revista olhar amazônico - edição 3

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Revista da Amazônia

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Page 1: Revista Olhar Amazônico - Edição 3
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E o futuro? Ainda esperamos por ele?

Ainda é tempo para acreditar no Amapá como um estado de potencial da Federação Brasileira. Comemoramos neste dia 13 de setembro apenas 68 anos da criação do Território Federal do Amapá e 23 anos da transformação em Estado. Um estado jovem nesta cronologia. Em 2011 o

Amapá festeja 111 anos da assinatura do Laudo Suíço, ocorrido dia 1º de dezembro de 1900, com a vitória diplomática do Barão do Rio Branco, garantindo definitivamente as terras do Amapá ao território brasileiro.

E no dia 1º de junho, com a interligação da ponte da integração entre Oiapoque e São Jorge, o Brasil e a França reatam os laços do intercâmbio, abrindo a porteira para o comércio, turismo e laços culturais. É um novo tempo que começa com uma crise econômica sem precedentes na história do Amapá, fruto amargo pendurado no fio da penúria.

O reflexo desta crise afeta os setores essenciais: saúde, educação, segurança e desemprego, deixando o governo encurralado numa camisa de força, com manifestantes nas ruas protestando e exigindo os direitos. Prática contumaz do então deputado estadual e atual governador Camilo Capiberibe, preocupado com o telhado de vidro, que agora é dele.

Acreditamos que é possível reverter este quadro com trabalho, confiança, criatividade e muita serieda-de. O Japão soergueu-se depois de destroçado por duas bombas atômicas e hoje é a emergente e potencial economia tecnológica do planeta.

Só os mais ousados garantem essas mudanças. Os marqueteiros ensinam que é na crise que a publicida-de deve ser fortalecida. E ao invés de aumentar os impostos, investir na pequena e média empresa, que vem recompensar com geração de emprego, renda e impostos, além de reduzir o número de leitos nos hospitais e na penitenciária.

Nesta nova e delicada tarefa todos devemos estar envolvidos nesta proposta. É por isso que acreditamos no sucesso do Estado e na capacidade do governador mais jovem deste País, que deve aliar-se à juventude das ideias para encontrar formas para reverter este quadro.

Et le futur ? L’attendons-nous toujours ?

Il est encore temps de croire en l’Amapá en tant qu’état à potentiel de la Fédération Brésilienne. En ce 13 septembre, nous fêtons les 68 ans seulement de la création du Territoire Fédéral de l’Amapá et les 23 ans de sa transformation en Etat. Un état jeune dans cette chronologie. En 2011 l’Amapá

fête les 111 ans de la signature du Laudo Suiço, du 1er décembre 1900, et la victoire diplomatique du Barão do Rio Branco, qui garantit définitivement les terres de l’Amapá au territoire brésilien.

Et le 1er juin, avec la liaison d’Oiapoque et de Saint-Georges par le pont de l’intégration, le Brésil et la France renouent les liens de l’échange, ouvrant le portail pour le commerce, le tourisme et les liens culturels. De nouveaux temps commencent avec une crise économique sans précédent dans l’histoire de l’Amapá, fruit amer pendu au fil de la pénurie.

Les réflexes de cette crise affectent les secteurs essentiels : santé, éducation, sécurité et chômage, lais-sant le gouvernement coincé dans une camisole de force, avec des manifestants dans la rue protestant et exigeant leurs droits. Pratique coutumière du alors député de l’état et actuel gouverneur Camilo Capiberibe, préoccupé par le toit de verre qui est à présent le sien.

Nous voulons croire qu’il est possible de renverser la situation par le travail, la confiance, la créati-vité et beaucoup de sérieux. Le Japon s’est relevé après avoir été détruit par deux bombes atomiques et aujourd’hui est l’émergente et potentielle économie technologique de la planète.

Seuls les plus audacieux garantissent ces changements. Les spécialistes de marketting nous enseignent que c’est pendant la crise que la publicité doit être renforcée et que, au lieu d’augmenter les impôts, il faut investir dans les petites et moyennes entreprises, qui viennent récompenser par la création d’emploi, de revenu, d’impôts, et réduit le nombre de lits dans les hôpitaux et les prisons.

Durant cette nouvelle et délicate tâche, nous devons tous être engagés dans cette proposition. C’est pour cela que nous croyons au succès de l’Etat et aux capacités du gouverneur le plus jeune de ce pays, qui doit s’allier à la jeunesse des idées afin de trouver des façons de renverser la situation.

Editorial

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4 | Setembro 2011 | Olhar Amazônico

Uma publicação

CNPJ: 05.018.654/0001-66Revista Olhar AmazônicoFone: (96) 3224-1406

Rua Eliezer Levy, 2322 - CentroCEP.: 68.900-140

Macapá - Amapá

Nesta Edição

09 - Mirando18 - Olhar Social22 - Estados da Amazônia22 - Dos 80 para mais de 10034 - Artigo Édi Prado

SESSÕES

06 | Entrevista Antônio Feijão

08 | As estatísticas e o trânsito

09 | Equinócio, uma atração emocionante

10 | Dep. Paulo José: O diplomata das Relações Exteriores do Amapá

12 | Caçoene: Um município em expansão à sombra da história

20 | Solenidade do Senado homenageia 68º aniversário do Amapá21 | Universidade do Senado Federal firma convênio com AL do Amapá

31 | O porto de Fazendinha

33 | Coral do TJAP comemora aniversário com Recital “Folcloreando”

32 | Informações históricas sobre Macapá

24 | Perfil: Sônia Maria Rezende Pinheiro

28 | Portos Turísticos: o caminho da redenção econômica30 | Ampliação e modernização do Trapiche Eliezer Levi

Circulação BRASIL: Amapá, Pará, Amazonas, Acre, Maranhão,Rondônia, Roraima, Tocantins, Mato Grosso e BrasíliaGUIANA FRANCESA: Caiena e GeorgetownPANAMARIBO: Suriname

Conceitos emitidos em artigos são de responsabilidade dos autores, não refletem a opinião desta revista.Contato reportagens:[email protected](96) 9974-0465 / (96) 8129-2066

Contato comercial:[email protected](96) 8124-9796

Raimundo Costa de SouzaSuperintentende

Sebastião Barreiro CrisantoDiretor de JornalismoREG-MTB 145/DRT/PA

Marcio BezerraDiretor Comercial

Elpidio AmanajásDiretor Corporativo eCorrespondete em BrasíliaREG.MTB 8468/DF

Edi PradoEditor ChefeREG.MTB 16137 DRT/RJ

Colaboradores: Lívia Andrade, Wagner Ribeiro, Raul Tabajara, Paulo Araujo Oliveira, Sabrina Miranda

Tradução: Marco Poli

Produtora de Arte: Érika Bezerra

Foto da capa: Hélida Pennafort

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agenda Nacional como agente planetário cli-mático. Mas também como cenário socioeco-nômico global. Não há prioridade na agenda nacional tão relevante para o futuro do Brasil e do mundo que chegue perto da importância do uso sustentável de nossa Grande Floresta. A agricultura e a agroindústria no Sul, Sudes-te e Centro Oeste já não têm mais escala para grandes projetos nacionais. Somente a Ama-zônia tem escala e insumos ambientais, que podem de forma sustentável suprir boa parte das necessidades e demanda através de um projeto nacional, com forte projeção e gover-nança mundial. A nossa região será solução para resolver a pobreza social que atingirá o fluxo urbanizador que atinge as médias e as cidades brasileiras. A Amazônia tem que ser vista com uma grande solução nacional e global e nunca como uma chaga ambiental planetária.

A implantação de nova ordem jurídica compatível com nossas realidades pode-rá mudar os cenários rurais e urbanos de nosso Amapá?Há dois grandes desafios amazônicos para se-rem enfrentados. A qualidade de vida de nos-sas cidades e um amplo programa de ordena-mento ambiental e espacial das economias na Amazônia Legal, com forte atenção e ação na regularização fundiária. Para se entender um pouco da dimensão dessas dificuldades, pro-duzidas pela falta de títulos de propriedade de terra rural. O Amapá, estado mais preservado do Brasil, não consegue implantar as políti-cas públicas voltadas ao desenvolvimento do agronegócio, especialmente o setor de bio-combustíveis, aquicultura, ecoturismo, logís-tica e da importante indústria florestal.

Há reconhecimento do Governo Federal e da sociedade planetária sobre nosso sacri-fício de sermos o estado mais preservado do Brasil?Não. O mundo capital e os cientistas das grandes nações navegam em um grande mar de hipocrisia. Em minhas andanças em con-ferências pelo Brasil, apresento dados estatís-ticos oficiais onde o Amapá, sustenta quase 98% das coberturas florestais preservadas, além de Roraima e Acre, estados tipifica-dos por economias tidas de florestania ou de sustentabilidade ambiental. Quando compa-ramos os dados e índices econômicos e de qualidade de vida, constatamos que os esta-dos mais preservados ambientalmente são os mais empobrecidos socialmente. Não haverá desenvolvimento sustentável sem incorporar

uma escala compatível com o mercado e a necessária inclusão social. O Desenvolvi-mento Sustentável tem que ser, inexoravel-mente, socialmente includente e com escala mínima regional.

