revista espirito livre_003

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http://revista.espiritolivre.org | #003 | Junho 2009 ENTREVISTA Jimmy Wales, criador da Wikipedia, em entrevista exclusiva a nossa equipe NETBSD Aprenda a instalar o NetBSD passo-a-passo BLUEPAD Controle seu PC com GNU/Linux pelo celular INVESALIUS Por dentro do corpo humano W W I I K K I I E OS NOVOS MODELOS DE CONSTRUÇÃO DE CONHECIMENTO

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  • http://revista.espiritolivre.org | #003 | Junho 2009

    ENTREVISTAJimmy Wales, criador da Wikipedia, em entrevista exclusiva a nossa equipe

    NETBSDAprenda a instalar o NetBSD passo-a-passo

    BLUEPADControle seu PC com GNU/Linux pelo celular

    INVESALIUSPor dentro do corpo humano

    WWIIKKIIE OS NOVOS MODELOS DE

    CONSTRUO DE CONHECIMENTO

  • COM LICENA

    Revista Esprito Livre | Junho 2009 | http://revista.espiritolivre.org |02

  • E c estamos com a terceira edio. Como devem ter percebido, mal completamos um ms desde a edio n. 2 e j est saindo outra... Esperamos continuar com a regularidade de disponibilizar as novas edies entre a primei-ra e a segunda semana de cada ms.

    Com o tema de capa, Wiki e os novos modelos de construo de conhe-cimento, tivemos a colaborao de uma galera bacana que agregou ainda mais publicao, como vocs podero ver. Viktor Chagas, da Comunidade Overmundo e Yuri Almeida, do Blog Herdeiro do Caos e tantos outros que contribuiram de forma excelente com esse assunto, sobre o qual h muito que se falar.

    A entrevista desta edio com Jimmy Wales, criador da Wikipedia, am-plamente utilizada por dez entre dez internautas. Agradecemos a ele por sua contribuio, mesmo com sua agenda lotada.

    Nesta terceira edio, voc leitor, vai perceber que temos novos colabo-radores: O Coringo, responsvel pelo Ubuntu Games, estar conosco falando um pouco sobre jogos, Luiz Vieira estar falando sobre segurana da informa-o, Acio comeou falando sobre TCOS na segunda edio e agora faz parte da equipe... Tatiana Al-Chueyr, que nesta edio est falando do InVesalius, vai nos dar uma fora com os projetos do Software Pblico. Cindy Dalfovo, que embaixadora de Campus da Sun tambm estar conosco nas prximas edies, alm da Andressa Martins que assinou uma matria na edio passa-da e nesta fala sobre o SLOG. Temos ainda a participao do Guilherme Cha-ves, que fala sobre o controle do pc com GNU/Linux pelo celular... A coluna de humor (que no s sobre humor...) tem participao de 3 novos autores que esperamos, continuem firmes conosco, Yamamoto Kenji, Moises Gonalves e Wallisson Narciso. Novamente a capa arte do Nilton Pessanha!

    Continuamos publicando a seo com os emails e comentrios envia-dos para a redao da revista. Se quiser ver seu comentrio publicado nesta seao, basta enviar sugestes, opinies, comentrios sobre as matrias veicu-ladas. Simples assim :-)

    A Revista Esprito Livre tambm trs nesta edio sorteios para trs pro-moes de eventos que acontecero nos prximos dias. No perca tempo e participe! E no precisa nem dizer para continuarem ligados no site da revista [http://revista.espiritolivre.org]. As novidades que aparecero na revista, do seu primeiro "sinal de vida" l no site oficial. Ento, aos curiosos e interessa-dos, basta acompanhar.

    Agradecimentos a todos que tornam este trabalho possvel. Um trabalho altamente dependente de colaborao e cooperao.

    Sendo assim, com novos colaboradores surgem novas colunas, novas sees, novas vises e opinies. isto que se espera de uma publicao que prioriza a colaborao como um dos seus pilares, quase uma questo de so-brevivncia.

    EDITORIAL / EXPEDIENTE

    Colaborao:questo de sobrevivncia

    Revista Esprito Livre | Junho 2009 | http://revista.espiritolivre.org |03

    Joo Fernando Costa JniorEditor

    EXPEDIENTEDiretor Geral Joo Fernando Costa Jnior

    Editor Joo Fernando Costa Jnior

    Reviso Marcelo Tonieto

    Arte e Diagramao Joo Fernando Costa Jnior Capa Nilton Pessanha

    Contribuiram nesta edio Acio Pires Alan Lacerda Alexandre Oliva Andressa Martins Carlos Donizete Crlisson Galdino Cezar Taurion Cindy Dalfovo Edgard Costa Evaldo Junior Filipe Saraiva Guilherme Chaves Jaime Balbino Jimmy Wales Jomar Silva Lzaro Rein Leandro Leal Parente Luiz Vieira Moiss Gonalves Orlando Lopes Paulino Michelazzo Rodrigo Lopes Sinara Duarte Tatiana Al-Chueyr Viktor Chagas Wallisson Narciso Yamamoto Kenji Yuri Almeida

    Contato [email protected]

    O contedo assinado e as imagens que o integram, so de inteira responsabilidade de seus respectivos autores, no representando necessariamente a opinio da Revista Esprito Livre e de seus responsveis. Todos os direitos sobre as imagens so reservados a seus respectivos proprietrios.

  • EDIO 003

    CAPA

    Comunidade OvermundoQuem a comunidade do Overmundo?

    33

    De que matria feito o conhecimentoUma reflexo sobre o conhecimento

    26

    COLUNAS

    Um por todos, todos por um!Em guarda...

    11

    O bom o corredor!E quem sou eu pra descordar...

    13

    Quem tem medo do Google mau?Voc tem?

    15

    Briga de EgoVai um curativo a?!

    18

    SaaS e o Open sourceCom a crescente popularizao do modelo SaaS, como fica Open Source?

    20

    SUMRIO

    Entrevista comJimmy WalesWales fala sobre Wikipedia, modelos de colaborao e Wikia.com

    PG. 22

    93 AGENDA 06 NOTCIAS

    Colaborao em micro empresasUtilizando wikis para a documentao de uma micro empresa

    28

    Os modelos colaborativos de conhecimentoConstruindo de forma coletiva

    30

    Wiki-JornalismoSer mesmo possvel?

    37

  • DESENVOLVIMENTO

    Virado pra Lua - Parte 3Vamos para a LUA?

    40

    COMUNIDADE

    SLOG o Software Livre fazendo bonito no Oeste Goiano

    78

    TECNOLOGIA

    Microsoft e o ODFPolmico esse assunto...52

    FRUMO movimento estudantil e o comunidade de SL... caminhando lado a lado

    63

    EDUCAOFormao de professoresCaminhos a trilhar

    66

    TUTORIAL

    Controlando seu Desktop GNU/Linux com o celularSim! possvel!

    42

    Instalando o NetBSDUma abordagem direta... tela a tela

    44Lidec: Software Livre a favor da incluso digitalUsando a tecnologia para promover a transformao social

    72

    09 LEITOR

    REDE

    Dissecando o TCOSAnalisando o interior do TCOS

    57

    HUMOR

    Vidamonga: PegaoHelpdesk: No WikiWindows e Mac vs. Linux: Cdigo hackeado versus cdigo aberto

    Exterminar: Destruir, destruir, destruir...

    91

    MULTIMDIA

    Como trabalhar com udio no Linux... e se transformar num DJ!

    84

    Collision, da pirataria ao software livreUm filme aberto

    81

    SEGURANA

    Segurana da InformaoNecessidades e mudanas de paradigma com o avano da civilizao

    60

    GAMESThe Mana WorldAgora o turno de quem?

    88

    SOFTWARE PBLICOInVesaliusPor dentro do corpo humano

    74

    10 PROMOES

  • 25 de Maio: Dia do Orgulho Nerd

    No dia 25 de Maio foi comemo-rado o Dia do Orgulho Nerd [ou Geek], uma iniciativa que advo-ga o direito de toda pessoa ser um nerd ou um geek. A iniciati-va do referido "Dia do Orgulho Nerd" teve ncio no ano de

    2006, na Espanha, onde conhecido como "Dia del Orgullo Friki". A data 25 de maio simblica e foi escolhida por ter sido o dia da premire do primeiro filme da srie Star Wars, um clssico, assistido por 7 entre cada 10 nerds. Em 2008 es-te dia comemorativo atravessou o Atlntico che-gando Amrica com o nome GeekPrideDay. Para celebrar o Dia do Orgulho Nerd, os espa-nhis criaram uma lista de direitos e deveres do nerd, que podem ser lidos aqui. A Revista Espri-to Livre parabeniza a todos os nerds e geeks pe-lo seu dia!

    Coldplay lana CD gratuito: LeftRightLeftRightLeft

    O Coldplay volta a oferecer msica de forma gratuita! E desta vez oferecem um l-bum completo: LeftRightLef-tRightLeft o novo lbum ao vivo da banda e est dis-ponvel para download de forma gratuita. Este lbum

    tambm ser entregue a todos os fs nos prxi-mos shows do Coldplay, durante o resto do ano de 2009. O download gratuito do lbum estar disponvel no site oficial da banda, http://www.coldplay.com, at o ltimo show de 2009. Ao que tudo indica, aps o ltimo show o download do lbum ser cancelado.

    Linux Foundation e Microsoft lanam mani-festo conjunto

    A Microsoft e a Linux Foun-dation, divulgaram uma car-ta aberta [que pode ser lida aqui] onde expressam desa-cordo diante do guia elabora-do pela American Law Institute (ALI) que dar em-basamento jurdico para de-cises em casos que envolvam softwares. Ambos

    pedem que a ALI reconsidere diretrizes sobre li-cenciamento de software que guiaro decises jurdicas nos EUA. Jim Zemlin, diretor executivo da Linux Foundation, afirma em seu blog que "os princpios detalhados pela ALI interferem com a operao natural das licenas de cdigo aberto ou comerciais e criam garantias implci-tas que podem resultar em uma quantidade tre-menda de processos desnecessrios". Apesar da unio de fora das duas, o ALI no aceitou in-tervenes. A reunio que definiu os parmetros ocorreu entre os dias 18 e 20 de maio.

    Mandriva lana sistema de backup via web

    A Mandriva est anunciando seu novo sistema de Backup via web. O servio chama-se

    Click'n'Backup e inclui ar-mazenamento seguro de dados e ferramentas de backup e restaurao de dados. O servio inclui verses para sistemas Mandriva Linux, Windows

    e Mac OS X. Ficou interessado? Clique aqui e saiba mais sobre o Click'n'Backup.

    NOTCIAS

    NOTCIASPor Joo Fernando Costa Jnior

    Revista Esprito Livre | Junho 2009 | http://revista.espiritolivre.org |06

  • NOTCIAS

    Revista Esprito Livre | Junho 2009 | http://revista.espiritolivre.org |07

    Mozilla lana Jetpack

    A Mozilla anunciou um novo projeto no Mozilla Labs cha-mado JetPack, que visa explo-rar novas formas de expandir e personalizar a web atravs do seu navegador Firefox. O Jetpack permitir a criao de pequenos addons que per-mitiro a personalizao das pginas web a gosto do usu-rio e ainda a expanso das

    funcionalidades de servios utilizando APIs. A verso 0.1 j integra a API do Twitter, jQuery e in-line debuging para quem usa o Firebug. Assim, ao invs de voc ter que aprender uma nova lin-guagem para criar plugins para o Firefox, pode-r fazer isso usando javascript e os habituais mtodos de programao web. Saiba mais aqui.

    Conhea o editor de grficos vetoriais sK1

    No temos tantos editores de grfi-cos vetoriais de cdigo aberto. Tal-vez por isso que a chegada do sK1 seja vista com to bons

    olhos. O sK1 um editor de grficos vetoriais, de cdigo aberto e similar ao CorelDRAW, Fre-ehand ou Illustrator. Ele surgiu como um fork do Sketch (agora Skencil) 0.6.15 e o resultado de patches dirios no Sketch na tentativa de migrar uma empresa de impresso para software livre. O software suporte a caractersticas profissio-nais como paleta de cores CMYK, separaes, gerenciamento de cores ICC, sada em PDF, alm de um detalhe me interessante: importar ar-quivos CDR (verses 7 at X3). Visite o site ofici-al para maiores detalhes e download.

