam algumas que nem de longe eram instrumentos musicais, e sim esculturas - formas de ver e perceber o som. Era o caso de Andrógino, figura de barro cozido que simbolizava a ambiguidade entre homem e mulher (...)”.

Cabe destacar, ademais, o fato de Smetak ter começado, nos anos 1970, a pesquisar e trabalhar, também, com microtons, partindo, segundo De Paoli (2009, p. 5), de uma experiência com o “violão eólico (tocado pelo vento)”. Smetak, diz ela, designa esse período como microtonal, “referindo-se às sonoridades da música indiana, baseadas na subdivisão do espaço musical em intervalos menores do que um tom”, tendo afirmado que a “hibridação com outras culturas” era “uma das principais tendências da música erudita de vanguarda”. A propósito, vale destacar um trecho extraído por De Paoli (2009, p. 10) do livro Simbologia dos Instrumentos, de Smetak, onde ele diz: “O Oriente deixou o total de sua herança espiritual para o Ocidente. Isto significa que nós começamos onde outros terminaram. A sabedoria do oriente é trazida em semente e a nova árvore está plantada em terra vermelha. O Egito denominado

Pai da humanidade, a Índia, como sua Mãe”. E completa, então, dizendo que Américas e Brasil “são o Filho ou Espírito Santo”, e que “aqui se prepara uma nova civilização”.

Enfim, falar adequadamente de Smetak requereria tempo e pesquisa exaustiva, a qual está, ao menos em parte, estampada nos textos citados neste breve artigo (v. Bibliografia), que se mostram de leitura obrigatória por todos aqueles que queiram conhecer um pouco mais acerca dessa figura, como já dito, tão intrigante e enigmática, quanto carismática e instigante.

Assim, como conclusão, vale destacar alguns trechos dos resumos dos trabalhos de Scarassatti e De Paoli, que, extremamente expressivos, merecem ser aqui transcritos. Com efeito, Scarassatti (2001), depois de falar da importância de Smetak dentro do novo universo artístico de busca do ideal da Arte Total, diz que a pesquisa para a sua dissertação objetivou discutir o seu pensamento e a sua obra e, da mesma maneira, “reunir subsídios para a análise de seu processo criativo, apontando a interação entre meios e linguagens, na busca de uma arte inter, trans e multidisciplinar”, interação esta, completa, “tão bem representada na obra deste verdadeiro alquimista de sons (Moraes, 1985: 5), profeta visionário da multimídia unplugged”.

De Paoli (2009, p. 2), por sua vez, após se referir a Smetak como “um dos personagens mais instigantes da cena cultural baiana nas décadas de 1960-70”, e de descrever, sinteticamente, sua trajetória de vida, diz: “A ideia de que

Smetak começou, nos anos 1970, a pesquisar e trabalhar,

também, com microtons, partindo, segundo De Paoli

(2009, p. 5), de uma experiência com o “violão eólico (tocado pelo vento)”. Smetak, diz ela, designa esse período como

microtonal...

Instrumento: “Violão eólico”

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‘um mundo novo requer uma música nova, e para isso, instrumentos musicais diferentes’, permite colocar suas experiências no âmago do Movimento Moderno. Para Smetak, a busca de novas sonoridades, que caracteriza a música de vanguarda, seria a porta para um novo mundo, a ser construído através da educação das mentes para uma nova estética”.

Vale, por derradeiro, destacar mais um trecho, altamente expressivo, do que disse Gilberto Gil em seu blog (sem data): “Não creio que Smetak tenha tido sua função ligada ao mundo leigo. Ele era um iniciado e tratava com signos iniciáticos para os que miravam o Início. De uma Nova Era. De uma Nova Espécie, velha espécie de homens divididos entre a Morte e a Eternidade, por uma remota e difícil promessa de Redenção que só se encontra ao alcance da arte radical ou da busca obstinada; só ao alcance dos que resolvem escolher um dos oceanos da Dúvida e nele mergulhar”. E completa: “Smetak é isso, um mergulhador de excelente performance e vários records de profundidade no oceano da Dúvida. Eu, jamais serei impune ao fato de ter sido seu discípulo, seu amigo, seu irmão”.

