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revista 1983-2013 * 30 anos de arte e cultura em atibaia garatuja ediçao comemorativa Atibaia - SP - 2013/1014

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Edição comemorativa - Trinta anos de atividades consecutivas do Garatuja em Atibaia SP

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Page 1: Revista Garatuja

revista

1983-2013 * 30 anos de arte e cultura em atibaia

garatujaediçao comemorativa

Atibaia - SP - 2013/1014

Page 2: Revista Garatuja

ApresentaçaoEsta revista procura dar visibilidade ao trabalho que desenvolvemos no espaço conhecido como Garatuja, voltado ao ensino das artes para jovens e crianças de Atibaia e região. Assinala também nossas três décadas de atividades consecutivas, fato raro em qualquer parte do país, principalmente fora dos grandes centros. Na região, somos a única entidade com esse perfil resistindo há tanto tempo às intempéries econômicas, sociais e políticas de um país que pouca importância dá às ações culturais. Apesar dos pesares, nunca paramos, e quem compreende a dimensão das dificuldades que a atividade cultural impõe, sabe que isso é um motivo a mais para comemorar. Nosso trabalho possui caráter autoral em relação à didática e aplicação de meto-dologias de ensino, fato ligado às circunstâncias locais de tempo e espaço. Esse perfil próprio, facilmente reconhecível, foi se delineando ao longo do trabalho. Muitas vezes o que havíamos programado e projetado para o futuro não se mostrava viável, e como um rio a percorrer seu destino éramos obrigados a desviar e contornar as pedras do caminho para seguir adiante. Nesse contexto festivo é impossível não recorrer a uma reflexão sobre nossa trajetória... Trinta anos é muito tempo, e o tempo é justamente o que temos de mais precioso. A ele não resiste o diletantismo, o amadorismo, o sonho etéreo, volúvel e muitas vezes mais voltado à própria imagem de quem realiza uma atividade cultural do que o trabalho em si. Trinta anos nessa área, modéstia às favas, é para poucos. E por que isso? Por que insistir tanto em manter uma atividade que até hoje não sabemos ao certo se se trata de uma profissão? Nosso foco é a formação, e formação de crianças - segmento mais difícil, frágil e pouco reconhecido da educação. Por que teimar em sobreviver a partir de uma atividade tão ingrata? Isabel Marques e Fábio Brasil descrevem no livro “Arte em Questões” alguns dos valores presentes no fazer/fruir/pensar arte: “Fazer, não para vender. Realizar, não para possuir. Dedicar-se, não por um pagamento. Construir, não pela utilidade. Esforçar-se, não para vencer. Conhecer, não para com-petir” . Enfim, onde encontrar um traço de normalidade entre essa e tantas outras atividades econômicas? É econômica? Uma agravante: sequer ocorre o reconhecimento do beneficiado que provavelmente ajudaria nas horas de instabilidade existencial. A criança não tem a dimensão do trabalho que está sendo feito com ela, às vezes fundamental em sua vida, e se isso acontecer será muitos, muitos anos depois. Nosso trabalho é um eterno recomeçar, como um semeador, que planta pra não colher. As dúvidas são muitas, mas a res-posta não temos. Dúvidas que remontam ao início do Garatuja. Qualquer que seja a resposta, ela será mais importante, forte e primordial do que qualquer “pedra no caminho”. Alguma coisa nos faz seguir, ir em frente, continuar...Não sei se por nós, ou por quem se beneficia desse espaço. A única certeza é esta: O Garatuja, entendido aqui como espaço de aprendizagem, descoberta e expressão, beneficia sim as pessoas. Não de forma simplista e vazia como “tirar a criança da frente do computador”, “tirar a criança da rua” ou “dar uma ocupação”. Não! É muito mais que isso. Nossa atividade, a arte, o fazer artístico, modifica profundamente as pessoas, no que elas têm de mais importante: a alma. Talvez seja essa a resposta e o motivo de se continuar em frente. Como metas futuras estamos voltados agora à difusão desse trabalho para outros profissionais, artistas e interessados na área. A realização do documentário Garatujas e Cambalhotas – Expressão e Arte na infância já foi um começo. Outra meta é ajudar na construção de uma política cultural para o município. Nossa existência antecede o Programa Cultura Viva, delineada a partir de 2004, ocasião em que o país final-mente se voltou ao tema e compreendeu a importância da cultura na formação humana, assumindo seu com-promisso, como Estado, na viabilidade desse processo. Uma série de ações passaram a ser incrementadas, outras estão em vias de efetivação. Ações que normatizam o fazer cultural, que incentivam e criam condições de continuidade, seja através de leis, seja através de aporte financeiro. Entre acertos e erros, avanços e re-trocessos, o Cultura Viva ainda representa o que de mais importante se fez nos últimos dez anos em relação à política cultural. O Garatuja, que nunca teve preferência partidária, abraçou a causa, e se empenha desde então para a viabilização desse Programa em nosso município, entendendo tratar-se de ações que extrapo-lam colorações ideológicas. Trata-se de um Programa de Estado. Importantes passos foram dados nesse sentido nos últimos meses, como a realização da Terceira Conferência Municipal de Cultura, o fortalecimento do Conselho de Cultura, estudos para as mudanças das Leis Municipais, a efetivação do Fundo Municipal de Cultura e a perspectiva de realização do Plano Municipal de Cultura. Este sim, o mais importante passo para a criação de uma política cultural para o município. Política que a cidade nunca teve, mas de fundamental importância para seu futuro. Política cultural não é somente realizar eventos, cacifar determinados segmen-tos ou privilegiar grupos. Política cultural é pensar (coletivamente), como abraçar e integrar a enorme gama de interesses que permeiam o fazer cultural, onde todos sejam atendidos: do isolado artista do bairro, ao exigente consumidor de arte, do grupo artístico já consagrado à comunidade de tradição. Eis os desafios: In-tegrar diferentes espaços, artistas, bairros, lugares, pessoas, interesses, sonhos e carências dentro de uma ação política realmente democrática, e que leve em conta, principalmente, a grande maioria da população, sempre excluída desse benefício. Sem acesso à cultura de qualidade jamais seremos nação, e isso é trabalho de muitos. De nossa parte estamos dispostos a contribuir nessa reconstrução.

Márcio Zago - Fundador do Garatuja.