    Lanado VirtualBox 2.2

    A Sun Microsystems, anunci-ou o lanamento da nova verso de seu software de virtualizao de alto desem-penho, gratuito e com cdi-go aberto, o VirtualBox 2.2. A soluo vem com uma no-vidade: o suporte ao novo padro Open Virtualization

    Format (OVF Formato Aberto de Virtualiza-o), alm de importantes melhorias no desem-penho e atualizaes. Saiba mais no site oficial.

    Conhea o Libre.fm

    Voc que curte m-sica e uma boa r-dio e no est afim de criar uma conta no servio proprie-

    trio Last.fm, que tal voc conhecer Libre.fm? O Libre.fm um servio web que nasceu como alter-nativa a outros servios do gnero e tem como propsito no apenas ser um concorrente, mas sim trazer novas implementaes e funcionalida-des nicas no que diz respeito ao servio de r-dio e compartilhamento de gostos musicais, alm de encontrar novos artistas. O servio en-contra-se ainda em alpha, entretanto vem so-frendo um desenvolvimento bastante gil. Ainda no fcil encontrar artistas famosos cadastra-dos no servio, j que praticamente todos os ca-dastrados so de produtores independentes, o que no desmerece o servio. Alis uma exce-lente oportunidade de descobrir um novo som alm de poder baixar as msicas que quiser gra-tuitamente no formato Ogg Vorbis. O servio vem com a chancela da licena AGPL, tornando o Libre.fm a escolha ideal para amantes de for-matos livres. Quer conhec-lo, ento visite o site oficial.

  • NOTCIAS

    Revista Esprito Livre | Junho 2009 | http://revista.espiritolivre.org |08

    SheevaPlug, um computador de "tomada"

    O SheevaPlug um computador movido a Linux em um formato minsculo (110 x 69.5 x 48.5 mm) que pode ser encaixado di-retamente numa tomada eltri-ca. Este pequeno notvel conta com ligaes USB2.0 e Gigabit Ethernet. O processador um

    Sheeva que funciona entre os 800Mhz-1.2Ghz e conta com 512MB de Ram e 512Mb de Flash. Um outro quesito que impressiona o preo: o SheevaPlug custar em mdia $99 USD. Seu consumo de energia no passa dos 19W. Visite o site do SheevaPlug para mais detalhes.

    Chega ao mercado a iUnika, a companhia li-vre

    A iUnika uma empresa espanhola dedicada a fabri-cao e distribuio de hardware, com um diferen-cial entre as demais empre-sas que se encontram no mercado: a iUnika a pri-meira (e talvez nica) fabri-

    cante de hardware que se comprometeu a utilizar exclusivamente Software Livre em todos os seus produtos. No site oficial j se noticia o seu primeiro produto, que ser um computador porttil, um modelo dos j conhecidos "netbook" (ou subnotbook) e que levar o nome de iUnika GYY. As especificaes do modelo, bem como mais informaes sobre a empresa, voc encon-tra no site da iUnika. A empresa tambm tem pla-nos para a criao de um modelo que utiliza energia solar.

    Wikipedia amplia as licenas de seu conte-do

    Em um recente votao rea-lizada pelos autores da Wi-kipedia foi proposta a ampliao do tipo de licen-as com a qual conta o con-tedo da enciclopdia livre. existente GNU Free Do-cumentation License (GF-DL) se incluir a Creative Commons Attribution-Share

    Alike 3.0 license (CC-BY-SA). Tal mudana afe-tar todos os textos e grficos (imagens, som, v-deo, etc.) que atualmente se encontram licenciados sob "GFDL 1.2 e verses posterio-res". Mais informaes aqui.

    Lanado Ekaaty Linux Kayowas

    com imenso prazer que a equipe de desenvolvimento do Ekaaty Linux anuncia o lanamento de mais uma verso do seu sistema ope-racional. A terceira verso, nomeada Kayowas, segun-

    do a equipe de desenvolvimento, sem dvida a mais estvel e polida j produzida pela equipe desde o incio do projeto em seus quase quatro anos de existncia. A equipe tambm comenta que muitas novidades foram implementadas du-rante esses dois anos de planejamento e desen-volvimento. Tambm houve melhoras na inicializao do sistema: em menos de 30 segun-dos, em um hardware convencional, possvel ter o ambiente de trabalho carregado e totalmen-te funcional e com todas as suas excitantes novi-dades a um clique do seu mouse. Visite o site oficial para maiores informaes.

    Quer comentar sobre algo desta edio? O que gostou? O que no gostou? Participe! Envie seu comentrio e/ou notcia para

    [email protected].

  • Continuamos com esta seo que foi criada pa-ra dividirmos com voc leitor o que andam falan-do da gente por a... Os emails no param de chegar e vamos publicando conforme poss-vel. Agradecemos os comentrios que nos do ainda mais fora para continuarmos com o traba-lho. isso a, continuem enviando suas suges-tes e comentrios!

    Parabns a todos os colaboradores pela iniciati-va de construir uma revista totalmente ligada a rea de Software Livre. Espero que atravs des-sa iniciativa os internautas possam colaborar e difundir a cada dia o entendimento do que real-mente SL, seus benefcios e sua real idia de compartilhamento do conhecimento! Bruno de J. Santos - Valena/BA

    Muito bom o artigo da Sinara Duarte, intitulado Fazendo aspazes com o bicho-papo: A mate-mtica e o SL (da edio n. 2). Assim como mui-tos pensam, a matemtica no um bicho de sete cabeas. Basta ter didtica na hora de ensi-nar e as ferramentas estao a para isso. Ponto para o software livre. tima iniciativa a revista. Anderson Luis Sartori - Caxias do Sul - RS

    Gostaria de agradecer e parabenizar pela iniciati-va de divulgar a linguagem de programao Lua. Coencidentemente, provvel que eu preci-se usar no Ginga-ncl, num estgio que consegui na globo local daqui. Ento estou acompanhan-do a materia sobre lua. Podem publicar bastan-

    te sobre lua, que vai ter algum aqui para ler! Ygor Amaral - Caruaru - PE

    Estou escrevendo apenas para manifestar meu grande contentamento com a segunda edio da Esprito Livre. Entre vrios textos bacanas, destaco a entrevista com Robert Shingledecker, que achei fantstica, pelo fato de no ter se ata-do somente ao lado tcnico , tendo mostrado tambm um pouco da vida e das motivaes de um dos pilares do Tiny Core. Abraos e continu-em com o excelente trabalho! Mrcio Massula Jr. - Curitiba - PR

    DEMAIS! Este o menor adjetivo que posso dar a revista. No vou mentir! Ainda no li inte-gralmente todas as matrias, mas as que j li e as que dei uma olhada me agradaram muito. A linguagem est tima pois iniciantes como eu no SL no tm problema algum em entend-las. Alm disso, os assuntos abordados, a organiza-o e a composio visual esto muito boas tambm! J t divulgando Mrcia Fernanda Nogueira Cardoso - Teresi-na/PI

    Parabns a toda a equipe. Estive dando uma olhadela na revista e j me foi til para tirar de l o menu circular do gnome o do qual aprovei-tei a deixa e divulguei juntamente com a revista a uns amigos meus aqui em Portugal.Robson Ruella de Oliveira - Moita/Setubal - Portugal

    COLUNA DO LEITOR

    EMAILS, SUGESTES E COMENTRIOS

    Revista Esprito Livre | Junho 2009 | http://revista.espiritolivre.org |09

    Ayhan YILDIZ - sxc.hu

  • PROMOES E A, QUE TAL PARTICIPAR?!

    PROMOES

    Revista Esprito Livre | Junho 2009 | http://revista.espiritolivre.org |10

    A CMS Brasil 2009 acontece no dia 20/06/2009, no Hotel Novotel Jaragu, em So Paulo. O evento

    contar com a presena de Matt Mullenweg, criador do Wordpress, Anthony Ferrara, coordenador

    mundial de desenvolvimento do projeto Jooma! e Addison Berry, lder do time de documentao do

    projeto Drupal. Os responsveis pelo evento disponibilizou 5 inscries para sorteio.

    Para concorrer basta preencher este formulrio e torcer para ganhar.

    O FISL dispensa comentrios. Neste ano estar comemorando 10 anos de vida e acontecer dos dias 24 a 27 de junho, no Centro de Eventos

    PUCRS, em Porto Alegre. Esta edio contar com a presena de Richard Stallman, John "Maddog"

    Hall, Pau Garcia-Mil, Alexandre Oliva, Jomar Silva, Srgio Amadeu, entre outros. Os responsveis pelo evento disponibilizou 5 inscries para sorteio.

    Para concorrer basta preencher este formulrio e torcer para ganhar.

    O III ENSOL/PB - Encontro de Software Livre da Paraba um evento organizado pelos grupos

    G/LUG-PB e PSL-PB. Em 2009, ocorrer nos dias de 19, 20 e 21 de junho, na Estao Cincia,

    Cultura e Artes Cabo Branco, em Joo Pessoa/PB. Contar com Richard Stallman, Jlio Neves,

    Alexandre Oliva, entre outros. Os responsveis pelo evento disponibilizou 5 inscries para sorteio.

    Para concorrer basta preencher este formulrio e torcer para ganhar.

    Informaes: Os trs sorteios tem como nica meta proporcionar aos leitores da revista a oportunidade de participar dos eventos. O objeto de sorteio a inscrio, que ser custeada pelos organizadores. Se desejar participar, preencha o(s) formulrio(s) desejado(s) at o dia 12 de Junho de 2009 com os dados solicitados. Seus dados no sero utilizados para outros fins, somente no concurso corresponde e eventuais comunicados da Revista Esprito Livre. Somente estaro participando dos sorteios os formulrios enviados at esta data. Os ganhadores sero comunicados por email e tero 24 horas para se manifestarem. Para cada evento, uma inscrio por CPF. Os ganhadores tero seus nomes sero divulgados na edio 4 da Revista Esprito Livre.

  • Cooperao, respeito e le-aldade aos companheiros: es-se era o esprito do maior trio de mosqueteiros da cultura mundial. Maior no apenas por-que nunca antes na histria da-quele pas se vira um trio com tantos membros: Athos, Porthos, Aramis e d'Artagnan; seno principalmente pelo exemplo grandioso e inspira-dor de atitude solidria e frater-na, essncia do Movimento Software Livre e da Cultura Wiki.

    Fraternidade, a prtica de tratar ao prximo como um ir-mo, tem suas razes no princ-pio moral universal da reciprocidade, de tratar ao prxi-mo como se gostaria de ser tra-tado. Como ningum gosta de ser desrespeitado e cerceado, e ningum faria isso a um ir-mo querido, esse princpio em-basa o imperativo moral e tico de respeitar as quatro li-

    berdades enumeradas na Defi-nio do Software Livre, tanto as duas primeiras, da auto-sufi-cincia, quanto as duas lti-mas, da fraternidade ativa.

    Sim, pois a fraternidade no se limita ao mero respeito ao prximo, no lhe pondo obs-tculos. Alcana tambm o an-seio humano inato de estender a mo aos seus semelhantes, como faziam os neomosquetei-ros Salim e Jamal Malik e sua companheira Latika. Impedir al-gum de atender a esse an-seio, de saciar necessidades alheias, de compartilhar e con-tribuir para com a comunidade, estende desrespeito e malef-cio a quem tem o anseio frustra-do e a todos que dele se beneficiariam.

    Em contraponto, o respei-to a esse anseio viabiliza a soli-dariedade, o esprito de equipe e de ajuda mtua em que se

    constri qualquer comunidade ou parceria, seja um casal fun-cional, uma comunidade Wiki ou de desenvolvimento de Software Livre, at toda uma sociedade, como a Confedera-o Helvtica. O mesmo esp-rito de (cada) um por todos, todos por (cada) um! de trs ou quatro mosqueteiros uniu os vrios cantes suos, per-mitindo cooperao num ambi-ente em que prevalece a solidariedade, por fora da leal-dade e do respeito mtuo.

