revista fadesp jun2018 v01 - fadespadv.com.brfadespadv.com.br/images/fadesp_jul-ago-2018.pdf ·...

40
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 300 milhões de pessoas em todo o mundo vivem em depressão, que é consequência do estresse prolongado. O mal também afeta os advogados Estresse e depressão FAKE NEWS Surgidas em 2016 na campanha eleitoral dos Estados Unidos, as notícias falsas vão impactar as eleições de outubro ARBITRAGEM COMERCIAL Comitiva da Fadesp vai à China para participar de evento internacional revista nº 11 l julho/agosto 2018

Upload: vuongtuyen

Post on 28-Jan-2019

213 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 300 milhões de pessoas em todo o mundo

vivem em depressão, que é consequência do estresse prolongado. O mal também afeta os advogados

Estresse edepressão

FAKE NEWSSurgidas em 2016 na

campanha eleitoral dos Estados Unidos, as notícias falsas vão

impactar as eleições de outubro

ARBITRAGEM COMERCIALComitiva da Fadesp vai

à China para participar deevento internacional

revi

sta

nº 11 l julho/agosto 2018

0

5

25

75

95

100

Índice

REVISTA Fadespno 11 | julho/agosto 2018Tiragem: 35 mil exemplares

EXPEDIENTE

4Palavra do PresidenteRaimundo Hermes Barbosa, presidente da Fadesp

6AtualidadesO impacto das notícias falsasnas eleições deste ano

9STF impõe freio à OperaçãoLava Jato

10Arbitragem ComercialFadesp participa de evento sobre arbitragem simulada na China

16Capa: Estressee DepressãoDois dos males da sociedade moderna que mais afetamos advogados

22Perfil 1Márcio França assume o Bandeirantes e busca manter-se no cargo

24Perfil 2Bruno Covas na cadeira quejá foi do avô Mário Covas

36Grandes advogados brasileirosRaimundo Pascoal Barbosa

Outros Assuntos:

26 Reassunção da denúncia

espontânea tributária no

âmbito estadual

28 Revalidando diplomas de

medicina no exterior

31 A Lei nº 12.846 e o Foreign

Corrupt Practices Act

34 Fundação Clóvis Beviláqua

16 22 24

Presidente da FADESP NACIONAL: Raimundo Hermes Barbosa Secretário Geral: Thomas LawDiretor Financeiro: Jorge André dos Santos TiburcioDiretora Jurídica: Débora Guimarães Barbosa;Jornalista Responsável pela FADESP NACIONAL:Valdir da Silva Alves - Sabiá - MTB: 026829/SPVSA Comunicação Integrada e Redação Fadesp: Ingrid AdelySilva Rodrigues Barbosa – MTB: 0083237/SP- DRT – 0047169/SP

www.fadespadv.com.br

ExLibris:Jornalista responsável:Jayme Brener (Mtb 19.289-78-61-SP)Editor: Cláudio CamargoRedação: Geralda PrivattiProjeto gráfi co: Regina BeerDiagramação: Marcelo Amaral

4 Revista Fadesp

Palavra do presidente

O Brasil é um país que impressiona: apesar de todas as adversidades que enfrenta ou que enfrentou, sempre encontra fôlego para se recuperar e voltar a se tornar viável em praticamente todos os setores econômicos.

A recuperação da economia, ainda não retomada plenamente, é um bom exemplo dessa capacidade de regeneração dos brasilei-ros como nação.

Tivemos dois anos de terríveis provações, sofrendo com a pior recessão da nossa história, que causou estagnação econômica e au-mento do desemprego. A duras penas fizemos a lição de casa e já podemos, senão respirar aliviados, ver alguma luz no fim do túnel.

O Fundo Monetário Internacional (FMI) melhorou as projeções de crescimento de nosso país para 2018 e 2019.

Segundo o relatório Perspectiva da Economia Mundial, o Produ-to Interno Bruto (PIB – soma de todas as riquezas que o país produz) brasileiro terá expansão de 2,3% neste ano e 2,5% no próximo ano.

Por mais incrível que nos possa parecer, a melhora esperada de 0,4 ponto percentual é a maior entre todos os países e regiões que são avaliados pelo Fundo.

O Brasil volta a crescer impulsionado principalmente pelo inves-timento e consumo privado. É uma mostra da confiança da iniciativa privada no País.

A expectativa de um crescimento mais acentuado do PIB brasi-leiro tem influência direta na mudança da projeção do desempenho da América Latina – afinal, apesar dos pesares, ainda somos um país referência.

Devemos continuar mantendo nossa confiança no futuro do Bra-sil; reforçando nossa dedicação e elaborar novas estratégias para ven-cer qualquer possível desafio que possa causar algum retrocesso.

Somos os guardiões da Justiça em nossa área de atuação. Por isso, a ética deve sempre pautar nossas decisões e atividades. “Age sempre como se o seu comportamento possa vir a ser um princípio da lei universal”, ensinava o filósofo Immanuel Kant.

Esta é a nossa contribuição para que o Brasil avance cada vez mais, tornando-se, pelo esforço conjunto de seus cidadãos, uma na-ção cada vez mais próspera, justa e representativa no cenário global.

Raimundo Hermes BarbosaPresidente da Federação Nacional dos

Advogados e Bacharéis (Fadesp)

O Brasil e a virtude da superação

O Brasil volta a crescer, impulsionadoprincipalmente pelo investimento e consumo privados. É uma mostra da confiança da iniciativa privada no País.

Foto

: Div

ulg

ação

Atualidades

6 Revista Fadesp

O vídeo que circulou nas redes sociais, com o tí-tulo: “Denúncia: Deputado marca presença de colegas ausentes”, que retratava um suposto deputado relacionando a presença dos colegas

faltosos em uma sessão na Câmara Federal, é verdadeiro? A notícia que circulou na internet de que o STF autorizou o monitoramento do Whatsapp de todos os brasileiros é real? A informação de que quem não votou nas últimas eleições não poderá votar no pleito desse ano, está correta?

A resposta para as três perguntas acima é NÃO! No en-tanto, por que tais notícias parecem ser verdadeiras e te-mos a impressão de que já as vimos em algum lugar? Na verdade, estes boatos são Fake News (notícias falsas) que circularam nas redes sociais, criando intensos debates na internet.

O impacto das Fake News nas Eleições 2018DR. LUIZ AUGUSTO FILIZZOLA D’URSO (*)

A fúria que se verifica nos comentários sobre o vídeo do suposto deputado flagrado demonstra o poder de in-fluência das Fake News, especialmente junto aos eleitores. Ironicamente, o vídeo viralizado não era de um político brasileiro, na verdade tratava-se de um vídeo gravado e publicado na Ucrânia, em 2017.

Entretanto, tal denúncia mentirosa teve grande reper-cussão na internet, fazendo com que os internautas publi-cassem seus posts, destilando sua indignação nas redes sociais (podendo atingir milhares ou até milhões de pes-

julho/agosto 2018 7

Dr. Luiz Augusto Filizzola D’Urso

soas), estimulando ataques genéricos aos políticos brasileiros e a quaisquer parlamentares supostamente aponta-dos como flagrados ou beneficiários daquele ato ilícito, presente no vídeo.

As Fake News ganharam notorie-dade durante a campanha para elei-ção de Donald Trump, nos Estados Unidos, em 2016, quando as pesquisas apontaram que realmente houve uma influência de notícias falsas no pleito. Inclusive 27% do eleitorado teriam acessado, pelo menos, uma Fake News nas semanas que antecederam a elei-ção presidencial.

Na Inglaterra, o termo Fake News, foi classificado como a palavra do ano de 2017, pela editora Collins, e recebe-rá menção em um dicionário britânico. Já na Alemanha, em um campo de 27 milhões de tweets publicados, relacio-nados à campanha eleitoral, 14% eram Fake News, ou seja, mais de 3 milhões

e 700 mil tweets tratavam de informa-ções falsas. Aliás, existem bots (robôs) que podem publicar mais de mil twe-ets por segundo, provando, assim, a fa-cilidade de se viralizar algo inverídico nas redes.

Este tema tem trazido muita pre-ocupação, a ponto de o Tribunal Su-perior Eleitoral (TSE) se mobilizar para combater e inibir as Fake News nas campanhas eleitorais deste ano. Tam-bém já existem diversos projetos de lei apresentados na Câmara e no Se-nado para criminalizar as Fake News no Brasil.

O grande problema é que tais notí-cias falsas têm se utilizado do comparti-lhamento irresponsável de muitas pes-soas na rede, que estão disseminando notícias mentirosas, sem verificar previa-mente sua veracidade. Inclusive, há ca-sos em que o compartilhamento é reali-zado após o indivíduo ter lido apenas

As Fake News ganharam notoriedade

em 2016, durante a campanha para eleição de Donald Trump, nos

Estados Unidos, quando as pesquisas apontaram

a influência delasno pleito

Foto

: Div

ulg

ação

8 Revista Fadesp

a manchete, desconhecendo por com-pleto o conteúdo compartilhado.

Nota-se, também, que o Facebook não tem obtido pleno sucesso no com-bate às Fake News disseminadas em sua plataforma. Devido a estas dificul-dades de controle, algumas empresas, que investem milhões em anúncios digitais, já informaram que irão cortar seus anúncios do Facebook e do Goo-gle, caso não se note uma mobilização das duas corporações em um combate eficaz às Fake News.

Revela-se, assim, que a preocupa-ção com o tema é mundial. Todavia, a apreensão tem surtido efeito na mobi-lização de órgãos públicos e privados para o combate as Fake News. Estas iniciativas são muito importantes para as próximas eleições, principalmente porque já há no mercado empresas que vendem serviços de criação e vi-

ralização de Fake News para campanhas políticas.

