revista dos bancários 39 - fev. 2014

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www.bancariospe.org.br DOS Bancários Revista Ano IV - Nº 39 - Fevereiro de 2014 Publicada pelo Sindicato dos Bancários de Pernambuco Neste mundo moderno, e cada vez mais acelerado, ainda há espaço para profissões artesanais que faziam sucesso antigamente, como alfaiates, tipógrafos, sapateiros. No Recife, não é difícil encontrar esses profissionais que resistiram ao tempo e à tecnologia Profissão retrô Profissão retrô

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Page 1: Revista dos Bancários 39 - fev. 2014

www.bancariospe.org.br

DOS BancáriosRevista

Ano IV - Nº 39 - Fevereiro de 2014 Publicada pelo Sindicato dos Bancários de Pernambuco

Neste mundo moderno, ecada vez mais acelerado,ainda há espaço paraprofissões artesanais quefaziam sucesso antigamente, como alfaiates, tipógrafos,sapateiros. No Recife, não édifícil encontrar essesprofissionais que resistiramao tempo e à tecnologia

ProfissãoretrôProfissãoretrô

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2 REVISTA DOS BANCÁRIOS

Opinião Editorial

Embora a modernidade teime em nos atropelar, algumas profissões antigas resistem aos novos tempos. No Recife, ainda é possível encontrar alfaiates, sapateiros, relojoeiros, tipógrafos, consertadoresde panelas...

Trabalho vintage

DOS BancáriosRevista

Redação: Av. Manoel Borba, 564 - Boa Vista, Recife/PE - CEP 50070-00Fone: 3316.4233 / 3316.4221Correio eletrônico: [email protected]ítio na rede: www.bancariospe.org.br

Presidenta: Jaqueline MelloSecretária de Comunicação: Anabele SilvaJornalista responsável: Fábio Jammal MakhoulConselho editorial: Anabele Silva, Geraldo Times, Jaqueline Mello e João RufinoRedação: Fabiana Coelho, Fábio Jammal Makhoul e Sulamita EsteliamDiagramação: Studio Fundação Design & EditorialFoto da capa: Ivaldo BezerraImpressão: NGE GráficaTiragem: 11.000 exemplares

Informativo do Sindicato dos Bancários de Pernambuco

ÍndiceProfissões que resistem ao tempo

Projeto-piloto de Segurança Bancária

Entrevista: Ademir Wiederkehr

A ditadura da beleza nos bancos

Dicas de cultura

Bancário artista

Conheça Pernambuco

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“O domínio perfeito das teclas, adquirido no curso de datilografia da Casa Odeon, lhe permitirá a mais completa liberdade na escolha dos seus patrões”, dizia um antigo anúncio de jornal.

Os tempos mudaram – e nem parece tanto tempo assim. Quem tem mais de trinta anos, lembra-se da importância da datilografia no mercado de trabalho. Mais: lembra-se de profissões que hoje estão extin-tas; como o leiteiro que entregava leite de casa em casa, o fotógrafo lambe-lambe que ficava na praça,

o operador de telex...Mas, embora a moderni-

dade teime em nos atropelar, algumas profissões antigas resistem aos novos tempos. No Recife, ainda é possível encontrar alfaiates, sapatei-ros, relojoeiros, tipógrafos, consertadores de panelas...

A Revista dos Bancários conversou com esses pro-fissionais que resistiram ao tempo e à modernidade e continuam trabalhando na área por amor ao ofício.

Esta edição também apresenta os primeiros resul-tados do Projeto-piloto de Segurança Bancária, que garantiu a instalação de importantes equipamentos em mais de duzentas agências de Recife, Olinda e Jaboatão.

Na entrevista do mês, o coordenador do Coletivo Nacional de Segurança Bancária da Contraf-CUT, Ademir Wiederkehr, fala sobre o pioneirismo de Pernambuco e sobre a importância do projeto-piloto ser estendido para todo o país.

Você vai ler, também, que os bancos têm exa-gerado na cobrança estética dos bancários e que a Justiça está combatendo os abusos. O Bradesco, por exemplo, foi condenado por perseguir os bancários de barba.

Para finalizar, aproveite nossas dicas culturais e de turismo. E conheça o nosso bancário-artista do mês, um baterista muito rock and roll que vive no Sertão.

