revista frança brasil ed 309

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SETEMBRO/ OUTUBRO 2012 • N O 309 PUBLICAÇÃO DA CÂMARA DE COMÉRCIO FRANÇA–BRASIL REVISTA FRANÇA BRASIL • SETEMBRO / OUTUBRO 2012 – N O 309 TOUR DE FRANCE: AS ATRAÇÕES DA BRETANHA QUE INSPIRARAM PINTORES COMO MONET E GAUGUIN PARA SE DESTACAR DA CONCORRÊNCIA E CRIAR PRODUTOS E SERVIÇOS QUE SURPREENDAM CONSUMIDORES E CLIENTES, EMPRESAS INVESTEM NA ÁREA DE P&D E NA FORMALIZAÇÃO DE PARCERIAS COM UNIVERSIDADES E CENTROS DE PESQUISA NO BRASIL E NA FRANÇA SOLUÇÕES INOVADORAS

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Revista França Brasil ED 309

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SETEMBRO/ OUTUBRO 2012 • NO 309

PUBLICAÇÃO DA CÂMARA DE COMÉRCIO FRANÇA–BRASIL

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TOUR DE FRANCE: AS ATRAÇÕES DA BRETANHA QUE INSPIRARAM PINTORES COMO MONET E GAUGUIN

PARA SE DESTACAR DA CONCORRÊNCIA E CRIAR PRODUTOS E SERVIÇOS QUE SURPREENDAM

CONSUMIDORES E CLIENTES, EMPRESAS INVESTEM NA ÁREA DE P&D E NA FORMALIZAÇÃO

DE PARCERIAS COM UNIVERSIDADES E CENTROS DE PESQUISA NO BRASIL E NA FRANÇA

SOLUÇÕES INOVADORAS

Terra repleta de mistérios e belezas naturais com praias de areias brancas e campos verdes que terminam em penhascos, a Bretanha inspirou artistas como Monet, Gauguin e Émile Bernard na produção de obras de grande importância histórica

Para se destacar em mercados cada vez mais competitivos, companhias francesas investem em programas e parcerias com universidades e centros de pesquisa no Brasil e exterior para criar produtos e serviços inovadores que surpreendam clientes e consumidores

O crescimento da presença feminina em cargos da alta administração corporativa no Brasil, incluindo em companhias francesas, de acordo com dados da International Business Report 2012 (IBR)

tour de france

matéria de capa

mercado de trabalho

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SEÇÕESEdiTOrial 8

NOTas 12

CâMara EM dEsTaquE 34

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[ sumário ]

A revista França Brasil é uma publicação bimestral da Câmara de Comércio

França-Brasil, editada em parceria com a Editora Conteúdo Ltda.

CCFB – São PauloAlameda Itu, 852 – 19

o andar, São Paulo, SP, 01421-001

Tel.: (11) 3060-2290 / Fax: (11) 3061-1553CCFB – Rio de Janeiro

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Curitiba, PR, 80045-080Tel./Fax: (41) 3254-2854

CCFB – Rio Grande do SulRua Dr. Timóteo, 752, sala 8 – Porto Alegre, RS, 90570-040

Tel./Fax. (51) 3222-6467CCFB na Internet: www.ccfb.com.br

DIRETORIAMelissa Kechichian

José Scavone Bezerra de Meneses

REDAçãODiretora-editorial: Melissa Kechichian

[email protected]

ARTEDesigner: Victor Avi

Tratamento de imagens: Sant’Ana Birô

Colaboradores desta edição: (Texto) Abgail Cardoso, Katlhen Ramos, Marina Kuzuyabu, Paula Monteiro, Yann Walter, Rose Campos.

(Correspondente na França) Mário Câmera. (Fotos) Paulo Uras.

Jornalista-responsável: Melissa Kechichian – MTb 25.595

PuBlICIDADEClaudia Barbato – [email protected]

Cíntia Meneses – [email protected] Fonseca – [email protected]

FInAnCEIROPaulo Brandão – [email protected]

Tel.: (11) 3105.1698

REPRESEnTAçãO COMERCIAl BRASílIA - DF Iracema Ferreira Tamanaha

Tel.: DF (61) 3034-3704/ [email protected]

REDAçãO, PuBlICIDADE E ADMInISTRAçãOEditora Conteúdo – Rua Geraldo Flausino Gomes, 85, cj. 31

04575-904 – São PauloTel.: (11) 3898-0195 – Fax: (11) 3062-7319

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A revista França Brasil não se responsabiliza por ideias e conceitos emitidos em artigos ou matérias assinadas que expressam o pensamento dos autores. Não é permitida a reprodução integral ou parcial de textos publicados na revista sem a autorização prévia da Editora Conteúdo.

Comitê EditorialAlexis De Vaulx, Carlos Alberto Piazza, Claudine Bichara

de Oliveira, François Dossa, Jean Avril, Jean Larcher, Jean-Marie Lannelongue, Jean-François Hue, Jussara Machado,

Loïc Gosselin, Louis Bazire, Luiz Chinan, Márcia Ribeiro, Patrick Sabatier, Sérgio Bruel, Sueli Lartigue e Thierry Lange

Colaboraram nesta edição: Raquel Raimundo e Tatiana GoerckCom o intuito de reduzir os problemas gerados pela falta de infraestrutura logística no Brasil, governo federal anuncia investimento de r$ 133 bilhões nos próximos anos para tornar o setor mais ágil e competitivo e atrair a iniciativa privada

logística 76

um roteiro pelas melhores cafeterias da capital francesa – lugares onde é possível escolher grãos selecionados em várias partes do mundo para a preparação de um café especial

gastronomia52

Os desafios que a cidade do rio de Janeiro precisará superar para mostrar ao mundo a capacidade de criar soluções inovadoras em diferentes segmentos para as Olimpíadas de 2016

eventos esportivos68

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[ editorial ]

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P rimeiro motor do crescimento e do emprego para um país, a inovação é um grande desafio das políticas públicas e das estratégias empresariais. Em um contexto de globalização e competitividade cada vez

mais acentuado, o investimento em inovação consolida-se como uma oportunidade de adquirir e manter vantagens competitivas para as economias desenvolvidas e emergentes. Dentro desse contexto e de acordo com dados de um estudo da Thomson Reuters Top 100 Global Innovators 2011, a França ocupa o primeiro lugar no ranking europeu e o terceiro no mundo, atrás dos Estados Unidos e do Japão.

O Brasil, por sua vez, definiu uma política de estratégia industrial baseada no apoio à inovação, permitindo que sua produção científica mais que triplicasse nos últimos 10 anos. Também implementou diferentes ferramentas e dispositivos para acompanhar os processos inovadores, muitos deles semelhantes aos que podemos encontrar na França, como financiamento de projetos, capital de risco, incentivos fiscais, investimento em incubadoras, apoio às parcerias público-privadas, entre outros.

A partir da tradição em cooperação científica e tecnológica de excelência, da mobilidade de jovens engenheiros, da parceria econômica e industrial que se baseia em projetos de transferência de tecnologias, a França e o Brasil caminham juntos rumo ao desafio da inovação no século 21. Se for fundamentalmente aquela capacidade de uma empresa em fazer evoluir sua oferta para continuar adaptada à demanda com uma vantagem competitiva, a inovação, atualmente, toma novas formas (aberta ou distribuída, colaborativa, social etc.).

Para melhor responder a essas questões, pressupõe-se compartilhar experiências, e é isso que propõe o IV Fórum Inovação e Tecnologia, evento organizado pela Câmara de Comércio França-Brasil (CCFB) que será realizado em outubro, na cidade de São Paulo.

Gérard Chuzel é adido de cooperação para a ciência

e tecnologia do Consulado Geral da França em São Paulo

Vantagem competitiva

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[ notas | negócios, cultura e inovação ]

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vinho com exclusividadeImagine criar um vinho exclusivo, com base em suas preferências, com um rótulo totalmente personalizado. Essa é a proposta do B-Winemaker, um ateliê localizado na cidade de Bordeaux, na França, que permite aos visitantes a experiência de produzir, com a ajuda de especialistas, uma bebida especial e única. Os participantes do ateliê são convidados a provar e comentar nove tipos de vinhos para que seja possível definir as preferências de sabor de cada um. Além disso, ajudarão na escolha da rolha e do design das etiquetas – isso tudo em apenas uma hora e meia de curso.

www.b-winemaker.com

monUmento de valoRA Torre Eiffel foi declarada o monumento mais valioso da Europa – cerca de 435 bilhões de euros – o equivalente a quase um quinto de todo o produto interno bruto anual da França. O principal cartão-postal da cidade de Paris foi avaliado com valor seis vezes maior do que o Coliseu de Roma (91 bilhões de euros). O estudo conduzido pela Câmara de Comércio da província italiana de Monza-Brianza utilizou uma série de critérios para atribuir um “preço” aos principais pontos turísticos europeus, como localização, fluxo de turistas, valor do terreno, acessibilidade e empregos gerados.

motivos para comemorar A Lacoste tem bons motivos para comemorar sua operação brasileira. Isso porque as vendas da marca no país cresceram 40% em 2011 (R$ 150 milhões) – a melhor performance mundial do grupo no ano passado, ao lado da Coreia do Sul. O Brasil já é o sexto país no ranking da grife em relação ao volume de peças comercializadas: quase 2 milhões em 2011, um aumento de 46% em relação ao ano anterior. Para 2012, a previsão é de que esse volume atinja as 2,3 milhões de unidades, com crescimento de faturamento de 40% (R$ 210 milhões). O aumento nas vendas tem sido acompanhado pela expansão no número das lojas – a marca passou de 54 butiques em 2009 para 80 (a grande maioria franquias). A estratégia da grife é atingir as 100 lojas até 2014.

ENERGIA ELÉTRICA E MUITO MAISA Usina Termelétrica Norte Fluminense começou a gerar energia em 2004 e foi fator decisivo para a estabilização no abastecimento do estado do Rio de Janeiro.

Pertence ao Grupo Electricité de France (EDF), maior gerador de energia elétrica do mundo, e supre a demanda de dois milhões e meio de pessoas.

A UTE Norte Fluminense pratica aqui a filosofia da matriz, voltada para a sustentabilidade. Nessa linha, mantém um ambicioso programa ambiental, e inúmeras iniciativas com foco na Responsabilidade Social.

A iniciativa mais recente foi a implantação de uma uni-dade solar dentro das instalações da térmica, em Macaé. São 1.800 placas fotovoltaicas que passaram a gerar toda a energia consumida nas operações administrativas. Essa iniciativa representa uma economia na emissão de CO2 de 250 toneladas anuais.

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[ notas | negócios, cultura e inovação ]

coleção monetQue tal decorar a mesa de café da manhã ou do lanche da tarde com peças que reproduzem algumas das principais telas do artista francês Claude Monet? Com essa proposta, a Full Fit lançou uma coleção que inclui jogo para café de porcelana, bandeja, caixa para chá, porta-copos, entre outros itens inspirados nas obras criadas por um dos mais importantes pintores impressionistas do século 19.

www.fullfit.com.br

Parceria com resultadosDesde que assumiu o comando do grupo Caixa Seguros (antiga Sasse), em 2001,

a francesa CNP Assurances teve seu lucro multiplicado por dez, passando de R$ 97 milhões em 2001 para R$ 1 bilhão no final de 2011. “Nos últimos dez anos, a empresa

conquistou uma solidez inquestionável”, afirma Thierry Claudon, presidente do grupo. Para consolidar essa parceria franco-brasileira, a Caixa Seguros escolheu a cidade

de Brasília (DF) para a construção de uma nova sede (totalmente sustentável), com investimento de cerca de R$ 170 milhões e previsão de entrega em 2014.

Recorde de turistasA Comissão Europeia pretende atrair ainda mais turistas dos países que lideram o número de visitantes na Europa: China, Rússia, Brasil e Estados Unidos. Um projeto foi lançado em outubro para oferecer promoções nos preços de passagens aéreas e de vagas em hotéis na Espanha, França e Itália. O turismo é um dos poucos setores da economia europeia que ainda resistem à crise econômica. A cidade de Paris, por exemplo, deve registrar novo recorde de turistas em 2012, de acordo com a Secretaria de Turismo – 1,5% de visitantes a mais do que no ano passado. Nos primeiros seis meses do ano, 7,76 milhões de visitantes estiveram na cidade. Nos hotéis, a taxa de ocupação se manteve estável em 79%. Monumentos e museus como a Torre Eiffel e o Louvre são as principais razões da escolha pela capital francesa para 89% dos turistas.

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[ notas | negócios, cultura e inovação ]

Destino ParisFechada desde junho de 2005, a famosa loja de departamentos parisiense, La Samaritaine, localizada na rue de Rivoli, passará por uma grande reforma para abrigar escritórios, lojas, apartamentos e um estacionamento. O projeto, com previsão de ser concluído em 2015, foi concebido pelo escritório japonês SANAA e o edifício pertence ao grupo LVMH.

De 20 a 21 de outubro, um dos mais conhecidos mercados de pulgas de Paris, o de Saint Ouen (metrô Porte de Clingnancourt), organizará uma festa aberta ao público que reunirá música, dança, performances, gastronomia, além dos tradicionais produtos vendidos normalmente no espaço.

Que tal conhecer a primeira perfumaria criada no país logo após a Revolução Francesa e que teve como clientes a imperatriz Joséphine, primeira mulher de Napoleão, reis da Europa e czares russos? A bicentenária Lubin é uma excelente opção de passeio pela capital francesa, onde é possível encontrar perfumes com preços que variam de 70 a 120 euros, além de edições limitadas, com vidros feitos à mão que podem custar até 15 mil euros. www.lubin-parfum.fr

A capital francesa ganhará até 2013 um novo polo artístico e cultural, a Fundação Louis-Vuitton, que será instalada no Jardin d’Acclimatation, no Bois de Boulogne. Segundo o arquiteto americano Frank Gehry, responsável pelo projeto, a ideia é que o edifício, todo construído em vidro e com linhas curvas, seja perfeitamente integrado ao ambiente. A inauguração dessa fundação está em linha com o compromisso de 15 anos do grupo Lumit Moët Hennessy – Louis Vuitton em promover paralelamente a arte e a moda.

Hollywood sempre buscou inspiração nos cenários parisienses para a produção de grandes obras cinematográficas. Com esse tema, o Hotel de Ville apresenta a exposição Paris, vu par Hollywood, que reúne filmes, fotografias, maquetes, pôsteres, entre outras peças importantes. Até 15 de dezembro – entrada gratuita. www.paris.fr

Porcelana gourmetPara quem aprecia servir especialidades gastronômicas em porcelanas diferenciadas, uma boa opção são os itens da tradicional Bernardaud. Fundada em 1836, na cidade francesa de Limoges, a marca trabalha com os melhores designers do mundo, entre eles os Irmãos Campana (foto acima). De passagem pela capital francesa, vale a pena visitar uma das lojas da marca:

rue de Rivoli, 99, e rue Royale, 11. www.bernardaud.fr

Porcelana gourmetPorcelana gourmet

investimento no BrasilDepois de comprar a Vega, do setor ferroviário, em setembro de 2011, e após integrar neste ano o consórcio vencedor da concessão do aeroporto de Viracopos, em Campinas (SP), o grupo francês Egis revolveu mais uma vez apostar suas fichas no Brasil com a aquisição da Aeroservice, empresa especializada em consultoria e engenharia de projetos na área aeroportuária. A compra será gradual e deve ser concluída em até três anos. A Aeroservice tem cerca de 50 funcionários e experiência internacional – já desenvolveu projetos em aeroportos do Uruguai e do Equador e, no Brasil, tem entre seus clientes a Infraero.

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[ notas | negócios, cultura e inovação ]

Paris aos pésLocalizado no 56º andar da Tour Montparnasse, a 200 metros de altura, o restaurante Le Ciel de Paris, inaugurado em 1972, ganhou um projeto inovador pelas mãos do arquiteto e designer francês Noé Duchaufourd-Lawrance. Formas fluídas, leves e naturais e tons de âmbar predominam no mobiliário do espaço, que oferece uma das mais bonitas vistas da capital francesa. Entre os destaques do cardápio estão o foie gras com chutney de manga, a caçarola de lombo de vitela ao molho de sálvia e o crème brûlée aromatizado com ruibarbo e baunilha.

www.cieldeparis.com

Gastos com lUXo De acordo com um estudo realizado pelo grupo Global Blue, os turistas chineses foram os campeões em compras de produtos de luxo na França em 2011. O gasto médio em uma única loja e no mesmo dia atingiu os 1.470 euros (cerca de R$ 3.800). Os chineses estão à frente de todos os outros países integrantes do BRIC. Os russos aparecem em segundo lugar (1.000 euros), seguidos dos indianos (765 euros) e dos brasileiros (680 euros). Entre os produtos preferidos estão as bolsas e os acessórios. Segundo a organização Mundial de Turismo da França, estima-se que mais de 2 milhões de chineses visitarão o país até 2020. Em 2009, eles eram apenas 650 mil.

arte surrealistaMais de 200 desenhos, pinturas, objetos, projeções e esculturas do artista espanhol Salvador Dalí (1904-1989), produzidos durante o período em que viveu em Nova York, Paris e Barcelona, estarão expostos no museu Centre Georges Pompidou, entre 21 de novembro e 25 de março de 2013. A mostra parisiense homenageia uma das figuras mais complexas da arte do século 20 e apresenta uma retrospectiva de suas obras, além de alguns trabalhos desconhecidos do grande público.

www.centrepompidou.fr

Telas consagradas e obras pouco conhecidas fazem parte da exposição sobre Salvado Dalí, em Paris

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20 FrANÇA brAsIL | setembro / outubro 2012

[ notas | negócios, cultura e inovação ]

indicada Pelos chefsFundada em 1925, a Le Creuset é uma tradicional marca francesa do segmento de caçarolas de ferro fundido esmaltadas. Idealizados por dois industriais belgas num pequeno vilarejo no norte da França, os produtos da marca, que hoje traz, além das panelas, utensílios e acessórios para cozinha, são reconhecidos pelo sistema de produção, que segue rigorosos padrões de qualidade, desde a escolha da matéria-prima até a esmaltação e embalagem final. Cada peça passa pelas mãos de cerca de trinta artesãos, garantindo a qualidade dos seus produtos e fazendo com que seja desejada por aqueles que entendem de culinária. Dentre as novidades da Le Creuset estão as panelas feitas em ferro fundido e esmaltado (Modelo Fennel, 22 cm, R$ 772; e Modelo Ocean, 24 cm, R$ 882) e o conjunto para molhos e condimentos, com duas peças feitas em cerâmica stoneware (R$ 139).

calendário de comemoraçõesPrimeiro grande magazine a ser inaugurado no mundo, o Le Bon Marché Rive Gauche comemora 160 anos de existência em 2012. Para celebrar a data, diversas exposições culturais estão previstas para acontecer até o final do ano e várias criações de marcas como Burberry, Dior, Shiseido, Jean Paul Gaultier, Repetto, entre outras, terão peças criadas ou reeditadas para a ocasião e que serão comercializadas na loja.

www.lebonmarche.com inovações e vantagens O Flying Blue, programa de fidelidade da Air France/KLM, líder europeu com mais de 21 milhões de associados, passa a oferecer algumas inovações e vantagens aos participantes, como o aumento no número de assentos em voos de sua malha aérea europeia, com acesso a duas novas classes de reserva para retirada de passagens com milhas. Desde abril deste ano, a loja on-line Flying Blue está disponível no site www.flyingbluenews.com. Na plataforma virtual é possível acessar um grande número de vantagens, como adquirir prêmios de 31 companhias aéreas e mais 100 empresas parceiras, entre elas Hertz, Avis, Best Western, Hilton, Resort Car Hire, entre outras.

Diversas exposições culturais e artísticas,

além da venda de itens exclusivos, estão previstas

para acontecer até o final de 2012, no tradicional

Le Bon Marché, que comemora 160 anos

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setembro / outubro 2012 | FrANÇA brAsIL 21

Reconhecimento fRancêsOs designers Fernando e Humberto Campana receberam em setembro o prêmio Criação e Patrimônio 2012 do Comitê Colbert, que reúne 75 empresas de luxo e 13 instituições culturais. Famosos por suas criações que valorizam os materiais do artesanato brasileiro, eles vem ganhando destaque na capital francesa por dois motivos: foram responsáveis pela criação de uma suíte especial no Hotel Lutetia, um dos mais tradicionais da cidade, e também são tema de uma exposição que acontece no Museu de Artes Decorativas, até 24 de fevereiro de 2013. A mostra é a primeira dos designers na França – eles já tiveram seus trabalhos expostos no MoMA, em Nova York, e em museus da Alemanha. www.lesartsdecoratifs.fr

centro de pesquisas Jean-Paul Agon, presidente mundial da L´Oréal, esteve em setembro no Brasil para definir as ações para elevar os produtos do grupo francês à primeira posição em vendas no país. Para isso, anunciou o investimento de cerca de 70 milhões na instalação de um centro de pesquisas, no Rio de Janeiro – construção que será iniciada em 2014 e deverá contar com 100 pesquisadores. As oportunidades no Brasil ganharam destaque com o crescimento do poder aquisitivo da população, no entanto, para o grupo L´Oréal, o país ainda ocupa o sétimo lugar em faturamento, atrás dos EUA, França, China, Alemanha, Reino Unido e Itália. Em terras brasileiras, a companhia francesa é líder mundial em vendas de produtos para cabelo.