Enfim, apesar disso tudo, da riqueza do acervo que deixou e de sua importância para a música experimental e de vanguarda no Brasil e no mundo, lembrou o escritor Augusto de Campos, denunciando a falta de memória e de atenção que se dá à arte brasileira, que Smetak veio a ter seu primeiro disco gravado somente em 1974 (graças, note-se, ao empenho de Roberto Santana, Caetano Veloso, Gilberto Gil e Rogério Duarte). Depois disso, veio o disco Interregno, em 1980, patrocinado pela Fundação Cultural do Estado da Bahia.

Finalizando, e levando em conta os verbos querer, saber, ousar e calar, extremamente expressivos à luz do processo que se pode denominar de iniciação eubiótica, em que mergulhou Smetak, resta claro que vontade e disposição para enfrentar desafios (“querer”), conhecimento de sua área objetivando estabelecer os meios de ação no mundo (“saber”), e muita, realmente muita ousadia (“ousar”), foram elementos presentes, inequivocamente, em sua vida. E, pelo visto, ele soube, também, tratar de modo magistral o “silêncio” (subsumido no “calar”), a que devotou boa parte de suas pesquisas com o som.

Ademais, ainda em linha com a sua formação eubiótica, parece claro que exerceu, de fato, os três “atributos” consubstanciados na teurgia (entendida como busca de uma maior compreensão acerca do divino, seja nos planos epistemológico e ontológico, tentando “decodificá-lo”, seja em termos teleológicos, envolvendo a esfera do que se poderia denominar de “condições de acesso”), na prática da instrução, como professor, e na ação efetiva no mundo, esta última, aliás, bem à moda do “cavaleiro andante”, haja vista suas andanças até chegar à Bahia e suas atividades depois que lá chegou. Foi, ademais, uma figura sintonizada com o futuro, numa perspectiva, de certo modo, ararateana, o que justifica plenamente, diga-se de passagem, as homenagens que lhe foram conferidas no 4º Encontro Nacional da Ordem do Ararat, realizado em março/2013, em São Lourenço - MG.

Resta claro, portanto, que ainda há muito a se pesquisar e conhecer acerca da vida e da obra de Anton Walter Smetak, assim como de suas prováveis influências sobre outros artistas além daqueles aqui mencionados, inclusive os de gerações mais recentes.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICADE PAOLI, Paula Silveira - Entre música e artes plásticas: as experiências de Walter Smetak na Bahia de Todos os Santos. Artigo in “50 anos de Lina Bo Bardi na Encruzilhada da Bahia e do Nordeste”, disponível em http://www.docomomobahia.org/linabobardi_50/18.pdf (acessado em 7.3.2013). Salvador: 2009.

GIL, Gilberto - Smetak, tak, tak. Texto de homenagem a Smetak constante da página de site http://www.gilbertogil.com.br/sec_texto.php?id=13&language_id=1&id_type=3 (acessada em 7.3.2013). Salvador: sem data.

LIMA, Julia - Velho Bruxo Smetak. Artigo publicado no jornal Correio da Bahia em 10.4.2005, disponível em http://poetizarte.blogspot.com.br/2009/11/velho-bruxo-smetak.html (acessado em 7.3.2013). Salvador: Correio da Bahia, 2005.

MEDEIROS, Jotabê - O futuro sonhado por Smetak. Artigo publicado no Estadao.com.br em 19.1.2013, disponível em http://www.estadao.com.br/noticias/arteelazer,o-futuro-sonhado-por-smetak,986029,0.htm (acessado em 7.3.2013). São Paulo: 2013a.

_________O Louco do Porão. Artigo publicado no Estadao.com.br em 19.1.2013, disponível em http://www.estadao.com.br/noticias/arteelazer,o-louco-do-porao,986022,0.htm

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(acessado em 7.3.2013). São Paulo: 2013b.

PAOLI, Jessica Smetak – Texto do tópico Obra intitulado Livro-reportagem-biográfico “Smetak, som e espírito”, constante do blog http://jessicasmetakpaoli.blogspot.com.br/p/videos.html (acessado em 7.3.2013). Salvador: 2010.