O Estado como instrumento normatiza-dor e incentivador poderá promover o verdadeiro desenvolvimento sustentável includente?O formato de desembarque e colonização da doutrina de Desenvolvimento Sustentá-vel vindo da Europa, no início dos anos 90, para os países do hemisfério Sul ou em de-senvolvimento, foi um estelionato ecológi-

co, com amplos prejuízos socioambientais às sociedades desses países. No passado o Amapá foi vítima dessa enganação. Nosso estado precisa incentivar novos consórcios econômicos, onde as empresas aqui instala-das possam implantar uma equação consor-ciada de crescimento econômico com uma ampla e consistente base de responsabilidade socioambiental. Algumas delas já iniciaram a construir esse novo caminho; outras estão procurando diálogo com o governo do estado numa concreta sinalização de que o Amapá priorizará as concessões de uso e beneficia-mento de insumos ambientais e logísticos, aquelas que priorizarem a Responsabilidade Empresarial Socioambiental. Governo e As-sembléia terão que preparar um consistente e confiável arcabouço legal regulatório para que dentro dele, os novos e atuais empresá-rios encontrem segurança e motivos para se instalarem ou verticalizarem os negócios aqui

já instalados ou em fase de implantação. O mundo global já colonizou as nossas ri-quezas e já alterou os nossos destinos?Tenho grandes preocupações sobre a nossa capacidade de proteger e decidir o destino do Amapá e das incalculáveis riquezas. Não está claro, por exemplo, de que maneira a socie-dade planetária poderá exigir os direitos sobre os recursos naturais sem violar a soberania de nosso país e sem tolher nosso próprio futuro. E nem como e por quem os direitos sobre os bens e serviços ambientais serão exercidos, numa nova ordem planetária de Governança Global, sem ferir os direitos das sociedades locais que conservam e protegem esses bens ambientais. Recentemente houve uma audi-ência pública na Justiça Federal para tratar da questão das contrapartidas da criação do PARNA Tucumucumaque. Lamentavel-mente o próprio Ministério Público Federal e a Advocacia Geral da União não estiveram presentes. Parece que nesse desfile ecológico o povo é um adereço que dá os primeiros pas-sos da avenida. Não somos contra compar-tilharmos os nossos recursos naturais, nossa importância nos sistemas geoclimáticos, mas queremos essencialmente globalizar nossa realidade social e dividirmos com o País e a humanidade, o direito de termos uma ver-dadeira cidadania planetária. Não se pode ter a Amazônia como Colônia Ambiental Planetária ou uma Antártica Tropical, sem nos ter juntado a ela e com todos os nossos problemas e realidades. Especialmente nossa pobreza social urbana. Não tem como nos descolonizar de nossa própria existência e história. A preservação em demasia poderá num futuro próximo, ensejar a cobiça bélica de nossos territórios ambientais por nações como a China e o próprio USA. É tempo de lembrar o Oriente e da nova colonização bé-lica da OTAN. O Brasil pode mudar a forma de governar a Amazônia?O Estado Nacional precisa debater mais seriamente tanto no Congresso Nacio-nal quanto em escala mundial, o valor e o respeito a nossa existência e construir conosco uma política de desenvolvimento e conservação ambiental para a Floresta Amazônica, com a criação de mecanismos permanentes de compensações econô-micas locais, regionais e globais, em face de nosso esforço de ceder ao Brasil e ao mundo, grandes espaços territoriais pre-servados. É hora pensar localmente e agir globalmente.

Antônio Feijão

O Secretário do Meio Ambiente, Antônio da Justa Feijão, é formado em Geologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Pós-graduado em Gestão Ambiental

pelo IBPEX do Paraná e Perito e Auditor Ambiental (MBA) pela Fundação Osvaldo Cruz.

O Amapá, estado mais preservado do Brasil, não consegue implantar as políticas públicas voltadas ao desenvolvimento

do agronegócio, dos setores de biocombustíveis, aquicultura, ecoturismo, logística e da importante indústria florestal

por Barreiro Crisanto

Entrevista:

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A mídia global costuma criminalizar no atacado, a existência das econo-mias inscritas nos diversos cenários amazônicos?Este é uma grande ação orquestrada planetariamente e visa a “antartização” da floresta e a intocabilidade de gran-de parte das incomensuráveis riquezas. Num futuro muito próximo seremos separados: de um lado as florestas e do outro, cidades e economias agrárias. As Sociedades Caboclas Amazônicas ainda viverão sob o manto da igno-rância tecnológica por algumas deze-nas de anos. O Brasil de hoje já é um adjetivo: a Amazônia. Nem o futebol, Pelé ou o Samba superam essa marca global. Precisamos destituir da “Gran-de Mídia Nacional e Planetária, que

nossas sociedades residentes e ime-moriais não são mais uma turba social invasora. Somos, juntamente com essa imensa “Hiléia de Humbold”, um gran-de e harmonioso planeta sociocultural e ambiental. O que fazer para equilibrar essas re-lações entre homem, trabalho e meio ambiente?A Amazônia é muito mais vista e fa-lada pelo verde do que pelas necessi-dades das sociedades. O desencontro dessas realidades e dos mundos cul-turais com o grande arcabouço legal que o Brasil, quase sempre, impõe à Amazônia – é o grande fator do dese-quilíbrio geossocial. O Prof. Armando Mendes, num debate no Senado, defi-

niu com a profunda maestria semân-tica: “A Amazônia é muito mais que natura. É essencialmente cultura”. O Ministro Mangabeira Unger, logo após sentir e adotar essas desesperanças so-cioeconômicas e culturais no discurso foi rapidamente satanizado no governo Lula e ambientalistas gravitacionais. Ele, inquisitoriamente foi sentencia-do, por defender que, sem legalizar as reali-dades agrárias fundiárias da Amazônia, não existiria equação de equilíbrio para o meio ambiente . Não há equilíbrio socioambiental sem equidade jurídica.

Em sua opinião, a “preocupação” am-biental sobre a Amazônia é menos ecoló-gica e muito mais econômica?A Amazônia tem que ser a prioridade na

“O Desenvolvimento Sustentável

vindo da Europa no início dos anos 90 para os países do hemisfério

Sul ou em desenvolvimento, foi um estelionato

ecológico, com amplos prejuízos

socioambientais às sociedades desses

países”

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Equinócio é uma palavra que de-riva do latim (aequinoctium), e sig-nifica “noite igual”, e refere-se ao momento do ano em que a duração do dia é igual à da noite sobre toda a Terra. Astronomicamente isto se dá quando a Terra atinge uma posição em sua órbita onde o Sol parece estar situado exatamente na intersecção do círculo do Equador Celeste com o círculo da Eclíptica; ou seja, instan-te em que o Sol no seu movimento anual aparente pela Eclíptica, corta o Equador Celeste, apresentando de-clinação de 0º.

Equinócio Vernal (21/03), assina-la a entrada da primavera no hemis-fério norte e do outono no hemisfé-rio sul. É especialmente considerado pelos Astrólogos, pois este “Ponto Vernal”, marca o início do Signo de Áries, a entrada do Sol no Signo de Áries, que marca o início do Zodí-aco. É quando o Sol, no seu movi-mento aparente, passa do hemisfério sul para o hemisfério norte.

O Equinócio Outonal (23/09), marca a entrada do outono no he-misfério norte e da primavera no hemisfério sul, chamado também de “Ponto de Libra”; instante em que o Sol passa do hemisfério norte para o hemisfério sul.

Na figura abaixo, veja uma repre-sentação da insolação terrestre rela-tiva a este Equinócio. Neste período a Terra recebe em ambos hemisférios a mesma intensidade de luz solar.

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EquinócioUma atração emocionante

Obra que todos veemQuando é tempo de mudanças é preciso que essa mudança se efetive. Há séculos que os políticos perpetuam a frase: água e esgoto são obras enterradas que ninguém vê. Até cego vê quando toma banho, faz a barba, cozinha, rega o jardim, bebe água e após o uso sanitário dá a descarga. E ainda ninguém vê? Tira esses serviços essenciais e aí os políticos vão ver o que é bom para guariba. O que falta é divulgar os benefícios dos servi-ços de água tratada e esgoto para ser lembrados e ‘vistos’ a todo instante.

EstacionamentosA situação está a cada dia mais dramático. Não existe estacionamento nas zonas operacionais e residenciais no centro da cidade. E a cada dia sur-gem novos espigões sem que a prefeitura, CREA e outros setores ligados à construção civil, para que só liberem obras quando no projeto estiver incluído o estacionamento. Um prédio com 100 apartamentos deve ter no mínimo 200 vagas. Não existe lugar para 200 carros no meio da rua, sem segurança e sem estreitar ainda mais os espaços para o pedestre e outros veículos. O ser humano continua sendo a ‘peça’ mais importante numa cidade.

Vagas cativasEstá virando moda, inclusive em Tribunais e órgãos de Justiça, que deve-riam ser exemplos, reservar vagas com cones para os senhores juristas. A praça, ruas, avenidas e todas as vias públicas, são públicas. Que direito eles têm em assegurar espaços em lugares públicos? A Constituição ga-rante que todos são iguais perante a Lei e porque eles querem ser mais iguais que os outros? A cidade precisa ser pensada como um todo e os órgãos públicos devem ser os exemplos. Está na hora de fazer as adequa-ções necessárias.

InsegurançaA situação está numa espiral crescente. Pelos cálculos dos economistas 15 mil pessoas tiveram o contrato de trabalho vencido neste governo. Cada família com no mínimo cinco pessoas, são 75 mil pessoas desesperadas em busca de sobrevivência. E sem trabalho e sem condições de gerar ren-da, geram assaltantes, traficantes e outros profissionais nada qualificados para uma convivência pacífica. Não adianta ampliar o presídio. É mais prudente criar frentes de trabalho e qualificar a juventude e depois contar com a mãozinha do governo para que novos empreendedores possam encontrar uma saída neste beco obscuro.

SOS CaesaLigue Caesa. Pode até existir este número para informar sobre vazamento de água tratada ou nos raros esgotos em via púbica. Mas o serviço não existe. Dá para imaginar uma empresa, que assume ter 70% de água trata-da perdida em termos de faturamento e ainda jogar fora outro expressivo percentual com a água que se esparram pelos canos por falta de manu-tenção ou acidente, enquanto muitos clamam por uma gota? Nenhum ser vive sem água. Nenhum. E a expressão vende como água é a mais precisa e nem precisa de publicidade e o governo ainda tem que bancar mensalmente mais de R$ 1 milhão para cobrir os prejuízos? Tem muita coisa errada nestes canos.

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Deputado Paulo José

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Tudo começou há cinco anos quando as Co-

missões de Direitos Hu-manos e Legislação Par-ticipativa e de Relações Exteriores e Defesa Na-cional do Senado Federal, foram acionadas pelos deputados da Assembleia Legislativa do Amapá, propondo audiência pú-blica para tratar do caso da brasileira morta dia 19 de abril de 2008, na fronteira com a Guia-na, quando era deporta-

Tortura e morte - A brasileira Nerize Dias de Oliveira, 36 anos, foi morta dia 19 de abril, quando esta sen-do deportada para o Brasil. O marido de Nerize afirma que ela foi jogada no rio Maná pela polícia francesa. Além de não retornar para o resgate proibiu qualquer ação dos demais brasileiros à bordo da catraia. A versão da polícia francesa é que Nerize teria caído na água devido a uma manobra da embar-cação. O corpo foi encontrado no dia 26, pelo marido, que fez o resgate por conta própria. No laudo pós mortem não consta a causa. Ela foi sepultada na Guiana. Nerize tinha um corte pro-fundo na cabeça, indicando que, pro-vavelmente, foi atingida pela hélice do barco que deportava os brasileiros.