Page 3: Revista Garatuja

02

indice

Historico

Clubinho vira Garatuja 04O Espaço 08

Teatro de Bolso

Artes Plasticas

Tecnicas Mistas

Marcenaria

Gravura

Fotografia

0910

1213

1415HQ e Humor

Audiovisual

Dança e Artes Cenicas

A Viagem de um Barquinho

Oficinas e Workshops

Ludodança

Dança Classica

Espetaculos, mostras e performance

Universo Poético

Ponto de Cultura

Marujos e Marinheiros

Outras Atividades

Informaçoes

1617

1819

2021

2223

2829

3031

32

Page 4: Revista Garatuja

As atividades do Garatuja começaram no início da década de oitenta. Mais precisamente em 1983, data de falecimento do artista plástico Joaquim Gimenes Salas. Gimenes foi o criador do Clubinho de Artes e Arteiros de Atibaia, espaço que mais tarde iria se transformar no Garatuja. Paulista de Valparaíso, Gimenes tinha por profissão a carreira militar, precocemente interrompida aos vinte e dois anos por questões de saúde. Tempos depois ingressou na Faculdade de Filosofia da USP, período em que se envolveu com as organizações políticas de esquerda através do Grêmio Estudantil, do qual fazia parte. Em consequência do golpe militar muda-se no mesmo ano para Atibaia e pouco tempo depois passa a dedicar-se inteiramente às artes plásticas. Na cidade, em companhia de outros artistas, Gimenes pro-moveu ações culturais que perduram até hoje, como a criação do Encontro de Artes Plásticas de Atibaia. Como artista plástico Gimenes teve uma atuação meteórica, encontrando na xilogravura seu principal meio de ex-pressão. Essa atividade durou aproximadamente dez anos, do início da dé-cada de setenta até seu falecimento, período em que despontou como pro-missor gravurista, participando das mais importantes mostras e salões da época, como a XI Bienal de São Paulo, o IV Salão Paulista de Arte Contemporânea e a IV Bienal Del Graba-do Latino Americano de Porto Rico. Em seu atelier de Atibaia, além do trabalho pessoal, realizou alguns cursos de gravura para o público adulto e, como dito anteriormente, criou o Clubinho de Artes e Arteiros de Atibaia. O Clubinho surgiu de uma proposta feita por Jeane Rabaneda Lopes que, em 1979, havia mon-tado a Escola Monteiro Lobato. Foi pioneira na cidade na linha construtivista e, na época, pre-cisava de trabalhos ligados à expressão artísti-ca para complementar a formação dos alunos. Os anos seguintes foram de experimentações e expansão do trabalho do Clubinho, reali-zando em 1981 a 10 Mostra de Arte Infantil no Museu Municipal João Batista Conti. Em 1983 Gimenes faleceu, inesperadamente, aos quarenta e sete anos de idade.

Clubinho de Artes e Arteiros de Atibaia, onde tudo começou...

Joaquim Gimenes Salas

02

Historico

Page 5: Revista Garatuja

Abaixo, da esquerda para a direita: Romildo Paiva, Bernardo Antunes, Joaquim Gimenes Salas, Boris Arrivabene e Alex Valaury (1970).Acima a xilogravura Futebol e ao lado, outra xilogravura de 1970, também do Gimenes.

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Page 6: Revista Garatuja

Após o falecimennto de Gimenes, para não interromper o trabalho com as crianças, seu ex-aluno de gravura Márcio

Zago dá continuidade às oficinas. No mesmo ano é realiza-da a 20 Mostra de Arte Infantil, contando com a ajuda de

Maria, esposa do Ginenes, e suas filhas Sandra e Denise. Por determinado tempo as atividades ainda aconteceram

no atelier situado à Rua João Soares do Amaral - 437, local onde também morava a família, e onde sempre funcionaram

as atividades do Clubinho. Em 1984 o Clubinho muda-se para uma casa à Rua José Bonifácio, 310. Se antes o atelier era amplo, sem divisões, cercado por jardins arborizados e

floridos, no outro endereço o espaço era divididos em salas, mudando radicalmente a dinâmica das aulas. Era necessário adaptar-se ao novo local. A essência, quanto à metodologia

do ensino desenvolvida no Clubinho, foi mantida, mas algu-mas mudanças ocorreram, principalmente com a introdução de novas técnicas. Cada sala passou a ocupar uma atividade

diferente. Essa mudança oconteceu não só em função do espaço, mas também pela constatação da necessidade de

ampliar as possibilidades expressivas, em função dos dife-rentes interesses demonstrados pelas crianças. Essa diver-sidade ganha visibilidade na 30 Mostra de Arte Infantil, ainda com o nome de Clubinho, realizada em 1984, onde

aparece também o trabalho de Élsie da Costa. Houve uma apresentação cênica desenvolvida por ela com as alunas do

CRIE-Oficinas de Arte. Essa apresentação foi a primeira in-tegração entre artes cênicas e artes plásticas do Garatuja, o que perdura até hoje. Por muitos anos a integração ocorreu

com os trabalhos em lugares separados. Um deles foi o pró-prio Crie – oficinas de arte, montado em 1983, logo após o

término do Movimentart, durando até o ano seguinte.

Clubinho vira

Garatuja

Esse espaço, situado à Rua Álvaro Cor-reia Lima (antiga Sede da Banda), teve a coordenação de Élsie da Costa, que con-vidou outros artistas a integrar a equipe: Armando Canuto – fotografia; Euclides Sandoval – teatro, literatura e cinema; Márcio Zago – artes plásticas e Élsie da Costa – dança. Foi uma experiência única e arrojada para a época com a realização de trabalhos cênicos contemporâneos, ci-neclube e curso de fotografia. Pela primei-ra vez, em Atibaia, se usou o termo “ofici-na”. Nesse mesmo ano (1984) o Clubinho é renomeado Garatuja – artes plásticas para crianças. Élsie já tinha na época uma sólida formação em dança como aluna do Balé Stagium, do Klauss Vianna, Ismael Guiser entre outros. Essa formação vinha acompanhada também da vontade de ensinar outras pessoas na linguagem da dança. No início atendia as crianças inte-ressadas na sala de sua casa. Foi quando percebeu a necessidade de criar alternati-vas pedagógicas que fizesse a ponte entre os exercícios e práticas corporais do balé clássico (próprios do adulto), e o universo infantil. Surge assim a Ludodança (1982). Outra contribuição importante de Élsie ao Garatuja foi seu trabalho ligado à pesqui-sa de cultura popular, com foco principal nas Congadas de Atibaia. Em 1981 tem seu primeiro livro publicado pela Funarte, resultado da pesquisa iniciada aos quinze anos de idade. Recebeu o Prêmio Silvio Romero, em 1978. Essa pesquisa nunca parou e o trabalho foi incorporado defi-nitivamente às atividades do Garatuja, através de encontros com a comunidade congadeira, apresentações, solenidades re-ligiosas, ensaios, reuniões e principalmen-te por ocasião da produção e realização do maior levantamento sobre o assunto ocorrido na cidade - o Projeto Universo Poético-Musical dos Congadeiros de Atibaia, patrocínado pela Petrobras.

1983

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Acima, página ao lado, matriz xilográfica e cópia do logotipo do Clubinho feitas pelo Gimenes Salas em 1972. Abaixo, a segunda versão, de 2003, criado por Márcio Zago. Acima, os primeiros folhetos, cartazes e convites do Garatuja, alguns ainda como Clubinho de Artes. 05

Page 8: Revista Garatuja

Em 1987 surge a oportunidade de construir uma nova sede para o Garatuja, no mesmo local em que se encontra até hoje, e que na época recebia o nome de Rua Tupiniquins, si-tuada no Jardim Tapajós. Era um bairro ainda em desenvolvimento, com ruas de terra batida e muitos lotes vazios. O terreno foi adquirido pela irmã de Márcio Zago, Mariza Zago, que ainda ajudou a erguer o atelier/edícula cons-truído nos fundos do terreno. Novamente o Garatuja ganha um espaço único, sem divi-sões, e embora rústico, perfeitamente adapta-do às necessidade da proposta. Nessa época o nome sofre outra pequena alteração. De Ga-ratuja – artes plásticas para crianças passa para Garatuja – Oficinas de Arte, por suges-tão de Armando Canuto, que acreditava com isso melhorar a comunicação e o entendimen-to por parte da cidade. Os anos seguintes fo-ram bastante difíceis, de muita luta, obstina-ção e foco na proposta. Márcio Zago e Élsie da Costa passaram a morar juntos, e no ano seguinte nasce o filho Vitor, que completava a família com os dois filhos do primeiro casa-mento da Élsie - Kátia e Luciano. O país vivia períodos de inflação alta, sem muitas pers-pectivas para a área cultural, principalmente porque não havia políticas públicas voltadas para o setor. O Garatuja não se pagava. Para mantê-lo, necessário obter recursos extras que vinham do trabalho pessoal de Márcio Zago, ligado às artes gráficas, e até ajudando seu pai na marcenaria. Pessoa chave desse período foi Jeane Rabaneda Lopes, que ainda manti-nha a Escola Monteiro Lobato e recomendava alunos para as oficinas. Sem essa ajuda pro-vavelmente o Garatuja não chegaria até hoje. A dificuldade em manter o espaço era uma preocupação diária, e a procura por soluções, um pensamento constante. Todas as saídas apresentadas para o impasse levavam a uma

Garatuja na década de 80. A reforma em 2000 e o andar de cima, em 2010.

