revista ministério - julho a agosto de 2012

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julho-agosto de 2012 Exemplar avulso: R$ 10,80 Uma revista para pastores e líderes de igreja

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Uma revista para pastores e líderes de igreja

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SALA PASTORAL

isso João respondeu: ‘Uma pessoa só pode receber o que lhe é dado dos Céus. Vocês mesmos são testemunhas de que eu disse: Eu

não sou o Cristo, mas sou aquele que foi enviado adiante dEle. A noiva pertence ao noivo. O amigo que presta ser-viço ao noivo e que o atende e o ouve, enche-se de alegria quando ouve a voz do noivo. Esta é a minha alegria, que agora se completa. É necessário que Ele cresça e que eu diminua” (Jo 3:27-30).

Vivemos em uma cultura na qual ter sucesso é quase obrigação. Para isso, muitos estão dispostos a pagar qualquer preço. O importante é não nos perdermos no anonimato, mas sermos reconhecidos em nosso campo de ação. O medo de fracassar chega a ser obsessivo para muitos.

Infelizmente, nós pastores não estamos livres de cair na tentação de ver o ministério pastoral co-mo uma profissão na qual o mais importante é chegar o mais longe possível no menor tempo possível. Diante desse desafio é imperioso que nos voltemos para a Bíblia, onde podemos encontrar respostas oportunas que nos ajudam a edificar a vida sobre terreno firme, e não sobre a areia movediça dos paradigmas humanos que podem destruir nossa vida espiritual e nosso ministério.

A vida e obra de João Batista podem lançar luz sobre a compreensão deste tema. As palavras de Cristo testificam que o trabalho de Seu precursor foi aprovado por Deus: “Eu lhes digo que entre os que nasceram de mulher não há ninguém maior do que João” (Lc 7:28). Dificilmente podemos imaginar referência mais eloquente do que essa, feita a um ser humano. Porém, há interrogações: O que fez João para merecer tal reconhecimento? Como podemos trabalhar de tal maneira que sejamos aprovados por Deus?

Possivelmente encontremos respostas para isso no epi-sódio relatado em João 3:22-30. Essa passagem descreve um momento crucial do ministério de João. Ele havia apontado Jesus como o “Cordeiro de Deus” e as multidões começavam a voltar sua atenção para o Mestre da Galileia,

o que motivou a seguinte observação dos discípulos de João Batista: “Mestre, aquele Homem que estava contigo no outro lado do Jordão, do qual testemunhaste, está ba-tizando, e todos estão se dirigindo a Ele” (Jo 3:26). Mas a resposta surpreendente que ouviram culminou com uma declaração reveladora da estatura moral de seu mestre: “É necessário que Ele cresça e que eu diminua” (v. 30).

Ellen G. White comenta: “Em face da maneira de avaliar do Céu, o que constitui a grandeza? Não o que o mundo considera como tal... quando pervertido para o serviço do próprio eu, quanto maior o dom, tanto maior maldição se torna. Valor moral, eis o que é estimado por Deus” (O Desejado de Todas as Nações, p. 219).

Na resposta de João, há três ele-mentos que devem pautar a vida de todo pastor que deseje a apro-vação do Céu. 1) João sabia que era apenas um mordomo, encarregado de administrar os negócios de seu Senhor. Sabia que o povo que então se dirigia a Cristo não lhe pertencia; era propriedade de Cristo, e, tempo-

rariamente, esteve sob os cuidados dele. 2) João conhecia sua identidade. Não caiu no erro de confundir quem ele era com o que ele fazia. Sua identidade como servo de Deus não dependia do apoio da maioria. 3) João entendeu que não existe maior privilégio do que se anular para que Deus receba a honra. Decidiu não dizer nem fazer nada que obscurecesse o progresso do reino de Deus. Entendeu que, apequenando-se, seria grande aos olhos do Céu.

João nos ensina que a verdadeira grandeza não consis-te em atrair a atenção e a honra para nosso trabalho nem para nós mesmos. Em todas as circunstâncias, nossos esforços devem ser direcionados a engrandecer o nome de Deus, o proprietário de tudo o que somos e temos. Na próxima vez que formos transferidos ou substituídos em uma função, oremos: “Graças, Senhor, por haveres partilhado comigo este dom durante o tempo em que trabalhei aqui. Agora que me pedes de volta, agradecido, eu o entrego a Ti. Ajuda-me para que em todas as minhas decisões eu procure honrar tão somente a Ti.”

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A verdadeira grandeza

“Eu lhes digo que entre os que nasceram de

mulher não há ninguém maior do que João”

Professor na Universidade Peruana Unión

Walter AlañaUma publicação da Igreja Adventista do Sétimo Dia

Ano 84 – Número 501 – jul/ago 2012 Periódico Bimestral – ISSN 2236-7071

Editor:Zinaldo A. Santos Editor Associado:Márcio NastriniAssistente de Editoria:Lenice F. Santos

Chefe de Arte:Marcelo de SouzaProjeto Gráfico:Marcos SantosFotos da Capa:Fotolia

Colaboradores Especiais:Carlos Hein; Jerry Page; Derek Morris

Colaboradores: Antônio Moreira; Augusto M. Cárdenas; Bolívar Alaña; Carlos Sanchez; Daniel Marin; Edilson Valiante; Geovane Souza; Horácio Cayrus; Jair Garcia Góis; Jeú Caetano; Leonino Santiago; Luíz Martinez; Moisés M. Silva: Nelson Suci; Salomón Arana; Samuel Jara.

Diretor Geral:José Carlos de Lima Diretor Financeiro:Edson Erthal de Medeiros Redator-Chefe:Rubens S. Lessa

SERvIço DE AtENDImENto Ao ClIENtEligue Grátis: 0800 979 06 06Segunda a quinta, das 8h às 20hSexta, das 7h30 às 15h45Domingo, das 8h30 às 14hSite: www.cpb.com.brE-mail: [email protected]

Ministério na Internet: www.dsa.org.br/revistaministerio www.dsa.org.br/revistaelministerioRedação: [email protected]

Todo artigo, ou correspondência, para a revista Ministério deve ser enviado para o seguinte endereço: Caixa Postal 2600 –70279-970 – Brasília, DF

Assinatura: R$ 52,10Exemplar Avulso: R$ 10,80

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Editora da Igreja Adventista do Sétimo DiaRodovia SP 127 – km 106 – Caixa Postal 34 18270-970 – Tatuí, SP

Todos os direitos reservados. Proibida a reprodução total ou parcial, por qualquer

meio, sem prévia autorização escrita do autor e da Editora.

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az muitos anos, li um artigo cujo título era: “Se eu tivesse apenas um sermão para pregar”. Nele, inicialmente, o autor descreveu temas que não abordaria nessa suposta única oportunidade: profecias,

doutrinas, soteriologia, entre outros. Não que esses temas não sejam im-portantes, aliás, ele mesmo enumerou benefícios de cada um deles, mas não preencheriam a medida de “verdade presente” para satisfazer o que ele julgava ser a maior necessidade da igreja. Então, depois de alertar contra a falácia de dependermos de métodos e recursos puramente humanos em nossa corrida para cumprir a missão, o articulista apresentou seu tema urgente: O Espírito Santo e o poder que Ele disponibiliza a todos nós, a fim de que sejamos capa-citados para pregar o “evangelho eterno” a “cada nação, tribo, língua e povo”.

De fato, “o que precisamos é o batismo do Espírito Santo. Sem isto, não estamos mais habilitados a sair ao mundo, do que estavam os discípulos de-pois da crucifixão do Senhor. Jesus conhecia a carência deles e lhes disse que permanecessem em Jerusalém até que fossem dotados de poder do alto” (Ellen G. White, Mensagens Escolhidas, v. 1, p. 411). Eles esperaram e se prepararam, em humildade e firme confiança, até que, em cumprimento da promessa do Mestre, foram cheios do poder do Espírito Santo. Somente assim puderam cumprir a missão, apesar da oposição e das perseguições. Para alguns, nem a vida foi considerada tão preciosa que não pudesse ser deposta no altar do sacrifício. A igreja, anteriormente débil e hesitante, se tornou invencível.

Nós somos a continuação daquela comunidade cristã, recebemos a mesma missão por cujo desfecho somos responsáveis. A promessa feita no início dela é a mesma para a sua conclusão: “Mas receberão poder quando o Espírito Santo descer sobre vocês...” (At 1:8). Em nossos projetos e estratégias de missão, precisamos dar prioridade máxima ao Espírito Santo. Sem Ele, nada significam nossos métodos e recursos. Ele é absolutamente indispensável, pois “onde quer que a necessidade do Espírito Santo seja um assunto de que pouco se pense, ali se verá sequidão espiritual, escuridão espiritual e espirituais declínio e morte. Quando quer que assuntos de menor importância ocupem a atenção, o divino poder, necessário para o crescimento e prosperidade da igreja, e que haveria de trazer após si todas as demais bênçãos, está faltando, ainda que oferecido em infinita plenitude” (Ellen G. White, Atos dos Apóstolos, p. 50).

Quando li aquele artigo, tudo o que eu sabia existir contra o Espírito Santo era proveniente de grupos não adventistas. Mas hoje, a premência da necessi-dade que temos dEle é acrescida do desafio de responder a questionamentos domésticos a Seu respeito. Portanto, conhecê-Lo melhor é fundamental. Isso explica esta edição especial de Ministério.

Zinaldo A. Santos

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Uma publicação da Igreja Adventista do Sétimo Dia

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8 ESPÍRiTO DE AmOR E LiBERDADE

9 OPiniãO DivinAmEnTE inSPiRADA

13 O OUTRO PARAcLETO

17 O ESPÍRiTO SAnTO AQUi E AGORA

21 DA cRiAçãO À GLÓRiA

25 O inFALÍvEL inTéRPRETE DA BÍBLiA

28 inviSÍvEL, mAS PERcEPTÍvEL

32 PARA PEnSAR

SEçÕES

2 SALA PASTORAL

3 EDiTORiAL

5 EnTREviSTA

34 REcURSOS

35 DE cORAçãOA cORAçãO

“Jesus é indispensável e inesgotável. Torná-Lo o centro e a razão

de tudo, e assim mantê-Lo em nossa

vida, produzirá plena satisfação para toda

necessidade pessoal e corporativa entre nós.”

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Paixão pelo reavivamento

“O tempo investido a sós com Deus deve estar no topo das prioridades. Necessitamos estar com Ele, diariamente, a fim de ajudar outros a encontrá-Lo também diariamente”

Ministério: O que estimulou essa paixão?

Venden: Pesquisas feitas por mim indicam que menos de 25% dos membros da igreja passam algum tempo diariamente em comunhão com Deus, com oração e estudo de Sua Palavra. Isso é muito sério, quan-do consideramos que, de acordo com 1 João 5:11-13, nosso crescimento espiritual está na dependência do relacionamento com Cristo.

Ministério: Existe algum proble-ma específico que pode ter contribuído para essa condição?

Venden: Parece-me que algumas pessoas se unem à igreja porque re-conhecem o fundamento bíblico para nossas doutrinas, ou por influência familiar. Ou seja, não conseguem ver

EnTREviSTA LEE vEnDEn

Ministério: Quais foram os aconte-cimentos e convicções que o motivaram à mudança radical em suas atividades?

Venden: Aproximadamente quin-ze anos atrás, comecei a sentir uma paixão pelo reavivamento entre o povo de Deus. Essa paixão cresceu. Li a Bíblia buscando o que poderia facilitar esse reavivamento e tam-bém li sobre grandes reavivamentos no passado. Depois de alguns anos, um administrador da igreja propôs que eu me dedicasse integralmente à promoção do reavivamento. Fiquei surpreso. Poucas semanas antes, eu tinha perguntado a Deus como po-deria tornar realidade essa paixão. O administrador continuou dizendo que também havia se sentido im-pressionado por Deus a priorizar o reavivamento. Então, aceitei a tarefa.

urante mais de 30 anos, o pastor e escritor Lee Venden pastoreou igrejas,

trabalhou como professor e apresen-tador de programas evangelísticos no rádio e na televisão. Atualmente, ele e a esposa, Marji, professora por mais de doze anos, trabalham na Associa-ção Alto Colúmbia, Estados Unidos. Ali o casal, que tem dois filhos, presta assistência aos pastores na realização de seminários destinados a orientar a irmandade no aprofundamento da comunhão com Cristo e na busca de reavivamento e reforma.

Nesta entrevista, o pastor Lee fala de sua nova atividade e a maneira pela qual ela pode ajudar os pastores a conduzir membros e igrejas na descoberta da diferença entre saber a respeito de Jesus e conhecê-Lo por experiência.

Por Derek Morris

D“Jesus é indispensável e inesgotável. Torná-Lo o centro e a razão

de tudo, e assim mantê-Lo em nossa

vida, produzirá plena satisfação para toda

necessidade pessoal e corporativa entre nós.”

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LEE vEnDEnEnTREviSTAJesus como o centro de cada doutri-na. Preocupa-me o fato de que mui-tas pessoas buscam as Escrituras, pensando ter nelas a vida eterna, mas não percebem que essas Escri-turas testificam de Cristo. Muitos se unem à igreja, mas não se unem a Jesus, para que tenham vida. Então, à semelhança da semente lançada no solo rochoso, eles murcham tão rapidamente como brotaram.

Ministério: Ao visitar igrejas pelo mundo, o que o senhor aprendeu sobre a necessidade de reavivamento?

Venden: Tenho percebido que, em qualquer lugar, muitos irmãos estão famintos por Jesus e desejam conhecê-Lo, para desenvolver com Ele uma amizade tangível e transfor-madora de vida. Entre aqueles com quem temos contato, a maioria está sedenta de instrução clara e prática sobre a maneira de desenvolver um relacionamento com Jesus. É a falta dessa compreensão que gera apos-tasia. Nos últimos três anos e meio, temos viajado a muitos países e vi-sitado muitas igrejas. Em cada uma delas, concluímos nossos seminários com uma pesquisa curta e anônima, cujos resultados são surpreendentes. A primeira pergunta da pesquisa é a seguinte: “Qual é a melhor descrição de sua vida espiritual, antes de você assistir às reuniões de reavivamento: 1) Vegetava entre Deus e a igreja; 2) frequentava a igreja, mas faltava o relacionamento diário significativo com Cristo; 3) Mantinha vibrante relacionamento com Jesus e teste-munhava?” Entre 70% e 80% dos participantes do seminário assina-laram a segunda alternativa. Porém, quando solicitados a descrever sua condição depois do seminário, apro-ximadamente 95% relataram estar começando a experimentar o vibran-te relacionamento com Jesus, e in-tensa disposição para testemunhar. Há uma coisa em que tenho pensado muito: Pressupomos que as pessoas mantenham um relacionamento di-

ário com Deus, mas isso não é real. A maioria delas admite que não anda diariamente com Cristo, e nós de-vemos fazer mais do que lhes falar que precisam fazer isso. Precisamos estar seguros de que elas sabem usar os recursos para experimentar esse relacionamento.

Ministério: De que maneira o se-nhor tem desenvolvido os seminários?

Venden: Realizamos treze pro-gramas em nove dias. Começamos na sexta-feira à noite. Aos sábados, nos reunimos três vezes e, duran-te a semana, somente à noite. Ao longo da programação, fazemos a seguinte abordagem: 1) Amizade com Deus. Ele deseja Se relacionar significativamente conosco. Na ver-dade, Ele está mais interessado em nós do que nós estamos interessa-dos nEle. 2) Conhecimento pessoal de Cristo. Cristianismo não é algo apenas a respeito do que fazemos, mas, principalmente, de Quem co-nhecemos, pois Quem conhecemos é a causa do que fazemos. 3) Novo nascimento. Todos nós precisamos ser nascidos do Espírito. É trabalho dEle operar nossa conversão, mas se priorizarmos Cristo, o Espírito Santo produzirá mais rapidamente esse novo nascimento. 4) Certeza da salvação. Muitos entre nós não têm certeza da salvação. Nossa seguran-ça está fundamentada em relacio-namento, não em comportamento. Jesus promete nos salvar e purificar, se permanecermos unidos a Ele. 5) Nutrição espiritual diária. Em Sua Palavra, Cristo é o Pão da vida. Man-ter a vida devocional significa nos ali-

mentarmos diariamente desse Pão. 6) Oração. Esse é o principal instru-mento de comunhão com Deus e se torna um caminho de duas vias, caso estejamos em quietude para ouvir. 7) Testemunho. Deus nos dá o privilé-gio de servir e falar a outras pessoas a respeito dEle. Isso contribui para nosso bem-estar e felicidade. 8) Co-mo permanecer firmes. Superação e vitória são dádivas que o Espírito concede àqueles que, pela contem-plação de Cristo, são transformados à semelhança dEle. 9) Na batalha cristã, o inimigo empregará todos os meios possíveis para nos induzir ao pecado, inclusive, tentando evi-tar que busquemos diariamente a Cristo. Mas Deus nos providenciou armas especialmente úteis nessa guerra. 10) Crescimento espiritual. Nosso Consolador e Amigo, o Es-pírito Santo, está profundamente comprometido com nosso cresci-mento espiritual e nossa utilidade. Podemos tê-Lo diariamente conosco. 11) Sugestões. Nesse ponto, damos oportunidade para sugestões que os participantes queiram fazer no sen-tido de manter e aumentar a chama do reavivamento, individualmente e na igreja como um todo. 12) Nossa identidade. É bom lembrarmos a ra-zão pela qual somos adventistas. O que somos e o que desejamos ser até que finalmente cheguemos ao lar? 13) Jesus Cristo, sempre. Jesus é in-dispensável e inesgotável. Torná-Lo o centro e a razão de tudo, e assim mantê-Lo em nossa vida, produzirá plena satisfação para toda necessida-de pessoal e corporativa entre nós.

Ministério: De que maneira o ape-lo é feito?

Venden: Estimulamos os parti-cipantes a lançar mão dos recursos apresentados e usá-los para desen-volver um relacionamento diário com Deus. O foco do seminário é encorajar as pessoas a investir tempo, cada ma-nhã, no estudo da Bíblia e oração. E então, partilhar a Palavra com outras

“Membros reavivados espontaneamente se tornam evangelistas

voluntários e contribuem para o crescimento

do Reino”

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pessoas. Sem essas três colunas da construção do relacionamento com Deus, nossa experiência espiritual definhará e, eventualmente, ficará estagnada. A primeira coluna do rela-cionamento é o estudo da Bíblia, com o propósito de conhecer Deus. Não se trata de obter mera informação, mas experimentar comunhão. Não estudamos para tentar provar alguma coisa, mas para nos familiarizarmos com uma Pessoa. A segunda coluna é oração, com objetivo de comungar com Deus, em vez de simplesmente apresentar pedidos a Ele. A tercei-ra coluna é partilhar com outros o que descobrimos e experimentamos através das duas primeiras colunas. Incentivamos os participantes a con-vidar Deus para que abra os olhos deles para as oportunidades que nos permitam fazer diferença na vida de outras pessoas.