22 FrANÇA brAsIL | setembro / outubro 2012

[ notas | negócios, cultura e inovação ]

cláss ico Revis itadoO croissant, receita que originalmente nasceu em Viena, mas que se popularizou na França, ganhou uma releitura no Brasil, por meio da Croasonho. Fundada em 1997 no Rio Grande do Sul, a marca se fortaleceu no mercado nacional trazendo combinações inusitadas. Nas lojas, os croasonhos, com sua massa leve e crocante, podem ser acompanhados por até 50 diferentes recheios doces e salgados, agradando ao paladar mais exigente. A Croasonho, por meio do sistema de franchising, está bastante difundida na Região Sul do país, mas as primeiras lojas começam a desembarcar na Região Sudeste, como São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais.

www.croasonho.com.br

inspiração nas paisagensNascida no Brasil, de família francesa e morando nos Estados Unidos há 12 anos, Christine Drummond é uma artista que não perde a identificação com a terra natal na hora de produzir suas obras. O quadro Celebrando o Carnaval lhe rendeu uma exposição na tradicional galeria Adriano Ribolzi, em Mônaco, em maio desse ano. De 23 de outubro a 6 de novembro, os brasileiros poderão conferir um resumo dos trabalhos de Christine na Galeria Jacques Ardies, em São Paulo. São ao todo 22 obras que traduzem o estilo da pintora com cores vibrantes e efeito tridimensional para os cenários. Além do Carnaval, há registros das torcidas nos estádios de futebol, das praias, das favelas, das feiras livres, entre outros temas. Christine tem em seu currículo a participação na Bienal de Miami (2010), uma exposição no Grand Palais, em Paris, além de coletivas realizadas em Florença, África, Espanha, Canadá, Barcelona e Nova York.

www.ardies.com.br

em escala industrialA Rhodia escolheu o Brasil para construir sua primeira fábrica global de bio n-butanol, em parceria com a americana Cobalt. O produto, extraído do bagaço de cana-de-açúcar em um processo semelhante ao da produção do etanol, será utilizado em larga escala pela empresa na produção de solventes, utilizados no segmento de tintas para a indústria automotiva. Para dar início à produção, prevista para meados de 2012, as duas empresas irão instalar, em um primeiro momento, uma unidade-demonstração, em São Paulo, ao lado de uma usina de álcool. A segunda etapa do processo, que será lançado em 2015, prevê a construção de uma fábrica para produção em escala industrial com capacidade para até 100 mil toneladas do produto por ano. O Brasil não é autossuficiente na produção de butanol, cuja demanda por ano é estimada em 50 mil toneladas, movimentando quase US$ 100 milhões.

Praias, favelas, feiras livres, estádios de futebol, entre outros temas estão presentes nas obras de Christiane Drummond expostas na Galeria Jacques Ardies (SP)

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[ cartas ]

Fale com a revista França Brasil – Comentários, críticas, sugestões e releases, enviar para: Tel.: (11) 3898-0195 – Fax: (11) 3062-7319 – e-mail: [email protected]: Rua Geraldo Flausino Gomes, 85, cj. 31 – Brooklin Novo – CEP: 04575-904 – São Paulo (SP)

MERCADO DO LUXO“Ótimo panorama do mercado de luxo no Brasil e na França, complementado pela excelente entrevista com Gilles Lipovetsky. O Brasil vem se tornando um mercado promissor para as grandes marcas francesas de alto luxo, que, nos últimos anos, vem desconhecendo a crise econômica mundial. Seria interessante repetir o tema em uma próxima edição, destacando os resultados das grifes recém-desembarcadas no país e suas perspectivas para os próximos anos.”Gustavo Amaral, por e-mail

Caro Gustavo,Agradecemos a sugestão e incluiremos em uma próxima pauta da revista França Brasil, da redação

TOUR DE FRANCE“Sou um grande fã da cultura francesa e gostaria de parabenizar a excelente reportagem publicada na edição 308 da revista França Brasil (Entre acordes notas). Conhecia a importância artística da cidade de Paris no século passado, mas vocês realmente me surpreenderam com tantos exemplos interessantes.”Kátia Mendonça, de Minas Gerais, por e-mail

“Sou professora de música e achei muito interessante a matéria sobre os compositores e músicos estrangeiros que viveram em Paris (Entre Acordes e Notas). Vou usar esse material em minhas aulas.”Fátima Gonçalves da Silva, por e-mail

BOULANGERIES DE PARIS“Gostaria de sugerir uma reportagem que destacasse as mais conhecidas e tradicionais boulangeries de Paris (algumas delas, centenárias) e a importância que elas têm para a história e cultura gastronômica da França.”Sergue Antoine, por e-mail

excelente entrevista com Gilles Lipovetsky.

promissor para as grandes marcas francesas promissor para as grandes marcas francesas de alto luxo, que, nos últimos anos, vem desconhecendo a crise econômica mundial. Seria interessante repetir o tema em uma próxima edição, destacando os resultados

“Sou um grande fã da cultura francesa e gostaria de parabenizar a excelente reportagem publicada na edição 308 darevista França Brasil notascidade de Paris no século passado, mas vocês realmente me surpreenderam com tantos exemplos interessantes.”

BOULANGERIES DE PARIS“Gostaria de sugerir uma reportagem que destacasse as mais conhecidas e tradicionais boulangeries de Paris (algumas

[ tour de france | Bretanha dos pintores ]

24 FRANÇA BRASIL | SetemBRo / outuBRo 2012

[ tour de france | Bretanha dos pintores ]

Um roteiro tUrístico e cUltUral pelas belas paisagens natUrais e

arqUitetônicas da bretanha, Uma região qUe conserva até hoje antigas

tradições e qUe inspiroU Uma centena de pintores a prodUzirem obras qUe

contribUíram para a história da arte mUndial

Rose Campos

terra de

terra de

SetemBRo / outuBRo 2012 | FRANÇA BRASIL 25

xistem várias razões para que tantos artistas de toda a Europa e da América tenham sido atraídos pela Bretanha ao longo dos séculos, preenchendo incontáveis telas em resposta

ao encantamento das paisagens. É uma terra de belezas naturais e arquitetônicas com praias de areias brancas, campos verdes que terminam em penhascos e sítios pré-históricos. Na parte mais selvagem da ilha denominada Belle-Île-en-Mer, o pintor parisiense Claude Monet (1840-1926) resolveu montar seu cavalete durante uma longa visita à região, em 1886. A paisagem, formada por grandes rochas banhadas por um mar bravio, serviu de fonte de inspiração e, ao longo de dez semanas, o artista produziu cerca de 40 telas retratando aquele mesmo cenário. Ao ar livre, como costumava fazer, buscou capturar as intensas e infinitas variações de luz e de cor.

Influenciado pela pintura japonesa, que havia se tornando uma referência importante na época, Monet repetiu numerosas vezes a paisagem proporcionada pela costa rochosa, todas isentas da presença humana. O exercício foi tão impactante que significou a busca por uma nova linguagem artística e um ponto de virada em sua obra. Tinha início aí sua sistemática de observar e reproduzir a metamorfose de um motivo em diferentes momentos do dia e do ano. “O mar é incrivelmente belo e repleto de rochedos fantásticos... Estou fascinado por este empurrão violento que me obriga a ultrapassar aquilo que eu costumava fazer”, comentou na época.

Monet não foi o único a buscar inspiração naquela região, ao noroeste da França. A magia do solo bretão imprimiu a mais de uma centena de artistas – mesmo quando em estadias ocasionais – algo importante: foi graças a esse encontro único entre céu, mar, arquitetura, história, pessoas e lendas que muitos, entre 1780 e 1920, percorreram novos caminhos. “Na utilização da cor, na sintetização das formas e na luminosidade que alcançaram, eles conseguiram com suas telas realizar incontestáveis contribuições para a história da arte”, afirma a historiadora e curadora Stella Teixeira de Barros, professora de Estética e História da Arte na Faculdade de Artes Santa Marcelina, em São Paulo. Segundo ela, esse grande número de pintores se sentiu atraído especialmente pela paisagem selvagem e pela cultura arcaica local, muito diferente da encontrada nas grandes cidades, como Paris.

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Em Belle-Îlle-en-Mer, Monet produziu ao longo de dez semanas cerca de 40 telas retratando a costa rochosa e o mar bravio da região

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[ tour de france | Bretanha dos pintores

A Bretanha compreende uma larga faixa litorânea, que se estende do Canal da Mancha ao Oceano Atlântico e tem como capital a cidade de Rennes. Caracterizada como uma região de fortes e antigas tradições, foi colonizada por migrantes vindos da Grã-Bretanha (os bretões), que passaram a cruzar o mar com o intuito de se livrarem do domínio romano estabelecido nos séculos 5º e 6º. Os bretões viveram com independência naquela porção da França até o ano de 1532. Assim, foi possível manter fortes as crenças e os costumes celtas, dos antigos habitantes da França. Até mesmo as construções seguiam um estilo próprio, sendo erguidas em bases de pedras.

Muitas localidades guardam até hoje certa aura mística, que continua produzindo encantamento nos turistas. Um desses locais é o Pays de Brocéliande, uma grande área de floresta na qual muitos acreditam terem vivido o mítico Rei Artur e os Cavaleiros da Távola Redonda. Era esse mesmo lugar de natureza primitiva o ambiente procurado por artistas, especialmente durante as últimas duas décadas do século 19, que buscavam uma forma de reproduzir nas artes plásticas a proposta simbolista, cercada do mesmo mistério e da simplicidade que poetas como Mallarmé e Rimbaud tinham transposto para a literatura.

ENTRE OS PINTORES que se destacaram durante esse período está Paul Gauguin (1848-1903). Suas ideias eram compartilhadas com outros artistas, com quem costumava se corresponder, como Paul Cézanne (1839-1906), Vincent Van Gogh (1853-1890), Émile Bernard (1868-1941) e Paul Sérusier (1863-1927). A passagem de Gauguin pela cidade bretã de Pont-Aven, em 1888, foi bastante representativa. Em um evento religioso anual conhecido como Fête du Pardon (Festa do Perdão), onde fiéis em procissão pediam perdão por suas faltas e clamavam por proteção divina, Émile Bernard pintou a tela Bretãs numa Pradaria (cujo título mais tarde ele mudou para Pardon em Pont-Aven). A obra resultou em um ousado estudo de estilo, rompendo com o código estético utilizado até então.

Gauguin, sentindo-se desafiado pelo discípulo, passou a produzir pinturas ainda mais arrojadas, entre elas A Visão após o Sermão, a Luta de Jacó com o Anjo, no qual um grupo de mulheres bretãs observa, no campo, um homem lutando contra um anjo. “Com cores vibrantes, esta tela sintetiza o mundo ‘real’ e o mítico, separados pelo tronco de uma árvore, inspirada em gravuras japonesas, muito em voga naquele momento”, descreve Stella. Significativa em sua trajetória, a obra é uma importante referência para o modernismo. Não por acaso, o pintor se tornou o maior representante do movimento que ficou conhecido como Escola de Pont-Aven. Além dele, outros artistas como Sérusier, Charles Filiger e Meyer de Haan se estabeleceram na cidade, atraídos principalmente pelas belezas locais.

De acordo com a historiadora, o fascínio que as paisagens da Bretanha exerceu sobre várias gerações de artistas (inclusive poetas e músicos) começou, de modo esporádico, no fim do século 18, intensificando-se nas duas últimas décadas do século 19 e início do século 20. “Terra distante e misteriosa, encoberta por mitos e

PINCELADAS NA HISTÓRIA

Durante a Guerra Franco-prussiana, o pintor Camille Pissarro refugiou-se na Bretanha e, mais tarde, na Inglaterra, onde encontrou o amigo Monet. Ao voltar para a França, ele descobriu que, além de invadirem seu ateliê, os prussianos destruíram 1.500 de suas telas.

Em La Pointe des Poulains encontra-se um pequeno farol automatizado, com alcance de 23 milhas, e que oferece uma vista panorâmica da região. Em dias claros é possível ver a ilha de Groix e a baía de Quiberon. Adquirido em 2000 pelo Conservatório do Litoral, este antigo forte era o local preferido da atriz dramática Sarah Bernhardt para passar os verões, e hoje o local foi transformado em museu em homenagem à grande atriz.

Monet e Rodin cultivavam admiração profissional mútua e eram, além disso, muito

amigos. Não por acaso, seus trabalhos foram apresentados lado a lado em uma exposição realizada na Galerie Georges

Petit, em 1889. No ano anterior, Monet havia presenteado o escultor com um dos quadros da série Belle-Île; em troca, recebeu de Rodin a obra Jovem Mãe na Gruta (foto).

Aiguilles de Port Coton é o local que o pintor Claude Monet escolheu para retratar a beleza fascinante destas formações rochosas irregulares na sua célebre série de pinturas. Seu nome vem da espuma do mar chicoteada pelo mau tempo, que se solta em grandes flocos cintilantes como o algodão.

O Museu de Belas Artes de Pont-Aven foi inaugurado em 1985 e conserva uma coleção com mais de mil obras de muitos dos artistas que se inspiraram na região da Bretanha, com destaque para as telas produzidas por pintores pertencentes à renomada Escola de Pont-Aven, entre eles Paul Gauguin.

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Artistas como Paul Gauguin e James Whistler estiveram em várias regiões da Bretanha, a exemplo da cidade de Pont-Aven (foto no alto da pág.) para buscar nas paisagens e nos costumes locais a fonte de inspiração para suas obras (ao lado) d

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suscitaram a formação de pequenas colônias artísticas, como Douarnenez, Brest, Rennes, Saint-Malo, Dinan, Fougères, Vitré (foi desse vilarejo interiorano próximo a Rennes que Madame de Sevigné, ainda no século 17, escrevera suas famosas cartas), Vannes, Auray e Quimper, onde hoje há um pequeno e bem cuidado museu.

Em Quimper, antiga capital da Cornualha, sobressaem-se as muralhas construídas ainda no século 13, assim como a Catedral Saint Corentin. Eugene Boudin (1824-1898) – de quem o Museu Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro, possui uma dezena de telas graças à doação do Barão de São Joaquim – fez viagens regulares à Bretanha a partir de 1855. Odilon Redon (1840-1916), considerado por muitos o mais importante pintor simbolista, também passou temporadas em diversos pontos da região, e o pintor norte-americano James Abbott McNeill Whistler (1834-1903) se encantou com o porto de Nantes.

Pode-se dizer que a cidade, porta de entrada par o Vale do Loire, trava um diálogo constante entre o presente e o passado.Entre seus nativos mais ilustres está o escritor Jules Verne (1808-1905), autor de Vinte Mil Léguas Submarinas. Nantes é também o porto de onde saíram, entre os séculos 16 e 19, inúmeros navios com

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sonhos, era povoada por pessoas apegadas a seus costumes e tradições. Os bretões eram monarquistas, muito religiosos e falavam dialetos literalmente diferentes do francês cosmopolita”, descreve. Sedutora e distante, a região atraía muitos pintores porque oferecia um cenário ainda selvagem e uma costa rochosa banhada por um mar quase sempre revolto. “Ainda que de forma intermitente, por vezes em grupos, outras vezes solitários, esses artistas se mostravam ansiosos na busca por novas formas de expressão, que ali procuravam encontrar”, explica.

Em Pont-Aven, na região de Finisterra (do latim Finisterrae, que significa exatamente fim da terra, ou fim do mundo), uma colônia de pintores se formou entre 1886 e 1896. Dela fizeram parte não apenas representantes franceses, mas também de outras nacionalidades. Na verdade, a Escola de Pont-Aven acabou reunindo pessoas com estilos muito diferentes entre si. O ponto em comum era o interesse em retratar as paisagens locais e os moradores daquela pequena vila bretã e de seu entorno. Entre os Nabis (que em hebraico quer dizer profetas) estavam Paul Gauguin, Émile Bernard, Pierre Bonnard, Edouard Vouillarde Paul Sérusier, Maxime Maufra, Henry Moret e Ernest Chamaillard.Outras localidades da Bretanha também

Região de Finisterra (acima) e cidade de Quimper (ao lado): localidades onde se formaram pequenas colônias artísticas com pintores vindos de várias partes do mundo

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VIRADA IMPRESSIONISTAQuando 2012 terminar, um dos destaques do ano nas artes plásticas no Brasil certamente será a exposição que reúne trabalhos dos mais célebres pintores impressionistas, como Van Gogh, Cézanne, Monet, entre outros. Encerrada em outubro na cidade de São Paulo, a mostra Impressionismo: Paris e a Modernidade – Obras-primas do Museu D’Orsay fez tanto sucesso que foi preciso estender o horário de acesso ao público, ainda assim, sem evitar as enormes filas formadas na entrada do Centro Cultural Banco do Brasil. Cerca de 100 mil pessoas visitaram a exposição em São Paulo, que, por permanecer aberta durante a madrugada, acabou recebendo o nome de “Virada Impressionista”. O grande interesse talvez se explique pelo fato de ser a primeira vez que o acervo impressionista do Museu D’Orsay, uma das instituições mais visitadas do mundo, é apresentado em um país da Américan Latina. Um dos módulos da mostra explora justamente a influência que a região da Bretanha imprimiu na trajetória artística de muitos desses mestres das belas artes. O evento segue para o Rio de Janeiro, onde fica em cartaz até o dia 13 de janeiro de 2013. www.bb.com.br

VIRADA IMPRESSIONISTA

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Côte Sauvage, Belle-Île-en-Mer. A relevância do quadro se dá justamente por ter sido pintado pelo artista, quando ainda era um estudante da Escola de Belas Artes de Paris, durante uma viagem à costa da Bretanha. Foi aí que descobriu e adotou em suas obras a luminosidade das cores primárias, além, é claro, da proximidade com o mar, outra característica de suas produções.

destino às mais variadas partes do mundo. Ou seja, sua histórica vocação marítima era o cenário propício para a criação das obras de Verne, repletas de aventura e prontas a explorar o desconhecido. O Castelo dos Duques da Bretanha, localizado no centro histórico da cidade, é um dos destaques locais e uma de suas mais antigas construções, remontando à Idade Média. Nantes também abriga o Museu da Bretanha.

Outros pintores, como Henri Matisse (1869-1954) e Pablo Picasso (1881-1973), se apaixonaram pelo litoral bretão. Picasso, ainda em início de carreira, aperfeiçoou a luminosidade de suas fases azul e rosa nas praias da Costa Esmeralda. Em outro momento, o artista húngaro Victor Vasarelyre reconheceu ter encontrado, “nas pedras polidas pelo vai e vém do ritmo das marés, a geometria interna da natureza”, que regia suas obras ligadas à Optical Art. Em toda a costa da região, há uma sucessão de praias, antigos fortes e cidadelas que, ao longo dos anos, vêm disputando a atenção dos mais variados mestres das artes. Saint-Malo, na Costa Esmeralda, é uma dessas localidades, e uma das mais visitadas por turistas de todo o mundo. Próxima ao Canal da Mancha, é também conhecida como a cidade dos corsários e famosa por sua Vila Intramuros, com construções em estilo medieval.

De lá também é possível avistar Dinard, uma sossegada baía com pitorescos vestiários de listras azuis e brancas, retratados em várias pinturas. É famosa a exposição que Picasso fez no lugar, em 1901, junto com George Lacombe, escultor Nabi que integrou o mesmo círculo de artistas do qual fizeram parte Gauguin e Sérusier. O pintor modernista japonês Tsuguharu Foujita (1886-1968) também expôs na cidade em 1926, mais uma prova de que a região da Bretanha não concentrou apenas impressionistas e pós-impressionistas, mas também os modernos. Matisse, por exemplo, que é tido como o pintor da luz, dos contrastes e da paleta de cores fortes, tem entre suas obras mais importantes a tela

O FaSCÍNIO QUe aS PaISaGeNS da BretaNHa eXerCeU NOS artIStaS COMeÇOU NO FINaL dO SÉCULO 18 e Se eXteNdeU atÉ O SÉCULO 20

Natureza selvagem e aura mística atraíram pintores como Jean Baptiste e Camille Corot (tela abaixo de 1873)

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[ câmara em destaque | notícias e eventos ]

As recentes descobertas das reservas de petróleo do pré-sal fizeram o Brasil ganhar peso no cenário econômico mundial, no âmbito do setor energético. O país oferece cada vez mais oportunidades para o crescimento do mercado, com o Rio de Janeiro se tornando a capital para a tomada de decisões e fechamento de negócios. Com a expectativa de desenvolver parcerias comerciais e industriais, uma delegação francesa, formada por representantes de 50 empresas do setor petrolífero, além de três polos de pesquisa e competitividade, esteve na Rio Oil & Gas 2012, no Rio de Janeiro. Organizada pela Ubifrance Brasil, com o apoio da CCFB-RJ, a missão viabilizou a montagem de um pavilhão especial da França, onde os empresários puderam expor seus serviços e produtos, além de interagir e fazer negócios com empresas brasileiras. O objetivo do evento, segundo Benoît Trivulce, Diretor da Ubifrance Brasil, é fortalecer os laços já existentes entre os dois países no segmento e viabilizar a presença de PMEs francesas no país.

A agenda dos empresários franceses não se restringiu apenas à feira. Uma série de atividades foi desenhada para aproximá-los do mercado brasileiro, visando à troca de experiências. A maior missão comercial francesa já organizada no setor de energia no Brasil participou do seminário Parcerias estratégicas entre a França e o Brasil para o setor offshore, na sede da Firjan. O encontro teve a participação de representantes de órgãos e entidades como o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, da própria Firjan, do InvestRio e do Sebrae.

