revista morar bem

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DESIGN O DNA brasileiro e estilistas que invadiram a moda casa ENTREVISTA Exclusiva com Glauco Diógenes e Rodrigo Almeida CUMBUCO Especial sobre empreendimento Wai Wai Cumbuco Eco Residence AS CORES DO SEU LAR A madeira é estrela principal, mas o colorido garante vida Bu chic ho Fortaleza | 2011 | R$ 10,90

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Perfil do Estúdio SuperNova em re

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Page 1: REVISTA MORAR BEM

DESIGNO DNA brasileiro e estilistas que invadiram a moda casa

ENtrEvIStaExclusiva com Glauco

Diógenes e Rodrigo Almeida

CUMBUCOEspecial sobre

empreendimento Wai Wai Cumbuco

Eco Residence

AS CORES DO SEU LARA madeira é estrela principal, mas o colorido garante vida

BuchichoFortaleza | 2011 | R$ 10,90

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18* entrevista Glauco DióGenes

A arte de criar arteO design brasileiro tem conquistado cada vez mais espaço no cenário nacional e mundial, com suas inúmeras vertentes e muita criatividade

DIVULGAÇÃO

MorarBeM seteMbro 2011www.opovo.com.br

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Aconcepção visual e artística de um objeto ou de uma ilustração é capaz de fascinar qualquer um. A criação e o estímulo visual que um designer consegue impor ao

expectador pode flutuar entre a composição mais simples até uma verdadeira obra de arte. E é sobre esse universo tão novo e moderno que a Buchicho Morar Bem conversa com dois grandes nomes nacionais de popularidade internacional: Glauco Diógenes e Rodrigo Almeida.

Glauco Diógenes Glauco Diógenes transita pelos mais diversos universos visuais de uma maneira única e multidisciplinar. O diretor de arte, designer e ilustrador tem em seu currículo trabalhos com moda, arte, animação, editorial, web e ilustração. Com o SUPERNOVA, seu escritório sediado em São Paulo, esse paulistano e sua equipe desenvolvem projetos para clientes de todo o Brasil e de cidades como Amsterdã, Milão, Barcelona, Londres, Nova York, Berlim, Zurique e Tóquio.

Morar Bem: Como e quando você se tornou esse artista multifuncional? Glauco Diógenes: Acredito que foi um processo natural, a vontade de poder realizar os projetos, de efetivamente fazer, concretizar; fizeram com que aos poucos eu fosse abrindo novas possibilidades de trabalho e com isso ampliando a diversidade de trabalhos. Meu primeiro trabalho profissional foi uma lâmina de hotel para um grupo de hotéis de luxo em São Paulo, na época a Internet ainda estava caminhando e a seleção dos quartos era feita através de flyers e folders. MB: Como funciona o seu processo criativo? O que mais lhe inspira?Glauco: Depende muito do dia e do tipo de projeto. Alguns anos atrás fiz uma animação para um game digital da agência Grïngo e precisei fazer uma pesquisa de campo bastante densa, fui até o Bairro da Liberdade e virei do avesso todas as livrarias, revistarias, e lugares que vendiam conteúdo oriundo do Japão, para poder criar os personagens específicos, noutras vezes utilizo o Google Images, ou sites de bancos de imagens, fotografia, composição, depende muito do que necessita ser feito. A inspiração está em todos os lugares, você tem que treinar o olhar, estar atento, não achar que as coisas são comuns, acostumar-se, deixar o olhar viciado. A inspiração está em tudo e em todos, desde um incrível aparelho como o Iphone, até num menino correndo descalço empinando pipa na rua.

MB: Como são as suas parcerias com marcas de diversos setores, como Absolut e Tok&Stok?Glauco: Também dependem muito de cada projeto. Alguns já são nossos clientes, outros desenvolve-mos ações pontuais para lançamentos de produtos específicos para ações institucionais, no caso da Absolut os projetos que desenvolvi vieram através da agência Grïngo, que é uma parceria de longa data, já para Tok&Stok a minha relação para com eles é como cliente, embora não tenhamos uma conta, com fees mensais, sempre desenvolvo projetos para novos produtos e produtos já antigos. O importante é que todos os clientes, empresas que nos procuram dificilmente rompem conosco, nossas relações tem como premissa básica serem duradoura e de respeito mútuo.