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mudança radical das atividades. Em consulta a órgão especialidado em assessoria para pequenos negócios, a sugestão foi popularizar as oficinas, oferecendo cur-sos de artesanato, de dança, como macarena e lamba-da (muito populares na época), aulas de pinturas para adultos e realizar parcerias com escolas. Nesse perí-odo, tanto o Garatuja, como o trabalho de Élsie já es-tavam com suas propostas definidas e claras em rela-ção à metodologia e proposta. Sabiam o que queriam e principalmente o que não queriam. Transformar o trabalho desenvolvido até então em mais um espaço voltado para o consumo fácil e a serviço da cultura de massa não fazia parte dos planos. Embora pouco compreendido e aceito pela cidade, o melhor seria continuar na forma como estava sendo realizado. Nes-se período as escolas formais particulares passaram a inserir cursos extras para seus alunos. Havia diversas opções, de dança à culinária. Esses cursos, com ra-

ras exceções, tinham como interesse maior manter os alunos na própria escola, facilitando a vida dos pais, e não em investir em práticas pedagógicas de quali-dade. O custo reduzido dessas atividades prejudicou ainda mais o já insipiente mercado de trabalho da ci-dade. Outro agravante foi inviabilizar a divulgação do Garatuja nessas escolas, uma vez que passamos a ser vistos como concorrentes, dificultando ainda mais a manutenção do espaço. Em 1992 o Garatuja realiza a 40 Mostra de Arte Infantil, no Museu Municipal. No ano seguinte outra mostra, mesmo local, dedicada ao Gimenes. Essa exposição procurava marcar os dez anos de seu falecimento. Reuniu gravuras e pintu-ras pertencentes ao acervo do Garatuja, além de obras emprestadas por amigos.

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Acima matéria publicada no jornal O Atibaiense.Ao fundo exemplares do Boletim Garatuja.

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Ainda nesse ano Élsie da Costa assume a Coorde-nadoria de Cultura de Atibaia, na gestão do então Prefeito Flávio Callegari. Dois anos depois passa para Diretora de Cultura (ainda não havia a Secre-taria de Cultura). Embora ocupando cargo público, não abandona seu trabalho de dança, nessa época acontecendo o Compasso-Balé, Ginástica e Lu-dodança, numa modesta sala na Rua José Lucas, e o trabalho de artes plásticas no novo Garatuja. Em 1993 é realizada a 50 Mostra de Arte Infantil, e, no ano seguinte, algumas oficinas voltadas também para o público jovem. Em 1999 tem início a am-pliação física do Garatuja com a construção da sala de dança e a reforma no atelier, visando criar espa-ços para a cerâmica e o laboratório fotográfico. Em 2000 é inaugurado o novo Garatuja, realizando o velho sonho de integrar os dois trabalhos num mesmo local. Com outra sala cons-truída, as oficinas de dança passaram a dividir espaços incluindo o teatro e a música, com profissionais vindos da própria cidade e de outras localidades. No ano seguinte tem início a formação do grupo cênico Terrícolas e Terranteses e a criação da peça Hábitats. O novo espaço passa a abrigar também mostras de gravuras, fotografia e cineclube. A partir de 2004 começa a se esboçar no país uma po-lítica cultural até então inédita, e que mudou radicalmente a relação do Estado com os fazedores de cultura. O Programa Cultura Viva possibilitou o acesso de artistas e instituições que estavam à margem dos recursos destinados a esse fim. Para adaptar-se à nova realidade o Garatuja criou uma alternativa jurídica a fim de participar de edi-tais e convênios, visando atender ao público interessado e sem re-cursos financeiros. Dessa forma surgiu em 2005 o Instituto de Arte e Cultura Garatuja. No mesmo ano é lançado o projeto Universo Poético-Musical dos Congadeiros de Atibaia. Formalizado como Instituto, o Garatuja pode concorrer a diversos editais públicos, sen-do habilitado por duas vezes como Ponto de Cultura, além das par-ticipações e dos convênios com o poder público estadual e federal. No primeiro edital do Ponto de Cultura o Garatuja optou pelo traba-lho voltado aos jovens e adolescentes da região através de ações na formação artística, utilizando uma peça teatral infantil como base. No segundo convênio o trabalho se realizou com crianças, objeti-vando sistematizar o que havia sido desen-volvido, até então, em suas três décadas de existência. O resultado foi o documentário Garatujas & Cambalhotas – Expressão e Arte na infância. Outros projetos, con-vênios e parcerias aconteceram nos últimos anos, com algumas premiações importantes como a de semi-finalista no Prêmio Cultura Viva. Nossos esforços agora estão voltados à difusão desse trabalho para espaços culturais, educadores, professores de arte, escolas e inte-ressados em geral, através da exibição de vídeo e a publicação do material sistematizado até o presente momento.

O Esp

aço

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O espaço de dança foi construído de forma que a sala de aula pudesse ser transformada também num pequeno tea-tro. Esse local é utilizado na finalização dos trabalhos de dança com crianças, onde elas podem apresentar o que aprenderam de modo a não se intimidar com a presença do grande público. Em primeiro lugar o trabalho é mostra-do aos pais e demais parentes, criando um clima familiar e introspectivo. Amadurece a cada nova apresentação até as crianças ganharem confiança para atingir público maior. Outra possibilidade é que todas as etapas e os processos de uma apresentação sejam vivenciados de forma participativa pelo grupo, desde a montagem da ar-quibancada (para quarenta lugares), à afinação da luz, preparação do som, dos cenários, etc. Algumas vezes foram os alunos de artes plásticas que prepa-raram e operaram a iluminação cênica, construindo cenários e figurinos para os espetáculos. Algumas apresentações semestrais só puderam ser realizadas no próprio Teatro de Bolso, pela proposta intimis-ta e por questões operacionais, como foi o caso da peça Do Bélico ao Belo, que por utilizar técnicas do teatro de sombras, perderia completamente o impac-to visual caso ocorresse em espaços maiores. Outro exemplo foi a apresentação do grupo Caixa de Ima-gem, que tinha como proposta a apresentação para plateias mínimas, enfatizando o trabalho extremamente sensível de manipulação de pequenos bonecos. Outro fator é a proxi-midade com o público, que favorece o diálogo ao final de cada apresentação. Essa prática é adotada com frequência, contribuindo para a formação e qualificação do público. O espaço também abriga exposições, mostras, exibições e reuniões. Conta com piso de madeira, linóleo, infraestrutu-ra de bastidares, sistema de som e luz. 09