Na segunda parte do encontro, foi a vez de se falar da oferta francesa para o setor. Denis Palluat de Besset, CEO da Total do Brasil, apresentou o case da empresa, a quinta maior petrolífera do mundo. “Estamos no país há alguns anos e queremos cooperar onde a nossa tecnologia seja mais necessária”, explicou. Os desafios de qualificar uma mão de obra de alto nível foi o tema levantado por Nelson Prochet, diretor de RH do Grupo Technip. Na sequência, representantes dos polos de competitividade franceses Mer Paca, Mer Bretagne e Novalog apresentaram o conhecimento desenvolvido na organização dos clusters franceses. Outro objetivo da Rio Oil & Gas 2012 foi a assinatura de um acordo global de cooperação que permitirá aumentar os laços entre o Brasil e a França e garantir o desenvolvimento de uma parceria estratégica importante para os Apoios Produtivos Locais (APL) e seus homólogos franceses, os Pólos de Competitividade. A brasileira Prooceano foi uma das primeiras PMEs a fechar parceria com uma empresa francesa, e agora faz parte do Grupo CLS, uma subsidiária da Agência Espacial Francesa (CNES) e do Ifremer, tornando-se a primeira joint-venture franco-brasileira do setor. “Essa parceria vai nos dar a chance de alcançar mercados internacionais”, afirmou Maurício da Rocha Fragoso, sócio-diretor da Prooceano.

Parcerias estratégicas

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cONsUMO De LUXO No mês de agosto, a CCFB-SP organizou um café da manhã que contou com a presença de Gilles Lipovetsky, filósofo, pesquisador e professor da universidade de Grenoble, na França. Durante o evento, ele apresentou aos participantes uma visão otimista sobre o crescimento do mercado de luxo mundial – de 7% a 9% nos próximos anos. Um dos exemplos citados foi o ocorrido no Japão com a catástrofe em Fukushima. Apenas três meses depois, de acordo com os dados econômicos, as grandes marcas conseguiram voltar aos níveis de venda do ano anterior, o que demonstra a força do consumo das marcas de luxo.

retomada econômica O comitê de economia realizado no mês de setembro, na CCFB-SP, contou com a apresentação de Marcelo Carvalho, economista-chefe da América Latina do Banco BNP Paribas, que destacou em sua palestra alguns temas importantes como: o que esperar da economia mundial; quais as implicações para a nossa região, e as perspectivas para crescimento, inflação, juros e câmbio. Carvalho falou sobre a crise mundial, explicando que teve início nos Estados Unidos, passou pela Europa e hoje já começa a atingir a China. Destacou que o país apresenta um crescimento potencial menor, com taxa de investimento alta e de consumo baixa, e é o principal parceiro comercial do Brasil. De acordo com ele, as projeções indicam que a taxa de crescimento do PIB brasileiro será mais forte no próximo trimestre de 2012 e, para o ano de 2013, tende a superar os 5%. Alguns outros pontos da economia do Brasil foram reforçados por Carvalho, entre eles, que o desemprego atingiu a mínima histórica, que a inadimplência tende a ceder com a retomada da economia e que a valorização do câmbio será pouco provável. Durante a apresentação, o palestrante falou sobre a situação econômica do México, Argentina, Grécia e Japão.

Dois eventos promovidos pela CCFB-RJ destacaram as ações e estratégias da cidade do Rio de Janeiro para sediar as Olimpíadas de 2016. O primeiro deles contou com a presença de Marcio Fortes de Almeida, Presidente da Autoridade Pública Olímpica (APO), que apresentou aos participantes um balanço das Olimpíadas de Londres e destacou as ações que estão previstas para os Jogos que acontecerão no Rio de Janeiro, em 2016. Valmir Lemes de Oliveira, superintendente regional da Polícia Federal no Rio de Janeiro, também abordou o tema em café da manhã organizado no final de agosto pela CCFB-RJ.Na ocasião, jornalistas, empresários e associados puderam saber um pouco mais sobre o trabalho efetivo da Polícia Federal no âmbito estadual e federal, numa apresentação embasada em dados geofísicos e econômicos. Oliveira falou sobre os desafios e responsabilidades da PF na organização de grandes eventos no Rio de Janeiro, como a Rio+20. Ele também destacou questões referentes ao planejamento de ações para receber os mais de quatro milhões de turistas na Jornada Mundial da Juventude, que acontece no próximo ano, e sobre como a cidade estará estruturada para a realização da Copa do Mundo de 2014 e das Olimpíadas de 2016.

ceNÁriO OLÍMPicO

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[ câmara em destaque | notícias e eventos ]notícias e eventos ]notícias e eventos

antecipação de tendências Com patrocínio do Banco do Brasil, a CCFB-SP, em parceria com a Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP), realizou, entre os dias 20 e 21 de setembro, o V Seminário de Inteligência Estratégica na cidade de São Paulo e a terceira edição, em Brasília. Louis Bazire, presidente da CCFB, enfatizou a importância do tema para as empresas que, em tempos de competitividade acirrada, precisam se antecipar, inovar para garantir seu crescimento. Philippe Clerc, senior advisor for global competitive Intelligence das Câmaras de Comércio da França e presidente da Associação Internacional Francófona de Inteligência Econômica foi o convidado internacional do evento. A definição de inteligência estratégica, segundo Clerc, é a habilidade dos profissionais ou da organização de interpretar com eficácia o ambiente de trabalho para com isso, conduzir suas estratégias e também habilidades em compreender e antecipar a dos concorrentes e parceiros. Felipe Buzzerio Gama, presidente da SCIP e Planejamento estratégico de engenharia da Embraer, destacou alguns pontos que demonstram a evolução da inteligência competitiva no Brasil. De acordo com ele, na década de 1990 começaram a surgir departamentos específicos sobre o tema nas empresas. A área de inteligência competitiva também teve iniciativas acadêmicas, em especial por meio de convênios entre o INT e a universidade Aix Marseille III, e cursos de especializações INT, IBICT e UFRJ. O evento também contou com a participação de Luiz Henrique de Lima Araujo, assessor máster da diretoria de estratégia e organização do Banco do Brasil, que apresentou o case da instituição financeira e traçou o perfil do profissional que atua nesse segmento. “São pessoas com capacidade de fazer conexões, além de traduzir conhecimentos e produtos.” Francisco Paletta, diretor da FAAP, comentou o convênio da instituição de ensino com a França para o diploma DBA na área de Inteligência Competitiva, Mercado e Concorrência.

informações compartilhadasPara dar continuidade ao evento

promovido pela primeira vez em maio deste ano, com o

mesmo propósito de fomentar a troca de ideias e experiências entre os

participantes, a CCFB-SP organizou, no final de agosto, mais uma edição

do Café du Commerce. Desta vez, o local escolhido foi o

restaurante L’Aperô, localizado no bairro da Vila Madalena.

PrOPrieDaDe iNteLectUaL Christine Cabuzel, Coordenadora Regional América Latina do INPI da França; Denise Nogueira Gregory, Diretora de Cooperação para o desenvolvimento do INPI; Andre Zonaro Giacchetta, Diretor da Associação Brasileira de Propriedade Intelectual; e Gustavo de Freitas Morais, Sócio da Dannemann Siemsen Advogados, estiveram presentes no II Seminário de Propriedade Intelectual organizado pela CCFB-SP. O moderador Philippe Boutaud-Sanz, sócio da Chenut Oliveira Santiago Advogados, salientou pontos importantes, como os esforços e o custo dos investimentos em pesquisa e desenvolvimento. Boutaud-Sanz lembrou que o INPI tem se posicionado, nos últimos anos, como um guardião do desenvolvimento tecnológico do país, e ainda considerou que a tecnologia não patenteada não pode ser objeto de licença, mas apenas de transferência.

infraestrutura em debateA Comissão de Infraestrutura da CCFB-MG promoveu um almoço convival no início de setembro que reuniu Marcelo Perrupato, Secretário de Política Nacional de Transportes do Governo Federal e Philippe Vuaillat, da EGIS do Brasil, que expôs a experiência do grupo em diversos fragmentos de infraestrutura e no desenvolvimento de novas tecnologias na área de engenharia consultiva. Em sua apresentação, ele também destacou a recente parceria da empresa com a Vega, no setor ferroviário, e a participação no consórcio vencedor da concessão para o aeroporto de Viracopos, em Campinas (SP).

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NOVOs assOciaDOsJURÍDICOSCCFB–SP

ACOEM – www.acoem.com.br – Serviços – Comércio atacado/varejista

ABMC Consultoria e Desenvolvimento – www.abmc.com.br Serviços – Consultoria (Negócios / Gestão)

Aeropole Entreprises Roissy CDG – www.aeropole–roissy.comServiços – Consultoria (Negócios / Gestão)

Âncora Engenharia – www.ancoraengenharia.com.br Indústria – Construção / Serviços – Arquitetura / Eletrônica / Engenharia

BVST Environmental Systems www.bvst.com.br – Infraestrutura – Saneamento

Carnelós e Vargas do Amaral – Sociedade de Advogados www.cva.adv.br Serviços – Jurídicos

Fantin & Siqueira www.fantinsiqueiraarq.com.br Serviços – Arquitetura / Eletrônica / Engenharia

Bureau du Champagne, Brasil – www.champagne.frServiços – Marketing / Comunicação

Brazil Business Team – www.brazilbusinessteam.com Serviços – Consultoria (Negócios / Gestão)

GWA – www.gwacom.com – Serviços – Marketing / Comunicação

Instituto Aquila – www.institutoaquila.com Serviços – Consultoria (Negócios / Gestão)

Issartel do Brasil – www.issartel.com – Indústria – Mecânica

Galeria Lourdina Jean Rabieh – www.lourdinajeanrabieh.com.br

Serviços – Cultura / Turismo / Entretenimento

MHM Sociedade de Advogados – www.mhmlaw.com.br – Serviços – Jurídicos

Maragno Advogados – www.maragno.adv.br – Serviços – Jurídicos

Caccuri Consultores – www.caccuri.com.br – Serviços – Recursos Humanos

Private Homes – www.private–homes.com/paris

Serviços – Imobiliário / Turismo

Saad Gimenes – www.saadgimenes.adv.br – Serviços – Jurídicos

SBS – www.sbs–br.com – Serviços – Trading

Speyside Corporate Relations – www.speysidecr.comServiços – Marketing / Comunicação

CCFB–RJ

Altios do Brasil – www.altiosinternational.com

IMC Saste Construções Serviços e Comércio Ltda. – www.imcsaste.com.br

Europartner – www.europartner.com.br

MM&MAIS Produtos e Serviços Ltda.

Brasinvest Investimentos Holding – www.bras-invest.com

1000MERCIS – www.1000mercis.com

CCFB–PRTedeschi & Padilha Advocacia Empresarial

FÍSICOSCCFB–SPBernardo Pereira de Lucena Rodrigues Guerra

Cyril d'Humières

François Dousset

CCFB–RJMadeleine Boyer

Thierry Mabboux

cONceitOs e MetODOLOgias“A Transformação Empresarial a serviço da alta perfomance” foi o tema do evento organizado pela CCFB-MG no final de julho, que contou com apresentação de Frederic Donier, (foto) da Crescendo-Kea & Partners, e Jean-Philippe Demael, Presidente da Somfy. Donier, que participou como consultor dos processos implantados na Arcelormittal no Brasil e na França, falou sobre transformação empresarial, contexto, conceito e metodologias. Demael, por sua vez, destacou os procedimentos liderados por ele quando ocupava a posição de CEO da Acesita/Arcelormittalinox, e agora, mais recentemente, na Somfy. Clênio Guimarães, presidente da Aperam, fez o encerramento do evento, falando do desenvolvimento da sua empresa nos últimos anos, das ferramentas utilizadas pela atual gestão e da importância de estar sempre buscando a melhor perfomance, por meio da valorização do material humano e do planejamento.

ciclo de palestrasA CCFB-RJ promoveu, no mês de setembro, um ciclo de palestras, comandadas por Luciana Cardoso, da Imigra Visas, sobre mão de obra estrangeira e trabalho de expatriados no Brasil. O primeiro encontro destacou o tema de forma didática, falando de mercado, oportunidades e aspectos relevantes no ingresso, permanência e saída de profissionais estrangeiros do país. No segundo evento, os participantes tiveram uma visão sobre as práticas adotadas por empresas multinacionais na gestão de impatriados e expatriados, sob o olhar da área de Recursos Humanos. E no terceiro e último, Luciana falou sobre as novidades, tendências da legislação brasileira e burocracias relacionadas a emissão de vistos e documentações para permanência e naturalização brasileira.

ciclo de palestrasciclo de palestrasciclo de palestras

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[ matéria de capa | Especial inovação e tecnologia ][ matéria de capa | Especial inovação e tecnologia ]

InvestIMento CoM resULtadoRanking dos países mais inovadores de acordo com o Global Innovation Index 2012. O Brasil, segundo os dados, ainda tem um grande caminho a percorrer:

Fonte: Global Innovation Index 2012

1º 2º 3º 4º 5º 6º 7º 8º 9º 10º 24º 58º

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: 68,

2Su

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Finlân

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leita uma das empresas mais inovadoras do mundo no ranking Top 100 Global Innovators da Thomson reuters, a saint-Gobain, que atua com seis grandes centros de P&D, além de outros 12 de menor porte e 3,7 mil técnicos, registrou 396 patentes apenas em 2011.

“uma amostra do comprometimento da companhia francesa com o tema é que 20% de seus produtos foram desenvolvidos nos últimos cinco anos”, conta Paulo Perez, diretor de projetos da empresa. um de seus lançamentos mais recentes foi o sistema de construção a seco, baseado em uma tecnologia que reúne produtos de diversas empresas do Grupo com o objetivo de melhorar a qualidade das casas populares. “Para a substituição da tradicional alvenaria, o sistema é composto por placas de cimento sem amianto, da Brasilit; produtos para isolamento térmico e acústico em lã de vidro, da Isover; e placas de drywall, da Placo. Tudo isso aplicado a um modelo estrutural constituído por perfis leves de aço”, explica Perez. Além de proporcionar segurança para o construtor e qualidade no acabamento, a tecnologia inovadora, segundo o executivo, possibilita reduzir o tempo de conclusão da obra. Adaptado à realidade brasileira com a parceria da universidade Federal de Minas Gerais (uFMG) e do Centro de Tecnologia de Edificações (CTE), o sistema já foi utilizado na construção de 40 casas populares do Programa Minha Casa Minha vida, na cidade de Ponta Grossa (Pr), com o financiamento da Caixa Econômica Federal.

E

PARA SE DIFERENCIAR DA CONCORRÊNCIA, COMPANHIAS

FRANCESAS QUE ATUAM NO BRASIL INVESTEM EM PROGRAMAS

E PARCERIAS COM UNIVERSIDADES E CENTROS DE PESQUISA

PARA A CRIAÇÃO DE PRODUTOS, PROCESSOS E SERVIÇOS

INOVADORES QUE SURPREENDAM CONSUMIDORES E CLIENTES

E ATENDAM AS NECESSIDADES DO MERCADO LOCAL

PAULA MONTEIRO

COMO SEDESTACARNA MULTIDÃO

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[ matéria de capa | Especial inovação e tecnologia ]

Com quase 4% de seu faturamento global destinado a ações de P&D, a Artelia, do ramo de engenharia e consultoria, também acredita que investir em inovação é fundamental para se destacar em mercados cada vez mais competitivos. Em decorrência disso, conquistou em 2011 uma patente sobre armazenamento dos desperdícios em zonas urbanas e outra no segmento marítimo, para o aproveitamento da energia gerada pelas ondas. “Eficiência energética dos edifícios, mobilidade urbana, gestão e proteção dos recursos naturais e adaptação às alterações climáticas são alguns dos temas dos 20 projetos nos quais a Artelia está envolvida em colaboração com quase uma centena de diferentes parceiros internacionais”, afirma João Pedro Carneiro de Mendonça, diretor regional da empresa. De acordo com ele, a base para a maioria desses trabalhos (70% das pesquisas) tem sido justamente

Zampronha, da Schneider Electric: parceria com centros de pesquisa para a criação de soluções em automação

na área de sustentabilidade. Atuando com dois centros de P&D na França e um no Brasil – em Paulínia (sP) –, além de mais um na Ásia e outro na América do Norte, a rhodia é outra companhia que direciona 90% de seus projetos inovadores para o segmento de desenvolvimento sustentável. um exemplo do compromisso com a criação de novos produtos, de acordo com Thomas Canova, diretor de P&D da rhodia para a América Latina, é a recém-lançada linha de solventes Augeo, elaborada a partir de matérias-primas vegetais, como a glicerina e o etanol. “Também apostamos no desenvolvimento de plásticos derivados do óleo de mamona”, explica o executivo.

Há pouco tempo, a rhodia firmou ainda uma parceria com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e social (BNDEs) e o Laboratório Nacional de Ciência e Tecnologia do Bioetanol (CTBE) para o

Com quase 4% de seu faturamento global faturamento global f na área de sustentabilidade.

[ matéria de capa | Especial inovação e tecnologia ]

APESAR DE AINDA MODESTA, A COOPERAÇÃO ENTRE O UNIVERSO CORPORATIVO E O MEIO ACADÊMICO VEM GANHANDO ESPAÇO EM TERRAS BRASILEIRAS

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desenvolvimento de moléculas químicas a partir do bagaço de cana de açúcar. Outros destaques são as linhas de surfactantes biodegradáveis e sílicas de alto desempenho, para aplicação nas mais variadas indústrias. “Anualmente, a empresa investe cerca de 2% de seu faturamento em P&D, no entanto, o objetivo é aumentar essa porcentagem nos próximos anos”, diz Canova.

NO CAsO DA L’OréAL, o montante destinado a esse segmento chegou a 665 milhões de euros no período de 2009 a 2011. “somente no último ano, 3,5% das vendas do grupo foram aplicados em estudos científicos, conduzidos por nossos 19 Centros de Pesquisa espalhados pelo mundo”, conta Blaise Didillon, diretor de Pesquisa e Inovação da L’Oréal Brasil. Até 2014, um novo centro será construído na cidade do rio de Janeiro,

com investimentos da ordem de r$ 70 milhões. “Com esse novo espaço, para o qual serão criados 150 empregos diretos até 2015 e que contará com cerca de 100 pesquisadores, pretendemos nos aprofundar no conhecimento dos rituais de beleza locais e, com isso, desenvolver itens específicos para esse público.”

Para Jean-Paul Agon, presidente mundial da companhia, que esteve no país no mês de setembro para a definição dos planos dos próximos anos e para anunciar a construção do novo centro de pesquisa, o Brasil tornou-se uma região muito estratégica para o grupo, onde o crescimento é rápido. “No campo da beleza a inovação é global, mas também precisamos criar produtos com fórmulas e especificidades próprias para cada parte do mundo”, explica.

Atualmente, esses estudos são conduzidos no laboratório da fábrica

InvestIdores-anjosPara as empresas em busca de soluções inovadoras, a Rede C2i Anjos – associação sem fins lucrativos que integra o Centro Internacional de Inovação, de iniciativa do sistema FIEP (Federação das Indústrias do Estado do Paraná) – funciona como um articulador para a aproximação entre investidores e empreendedores. “Os investidores-anjos atuam em conjunto para assumir projetos de risco maior, mas com alto potencial de retorno”, afirma Augusto Muratori, gerente executivo da C2i Anjos, ao destacar que o recurso aplicado em uma única empresa pode chegar até o limite de R$ 700 mil. O passo inicial para os empreendedores interessados nessa parceria para a viabilização de seus projetos, que necessariamente têm de ser inovadores, é apresentar um sumário executivo de seu plano de negócio, que será avaliado. “Depois de várias reuniões e sabatinas que constituem as etapas seguintes, e se a conclusão for favorável, os investidores-anjos podem então contribuir com a gestão da empresa em troca de uma participação societária”, explica Muratori. Assim, além dos recursos financeiros, os investidores oferecem acompanhamento e aconselhamento. De acordo com o gerente, a C2i Anjos, que tem como um de seus principais articuladores e investidores mais ativos o francês Michel Brunet – um dos cofundadores da associação, operacional desde dezembro de 2011 –, tem sido muito procurada por empresas das áreas de biotecnologia, cosméticos, comércio eletrônico, tratamento de resíduos, energia renovável e equipamentos para monitoração de frotas. “Para estimular a formação de grupos de investidores, a C2i e outras redes articuladoras como a Gávea Angels (RJ), a São Paulo, a Bahia e a Floripa Angels, estamos pleiteando a criação de uma Associação Brasileira de Investidores-Anjos.”

Companhias francesas que atuam no Brasil investem em P&D para a criação de produtos inovadores nas áreas de saúde, indústria química e geração de energia

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localizada na zona Norte do rio de Janeiro, onde cerca de 50 pesquisadores atuam principalmente na elaboração de produtos para os cabelos. “Em 2011, 23,2% do faturamento da Divisão de Produtos de Grande Público da L’Oréal vieram de inovações criadas no centro brasileiro”, revela o executivo. Entre as cem fórmulas desenvolvidas localmente no ano passado, estão as de Elseve reparação Total 5 e Hydra-Max Colágeno, e a de L’Oréal Professional X-Tenso Care, que passaram a ser comercializadas também no mercado internacional. “A Beraca, a Coope-uFrJ, a Lance-uFrJ e a universidade Federal do ABC são alguns de nossos parceiros nas áreas de desenvolvimento de ingredientes, biologia e micro-organismos.”