Sem eco - A audiência pública no Senado foi acertada, pelo então de-putado estadual Camilo Capiberibe (PSB/AP), presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Assembléia Legislativa do Amapá, com o Senador Paulo Paim (PT/RS), presidente da Comissão de Direitos. O episódio ganhou destaque nacional e internacional. Mas as soluções para resolver este impasse foram ficando para depois. O então deputado esta-dual e atual senador Randolfe Rodri-gues, propôs a criação da Comissão de Relações Exteriores e Defesa do Estado, nos moldes da comissão do senador federal, para tratar dos cons-tantes conflitos envolvendo brasilei-ros nas guianas.

Aclamado - O Dep. Paulo José, habilidoso e diplomático advogado, preenchia os requisitos essenciais para presidir esta comissão. Alegou não sa-ber o idioma francês e outras descul-pas para livrar-se desse perigoso desa-fio. Tudo inútil. Foi empossado. Isso na gestão do então presidente da AL, Jorge Amanajás. De acordo com o art. 37 do regimento interno da AL, a mis-são consiste em defender os interesses institucionais com o platô das guianas Francesas, Paramaribo e Suriname.

PJ em Paris – O Dep. Paulo José, o PJ, viajou para Lion, na França em dezembro de 2009, para um estudo so-bre os avanços e recuos nessa relação. Dessa viagem nasce a necessidade do 1º Encontro Internacional Transfron-

teiriço, realizado nos dias 3 e 4 de ju-nho de 2009, envolvendo o Platô das guianas e autoridades francesas, vindas de Paris. O garimpo ilegal foi o tema principal. Na época quase 40 mil bra-sileiros estavam ilegais naquela região. Em 2008 quando o presidente Nicolas Sarkozy esteve no Amapá, juntamente com o presidente Lula ele foi enfático em dizer que seria implacável e infle-xível com os brasileiros ilegais. Por pouco ele não provocou um novo abalo nessa relação diplomática. O presiden-te Lula teve jogo de cintura para não aquecer o debate. Sarkozi convoca os deputados para uma visita de cordia-lidade a Guiana. A meta era reduzir o índice e a forma cruel de deportação e expulsão de brasileiros. Pelos cálcu-los havia em média 30% de brasileiros com mais de cinco anos na ilegalidade, sem a carta de Séjou. PJ conseguiu a inédita redução de 80% desses confli-tos e deportações.

Foi colocado à disposição dos

brasileiros e familiares, telefone 08000967542 como um SOS vida para que eles tivessem um canal de acesso ao socorro, orientação e ajuda em todas as situações envolvendo brasileiros, inclusive o translado de corpos para o Brasil. A meta é instalar um escritó-rio regional , por meio do Ministério de Relações Exteriores ,em Oiapoque para atender essa demanda.

Ponte de Integração - PJ acom-panhou desde a elaboração do projeto até agora. “A ponte é de integração e não pode nem deve ser transformada num novo muro de Berlim. E sim num instrumento de interesses entre os paí-ses”, enfatiza PJ. A parte física do lado francês, como a construção da aduana, postos fiscais e de saúde estão concluí-dos. Do lado brasileiro nem a cabeceira da ponte está aterrada. “Falta tudo”, la-menta o deputado. Ele diz que a intri-ga entre empreiteiros tem causado este embaraço para a conclusão das obras.

Reconhece a falência social e eco-

nômica de Oiapoque. Os problemas persistem na fronteira. Existem 109 brasileiros presos, entre eles 10 mu-lheres, envolvidos em pequenos fur-tos, uso de drogas e tráfico de pessoas, causando problema de ordem social nos departamentos ultramarinos de Guiana, Guadalupe e Martinica. O se-nador Randolfe e o deputado federal, Bala estão empenhados em solucionar esses problemas.

O 2º Encontro está marcado para os dias 30 de novembro, 1 e 2 de dezem-bro em Guiana . Temas: banda larga, saneamento, energia elétrica, saúde pú-blica envolvendo as doenças tropicais, controle de endemias e outras doenças, aduaneira, tecnologia e segurança fronteiriça, além de reforçar a Lei de reciprocidade: os franceses também terão que entrar no País legalizados. Como o Brasil não faz parte do Mer-cosul, somente ao Projeto Courrou é preciso rever esse cenário de relações internacionais de comércio, reforça PJ.

Dep. Paulo José com autoridades locais na Guiana Francesa

Deputado Paulo José

por Édi Prado | fotos Raiz Tribal

O diplomada das Relações Exteriores do Amapá

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INFORMAÇÕES

n Nome oficial: Município de Calçoenen Lei de criação: Nº 3.056, de 22 de dezembro de 1956n Limites: Norte: Oceano Atlântico Sul: Amapá e Pracuúba Leste: Oceano Atlântico Oeste: Oiapoque e Serra do Navion Área: 14.269 km2n População (IBGE 2010): 9.000 habitantesn Comunidades principais: Calafate, Carnot, Cunani, Goiabal e Lourenço.n Distância da Capital: 384 kmn Produção: Mineração, pecuária, lavoura de subsistência e a pesca.n Transporte: Rodoviário, fluvial e aéreoPossui um aeroporto e várias pistas de pouso para garimpon Clima: Tropical super úmidon Atração turística: Lagos, igarapés e pesca esportiva

Divisões Fisiográficasn Clima: Tropical chuvoso. n Temperatura: Média: 30 °C Máxima: 34º C Mínima: 21º C

As chuvas ocorrem com maior frequência nos meses de janeiro a julho, chegando a atingir 3 mil metros. O verão vai de setembro a dezembro.

n Relevo: Constituído de planície pluvial de superfície erosiva.n Vegetação: Formada por serrados (savanas) e floresta tropical densa.

n Hidrografia: Rio Amapá Grande, Rio Calçoene, Rio Cassiporé e Rio Cunani, Cultura, Lazer e Turismo.

Olhar Amazônico | Setembro 2011 | 1312 | Setembro 2011 | Olhar Amazônico

A prefeita Maria Lucimar da Silva Lima confessa que está vivenciando fases antagônicas

para gerenciar o município. Embora se sinta parcialmente realizada por remover Calçoene do barranco político e administrativo em que se encontrava, às vezes sente-se inquieta e impotente diante de tantas burocracias, o que a obriga a afastar-se com frequência do município, para resolver os entraves na busca permanente de recursos junto ao governo estadual e federal.

Luta sem trégua - “Ser prefei-ta num município com uma econo-mia insípida e que precisa de investimentos para alavancar esta economia e ficar dependente de solução é um exercício que exige além de paciência e sacrifícios”, revela a prefeita Lucimar Lima. Sente-se também fortalecida com o reconhecimento da população pelo empenho que tem feito para transformar Calçoene num município habitável. “Quando assumi

a prefeitura, entrada da cidade mais parecia um convite para retornar. Um lamaçal esburacado no inverno e muita poeira no verão. Agora tanto os moradores quanto os visitantes estão sendo recepcionados com uma via urbanizada, com calçadas e arborização”, orgulha-se.

Roupa nova - Ela diz que está refazendo pelo menos a sede do município, sem deixar de lado as comunidades do interior. Restau-rar prédios públicos como escolas, postos médicos e até a sede da prefeitura, além de quitar débitos eoutras preocupações emergenciais têm sido a rotina dela. “Calçoene, que era o patinho feio do Estado e que agora desperta o desejo sedutor de candidatos. É como e menina feia que ninguém quer, mas após um banho de loja e adquirir alta estima, passa a ser a mais paquera- da do lugar, compara” Lucimar Lima. Ela admite que ainda tenha que enfrentar muitos

desafios, mas sente-se orgulhosa por ter prova- da para ela mesma, que está dando conta do recado e vem sendo reconhecida pelo trabalho que está sendo realizado.

Praia de Goiabal - É a única praia estruturada e banhada pelo Oceano Atlântico do Estado do Amapá. Está localizada a 14 km de distância da sede de Calçoene. O percurso é fei-to por meio de uma estrada de terra totalmente trafegável, para chegar a quase intocada praia do Goiabal, que começa atrair visitantes de todo o Es-tado e dos turistas do Platô das Guia-nas: Guiana Francesa, Paramaribo e Guiana Holandesa. Mesmo ainda com a aparência barrenta, típica dos rios amazônicos, a água é salgada. A praia tem aproximadamente 70 km de extensão.

BR asfaltada - A BR 156 encontra--se totalmente pavimentada de Maca-pá a Calçoene. O tempo estimado de

Especial

Calçoenepor Édi Prado

Um município em expansão à sombra da história

CALÇOENE

MACAPÁ

Cunani

Lourenço

Goiabal

Especialviagem é de 3:30 h. No local além da estrutura viária em ótimas condições composta de malocas, 36 banheiros, chuveiros, iluminação elétrica, pou-sadas e restaurante, gerenciado pelos simpático casal Jairo Edgar e Carla Lopes. O local é atraente e reina a paz. Outra grande atração é a revoada de pássaros e patos selvagens colorindo a paisagem.

Pioneiro - Almerindo Soares Lis-boa, 90 anos, o morador mais antigo da região, que nasceu naquele re-canto paradisíaco, mas se criou no Pará, levado pelos avós. Mas depois que ficou ‘taludo’, diz ele, retornou para tornar-se um produtor agrope-cuário. E para não ficar totalmente ocioso, devido à idade, gerencia um pequeno comércio, onde ele é atração principal. Os turistas adoram ouvir as histórias que ele narra do lugar. Ele conta que o então governador Nova da Costa foi quem abriu a picada para Goiabal, encurtando a distân-cia até a sede do município, que an-tes era um dia, inteiro tanto por terra quanto de embarcação e hoje se faz “num instantinho”, graças ao empe-nho e preocupação da prefeita Luci-mar Lima, que tem feito muito coisa por nós, declara ‘Seo’ Almerindo.

Fatos históricos - A história de Calçoene começa em 1893 , com a descoberta de ouro no leito do rio Calçoene, pelos brasileiros Germano e Firmino Ribeiro, naturais de Curu-çá (no Pará). Nesse tempo, um mo-rador da Guiana Francesa de nome Clemente Tamba, também encon-trou bastante ouro. Essas descober-tas levaram os franceses a ocupar a região, reacendendo a questão do Contestado Franco-Brasileiro. Fato que gerou vários conflitos envolven-do brasileiros do Amapá e franceses de Caiena, culminando com a vitória diplomática de Barão do Rio Branco, assegurando aos brasileiros e a ane-xação da área ao Estado do Pará, em 1º de dezembro de 1900, com a assi-natura do Laudo Suíço.