SCARASSATTI, Marco Antonio Farias - Retorno ao Futuro: Smetak e suas plásticas sonoras. Dissertação de Mestrado

apresentada no Programa de Pós-Graduação em Multimeios do Instituto de Artes da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Orientador: Julio Plaza Gonzalez. Campinas: Unicamp, 2001.

SOMBARATO - Walter Smetak - discografia. Texto datado de 8.12.2008, disponível em http://sombarato.net/node/371 (acessado em 7.3.2013). 2008.

Instrumento “São Jorge Tibetano”

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Este ano, no dia 22 de abril, comemoramos 513 anos do descobrimento de nosso Brasil.

Uma jovem nação em relação aos países do velho mundo. Promissora e reconhecida por todos como o país do futuro, celeiro do mundo. Apesar da história de descasos, subtrações e falta de consciência de seu povo, o Brasil, por força da LEI divina, tem uma missão muito importante no contexto mundial e no processo evolucional da humanidade.

Denominado pelos europeus como o Eldorado, e seu povo como a raça dourada, vemos, época após época, a confirmação de tal afirmativa. O povo brasileiro é um caldeamento cultural e racial que não se encontra em qualquer outra parte do mundo. É a raça dourada portadora dos valores da Era de Aquarius. Haja vista as intuídas palavras do etnólogo mexicano José de Vasconcelos: “é dentre as bacias do Amazonas e do Prata que sairá a raça cósmica, realizando a concórdia universal, porque será filha das dores e das esperanças de toda a humanidade”.

A Divindade, quando se propõe a um trabalho, o faz dentro de um planejamento. Pelas informações, que temos através da história, notamos que há um caminhar da evolução da humanidade no sentido Leste para Oeste. Por volta do ano 850 a.C., o mundo conhecido era só aquela

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A PARTE OCULTA DA HISTÓRIA DO BRASIL*♪ Francisco Feitosa

região situada nas margens do Mediterrâneo e adjacências, não passando, nenhum navegador das chamadas Colunas de Hércules, que conhecemos, hoje, como o Estreito de Gibraltar. Entretanto, havia um povo, os Fenícios, que, por terem técnicas avançadas de navegação para a época, dedicaram-se a comercializar produtos encontrados em terras de além-mar, conhecendo, dessa maneira e muito bem, as Américas, onde tentavam fundar uma colônia.

A capital da Fenícia, Tiro, naquela época, era governada pelo Rei Badezir. Conta a história oculta que o rei tinha oito filhos, cujo primogênito se chamava Yetbaal (o Deus branco). Seus irmãos, devido ao rei dedicar especial atenção a ele, pelos seus dotes espirituais e por sua alta inteligência, por inveja, tramaram contra o Rei e conseguiram destroná-lo, expulsando-o junto com dois de seus irmãos diletos, Yetbaal e Yetbaal-bey.

Com essa revolta, insuflada por elementos das castas militar e religiosa, o país passou de Império a República. A flotilha, armada para trazer o rei, os príncipes, escravos, sacerdotes e alguns elementos do povo, fiéis à realeza, era composta por seis navios: no primeiro, vinham Badezir, os 2 filhos, 8 sacerdotes, sendo o primeiro o sumo sacerdote, com o nome de Baal-Zim (o Deus da Luz

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ou do Fogo), os escravos núbios e a marinhagem, acompanhada de soldados, que deveriam voltar depois ao Império Fenício; nos outros, além de gente do povo, vinham 49 militares, também, expulsos do país, por terem ficado ao lado de Badezir e seus dois filhos mais velhos, e mais 222 seres, a bem dizer, a elite do povo fenício. Todos tinham como destino o Brasil e, aqui, plantaram as sementes transformadoras do Brasil Fenício em Brasil Ibero-Ameríndio, um cadinho, originando o maior caldeamento de raças de que se tem notícia em toda a história universal.

Imagens retiradas do site:http://www.riodejaneiroaqui.com/portugues/pedra-da-gavea-codigo.html...O governo espiritual

estabeleceu-se na região que os índios chamavam Nish-Tao-Ram (Nictheroy), ou Caminho

Iluminado pelo Sol, hoje, Rio de Janeiro, e a Pedra da Gávea foi

transformada em templo. Quis a má sorte que seus filhos (parelha manúsica) soçobrassem em uma barquinha, quando atravessavam

a Baía da Guanabara com um dos escravos núbios. Badezir ordenou a mumificação dos

corpos, inclusive do escravo, e mandou que fossem colocados

na Pedra da Gávea, que se transformou em templo-túmulo, encerrando, de maneira trágica, mais uma página da história de

um Avatara...