Ministério: Qual é sua avaliação sobre o ministério de reavivamento co-mo complemento da missão evangeliza-dora da igreja?

Venden: Partindo da premissa de que ovelhas sadias reproduzirão para a glória de Deus, a nomeação de alguém, na igreja local, que ajude o pastor na coordenação do programa de reavivamento, muito contribuirá para o crescimento saudável das ove-lhas. Membros reavivados, que estão experimentando um relacionamento pessoal com Jesus, espontaneamen-te se tornam evangelistas voluntá-rios e contribuem para o crescimento exponencial do Reino.

Ministério: Qual é sua avaliação sobre a receptividade da igreja a esses seminários?

Venden: Tendo como base o nú-mero de pessoas que normalmen-te vão à igreja sábado pela manhã, penso que entre 70% e 80% partici-pam do seminário. A cada reunião, a assistência cresce. Isso parece indicar genuíno interesse da parte dos membros da igreja, em aprender

a desenvolver um relacionamento mais significativo com Deus.

Ministério: O senhor acha que cada Associação deveria ter alguém oficialmente nomeado para fazer o trabalho que o senhor faz?

Venden: A busca por reaviva-mento é tarefa de todos: líderes e membros da igreja. Todos nós, in-dividualmente, devemos buscar rea-vivamento e reforma. Porém, como líderes, temos a responsabilidade de conduzir a igreja para essa experiên-cia. Então, à semelhança do que acon-tece, por exemplo, com o evangelis-mo e o testemunho pessoal, pode ser válida a indicação de alguém para ministrar orientações e incentivo a respeito do assunto. Acredito que, assim como os pastores apreciam o apoio prestado pelos evangelistas, também darão boas-vindas a alguém que os ajude a despertar, orientar e conduzir a igreja para o reavivamen-to. Em Lucas 15, Jesus descreveu as parábolas da ovelha perdida que não sabia o caminho de volta, da moeda perdida que nem sabia que estava perdida, e do filho pródigo que esco-lheu se perder e ficou maravilhado ao ser recebido de volta. O líder que prioriza o reavivamento é especialis-ta em ajudar a encontrar o perdido, especialmente as moedas que estão perdidas dentro da igreja.

Ministério: Qual é a participação de sua esposa nesse trabalho?

Venden: Na verdade, eu não po-deria fazer isso se ela não estivesse comigo. Embora não seja assalariada, Marji trabalha tanto quanto eu. Sen-do professora, ela deixou a sala de au-la para ficar comigo nesse ministério. Seu apoio mais visível é o trabalho

que ela realiza com as crianças, em nossas apresentações. Marji acredita no que Ellen G. White escreveu: “É ainda verdade que as crianças são as pessoas mais susceptíveis aos en-sinos do evangelho; seu coração se acha aberto às influências divinas e forte para reter as lições recebidas. Os pequeninos podem ser cristãos, tendo uma experiência em harmonia com sua idade” (O Desejado de Todas as Nações, p. 515). Ela simplesmente ama ajudar as crianças na compreen-são de que elas também podem ter um relacionamento diário com Jesus.

Ministério: Caso desejem, os pas-tores podem adquirir o material do se-minário?

Venden: Sim. Ele está disponível no site www.allaboutJesusseminars.org. Ali também encontrarão esboços de sermões, palestras em PowerPoint e guias de estudos para crianças e adultos. Também temos apresenta-ções disponíveis em DVD.

Ministério: Da experiência adqui-

rida nesse trabalho, o que o senhor diria aos pastores?

Venden: Tenho três lições. Pri-meira: não é suficiente pregar a res-peito de Jesus. Cada sermão deve apresentar a singularidade e a fasci-nação de Jesus. Segunda: Jesus é o Pão da vida e, antes de distribuí-Lo, precisamos ter estado à mesa e nos alimentado dEle. Satanás trabalha intensamente para manter os pasto-res longe da comunhão íntima, diá-ria, com Deus. O tempo investido a sós com Deus deve estar no topo das prioridades. Necessitamos estar com Ele, diariamente, a fim de ajudar outros a encontrá-Lo também dia-riamente. Terceira: ao partilharmos o Pão “quente” da vida, as pessoas desejarão ter a “receita”. Então, cada mensagem deve incluir lembretes sobre quanto é inegociável o dever de investir tempo com Jesus, bem como incentivar para que todos estejam à mesa da comunhão com Ele.

“O líder que prioriza o reavivamento é

especialista em ajudar a encontrar o perdido”

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Luiz Gustavo S. Assis

Pastor na Associação Central Sul Rio-Grandense

Espírito de amor e liberdade Presente no batismo de

Cristo, a Terceira Pessoa da Divindade trabalha para libertar cativos do pecado

Qual é a razão pela qual o Espí-rito Santo aparece represen-tado por uma pomba, no re-

lato do batismo de Jesus, conforme descrito nos evangelhos (Mateus 3; Marcos 1; Lucas 3; João 5)?

Exegetas do Novo Testamento admitem que a origem desse sim-bolismo provavelmente tenha sido o texto de Gênesis 1:2. Ao descrever a atividade do Espírito de Deus no momento da criação do mundo, o autor de Gênesis utilizou o verbo hebraico rahap (pairar, voejar). Esse é um verbo raro no Antigo Testamen-to. Além do texto de Gênesis, rahap também foi utilizado em Deutero-nômio 32:11, onde o autor ilustra o cuidado de Deus com Seu povo no deserto, comparando-o ao de uma águia que paira (rahap) sobre o ninho, transmitindo dessa forma a ideia de proteção.

Em todos os textos disponíveis em ugarítico, idioma semítico oci-dental com muitas semelhanças com o hebraico bíblico, rahap está sempre relacionado com pássaros, mais es-pecificamente, águias. A importância disso é que tal verbo descreve a ati-tude de um ser vivo, não uma força ou energia.1 Negar a personalidade do Espírito Santo é o mesmo que ignorar a evidência linguística que esse texto oferece.

Observando rahap em outras lín-guas antigas, podemos apreciar me-

lhor a beleza dessa passagem bíblica. Por exemplo, em siríaco, rahap signi-fica geração. No árabe antigo, a ideia é de um pássaro suspenso, com asas abertas, demonstrando proteção e cuidado para com o respectivo ni-nho.2 Curiosamente, no talmude ba-bilônico (B. Hahigah 15a), existe uma passagem que afirma o seguinte: “O Espírito de Deus estava chocando sobre a face das águas como uma pomba choca seus filhotes, embora não os toque.” De fato, há muito sen-tido na afirmação de que a imagem da pomba no batismo de Jesus teve origem no evento da criação.

Sendo assim, as testemunhas desse evento, que estavam familia-rizadas com o relato de Gênesis 1:2 e com a literatura judaica da época, entenderam que o Messias estava ini-ciando uma nova criação. Em outras palavras, quando Jesus foi batizado, teve início uma nova era, e Deus, através do Espírito Santo, começou um processo de restauração espiritual de Seu grande trabalho na criação.3

Para o teólogo Ángel Manuel Ro-driguez, jubilado ex-diretor do Ins-tituto de Pesquisa Bíblica da Igreja Adventista, a imagem da pomba tam-bém deve ser vista como símbolo de amor e libertação. No caso do amor, tal simbolismo é notado no livro de Cantares (2:14; 4:1; 5:2) bem como em Mateus 10:16. Quanto à ideia de libertação, Rodriguez cita os seguin-

tes textos: Salmo 55:6; Isaías 60:8; Oseias 11:11 e Gênesis 8:10-12. No caso desse último texto, a pomba foi um sinal de paz, anunciando que o Dilúvio havia terminado.4

Tão importantes como são essas informações para nosso conhecimen-to, também é importante o significa-do delas para o cristão no século 21. Em nossas igrejas, muitas pessoas estão lutando contra a escravidão do pecado. Algumas estão experimen-tando a destruição que ele provoca, quer seja de forma secreta ou pública, inconsciente ou deliberadamente. Pa-ra essas pessoas, a grande solução é a presença do Espírito Santo de Deus, o mesmo Ser divino que esteve pre-sente na criação do mundo, no ba-tismo de Jesus Cristo, e deseja estar com todos os que buscam o amor e a libertação que somente podem ser alcançados por meio de um relacio-namento com a maravilhosa pessoa de Cristo. O Espírito Santo nos des-perta, motiva e conduz para essa ex-periência. Não podemos descartá-Lo, sequer minimizá-Lo em nossa vida e pregação, e ainda pretender desfrutar êxito no ministério pastoral.

Referências:1 H. Neil Richardson, “An Ugaritic Letter of a King

to His Mother”, JBL., nº 66 (1947), p. 322.2 Sabatino Moscati, Ibid., p. 307.3 Dale C. Allisn, Jr., Biblical Archaeology Review,

nº 2 (1992), v. 18, p. 59.4 Artigo disponível no site:

http://biblicalresearch.gc.adventist.org/biblequestions/whyadove.htm

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Opinião divinamente inspirada

Nenhum ensinamento cristão é mais fundamental que a doutrina de Deus. A com-

preensão bíblica adventista do séti-mo dia acerca da Trindade nos ajuda a compreender a natureza revelada, os atributos e caráter de Deus. Nos últimos 15 anos, muito tem sido es-crito sobre a história da compreensão adventista do sétimo dia a respeito da Divindade e, particularmente, so-bre a posição de Jesus na Divindade.

Como Ellen G. White compreendia a personalidade do Espírito Santo

Merlin B. Burt

Professor de Teologia e diretor do Centro White

na Universidade Andrews, Estados Unidos

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Menos tem sido escrito sobre a his-tória de Ellen G. White e a compre-ensão adventista do Espírito Santo na Divindade.

Diante dos antecedentes da teo-logia e experiência dos pioneiros ad-ventistas do sétimo dia, este artigo explorará a compreensão de Ellen G. White sobre o Espírito Santo. Pri-meiramente será apresentado um resumo da visão adventista sobre a personalidade do Espírito Santo até o início do século 20. Cuidadoso es-tudo da Bíblia e claras afirmações de Ellen G. White influenciaram gran-demente a compreensão adventista. Considerando os questionamentos atuais, também será dada alguma atenção ao estabelecimento da ve-racidade das mais claras afirmações de Ellen White sobre a natureza do Espírito Santo na Divindade.

Visão adventista até o início do século 20

A compreensão sabatista e ad-ventista do sétimo dia sobre o Es-pírito Santo, até os anos 1890, foi largamente focalizada mais sobre a “realidade viva” ou tangível do Espí-rito Santo como uma manifestação divina do que Sua natureza ou per-sonalidade.1 Durante o período até os anos 1890, muitos adventistas não aceitavam que o Espírito Santo tivesse personalidade distinta. Para eles, a Divindade incluía o Pai (oni-presente e onisciente), o pré-encar-nado primogênito Filho divino, e o Espírito Santo como manifestação da presença ou poder do Pai ou do Filho. Os adventistas enfatizavam as personalidades distintas e separadas do Pai e do Filho. Para muitos pionei-ros adventistas, uma personalidade requeria um formato material, que impedia a onipresença. Por defini-ção, o Espírito Santo como influên-cia ou poder do Pai ou do Filho, era permitido por Deus ser onipresente.2

Em 1877, J. H. Waggoner escre-veu sobre o Espírito Santo como um “Isto” em vez de “Ele”. Depois, refe-rindo-se a “uma questão que tem sido muito controvertida”, ou seja,

“a personalidade do Espírito Santo”, ele descreveu o “Espírito de Deus” como “esse tremendo e misterio-so poder que procede do trono do Universo”.3 Em 1878, Uriah Smith respondeu à pergunta: “O que é o Espírito Santo?”, escrevendo o se-guinte: “Em uma palavra, isso pode talvez ser descrito como uma miste-riosa influência emanando do Pai e do Filho, Seu representante e agente de Seu poder.”4

Esses dois homens se mantiveram respeitosos quanto à misteriosa na-tureza do Espírito Santo. Em 1878, D. N. Canright, em um artigo de duas páginas, mais argumentativo e apo-logético, explicitamente rejeitou a personalidade do Espírito Santo: “O Espírito Santo não é uma pessoa, não é um indivíduo, mas uma influência ou poder procedente da Divindade.”5

Em 1889, M. C. Wilcox, um dos editores de Signs of the Times, escre-veu: “O poder de Deus, separado de Sua presença pessoal, é manifestado através de Seu Espírito.”6 Descreven-do a ideia de como Deus pode ser oni-presente, Wilcox escreveu em 1898: “Deus é uma Pessoa; como pode Sua vida estar presente em todo lugar?”, então comparou o Espírito a uma “aura” que se estende além de uma pessoa.7 Alguns outros adventistas do sétimo dia com visão própria e diferente especulavam que talvez o Espírito Santo fosse um anjo ou da mesma espécie que a dos anjos.8

Os anos 1890 testemunharam o início de uma mudança para a acei-tação da personalidade do Espírito Santo. Um exemplo dessa mudança pode ser visto na compreensão de R. A. Underwood: “O Espírito Santo é o representante pessoal de Cristo no campo de batalha; Ele está encarre-

gado de enfrentar Satanás e derrotar esse inimigo pessoal de Deus e de Seu governo. Parece estranho para mim, agora, que eu já tenha acredita-do que o Espirito Santo fosse apenas uma influência, em vista do trabalho que Ele faz.”9

A mudança de pensamento sobre a personalidade do Espírito Santo foi bem encaminhada quando, em 1907, A. T. Jones escreveu: “O Espírito San-to não é uma influência; nem uma impressão, nem paz, nem alegria, nem qualquer coisa... O Espírito San-to é uma Pessoa, eternamente uma Pessoa divina.”10

Ellen G. White e o Espírito Santo até os anos 1890

Os escritos de Ellen G. White são particularmente ricos em relação ao Espírito Santo. Quase tão frequente-mente como se referiu a Jesus, ela se referiu a Ele, tanto em seus escritos já publicados como naqueles que ain-da não o foram.

Ellen G. White adotou três impor-tantes orientações relacionadas ao Espírito Santo e a Divindade, desde os primeiros escritos e durante toda a sua vida. Em primeiro lugar, ela enfa-tizou a personalidade de Deus o Pai e Jesus. Durante os anos 1845 e 1846, houve um ramo dos adventistas mi-leritas que argumentava que Jesus tinha vindo espiritualmente em 22 de outubro de 1844. Esse grupo tam-bém espiritualizava a ressurreição, o Céu, a Nova Jerusalém, a Nova Terra e também o Pai e Jesus. Em 1846, Ellen G. White escreveu em afirmação da personalidade do Pai e Jesus: “Vi um trono, e nele estavam sentados o Pai e Seu Filho Jesus Cristo. Olhei fixamente o semblante de Jesus e ad-mirei Sua adorável pessoa... Perguntei a Jesus se Seu Pai tinha forma seme-lhante à dEle; Ele disse que sim, mas eu não podia contemplá-Lo.”11

Outros cofundadores da Igreja Ad-ventista do Sétimo Dia, como Tiago White e José Bates, também se opu-seram diretamente à visão espirituali-zada e, através da imprensa, apoiaram a personalidade do Pai e Jesus.12

“O Espírito Santo é o Consolador em nome

de Cristo. Ele personifica Cristo, todavia é uma

personalidade distinta”

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Em segundo lugar, à semelhança dos adventistas em geral, Ellen G. White compreendia o Espírito Santo num sentido prático e demonstrável. A obra do Espírito Santo estava bem pre-sente e ativa em sua experiência cristã e seu ministério. Ela recebeu centenas de visões e sonhos proféticos e fre-quentemente experimentou extraordi-nárias bênçãos através da operação do Espírito Santo. Durante os primeiros poucos anos de seu ministério proféti-co, Ellen G. White foi confrontada por alguns que criam que suas visões eram resultado de mesmerismo – hoje co-nhecido como hipnotismo – e diziam que não havia Espírito Santo. Isso lhe causou “terrível angústia, quase ao ponto do desespero”.

Ela escreveu: “Muitos queriam fazer-me crer que não havia Espírito Santo e que tudo quanto os homens santos de Deus haviam experimen-tado não era senão mesmerismo ou enganos de Satanás.”13

Finalmente, sua compreensão so-bre o Espírito Santo foi extraída da Bíblia e centralizada na Bíblia. À se-melhança de outros pioneiros adven-tistas, antes de tudo ela era estudante das Escrituras, e era particularmente cuidadosa a fim de não se desviar pa-ra além da Bíblia em suas descrições do Espírito Santo.

Em 1891, Ellen G. White escre-veu em resposta a um homem que acreditava que o Espírito Santo fosse realmente o anjo Gabriel e que os 144 mil serão judeus que reconhecem Jesus como Messias. Depois de dar importantes princípios de interpre-tação bíblica, ela abordou o assunto: “Suas ideias sobre os dois assuntos mencionados não se harmonizam com a luz que me foi dada por Deus. A natureza do Espírito Santo é um mistério não claramente revelado, e você jamais será capaz de explicá-lo a outros, porque o Senhor não o reve-lou a você.” Citando João 14:16, ela continuou: “Isso se refere à onipre-sença do Espírito de Cristo, chama-do Consolador.” Então confessou os limites de sua própria compreensão: “Há muitos mistérios que não pro-

curo compreender nem explicar; eles são muito elevados para mim e para você. Sobre alguns desses pontos, o silêncio é ouro.”14

Na ausência de especial discer-nimento sobre a natureza e a per-sonalidade do Espírito Santo, ela permaneceu firme com a Escritura e, diferente dos outros escritores adventistas anteriormente citados, deixou indefinida a personalidade do Espírito Santo.15 Isso logo mudaria.