@bancariospe

/bancariospe

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Profissões que resistem ao tempo

Trabalho Sociedade

Há quem diga que a tal modernidade nos trouxe para um mundo descartável, abastecido por pronta-entregas, lojas de departamentos, shoppings, supermercados, restaurantes especializados em comida rápida e outros estabelecimentos de autosserviço, tecnologias ao alcance da mão e/ou universo digital. Nesse mundo emergencial e de automatismos, não haveria lugar para o fazer artesanal ou mesmo para a reciclagem em uso próprio, o que tornaria obsoletos determinados papéis vitais na sociedade d’outros tempos. Será?

Profissões que resistem ao tempo

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FOTO

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4 REVISTA DOS BANCÁRIOS

Trabalho Sociedade

Se há funções ou profissões ex-tintas ou à beira da extinção, como condutor de bonde ou de trens, ou fotógrafo lambe-lambe,

por exemplo, há outras que resistem à efemeridade das coisas no mundo con-temporâneo. A capacidade de se reciclar, seja para deixar-se absorver pela indústria ou para buscar um nicho no mercado, é o segredo da sobrevivência.

Mas o combustível que alimenta o motor de quem se faz autônomo é mais do que a defesa do leite das crianças e do pão nosso de cada dia. No mais das vezes, é o amor pelo ofício que os mantêm ativos.

No Recife, que roça os cinco séculos – serão 468 anos em 12 de março –, há lugar para os dois mundos, a se oporem e se complementarem. Há o Porto Di-gital, berçário de profissionais da alta tecnologia. E há os mercados e feiras e ambulantes a manterem viva a Terra dos Mascates e a diversidade cultural. E na contramão do desperdício, há es-pecialistas na arte do reaproveitamento e do fazer sob medida, ao gosto e à necessidade do freguês.

É nisso que acreditam os personagens encontrados pela Revista dos Bancários – no quatrocentão Bairro da Boa Vista e na Boa Viagem de mais de 300 anos: três sapateiros, uma família de relojoeiros, um consertador de panelas e, pasmem, um tipógrafo em plena atividade.

A inspiração da pauta veio de uma alfaiataria, puro vintage, instalada na Avenida Manoel Borba desde 1921, símbolo de uma época em que a ele-gância fazia diferença. Prova de que alfaiates, embora raros, ainda os há a privilegiar o corte exclusivo da clientela mais exigente, assim como costureiras. É possível, também, encontrá-los pela internet.

Há, não obstante, uma nota triste: a PB Perrelli Alfaiates, uma das mais tradicionais alfaiatarias do Recife, que vestiu várias gerações de políticos

pernambucanos – de Agamenon Magalhães a João Paulo –, cerrou suas portas no último dia de janeiro deste novo ano. Por motivo de saúde do gestor do negócio nos últimos 50 anos.

Com a aposentadoria forçada de Bruno Perrelli, 73 anos, fecha-se o ciclo da tradição familiar, trazida da Itália pelo pai, em 1919.

Tipografia é arte Localizamos o tipógrafo, no segundo andar de um edifício plantado na escon-

dida – e até hoje não urbanizada – Praça Machado de Assis, por trás do Cine São Luiz, na Boa Vista. Novo Recife é o nome do prédio, que integra o famoso Beco do Fotógrafo e que de novo não tem nada. Ali, ainda hoje é possível comprar filmes e revelar pelo método analógico. Segundo entendidos e aficionados, é mais apropriado à fotografia-arte.

Depois de busca infrutífera pela rede e por telefone, chegamos a Sílvio Silvino da Silva por indicação do Sindicato dos Gráficos. Fazemos dele a homenagem aos profissionais da indústria gráfica, que celebram seu dia em 7 de fevereiro.

SÍLVIOGARANTE:“QUANDOVOCÊ OUVIRDIZER QUE ACABARAM OS TIPÓGRAFOS,EU ESTAREI AQUI”

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Trabalho Sociedade

Nosso tipógrafo garante que não é o único – “ainda tem dois ou três por aí...”. Assegura, porém, que será o último: “Olha que ouço essa cantiga há 30 anos: vai acabar, vai acabar, vai acabar... Pois lhe digo que, quando você ouvir dizer que acabaram os ti-pógrafos, eu estarei aqui”, diz.

O tom é de brincadeira, mas Sílvio fala sério. É daqueles que amam seu trabalho, e acredita que faz a diferença: “Para mim é arte: monto, imprimo, faço o acabamento e corto. Tenho uma clientela fiel, que prefere o trabalho em tipografia. Criei minha família com isto”, afirma indicando, com gesto lar-

go, a mesa de tipos e a velha Minerva. Segundo ele, há impressões cujo nível de sofisticação só é possível na tipo-grafia, como relevo seco, por exemplo.