Assim, as duas cortes ficaram constituídas: a temporal, pelo rei Badezir, pelos sacerdotes da sua antiga corte, alguns militares etc., ocupando toda a região, que vem do Amazonas até Salvador, na Bahia. Daí até onde é, hoje, o Rio Grande do Sul, ficava a corte espiritual, dirigida por Yetbaal, na sua forma dual, acompanhada pelos escravos núbios, pelos 222 elementos da elite fenícia e algumas outras pessoas, que não vem ao caso apontar.

O governo espiritual estabeleceu-se na região que os índios chamavam Nish-Tao-Ram (Nictheroy), ou Caminho Iluminado pelo Sol, hoje,

Busto do Rei fenício Badezir

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Rio de Janeiro, e a Pedra da Gávea foi transformada em templo. Quis a má sorte que seus filhos (parelha manúsica) soçobrassem em uma barquinha, quando atravessavam a Baía da Guanabara com um dos escravos núbios. Badezir ordenou a mumificação dos corpos, inclusive do escravo, e mandou que fossem colocados na Pedra da Gávea, que se transformou em templo-túmulo, encerrando, de maneira trágica, mais uma página da história de um Avatara. Badezir, não resistindo ao sofrimento, veio a falecer pouco tempo depois, e pedindo que fosse colocado ao lado dos filhos. Ali permaneceu sete anos, findo os quais, foi transferido para um santuário na região amazônica, até hoje, não encontrado.

Mas o trabalho não foi infrutífero, pois conseguiram plantar a semente de algo para o futuro. Até o nome da região foi tirado do monarca, pois Badezir se compõe de Bad+Zir, sendo o prefixo Bad uma variação de Baal, que quer dizer o Deus Principal, e Zir significa Senhor. Então, Badezir significa o Deus Maior; trocando-se Bad por Baal, temos Baalzir, que passou a Baalzil e, finalmente, Brasil.

A prova de que houve uma civilização fenícia em terras brasileiras está na inscrição da Pedra da Gávea, que o nosso Champolion, Bernardo da Silva Ramos, decifrou como sendo “Tiro Fenícia Badezir Yet-Baal”, e o insigne Mestre, o Prof. Henrique José de Souza, fundador da Sociedade Brasileira de Eubiose, completou-a, pois estava estragada pelo tempo, como “TIRO FENÍCIA YET-BAAL PRIMOGÊNITO DE BADEZIR”. Além dessa, há uma infinidade de inscrições fenícias em pedras e cavernas do Nordeste, das quais os historiadores não querem dar conta, pois teriam que modificar muito os seus conceitos.

O tempo foi passando e as civilizações se sucedendo em terras do Norte, seguindo o traçado

da Lei, até que, por volta dos séculos XV e XVI, começou a grande arrancada para o ocidente, enfrentando-se os “mares nunca de antes navegados”.

Em Portugal, havia um rei, D. João I, o Mestre de Avis, cujos filhos, por obras valorosas sublimaram a Dinastia Avis. O mais novo, com o nome de Henrique, na onda de acontecimentos novos, que se estavam desenrolando na época,

fundou, num promontório ao sul de seu país, um centro náutico conhecido como Escola de Sagres; por isso ele passou para a história com o nome de Infante Henrique de Sagres (J.H.S). Nessa Escola, que era, ocultamente, um colégio iniciático, desenvolviam-se as mais altas técnicas de navegação, cujo assunto não vamos detalhar por ser sobejamente conhecido e ensinado desde a escola primária. Por isso, passemos a estudar sua parte oculta.

Quando o Infante Henrique de Sagres atravessou as fronteiras de Oráculos (Gibraltar), teve um grande sobressalto, ao descobrir, ao longe, a estátua de um Cavalheiro, apontando para o “OCIDENTE”. Nós, hoje, podemos dizer a razão de semelhante “sobressalto”: aquela estátua não era mais do que um MARCO definidor do papel, que ia ter, em breve, o Ocidente, em substituição ao Oriente, na evolução humana. Assim o “EX ORIENTE LUX”, de Emmanuel Swedenborg, foi trocado pelo “EX OCCIDENTE LUX”, de Henrique José de Souza.