Apesar de ainda modesta, a cooperação entre o universo corporativo e o meio acadêmico com ênfase na inovação vem, aos poucos, ganhando espaço em terras brasileiras. “Temos mais de 400 projetos em parceria com empresas – entre as quais a AirBus e a L’Oréal – e mais de mil financiados por agências de fomento”, afirma vanderlei Bagnato, coordenador da Agência usP de Inovação. são pesquisas que abrangem desde a produção de novos fármacos, passando pelo

Cerca de 50 pesquisadores atuam no laboratório da

L´Oréal, no Rio de Janeiro, para o desenvolvimento

de novos produtos

desenvolvimento de técnicas de tratamento de doenças, até soluções para o ramo de petróleo e gás. “Para a Agência usP, que também tem parcerias com várias universidades francesas, qualquer patente que vira produto já representa um grande avanço.”

rogerio Zampronha, vice-presidente da unidade de negócios Industry, da schneider Electric Brasil, por sua vez, destaca parcerias para soluções de automação com a universidade Federal do Mato Grosso e a do Ceará, além da contribuição do serviço Nacional da Indústria (senai) na área de

Tecnologia da Informação (TI).“Temos nos associado a universidades líderes no mundo, como a Ecole des Mines Paris Tech e a Joseph Fourier, na França, e MIT Media Lab e Georgia Tech, nos Estados unidos”, exemplifica. Projetos da schneider nas áreas de eficiência energética e proteção ambiental contam ainda com parceiros industriais como Microsoft, Philips, CEA, renault, sAP e Bouygues.

Entre as mais recentes soluções apresentadas pela schneider está o Harmony XB5r, botão de comando sem fio (wireless) e sem necessidade de alimentação elétrica.

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Canova, da Rhodia: “A empresa investe 2% do seu faturamento global em P&D”

Já o Ecostruxure é um sistema integrado de energia, automação de processos e segurança, que reúne informações correlacionando as variáveis, o que proporciona análises detalhadas da eficiência operacional. “O produto tem aplicação nos mais diferentes segmentos de mercado, como saneamento, mineração, alimentos, edifícios inteligentes, centros de dados etc.”, garante Zampronha.

DEsENvOLvIDO E PrODuZIDO no Centro de Produção de Porto real (rJ) da PsA Peugeot Citroën, o novo Citroën C3, de acordo com Francesco Abbruzzesi, diretor-geral da marca, traduz a ambição da montadora francesa em oferecer produtos cada vez mais inovadores alinhados à filosofia Créative Technologie. “A concepção do projeto levou em conta o ganho de eficiência, representada pelo melhor desempenho, menor consumo de combustível e emissões reduzidas”, diz. O modelo se distingue, entre outras coisas, pela utilização de 33% de materiais verdes e 95% de índice de reciclagem e, graças ao motor Tu4 1.5 8 v Flex, conquistou a classificação “A” no

Soluções do Grupo SNEF para modernização da fábrica da Renault, em Curitiba (ao lado) e na área de construção pela Saint Gobain: tecnologias adaptadas à realidade do Brasil

programa de Etiqueta Nacional de Conservação de Energia, do Inmetro. Já a utilização do para-brisa Zenith possibilitou um inédito aumento do ângulo de visão em 80%.

E é justamente para atender a área automotiva, além de outros segmentos industriais, que o Grupo sNEF estabeleceu uma filial no Brasil, com o objetivo de oferecer soluções locais de engenharia, de acordo com as peculiaridades produtivas dos clientes. “Atualmente participamos da modernização da planta da renault em Curitiba para integrar equipamentos e processos, sob medida”, exemplifica sébastien Marlier, diretor de operações da sNEF Brasil. “A iniciativa inovadora consiste em transferir tecnologia da matriz da companhia, na França, para capacitar profissionais e propor serviços regionalizados”, explica.

No segmento de saúde, o Grupo Guerbet tem se destacado no desenvolvimento de soluções que atendem as necessidades diagnósticas de radiologia, cardiologia, oncologia e outras especialidades. “Em 2011, o grupo destinou 11% de seu faturamento para pesquisas nas áreas de doenças

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[ matéria de capa | Especial inovação e tecnologia ]

cardiovasculares, oncológicas e patologias inflamatórias e neurodegenerativas”, afirma o diretor-geral da empresa no Brasil, Fernando Oliveira. Como resultado, a Guerbet apresentou ao mercado brasileiro de radiologia, em julho, a scanbag, cuja proposta é atender às expectativas econômicas, aos compromissos ambientais e às necessidades do diagnóstico por imagem. “Embalagem de Henetix em bolsas de polipropileno – em substituição aos frascos de vidro –, a scanbag reduz custos, uma vez que pode ser utilizada

vez, possui uma estratégia de investimentos em P&D voltada para duas frentes de atuação: desenvolvimento de medicamentos derivados do plasma e ampliação do portfólio de derivados das biotecnologias. “Para a produção de seu primeiro produto recombinante (complexo protombínico), o LFB/GTC utiliza o processo de transgenese, pelo qual a molécula humana é reproduzida a partir do leite de cabra”, conta Marcia Bassit, diretora-geral do LFB Hemoderivados e Biotecnologia e do LFB Tecnologia. Com laboratórios localizados nas cidades francesas de Les ulis e Lille, Lyon, Bordeaux, Toulouse e Nantes, o Grupo está investindo cerca de 100 milhões de euros no setor de P&D, em 2012. um dos destaques,

segundo Marcia, foi a criação da unidade Cell for Cure, primeira

empresa do grupo voltada para a produção em

com a exclusiva injetora sBI, que dispensa o uso de seringas”, explica o gerente de marketing Marco Lauzi. segundo ele, há vários outros projetos inovadores em andamento, entre os quais estão dois na área de medicina nuclear, para o desenvolvimento de marcadores biológicos de tumor, em parceria com IMAKinib e Gallimed. Com a subsidiária Medex, a Guerbet trabalha ainda em um projeto revolucionário de injetora para raio X.

reconhecido mundialmente por seus tratamentos de ponta, o Grupo LFB, por sua

SEGUNDO DADOS DO DO GLOBAL INNOVATION INDEX 2012, O BRASIL OCUPA A 58ª POSIÇÃO NO RANKING DE INOVAÇÃO, E A FRANÇA, A 24ª

Abbruzzesi, da Citroën: criação de veículos com tecnologia de ponta e utilização de materiais verdes e reciclados

Novo Citroën C3 traduz a ambição da montadora em oferecer produtos cada vez mais inovadores com menor consumo de combustível de emissões de carbono

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escala industrial de medicamentos de terapia celular. “Com um investimento de 18 milhões de euros, a unidade seguirá os padrões de qualidade europeus e americanos. A meta é a produção, em médio e longo prazo, de aplicações terapêuticas para os tratamentos de diabetes, insuficiência cardíaca, câncer, entre outros”, diz. E o Brasil – onde a LFB foi qualificada como empresa responsável pela transferência de tecnologia de fracionamento de plasma para

a Hemobrás, do Ministério da saúde –, é um mercado prioritário para a implantação dos novos derivados da terapia celular.

Em se tratando de saúde oftálmica, a Essilor também tem investido pesado em soluções inovadoras nos últimos anos. sempre atenta às necessidades de usuários de óculos de grau, a multinacional francesa criou recentemente em seu departamento de P&D, a Optifog – uma categoria de lente que elimina o efeito embaçado.

Para ativar a propriedade antiembaçamento, segundo Tadeu Alves, presidente da empresa para a América

Latina, basta aplicar uma gota do produto em cada lado da lente e espalhar com um pano de

microfibra. “A proteção pode se estender por até uma semana, caso os óculos não sejam

lavados com água”, explica.

InterCÂMBIo eM PesQUIsa A França e o Brasil possuem uma forte parceria na área da inovação. Um dos programas de cooperação é o ARCUS (Ações em Região de Cooperação Universitária e Científica), que foi estabelecido entre Nord-Pas de Calais e o estado de Minas Gerais, para estimular a pesquisa e o intercâmbio entre instituições das duas regiões. Lançado em dezembro de 2011, o programa organiza-se sobre dois eixos temáticos: saúde, abordando questões de envelhecimento, medicina do trabalho, telemedicina e hematologia; e territórios, que abrange população em risco e reconversão industrial e econômica dos territórios. Também em 2011, o governo do Paraná reforçou o interesse pelo fortalecimento do acordo com a região de Rhône-Alpes, para o desenvolvimento de projetos conjuntos nas áreas de comércio, meio ambiente, energia e gestão territorial, cultura, agroalimentos, entre outros. Já o estado de São Paulo mantém, desde 2002, um protocolo de cooperação tecnológica, científica e educacional com a região de Provence-Alpes-Côte D’Azur (PACA), que tem possibilitado a realização de diversos encontros de negócios e visitas técnicas. A área espacial e as de software industrial e de vinhos são algumas das beneficiadas. Há ainda acordos setoriais específicos e parcerias com centros de formação profissional, a exemplo da estabelecida entre Senai, Dassault e PSA. Márcia, da LFB Tecnologia:

molécula humana reproduzida a partir do leite de cabra

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Regiões de Rhône-Alpes e Côte D’Azur: programas de cooperação entre o Brasil e a França nas áreas de medicina do trabalho, espacial e de softwares

[ matéria de capa | Especial inovação e tecnologia ]

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[ entrevista | Sabine Enjalbert – especial inovação e tecnologia ]

PARA A DIRETORA DO CENTRE FRANCILIEN DE L´INNOVATION, ORGANIZAÇÃO FRANCESA DA

REGIÃO DE ÎLE-DE-FRANCE, RESPONSÁVEL PELO ACOMPANHAMENTO DE 1.500 PEQUENAS E

MÉDIAS COM ATUAÇÃO EM DIVERSAS ÁREAS, A RECEITA DO SUCESSO DE UMA EMPRESA É

INOVAR SEMPRE E BUSCAR EXPANDIR OS NEGÓCIOS INTERNACIONALMENTE

EXEMPLO DEcompetitividadeMÁRIO CÂMERA, DE PARIS

[ entrevista | Sabine Enjalbert – especial inovação e tecnologia ]Sabine Enjalbert – especial inovação e tecnologia ]

SETEMBRO/OUTUBRO 2012 | FRANÇA BRASIL 49

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C om oito departamentos, a região de Île-de-France representa quase um terço do Produto Interno Bruto (PIB) francês e é o principal polo econômico do país. Por trás da força da economia local, está uma tradição de inovação

que faz das empresas da região um exemplo de competitividade e tecnologia mundial. Sabine Enjalbert, diretora do Centre Francilien de l’Innovation, não esconde o orgulho ao falar desses números. A organização que ela dirige acompanha cerca de 1.500 pequenas e médias com projetos inovadores em diversas áreas. Mais do que financiar pesquisas, o centro tem como objetivo fazer com que essas companhias se desenvolvam de maneira sustentável e estejam em constante expansão.

Para criar pequenas e médias empresas que sejam competitivas no mercado mundial, o Centre Francilien de l’Innovation conta com uma rede de 80 mil pesquisadores espalhados por laboratórios, universidades e incubadoras localizadas em Île-de-France. Um savoir-faire que faz da região uma das mais prósperas da Europa.Diante da crise que ameaça orçamentos em todo o continente europeu, Sabine tem a receita para o sucesso de uma companhia: inovar e crescer internacionalmente.

REVISTA FRANÇA BRASIL – Como inovar e ser competitivo em meio à atual crise econômica europeia?SABINE ENJALBERT – Para uma empresa, o importante é conseguir o financiamento para um projeto. Parte desse dinheiro pode vir do setor público. No entanto, é verdade que, em tempos de crise, é difícil encontrar financiamento junto ao setor privado e aos bancos. Apesar disso, uma empresa inovadora tem mais facilidade e capacidade de mobilizar crédito do que uma que não inova.

FB – A dificuldade em encontrar financiamento pode fazer com que empreendedores deixem a França em busca de investimentos para seus projetos em outros países?SE – A crise atual ultrapassa nossas fronteiras e alcança a Europa inteira. Ou seja, o problema é o mesmo em um grande número de países. É verdade que algumas empresas, como as startups, conseguem levantar fundos em outros lugares, mas isso não é diferente do que acontecia no passado. Não existe uma tendência causada pela crise europeia que leve mais companhias a buscarem financiamento no exterior.

FB – A eleição de François Hollande modificou a política de inovação francesa?SE – Nós somos ligados à região de Îlê-de-France, que é a nossa interlocutora. Não posso falar sobre a situação global do país. O que eu posso dizer é que, desde 2009, quando o centro foi criado, nós somos financiados pelo Ministério da Educação Superior e da Pesquisa. Mas, para responder à sua pergunta, a inovação continua sendo uma das prioridades do nosso financiador.

Região de Île-de-France: tradição em inovar. Abaixo, Sabine, do

Centre Francilien de I´Innovation

50 FRANÇA BRASIL | SETEMBRO / OUTUBRO 2012

[ entrevista | Sabine Enjalbert – especial inovação e tecnologia ]

“NÃO EXISTE UMA TENDÊNCIA CAUSADA PELA CRISE EUROPEIA QUE LEVE MAIS COMPANHIAS A BUSCAREM FINANCIAMENTO NO EXTERIOR”

FB – O Centre Francilien de l’Innovation tem uma política de inovação responsável. Como isso realmente funciona na prática?SE – Nós abordamos a noção de responsabilidade de uma maneira abrangente. Nossa ideia é utilizar a inovação para desenvolver projetos, serviços e produtos que respondam aos três pilares do desenvolvimento sustentável: que não atendam apenas interesses econômicos, mas que também respondam aos desafios ambientais e empresariais. Partindo desses três princípios, procuramos encontrar uma nova abordagem para a inovação.

FB – O centro trabalha somente com pequenas e médias empresas? Qual a importância que elas têm nos processos de inovação da região de Île-de-France?SE – A história mostra que nossas pequenas e médias empresas sempre foram muito inovadoras. O nosso desafio é fazer com que elas se desenvolvam ao longo dos anos, cresçam e entrem no mercado internacional. Só em Île-de-France são quase 80 mil PMEs.

FB – Qual o papel das incubadoras nesse processo?SE – Existem diferentes tipos de incubadoras na França. Aquelas que vão acompanhar um pesquisador, ajudá-lo a desenvolver

uma ideia, a estruturar uma empresa, facilitando a transferência de tecnologia e de conhecimento. Outras permitem que, uma vez criadas, essas companhias se beneficiem de um ambiente privilegiado de trabalho, dividindo o mesmo espaço com outras empresas inovadoras, criando um ambiente de criatividade e estímulo que é importante para a inovação. Seu papel é garantir a segurança durante o processo, a cada etapa do progresso. Os três primeiros anos são importantes e os três seguintes, mais ainda. Em seguida, é preciso se renovar constantemente.

FB – Atualmente, quais são os setores considerados mais inovadores na região de Île-de-France?SE – Nossa força está na diversidade. Alguns setores são bastante desenvolvidos, como o da mobilidade – tanto ferroviária e viária, quanto aérea. A área da saúde também é importante, com inovações que vão de terapias a equipamentos médicos. Além disso, muitas empresas têm um grande

savoir-faire em tecnologia da informação e de comunicação, com destaque para aplicativos, telefonia móvel, videogames, entre outros. A engenharia financeira é outro setor em que somos bastante competitivos.

FB – E onde ainda é preciso melhorar? SE – Nós temos projetos em diferentes áreas, no entanto, o mais importante é que, ao longo desse processo, possamos acompanhar as empresas interessadas em continuar crescendo. Companhias que, mesmo depois de terem atingido um patamar, não se satisfazem em continuar no mesmo nível. Não é possível crescer sem inovar e sem buscar uma expansão internacional. É com esse objetivo que atuamos.

FB – Como se dá a cooperação internacional para alcançar esse objetivo?SE – Para nós, inovação, crescimento e expansão internacional estão intimamente ligados. Trabalhamos com algumas parcerias, como as Câmaras de Comércio. Em nível regional, a Agence Regional de Dévelopement acompanha as companhias estrangeiras em Île-de-France e o desenvolvimento internacional das empresas da região. Nós trabalhamos juntos, para fornecer uma experiência dupla sobre a inovação e sobre o crescimento internacional das pequenas e médias.

FB – Como o Brasil é vistodentro desse contexto?SE – Pessoalmente, acho que esse tipo de parceria, como a que a França tem com o Brasil em diversas áreas de tecnologia e inovação, vão se desenvolver cada vez mais no futuro. O tamanho e o dinamismo do mercado brasileiro, além da possibilidade de acesso a um continente inteiro, fazem com que as empresas que acompanhamos pensem, é claro, em países com o Brasil na hora de se expandirem internacionalmente. Entre os setores mais inovadores dessa região francesa está a área de saúde, em

especial no desenvolvimento de equipamentos médicos e novas terapias

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La référence depuis 1925

52 FRANÇA BRASIL | SetemBRo / outuBRo 2012

[ gastronomia | lojas de café ]

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Para garantir a qualidade da bebida consumida, alguns

estabelecimentos Parisienses oferecem aos clientes a oPção

de escolher entre diferentes tiPos de grãos, selecionados

em várias Partes do mundo, a matéria-Prima Para a

PreParação de um excelente e exclusivo café

Mário CâMera, de Paris

Aroma e sabor ideAis

Aroma e sabor ideAis

SetemBRo / outuBRo 2012 | FRANÇA BRASIL 53SetemBRo / outuBRo 2012 | FRANÇA BRASIL 53

D a entrada do número 52 da rue de l’Hôtel de Ville, onde está localizada a Caféothèque de Paris, emana um envolvente aroma de café recém-torrado. Do lado de dentro da loja, Bernard Chirouze pilota uma velha máquina responsável pela torrefação dos grãos de café que chegam de diferentes partes do mundo (veja boxe

na pág. 71). O processo é realizado de 40 a 50 vezes por semana, e faz parte de uma tradição que nos últimos anos renovou-se e ganhou espaço na capital francesa. Os cafés ajudaram a formar a identidade parisiense e em seus balcões e mesas foram escritas algumas das páginas mais importantes da história do país. Revoluções, intrigas, poesias e discussões acaloradas sempre tiveram como combustível o café. No entanto, é quase unânime a opinião de que a qualidade da bebida servida na cidade tem deixado muito a desejar nos últimos anos.

Atentos à demanda de um público cada vez mais exigente, o casal Bernard e Gloria Chirouze inaugurou, em 2005, a Caféothèque. A cafeteria não foi a primeira da capital francesa a vender grãos selecionados nas melhores plantações do mundo, mas tem um atendimento que vai além da simples xícara de café servida no balcão. O sucesso foi imediato e, sete anos depois, o espaço tornou-se uma referência de qualidade em Paris. No balcão da entrada principal, os clientes podem escolher entre 25 diferentes tipos de grãos, todos eles puros, sem misturas. “Cada café é único, porque cada terra é única”, diz o proprietário do estabelecimento.

Quando não está no interior do Espírito Santo ou nas montanhas da Etiópia comprando as melhores matérias-primas diretamente dos produtores, é ele quem assume a tarefa de comercializar o produto em grãos ou moído. No entanto, antes de iniciar a torrefação, repete as mesmas perguntas aos frequentadores do lugar: “Que tipo de café o senhor gosta? Como vai prepará-lo?”. Engenheiro de telecomunicações aposentado, Bernard acredita que, quando se trata de café, todos os detalhes são importantes para se preparar uma bebida especial.

A procura pelos produtos da loja é tão grande que o casal decidiu expandir as atividades e comprou o imóvel ao lado. O resultado são três novos ambientes para degustação. O cliente pode escolher entre uma espécie de lounge, o balcão onde são servidos expressos e doces ou o jardim que conta com mesas e banquinhos de madeira e tem um muro coberto por plantas que dão um ar de floresta tropical ao espaço.

Fonte: Abic/2011/*milhões

Mapa da produçãode acordo com a organização Internacional do Café (oIC), a produção mundial da safra 2011/2012 está estimada em 128,5 milhões de sacas. ao lado, os maiores produtores (em sacas de 60 kg*):

Brasil Vietnã

Indonésia Colômbia

Etiópia Índia

México Peru

Honduras Guatemala

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[ gastronomia | lojas de café ]

O clima agradável e a cordialidade dos funcionários atraem uma clientela formada, sobretudo, por jovens e profissionais liberais. “Temos muitos escritores e artistas que passam o dia trabalhando aqui”, conta Bernard. “Isso é muito importante para nós, pois sempre tivemos uma ligação muito forte com a literatura e a poesia”, explica. O sucesso levou Gloria a organizar degustações mensais e a criar um curso de formação de baristas. Muitos de seus ex-alunos são atualmente funcionários da Caféothèque e responsáveis por explicar cada detalhe do ciclo do café – da plantação ao preparo.

NO RASTRO DO SuCESSO da loja de Bernard e Gloria, novos espaços para degustação da bebida aparecem todos os meses em Paris. um deles é o Terres de

Cafés, que começou a servir seus expressos há três anos e já abriu outras três cafeterias na capital francesa.“Percebemos que existia um filão e que era necessário dar uma resposta à demanda parisiense por qualidade, mas ficamos surpresos com a aceitação do público”, explica Christophe Servell, um dos sócios do estabelecimento.

Nascido em uma família ligada ao café – seu avô trabalhava com torrefação e sua mãe tinha uma pequena loja “com cinco, seis tipos de misturas de grãos” –, Servell abandonou a carreira de produtor audiovisual para se dedicar exclusivamente ao negócio. Para se diferenciar da concorrência, decidiu comercializar no espaço máquinas de expresso. “Isso não existia em Paris até então”, conta, depois de sentar-se em uma mesa na calçada em frente a uma das lojas

localizadas no bairro do Marais e degustar uma xícara de café. No Terres de Café são vendidos grãos selecionados com base em uma política de qualidade e responsabilidade social. Muitos deles são orgânicos e obedecem às regras do comércio justo. “Assim como o vinho, o café é único”, diz o proprietário, ao explicar tanto zelo com seus produtos. “A escolha do solo, a maneira de plantar, tudo isso influencia e faz com que cada produto seja diferente do outro. É isso que tentamos vender aqui.” De acordo com ele, outro fator de grande influência tanto no aroma quanto no sabor do café é a torrefação. Se a falta de espaço obriga muitas cafeterias a torrarem seus grãos em outros lugares (como é o caso do Terres de Cafés), ainda é relativamente fácil encontrar estabelecimentos que realizam esse procedimento na própria loja. uma delas é a Brûlerie des Gobelins.