A partir do início de 1890Dois anos depois, em 1893, ela

escreveu: “Geralmente, muito pouco tem sido feito da obra de influên-cia do Espírito Santo sobre a igre-ja... O Espírito Santo é o Consolador em nome de Cristo. Ele personifica Cristo, todavia é uma personalidade distinta.”16

Em 1896, ela citou as palavras de Jesus em João 16:7, 8, e escreveu sua mais clara afirmação sobre o Es-pírito Santo como Pessoa da Divin-dade: “O poder do mal se estivera fortalecendo por séculos, e alarmante era a submissão dos homens a esse cativeiro satânico. Ao pecado só se poderia resistir e vencer por meio da poderosa operação da terceira Pessoa da Trindade, a qual viria, não com energia modificada, mas na plenitude do divino poder.”17 Não há indicação de alguma visão especial que ela te-nha recebido e que a tenha levado a escrever mais explicitamente sobre o Espírito Santo. Contudo, como men-sageira do Senhor, ela se tornou mui-to específica sobre esse tema durante os anos 1890. Durante o restante de sua vida, ela continuou a apoiar a personalidade e plena deidade do Espírito Santo.18

Por exemplo, Ellen G. White fre-quentemente se referiu a João 14-16 e ao Consolador levando a presença de Jesus ao crente. Ela continuou esse tema enquanto continuou apre-sentando o Espírito Santo como a terceira Pessoa da Divindade. Es-creveu ela: “Embora nosso Senhor tenha ascendido da Terra ao Céu, o Espírito Santo foi designado como

Seu representante entre os homens.” Citando João 14:15-18, continuou: “Impedido pela humanidade, Cristo não podia estar pessoalmente em todo lugar; portanto, era para total benefício deles que deveria deixá-los, ir para o Pai e enviar o Espírito Santo para Seu sucessor na Terra.”

Ellen G. White se sentia comple-tamente à vontade com a tensão que existe entre o Espírito Santo ser uma Pessoa e também represen-tante de Jesus. Uma característica da Trindade bíblica é o fato de ca-da Pessoa Se representar ou apon-tar mutuamente (Mt 3:17; 17:5; Mc 1:11; 9:7; Lc 3:22; 9:35).

“Isto” e “Ele”Em 1936, H. C. Lacey alegou

que sua série de estudos bíblicos matinais apresentados, em 1895, na reunião campal de Armidale, e a apresentação deles, em 1896, em um congresso em Cooranbong, Aus-trália, influenciou Ellen G. White a aceitar a personalidade do Espírito Santo. Lacey especulou que ela não havia usado o termo “Pessoa” nem se referido ao Espírito Santo com o pronome pessoal “Ele” antes da apresentação dos estudos dele.20

Um exame das afirmações de Ellen G. White mostra que ela usou a palavra “Pessoa” para se referir ao Espírito Santo já em 1893. Mas ela usou variavelmente os pronomes “Isto” e “Ele” antes e depois de sua explícita declaração sobre a persona-lidade do Espírito Santo. Em 1884, ela escreveu: “O Espírito Santo exalta e glorifica o Salvador. É seu traba-lho apresentar Cristo.”21 Em 1891, ela escreveu sobre “o Espírito Santo trabalhando em nosso coração”. E continuou: “[Ele] toma as coisas de Deus e as apresenta de nova maneira

“Ao pecado só se poderia vencer por meio da poderosa operação da terceira Pessoa

da Trindade”

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à nossa mente”.22 Em uma declaração feita em 1898, ela articulou clara-mente a personalidade do Espírito Santo: “Quando o Espírito de Deus toma posse do coração, transforma a vida.”23 Em 1900, ela escreveu: “Em verdade, o Espírito Santo saiu a todo o mundo; opera no coração dos ho-mens em toda parte.”24

O livro O Desejado de Todas as Nações não apenas ajuda a explicar a personalidade do Espírito Santo, mas também ensina claramente a eternidade de Jesus e Sua plena igualdade com o Pai. A declaração: “Em Cristo há vida original, não em-prestada, não derivada”,25 ao lado de outras afirmações sobre a divindade de Jesus, ajudou muitos adventistas a dar um novo olhar nas Escrituras, para compreender o lugar de Jesus na Divindade.

Veracidade das declaraçõesAlguns creem na autoridade pro-

fética dos escritos de Ellen G. White, mas negam a personalidade do Espí-rito Santo bem como Seu lugar na Di-vindade. Esses escritos, porém, colo-cam essas pessoas em uma situação difícil. Em resposta, elas costumam argumentar que as secretárias ou os editores de Ellen G. White inseriram as afirmações sem o conhecimen-to dela. Tim Poirier, vice-diretor do White Estate, publicou uma esclare-cedora monografia em 2006 na qual rastreou essas declarações de acordo com a fonte original.

Rascunhos originais de pelo me-nos quatro declarações, manuscritos por Ellen G. White, estão disponí-veis.26 Outros documentos estão acessíveis na forma impressa origi-nal e contêm anotações manuscritas nas páginas.27 No topo de um desses documentos, está a seguinte ano-tação: “Tenho lido cuidadosamen-te sobre isso, e o tenho aceitado.”28 Algumas dessas afirmações foram publicadas em várias formas. A pró-pria escritora pagou pela publicação das chapas de O Desejado de Todas as Nações e de outros livros. Aliás, ela chegou a enviar correções para

O Desejado de Todas as Nações, depois que a primeira edição desse livro já havia sido publicada. As mudanças foram então incorporadas na segun-da edição. O grau de veracidade de suas afirmações é significativo, e os editores acham difícil argumentar que ela não tenha escrito as declara-ções que aparecem impressas.

Os adventistas do sétimo dia cre-em que a Ellen G. White foi conce-dido o dom profético. Suas enfáti-cas declarações tiveram significativa influência no desenvolvimento da compreensão adventista da Trinda-de, particularmente através do apoio à natureza eterna e original de Jesus, bem como a plena divindade e per-sonalidade do Espírito Santo. Con-tudo, as doutrinas adventistas do sétimo dia são estabelecidas sob a autoridade da Escritura, em vez de Ellen G. White. Ela compreendia que seu papel profético era conduzir um povo à Bíblia como autoridade final e o fundamento de toda fé e prática. No primeiro panfleto publicado, ela escreveu: “Recomendo-lhe, caro lei-tor, a Palavra de Deus como a regra de sua fé e prática.”29

Em muitas ocasiões, ela definiu a relação de seus escritos com a Bíblia. Em uma de suas mais intrigantes declarações, ela definiu seu papel profético: “Eu tenho uma obra de grande responsabilidade para fazer – comunicar por escrito e de viva voz as instruções a mim concedidas, não somente para os adventistas do sétimo dia, mas para o mundo. Publiquei muitos livros, grandes e pequenos, e alguns deles foram tra-duzidos para várias línguas. Esta é a minha obra: revelar para outras pessoas as Escrituras, assim como Deus a mim as revelou.”30

Os adventistas do sétimo dia têm mais orientação bíblica sobre o Espí-rito Santo, por causa dos escritos de Ellen G. White. Devemos ser agrade-cidos a Deus pelo fato de que Ele nos guiou através da história da igreja, a fim de construir uma compreensão bíblica, por meio da influência do Espírito Santo no dom de profecia.

Referências:1 F. Goodrich, Review and Herald, 28/01/1862,

p. 68; R. F. Cottrell, Ibid., 16/12/1873, p. 5; Joseph Clarke, Ibid., 10/03/1874, p. 103.

2 D. M. Canright, Review and Herald, 29/08-19/09/1878, p. 73, 81, 82, 89, 90, 97.

3 J. H. Waggoner, The Spirit of God: Its Office and Manifestations in the End of the Christian Age (Battle Creek, MI: Review and Herald Pub. Ass., 1877), p. 8, 9.

4 James White e Uriah Smith, The Institute Biblical: A Synopsis of Lectures on the Principal Doctrines of Seventh-day Adventists (Oakland, CA: Pacific Press Pub. House, 1878), p. 184.

5 D. M. Canright, Signs of the Times, 25/07/1878, p. 218; Ibid., 08/08/1878, p. 236.

6 M. C. Wilcox, Signs of the Times, 15/07/1889, p. 422.

7 __________, Ibid., 02/06/1898, p. 342.8 C. P. Bollman, Signs of the Times, 04/11/1889,

p. 663.9 R. A. Underwood, Review and Herald,

17/05/1898, p. 310.10 A. T. Jones, Medical Missionary, 27/03/1907.

p. 98.11 Ellen Harmon, Day Star, 14/-3/1846, p. 7.12 James White, Review and Herald,

11/12/1855, p. 85.13 Ellen G. White, Primeiros Escritos, p. 22.14 ___________, Carta ao irmão Chapman,

11/06/1891, in Manuscript Releases (Silver Spring, MD: White Estate, 1990), v. 14, p. 175, 179.

15 O mesmo é verdadeiro quanto à natureza da divindade de Jesus. Nesse caso ela está entre os primeiros escritores que se referiram a Cristo como eterno. Ver Review and Herald, 08/08/1878, p. 49.

16 Ellen G. White, Manuscript Releases (Silver Spring, MD: White Estate, 1993), v. 20, p. 323, 324.

17 ___________, O Desejado de Todas as Nações, p. 671.

18 ___________, Carta 124, 07/03/1897; Filhas de Deus, p. 183-185; Special Testimonies to Ministers and Workers. Nº 10 (1897), p. 37. São algumas das publicações em que ela trata do assunto

19 Ellen G. White, Carta 119, 1895 (Silver Spring, MD: White Estate).

20 H. C. Lacey a W. C. White, 17/07/1936 (Berrien Springs, MI: Center for Adventist Research, Andrews University).

21 Ellen G. White, Signs of the Times, 03/04/1884, p. 209.

22 ___________, Review and Herald, 25/08/1891, p. 529.

23 ___________, O Desejado de Todas as Nações, p. 173.

24 ___________, Parábolas de Jesus, p. 70.25 ___________, O Desejado de Todas as Nações,

p. 530.26 Tim Poirier, Ellen G. White’s Trinitarian

Statements, MS 93,1893; MS 57, 1900; MS 20, 1906; MS 21, 1906.

27 Carta 8, 1896; MS 27a, 1900; MS 57, 1900; MS 20, 1906; MS 21, 1906.

28 MS 20, 1906.29 Ellen G. White, A Sketch of the Christian

Experience and Views of Ellen G. White (Saratoga Springs, NY: James White, 1851), p. 64.

30 Ellen G. White, Testemunhos Para a Igreja, v. 8, p. 236.

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O outro Paracleto A missão do Espírito Santo, compreendida a partir do evangelho de João

No evangelho de João, há um grupo de cinco passagens que se referem ao Espírito

Santo como “Paracleto” ou “Espírito de verdade” (Jo 14:16, 17, 25, 26; 15:26, 27; 16:7-11, 13-15). Ao lado dessa terminologia distinta, três fa-tos tornam também distintas essas passagens: Todas elas ocorrem nos discursos de despedida de Jesus (Jo 14-17), tratam da vinda do Espírito e descrevem funções completamen-te diferentes daquelas encontradas nas seções narrativas do evangelho (Jo 1-13; 18-21).

Embora naquelas seções o Espí-rito Santo seja principalmente um poder vivificante através do qual Deus regenera e transforma aqueles que nEle creem (Jo 3:3, 5, 6; 6:63; 7:37, 38), a ideia predominante nos discursos de despedida salienta a figura de um Instrutor, uma Tes-temunha, um Guia, conceitos que vão muito além da impressão de um poder impessoal. Na verdade, aquelas cinco passagens “provêm a mais forte evidência para a concep-ção do Espírito como uma figura distinta, um agente independente, protagonista”,1 e contribuíram para o desenvolvimento da doutrina cris-tã sobre o Espírito.

Significado de parakletosMuito se discute sobre o significa-

do da expressão grega parakletos. Do ponto de vista linguístico, parakletos está relacionada com o verbo paraka-leo, cujo significado é “chamado para estar ao lado de alguém”. Quando é usada como substantivo, a palavra envolve a ideia de assistência legal. Em latim, o termo equivalente era advocatus (advogado), e isso mostra como parakletos era compreendido pelos antigos tradutores e escritores cristãos latinos.

Sob a influência do substantivo paraklesis (que significa “consolação”, “conforto”), alguns tradutores e au-tores gregos vieram a compreender parakletos como sendo “consolador” ou “conselheiro”, significado com o qual concordaram Wycliffe, Tyndale e Lutero, entre outros. Entretanto, a questão é que nenhum desses é ple-namente apropriado ao parakletos de João, exceto o texto de 1 João 2:1 no qual o termo se refere a Jesus (embo-ra não como um título) e certamente significa “advogado” (“intercessor”, “mediador”). John Ashton correta-mente afirma que “o problema do significado de parakletos não pode ser resolvido linguísticamente”,2 e isso pode explicar a razão pela qual, em

sua versão Vulgata Latina da Bíblia, Jerônimo usou a transliteração pa-racletus em vez de tradução. Em 1 João 2:1, ele traduziu corretamente o termo como advocatus.3

Vários eruditos creem que o parak-letos de João está relacionado ao ara-maico praqlita, que é uma translitera-ção da palavra grega. Praqlita aparece várias vezes na literatura rabínica, como referência a alguém que inter-cede por outra pessoa. Também era usada no Targum para transmitir o significado do hebraico melis, um ter-mo que, tanto no Antigo Testamento (Jó 33:23; cf. 16:20) e nos rolos do Mar Morto (1QH 10.13; 14.13), esta-va associado às noções de intercessão e instrução.4 Essas duas noções es-tão presentes nas passagens joaninas sobre parakletos (14:16, 17, 25, 26; 15:26, 27; 16:7-11; 13-15). Portanto, no pensamento judaico, há vários precedentes que combinam funções pedagógicas e forenses de tal maneira que se assemelham ao papel designa-do ao Paracleto no quarto evangelho. É precisamente esse papel, não tanto a origem linguística ou histórica do termo, que deve receber nossa maior atenção, especialmente se desejamos ter mais clara compreensão da função do Espírito Santo.

Wilson Paroschi

Professor de Novo Testamento na Faculdade

de Teologia do Unasp, Engenheiro Coelho, SP

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O Espírito como PessoaEntre as funções atribuídas ao Es-

pírito, nos textos de João a respeito do Paracleto, estão as seguintes: Ensino (Jo 14:26), lembrar-nos de todas as coisas que Jesus disse quando aqui es-teve (v. 26), e guiar em toda a verdade, anunciando as coisas que ainda estão por acontecer (Jo 16:13). De acordo com esse último texto, o Espírito fala e ouve, glorifica (v. 14), testifica (Jo 15:26) e convence a respeito do pecado, da justiça e do juízo (Jo 16:8). O Espírito também é descrito como “outro Paracleto” (Jo 14:16), que viria ocupar o lugar de Cristo (Jo 16:7), sugerindo assim que não apenas Jesus era um Paracleto para os discípulos, mas também que o Espírito desem-penharia um papel semelhante ao de Jesus, com a diferença de que Sua pre-sença deveria ser ainda mais apreciada que a do próprio Jesus (Jo 14:28).

O Espírito também estaria livre das limitações do tempo, uma vez que estaria para sempre com os discípulos (v.16). Em adição a isso, o Espírito viria de Deus (Jo 15:26; 16:7), isto é, seria enviado por Deus (Jo 14:26) as-sim como João Batista (Jo 1:6; 3:28) e o próprio Jesus foram enviados (Jo 3:34; 6:29, 57; 7:29). À semelhan-ça de Jesus, o Espírito seria também conhecido e recebido (Jo 14:17; cf. 7:39; 1:12; 6:69; 10:14; 13:20).5

Tudo isso aponta para uma Figura independente, distinta que, ao mes-mo tempo, mostra possuir algumas características divinas, tais como transcendência ao tempo e espaço. Embora seja verdadeiro que em João 14:18 Jesus tenha falado da vinda do Paracleto (cf. v. 16, 17), Ele prometeu que Ele mesmo voltaria para os discí-pulos, o que tem sido compreendido como significando que o Paracleto é o próprio Cristo glorificado, que voltaria para os discípulos em forma espiritual, invisível.6 Alguns comen-taristas veem essa vinda de Jesus em conexão com a parousia (cf. v. 1-3), ou Sua aparição aos discípulos depois de ressurreto, particularmente de acordo com João 20:19-23, quando Ele soprou sobre eles o Espírito.7

Entretanto, ao dizer que não dei-xaria órfãos os discípulos, Jesus mui-to provavelmente estava Se referindo à vinda do Espírito, pois achamos difícil ver como a distante parousia (considerando pelo menos o tempo em que o evangelho foi escrito) ou algumas poucas aparições depois da ressureição durante o intervalo de apenas 40 dias poderiam resolver o problema da orfandade dos discípu-los. Portanto, parece mais natural in-terpretar a promessa de Jesus em li-gação com a vinda do Espírito Santo.8

Mesmo assim, Jesus e o Espíri-to não podem ser considerados a mesma Pessoa, pois Jesus Se refe-riu ao Espírito como outro Paracleto (Jo 14:16), o que preserva a distinção pessoal entre ambos e, ao mesmo tempo, aponta para a semelhança de papéis. A mesma distinção pes-soal está presente em outras pas-sagens nas quais Jesus e o Espírito Santo são mencionados lado a lado (Jo 1:32, 33; 7:39; 14:26; 15:26; 20:22). Na verdade, ao dizer que voltaria para os discípulos na Pessoa do Espírito Santo, Jesus talvez esti-vesse evocando o mesmo conceito presente em Sua declaração: “Quem me vê, vê o Pai” (Jo 14:9). Ou seja, assim como o Pai pode ser visto no Filho, o Filho podia vir no Espírito. Não é difícil concluir que a mesma unicidade existente entre o Filho e o Pai (Jo 10:30) também existe entre o Filho e o Espírito. Entretanto, unici-dade jamais deve ser confundida com uniformidade. Assim como o Filho é um Pessoa divina distinta do Pai, o Espírito é uma Pessoa divina distinta do Filho.