Portanto, o combate às Fake News deve ser realiza-do por todos, tanto pelas empresas de tecnologia, como pelos órgãos gover-namentais, e até mesmo por cada um de nós, que hoje temos voz e vez nas redes sociais, modificando nosso papel social e nossa responsabilidade, obrigan-do-nos a conferir a infor-mação antes de publicá-la ou compartilhá-la. Quem sabe as-sim, um amadurecimento efetivo no combate às notícias falsas se mate-rializará, e o impacto das Fake News nas eleições será menor do que o es-perado, prevalecendo a verdade e a própria Democracia. £

(*) Dr. Luiz Augusto Filizzola D’Urso, Advoga-do Criminalista, especialista em Cibercrimes, Presidente da Comissão Nacional de Estudos dos Cibercrimes da Associação Brasileira dos Advogados Criminalistas (ABRACRIM), Pós-Gra-duado pela Universidade de Castilla-La Mancha (Espanha), integrante da Comissão de Direito Digital e Compliance da OAB/SP e do Grupo de Estudos de Direito Digital da FIESP.

Atualidades

Foto

: Div

ulg

ação

Por apenas um voto de di-ferença (6x5), o Supremo Tribunal Federal (STF) de-cidiu, no dia 14 de junho,

pela inconstitucionalidade da coer-ção coercitiva, ação pelo qual um juiz poderia a polícia levar um inves-tigado ou réu para depor em um in-terrogatório. A condução coercitiva tinha se tornado uma das principais ferramentas da Operação Lava Jato. A medida estava suspensa desde o ano passado por uma liminar do mi-nistro Gilmar Mendes. O instrumen-to foi usado em 2016 pelo juiz Ser-gio Moro para ouvir o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, hoje preso em Curitiba.

Na sessão do STF, foram analisa-das duas ações, propostas pelo Parti-do dos Trabalhadores (PT) e pela Or-dem dos Advogados do Brasil (OAB), para proibir essa prática. A alegação foi de ofensa à Constituição, por su-postamente ferir o direito da pessoa de não se autoincriminar.

Segundo o Código de Processo Penal, a condução coercitiva pode ser decretada pelo juiz quando o

Justiça impõerecuo à Lava JatoPor estreita margem, o Supremo Tribunal Federal considerou inconstitucionais as conduções coercitivas usadas pela operação

“Não há contraposição entre respeito aos direitos fundamentais e combate à corrupção. Combate à

corrupção tem de ser feito nos termos estritos da lei. Quem

defende um direito alternativo para combater a corrupção já não está no Estado de Direito. Mas é bom lembrar: assim se

fez o nazifascismo”

Ministro Gilmar Mendessuspeito “não atender à intimação para o interrogatório, reconheci-mento ou qualquer outro ato que, sem ele, não possa ser realizado”. Votaram pela proibição os ministros Gilmar Mendes, Rosa Weber, Dias Toffoli, Ricardo Lewandowski, Mar-co Aurélio Mello e Celso de Mello; pela manutenção, Edson Fachin, Alexandre de Moraes, Luiz Fux, Luís Roberto Barroso e Carmem Lúcia.

Os ministros favoráveis à manu-tenção da medida disseram que ela poderia ser aplicada em substitui-ção às prisões preventivas – decre-

tadas antes da condenação com o objetivo de evitar fugas ou outros crimes dos acusados. Já os contrá-rios apontaram os abusos dessa prática, criticando a chamada espe-tacularização das ações, bem como exposição e coação arbitrárias, in-terferindo no direito de ir e vir e na liberdade do cidadão. £

Luiz Inácio Lula da Silva, hoje preso

Na sessão do STF, foram analisa-das duas ações, propostas pelo Parti-do dos Trabalhadores (PT) e pela Or-dem dos Advogados do Brasil (OAB), para proibir essa prática. A alegação foi de ofensa à Constituição, por su-postamente ferir o direito da pessoa

Segundo o Código de Processo Penal, a condução coercitiva pode ser decretada pelo juiz quando o

Os ministros favoráveis à manu-tenção da medida disseram que ela poderia ser aplicada em substitui-ção às prisões preventivas – decre-

terferindo no direito de ir e vir e na liberdade do cidadão. £

Atualidades

Foto

: Nel

son

Jr./

ASC

OM

/TSE

10 Revista Fadesp

Arbitragem comercial

FADESPna China

julho/agosto 2018 11

1. INTRODUÇÃOThomas Law, atual secretário-geral da FADESP, é advogado formado pela

Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP), especialista em direito civil e pro-cesso pela FAAP, especialista em direito penal econômico pela Fundação Getúlio Vargas (FGV Direito SP), mestre em direito internacional pela Pontifícia Univer-sidade Católica de São Paulo (PUC/SP) e doutorando em direito comercial pela PUC/SP. É autor do livro O Reconhecimento e a Execução de Sentenças Arbitrais Estrangeiras no Brasil e já publicou inúmeros artigos nas áreas de direito inter-nacional, comercial e societário. O secretário-geral tem participado, desde 2009, de competições de arbitragem internacional em Viena, na Áustria, chamadas Willem C. Vis International Commercial Arbitration Moot.

Thomas Law, secretário-geral da Fadesp

Foto

: Div

ulg

ação

12 Revista Fadesp

O QUE É ISSO?Trata-se da mais prestigiosa com-

petição de Arbitragem Comercial Internacional. O Willem C. Vis Interna-tional Commercial Arbitration Moot é uma competição anual que promove o estudo do Direito Comercial e da Arbitragem Internacionais como meio de resolução de disputas comerciais internacionais. A competição parte de um caso prático e tem duas fases: a redação de peças processuais e a audiência de julgamento. O evento

é dedicado a jovens alunos das mais prestigiadas Faculdades de Direito de todo o mundo. Vale esclarecer que to-dos os anos estudantes e profissionais ligados à área se reúnem na cidade de Viena, na Áustria, para este evento que agrega mais de 300 universidades, 2.000 estudantes e 800 dos mais reno-mados árbitros do mundo.

Recentemente, Thomas Law, pro-fessor e coach da PUC/SP, levou três alunos de graduação (Isabela, Mariana e Guilherme) para a mesma competi-

ção de arbitragem comercial simula-do, mas dessa vez sediado em Xangai e também em Hong Kong, na China. Trata-se de uma versão menor do Willem C. Vis International Commercial Arbitration Moot de Viena: o evento de Hong Kong conta com mais de 100 universidades do mundo, tendo um número maior de universidades par-ticipantes da Ásia. “Alunos de Direito de todo o mundo, de várias universi-dades da Europa, Ásia, Estados Uni-dos da América e da América Latina

Arbitragem comercial

julho/agosto 2018 13

se reúnem para debater um caso de arbitragem internacional, simulando audiências, como se fossem advoga-dos de empresas. Eles preparam peças escritas e também sustentações orais. “Essas competições (moot courts) são consideradas como grandes oportuni-dades acadêmicas e profissionais, pois congregam os profissionais mais re-nomados da advocacia internacional, debatendo temas ligados à compra e venda de mercadorias”, conforme ex-plica o professor.

A participação brasileira neste evento foi uma parceria entre a Fadesp e o Ibrachina (Instituto Sociocultural Brasil-China.

Thomas Law destacou ainda a im-portância da arbitragem, meio de solu-ção de conflitos que tem sido cada vez mais usado no Brasil e já é uma prática comum no cenário internacional. “O ambiente internacional e a metodolo-gia usada nas competições permitem aos alunos estudar, em profundidade, os mecanismos processuais da arbi-tragem internacional, a uniformização das leis e debater casos complexos de direito comercial com alunos do mun-do inteiro. Apenas para exemplificar, há inúmeras Universidades participantes, tais como: Harvard Law School, Kobe University, Shanghai Jiaotong Universi-ty, Duke University, National University of Singapore, Loyola University Chicago School of Law, entre outras. Há diversos benefícios para o jovem profissional nessas competições, como o desenvol-vimento das habilidades advocatícias; da oratória; do poder argumentativo e da compreensão da matéria. De fato, é uma experiência intensa que consiste num diferencial no mercado de traba-lho, pois os grandes escritórios de ad-vocacia do país conhecem as competi-ções e valorizam, nas suas contratações,

prévias experiências com algum moot” ressaltou o secretário geral da FADESP.

2. A UNIFORMIZAÇÃO DO DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO E A CRIAÇÃO DO VIS MOOT

Durante uma Assembleia Geral da Comissão das Nações Unidas para o Direito do Comércio Internacional (UN-CITRAL) em 1992, que ocorreu na sede da ONU em Nova Iorque, foi proposta a criação de uma competição sobre comércio internacional que fizesse es-tudantes de direito se interessar pelo trabalho da UNCITRAL, em especial pela então recém-criada Convenção das Na-ções Unidas sobre Contratos de Compra e Venda Internacional de Mercadorias e pela arbitragem internacional.

A partir da sugestão, três profes-sores da Faculdade de Direito da Pace University, localizada em White Plains, nos Estados Unidos, começaram a or-ganizar um moot inteiramente dedica-do ao tema. Os professores Eric E. Ber-gstein, Willem C. Vis e Albert H. Krizter planejaram a primeira edição do even-to, que contaria com uma fase escrita e uma fase oral, que deveria ocorrer em Viena, cidade sede da UNCITRAL.

Tragicamente, pouco antes do iní-cio da fase oral, o Prof. Willem C. Vis faleceu e seus colegas decidiram

O uso da arbitragem como meio de solução de conflitos tem sido

cada vez mais usado no Brasil e já é uma prática

comum no cenário internacional

14 Revista Fadesp

nomear a competição em homena-gem ao ex-secretário da UNCITRAL, pelo seu trabalho e contribuição para o comércio internacional.