Logo na entrada do estabelecimento é possível sentir o aroma de café que acabou de

(No sentido horário) Galeries Lafayette, Fauchon e Brûlerie Saint-Roch: opções dos mais variados tipos de grãos de café

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de grão eM grãoo Brasil é historicamente líder na produção e venda ao exterior do café em grão, além de ser um importante consumidor da bebida (cerca de 4,94 kg por habitante/ano). apesar disso, os melhores grãos são encontrados em diferentes regiões do mundo, com características únicas de cultivo, solo e torrefação. Confira abaixo uma seleção dos melhores cafés do mundo que são comercializados na capital francesa:

Moka Oromia

Plantado a 2.500 metros de altitude na região de Oromia, na Etiópia, é um café ideal para ser tomado de manhã. Forte e aromático, esse cem por cento arábica é originário de uma só plantação, o que garante sua pureza e qualidade. Além de comercializá-lo em grãos ou moído, a Fauchon também o adotou como o café servido em sua loja.

Zege

Esse arábica de origem etíope cresce de maneira totalmente selvagem, próximo a um mosteiro situado a 1.800 metros de altitude. Seus frutos são colhidos e preparados pelos próprios monges. Vendido com exclusividade por Terres de Café, é um moka encorpado, com notas amadeiradas. Ideal para ser degustado durante o inverno.

Sumatra Mandheling

Café cultivado na Indonésia e comercializado pela Brûlerie des gobelins, tem aroma suave, sabor intenso e acidez fraca, com notas amadeiradas de cedro.

Le Temps des Cerises Vanille

Para quem gosta de arriscar, o café com aroma de baunilha do Le Temps des Cerises é um belo desafio. Torrado com métodos tradicionais, é ideal para ser degustado após as refeições, acompanhando a sobremesa. Vendido nas Galeries Lafayette.

Jacu

Produzido em Pedra Azul, no Espírito Santo, é um café naturalmente orgânico, pois é digerido pelo Jacu, um pássaro que se alimenta das cerejas do cafeeiro. Depois de digeridos, os frutos são recolhidos das fezes do animal, lavados e vendidos. É considerado um produto de alta qualidade, e sua safra é de apenas algumas centenas de quilos por ano. A raridade tem seu preço. Na Caféothèque, 250 gramas custam 50 euros.

Guadalupe

Acredite se quiser, mas a França também produz café. Longe do clima temperado do território metropolitano, o país tem orgulho dos cafezais dos territórios de ultramar. No Malongo Café, é possível apreciar uma bebida de origem francesa totalmente produzida no Caribe. Um grão equilibrado, com uma ponta de acidez e um perfume maravilhoso.

Kipo Luwak

Versão indonésia do Jacu, é o café mais caro do mundo (um quilo pode chegar a custar mil dólares). Seus grãos brotam de cafeeiros selvagens na floresta de Irian Jaya e é bastante apreciado pelo gato-almiscarado, que o come e digere. Após serem colhidos dos excrementos do animal, os grãos são lavados e secos. É um café com notas de chocolate amargo, cedro e cravo-da-índia. Em Paris, é comercializado com exclusividade no Café Verlet.

ser torrado. uma enorme máquina vermelha se encarrega de aquecer os grãos até chegar à cor que o funcionário Maxime Marcon-Roze julga ideal. Ao lado da colombiana Constanza Bouyat, é ele quem gerencia a loja do 5

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distrito da capital. Se o Caféothèque e o Terres de Cafés são frequentados por jovens com seus laptops prateados, a Brûlerie des Gobelins mantém uma clientela mais tradicional. O local não mudou nem mesmo após ser vendido para uma grande marca de cafés da França. Ao lado da máquina para a torra, empilham-se sacas de café vindas de países como a Indonésia e a Costa Rica.

O bom-humor e o ambiente caseiro são garantidos por Maxime e Constanza, que sempre mantêm um sorriso no rosto – a simpatia, aliás, é uma característica comum às cafeterias visitadas pela reportagem da revista França Brasil. “Somos uma loja de bairro, com uma longa tradição na venda de produtos de qualidade”, explica o gerente, antes de completar que os clientes são velhos conhecidos. Ele admite que, historicamente, os parisienses sempre consumiram um café ruim, mas diz sentir um aumento considerável

56 FRANÇA BRASIL | SetemBRo / outuBRo 2012

[ gastronomia | lojas de café ]

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no número de pessoas em busca de novas experiências. “Ao contrário do que muita gente pensa, é possível encontrar um produto de qualidade na capital francesa sem ter de pagar caro por isso”, completa.

A afirmação pode ser comprovada no Café Verlet, uma das mais tradicionais cafeterias de Paris, fundada em 1880. Apesar de estar localizada na elegante rue Saint-Honoré, ao lado do Palais Royal, seus expressos, servidos em xícaras próprias e pires em formato de folha, não ultrapassam os 4,50 euros. Por esse preço, os clientes podem experimentar o famoso Kopi Luwak, um grão retirado das fezes do gato-almiscarado, mamífero que se alimenta dos frutos dos cafezais da selva indonésia, e que é considerado por muitos o melhor café do mundo. (veja boxe pág. 71). “Para mim não existe o melhor do mundo, isso depende do paladar de cada um”, garante Philippe Santin, há mais de 40 anos servindo os clientes do Verlet.

Para exemplificar a afirmação, ele faz uma cara feia ao saber que o repórter está tomando um Kirimara. “É um grão do

Quênia, muito ácido”, explica, enquanto enche pequenos sacos de 250 gramas de café moído, que serão enviados aos clientes antes de a loja fechar durante todo o mês de agosto, para férias. O Verlet tem uma clientela variada. Se os turistas entram e saem o dia inteiro, as senhoras costumam ocupar o segundo andar da casa no meio das manhãs e das tardes, quando tomam seus cafés e chás, acompanhados de docinhos e salgadinhos. Na hora do almoço, o local é tomado por profissionais da região.

O CAFÉ COMO MOTOR para o trabalho garante grande parte do movimento em outra tradicional casa do primeiro distrito de Paris. A Brûlerie Saint-Roch, ou Chez Elie, é o ponto de encontro de executivos durante os dias da semana. De pé, eles dividem as mesas espalhadas pelo local para degustar um dos oito tipos de grãos selecionados, acompanhados de croissants e pains au chocolat fresquinhos. Menos informal, mas tão “popular” quanto a Brûlerie Saint-Roch, são as Galeries Lafayette. Com sua grande

oferta de cafés do mundo inteiro, a Malongo é um exemplo de cafeteria inaugurada para atender à crescente demanda por novidades na capital francesa.

Além de outras três lojas espalhadas por Paris, a Malongo tem um quiosque dentro do Lafayette Gourmet. A marca faz tanto sucesso que passou a comercializar suas próprias máquinas de expresso, e seus produtos também são encontrados nas gôndolas dos melhores supermercados do país. Com uma política baseada na agricultura sustentável, a Malongo oferece cerca de vinte tipos de cafés cultivados por pequenos produtores do mundo todo. Nas lojas, o cliente pode escolher os grãos e pedir para o atendente moê-los na hora, antes de o café ser preparado. A filial do Lafayette Gourmet ainda tem a vantagem de estar em frente ao quiosque do japonês Sadaharu Aoki, considerado um dos melhores confeiteiros da capital francesa. O espaço gastronômico

Os CAFÉs AJUdARAM A FORMAR A ideNTidAde PARisieNse e eM seUs BALCÕes FORAM esCRiTAs ALGUMAs PÁGiNAs dA HisTÓRiA dA FRANÇA

Balcão do Terres de Café (à esq.) e colheita de grãos da marca Malongo: política de qualidade e responsabilidade social

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que podemos trazer à sua empresa na área financeira

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Em 2010 foi criada a SMG BRASIL, baseada em São Paulo, com o objetivo de acompanhar o desenvolvimento internacional de nossos clientes no Brasil e na América Latina.

58 FRANÇA BRASIL | SetemBRo / outuBRo 2012

[ gastronomia | lojas de café ]

QuaLIdade garaNTIdaos endereços para se degustar um bom café na capital francesa e ainda escolher os melhores grãos para preparar a bebida em casa:

La Caféothèque de Paris

52, rue de l’Hôtel-de-VilleMetro* Pont-Marie, Saint-Paulwww.lacafeotheque.com

Lafayette Gourmet

40, bd Haussmann Metro Chaussée d’Antin – Lafayettewww.galerieslafayette.com

Terres de Cafés

32, rue des Blancs Manteaux14, rue Rambuteau13, rue d’Aligre33, rue des BatignollesM.* Rambuteau, Ledru Rolin, Romewww.terresdecafe.com

Cafés Verlet

256 Rue Saint-HonoréM. Palais Royal – Musée du Louvrewww.cafesverlet.com

Brûlerie des Gobelins

2 Avenue des Gobelins M. Censier – Daubenton

Fauchon

26 Place de la Madeleine M. Madeleinewww.fauchon.com

Malongo

68, rue du Commerce50, rue Saint André des Arts31/35 rue du Départ40, bd Haussmann M. Commerce, Avenue Émile Zola, Saint-Michel, Odéon, Montparnasse-Bienvenüe, Chaussée d’Antin - Lafayettewww.malongo.com

Brûlerie Saint Roch (Chez Elie)

53 Rue Saint-RochM. Pyramideswww.brulerie-st-roch.com

das Galeries Lafayette também comercializa outros tipos de cafés em suas gôndolas. Além das melhores marcas do mercado, é possível encontrar misturas, no mínimo, exóticas. Para quem não tem medo de arriscar, a Maison Taillefer oferece produtos com sabor de pera caramelizada, torta de limão ou macaron. Já a Temps de Cerises coloca à disposição dos clientes suas misturas de 100% arábica aromatizadas com baunilha ou cereja.

Bem mais tradicional em sua oferta, a Fauchon também vende cafés de qualidade em sua colorida loja na Place de la Madeleine. Lá é possível encontrar dois tipos de café

já embalados. O Mélange Fauchon é uma seleção de grãos gourmets da África e da América Latina. Especialmente elaborado para ser coado em filtro, ele tem notas de avelã torrada e a acidez do cassis. O outro produto comercializado já moído pela Fauchon é o Colombie San Roque, descrito como “complexo, suave e frutado”. No entanto, a célebre grife parisiense vende outros produtos em sua loja. uma vantagem: para quem tem dúvidas e não entende francês, a vendedora da Fauchon fala português fluentemente e pode explicar todos os detalhes de cada um dos tipos comercializados na loja.

Grãos vindos de diferentes partes do mundo e torrefação personalizada fazem a fama de muitas cafeterias parisienses como a Brûlerie St-Roche, a Malongo, a Caféothèque e a Fauchon

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/ Fo

toli

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26 Place de la Madeleine

* Metro e M. (metrô)

Air Export

Scanner Truck / Imp.

Railroad Equipment / Imp.

AgricultureMachinery / Exp.

Forged Shaft / Imp. Submarine Remote Ops Vehicle / Exp.

Bran

ches

Guarulhos / SPPhone: (55-11) 2303.0023 Fax: (55-11) 2303.0029

E-mail: [email protected]

Viracopos / SPPhone / Fax: (55-19) 3725.5646

E-mail: [email protected]

Airport Handling Offices

Home Office - Itajubá / MG

Belo Horizonte / MGPhone: (55-31) 3427.6456Fax: (55-31) 3427.6466

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Joinville / SCPhone: (55-47) 3481.1500Fax: (55-47) 3437.3045

[email protected]

São José dos Campos / SPPhone: (55-12) 3946.1500Fax: (55-12) 3923.9893

[email protected]

Campinas / SPPhone: (55-19) 3738.1600Fax: (55-19) 3238.6745

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Porto Alegre / RSPhone: (55-51) 3358.1500Fax: (55-51) 3337.1500

[email protected]

Santos / SPPhone: (55-13) 3229.1200Fax: (55-13) 3229.1209

[email protected]

Rio de Janeiro / RJPhone: (55-21) 3461.9300Fax: (55-21) 2240.0049

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Curitiba / PRPhone: (55-41) 3282.9833Fax: (55-41) 3282.9191

[email protected]

Vitória / ESPhone: (55-27) 2123.1500Fax: (55-27) 2123.1510

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Caxias do Sul / RSPhone: (55-54) 3211.1552Fax: (55-54) 3211.1570

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Ribeirão Preto / SPPhone: (55-16) 3995.8800Fax: (55-16) 3995-8810

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Salvador / BAPhone: (55-71) 3272.1699Fax: (55-71) 3271.2513

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Recife / PEPhone: (55 81) 3326-3410Fax: (55 81) 3325-0054

[email protected]

International Experience - Brazilian FlexibilityExperiência Internacional e Flexibilidade Brasileira

• International Freight Forwarder since 1983�Agente de Cargas Internacionais desde 1983

• Agent IATA, FIATA, NVOCCAgente IATA, FIATA, NVOCC

• Regular Consolidation Services by Air and OceanServiços regulares de Consolidação por via aérea e marítima

• Partial and Full CharterFretamento parcial e/ou total (aéreo e marítimo)

• Project Cargo (door-to-door and turn-key)�Cargas de Projeto (porta-à-porta e “turn key”)

• Export DocumentationDocumentação de exportação

• Weekly Full and Consolidated Truck Service BRASIL - Argentina, Chile, Uruguay and ParaguayServiço Rodoviário FTL e Consolidado, semanal, entre Brasil, Argentina, Chile, Uruguai e Paraguai

• Logistics IntegratorIntegrador Logístico

• Customs ConsultingConsultoria Aduaneira

• Transport InsuranceSeguro de Transporte

• Warehouse and TruckingArmazenagem e transporte rodoviário

• Global Network present in over 75 countries and 20 important business centers in BrazilPresença Global em mais de 75 países e em 20 importantes Centros de Negócios no Brasil

• FumigationFumigação

Head Office / Matriz - São Paulo Phone: (55-11)� 5098.1500 | Fax: (55-11)� 5098.1540/ 5098.153�9 | [email protected] | www.figwal.com.br

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[ mercado de trabalho | mulheres no comando ]

60 FRANÇA BRASIL | SetemBRo / outuBRo 2012

s mulheres estão cada vez mais presentes na direção das grandes empresas no Brasil. A afirmação é comprovada pelo International Business Report 2012 (IBR), elaborado pela consultoria The Grant Thornton, que, entre outros resultados significativos, revela que

27% dos cargos de liderança no país são ocupados por executivos do sexo feminino. Os dados da pesquisa, do qual participaram empresas privadas de 36 países, mostra que esse indicador subiu três pontos percentuais em relação a 2011, e é superior à média mundial de 21%. No mundo, há países com resultados muito maiores do que os brasileiros, como a Rússia, com 46%, e extremos como o Japão, com apenas 5% .

Atualmente, elas representam cerca de metade da população mundial e, embora profissionais dos dois sexos com ensino superior sejam recrutados em proporções quase iguais, a presença de mulheres em posições de alta administração ainda é pequena em todo o mundo, considera o relatório. As executivas ocupam pouco mais de um em cada cinco cargos de comando e apenas uma em cada 10 empresas têm mulheres como CEO. No Brasil, esse número é ainda menor, o correspondente a 3% – bem atrás da média mundial de 9% e muito distante de países como Austrália (30%), Tailândia (29%) e Itália (20%).

De acordo com dados do IBR 2012, a maior parte das brasileiras em cargos de liderança no Brasil está na área de Recursos Humanos (16%). Essa concentração é ainda mais evidente na China (41%) e na França (37%). As profissionais do sexo feminino se destacam também no setor financeiro como Diretoras (15%) e Chiefs Financial Officer (CFO) (13%) e na área de Vendas (13%). Na avaliação de Madeleine Blankenstein, sócia da The Grant Thornton Brasil, o importante é haver

ADiversiDaDe valorizaDaDe acordo com dados fornecidos pelo International Business Report 2012 (IBR), elaborado pela consultoria The Grant Thornton, do qual participaram empresas de 36 países, a média mundial de mulheres em cargos de diretoria apresentou algumas oscilações nos últimos anos e voltou a crescer em 2012:

19%

2004

24%

2007

24%

2009

20%

2011

21%

2012Fonte: International Business Report 2012

Uma presença qUe cresce

Nos últimos aNos, as mulheres vêm coNquistaNdo

cada vez mais espaço Nos aNtes exclusivos

territórios masculiNos da alta admiNistração

corporativa. No Brasil, de acordo com dados

do InternatIonal BusIness report 2012 (IBr), elas

já ocupam 27% dos cargos de lideraNça, muitos

deles em compaNhias de origem fraNcesa

AbgAil CArdoso

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SetemBRo / outuBRo 2012 | FRANÇA BRASIL 61

DisTriBUiÇÃo Por PaÍses oU reGiÕes

Turquia31%

América Latina

22%China25%

Europa24%

Rússia46%

América do Norte

18%América

Latina

22%

Índia14%

Japão5%

África do Sul

28%Sudeste Asiático

32%Austrália24%

Nova Zelândia

28%Austrália24%

Sudeste Asiático

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Índia14%

[ mercado de trabalho | mulheres no comando ]

62 FRANÇA BRASIL | SetemBRo / outuBRo 2012

um balanço entre homens e mulheres. Segundo ela, a diversidade no processo de tomada de decisões traz perspectivas de crescimento para as empresas.

“No Brasil isso deve ser mais fácil de notar visto os grandes exemplos que temos, a começar pela presidenta e mais recentemente a troca de comando na maior estatal do país”, diz Madeleine, referindo-se a Dilma Rousseff, que acaba de ser eleita pela revista Forbes a terceira mulher mais poderosa do mundo pelo segundo ano consecutivo, e Maria das Graças Foster, que assumiu a presidência da Petrobras em fevereiro deste ano. Graça Foster, como é conhecida, é engenheira química e fez toda sua carreira na estatal, onde começou como estagiária no centro de pesquisas, em 1978. Ela é a primeira executiva, no mundo, a comandar uma empresa de petróleo do porte da Petrobras, e ficou no 20º lugar no ranking da revista Forbes.

“Não tenho dúvida de que em 10 anos a proporção de homens e mulheres em nível de alta diretoria estará praticamente igualada”, afirma Sérgio Sabino, diretor de marketing da Michael Page para a América Latina, consultoria especializada no recrutamento de executivos, responsável pela contratação de quase 6 mil pessoas por ano no país. Sabino se baseia em números concretos para fazer

essa previsão. Um levantamento da Michael Page revela crescimento significativo no número de profissionais do sexo feminino contratados para cargos de diretoria no Brasil, nos primeiros quatro meses de 2012 em relação ao mesmo período de 2011. O aumento foi de 10 pontos percentuais, subindo de 24% para 34%.

Para média gerência, a evolução é de 5 pontos percentuais, saindo de 27% para 32%. Dessas contratações, o maior número refere-se a áreas tradicionalmente “femininas”, como Recursos Humanos, Jurídico e Marketing. “Mas é questão de tempo para elas se destacarem em setores como tecnologia, engenharia, logística e construção”, afirma. Para Sabino, a mulher conquista esse espaço por mérito próprio, porque investe mais nos estudos do que os homens. “Fui professor universitário e percebi essa característica na prática. Elas sabem que a educação é a chave de seu crescimento e conseguem conciliar carreira com as muitas outras atividades que culturalmente já exerciam”, explica.

A própria Michael Page traduz bem esse cenário. De origem inglesa, a consultoria, instalada no Brasil há 12 anos, conta atualmente com três diretoras e diversas mulheres ocupando cargos gerenciais. Essa presença crescente, no entanto, não

tem a ver com o fato de se tratar de uma companhia de recursos humanos, área em que a presença feminina é maior. Na Michael Page, para atuar em uma das 14 divisões de recrutamento, o profissional tem que ter, antes de qualquer coisa, experiência na área.

A percepção de que as mulheres trazem melhores resultados ao ambiente corporativo pode ser comprovada por meio de um estudo divulgado, em agosto deste ano, pelo Credit Suisse Research Institute. De acordo com a pesquisa envolvendo 2.360 empresas de capital aberto, das quais 78 no Brasil,

Marcele, da Coface: desde 2011, ela assumiu a presidência da unidade brasileira do grupo francês que representa 60% dos negócios da companhia em todo o mundo

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SetemBRo / outuBRo 2012 | FRANÇA BRASIL 63

No Brasil, a maior parte das executivas em cargos de liderança está nas áreas

jurídica, financeira, de RH e marketing

companhias que têm pelo menos uma executiva nos conselhos de administração tendem a apresentar melhor desempenho financeiro, especialmente em momentos de crise. Analisando a performance no período 2005 a 2011, a conclusão foi de que as corporações de grande porte que incluíam pelo menos uma mulher na sua diretoria apresentaram um resultado 26% melhor do que as lideradas 100% por homens. Entre as pequenas e médias, a diferença foi de 17% a mais para conselhos com diversidade de gênero. O lucro líquido mostrou ser 14%

maior nas companhias com conselhos mistos e de 10% nas lideradas apenas por profissionais do sexo masculino. O relatório afirma ainda que, quando homens e mulheres tomam decisões importantes juntos, a governança corporativa melhora.

