revista irmanados no mesmo espírito de cooperação, vi-sando a bem gerir a fbg e a melhor conduzir...

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REVISTA MARÇO 2016 NÚMERO 4 Informativo Oficial da Federação Brasileira de Gastroenterologia Volume 28 ISSN 2446-5054 REVISTA DEZEMBRO 2016 NÚMERO 7 Informativo Oficial da Federação Brasileira de Gastroenterologia Volume 30 ISSN 2446-5054 DRA. MARIA DO CARMO ENCERRA GESTÃO, DEIXANDO GRANDE LEGADO Especial SBAD 2016 BELO HORIZONTE RECEBE MAIS DE 5.000 PARTICIPANTES DESTAQUES DA DDW 2016 DESTAQUES DO UEGW 2016

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REVISTA

MARÇO 2016

NÚMERO 4

Informativo Oficial da Federação Brasileira de Gastroenterologia

Volume 28

ISSN

244

6-50

54

REVISTA

DEZEMBRO 2016

NÚMERO 7

Informativo Oficial da Federação Brasileira de Gastroenterologia

Volume 30

ISSN

244

6-50

54

DRA. MARIA DO CARMO ENCERRA GESTÃO, DEIXANDO GRANDE LEGADOEspecial

SBAD 2016BELO HORIZONTE RECEBE MAIS DE 5.000 PARTICIPANTES

DESTAQUES DA DDW 2016

DESTAQUES DO UEGW 2016

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SUMÁRIO

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Pág. 23

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Pág. 33

Pág. 32

Pág. 7

Pág. 18

EDITORIAL

DIRETORIA FBG 2015-2016

ESPECIAL • Entrevista com Dra. Maria do Carmo Friche Passos

• Realizações 2015-2016

SAÚDE• Destaques da DDW 2016

• UEGW – Congresso Europeu de Gastroenterologia

• Endoscopia normal em pacientes com dispepsia

PERGUNTAS AO ESPECIALISTA• Associação de probióticos no esquema tríplice

• Mecanismo de ação dos IBP´s

NOTÍCIAS FBG• XV SBAD • FAPEGE

• A casa dos gastroenterologistas • Lançamento de livros

• Prêmio Jaime Eisig • Título de Especialista

• Comenda Prof. Luiz de Paula Castro• Estatuto e Regimento da FBG

• FBG elege presidente para 2019-2020• Liga Acadêmica do aparelho digestório

• Jurídico: Simples Nacional• Gestão 2017-2018

• Boas-vindas à nova diretoria

VARIEDADES• Música

• Literatura: João Cabral de Melo Neto

GASTROARTE

AGENDA FBG 2017

Revistas FBG publicadas na gestão 2015-2016

MENSAGEM DE FINAL DE ANO Pág. 34

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Revista FBG - Órgão oficial de divulgação da Federação Brasileira de Gastroenterologia Av. Brigadeiro Faria Lima, 2.391 - 100 andar - Conjunto 102 - CEP 01452-000 - São Paulo - SP

Fone: +55 11 3813-1610 Fax: +55 11 3032-1460 - www.fbg.org.br

Editor-chefe: Antonio Frederico MagalhãesCoordenadora de Comunicação e Marketing: Fátima Lombardi

Gerente: Jaider Henrique SilvaDiretor de Comunicação: Décio Chinzon

Jaime Natan Eisig (in memorian) Coordenação editorial: Malu Martins

E-mail: [email protected]

Projeto gráfico e diagramação: Phototexto Comunicação & ImagemEdição: Bárbara Cheffer (MTB 53.105/SP) - [email protected]

Revisão: Carmen GarcezTiragem: 3.000 exemplares

Impressão: Ar Fernandez Distribuição: nacional

ISSN: 2446-5054 Circulação: trimestral

A reprodução da Revista FBG é permitida, desde que citados a fonte e o autor da matéria.

Os conceitos e opiniões emitidos nos artigos

e nos anúncios são de exclusiva responsabilidade de seus autores e anunciantes.

Expediente

O informativo oficial da Federação Brasileira de Gastroenterologia foi publicado pela primeira vez em 1989, como Gastren.

A partir de 2009, passou a ser denominado Jornal da FBG.Em 2015, foi cadastrado no Instituto Brasileiro de Informação

em Ciência e Tecnologia (IBICT), com ISSN 2446-5054, passando a denominar-se Revista FBG, constituindo o Volume 27, Ano 1, abril 2015.

O sistema ISSN é definido pela norma ISO 3297:2007 – Information and Documentation – International Standard Serial Number ISSN, gerida pelo ISSN International Centre.

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EDITORIAL

Chegamos ao final do ano e com ele à última edição da Revista FBG, gestão 2015-2016, presidida pela Dra. Maria do Carmo Friche Passos.

Como editor da revista, pude acompanhar de perto o seu mandato e testemunhar o extraordinário impul-so dado à Federação e ao desenvolvimento da Gas-troenterologia em nosso país, frutos de sua dinâmica e carismática liderança, Dra. Maria do Carmo!

Fazer parte de sua equipe foi extremamente gratifi-cante e agradeço pela oportunidade ímpar de poder atualizar a proposta editorial deste nosso importan-te canal de comunicação, o que me proporcionou também estreitar ainda mais os laços com todos os colegas.

Destaco aqui o lançamento das seções Saúde e Per-guntas ao Especialista, nas quais pudemos contar com a colaboração dos mais prestigiados nomes da especialidade. Meu agradecimento a todos que abri-lhantaram as edições com artigos e com o esclare-cimento de dúvidas sobre diagnóstico e tratamento das mais diversas doenças do aparelho digestivo. Esse trabalho conjunto e cuidadoso repercutiu em excepcional audiência dos leitores.

Agradeço especialmente à Diretoria da FBG, pelo apoio inconteste, às Comissões Permanentes e Temporárias, às Federadas, à equipe de funcioná-rios da Federação e à minha esposa, Malu Martins, que participou de todo o projeto de inovação da revista, desde a concepção até a coordenação de todos os números.

Desejo muito sucesso à nova diretoria, presidida pelo competente Dr. Flavio Quilici, ao Dr. Joaquim Prado, que orgulhosamente terei como sucessor na condução deste veículo, e a todos os colaborado-res e incentivadores de nossa Federação. São eles a mola propulsora do contínuo progresso de nossa especialidade.

Prof. Frederico Magalhães, editor-chefe, recebendo a Comenda

Prof. Luiz de Paula Castro das mãos do Prof. Luiz Gonzaga Vaz Coelho

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DIRETORIA FBG 2015-2016

Opiniões e sugestões enriquecem nossa revista. Nosso agradecimento pela gentileza dos retornos. Continuamos todos ouvidos para você!

[email protected] | [email protected] | comunicaçã[email protected]

Dr. James Ramalho Marinho (AL)Vice-Presidente

Dra. Eponina Maria Oliveira Lemme (RJ) 1ª Secretária

Dra. Maria do Carmo Friche Passos (MG) Presidente

Dr. Ricardo Corrêa Barbuti (SP) Secretário Geral

Dr. Celso Mirra de Paula e Silva (MG) Diretor Financeiro

Dra. Luciana Dias Moretzsohn (MG) Coordenadora do FAPEGE

Dr. Flávio Antônio Quilici (SP) Presidente Eleito 2017-2018

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ESPECIAL

Maria do Carmo Friche Passos e seus diretores – James Ramalho Marinho, no cargo de vice-presidente; Ricardo Correa Barbuti, como secretário-geral; Eponina Lemme, como primeira-secretária; Celso Mirra, como diretor financeiro; e Luciana Dias Moretzsohn, coorde-nadora do FAPEGE – estiveram à frente da FBG nos anos de 2015 e 2016. Durante esse período, muito foi realiza-do. Destaque principalmente para os programas digitais que foram implementados levando educação continuada e atualização a todos os associados da FBG. Abaixo, em entrevista exclusiva, a Profa. Maria do Carmo conta sobre os principais projetos realizados e o que significou presi-dir a Federação Brasileira de Gastroenterologia.

Como foi presidir a FBG?

Sem dúvida, foi uma grande honra e uma grata mis-são presidir a nossa entidade maior, representando os gastroenterologistas associados de todo o Brasil. Com certeza foi também um grande desafio, um período de novos conhecimentos e generosas oportunidades. Toda a diretoria trabalhou com bastante afinco neste período em prol da FBG. Conheci inúmeros colegas e fiz grandes amigos pelos quatro cantos do país. Quero honrar esse título para sempre!

Quais foram os principais desafios, as principais conquistas, implementações que valorizaram ainda mais a FBG?

Todos os projetos e ações representaram grandes desa-fios, mas também estímulo e incentivo para seguir sem-pre em frente com o objetivo de finalizar a gestão com a sensação de dever cumprido. Para isso, com certeza, foi

fundamental contar com o apoio incondicional dos co-legas da minha diretoria, das diversas comissões e com uma equipe de funcionários dedicada, competente e dis-posta sempre a nos atender da melhor forma possível. Com essa equipe unida e coesa, o trabalho na direção da FBG ficou seguramente muito mais fácil e produtivo.

Várias foram as conquistas no período da nossa gestão – muita ênfase aos programas digitais, para que todos os associados, mesmo aqueles que residem nas re-giões mais distantes, pudessem ter acesso aos progra-mas de atualização científica. Implementamos novos cursos on-line, como o “Academia FBG”, e neste últi-mo mês foi lançado o aplicativo da FBG (GAAP) com o objetivo de manter uma maior e melhor conectividade com os nossos associados.

O Curso de Atualização da FBG no Gastrão foi realizado de forma inédita nos dois últimos anos. Dentre as impor-tantes publicações, destacamos o Tratado de Gastroen-terologia (2ª edição), Memórias da FBG em Imagens, Gastroenterologia e Endoscopia Bariátrica e Terapêutica, além dos dois livros do Curso Pré-Congresso na SBAD.

A Revista FBG, sob a coordenação do Prof. Frederico Ma-galhães, nos brindou em todas as suas edições com um conteúdo científico excelente, agendas dos grandes even-tos, informações da nossa Federação e temas culturais.

2015/2016: uma gestão digital

“ “Foi fundamental contar com o apoio incondicional dos colegas da minha diretoria e comissões, além da equipe de funcionários

dedicada, competente e disposta.Maria do Carmo Friche Passos

Dra. Maria do Carmo com as colaboradoras da FBG

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Também realizamos inúmeros cursos presenciais em todo o país (FAPEGE e Jovem Gastro), além do II Con-gresso Brasileiro de Doenças Funcionais e a SBAD de Curitiba e de Belo Horizonte, dois eventos grandiosos e com número recorde de participantes. Agradecimen-to especial aos amigos que participaram do FAPEGE, Comissões Jovem Gastro e Liga Acadêmicas.

Não posso deixar de destacar o estabelecimento de dois novos convênios internacionais com a American Gastroen-terology Association (AGA) e com a Sociedade Argentina de Gastroenterologia (SAGE), além do apoio da Rome Foundantion ao I Simpósio Brasileiro do Jovem Gastro.

O novo Estatuto da FBG foi revisado e atualizado de forma primorosa pelos colegas James Ramalho Mari-nho, Celso Mirra de Paula e Silva e Laércio Tenório Ri-beiro, sendo aprovado durante a Reunião do Conselho Diretor na SBAD.

O Movimento Brasil sem Parasitose percorreu milhares de quilômetros pelo país, levando informação e atendi-mento à população carente, e alcançou resultados sur-preendentes, devendo prosseguir no próximo ano com todo sucesso. Parabenizo e agradeço ao coordenador nacional dessa Campanha, James Ramalho Marinho, vice-presidente da nossa Federação, pelo dinamismo e competência com que conduziu este projeto em todo o Brasil.

E agora, como avalia a FBG?