O Espírito e a gramáticaAssim, no evangelho de João, o

Espírito é uma Pessoa, tanto quanto o Pai e o Filho são Pessoas. Desde a Reforma, um dos mais recorrentes argumentos para a personalidade do Espírito é fundamentado na gramá-tica. No idioma grego, a palavra “es-pírito” (pneuma) é neutra, e algumas vezes, nas passagens sobre o Paracle-to, essa palavra está acompanhada

pelo pronome masculino, em adição a algum pronome neutro, como seria esperado de acordo com as regras de concordância gramatical.9 O argu-mento típico pode ser encontrado no comentário de George Ladd, sobre o uso correto que João faz de prono-mes neutros em ligação com pneuma. Para ele, não há implicação “contra ou a favor da personalidade do Es-pírito Santo. Mas onde um pronome que tenha pneuma como seu imedia-to antecedente seja encontrado no masculino, somente podemos con-cluir que a personalidade do Espírito é o significado sugerido”.10

Entretanto, o argumento não está correto. A questão é relativamente simples. O que é afirmado por Ladd é que, onde pronomes masculinos são usados, o substantivo mais próximo é pneuma, como antecedente. Porém, o antecedente de um pronome deve ser determinado pela sintaxe, não pela proximidade, e quando são usados pronomes masculinos, o anteceden-te sintático é sempre parakletos, não pneuma, que permanece apenas como aposição a parakletos. Como Daniel B. Wallace declara: “O uso de ekeinos [ele] aqui [Jo 14-16] é frequentemen-te considerado pelos estudantes do Novo Testamento uma afirmação da personalidade do Espírito. Tal afir-mação está fundamentada do fato de que o antecedente de ekeinos é pneu-ma... Mas isso está errado. Em todas essas passagens joaninas, pneuma é aposicional ao substantivo masculi-no. Assim, o gênero de ekeinos nada tem que ver com o gênero de pneuma. O antecedente de ekeinos, nesse caso, é parakletos, não pneuma.”11

Por essa razão, algumas vezes João usou pronomes neutros nas mesmas passagens. Ele fez assim sempre que pneuma apareceu como antecedente sintático. Isso signifi-ca que nada existe, absolutamente, anormal ou significativo no uso que João fez de pronomes nos contextos referentes ao Espírito. Igualmente, o fato de que parakletos seja masculino não tem implicações relativas à per-sonalidade do Espírito. O gênero de

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parakletos, bem como o de pneuma, nada mais é que um acidente linguís-tico; e nenhuma conclusão teológica deveria ser derivada disso.12

Outro bem conhecido argumento tenta deduzir do adjetivo grego allos (“outro”) não apenas a personalidade, mas também a divindade do Espíri-to. Esse adjetivo é utilizado em João 14:16. Spiros Zodhiates, por exem-plo, diz: “Cristo designou o Espírito Santo como ‘Paracleto’... e O chamou allos (outro), o que significa outro de igual qualidade (e não heteros, outro de qualidade diferente). Portanto, Jesus Cristo designou o Espírito San-to como igual a Ele mesmo.”13 Esse argumento é ainda mais errôneo que o anterior, na medida em que con-funde atividade, ou quando muito, personalidade com divindade. O argumento parece ter sido empre-gado primeiramente por Gregório Nazianzeno, um dos principais de-fensores da doutrina da Trindade no quarto século. Ele costumava dizer que allos, em João 14:16, aponta a igualdade e consubstancialidade en-tre o Espírito e Cristo.

Ao Se referir ao Espírito Santo como outro Paracleto, Jesus, indu-bitavelmente, estava chamando a atenção para o fato de que o Espírito continuaria o trabalho que Ele mes-mo havia iniciado, e de que estaria para sempre com os discípulos. O termo também pode conter uma alusão à personalidade do Espírito enquanto Ele viria como substituto de Jesus, mas tomar isso ontologica-mente como referência à semelhança de natureza entre Jesus e o Espírito vai além da evidência.

Esse argumento contém um er-ro linguístico básico: a conclusão de que, por causa do fato de heteros usualmente envolver uma distinção qualitativa, allos também o faça (At 4:12; Rm 7:23; 1Co 14:21; 2Co 11:4; Hb 7:11, 13, 15; Jd 7 são textos que mencionam allos). Entretanto, a noção fundamental de allos é me-ramente quantitativa, a menos que seja usado em oposição a heteros, que é a palavra eventualmente empre-

“Não é senão através de nós que o Espírito Santo

cumpre Sua missão no mundo”

gada para diferenciação qualitativa em qualquer caso. Por exemplo, isso ocorre em Gálatas 1:6, 7, onde Paulo diz que o falso evangelho pregado aos gálatas na ausência dele não era allos mas heteros.14 Joseph H. Thayer de-fine a questão: “Quando comparado com heteros, allos denota distinção numérica de diferença qualitativa; allos adiciona (‘um além de’); heteros distingue (‘um de dois’); todo heteros é um allos, mas nem todo allos é um heteros; geralmente, allos simples-mente denota distinção de indivídu-os, heteros envolve a ideia secundária de diferença de tipo.”15

Extraordinário privilégioNos discursos de despedida do

evangelho de João, o Espírito Santo não é meramente um poder impesso-al, mas um Agente de Deus que veio como substituto de Jesus, o primeiro Paracleto (Jo 14:26), e continua o trabalho iniciado por Ele. Isso signi-fica que o Paracleto é comparado a Jesus em personalidade e atividade. Também não é o Jesus glorificado, mas a unidade entre ambos, similar à unidade que existe entre o Pai e o Filho (Jo 20:30), bem como o teste-munho da declaração de Cristo de que Ele mesmo voltaria na pessoa do Paracleto (Jo 14:18). Assim, “o Para-cleto é a presença de Jesus quando Jesus está ausente”.16

A evidência cumulativa da Escri-tura indica que o Espírito Santo é uma Pessoa divina. Porém, lembre-mo-nos de que, mesmo no evange-lho de João, a ênfase não é sobre a personalidade ou natureza divina do Espírito Santo, mas sobre Sua obra. Assim também devemos fazer, ainda mais porque Deus Se agradou de nos tornar participantes de Sua missão (Jo 20:21-23).

Na realidade, a realização histórica da missão do Espírito depende intei-ramente de nós. Ou seja, não é senão através de nós que o Espírito Santo cumpre Sua missão no mundo. Isso é um extraordinário privilégio! Mais que isso, é uma sagrada vocação, ser instrumentos através dos quais o Es-pírito faz avançar a obra de Cristo na Terra (Jo 15:26, 27).

Referências:1 Marianne M. Thompson, The God of Gospel of John

(Grand Rapids, MI: Eerdmans, 2001), p. 149.2 John Ashton, Anchor Bible Dictionary (Nova

York,: Doubleday, 1993), v. 5, p. 152.3 Ver também a Nova Vulgata (1979) e a Bíblia

de Jerusalém.4 A. R. C. Leaney, John and Dead Sea Schrolls

(Nova York: Crossorad, 1990), -. 38-61; Lochlan Sheller, Journal for the Study of the New Testament 32, nº 2 (2009), p. 131-150.

5 Gary M. Burge, The Anointed Cummunity: The Holy Spirit in the Johanine Tradition (Grand Rapids: Eerdmans, 1987), p. 141.

6 George S. Stevens, The Theology of the New Testament (Edinburgh: T&T Clark, 1906), p. 214-220; Ernest F. Scott, The Fourth Gospel in Purpose and Theology (Edinburgh: T&T Clark, 1908), p. 343-349; Ian Simpson, Expositor 4 (1925), p. 292-299.

7 Barnabas Lindars, por exemplo (The Gospel of John – Londres: Oliphants, 1972, p. 480), vê aqui uma referência à parousia, enquanto Craig S. Keener (The Gospel of John: A Commentary – Peabody, MA: Hendrickson, 2003, v. 2, p. 973), entre outros, veem aqui uma ligação com as aparições de Cristo depois da ressurreição.

8 James D. G. Duun, The Christ and the Spirit (Grand Rapids, MI: Eerdmans, 1998), p. 214; J. Ramsey Michaels, The New International Commentary on the New Testament (Grand Rapids, MI: Eerdmans, 2010), p. 785.

9 As passagens e respectivos pronomes masculinos são as seguintes: João 14:26 (ekeinos); 15:26 (hos, ekeinos); 16:7, 8 (autos, ekeinos); 13; 14 (ekeinos duas vezes, heautou). Nas mesmas passagens há quatro ocorrências de pronomes neutros em conexão com pneuma: João 14:17 (ho, auto); 26; 15:26 e 7:39 (ho).

10 George E. Ladd, A Theology of the New Testament (Grand Rapids, MI: Eerdmans, 1993), p. 331.

11 Daniel B. Wallace, Greek Grammar Beyond the Basics: An Exegetical Syntax of the New Testament (Grand Rapids, MI: Zondervan, 1996), p. 331.

12 Note que, no hebraico, a palavra “espírito” (ruah) é feminina, enquanto em alemão, francês e espanhol é masculina.

13 Spiros Zodhiates, The Complete Word Study New Testament: Bringin the Original Text to Life (Chattanooga, TN: AMG, 1991), p. 944.

14 K. Haacker, An Exectical Dictionary of the New Testament (Grand Rapids, MI: Eerdmans, 1990-1993), v. 2, p. 66.

15 Joseph H. Thayer, Thayer’s Greek English Lexicon of the New Testament (Peabody, MA: Hendrickson, 1997), p. 29.

16 Raymond E. Brown, Anchor Bible Series (Nova York: Doubleday, 1966-1970), v. 1, p. 1141.

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Teologia doRemanescenteÁngel M. Rodríguez

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Teologia doRemanescenteÁngel M. Rodríguez

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O Espírito Santo aqui e agora

Minha esposa e eu estávamos na Nigéria nos anos 60, no início da guerra de Biafra,

um conflito brutal e sanguinário no qual milhares de pessoas foram as-sassinadas. Eu era o diretor de nosso colégio no oeste da Nigéria, onde ho-je está a Universidade Babcock. Na-quela época, o colégio era conhecido por sua padaria e, toda manhã, duas vans saíam para distribuir pão fresco nas cidades perto de Lagos e Idaban.

Certo dia, no fim da tarde, um dos motoristas veio à nossa casa. Ele era de uma tribo do leste chama-da Ibo que estava em guerra com o restante do país. Quando o tumul-to chegou perto do colégio, muitos estudantes ibos foram para casa, mas esse escolheu ficar conosco. Em nosso encontro, ele disse: “Estou com medo de ir a Idaban amanhã. O senhor poderia ir comigo?”

Na manhã seguinte, saímos às quatro horas, levando uma caixa extra de pães para distribuir entre soldados que encontrássemos nas fronteiras. Fizemos nosso trabalho na cidade e imediatamente volta-mos ao colégio. Porém, depois de viajarmos alguns quilômetros, en-contramos alguns carros parados na estrada. Junto a eles havia uns doze soldados empunhando fuzis automáticos. Eram soldados da tribo Heusa, do norte da Nigéria, os mais implacáveis inimigos dos ibos. Estavam alcoolizados, falavam apenas poucas palavras em inglês. Eles perguntavam aos ocupantes de cada veículo: “Qual é sua nação?”, o que significava: “Qual é sua tribo?” Ao se aproximarem da nossa van, não precisaram perguntar, porque viram as marcas da tribo na face do nosso motorista.

“Saia, saia!”, eles ordenaram ao ra-paz. Eu sabia o que lhe podia aconte-cer se deixasse a van, pois muitos ibos tinham sido levados para a margem da estrada e ali eram alvejados. Abri a porta e comecei a sair. “Não, você não!”, disseram eles, gesticulando para que eu ficasse no carro. O líder do grupo estava do meu lado, então murmurei uma oração e comecei a falar com ele. Falei sem parar durante uns 15 minutos. Enquanto eu falava, os outros soldados que tinham as armas apontadas para dentro da van se aproximaram para ouvir. Não me lembro de nada do que falei naquele dia. Porém, sei que não falei a lingua-gem deles nem eles falaram a minha. Mas ouviam, sem se mover, enquan-to eu falava. Finalmente, o líder falou ao motorista: “Ok, deixaremos você ir; mas somente porque seu professor falou muito bem.”

Não podemos pensar em buscá-Lo apenas como um poder futuro. Ele já está trabalhando na igreja e entre o povo de Deus

Jan Paulsen

Pastor jubilado, ex-presidente da Associação Geral da Igreja

Adventista do Sétimo Dia EspEcial

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Como teólogo e professor, tenho estudado e ensinado a teologia do Espírito Santo. Como pastor, tenho pregado sermões sobre as manifes-tações do Espírito na igreja. Como líder, tenho orado pela presença e direção do Espírito de Deus nas de-cisões que algumas vezes parecem requerer mais que o juízo humano. Mas, naqueles poucos minutos, em uma poeirenta estrada nigeriana, o Espírito Santo me alcançou inespe-radamente e Se tornou comoven-temente real para mim. Seria esse um exemplo de glossolalia: falar em línguas? Qualquer que seja sua de-finição teológica para isso, sei que o Espírito de Deus agiu naquele mo-mento, com o divino propósito de salvar a vida de um estudante ibo e, possivelmente, a minha também.

Como pastores e líderes de uma igreja que tem sido cautelosa em relação à abordagem de manifesta-ções emocionais ou esotéricas do carismatismo, temos receado enfa-tizar como o Espírito atua no dia a dia do povo de Deus. Talvez, em nosso ensino e pregação, algumas vezes superespiritualizamos o Es-pírito Santo, consignando-O a um reino à parte das realidades de nos-so mundo. Descrevemos Seu papel em termos intelectuais e abstratos, atribuindo-Lhe assim um status de irrelevância prática.

Mas, o papel do Espírito Santo é funcional, não decorativo. Ele é pes-soalmente ativo, não uma imagem teológica. É uma presença dinâmica hoje, não inativamente esperando ser desatrelado em algum momento no futuro. Quando Ele age, está de acordo com a vontade divina, não a nossa. Ele chega aos afazeres huma-nos, não apenas para soltar “fogos de artifício”, mas para responder de maneiras práticas às necessidades tangíveis, em nossa jornada pessoal e na vida da igreja.

Frequentemente, ouço o termo “espiritual” como sinônimo de “mís-tico”, “inexplicável”, “misterioso”, “indefinível”. Todavia, tudo se torna claro, quando olhamos as circunstân-

cias nas quais o Espírito foi concedi-do à igreja para fins úteis. Quando Ele age, os resultados são palpáveis e concretos. Ele é, em essência, o Divino Facilitador.

Então, como podemos recalibrar nossa compreensão do Espírito e Sua obra em nossa igreja, de modo que abracemos esse fundamento práti-co sem, ao mesmo tempo, girar em torno daquilo que pode ser trivial ou focalizado no eu, mero barulho?1 Para igrejas e pastores que desejam uma liderança cheia do Espírito, há questões adicionais: Em minhas in-terações diárias, o que parece ser o ministrar no Espírito? Como posso buscar mais a direção do Espírito e discernir Suas sugestões?

Gostaria de partilhar quatro ideias que me têm ajudado a compreender mais claramente como e quando o Espírito Santo age em minha vida e na vida da igreja.

A missão do Espírito e o FilhoDepois de três anos e meio de

comunhão, amizade, vidas parti-lhadas e instruções, os discípulos estavam ansiosos em relação à se-paração que parecia iminente. Que seria deles, quando Cristo estivesse ausente? Embora sinceros, às vezes eles eram inconstantes, inseguros, imprevisíveis e despreparados para ficar firmes pelo que tinham conhe-cido como verdade. Seriam capazes de sobreviver sozinhos? Estariam, de fato, sozinhos?

Várias vezes Jesus tentou prepará- los para o dia em que os deixaria (Mt 26:11; Jo 7:33, 34). Assegurou--lhes que, embora estivesse fisica-mente ausente, jamais os deixaria: “Estarei sempre com vocês, até o fim dos tempos” (Mt 28:20); “Não os deixarei órfãos; voltarei para vocês”

(Jo 14:18). A ascensão de Cristo não eliminaria Sua presença real entre Seu povo; essa presença apenas entraria em uma nova fase. Ela estaria entre Sua família terrestre através do minis-tério do Espírito Santo, e o Pentecos-tes marcaria o início dessa nova era.

De fato, o Espírito Santo, como terceira Pessoa da Divindade, esteve presente e ativo na Terra desde o início. Estava na criação, inspirou profetas, proveu o dom de liderança para os juí-zes. Então, por que a vinda especial do Espírito à comunidade de crentes depois da ascensão de Cristo é assina-lada na Bíblia? Se Ele já estava presente antes, o que havia de novo agora?

A nova ação do Espírito, depois da ascensão, está intimamente ligada à pessoa e mensagem de Jesus. Ao dar Sua mensagem aos discípulos, Jesus lhes falou sobre a vinda do Espírito Santo e o que Ele faria (Jo 14-16). Aqui não existem mistérios. Em-bora Cristo não esteja fisicamente conosco, o Espírito Santo continua Seu ministério. Ele não apresenta um evangelho novo ou diferente. Guia-nos, relembra-nos, ensina-nos. “Por Seu poder, as verdades vitais das quais depende a salvação, são impressas na mente, e o caminho da vida se torna tão claro, que ninguém precisa se desviar.”2

Assim, qual deveria ser a prova mais importante para qualquer pas-tor ou líder, que procura conhecer onde o Espírito lidera ou compre-ender o que é “do Espírito” e o que não é? Olhe para o Filho: Sua vida, Seus feitos, Sua missão. Por meio do Espírito, Jesus Cristo ainda caminha entre a humanidade hoje.

Ação do Espírito na comunidade

Se compreendemos o por quê – a missão – do Espírito, o que dizer sobre o como? De que maneira Sua presença é vista em nossa vida, como indivídu-os, e na vida do povo de Deus?

Talvez a essência do impacto do Espírito possa ser expressa desta maneira: Ele deseja nos guiar para frente e para cima, mais do que nos

“Quando o Espírito age, os resultados são palpáveis e concretos. Ele é, em essência, o Divino Facilitador”

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orientar para nosso eu; ou seja, o Es-pírito sempre nos guiará em direção a Cristo e outras pessoas.

Que o fruto do Espírito tenha um cenário social e encontre seu signifi-cado em relacionamentos com outras pessoas, não pode ser coincidência. Também não é coincidência que o capítulo do amor (1Co 13) está no centro da argumentação de Paulo sobre os dons espirituais. A unidade da igreja é orgânica. Vida e nutrição devem fluir de um indivíduo para outro; nisso está o significado de “um corpo”. O Espírito nos une.

Desde o início, Deus tem estado no trabalho de criar e recriar, moldar e restaurar por meio de Seu Espírito. A comunidade do povo de Deus sem-pre tem sido a comunidade do Espíri-to. Ele funciona de maneira prática. “O Espírito recria, refina e santifica os seres humanos, preparando-os pa-ra se tornarem membros da família real, filhos do celeste Rei.”3

A presença do Espírito deve trans-formar débeis seres humanos em uma genuína comunidade de discí-pulos. Os dons espirituais capacitam essa comunidade para trabalhar por Cristo. Nem todos os discípulos têm os mesmos dons; a escolha é de Deus. Mas o dom primário do Espírito San-to está à disposição de todo aquele que se entrega a Cristo e vive em obediência a Ele.