    Na mesma linha, o Movi-mento Software Livre prope aos usurios a solidariedade como frmula para solucionar o problema social do desres-peito s liberdades de todos: se usurios permanecerem le-ais e solidrios, rejeitando, ain-da que custa de algum sacrifcio pessoal, o desrespei-to de quem ouse tent-lo, o respeito prevalecer.

    COLUNA ALEXANDRE OLIVA

    Um por todos,todos por um!Por Alexandre Oliva

    Revista Esprito Livre | Junho 2009 | http://revista.espiritolivre.org |11

    Michal Zacharzewski - sxc.hu

  • COLUNA ALEXANDRE OLIVA

    Revista Esprito Livre | Junho 2009 | http://revista.espiritolivre.org |12

    curioso que a frase pre-sente na obra de Alexandre Du-mas tenha se popularizado na ordem inversa que ele escre-veu, tous por un, un por tous, locuo proveniente do Latim Unus pro omnibus, omnes pro uno. O Latim nos trouxe ainda a locuo E pluribus unum, igualmente relacionada a comu-nidades e formao de pases, e tambm invertida na atual cul-tura popular, seno na escrita, sem dvida nos valores.

    O sentido original carrega-va a noo da construo de um todo unido a partir de com-ponentes plurais com grande di-versidade. Para simbolizar a unio de diferentes colnias e povos, a frase em Latim foi ado-tada no braso dos Estados Unidos da Amrica logo aps sua independncia.

    De l para c, tem adquiri-do um sentido de competio destrutiva, perdendo o sentido de como-unidade. Ao invs do a partir de muitos, forma-se um, como a uma s carne do casamento cristo, co-mum hoje em dia encontrar quem entenda a expresso co-mo de muitos, um se desta-cou, ou mesmo restou apenas um, um sentido High-lander que nada carrega do ori-ginal comunitrio, solidrio e fraterno.

    Em tempos em que o mer-cado descontrolado do cada um por si de Adam Smith an-da em baixa (em mais de um sentido), ganha fora a consta-tao de John Nash, a Mente Brilhante do filme, de que a pre-missa de Smith era incomple-ta: o melhor resultado advm de cada um fazer o melhor pa-ra si, e para o grupo, ou cada um por si e por todos.

    Monoplios artificiais co-mo as verses atuais, corrompi-das, de direito autoral, patentes e marcas, tiveram ori-gem a partir de presses apoia-das na busca do benefcio prprio, pregada por Smith, mas paradoxalmente depende-ram, para sua introduo, e ca-da vez mais dependem, para sua manuteno at os dias de hoje, da forte interveno es-tatal rejeitada por princpio na economia liberal.

    Esses privilgios imprpri-os, cada vez mais usados com propsitos anti-concorrenciais (outro conflito com a doutrina da economia liberal), tm mos-trado repetidamente que a satis-fao da ambio individual, levada s ltimas consequnci-as, no s no serve ao bem comum, como ainda o prejudi-ca. Por isso mesmo ganham mais espao os modelos de pro-duo e inovao coopetiti-

    vos Wiki e Software Livre.

    Nessa nova economia, em que a competio se d no em oposio, mas em adi-o cooperao, solidarie-dade e fraternidade, vale propor uma combinao dos le-mas dos mosqueteiros france-ses e dos fundadores estadunidenses: (cada) um por todos, todos por (cada) um e pelo um formado por todos. Falta s descobrir como escre-ver isso em Latim.

    Copyright 2009 Alexandre Oliva

    Cpia literal, distribuio e publica-o da ntegra deste artigo so permi-tidas em qualquer meio, em todo o mundo, desde que sejam preserva-das a nota de copyright, a URL oficial do documento e esta nota de permis-so.

    http://www.fsfla.org/svnwiki/blogs/

    lxo/pub/todos-por-um

    ALEXANDRE OLIVA conselheiro da Fundao Software Livre Amrica Latina, mantenedor do Linux-libre, evangelizador do Movimento Software Livre e engenheiro de compiladores na Red Hat Brasil. Graduado na Unicamp em Engenharia de Computao e Mestrado em Cincias da Computao.

  • Quem vai ao FISL h al-gum tempo sabe que o bom do evento o corredor. No des-merecendo os palestrantes (j que tambm sou um) mas no corredor (ou corredores) on-de a coisa acontece realmen-te. Nele vrios negcios so fechados, comunidades so cri-adas ou dissolvidas, cdigos e criaes so apresentadas, co-nhecimentos so compartilha-dos e at mesmo amores acontecem. Uma mistura de re-presentantes de tribos de to-dos os tipos apresentando para quem quiser (e para quem no quiser tambm) a for-a do software livre aqui e em todo o mundo.

    Nele muita coisa j vi. Dis-

    cusses acaloradas entre prag-mticos e extremistas, bolinhas de todas as cores qui-cando pelo cho, sesses de autgrafos, abaixo e acima as-sinados e pingins gigantes ca-minhando longe do gelo. J vi muita gente deslocada junto de lendas como Jon Maddog, Richard Stallman, Eric Ray-mond e Ted Tso e vi engrava-tados perdidos no meio de nerds desdenhosos do padro IBM de vestir. At mesmo robs que falam e trazem gua e desfile de tatuagens de tux j apareceram no corredor e nu-ma mistura de estandes de co-munidades e empresas, grupos de usurios, distribui-es Linux, bandeiras e cami-setas, o corredor s peca pela

    COLUNA PAULINO MICHELAZZO

    O bom o corredorPor Paulino Michelazzo

    Revista Esprito Livre | Junho 2009 | http://revista.espiritolivre.org |13

    Joo Fernando C. Jr. - Arquivo Pessoal

  • COLUNA PAULINO MICHELAZZO

    Revista Esprito Livre | Junho 2009 | http://revista.espiritolivre.org |14

    falta da churrascaria dentro de seus limites. Tambm pudera; se for colocada uma, acabam-se as palestras que sero trans-feridas para as mesas e corre-se o risco de termos pingins no espeto, algo que definitiva-mente no seria legal.

    Com toda a certeza este corredor mgico. Neles mui-tos j declararam seu amor pe-lo software livre e outros tantos j o desdenharam. Alguns se tornaram to carimbados que devem ter visto permanente (Maddog que o diga) e outros vi-eram e sumiram. Histria inte-ressante e fcil de lembrar o nascimento do casal Icaza que se deu no corredor de uma das edies. Maria Laura, ga-cha bonita (como se existisse gacha feia), mesmo no sa-bendo nada de software livre na poca, se simpatizou com Miguel de Icaza, o criador do

    Gnome e os dois acabaram se casando. De um lado, o mexica-no se tornou mais brasileiro do que nunca e de outro a terra brasilis perdeu mais uma espe-tacular representante feminina. De certo existe muita gua so-bre a ponte que no pode ser contada num artigo, mas que existe, existe :)

    E neste ms o maior even-to de software livre da Amrica Latina acontece outra vez na capital gacha, deslocando pa-ra o sul do pas os espcimes mais interessantes e estranhos que podem existir na terra pa-ra fazerem novamente do corre-dor o melhor campo para troca de conhecimento, idias, cdi-gos, cartes, fotografias, msi-cas, vdeos e tudo mais que possa ser compartilhado. Claro que no est incluso nesta lis-ta esposas, namoradas, noivas ou amantes. Enfim, tudo o

    FISL Frum Internacional de Software Livre que mesmo com todas as palestras e convi-dados, ainda tem o corredor co-mo o melhor lugar do evento, mesmo no tendo churrascaria dentro dele.

    PAULINO MICHELAZZO ([email protected]) diretor da Fbrica Livre (www.fabricalivre. com.br), empresa especializada em solues para Internet com ferramentas de gesto livres. Foi diretor mundial da Mambo Foundation, System Develop Specialist da ONU no Timor Leste. instrutor de CMS's (Drupal, Joomla e Magento). Escreve regularmente para diversos canais na Internet e publicaes tcnicas no Brasil e em Portugal.

  • Um verdadeiro imprio, uma empresa gigante que fatu-rou mais de 200 mil dlares por funcionrio no ano passa-do[1]. Ao contrrio de outras empresas gigantes, no entan-to, a Google no inspira aver-so em milhares de geeks como ocorre com a Microsoft. Pelo contrrio, existe uma ver-dadeira legio de fs da empre-sa, antenados no que ela est fazendo e trazendo para o mer-cado.

    A empresa possui solu-es para buscas na internet, e-mail, documentos, blogs e v-deos online e leitor de feeds. E

    solues que so muito bem aceitas pelo pblico: Google sinnimo de busca na internet e, ao contrrio do que aconte-ce com outros servios de e-mail gratuitos, como hotmail e bol, ningum te olha torto quan-do voc diz seu e-mail @gmail.com. O Youtube o maior ferramente de comparti-lhamento de vdeos online. fcil ter apenas abas de produ-tos Google abertas em um dia comum: uma aba para o Gmail, outra para o Google Re-ader, outra para o Youtube...

    Algumas pessoas esto comeando a ficar receosas

    COLUNA CINDY DALFOVO

    Quem tem medo doGoogle mau?Por Cindy Dalfovo

    Revista Esprito Livre | Junho 2009 | http://revista.espiritolivre.org |15

    Svilen Mushkatov - sxc.hu

  • COLUNA CINDY DALFOVO

    Revista Esprito Livre | Junho 2009 | http://revista.espiritolivre.org |16

    exemplos anteriores j mostra-ram que poder demais nas mos de uma nica empresa pode trazer resultados desastro-sos. Receio que se torna ainda mais angustiante quando o Google apresenta algum proble-ma em seus servidores e deixa seus milhes de usurios com problemas para acessarem seus e-mails, suas notcias, su-as buscas... algumas horas sem esses servios em horrio de trabalho pode acabar com a produtiva de milhes de pesso-as que dependem desses servi-os para realizarem seus trabalhos. As pessoas temem que a Google se transforme na prxima Microsoft, trancando seus usurios em suas solu-es.

    O fato de que o Google no parece se esforar para oferecer solues de cdigo aberto deixa algumas pessoas ainda mais temerrias: e se amanh eles resolverem co-brar pelos servios? O que ns vamos fazer?

    O que as pessoas se es-

    quecem que ns no nos trancamos ao Google por no termos como aderir a ou-tro servio, mas porque, em muitos casos, eles oferecem o melhor servio para seus usuri-os. Algumas pessoas usam a busca do Google para encon-trar resultados em pginas que possuem seus prprios busca-dores.

    H uma grande diferena entre a escolha por produtos Google e a escolha por produ-tos Microsoft, e essa diferena pode ser resumida pela expres-so padres abertos[2]. Quan-tos no deixam de trocar o MS Office pelo OpenOffice.org pe-la incompatibilidade deste se-gundo com os arquivos .doc do primeiro? Quantos no dei-xar de abandonar o sistema operacional Windows pelo Linux pela incompatibilidade dos executveis .exe com o sis-tema livre (ainda que isto seja atenuado pela existncia de so-lues como o Wine)?

    Se surgir uma soluo me-

    lhor do que o Google Reader, voc no vai ter problemas pa-ra exportar todos os seus fe-eds como um arquivo OPML, que aceito pela maioria dos agregadores de RSS no um padro aberto per se, mas estende XML, este sim um pa-dro aberto. Os seus e-mails do Gmail podem ser lidos e ar-mazenados em um programa de e-mails como o Thunderbird ou redirecionados para outro servio de e-mail. Seus docu-mentos no Google Docs po-dem ser exportados nos mais diferentes formatos, para Word, OpenOffice.org ou mes-mo em formato PDF voc po-de at mesmo baixar todos os seus documentos em formato html em um nico arquivo zipa-do.