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Origem da palavra – Eti-mologicamente a palavra Calçoene significa Cunha do Norte. O nome nasceu da nomenclatura, formada pela Fazenda Nacional, no início do século, para designar as área de ga-rimpo do Amapá. Foram concebidas quadro áreas: Calço N (de Norte), Calço S (de Sul), Calço O (de Oes-te) e Calço L (de Leste). As minas de Daniel e Firmino, que deram origem ao município de Calçoene, ficavam exatamente no Calço N. Localiza-se na parte centro-nordeste do Amapá, e limita-se ao Norte com o Oceano Atlântico, ao Sul com os municípios de Amapá e Pracuúba, a Leste com o Oceano Atlântico e a Oeste com Oiapoque e Serra do Navio.

Economia - Em 14 /03/1, um grupo empresarial uruguaio Sanza se instala em Calçoene, com uma unidade de produção de 87 mil hectares, para produção de óleo de dendê. O grupo promete fazer, neste município, o maior viveiro de dendê da América Latina, com 2,1 milhões de mudas. Foram investidos R$ 3,5 milhões até 2001. O sonho acabou por falta de investimento e incentivo do governo estadual e o projeto se transformou num campo abandonado

(Portal Amazônia, 14.03.2001).

A realidade em 2011 - Atu-almente as principais atividades produtivas do município são a Agropecuária, a silvicultura, o ex-trativismo, o comércio e serviços. A garimpagem e a pesca são ocu-

pações ainda predominantes. No setor primário utiliza-se a cultu-ra da mandioca, a criação de gado (bovino, bubalino e suíno), bem como a pesca, o artesanato e a ga-rimpagem. No setor terciário exis-tem algumas marcenarias, hotéis e cartório de registro. Os funcioná-

rios públicos são os que mais contribuem para a economia do município.

Festividades - No mês de junho organiza-se o Festival do Caran-guejo, e em dezembro, festivida-des em louvor à padroeira da cida-de, Nossa Senhora da Conceição.

As principais atrações turísticas são a vila histórica de Cunani, que já foi ‘república por’ duas vezes Tambéma Cachoeira Grande, na divisa en-tre Calçoene e Amapá, assim como a praia do Goiabal (a única de água salgada) são bastante frequenta-das pela população e por turistas.

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Prefeita de Calçoene, Lucimar Lima, e o pioneiro Almerindo Lisboa

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Pesquisador do Observatório Nacional afirmater encontrado “Stonehenge brasileiro”

O sítio arqueológico de Calçoene, no norte do Estado do Amapá, distante 384 km da capital Macapá, na latitude

de +2 graus 37’ (hemisfério Norte), tem várias pedras monolíticas que estão fincadas no solo, algumas com até quatro metros de altura.

Interpretações - São classificadas como menires (pedras) e do tipo cromele-que (em formato circular), encontrados em outros locais do mundo. O local está no alto de uma colina, e as pedras possuem pequena inclinação, relacionada com o movimento do Sol no céu, em um círculo de 30 metros de diâmetros. As pedras maiores estão num círculo de 20 metros.

Relatos históricos - Segundo dados do Instituto de Pesquisas Científica e Tec-nológicas do Estado do Amapá (Iepa), o local foi descoberto por Emilio Goeldi em 1905, e data de 1.500 a 2.000 anos, sendo depois estudado pelo etnólogo alemão Curt Niemandaju, no início da década de 20. Na década de 50, o casal de arqueólogos norte--americanos Cliffords Evans e Betty Meg-gers também estive estudando o local, que fica distante 14 km do centro da cidade de Calçoene.Mas tudo isso ficou no esqueci-mento por muito tempo e até muitos dos moradores nunca tinham ouvido falar do local. Só a partir de 2005/2006 é que o sítio arqueológico, que já está conhecido como “stonehenge brasileiro”, e por interesse do Governo do Estado do Amapá, passou a ser estudado com detalhes pelos arqueólogos

Mariana Petry Cabral e João Darcy Moura Santana, do Iepa.

Descobertas - O sítio foi catalogado pelo Iphan como Sítio Megalítico AP--CA-18. Segundo os dois arquelógos, foi encontrada a relação de algumas pedras monolíticas com o solstício de inverno (he-misfério Norte). Nos dias 4 a 6 de dezem-bro (2006), o físico Marcomede Rangel, do Observatório Nacional, um dos institutos do Ministério da Ciência e Tecnologia, foi ao local pela segunda vez e descobriu nova relação dessas pedras monolíticas com o fenômeno do equinócio. É o dia em que o Sol caminha perfeitamente na linha do Equador. Nasce a leste e se deita a oeste. O dia tema a mesma duração da noite. É nesse ponto que o Sol passa de um hemis-fério geográfico para outro, determinando o início das estações, que pode ser prima-vera ou outono, se o local estiver a norte ou a sul. Os povos antigos marcaram a data para suas atividades, um calendário, como época de plantar, colher etc, e até os perío-dos de chuva e seca.

Mapeamento - Com o uso de teodolito, GPS, bússolas, trena e cartas magnéticas, Marcomede mapeou o local, com ajuda de estudantes do curso de turismo do Centro de Educação Profissional do Amapá (Cepa), na chamada Expedição Calçoene, que inte-grou o Ano Internacional do Planeta Terra (AIPT), instituído pela Unesco. Ele já havia visitado o local em setembro passado, em

companhia de Paulo de Tarso Gurgel, pro-fessor do Cepa, que esteve também nessa expedição, um dia antes do Equinócio, em 22 de setembro/06.

Com o uso de uma bússola de precisão e correção da declinação magnética, o pesqui-sador notou a relação com o Equinócio. Pe-diu, então, que Ulisses Silva, da Prefeitura Municipal de Calçoene, e Leilson Carmelo da Silva, conhecido como Garrafinha, capa-taz do sítio, observassem no pôr do Sol a luz penetrar numa pedra, com um buraco tendo o diâmetro de um palmo, e projetar a bola de luz, provocada pela luz solar, numa outra pedra, distante uns 15 metros, e inclinada. O resultado foi positivo.

Novas pesquisas - Agora, nas medidas com o teodolito Kern DKM2-A, foi confir-mado que nessas duas pedras passa a linha Leste-Oeste - a linha do Equador terrestre, que o Sol percorre nos Equinócios. Assim, segundo Marcomede Rangel, além do Sols-tício do inverno (hemisfério Norte), que é quando o Sol tem seu afastamento máximo da linha do Equador, também existe no sítio megalítico de Calçoene uma relação com os equinócios.

Com os dados obtidos será confecciona-do um mapa do céu para identificar outras relações com estrelas brilhantes e a Lua, da mesma maneira como acontece com o co-nhecido Stonehenge, no Sul da Inglaterra. Fonte: DHI/UEM - Departamento de Histó-ria da Universidade Estadual de Maringá..

Sítio arqueológico desperta interesse da comunidade científica mundial

EspecialEspecial

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República de Cunani Um sonho alucinógeno

A República do Cunani foi uma efêmera e caricata república surgida em Calçoene, loca-

lizada em região fronteiriça ao de-partamento francês da Guiana. Por duas vezes houve a tentativa de esta-belecer uma república independente na região - uma por Jules Gross, em 1885, e a outra por Adolph Brezet em 1902. A Primeira bandeira da Repú-blica de Cunani, data de 1886-1887.

1º República de Jules Gros – A área do Estado do Amapá que se es-tende do Rio Amazonas ao Oiapoque e a parte entre os rios Oiapoque e Araguari era a contestada pela Fran-ça. Enquanto o Brasil e a França não chegavam a um acordo na disputa territorial sobre a região, aventurei-ros e comerciantes de várias naciona-lidades passam a explorá-la e afinal ali fundaram, em 1885, a República do Cunani, exatamente na região

contestada pela França. A capital era a Vila de Cunani, que na época era habitada por 300 pessoas. O termo Cunani vem do tupi. Era como os índios chamam o tucunaré, um peixe nobre da região Amazônica.

2º República de Adolph Bre-zet- Em 1902, houve outra tentativa de separação, desta vez promovida pelo francês naturalizado brasileiro Adolph Brezet, que tentou restaurar a República do Cunani. Começou a encaminhar ofícios à região de Cuna-ni, comunicando uma nova procla-mação, e as nomeações de Félix An-tonio de Souza, Antonio Napoleão da Costa e João Lopes Pereira para o ministério. O francês Jules Gros, integrante da Sociedade de Geogra-fia Comercial de Paris, foi nomeado presidente vitalício de Cunani. O governo de Cunani, assim como o ministério, funcionava em Paris. Da

França emitiu selos e cunhou moe-das, hoje raridades, muito procuradas por colecionadores. A República ti-nha Bandeira, Brasão da república e até a condecoração Ordem da Cava-laria Estrela de Cunani, para premiar os simpáticos à causa.

A concessão de tal ordem era ven-dida, sob a justificativa de arreca-dar fundos para a nova república, o que rendeu bons proventos finan-ceiros a Jules Gros, que tentou obter o apoio do governo francês, que re-solveu acabar com a brincadeira 2 de setembro de 1887. A vila hoje se resume a 50 pessoas. Possui uma escola, posto de saúde e um posto de telecomunicações. O pequeno comércio é abastecido com merca- doria trazida de Calçoene ou com- prada a bordo de barcos regatões. Um povoado esquecido na imensidão da floresta.

Especial

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A Universidade do Legislativo Brasileiro (Unilegis) é uma faculdade interna do senado

federal que atende servidores, senado-res e comissionados que trabalham nos gabinetes do senado e departamentos do congresso nacional. A instituição reati-vou o convênio com a Assembleia Le-gislativa do Amapá para oferecer cursos aos servidores do legislativo estadual amapaense.

O diferencial da Unilegis das demais instituições de ensino superior publicas é que na grade de cursos também exis-tem, além de graduação e pós, os cursos técnicos voltados a setores específicos. O Presidente da Assembleia Legislati-va do Amapá Deputado Moisés Sousa acompanhado dos parlamentares Mi-

chel JK, Kaká Barbosa e Charles Mar-ques estiveram reunidos recentemente com o reitor e diretor executivo da insti-tuição Dr. Carlos Roberto Stuckert que apresentou aos parlamentares amapaen-ses toda a estrutura física e de pessoal que a Unilegis dispõe e poderá oferecer a deputados, servidores e assessores da assembléia.