A FBG continua sendo uma sociedade extremamente forte e participativa, trabalhando ativamente em todas as ações junto à AMB e ao CRM em prol da Gastroenterolo-gia brasileira. Priorizamos o apoio e atenção aos nossos associados, mas também atuamos junto aos jovens resi-dentes e alunos de graduação, integrantes das ligas de Gastroenterologia de todo o Brasil. Atualmente, a Federa-ção oferece aos seus associados um portal on-line espe-cial que possibilita uma atualização médica continuada. Além disso, realiza anualmente inúmeros cursos presen-ciais, além do grande congresso nacional, a SBAD, que é o maior encontro da nossa especialidade na América Latina. Esperamos que os novos sócios titulares, apro-vados durante a nossa gestão, possam contribuir ainda mais para o fortalecimento da nossa Federação.

Gostaria de registrar o meu sincero agradecimento aos colegas da minha diretoria e das diversas comissões, todos irmanados no mesmo espírito de cooperação, vi-sando a bem gerir a FBG e a melhor conduzir as causas de todos nós. Agradecimento que se estende aos fun-cionários da nossa instituição, tão zelosos e dedicados.

Viajando Brasil afora, em frequente contato com nos-sas Federadas, pude extrair e assimilar ações e exem-plos de solidariedade, apoio e compreensão. A todos que contribuíram para o nosso trabalho nesses dois anos, o meu muito obrigada.

Como a senhora entrega a FBG e o que espera de seu futuro?

Muitos dos nossos projetos ainda estão em andamen-to e entrego a presidência com a certeza de que o Dr. Flávio Quilici dará continuidade ao nosso trabalho, am-pliando naquilo que for possível as ações necessárias, e seguramente fará uma excelente gestão.

Desejo ao meu amigo Flávio e a todos os membros da sua diretoria uma jornada muito profícua e feliz, no cons-tante trabalho de incentivo e apoio ao aperfeiçoamento e ao crescimento profissional e humano em nossa espe-cialidade, objetivo maior que rege as diretrizes da FBG.

REALIZAÇÕES 2015/2016 �Gastrão

• 2 cursos totalizando 892 participantes

�FAPEGE • 24 cursos em diversas cidades

brasileiras

• 480 participantes

�Jovem Gastro • 4 aulas

• 12 professores envolvidos

• 176 participantes

�Academia FBG • 85 aulas disponíveis

• 1.450 visualizações

�Portal RIMA • 2789 integrantes – 123 novas

chaves

�Portal PRIMA• 334 novas chaves

�Prova de Título de Especialista • 5 provas realizadas • 142 novos titulares • 394 inscritos

Lançamento do projeto Brasil sem Parasitose em março/16 no Rio de Janeiro. Dra Maria do Carmo Friche Passos, Dr. James Marinho e Dr. Laércio Tenório (coordenadores da Campanha) ao lado do Sr. José Olímpio e do Sr. Fernando, do Grupo FQM, parceiros e patrocinadores do movimento

ESPECIAL

Aula do Prof. William Chey, da Universidade de Michigam, durante o II Congresso Brasileiro de Doenças Funcionais do Aparelho Digestivo

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Neste ano, o programa da American Gastroenterologi-cal Association (AGA) destacou o papel do gastroen-teologista no tratamento da obesidade, com o lan-çamento de um programa oficial chamado “POWER: Practice Guide on Obesity and Weight Management, Education and Resources”. Ao destacar a importân-cia da obesidade como uma doença e suas implica-ções no aparelho digestivo, mostrou a importância do gastroentologista na equipe multidisciplinar que deve acompanhar esses pacientes, especialmente com os avanços e o surgimento de novas técnicas endoscópi-cas para o tratamento da obesidade.

O tratamento na hepatite C nunca foi tão eficaz! Os últimos dados mostram uma resposta viral sustenta-da de 96% e, com o desenvolvimento de novos me-dicamentos, espera-se alcançar 100% de sucesso. Ainda existe a falsa ideia de que podemos ignorar os estágios iniciais de fibrose por décadas sem nenhum impacto na evolução da doença, mas isso não é ver-dade. Os dados mostram que quanto mais cedo for iniciado o tratamento, maiores serão os benefícios em longo prazo.

Destaques da DDW 2016

Outro conceito modificado é que a maioria dos pacien-tes hepatopatas crônicos, mesmo com doença avan-çada e descompensada, pode ser tratada e alcançar a resposta virológica sustentada com o tratamento atual. Dos pacientes listados para transplante, 36% podem atingir a resposta completa e não precisarem de trans-plante; e 25% daqueles classificados como Child C podem sair da lista com o tratamento da hepatite C.

Vários laboratórios estão em fase final de aprovação e lançamento de novas drogas para 2016 e 2017. Na DDW, foi prevista – e realmente aconteceu logo após o término do evento, em junho – a aprovação pela Food and Drug Administration (FDA) da combinação de so-fosvubir e velpastavir, que nos trials mostrou 100% de RVS em 12 semanas para todos os genótipos.

Já na hepatite B, a grande mudança foi a recomenda-ção do uso do tenofovir para gestantes com alta carga viral. Os estudos mostram que o risco de transmissão da doença para o bebê é significativo, mesmo com a administração de imunoglobina, e que o uso de teno-fovir no segundo trimestre ou início do terceiro reduz o risco de doença na criança.

A Digestive Disease Week de 2016 foi realizada em maio, em San Diego, Califórnia. O maior evento científico de Gastroenterologia do mundo reu-niu também as associações america-nas de hepatologia, cirurgia digestiva e endoscopia.

SAÚDE

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Um importante tema que não vemos frequentemente presente em congressos médicos é o custo dos tra-tamentos. O Dr. Akbar K. Waljee, da Universidade de Michigan, exemplificou em sua apresentação que os medicamentos biológicos utilizados no tratamento das doenças inflamatórias intestinais (DII) certamente são eficazes, mas não temos certeza se são sempre cus-to-efetivos. O mesmo pode acontecer com os novos tratamentos para hepatite, nos quais um comprimido pode chegar a custar US$ 1.000, e um tratamento de três meses, US$ 88 mil.

A SOBED foi destaque no programa, com um seminá-rio em conjunto com a ASGE, cujo tema foi “Desafios na endoscopia”, em que endoscopistas brasileiros fi-zeram apresentações ao lado dos americanos.

Um painel muito interessante foi sobre os usos das mí-dias sociais como ferramentas médicas. Foi citado um termo que deve definir uma nova especialidade médi-ca: “digitalista”, que advém da necessidade de monito-rar, analisar e gerir os dados de pacientes usando bios-sensores, aplicativos de smartphones e mídias sociais, segundo Dr. Brennam Spiegel, do Cedars-Sinai Health System, Los Angeles.

Um importante simpósio multidisciplinar discutiu as controvérsias sobre condutas diante de achados inci-dentais de cistos pancreáticos. O guideline da AGA foi publicado em 2015 e tem recomendações diferentes das recomendações de outros consensos anteriores, por exemplo, a recomendação de suspender o monito-ramento caso não ocorram modificações no cisto em um intervalo de cinco anos.

Um tema sempre presente nos últimos congressos científicos é o papel da dieta na etiologia e no trata-mento de várias doenças, como as DII, e de que forma podem modificar a microbiota intestinal. Entretanto, apesar das fortes evidências científicas, poucos avan-ços clínicos foram feitos recentemente e isso se deve a dois fatores: a complexidade e o alto custo de se conduzirem estudos nutricionais, e, também, as cam-panhas de marketing que, por décadas, vêm conven-cendo os pacientes de que eles podem encontrar ali-mentos mágicos capazes de curar qualquer doença.

Dr. Peter Gibson, da Universidade de Monash, Austrá-lia, mostrou estudos que sugerem que os pacientes celíacos teriam menor morbidade por doenças cardio-

vasculares. O motivo disso ainda é incerto, mas pode ter alguma ligação com o metabolismo alterado dos li-pídios ou pelo fato de que, de forma geral, os celíacos tendem a ser mais magros.

Outro tema interessante foi o avanço da tecnologia in-fluenciando mudanças nas condutas médicas. Desta-camos alguns dispositivos que foram aprovados pela FDA, em 2015, como um teste respiratório para medir o tempo de esvaziamento gástrico; a Splash M-Knife, um acessório para dissecção subucosa endoscópica; o sistema Eclipse, que é inserido na vagina para tra-tar incontinência fecal; e o Ab Stats, um estetoscópico vestível e conectado para monitorar os ruídos intesti-nais no pós-operatório.

Além de todo o conhecimento científico, a DDW é um excelente evento para encontrar amigos e confraterni-zar devido ao grande número de brasileiros presentes. A próxima edição será no período de 6 a 9 de maio de 2017, em Chicago, no estado de Illinois.

Dr. Eduardo Usuy Jr.

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UEGW – Congresso Europeu de Gastroenterologia, 2016

O foco dos congressos é hoje bem diferente do que costumava ser no passado porque o acesso à internet permite, na maioria os casos, a atualização em diferentes setores da Medicina. Nesse caso, qual seria o propósito dos congressos médicos atuais?

Embora com finalidades imediatas um pouco diversas do que já foram um dia, os congressos médicos atualmente costumam oferecer cursos pré-congresso (ou cursos de pós-graduação) para a atualização rápida e focada em numerosos campos da especialidade. Além disso, apre-sentam conferências com investigadores respeitados e debates nas sessões de temas livres em que são levantados aspectos de ponta (e eventualmente futuros).

Certamente, muitos aspectos diagnósticos e terapêuticos novos po-dem ser buscados nos diferentes sites provedores de informações científicas, mas uma das vantagens em presenciar sessões de con-gressos é permitir ter acesso às tendências importantes, dispensando as “buscas” e o risco eventual de informações tendenciosas ou menos valorizadas que também são disponíveis na internet, além de corrigir mitos e permitir a interação entre pesquisadores e o público, resolven-do dúvidas.

A Gastroenterologia constitui atualmente uma especialidade muito am-pla, com áreas bastante específicas de atuação, verdadeiras subes-pecialidades, como doenças funcionais, motilidade digestiva, doença inflamatória intestinal, pancreatologia, hepatologia e assim por diante. Nesse caso, é praticamente impossível reproduzir aqui todos os itens de ponta que foram apresentados e discutidos em um congresso im-portante como a Semana Europeia de Gastroenterologia (UEGW). Po-demos, entretanto, dar destaque de exemplos a alguns tópicos que chamaram a atenção, o que certamente incorrerá em omissões invo-luntárias.

SAÚDE

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A UEGW realizada em Viena na segunda quinzena de outubro de 2016 preenche plenamente os objetivos atuais de eventos médicos, tratando-se de um dos eventos mais importantes na área de Gastroenterolo-gia. De fato, embora seja primordialmente focado na Europa, recebe visitantes de todo o mundo, tendo che-gado neste ano à marca dos 14.000 participantes de mais de 120 países.

Exemplos de destaques selecionados

Doenças Funcionais. Roma IV

A publicação recente de novos critérios para o diagnósti-co e classificação das enfermidades gastrintestinais fun-cionais com o propósito de auxiliar os clínicos no cuidado desses pacientes foi muito bem recebida. Foi apresenta-da a necessidade de atualizar as definições relacionadas às doenças funcionais, alcançada com a publicação dos denominados “Critérios de Roma IV”. De fato, o Roma IV contém numerosas alterações importantes que foram baseadas em novas evidências e no consenso entre es-pecialistas. Entre as principais, se incluem:

• redefinição de doenças funcionais como distúrbios da interação cérebro-intestinal e a remoção do termo “funcional” quando não necessário;

• adição de novos diagnósticos como a constipação intestinal induzida por opióides, síndrome narcótico--intestinal, síndrome da hiperemese cannabinoide, hipersensitividade ao refluxo;

• revisão dos critérios de disfunção do esfíncter de Oddi;

• reconceituação da síndrome do intestino irritável e respectivos subtipos com a remoção do termo “des-conforto” de seus critérios diagnósticos. (Drossman DA - EUA)

Transplante fecal de microbiota

Estudos recentes têm confirmado que cápsulas con-tendo suspensão congelada de material fecal colhi-do de doadores sadios costumam ser bem toleradas e resolvem a diarreia em até 90% dos pacientes com infecção por C. difficile de difícil tratamento. Novos tra-

balhos estão em andamento, mas existem evidências que suportam a formulação oral de microbiota fecal.