    Existem diversas solu-es para calendrios pesso-ais, e talvez voc descubra que o Google Calendar no o mais adequado para voc. Tudo bem, voc pode exportar seu calendrio em formato iCalendar, que pode ser impor-tado por qualquer aplicativo de organizao pessoal.

    Ao observarmos isto, per-cebe-se que a aderncia a pa-dres abertos em termos de computao nas nuvens mui-to mais importante para a liber-dade do usurio do que o cdigo aberto. De que nos ser-viria o cdigo do Google Reader ou do Gmail sem os ro-bustos servidores do Google? Por outro lado, se no fosse possvel migrar para outra solu-

    ... e se amanh eles resolverem cobrar pelos servios? O que ns vamos fazer?Cindy Dalfovo

  • o a qualquer momento, ns teramos um srio problema de liberdade para o usurio co-mo abandonar Google Reader, Google Calendar e Google Docs se outros programas no suportassem seu formato de da-dos?

    Muito embora a Google hesite e tropece quando se tra-te de aderir ao cdigo aberto para solues Desktop ( al-gum viu o Google Chrome pa-ra Linux por a? Pois ) a empresa de Mountain View tem dado um exemplo de co-mo proteger seu negcio e ain-da assim dar liberdade ao usurio: voc pode no ter o c-digo dos algoritmos que ela usa para encontrar os melho-res resultados, mas voc pode usar a API para usar esse algo-ritmo para outros fins, que tal-vez se adequem melhor ao que voc espera. Voc no tem o cdigo do Google Maps, mas pode usar seus dados e extender as funcionalidades pa-ra criar algo com um propsito completamente diferente do que a Google planejou.

    So detalhes que deveri-am ser observados cada vez que adotamos uma soluo de computao nas nuvens: que

    liberdades essa soluo me per-mite? Se eu resolver troc-la mais tarde, eu posso fazer isso ou estarei presa a um formato fechado que no compatvel com nenhum outro programa? Se essa empresa falhar, meus dados vo junto ou eu tenho co-mo resgat-los?

    A ideologia do software li-vre baseada na liberdade, es-pecialmente a liberdade de informao e de uso. A Google tem feito sua parte para colo-car o poder nos dados do usu-rio e na sua experincia de uso. Agora, resta aos seus usurios fazerem a sua parte se voc possui dados crticos e de trabalho em seu Gmail, pense em ter um backup offline. Grave em DVDs aque-las centenas de fotos que voc colocou no PicasaWeb e aque-les vdeos que voc colocou no Youtube. Guarde documen-tos crticos em seu computa-dor, nunca deixe-os apenas nas nuvens. Afinal de contas, a Google uma empresa co-mo qualquer outra, e pode vir a falhar.

    O que importa que, se ela vir a afundar, ela no vai nos levar junto.

    Referncias

    [1] - http://royal.pingdom. com/2009/05/14/congratulations-google-staff-210k-in-profit-per-head-in-2008/

    [2] Se voc quer saber mais sobre o que so padres abertos, leia a matria do Jomar na primeira edio da Esprito Livre, que pode ser baixada aqui: http://www.revista.espiritolivre.org/?p=79

    CINDY DALFOVO estudante de Engenharia de Automao na UFSC, Embaixadora de Campus da Sun, alm de apaixonada por jogos e por software livre. Mantm os blogs http://www.diskchoco late.com/blog e http://blogs.sun.com/ cindydalfovo.

    Blog Disk Chocolate

    http://www.diskchocolate.com/blog

    Blog Cindy Dalfovo:

    http://blogs.sun.com/cindydalfovo

    Maiores informaes:

    Revista Esprito Livre | Junho 2009 | http://revista.espiritolivre.org |17

    COLUNA CINDY DALFOVO

  • Voc cabra safadoVoc no sabe de nada!O seu cdigo tronxoA classe mal comentadaVoc um analfabetoNem portugus 'screve certoSeu programa uma piada

    Voc l tenha cuidadoCom o que est a dizerEu escrevo bem direitoPython, C, PHPC++, Lisp, HaskellCobol, Java, Ruby, PerlAssembly, shell, e voc?

    Todas essas e ainda maisKen Tompson era pentelhoPois fui eu quem fez o BEm bytecode, fui o primeiro

    Prestei suporte PRA DellE at hoje, sobre o PerlLarry Wall me pede conselho

    Michael Dell meu cumpadreE nunca disse seu nomeQuando o mundo era Window MakerEu escrevia o GNOMEFiz mais da metade em casaQuando o Miguel de IcazaAinda vivia com fome

    Eu j vi o seu programaTodo feito de remendoNo se entende quase nadaQuando roda, ele mais lentoQue jumento na campinaIsso quando no terminaNum completo travamento

    COLUNA CRLISSON GALDINO

    BRIGA DE EGOPor Carlisson Galdino

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    Pam Roth - sxc.hu

  • COLUNA CRLISSON GALDINO

    Revista Esprito Livre | Junho 2009 | http://revista.espiritolivre.org |19

    Voc me tenha respeitoSeu newbie desgraadoEu sempre sigo padresComento bem comentadoPago at mais do que devoTodo programa que escrevo todo certificado

    Se eu tivesse o seu dinheiroGanho enrolando o povoCertificava at GIFIsso pra mim estorvoQue importa l no fonteO seu gambiarra tem um monteE nisso ele me d nojo

    Ora, quem est falando!Olho nas declaraes!J disse que escrevo certoEu sempre sigo os padresSe no entende, pacincia,

    Mas por incompetnciaFalta de estudos, dos bons

    Padres, no me faa rirS se for o tal do POGVoc cabra safadoEscreve torto e esnobeCada arquivo que salvaLeva ao inferno uma almaE o fedor logo cobre

    Voc gosta de agredirSeu palerma, seu banana!Nem sei o que quer aquiMe deixe que eu tenho ganaMeu projeto um mundoVou lanar nova versoAinda nesta semana

    disso que vim falarVoc no entende, pivete

    Seu programa tem um bugUm looping (e se repete)Assim no tem quem aguente!Pra corrigir, simplesmente,Vim lhe trazer esse patch

    CARLISSON GAUDINO Bacharel em Cincia da Computao e ps-graduado em Produo de Software com nfase em Software Livre. J manteve projetos como IaraJS, Enciclopdia Omega e Losango. Hoje mantm pequenos projetos em seu blog Cyaneus. Membro da Academia Arapiraquense de Letras e Artes, autor do Cordel do Software Livre e do Cordel do BrOffice.

  • Uma pergunta que tenho ouvido com frequencia : com a crescente popularizao do modelo SaaS, como fica Open Source?. Vamos tentar respon-der agora.

    O modelo SaaS j est saindo do se para como, im-pulsionado at pela crise de cr-dito, quando as empresas procuram trocar capex (capital expenses) por opex (operating expenses).

    Na prtica, SaaS e Open Source compartilham o mes-mo modelo econmico, de bai-xo custo de capital e custos operacionais variveis. Isto ge-

    ra sinergia entre ambos os mo-delos e um impulsiona o outro. Os mesmos argumentos que atraem os usuarios para o Open Source so usados pe-los provedores de softwares como servios. Que argumen-tos so esses? Simplesmente no haver necessidade de aquisio prvia de licenas de uso antes de usar o software. No SaaS voce paga pelo que consumiu de recur-sos. No Open Source, o software tambm visto como servios e as receitas das em-presas envolvidas neste setor so obtidas por servios pres-tados, como por exemplo, em-

    COLUNA CZAR TAURION

    SAAS E OOPEN SOURCEPor Czar Taurion

    Revista Esprito Livre | Junho 2009 | http://revista.espiritolivre.org |20

    Andi Braun - sxc.hu

  • COLUNA CZAR TAURION

    Revista Esprito Livre | Junho 2009 | http://revista.espiritolivre.org |21

    pacotamento e distribuio de um conjunto de softwares, co-mo uma distribuio Linux.

    A computao em nuvem tambm ser um acelerador do Open Source. A combina-o de uma infra-estrutura pay-per-use associado com uso de softwares abertos vai re-duzir significativamente as ne-cessidades de capital e os custos de desenvolvimento de aplicaes, e acelerar o time to market. um cenrio que vai permitir s pequenas e mdias empresas entrarem mais rapida-mente no mundo da Tecnolo-gia da Informao. Portanto, para mim, Open Source, SaaS e Cloud Computing vo criar um interrelacionamento e ge-rar sinergias, um impulsionan-do o outro. O resultado final ser um outro modelo computa-cional, que vai mudar em mui-to o atual cenrio da indstria de TI.

    Recomendo tambm a lei-tura do livro A Cauda Longa de Chris Anderson. Na leitura vai ficar clara a relao do con-ceito da cauda longa com a atu-al transformao da indstria de TI, com o crescente interes-se pelo Open Source, SaaS e Cloud Computing.

    O conceito da Cauda Lon-ga prope que determinados negcios podem obter uma par-cela significativa de sua receita pela venda cumulativa de gran-de numero de itens, cada um dos quais vendidos em peque-nas quantidades. Isto poss-vel porque a Internet abre

    oportunidades de acesso que antes no existiam. um mode-lo diferente do mercado de mas-sa, onde poucos artigos so vendidos em quantidades mui-to grandes. Na indstria de li-vros, msica e de mdia faz todo o sentido. Por exemplo, a Amazon reporta que parcela signficativa de sua receita vem de produtos da Cauda Longa que no esto disponveis (e ja-mais estariam) nas livrarias tra-dicionais, limitadas pelos caros espaos fsicos das lojas.

    E como Open Source, SaaS e Cloud Computing vo afetar a indstria de software? Nestes modelos, o custo de ca-pital substitudo por custos operacionais.

    Softwares que tem seu projeto de desenvolvimento cer-ceado pelo pequeno tamanho do seu mercado potencial (seu custo de produo no gerava retorno financeiro suficiente) po-dem agora, se desenvolvidos em Open Source e operados em nuvens computacionais, en-trar no mercado. Os custos de comercializao destes softwa-res tambm tendem a zero, pois no necessrio hordas de vendedores, mas simples downloads e marketing viral (blogs e outros meios de disse-minao de informao). A re-ceita dos desenvolvedores dos softwares Open Source ser ob-tida pelo seu uso (pay-as-you-use), tpico do modelo SaaS. A imensa maioria das empresas no vai investir tempo e dinhei-ro modificando cdigo, a no

    ser quando absolutamente ne-cessrio. Alis, situao rarssi-ma.

    Ser muito mais pragmti-co e lucrativo para qualquer empresa pagar pelo uso de um sofware que esteja hospedado em uma nuvem computacio-nal. Afinal, no queremos uma mquina de lavar e sim, a rou-pa lavada.

    Temos, portanto, um vas-to campo para explorar o mer-cado da Cauda Longa no software.

    Ento, isto tudo significa que o mercado de software tra-dicional, baseado em licenas vai morrer? Na minha opinio, no! Pelo menos no horizonte visvel... Acredito que convive-remos em um contexto onde os modelos de vendas de licen-a e software como servios vo compartilhar os palcos por algum tempo ainda...

    Maiores informaes:

    Blog do Czar Taurion:

    http://www.ibm.com/developerworks/b

    logs/page/ctaurion

    Artigo sobre o livro "A Cauda

    Longa":

    http://pt.wikipedia.org/wiki/A_Cauda_

    Longa

    CEZAR TAURION Gerente de Novas Tecnologias da IBM Brasil. Seu blog est diponvel emwww.ibm.com/developerworks/blogs/page/ctaurion

  • A Revista Esprito Livre deste ms trs com exclusivida-de Jimmy Wales, fundador da Wikipedia, falando sobre o mo-delo wiki de colaborao, seus projetos e principalmente so-bre a Wikipedia, a maior enci-clopdia do mundo. Jimmy Wales listado pela revista Ti-me como uma das pessoas mais influentes do mundo em 2006. Atualmente, alm da Wiki-pedia, Wales divide seu tempo com a Wikimedia Foundation e o site Wikia.

    Revista Esprito Livre: Quem Jimmy Wales? Se apresente para os leitores da revista.