Em sua primeira edição, em 1994, o VIS MOOT contou com 11 universi-dades de nove países diferentes. Em 2011, 18 edições depois, foram envia-dos memoriais de 264 times e o even-to contou, na fase oral, com 254 times de pelo menos 62 países, de todos os continentes.

Como pode ser visto, o VIS MOOT foi concebido como uma forma de pro-mover o trabalho da UNCITRAL e a CISG e, por meio deles, “eliminar obstáculos jurídicos às trocas internacionais” e “de-senvolver o comércio internacional”.

A particularidade dos moots está no fato de ser a união entre academia e advocacia levada ao

limite, onde casos criados por essas competições

tratam de questões contemporâneas do Direito

3. O CRESCIMENTO PROFISSIONAL E ACADÊMICO PROPORCIONADO PELAS COMPETIÇÕES E O APOIO DA FADESP

Os casos de moots normalmente variam em suas formas, mas todos têm o mesmo intuito: simular, ao menos parcialmente, um litígio. No caso do Vis Moot, o problema redigido, todos os anos, se assemelha aos autos de um procedimento arbitral internacio-nal, sempre se adaptando às regras de uma instituição arbitral diferente.

Além disso, a particularidade dos moots está no fato de ser a união entre academia e advocacia levadas ao limi-te. Ou seja, os casos criados para essas competições tratam normalmente

Arbitragem comercial

julho/agosto 2018 15

de questões contemporâneas e pro-blemáticas do Direito, sobre as quais doutrina e jurisprudência não estão perfeitamente em consenso, ou em que a conclusão varia de acordo com mínimas nuances de fato.

Além da questão de conteúdo ju-rídico, um dos destaques desse tipo de exercício está na forma como es-timula o aperfeiçoamento das habi-lidades advocatícias e profissionais de seus participantes, uma vez que as equipes devem desenvolver argu-mentos para a defesa de ambos os pólos do litígio. Para isso, os proble-mas são desenhados de forma que não haja parte desprovida de razão, o que garante amplitude de possibi-

lidades de argumentação. Nesse contexto, os participantes

precisam recorrer à intensa pesquisa legal, aprender diferentes correntes doutrinárias e diversos leading cases. No que diz respeito à prática da ad-vocacia, os participantes aprendem a analisar os fatos do litígio e a utilizá--los em favor da parte pela qual argui; a utilizar documentos anexos aos ca-sos; a redigir argumentos alternativos; a utilizar a jurisprudência e a doutrina como fonte argumentativa e a aprimo-rar a retórica e a oratória.

Ademais, a estrutura de competi-ção e de desafio desses eventos motiva as equipes a se empenharem ao máxi-mo para tentar alcançar alto nível de

excelência. Para aumentar o estímulo, os profissionais que atuam como ju-ízes são instruídos a tentar, por meio de perguntas e contra-argumentos, extrair o máximo de cada participan-te, tanto no que se refere a questões formais, à qualidade de apresentação, redação de argumentos e habilidades advocatícias, como também à matéria dos argumentos, recursos legais etc.

Ao final, os moots conferem o tí-tulo de vencedor àqueles que defen-deram seus “clientes” da melhor forma possível, trabalhando os melhores ar-gumentos jurídicos e apresentando-os de forma convincente aos julgadores do caso.

Assim, os moots servem de ver-dadeira ferramenta para o desenvol-vimento de profissionais da área ju-rídica, seja pela metodologia usada nas competições, seja pelo potencial networking que é possível fazer nos eventos. Nesse contexto, importante destacar que a FADESP apoiou as equi-pes brasileiras, em especial o Centro Universitário de João Pessoa – UNIPÊ, uma instituição de ensino superior lo-calizada na Paraíba. O professor Henri-que Lenon agradeceu o apoio da FA-DESP, tendo em vista que é a primeira vez que uma universidade do Norte/Nordeste do Brasil participa de uma competição de arbitragem na Ásia.

Dessa forma, a FADESP contribuiu indubitavelmente para alavancar o estudo da arbitragem internacional e direito internacional da UNIPÊ e cer-tamente, terá reflexos para o futuro, semeando nos alunos o interesse por essa inovadora área do direito e incen-tivando o centro universitário a prepa-rar novas equipes para futuras compe-tições internacionais. £

16 Revista Fadesp

Capa

julho/agosto 2018 17

Aqui eu quero todo mundo estressado. Quem dis-ser que está tranquilo mando pra casa dormir. No futebol não tem isso. Quero todo mundo ligado, preocupado e estressado”. A frase é do

treinador de futebol Muricy Ramalho. Para quem reza pela cartilha dele, é bom saber que, na mesma medida em que nos ajuda a render mais, o estresse por longos períodos de tempo pode ser muito prejudicial à saúde física e mental. Para quem não é jogador de futebol, é mais interessante seguir a recomendação do filósofo e psicólogo americano William James (1842-1910), para quem “a maior arma contra o estresse é nossa habilidade de escolher um pensamento ao invés de outro”. Vale lembrar que William James foi um dos principais pensadores do final do século 21 e é consi-derado por muitos o “pai da psicologia americana” e um dos filósofos mais influentes da história dos Estados Unidos.

De qualquer modo, os números ligados ao estresse são preocupantes. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 300 milhões de pessoas em todo o mundo vivem com depressão, que é uma das consequências do es-tresse prolongado.

E o estresse já é considerado uma das principais doen-ças causadoras de incapacidade nos dias de hoje, responsá-veis por gastos anuais de cerca de US$ 1 trilhão.

eEstressedepressão

Por Geralda Privatti

18 Revista Fadesp

Capa

Os dados da OMS mostram que o Brasil é o país com a maior taxa de pessoas com transtornos de ansieda-de no mundo e o quinto em casos de depressão. Segundo a entidade, 9,3% dos brasileiros têm algum transtor-no de ansiedade e a depressão afeta 5,8% da população – mais de um 1,2 milhão de pessoas.

Nas Américas, cerca de 50 milhões de pessoas viviam com depressão em 2015 — o equivalente a quase 5% da população. Quase sete em cada dez habitantes das Américas que têm a doença não recebem o tratamento de que precisam.

No dia 7 de abril, Dia Mundial da Saúde, OMS marcou a data interna-cionalmente com a campanha “De-pressão: vamos conversar”. O dia 10 de outubro, considerado o Dia Mundial da Saúde Mental, também foi marca-do por alertas para as doenças como ansiedade e depressão.

SAÚDE MENTAL E AMBIENTE DE TRABALHO

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), cada dólar investido na ampliação do tratamento para de-pressão e ansiedade traz um retorno de US$ 4 graças às melhorias da saúde e da capacidade de trabalho.

“A depressão afeta a todos nós. Não discrimina por idade, raça ou his-tória pessoal. Isso pode prejudicar os relacionamentos, interferir na capaci-dade das pessoas de ganhar a vida e diminuir o senso de autoestima”, ex-plicou a diretora da Organização Pan--Americana da Saúde (OPAS), Carissa Etienne, no Dia Mundial da Saúde. Segundo ela, a depressão é uma das maiores causas de aposentadoria por invalidez e também a principal causa de mortes por suicídio (cerca de 800 mil casos por ano).

“E é preciso destacar que grande parte da vida adulta é passada no em-

prego”, disse, chamando a atenção de gerentes e empresas: “Apoiar trabalha-dores com distúrbios mentais leva ao aumento da produtividade”.

Para a Organização Pan-Americana da Saúde/Organização Mundial da Saú-de (OMS), o conceito de saúde vai além da mera ausência de doenças. A OMS avalia que só é possível ter saúde quan-do há um completo bem-estar físico, mental e social. “Diversos fatores podem colocar em risco a saúde mental dos in-divíduos, inclusive condições de traba-lho estressantes”, analisa a entidade.

Empregadores e gerentes que in-vestem em iniciativas para promover a saúde mental e apoiam os funcio-nários com desordens mentais con-seguem ganhos não somente na área da saúde, mas também nos níveis de produtividade.

Para a OPAS, é importante inves-tir para transformar os ambientes la-borais em ambientes saudáveis, que

“A maior arma contra o estresse é nossa habilidade de escolher um pensamento

ao invés de outro”.

William James (1842-1910), filósofo e psicólogo americano

julho/agosto 2018 19

permitam uma troca entre os com-panheiros de trabalho e que produ-zam segurança e satisfação para elas. A entidade assegura que o primeiro elemento que aparece nos quadros de depressão e de ansiedade gene-ralizada está ligado ao trabalho. Daí a certeza de que é muito importante pensar na promoção do bem-estar no ambiente do trabalho.

A OMS afirma que um ambiente de trabalho negativo pode levar a problemas físicos e mentais. Assim como ao uso de substâncias nocivas ou álcool, a faltar no emprego e a per-der a produtividade.

O QUE É O ESTRESSE?Diretora-presidente do Instituto de

Psicologia e Controle do Stress (IPCS), a dra. Marilda Emmanuel Novaes Lipp explica que o estresse é uma reação de componentes físicos, psicológicos, mentais e hormonais, que pode ocor-rer frente a situações que representem um desafio para o indivíduo.

Sintomas comuns do estresse em fase avançada e dos transtornos de humor:

§ Sensação de cansaço e desgaste;§ Diminuição da libido;§ Dificuldades com a memória;§ Autodúvidas;§ Hipersensibilidade emocional;§ Vontade de fugir de tudo;§ Inabilidade de concentração;§ Dificuldade de tomar decisões;§ Confusão mental.