A infecção bacteriana por C. difficile provoca diarreia grave, inflamação intestinal e morte celular. A infec-ção é disseminada pela ingestão de esporos, os quais passam às fezes e podem sobreviver por um período prolongado. O tratamento padrão inclui o uso de an-tibióticos, embora cerca de um terço dos pacientes apresentem infecção recorrente ou mesmo infecções recorrentes, com consequências algumas vezes gra-ves. Nesse caso, o transplante fecal de doador sau-dável para o paciente com C. difficile pode restaurar a microflora normal e resolver os sintomas de forma satisfatória. Embora as evidências sejam instigantes, mais estudos são necessários para essa indicação, in-cluindo outras eventualidades como diarreias funcio-nais. (Gasbarrini A – Itália)

Vinculação da proteína do trigo com inflamação em enfermidades crônicas

Estudos recentes têm sido focados no glúten e seu im-pacto na saúde digestiva, mas essa nova investigação volta o foco para uma família de diferentes proteínas encontradas no trigo, denominadas de inibidores da tripsina-amilase (ATI). O trabalho mostra que o consu-mo de ATIs pode levar à inflamação de tecidos além do próprio intestino, incluindo nódulos linfáticos, rins, baço e cérebro. Algumas evidências têm sugerido que ATIs podem piorar os sintomas de artrite reumatoide, esclerose múltipla, lúpus, esteatose hepática não al-coólica e doença inflamatória intestinal.

ATIs constituem até 4% das proteínas do trigo, embora possam desencadear importantes reações imunes. O tipo de inflamação intestinal encontrada na sensibilida-de ao glúten não celíaca difere daquela promovida na doença celíaca e hoje não se acredita que esta seja de-sencadeada pelas proteínas do glúten. Estudos clíni-cos devem ser implementados para melhor explorar o conhecimento sobre o papel das ATIs em maiores de-talhes nas condições de enfermidades crônicas, com um foco de expectativa de que a isenção desse tipo de dieta possa auxiliar no tratamento de uma variedade de enfermidades imunológicas potencialmente graves. (Schuppan D - Alemanha)

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Doença inflamatória intestinal em adultos jovens

A doença inflamatória intestinal (DII) pode ser condição extremamente debilitante e constitui um ponto de preo-cupação, principalmente durante o período de transição da infância para a fase adulta. Isso é particularmente importante com a observação de que atualmente a fre-quência da DII está se elevando na população pediá-trica. Com isso, muitos jovens com formas complica-das da doença passam a ter cuidados como se fossem adultos, algumas vezes induzindo a condutas errôneas.

Um interessante programa alemão (Berliner Transitions Programm – BTP), estabelecido há dois anos, relatou sucesso nos cuidados da transição de pacientes pe-diátricos com DII para a fase adulta. Ali, programas de transição gradual são iniciados em jovens objetivando a compreensão da sua condição de saúde tanto pe-los pacientes como por sua família. A experiência com esse grupo demonstrou até agora que os jovens que fizeram parte no programa chegaram à idade adulta de forma muito positiva. Mais da metade deles acreditava inicialmente que a doença afetaria negativamente sua educação e sua vida, o que pôde ser revertido com os cuidados apropriados do grupo.

Além da DII, o programa inclui com bons resultados outras condições pediátricas crônicas como diabetes juvenil, epilepsia, doença renal e asma. (Siegmund B - Alemanha)

Relação trombose porta e progressão da cirrose

A incidência de trombose da veia porta (TVP) em pa-cientes cirróticos varia de 0,6% a 30%. O papel da TVP é controverso e recentemente tem sido sugerido que a TVP independe da progressão prévia da doença hepá-tica e não é responsável por sua progressão.

Com o objetivo de avaliar essa eventual relação, foi realizado um estudo observacional retrospectivo in-cluindo pacientes cirróticos Child Turcutte Pugh (CTP) A e B que foram acompanhados ambulatorialmente entre março de 2008 e agosto de 2015. A progressão da cirrose foi definida como “de novo”: ascite ou ence-falopatia hepática, sangramento de varizes esofágicas, bilirrubina > 2,6 mg/dL, taxa de protrombina < 45%, al-bumina sérica < 2,8 mg/dL e/ou creatinina > 1,3 mg/dL.

A análise minuciosa dos resultados demonstrou que a progressão da TVP e cirrose podem ser duas eventuali-dades comuns da história da doença, mas ao que tudo indica não existe relação de causa e efeito. (Barosa R - Portugal)

Avanços em imagem para detecção de cânceres gastrintestinais

A técnica apresentada na UEGW 2016 envolve o uso de endoscopia padrão com um novo conjunto de filtros que aumentam o número de cores que podem ser vi-sualizadas durante o exame endoscópico, e potencial-mente melhoram a capacidade de detecção de células anormais no epitélio.

Na endoscopia tradicional é empregada a luz branca e detectores que replicam nossa visão que podem detec-tar luz nas cores vermelha, verde e azul. Acha-se ago-ra em desenvolvimento um novo tipo de abordagem denominada imagem hiperespectral, a qual aumenta o número de canais de cor que podem ser visualizados, de três para mais de 50. Uma vez que as alterações relacionadas ao desenvolvimento de câncer provoca alterações nas cores teciduais, acredita-se que a ima-gem hiperespectral pode auxiliar na caracterização da especificidade da identificação da lesão, identificando tecidos anormais.

A imagem hiperespectral pode revelar a composição química dos tecidos e, juntamente com diferentes co-rantes fluorescentes, pode vir a identificar uma série de processos biológicos, particularmente no diagnóstico de neoplasias atípicas. (Bohndiek S – Reino Unido).

Dr. Joaquim Prado

SAÚDE

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A maioria dos pacientes encaminhados aos serviços de endoscopia alta são adultos com sintomas dis-pépticos, e em muitos casos o exame endoscópico é normal.

Quando a solicitação do exame incluir pedido de bióp-sias para investigar infecção por H. pylori ou outra doença, desde que não existam contraindicações é conveniente que o endoscopista siga a orientação do clínico que encaminhou o paciente.

Mas como proceder em casos de exame endoscópico normal quando não há solicitação do clínico para rea-lizar biópsia?

A Associação Americana de Gastroenterologia (AGA), com base em cuidadosa revisão técnica da literatura, recomenda que em pacientes adultos com dispepsia sem sinais de alarme e com exame endoscópico nor-mal devem ser realizadas 5 biópsias do estômago para exame histopatológico: 2 do corpo, 2 do antro e 1 da incisura angularis – todas colocadas em um mesmo frasco, visando redução de custo.

Esse procedimento permite o diagnóstico de gastrite por H. pylori, com sensibilidade próxima a 100%. Pa-cientes que estiverem utilizando antibióticos ou inibi-dores de bomba de prótons podem apresentar gastrite crônica com ausência de H. pylori no exame histoló-gico de rotina. Nesses casos, a imuno-histoquímica ou outras técnicas de coloração poderão identificar a existência da bactéria.

É oportuno observar que na publicação citada, a “gas-trite endoscópica enantemática” foi considerada como exame normal. Biópsias do esôfago e do duodeno com aspecto endoscópico normal não são recomendadas na rotina, exceto quando existir solicitação, embasa-da em suspeita clínica especificada (Gastroenterology. 2015; 149:1.088-1.118).

As últimas diretrizes da Sociedade Europeia de Endos-copia Digestiva (ESGE), estabelecidas a partir de mi-nuciosa reunião de consenso, também recomendam a

Endoscopia normal em pacientes com dispepsiaQuando fazer biópsias?

realização de pelo menos 4 biópsias do estômago (2 do corpo e 2 do antro), colocadas em frascos sepa-rados. Com a intenção de permitir uma classificação mais acurada pelos sistemas OLGA e OLGIN, é reco-mendável acrescentar 1 biópsia da incisura angularis (Endoscopy. 2016; 48:843-864).

As duas publicações não mencionam o teste de urease.

Para diagnóstico da infecção por H. pylori nos pa-cientes com dispepsia ainda não investigada são re-comendados os testes não invasivos (respiratório ou antígeno fecal), reservando o exame endoscópico para os pacientes com sinais de alarme: hematêmese e/ou melena, disfagia ou odinofagia, vômitos persistentes, perda de peso não intencional, antecedente familiar de câncer gástrico, massa palpável no abdômen, ane-mia ferropriva e pacientes acima de 55 anos de idade, com dispepsia de início recente. Nas regiões com alta prevalência de câncer gástrico, como no sudeste da Ásia, o limite de idade é menor (N Engl J Med. 2015; 373:1.853-1.863).

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Como os testes não invasivos para diagnóstico do H. pylori estão disponíveis apenas em alguns centros de excelência de nosso país, a pesquisa da bacté-ria é usualmente realizada durante o exame endoscópico, através do teste da urease, que tem baixo custo.

O último Consenso de Maastricht estabeleceu que na prática clínica, quando for indicada endoscopia e não existe contraindicação para biópsias, o teste da urease é recomendado para pesquisa do H. pylori. Esse teste não deve ser uti-lizado para investigar a erradicação da bactéria. O Consenso também estabe-leceu que para avaliar a inflamação da mucosa gástrica, devem ser realizadas no mínimo 2 biópsias do antro e 2 do corpo para exame histopatológico e, para investigação de lesões pré-neoplásicas, é recomendável incluir uma biópsia da incisura angularis (Malfertheiner, P. Maastricht V/Florence. Gut, outubro 2016).

Um grupo de trabalho com representantes indicados pela FBG, SOBED e Socie-dade Brasileira de Patologia, coordenado pelo Prof. Luiz Gonzaga Vaz Coelho, está elaborando um protocolo para diagnóstico das alterações pré-neoplásicas do es-tômago, visando à orientação e à padronização da endoscopia digestiva no Brasil.

Na intenção de fornecer alguns dados que possam contribuir com as discus-sões sobre essa normatização, descrevemos a seguir exames endoscópicos de rotina, realizados no Hospital Vera Cruz – Campinas (SP), em um período de dois meses e meio.

Trata-se de um estudo prospectivo em pacientes consecutivos com queixa de dispepsia, encaminhados para exame endoscópico.

Foram excluídos os pacientes com hemorragia digestiva ou fazendo uso de anticoagulantes, neoplasia do tubo digestivo alto, pós-gastrectomia ou cirur-gia bariátrica, pacientes que relataram tratamento prévio para H. pylori e os com menos de 18 anos de idade.

Durante o preparo para o exame, os pacientes foram interrogados a respeito do uso de medicamentos, em especial os IBPs e antibióticos.

Foram realizadas 1 biópsia de antro e outra do corpo gástrico, sendo ambas colocadas em um mesmo frasco para o teste de urease (Renylab, MG) e 2 biópsias do corpo e 2 do antro, colocadas em frascos distintos, para exame histopatológico, pelas técnicas HE e GIEMSA. As alterações da mucosa gás-trica foram classificadas pelo sistema OLGA.

Foram incluídos 571 pacientes consecutivos, com 18 a 86 anos de idade, sendo 337 de sexo feminino e 234 do sexo masculino.

O exame histopatológico detectou 146 pacientes (25,56%) H. pylori positivos, sendo que, destes, 10 casos apresentaram-se positivos apenas no corpo.