    Jimmy Wales: Eu sou Jimmy Wales, empresrio majo-ritrio e fundador da Wikipedia

    e da Wikimedia Foundation, or-ganizao sem fins lucrativos que detm a Wikipedia. Tam-bm sou co-fundador, com a Angela Beesley, da Wikia (http://www.wikia.com).

    REL: O que voc faz nas horas vagas? Alm de computadores e informao, o que mais lhe fascina?

    JW: Perco muito do meu tempo viajando ao redor do mundo falando sobre cultura participativa, Wikia e Wikipe-dia. Em minhas viagens gosto de reunir com wiki-editores pa-ra jantar e beber.

    REL: Wiki uma pala-vra que j se tornou popular para os que utilizam Internet

    CAPA ENTREVISTA COM JIMMY WALES

    Entrevista exclusiva com Jimmy Wales, criador da WikipediaPor Joo Fernando Costa Jnior

    Revista Esprito Livre | Junho 2009 | http://revista.espiritolivre.org |22

  • CAPA ENTREVISTA COM JIMMY WALES

    Revista Esprito Livre | Junho 2009 | http://revista.espiritolivre.org |23

    por sempre se referenciar com a prpria Wikipedia. Mas conte-nos um pouco so-bre esta palavra, o que se es-conde atrs dela?

    JW: A definio essencial de wiki um site que qualquer pessoa pode editar - e o primei-ro wiki foi inventado por Ward Cunningham, em 1995. Mas es-ta definio simples no expli-ca como ela realmente funciona voc precisa enten-der todos os instrumentos que esto nas mos da comunida-de e todas as normas sociais para construir algo de qualida-de.

    REL: E o modelo de cola-borao wiki? Quais suas vantagens? Existe alguma desvantagem?

    JW: A principal vanta-gem, naturalmente, a capaci-

    dade de trazer muitas mentes para resolver um problema. O processo aberto permite a ra-zo florescer, em vez da autori-dade arbitrria.

    E, obviamente, a mais co-mumente citada desvantagem que, no modelo wiki, tudo sempre um trabalho em proces-so, assim, exige mais intelign-cia dos leitores e editores, que as obras tradicionais.

    REL: Voc acha que o modelo wiki poderia se exten-der alm da Internet? Em que lugares voc pensa que tal modelo seria frutfero?

    JW: Acho difcil respon-der a essas perguntas. Penso que muitas das ideias que sub-jazem uma comunidade wiki de sucesso razo, o respeito pelos outros, a bondade, etc - tambm so necessrias a to-

    dos os outros tipos de comunidades.

    REL: Como foi criar o servio de wi-ki mais popular da in-ternet? Voc esperava que a Wiki-pedia chegasse onde chegou?

    JW: Meu objetivo para a Wikipedia criar-mos uma enciclopdia li-vre para cada pessoa no planeta na sua pr-pria lngua. Estamos constantemente traba-lhando para atingir es-

    se objetivo e estamos nos sucedendo bem. Mas ainda te-mos um longo caminho a per-correr.

    REL: Muitos devem j lhe ter perguntado sobre is-so, mas interessante apre-sentarmos para os leitores sua viso a respeito: A Wiki-pedia bastante referencia-da no que diz respeito a artigos, principalmente em pesquisas de termos e afins. Em escolas, vrios professo-res no aceitam citaes vin-das da Wikipedia, o que voc tem a dizer sobre isso?

    JW: Penso que um direi-to trazer mente ativa a Wiki-pedia. Penso tambm que os professores deveriam passar algum tempo ensinando os pontos fortes e fracos da Wiki-pedia aos seus alunos de for-ma sria.

    Simplesmente dizer aos alunos "no use Wikipedia" intil. como dizer-lhes para no ouvir msicas de rock-and-roll. Eles iro, no importa o que digam, porque a Wikipedia , obviamente, til e divertido.

    REL: Fale um pouco so-bre a Wikia.com. Como e quando foi criada? Quais seus propsitos?

    JW: Referimo-nos a Wikia como "o resto da bibliote-ca" - um lugar onde as pesso-as possam entrar e construir qualquer tipo de livro ou traba-Figura 1 - Logo oficial da Wikipedia

  • CAPA ENTREVISTA COM JIMMY WALES

    Revista Esprito Livre | Junho 2009 | http://revista.espiritolivre.org |24

    lho que eles gostam - contraria-mente ao que a enciclopdia Wikipedia.

    Imagine que voc tenha caminhado em uma biblioteca tradicional. Primeiro, voc cami-nha para a plataforma onde es-t armazenada a enciclopdia - cerca de 30 volumes. Agora imagine todos os outros livros na biblioteca ou no trabalho - humor, ativismo poltico, fic-o, tutoriais, etc. Isto Wikia.

    REL: Como foi criar o MediaWiki, o cdigo por trs da Wikipedia?

    JW: MediaWiki foi o produ-to do trabalho de dezenas de colaboradores ao longo de vri-os anos, liderado pelo gnio de Brion Vibber, o lder dos de-senvolvedores. Trata-se de uma robusta e poderosa pea de software e tambm cada vez mais utilizado por no-ge-eks o tempo todo.

    REL: Muitos utilizam o cdigo do MediaWiki em seus sites, que no utilizam conceitos de colaborao, o usando apenas como gerenci-ador de contedo. Voc acha que este seria um mal empre-go desta tecnologia?

    JW: No, ele pode fazer uso. No entanto, eu encorajo as pessoas a pensar cuidadosa-mente sobre as razes pelas quais limitam o acesso e para considerar os benefcios de uma abordagem mais aberta.

    REL: Uma questo pol-mica: muitos comentam que a Wikipedia no confivel justamente por dar a possibili-dade de seus leitores edita-rem seu contedo. O que voc acha disso? O que di-zer a estas pessoas que pen-sam que o servio no confivel?

    JW: Ns sempre dizemos que a Wikipedia muito boa e lutamos por um alto nvel de preciso, mas a "confiabilida-de" mais uma palavra forte pa-ra qualquer empreendimento humano. Penso que a nossa qualidade continuar a melho-rar fortemente ao longo do tem-po e estamos agora - em algumas reas altamente competitivos com as enciclop-dias tradicionais. Espero que al-gum dia, logo - dentro de alguns anos ns seremos ca-pazes de mostrar a pesquisa ci-entfica que prove que somos os melhores. Essa a meta.

    REL: Qual ser o futuro da Wikipedia e do formato wi-ki como conhecemos? Voc arrisca algum palpite?

    JW: Acho que vamos ver a edio ficar mais fcil e mais acessvel. No aceitvel que uma pessoa tenha que apren-der um monte de cdigo-wiki para ser capaz de trabalhar em um wiki. Ento, esperamos ver funcionalidades "WY-SIWYG" (what you see is what you get, que significa: o que vo-c v o que tem).

    REL: Como foi desistir do Wikia Search? Qual era o diferencial entre os demais e quais motivos levaram ao tr-mino desta ferramenta? Exis-te a possibilidade de novo futuro voc a lanar nova-mente?

    JW: Podemos culpar a pa-ralisao do Wikia Search pela crise econmica, que j custou-nos muito em tantas reas. E sim, possvel que ela possa ser iniciada novamente algum

    Meu objetivo para a Wikipedia criar uma enciclopdia livre para cada pessoa do planeta na sua prpria lngua.Jimmy Wales

  • dia, quando a economia esti-ver melhor.

    Entretanto, o "resto da bi-blioteca" do Wikia est mostran-do um crescimento impressionante. Ns fomos no-meados pela ComSore como uma das 10 propostas de mais rpido crescimento em termos, somente de Estados Unidos, no ltimo ms. Nielsen, nos re-conheceu, juntamente com Twit-ter e alguns outros, como um dos 5 sites de comunidade mais rpido em termo de cresci-mento.

    Estamos agora fazendo mais de 500.000.000 visualiza-es de pginas por ms e com forte crescimento. Espero em breve atingir 1 bilho de vi-sualizaes de pginas por ms e tornar isso mais rentvel - mesmo nesta fase econmica.

    REL: Sabemos que a Wi-kipedia e seus outros proje-tos se baseiam em colaborao. Mas indo alm qual a sua relao pessoal e de sua empresa com o cdi-go aberto? Voc acha que sem este modelo seria poss-

    vel termos um servio como o disponibilizado pela Wikipe-dia?

    JW: Nada do que eu fao seria possvel sem um modelo de cdigo aberto. o licencia-mento livre que d a liberdade para construir as comunidades que queremos construir e d confiana a elas poderem faz-lo sem interferncia. realmen-te uma idia muito poderosa.

    REL: Voc acha que se a Internet fosse 100% colabo-rativa, um lugar que todos pu-dessem colaborar, assim como o modelo que conhece-mos da Wikipedia, ela seria um local melhor para se nave-gar?

    JW: De certa forma, eu su-ponho que sim, mas penso que no devemos negligenciar o valor dos blogs e o tradicio-nal modelo top-down de publi-car e assim por diante, todos os quais fornecem valor sua prpria maneira.

    REL: Muito se fala em web 2.0, web 3.0. Voc encai-

    xaria ou atribuiria o modelo wiki a algumas dessas "webs"?

    JW: Eu acho que quando Tim O'Reilly introduziu o termo "Web 2.0", ele imediatamente se tornou popular porque identi-ficaram algo que j tinha acon-tecido - a mudana de trabalho individual para a construo co-munitria.

    Eu acho que na Web 3,0 vai acontecer algo similar - al-gum inteligentemente ir apontar para ns que j esta-mos em um mundo muito dife-rente da Web 2.0 e vamos todos dizer "Oh, uau! Isso verdade."

    REL: Como funciona a Fundao Wikimedia? Fale um pouco a respeito.

    JW: A Wikimedia Founda-tion uma organizao sem fins lucrativos - uma organiza-o de caridade - que trabalha para manter a Wikipedia sem-pre livre para qualquer pessoa. um grande trabalho e ns precisamos do apoio de seus leitores e todos os que pen-sam que a Wikipedia impor-tante para o mundo.

    CAPA ENTREVISTA COM JIMMY WALES

    Revista Esprito Livre | Junho 2009 | http://revista.espiritolivre.org |25

    Maiores informaes:

    Site Wikipedia em Portugus:

    http://pt.wikipedia.org

    Site Wikia:

    http://www.wikia.com

    Confiabilidade uma palavra forte para qualquer empreendimento humano.Jimmy Wales

  • H apenas alguns anos era fcil apontar onde se encon-travam e quem detinha os sabe-res mais valiosos da humanidade. Escolas, universi-dade, bibliotecas, enciclopdi-as, governos, indstrias, empresrios, cientistas, jornalis-tas e outras personalidades sempre foram referncia de on-de encontrar o conhecimento acumulado e organizado. ra-mos consumidores daquilo que nos faziam chegar pela televi-so, jornal, livros e discos, e nossa crtica se limitava a esco-lher no qu concordar e em qual mdia confiar.

    A deselitizao dos mei-os de produo e distribuio do conhecimento trouxe uma nova constatao, to importan-te, revolucionria e perigosa

    que at agora no encarada de frente pelos antigos donos do poder: era o controle das m-dias e dispositivos, e no algu-ma viso superior da realidade, o responsvel pelo monoplio dos saberes univer-sais e pela lucrativa indstria cultural e da informao. No h eleitos para guiar a humani-dade pelo caminho da evolu-o, apenas dspotas visionrios ou conservadores a ditar seus prprios interesses no que julgam ser benfico pa-ra todos.

    Hoje, no mundo, o emba-te sobre a qualidade do conheci-mento cultivado dentro das novas mdias confrontam pesa-mentos velhos e novos, assim como modelos e personagens que tentam perpetuar a si mes-

    mo e a seus negcios contra outros quase-annimos que querem suas teses reconheci-das e suas opinies validadas. So dois grupos diferentes que desenham dois mundos distin-tos e excludentes: aquele for-mado s por consumidores de informao e aquele formado s por autores/produtores de conhecimento todos ns.