Em sua primeira carta aos corín-tios, Paulo escreveu a uma igreja di-vidida sobre os dons espirituais. Ele diz que todos os que aceitam Jesus como Salvador recebem o mesmo Es-pírito (1Co 12:13). O derramamento do Espírito é concedido “visando ao bem comum” (v. 7) e não para algum tipo de alegria privativa. O senso de elitismo espiritual deve ser estranho à família da igreja. Deus não sugere que os crentes devam escolher de um cardápio de dons aqueles de que mais gostariam. Ele distribui os dons con-forme as necessidades de Seu povo em qualquer período da História.

As três listas de dons espirituais no Novo Testamento (Rm 12:3-8; 1Co 12:4-11; Ef 4:8-12) deixam claro

que os dons são para o bem comum da igreja, o corpo de Cristo, levando--a à máxima interação e serviço. Al-go deve acontecer. O Espírito é um instrumento funcional e catalizador para mudança. Assim, Sua presença na igreja e em nossa vida produz es-tes resultados:

u Assegura-nos de nossa salvação em Cristo (Rm 8:16).

u Ajuda-nos a experimentar a li-berdade do perdão e a remoção da culpa (2Co 3:17).

u Une-nos como povo de Deus (1Co 12:25; Ef 4:3).

u Luta contra a corrupção moral (Gl 5:16).

u Produz variedade de frutos (Gl 5:22, 23; Ef 4:31, 32).

u Guia-nos a uma compreensão mais profunda da verdade (Jo 14:16; 16:12-15).

u Capacita-nos para testemunhar (At 1:8; Lc 24:29).

Isso é o que significa ser cheios do Espírito. Ele capacita o povo de Deus a agir como crentes. Tal ação tem que ver com nosso modo de pensar, nos-sas escolhas e ações. Como descreveu Ellen G. White, “quando, mediante o Espírito Santo, as verdades divinas são impressas no coração, surgem no-vas concepções, e as energias outrora dormentes despertam para cooperar com Deus”.4

Não posso deixar de mencionar um dom do Espírito que tem especial importância para a comunidade de crentes – o dom de profecia, men-cionado nas três listas de dons do Novo Testamento. Esse dom “edifica a igreja” (1Co 14:4) e provê direção aos crentes na busca de compreensão da Bíblia.

A fim de compreender o papel do dom de profecia neste período final da história terrestre, devemos nos lembrar da multiplicidade de papéis do Espírito na igreja hoje. Com um olho na vasta extensão de funções dos dons espirituais, o dom de pro-fecia, conforme manifestado na vida e ministério de Ellen G. White, deve ser compreendido. Sua obra não é uma correção nem substituição do

ministério profético do passado. Ela ajuda os crentes a relembrar e com-preender as mensagens proféticas de hoje.

Quando um dom do Espírito, in-cluindo o dom de profecia, é concedi-do a alguém, ele não se torna o foco da igreja. Cristo, sim, continua sendo o foco. Ele é o coração do evangelho. A igreja Lhe pertence. A missão da igreja é dEle. É assim que sempre deve ser, ou a religião se deteriora em idolatria.

Plenitude do Espírito“Como você sabe que está sendo

guiado pelo Espírito Santo, ao to-mar decisões que afetam a igreja?”, o jovem perguntou durante um pro-grama de TV do qual eu participava no Pacific Union College, Califórnia. A pergunta devia ser considerada im-portante porque esquadrinha nossa pressuposição fundamental sobre o papel do Espírito na igreja e na fun-ção de liderança.

Até aqui, temos explorado nos-sa necessidade de ser mais abertos em reconhecer as ações práticas do Espírito na edificação e capacitação dos crentes. Porém, ao mesmo tem-po, alguns de nós que ministramos ao povo de Deus enfrentamos um desafio especial e, talvez, aparente-mente contraditório. Como líderes e pastores, somos tentados a nos vestir, bem como vestir nossa fala e nossos projetos, com a linguagem do Espírito, e proclamar que o Espírito está liderando o povo na direção que desejamos ir.

Ungir nossos planos com pala-vras não garante que nossa vontade e a divina estão alinhadas. Nenhuma função que ocuparmos tem o rótulo de infalibilidade pessoal. Ser guiados pelo Espírito pode nos levar a enten-der que nosso caminho nem sempre é o certo.

De que maneira deveríamos bus-car a direção do Espírito? Ocasional-mente, encontro líderes que, diante de questões difíceis, retraem-se e esperam uma “palavra do Senhor”. Oração particular, meditação e

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estudo são absolutamente neces-sários, mas, buscando identificar a direção do Espírito, líderes sábios também procuram se aconselhar com seus colaboradores. Um líder que se retrai para buscar uma reve-lação de Deus para determinada si-tuação – uma experiência que pode ser notoriamente subjetiva – pode ser considerado fora da realidade e até mesmo manipulador.

De acordo com Ellen G. White, “nossos pastores e líderes precisam reconhecer a necessidade de buscar o conselho de seus irmãos que há muito estão no trabalho, e que al-cançaram profunda experiência nos caminhos do Senhor. A disposição de alguns de se fecharem dentro de si mesmos e de se julgarem competen-tes para planejar e executar, segundo seus próprios juízos e preferências, leva-os a posições difíceis. Tal ma-neira independente de trabalhar não é correta, e não deve ser seguida”.5

Para todos os que buscam a dire-ção do Espírito Santo, os encontros com Ele não são necessariamente ex-periências emocionais, dramáticas, privativas ou místicas para envolver alguém numa incandescência de pie-dade. Se estivermos abertos à direção de Deus, o Espírito poderá nos encon-trar enquanto dialogamos com um conselheiro confiável, consultamos nossos colegas ou conversamos com nossa esposa. Ele pode nos falar em meio aos negócios administrativos da igreja, ou numa reunião de comissão.

Assim, minha resposta à pergunta daquele jovem foi simples: Lideran-ça eclesiástica jamais deve ser mal interpretada como “infalibilidade pessoal”. A nomeação de alguém pa-ra uma função não lhe dá automa-

ticamente uma linha direta com o Espírito Santo. Devemos buscar Sua direção através do estudo da Palavra de Deus, oração, aconselhamento com irmãos e irmãs de fé, e fazer isso com humildade.

Ministério do EspíritoDurante uma visita à China, em

2009, encontrei duas mulheres cujo trabalho realizado há décadas sim-plesmente desafiava a lógica huma-na. Hao Ya Jie lidera uma comuni-dade adventista em Shenyang. Ela começou o trabalho com 25 pessoas. Atualmente, 20 anos depois, a comu-nidade é composta de sete mil mem-bros. Três mil na sede e os demais es-tão distribuídos em 17 congregações. Quando Hao Ya Jie fala, percebe-se um senso de força e ternura em seus olhos; e quando ela ora é impossível não se deixar trespassar pela paixão de suas palavras.

Encontrei também Zu Xiu Hua, na província de Jilin, liderando um distrito de 20 mil membros. Quan-do as restrições governamentais contra a religião entraram em vigor, em 1989, a igreja naquela região ex-perimentava grande crescimento. Ela relatou a história de um gran-de batismo conduzido pelo único pastor adventista que ali trabalhava naquela ocasião. Ele planejava reali-zar sozinho a cerimônia, mas havia muitos candidatos. Então, ele entrou no rio, proferiu a bênção batismal e permitiu que anciãos e diáconos o ajudassem mergulhando as pessoas nas águas batismais. Três mil pes-soas foram batizadas durante três dias. Perguntei a Zu Xiu Hua, como isso foi possível. Ela respondeu: “As pessoas receberam estudos bíblicos, notaram nosso zelo e foram impres-sionadas pelo Espírito Santo.” Uma resposta simples e poderosa.

Algumas vezes retrocedemos o olhar para o extraordinário momen-to do Pentecostes e olhamos nova-mente para o futuro derramamen-to da Chuva Serôdia. Então, é fácil imaginar que ocupamos um espaço intermediário na História, e nos per-

guntamos: Onde estão os sinais e maravilhas? Onde está o espetáculo? Não nos enganemos: o Espírito de Deus está trabalhando hoje, inde-pendentemente do que pensemos a respeito de Seu trabalho.

É perigoso pensar em buscar o Es-pírito apenas como um poder futuro pelo qual devemos esperar e orar. De maneira arriscada, reduzimos o impacto prático do poder do Espírito aqui e agora, ao considerá-Lo algo fora de nosso alcance. Podemos nos tornar espiritualmente introspec-tivos e distraídos de nossa missão.

A presença e o poder do Espírito Santo em nossa vida e igreja sempre serão um subproduto, não o alvo, da obediência, de nossa boa vontade em confiar nossa vida, nossas ambições e escolhas à missão de Cristo. Pois quando nós, como igreja, focaliza-mos a missão e reunimos todos os nossos recursos para ela, nós nos abrimos ao influxo e à capacitação do Espírito Santo, sem o qual somos incapazes de cumprir a missão.

Através dos anos tenho estudado, ensinado e pregado sobre o Espírito Santo e, às vezes, tenho lutado para compreender a maneira pela qual Ele atua na igreja hoje. Mas continuo crendo que as perguntas mais im-portantes que podemos fazer sobre o Espírito são estas: Que diferença prática Ele faz em minha vida? Nas minhas decisões? Em meu estilo de liderança? Na atmosfera que tento cultivar em minha área de trabalho e na igreja? No modo pelo qual eu trato as pessoas, dentro e além da comuni-dade de fé? No trato que dispenso à missão que Deus me confiou?

O Espírito Santo está vivo. Ele es-tá presente e atua hoje em Sua igreja e no povo de Deus, assim como fez no passado. Ele continuará agindo enquanto estivermos aqui.

Referências:1 Ellen G. White, Mensagens Escolhidas, v. 2, p. 36, 37.2 ___________, Parábolas de Jesus, p. 113.3 ___________, Obreiros Evangélicos, p. 287.4 ___________, Atos dos Apóstolos, p. 520.5 ___________, Testemunhos Para Ministros e Obreiros Evangélicos, p. 501, 502.

“A presença do Espírito deve transformar débeis seres humanos em uma genuína comunidade

de discípulos”

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Apolo S. Abrascio

Secretário da Associação Norte Catarinense

Da criação à glória

A Pessoa divina do Espírito Santo está presente desde o primeiro até o último capí-

tulo da Bíblia. Ele é apresentado em íntima associação com a Terra e a humanidade, envolvido nos extraor-dinários feitos da criação, conversão e santificação. Num tempo como es-te em que estamos vivendo, no qual muitos negam Sua personalidade e outros simulam Suas manifestações, é necessário entendê-Lo melhor.

A Palavra de Deus não demora em mencioná-Lo. No segundo versícu-lo da Bíblia, lemos que “o Espírito de Deus Se movia sobre a face das

águas” (Gn 1:2). Assim, ao descre-ver o processo da criação, Moisés destacou a Pessoa do Espírito San-to, indicando uma presença íntima, profunda e comprometida com nos-so planeta. Ele que pairava sobre as águas, continua Se movendo em nosso mundo, sobre povos, nações e línguas. Procura espaço para entrar no coração humano, convencendo-o e guiando-o em toda a verdade.

Conforme o Comentário Bíblico Adventista, na criação, o Espírito de Deus estava presente e agiu em cumprimento à ordem do Senhor, fazendo com que perfeição, beleza e

harmonia surgissem do caos. Desde o Gênesis e através de toda a Escri-tura, esse Espírito exerce papel de agente divino em todos os atos cria-dores: da Terra, da natureza, da igreja e da nova vida no homem.1

Gênesis 2:7 é um texto através do qual podemos contemplar Deus fazendo do solo do jardim uma oficina de trabalho, enquanto Sua mão desempenhava o misterioso ato da formação do homem.2 Mas qual teria sido o papel do Espírito Santo da criação do ser humano? O patriarca Jó sugere uma resposta ao dizer: “O Espírito de Deus me fez; o

O mesmo Espírito que, no início, pairava sobre as águas continua ativo na recriação do ser humano

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sopro do Todo-poderoso me dá vida” (Jó 33:4). Esse ato traz à memória o relato de João 20:22, onde Cristo soprou sobre os discípulos e lhes deu o Espírito Santo. Alguns teólogos identificam João 20:19-22 como no-va criação.3 De fato, existem alguns paralelos entre os relatos da criação (Gênesis 1; 2) e o relato do evangelho de João. Em ambos as três Pessoas da Divindade são mencionadas. Em ambos há um sopro divino. Em am-bos há uma bênção e uma comissão.

Considerando a intenção de Deus em fazer do corpo humano o tem-plo do Espírito (1Co 6:19), não se-ria demais dizer que, quando Deus soprou sobre Adão, este se encheu não apenas de vida, mas perfeito, puro, incontaminado como saiu das mãos do criador, também era cheio do Espírito de Deus.

Depois do pecado Como sabemos, a felicidade edê-

nica não perdurou e a entrada do pe-cado causou separação entre Deus e o homem, tristeza ao Espírito de Deus (Ef 4:30). Com nossa mente limitada, podemos apenas imaginar a profundidade do sofrimento e a dor que o pecado causou nAquele que “intercede por nós com gemidos inexprimíveis” (Rm 8:26). Persistindo na rebelião, as gerações se afundaram na perversidade e violência. Mas o Espírito Santo permaneceu aqui, mi-nistrando em favor do pecador e, com isso, revelando a grandiosidade do amor de Deus pela humanidade caída. O Espírito Santo passou a ser o agen-te divino que toca o coração do ser humano, despertando-o, atraindo-o

e conduzindo-o a Cristo e à verdade, restaurando nele a imagem de Deus.

Assim como era impossível à Ter-ra evoluir por si mesma até chegar a desenvolver plenamente a vida e todos os sistemas, é impossível para o homem desenvolver-se até alcançar plenamente a imagem e semelhan-ça divina. Tendo participado ativa-mente na criação do mundo a partir de um abismo de trevas, o Espírito Santo é o agente divino que cumpre a vontade de Deus, agindo na recria-ção de Sua imagem no ser humano mergulhado no abismo do pecado.

Pergunta Ellen G. White: “Quem, a não ser o Espírito Santo, pode tra-balhar com mentes humanas para transformar o caráter, tirar as afei-ções daquilo que é temporal e pere-cível, e imbuir a mente de ardente desejo por apresentar a herança in-corruptível, a eterna substância que é imperecível, e recria, refina e santi-fica os instrumentos humanos para que se tornem membros da família real, filhos do celeste Rei?”4

O ser humano não se converte sozinho, nem instantaneamente. Essa é uma operação maravilhosa do Espírito de Deus (Jo 16:7, 8), confor-me descrita nas seguintes palavras: “Mediante um agente invisível como o vento, Cristo está continuamente atuando no coração. Pouco a pouco, sem que o objeto dessa obra tenha tal-vez consciência do fato, produzem-se impressões que tendem a atrair a pes-soa para Cristo. Essas impressões se podem causar meditando nEle, lendo as Escrituras, ou ouvindo a palavra do pregador. De repente, ao chegar o Es-pírito com mais direto apelo, a pessoa se entrega alegremente a Jesus. Isso é chamado por muitos uma conversão repentina; é, no entanto, o resultado de longo processo de conquista efetu-ado pelo Espírito de Deus – processo paciente e prolongado.”5

Neutralização da má naturezaA Bíblia apresenta o pecado como

uma força terrível, muito acima do controle humano. Paulo o descreveu como algo real, tão pleno e tão forte

quanto uma lei, a lei do pecado enrai-zada em nossos membros (Rm 7:21, 23). Por causa dessa lei que é própria de sua natureza, o ser humano pode querer ser bom, mas, estando sozi-nho na tentativa de satisfazer esse desejo, não lhe será possível concre-tizá-lo. Sozinho, pode querer e se esforçar para ser puro e correto, mas não conseguirá. Qualquer pessoa que tentar por si mesma vencer a lei do pecado, acabará cansada e frustrada, e dirá como Paulo: “Sei que nada de bom habita em mim, isto é, em mi-nha carne. “Porque tenho o desejo de fazer o que é bom, mas não consigo realizá-lo. Pois o que faço não é o bem que desejo, mas o mal que não quero fazer, esse eu continuo fazen-do... Miserável homem que eu sou! Quem me livrará do corpo sujeito a esta morte?” (Rm 7:19, 20, 24).

Certamente, Paulo foi muito sin-cero ao escrever essas palavras. Ele queria deixar claro que, para o ser humano sozinho, a tarefa de vencer sua natureza pervertida é impossí-vel. Devido a muitos fatores, as lutas espirituais são diferentes, em tipo e intensidade, para cada pessoa. Mas todas convivem com alguma forte tendência pecaminosa que age no seu interior. Como antídoto, Paulo apresenta outra lei que se opõe à lei do pecado: “Por meio de Cristo Jesus a lei do Espírito de vida me libertou da lei do pecado e da morte” (Rm 8:2). Ao pecado e suas tendências para o mal somente é possível “resistir e ven-cer por meio da poderosa atuação da terceira Pessoa da Divindade”.6 O Es-pírito Santo é onipotente.7 E quando Ele habita em nós, conseguimos, por Seu poder, neutralizar e mortificar as obras da carne (Rm 8:3).

Neutralizar a natureza pecamino-sa é parte da jornada de restauração da imagem de Deus no ser humano; é torná-lo participante da natureza divina (2Pe 1:4). Quanto mais ple-no do Espírito, mais espiritual é o ser humano, mais ele conhece Deus (1Jo 4:8); mais amoroso e justo será, em preparo crescente para o encon-tro com o Senhor (Hb 12:14).

“O maior milagre que podemos presenciar é a substituição de um coração de pedra por um coração sensível e pleno do Espírito

de Deus”

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O Espírito Santo não conhece limi-tes. Ele pode atuar sobre o mais em-pedernido pecador e transformá-lo em santo. Tomou Paulo, o implacável perseguidor da igreja, e o transfor-mou no mais ousado mensageiro do evangelho.8

O maior milagre que este mundo pode presenciar é a ressurreição de um ser que estava morto em delitos e pecados. É o revestimento de glória em um ser outrora encoberto pelas trevas do mal. É a substituição de um cora-ção de pedra por um coração de carne, sensível e pleno do Espírito de Deus.