O teste de urease foi positivo em 139 pacientes (23,34%), sendo 3,47% com resultado falso-negativo e nenhum falso-positivo em relação ao histopatológico.

Dos 571 pacientes, 247 estavam fazendo uso de IBPs nas 2 semanas anteriores ao exame: 42 Hp+ no exame histopatológico (17%), sendo 4 destes Hp+ apenas no corpo gástrico. O teste de urease foi positivo nos

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42 pacientes, confirmando os dados da literatura, ou seja, de que os IBPs influenciam negativamente na pesquisa do H. pylori.

Vinte e dois pacientes relataram ingestão de algum an-tibiótico nas últimas 4 semanas. Destes, 7 tiveram Hp+ no exame histopatológico.

A classificação OLGA demonstrou que a prevalência do H. pylori foi aumentando do grau OLGA 0 para OLGA 3. O único paciente OLGA 4 tinha gastrite crônica e Hp negativo:

OLGA Nº PACIENTES Hp+ %

0 332 44 13,25%

1 170 61 35,88%

2 55 25 45,5%

3 13 6 46,15%

4 1 0

Drs. Aloisio Carvalhaes, Miriam Trevisan, Nelson de Camargo Jr. e Antonio Frederico Magalhães (da esquerda para a direita)

Departamento de Endoscopia do Hospital Vera CruzFundação Roberto Rocha Brito

Campinas (SP)

As recomendações dos consensos europeus e norte-a-mericanos para pacientes com dispepsia referem-se a centros que rotineiramente realizam testes não invasi-vos para pesquisa de H. pylori. Como esses testes não são facilmente disponibilizados no Brasil, é frequente o encaminhamento de pacientes jovens e saudáveis, com queixas dispépticas e sem sinais de alarme para exame endoscópico e pesquisa de H. pylori. Nesses casos, quando o resultado da endoscopia for normal, sugerimos realizar biópsias apenas do antro e do corpo para o teste de urease. Em pacientes acima de 30/40 anos (?) recomendamos a realização das 5 biópsias para exame histopatológico, visando identificar possí-veis alterações pré-neoplásicas e pesquisa de H. pylori, dispensando-se então o teste de urease.

Aguardamos com muita expectativa as conclusões da reunião do grupo de trabalho da FBG, SOBED e Socie-dade Brasileira de Patologia e a realização do próximo Consenso Brasileiro sobre H. pylori para padronizar a orientação de endoscopia digestiva em pacientes com dispepsia.

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PERGUNTAS AO ESPECIALISTA

Dr. Mauro Bafutto,Quais as evidências dos benefícios da associação de probióticos ao esquema tríplice? Como prescrevê-los? Antes, durante ou após o tratamento? Quais cepas utilizar?

Mesmo com muitas melhorias terapêuticas na erradica-ção do H. pylori, altos índices de infecção podem ser observados, mesmo nos países desenvolvidos. A resis-tência bacteriana e a ocorrência de eventos adversos estão entre as causas mais frequentes de falha do tra-tamento. Diversos estudos relataram que certas cepas probióticas podem exibir atividade contra o H. pylori e, além disso, os probióticos podem reduzir a ocorrência de efeitos adversos devido à terapia com antibióticos, o que, consequentemente, pode aumentar a taxa de ade-rência ao tratamento e de erradicação do H. pylory1,2.

Foram publicadas várias revisões sistemáticas e meta-nálises sobre efeitos dos probióticos como terapia ad-juvante ao tratamento padrão do H. pylori. Szajewska et al. publicaram recentemente uma revisão sistemá-tica, para avaliar os efeitos da suplementação com S. boulardii ao protocolo de terapia tripla padrão na taxa de erradicação do H. pylori. Foram identificados cinco

ensaios clínicos randomizados de boa qualidade meto-dológica, envolvendo 1.307 pacientes. A dose diária de S. boulardii variou de 500 mg a 1.000 mg e a duração da terapia foi de 2-4 semanas. Os autores concluíram que, em comparação com placebo ou nenhuma inter-venção, o S. boulardii dado junto com a terapia tripla aumentou significativamente a taxa de erradicação [ris-co relativo (RR) = 1,13, 95% CI: 1,05-1,21]. Os pontos secundários dessa metanálise foram também para de-terminar o efeito de S. boulardii sobre efeitos adversos relacionados à terapia. Os resultados demonstraram que 24,3% dos doentes tiveram efeitos adversos no grupo tratado com a terapia tripla, em comparação com 12,9% dos pacientes no grupo terapia tripla e pro-biótico. As conclusões dessa metanálise foram que o uso concomitante de S. boulardii com terapia tripla au-menta moderadamente as taxas de erradicação do H. pylori e diminui os efeitos adversos relacionados com antibióticos, especialmente a diarreia3.

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No entanto, estudos mais recentes publicados por Song et al. e Zojaji et al. mostraram que o S. boulardii pode diminuir a frequência de eventos adversos devido à antibioticoterapia, mas não aumentou a taxa de erra-dicação do H. pylori4,5.

Estudos com metanálises avaliaram que no geral as ta-xas de erradicação foram de 70% no grupo controle e 84% no grupo suplementado probiótico, o que é uma diferença estatisticamente significativa (RR = 2,09 IC 95%: 1,28-3,41). Além disso, revelaram que a adição de probióticos para protocolos de erradicação padrão reduz os efeitos adversos durante o tratamento (25% vs 39%, RR = 0,44, 95% CI: 0,30-0,66)6. 

Os estudos realizados com L. GG, suplementados à te-rapia padrão, demonstraram que esse probiótico afeta beneficamente o tratamento, relacionado à redução de efeitos adversos. No entanto, parece que o L. GG não tem efeito sobre as taxas de erradicação7.

A demonstração de que o L. reuteri ATCC 55730 foi ca-paz de colonizar o estômago e duodeno deu origem a estudos sobre o efeito desse probiótico no tratamento do H. pylori. Em um estudo recente realizado na Itália, Ojetti et al. recrutaram 90 pacientes e o L. reuteri foi usado concomitantemente com terapia de segunda li-nha (esomeprazol, levofloxacina e amoxicilina por 14 dias) em pacientes infectados com H. pylori. A suple-mentação desse probiótico aumentou a taxa de erra-dicação (grupo 1: 36/45, 80%; grupo 2: 28/45 62%; P < 0,05). Além disso, a incidência de efeitos secundá-rios, associada à terapia com antibiótico, foi também significativamente menor no grupo probiótico. Esses dados estão de acordo com outro estudo, que tam-bém avaliou o impacto da L. reuteri ATCC 55730 (108 CFU por 20 dias) como um adjuvante, para a terapia sequencial de 10-d, em um grupo de 40 crianças in-fectadas com H. pylori. Os sintomas foram menores no grupo de crianças tratadas com L. reuteri (3,2 vs 5,8, P < 0,009). No entanto, o uso de L. reuteri como um ad-juvante para a terapêutica sequencial de erradicação não teve nenhum efeito sobre as taxas de erradicação (17/20 vs 16/20)8.

Francavilla et al. compararam as taxas de erradicação e efeitos adversos a antibióticos em 40 indivíduos H. pylori positivos, que receberam placebo ou L. reuteri (108 CFU) uma vez por dia, por um mês. No final, os pacientes do estudo receberam terapia de erradicação sequencial de 10 dias. Quatro semanas de suplemen-tação com L. reuteri foram eficazes na redução de efei-tos adversos gastrointestinais e também na redução da carga bacteriana, mas não houve diferença estatística

significativa nas taxas de erradicação (88% vs 82%). Recentemente, o mesmo grupo publicou resultados de estudo randomizado, controlado com placebo, duplo--cego, usando uma combinação de duas cepas de L. reuteri (L. reuteri DSM 17938 e L. reuteri ATCC 55730), como um adjuvante, para a terapêutica de erradicação com esquema tríplice. No L. reuteri DSM 17938, dois plasmídeos, que codificam a resistência aos antibióti-cos, foram removidos. O L. reuteri ATCC 55730 parece ter propriedades anti-inflamatórias importantes. Uma combinação desses dois L. reuteri ou placebo foi dada durante dois meses e, em sequência, concomitante-mente com uma semana de terapia de erradicação tríplice, numa segunda parte do estudo. Uma redução significativa dos efeitos adversos foi demonstrada no grupo tratado com a terapia tríplice e a combinada ao L. reuteri, enquanto a taxa de erradicação do H. pylori foi ligeiramente, mas não significativamente, aumenta-da9. Em outro estudo, publicado por Emara et al., a te-rapia tripla suplementada com L. reuteri aumentou da taxa de erradicação em 8,6% e reduziu a frequência de efeitos colaterais10.

Efeito do tratamento com L. gasseri OLL2716 associa-do à terapia tríplice demonstrou que a erradicação foi significativamente melhor no grupo probiótico estuda-do [intenção de tratamento (P = 0,018) / por protocolo (P = 0,041)], mas mais estudos prospectivos são neces-sários para avaliar o real papel da L. Gasseri OLL2716 no tratamento do H. pylori11.

Os efeitos benéficos da adição de leite fermentado contendo L. casei DN-114 001 associado à terapia tríplice demonstrou que a taxa de erradicação foi maior e estatisticamente significativa no grupo probiótico (P = 0,0045). B. clausii também tem sido estudado como um possível complemento à terapia padrão para erra-dicação do H. pylori, mas o efeito positivo na taxa de erradicação não foi confirmado12,13.

Como prescrevê-los? Antes, durante ou após o tratamento?

Embora não existam estudos que contemplem uma resposta objetiva a essa questão, na grande maioria dos estudos a suplementação com probióticos está presente durante o tratamento. Por outro lado, há jus-tificativas e resultados bastante interessantes para o uso dos probióticos antes e também após o tratamento com antibióticos. É, portanto, bastante provável que os melhores resultados sejam alcançados com a suple-mentação antes, durante e após o tratamento.

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PERGUNTAS AO ESPECIALISTA

Dr. Mauro Bafutto

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Quais cepas utilizar?

Existe uma quantidade razoável de evidências de que a suplementação com S. boulardii seja uma terapia con-comitante útil no tratamento de erradicação do H. pylo-ri, assim como o L. reuteri também parece ser efetivo. Cepas probióticas, tais como S. boulardii, L. reuteri, L. casei, L. GG, B. clausii, podem ser capazes de diminuir os efeitos adversos gastrointestinais, especialmente a diarreia. No entanto, mais estudos são necessários para redimir dúvidas quanto à efetividade de cepas es-pecíficas, e em relação à dose, duração, diferenças ra-ciais, geográficas e hábitos de vida1,2,3,6,7,8,9,11,12,13,14.

Dr. Pedrazzoli,Qual o mecanismo de ação dos diferentes IBPs e como receitá-los?

Temos disponíveis atualmente no mercado brasileiro cinco inibidores de bombas de prótons: omeprazol, lan-soprazol, pantoprazol, esomeprazol e rabeprazol. Cada um deles se autoproclamando como o melhor da classe.

Em 1973, sulfatos de piridil-metil-benzoimidazol foram definidos como sendo inibidores da, assim chamada, bomba de prótons (H+ K ATPase). Esses compostos foram modificados para sulfoxifido de timoprazol, pico-prazol, e finalmente omeprazol em 1979. O omeprazol foi o primeiro composto dessa classe comercialmente disponível, e tem sido utilizado no tratamento de enfer-midades cloridro-pépticas por cerca de quatro déca-das. Mais recentemente, outros membros dessa família de fármacos foram desenvolvidos e colocados à dis-

posição da classe médica, como o lanzoprazol, panto-prazol e rabeprazol. O mecanismo de atuação dessas drogas é o mesmo, o bloqueio da H+ K ATPase, que é o passo final da secreção ácida pela célula parietal.