    Conhecimento a pala-vra-chave aqui. Ele representa tudo aquilo que se sabe, aplica e aprendido. mais do que educao, poltica ou tcnica e no se limita a um nico indiv-duo por envolver tambm o processo coletivo que o cons-truiu. como concluiu Paulo Freire: "ningum aprende sozi-nho". Para ns da nova era o conhecimento obrigatoria-

    CAPA DE QUE MATRIA FEITO O CONHECIMENTO?

    DE QUEMATRIA FEITO OCONHECIMENTO?Por Jaime Balbino

    Revista Esprito Livre | Junho 2009 | http://revista.espiritolivre.org |26

    Ove Tpfer - sxc.hu

  • CAPA DE QUE MATRIA FEITO O CONHECIMENTO

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    mente o produto de uma ao social coletiva e, por conseguin-te, no se constri individual-mente ou pode ser importado de outra pessoa ou lugar, ape-nas reinterpretado.

    O conhecimento como pro-duto exclusivamente social tor-na evidente as contradies da indstria cultural, que apren-deu a transformar em produto arte, cincia e moda a partir do controle que tinha dos meios de produo e distribuio. Ago-ra que os meios esto cada vez mais acessveis e a distri-buio independe das mdias f-sicas seu papel social tende a se reduzir, enquanto sua anti-ga voz de comando silencia por completo.

    Do outro lado do ringue te-mos pensadores e jornalistas que defendem uma elite neces-sria para organizar o conheci-mento do mundo. Sem ela, dizem eles, a humanidade se perde em pseudo-discusses de autores incapazes e de leito-res preguiosos. Somente eles so capazes de nos salvar da ameaa de uma mediocridade universal, puxada principalmen-te pela internet.

    Entre os defensores da manuteno de uma elite cultu-ral encontramos o engenheiro e empresrio Andrew Keen, au-tor do livro O culto do ama-dor, ele um dos poucos que racionalizam a questo com co-erncia, s pecando por negar veementemente o conhecimen-to como produto social e por apostar que guias espirituais

    so uma necessidade humana inerente e imutvel. Um jornalis-ta brasileiro claramente inspira-do em sua anlise, mas de estilo menos envolvente, corpo-rativa e desptica Diogo Mainardi.

    A questo que no h consenso possvel para vises de mundo to antagnicas. Se a excelncia e profissionalismo das grandes corporaes nos d garantia de um conhecimen-to limpo e perfeito, nada de til pode advir de qualquer produ-o gestada em pblico. E vi-ce-versa.

    A construo colaborativa do conhecimento nada mais que o trabalho cotidiano que vi-abiliza a prpria humanidade, j que o conhecimento nor-malmente assim construdo. Por toda a histria as comunida-des locais sempre tiveram a ma-tria-prima, a diferena que agora elas tambm tm aces-so s tcnicas e s tecnologias para organizar e divulgar seus saberes. Assim, tal qual previu Milton Santos, a forma como o conhecimento se desenvolve est cada vez mais coletiva e ao mesmo tempo independen-te dos "intelectuais" de sempre e de uma globalizao controla-da.

    Outras referncias:Num mundo wiki, uma escola idem Parte I e Parte II:

    http://www.dicas-l.com.br/edu-cacao_tecnologia/educacao_-tecnologia_20070115.php

    http://www.dicas-l.com.br/edu-cacao_tecnologia/educacao_-tecnologia_20070123.php

    JAIME BALBINO GONALVES DA SILVA Learning Designer e consultor em automao, sistemas colaborativos de ensino e avaliao em EAD. Pedagogo e Tcnico em Eletrnica. mestrando em Educao aplicada TV Digital na UNESP e tambm trabalha como Professor de Educao Especial da Rede Municipal de Ensino de Campinas.

    Matria de Diogo Mainardi:

    http://veja.abril.com.br/idade/exclusivo

    /280508/mainardi.shtml

    Informaes sobre "O culto do

    amador" de Andrew Keen:

    http://www.zahar.com.br/catalogo_

    detalhe.asp?id=1262&ORDEM=A

    Milton Santos: Por uma outra

    globalizao - a de todos" do Prof.

    Dlio Mendes:

    http://www.fundaj.gov.br/observa

    nordeste/obex02.html

    Maiores informaes:

  • Recentemente a empresa onde trabalho comeou a pas-sar por mudanas radicais, tan-to na parte fsica quanto na parte cultural, alis, esta sem-pre a mais complexa. Desde a organizao de documentos at a manuteno da limpeza, tudo passou, e est passando, por processos de melhoria e at contrataes foram feitas para os setores administrativos (sim, no meio da crise!).

    Pois bem, chegamos en-to documentao dos pro-cessos, tornar o conhecimento tcito em explcito. O conheci-mento tcito muito comum

    em micro e pequenas empre-sas, principalmente as familia-res, onde cada funcionrio tem conhecimento das suas ativida-des e de como elas se relacio-nam com o restante da empresa. Por este motivo mui-tos problemas acontecem, por exemplo, quando um funcion-rio adoece ou mesmo deixa a empresa, j que todo o conhe-cimento necessrio para exe-cutar suas tarefas vai junto com ele. Ter tudo documenta-do uma lio que vem das empresas maiores que no so dependentes de apenas uma ou duas pessoas para cer-tas tarefas.

    CAPA UTILIZANDO WIKIS PARA DOCUMENTAO

    Colaborao em micro empresasPor Evaldo Junior

    Revista Esprito Livre | Junho 2009 | http://revista.espiritolivre.org |28

    Utilizando wikis para a documentao de uma micro empresa

    S.B.K. - sxc.hu

  • CAPA UTILIZANDO WIKIS PARA DOCUMENTAO

    Revista Esprito Livre | Junho 2009 | http://revista.espiritolivre.org |29

    O primeiro problema en-frentado foi a explicitao des-ses conhecimentos. Desco- brimos que muitas pessoas tem uma dificuldade muito gran-de em botar no papel aquilo que fazem. Descobrimos tam-bm que muitos realizam suas tarefas de forma no to eficien-te. Mas estes detalhes gerenci-ais podem ser omitidos aqui.

    Chegamos ento deci-so de onde manteramos toda essa nova documentao que, alis, ainda nem estava pron-ta. Usaramos manuais impres-sos? Uma pgina na intranet? Documentos digitais? Essas op-es so at boas, mas imagi-ne os custos com a impresso destes materiais, e em caso de alteraes? Para uma micro em-presa isso proibitivo, alm de no ser uma alternativa ecolgi-ca. As opes de uma pgina na intranet e documentos digi-tais tambm no so ruins, mas elas tentem a dificultar as possveis alterao. Foi a que decidimos utilizar um software de Wiki.

    Utilizando Wikis a criao da documentao fica simples, as pessoas podem colaborar entre si e documentar todo o funcionamento da empresa. A alterao fica simples e o aces-so muito facilitado.

    No nosso caso os procedi-mentos foram documentados pelos prprios funcionrios de forma colaborativa e depois dis-so a gerncia fez os ajustes e adaptaes necessrios. Do ponto de vista empresarial es-

    sa documentao foi muito til pois permitiu que a gerncia da empresa visualiza-se como os funcionrios enxergam os procedimentos da empresa e, no geral, como a empresa funci-ona.

    Na parte tcnica a deci-so era qual software de Wiki seria utilizado. Eu, particular-mente, j utilizo a famosa MediaWiki [1], sim a da Wiki-pedia, para um projeto pesso-al, ento pensei em utiliza-la tambm na empresa. Mas pen-sei bem e resolvi no ser injus-to com os demais softwares do gnero, ento fui pesquisar as outras opes.

    Nesta pgina [2] h uma infinidade de softwares para Wiki, tem para todos os gostos e ambientes.

    Aps conhecer algumas opes eu escolhi a DokuWiki [3]. Este software de Wiki fo-cado na documentao para pe-quenas empresas e nem mesmo utiliza um SGBD, no lu-gar disso so criados arquivos em texto puro no servidor. Eu achei que a escolha foi boa e a DokuWiki est atendendo nos-sas necessidades.

    importante ressaltar que o software Wiki escolhido foi a ltima pea deste quebra cabeas. Antes disso a empre-sa j estava com a conscincia de que as mudanas era para melhor e as regras para a cola-borao j tinham sido defini-das. Eu sei que para ns, tcnicos da rea, a vontade de

    ir direto para a parte prtica e ver as coisas funcionando muito grande, mas se voc tem uma empresa para geren-ciar tente no se prender a is-so. No final das contas o mais importante a organizao e no qual o software, no caso Wiki, foi escolhido para a ges-to.

    Maiores informaes:

    [1] Site MediaWiki:

    http://www.mediawiki.org

    [2] Artigo sobre vrios software

    para wiki:

    http://c2.com/cgi/wiki?WikiEngines

    [3] Site Dokuwiki:

    http://www.dokuwiki.org

    EVALDO JUNIOR (InFog) formado pela Fatec em processamento de dados e atualmente desenvolvedor, administrador de sistemas e membro da comunidade de software livre.

  • Vivemos to imersos na revoluo digital que muitas ve-zes no temos como criar o dis-tanciamento necessrio para localizar como as dinmicas di-gitais participam e interferem tanto nas nossas vidas individu-ais quanto nas nossas vidas co-letivas. J h algumas dcadas, estamos fazendo a transio entre aquilo que cha-mamos de sociedades industri-ais e as sociedades de informao. Ao invs de pen-sarmos pensarmos na conver-gncia de uma srie de recursos para a gerao de um produto (ou alguns poucos pro-dutos), pensamos cada vez mais o quanto o desenvolvimen-

    to e acmulo de know-how po-de permitir a gerao de uma variedade de produtos a partir da menor quantidade possvel de recursos. A capacidade econmica dos indivduos e dos grupos (como as empre-sas ou, no limite, as prprias so-ciedades) est cada vez mais ligada sua capacidade opera-cional em relao a repertrios e repositrios de conhecimento que precisam no apenas es-tar disponveis, mas organiza-dos e instrumentalizados por ferramentas de gesto e recupe-rao de informaes.

    A expresso wiki refere uma forma de construir conheci-mento de forma coletiva em am-

    bientes digitais. Nesses ambientes, ferramentas de software permitem de forma ca-da vez mais articulada a adi-o rpida de novos contedos fornecidos pelos usurios de um ambiente. Uma das ques-tes a serem a enfatizadas a do modelo, da imagem forne-cida pelas ferramentas e pelo conceito de wiki. At onde sei, trata-se da primeira concretiza-o informtica de conceitos como polifonia e dialogismo textual, noes que comea-ram a ser desenvolvidas ainda na primeira metade do sculo XX, e que at ento estavam restritas aos estudiosos de re-as como a Lingstica, a Teoria

    CAPA OS MODELOS COLABORATIVOS DE CONHECIMENTO

    Antigas novidades,novas antiguidades:

    os modelos colaborativos de conhecimento

    Por Orlando Lopes

    Revista Esprito Livre | Junho 2009 | http://revista.espiritolivre.org |30

  • CAPA OS MODELOS COLABORATIVOS DE CONHECIMENTO

    Revista Esprito Livre | Junho 2009 | http://revista.espiritolivre.org |31

    da Informao e a Teoria da Li-teratura. Observando-se o con-texto histrico da Era Moderna e da famosa Galxia de Gu-temberg, possvel notar que passamos mais de cinco scu-los aprendendo a incorporar a representao linear e cont-nua da linguagem verbal e do conhecimento que ela veicula e constri. Nesses cinco scu-los nossas sociedades aprende-ram a conviver e a confiar na linearidade e na continuidade, alis essa uma das grandes bases do que chamamos de esclarecimento e racionalida-de.