MB: Seu trabalho tem, entre outras inspirações, o povo brasileiro. O temos que os demais não têm?Glauco: Sem a menor sombra de dúvidas a nossa capacidade de adaptação, isso é muito característico do povo brasileiro, essa curiosidade aguçada, essa coisa de querer “fuçar”, entender

entrevista Glauco DióGenes: *19

larissa [email protected]

ilustração Glauco Diógenes

MorarBeM seteMbro 2011 www.opovo.com.br

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20* entrevista Glauco DióGenes

como funciona, isso e ou aquilo; é o meu modo de ver um patrimônio cultural que deveria ser mais explorado e reverenciado; nesses tempos de tecnologia de “absurda geração”, onde cada dia tem uma novidade incrível, um aplicativo revolucionário, um novo produto maravilhoso, a economia de cabeça para baixo, os países ditos desenvolvidos afundando, a nossa capacidade de nos moldarmos a estes novos tempos de forma muito ágil são um diferencial competitivo importante. Já dizia Bruce Lee “Be Water my friend” . Se o nosso povo não se chamasse Brasileiro, poderia ser Camaleão.

MB: Você também atua bastante no mundo virtual. Como você o relaciona ao mundo real? Glauco: Dia desses conversando com dois grandes amigos meus o também ilustrador Kako e o editor executivo da Taschen Julius Wiedemann, Julius comentava sobre um ensaio que havia lido numa publicação importante, que dizia entre outras coisas que a barreira entre o Virtual e o Real já não existe, está tudo aí, você se relaciona, consome produtos, cultura, música, conhece pessoas através dos meios digitais, gerando resultados e relações reais, as redes sociais e as revoluções que estão causando na esfera real especialmente nos países árabes são prova disso. Não há mais dissociação, apenas meios que ligam essas pontes. Cabe a nós, nos adaptarmos da melhor maneira possível. Entendendo e gerando cada vez mais ideias relevantes que movam ou façam as economias e pessoas buscarem um novo meio de produzir, de viver, de se relacionarem.

MB: Muitas publicações brasileiras e internacio-nais também tem os seus “traços”. Como esses projetos são concebidos? Glauco: A maioria dos convites acontece por indicação ou por rastreamento do trabalho pela internet. Eu tenho sim uma marca bastante forte que é um macaco/logo as pessoas adoram, quererem usar como tatuagem, mas que já não tenho utilizado tanto por conta de um redesign que estou aprontando.

MB: Qual é a sua relação com a moda? Glauco: A minha relação com a moda é muito forte. Meu background estético foi moldado nessa escola, trabalhei com o Giovanni Bianco e na Forum confecções, quando eu entrei lá, o Bianco era o diretor de arte da marca, sempre foi extremamente exigente, detalhista e um grande esteta. Sem dúvida nenhuma o rigor exigido na moda, o nível de qualidade das matérias-primas são grandes

suportes para se trabalhar com design visual.

MB: Qual foi o seu projeto mais ousado?Glauco: Eu não diria que existe um mais ousado, mas sempre tem algum projeto que é complicado, difícil ou característico especialmente quando se está começando uma relação com um novo cliente, empresa, a ideia é sempre dar o melhor, no menor tempo possível e atender às expectativas. Já fiz de tudo, de Vaca da CowParade, passando por Website de celebridades brasileiras, posso dizer que todo trabalho é especial.

MB: Para você, o que é um bom trabalho?Glauco: Um bom trabalho é aquele em que há sobretudo um entendimento claro da parte do cliente do que é possível ser desenvolvido e como, além disso é preciso tempo (algo que se tem cada vez menos) para que você possa fazer uma boa pesquisa de campo, analisar probabilidades, pensar fora do lugar comum, propor algo inovador que irá impactar não só o cliente, a marca/empresa, mas a sociedade como um todo; acho que nos dias de hoje, toda e qualquer ação de comunicação, design, publicidade e/ou o que quer que seja que envolva pensamento criativo deve contemplar essas premissas. Um bom trabalho precisa ter sentido.

MB: Como o design brasileiro é visto no exterior?Glauco: Acredito que já há um grande respeito pela capacidade criativa e de execução do Brasil, não só em design mas em todas as esferas da cadeia produtiva moderna. É competitivo, tem um bom preço se analisarmos o contexto global e uma característica bastante própria com um olhar universal. Obviamente que ainda precisamos evoluir, carecemos de maiores investimentos e de uma melhor cultura visual das empresas, clientes e marcas; mas acredito que já estejamos consolida-dos, rumo a maturação. MB: Teve algum trabalho de outros profissionais que você disse: “nossa, por que não pensei nisso?”?Glauco: Ah, isso acontece muito. É fundamental que continue a acontecer, design é sobre criar soluções, melhorar o bem estar e a vida das pessoas, seja quando relacionamos a produto, seja em design visual que é fundamental para existência da sociedade moderna como conhecemos atualmente. Não existe sociedade moderna desenvolvida sem o designer, sem o pensamento visual. Design está em todos os lugares o tempo todo, seja num simples cartão de visitas até na sinalização de uma grande arena esportiva como o estádio do Morumbi.

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