No tempo do fimNos últimos dias, a atuação do Es-

pírito Santo será mais poderosa do que em qualquer tempo no passado, tendo em vista o cumprimento de três propósitos: formar um movi-mento de pregação do evangelho a todo o mundo, fortalecer o povo de Deus a fim de que resista à crise final e preparar a igreja para a vinda de Jesus Cristo.

Ungido pelo Espírito, duran-te Seu batismo, Cristo iniciou Seu ministério terrestre de salvação (At 10:38). Os apóstolos foram ungi-dos pelo mesmo Espírito Santo, no dia de Pentecostes, e iniciaram sua mis-são como evangelistas (At 2:17-41). Ao ser batizado, Paulo recebeu o Espí-rito, teve a visão recuperada e partiu anunciando a salvação em Jesus Cristo (At 9:17-20). No fim dos tempos a igreja, cheia do Espírito, será capaci-tada para concluir a missão recebida.

O Apocalipse descreve a atuação do Espírito Santo sobre o povo de Deus, como tendo dois aspectos: Seu ministério sobre a igreja e Seu minis-tério com a igreja. Um está no início; o outro, no fim do mencionado livro. Nos capítulos 2 e 3, o conselho “ouça o que o Espírito diz às igrejas” é re-petido sete vezes (Ap 2:7, 11, 17, 29; 3:6, 13, 22). O Espírito Santo sempre aconselhou e guiou o povo de Deus. Nestes últimos dias, Sua orientação é vital para que seja preservada a unidade da igreja e para coordenar a expansão dela.

Em Apocalipse 22:17, está escrito: “O Espírito e a noiva dizem: ‘Vem!’ E todo aquele que ouvir diga: ‘Vem!’ Quem tiver sede, venha; e quem qui-ser, beba de graça da água da vida.” Tendo ouvido e atendido o convite do Espírito Santo, a igreja transbordará poder e, com Ele, trabalhará para fa-zer soar o último convite divino para a salvação da humanidade. Deus não planejou que o Espírito trabalhasse sozinho nesta época solene da histó-ria terrestre. Ele deseja que sejamos instrumentos ou parceiros do Espíri-to na pregação do evangelho.

A mensagem do Apocalipse é clara: o Espírito e a igreja chamam pessoas para viver uma experiência maior e melhor do que tudo o que podem esperar deste mundo árido, cheio de cisternas rotas. Só existem fontes de água viva em Cristo Jesus. O Espírito e a igreja convidam a todos para beber a largos sorvos dessa água. Assim, a mensagem será pregada por pastores e membros reavivados, cheios de fé como fru-to de uma vida de oração e comu-nhão.9 Ousadamente, condenarão Babilônia pelos pecados cometidos (Ap 18:2, 3). Apontarão a lei de Deus como regra de conduta para Seus filhos, destacando o sábado como dia do Senhor e proclaman-do o sangue de Cristo para perdão dos pecados. A preciosa verdade alcançará o mundo “não tanto por argumentos como pela convicção profunda do Espírito de Deus”.10

Resistência na criseOs últimos dias serão marcados

por manifestações do enganador. Os poderes do mal serão avolumados (2Tm 3:1-5). A Bíblia prediz a realiza-ção de sinais e prodígios (Mt 24:24; Ap 13:13). Surgirão falsos reaviva-mentos caracterizados por manifes-tações sobrenaturais de glossolalia e milagres.11 O sobrenatural servirá de apoio à obra do engano. O inimi-go tentará arregimentar os que não estão firmes na verdade da Palavra de Deus e desviar, se possível, até os escolhidos. O fiel povo de Deus

sofrerá ataques externos, incluindo decretos de perseguição, limitação e morte (Ap 13:7, 15, 16). Quando o Espírito Santo não mais estiver persuadindo aqueles que rejeitaram Seus apelos e não se entregaram a Cristo, o mal ultrapassará os próprios limites.12 Internamente, a igreja será atormentada por extremistas con-servadores ou liberais que, através de críticas mordazes, provocarão divisões e deserções. Anjos maus, personificando crentes, se infiltrarão entre o povo de Deus introduzindo forte espírito de descrença.13

Será esse um tempo de angústia com nunca houve (Dn 12:1). A agonia que a igreja terá de enfrentar exigirá fé que suporte cansaço, a demora e a fome.14 É tempo de sacudidura, que levará ao abandono da fé os críticos, superficiais, não consagrados, de-sobedientes15 e fará transparecer o remanescente que permanecerá de pé na crise final. A segurança para o fiel é que o Espírito Santo jamais abandonará aqueles a quem selou (Ef 4:30) e preservará o povo de Deus na batalha final.16 A igreja será per-seguida, aprisionada, parecerá fraca, mas será forte no Espírito. A fé não se perde atrás das grades, nem di-minui com a perseguição. Atacada e perseguida, mas forte e vitoriosa no Espírito de Deus, a igreja de Cristo aguardará seu Senhor.

PreparoComo pastores, muitas vezes es-

tudamos as profecias relacionadas com os últimos dias e quase nos de-sesperamos porque vemos o cenário profético sendo montado para a úl-tima grande crise. Ao mesmo tempo, percebemos que ainda carecemos, como indivíduos e como igreja, de fazer o que precisa ser feito como preparo para enfrentar o que nos aguarda. Há muitos irmãos que não se acham preparados para defender os fundamentos da fé que professam, e têm dificuldade para manter comu-nhão com Deus, através do estudo diário da Bíblia e da prática da oração. Vaidades mundanas ainda dominam

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o coração de alguns. Vivemos os últi-mos dias da História e muitos ainda parecem indiferentes.

A condição da igreja nestes últi-mos dias faz lembrar a condição dos apóstolos antes do Pentecostes. Esti-veram com Cristo, mas não haviam se deixado moldar pelos ensinamentos e exemplo do Mestre. Eram egoístas e disputavam posições (Mc 9:34), ao mesmo tempo em que se mostravam tímidos na defesa da verdade. Tinham dificuldades para entender as palavras de Cristo e para interpretá-las corre-tamente. Em certas ocasiões, mostra-ram-se fracos no combate ao poder das trevas (Mt 17:15, 16). No jardim do Getsêmani, dormiram quan-do deviam permanecer em oração (Mt 16:36-46). Não entenderam algu-mas parábolas do Mestre (Mt 13:36; Jo 10:6) nem se conformaram com as previsões de sofrimento e morte de Cristo (Mc 9:31, 32).

Porém, com a vinda do Espírito Santo, no Pentecostes, aqueles ho-mens tímidos, temerosos, inconstan-tes e vaidosos foram transformados. O que fizeram eles? Consagraram-se, humilharam-se, oraram, confessaram faltas, apararam arestas, sepultaram ressentimentos e mágoas, pediram intensamente e esperaram confiante-mente o cumprimento da promessa do Espírito Santo. Quando, final-mente, Ele Se manifestou em forma de línguas de fogo, em som como de tempestuoso vento sobre eles, nunca mais foram os mesmos. Cheios de poder, com inusitada ousadia, fi-zeram grandes coisas para Deus.

Essa é a experiência que a igreja deve buscar urgentemente. Inclusive, porque “não há coisa alguma que Sa-tanás tema tanto como que o povo de Deus desimpeça o caminho mediante a remoção de todo impedimento, de modo que o Senhor possa derramar Seu Espírito sobre uma enfraqueci-da igreja e uma congregação impe-nitente... Quando o caminho estiver preparado para o Espírito de Deus, a bênção virá. Satanás não pode im-pedir uma chuva de bênção de cair sobre o povo de Deus, assim como

não pode fechar as janelas do Céu para que a chuva não caia sobre a Ter-ra. Homens ímpios e demônios não podem impedir a obra de Deus nem excluir Sua presença das reuniões de Seus fiéis, caso eles, de coração ren-dido e contrito, confessem e afastem de si seus pecados, reclamando com fé as promessas de Deus. Toda ten-tação, toda influência contrária seja ela franca ou oculta, será resistida com êxito, ‘não por força nem por violência, mas pelo Meu Espírito, diz o Senhor dos exércitos’ (Zc 4:6)”.17

O poder para anunciar eficazmen-te o evangelho é o poder do Espírito. A força para resistir à crise vem do Espírito. A santificação da igreja para o encontro com o Senhor é resultado da operação do Espírito.

A glória do remanescenteHaverá um remanescente, uma

igreja preparada para o encontro com o Senhor; um povo cheio do Espírito, “com o rosto iluminado e a resplandecer de santa consagração”, anunciando com pressa a mensagem do Céu.18 Essa não é apenas uma possibilidade. É uma profecia. Jesus falou do grupo que, em Sua vinda, ouvirá as melodiosas palavras: “Venham, benditos de meu Pai! Recebam como herança o reino que lhes foi preparado desde a criação do mundo” (Mt 25:34). João viu a noiva ataviada com linho finíssimo, resplandecente e puro, pronta para as bodas do Cordeiro (Ap 19:7-9). Nós somos chamados a fazer parte do cumprimento dessa profecia. Temos o privilégio de ser usados pelo Espírito a fim de promover a unidade e santificação da igreja, preparando assim a noiva para o encontro com o Noivo. O maior prêmio do ministério pastoral será ver pessoas pelas quais trabalhamos recebendo das mãos de Cristo a coroa da vida eterna.

Glória é uma palavra-chave no evento da vinda de Cristo. O dia do evento será glorioso (At 2:20); Jesus virá em glória (Mt 24:30); os salvos ressuscitarão em glória (1Co 15:43); receberemos “a imperecível coroa da

glória” (1Pe 5:4). A igreja se tornará gloriosa (Ef 5:27). A glorificação da igreja no dia da vinda de Cristo é o clímax de um processo que começa com o trabalho do Espírito Santo a partir da conversão, porque o Espí-rito de Deus é o Espírito da glória (1Pe 4:14), e através do Espírito esta-mos sendo transformados de glória em glória (2Co 3:18). É o Espírito que renova, santifica e glorifica19 o homem. Pela comunhão com Cristo vamos crescendo de glória em glória até que a natureza pecaminosa seja erradicada e o Espírito de Deus nos tome em plenitude.

De tudo o que foi mencionado até aqui, três verdades essenciais devem ser lembradas: nossa existência é fru-to da ação do Espírito Santo. Só exis-te comunhão e harmonia com Deus através do Espírito Santo. O cumpri-mento da missão somente é possível através do poder do Espírito Santo. Por isso, o ministério pastoral cheio do Espírito Santo é vivo e poderoso; vem de Deus e leva para Deus. “A des-cida do Espírito Santo sobre a igreja é olhada como estando no futuro; é, porém, o privilégio da igreja tê-la ago-ra. Busquem-na, orem por ela, creiam nela. Precisamos tê-la, e o Céu espera para concedê-la.”20

Referências:1 Seventh-day Adventist Bible Commentary, v. 1, p. 209.2 Ibid., p. 222.3 Ver comentários sobre João 20:22 em William Barclay, Comentário do Novo Testamento; e no Comentário Bíblico Moody. 4 Ellen G. White, Mensagens Escolhidas, v. 3, p. 138.5 ___________, O Desejado de Todas as Nações, p. 172.6 Ibid., p. 671.7 Ellen G. White, Atos dos Apóstolos, p. 21.8 Ibid., p. 120.9 Ellen G. White, O Grande Conflito, p. 606.10 Ibid., p. 612.11 Ellen G. White, Eventos Finais, p. 138, 139.12 ___________, O Grande Conflito, p. 614.13 ___________, Eventos Finais, p. 140.14 ___________, O Grande Conflito, p. 621.15 Ibid., p. 608.16 Ellen G. White, Eventos Finais, p. 215, 126.17 ___________, Mensagens Escolhidas, v. 1, p. 124.18 ___________, O Grande Conflito, p. 612.19 Seventh-day Adventist Bible Commentary, v. 6, p. 850.20 Ellen G. White, Evangelismo, p. 701.

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E. Edward Zinke

Tesoureiro da Sociedade Teológica Adventista

O infalível intérprete da Bíblia

Diferente da literatura secular, a Bíblia foi escrita sob a su-pervisão do Espírito Santo.

Pelo fato de que sua origem difere da origem de outras obras literárias, os elementos para sua interpreta-ção também devem ser diferentes. A hermenêutica para o estudo das obras de autores famosos do mun-do não é adequada para o estudo da Bíblia. Justamente porque o pa-pel do Espírito Santo na produção, interpretação e aplicação da Bíblia a distingue de todas as outras lite-raturas humanamente motivadas, devemos reconhecer e respeitar sua origem singular.

Embora a Escritura não tenha um texto de significado espiritual místi-co, secreto ou incompreensível em si mesmo, esse significado não pode ser captado simplesmente pelo estudo da sintaxe, gramática, dos antece-dentes, autor, estilo ou estrutura. A fim de compreendermos correta-mente a Bíblia, necessitamos permi-tir que ela seja seu próprio intérprete, sob a orientação do mesmo Espírito que originalmente a inspirou.

OrigensA Bíblia se apresenta como um es-

tilo distinto de literatura, reivindican-do repetidamente sua origem divina. “Veio a mim a Palavra do Senhor”; “disse Deus”; “o Espírito do Senhor fa-lou”; são expressões empregadas pe-los autores para identificar a origem da mensagem. Paulo se referiu às Es-crituras como os “oráculos de Deus” (Rm 3:2), e também declarou: “Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção e para a instrução na jus-tiça, para que o homem de Deus seja apto e plenamente preparado para toda boa obra” (2Tm 3:16, 17). Pedro afirmou que o Espírito Santo falou através dos profetas, vaticinando a vinda do Salvador.

Embora tenha sido escrita ao lon-go de séculos, a Bíblia mostra uma unidade de revelação divina que foi canalizada através do Espírito Santo para os profetas e apóstolos. A com-binação entre o humano e o divino resultou no que é a Palavra de Deus. Por essa razão, a Escritura diz que “jamais a profecia teve origem na

vontade humana, mas homens fala-ram da parte de Deus, impelidos pelo Espírito Santo” (2Pe 1:21).

Assim, a Bíblia é única. Por causa de sua origem divina, ela é sua pró-pria autoridade, independentemente da autoridade, filosofia e dos mé-todos humanos. Sua hermenêutica vem dela mesma e está em harmonia com ela mesma.

Visão de mundoA verdade afirmada por uma peça

literária normalmente é aceita pelo poder de sua retórica, lógica, filosofia e ciência, ou por sua apresentação de fatos, a beleza de sua linguagem e habilidade do autor. Entretanto, a Escritura não necessita do poder de escritores humanos. Primeiramente, o Espírito prepara nosso coração e mente para recebê-la como autorida-de para nossa vida. O Espírito con-firma seus ensinamentos: “O próprio Espírito testemunha ao nosso espí-rito que somos filhos de Deus” (Rm 8:16). “Ninguém pode dizer: “Jesus é Senhor”, a não ser pelo Espírito Santo” (1Co 12:3). Também é dito:

Somente o Espírito Santo, que nos deu as Escrituras, pode nos ajudar a entendê-las corretamente

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“nosso evangelho não chegou a vocês somente em palavra, mas também em poder, no Espírito Santo e em plena convicção” (1Ts 1:5).

Uma atitude mundana, ou uma empírica, humanística ou raciona-lista cosmovisão imposta à Bíblia pode fechar a mente para o que Deus tem transmitido através de Sua Palavra. Jesus é a Luz do mun-do; todavia, quando Ele veio em Sua própria luz, os homens preferiram as trevas. Eles se agarraram à pró-pria cosmovisão, em vez de se expo-rem à Luz (Jo 1:4-13). Assim, foram deixados em trevas.

Até os discípulos foram afetados pelo mesmo problema. Eles estive-ram com Cristo durante três anos e meio; porém, a despeito das pro-fecias do Antigo Testamento e dos constantes ensinamentos e adver-tências de Cristo, eles não esperavam a crucifixão. Sua cosmovisão não lhes permitia aceitar um Messias sofre-dor. Ciúmes e disputas ocupavam tanto a mente deles que não podiam ouvir as advertências de Cristo sobre Sua morte que logo ocorreria.

Nicodemos procurou Jesus à noi-te, levado pela visão de que o Messias podia ser um rei mundano. Ele como que produziu uma velinha, humana-mente centralizada, para tentar ilu-minar a Luz do mundo. Aplicou uma forma de pensamento terrestre à sua compreensão de Jesus (Jo 3:1, 2).

Conhecendo Nicodemos, Jesus foi diretamente ao ponto: A menos que alguém seja nascido da água e do Espírito, não pode ver o reino do Céu. O que é da perspectiva ter-restre é terrestre. O que é nascido do Espírito é espiritual. Nicodemos respondeu: “Como é possível nascer de novo?” Jesus respondeu que nós falamos do que conhecemos; isto é, a visão mundana da vida que ocupa nossa mente (Jo 3:5, 6, 9, 11).

Se temos dificuldade em compre-ender sinais e milagres, como pode-mos compreender o que Cristo nos fala a respeito das coisas celestiais? Em contraste ao pensamento mun-dano, se o Filho do homem é levan-

tado, Ele atrai a Si todos os seres hu-manos (Jo 12:32). Aqueles que vão a Jesus sabem quem é Ele, porque são nascidos e guiados pelo Espírito Santo (Jo 3:1-20; cf. Jo 1:31-34). Em outras palavras, somente sob o poder e inspiração do Espírito San-to alguém pode conhecer a verdade. Sistemas mundanos de pensamento não nos levarão à cruz; na verdade, nos afastarão dela.

Paulo chama a atenção para a importância da perspectiva correta para a compreensão da Palavra de Deus: “Não se amoldem ao padrão deste mundo, mas transformem-se pela renovação da sua mente, para que sejam capazes de experimentar e comprovar a boa, agradável e per-feita vontade de Deus” (Rm 12:2). Assim, ele adverte: “Tenham cuidado para que ninguém os escravize a fi-losofias vãs e enganosas, que se fun-damentam nas tradições humanas e nos princípios elementares deste mundo, e não em Cristo. Pois em Cristo habita corporalmente toda a plenitude da divindade, e, por es-tarem nEle, que é o Cabeça de todo poder e autoridade, vocês receberam a plenitude” (Cl 2:8-10).

Por meio de sua sabedoria, o mun-do, conforme Paulo mencionou aos coríntios, não conhece Deus. Al-guns buscam sinal, isto é, evidência empírica, enquanto outros querem sabedoria filosófica; mas Deus não é encontrado nesses sistemas. So-mente podemos conhecê-Lo através de Sua autorrevelação e, por meio do Seu Espírito, Ele Se faz conhecido a nós. O Espírito Santo, não o mundo, nos ensina a respeito de Deus. Nosso poder e conhecimento não se encon-tram nos sistemas humanos, mas na sabedoria e no poder de Deus, segun-do nos é revelado por Seu Espírito.