“Devido à ação perfeitamente inte-grada do estresse sobre todo o orga-nismo humano, seus sintomas podem ter uma caracterização somática ou psicológica. Algumas das manifesta-ções físicas do estresse são mais co-nhecidas e reconhecidas como tendo na sua gênese o estresse como fator desencadeante, tais como doenças gastrointestinais, cardiovasculares, respiratórias, músculo-esqueléticas, dermatológicas e imunológicas”, ensi-na Marilda Lipp, que também é escri-tora e membro da Academia Paulista de Psicologia, da Federação Brasileira de Terapias Cognitivas e do Conselho da Associação Latino-Americana de Psicoterapias Cognitivas (ALAPCO).

Segundo ela, entre os sintomas menos conhecidos do estresse estão a ansiedade difusa ou generalizada, a insônia, a esquizofrenia, a depressão e episódios maníaco-depressivos.

A especialista analisa que a de-pressão é considerada a condição que mais sofrimento traz ao ser humano.

A OMS afirma que um ambiente de trabalho negativo pode levar

a problemas físicos e mentais, assim como ao uso de substâncias

nocivas ou álcool, a faltar no emprego e a

perder a produtividade

20 Revista Fadesp

Capa

“Ela é capaz de destruir a felicidade e a qualidade de vida de qualquer pessoa. Reduz a criatividade e a produtividade do ser humano, tira a vontade de viver e interagir com os outros”, diz.

Segundo a médica, o número de pessoas com depressão parece estar aumentando, principalmente devido ao estresse ocupacional.

“O que se sabe é que a depressão – também chamada de ‘transtorno do humor’ – pode ser de origem biológi-ca, o que envolve uma predisposição genética. Ela pode ocorrer em associa-ção a determinadas medicações; estar associada a outras doenças; ter como base práticas parentais inadequadas e cognições distorcidas e também ter em sua etiologia o fator estresse como elemento desencadeador”, explica.

Na área psicológica, há evidências de que a depressão possa ser um sin-toma de estresse patológico, princi-palmente do estresse interpessoal. Depressão e estresse se confundem e tornam o diagnóstico diferencial mui-to difícil em certos momentos.

A dra. Marilda Lipp explica que os sintomas do estresse variam. Ela lem-bra que este é uma reação a situações que representem um desafio real ou imaginário para o indivíduo. Assim, a Fase de Alerta do estresse é consi-derada positiva: a pessoa se energiza pela produção de adrenalina; a sobre-vivência é preservada e uma sensa-ção de plenitude é frequentemente alcançada.

Na fase seguinte – a da Resistência –, a pessoa automaticamente tenta li-dar com os seus estressores de modo a manter sua homeostase, a condição de relativa estabilidade da qual o orga-nismo necessita para realizar suas fun-ções adequadamente para o equilíbrio do corpo.

Se os fatores estressantes persisti-rem em frequência ou intensidade, há uma quebra na resistência da pessoa e ela passa à Fase de Quase-exaustão,

na qual o processo do adoecimento se inicia e os órgãos de maior vulnerabili-dade genética ou adquirida passam a mostrar sinais de deterioração.

“Se não houver um alívio na situa-ção, o estresse atinge a sua fase final, a da Exaustão, na qual doenças gra-ves podem ocorrer nos órgãos mais vulneráveis, como enfarte, úlceras e psoríase, dentre outros”, explica a dra. Marilda Lipp.

ESTRESSE INTERPESSOALO relacionamento interpessoal é

um fator relevante entre as causas do estresse no ambiente de trabalho.

O individualismo dos tempos mo-dernos é um fator que colabora para di-ficultar o relacionamento interpessoal.

“Se não houver um alívio na situação, o estresse atinge a sua fase final, a da Exaustão, na qual doenças

graves podem ocorrer nos órgãos mais vulneráveis, como enfarte, úlceras e psoríase, dentre outros”

Dra. Marilda Lipp

A busca por bens materiais às vezes coloca as pessoas em uma espécie de casulo, no qual elas só enxergam os próprios interesses e desejos. A frustração desses desejos pode levar à instalação de sentimen-tos de angústia e de desencanta-mento com o mundo.

No ambiente de trabalho, alguns conflitos podem se originar do relacio-namento interpessoal, já que todo ser humano tem seus valores e sua per-sonalidade, que podem ser diferentes dos outros.

COMO PREVENIREm vez de ansiolíticos, antidepres-

sivos ou comprimidos para dormir, há quem busque tratamentos alternati-

Foto

: Div

ulg

ação

julho/agosto 2018 21

Alguns fatores podem prejudicar o relacionamento interpessoal no trabalho, como:

vos para descarregar a tensão quando o estresse atinge o ponto da exaustão.

Tratamentos como homeopatia, meditação, musicoterapia, naturopa-tia, quiropraxia e reflexoterapia, entre outros, são conhecidos como “práticas Integrativas”, que utilizam técnicas e métodos consideram mente, corpo e alma como um todo integrado e não como um conjunto de órgãos ou par-tes isoladas.

Desses tratamentos, a meditação tem a vantagem de a pessoa poder praticá-la sozinha, sem um professor ou orientador. Os adeptos dessa práti-ca garantem que ajuda a diminuir o es-tresse, controlar a ansiedade, aumen-tar a autoconfiança e o autocontrole.

Para meditar, os mestres acon-selham uma atmosfera silenciosa e relaxante. A pessoa deve encontrar uma posição confortável, sentada, deitada ou de pé, e fechar os olhos, respirar profundamente e devagar. Sempre que inspirar, a pessoa deve relaxar, soltando os ombros e o pes-coço e mexendo os dedos dos pés e mãos. Quando expirar, a pessoa deve imaginar todo o seu estresse e suas preocupações indo embora do corpo junto com a respiração.

Tente limpar sua mente e evitar dis-trações. Deixe todas as preocupações irem embora. Pare de se estressar ou de pensar em compromissos, encon-tros e responsabilidades. Deixe isso para depois. Em vez disso, preste aten-ção à sua respiração e ao relaxamento.

Imagine-se em um lugar feliz, onde viveu momentos felizes no passado. Sempre de olhos fechados, continue a respirar profundamente e imagine todo o corpo se acalmando. Sua batida cardíaca, seu fluxo de sangue e toda a parte até chegar aos pés.

Não se preocupe em quanto tempo você deve meditar. Continue a meditar até que você se sinta relaxado e reno-vado. Quando sentir que terminou, abra os olhos e sinta os benefícios. £

O desejo pessoal de cada um

Fazer o correto x fazer o

que deseja

Não olhar para o outro como um amigo e sim como um adversário

Boa comunicação x conversas

paralelas/cruzadas

Trabalhar em equipe x trabalhar sozinho

Sim Não Sim

22 Revista Fadesp

Perfil 1

Descrito por quem trabalha com ele como uma pessoa determinada e otimista, que lida bem com a máquina burocrática da administração pública, Márcio França exerceu diversos cargos no partido, no qual hoje é primeiro se-cretário nacional de Finanças.

Com 40 quilos a menos, graças à cirurgia bariátrica a que se submeteu há 14 meses, Márcio França trabalha intensamente para fortalecer sua pré--candidatura ao Palácio dos Bandeiran-tes, onde já está instalado desde o dia 6 de abril, quando assumiu o governo do Estado de São Paulo em substitui-ção ao ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB), que renunciou ao cargo para concorrer à Presidência da República, na eleição de outubro.

No dia seguinte à posse como go-vernador de São Paulo, Márcio França participou junto com Alckmin, do en-cerramento do 62º Congresso Estadual dos Municípios, realizado em Santos.

Indagado sobre seus projetos para os poucos meses de governo que tem à frente, ele confirmou a avaliação de seus amigos de que é um otimista. E respon-deu: “É tempo suficiente para mostrar o meu jeito de governar. Vou completar a missão do Geraldo Alckmin e imprimir um pouco a nossa forma de pensar”.

No pouco tempo em que assumiu o governo do Estado de São Paulo, Már-cio França tem dedicado especial aten-ção aos municípios.

Um de seus primeiros decretos al-terou a burocracia necessária para a

À frente do Palácio dos Bandeirantes desde abril, Márcio França diz que aprofundará legado de Geraldo Alckmin

Um governadordeterminado

Natural de Santos, no litoral de São Paulo, o governador Márcio Luiz França Gomes tem um perfil raro entre os

políticos brasileiros: está no mesmo partido há 30 anos. E é pelo PSB (Par-tido Socialista Brasileiro) que ele pre-tende conquistar a indicação para ser o candidato à reeleição ao governo do Estado de São Paulo.

Foto

: Gov

ern

o d

o E

stad

o d

e Sã

o P

aulo

transferência de recursos do Estado aos municípios. Agora, a Secretaria do Pla-nejamento é responsável pela análise dos pedidos, que antes passavam pela Casa Civil antes da aprovação.

Outro decreto autoriza o Estado a transferir aos municípios 20% do valor dos projetos orçados em mais de R$ 200 mil, exigindo apenas ordem de ser-viço, que antecede o início da obra. O governador também autorizou o repas-se de R$ 53 milhões extras a diversos municípios, para aquisição de ambu-lância, caminhão de lixo, recapeamen-to asfáltico, reforma de ginásios, entre outros serviços.

Em viagens pelo interior, Márcio França tem enaltecido o papel do turismo em muitos municípios pau-listas. E anunciou que 46 municípios passarão a ter direito a mais de R$ 594 mil, em 2018, para obras de infraes-trutura turística, mediante convênio com o DADETUR (Departamento de Apoio ao Desenvolvimento dos Mu-nicípios Turísticos) da Secretaria Esta-dual de Turismo.

NA LIDERANÇADesde que ocupou o cargo de ve-

reador de São Vicente em duas legisla-turas (em 1988 e 1992), Márcio França foi reeleito, o que o estimulou a con-correr na disputa pela Prefeitura de São Vicente, em 1996.