Entretanto, Henrique de Sagres não chegou a ver o ciclo das grandes navegações, mas a semente plantada deu frutos e uma boa colheita. De todos os envolvidos nas grandes descobertas do mundo ocidental, aqueles que mais se ligam ao caminhar da mônada em direção ao Sul são Colombo e Cabral. O primeiro descobriu a América como um todo, e o segundo particularizou a região do Brasil, como a dizer que, aqui, seria uma terra especial, o berço da futura civilização.

O verdadeiro nome de Colombo era Salvador

Badezir se compõe de Bad+Zir, sendo o prefixo Bad uma variação de Baal, que quer dizer o Deus Principal, e Zir

significa Senhor. Então, Badezir significa o Deus Maior; trocando-se Bad por Baal,

temos Baalzir, que passou a Baalzil e, finalmente, Brasil.

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Gonçalves Zarco; era genovês. Adotou o nome de Cristóvão Colombo (AVIS RARIS IN TERRIS), ou, antes, Cristopherens Columbus, “Aquele que carrega o Cristo e é, ao mesmo tempo, a Ave, a Pomba do Espírito Santo (Columba)”, que ele mesmo saudava na sua sigla. Colombo procurou diversos governos para realizar sua empreitada, e conta a história que foram os reis de Espanha, com Isabel, a católica, que lhe deram tal auxílio. Existe, entretanto, uma frase dita por alguém, quando a rainha se dispôs ao evento: “Majestade, a essa altura, Colombo já está em alto mar”.

Cabral, que quer dizer cabra, possuía por emblema uma árvore, com três cabritos: um, em cima, e dois laterais, embaixo. A árvore representa a genealogia dos Kumaras, termo, que vem de: KUMA (sânscrito), cume elevado; MARA (sânscrito), energia, a que vem de cima.

Conta-nos a história profana que Cabral tinha por missão descobrir um caminho para a Índia, fora das calmarias, que se encontravam com frequência

nas costas africanas. Em verdade, ele fazia parte de um movimento ligado à Grande Fraternidade Branca e saiu de Portugal com a missão de encontrar terras a oeste, seguindo o caminho mostrado pelo gigante de pedra, que se encontra em uma das Ilhas Canárias.

Portanto, Colombo e Cabral formavam uma polaridade: Aquele, com a finalidade de tocar em terras do Norte da América, haste lunar, berço da sexta Sub-Raça; Este, com a finalidade de tocar em terras do Sul da América, como a mostrar a manifestação da sétima Sub-Raça, completando a haste solar. A Lei chamaria de Missão “Y” a tais manifestações.

Longe da “estória” oficial, que nos contam nos bancos escolares, a verdadeira História do Brasil é parte de um movimento oculto, como preparação para o surgimento da raça dourada e para o Advento do Cristo Universal, o Avatara Maitreia da Era de Aquarius.

Nas palavras do Excelso Mestre JHS, o Brasil é o “Santuário da iniciação do gênero humano a caminho da sociedade futura”.

O Império americano, como todo Império, já mostra sinais de falência. Os tempos são chegados, e, lamentavelmente, muitos, ainda, cobertos pelas vendas do materialismo, não percebem e nem perceberão tais mudanças. Mais tarde, com outro estado de consciência, no silêncio de meditações, ecoará em suas mentes, a frase tantas vezes repetida pelos Mestres de Sabedoria:

“Estive entre vós e vós não Me reconhecestes!”

Salve o Brasil, pátria do Avatara da Era de Aquarius!

*Compilação baseada nos ensinamentos do Mestre JHS e nas apostilas dos cursos ministrados na SBE.

Cabral, que quer dizer cabra, possuía por emblema uma

árvore, com três cabritos: um, em cima, e dois laterais, embaixo. A árvore representa a genealogia

dos Kumaras, termo, que vem de: KUMA (sânscrito), cume elevado; MARA (sânscrito), energia, a que

vem de cima.

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