Do ponto de vista químico, todos os inibidores da bomba de prótons (IBPs) são constituídos de um anel benzoimi-dazólico e um anel de piridina. O que varia entre eles é a substituição lateral. O omeprazol é formado de um anel benzoimidazólico substituído, ligado a um anel piridina substituído, por meio de uma cadeia contendo um sul-fóxido. É composto por uma mistura racêmica de dois isômeros ópticos S-omeprazol e R-omeprazol. O eso-meprazol, isômero S do omeprazol, é o primeiro IBP de-senvolvido como um isômero óptico para tratamento de

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enfermidades ácido-pépticas, bem como o primeiro IBP desenvolvido a partir de um produto já existente, tendo sido aprovado para uso pelo FDA em outubro de 2000.

A bomba de prótons é uma ATPase localizada na mem-brana citoplasmática da célula parietal em repouso. Quando ativada, é translocada para a membrana ca-nalicular onde bombeia íons hidrogênio para o espaço canalicular em troca de íons de potássio. A secreção ácida da célula parietal é controlada através de me-canismos neuroendócrinos e estímulo alimentar, envol-vendo gastrina, histamina, peptídeo ativador da adenil-ciclase pituitária e acetilcolina.

Os IBPs são bases fracas, absorvidos no intestino del-gado como pró-drogas e transportados até as células parietais, onde se acumulam e se ligam à bomba de prótons. A célula parietal é o único espaço corporal li-mitado por uma membrana onde o pH é menor do que 4. Antes dessa ligação, eles precisam ser ativados, for-mando uma sulfenamida cíclica. A exposição ao ácido no espaço canalicular da célula parietal (protonação) inicia a ativação do IBP. Ocorre ainda uma segunda protonação que ativa finalmente o IBP. A quantidade de moléculas do IBP e a extensão da ativação são dependentes do pKa do IBP e do grau de acidez do espaço canalicular. Uma vez ativados, se ligam cova-lentemente, de forma irreversível, à bomba protônica, impedindo a secreção de ácido clorídrico pela célula parietal. Essas duas protonações e os requisitos quí-micos específicos necessários a elas determinam que essas ligações covalentes sejam extremamente espe-cíficas para a bomba de prótons.

A estabilidade em ácido de uma droga é parcialmente refletida por seu pKa, que é o pH no qual 50% da droga está na forma ionizada. A maioria das drogas em solu-ção, incluindo-se os IBPs, existe em ambas as formas, ionizada (protonada) e não ionizada. Como somente drogas não ionizadas são lipossolúveis e capazes de cruzar membranas, a diferença de pKa das drogas pode estar relacionada com diferenças na captação das mes-mas. Por outro lado, em seu estado ionizado a droga será incapaz de cruzar a membrana e será acumulada. Os IBPs penetram no espaço canalicular na forma não ionizada. Se o pH do canalículo é suficientemente baixo, eles irão se ionizar (protonar), serão ativados, e ficarão presos nesse espaço, que é o local onde atuam.

Metabolismo dos IBPs

As enzimas monoxigenases citocromo P450, conheci-das como CYP450 (derivado do nome em inglês CYto-chrome Pigment), são caracterizadas como hemopro-

teínas com absorção em 450 nm (CYP450) e trata-se de uma superfamília ampla e diversificada de proteínas responsáveis por oxidar um grande número de subs-tâncias para torná-las mais polares e hidrossolúveis.

Em todos os organismos ocorrem variações naturais na sequência de DNA que são conhecidas como poli-morfismos. Todos os genes que codificam as enzimas CYP450 das famílias de 1 a 3 são polimórficos, sendo os mais importantes no metabolismo de fármacos os genes CYP2C9, CYP2C19 e CYP2D6. Esse polimorfis-mo gênico é responsável por respostas interindividuais distintas por interferirem na etapa farmacocinética (ab-sorção, metabolismo e excreção) de medicamentos. De modo geral, dependendo da característica observada na atividade enzimática do indivíduo, o fenótipo pode ser dividido em quatro categorias: metabolizadores lentos (PMs – poor metabolizers), metabolizadores intermediá-rios (IMs – intermediate metabolizers), metabolizadores extensivos (EMs – extensive metabolizers) e metaboliza-dores ultrarrápidos (UMs – ultrapid metabolizers).

Os IBPs são metabolizados principalmente via CYP450 pela isoforma CYP2C19. Sugere-se que a metaboliza-ção do rapeprazol seria menos dependente dessa via, entretanto os dados a esse respeito são controversos. O gene CYP2C19 está localizado no cromossomo 10, sendo a enzima altamente polimórfica. Até o momento, pelo menos 35 variantes (*1B a *28) e uma série de sub-variantes do CYP2C19 já foram descritas. CYP2C19 *1 representa o alelo selvagem. A maioria dos meta-bolizadores lentos apresentam os alelos *2 e *3, que são alelos com perda de função, enquanto o alelo *17 apresenta um ganho de atividade. Há uma marcada va-riação de distribuição dos alelos associada à etnia. A frequência da variante *2 foi demonstrada como sendo de 15% em africanos, 29-35% em asiáticos, 12-15% em caucasianos e 61% em nativos da Oceania. O alelo *3 é encontrado principalmente em asiáticos (5-9%) e em menos do que 0,5% em caucasianos. A frequência do alelo *17 é sugerida como sendo 16% em africanos, 2-6% em asiáticos e 16-21% em caucasianos.

Estudos avaliando o polimorfismo de 2C19 sugerem uma maior taxa de sucesso na cura da infecção por Helicobacter pylori em metabolizadores lentos do que em rápidos.

Em portadores do genótipo 2C19 metabolizadores ex-tensivos, IBPs de segunda geração (esomeprazol, rabe-prazol) teriam melhor efeito do que os de primeira gera-ção nos esquemas tríplices de tratamento do H. pylori.

Não é de conhecimento do autor a existência de uma ta-bela ou de guias comparativos da potência dos diferen-tes IBPs. Os dados disponíveis até o momento não são

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Dr. José Pedrazzoli Jr.

PERGUNTAS AO ESPECIALISTA

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conclusivos. Uma tentativa de comparar a potência en-tre os diversos IBPs foi feita em 2009, em uma metanáli-se que avaliou 57 estudos com dados de pH gástrico de 24, concluindo que a potência relativa de pantoprazol, lansoprazol, omeprazol, esomeprazol e rabeprazol em relação ao omeprazol seria 0,23, 0,90, 1,00, 1,60 e 1,82 respectivamente. Os próprios autores recomendam, en-tretanto, cautela ao interpretar os dados, tendo em vista as particularidades de cada estudo incluído.

A meia-vida de recuperação da secreção ácida varia de 15 horas para o lanzoprazol, 28 horas para o omepra-zol e até 46 horas para o pantoprazol.

Os IBPs são considerados como pró-drogas, embora não necessitem de ativação enzimática. São bases fra-cas e sensíveis ao ácido, devendo ser administrados como formulações entéricas de liberação retardada, sendo que a sua absorção ocorre no intestino proximal.

Os IBPs disponíveis no Brasil apresentam uma meia--vida de eliminação entre 1-2 h. Como são prescritos habitualmente uma vez ao dia, não há IBP circulando antes da próxima administração.

Os IBPs são capazes de inibir somente as bombas de prótons que se encontram ativadas e na superfície api-cal das células. As inativas se encontram no interior de

vesículas do complexo de Golgi da célula parietal, e serão recrutadas para a superfície celular quando de um estímulo posterior. Como a secreção de ácido é controlada por estímulo alimentar, os IBPs devem ser administrados antes do café da manhã.

A bomba de prótons tem uma meia-vida de cerca de 54 h no rato (provavelmente no ser humano também), dessa forma cerca de 20% de novas bombas são sin-tetizadas durante as 24 h do dia. Além disso, pode haver uma maior síntese noturna. Assumindo-se que 70% das bombas de prótons estejam ativas no café da manhã e que o IBP seja administrado, em dose única diária de 30 a 60 minutos antes do desjejum, a inibição da secreção ácida será de cerca de 66%. Uma dose antes do café da manhã e outra antes de uma refeição noturna pode resultar em bloqueio de 80% da secre-ção ácida máxima.

Assim, o melhor horário sugerido para a administração em dose única diária seria de 60 a 30 minutos antes do café da manhã. Em caso de doses fracionadas, o mais indicado seria que a segunda dose fosse admi-nistrada de 30 a 60 minutos antes da refeição noturna. A administração concomitante de IBPs com alimentos deve ser evitada, por interferir na absorção dos mes-mos, embora seja sugerido que isso não ocorra com o rabeprazol – os dados nesse sentido são escassos.

Comentários finais

Os IBPs possuem um papel fundamental no tratamento das enfermidades clodridopépticas na prática diária do gastroenterologista, entretanto alguns cuidados devem ser tomados para que tenham o efeito preten-dido, principalmente em relação à administração, que deve ser de 30 a 60 minutos antes de uma refeição, sendo que a mais recomendada é o café da manhã. Se houver necessidade de administração de mais do que uma dosagem, esta deve ser administrada com o mesmo intervalo antes da refeição noturna, não se sugerindo a administração em jejum antes de deitar. Não há uma indicação clara de qual dos IBPs é o mais potente, ou melhor, ou mesmo se existe o melhor entre aqueles comercialmente disponíveis atualmente no Brasil, mas os dados existentes, principalmente relacionados com o metabolismo dos mesmos, parecem sugerir uma leve superioridade para aqueles mais recentes (esomeprazol e rabeprazol). Essa possível supe-rioridade ainda necessita ser adequadamente comprovada.

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A XV SBAD surpreendeu os mais de 5 mil especialistas que participaram do evento por sua organização, quali-dade do conteúdo científico, convidados internacionais e nacionais, palestras, cursos pré-congresso, simpósios e atividades. De 29 de outubro a 2 de novembro, a cidade de Belo Horizonte sediou a XV Semana Brasileira do Apa-relho Digestivo, que proporcionou a todos os envolvidos momentos de muita atualização científica e congraçamen-to. O evento da Gastroenterologia brasileira foi organiza-do pela Federação Brasileira de Gastroenterologia (FBG), Sociedade Brasileira de Endoscopia Digestiva (SOBED) e pelo Colégio Brasileiro de Cirurgia Digestiva (CBCD).

Segundo a Profa. Dra. Maria do Carmo Friche Passos, presidente da XV SBAD, o congresso já está consolida-do no cenário nacional, mas a cada ano traz novidades que proporcionam momentos únicos de atualização sobre importantes assuntos que permeiam a especia-lidade. “Nessa edição, podemos destacar a primeira Conferência realizada pela FBG em parceria com a As-sociação Americana de Gastroenterologia (AGA), que trouxe os principais destaques apresentados no DDW deste ano, por Silvio de Mello Jr., membro da comis-são internacional; e o primeiro Simpósio conjunto da FBG com a Sociedade Argentina de Gastroenterologia (SAGE), com a participação da atual presidente, Silvia Pedreira, e Edgard Smecuol, diretor do Departamento de Relações Internacionais da SAGE.”

Atualização e inovação na XV Semana Brasileira do Aparelho Digestivo

Os cursos pré-congresso também foram atividades que proporcionaram momentos de atualização em diversos campos da Gastroenterologia. O curso de Imagens trou-xe importantes informações sobre a ultrassonografia contrastada, intervenções diagnósticas guiadas por ul-trassom contrastado, intervenções terapêuticas guiadas por ultrassom, ultrassom contrastado endocavitário, tomografia computadorizada e ressonância magnética, entre outros assuntos. Também aconteceu, pela primeira vez, o curso sobre Coloproctologia, com a participação dos moderadores Bruno Zilberstein na mesa-redonda sobre Câncer Colorretal; Sinara Mônica de Oliveira Lei-te, na mesa sobre Doenças Benignas; e Flávio Antonio Quilici, que destacou as Doenças Orificiais.