Teatro de Bolso

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Ao deixar de ser Clubinho de Artes e Arteiros de Atibaia para ser Garatuja o trabalho passou a imprimir uma nova personalidade ao espaço. A mudança para a Rua José Bonifácio antecipa uma tendência notada logo no início das ati-vidades pelo orientador Márcio Zago: a necessidade de ampliar as possibilidades expressivas das crianças. Além das divi-sões internas, que necessariamente obri-gavam a uma disposição fragmentada dos equipamentos, essa mudança de en-dereço reforçou a constatação de que os interesses das crianças eram muito varia-dos. Cada um queria ficar em determina-da sala, fazendo o que mais gostava. Tal dinâmica poderia ser melhor aproveitada caso houvesse estrutura para isso, prin-cipalmente com relação ao número de funcionários. Sem essa possibilidade a saída foi criar situações de rodízio pe-las salas a cada aula. Muitas das ativi-dades eram novidades para as crianças, despertando grande interesse nos par-ticipantes. A cidade de Atibaia, nessa época, início da década de oitenta do século passado, era pacata, com pou-cas opções. Não havia sequer espaços adequados à finalidade cultural. Daí a importância que o Garatuja teve na vida de muitas crianças que por lá passaram, e que no futuro esco-lheram profissões relaciona-das à experiência adquiri-da: Arquitetura, Design, Propaganda e Publicida-de, Programação Visual, etc. A diversificação de técnicas e procedimentos aplicados pelo Garatu-ja exigia conhecimento e prática do orientador e não havia condições financei-ras para contratar diferen-tes profissionais para cada nova área. A saída foi diver-sificar de forma autônoma. Márcio Zago passa a aplicar as diferentes técnicas de ma-neira autodidata. A formação

Artes Plasticas

aconteceu através de literatura, de orientação de amigos, artistas e muita experimentação. A primeira atividade incorporada foi

a marcenaria. A intenção não era o caráter utilitário da ati-vidade, mas disponibilizar bancada e ferramentas

manuais para o imaginário da criança. A gravu-ra, que já vinha sendo desenvolvida no Clubinho, principalmente através de xilogravura, teve con-tinuidade, acrescida pela serigrafia e mais tarde pela gravura em metal. A fotografia foi aplicada em 1984. Atividades de animação e vídeo, as últi-mas a serem trabalhadas pelas crianças. A anima-ção aconteceu pela primeira vez em 1997, ainda no sistema analógico e, mais tarde, também no digital, através dos equipamentos adquiridos pelo

Ponto de Cultura, período dos primeiros filmes com pessoas. A didática relativa ao ensino de arte

para crianças foi sendo amadurecida de forma empí-rica ao longo do tempo, e sistematizada somente em 2012. Uma das características do trabalho é a fusão de antigos processos do fazer artístico com as novas tecnologias digitais. As técnicas aplicadas há muitos anos no Garatuja continuam sendo utilizadas, mesmo com toda dificuldade que isso implica, como o ele-vado custo financeiro, a obtenção de material e ser-viços, etc. Embora obsoletas, essas técnicas possuem recursos didáticos que dificilmente serão encontrados nos atuais meios digitais. Técnicas como a fotografia analógica, convivem em harmonia com os softwares de tratamento de imagem. E experimentação junto ao laboratório fotográfico analógico prepara o partici-

Page 13: Revista Garatuja

pante antes de se utilizar os programas de tratamento de imagem. Isso é uma experiência única e inesquecível para a criança, que levará essa aprendizagem para sempre, dando significado maior ao uso do computador. Outras técnicas seguem o mesmo per-fil, como a animação, que ainda utiliza o Super-8, a gravura em metal, etc. Oferecer o conhecimento histórico de muitas técnicas e procedimentos enriquece o aluno, além de ser novidade para as novas gerações. O acabamento final dos trabalhos realizados pelas crianças, como molduras, suportes e até mesmo as exposi-ções e mostras do Garatuja também são características próprias do Instituto. Essa preocupação veio de outra constatação: a de que o adulto não dá a importância devida ao que é produzido pela criança. Molduras e suportes adequados para os trabalhos proporciona visibilidade e importância para pais, mães, parentes e público em geral. Passam a ver ali detalhes que provavelmente passariam despercebidos caso expostos de outra forma. Essa for-ma de apresentar o que é produzido pelas crianças (que ficam em evidência nas mostras e exposições realizadas) criou uma “cara”, uma identidade para os trabalhos, e são facilmente reconhecidos como do Garatuja, servindo inclusive de referência para outras escolas e espaços da cidade.

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À esquerda, parte da Mostra Memória Caipira, com fotos de Artur Cole realizada em 2007.

Ao lado, Oficina de Marcenaria realizada em 1984 no Lar Dona Mariquinha Amaral.

Abaixo a 60 Mostra de Arte Infantil do Garatuja,

que aconteceu em 2011.

Page 14: Revista Garatuja

Muito do desenvolvido pelo Garatuja foi criado pelo gravador Joaquim Gime-nes Salas. Na continuidade de seu trabalho, essa proposta prevaleceu e ga-nhou força pela necessidade de diversificar ainda mais as opções expressivas oferecidas às crianças. Para o Garatuja, técnicas mistas são ati-vidades que fogem das técnicas tradicionais do fazer artístico, como gravura, fotogra-fia, pintura, etc. Muitas delas são inspira-das em procedimentos antigos adaptados aos materiais e tecnologias atuais, como o pantógrafo, o pirógrafo, etc. Outras são adaptações de atividades profissionais exis-tentes onde são utilizadas ferramentas específicas para a função, disponobilizadas em benefício da expressão infantil. Outras ainda foram desenvolvidas durante três déca-das de pesquisa, buscando inspiração em lojas de material de construção, armarinhos, utilidades domés-ticas, e demais estabelecimentos comerciais com grande variedade de produtos. O destaque são as incrustações, a modelagem, raspagem, etc. Algumas das ferramentas são: serrote, martelo, goiva, espátula, vários tipos de pincéis, réguas, lápis, morsas e materiais como vidro, cola, argila, pregos, ferro, madeira, pano, metal, massas, pigmentos, etc.

Técn

icas

Mist

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Abaixo, Renan pintando. Na página ao lado, Gabriel e Sophia na marcenaria e Sophia e sua casinha de boneca.

Page 15: Revista Garatuja

Marcenaria começou no Garatuja na década de oitenta. A construção de objetos de madeira fez parte do currícu-lo de muitas escolas formais antigas, e era voltado basi-camente para os meninos. Com o tempo caiu em desuso, mas continua presente nas atividades desenvolvidas pelo

Garatuja, sendo uma das atividades mais admiradas pelas crianças. São utilizadas duas formas de abordar o ensino da marcenaria. A primeira é através de um projeto inicial, onde a criança desenha e pensa estrutural-mente sobre o que quer construir, tentando colocar no papel informações necessárias para concretizar sua ideia. A construção em si é feita em parceria com o instrutor, que realiza as etapas mais difíceis do projeto, ao mesmo tempo em que orienta a criança sobre o uso correto de cada ferramenta empregada. O segundo modo de trabalhar é disponibilizando madeiras e ferramentas para que criem e construam seus objetos livremente. Isso só é possível depois da criança ter vivenciado a primeira experiência, reconhecendo cada ferramenta. Em 1987 houve apresentação de Ludodança e uma exposição de objetos de madeira no Teatro Vento Forte, em São Paulo, dirigido pelo dramaturgo Ilo Krugli. Na época ele estava criando o primeiro Museu da Produção Cultural da Criança e algumas peças foram cedidas ao acervo. Sobre o trabalho do Garatuja ele disse: “Esse material vem ao encontro de tudo que penso acerca da realização das crianças. Quero peças que mostrem

a luta, a descoberta, o acerto e o erro da criança; que apareça sua busca, suas difi-culdades e realizações”.