“Temos uma gama de cursos desde a área técnica a pós graduação, esses que podem ser pela internet e também presencial onde nossos professores vão até o Amapá para ministrá-los tudo sem custo, e no final receberão diplomas que tem a mesma validade de uma univer-sidade federal e ainda sem vestibular” disse o reitor.

O Presidente da Assembleia Legisla-

tiva, Moisés Sousa, durante o encontro ressaltou que a parceria com a universi-dade do senado vai dar mais dinamismo e qualificar ainda mais os servidores da casa, sejam do quadro efetivo ou comis-sionado. “Estou muito contente com tudo o que foi explanado nesta reunião, a Unilegis será um grande braço para o aperfeiçoamento de todos os nossos servidores e sintonizado com a nossa escola do legislativo que esta sendo apa-relhada faremos um grande trabalho” frisou o presidente.

Técnicos da escola do legislativo da Assembléia Legislativa do Amapá viajam ate Brasília para uma reunião técnica com a Unilegis para preparar a grade de cursos e iniciar as inscrições na segunda quinzena de outubro.

Deputados Charles Marques, Michel KJ, Kaká Barbosa, Presidente Moisés Sousa, e o Reitor do ILB Carlos Roberto Stucket

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fonte www.senado.gov.br/ILB | foto Elpídio Amanajás

Universidade do Senado Federalfirma convênio com AL do Amapá

por Paulo Araujo Oliveira | foto Agência do Senado

Desembargador Mário Gurtyev

O Presidente do Tribunal de Justiça do Estado, Desem-bargador Mário Gurtyev de

Queiroz, participou, em Brasília, na úl-tima terça-feira (13), da solenidade pro-movida pelo Senado da República em comemoração aos 68 anos de fundação do Amapá, desde a criação do Territó-rio Federal, desmembrado do Estado do Pará. A mesa dos trabalhos, presidida pelo SenadorJosé Sarney, foi formada pelo Presidente do Tribunal de Justiça, Des. Mário Gurtyev de Queiroz; pelo Gov. Camilo Capiberibe; pelo Presiden-te da AL, Dep. Moisés Souza; pela coor-denadora da bancada federal do Estado, Dep. Dalva Figueiredo; pelos senadores Randolfe Rodrigues e Geovani Borges; pela viúva do Governador Janary Nunes, senhora Alice Dea Carvão Nunes e pelo ex-governador Jorge Nova da Costa. No plenário, estavam outros integrantes do Judiciário amapaense como o Des. Dôglas Ramos e o juiz Décio Rufino.

O autor do requerimento de homena-gem foi o Senador Randolfe Rodrigues, que detalhou a história da região, desde a chegada de Pinzón; a transformação do “Cabo do Norte” em capitania he-reditária; os conflitos com os franceses para determinar qual era o rio alcança-do pelo navegador espanhol; o domínio português, com a construção de várias fortificações na região e a fundação de cidades como Macapá; e a disputa com a França na fronteira entre Amapá e Guiana Francesa, com fronteiras deter-minadas, posteriormente, pelo Barão de Rio Branco, no fim do século XIX.

O presidente do Senado, Sena-dor José Sarney, citou os municípios criados por ele quando presidente da República, em 1987: Santana, Tarta-rugalzinho, Ferreira Gomes e Laranjal do Jari. Mas, disse que a maior mudan-ça foi a transformação do Território emEstado pela Constituição de 1988.

“Fixado em mais de quatro séculos como parte estratégica do Brasil, o Amapá se fez por seus homens, op-tando, quando foi pressionado pela França, por ser brasileiro, e essa ideia é a força que conduz o antigo Territó-rio, agora Estado, em pé de igualdade com os demais Estados brasileiros”, enalteceu.

Para o presidente do TJAP, De-sembargador Mário Gutyev, a criação dos Territórios Federais, transforma-dos, posteriormente, nos Estados de Rondônia, Roraima e Amapá, foi essencial para desenvolver e ocu-par a faixa de fronteira da Região Norte. Lembrou também que essa integração vem desde a criação do Território do Acre, pelo Presidente Rodrigues Alves, em 1903, trans-formado em Estado em 1961. “Em grandes áreas, onde havia apenas pequenas vilas, hoje, há quase uma centena de municípios que abrigam uma população da ordem de 3,5 mi-lhões de habitantes, os quais dispõem

de todos os serviços públicos, inclu-sive, os jurisdicionais”, enfatizou.

Em seu discurso, o Des. prestou homenagem ao primeiro Governa-dor do Território do Amapá, Coronel Janary Nunes, a quem chamou de desbravador, sem esquecer os últi-mos gestores da Unidade Federada: Jorge Nova da Costa e Gilton Gar-cia. Em seguida, falou da instalação do novo Estado, transformado pela Constituição Federal, cujo primeiro governador eleito foi “o saudoso Co-mandante Annibal Barcellos”, frisou.

O magistrado encerrou o discurso dizendo que, como milhares de pes-soas que moram no Amapá, há 25 anos optou em ser amapaense, mesmo tendo nascido na Bahia. “Sou teste-munha da evolução da Região, razão pela qual, em nome de todos os inte-grantes do nosso Judiciário, com esta breve saudação, também comemoro este 68º aniversário de criação do Território Fedral do Amapá”, comemorou.

Solenidade no Senado homenageia 68º aniversário do Amapá

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O Ministério Público Federal no Amazonas entrou na Justiça com um recurso contra a decisão que suspen-deu o tombamento provisório do En-contro das Águas – a famosa conflu-ência dos rios Negro e Solimões, em Manaus. Sem o tombamento, parte da área poderá ser atingida pela constru-ção de um porto.O tombamento pro-visório foi anulado por decisão da 7ª Vara Federal da Seção Judiciária

do Amazonas. A União e o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) também pedem a anulação da decisão, que consideram “grave lesão à ordem administrati-va”. O MPF avalia que o tombamento

provisório estava garantindo a preser-vação do Encontro das Águas até a conclusão do processo de tombamen-to definitivo.O projeto do Porto das Lajes prevê a instalação do terminal de 597 mil metros quadrados na mar-gem direita do encontro entre os dois rios. Para o procurador da República no Amazonas Athayde Costa, a obra poderá provocar “degradante interfe-rência na paisagem, afetando a

leitura do fenômeno nos seus aspec-tos cultural, estético, paisagístico, ar-queológico e histórico”.O pedido de suspensão da decisão será julgado pelo Tribunal Regional Federal da 1ª Região.

Estados daAmazôniaAmazonas

Ministério Público recorre à Justiça para manter tombamento provisório do Encontro das Águas

Sipam discute seca do rio Acre

A seca registrada em 2011 no rio Acre será tema do Painel de Especialistas “Eventos Extre-mos na Amazônia: um foco para o rio Acre”. Promovido pela Secretaria do Meio Ambiente, o evento contará com a partici-pação de representantes do Sis-tema de Proteção da Amazônia de Porto Velho e de órgãos in-tegrantes da Comissão Estadual de Gestão de Riscos Ambien-tais.

A coordenadora de opera-ções do Sipam-Porto Velho, Ana Cristina Strava, contribuirá para o debate com dados sobre o comportamento histórico do rio e o meteorologista Luiz Alves apresentará um levantamento sobre eventos extremos no es-tado sob a ótica da Meteorolo-gia. Reunidos com os demais especialistas, os profissionais pretendem analisar a situação da vazante desse ano e discutir previsões para o início da cheia. Segundo Vera Reis, coorde-nadora do Painel, o tema tem grande relevância para os acre-anos e, por isso, o evento estará aberto à comunidade.O evento ocorreu no dia 23 de setembro, na Biblioteca Pública, em Rio Branco.

Acre

Mato Grosso

Turismo no Pantanal já sente os efeitos positivos da Copo de 2014

Sem o tombamento, parte da área poderá ser atingida pela construção de um porto

O evento contou com representantes do Sistema de Proteção da Amazônia de Porto Velho

fonte: www.portaldaamazonia.net

Mato Grosso está na rota da Copa do Mundo do Brasil e, por isso, em algumas pousadas do Pantanal não tem mais vaga para 2014. Por lá, o que se encontra é uma paisagem fascinante.

Às margens do Rio Cuiabá, no Mato Grosso, um vídeo mostra uma cena rara: um casal de onças pintadas namorando tranquilamente. As imagens foram feitas no início desse mês pelo guia de turismo Bráulio Carlos. Nesta época do ano as onças vão para a beira do rio para procurar alimento. Jacarés e capivaras são o almoço preferido. “No acasalamento, como todo felino, eles fazem um corte pré-nupcial, onde brincam”, conta o guia.

A observação de onças é um dos atrativos do Pantanal, que ofe-rece muitas outras opções.O acasalamento da arara azul, por exemplo, é uma raridade também. No período de estiagem, que dura pouco mais de três meses e vai do final de julho até o fim do mês de outubro, animais e pássaros podem ser vistos ao montes.

As trilhas de caminhada levam os tu-ristas aos ninhais, que deixam quem chega perto encantado. Algumas pou-sadas oferecem torres montadas na copa das árvores. Lá do alto, é possí-vel ter uma observação privilegiada.Este paraíso fica a 120 km de Cuiabá. O turista sai da capital de Mato Gros

so e vai até Poconé por um caminhoasfaltado. Depois disso, pega a rodo-via sem pavimentação. Na Transpan-taneira a natureza se apresenta para os turistas. No trecho de 149 km até o Rio Cuiabá existem 17 pousadas e fazendas voltadas para o turismo. São ambientes confortáveis, com piscina e área de lazer, que oferecem ao vi-sitante o jeito de viver do pantaneiro.Quem quiser também pode pagar hos-pedagem por um dia. Na diária estão incluídas taxas de uso da pousada, piscina e uma refeição: o preço varia de R$ 39 a R$ 65. A hospedagem com café da manhã, almoço, janta e um pas-seio, que pode ser de barco ou a cavalo,

fica entre R$ 280 e R$ 400 por casal.

O turismo no Pantanal já sentem os efeitos positivos da copa de 2014. Algumas pousadas já estão com reservas feitas para o período do mundial. Uma delas já está com todos os apartamentos reservados. “Não só aqui na nossa pousada, mas também em duas outras”, explica a dona da pousada, Achila Krusic.Nas pousadas, os animais passeiam bem pertinho dos turistas. A poucos metros dos hóspedes está o refúgio dos jacarés. Eles são enormes e nem se importam com a aproximação dos turistas, mas é preciso ter cuidado.