    Passar a utilizar os concei-tos que integram a lgica wiki no significa, do ponto de vista cognitivo e social, uma desco-berta, mas antes de uma re-descoberta. Na Idade Mdia, por exemplo a noo de auto-ria no exigia a correspondn-cia com uma pessoa fsica, sendo muitas vezes dispensa-da (e o mesmo acontece com

    muitas das culturas que costu-mos classificar como primiti-vas). Autores, comentadores e copistas compartilhavam infor-maes e conhecimentos, de uma forma que no teramos muita dificuldade em aproximar de um data center contempor-neo. A maior diferena, alm claro das disponibilidades tcni-cas, talvez esteja na liberdade com que podemos (ao menos em alguns casos) acessar nos-sos bancos de dados digitais: se antes as restries eram so-bretudo de ordem religiosa e po-ltica, hoje elas tendem a ser principalmente econmicas e... ainda polticas.

    Com a simplificao da disponibilizao de recursos wi-ki via Web 2.0, uma comunida-de cada vez maior de usurios passou a contar com esse re-curso, mas muitas vezes ele ainda no chega a produzir re-sultados satisfatrios, seja no trabalho, seja na escola ou nas demais formas de agrupamen-

    to social. E o maior problema no mais tcnico, no senti-do estrito do termo: o proble-ma , cada vez mais, um problema de recursos huma-nos: agora so os usurios que precisam reaprender es-tratgias de compartilhamento que superem os hbitos cria-dos por um mundo baseado no individualismo e na progresso linear. Hoje em dia lidamos ca-da vez mais frequentemente com modelos de leitura e de cognio que se asseme-lham aos modelos emprega-dos na interpretao musical (veja-se, por exemplo, um ttu-lo como Para uma teoria da in-terpretao, de Roberto Corra dos Santos, de 1989), mas essa mudana ainda tem muito cho para conquistar, principalmente no que toca aos ambientes organizacionais pblicos e privados (em princ-pio, os ambientes no-governa-mentais tm menos problemas ideolgicos para aceitar a l-gica construtiva e colaborativa, mas nela tambm que costu-mam encontrar-se as maiores carncias de know-how, ou se-ja, h mais abertura porm pouco ou nenhum domnio tcnico).

    Os dois termos de maior destaque na definio do wiki so, muito justamente, constru-o e colaborao, termos que apontam alcanam espa-os de produo de conheci-mento no diretamente associados tecnologia digital, mas a processos mentais (os

    A lgica wiki permite diversificarmos a forma como aprendemos (recuperamos, procesamos e aplicamos) conhecimentos e dispomos deles em aes coletivas.Orlando Lopes

  • Davies, John. Semantic

    Knowledge Management.

    Gardners Books, 2008.

    http://books.google.com.br/books?id=

    dOIfy7aZUaAC

    Architecting Information

    Technology Solutions Modern

    Approaches to Systems Analysis

    and Design. [S.l.]: Igi Pub, 2008.

    http://books.google.com.br/books?id=

    KGd5hL2-rvQC

    Rivoltella, P. C. Digital Literacy:

    Tools and Methodologies for

    Information Society. Hershey PA:

    IRM Press, 2008.

    http://books.google.com.br/books?id=

    BL46FgAN-LoC

    Eisner, Caroline, and Martha

    Vicinus. Originality, Imitation, and

    Plagiarism: Teaching Writing in

    the Digital Age. Ann Arbor:

    University of Michigan Press,

    2008.

    http://books.google.com.br/books?id=

    bJukFZP0KG0C

    FUCHS, Christian. Internet and

    society: social theory in the

    information age. Routledge, 2008.

    http://books.google.com.br/books?id=

    sQ4Dqn0pSAEC

    CAPA OS MODELOS COLABORATIVOS DE CONHECIMENTO

    Revista Esprito Livre | Junho 2009 | http://revista.espiritolivre.org |32

    processos cognitivos) e sociais (os processos colaborativos). A lgica wiki permite diversifi-car a forma como aprendemos (recuperamos, processamos e aplicamos) conhecimentos e dispomos deles em aes cole-tivas. Muitos leitores j devem ter ouvido falar ou at mesmo li-do alguma obra como As rvo-res de conhecimentos, de Pierre Lvy e Michel Authier (ANO), em que so dados exemplos hipotticos de utiliza-o de ambientes colaborati-vos tanto em grandes corporaes quanto em univer-sidades ou, mesmo, em jardins de infncia. O americanssimo FBI, por exemplo, mantm ho-je um wiki chamado Bureau- pedia, no qual a gesto de co-nhecimento permite aos agen-tes e analistas acumular e compartilhar as informaes de-correntes de suas investiga-es, que ficaro disponveis mesmo depois que esses traba-lhadores passem aposentado-ria.

    H hoje uma farta biblio-grafia sobre colaborao e construo coletiva de conheci-mento. Para quem j conhece o acervo do Google Books, h opes como o Wiki writing, de Robert Cummings e Mathew Barton (2008), dedicado apli-caes educacionais, ou Semantic Knowledge Manage-ment, editado por John Davies, Marko Grobelnik, Dunja Mladenic (2008), ou, ainda, ttu-los como Tacit Knowledge in Organizational Learning,

    de Peter Busch (2008), e Inter-net and society: social theory in the information age, de Chris-tian Fuchs (2008), para ficar-mos apenas com algumas publicaes recentes.

    No Brasil e, certamente, em outros pases nos quais a tradio da vivncia em grupo foi suficientemente forte para resistir s dinmicas de organi-zao linear do conhecimento e da vida produtiva, temos a vantagem potencial de no pre-cisarmos nos adaptar lgica de uma cultura wiki: qualquer um que j tenha na vida partici-pado de um mutiro, ou que te-nha vivido em alguma pequena cidade de interior, em algum bairro de periferia, deve ter alguma experincia colabo-rativa off computer para con-tar. Digam se o mundo no d voltas: os mais avanados re-cursos tecnolgicos no fazem (muito) mais do que aquilo que nossos avs e ancestrais fize-ram por sculos no fundo, no fundo, o que eles nos permi-tem reaprender a trabalhar em grupo.

    ORLANDO LOPES pesquisador no Ncleo de Estudos em Tecnologias de Gesto e Subjetividades do PPGAdmin/UFES e Consultor para o desenvolvimento de Projetos em Responsabilidade Cultural e Social.

    Maiores informaes:

    Robert Cummings, Matthew

    Barton. Wiki Writing: Collaborative

    Learning in the College Classroom.

    University of Michigan Press, 2008.

    http://books.google.com.br/books?id=

    U_Jos-CxgBgC

    Pierre Lvy. Cibercultura. Rio de

    Janeiro: Editora 34, 1999.

    http://books.google.com.br/books?id=

    7L29Np0d2YcC

  • Muita gente se refere aos colaboradores do Overmundo [http://www.overmundo.com.br] em dilogos pelo site e mesmo fora dele como a comunidade do Overmundo. Este termo, comunidade, parece estar inti-mamente associado experin-cia recente da chamada Web 2.0, ou, como ns preferimos, da internet colaborativa. No pre-ceito clssico, j estabelecido exausto: se nos primrdios da web, falvamos em institui-es e empresas; agora, fala-mos em comunidades. H claramente uma ideologia por trs deste uso, uma ideologia de que, talvez, ns compartilhe-mos (consciente ou inconscien-temente). Uma ideologia que pressupe uma inteligncia co-letiva formada por um ncleo

    de comuns, a comunidade.

    Na viso de um dos mais importantes tericos da filoso-fia poltica contempornea, o alemo Jrgen Habermas, em seu fundamental Mudana es-trutural na esfera pblica, o aporte do feudalismo fez inver-terem as noes do direito ger-mnico e do direito romano. A partir dali, o dito homem co-mum passa a ser designado como homem privado, en-quanto o bem comum era considerado pblico, isto , de todos. A comunidade, nes-se sentido, por extenso uma instncia do homem priva-do, do homem comum. Dessa forma, cada comunidade uma unidade independente, pri-vada em certo sentido, mas que guarda em si mesma ca-

    CAPA COMUNIDADE OVERMUNDO

    Quem a comunidade do Overmundo?Por Viktor Chagas

    Revista Esprito Livre | Junho 2009 | http://revista.espiritolivre.org |33

  • CAPA COMUNIDADE OVERMUNDO

    Revista Esprito Livre | Junho 2009 | http://revista.espiritolivre.org |34

    ractersticas que conformam um aspecto identitrio nico, que as distingue das demais.

    A digresso filosfica po-de parecer sem significado pa-ra quem est interessado na ao prtica, mas ela nos ser-ve para identificarmos o senti-do de se construir uma comunidade. O Overmundo foi desenvolvido com o objetivo de difundir a cultura brasileira e a cultura produzida por brasi-leiros em todo o mundo, em es-pecial as prticas, manifestaes e a produo cul-tural que no tm a devida ex-presso nos meios de comunicao tradicionais. Dar vazo a esta comunidade num esquema de produo de contedos, edio de desta-ques e mesmo moderao alta-mente colaborativo pode parecer simples, mas um pro-cesso imprevisvel. Uma comu-nidade no se forma sozinha. Naes, grupos religiosos, fave-las, torcidas de futebol, ne-nhum tipo de comunidade se

    desenvolve a partir de um dese-jo ou uma inclinao vertical. Estas comunidades so gera-das a partir da mobilizao es-pontnea que cria laos imaginrios, como nos demons-tra Benedict Anderson, outro im-portante pensador para termos em mente.

    Como experincia de pla-taforma de compartilhamento de cultura, o Overmundo no se esgota por si s. Em outras palavras, a plataforma no es-t dada. Ela constantemente recriada e reinventada pela pr-pria comunidade. Acreditamos que este tipo de apropriao o que torna um site colaborati-vo realmente vivo. Quando pen-samos em mnimos detalhes uma funcionalidade e discuti-mos exaustivamente sua imple-mentao, sabemos que a comunidade inevitavelmente nos surpreender em seu uso. E isso o que torna o fenme-no da internet colaborativa fasci-nante.

    ***

    Mas a pergunta que resul-ta de toda a reflexo acima a mesma com que a iniciamos: o que essa comunidade do Overmundo? E, mais importan-te, quem a forma?

    O princpio bsico do Overmundo envolve quatro grandes sees: o Overblog, o Banco de Cultura, o Guia e a Agenda. No Overblog, so ge-ralmente publicadas reporta-gens, resenhas e crticas sobre cultura do Brasil; no Ban-co, h espao para a publica-o de livros, discos, vdeos, imagens, podcasts, msicas, poemas e teses; no Guia, h sugestes de servios, luga-res, festas e atividades locais regulares; e, por ltimo, na Agenda, a programao de eventos do calendrio cultural de todo o pas. Estas sees servem como canais para orga-nizar a informao, mas a pu-blicao livre e os destaques so escolhidos por cada cola-borador, com base num algorit-mo que calcula a quantidade de votos em determinado con-tedo e o compara com o tem-po desde a sua publicao. Com esse sistema, as colabo-raes mais votadas ganham destaque, mas priorizamos sempre o que h de mais re-cente no site.

    Mesmo assim, o site, por si s, uma ferramenta. O seu principal capital social e por que no? cultural precisa-mente a sua comunidade. O

    O Overmundo foi desenvolvido com o objetivo de difundir a cultura brasileira e a cultura produzida por brasileiros em todo o mundo...

    Viktor Chagas

  • CAPA COMUNIDADE OVERMUNDO

    Revista Esprito Livre | Junho 2009 | http://revista.espiritolivre.org |35

    Overmundo tem hoje cerca de 35 mil colaboradores ativos, que so aqueles que consegui-ram completar o seu cadastro e permanecem com suas con-tas vlidas no site. Desses 35 mil, evidente, apenas alguns participam amplamente publi-cando, votando e comentando nos contedos que circulam pe-lo site. Mesmo assim, em com-parao com a mdia de outros servios colaborativos, que costuma operar em torno de 1% a 3% de participao de colaboradores produzindo con-tedo efetivamente e interagin-do em meio s funcionalidades desses sites, o Overmundo no faz feio. Para se ter um ex-emplo, s no Banco de Cultu-ra, so mais de 2,5 mil colaboradores com ao menos uma publicao. Overblog e Agenda tm, cada seo, cer-ca de 1,5 mil colaboradores com ao menos um contedo pu-blicado. E o Guia, com cerca de 600 colaboradores com ao menos uma nota e mais de 500 cidades brasileiras repre-sentadas. Como cada seo se-gue uma lgica completamente diferente, h co-laboradores que postam no Guia e no postam na Agenda, ou que postam na Agenda mas no postam no Banco. Is-so significa que h uma interse-o a se considerar entre os diferentes processos de publica-o no Overmundo, mas, em to-dos os casos, o resultado muito bom em termos de produ-o de contedos.