ConversãoQuando nos entregamos à von-

tade de Deus através do Espírito, somos nascidos de novo. A conver-são produzida pelo Espírito Santo é uma completa reversão de direções. Anteriormente, vivíamos em trevas;

agora, vivemos na luz. Nossa vida era direcionada para as coisas deste mundo; agora sabemos que deseja-mos as coisas celestiais. Nossa mente estava enlaçada pelos erros das pers-pectivas mundanas; agora, por meio da revelação bíblica, vemos as coisas segundo o ponto de vista de Deus.

Por essa razão, toda atitude de rejeição da posição de que a Escritura é fruto da vontade de Deus, através da mediação do Espírito Santo, nega a razão para a existência da Bíblia. Rejeita seu contexto imediato. Por-tanto, o intérprete perde o que é vital para a compreensão da Escritura, que é a Palavra de Deus. Essa imposição de uma cosmovisão externa sobre a Bíblia nega ao intérprete o princípio básico e o poder essencial para com-preensão da Bíblia. Assim, surgem as interpretações erradas.

Além disso, a obstinada retenção do pecado na vida nos torna de-safinados com a Palavra de Deus, pois o pecado nos insensibiliza para a influência do Espírito Santo, da qual necessitamos para discernir cor-retamente a Escritura. “Quem não tem o Espírito não aceita as coisas que vêm do Espírito de Deus, pois lhe são loucura; e não é capaz de en-tendê-las, porque elas são discerni-das espiritualmente” (1Co 2:14). “A mentalidade da carne é morte, mas a mentalidade do Espírito é vida e paz; a mentalidade da carne é inimiga de Deus porque não se submete à Lei de Deus, nem pode fazê-lo” (Rm 8:6, 7).

Manobras Sob o poder e direção do Espírito

Santo, a Bíblia é nossa ligação com Deus. Por isso, é propósito de Satanás nos levar a interpretá-la mal. O inimi-go deseja instilar em nós um “coração perverso e incrédulo, que [nos] afaste do Deus vivo” (Hb 3:12). Ele trabalha para nos tentar a duvidar da Palavra de Deus (Hb 3: 4) e, nessa tentativa, leva-nos a usar métodos indepen-dentes dos métodos de Deus. Leva--nos a deificar a razão, fazendo-nos pensar em nosso próprio intelecto como sendo independente de Deus.

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Sugere que, fundamentados em prin-cípios científicos, podemos explicar a influência do Espírito. Leva-nos a perverter o significado da Escritura; tenta-nos a rejeitar as menores ver-dades bíblicas, o que nos fará rejeitar as maiores. Em suma, ele sabe que o evangelho é um mistério para os que estão perdidos, aqueles a quem o “deus desta era cegou o entendi-mento... para que não vejam a luz do evangelho da glória de Cristo, que é a imagem de Deus” (2Co 4:4).

Portanto, é fundamental que ja-mais nos deixemos levar por essas manobras destinadas a nos fazer re-jeitar o papel do Espírito Santo na compreensão da Escritura.

Nossa compreensão da Escritura é aclarada quando abrimos a mente ao Espírito que transforma tanto a men-te quanto o coração. “Se o Espírito dA-quele que ressuscitou Jesus dentre os mortos habita em vocês, Aquele que ressuscitou a Cristo dentre os mortos também dará vida a seus corpos mor-tais, por meio do Seu Espírito, que habita em vocês (Rm 8:11).

O poder de Cristo operando atra-vés do Espírito, remove o véu da nossa cegueira mental (2Co 4:4-17). Com face descoberta, todos nós que contemplamos “a glória do Senhor, segundo a Sua imagem estamos sen-do transformados com glória cada vez maior, a qual vem do Senhor, que é o Espírito” (2Co 3:18). Então, Ele escreve a lei de Deus em nosso co-ração de carne (v. 3), harmonizando esse coração bem como nossa mente com a mente de Cristo (1Co 2:16).

Essa união com Cristo abre nossa mente para ver a beleza e ter a com-preensão da Palavra de Deus, o que éramos incapazes de experimentar antes da conversão. Em outras pala-vras, uma verdadeira compreensão da Bíblia depende da conversão do coração e da mente por meio da ope-ração do Espírito.

Poder e direçãoO Espírito Santo é o Espírito da

verdade (Jo 15:26). O Espírito não fala de Si, mas sempre em harmo-

nia com a Bíblia. Ele nos faz lembrar as palavras da Escritura, estimula a mente a fim de possibilitar mais pro-funda compreensão da mensagem bí-blica. “Quando o Espírito da verdade vier, Ele os guiará a toda a verdade. Não falará de Si mesmo; falará apenas o que ouvir, e lhes anunciará o que es-tá por vir. Ele Me glorificará, porque receberá do que é Meu e o tornará conhecido a vocês” (Jo 16:13, 14).

Temos o privilégio de comungar com Aquele que nos deu a Palavra do Senhor e receber o estimulante poder que produz conversão de coração e mente. O Espírito Santo nos conduz às palavras de vida. Ele comunica o perdão de Deus através do sacrifício de Jesus Cristo, capacita-nos a viver por Jesus e confirma nossa esperança de vida eterna com Cristo.

Unicamente o Espírito, que nos deu as Escrituras, pode nos dar com-preensão delas. O Espírito Santo fala à nossa mente e imprime verdades bíblicas sobre nós. Ele exalta e glo-rifica Jesus Cristo em Sua pureza, justiça e salvação, “conduzindo-as [verdades bíblicas] como um poder vivo ao coração obediente” (Ellen G. White, Evangelismo, p. 167).

Pelo Espírito, entramos na vida de santificação. A regeneração de nos-sa vida nos habilita a compreender plenamente a verdade. Cristo orou: “Santifica-os na verdade, a Tua Pa-lavra é a verdade” (Jo 17:17). Existe uma interação entre a vida que vive-mos e nossa compreensão da verda-de. A verdade não é simplesmente o que nós sabemos, mas o que fazemos (1Jo 1:6; Jo 3:21). Disse Jesus: “Se alguém decidir fazer a vontade de Deus, descobrirá se o Meu ensino vem de Deus ou se falo por Mim mes-mo” (Jo 7:17).

ProclamaçãoSe nossa leitura da Bíblia estiver

aberta à orientação do Espírito San-to, ela culminará com o desejo de partilhar com outras pessoas o que Cristo tem feito por nós. Depois da ressurreição, Cristo Se reuniu com os discípulos e lhes prometeu que o Es-

pírito Santo viria sobre eles a fim de que fossem testemunhas em Jerusa-lém, Judeia, Samaria, até os confins da Terra. Mais tarde, quando todos estavam juntos, ficaram cheios do Es-pírito e apresentaram corajosamente a Palavra de Deus (At 1:5-8; 4:31). Paulo também afirmou que não tinha vindo com excelência de sabedoria, com palavras persuasivas de sabe-doria humana nem sinais empíricos, mas em demonstração do Espírito e poder (1Co 1:17; 2:16).

O dom do Espírito Santo impeliu os discípulos a levar a mensagem do evangelho a todo o mundo. Em vez de especulação humana, a espada do Espírito derramou luz sobre Cristo e abriu caminho entre a descrença, produziu penitência, confissão e transformação. Milhares se conver-teram em um só dia. Rapidamente, a igreja se expandiu (Ellen G. White, Atos dos Apóstolos, p. 284).

O poder da Bíblia sob o Espírito de Deus não é imaginário, etéreo nem místico. Esse poder trouxe mundos à existência, deu vista a cegos, cura para surdos e vida a mortos. O que mais Satanás desejaria era reduzir a força desse poder em nós, distanciar--nos da transformação que ele pro-duz e separar nossa pregação de sua influência.

O Espírito Santo é o Consolador. Ele almeja abrir a Bíblia para nós, pois ela contém a mensagem do amor de Deus, Seu plano de salvação e Sua oferta de perdão. Ele nos purifica do pecado que anuvia nossa leitura das Escrituras. O Espírito Santo produz conversão de coração e mente, o que nos habilita a compreender a Palavra de Deus e viver em harmonia com ela. Finalmente, através das Escri-turas, o Espírito Santo nos dá a pro-messa da breve vinda de Jesus, que restaurará nossa comunhão face a face com Deus, propósito para o qual a Escritura foi dada originalmente.

Inspirada pelo Espírito Santo, a Bíblia pode ser compreendida ape-nas por meio desse mesmo Espírito. Quão importante é que abramos nos-sa vida à obra do Espírito!

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Frank Hasel

Diretor da Faculdade Adventista de Teologia em

Bogenhofen, Áustria

Invisível, mas perceptívelTudo o que o Espírito Santo realiza em nós, por nosso intermédio e em nosso favor

Quando consideramos a doutrina do Espírito Santo, somos con-frontados com um estranho pa-

radoxo. Por um lado, encontramos um silêncio em muitas obras teológicas, com apenas alguma referência superficial so-bre o tema em ligação com a questão da Trindade. Por outro lado, encontramos um crescente interesse no trabalho do Espírito Santo. O movimento pente-costal e a subsequente onda de cristia-nismo carismático têm levado muitos cristãos a um novo despertamento em relação ao Espírito Santo e Seus dons na vida dos crentes. Aqui, o foco é posto na obra do Espírito Santo em nós – os dons espirituais que nos capacitam para o desempenho de nossos ministérios.

Muito desse interesse alimentado em relação ao Espírito Santo é motivado pelos benefícios que adquirimos dEle. Entretanto, devemos nos lembrar de que o tema da Bíblia é primeiro e acima de tudo Deus; não nós e nosso potencial espiritual. Mesmo os dons que recebe-mos pertencem a Deus (1Co 12:11). Portanto, é apropriado que estudemos o Espírito Santo e Sua obra a partir de uma base teocêntrica e bíblica.

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Revelação e inspiraçãoAs revelações especiais de Deus

e Sua vontade, contidas na Escritu-ra, resultam do trabalho do Espírito Santo. Toda a Escritura é inspirada por Deus (2Tm 3:16), e nenhuma profecia pode ser elaborada por vontade humana (2Pe 1:20, 21). O Espírito Santo é o Espírito da ver-dade (Jo 14:16, 17; 15:26), produz em nosso coração e mente confian-ça na Palavra de Deus. O Espírito Santo moveu os escritores bíblicos de tal maneira que o que eles escre-veram em suas próprias palavras foi, apesar disso, a Palavra de Deus que nos chega com autoridade divina 1Ts 2:13). Embora o Espírito Santo tenha inspirado aqueles escritores para que se lembrassem fielmente do que Deus lhes havia revelado, o resultado não foi um livro prima-riamente sobre o Espírito Santo, mas sobre Jesus Cristo, o Filho de Deus (cf. Lc 24:25-27, 44, 45; Jo 16:14; 15:26; At 5:32; 1Jo 4:2).

A íntima ligação entre o Espírito Santo e a Bíblia reside no fundamen-to do princípio protestante de autori-dade. De acordo com Bernard Ramm, “o próprio princípio de autoridade dentro da igreja cristã deve ser... o Es-pírito Santo falando nas Escrituras, que são produto da ação inspiradora e reveladora do Espírito”.5 A Bíblia é autorizada porque é o veículo através do qual Deus escolheu nos falar, me-diante a obra do Espírito.

O Espírito Santo e as EscriturasEnfaticamente, Calvino chamou

a atenção para o fato de que o Espí-rito Santo confirma o testemunho e estabelece a inviolável autoridade das Escrituras. A isso ele chamou de testemunho interno do Espírito (tes-timonium Spiritus sancti internum).6 Esse testemunho é mais forte que qualquer razão humana. Assim, a Escritura é autoautenticada.7 Essa garantia não é fruto de algum pro-cesso racional, mas é recebida pe-la fé. O Espírito Santo estabelece a confiabilidade das Escrituras na vida do cristão.

Porém, aqui há um desafio: As Es-crituras não apresentam o Espírito em nenhuma forma estruturada e metódica. Talvez, em parte, isso te-nha que ver com uma característica peculiar ao próprio Espírito Santo: Sua posição de retaguarda.

AbnegaçãoNa Bíblia, o Espírito Santo não

busca ser o centro da atenção. Ele de-sempenha um papel que envolve mais uma “posição de retaguarda” na Di-vindade.1 O Espírito Santo promove e intermedia a presença e o senhorio de Jesus Cristo através de Sua presença em nossa vida. James Packer disse apropriadamente: “A mensagem do Espírito nunca é: ‘Olhe para Mim’; ‘ouça-Me’; ‘venha a Mim’; ‘receba-Me’; mas sempre é: ‘Olhe-O’; ‘veja Sua gló-ria’; ‘conheça-O; ‘ouça Sua Palavra’; ‘vá a Ele e tenha vida’; ‘experimente Seu dom de alegria e paz’.”2

Em nosso mundo pecaminoso tão cheio de egocentrismo e busca de autopromoção, a beleza do Espí-rito pode ser vista não na exibição do Eu, mas em Sua abnegação. “Por essa razão os crentes são chamados ‘cristãos’, não ‘espírito-santistas’.”3 Assim, o Espírito Santo nos ensina humildade, ao dar glória a Deus o Pai, através de Jesus Cristo, Seu Filho.

Conhecimento de DeusO Espírito Santo também desem-

penha papel fundamental em nosso conhecimento de Deus. O apóstolo Paulo estabelece que o Espírito Santo examina até a profundidade de Deus (1Co 2:10, 11). Ele conhece Deus como nenhum outro ser conhece. Não ape-nas tem acesso exclusivo a Deus, mas também é divino, membro da Divin-dade.4 Por essa razão, o Espírito Santo é singularmente adequado para revelar Deus e Sua vontade a nós, de manei-ra confiável e autorizada. Conhecer o Deus da Bíblia significa que temos que confiar em Deus que Se tornou conhe-cido a nós, através do Espírito Santo, em Sua Palavra. Em certo sentido, o Espírito Santo é a base epistemológica para o conhecimento de Deus.Fo

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Ter a segura Palavra de Deus não é o bastante. Esse ato deve ser seguido de aceitação e obediência da Palavra. Assim, revelação, inspiração, correta compreensão e obediência à Palavra re-velada são derivadas do Espírito Santo. Sem o Espírito, não há apreciação, ou afeição pela mensagem divina. Sem o Espírito, fé e amor estarão ausentes em nossas respostas à mensagem da Escri-tura. Necessitamos do Espírito Santo para nos capacitar a compreender o que Ele inspirou (cf. 1Co 2:12, 14, 15; Ef 1:17-19; Sl 119:18).

O trabalho do Espírito Santo com a Escritura não se limita ao distan-te passado. Ele continua a falar às pessoas através da Bíblia ainda hoje, tornando-a viva, ao mesmo tempo em que nos ajuda a compreender o significado e relevância do texto bíblico para nossa vida no presente. “O Espírito não foi dado... a fim de sobrepor-Se à Escritura; pois esta explicitamente declara ser ela mes-ma a norma pela qual todo ensino e experiência devem ser aferidos.”8

Ao aceitar a Palavra escrita como sendo confiável e verdadeira, somos levados pelo Espírito a aceitar a Pala-vra viva de Deus, Jesus Cristo, como nosso Salvador e Senhor.

O Espírito Santo e CristoO Espírito Santo foi ativo instru-

mento não apenas na produção da Palavra escrita de Deus, mas também atuou na concretização da Palavra encarnada. Ele preparou o caminho para o Messias através dos profetas. Mais significativamente, “a concep-ção do Messias foi empreendida pelo Espírito”.9 Ele foi o responsável pela concepção de Jesus Cristo no ventre da virgem Maria: “O anjo respondeu: O Espírito Santo virá sobre você, e

o poder do Altíssimo a cobrirá com a Sua sombra” (Lc 1:35). Qual foi o resultado disso? Aquele recém-nas-cido seria chamado “santo, Filho de Deus”, significando que Jesus é na verdade o Filho dAquele que é santo, o Filho de Deus, verdadeiramente divino e verdadeiramente humano.

Segurança da salvaçãoO Espírito Santo nos dá certeza

de nossa salvação por meio de Jesus Cristo. Ele “testemunha ao nosso espírito que somos filhos de Deus” (Rm 8:16). Dá-nos a evidência de que Deus trabalha em nós. “Do seguinte modo sabemos que Ele permanece em nós: pelo Espírito que nos deu” (1Jo 3:24). O Espírito Santo nos dá segurança de nossa adoção como filhos de Deus. Ele é a testemunha e o selo que confirmam nossa permanência em Cristo (2Co 1:21, 22; Ef 1:13, 14; 4:30).

O Espírito Santo é o agente desse selamento e a garantia de que Deus completará a obra que Ele mesmo co-meçou em nós (Fp 1:6). Por essa razão, o apóstolo Paulo estabelece que todas as promessas de Deus têm o “sim” em Cristo (2Co 1:20), que “nos ungiu, nos selou como sua propriedade e pôs o seu Espírito em nossos corações como garantia do que está por vir” (v. 21, 22). Esse selamento implica uma obra de dimensão moral; andar no caminho da santidade que acompanha o selamen-to do Espírito.10 Daí, a admoestação paulina: “Não entristeçam o Espírito Santo de Deus, com o qual vocês foram selados para o dia da redenção. Livrem--se de toda amargura, indignação e ira, gritaria e calúnia, bem como de toda maldade. Sejam bondosos e compassi-vos uns para com os outros, perdoan-do-se mutuamente, assim como Deus os perdoou em Cristo” (Ef 4:30-32, cf. 1Tm 2:19). Em outras palavras viver no Espírito significa ter um estilo de vida espiritual e congruência moral com os ensinamentos das Escrituras (cf. 1Co 4:17).

Novo nascimento“Respondeu Jesus: ‘Digo-lhe a

verdade: Ninguém pode entrar no

Reino de Deus, se não nascer da água e do Espírito. O que nasce da carne é carne, mas o que nasce do Espírito é espírito’.” (Jo 3:5, 6). Paulo afirma que, sem a obra do Espírito Santo, não podemos experimentar regeneração e renovação (Tt 3:5). Na verdade, enquanto nos permi-timos ser guiados pelo Espírito de Deus, tornamo-nos filhos de Deus (Rm 8:14). O Espírito desperta cora-ções pecaminosos e espiritualmente mortos (Ef 2:1; Ez 36:26, 27) e cura nossa cegueira espiritual (At 26:18; 2Co 4:4). Ele realiza isso ao despertar em nós a conscientização de nosso pecado (Jo 16:8) e nos convencer de nossa perdição e da consequente necessidade de um Salvador.