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A Solidariedade Plural de Sônia Maria Rezende Pinheiro

por Lívia Abreu Portao do Servidor - Senado Federel

Perfil

Eu tenho a horna de trabalhar na equipe do Presidente José Sarney,

sinto-me parte efetiva dessa transformação histórica que vivemos.

Idealista, intrépida, incansável, solidária, na luta cotidianizada tem feito essa maranhense de Grajaú lutar, com outro propósito que não o de hastear uma bandeira, sobretudo, filantrópica de amor incondicional pelo ser humano.

‘‘ ‘‘Chegou a Brasília em 1978, vin-

da de Goiânia/GO, ocasião em que o marido, Arnaldo Xavier,

veio transferido para a Direção-Geral do Banco do Brasil. Em 1983 Sônia foi re-quisitada pela Câmara dos Deputados da Companhia de Desenvolvimento do Esta-do de Goiás (CODEG), funcionária con-cursada que era desse Órgão. Pelos idos de 1990, começou a trabalhar no Gabinete do Senador José Sarney, onde permanece atualmente

É uma questão de foro íntimo, da consciência que a norteia, da legítima vocação sentimental que a governa. Bem--humorada, gentil e com uma densidade emotiva admirável, Sônia tomou posse de sua nobre missão de servir, mitigar a dor ou sofrimento do seu semelhante.

“Aqui no gabinete atendendo as pessoas que buscam orientação e am-paro para resolver suas demandas pes-soais, muitas vezes desamparadas no atendimento médico hospitalar de gran-

de complexidade, oriundas dos mais diversos rincões do Brasil, sobretudo, do Amapá e Maranhão.”

“ O meu trabalho serve para balizar a esperança de uma solução na maratona de idas e vindas na estrutura deficitária do Sistema Único de Saúde, buscando dimi-nuir os custos do sofrimento e acendendo a confiança da voz do Parlamento na vida de todos que batem na porta do Congresso Nacional. Aqui não fazemos distinção de origem, de raça, de religião, partido polí-tico ou qualquer parâmetro que possamos construir nesse mundo de modernidade.’”

“Agradeço a Deus pela oportunida-de que ele me concedeu de trabalhar no Gabinete do Senador José Sarney, pes-soa pela qual tenho grande estima, for-te admiração pelo agradecimento pelo acolhimento aos meus pedidos, a fim de resolver ou amenizar a dor do nosso pró-ximo, buscando dentro dos limites das possibilidades, a solução alusiva aos grandes problemas que afligem a saú-

de o brasileiro de maneira geral e am-parada na legalidade, de acordo com a orientação e sensibilidade do Senador.”“Não podemos perder essa oportunida-de histórica de trabalhar pelo cidadão, pois os valores e as aspirações trazi-daspelos homens de boa vontade moti-va a nossa caminhada, para superar os obstáculos burocráticos e logísticos da atividade, alimentando a nossa fé no fu-turo dessa terra e dessa gente humilde.”

E segue expondo sua opinião sobre essa Casa Legislativa, “na minha visão o Senado Federal, Casa Revisora de Leis, que busca constantemente ade-quação às novas realidades da socie-dade. Sendo o agente moderador das transformações brasileiras centrada na democracia e destinada a servir a co-munidade, com foco no crescimento econômico e fortalecendo o Estado Democrático Brasileiro.”

“A família é a minha grande pai-xão, vivo sonhando com os netos. Ló-

Sônia Maria Rezende Pinheiro

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gico que a preocupação com o futuro é real, mais também tenho a certeza que os ensinamentos transmitidos aos meusqueridosfilhos projetam a confiança no amanhã. Ser mãe é viver, partici-par e amar todos os dias os passos dos seus frutos, independente do seu desen-volvimento temporal e profissional.”

Vivencia cotidianamente várias atividades simultaneamente, movida por uma infinita sinceridade de propó-sitos, espontaneidade de ações e com entrega e paixão totais nos gestos de apoio e de incentivo, Sônia é a perso-nificação de que só o amor realmente constrói e efetivamente sublima, por-que nos eleva a Deus.

A luta altruística e desprendida dessa notável mulher de uma presença carinho-sa envolvente, já é o melhor dos processos curativos!

Para quem se relaciona com a mulher contemporânea, mistura de conscência política com verdade existencial, é um

verdadeiro privilégio a riqueza desse convívio diuturno com o Senador Sarney motiva a todos a apreciar a boa Música, as Artes e a Literatura, pois dessa forma fortalece a sensibilidade necessária para construir a sinergia das soluções possíveis no cotidiano dos trabalhos no gabinete.”

“O sentido da vida está fundamen-tado na vertente espiritual, em Deus na oportunidade de trabalhar pelo próximo, na busca da fraternidade e do amor. É lógico que o ganho existencial preocupa o meu lado humano, embora saiba que o Senhor Deus sempre disponibilizará o recurso necessário para implementar a manutenção do meu conforto, projeta-do no desenvolvimento tecnológico conquistado pela sociedade. Com essa certeza na fé, alimento diariamente a minha vontade de servir ao próximo, pois me proporciona o convívio com pessoas len-dárias da história de minha terra, fazendo com que o meu trabalho valorize também a trajetória da vida.

”Essa extraordinária criatura é uma

espécie de “Assistente Social” quintes-senciada, instinto maternal sem limites, majestaticamente vestida de humanida-de e cuja expressão de um coração ami-go confere a ela uma aura inigualável da Vida em sua variedade, pluralidade, ima-nência, transcendência e grandeza!

“A felicidade é poder ser útil a todos, na sinergia dos dias de nossas vidas e saber que o amor é a ferramenta da faci-lidade e a família é a razão da busca da felicidade. Tendo a sensibilidade que fe-licidade se constrói com o pensamento no próximo, com amor, aceitando os defeitos e as virtudes.”.

A doadora de paz, acolhimento, ca-rinho, conforto pelo alcance das neces-sidades e carências do próximo, é um exemplar modelo do Eu Superior. A solidariedade plural de Sônia Maria Re-zende Pinheiro sabe aonde quer chegar e vai trilhando o labiríntico problema do sofrimento humano e trabalhando no que gosta pelo sentimento de plenitude trans-cendente da condição humana.

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O Estado do Amapá é um dos mais preciosos patrimônios ecológicos do planeta. Lo-

calizado as margens do Amazonas, o maior rio do mundo em extensão e volume d’água. É conhecido mun-dialmente como o Estado mais pre-servado em biodiversidade e riquezas naturais do Brasil. O Amapá possui 143.454 km² de encantos esculpidos nas mais diversas paisagens, uma ver-dadeira réplica de toda a Amazônia.

Festival de encantos - Possui ri-quezas exclusivas: a Pororoca, a maior onda de rio do mundo no Rio Araguari; o monumento Marco Zero, é o ícone do meio do mundo corta-do pela linha imaginária do equador; a Fortaleza de São José de Macapá, o maior forte da América Latina e também maior fortificação militar do mundo, construída pelos portugue-ses e eleita a 7ª Maravilha do Brasil, além de ser o único Estado brasileiro que faz fronteira com com um depar-tamento francês através da Guiana Francesa. Tem uma cultura diversi-ficada com raízes afro-indígenas que é apresentada através do Marabaixo, dança típica do Amapá de origem africana, gastronomia, música, arte-sanato e teatro.

Espaços ociosos - Com tanta po-tencialidade, no Amapá a atividade turística é pouco explorada. O forte apelo turístico em virtude dos pontos turísticos exige melhor infraestrutu-ra e capacitação aos profissionais do setor, que refletem diretamente na economia do Estado. O turismo na Amazônia ecoa como uma das alter-nativas de desenvolvimento susten-tável. Quando bem planejado, além de minimizar impactos ambientais,

pode oferecer um potencial multipli-cador na geração de renda, emprego e economia.

Um novo olhar - Segundo Wag-ner Ribeiro, acadêmico do curso de arquitetura, a visão de desenvolver o turismo na Amazônia não é equi-vocada. Mas no Amapá esses meca-nismos são distorcidos na ótica da ati

vidade turística. “No Amapá temos as mais diversas opções de desenvol-ver essas atividades e não fazemos. Somos realmente privilegiados em todos os sentidos. Temos a melhor matéria prima do mundo. O que nos falta é preparar o Estado para desen-volver esta indústria”, ressalta. Para muitos o produto turístico do Amapá caracteriza-se por oferecer tanto ao turista brasileiro quanto ao estrangei-ro uma gama diversificada de opções, com destaque aos atrativos naturais e histórico-culturais.

Transatlânticos - O Amapá está definitivamente incluído no roteiro turístico dos grandes transatlânticos estrangeiros. Turistas oriundos de várias nacionalidades já puderam co-nhecer o Amapá e vislumbrar com as belezas naturais da capital morena.

Só no ano passado 19 transatlânticos visitaram o Estado. Tal crescimen-to do setor turístico tem colocado o Amapá em uma posição privilegiada, especialmente pela posição geográfi-ca e pelo próprio calado do Rio ama-zonas, permitindo o acesso a navios de grande porte.

Falta receptivo – Os turistas, pas-sageiros dos transatlânticos que an-coraram em terras Tucujus, ficam li-teralmente a ver navios pela ausência de uma infraestrutura adequada para receber turistas. As docas de Santa-na, porto de embarque e desembar-que de cargas, continua sendo o úni-co para receber esses transatlânticos, mas sem adequação para abrigar os passageiros. A carência de um porto específico e apropriado para passa-geiros dificulta o desenvolvimen-to do Estado, gerando transtornos e constrangimentos aos visitantes do Brasil e estrangeiros. “Quando mais o setor turístico desponta como uma grande atração e geração da econo-mia, menos o Amapá investe no se-tor” adverte a turismóloga, Emanuela Moraes. Ela narra a experiência ao acompanhar a visita de um grupo de estrangeiros aos pontos turísticos de Macapá. Eles ficavam empolgados com a sensação de estar pisando na linha imaginária do equador e mara-vilhados em ver a imensidão do Rio Amazonas. Mas só isso não atrai tu-ristas nem os motiva a retornar. Exis-te um filão para ser explorado que está sendo negligenciado.