Em 2000, ele não só foi reeleito pre-feito como obteve a maior votação do Brasil, com 91,3% dos votos válidos em São Vicente.

Outra marca da vida política de Már-cio França é o alto índice de aprovação dos eleitores. Em 2004, quando encer-rou seus dois mandatos como prefeito de São Vicente, o Ibope registrava que ele tinha 94% de aprovação popular.

Aos 54 anos, casado, com dois filhos e dois netos, Márcio França contou com o apoio da família para alçar voos mais altos em 2006, quando foi eleito depu-tado federal pelo Estado de São Paulo, tendo sido o mais bem votado na histó-ria do litoral paulista e o 20º mais bem votado do País.

Já no primeiro mandato, aos 43 anos, Márcio França conquistou a lide-rança do PSB na Câmara dos Deputa-dos. Reeleito em 2010, ele se licenciou para assumir a Secretaria de Turismo do Estado de São Paulo, a convite do então governador Geraldo Alckmin, do PSDB.

Em 2014, eleito vice-governador na chapa de Alckmin, Márcio França assu-miu a Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Ino-vação. Na ocasião, Alkmin destacou que a Secretaria é uma área estratégica, im-portantíssima. “Ninguém melhor do que o vice-governador eleito com experiên-cia tanto na área de ciência e tecnologia como de gestão”, disse Alckmin.

Nesta posição, que ocupou até abril, Márcio França incentivou a econo-mia criativa, criou programa de incentivo à exportação para as pequenas e médias empresas e incrementou os parques tec-nológicos e os programas de arranjos produtivos lo-cais. Também se dedicou às Investe SP – Agência Paulista de Promoção de Investimentos e Competi-tividade, organização so-cial ligada à Secretaria de Desenvolvimento Econô-mico, Ciência e Tecnologia do Estado de São Paulo.

Em 2015, a Agência conseguiu atrair R$ 9,17 bilhões em investimentos, um desempenho 260% superior ao ano de 2014. As empresas que se ins-talaram no Estado de São Paulo geraram 9.168 empregos dire-tos, 228% a mais que o ano anterior.

Outro desafio lançado pelo gover-nador à Investe SP foi o gerenciamento das 28 iniciativas de parques tecnológi-cos; o incentivo às cadeias produtivas

e a criação do Poupatempo do Expor-tador, com o objetivo de incrementar as exportações dos produtos paulistas.

França também ampliou a Univer-sidade Virtual do Estado de São Paulo (Univesp), que oferecia 2.300 vagas e hoje abriga mais de 50 mil jovens cur-sando ensino a distância em 240 cida-des do Estado de São Paulo

Márcio França pretende colocar em prática um projeto que já havia implan-tado quando foi prefeito de São Vicen-te: o alistamento civil de jovens, que passarão a receber auxílio de R$ 500 por mês para prestar serviços de apoio ao cidadão. £

Nesta posição, que ocupou até abril, Márcio França incentivou a econo-mia criativa, criou programa de incentivo à exportação para as pequenas e médias empresas e incrementou os parques tec-nológicos e os programas de arranjos produtivos lo-cais. Também se dedicou às Investe SP – Agência Paulista de Promoção de Investimentos e Competi-tividade, organização so-cial ligada à Secretaria de Desenvolvimento Econô-mico, Ciência e Tecnologia do Estado de São Paulo.

Em 2015, a Agência conseguiu atrair R$ 9,17 bilhões em investimentos, um desempenho 260% superior ao ano de 2014. As empresas que se ins-talaram no Estado de São Paulo geraram 9.168 empregos dire-tos, 228% a mais que

Outro desafio lançado pelo gover-

Uma marca da vida política de Márcio

França tem sido o alto índice de aprovação dos eleitores à sua

administração

Foto

: Gov

ern

o d

o E

stad

o d

e Sã

o P

aulo

24 Revista Fadesp

Perfil 2

Conciliador, bem humorado e um bom articulador polí-tico. Essas são algumas das características atribuídas no

meio político ao prefeito Bruno Covas. O mais jovem prefeito que a cidade já teve, Bruno Covas é formado em Direito e em Economia, filiado ao PSDB desde 1998, tendo sido presidente Estadual e Nacional da Juventude do PSDB e vice--prefeito eleito em 2016. Ele assumiu a Prefeitura de São Paulo no dia 6 de abril, no lugar de João Doria Jr., que se desincompatibilizou para concorrer ao governo do Estado de São Paulo.

Aos 38 anos, neto do ex-gover-nador Mario Covas – que governou o Estado de 1995 a 2001 –, Bruno Covas vive a política desde o berço. Ele só tinha 3 anos de idade quando o avô assumiu a Prefeitura de São Paulo, em

Juventude como virtude

Mais jovem prefeito de São Paulo, Bruno Covas se inspira no avô Mário Covas e promete continuar o trabalho de João Doria Jr.

1983, mas morou no Palácio dos Ban-deirantes quando Mário Covas era go-vernador do Estado.

Em seu discurso de posse, Bruno Covas disse que tem pressa. Lembran-do que tinha pela frente apenas 33 me-ses como prefeito, ele avaliou que não era muito tempo, mas complementou citando o líder pacifista Martin Luther King: “O tempo é sempre certo para fazer o que está certo”. E explicou que, ao assumir a gestão da maior capital do Paí,s teria de “mobilizar recursos, arregi-mentar competências, sacudir crenças, varrer disparates burocráticos, focar em práticas que traduzem a vontade políti-ca em tijolos de solidariedade”.

Aos que temem o tempo escasso para cumprir seu plano de governo, o prefeito admite que “é muito querer”, mas cita as conquistas do PSDB nos

Foto

: Leo

n R

od

rig

ues

/SEC

OM

julho/agosto 2018 25

últimos 15 meses, que, segundo ele, “mostram a todos nós que é possível transformar sonho em realidade”.

Apesar da juventude – ele recebeu o prêmio de deputado estadual mais atuante em 2010, outorgado pela ONG Voto Consciente –, Bruno Covas já acu-mula experiência no Executivo. Eleito deputado estadual de São Paulo duas vezes (2007-2010 e 2011-2014), ele se licenciou do Legislativo em 2011 para assumir a Secretaria do Meio Ambien-te da gestão do governador Geraldo Alckmin (PSDB). Em 2014, foi o quarto deputado federal mais bem votado no Estado de São Paulo, com mais de 350 mil votos.

Na Assembleia, foi presidente da Comissão de Finanças e Orçamento e autor de mais de 60 projetos de lei, en-tre eles, o PL de Responsabilidade Ad-ministrativa, que proíbe a paralisação de obras e programas em mudanças de gestão.

No Congresso Nacional, Bruno Co-vas foi sub-relator da Comissão Par-lamentar de Inquérito da Petrobras e membro da Comissão Especial da Maio-ridade Penal, mas renunciou ao manda-to para se candidatar a vice-prefeito na chapa de João Doria (PSDB).

Eleito vice-prefeito, Bruno Covas assumiu o cargo de secretário Munici-pal de Prefeituras Regionais, que dei-xou quando foi indicado pelo prefeito João Doria para comandar a articula-ção política na Casa Civil.

TROCA DE PILOTOAo assumir o Palácio do Anhanga-

baú, sede da Prefeitura de São Paulo, no centro da cidade, Bruno Covas disse que tinha havido uma “troca de piloto” na Prefeitura, mas “o rumo, a direção, a rota continuam os mesmos”.

Conciliador e diplomático, Bruno Covas elogiou os programas e pro-jetos do antecessor João Doria antes de citar que uma de suas prioridades era colocar a cidade no topo do Ideb (Índice de Desenvolvimento da Edu-cação Básica) entre as capitais. E des-tacou: “Sou daqueles que acreditam que mais vale eliminar uma fila do que

construir um viaduto”, afirmando que, ao final de quatro anos, a gestão terá criado 85 mil vagas em creches.

Deixando claro que vai seguir o exemplo de seu avô Mário Covas e ci-tando o filósofo grego Aristóteles, que dizia que “o homem é um animal polí-tico”, o prefeito afirmou acreditar que “as transformações sociais que tanto desejamos devem ser travadas na are-na da política”.

Sobre Mario Covas, o neto diz, ain-da, que graças à convivência com ele “sou um social-democrata que enten-de que o Estado não deve participar de tudo, mas precisa dar atenção má-xima a educação, saúde e segurança”.

Às vésperas de completar seus 38 anos, no dia 7 de abril, ele dizia: “Vivo como uma pessoa dessa idade. Mas, se até agora eu levava uma vida de sol-teiro, a partir de 7 de abril vou ser um homem casado com a cidade de São Paulo. Serão vidas distintas”, disse.

No Instagram ele diz que “não foi uma cegonha que me trouxe. Foi um tu-cano!” e se descreve como: “Divorciado. Pai do Tomás”. E, um mês antes da posse, Bruno Covas dizia aos amigos que esta-va “igual criança que vai a Disney”.

Depois de perder mais de 15 qui-los, o prefeito passou a se dedicar a exercícios físicos regulares e caminhas, pelo bairro – ele reside na zona Oeste da cidade – e no parque do Ibirapuera.

Outra característica do novo prefeito é seu bom humor. Um mês antes de sua posse na Prefeitura, o ex-governador Geraldo Alckmin ex-pressou sua confiança: “Ele será um excelente prefeito. É jovem, compe-tente, dedicado e tem vínculos com a cidade e com a vida de São Pau-lo”. Segundo Alckmin, Bruno Covas “consegue manter a sobriedade com bom humor a qualquer momento do dia ou da noite. Isso facilita muito o relacionamento e é por isso que ele é muito querido”.