Marcenaria

13

Page 16: Revista Garatuja

Gravura

A atividade da gravura teve início com o Clubinho de Artes e Arteiros de Atibaia. Ao fechar esse espaço e mudar-se para um novo endereço, a prensa e todo ferramental utilizado para essa finalidade foi adquirido pelo novo orientador, Márcio Zago. Existem quatro processos básicos da reprodução gráfica denominada gravura: impressão em relevo, que inclui a xilogravura e processos similares; impressão em oco ou côncavo (água

forte, água tinta, ponta seca, etc.); impressão plana ou litografia e a impres-são vazada ou serigrafia. De todas elas, a litografia é a única técnica não praticada no Garatuja. A impressão em relevo, principalmente a xilogravura e a linoleogravura, foram bastante exploradas pelas crian-ças. A serigrafia conta com espaço apropriado e é utilizado também

para o trabalho de divulgação e promoção dos eventos, como confecção de cartazes, camisetas, etc. Nesse caso recebe o nome

de silk screen. A técnica de impressão em oco foi introduzida no Garatuja através das oficinas voltadas aos adultos e ministradas

pelo gravurista Romildo Paiva, em 2004. São técnicas milenares que exigem da criança a elaboração, paciência,

habilidade e justamente por isso são mantidas na forma original. Como proposta didática optamos por fundir processos

antigos do fazer artístico com as novas tecnologias digitais, e a gravura se presta muito bem para isso. Alguns desses proces-sos foram adaptados, substituindo materiais e ferramentas, próprios para uso do adulto, por outros mais apropriadas à criança, mas mantendo sempre seu fundamento, sua essên-cia. Nesse caso salientamos tratar-se do aproveitamento de técnicas conhecidas e nomeadas de forma diferenciada.

Page 17: Revista Garatuja

Fotografia

A fotografia começou no Garatuja na década de oi-tenta, através do fotógrafo Armando Canuto. Ar-mando trabalhou muitos anos na gravadora CBS produzindo capas de discos. Por determinado perío-do morou em Atibaia e realizou aqui, em companhia do fotógrafo Euclides Sandoval, várias oficinas de fotografia. Através do Armando teve início a foto-grafia artesanal, ou pinhole. Essa é uma atividade bastante apreciada pelas crianças, principalmente pela magia e pelo inusitado de ver “surgir” uma foto tirada por uma simples caixinha ou latinha furada. Nesse processo a criança constrói sua própria má-quina fotográfica e com ela realiza as fotos. No la-boratório analógico, revelam o negativo e o passam para o positivo. Outras vezes o negativo é scanea-do e tratado digitalmente. No laboratório a criança tem a oportunidade de conhecer também o princípio básico do fenômeno químico presente na revelação analógica, através do fotograma. A primeira exposi-ção de trabalhos realizados pelo Garatuja nesse pro-cesso data de 1984. Em 2002 o IPE - Instituto de Pesquisas Ecológicas realizou um grande projeto de educação ambiental utilizando a fotografia arte-sanal desenvolvido pelo Garatuja para registrar a si-tuação do Rio Atibaia, desde a nascente até a região de Campinas. Esse trabalho abrangeu cerca de qua-trocentas crianças e gerou um calendário com fotos e uma grande exposição que circulou por várias ci-dades vizinhas. Para esse projeto foi construída uma réplica da antiga máquina fotográfica Kapsa, de fa-bricação brasileira, e através dela tornou-se possível demonstrar às crianças o fenômeno da formação da imagem presente em toda câmara escura.

Ao lado, latinha utilizada como câmera fotográfica. Aqui, ao fundo, câmera

escura em formato de câmera fotográfica.Abaixo, oficina de fotografia

e a Melissa fotografando.

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HQ e HumorA história em quadrinhos é outra atividade bastante apreciada pelas crianças. Algo específico dentro da expressão gráfica, exigindo uma série de etapas e pro-cessos, que faz dessa atividade uma das mais apro-priadas para o processo educacional, principalmente pelo fato de dialogar com outras linguagens como a literatura e o cinema. No Garatuja os quadrinhos são trabalhados de duas formas: inseridos na programa-ção normal de aulas, juntamente com outras técnicas e linguagens, ou então em cursos específicos para os que demonstram maior aptidão. Nas aulas normais, a complexidade dessa linguagem é transformada e adaptada de acordo com a faixa etária do participante, oferecendo as primeiras noções do processo. Já nos cursos específicos as diferentes etapas são aprofunda-das: da ideia inicial até a impressão final da revista. Outra área específica da expressão gráfica é o humor. Da mesma forma que os quadrinhos, o humor entra na programação normal das atividades do Garatuja, mas são aprofundados de forma separada caso haja interesse do participante. Como resultado do trabalho está a participação e premiação dos alunos do Gara-

tuja, por anos seguidos, no principal Salão de Humor do país, voltado para a criança, que é o Salãozinho de Humor de Piracicaba. Em

2013 a aluna Lia Tricoli ga-nhou 10 lugar na categoria

de 11 a 14 anos.

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Audiovisu

al

Era intenção do Garatuja realizar oficinas de vídeo e principalmente de animação com as crianças, desde seu início em 1983. Nessa época não havia a facilidade dos atuais meios digitais de realização videográfica, o único material disponível, e razoavelmente viável, era o cinema de 16 mm ou então o Super 8. O vídeo VHS era tão ou mais difícil e caro, quanto o cinema convencional, pela dificuldade de se conseguir uma ilha de edição. Através de oficina em Super 8, realizada no Garatuja (1996), foi possível começar a fazer filmes nessa bitola com as crianças. São da época as animações A Poluição, Filhotes Sapecas, O Acidente da Tam, O Balão, O Castelo Misterioso, O Saci Atrapalhado, O Tarado, O Pintor e Joanito, todas a partir de 1997. De lá para cá o Garatuja adquiriu equipamento atualizado e o processo digital incorporado ao cotidiano de nossas realizações. Os antigos processos analógicos não foram descartados, mas integrados à nova tecnologia. Sempre que possível recorremos a ele como meio didático de ensino do cinema para jovens e crianças. Em 2005 realizamos uma oficina de vídeo da Associação Kinoforum que resultou nos curtas A Bomba, Maní-acos do Parque, João 100 Medo e Crepúsculo. Em sequência o documentário Oi lá no Céu, tendo como base a pesquisa de Élsie da Costa sobre as Congadas de Atibaia. As mais de vinte animações realizadas pelo Garatuja, algumas com premiações, participaram de importantes festivais como o Anima Mundi, Mostra de Cinema Infantil de Florianópolis, Festival Internacional de Curta Metragem de São Paulo entre outros. O curta A Viagem de um Barquinho foi escolhido recentemente para abrir evento em homenagem ao Ziraldo na 100 Mostra de Cinema Infantil de Florianópolis de 2011. Essa animação também integra o catálogo da Programadora Brasil.

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Na página ao lado, de cima para baixo: Heitor preparando a arte final; O garoto Cláudio finalizando uma história em quadrinhos no processo 3D; Lia Tricoli desenhando e as caricaturas da Lia, da Valentini, do Arthur e do Davi. Nesta página, em cima, Gabriel e Vinicius filmando, desenhos da animação Sonhos de Menina e, ao lado, os irmãos Ygor e Heitor observam uma Câmera Super-8, além de recortes da primeira animação realizada no Garatuja, em 1997.