FAPEGE lota sala durante XV SBAD

Durante todo o dia 30 de outubro, cerca de 700 profis-sionais se organizaram para assistir ao curso FAPEGE, com o tema Gastro Gerais. Segundo Maria do Carmo, o título do evento fez uma alusão ao Estado de Minas Gerais e proporcionou uma revisão completa da Gas-troenterologia. “Com o auditório praticamente lotado, os especialistas puderam se atualizar em temas como o uso de IBP a longo prazo, prebióticos, probióticos e sim-bióticos, Consenso de Roma IV e distúrbios funcionais,

NOTÍCIAS FBG

Cerimônia de abertura da XV SBAD

Com mais de 5 mil participantes, as salas permaneceram lotadas

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acalasia, esofagite eosinofílica, dispepsia, intolerância alimentar, doenças gastroenterológicas e a gravidez, como e quando utilizar biológicos na doença inflama-tória intestinal, SII: abordagem e tratamento de acordo com o Roma IV, hepatite C, doença hepática gordurosa e não alcoólica, pancreatite aguda, entre outros.

A casa dos gastroenterologistas

O estande da FBG na XV SBAD permaneceu lotado durante todos os dias do congresso. Lá, os especialis-tas participaram de lançamentos de livros, atualizaram e regularizaram todas as suas pendências com a FBG, além de receber o carinho e a amizade das secretarias da instituição. Após o expediente, foram realizados ha-ppy hours todos os dias, mantendo o clima de confra-ternização que o congresso proporciona.

Lançamentos de livros

Nos dias 31 de outubro e 1o de novembro, o estande da FBG durante a XV SBAD ficou repleto de gastro-enterologistas ávidos pelos lançamentos de destaque da Gastroenterologia. A presidente da FBG, Profa. Dra. Maria do Carmo Friche Passos, lançou, ao lado dos especialistas Eduardo Usuy Jr., Manoel Galvão Neto, Josemberg Marins Campos e Lyz Bezerra Silva, o livro Gastroenterologia e Endoscopia Bariátrica. A obra tem como objetivo guiar os profissionais envolvidos no acompanhamento pré e pós-operatório, bem como no

tratamento de complicações cirúrgicas e/ou associa-das à obesidade e distúrbios metabólicos.

Flávio Antonio Quilicii e Lisandra Carolina Marques Quilici lançaram o livro A história ilustrada da Colo-proctologia e suas curiosidades também no dia 31, durante a Semana Brasileira do Aparelho Digestivo. Segundo o Dr. Flávio, o livro traz, com uma abordagem criativa, a compilação dos dados coletados em mais de 40 anos da história da Coloproctologia, além de suas curiosidades. “O leitor encontrará fatos como na Índia, na época de Jesus Cristo, onde os cirurgiões uti-lizavam as garras da formiga-negra-de-bengala como pinças para uma cirurgia intestinal”, conta o Dr. Quilici.

Já no dia 1o de novembro, foi feito o relançamento do Tratado de Gastroenterologia: da Graduação à Pós--graduação, escrito por Jaime Natan Eisig e Schlioma Zaterka. O livro é considerado indispensável para mé-dicos e estudantes que querem se aprofundar no estu-do da especialidade e suas áreas de atuação.

Livro sobre doença inflamatória intestinal é traduzido para o inglês e lançado na Europa

Em 2016, o livro Doença Inflamatória Intestinal foi tra-duzido para o inglês e lançado na Europa com o título Inflammatory Bowel Disease, através de uma parce-ria da Manole Conteúdo com a River Publishers, editora dinamarquesa de grande importância internacional que publica livros técnicos e acadêmicos. Escrito por Wilton Schmidt Cardozo e Carlos Walter Sobrado, o livro será distribuído em diversos países da Europa e Ásia.

No Brasil, a primeira edição do livro Doença Inflama-tória Intestinal teve grande sucesso e mais de 10 mil exemplares vendidos. A segunda edição foi atualizada com novos capítulos escritos em parceria com colabo-radores estrangeiros de reconhecimento internacional. O trabalho discute as doenças inflamatórias intestinais, um dos grandes desafios dos médicos e cientistas do início do século XXI. Por meio de um conteúdo teórico abrangente e multidisciplinar, são abordados os princi-

NOTÍCIAS FBG

Dra. Lisandra C. Marques Quilici e Dr. Flávio A. Quilici, durante o lançamen-to do livro A História Ilustrada da Coloproctologia

Dr. Carlos Walter Sobrado e Dr. Wilton Schmidt Cardozo, durante lançamen-to da 2ª edição do livro Doença Inflamatória Intestinal – Livraria Cultura SP

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pais temas necessários ao conhecimento da retocolite ulcerativa e da doença de Crohn.

Os editores e colaboradores, nomes importantes na área de Coloproctologia e Gastroenterologia brasileira, cria-ram uma obra de utilidade na prática clínica diária, com textos de consulta rápida e objetiva, que complementam o conhecimento de estudantes, médicos, enfermeiros, nutricionistas e psicólogos envolvidos ou interessados na assistência aos portadores dessas doenças.

SOBRE OS EDITORES:

Wilton Schmidt Cardozo: Coordenador do Grupo de Assistência Multidisciplinar em Estomias e Doença Infla-matória Intestinal do Complexo Hospitalar Padre Bento de Guarulhos. Titular da Sociedade Brasileira de Colo-proctologia (SBCP), da Federação Brasileira de Gas-troenterologia (FBG) e do Colégio Brasileiro de Cirurgia Digestiva (CBCD). Pós-graduado em Coloproctologia pelo Hospital St. Mark’s, Inglaterra.

Carlos Walter Sobrado: Mestre e Doutor em Cirurgia pela FMUSP. Presidente do Departamento de Coloproc-tologia da Associação Paulista de Medicina (APM). Titu-lar da Sociedade Brasileira de Coloproctologia (SBCP), do Colégio Brasileiro de Cirurgiões (CBC) e do Colégio Brasileiro de Cirurgia Digestiva (CBCD). Fellow em Colo-proctologia pela Universidade do Texas, Estados Unidos. Ex-presidente da Associação de Coloproctologia do Es-tado de São Paulo (ACESP) e da Sociedade Brasileira de Coloproctologia (SBCP).

FBG em imagens

O grande destaque foi o lançamento do livro Memórias da FBG em Imagens, no dia 1o de novembro, organi-zado pela Comissão de Acervo Histórico da FBG, en-cabeçada por Laércio Tenório Ribeiro, que traz registros fotográficos mostrando a evolução da Federação desde a sua fundação, passando pelo seu desenvolvimento até os dias atuais. Segundo Laércio, a ideia foi procu-rar resgatar detalhes que fizeram história e recuperar os

esforços realizados para o crescimento da instituição. “Quem conhece a história valoriza ainda mais o presen-te e lutará por um futuro ainda mais bonito”, diz ele.

Premiação

Nessa edição da SBAD, foram instituídos três novos prêmios com o objetivo de homenagear Jaime Natan Eisig, exímio profissional que tanto se dedicou à Gas-troenterologia brasileira, além de estimular o desenvol-vimento científico dos gastroenterologistas. Parabéns aos vencedores:

• “Prêmio Jaime Eisig” ao Melhor Trabalho da SBAD 2016:

Receptores TRPV1 modulam a inflamação esofágica induzida por ácido em um modelo murinho cirúrgico de doença do refluxo gastroesofágico

Apresentador: Marcellus Henrique Loiola Ponte Souza

Autores: Renan Oliveira Silva; Rudy Diavila Bingana; Mailton Oliveira de Arruda; Miguel Ângelo Nobre Sou-za; Cynthia Aben-Athar Ponte; Armênio Aguiar dos Santos; Pedro Marcos Gomes Soares; Daniel Sifrim; Marcellus Henrique Loiola Ponte SouzaInstituição: Uni-versidade Federal do Ceará

• “Prêmio Jaime Eisig” ao Melhor Trabalho da SBAD 2016 na Gastroenterologia:

Determinação molecular de resistência genotípica pri-mária do Helicobacter Pylori à Claritromicina e Fluoro-quinolonas em amostras gástricas obtidas por endos-copia digestiva alta no Brasil

Apresentador: Bruno Squarcio Fernandes Sanches

Autores: Bruno Squarcio Fernandes Sanches; Gusta-vo Miranda Martins; Karine Sampaio Lima; Bianca Della Croce Cota; Luciana Dias Moretzsohn; Laercio Tenorio Ribeiro; Helenice Pankowski Breyer; Ismael Maguilnik; Aline Lais Bessa Maia; Joffre Rezende-Filho; Ana Caro-lina Meira; Henrique Pinto; Edson J Alves; Ramiro Ro-bson Fernandes Mascarenhas; Raissa Iglesias Passos; Julia Duarte Souza; Osmar Reni Trindade; Luiz Gonzaga Vaz CoelhoInstituição: Hospital das Clínicas da UFMG

• “Prêmio Jaime Eisig” ao Melhor Trabalho da SBAD 2016 sobre Microbiota e/ou Probióticos/Simbióticos:

Resposta ao uso de simbiótico sobre o grau de este-atose hepática, permeabilidade intestinal, supercresci-mento bacteriano, concentrações séricas de lipopoli-sacárides e parâmetros metabólicos e antropométricos na esteatoepatite não alcoólica

Apresentador: Claudia Alves Couto

Autores: Silvia M. Ferolla; Claudia Alves Couto; Luciana C. Silva; Geyza N. A. Armiliato; Cristiano A. S. Pereira; Flaviano S. Martins; Maria de Lourdes A. Ferrari; Eduardo G. Vilela; Henrique O. G. Torres; Aloísio S. Cunha; Teresa C. A. FerrariInstituição: Hospital das Clínicas da UFMG

Dra. Maria do Carmo, Dra Elaine Moreira Ferreira, presidente da Sociedade Matogrossense de Gastroenterologia, e Dr. James Ramalho Marinho

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São mais 82 novos gastroenterologistas no Brasil. A aprovação desses novos especialistas aconteceu após a realização da prova de título de especialista realizada no dia 2 de novembro, durante a XV SBAD. Todas as infor-mações sobre as providências do título serão encaminhadas através de carta oficial e e-mail aos novos especia-listas. A Comissão de Título de Especialista e a diretoria da FBG parabenizam pela nova conquista.