Aos que enfatizam a pouca idade e inexperiência do prefeito em cargos no Executivo, seus amigos respondem lembrando que Emmanuel Macron, o atual presidente da França, tem ape-nas 40 anos de idade.

Seus partidários encerram a ques-tão sobre sua juventude assegurando que há muito ele vem se preparando para a política e pode representar no-vos caminhos para o país. £

“Sou daqueles que acreditam que mais

vale eliminar uma fila do que construir um

viaduto”

Bruno Covas

Foto

: Hel

ois

a Ba

llari

ni/

SEC

OM

26 Revista Fadesp

Tributação

A Denúncia Espontânea, ins-trumento do Direito Tributá-rio, é uma espécie de salvo conduto que afasta aplica-

ção de multas em virtude de ilícitos tributários. Em outras palavras, quem cometeu ilícitos ou erros referentes a obrigações tributárias pode se imuni-zar das multas corrigindo os erros, in-teligência do art. 138º do CTN.

Senão vajamos: Art. 138º - A responsabilidade é

excluída pela denúncia espontânea da

Reassunção da denúncia espontânea tributária noâmbito estadualJORGE ANDRÉ DOS SANTOS TIBURCIO (*)

infração, acompanhada, se for o caso, do pagamento do tributo devido e dos juros de mora, ou do depósito da importância arbitrada pela autoridade administrativa, quando o montante do tributo dependa de apuração.

Requisito de admissibilidade da denúncia espontânea é o recolhi-mento do tributo. Na verbalização do artigo 138º do CTN, o recolhimen-to deverá ocorrer “se for o caso”. No magistério de Luciano Amaro, “a ex-pressão ‘se for o caso´ explica-se em

face de que algumas infrações, por implicarem desrespeito a obrigações assessórias, não acarretam, direta-mente, nenhuma falta de pagamen-to de tributo, embora sejam também puníveis, porque a responsabilidade não pressupõe, necessariamente, dano (art. 136º)”.

Importante consignar que a de-núncia espontânea também se apli-ca à obrigação tributária acessória conforme dicção do citado dispositi-vo “acompanhada, se for o caso, do

julho/agosto 2018 27

Jorge André dos Santos Tiburcio

pagamento do tributo”. Não fosse assim, o imperativo legal exigiria em todos os casos o requisito de paga-mento do tributo.

Outra interpretação possível é a apresentada por Ives Gandra da Silva Martins: “a expressão ‘se for o caso’, inclu-ída pelo legislador no texto do projeto, evidentemente tem que ser interpretada dentro do contexto do princípio da legalidade, que norteia não apenas o direito tributário, mas todo o ordenamento jurídico nacional, ou seja, de que a denúncia espontânea somente terá de ser acompa-nhada do pagamento de tributos e juros de mora se a lei expressamente assim o determinar”.

Contudo, a denúncia espontânea é afastada com o iní-cio de qualquer procedimento ou medida de fiscalização conforme preconiza o parágrafo único do mencionado art. 138º da Lei adjetiva tributária.

Logo, iniciado qualquer procedimento ou medida de fiscalização, a Denúncia Espontânea torna-se estéril.

No âmbito do Estado de São Paulo temos o Código de Defesa do Contribuinte, Lei Complementar 939, de 3 de abril de 2003.

Umas das garantias entabuladas no Código de Defesa do Contribuinte é a reassunção da denúncia espontânea caso a auditoria não esteja concluída no prazo de 90 dias, conforme dispõe o inciso VII, do art. 5º da mencionada Lei de defesa do contribuinte, in verbis:

Artigo 5º - São garantias do contribuinte:(...)VII - o restabelecimento da espontaneidade para sa-

nar irregularidades relacionadas com o cumprimento de obrigação pertinente ao imposto caso a auditoria fiscal não esteja concluída no prazo de 90 (noventa) dias, con-tados da data em que ocorrer a entrega à autoridade fiscal da totalidade das informações, livros, documentos, impressos, papéis, programas de computador ou arqui-vos eletrônicos solicitados;

(...)Assim, resta claro o restabelecimento da denúncia

espontânea caso a auditoria ultrapasse o prazo legal de 90 dias, podendo ser afastadas multas relativas a ilícitos ou erros em obrigações tributárias principais e acessórias art. 113 do CTN.

Importante lembrar que o Código de Defesa do Con-tribuinte referenciado só é aplicável nas esferas estadual e municipal por ser norma complementar estadual, não se aplicando à esfera federal. Uma pena!

(*) Advogado, pós-graduado em Direito Empresarial, pós-graduando em Direito Tributário, sócio da Tibúrcio e Carvalho Sociedade de Advogados e Tesoureiro da FADESP.

Com entusiasmo, registro que tramita na Câmara dos Deputados o projeto de lei PL 2557/2011, de autoria do deputado Laércio Oliveira (PR-SE), que já foi aprovado pela Comissão de Finanças e Tributação em 9/11/2016 e atualmente está tramitando na Comissão de Constitui-ção e Justiça.

Assim, a equidade na relação contribuinte e fisco legal-mente existente e aplicável no Estado de São Paulo pode-rá ser exercida em todas relações tributárias caso o citado projeto de Lei seja aprovado e sancionado.

Portanto, o Código de Defesa do Contribuinte tornou--se importante ferramenta revelando-se indispensável para o equilíbrio da relação fisco e contribuinte que pode valer-se do reestabelecimento da denúncia espontânea em caso da inercia do fisco. £

Foto

: Div

ulg

ação

28 Revista Fadesp

EducaçãoEducação

O artigo 48.º da Lei de Dire-trizes e Bases da Educa-ção determina claramen-te: “§ 2.º - Os diplomas

de graduação expedidos por uni-versidades estrangeiras serão reva-lidados por universidades públicas que tenham curso do mesmo nível e área ou equivalente, respeitando-se os acordos internacionais de reci-procidade ou equiparação.” Pontua--se, pela leitura atenta do § 2.º do artigo, que somente universidades públicas podem revalidar estes di-plomas. No entanto o Brasil, apesar do crescimento exponencial, não consegue suprir as demandas bá-sicas da população. Ocorre no país uma má distribuição dos médicos, conforme pesquisa divulgada pelo Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (IPEA) o qual apontou que 58% dos entrevistados consideram a falta de médicos como o problema mais grave do SUS.

Evidenciamos, porém, que de for-ma pioneira e corajosa o Ministério Público Federal, juntamente com a

Qual a melhor forma para revalidar diplomasde medicina no exterior?

Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT), fi rmaram um Termo de Ajus-tamento de Conduta (TAC) que pro-piciou uma mudança neste cenário. Trouxeram à tona uma possibilidade inteligente, efi caz e prática da revalida-ção de diplomas não por meio de ava-liações objetivas como o Revalida (este estimado em quase R$ 90 milhões so-mente para realização do exame), mas sim com um sistema de equivalência

curricular por meio de formação aca-dêmica PRÁTICA sob a forma de com-plementação e atualização.

Por este sistema, a UFMT passou a credenciar também universidades privadas, preconizando a formação de centenas de novos médicos agora de-vidamente avaliados e formados, com aulas práticas, amparados pela aplica-ção da Lei de Preceptoria o qual já re-gra este sistema.

DR. JEAN DORNELAS (*)

Foto

: Div

ulg

ação

julho/agosto 2018 29

Porém a celeuma se reveste no fato da suposta inefi ciência e incapacidade docente das outras universidades que não as brasileiras. À indagação, ques-tionamos: como dizer se as universi-dades são melhores ou piores que as brasileiras? Simplesmente pelo fato de não cobrarem milhões uma vez que oferecem um custo menor? Seria este o único critério capaz de dizer se estas universidades são melhores ou piores? Nem sempre o que é mais caro é o me-lhor. E o mais interessante: quando foi feita uma análise comparativa entre os médicos formados no Brasil e aqueles no exterior? Neste silogismo e emba-sado no escopo do artigo 5.º da Cons-tituição, “Todos são iguais perante a lei”, observamos que estamos apenas mediante “achismos”, e seria desigual aplicarmos uma prova a alunos do exterior uma vez que os formados no Brasil não passam por essa avaliação em seus cursos.

Inferimos em nossa modesta per-cepção - e com base em nossa labuta jurídica diuturna - que o Conselho Fe-deral de Medicina (CFM) tem usado de

todos os expedientes possíveis para propagar falsamente que estes médi-cos formados no exterior não devem e não podem atender a população brasileira. No entanto, este Conselho Federal e seus respectivos conselhos regionais não trazem soluções para a falta de médicos. Apenas fi cam, ao nosso ver, em uma busca incansável por uma reserva de mercado.

Vislumbrando um novo horizonte, após o Termo de Ajustamento de Con-duta, o Governo Federal além de sen-tir na pele as difi culdades em trazer médicos do exterior com o Programa Mais Médicos, preconizou mudanças importantes na legislação. É o caso da Portaria n.º 22, de dezembro de 2016, expedida pelo Ministério da Educa-ção, o qual permitiu que as universi-dades públicas que resolvessem re-validar diplomas ampliassem o leque de atendidos, democratizando e uni-versalizando o ensino de medicina. A supracitada portaria inovou, uma vez que, além de permitir a participação de universidades privadas no proces-so de revalidação (mediante devida

“Como dizer se as universidades estrangeiras são

melhores ou piores que as brasileiras?

Simplesmente pelo fato de cobrarem milhões em vez de oferecerem

um custo menor?”

30 Revista Fadesp

Educação

30 Revista Fadesp

auditoria), legalizou uma situação irre-versível que era a necessidade de apri-moramento do ensino destes alunos e a revalidação consciente e responsável destes diplomas.