Uma das maiores autoridades do mundo financeiro, Christine Lagarde traduz bem esse cenário descrito acima. Ex-ministra das Finanças da França, que assumiu em julho de 2011 o comando do Fundo Monetário Internacional (FMI), chegou a declarar: “Se os Lehman Brothers fossem as irmãs Lehman, a crise econômica atual claramente teria sido muito diferente”. Lagarde é a primeira mulher a dirigir o FMI nos 68 anos de existência da instituição.

Já EM UM PANORAMA macroeconômico mais estável, de acordo com dados do relatório, as companhias podem ser recompensadas por estratégias mais agressivas. Daí a importância de contar com uma diretoria ou conselho de administração misto, combinando as características dos dois sexos. O relatório corporativo internacional da consultoria The Grant Thornton (IBR) acrescenta ainda mais informações interessantes a respeito dos benefícios da diversidade no mundo dos negócios. A edição especial sobre mulheres, divulgada em março deste ano, menciona um estudo que revela que empresas com maior proporção de profissionais do sexo feminino em suas diretorias superaram as concorrentes em termos de retorno sobre o capital investido (66% a mais), sobre o patrimônio (53% a mais) e nas vendas (42% a mais).

Ainda de acordo com o relatório, um estudo da Universidade de Leeds, no Reino Unido, concluiu que ter pelo menos um membro do sexo feminino na diretoria reduz os riscos de fracasso dos negócios em 20%, e ter mais de uma mulher reduz os riscos ainda mais. A pesquisa do Credit Suisse Research

De acorDo com DaDos Do iBr 2012, no Brasil apenas 3% Das mUlheres ocUpam cargos De ceo. Um ínDice aBaixo Da méDia mUnDial De 9%

Institute também encontrou um avanço na presença feminina no conselho de diretores das grandes empresas, entre 2005 e 2011, mas considera que ainda há um longo caminho a percorrer. Segundo o relatório, 42,3% das empresas brasileiras analisadas têm pelo menos uma mulher em postos de direção. Em 2005, esse índice era de 29,7%. Embora apresente um crescimento importante, o Brasil ainda está bem atrás de países como a Colômbia, onde 60% das companhias têm executivas em postos de direção, México (45,5%) e Estados Unidos (85,7%).

Todas as empresas analisadas na Nova Zelândia, na Suécia, na Finlândia e em Israel têm mulheres no conselho de administração. Na América Latina, 61% das companhias não têm nenhuma integrante do sexo feminino no conselho e não passam de 3% as companhias com mais de três mulheres. Já na Europa, graças às medidas de incentivo ou cotas obrigatórias adotadas em diversos países europeus, só 16% são comandadas apenas por homens, e o índice de empresas com mais de três executivas é de quase 30%. Segundo a pesquisa, as grandes corporações são mais propensas à participação feminina nos cargos de comando. E a presença da mulher avança mais rapidamente em países europeus. No período do estudo, o índice cresceu 58,3 pontos percentuais na Bélgica, e chegou a 83,3%.

Questionado por alguns especialistas que defendem que a meritocracia seja suficiente para abrir mais espaço para as mulheres, um dos caminhos para ampliar a representação delas nos conselhos de administração é a definição de cotas. Está tramitando no Congresso uma lei nesse sentido, de autoria da senadora Maria do Carmo Alves, que propõe um incremento gradativo do número de representantes femininos no conselho de administração de companhias públicas e de economia mista, o que serviria de inspiração

[ mercado de trabalho | mulheres no comando ]

64 FRANÇA BRASIL | SetemBRo / outuBRo 2012

Exemplos como o de Graça Foster (acima), da Petrobras, demonstram a presença feminina em novos setores

para o setor privado. A proposta é de que as mulheres ocupem 10% desses cargos até 2016 e 40% em 2022. A Noruega foi o primeiro país a estipular, em 2003, cotas nos conselhos de administração, destinando 40% dos cargos ao gênero feminino. Hoje, Espanha, Holanda, Bélgica, Itália e França também optaram por esse caminho.

NO MUNDO CORPORATIVO privado, uma das gigantes da internet, o Yahoo!, contratou a executiva Marissa Mayer, uma engenheira de 37 anos, para alavancar os resultados do grupo. Com um salário anual de US$ 40 milhões, segundo o Wall Street Journal – quase quatro vezes mais que os dois CEOs anteriores –, Marissa era uma das principais executivas do Google e respondia pelo setor de serviços de geolocalização, o que inclui o Google Maps, o Google Earth e o Google Street View. Ela é creditada como inventora de diversas patentes em inteligência artificial e em design.

Dos Estados Unidos para o Brasil, a carioca Marcele Lemos, de apenas 34 anos, conquistou a presidência da Coface, empresa líder em gestão de crédito com foco em seguro doméstico e de exportação. A companhia movimentou R$ 138 milhões em 2011 e deverá crescer 20% este ano, e detém a liderança folgada no país, com 55% de market share, enquanto o segundo player tem 16%. E seus planos são de avançar rapidamente. “Com a crise europeia, o grupo Coface, que tem mais de 60 anos e está em 97 países, aposta no crescimento dos negócios na América Latina e na ásia. O Brasil tem um enorme potencial para o seguro de crédito à exportação, e nossa operação tem apresentado resultados consistentes”, afirma Marcele, que assumiu em dezembro de 2011 o comando geral da filial brasileira. A unidade representa 60% dos resultados no grupo na região.

De acordo com ela, a Coface está investindo na disseminação da cultura desse produto, que proporciona segurança na gestão de portfólios e evita que a empresa seja afetada por eventos de inadimplência e insolvência de clientes, ampliando a equipe comercial. Marcele fez praticamente toda sua carreira na Coface, que na época se chamava SBCE. Formada em administração com especialização em comércio exterior e MBA em finanças internacionais, ela

começou em 2000 como analista de crédito para operações de médio e longo prazos. Rapidamente, aprendeu muito sobre o negócio, graças à sua disposição para encarar todo e qualquer desafio que surgisse. “Sempre que aparecia algo para ser implementado, eu acabava assumindo, porque a empresa estava começando no Brasil, havia muita coisa para fazer, e a equipe era pequena”, lembra.

Quatro anos depois, ocupou a primeira posição gerencial e, em menos de dois anos, passou a gerente-executiva. Depois de a SBCE ser adquirida pela Coface, foi convidada a estruturar a área de operações de curto prazo em São Paulo, partindo praticamente do zero. Logo depois, com o regresso da diretora técnica para a França, Marcele se tornou diretora-adjunta, depois superintendente. Ela atribui parte de seu sucesso à sua disposição para estar presente no dia a dia da empresa e para ouvir as equipes. E afirma que, durante toda a sua trajetória profissional, nunca sofreu preconceito.

Outra executiva bem-sucedida em um setor que ainda é reduto de homens é Christiane Aché, diretora de projetos e

SetemBRo / outuBRo 2012 | FRANÇA BRASIL 65

a ajudem no desempenho do trabalho. Em outro setor, desde janeiro de 2012, Ana Renó atua como vice-presidente de recursos humanos e de administração da Eurocopter Brasil – Helibras. Formada em psicologia em 1989 pela PUC São Paulo, ingressou na área de RH e, em 1996, realizou seu desejo de ter uma experiência profissional fora do país.

Conseguiu passar em um teste e foi admitida na Motorola num programa de 18 meses, incluindo atuação em projetos nos Estados Unidos, Escócia e Itália. Ocupou sua primeira posição como diretora de RH e Qualidade na T-Systems e depois exerceu cargos de diretoria na Telecom Itália, Makro, Dell, até ser contratada como vice-presidente de recursos humanos na Eurocopter Brasil – Helibras, onde responde também por administração e responsabilidade social. É uma das duas mulheres no board de nove pessoas da companhia.

Ana faz parte do grande contingente de executivas que atuam na área de recursos humanos, uma das primeiras que se abriram para o crescimento das mulheres, ao lado de

exportação da Alstom para a América Latina, que há 15 anos está na companhia, depois de ter atuado na área jurídica em uma indústria de helicópteros. Durante todos esses anos, foi a única representante do sexo feminino na diretoria da Alstom, até que, em outubro de 2011, o board passou a contar com a segunda mulher, na área de comunicação. Além disso, durante muitos anos, Christiane foi conselheira eleita da Câmara de Comércio França-Brasil. Atualmente, é membro do Comitê Executivo. “Ainda não tivemos uma executiva na presidência da Câmara”, observa.

Em sua opinião, as mulheres têm algumas características apreciadas pelo universo corporativo, como ser, em geral, mais agregadora, colaborativa e detalhista, além de dar conta de uma infinidade de tarefas ao mesmo tempo. “Eu faço reunião enquanto leio e respondo e-mails, e ainda atendo dois celulares, um em português e outro em francês”, diverte-se.

O importante, em sua opinião, é saber se cercar de profissionais competentes, que

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[ mercado de trabalho | mulheres no comando ]

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A experiência de Beatriz Denizette Kloss, diretora da Direccion Gestão e Desenvolvimento de Talentos, que tem sede em Curitiba (PR), mostra que as grandes companhias nacionais revelam maior abertura com relação à presença de mulheres em cargos de comando. “A meu ver, ainda é tímido o avanço das executivas nos cargos de chefia, embora as empresas já demonstrem maior interesse em contar com profissionais do sexo feminino, pela capacidade de exercerem múltiplas funções, de fazerem uma análise sistêmica e de criarem alternativas mais rápidas para os processos”, explica. Em sua opinião, além de características inatas, como flexibilidade, visão sistêmica e sensibilidade, pesa a favor da mulher seu grande foco na qualificação profissional. “A habilidade para conciliar ajuda a conseguir parceiros e aliados com muita facilidade e, assim, contribuem para que a empresa atinja melhores resultados”, conclui.

marketing e jurídico. “O universo corporativo ainda é muito masculino, mas as mulheres vêm avançando em todas as áreas, e muito bem preparadas para disputar o mercado”, observa. Em sua trajetória, enfrentou alguns preconceitos. “No passado, quando acabava o café da sala de reuniões ou se o projetor não funcionasse, os homens olhavam para mim. Eles tinham que aprender que eu estava ali na mesma condição que eles, de membro da diretoria”, relata.

Sem querer cair nos estereótipos, Ana acredita que as mulheres têm algumas características fundamentais de um líder, como a sensibilidade para perceber o entorno e suas nuances, mas alerta que as empresas não devem se pautar por isso. “O que vale é a competência. Um ambiente é tão mais saudável quanto mais diverso e inclusivo for, seja em gênero ou em outras diferenças, como opção sexual, cor ou deficiência física.”

Já Beatriz Collor, responsável pela área de seleção e hunting da Crossing BPI Brasil, que faz parte do grupo líder europeu em gestão de carreira, coaching e outplacement, afirma que não percebe mais preferências com relação ao sexo dos candidatos. “As empresas definem claramente as competências técnicas e comportamentais que desejam, mas quase nunca especificam se preferem homem ou mulher, apenas em casos muito raros”, afirma. Para ela, o fato de ser mulher, casada e com filhos não é mais impedimento para uma profissional se desenvolver em sua carreira. Em algumas áreas, porém, predomina um ou outro gênero, mais por uma questão ligada aos cursos acadêmicos. As profissionais do sexo feminino são maioria nas áreas de gestão de pessoas (exceto relações sindicais), comunicação, marketing e comercial, mas começam a crescer em número nas profissões mais “técnicas”, como engenharia.

No Brasil, 27% dos cargos de liderança são ocupados por mulheres. Os números são bem menores do que os apresentados na Rússia e bem

superiores aos do Japão. Confira rankings abaixo:

MelHores resUlTaDos Piores resUlTaDos

UNiverso FeMiNiNo

rússiaBotswanaTailândiaFilipinas

GeórgiaItália

Hong KongTurquia PolôniaMalásia

Brasil

46%39%39%39%38%36%33%31%30%28%27%

Reino UnidoArgentina

MéxicoPaíses Baixos

Estados UnidosEAU

DinamarcaÍndia

AlemanhaJapão

20%20%18%18%17%15%15%14%13%5%

Fonte: Grant thornton IBR 2012

27%

Christiane, da Alstom: durante mais de dez anos foi a única mulher presente

na diretoria da empresa

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[ Eventos esportivos | Olimpíadas de 2016 ]

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[ Eventos esportivos | Olimpíadas de 2016 ]

Caminhos a percorrer

Cidade do Rio de JaneiRo iniCia Contagem RegRessiva

paRa as olimpíadas de 2016 e, a exemplo de londRes,

que enCeRRou o evento de 2012 Com um saldo

positivo, segue Com o desafio de mostRaR ao mundo

a CapaCidade de CRiaR soluções inovadoRas, em

difeRentes setoRes, além de deixaR um legado em

teRmos de infRaestRutuRa ao BRasil

Paula Monteiro

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Volume de gastosestimativa de investimentos das cidades-sede em projetos indiretamente relacionados aos eventos esportivos:

Investimentos setor público (%)

Investimentos em infraestrutura (US$ bilhões)

Cidades-sede

Fonte: Pesquisa Deloitte/IBRI, com base em dados do Ministério do Esporte

Investimentos setor privado (%)

Barcelona 1992 8,0 38,561,5

Sidney 2000 3,0 36,064,0

Pequim 2008 14,7 15,085,0

Londres 2012 13,7 35,864,2

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E ncerradas as Olimpíadas de Londres em agosto, o Brasil prossegue em contagem regressiva para sediar a próxima temporada do evento, em 2016, com o desafio de mostrar para o mundo que a cidade do Rio de Janeiro pode se sair tão bem

nessa missão quanto a capital britânica. Um centro europeu de eficiência que, apesar da ampla infraestrutura composta por 402 quilômetros de metrô, outras centenas de quilômetros de linhas de trem e monotrilhos, cinco aeroportos e rede hoteleira com mais de 120 mil quartos, enfrentou adversidades que precisaram ser habilmente superadas.

E foi para acompanhar de perto tais contratempos e também os êxitos, como as práticas inovadoras que tiveram por enfoque especial a preservação do meio ambiente – reuso de grande parte da água do Centro Aquático – e a mobilidade urbana – a exemplo da criação, nas principais avenidas, de uma faixa exclusiva para os participantes do evento –, que o governo brasileiro estabeleceu o programa de Observação do Comitê Olímpico. “Enviamos ao Reino Unido mais de uma centena de observadores, que estiveram presentes em seminários, reuniões e visitas a dependências do governo local para verificar serviços de imigração, saúde, segurança, organização dos Jogos etc.”, conta Marcio Fortes, presidente da Autoridade Pública Olímpica (APO).

Um consórcio entre Estado, municípios e União, a APO atua na coordenação das atividades definidas pelo governo. “Em Londres, recebemos apoio irrestrito do governo britânico e fomos acompanhados por técnicos competentes. Em contrapartida, oferecemos algumas contribuições”, revela Fortes. Um dos transtornos ocorridos por lá, segundo ele, foi uma interferência no cronograma pela necessidade de construção de uma nova pista de BMX (bicicross). “Já as forças armadas tiveram de ser recrutadas para atuar na segurança, já que a parceria privada não foi suficiente”, diz. Outro aspecto sempre preocupante é a dimensão das obras, que, encerrado o evento, podem precisar de ajustes para receber públicos menores. “E até mesmo para estimular o desenvolvimento de esportes específicos.”

Dificuldades à parte, para John Auton, sócio da consultoria Deloitte, a Olimpíada de Londres evidenciou que é possível transformar um grande evento esportivo, que acontece em um curto período, em um legado que fica para a cidade e o país-sede no longo prazo. “Os Jogos serviram de incentivo

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[ Eventos esportivos | Olimpíadas de 2016 ]

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para desenvolver uma região relativamente atrasada da capital britânica, provendo não apenas uma excelente infraestrutura esportiva, como também uma reengenharia em mobilidade e prestação de serviços públicos”, afirma. Auton considera também que os Jogos de 2012 estiveram alinhados com o planejamento estratégico do Reino Unido de exportar produtos e linhas de serviços por meio da Great Britain Campaign.

Com base na experiência londrina, a divisão da Deloitte incorporou aos serviços oferecidos aos clientes brasileiros técnicas adquiridas com planejamento estratégico comercial, especialização em projetos relacionados à infraestrutura dos Jogos e conceitos de sustentabilidade aplicáveis aos megaeventos. Atualmente, segundo Auton, os serviços mais procurados são: portfólio de projetos, para otimizar a alocação de recursos e garantir o cumprimento de prazo, orçamento e escopo planejados; o ROS (Return on Sponsorship/Marketing), que visa a elaboração e o alinhamento de plano comercial com o estratégico da organização; e a consultoria em benefícios e incentivos fiscais relacionados a todos os aspectos associados aos eventos.

“A Deloitte pretende consolidar a percepção do mercado brasileiro sobre a abrangência e a efetividade de suas soluções integradas, ajudando a desenvolver um setor com grande potencial de crescimento, mas que ainda necessita de apoio para uma estruturação adequada”, afirma. Deve-se considerar ainda, conforme observa Fabio Alves Moura, sócio

do FHCunha Advogados, que grande parte das instalações esportivas não foram sequer iniciadas, e que as obras de infraestrutura de acesso (aeroportos, transporte urbano etc.) e de suporte (em especial, a rede hoteleira) estão defasadas e precisam de investimentos. “Mais do que isso, necessitam de um planejamento integrado com enfoque no longo prazo, e de uma clara definição do governo sobre as formas de atração e de participação de empresas privadas”, afirma Moura. O sócio do escritório, que presta assessoria jurídica a companhias brasileiras e estrangeiras interessadas em participar de projetos de infraestrutura ligados às Olimpíadas, enumera aspectos do modelo londrino que devem servir de inspiração. “O legado para a cidade, que inclui a capacidade do evento de valorizar e revitalizar uma área urbana, o uso de soluções sustentáveis e uma estrutura de TI compatível com a quantidade de dados são questões importantes”, diz.

No que se refere ao legado de infraestrutura, a exemplo de aeroportos, hotéis e estádios, a Dalkia Brasil – empresa que terceiriza serviços operacionais para os mais diversos segmentos do ramo – se propõe a atuar no processo de manutenção dos empreendimentos, incluindo o suporte na limpeza e conservação predial e dos equipamentos. “Podemos também participar da fase de projeto, com o desenho da planta da parte energética e sua posterior gestão, para um consumo eficiente”, afirma o diretor-comercial Daniel Figueiredo. A prestação de serviço da Dalkia pode ser iniciada ainda no começo das obras, a partir da parceria com construtoras.

A empresa, que atualmente participa de duas parcerias público-privadas (PPP) no setor hospitalar, para serviços de suporte ao funcionamento do Hospital de Subúrbio, em Salvador (BA), e do Metropolitano, em

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evento na capital britânica, segundo ele, refere-se à movimentação turística. “Alguns setores da economia londrina, como o hoteleiro, por exemplo, se manifestaram quanto ao fluxo de turistas menor do que o previsto.”

NO BRASIL, ONDE 44,5 mil quartos serão destinados a atender somente as equipes olímpicas, de acordo com Fortes, da APO, um destaque nesse segmento foi o anúncio, feito em agosto pela Accor e seus parceiros comerciais, de investir mais R$ 200 milhões em nove empreendimentos no estado do Rio de Janeiro. Com inaugurações previstas até 2014, seis hotéis da bandeira Ibis, dois da marca Novotel e um da rede Mercure somarão ao parque hoteleiro da região 1.600 apartamentos, gerando mais de 500 novos empregos. A maior parte desses empreendimentos – sete dentre os nove – ficarão localizados na cidade do Rio de Janeiro, totalizando mais de 1.300

apartamentos. O objetivo do grupo, de acordo com o Abel Castro, diretor de desenvolvimento da Accor para a América Latina, é chegar a 250 hotéis no Brasil até 2016.

A proximidade da realização da Copa 2014 e das Olimpíadas 2016 também tem impulsionado no país o incremento do setor metroferroviário, que tem sido um dos maiores das últimas décadas. “Os eventos, no entanto, não devem ser tratados como os únicos fatores. Os projetos precisam ser pensados como um legado a ser deixado às cidades que demandam investimento em infraestrutura de transporte público”, destaca Marco Cotrim, diretor-geral do setor Transporte da Alstom Brasil. Atuando junto aos potenciais clientes a fim de oferecer as melhores soluções em mobilidade urbana, a empresa apresentou ao mercado brasileiro, apenas nos últimos seis meses, a mesma quantidade de propostas que costumava apresentar em um período de dois anos.

Fonte: Pesquisa “Brasil, bola da vez”, da Deloitte em parceria com IBRI

Princiapis melhorias a serem proporcionadas ao país no longo prazo (em %):

Fonte: Pesquisa “Brasil, bola da vez”, da Deloitte em parceria com IBRI

RetoRNo do INVestImeNtoPrincipais benefícios gerados pela realização dos megaeventos esportivos no Brasil (em %):

Efetivação dos projetos relacionados à infraestrutura e logística

Ampla divulgação do país no exterior

Aumento do fluxo de turistas

Atração de investidores estrangeiros

Geração de empregos diretos e indiretos

Revitalização de áreas urbanas

Elevação do PIB

Estímulo às parcerias público-privadas

Elevação dos investimentos em saúde e educação

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46

35

6

Melhoria da imagem brasileira no exterior

Qualificação do país como um polo turístico mundial

Internacionalização do país

Maior qualificação da mão de obra

Aumento da confiança

Maior desenvolvimento social

Redução do custo no Brasil

Maior transparência pública

Maior participação em organismos multilaterais

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36

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Companhias estrangeiras, a exemplo da Allianz Seguros (Toguchi, foto acima) aproveitam as oportunidades geradas pelos Jogos de 2016 em várias áreas

Belo Horizonte (MG), já está mantendo conversações com representantes de grupos hoteleiros e do complexo Parque Olímpico, em busca de novos contratos. “Planejamento e transparência são fundamentais para que os projetos ligados à Copa e às Olimpíadas sejam concluídos dentro do prazo – a partir de um cronograma realista – e do orçamento previsto, e deixem uma herança positiva aos cidadãos”, considera Figueiredo.