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Dança e Artes CenicasOs trabalhos de dança desenvolvidos no Gara-tuja, sob coordenação de Élsie da Costa, têm forte influência do teatro. Isso vem dos anos setenta quando em companhia do irmão Mar-cos Monteiro da Costa (arquiteto e dramatur-go), aproveitava as férias escolares para encenar peças teatrais na cidade. Na década de setenta foram sete peças e a maioria delas de Maria Cla-ra Machado. Posteriormente passaram a ence-nar também peças de autoria do próprio irmão Marcos, que seguiu carreira ganhando em 1978, com a peça Notre Dame de Paris, o 30 Concur-so Nacional de textos para Teatro Infantil do Mi-nistério da Educação e Cultura DAC/FUNAR-TE. A partir dessa experiência o teatro e a dança sempre caminharam juntos, e as apresentações tomaram a característica de dança cênica. O te-atro também ajudou no trabalho de produção cultural, que veio dessas experiências obtidas na infancia, com as peças do irmão. Outra contri-buição dessa época foi a opção por uma estética mais intimista, presente no Teatro de Bolso do Garatuja e que teve inspiração nas peças quan-do criança dentro da própria casa, para parentes, vizinhos e amigos. Aos 15 anos, Élsie dirigiu O Rapto das Cebolinhas, com várias crianças e irmãos, e, no ano seguinte, A Bruxinha que Era Boa, encenada no Grêmio Esportivo Atibaiense e no SESC de Campinas, juntando as famílias Monteiro da Costa e Cicaroni. As peças recebe-ram na época críticas bastante elogiosas, publi-cadas nos principais jornais de Campinas.

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Acima, foto da peça A Bruxinha que era Boa, dirigida por Wanda Machetti, motivação para as demais peças feitas por Élsie da Costa (segunda da esquerda para a direita) e seu irmão Marcos Monteiro da Costa (sentado). Abaixo, grupo Actariel com a peça Do Sonho Real ao Corpo Real e Marina Siqueira na Vídeodança.

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A Viagem de um Barquinho

A Viagem de um Barquinho, de Sylvia Orthof, foi encenada em 2007 como conclusão de curso, no final do Ponto de Cultura, pelo grupo Terrícolas e Terranteses 2. Três anos de oficinas com traba-lhos de dança, percussão, danças brasileiras, voz, canto, improvi-sação e criação teatral. Ao processo de montagem, foram somadas as oficinas de artes visuais na criação e confecção de objetos de cena, figurinos e da animação, também denominada A Viagem de um Barquinho, feita especialmente para a cena do sonho do meni-

no. Nessa montagem a dança teve importante papel na performance dos atores, jovens e crianças, em toda a movimentação cênica e

nas danças populares que se in-tegraram ao enredo, como o siriri

e a ciranda. As músicas com o coro infantil foram canta-

das ao vivo.

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A característica das oficinas e worshops que se desenvolveram no Ga-ratuja tinham o objetivo claro de somar elementos para a arte da dan-ça, paralelamente às oficinas de percussão. Profissionais vieram de cidades maiores, circunvizinhas como Campinas, São Paulo e Vale do Paraíba. Raras oportunidades de estudos, como as oficinas de percus-são, com músicos renomados, incentivados pelo Dalgalarrondo, tais como Guello, Magda Pucci, Paulo Campos, Fernando Ferrer, Dinho Nascimento, Eugênia Nóbrega, Tião Carvalho, Flavia Maia, Luciana Orsi, Francisco Simão, Paulo Dias e o Grupo Cachuera, além do pró-prio Dalgalarrondo. Nas danças brasileiras, contribuíram Lilian Vilela, Valéria Franco, Graziela Rodrigues, Lucilene Moreira, Rosana Bap-tistella, Sílvio de Oliveira, André do Jongo do Tamandaré, Leandro e Heraldo do Fandango de Guaraqueçaba. No teatro, Grácia Navarro, Euclides Sandoval, Grupo Caixa de Imagem, Andrea Macera e da ci-dade a contribuição das Congadas de Atibaia, Isis Gonçalves, Gabriela Gonçalves Bonillo (Bibi), Roberta Forte, etc.

Oficinas e workshops

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Na página ao lado, vertical direita de cima para baixo: Lilian Vilela, Graziela Rodrigues e Congada Rosa de Atibaia. Na horizontal: Paulo Dias e Dalga Lar-

rondo. Acima, da esquerda para a direita: André, Lucilene, Magda Pucci, Silvio, Rosana, Guello, Fernando Ferrer, Heraldo, Paulo Campos e Gracia Navarro.

Na vertical Eugênia Nóbrega. Depois, Isis Gonçalves e Dinho Nascimento.

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A Ludodança é resultado das experiências didáticas de Élsie da Costa com crianças, onde expressões inusita-das, próprias da infância como o lúdico, o imaginário e a abstração são fontes de aprimoramento dos movimen-tos da dança. Utilizam-se materiais intermediários, tais como brinquedos ou objetos e jogos dramáticos sugeri-dos pelas crianças durante o processo de trabalho. Outras motivações, objetivam maior sensibilização. A sensoria-lização nesse caso é relativa à percepção e transmissão de sensações físicas, em geral. Aborda-se na psicologia o processo sensorial consciente, correlacionado com o aspecto fisiológico que proporciona o conhecimento do mundo externo. A Sensibilização, além da recepção e percepção de sensações externas, está ligada a fatores emotivos, como o de comover, tocar o coração. Nessa metodologia o estudo do corpo é feito detalhadamen-te, objetivando sempre o domínio das ações corporais e respeitando o movimento original de cada participante. A percepção sensorial acontece pelo contato com ma-teriais específicos, estimulando atenção especial às di-ferenças mais sutis que causam mudanças efetivas na sensibilidade e na consciência do corpo. Ocorre o apri-moramento e a propriocepção, que é a sensação dos pró-prios movimentos.

Ludodança

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De cima para baixo: Performance e Ludodança - 1984, Oficinas de 2000 e 2010. Aula com estímulos lúdicos. Abaixo: registro do Laboratório de criação do espetáculo Visível In Visível (2011).

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A Dança Clássica acontece concomitantemente a outros tra-balhos de percepção corporal, domínio do movimento e a Ludodança. Essa prática é aplicada para que se tenha cons-ciência do corpo, durante as sequências de movimento e

significação dos gestos. Trata-se de uma técnica de aprendizado continuado, treino diário.

Dança classica

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De cima para baixo: Emily, Letícia e Marina. Em destaque: Flora Audi. Ao lado Raquel de Lima.

Abaixo: Alaís, Surian, Gabriela, Brenda, Marina. Treino do Corpo de Dança (2008).

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Todas as oficinas realizadas no Garatuja geram re-sultados expressivos onde há preocupação com a qualidade estética, o acabamento, dando impor-tância ao que é produzido pelas crianças e pelos jovens. Atualmente, a maioria das apresentações

ocorrem em “temporadinhas” no próprio Teatro de Bolso do Garatuja. Sempre que possível buscamos fazer apresentações em outros lugares, mas faltam oportunidades para a circulação dos trabalhos. Cada pequena obra nascida das vivências com os participantes, envolveu um determinado processo, partindo de pontos di-ferenciados: uma história, música de um tema tratado musicalmente, um fato ocorrido no cotidiano, observa-ções do dia a dia, de uma pesquisa, do brinquedo infantil, de uma crítica, de improvisos e objetos, de simples trabalhos com o corpo, de elementos históricos da dança, de interpretações instrumentais, etc. Os espetáculos criados foram sempre feitos com crianças e jovens, estudantes da dança, a maioria das vezes em processos de iniciação. A partir do ano 2000, aconteceram oficinas complementares às aulas de dança, surgindo o primeiro grupo cênico do Garatuja cujo nome, Terrícolas e Terranteses, se remete aos que são nascidos na terra e os que se incorporam à essa localidade. Mais adiante se criou o Corpo de Dança de Atibaia, a partir da oficina A Linguagem da Dança, que logo em seguida se soma ao Ponto de Cultura, nascendo o Terrícolas e Terranteses 2.