    Na quantidade e qualida-de de comentrios no dife-rente. O Overmundo reconhecido, em diferentes se-tores, como um site que possui no s um grau considervel de interao no espao de co-mentrios, mas tambm, e prin-cipalmente, um ambiente de conversao de relevncia, com comentrios construtivos, capazes de acrescentar e mui-to s colaboraes.

    Os votos, outro importan-te instrumento para se avaliar a participao da "comunida-de", no ficam atrs. O Over-

    mundo possui uma plataforma convidativa e estimulante, que se reflete numa boa quantida-de de votantes em todos os contedos do site, de acordo com a sua diversidade. E no que mais expressivo: downloads e streamings das obras disponibilizadas. Em qual outro lugar um autor inde-pendente do Mato Grosso che-garia aos 2,6 mil downloads de

    seu livro? Ou um coletivo de Belo Horizonte teria mais de 18 mil interessados em seu ma-nual sobre como se fazer cami-setas em stncil? Que outro lugar rene de modo to sim-ples e acessvel curtas (e at longas) de Muqui (ES), Rio Branco, Aracaju e Palmeira (PR)? Ou notas sobre o bar que ao mesmo tempo funer-ria no Piau e o aougue que ao mesmo tempo centro cultu-ral em Braslia?

    Todo esse patrimnio construdo de modo colaborati-vo. Mas, afinal, o que essa

    comunidade do Overmundo? H quem pense que a comuni-dade formada justamente pe-los 35 mil colaboradores ativos. Mas ns ousamos dizer que ela vai alm disso. A comu-nidade do Overmundo so as pessoas que mantm afinida-des com a proposta do site, que : difundir a produo cul-tural brasileira, e das comuni-dades de brasileiros no

    H quem pense que a comunidade formada justamente pelos 35 mil colaboradores ativos. Mas ns ousamos dizer que ela vai alm disso.Vikton Chagas

  • exterior, com foco em seus as-pectos que no costumam rece-ber cobertura da grande mdia. Se assim: a comunidade en-volve, pelo menos, os mais de 900 mil visitantes nicos que re-cebemos todos os meses em mdia, ou os quase 2 milhes de pageviews gerados a partir

    de contedos do Overmundo. Nesse universo, que est sem-pre crescendo desde que o si-te foi inaugurado, h trs anos, falamos de Brasil, mas falamos tambm de outros 150 a 160 pases que nos acessam ms aps ms, gente que fala, gen-te que l, gente que respira cul-tura brasileira - sejam brasileiros ou no.

    Muita gente no acompa-nhou de perto mudanas que ocorreram e que ocorrem sem-pre no site, dentro do esprito de renovao constante em que nos empenhamos. Muita

    gente chegou s agora. Muita gente est desde o incio liga-da no site, mas jamais se posici-onou sobre os assuntos levantados para a discusso de melhorias no sistema de mo-derao. H vrias maneiras possveis de relao como o Overmundo. Muita gente no

    vota, no comenta, no publi-ca, mas l! E sabe o que est acontecendo por aqui. E saber o que est acontecendo, den-tro dessa lgica de difuso cul-tural, no menos importante: se queremos divulgar o que es-t no Overmundo e ainda no chegou ao noticirio cultural dos grandes meios, algum que leia um texto ou veja um v-deo, pode somar (e muito) a es-te esforo, replicando e reproduzindo a informao nas suas redes particulares, no seu blog, no site da sua empre-sa, ou num bate papo entre ami-gos. A vitalidade crescente

    dessa rede colaborativa de-monstra a seriedade do traba-lho desenvolvido pela Equipe Overmundo e ilustra o poder da comunidade do Overmundo.

    mais ou menos isso o que queremos dizer quando nos referimos comunidade do Overmundo. E mais ou menos essa impresso de sa-tisfao que temos quando ou-vimos algum dizer que o Overmundo construdo pela sua comunidade.

    CAPA COMUNIDADE OVERMUNDO

    Revista Esprito Livre | Junho 2009 | http://revista.espiritolivre.org |36

    Site Overmundo:

    http://www.overmundo.com.br

    Site Instituto Overmundo:

    http://www.institutoovermundo.org.br

    Maiores informaes:

    A vitalidade crescente dessa rede colaborativa demonstra a seriedade do trabalho desenvolvido pela Equipe Overmundo e ilustra o poder da comunidade doOvermundo.

    Viktor Chagas

    VIKTOR CHAGAS escritor, jornalista e doutorando em Histria, Poltica e Bens Culturais pelo Centro de Pesquisa e Documentao de Histria Contempornea do Brasil da Fundao Getlio Vargas (Cpdoc-FGV). Desenvolve pesquisas na rea de Mdia e Poltica. Desde 2006 integra a equipe editorial do Overmundo.

  • A rede mundial de compu-tadores alterou de forma radi-cal as prticas sociais. O desenvolvimento das tecnologi-as de informao e comunica-o na dcada de 70 proporcionaram avanos na plu-ralidade das vises, novos ti-pos de interao entre os indivduos e o meio scio-cultu-ral, alm de novos formatos e suportes comunicacionais.

    A liberao do plo emis-sor (Lemos, 2005) borrou o campo jornalstico e o questio-namento sobre os agentes auto-rizados para a produo e a veiculao de contedo na soci-edade contempornea. Atra-vs de blogs, lista de discusso, cdigos abertos e sistemas wiki nota-se uma mu-

    dana no fluxo comunicacio-nal, anteriormente baseado na emisso centralizada pelos mass media para um processo de todos-todos, onde qualquer usurio uma mdia em poten-cial.

    Se na sociedade de mas-sa h a separao entre a esfe-ra pblica miditica e esferas pblicas perifricas, o proces-so de debates fortemente hie-rarquizado e unidirecional, a sociedade em rede potenciali-za a comunicao entre as es-feras pblica (miditica x perifrica) e os meios de comu-nicao so formatados em re-de, o que possibilita a descentralizao do debate p-blico.

    CAPA WIKI-JORNALISMO

    Como o sistema wiki pode ajudar o jornalismo?Por Yuri Almeida

    Revista Esprito Livre | Junho 2009 | http://revista.espiritolivre.org |37

    Dan Mulligan - sxc.hu

  • CAPA WIKI-JORNALISMO

    Revista Esprito Livre | Junho 2009 | http://revista.espiritolivre.org |38

    O wiki-jornalismo fruto desta arquitetura aberta, a di-menso mundial e o carter multidirecional da comunica-o, assim como outros fatores como a abertura do cdigo HTML e a WWW. O primeiro wiki, chamado PortlandPattern-Repository, foi criado em 1995 pelo programador Ward Cun-ningham, que objetivava facili-tar o registro e a troca de conhecimento entre os mem-bros da sua empresa de softwa-res. No decorrer dos anos o sistema foi utilizado por institui-es pblicas e privadas e pe-los prprios jornais.

    Wiki-jornalismo um siste-ma baseado em autoria coleti-va, que permite intervenes rpidas para a melhoria ou com-plementao dos textos em um trabalho contnuo, sem hor-rios e prazos estabelecidos. As experincias de wiki-jornalismo ainda so primrias no Brasil, com destaque para o Wikinotci-as, idealizado pela Fundao Wikimedia, a mesma que geren-cia a Wikipedia. O Wikinotcias entrou em funcionamento, ofici-almente, em 4 de maro de 2005 e hoje contabilizava 4.528 notcias escritas em ln-gua portuguesa. Neste stio, a notcia passa por trs etapas: 1- fila de edio, 2- fila de revi-so e 3- artigo publicado. Aps a publicao, a notcia pode ser protegida contra a edio e, em caso de continuidade do mesmo fato, novos artigos so criados e linkados uns aos ou-tros.

    Apesar de experincias ainda em curso, o sistema wiki possibilita ao jornalismo uma al-ternativa para a mudana do ha-bitus e valores do mainstream miditico. Destaco trs premis-sas bsicas que a filosofia wiki pode proporcionar aos prpri-os jornalistas: 1- edio colabo-rativa de textos com a participao dos leitores; 2- inte-rao entre a comunidade e os jornalistas; 3- transparncia dos processos produtivos e, consequentemente, maior credi-bilidade para os medias.

    Entretanto, ao adotar a filo-sofia wiki em sua rotina produti-va, o jornalismo depara-se com os questionamentos relaci-onados aos critrios de noticia-bilidade, j que a edio coletiva exige, sobretudo tem-po e dilogo para a finalizao do texto pela comunidade, que no segue a lgica do fecha-mento dos jornais e dead line das matrias, demanda a cria-o de mecanismos que poten-

    cializem o relacionamento com seu pblico, uma vez que a co-laborao precisa ser filtrada, averiguada e remixada dentro do universo noticioso e expe o jornal e os jornalistas no que tange a manipulao editorial ou erros na reportagem, j que a entrevista com as fontes, ma-terial de pesquisa, entre outros so disponibilizados na ntegra para a consulta e verificao dos dados.

    Alm destes entraves, co-mo transformar um espao re-pleto de rabiscos, com anotaes incompreensveis em um produto jornalstico? Es-te questionamento implica pen-sar diretamente na notcia, vista como a sntese do jorna-lismo. A notcia, diferente de um software, no beta, pois uma vez publicada interfere no mundo das finanas, poltica e vida pessoal dos indivduos. A notcia, desenvolvida em uma concepo wiki, estar sempre em fase beta e tal caractersti-

    O sistema wiki possibilita ao jornalismo uma alternativa para a mudana do habitus e valores do mainstream miditico.Yuri Almeida

  • ca coloca em xeque a credibili-dade da informao. Credibilida-de, porque uma vez publicada, a informao significada co-mo verdade ou verossmil e por mais que as correes se-jam imediatas, nada garante que aquele usurio que leu a primeira verso da matria vol-te para acompanhar as novida-des ou seja notificado do erro anterior.

    No se pretende com es-ta afirmao descartar o siste-ma wiki na produo jornalstica, pelo contrrio, a sua potencialidade em tornar transparente as etapas do de-senvolvimento de determinada reportagem e a abertura do c-digo para a escrita coletiva reve-lam-se como essenciais para o jornalismo. Entretanto, o wiki pode ser mais til nos proces-sos de pr-produo ou no de-senvolvimento de pauta para os jornalistas, do que como for-mato final de apresentao das notcias, como aconteceu com o jornal Los Angeles Ti-mes que foi alvo de vandalis-mo por parte dos usurios e encerrou a sua experincia fra-cassada em 2007. J a revista Wired, que estabeleceu um tem-po maior e uma equipe para ge-

    renciar o contedo colaborativo teve um resultado positivo com a adoo do siste-ma. O mesmo saldo positivo ob-tiveram os estudantes de jornalismo da Universidade de Nova Iorque que utilizaram o wi-ki como plataforma para a reali-zao do projeto NewsAssignment, que produ-ziu reportagens usando a auto-ria coletiva, durante 10 meses.

    O jornalismo baseado em autorias coletivas e colaborati-vo, como aponta GILLMOR (2005), possibilita uma oportuni-dade de fazer um jornalismo ainda melhor, a partir do mo-mento que contar com a partici-pao do pblico em seus processos produtivos. O leitor no apenas est no controle e decide a forma que ir consu-mir as informaes, como tam-bm anseia em participar da produo de contedo. A cultu-ra do faa voc mesmo!, po-tencializada pela Internet e a liberao do plo emissor re-configura o papel do jornalista como mediador/tradutor da soci-edade e suas complexidades. A mediao jornalstica, que se baseava em recortar frag-mentos da realidade e apre-sent-los aos receptores, em

    um sentido puramente conecti-vo (realidade pb