FBG aprova novos especialistas

CONFIRA A RELAÇÃO DOS APROVADOS

Aderito José De Medeiros AquinoAlessandrino Terceiro De OliveiraAmanda Medeiros De SouzaAna Luiza Cardoso PinheiroAnderson Antônio De FariaAngela Cristina Rodrigues De Souza GonçalvesAnne Michelle Varjão BomfimAureo Augusto De Almeida DelgadoBeatriz Da Cunha Lopes RochaBianca Rosa Rodrigues RebeloBruno Barbosa BandeiraCândida Andrade Lima Leitão GuerraCândida De Oliveira AlvesCarla Cristina Duarte De MeloCarlos Irapuan RochaCarolina Casotti Pereira Das PossesCaroline Baldin De SouzaCaroline De Medeiros LinharesCaroline Mendonça CamargoCássia Lemos MouraClarissa Rocha Da CruzDaniel Antônio De Albuquerque TerraEric Silva PereiraEstela Tebaldi BatistaFabianna Mota Sobral RodriguesFabio FruetFábio Ramalho Tavares MarinhoFelipe Mafioletti Padilha

Fernanda De Azevedo Marques LopesFlora Oliveira GondimFrancielen Furieri RigoHelio Cavalcanti Garcia NetoHenrique Carvalho RochaIsadora MadalossoItala Neves BarbosaJéssica De Almeida FiorotJoão Alberto Assed Estefan NametalaJoão Marcos Rezende MendesJosé Carlos Cardoso JuniorJulia F CamposJuliana Barbosa LimaJuliana Chalup CandaJuliana Custodio LimaJuliana De Oliveira MachadoJuliana Prelle Vieira CostaJúlio Basílio De Araújo LiraKamel Tangari WazirKátia Regina Fernandes LopesLeandro De Oliveira CostaLívia Corrêa Alves ValadaresLuana Fanha SoutoLuciana Ávila Furtado CardilloLuciana Bastos TumscitzLucy Ana Santos FonsecaLuísa Leite BarrosLurymi Takashi BordãoManoela Meireles Machado Campos Mello

Marcelo Eiji KonakaMarcelo Henrique De OliveiraMarcio Roberto Facanali JuniorMarcio Soares De Azevedo BrancoMarcos Vaz De Oliveira MoraesMaria Auzier FreitasMariana Sousa SalaMarília Ávila AciolyMarilia Nery MischiattiMarina Pinto Franco DiasMayra Figueiredo Da SilvaPatricia Ferreira Neves Da LuzPaulo José Pereira De Campos CarvalhoPriscila Pulita Azevedo BarrosRafael MagnantiRaquel Coris ArrelaroRaquel Teixeira YokodaRicardo Augusto França RochaRodrigo Corrêa Hid FixfexRodrigo Parreira GomideSamara Jacinto De LimaSuyanne Maria De Albuquerque Xerez RegadasThadeu Araujo Gonçalves VianaThais De Sá NascimentoThais Ogea Pereira

NOTÍCIAS FBGTÍTULO DE ESPECIALISTA

Todos os anos, novos especialistas passam a fazer parte do quadro associativo da Federação Brasileira de Gastroenterologia. Em 2015 e 2016, foram realizadas cinco provas de título e 220 profissionais passaram a fazer parte do quadro associativo. Para marcar essa conquista, pela primeira vez foi realizada uma cerimô-nia de entrega do certificado de Título de Especialista em Gastroenterologia, que aconteceu no dia 1o de no-vembro, durante a XV SBAD, em Belo Horizonte. Cerca de 35 novos titulares foram agraciados por essa singe-la homenagem. “Ficamos muito felizes em entregar o título aos novos profissionais, pois temos a certeza de que eles contribuirão ainda mais para a Gastroentero-logia brasileira. O desafio de perpetuar a especialidade

Cerimônia marca a entrada dos novos associados

agora é também deles”, diz a presidente da FBG, Pro-fa. Dra. Maria do Carmo Friche Passos.

Além da presença da presidente da FBG, participaram o Dr. James Marinho, vice-presidente, Prof. Dr. Joffre Rezende Filho, presidente da Comissão de Título de Especialista, Dr. Robério Mota e da Dra. Esther Dan-tas Correa, membros da comissão. Dr. James, que já foi presidente da comissão, ressaltou a importância do título de especialista para o profissional e para a execu-ção de uma medicina de qualidade: “Ele é o diferencial que todos nós temos. Com o título, temos o poder de voz, de voto, podemos assumir cargos na FBG, nos tornando responsáveis pelo futuro da sociedade, além de garantir à população uma medicina de qualidade”.

Segundo o Prof. Dr. Joffre Rezende, presidente da co-missão e idealizador da cerimônia, o título confere a certificação e o reconhecimento do esforço e dedica-ção à especialidade. “Ter a impressão do seu título no receituário significa excelência e reconhecimento pe-los seus pares da sua capacidade em exercer a Gas-troenterologia e oferecer assistência médica com toda a qualidade”, finaliza.

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Na Assembleia Geral Extraordinária, realizada duran-te a SBAD, em Belo Horizonte, o Dr. James Ramalho apresentou aos associados as sugestões de altera-ção no Estatuto e Regimento da FBG propostas pela Comissão de Estatuto após intensa revisão dividida com os demais membros, Dr. Celso Mirra e Dr. Laércio Tenório Ribeiro. Dentre elas destacam-se:

Após a finalização dos trabalhos, antes da AGE, os as-sociados receberam as minutas a fim de conhecerem as propostas e opinarem, sendo certo que todas as ma-nifestações foram apreciadas e muitas delas adotadas.

Durante a reunião, alguns dos presentes expuseram suas opiniões as quais, após a votação, foram inseri-das nos textos que irão à cartório para registro.

1. A criação do cargo de 1º Tesoureiro, para os impedimentos do Diretor Financeiro;

2. A eleição de uma Chapa diretiva da FBG e não de um Presidente,

3. A ampliação, para legalizar o que já aconte-ce na prática, do número de constituintes do Conselho Diretor;

4. A vedação à recondução aos mesmos cargos das Diretorias dos Departamentos, como é norma em todas as outras Diretorias;

5. A alteração do texto sobre os Prêmios que a FBG poderá conceder;

6. A criação da Comissão Eleitoral como uma Comissão Permanente da FBG.

Alterações no Estatuto e Regimento da FBG foram aprovadas em AGE

Em noite de gala, durante o Jantar da FBG realizado no Automó-vel Clube de Minas Gerais, no dia 31 de outubro, um grupo de gastroenterologistas brasileiros foi homenageado com a entrega da comenda Luiz de Paula Castro, como reconhecimento pelo trabalho árduo e dedicação à entidade. A homenagem, criada por Maria do Carmo Friche Passos e Jaime Natan Eisig, visa a enalte-cer os profissionais com mais de 70 anos de idade, que tenham participado da diretoria da instituição e que muito se empenharam para o crescimento da especialidade e a valorização da Federa-ção Brasileira de Gastroenterologia (FBG). “São profissionais dis-tintos que merecem o nosso reconhecimento e valorização”, diz a presidente, a Dra. Maria do Carmo Friche Passos.

O nome da comenda “Luiz de Paula Castro” foi escolhido para também homenagear este exímio profissional que tanto fez pela FBG. “Ele é um dos maiores mestres da nossa instituição”, acrescenta a Dra. Maria do Carmo. Luiz Paula Castro se desta-cou na Gastroenterologia brasileira e latino-americana por suas contribuições para o avanço da prática e do ensino da medicina. Foi presidente da FBG, de 1984 a 1986, da Associação Brasileira de Educação Médica, de 1986 a 1988, e da Associação Intera-mericana de Gastroenterologia (AIGE), de 1997 a 1999.

Homenagem a gastroenterologistasComenda Prof. Luiz de Paula Castro

HOMENAGEADOS

• Adávio de Oliveira e Silva • Antonio Frederico Novais de Magalhães • Carlos de Barros Mott • Carlos Sandoval Gonçalves • Celso Mirra de Paula e Silva • Eponina Maria Oliveira Lemme • Fernando Guerra Alvariz • Fernando Tarciso Miranda Cordeiro• Francisco Eustácio Fernandes Vieira • Heitor Rosa • Joaquim Prado Pinto de Moraes Filho • Lorete Maria da Silva Kotze• Osvaldo Malafaia • Renato Dani • Schlioma Zaterka• Sender Jankiel Miszputen• Ulysses Garzela Meneghelli

Sra. Márcia Santoro Castro, esposa de

Luiz de Paula Castro, entrega comenda à presidente da FBG,

Dra. Maria do Carmo Friche Passos

Grupo homenageado

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UTILIDADE PÚBLICA

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No dia 31 de outubro, os titulares da FBG elegeram Schlioma Zaterka como novo presidente da entidade, que assumirá o cargo nos anos de 2019 e 2020. Ele também apresentou a sua direto-ria que será composta por Áureo Delgado, vice-presidente; Décio Chinzon, secretário-geral; Eponina Leme, 1ª secretária; Celso Mirra, 1º Tesoureiro; e Sérgio Pessoa, coordenador do FAPEGE.

Para o futuro presidente, o cargo é temporário e o importante é a colaboração mútua entre todos e a continuidade dos trabalhos de qualidade iniciados pelas diretorias anteriores. “É uma somatória de esforços que visam ao crescimento e aperfeiçoamento da nos-sa FBG. Pensando no futuro, vamos investir cada vez mais nos acadêmicos e jovens gastroenterologistas, para despertar neles o interesse pela nossa especialidade, para que eles possam, futura-mente, vir a pertencer à FBG, engrandecendo-a cada vez mais”, diz.

Dentre os seus projetos, destacam-se a integração e a cooperação entre as Federadas, valorização da prova de título, acesso aos jo-vens gastros, apoio às ligas, ampliação do setor de eventos com o fortalecimento do FAPEGE, entre outros.

FBG elege novo presidente para 2019/2020

No dia 21 de outubro, a LIAAD – Liga Acadê-mica do Aparelho Digestório, que conta com a participação dos acadêmicos de todas as Faculdades de Medicina de Curitiba, foi ao Colégio Estadual Padre Olímpio de Souza para ensinar um pouco sobre o aparelho di-gestório, alimentação saudável e obesidade infantil aos alunos do Ensino Fundamental.

Durante o dia, foram realizadas atividades interativas com jogos, desenhos e pergun-tas sobre hábitos alimentares, entre outras, despertando o interesse dos jovens sobre como ter uma alimentação saudável, sobre a pirâmide alimentar e como funciona o apa-relho digestório.

Liga em Curitiba realiza palestra sobre orientações alimentares

Membros da Liga, durante o encontro no Colégio Estadual Padre Olímpio de Souza

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Simples Nacional Gastroenterologista, busque orientação, analise e decida-se pelo melhor regime de tributação!

O Simples Nacional, nos termos da Lei Complementar 123/06, trata-se de um regime unificado de arrecada-ção, cobrança e fiscalização de tributos, aplicável às microempresas e empresas de pequeno porte.

A pessoa jurídica que optar pelo Simples obtém a van-tagem de recolher quase todos os tributos, federais, estaduais e municipais, mediante um único pagamen-to, calculado sobre um percentual da receita bruta. Com isso, as microempresas e empresas de pequeno porte poderão ter um regime jurídico simplificado e fa-vorecido, com menos burocracia e menor carga tribu-tária.

Em homenagem ao dia do médico celebrado em 18 de outubro, a Lei Complementar nº 155, que alterou a Lei do Simples Nacional (LC 123/06) e modificou o limite de enquadramento, foi sancionada pelo Presidente da República e passou a vigorar a partir de 28/10, benefi-ciando os médicos de todo o país.

Foi grande a vitória, fruto de incansável luta travada pelas entidades médicas. Sem estratégia, nada teria sido possível. Uniram-se muitas e, dentre elas, o CFM,

a AMB e suas Sociedades, que vêm se colocando a cada dia mais no cenário político brasileiro. O resultado desse esforço culminou com a criação da Frente Parla-mentar da Saúde cuja missão é acompanhar o percur-so legislativo de projetos de lei de interesse para a saú-de e para o médico, interagindo com os parlamentares a fim de esclarecê-los na condução dos trabalhos.

Tal caminho não tem mais volta, pois, finalmente, no momento em que os médicos resolveram ultrapassar as portas de seus consultórios e hospitais, todos vi-ram o resultado: a justiça federal proibiu os biomé-dicos de fazerem procedimentos dermatológicos e cirúrgicos e, liminarmente, determinou a suspensão judicial da Resolução 585/13 do Conselho Federal de Farmácia que possibilitava aos farmacêuticos o aten-dimento clínico. Através da lei do ato médico, o poder judiciário vem colocando limites aos demais profissio-nais da saúde, tornando mais claro os atos privativos do médico.

Ao lado de tantas conquistas, a sanção da Lei Comple-mentar nº 155 vem trazer alívio à tributação que tanto pesa no bolso dos profissionais, reduzindo-a e elevan-do o teto de faturamento anual, a partir de 2018. Dessa forma, com o novo enquadramento, uma empresa po-derá ser considerada como de pequeno porte e aderir ao Simples, se cumpridas as demais exigências, desde que aufira, em cada ano-calendário, receita bruta su-perior a R$ 360.000,00 (trezentos e sessenta mil reais) e igual ou inferior a R$ 4.800.000,00 (quatro milhões e oitocentos mil reais). As faixas de alíquota também diminuíram, sendo aplicadas a partir de 6%.