Porto Turístico - O porto turístico é uma ideia que precisa ser materia-lizada, despertando esta nova menta-lidade. O sonho pode ser uma reali-dade aliada a real necessidade que o

Estado tem para alavancar o setor. O grandioso projeto visa receber o tu-rista pela porta de entrada, ou seja, pela frente da cidade. A ideia do por-to seria que ele pudesse recepcionar, num amplo espaço onde o turista com amostras de artesanato local, pintura, lojas de conveniências, pro-dutos náuticos e a culinária local. Seria um ambiente criado para que o turista além de consumir os produtos pudesse despertar o desejo de conhe-cer os pontos turísticos e a cultura amapaense.

Qualificar o mercado - De acor-do com Wagner Ribeiro, no Amapá há um movimento intenso de estran-geiros e o mercado para este setor está escasso e desqualificado. “Te-mos que ser criativos e construir

uma obra que venha atrair os turis-tas e criar politicas públicas para que o turismo não seja exclusivamente uma atividade para técnicos e tu-rismólogos, mas que estudantes da rede pública também possam desfru-tar de cursos de capacitação e espe-cialização em línguas estrangeiras, para se ter uma boa comunicação com os estrangeiros”, complementa.

Para a Amazônia em geral, o porto turístico seria uma válvula de es-cape que colocaria o Amapá num patamar diferenciado, compara-do a outros Estados brasileiros. O Amapá tem motivos de sobras paraatrair empresários ligados ao setor e a população local, que também des-frutaria de passeios turísticos pelo Rio Amazonas.

28 | Setembro 2011 | Olhar Amazônico Olhar Amazônico | Setembro 2011 | 29

Portos Turísticos

por Sabrina Miranda e Wagner Ribeiro

O caminho da redenção econômica

Aventuras amazônicas - Qualquer turista que chegue a uma terra des-conhecida é despertado a apreciar a cultura e os costumes daquele povo. Tudo é novidade. No imaginário do estrangeiro, principalmente os que têm vontade de conhecer a Amazô-nia, imagina a natureza. Só a conhe-cem de fotos e filmes. Mas quando tem a oportunidade de conhecer, vem à frustração ao perceber que nem tudo é como imaginava.

Desapontamentos - O turista que vem o Amapá deseja ver uma cida-de mais organizada e preparada para receber esse público. Embora o go-verno brasileiro esteja concentrando esforços em políticas públicas para desenvolver o turismo no país, pro-curando baratear o deslocamento in-terno, desenvolvendo infraestrutura turística e capacitando mão de obra para o setor, no Amapá essa realidade está distante. Os turistas que chegam nos transatlânticos ao Estado são re-cepcionados em um porto de carga. Não existe um porto voltado para passageiros. Os guias locais não es-tão adequadamente qualificados em idiomas estrangeiros e outras exigên-cias do mercado.Pensar na 3ª idade - Sem contar que 80% dos turistas que embarcam em excursões pelo mundo são idosos. Não existe a infraestrutu-ra nos pontos turísticos e na cidade, que facilite à locomoção em visita-ção aos ‘cartões postais’. “Já houve casos em que uma estrangeira que-brou o pé, por ter tropeçado no trajeto rústico da histórica estrutura da forta-leza de São José de Macapá, por falta de sinalização e orientação do condu-tor turístico”, afirma a turismóloga. A criação de um porto turístico é uma proposta arrojada que tem como ob-jetivo principal explorar o potencial e assim poder transformar Macapá em uma cidade turística, possibilitando ao estrangeiro acesso a ambientes se-guros com pessoas capacitadas para atender as necessidades dos visitan-tes. A proposta inovadora vem somar com o desenvolvimento do turismo e na geração de emprego e renda ao Estado, além que contribuir para a economia local e valorização dos ar-tistas locais.

“O Amapá possui uma cultura diversifi-

-cada com raízes afro-indígenas que é

apresentada da dança, gastronomia, música, artesanato

e teatro.”

Ag.

Am

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l.net

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O Trapiche Eliezer Levi tor-nou-se parte da memória do povo amapaense. No final

da década de 90 o governo construiu um novo trapiche. Avaliamos um re-sultado positivo pela beleza e funcio-nalidade, mas, provocou estranheza na diminuição do comprimento da obra deixando dúvidas na cabeça do “cabo-clo Tucujú.” Imaginamos que o gover-no deveria repensar e trazer de volta o comprimento original do trapiche. Antes da reforma, ele tinha o tamanho que ia até o canal, permitindo o atra-camento de embarcações de pequeno e médio porte.

Saudosismo e referência - Na dé-cada de 80 o trapiche Eliezer Levi era o principal atracadouro dos navios Co-mandante Solon, Comandante Idalino, Comandante Pedro Seabra e outros barcos de madeira de carga e passagei-ros que faziam viagens constantes de Macapá para Belém. Em 2010, segun-do informações, passaram pela frente de nossa cidade, 19 transatlânticos com destino a Manaus e Santarém, somente 3 desses navios desembarcaram seus passageiros precariamente em Santa-na e na praticagem da Fazendinha, em 2011 esse número deverá dobrar.

Dar uns passos a mais - A ideia é refazer a outra parte do trapiche. Dar continuidade na extensão construir

uma nova cabeceira, com investimen-tos em restaurantes, lanchonetes, lojas de náutica, artesanato, variedades e um belo mirante para que os grandes navios possam atracar e ter uma boa impressão do primeiro contato com a nossa cidade, movimentando o comér-cio local durante essas visitas.

Porta da frente - Esse tipo de tu-rismo cresce a cada ano na Amazônia e se fizermos um pouco melhor que Manaus e Santarém, com certeza le-varemos uma fatia significante desse mercado. Com esses investimentos poderíamos colocar o Amapá num programa turístico nacional e interna-cional com acesso também pela frente da cidade através do rio Amazonas. Nossa maior vocação são os passeios fluviais, por estarmos às margens do maior rio do mundo com os afluentes. O rio Matapí, o mais próximo da ca-pital, oferece condições de navegação e de observação da paisagem amazô-nica, é comum ver movimentações de embarcações típicas da região, a característica da vida ribeirinha e um paisagismo bem original.

Os abraços do Amazonas - Os rios existem também o rio Vila Nova, rio Pedreira, rio Mazagão e o rio Preto. O governo deveria dar incentivo priori-tário a essas atividades. A escuna Dico Batista, um empresário local, foi cons-

truída com o intuito de praticar esses passeios, mas segundo informações, foi desestimulado pela burocracia e a falta de um porto adequado. Hoje ela se encontra sem atividades na rampa do bairro Santa Inês. O único movimento de passeios fluviais acontece nessas rampas na frente da cidade, no perí-odo do festival do camarão em Afuá, um evento das ilhas do Pará que atrai milhares de pessoas, principalmente amapaenses estimulando o turismo que não é nosso.

Praticar o turismo externo Quem quiser ter certeza é só visitar o festival e dar uma olhada no evento que acontece no período das férias de julho. Na fazendinha existem tam-bém dois estaleiros improvisados, próximo a praticagem, que constro-em alguns navios de ferro com a fina-lidade de atender os amapaenses que deixam fortunas durante essa festi-vidade o que não é nada interessante em termos econômico para o Amapá. A cidade de Afuá denominada “Ve-neza da Amazônia”, tem atrativos de beleza natural e excentricidade local. Mas fica no Pará e no Amapá temos espaço tão ou mais belos, que podem tornar-se atração, envolvendo os mesmos atrativos das viagens de barcos, banhos de rio e de mar e uma rica e diversificada culinária.

O empresário Raimundo Costa de Souza, o Lulu, há quase meio século atuando em vários seg-

mentos do comércio em Macapá é um visionário. E desde muito tempo vem sonhando poder um dia também atracar no futuro porto de Fazendinha, que ele deseja ver construído pelo poder pú-blico ou até mesmo pela rede privada.

Investimento seguro - O porto, segundo pesquisas e avaliação basea-das na também experiência marítima, poderia ser construído às proximida-des do cais da praticagem e do estaleiro naval em Fazendinha. “ Naquele lugar, que já tem um estrutura mínima é o es-paço ideal por ter um calado (profun-didade do rio) ideal para atracação de barcos de passageiros de todo tipo. E nesse porto equipado com bares, lan-

chonetes, restaurantes, mirante para apreciação da natureza e amplo esta-cionamento, proporcionaria ao visitan

te um cenário amazônico e uma boa impressão ao turista e outra alternativa para quem gosta de desfrutar da beleza

do Rio amazonas nas horas de lazer”, projeta Lulu.

Uma nova atração - Na avaliação do empresário, o Porto de Fazendinha que fica entre Macapá e Santana, vem desafogar o píer de Santa Inês e San-tana, usados mais como embarque e desembarque de cargas, será bem mais vantajoso tanto quem vem para Ma-capá quanto para Santana, que podem usar as rodovias para chegar via terres-tre aos destino. Ainda pretendo levar esta ideia ao governador e ao prefeito para sugerir uma parceria com o se-tor privado. Ele garante que o porto poderá ser autossustentável e Macapá não é mais uma província e precisa se adequar às necessidades de mercado, gerando emprego, renda e atraindo in-vestidores, avalia.

“Este porto vem desafogar o de Santa Inês e proporcionar

mais segurança e conforto aos

proprietários de barcos e passageiros que

chegam a Macapá”

30 | Setembro 2011 | Olhar Amazônico

Ampliação e modernizaçãodo Trapiche Eliezer Levipor Wagner Ribeiro

O porto de Fazendinhapor Édi Prado | desenho Wagner Ribeiro

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Olhar Amazônico | Setembro 2011 | 3332| Setembro 2011 | Olhar Amazônico

IV FEIRA EMPREENDEDORDe 26 à 29 de outubro de 2011

O Brasil foi descoberto pelo Amapá, bem antes de Pedro Álvares Cabral, aportar na Bahia. Na famosa carta de Américo Vespúcio, navegador

italiano, endereçada a Lorenzo di Píer Francesco de Médici, cujo original encontra-se na Biblioteca Públi-ca de Nova York, registra a passagem do navegador nos meses de julho e agosto de 1499.

Vicente Yanez Pinzon, outro navegador espanhol, fa-ria o mesmo percurso em janeiro de 1500? E que Pe-dro Álvares Cabral só chegou ao litoral baiano em 22 de abril de 1500?

A cópia desta carta encontra-se no livro: Informações sobre a História do Amapá, de autoria do Professor Estácio Vidal Picanço, publicado pela Imprensa Ofi-cial do ex-Território Federal, em 1981.