Acrescemos às informações que a Presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas (INEP), Maria Inês Fini, divulgou em fevereiro deste ano o fi m do exame, demonstrando um grande avanço para a democratização do ensino e formação de médicos do exterior no nosso país.

Em parceria com um dos maiores especialistas do tema no Brasil, tam-

bém formado no exterior, Dr. Frank Ronaldo, entendemos que uma mera prova objetiva não é suficiente para avaliar a capacidade destes estudan-tes, mas sim uma carga horária avan-tajada (como é o caso) em que, após meses de literal trabalho prático e com as devidas provas de habilida-des práticas, os alunos terão então sua grade curricular atualizada e completamente formada.

Por fim, o sistema de aulas práti-cas como complementação do cur-so tem se mostrado eficiente. É um caminho a ser seguido para o Brasil.

Principalmente pelo incentivo de afixação dos médicos nos rincões do País, o que agrega valores positivos aos estudantes, quebrando muitos paradigmas. Como diz o referido Dr. Frank: “ao invés de ser mais um grão de areia em um grande centro urba-no, prefira ser um grande vaso de barro em um pequeno povoado, ten-do assim todo o seu reconhecimento na carreira.” £

(*) Advogado Especialista em Revalidação de Diplomas de Medicina

Estudantes de medicina em aula

Foto

: Div

ulg

ação

julho/agosto 2018 31

Do Compliance no Brasilcom a Lei 12.846 e o Foreign Corrupt Practices Act

AUTORES:

Armando Luiz Rovai (doutor em Direito pela Puc/SP – professor de Direito Comercial da Puc/SP e do Mackenzie);

Paulo Sérgio Nogueira Salles Jr. (mestrando em Direito pela Puc/SP); e

Alexandre Ginzel (mestrando emDireito pela USP).

Por primeiro, pontua-se que a Lei nº 12.846/13 sanciona mais do que as condutas defi nidas pelo Código Penal como “corrupção”. Deve-se interpretá-

-la em conjunto com outros dispositivos, de for-ma sistemática, tais como os da Lei nº 8.429/92 (Lei de Improbidade Administrativa), da Lei nº 8666/93 (Lei de Licitações), do Código Penal, da Lei 12.529/11 (Lei do CADE), assim, formando uma estrutura normativa para a proteção da ad-ministração pública.

Compliance

Disposição FCPA Lei Anticorrupção Brasileira

Corrupção de funcionários públicos estrangeiros

Sim Sim

Corrupção de funcionários públicos nacionais

Não Sim

Alcance extraterritorial SimSim, limitado à participação da pessoa

jurídica brasileiraDispositivos contábeis e

de controles internosSim Não

Outros atos lesivos Não

Sim, inclui outros atos contra a administração pública, como

fraude em licitações e frustração de competitividade em licitação

Exceção para pagamentos de facilitação

Sim Não

Responsabilidade penal da pessoa jurídica

SimNão, a responsabilidade penal

compete à Lei 2.848/1940

Responsabilidade objetiva NãoSim, para certas sanções é necessário

comprovação de culpa ou dolo

Multas

Violação aos dispositivos contábeis: multa de até US$ 2 milhões por violação.Violações aos dispositivos de controles internos: multa de até US$ 25 milhões por violação. Duas vezes o benefício

obtido ou almejado.

Multa de até 20% do faturamento bruto da pessoa jurídica ou de até R$ 60 milhões (se não for possível utilizar

o critério do faturamento bruto)

Outras “sanções”Declaração de inidoneidade,

monitores etc.

Proibição de receber incentivos, suspensão ou interdição das atividades

etc.Crédito pela existência de programas de compliance Sim (U.S. Sentencing Guidelines)

Sim (montante do crédito não determinado)

Crédito por reporte voluntário e cooperação

SimSim (redução de até 2/3

do valor da multa e exclusão das demais sanções)

32 Revista Fadesp

Compliance

1 _ CASTRO, Patrícia Reis. Um Estudo Sobre o processo de adesão ao programa de integridade da lei 12.846, de 1º de agosto de 2013, e seus efeitos sobre os controles internos em empresas nacionais e multinacionais. Dissertação de Mestrado. Universidade de São Paulo, 2016. P.52

Ponto fulcral, trazido pela Lei n.º 12.846/13, consiste no maior rigor de penas impostas às empresas pela prá-tica de tais atos, com multas no valor de 20% do faturamento ou acarre-tando no fim da atividade empresa-rial, deve ser salientado que existem mecanismos de incentivo à denúncia de irregularidades da pessoa jurídica, bem como que esta pode cooperar para apuração de infrações.

Assim, não é difícil observar que a aplicação do compliance no combate à corrupção não fica apenas como ferra-menta de prevenção, mas sim como de

atenuação das penas impostas pelas violações cometidas, reforçando-se, portanto, a importância de sua adoção na prática empresarial, trazendo uma aproximação da legislação brasileira com a dos EUA.

Corrobora-se a isto a aprovação, em março de 2015, do Decreto 8.420, regulamentando a responsabilidade administrativa objetiva de pessoas jurídicas pela prática de atos contra a administração pública tratada na lei nº 12.486/13, definindo o programa de integridade em seu art. 41, pará-grafo único, como conjunto de me-

canismos e procedimentos internos de integridade, auditoria e incentivo à denúncia de irregularidades, desta-cando a aplicação efetiva de ética e de conduta, a elaboração de política e diretrizes para detecção e mitiga-ção de desvios, fraudes, irregularida-des e atos ilícitos praticados contra a administração pública, nacional ou estrangeira.

Evidenciando essa aproximação legislativa, foi elaborado por Patrícia Reis Castro um quadro comparativo1 entre a lei anticorrupção brasileira e a FCPA, colacionado adiante:

REFERÊNCIAS CASTRO, Patrícia Reis. Um Estudo Sobre o processo de adesão ao programa de integridade da lei 12.846, de 1º de agosto de 2013, e seus efeitos sobre os controles internos em empresas nacionais e multinacionais. Dissertação de Mestrado. Universidade de São Paulo, 2016.LUCON, Paulo Henrique dos Santos. Procedimento e Sanções na Lei Anticorrupção (Lei 12.846/2013). IN: Revista dos Tribunais, São Paulo, Ano 103, Vol. 947. P. 267.

Pode-se dizer que a FCPA contempla dispositivos mais elaborados no combate à corrupção do que aqueles adotados pela legislação pátria,

em especial no que diz respeito aos controles internos, tais como as disposições referentes aos dispositivos contábeis, as quais não se encontram

refletidas na Lei anticorrupção

Em conclusão, pode-se dizer que a FCPA contempla dispositivos mais ela-borados no combate à corrupção do que aqueles adotados pela legislação pátria, em especial no que diz respei-to aos controles internos, tais como as disposições referentes aos dispositivos contábeis, as quais não se encontram refletidas na Lei anticorrupção. Por ou-tro lado, em matéria de Compliance, o Brasil parece já ter entendido sua re-levância como ferramenta de auxílio para a detecção de desvios, premian-do as corporações que implantarem programas efetivos para o cumpri-mento das normas estabelecidas. £

34 Revista Fadesp

Entidades

O braço social da FadespA Fundação Clóvis Beviláqua visa orientar a sociedade sobre processos Legislativo, Executivo e Judiciário

“O trabalho que desenvolvemos personifica

a nossa instituição como um bem social para a

população mais carente da cidade, estado e país, pois somos um braço social da Federação Nacional dos Advogados e Bacharéis,

a FADESP”

Antonio Graciani

Constituída em 6 de junho de 2013, a Fundação Clóvis Bevi-láqua é formatada como pes-soa coletiva de direito privado,

dotada de personalidade jurídica e sem fins lucrativos, com atuação nacional e sede e foro no Município e Comarca de São Paulo, Estado de São Paulo.

Hoje a Fundação Clóvis Beviláqua é presidida pelo advogado Antonio Graciani, que explica: “nosso trabalho personifica a nossa instituição como um bem social para a população mais carente da nossa cidade, estado e país, pois somos um braço social da Fede-ração Nacional dos Advogados e Ba-charéis, a FADESP”, explica. Graciani também assinala que a Fundação tem por objetivo de pauta criar e manter arquivos e publicações sobre legisla-ções vigentes; realizar simpósios, cur-sos, seminários e promoções similares sobre o processo legislativo; fazer pes-quisas, concursos, estudos, trabalho de ciência política, econômica e so-cial; criar sistemas de assessoramento e cooperação de entidades de classes

de carreira jurídica; e realizar estudos técnicos e planejamentos visando orientar a sociedade sobre o processo legislativo, executivo e judiciário.

“Juntamente com a Fadesp e tam-bém com outras entidades sem fins lucrativos, vamos desenvolver em todo território nacional estudos, as-sessoria e projetos voltados à Conhe-cimento, Educação, Cultura e Inova-ção; organizar eventos públicos com conteúdo ligado ao seu objeto social, sem envolvimento com questões re-ligiosas, políticos partidárias ou em quaisquer outras que não se coadu-nem com seus objetivos institucio-nais de nossa Fundação”.

Antonio Graciani, presidente da Fundação Clóvis Bevilaqua

Foto

: Div

ulg

ação

julho/agosto 2018 35

Jurista, legislador, professor e historiador brasi-leiro, Clóvis Beviláqua é autor do projeto do Códi-go Civil brasileiro de 1900. Foi consultor Jurídico do Ministério das Relações Exteriores durante 28 anos. Um dos fundadores da Academia Brasileira de Le-tras, Bevilaqua ocupou a cadeira nº 14 da institui-ção e também foi membro do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro.