Espetaculos...

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25Apresentação de Vídeodança (2010). Foto de Laura Aidar.

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...mostras e performances

Enquanto a Cidade Não Vem (1981 ) - Tendo a natureza como ponto central e a relação entre os animais expressos por uma pata e seus filhotes. A Roda É A Roda É A Roda (1985 ) - Desenvolvida a partir de brin-quedos de madeira criados por crianças na marcenaria de um orfanato.Tais brinquedos fizeram parte das cenas, junto com pneus, arcos, e outras formas circulares como saias rodadas e uma roda gigante. Do Sonho Real Ao Corpo Real (1986) - Composição experimental coletiva utilizando um tecido gigante, membranas, e uma relação entre personagens criados a cada momento da música. Com jovens e adultos, recebeu prêmio 10 Lugar na categoria Dança do Festival e Mostra Regional de Arte e Artesanato, do interior paulista, realizado pela Secretaria de Estado dos Negócios do Inte-rior. Bailarinas de Plástico (1987 ) - Contrapondo-se aos tules, o plástico polibolhas foi o tecido escolhido para os tutus. Nas cabeças, grandes funis iluminados com pequenas lanternas a pilha, presos como os capacetes ope-rários. Visível In Visível (1991) - Sequência de trabalhos experimentais utilizados na Ludodança para domínio de ações corporais e motivação da abstração e da criatividade. A transformação do corpo que não se vê e não se mede. Em Sabão Há Bolha (1991) - De um dia de faxina, o cotidiano da limpeza e da higiene transformado em movimento e dança. De Casa Em Casa (1995 ) - Do cotidiano das casas e seus ambientes às sensações viscerais da fome, do sono e da alegria do tempo de brincar. Peregrinos de Tubaia Aragem (Vídeo de pesquisa pessoal - 1998) - Vídeo experi-mental percorrendo espaços urbanos e rurais, cujas impressões adentram o corpo. Os ambientes se relacionam com a vida dos congadeiros de Atibaia, seus corpos, suas crenças, sua cultura. Hábitats (2000 a 2002) - O femi-nino, o masculino, o rural, o urbano, a devoção, a penitência, o trabalho, o brinquedo, cânticos, danças, paisagens, estados da natureza, o imaginário, as crenças, tornam-se presentes em quem faz e em quem vê. Criado com adolescente, o trabalho foi apresentado no teatro de bolso do Garatuja; na roça, bairro do Morro Grande; no Espaço Tugudum em Campinas; no Cine Teatro Atibaia. Do Bélico ao Belo (2004) - Cenas em sombras mostram imagens de paradas militares, desfiles cívicos, arsenal bélico de defesa, cuja consequência é a violência e a morte. Uma bandeira branca marca a transposição das cenas. Na frente, da tela de sombras, toma conta o hu-mor, o lírico, o circense, a dança com personagens inusitados. Cinestesias (2007) - Foi uma apresentação de trabalhos criados a partir da oficina A Linguagem da Dança, oferecida para jovens. Envolve os sentidos das pa-lavras Cinestesia com C e Sinestesia com S e Sínese; as danças enfocaram de forma recriada aspectos históricos do processo artístico que passou, ou vem passando, a dança e a relação com o corpo. Parolas (2009) - Dan-ças compostas a partir dos sons de palavras e pequenos textos sobre os quais foram aplicados fatores de movimento e qualidades relativas ao es-forço. Videodança (2010) - Trabalho experimental feito com adolescentes e adultos, cuja proposta era explorar pontos de vista, a perspectiva e as posições que alteram e deformam as proporções harmônicas do corpo. A Viagem do Barquinho (2010) - A Viagem do Barquinho de Silvia Ortof foi o exercício para conclusão de curso, no final do Ponto de Cultura, do grupo Terrícolas e Terranteses 2.

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Na página ao lado, de cima para baixo: Yasmim e Catarina (Tutumarambá - 2011). Flora Audi e Lara e apresentação de Parolas em

2009. Acima: Hábitats (2002), com Vitor, Élsie, Kandyê e Mbatuya. Ao lado, Matheus e Alaís, Aisha e Catarina, o Corpo de Dança de Atibaia (2008) e Juliane, Lara e Daniela, na peça Dona Iselda Tecedeira (2011).

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Universo Poético

Esse projeto foi contemplado pela Petrobras, a partir da Lei de In-centivo à Cultura do Ministério da Cultura e trouxe à tona a impor-tância social da música e da poesia das congadas de Atibaia. Rea-lizado em 2005, parceria com a Associação Cultural Cachuera!, resultou num material multimídia da memória das tradições dos congadeiros de Atibaia, que têm mais de 200 anos de história. En-volveu diretamente quatrocentas pessoas para sua realização. A pes-quisa de Élsie da Costa foi materializada no livro Balanceia Meu Batalhão, no Cd Cor da Nossa Terra e no Vídeo Oi Lá no Céu!. Em Atibaia, havia quatro ternos. O quinto batalhão (dos Marinhei-ros) que estava sem atuar há 14 anos retornou com esse projeto. A Associação Cachuera!, sede em São Paulo, responsabilizou-se pela assessoria técnica na produção do CD e do Vídeo que fazem parte do projeto. Os congadeiros, que pertencem a uma comunidade me-nos favorecida, tiveram acesso inédito a uma tecno-logia de primeira linha. Isso permitiu maior compreensão dessa cultura por outros segmentos da socieda-de. A função do proje-to não tinha finalidade lucrativa e forne-ceu auxílio para as comunidades envolvidas. Parte do material produzido foi encaminhado à Pe-trobras, ao Ministério da Cultura, ao Sistema Nacional de Bibliote-cas e às próprias Con-gadas de Atibaia.

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Page 31: Revista Garatuja

Universo Poético

Ponto de Cultura

A partir de 2007 o Garatuja passou a ser Ponto de Cultura, uma das ações do Programa Cultura Viva. Para ser Ponto de Cultura houve a necessidade de passar por rigoroso processo de seleção, concorren-do com inúmeras entidades de todo o país. O Garatuja foi o primeiro Ponto de Cultura da região. O projeto apresentado levou em conta atividades que já eram desenvolvidas desde seu início. Como meta final estava a peça infantil História de um Barquinho, de Sylvia Orthof. A estrutura central do projeto foi dividida em duas etapas que se completavam: artes cênicas e artes visuais, oferecendo ampla ação na formação artística para estudantes de escolas públicas. Nas artes cênicas aconteceram oficinas de teatro, voz, dança, preparação dos jovens. Já nas Artes Plásticas o foco era trabalhar com as que tinham interesse nas atividades que aconteciam por trás dos bastidores: cenário, figurino, iluminação, sonoplastia, divulgação, adereços, etc. Para isso realizou-se oficinas de desenho, gravura, fotografia, animação, etc. O segundo projeto aprovado para Ponto de Cultura, chamado Garatujas e Cambalhotas – Documentação e Registro na Infância, propunha sistematizar nossas ativida-des a fim de torná-las acessíveis a um maior número de pessoas. Para isso foram realizadas diversas oficinas que buscavam recriar situações de registro fotográfico e videográfico. Como resultado final editou-se o DVD Garatujas e Cambalhotas – Expressão e Arte na Infância, documentário que traça a trajetória dos trinta anos de trabalho consecutivo do Garatuja em Atibaia. Uma das ações desse projeto resultou ainda na formação do Coral Percussivo Garatujas e Cambalhotas, com coordenação da musicista Roberta Forte, e que teve seu registro na edição do CD Criandanças.