Em 1748, o Rei de Portugal, D. João V criou a Pro-víncia dos Tucujus, abrangendo as áreas pertences aos municípios de Macapá, Mazagão e Amapá. O objetivo era estabelecer um povoamento definitivo, o que só veio a ocorrer de fato, em 1751, quando Mendonça Furtado trouxe os primeiros colonos das Ilhas dos Açores.

A primeira Câmara Municipal de Macapá, como o nome de Intendência, foi fundada no dia 02 de fe-vereiro de 1758. Dois dias antes de Mendonça Fur-tado transformar o povoado em Vila de São José de Macapá. Macapá é talvez a única cidade do mundo onde foi criado primeiro o Poder Judiciário antes do Executivo.

A Igreja de São José de Macapá foi inaugurada em 06 de setembro de 1761, três anos após a instalação da Vila. Em 06 de setembro de 1856, pela Lei Provincial nº 281, recebeu foros de cidade. A Comarca de Maca-pá foi criada em 30 de abril de 1884, pelo Decreto Lei Imperial nº 87. E pelo Decreto Lei Federal nº 6.550 de 31.05.1944, foi criada a capital Macapá, do então Território Federal do Amapá.

No piso e nas paredes da Igreja São José, estão depo-sitados restos mortais de várias personalidades histó-ricas da cidade. Jovino Dinoá, que empresta o nome a umas principais avenidas de Macapá, era tenente--coronel da Guarda Nacional, Coletor Federal e fun-dador dos Correios de Macapá. Ele também foi editor e criador do segundo Jornal do Amapá.

Após a desativação do 1º Jornal, O Pinsonia, Jovi-no lançou o Jornal Correio de Macapá, em 1916. Alexandre Vaz Tavares, que tem nome de uma Es-cola, no Bairro do Trem, nasceu em Macapá em 8 de agosto de 1858. Foi substituto do tio dele, o tam-bém médico, Acelino de Leão, imortalizado com o nome em rua, escola e logradouros desta cidade. Vaz Tavares assumiu a Cadeira Cativa do tio, no Instituto Paraense de Medicina.

A professora Cora de Carvalho Pena Rola, também com nome de uma avenida, foi professora e Mestra de Acelino de Leão. Alexandre Vaz Tavares era médico, professor, educador, poeta, tribuno, político, republi-cano histórico, prefeito de Macapá, deputado consti-tuinte paraense de 1891 e um inveterado pesquisador sobre as coisas do Amapá.

Vista do prédio da antiga Intendência que serviu de estúdio para a Rádio Difusora de Macapá, em 1945

Toda edição vamos publicar uma foto com o perfil biográ-fico de uma personalidade, com mais de 80 e pra lá dos 100, anunciando a matéria especial na edição seguinte.

É uma forma carinhosa de prestigiar quem está superando a barreira do tempo e nos ensinando os segredo da longevidade e da doçura na arte de viver.

Inaugurando essa deliciosa seção, vamos apresentar D. Eulice de Souza Smith. Ela nasceu no dia 02/03/1911 e está a caminho dos 101 anos. Ela é uma das pioneiras da educação no Amapá. É a minha madrinha de batismo e esta será uma homenagem muito especial em forma de reconhecimento por tudo que fez pelo Amapá.

Foto ao lado: Édi Prado e Eulice de Souza Smith, com 100 anos

O Teatro do Sesi foi palco do Recital “Folcloreando”, realizado pelo Coral do

TJAP. Composto por 35 pessoas: 13 sopranos, 11 contraltos, seis tenores e seis baixos. O coral foi regido pela maestrina, Leandra Lúcia Valério, regente do coral do TJ e professora de música da Escola Walkyria Lima. Contou ainda com a participação de percussionistas do Corpo de Bombeiros do Estado. “O coral adequa-se à orquestra, não o contrário”, é um ensinamento da profesorra.

Magistrados, serventuários e familiares prestigiaram o recital que teve como tema: O Folclore e os Aspectos Histórico-culturais Brasileiros. Começando com a Vinheta

do Coral, o que seguiu-se foi uma viagem do sul ao norte do Brasil, com músicas sobre as danças, as comidas típicas e as lendas do país, sempre acompanhadas pelos percussionistas e pelo pianista Edilson Dutra, também da Escola Walkyria Lima.

Houve, também, uma encenação de caboclas durante as músicas Lenda do Boto, de Wilson Fonseca e Uirapuru, de Valdemar Henrique. A participação especial da cantora Vera Velúcio nas músicas Igarapé das Mulheres, de Osmar Júnior e Sereia marcou a apresentação.

Em seguida, houve uma exibição de Marabaixo, e, pouco depois da Vinheta, o recital da Canção do Exílio, escrito em 1843 por Gonçalves Dias feita pelo coralista Manuel Ambrósio

Vaz Vidal. O coral infanto-juvenil fez parte do elenco do evento, cantando músicas infantis, como Escravos de Jó e Palhaçada, de Telma Chan. Este recital também foi uma alusão aos 16 anos do coral, criado em 1995 sob a presidência do Desembardadodr Mário Gurtyev.

Para o magistrado e para os integrantes do Coral, o êxito da apresentação deve-se, também, aos músicos do Corpo de Bombeiros do Estado do Amapá, à solista Vera Velúcio e ao pianista Edilson Dutra.

O projeto de recital se faz relevante e imprescindível para o desenvolvimento da qualidade musical do coral”, acrescentou o presidente. (Assessoria de Comunicação Social do TJAP).

Coral do TJAP comemora aniversáriocom Recital “Folcloreando”

por Édi Prado

Informações Históricas sobre Macapá Dos 80 para mais de 100

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Aumentou a passagem dos ônibus?Aumentou a passagem do ônibus? Foi para R$

2,20. Informava um cliente no Bar do Abreu. “seo” Zé Mineiro vibrava: Viva! Até que enfim. Ele estava com o jornal aberto na página e mostrava a todos a notícia. Ele estava eufórico. Deixou o jornal no balcão e sacou do bolso uma trena, uma fita métrica usada na construção civil. E foi logo puxando a fita: Segura aqui, moço, segura aqui. O rapaz segurou na ponta do metro e ele esticou a fita no balcão até atin-gir a marca de 2,20.

- Olha aqui. Olha aqui, mostrava apontando de onde começa a fita até onde ele estava segurando na marca de 2,20.

-Viu? Agora sim. Dá pra armar umas três roletas aí, dizia orgulhoso como se o mérito fosse dele.

- Agora não tem essa de ficar esperando para pas-sar por uma só roleta. Agora é de três em três. Nin-guém estava entendendo nada. O rapaz soltou a ponta da fita e zaap! Retornou veloz para o carretel preto em forma de bola de futebol. - É assim que se faz. É assim que deve ser feito, comemorava. Pediu uma cerveja. O primeiro gole foi de copo cheio e rápido e seguida de uma estalada de beiço.

Ele passou a ser o alvo, a atração do balcão. Quan-do se ‘tocou’ cercado de olhos por todos os lados. O repórter que estava no lugar certo na hora certa, apro-veitou a ocasião para registrar a opinião dele sobre o aumento da passagem dos ônibus.

O repórter disse que queria fazer uma entrevista para saber a opinião dele sobre o aumento da passa-gem dos ônibus.

- Tu querias fazer o quê comigo? Ocê não quer mais? Perguntou desapontado o ‘seo’ Zé.

- Quero. - Quero fazer umas perguntas. Só uma pergunta, respondeu o repórter.

- Então faz, respondeu decidido. Mas ocê vai fazer umas perguntas ou uma pergunta?

Seu Zé o que o senhor acha de aumentar os ônibus?Achar eu não acho nada. Mas aumentar os ônibus

é bom. Muito bom.- Mas por que, Seu Zé?- Porque esses ônibus são muito pequenos. Cabe

pouca gente e fica muito passageiro em pé. Se aumen-tar os ônibus, vai caber mais gente e viajar sentado é muito mais confortável.

- Não é isso não, Seu Zé. Subir os ônibus?- Bom. Muito bom.- Mas por que, Seu Zé?

- É que esses ônibus são muito baixinho, num sabe? Se subirem mais um pouquinho, a mode de dar mais ventilação, os passageiros vão viajar mais con-fortáveis, né?

- Não é isso não, Seu Zé. Falo de aumentar a pas-sagem do ônibus?

- Bom. Muito bom.- Mas por que, Seu Zé?- É por causa de quê essas passagens são muito

miúdas, estreitinhas, apertadas. Uma gestante passa um sacrifício para passar por ela. Gente gorda, en-tão sofre. Se aumentar a passagem, os passageiros, gestantes, gordo, magro, de qualquer jeito, vão poder passar sem problema, né?

- Não é isso não, Seu Zé. Qual a sua opinião sobre aumentar os preços dos ônibus?

- Aaaah! Sim. Eu não gosto nem desgosto. Pra mim tanto faz.

- Mas por que, Seu Zé? O senhor não anda de ônibus?- Ando, não. Viajo nos ônibus.- Tá bom, Seu Zé. Mas o senhor é a favor de au-

mentar os preços dos ônibus?- Bom. Muito bom. Se aumentarem os preços dos

ônibus, eles devem vir bem melhor do que essas car-roças né? E depois, pra quê que vou me preocupar com os preços de ônibus, se eu não vou comprar ne-nhum?

O repórter saiu meio desconfiado de que Seu Zé é meio doido, mesmo. E ‘Seo’ ficou desconfiado de que o repórter é que era meio doido, mesmo. Foi quando um companheiro do balcão explicou que o repórter estava querendo saber a opinião dele a respeito do au-mento da tarifa dos ônibus, tabelada em R$ 2,20

E eu pensando e festejando o aumento da pas-sagem dos ônibus, explicou o já não tão eufórico “seo” Zé.

- Passar pela coisa “estreitin”... Era só que faltava...E o seu Zé continuou bebendo a “cervejin” dele.

Apanha o jornal de volta do balcão e num gesto brus-co, dá uma “palmadin” com as costas da mão no ca-derno de Polícia e aponta a manchete do jornal que dizia: O estudante foi morto com uma facada no peito na altura do pescoço.

-Taí, taí. Olha aqui. Olha aqui. Esse rapaz morreu por causa de quê ele era mal talhado. Ele tinha o peito lá no alto, na altura do pescoço. Olha aqui, olha aqui e mostrava a manchete.

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