Nasce em Viçosa – hoje Viçosa do Ceará –, Esta-do do Ceará, no dia 4 de novembro de 1859. Filho de José Beviláqua e de Martiniana Maria de Je-sus, estuda na cidade na-tal até 1872, quando vai para Fortaleza e ingressa no Ateneu Cearense e em seguida no Liceu do Ceará. Inicia sua carreira como jornalista na capi-tal cearense em 1875. No ano seguinte viaja para o Rio de Janeiro para estu-dar no Mosteiro de São Bento. Funda, junto com Francisco de Paula Ney e Silva Jardim, o jornal La-borum Literarium.

Em 1878 muda-se para o Recife e ingressa na Faculdade de Direito, onde se torna aluno do filósofo Tobias Barreto (1839-1889). Volta-se, en-tão, para o estudo do Direito, fortemente influen-ciado por seu mestre e pelo empirismo evolucio-nista alemão. Publica, nessa época, seus primeiros ensaios sobre Filosofia e Direito comparado. Faz parte do grupo que mobilizava a vida intelectual da época, a Escola do Recife.

Em 1882 forma-se em Direito. Inicia a carreira de magistrado. No ano seguinte é nomeado pro-motor público de Alcântara, no Maranhão. Em 1884, casa-se, no Recife, com Amélia de Freitas. Em 1888 passa a lecionar Filosofia na Faculdade de Di-

reito da capital pernambucana e em 1891 assume a cátedra de Legislação Comparada. Neste mesmo ano é eleito deputado à Assembleia Constituinte do Ceará, colaborando ativamente na elaboração da Constituição estadual.

Clóvis Beviláqua despontou como mestre do Direito com diversas obras importantes: “Direito das obrigações” (1896); “Direito de família” (1896); “Criminologia e Direito” (1896) e “Direito das su-cessões” (1899). Em 1899 é convidado pelo futuro

presidente da República Epitácio Pessoa, então ministro da Justiça, a ela-borar o projeto do Códi-go Civil brasileiro. Con-cluído em seis meses, o Código foi aprovado em 1916 e vigorou por quase 90 anos.

Em 1906, é nomeado Consultor Jurídico do Mi-nistério das Relações Ex-teriores, cargo que ocupa durante 28 anos. Redige vários pareceres, entre eles, “A Organização da III Conferência da Paz, em Haia”, “Importação de Armas e Munições”, “Co-dificação Progressiva do Direito Internacional”.

Não chega a frequen-tar a Academia Brasileira

de Letras; sua participação mais importante é o discurso de recepção ao jurista Pedro Lessa (1859-1921) em 1910. Tem sérios atritos com a entidade em 1930, por esta ter recusado a inscrição de sua mulher, a escritora Amélia de Freitas Beviláqua. Clóvis Beviláqua defende-lhe a pretensão em pa-recer de poucas linhas, argumentando que aquilo que o regulamento não proíbe, permite. É autor de vasta e valiosa obra no campo do direito. Clóvis Be-viláqua morreu no Rio de Janeiro em 26 de julho de 1944.

Quem foi Clóvis Beviláqua

36 Revista Fadesp

Grandes advogados brasileiros

Durante os “anos de chumbo” da ditadura militar (1964-1985), o advogado criminalista Raimundo Pascoal Barbosa tocou o dedo na ferida de uma das mais vergonhosas chagas sociais do país. Foi

na época em que a sociedade civil brasileira despertava aos poucos da longa noite de trevas imposta pelo Ato Ins-titucional nº 5 (AI-5). A bandeira da defesa dos direitos hu-manos começava então a unificar os opositores do regime, com o repúdio à prática de tortura contra presos políticos que fora institucionalizada pela repressão. Veterano da luta contra o Estado Novo getulista (1937-1945), Barbosa foi o primeiro a lembrar que a tortura era uma prática comum da polícia, mas, como atingia somente as camadas sociais mais pobres da população, não causava quase nenhuma comoção. “Mas quando se voltou contra pessoas oriundas das classes mais elevadas, surgiu na ordem do dia a luta pelo respeito à sua integridade física e moral, um dos direi-tos fundamentais da pessoa”, disse ele na época.

Coerente com seus princípios democráticos, Barbosa teve papel destacado na defesa de vítimas da truculência dos militares. Logo no início da ditadura, em 1964, o ad-vogado defendeu dois dirigentes sindicais do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo que tinham sido presos no quartel do 4º Regimento de Infantaria (4º R.I.) de Quitaúna (Osasco), acusados de atividades subversivas. Neste episó-dio, ele trabalhou em conjunto com os advogados Mário Simas e de Heráclito Sobral Pinto, o decano advogado da defesa das liberdades públicas no Brasil.

Raimundo Pascoal Barbosa (1921-2002)

Já nos tempos do AI-5, Barbosa assumiu a defesa do advogado Rio Branco Paranhos, detido em razão de ter sido encontrado um cartão seu no bolso de um sindicalista preso em um quartel do Exército. O advogado estava in-comunicável e Barbosa impetrou mandado de segurança contra o comandante da unidade militar em que o advoga-do se encontrava preso. Barbosa acabou detido também, sem conseguir libertar seu cliente. Mas, como em outras circunstâncias, jamais se dobrou ao árbitro.

Militante da Ordem dos Advogados do Brasil-Seção São Paulo (OAB-SP), Raimundo Barbosa assumiu por três meses (outubro de 1976 a janeiro de 1977) a presidência daquela entidade em razão da renúncia do presidente, Cid Vieira de Souza, que concorria à reeleição.

Nascido em 1921, Barbosa formou-se na Faculdade de Direito do Largo de São Francisco e, como advogado, parti-cipou de vários movimentos de defesa do Estado de Direito Democrático. Lutou contra a ditadura Vargas e a ditadura de 1964 sempre buscando resgatar a integridade da ordem ju-rídica e um país mais justo. Militante do Partido Comunista Brasileiro (PCB), foi preso várias vezes pelos militares. Pela sua defesa dos advogados durante o período de exceção ficou conhecido como o “advogado dos advogados”.

“Hoje, sem riscos, muitos gritam e esbravejam. Naque-le tempo (o do regime militar), quando havia perigo con-creto, os valentões que surgiram depois ficaram silentes”, disse Barbosa pouco antes de morrer, em 15 de agosto de 2002, aos 81 anos. £

julho/agosto 2018 37

“Hoje, sem riscos, muitos gritam e esbravejam. Naquele tempo (o do

regime militar), quando havia perigo concreto, os valentões que surgiram depois ficaram silentes”

Raimundo Pascoal Barbosa

Foto

: Div

ulg

ação

38 Revista Fadesp

Resenha de livros

Tanques e togas

Autor: Felipe RecondoSão Paulo, Companhia das Letras, 2018336 páginas, R$ 59,90

Depois dos escândalos do Mensalão e da Operação Lava Jato, o Supremo Tribunal Federal (STF) ficou em evidência no Brasil, a ponto de quase todo mundo conhecer a composição daquela Corte. Nem sempre foi assim, contudo. Em 1964, o presidente do STF, Ribeiro da Costa, inicialmente apoiou o golpe de Estado que instaurou a ditadura militar. Nos anos seguintes, na medida em que a Constituição era rasgada a golpes de Atos Institucionais, o Supremo entrou em rota de colisão com o regime. Em 1965, o AI-2 aumentou o número de ministros do Supremo de 11 para 16 para garantir a maioria a favor da ditadura. Estabeleceu também o julgamento de civis pelo Superior Tribunal Militar. Em 1969, com base no AI-5, os militares cassaram três ministros do Supremo. No mesmo ano, a ditadura voltou a mudar a composição do STF para 11 ministros.

Catarina, a Grande, e Potemkin – uma história de amor na corte Románov

Autor: Simon Sebag MontefioriSão Paulo, Companhia das Letras, 2018840 páginas, R$ 89,90

Autor de livros monumentais sobre a Rússia, como a história da dinastia Románov e as biografias do ditador soviético Josef Stálin, o historiador Simon Sebag Montefiore reconstrói neste livro a trajetória de uma das parcerias políticas mais bem sucedidas da história, estabelecida entre a czarina Catarina II, a grande, e o marechal e conde Grigori Potemkin, amante e principal estrategista da monarca. Nascida na Alemanha, Catarina se casou com o herdeiro do império russo; uma vez viúva, ela assumiu o trono e governou por décadas até sua morte, em 1796. Reinou como uma “déspota esclarecida”, como se dizia na época. Menos conhecido é o papel Potemkin na estratégia de poder de Catarina. Com base em cartas de ambos e em meticulosa pesquisa, Montefiore revela os segredos dos amantes e aliados e mostra como suas vidas particulares marcaram a história do Império Russo.

Como os advogados salvaram o mundo

Autor: José Roberto de Castro NevesSão Paulo, Editora Nova Fronteira, 2018400 páginas, R$ 49,90

Em tempos de Operação Lava Jato, a opinião pública muitas vezes transforma os advogados em réus. Este livro procura resgatar a importância que o papel dos advogados teve na consolidação da civilização democrática. O autor afirma que os advogados, pela sua própria atividade, são levados a se confrontar com regimes autoritários e, em razão disso, acabaram liderando movimentos que visavam a defender a liberdade, a liberdade de pensamento e a isonomia no tratamento de cidadãos. Assim, fenômenos historicamente tão díspares como a Reforma Protestante (1517), a Revolução Americana (1776) e a Revolução Francesa (1789) foram liderados por advogados: Lutero, Thomas Jefferson; John Adams; Alexander Hamilton; James Madison; Danton; Robespierre; Saint-Just. No Brasil, temos os líderes da Inconfidência Mineira (1789) e José Bonifácio de Andrada e Silva, patriarca da Independência (1822).

Associado da FADESP agora conta com a Unimed Saúde, Amil e com desconto na EBRADI - ESCOLA BRASILEIRA DE DIREITO