Moura, da FHCunha Advogados, corrobora a importância do planejamento e do gerenciamento criterioso das obras, “o que evita custos adicionais e atrasos, ajudando a construir a imagem de eficiência do país”, bem como o de se ter um plano B em caso de emergência, “como ficou demonstrado quando a empresa de segurança contratada sinalizou, às vésperas dos Jogos de Londres, que não teria condições de cumprir o desempenho necessário”. Uma queixa que se sucedeu ao

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[ Eventos esportivos | Olimpíadas de 2016 ]

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“Estamos trabalhando fortemente para conquistar projetos de metrô, trens regionais e veículos leves sobre trilhos (VLTs)”, afirma Cotrim, ao declarar que “a meta da Alstom é oferecer as melhores soluções, em termos de técnica e qualidade, para conquistar contratos voltados ao desenvolvimento da infraestrutura do Brasil”. Em um cenário de curto e médio prazo, o principal enfoque é dado à implantação de VLTs, especialmente em centros urbanos como o Rio de Janeiro. Isso porque a solução é apontada por especialistas como uma excelente saída para resolver os problemas de transporte e poluição nas grandes cidades.

“Uma de nossas unidades fabris no Brasil é um centro de excelência no que se refere a sistema metroferroviário”, garante Cotrim, ao se valer da experiência ocorrida nas Olimpíadas de Londres, este ano, para ilustrar o quanto o transporte público de qualidade e bem distribuído pode fazer toda a diferença no andamento positivo de um grande evento. “O transporte bem estruturado colaborou com a rapidez e a segurança no deslocamento dos visitantes, sem atrapalhar a população local. E a existência de diversas linhas de metrô interligadas foi um ponto decisivo nesse resultado”, avalia, na expectativa de que o Brasil possa chegar a um cenário semelhante assim que possível.

Colaborar para a mobilidade urbana no Rio de Janeiro em época de Jogos Olímpicos e Paraolímpicos é um dos propósitos da Nissan do Brasil – patrocinadora oficial dos eventos de 2016 na categoria Automóveis. Depois de fornecer duas dezenas de veículos de sua marca para a locomoção do Time Brasil que disputou os Jogos de 2012, a empresa anunciou que fornecerá um total de 5.500 durante os dois eventos, para o deslocamento de atletas, autoridades, representantes dos comitês, entre outros. Serão cerca de 2.000 veículos para utilização somente nos Jogos Paraolímpicos, dentre os quais estarão 270 modelos de sedans, pick-ups, SUVs, vans e minivans adaptados para transportar cadeirantes e outros portadores de necessidades especiais. O

Mais de cem observadores do Comitê Olímpico Brasileiro

estiveram em Londres para avaliar os Jogos de 2012

uso de energia limpa (etanol ou eletricidade) será priorizado em todos eles, em consonância com as metas de sustentabilidade do evento esportivo. “Queremos não apenas facilitar a mobilidade, como também proporcionar a frota mais limpa das Olimpíadas”, declarou Christian Meunier, presidente da Nissan do Brasil, na época do anúncio. Além disso, a empresa está empenhada em promover programas que possam criar um impacto social positivo e duradouro, e de marketing inclusivo, destinados a disseminar a experiência olímpica por todo o país. Entre eles está o programa de incentivo a jovens atletas com potencial para representar o país durante as Olimpíadas de 2016.

EMPRESA QUE ATUOU nos Jogos Panamericanos de 2007 e em 2012 foi a fornecedora oficial da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável Rio+20, a GL Events Brasil é outra de olho nas oportunidades de geração de negócios dos megaeventos esportivos. Vencedora das licitações para a gestão do Riocentro e da HSBC Arena, que durante os Jogos de 2016 receberão as competições olímpicas, a empresa já

soLUÇÕEs inTEGRaDas, PRoJETos sUsTEnTÁVEis E inFRaEsTRUTURa EFiCiEnTE EsTÃo EnTRE as mETas Do GoVERno PaRa as oLimPÍaDas DE 2016

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Auton, da Deloitte: “É possível transformar um evento esporádico em um legado que fica ao país-sede”

[ Eventos esportivos | Olimpíadas de 2016 ]

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de ingresso nas arenas, que permitirá a restituição do valor investido caso a pessoa fique impossibilitada de estar presente ao evento. “Se for o caso de doença, a cobertura das despesas hospitalares dependerá da adesão a esse item pelo segurado”, explica. Os turistas que virão ao Brasil poderão, inclusive, adquirir as coberturas em seus países de origem. E como um grupo de abrangência global, a Allianz Global Assistance, segundo Toguchi, também vai procurar replicar no Brasil a experiência obtida pela unidade da seguradora com base em Londres.

busca entendimentos com a APO e com patrocinadores. “Por enquanto, ainda é cedo para fecharmos contratos”, afirma o diretor Sébastien Brunet, lembrando que, além de administrar recintos, a GL Events oferece serviços de instalação de estruturas temporárias, como tendas, arquibancadas, iluminação etc.

“Para evitar a construção de prédios que não teriam uso futuro, podendo se transformar em ‘elefantes brancos’, as autoridades de Londres optaram, em muitos casos, pelas arenas temporárias, cuja instalação tem um custo menor. E como são desmontadas depois, eliminam a necessidade de manutenção pós-jogo”, enfatiza Brunet. Responsável pela gestão do Riocentro desde 2006, a filial brasileira, que detém a segunda maior operação do Grupo GL Events, investiu nos primeiros cinco anos de concessão mais de R$ 85 milhões para modernizar o espaço. A expectativa é aumentar a sua taxa de ocupação em 15% ao ano até as Olimpíadas, com a construção do Hotel Mercure Riocentro, a reforma do pavilhão 1 para receber o comitê organizador da Fifa e investimento em infraestrutura para sediar o IBC da Copa 2014.

Os megaeventos esportivos têm potencial de gerar saldos positivos também no setor securitário, já que tanto as atividades que os antecedem – reformas, construções, adequações de espaço –

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quanto as associadas ao momento – traslado de passageiros e de bagagens, hospedagem, presença nas arenas etc. – envolvem certos riscos. “Oferecemos desde seguros de risco de engenharia, para coberta durante a realização das obras, até seguros para viagens, passaporte, bagagem, contra roubos, acidentes pessoais, até aqueles voltados para animais, como os cavalos que farão parte das provas de hipismo”, afirma Edson Toguchi, superintendente de grandes riscos da Allianz Seguros.

Uma inovação a ser lançada pela Allianz em 2014 é o seguro para tíquetes

Cotrim, da Alstom Brasil: “Para oferecer as melhores soluções em mobilidade urbana, a companhia apresentou propostas nas áreas de metrôs, VLTs e trens regionais”

O Governo e a iniciativa privada investirão em programas de incentivo a jovens atletas com potencial para representar o país em 2016

O aquecimento da economia brasileira nos últimos anos é reflexo da expansão acentuada tanto do consumo interno como do volume de embarques para o exterior. Neste contexto, a demanda por serviços de transporte acessíveis, eficientes e seguros é cada vez maior.No entanto, essa demanda esbarra na falta de investimentos para o desenvolvimento e a

diversificação do setor logístico, hoje excessivamente dependente das rodovias. O Brasil é um país de dimensões continentais, com situação geográfica privilegiada. Entretanto, o panorama atual não é nada animador. “No Fórum Econômico Mundial de 2011, foi apresentado um estudo que avaliou as infraestruturas de transporte de 142 países, e o Brasil apareceu na 125ª posição”, citou Bruno Batista, diretor executivo da CNT (Confederação Nacional de Transporte).

Atualmente, os custos logísticos do país representam quase 12% do PIB (Produto Interno Bruto). “A deficiência na infraestrutura soma aproximadamente R$ 17 bilhões por ano”, afirma Paulo Skaf, presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo). A principal razão para esse cenário é conhecida: a falta de investimentos. “O Brasil investe menos de 2% de seu PIB no setor, enquanto China, Índia e Rússia contribuem com, respectivamente, 13,4%, 4,8% e 7%”, comparou Luciano Sampaio, sócio da consultoria PwC e especialista em transporte e logística.

De acordo com Aline Ribeiro, diretora executiva da Ernst & Young Terco, o país tem a pior densidade de malha ferroviária, com 3,5 quilômetros de ferrovia por mil quilômetros quadrados – na Índia, esse índice é de 21 por mil. No Brasil são apenas 30 mil quilômetros de trilhos, contra 63 mil para a Índia, 77 mil para a China e 87 mil para a Rússia. Apesar da conhecida dependência em rodovias, o país possui menos de 215 mil quilômetros de estradas pavimentadas, número que corresponde a 14% da malha total. Para efeito de comparação, a Rússia, que transporta a maior parte de suas cargas de trem, tem mais de 600 mil. Já a Índia e a China, têm 1,5 milhões de quilômetros de rodovias asfaltadas cada uma. “No modal dutoviário, o mais eficiente de todos, também somos os últimos – são 19 mil quilômetros de dutos, contra 23 mil para a Índia, 60 mil para a China e 250 mil para a Rússia. Quanto ao hidroviário, temos a menor extensão de rios utilizada para navegação, apesar da grande extensão de nossa bacia”, detalha Aline.

COM O INTUITO DE MINIMIZAR OS PROBLEMAS GERADOS PELA FALTA DE

INFRAESTRUTURA LOGÍSTICA NO BRASIL, GOVERNO FEDERAL ANUNCIA PROGRAMA

QUE PREVÊ O INVESTIMENTO DE R$ 133 BILHÕES NOS PRÓXIMOS 25 ANOS. O DESAFIO

AGORA É ATRAIR A INICIATIVA PRIVADA, INCLUINDO OS GRUPOS ESTRANGEIROS, PARA

TORNAR O SETOR MAIS ÁGIL E COMPETITIVO NO CENÁRIO MUNDIAL

ROTAS PARA O crescimento

YANN WALTER

[ negócios | logística ]

76 FRANÇA BRASIL | SETEMBRO / OUTUBRO 2012

HIDROVIÁRIO Em média, 11% das cargas são transportadas por vias fluviais e marítimas

RODOVIÁRIORepresenta um pouco mais de 60% de todo o volume transportado no Brasil.

FERROVIÁRIOCerca de 20% dos produtos brasileiros passam pelas ferrovias

AÉREO0,2% das cargas no Brasil segue por transporte aéreo

LONGE DO IDEALExcessivamente dependente das rodovias, o Brasil investe cerca de 2% do PIB no setor logístico. China, Índia e Rússia, o correspondente a 13,4%, 4,8% e 7%. Confira abaixo a distribuição do segmento no país (porcentagens aproximadas):

Dados: Fiesp/CNT/Ernst&Young Terco

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Ciente da necessidade de manter a competitividade do país no cenário mundial, o governo federal anunciou, em agosto, o lançamento de um programa de investimentos que prevê a aplicação de R$ 133 bilhões nas estradas e ferrovias ao longo dos próximos 25 anos. O ministro dos Transportes, Paulo Passos, frisou que R$ 91 bilhões serão destinados à reforma e construção de 10 mil quilômetros de ferrovias, sendo que R$ 56 bilhões deverão ser utilizados até 2017.

Passos adiantou que o leilão para a concessão dos primeiros 2.600 quilômetros, que incluem o ferroanel de São Paulo e a ligação ao porto de Santos, será realizado em abril de 2013. Os R$ 42 bilhões restantes servirão para a duplicação de 5.700 quilômetros de rodovias, uma obra que, segundo ele, será finalizada em 2018.

O modal rodoviário é, de longe, o mais utilizado em terras brasileiras, representando mais de 60% do volume transportado. Menos de 20% das cargas brasileiras passam pelas ferrovias, e pouco mais de 11%, pelas vias fluviais e marítimas. A fatia do transporte aéreo é irrisória. “A matriz de transportes brasileira continua muito desequilibrada. Um dos maiores desafios para o setor é conseguir alterar esse

fatores também contribuem para encarecer o transporte rodoviário.“Não existe uma regulamentação para o setor. Muitos motoristas são autônomos, rodam até 16 horas por dia, em caminhões que têm mais de 20 anos”, afirma Fábio Siccherino, diretor comercial da Log-In. De acordo com Alcântara, da Gefco, uma alternativa para reduzir os custos seria acabar com a informalidade. “Esse problema também pode ser combatido pelas companhias. Nos contratos de dois anos que fecha com as empresas, a Gefco exige que os veículos sejam rastreados e não tenham mais de cinco anos de uso.”

De modo geral, os acidentes são a principal preocupação das empresas que atuam no modal rodoviário. “Nosso maior objetivo é garantir o ‘zero acidentes’, maior prioridade do grupo. Para isso, temos como meta trabalhar com um número mais restrito e qualificado de fornecedores”, explica Daniel Mattos, gerente de logística da Lafarge,

Apesar de ser o modal mais utilizado, nos últimos três anos o Brasil construiu menos de 1.500 quilômetros de rodovias. A China (foto ao lado) tem 1,5 milhão de estradas pavimentadas

quadro”, avalia Skaf. Especialistas do setor concordam sobre a necessidade urgente de investimentos na ampliação e manutenção da malha viária. “Nos três últimos anos, o Brasil construiu menos de 1.500 quilômetros de rodovias”, cita Bruno Batista, da CNT. “Não fosse a ineficiência das estradas, seria possível reduzir o custo da operação logística e ainda aumentar a produtividade. Hoje, uma viagem que deveria levar em média duas horas pode demorar até 24 horas.”

Com exceção das rodovias do Estado São Paulo e de algumas no Paraná, as demais estradas do Brasil têm estrutura dos anos 1960, planejadas para caminhões com capacidade máxima de 25 toneladas”, explica Luiz Alcântara, diretor de operações para o Mercosul da francesa Gefco, empresa que conta com uma frota de 600 caminhões que realizam por mês 3 mil viagens no país e outras 500 até a Argentina. Além da falta de manutenção das estradas, outros

POR FALTA DE ALTERNATIVAS VIÁVEIS MUITAS EMPRESAS USAM AS ESTRADAS PARA TRANSPORTAR CARGAS POR MAIS DE 3 MIL QUILÔMETROS

Alcântara, da Gefco: frota de 600 caminhões que realizam por mês cerca de 3 mil viagens pelo território brasileiro

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78 FRANÇA BRASIL | SETEMBRO / OUTUBRO 2012

PACOTE NECESSÁRIOAtualmente, os custos logísticos do Brasil representam quase 12% do PIB. Com o investimento previsto pelo governo federal, o cenário tende a melhorar:

Rodoviária

O país tem menos de 215 mil quilômetros de estradas pavimentadas – 14% da malha total. Nos últimos três anos o Brasil construiu menos de 1.500 quilômetros de rodovias, entretanto, no mesmo período, o número de veículos em circulação aumentou em quase 10 milhões. Abaixo, comparativo do investimento dos países emergentes no setor:

Dados: Ernst&YoungTerco/CNT/Fiesp

Índia 1,5 milhõesChina 1,5 milhões

Rússia 600 mil

empresa que transporta mais de 90% de suas cargas pelas rodovias. O fato é que o modal rodoviário perde para o ferroviário, o aquaviário e o aéreo no quesito segurança. Vale lembrar que o roubo de cargas causou prejuízos de mais de um bilhão de reais em 2009. No entanto, além do fator econômico, é preciso considerar, também, o aspecto ambiental. “O rodoviário não é um transporte sustentável. A emissão de gás carbônico é quatro vezes maior do que no hidroviário”, lembra Siccherino.

Além disso, os especialistas do setor destacam que o modal rodoviário não é a escolha mais adequada para as longas distâncias. No entanto, por falta de alternativas viáveis, muitas empresas utilizam as estradas para transportar suas cargas, percorrendo, às vezes, mais de 3 mil quilômetros. “Elas deveriam ser usadas somente para os trajetos de, no máximo, 400 quilômetros, para acessar localidades situadas a mais de 200 quilômetros do litoral”, afirma o executivo.

Outro consenso entre os entrevistados é o potencial do Brasil no modal aquaviário. O país tem aproximadamente 8 mil quilômetros de costa e 44 mil de rios, sendo 29 mil navegáveis. No entanto, apenas 13 mil são usados para o transporte de carga. “Existe um grande potencial a ser explorado, inclusive por meio da cabotagem. As características geográficas favoráveis e a grande quantidade de portos – 45 organizados e 131 terminais de uso privativo, de acordo com dados da Antaq (Agência Nacional de Transportes Aquaviários) – e o fato de a movimentação de contêineres estar crescendo três ou quatro vezes mais rápido que o PIB nacional conferem ao transporte hidroviário boas perspectivas de crescimento dentro de um modelo de integração”, analisa Paulo Skaf.

DE ACORDO COM A SEP (Secretaria Especial de Portos), o setor portuário movimenta cerca de 700 milhões de toneladas das mais diversas mercadorias e responde por 90% dos embarques brasileiros para exterior,

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o que evidencia sua importância estratégica para a economia do país. No âmbito nacional, quase 80 toneladas passaram pelas vias hidroviárias no ano passado, o que representa um crescimento de 7,3% em relação a 2010. O minério de ferro é a principal mercadoria transportada nos rios brasileiros: foram 5,3 milhões de toneladas em 2011, 38% a mais do que no ano anterior.

Para desenvolver este modal, a receita é simples: mais investimentos e menos burocracia. “Os gargalos portuários comprometem a eficiência. É preciso aumentar o número de terminais e melhorar o acesso aos portos, sobretudo o de Santos, o maior do país”, afirma Siccherino, da Log-In. Outro problema apontado é a baixa produtividade, consequência direta do déficit de mão de obra qualificada. No porto de Santos, a média da carga movimentada por funcionário é de 50 mil toneladas por ano. No de Roterdã, na Holanda, são 300 mil. Em Santos, a carga fica parada cerca de 17 dias, enquanto a média mundial é de cinco dias. “De modo geral, a localização e a contratação de profissionais tem sido um dos principais entraves nos últimos anos”, relata Rogério Ferreira, diretor do Grupo Transuloi.

A vocação das hidrovias é o transporte de commodities como grãos, minérios e insumos. Como lembrou Aline, da Ernst & Young Terco, a concentração geográfica dos grandes polos de produção agrícola é um dos principais pontos fortes do Brasil no setor de logística. Segundo ela, o hidroviário deveria ser o modal privilegiado para o escoamento de mercadorias do sul do Centro-Oeste para Santos, principal porta de saída das commodities brasileiras para o

exterior. Além da ampliação e acessibilidade dos terminais, governo e setor privado precisam investir na dragagem dos portos e na construção de eclusas. O Ministério dos Transportes identificou a necessidade da construção de 46 eclusas para melhorar a navegabilidade nos rios brasileiros. Deste total, 27 são consideradas como prioridade. O custo deste último empreendimento foi avaliado em R$ 11,6 bilhões.

Em 2006, a CNT publicou uma pesquisa sobre o transporte aquaviário no Brasil, na qual quase 80% dos entrevistados consideraram como grave ou muito grave o excesso de burocracia nos portos brasileiros. Hoje, seis anos depois, o problema continua. “A desburocratização do transporte de cabotagem deve ser tratada como prioridade”, diz

DUTOVIÁRIOCerca de 19 mil quilômetros de dutos para transporte de cargas estão em utilização no país:

Índia 23 mil China 60 mil Rússia 250 mil

Dados: Ernst&YoungTerco/CNT/Fiesp

Dados: Ernst&YoungTerco/CNT/Fiesp

Siccherino. Um dos fatores que contribuem para elevar os custos do transporte aquaviário é o alto preço do bunker, o combustível utilizado pelos navios. “O valor aumentou 40% em um ano, enquanto o diesel se mantém estável”, explica o diretor comercial da Log-In.

O BRASIL TAMBÉM está muito atrasado no modal ferroviário, que, apesar de ser mais seguro, rápido e econômico que o rodoviário, não tem recebido a atenção necessária. De acordo com a CNT, as maiores concentrações de vias férreas nacionais estão nos Estados do Rio Grande do Sul, São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, e quase todas são operadas por empresas privadas. “O modal de transporte que traz a melhor relação custo benefício é o ferroviário. No entanto, precisamos de linhas férreas que sejam conectadas aos terminais marítimos. Outra prioridade seria a construção de uma linha do Centro-Oeste

para o escoamento de agricultura e pecuária. Além de reduzir os custos de frete e praticamente eliminar Quase 80 mil

toneladas de produtos passaram pelas vias hidroviárias em 2011

AQUAVIÁRIOO Brasil tem cerca de 8 mil quilômetros de costa e 44 mil de rios, sendo 29 mil navegáveis. No entanto, apenas 13 mil são utilizados para transporte de carga.

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[ negócios | logística ]

80 FRANÇA BRASIL | SETEMBRO / OUTUBRO 2012

As maiores concentrações de vias férreas nacionais estão no Rio Grande do Sul, Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro

Skaf, da FIESP: “A matriz de transportes brasileira continua muito desequilibrada”

as possibilidades de acidentes, permitiria desafogar a malha rodoviária”, argumenta Luciano Sampaio, da consultoria PwC.