Santificação e desenvolvimento de caráter

O Espírito Santo deseja nos tor-nar santos, assim como Deus é san-to. Por essa razão, Ele nos purifica do pecado e nos santifica. Paulo es-creveu: “Vocês foram lavados, foram santificados, foram justificados no nome do Senhor Jesus Cristo e no Espírito de nosso Deus” (1Co 6:11). O Espírito produz em nós uma vi-da inteira de crescimento em santi-dade, exteriorizada no surgimento de frutos como “amor, alegria, paz, paciência, amabilidade, bondade, fi-delidade, mansidão e domínio pró-prio” (Gl 5:22, 23). Ele nos capacita a viver vitoriosamente pela graça de Deus. Nosso ser é transformado à Sua semelhança “com glória cada vez maior, a qual vem do Senhor, que é o Espírito” (2Co 3:18).

Através do poder do Espírito San-to, recebemos santificação e a alegria da obediência (2Ts 2:13; 1Pe 1:2; cf. Rm 8:4; 15; 16).

Missão e evangelismoO Espírito Santo também capacita

os crentes para a missão e o evan-gelismo. Ele provê o poder essen-cial para a missão da igreja (At 1:8; Rm 15:18, 19). O Espírito Santo cha-ma pessoas para que sejam portado-ras da missão de Deus (At 13:2, 3).

“A verdadeira unidade é trabalho do Espírito. Somos Seus humildes servos e não devemos

estorvar Sua influência”

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Ele guia e dirige missionários a lugares específicos a fim de que sejam teste-munhas de Deus e trabalhem pelo crescimento de Sua igreja (At 16:6-8). Também equipa os cristãos para a pro-clamação efetiva do evangelho eterno em todo o mundo, e leva pessoas a aceitar Jesus como Salvador e a ser obedientes à Palavra escrita de Deus.

O Senhor determinou que a mensagem de Seu evangelho seria pregada ao mundo através de Seus discípulos que tivessem recebido o Espírito Santo. Entretanto, somente se a igreja estiver unida poderá cum-prir a missão mundial. Nesse ponto, o Espírito Santo desempenha outra tarefa significativa.

Unidade na igrejaO Espírito Santo nos une de di-

versas maneiras. Primeiramente, Ele nos conduz a Cristo, nosso Salvador e nos une a Ele. De acordo com João Calvino, “o Espírito Santo é o vín-culo pelo qual Cristo efetivamente nos une a Si”.11 Ser unido a Cristo “é, de fato, o fundamento de todas as bênçãos da salvação. Justificação, santificação, adoção e glorificação, tudo isso é recebido através de nossa união com Cristo”.12 Esse trabalho do Espírito Santo, realizado no in-divíduo, leva a uma comunidade de fé específica: a igreja.

Tendo experimentado a salvação por meio de Jesus Cristo, a igreja é le-vada a viver a comunhão do Espírito Santo (2Co 13:14; Fp 2:1, 2). De fato, a igreja necessita ser compreendida como uma comunidade de fé que é chamada para permanecer no Espí-rito. Assim, os crentes são individu-almente constituídos em uma nova casa espiritual de Deus “no Espírito” (Ef 2:22). Como seguidores de Cristo, devemos estar zelosamente empe-nhados em “conservar a unidade do Espírito pelo vínculo da paz” (Ef 4:3).

Pelo mesmo Espírito, também somos batizados no corpo de Cristo (1Co 12:13). O Espírito Santo nos une, através do batismo em um corpo; consequentemente, a igreja, como comunidade de fé se torna o

lugar da habitação do Espírito Santo (1Co 3:16, 17; Ef 2:19-22). Além disso, o Espírito Santo apoia e sus-tenta os vários membros do corpo de Cristo, outorgando-lhes dons es-pirituais. São diferentes dons, que o mesmo Espírito distribui individual-mente, segundo a vontade dEle (1Co 12:11), e que cooperam para o bem comum (v. 7), de modo que o corpo de Cristo seja bem equipado para o cumprimento da missão de procla-mar o evangelho eterno a um mundo prestes a perecer. Considerando que o Espírito Santo distribui Seus dons conforme Sua vontade, não devemos esperar que todos os crentes recebam obrigatoriamente todos os dons.

O Espírito Santo produz amor em nosso coração (Rm 5:5; Gl 5:22; Cl 1:8), e esse amor nos reúne em perfeita harmonia (Cl 3:14). Nesse amor e unidade espiritual, “não há judeu nem grego, escravo nem livre, homem nem mulher; pois todos são um em Cristo Jesus”, através da obra do Espírito (Gl 3:28).

Frequentemente creditamos a se-res humanos a habilidade de plantar, estabelecer e manter igrejas. Entre-tanto, não devemos nos esquecer de que, em mais profunda instância, a própria existência da igreja depende do Espírito Santo. Podemos buscar unidade e paz, bem como fazer tu-do para evitar contenda e discórdia entre nós; mas a verdadeira unidade é trabalho do Espírito. Somos Seus humildes servos e não devemos es-torvar Sua influência.

O fundamento teológico para a unidade da igreja é a operação do Es-pírito Santo através da divina Palavra escrita, por Ele inspirada. O Espírito de Cristo, que habita nos cristãos ja-

mais nos leva a duvidar, criticar, ir além ou minimizar os ensinamentos bíblicos. O Espírito Santo trabalha com a Bíblia, a fim de que ela se re-vele a Palavra viva de Deus, que pode transformar nossa vida.

Em suma, o Espírito Santo é a terceira Pessoa da Divindade, traba-lhando harmoniosamente com Deus, o Pai, e com Deus, o Filho, na criação e em nossa salvação. O Espírito San-to nos desperta da morte espiritual, leva-nos à conscientização de nossa pecaminosidade e perdição, crian-do em nós o anseio por mudança e conduzindo-nos a Jesus Cristo. Ele nos dá a certeza da salvação, amolda--nos para que sejamos semelhantes a Jesus e habilita-nos a cumprir a vontade e a missão de Deus. Ele ge-rou a Palavra escrita de Deus, como nosso guia seguro e única norma para a vida e doutrina cristãs. Finalmente, o Espírito Santo une a igreja no fun-damento da Palavra de Deus.

Graças a Deus por Sua sublime presença, através do Espírito Santo!

Referências:1 Bruce A. Ware, Father, Son and Holy Spirit:

Relationships, Roles and Relevance (Wheaton, IL: Crossway Books, 1005), p. 104.

2 James I. Packer, Keep in Skip with the Spirit (Leicester, Inglaterra: InterVarsity Press, 1994), p. 6, citado em Graham A. Cole, He Who Gives Life: The Doctrine of the Holy Spirit (Wheaton, IL: Crossway Books, 2007), p. 284.

3 Graham A. Cole, Ibid.4 Sobre a divindade e personalidade do Espírito

Santo, ver Edward Henry Bickkersteth, The Trinity (Grand Rapids. MI: Kregel Publications, 1993); Max Hatton, Understanding the Trinity (Alma Park Grantham, Inglaterra: Autum House, 2001); Woodrow Whidden, Jerry Moon e John Reeve, The Trinity: Understanding God’s Love, His Plan of Salvation and Christian Relationships (Hargestown, MD: Review and Herald, 2002).

5 Bernard Ramm, The Pattern of Religious Authority (Grand Rapids, MI: Eerdmans, 1968), p. 29.

6 João Calvino, Calvin: Institutes of the Christian Religion (Philadelphia: Westminster John Knox Press, 1988), v. 1. p. 7.

7 Ibid., p. 7, 4.8 Ellen G. White, O Grande Conflito, p. 7.9 Graham A. Cole, Op. Cit., p. 151.10 Ver Thomas C. Oden, Systematic Theology

(Peabody, MA: Prince Press, 2011), v. 3, p. 185.

11 João Calvino, Op. Cit., 3.1.1.12 Robert Letham, The Work of Christ (Leicester,

Inglaterra: InterVarsity Press, 1993), p. 80, citado em Graham A. Cole, Op. Cit., p. 217.

“Sem o Espírito Santo, fé e amor estarão

ausentes em nossas respostas à mensagem

da Escritura”

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“O poder do Espírito Santo não é mera força intelectual, como a manifestada em discursos de poderosa eloquência. O dinamismo do Espírito pode se unir aos dons de conhecimento e eloquência como os de Paulo; mas também pode ser concedido aos não instruídos como Pedro e João. O fogo resplandecente do intelectualismo pode impressionar e seu efeito parecer sobrenatural, mas não pode ser confundido com o Espírito Santo. Uma coisa é eletrizar os ouvintes; porém trazê-los arrependidos aos pés de Cristo é algo totalmente distinto. O primeiro é um assunto inteiramente de palavras; o outro é manifestação do poder do Espírito Santo”.

“O Espírito Santo é todo equipamento de que a igreja necessita. Na era apostólica, foi tão suficiente que, com 120 membros cheios do Espírito Santo, a mensagem foi estendida muito além do que se tem propagado desde então até nossos dias, apesar de nossas facilidades múltiplas. Os homens, seus dons, métodos, suas leis, todas essas coisas são maquinaria morta, a menos que sejam vitalizadas e tornadas efetivas pelo Espírito do Pentecostes”.

“Onde estão os homens cheios do Espírito Santo, como estiveram os primeiros cristãos nos dias apostólicos? Corremos o gravíssimo risco de depender de homens, métodos e dinheiro em lugar de depender do único recurso que pode levantar homens, dirigi-los, vitalizá-los e capacitá-los com métodos corretos, produzindo e abençoando o dinheiro necessário”.

“Nosso grande erro não consiste na falta de maior zelo nem de mais incentivo, mais força nem mais atividade. Nosso erro consiste simplesmente em uma atitude indiferente para com o Espírito Santo. Estamos tratando de render um serviço aceitável a Deus, quase sem considerar o único poder mediante o qual esse serviço pode ser cumprido. Na igreja, como no mundo, tudo é pressa, velocidade, pressão. Achamo-nos tão ocupados que não temos tempo para atender as questões mais necessárias. Nossas mãos estão cheias, porém, muito amiúde, nosso coração pode estar vazio”.

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“O Espírito Santo é todo equipamento de que a igreja necessita. Na era apostólica, foi tão suficiente que, com 120 membros cheios do Espírito Santo, a mensagem foi estendida muito além do que se tem propagado desde então até nossos dias, apesar de nossas facilidades múltiplas. Os homens, seus dons, métodos, suas leis, todas essas coisas são maquinaria morta, a menos que sejam vitalizadas e tornadas efetivas pelo Espírito do Pentecostes”.

“Onde estão os homens cheios do Espírito Santo, como estiveram os primeiros cristãos nos dias apostólicos? Corremos o gravíssimo risco de depender de homens, métodos e dinheiro em lugar de depender do único recurso que pode levantar homens, dirigi-los, vitalizá-los e capacitá-los com métodos corretos, produzindo e abençoando o dinheiro necessário”.

“Nosso grande erro não consiste na falta de maior zelo nem de mais incentivo, mais força nem mais atividade. Nosso erro consiste simplesmente em uma atitude indiferente para com o Espírito Santo. Estamos tratando de render um serviço aceitável a Deus, quase sem considerar o único poder mediante o qual esse serviço pode ser cumprido. Na igreja, como no mundo, tudo é pressa, velocidade, pressão. Achamo-nos tão ocupados que não temos tempo para atender as questões mais necessárias. Nossas mãos estão cheias, porém, muito amiúde, nosso coração pode estar vazio”.

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REcURSOS

Um número cada vez maior de cristãos questiona a autenticidade de suas crenças. Eles anseiam descobrir se aquilo em que foram doutrinados está fundamentado nos ensinos da Bíblia ou se não passa de mera tradição. Para responder a questionamentos como esse, o Dr. Samuele Bacchiocchi dedicou 30 anos de sua vida pesquisando e escrevendo livros a respeito de crenças populares da atualidade, a partir da perspectiva bíblica. Bacchiocchi foi o primeiro não católico a cursar doutorado na Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma.

Quem é Jesus Cristo? Essa é uma pergunta para a qual existem diversas respostas. Contudo, por todos os critérios de avaliação, Jesus é incomparável. Ele foi e continua sendo alguém de quem devemos ler e ouvir. Sua vida, Seus ensinos e milagres constituem um desafio à lógica e à compreensão comum, além de um verdadeiro paradoxo. O livro oferece uma perspectiva particular e inspiradora desse extraordinário Homem-Deus.

CRENÇAS POPULARES Samuele Bacchiocchi, Casa Publicadora Brasileira, Tatuí, SP, e-mail: [email protected]; tel.: 0800 9790606; 368 páginas.

O INCOMPARÁVEL JESUS CRISTOAmin A. Rodor, Imprensa Universitária Adventista, Engenheiro Coelho, SP, www.unaspress.unasp.edu.br, tel.: (019) 3858-9000; 142 páginas.

Nos últimos anos, o mundo tem enfrentado uma série de crises. Diante disso, muitas pessoas se voltam para as profecias, na tentativa de entender melhor o presente e o futuro. Essa busca é válida, desde que o foco seja a revelação autêntica da Palavra de Deus. Mas, a profecia bíblica é muito mais que o mero prognóstico de eventos futuros. Neste livro, você entenderá melhor o que é profecia, descobrirá como interpretá-la e terá uma visão mais profunda de Cristo, que é o centro da profecia.

Ficar preso em uma cova com um leão não está na lista de desejos de ninguém. Mas, que alguém tenha matado um leão em uma cova em um dia de neve parece ser bem impressionante para o currículo de uma pessoa. Isso foi o que aconteceu com Benaia, corajoso personagem da Bíblia. Neste livro, o leitor verá como Deus usa experiências passadas para nos preparar para as oportunidades futuras.

MENSAGEM DE DEUSJosé Carlos Ramos, Casa Publicadora Brasileira, Tatuí, SP, 128 páginas.

NA COVA COM UM LEÃO EM UM DIA DE NEVE Mark Batterson, Editora Vida, São Paulo, SP, www.editoravida.com.br, tel.: (11) 2618-7000; 182 páginas.

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“Deus está em busca de pastores que tenham genuína paixão pelos

pecadores”

DE cORAçãO A cORAçãOSecretário ministerial da Divisão Sul-Americana

Carlos Hehin

epois de rejeitar Saul, [Deus] levantou-lhes Davi como rei, sobre quem testemunhou: ‘Encontrei Davi, filho de Jessé, homem se-

gundo o Meu coração; ele fará tudo o que for da Minha vontade’” (At 13:22).

Esse texto nos transmite a ideia de um Deus que busca pessoas a fim de cumprir Seus propósitos de salvação para o mundo. Quando eu era adolescente, ouvi um ser-mão sobre ele. Naquela ocasião, fui atingido pelo desejo de ser achado por Deus a fim de ser pastor.

Durante a mensagem, o prega-dor falou que Saul, primeiro rei de Israel, havia fracassado como esta-dista e líder espiritual. A situação era dramática. Fazia-se necessário escolher outro líder. Então, por meio do profeta Samuel, Deus achou Davi.

Assim como nos dias do Antigo Testamento Deus bus-cou e encontrou Abraão, José, Moisés e muitos outros, nos tempos da igreja primitiva Ele continuou a busca por pessoas que promovessem Sua causa no mundo. Foi assim que, na poeirenta estrada rumo a Damasco, Ele encontrou Saulo, que depois se tornou Paulo, o apóstolo dos gentios. Desde aquele memorável encontro, “Cristo, e este crucificado” Se tornou a suprema paixão da vida desse apóstolo. Humberto Rodhen assim o descreveu: “Paulo era um livro que falava só de Cristo. Era uma chama que ardia só para Cristo. Era um gênio que só pensava em Cristo. Era um homem com uma vontade que só desejava Cristo. Era um soldado que lutava só por Cristo. Era uma pessoa que vivia só para Cristo, por Cristo e através de Cristo.”

Sim, através dos séculos Deus tem procurado homens e mulheres para Seu serviço. Quando o mundo foi en-volvido pela longa noite da apostasia medieval, Deus buscou um homem que O ajudasse a dissipar as trevas da idade escura. Então, achou Martinho Lutero, piedoso monge agostiniano. Com voz eloquente, pregação po-

derosa e persuasiva, Lutero perturbou papas e cardeais, reis e imperadores, estados e continentes, ao pregar a mensagem da justificação pela fé, mudando o curso da História cristã.

Mais tarde, Deus buscou um homem para restaurar Sua igreja em terras pagãs e achou William Carey. Aproximava--se o fim do período profético mais longo registrado na Bí-blia – as 2.300 tardes e manhãs – e Deus buscava alguém que proclamasse com poder, certeza e fervor a mensagem do primeiro anjo apocalíptico (Ap 14:6, 7). Achou Gui-

lherme Miller. Nos primórdios do movimento adventista, Ele pro-curou um profeta e achou uma menina – Ellen G. Harmon, mais tarde, Ellen G. White.

Deus continua buscando pes-soas, e aqui surge uma pergunta: Quais são as características do

ser humano a quem Ele busca? Certamente, não busca apenas alguém rico, famoso ou intelectual. Carey era sapateiro, Lutero era filho de um mineiro, Davi, pastor de ovelhas. Aquele a quem Deus procura não precisa ser perfeito. Diante do chamado divino, Isaías exclamou: “Ai de mim! Estou perdido! Sou um homem de lábios impuros” (Is 6:5). Pedro era impulsivo em suas reações e explosivo na conduta. Paulo era intolerante e rude. Porém, todos foram transformados e, pela graça de Deus, capacitados para promover a missão.

Na verdade, todos aqueles a quem Deus achou tinham duas características: Consagração e paixão pelos perdidos. É-nos dito que Jesus não via diante de Si apenas uma massa uniforme de pessoas; Ele via homens e mulheres, jovens, idosos e crianças, e era movido com apaixonada ternura por todos. Semelhantemente, Deus procura pastores que tenham semelhante paixão pelos pecadores.

Sim, a pessoa a quem Deus procura hoje tem que estar disposta a se entregar incondicionalmente nas mãos de Deus, a fim de ser usada como instrumento no resgate daqueles por quem Cristo deu a vida. Achou Ele você?

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Procurando apaixonados

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