A consulta a profissionais que conhecem o assunto, na área contábil ou jurídica, será fundamental.

Gastroenterologista, busque orientação, analise e deci-da-se pelo melhor regime de tributação!

Adriana C. Turri JoubertAssessora Jurídica

JURÍDICO

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A partir de janeiro de 2017, o Prof. Dr. Flávio Antonio Quilici assume a presidên-cia da FBG ao lado de Roberto Magalhães Melo Filho, como vice-presidente; Eli Kahan Foigel, secretário-geral; José de Laurentys Medeiros Jr., como 1º se-cretário; Justiniano Barbosa Vavas, como diretor financeiro; Fernando Cordeiro, como 1º tesoureiro; e Júlio M. Fonseca Chebli, como coordenador do FAPEGE. 

Segundo o Prof. Quilici, o objetivo da gestão será manter os projetos de educação que a FBG já realiza, além de aperfeiçoá-los e expandi-los. “Tam-bém vamos trabalhar muito com o jovem gastroenterologista e os residen-tes, ofertando a oportunidade de participar da Semana Brasileira do Apa-relho Digestivo de forma gratuita, por exemplo”, adianta o novo presidente.

Flávio A. Quilici é médico e professor da PUC Campinas, cirurgião emérito do Colégio Brasilei-ro de Cirurgiões, membro honorário do Colégio Brasileiro de Cirurgia Digestiva, e já presidiu a Sociedade Brasileira de Coloproctologia e a So-ciedade Brasileira de Endoscopia Digestiva. “É um orgulho, agora, ter a oportunidade de presidir a nossa sociedade mãe, a Federação Brasileira de Gastroenterologia”, finaliza.

Uma gestão focada na educação

Dr. Flávio A. Quilici

NOTÍCIAS FBG

À Diretoria 2017-2018

Nossas boas-vindas ao colega Prof. Dr. Flávio A. Qulici e a todos os companhei-ros da nova diretoria FBG. Temos certeza de que esta gestão será brilhante e fortalecerá ainda mais a nossa tão respeitada e pujante Federação.

Dra. Maria do Carmo Friche Passos

Em nome da diretoria da FBG, gestão 2015-2016.

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Uma gestão focada na educação

MÚSICA VARIEDADES

Símbolo nacional, em dezembro de 2016 comemoram--se os 100 anos desse gênero musical que é “a cara” do país. De acordo com a Biblioteca Nacional, o primeiro samba gravado no Brasil foi “Pelo telefone”, em 1916, com autoria creditada a Donga e Mauro de Almeida.

A origem do samba remete aos escravos afro-brasilei-ros do período colonial, tendo começado a se expan-dir pelo território nacional apenas após a abolição da escravatura. Com os anos, ganhou as ruas do Rio de Janeiro, que em plena expansão atraía os trabalhado-res negros vindos das mais diversas regiões do país.

Na época, a palavra “samba” era utilizada no sentido

de festa e não de gênero musical: “Hoje vai ter samba em tal lugar”. Formavam-se rodas, com o grupo mar-cando o ritmo com as mãos e os versos iam sendo improvisados pelos participantes. A história conta que “Pelo telefone”, o primeiro samba a ser registrado e gravado, surgiu numa roda assim e muita gente ainda se lembra dos versos: “O chefe da folia/ pelo telefone/ manda avisar/ que com alegria/ não se questione/ para se brincar. Ai, ai, ai/ deixa as mágoas para trás/ ó ra-paz/ Ai, ai, ai/ ficas triste se és capaz...”

A partir da década de 1930, o samba começou a ser difundido pelas estações de rádio, trazendo nomes como Noel Rosa, Cartola, Ary Barroso, Dorival Caymmi e muita gente bamba.

O gênero foi ganhando outras variantes, como sam-ba-de-breque, samba-enredo, samba-exaltação, sam-ba-canção, samba-rock e por aí vai, numa criatividade sem limite, onde só o que conta é sambar e festejar. Vambora!

O ritmo que ora alegra e diverte, ora chora e depois consola, às vezes ironiza, às vezes contesta, mas sempre, sempre nos faz sambar!

2016100 ANOS DO SAMBA NO BRASIL

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Março Workshop do GEDIIB De 24 a 26 de março Foz do Iguaçu – PR

AbrilJornada de Gastroenterologia do Rio de Ja-neiroDe 6 a 8 de abril Rio de Janeiro – RJ

JunhoII Congresso PANCCO e IX SIMADII De 2 a 4 de junhoSão Paulo – SP

AgostoGastrominas 2017De 17 a 19 de agostoAMMG – Belo Horizonte – MG

MaioDDW Digestive Disease Week 2017 De 6 a 9 de maio McCormick Place – Chicago, IL

JunhoLASPGHAN 2017 – 12º Congresso Iberoamericano de Gastroenterologia, Hepatologia e Nutrição Pediátrica De 22 a 24 de junho Porto – Portugal

AGENDA FBG 2017

LITERATURA

Após 60 anos de seu lançamento, Morte e vida severina, o poema dramá-tico escrito na forma de auto de Natal pelo pernambucano João Cabral de Melo Neto, sai agora em edição comemorativa.

Com temática político-social, a peça é um protesto tão árido quanto o sertão, desnudando a injustiça e a desigualdade em nosso país através da odisseia do retirante nordestino Severino (como tantos outros Severinos), que seguindo o curso do rio Capibaribe, deixa o sertão com destino ao litoral de Recife.

Teve estreia em São Paulo, em 1965, encenada pelo TUCA – grupo de teatro da PUC-São Paulo, acompanhada de espetacular trilha sonora de Chico Buarque, que na época tinha pouco mais que 20 anos de idade.

Morte e vida severina tornou-se um best-seller. Em 1966, foi apresentada na França e consagrada a grande vencedora do festival de Nancy.

Continua tão atual como há 60 anos.

Trecho do poema

“Somos muitos Severinosiguais em tudo na vida:na mesma cabeça grandeque a custo é que se equilibra,no mesmo ventre crescidosobre as mesmas pernas finas,e iguais também porque o sangueque usamos tem pouca tinta.

E se somos Severinosiguais em tudo na vida,morremos de morte igual,mesma morte Severina:que é a morte de que se morrede velhice antes dos trinta,de emboscada antes dos vinte,de fome um pouco por dia.”

VALE A PENA VER DE NOVO!MORTE E VIDA SEVERINA Edição Comemorativa 60 anos

VARIEDADES

A FBG divulga uma agenda preliminar dos principais eventos de 2017. Aproveite, anote e participe!

CONGRESSOS NACIONAIS

CONGRESSOS INTERNACIONAIS

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GASTROARTE

Joaquim Prado P. de Moraes Filho conta que sempre se interessou por desenhar. Inclusive, até hoje ele tem o hábito de fazer um rabisco ou outro. É comum encontrá-lo, durante suas reuniões administrati-vas, com um papel e um lápis nas mãos ensaiando um traçado. “É natural. Faz parte de mim!”, diz ele, acrescentando que essa “mania” sempre o acompanhou. Na época da faculdade, tinha o costume de desenhar seus amigos, situações que viviam e até o professor. “Tive um professor de Microbiologia e eu desenhei seu rosto em uma co-baia e ficou muito engraçado. O desenho começou a circular pela sala e ele viu o papel. Na hora pensei que estava encrencado, mas ele olhou e começou a rir e guardou o desenho”, lembra.

Joaquim também se recorda de um amigo que tinha o rosto parecido com o de um rato e ele começou a desenhá-lo em diversas situações: o rato namorando, estudando, jogando bola, tomando cerveja etc. “De tanto fazer isso, o apelido dele virou ‘Rato’ até o sexto ano da faculdade”, conta aos risos.

Do papel, seus traços evoluíram para a tela, mas ele nunca lar-gou o desenho. No começo, as pinturas eram em pastel, mas logo passou a pintar com tinta acrílica. Desde então, Joaquim já perdeu a conta de quantos quadros já fez. Ele diz que pin-tar significa um momento de descontração e de total prazer. “Comecei a pintar com 35 anos e nunca mais parei. A pintura me relaxa e é uma forma que encontrei para extravasar. Tenho quadros espalhados por aí, na casa de amigos e parentes.”

Sem técnica definida, Joaquim é autodidata e cria conforme o seu momento de vida, o seu interesse. “Teve uma época em que eu achava o impressionismo lindo, as cores vivas, mas ultimamente te-nho me interessado pela arte naïf, com padrões e cores não tão refi-nados, com mais simplicidade e ingenuidade”, explica.

Nem sempre seus quadros o agradam. Aliás, a tela em branco é sempre um mistério e o resultado final, uma incógnita. “Muitas vezes já comecei a trabalhar numa tela achando que o que es-tava criando ficaria maravilhoso e o resultado não me agradou. O inverso também já aconteceu milhares de vezes”, confessa o artista. Mas seus quadros sempre têm um destino. As paredes de sua sala são forradas por suas obras ou então são doadas aos amigos e familiares. “Minha mulher não deixa eu jogar nenhuma obra fora”, finaliza.

A arte de Joaquim Prado

Continuando a explorar o lado artístico dos nossos gastroenterologistas, conversamos com o Dr. Joaquim Prado, membro da FBG, atual presidente da Sociedade Brasileira de Motilidade Digestiva e Neurogastroenterologia e um exímio desenhista e pintorConheça um pouco de sua trajetória no mundo das artes:

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FELIZ NATAL E UM GENEROSO 2017!

MENSAGEM DE FINAL DE ANO

“Pedidos de Réveillon” - Marília Cotomacci Ilustração publicada no livro “O Verão”, gentilmente cedida pela Papirus EditoraÉ com um transbordamento de sensibilidade e empatia que Marília Cotomacci vai apreen-dendo as mais íntimas expressões da vida cotidiana e corporificando-as com lápis de cor. Renomada artista plástica, nascida em Campinas – SP, Marília atrai os mais atentos olhares nas exposições de arte de que participa.

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Estudos publicados demonstram que cerca de 30% dos pacientes com DRGE continuam com sintomas, mesmo com a ingestão da dose máxima de IBP. Muitos deles não sabem sobre a existência

de uma nova opção terapêutica ou estão muito preocupados com os efeitos colaterais do procedimento cirúrgico tradicional.

Esses são os pacientes perdidos de refluxo (“Lost Patients” - LOPA). A EndoStim está conduzindo um estudo internacional sobre o perfil dos que consultam os gastroenterologistas. Esse estudo

consiste em preencher um questionário simples dos pacientes com Refluxo vistos em consulta clínica.

Para participar ou saber mais informações,visite:www.endostim.com.br/LOPA

Desligue o Refluxo. Ligue a vida.

The “ Lost Patient” (LOPA) Initiative

www.endostim.com.br

Agora

disponível

no Brasil

A Terapia por Estimulação Elétrica do Esfíncter Esofágico Inferior – Endostim é um tratamento revolucionário para a Doença do Refluxo Gastroesofágico – DRGE. O procedimento é minimamente invasivo e desenvolvido para restaurar a função normal do Esfíncter Esofágico Inferior (EEI), promovendo a qualidade de vida aos pacientes.

Foi desenvolvido para atuar de maneira suave, preservando a anatomia e reduzindo ou evitando os efeitos colaterais típicos da cirurgia tradicional.

Normalização em longo prazo da exposição a ácidos e da função esofágica

Resolução efetiva de sintomas da regurgitação e refluxo noturnos

Redução ou eliminação da dependência de medicamentos IBP

Uma solução para pacientes com dismotilidade esofágica ou refluxo pós- procedimento de gastrectomia vertical.