Além de reduzida e de baixa qualidade, a malha ferroviária brasileira apresenta deficiências de conectividade. Existem diversos tipos de ferrovias no país, e eles não são compatíveis entre si. Outro problema, reflexo do sucateamento da malha, é a baixa velocidade, sobretudo nas regiões metropolitanas, devido ao excesso de passagens de nível e à invasão das faixas de domínio. A velocidade média de circulação nas ferrovias brasileiras é de 28 km/h, contra 80 km/h nos Estados Unidos. Apesar de todos estes contratempos, as perspectivas não são tão sombrias. “É inegável

que os investimentos observados nos últimos anos nos modais alternativos, sobretudo o ferroviário, representam um salto em relação ao passado”, admite Aline, da Ernst & Young Terco, lembrando que a maioria dos grandes projetos logísticos atualmente desenvolvidos no país são vias férreas. Ela cita, entre outros exemplos, as ferrovias Norte-Sul e Leste-Oeste, o Ferroanel de São Paulo e a Transnordestina. “No modal ferroviário, o volume de cargas transportadas cresceu cerca de 60% desde 1996, quando ocorreram as primeiras concessões. Em outros países de dimensões continentais, esta participação situa-se entre 40% e 80%”, pondera Paulo Skaf.

MENOS UTILIZADO para o transporte de cargas no Brasil, o modal aéreo representa apenas 0,2% do total. “O custo ainda é alto, sendo viável apenas para alguns produtos, como eletrônicos e perecíveis”, justifica Leonardo Porto, diretor de vendas e marketing da Lufthansa Cargo. De fato, segundo a Gol Log, se o volume movimentado for convertido em valor, a participação do transporte aéreo salta para 25%. “O crescimento acelerado do comércio eletrônico registrado nos últimos anos

impôs às empresas de logística uma mudança em seus perfis. Pontualidade e informação em tempo real passaram a ser cada vez mais exigidas. Neste cenário, esse transporte se fortaleceu, pois, além de ser o mais rápido e regular, é também o que oferece menor risco, sobretudo quando levamos em consideração as distâncias e a qualidade das estradas e ferrovias brasileiras”, detalhou a empresa.De acordo com a CNT, 32 dos 67 aeroportos do país possuem terminais de processamento de carga. “A modernização e ampliação é fundamental e urgente. Muitos aeroportos já operam acima de sua capacidade”, alerta. Para os especialistas, a privatização é um ponto positivo. “Os aeroportos devem ser administrados pelo setor

Rússia 87 mil

Índia 63 milChina 77 mil

MALHA FERROVIÁRIAO país tem 30 mil quilômetros de trilhos, número inferior ao de outros países emergentes:

Dados: Ernst&YoungTerco/CNT/Fiesp

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82 FRANÇA BRASIL | SETEMBRO / OUTUBRO 2012

Dilma durante lançamento de projeto do governo federal que prevê investimentos no setor de logística: necessidade de manter a competitividade do país no cenário mundial

OS INVESTIMENTOS DOS ÚLTIMOS ANOS NOS MODAIS ALTERNATIVOS, COMO O FERROVIÁRIO, REPRESENTAM UM SALTO EM RELAÇÃO AO PASSADO DO BRASIL

Paulo Skaf foi o modelo de concessão escolhido pelo governo federal para a contratação das obras ferroviárias anunciadas em agosto desse ano. O consórcio que oferecer a menor tarifa para a passagem dos trens vencerá a concessão para construção, manutenção e operação dos trechos.

Embora alguns especialistas apontem fatores positivos, as perspectivas para 2012 são pouco otimistas. “Estamos começando a observar um planejamento governamental de longo prazo para o setor. Além disso, há uma preocupação cada vez maior das empresas de transporte em modernizar técnicas e equipamentos”, destaca Bruno Batista. “O setor de logística finalmente entrou na agenda de prioridades do país”, afirma Aline Ribeiro, da Ernst & Young Terco.

PROGRAMA ANUNCIADO133 bilhõesSendo R$ 91 bilhões destinados à reforma e construção de 10 mil quilômetros de ferrovias R$ 56 bilhões deverão ser aplicados até 2017

R$ 42 bilhões servirão para a duplicação de 5.700 quilômetros de rodovias até 2018.

Dados: Ernst&YoungTerco/CNT/Fiesp

privado para que se tornem mais eficientes”, afirma Luciano Sampaio, da PwC. No entanto, de acordo com ele, o recente leilão para concessão dos aeroportos de Viracopos (Campinas), Guarulhos e Brasília terá foco primário no transporte de passageiros.

Na opinião dos especialistas, o governo não está aproveitando a oportunidade proporcionada pela organização da Copa do Mundo de 2014 e das Olimpíadas de 2016 para implementar verdadeiras melhorias no setor. “Precisamos de investimentos reais, e não de paliativos. Estamos deixando passar uma oportunidade única de aproveitar a organização destes eventos para trazer benefícios duradouros ao país em termos de infraestrutura”, lamenta Sampaio.

De modo geral, a falta de investimentos é o principal entrave ao crescimento do setor de logística no Brasil. Mas o excesso de burocracia também atrapalha. “Para que o Brasil coloque em prática todo seu potencial, é imperativo que o processo de licenciamento dos empreendimentos seja simplificado, reduzindo a burocracia nas instâncias públicas”, afirma Paulo Skaf. “As principais prioridades para melhorar o setor são a desburocratização, a simplificação fiscal e modelos mais efetivos de concessão, baseados no desempenho e não no valor da aquisição”, opina Edson Carillo, vice-presidente de comercialização e marketing da Abralog (Associação Brasileira de Logística).

Modificar os modelos de concessão e ampliar a participação do setor privado, inclusive por meio de PPPs (parcerias público-privadas), também é considerado prioridade pelo presidente da Fiesp. “Os leilões que adotam a escolha do vencedor por maior pagamento de outorga – como ocorreu recentemente no caso dos aeroportos – acabam se transformando em instrumentos de arrecadação que tornam os serviços mais caros para o usuário. Somos favoráveis a leilões por menor tarifa associados a um programa de investimentos adequado para a ampliação da infraestrutura nacional”, explica. Vale destacar que a PPP defendida por

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84 FRANÇA BRASIL | SETEMBRO / OUTUBRO 2012

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86 FRANÇA BRASIL | SETEMBRO / OUTUBRO 2012

[ In memoriam | Jean Ricommard ]

Jean RicommaRd 5 JanvieR 1922 3 septembRe 2012

oint n’est besoin de retracer sa carrière, connue de tous, depuis Polytechnique, passant par le Crédit National et la Caisse Centrale de Réassurance, pour trouver sa vocation dans l’industrie : d’abord chez Schneider où, très jeune, il

sera Délégué du Groupe au Portugal, aux Etats-Unis, puis au Brésil où il arrive en 1958. En 1970, devenu Délégué Général du Groupe Saint-Gobain- Pont à Mousson pour le Brésil et l’Argentine, il a sous sa responsabilité 25 usines, 14.000 personnes et un chiffre d’affaires qu’il allait multiplier, et combien. Il est aussi Délégué du Groupe bancaire CIC, et figure peu à peu au Conseil de nombre de Sociétés, groupes industriels, bancaires et d’assurances, notamment Mecánica Pesada SA, qui donnera naissance à Alstom-Brésil.

En 1982, il entre au Conseil de la grande Compagnie d’Assurances Sul América, la plus importante d’Amérique latine et devient le Conseiller très écouté des deux soeurs majoritaires de la Compagnie, Béatrice de Larragoitti Lucas et Emita de Pourtalès.

Président de la Chambre de Commerce France-Brésil, à Rio de Janeiro dans les années soixante-dix, plus tard il en devient Président d’Honneur

De l’autorité, de la compétence, Jean Ricommard en avait à revendre. Innombrables sont ses « élèves », ses « disciples », à qui il dispensait son enseignement des affaires : il aurait pu être l’auteur d’un manuel pratique, sans la moindre pédanterie, à l’usage des Français, jeunes et moins jeunes, s’établissant au Brésil. Qu’il me soit permis de donner maintenant à ces quelques lignes un tour plus personnel.

Arrivant dans cet immense pays pour la Banque Paribas en 1975, j’ai la chance d’y retrouver notre ami Michel de Camaret, Consul Général à São Paulo. L’un de ses premiers mots claque : » Il faut que tu connaisses dès que possible notre nouveau Conseiller Commercial, Henri Tran Van Kha, il est d’une intelligence remarquable et t’aidera sans nul doute dans tes affaires ». C’était ma deuxiéme chance : Henri et moi avions été compagnons d’études à Sciences Po. Nous ne nous étions pas revus depuis 1950, mais sommes

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tombés dans les bras l’un de l’autre. Troisiéme chance, Henri me fait rencontrer Jean qu’il connaissait de longue date.

Lorsque mes affaires me conduisaient à São Paulo, accueilli en frère chez eux par Bernadette et Henri, j’y retrouvais « Big Johnny »au cours de mémorables séances d’apprentissage du Brésil. Cela se passait en général au petit déjeuner, Jean ceint d’une immense serviette de toilette qui avait bien du mal à faire le tour de lui-même, Henri attentif et moi, écoutant sagement les préceptes du Maître. Jean et Henri m’ont appris tant de choses bonnes à savoir sur les affaires, les habitudes, les hommes que je ne manquerais pas de rencontrer. Lorsque je faisais mine de vouloir partir pour tenir mes rendez-vous, je me faisais rappeler à l’ordre par Jean : « Simonnot, tu restes ici, le cours n’est pas terminé... ».

Sa femme, notre amie Joyce, anglo-française raffinée, a de l’ influence sur son mari devenu de style très british. Aussi l’avais-je surnommé « Tropical Johnny », sobriquet qui lui est resté pour notre joie, que se transmettaient nos Consuls Généraux dans les instructions qu’ils laissaient à leurs successeurs.

Que dire de plus de notre si cher Jean, il y a tant à dire. Il avait un jugement percutant, c’est pourquoi nous le consultions volontiers sur des sujets très divers. Il savait aussi se montrer d’une écrasante mauvaise foi, n’admettant jamais-ou presque- d’avoir tort, sachant tout sur tout, ce qui s’appelle «le syndrome du polytechnicien » : que ses congénéres veuillent bien me pardonner, mais je les mets au défi de toute contestation... Nous avions des engueulades mémorables, qui toujours se terminaient dans la bonne humeur.

Périgourdin d’ascendance terrienne, les pieds bien sur la terre, il savait remettre à l’honneur de jolies formules d’antan, ce qui faisait de lui un homme de si bonne compagnie : qui aujourd’hui, sinon lui, saurait qualifier telles attitudes ou déclarations « de bon aloi ».Ouvrant les dîners annuels d’amis du Brésil en Provence de quelques mots toujours bien tournés, il souligna que « se trouvent réunis ce soir les hommes les plus beaux et les femmes les plus intelligentes... ». Il fut, avec Jean Manzon, mon témoin, lorsque Marina et moi sommes passés devant M. le Maire d’Avignon, en septembre 1989.

Le grand bonheur de ce bourru au grand coeur, de cet ami vigilant, était de se retrouver le plus souvent possible avec fille et gendre et de jouer au grand-papa gateau avec ses quatre petits-enfants.

Cher vieux Jean, tu devrais avoir honte de nous avoir quittés sans presque crier gare, nous laissant orphelins. Tu te crois bien tranquille, là-haut, où Notre Seigneur, dans sa sainte miséricorde, doit te pardonner les innombrables péchés que tu devrais pourtant cher payer. Tu as déjà du te créer une nouvelle cour de disciples à qui tu portes la bonne parole. Mais prends garde, bientôt tes amis viendront te retrouver, et finie la tranquillité sans contestation, sans discussion, du haut de tes certitudes. A bientôt, Jean

Jean-Pierre Simonnot

Ces quelques lignes sont dédiées à Joyce, à ses enfants Priscilla et Bertrand, à ses petits-enfants Antoine,Matthieu, Guillaume et Inès, à Teresa, ainsi qu’à la légion d’amis de Jean. Un homme grand, cela se voyait. Un grand homme, nous le pensons. Un monument, tel paraissait-il aux Français du Brésil, et à tant d’autres.

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Distintividade na Proteçãoda Propriedade Industrial

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Logiciel Noms CommerciauxConcurrence Déloyale

Caractère distinctif intrinsèquedans le domaine de la protection

de la Propriété Industrielle

www.dannemann.com.br Rio de Janeiro São Paulo Brasília88 FRANÇA BRASIL | JULHO / AGOSTO 2012

MODEL DE CROISSANCEMODELO DE CRESCIMENTO

exercice 2012 entre dans sa dernière phase, et le Brésil compte bien y trouver les conditions d’un rebond après un début d’année largement décevant. Sur un rythme de croissance à 1,2% en glissement annuel sur le premier

semestre, le pays devrait peiner à dépasser les 1,5% à la fin de l’année, une bien piètre performance dans le concert des pays émergents et des BRIC en particulier. Heureusement, les progrès de ces dernières années rendent improbable un retour du spectre entourant la citation apocryphe, parfois prêtée à Charles de Gaulle, souvent à Georges Clémenceau, selon laquelle « Le Brésil est un pays d’avenir et il le restera longtemps ».

Les décideurs économiques du pays doivent seulement reconnaître le tournant historique qui s’opère, et changer de logiciel en conséquence. Sur le volet externe, la dynamique d’un commerce dopé par les matières premières, certes profitable mais structurellement incertaine, doit être relayée le plus vite possible par une économie de l’intelligence, de la valeur ajoutée et des technologies. Sur le volet interne, le modèle glisse déjà du moteur de la consommation vers le pilier de l’investissement. L’essoufflement du rythme de progression du crédit est lié à un réservoir de demande en ralentissement, à un déplacement de la pondération de cette demande des biens d’équipement vers les services, et à une saturation croissante de la capacité d’endettement.

Ce n’est donc pas un coût du crédit, même prohibitif, qui est essentiellement en cause, et les incitations fiscales ponctuelles comme l’annonce des revalorisations salariales pourraient apparaître comme des recettes un peu recuites, sans effet de structure faute de réformes. Des effets pervers peuvent même en résulter, avec une pression à la hausse sur le coût du travail dans un contexte de faible compétitivité de l’industrie, et la stimulation d’une

exercício de 2012 entra em sua última fase, e o Brasil

aposta em encontrar as condições de retomada após

um início de ano bastante decepcionante. Com um

ritmo de crescimento anual acumulado de 1,2% até

o primeiro semestre, o país mal deverá ultrapassar 1,5% ao fim

do ano, uma performance um tanto medíocre no contexto dos

países emergentes e dos BRICS em particular. Felizmente, os

progressos dos últimos anos tornam improvável um retorno do

espectro que circunda a citação apócrifa, por vezes atribuída

a Charles de Gaulle, frequentemente a Georges Clémenceau,

segundo a qual “O Brasil é um país do futuro e permanecerá

como tal por muito tempo”.

Os líderes econômicos do país devem reconhecer a virada

histórica que se opera e mudar de programação, por consequência.

Do ponto de vista externo, a dinâmica de um comércio dopado por

matérias-primas, certamente rentável mas estruturalmente incerta,

deve ser redirecionada o mais rápido possível a uma economia de

inteligência, de valor agregado e de tecnologia. Do ponto de vista

interno, o modelo já se desloca do motor de consumo em direção

ao pilar do investimento. O esgotamento do ritmo de progressão do

crédito está ligado a uma reserva de demanda em desaceleração,

a um deslocamento da ponderação dessa demanda por bens de

equipamentos rumo aos serviços, e a uma saturação crescente da

capacidade de endividamento.

Não é, portanto, o custo do crédito, mesmo proibitivo, que

está essencialmente em jogo, e os incentivos fiscais pontuais,

como o anúncio de revalorizações salariais, que poderiam aparecer

como receitas requentadas, sem efeito estrutural por falta de

reformas. Até efeitos perversos podem resultar dessa falta, com

uma pressão ao aumento do custo do trabalho em um contexto de

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CROISSANCE

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LIASTÉPHANE MOUSSET,

Conseiller économique et financier de l’ambassade de France au Brésil Délégué à São Paulo du Chef du service économique Cônsul econômico em São Paulo da Embaixada da França no Brasil, Representante em São Paulo do Chefe do serviço econômico

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Logiciel Noms CommerciauxConcurrence Déloyale

Caractère distinctif intrinsèquedans le domaine de la protection

de la Propriété Industrielle

www.dannemann.com.br Rio de Janeiro São Paulo Brasília

inflation endémique loin d’être calmée, préparant un resserrement de la politique monétaire et donc un renchérissement du coût des financements. Alors que c’est bien l’investissement productif et en infrastructures qui devrait mériter aujourd’hui toutes les attentions.

Le Brésil dispose heureusement de moyens considérables pour répondre au défi, et des signaux favorables apparaissent déjà : une attention nouvelle portée aux conditions de l’endettement, la promotion du modèle des concessions pour le financement des investissements, les lignes de crédit ouvertes cette année par la BNDES pour le soutien à l’innovation.

Dans l’Etat de São Paulo, le gouvernement local vient de lancer un programme « São Paulo innove » de 250 MR$ en faveur des PME innovantes. A l’échelle du pays, l’innovation constituera bien un passage essentiel vers l’économie de l’intelligence et le nouveau modèle de croissance qui la sous-tend ; et dans la relation bilatérale, elle permettra au Brésil de bénéficier de la haute valeur ajoutée de notre tissu industriel à l’export, tout en préparant les conditions de réception des transferts de technologies, auxquels peu de partenaires se prêtent comme la France.

baixa competitividade da indústria, e o estímulo a uma inflação endêmica

longe de ser acalmada, preparando um acirramento da política monetária e, portanto, um realinhamento do custo de financiamentos. Assim, é justamente o investimento produtivo e em infraestruturas que deveria merecer hoje todas as atenções.

O Brasil dispõe, felizmente, de meios consideráveis para responder ao desafio, e sinais favoráveis já aparecem: uma atenção nova em relação às condições de endividamento, à promoção do modelo de concessões para o financiamento de investimentos e às linhas de crédito abertas este ano pelo BNDES para o suporte à inovação. No Estado de São Paulo, o governo local acaba de lançar o programa “São Paulo Inova”, de R$ 250 milhões em benefício às PME. Na escala do país, a inovação constituirá uma passagem essencial rumo à economia de inteligência e a um novo modelo de crescimento que a sustenta; e na relação bilateral, ela permitirá ao Brasil de se beneficiar do alto valor agregado do nosso tecido industrial voltado à exportação, preparando as condições para a recepção de transferências de tecnologias, às quais poucos parceiros se engajam tanto quanto a França.

90 FRANÇA BRASIL | SETEMBRO / OUTUBRO 2012

[ registro de viagem | Marcelo Mansfield ]

eu lugar preferido na França é, sem dúvida, Paris: a cidade mais fotogênica do mundo. Para mim, cada canto da capital francesa é uma obra de arte. Tive a sorte de viajar para lá pela primeira vez no melhor período do ano, a primavera. E me encantei tanto que esse se tornou

um passeio recorrente para mim. É curioso que meu interesse pela França surgiu no período em que eu morei em Londres, muitos anos atrás. Tive uma colega de quarto francesa que me “apresentou” a cultura do país. Eu a culpo até hoje pelo meu vício em crème brûlée e pain au chocolat.

E sou da opinião de que chegar a Paris é uma experiência que só se completa se você for direto ao Café de La Paix (5 Place de l’Opéra), onde a comida é simplesmente maravilhosa. Sem contar a oportunidade de estar ao lado da Ópera Garnier e a alguns passos do maior monumento francês, para mim, o Hotel Scribe (14, boulevard dês Capucines), onde ocorreu a primeira sessão de cinema, em 1895.

Além desses lugares que já citei, para quem está a passeio recomendo o Museu Rodin e a Place des Vosges, com uma visita ao apartamento de Victor Hugo. A Salle Pleyel (252, rue du Faubourg Saint-Honoré) é o paraíso para quem gosta de música clássica. Também considero patriótico passar pela casa de Santos Dumont (104, avenue des Champs Elysées) e culturalmente correto,

eu diria, conhecer a Place Vendôme, lugar onde viveu Chopin (12, Place Vendôme).

O tour por todos estes lugares pode se tornar um passeio típico de turistas, mas eu brigo com quem fala que os franceses tratam mal os visitantes. Não é verdade. Para se ter uma ideia, certa vez entrei em um pequeno bistrô que estava quase fechando. Pedi uma sopa e a proprietária, aos berros, disse “Non plus avoir Le dîner” (Não tem mais jantar). Então, fui me dirigindo para a porta, quando ela gritou, mais alto ainda que anteriormente: “Vous voulez un sanduiche?” (Quer um sanduíche?), e me serviu um lanche, rápido, feito ali mesmo no balcão. Como não fazia parte do cardápio, ela não sabia quanto cobrar. Propus pagar o que pagaria pela sopa, e entendi ela dizendo que “era muito”. No meu francês “croissantônico”, respondi que, pela gentileza com que me atendeu, era até pouco.

Por todas as boas recordações que tenho de lá, só posso repetir que Paris é a cidade mais fotogênica do mundo. Podemos estar sob um sol causticante ou debaixo de um frio de rachar, sempre temos para onde olhar. Da próxima vez que eu retornar, será para encarar o inverno, pois planejo ir em janeiro. Mas já sei que, mesmo com tempo ruim, ainda será uma maravilha estar lá. Estou programando uma estadia de poucos dias, mas com qualidade.

POR MARCELO MANSFIELDCriador do Clube da Comédia, primeiro espetáculo de stand-up do Brasil, participou de 17 filmes e integrou o elenco de programas como o Castelo Rá-Tim-Bum e X-Tudo

O MELHOR DA FRANÇA

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Ópera Garnier, Museu Rodin e o local onde viveu Santos Dumont: passeios imperdíveis em Paris