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Marujos e Marinheiros

Em 2008 o Garatuja realizou, através do edital PROAC, um projeto de formação, fortalecimento e difusão da cultura popular local, focado em dois grupos específicos de tradição: a congada branca e a congada azul, do Morro Grande, bairro da Boa Vista. O projeto, desenvolvido pela pesquisadora Élsie da Costa, realizou inú-meras intervenções culturais, artísticas e educativas visando a transmissão dos saberes tradicionais através de oficinas, vivências e encontros em bairros, escolas e na própria localidade onde as manifestações acontecem. A Congada Branca, da Chácara Regina, resurgiu em 2005, depois de quatorze anos inativa, através do restau-ro feito por Élsie e a equipe do Garatuja, momento da materialização de sua pesquisa sobre as Congadas de Atibaia, patrocinada pela Petrobras. Com o projeto Marujos e Marinheiros – Aprendizes da sabedoria, tornou-se possível aproximar essa tradição aos alunos de algumas escolas públicas de Atibaia e da divisa com Bra-gança Paulista. Realizaram-se palestras, oficinas de percussão e música, o que resultou na formação de uma “Congadinha Branca” (E.E. Estudante Ednaldo Sales). Esse grupo foi posteriormente integrado à tradicional Congada Branca nas festividades da cidade, em 2008. Com apoio dos familiares envolvidos, algumas dessas

crianças se integraram definitivamente ao terno. Com a Congada Azul, também restaurada por Él-sie da Costa, em 1980/81, foi feito um trabalho na própria comunidade. As oficinas aconteceram na casa onde morou Seu Bastião, mestre da Conga-da Azul, e recentemente falecido. A casa, com o recurso do projeto, passou por reformas e adapta-ções para receber as oficinas que integraram inú-meros moradores do bairro, de diferentes faixas etárias e hoje é a sede do batalhão.

Acima o sítio do Seu Zé Bastião (José Ginçalves de Souza). Após o falecimento do mestre, com esse projeto a casa foi ocupada por oficinas e transformada em sede da Congada Azul (foto ao lado).

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O projeto integrou crianças da escola E.E. Estudante Ednaldo Sales ao Batalhão da Congada Branca por meio de palestras, oficinas, vivências e apresentações (fotos acima). Ao lado, ensaio da Congada Branca com a participação de estudantes e familiares na Capela centenária da Chácara Regina do Nenê Horta. Na foto abaixo a primeira participação da Congada e da congadinha, juntas, na pro-gramação das Festas oficiais de São João Batista (24/6/2008).

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Outras atividades

A formação de público faz parte do trabalho desenvolvido pelo Garatuja. As apresentações cênicas que ocor-rem no Teatro de Bolso sempre são acompanhadas de bate-papo no final. Com isso procura-se não só oferecer produtos culturais de qualidade, mas também criar situações apropriadas à reflexão, contribuindo assim para a formação de plateias melhor qualificadas. A fim de complementar essa ideia, desde seu início o Instituto formou pequenos acervos referentes aos brinquedos populares, à expressão da cultura infantil, equipamentos de cine/

foto, já expostos em diversas ocasiões no próprio espaço e em outros locais da cidade. Assim como o acervo, a biblioteca, os discos, fotos, vídeos e registros sonoros tornaram-se inicialmente bens materiais colhidos ou adquiridos pelos fundadores do Garatuja, mas que agora são disponibilizados para uso dos participantes. Existe acervo biblio-gráfico direcionado principalmente para a arte e a cultura popular. A grande maioria das fotos e dos registros sonoros é referente às congadas e tradi-ções locais. Esse material está aberto à consulta pública nas dependências do Garatuja. Temos ain-da infraestrutura física e equipamentos para reali-zar mostras cinematográficas e vídeográficas para um público de até 40 pessoas por sessão. O ci-neclube funciona atualmente de forma esporádica para o público externo. Algumas mostras, como o Festival do Minuto e o Tela Verde, foram ampla-mente divulgadas e contaram com grande número de participantes, principalmente estudantes de es-colas públicas. Já a Mostra do Núcleo de Estudos Audiovisuais ficou mais restrita aos alunos e fre-quentadores assíduos do espaço. O acervo de fitas e vídeo é apresentado para alunos e integrantes dos projetos realizados, dentro do assunto aborda-do. O Garatuja procura ainda facilitar a produção de outros artistas, dentro da sua estrutura jurídica, como foi o caso da publicação dos livros Cinema com Pipoca e Ecos & Sombras do amigo e cola-borador Euclides Sandoval.

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De cima para baixo: manutenção de avervo, cineclube no José Alvim, no Garatuja e as publicações de Euclides Sandoval.

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O Garatuja é um espaço de criação e difusão artística direcionado a diferentes formas de expressão. Situa-se na cidade de Atibaia, interior paulista, sendo resultado da soma de duas experiências: a de Márcio Zago, artista plástico, e de Élsie da Costa, bailarina e pesquisadora da cultura popular. Ambos respondem pela direção artística.

Localização: Está situado na Rua Esmeraldo Tarquínio, 346 – Jardim Tapajós – Atibaia SP - CEP 12945 060. Ponto de referencia: Entre três espaços bastante conhecidos pela população local: Parque Edmundo Zanoni; AME - Ambulatório Médico de Especialidades e a Praça da Ressaca. O acesso pode ser feito pela Avenida Horácio Neto, Avenida Jerônimo de Camargo ou ainda pelas Ruas Adolfo André e Dr. Zeferino Alves do Amaral. Da rodoviária partem re-gularmente ônibus em direção ao terminal da Ressaca, localizada na praça do mesmo nome.

ContatoFone/fax (11) 4412 9964

ou celular 9 9651 7975 (Vivo)Endereço eletrônico

[email protected]@garatuja.org.br

Site: www.garatuja.org.brBlogs temáticos

institutogaratuja.blogspot.com.brgaratujaquadrinhos.blogspot.com.brgaratujaaudiovisual.blogspot.com.br

garatujagravura.blogspot.com.brgaratujaculturaspopulares.blogspot.com.br

garatujahumor.blogspot.com.brgaratujafotografia.blogspot.com.br

Élsie Monteiro da Costa é pesquisadora de dan-ça e cultura popular, envolvendo-se também com teatro na adolescência. De forma prática comple-mentou sua formação e atuação, integrando outras áreas como: fotografia, técnicas mistas, percussão. Pesquisa e mantém contato com a comunidade de congadas em Atibaia. Desde 1975, teve publi-cados os livros “Ternos de Congos – Atibaia”, e “Universo Poético-Musical dos Congadeiros de Atibaia”. Trabalhou em órgão público, como arte educadora de dança, capacitação de professores, e foi dirigente cultural na Prefeitura de Atibaia. Além de estudos com a comunidade das congadas coordena oficinas, cursos e outras atividades artís-tico-culturais.

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Márcio Zago é artista plástico de for-mação autodidata. Atua desde 1983 na defesa da expressão plástica da infância, através de ações em áreas como: marce-naria; artes plásticas, fotografia, dese-nho animado e história em quadrinhos. Desenvolve ainda trabalho como artista gráfico e programador visual para em-presas e instituições. D

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Revista Garatuja - Edição comemorativaTiragem - 750 exemplaresRealização - IAC GaratujaRevisão: Euclides Sandoval

Atibaia - SP - 2013/2014

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Realização Apoio

Revista impressa com apoio cultural da Prefeitura da Estância de Atibaia. Agradecimentos: Diretor de Cultura Charles Geraldi, Secretário de Cultura Luis Otávio Frittoli

e Prefeito Municipal Saulo Pedroso.