Há coisas mais simples, corriqueiras, que também não são atendidas pelas gráficas rápidas, ou que nas grandes empresas elevam o custo sobrema-neira, particularmente para pequenas quantidades. É o caso dos calendários de bolso ou de parede, encontráveis no comércio, já impressos com moti-vos variados, e que são usados como brindes de fim de ano. “Só a tipografia pode montar e imprimir a logomarca da empresa ou o nome do profissional na-

quele espaço reservado”, exemplifica. Serviços de papelaria como timbra-

dos, envelopes e cartões de visita, e até convites de casamento, também ficam mais em conta quando impressos em tipografia, garante. Na hipótese de a lo-gomarca ter um desenho, é preciso que o cliente mande fazer o clichê, em resina, nas casas especializadas em carimbo.

O tipógrafo nunca fez outra coisa em seus 49 anos de vida. Começou aos 13/14 anos. Aprendeu o ofício em casa, na velha máquina que o pai comprou para estimular o trabalho dos dois filhos mais velhos, formados pelo Senai; ironicamente, só ele se mantém na profissão.

Com o que sabia, Sílvio foi para o mercado, onde se aperfeiçoou. Traba-lhou em gráficas por um tempo, abriu um negócio com um dos irmãos, e há 21 anos, a idade do mais velho de seus cinco filhos, partiu para voo solo. Hoje, a tipografia ocupa uma sala e meia, imóveis próprios no terraço do edifí-cio. A segunda loja é partilhada com amigos, profissionais de serigrafia, mediante aluguel.

O filho primogênito, agora, traba-lha com ele, e aponta para o futuro: um computador portátil. “Léo está introduzindo algumas modernidades, que permitem atender encomendas que requerem offset (uma das formas mais utilizadas para impressão, para grande e média quantidade)”, explica o tipógrafo. O pé na era digital, entre-tanto, está longe de significar troca de ferramenta. Sílvio acaba de renovar o estoque de tipos (letras talhadas em metal). Na verdade, incrementar, pois não se desfaz de letra alguma de seu arsenal. Adquiriu de fornecedor cativo, que conhece seu amor pelo ofício.

De pai para filhoAos 73 anos, completados neste 8

de fevereiro, Paulo de Oliveira França poderia se dedicar a curtir a aposen-

AOS 73 ANOS, O RELOJOEIRO PAULO FRANÇA NEM PENSA EM SE APOSENTAR

ANDRÉ LUIZ SEGUIU A TRILHA DO PAI, COM QUEM APRENDEU OFÍCIO DE RELOJOEIRO AINDA MOLEQUE

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Trabalho Sociedade

tadoria. Para isso se preparou. Não tem mais quem dele dependa, pois os filhos estão criados, e ele está solteiro. Entretanto, é dos primeiros a chegar ao Mercado de Boa Viagem, todos os dias.

Por volta das seis da manhã, de se-gunda a sábado, abre sua loja, pequena mas própria, no segundo corredor à esquerda da entrada principal, na Con-selheiro Aguiar. Senta-se em frente à banca onde conserta relógios de todos os tipos, até as quatro da tarde. “É minha primeira profissão e vai ser a última”, diz com meio sorriso e olhar matreiro. É também ourives, e faz conserto de óculos.

As duas artes aprendeu com o pai, por volta dos 14 anos. Transmitiu-as aos herdeiros que se dispuseram. Três dos seus nove filhos, em dois casamen-tos, são relojoeiros: “Inclusive minha filha, que trabalha na outra loja (tam-bém no mercado), com o irmão André Luiz”. Outro dos filhos é ourives.

Paulo trabalhou com o pai mais de 10 anos, depois representou a Technos e a Citzen em três relojoarias que teve em Boa Viagem, e que acabou fechando por motivos familiares. Andou pelo Rio de Janeiro como empregado das duas fabricantes de relógios, “uns sete anos”, como encarregado da equipe

de relojoeiros. Terminou voltando ao Recife, onde sentou praça definitiva-mente, sempre consertando relógios – e fazendo música; tocava violão numa banda local.

André Luiz seguiu a trilha do pai, com quem aprendeu ofício de relojoei-ro, ainda moleque. Com o tempo, abriu a própria loja, num espaço mais amplo, alugado, na parte externa do mercado, que é condomínio privado. Além da oficina de consertos, comercializa relógios antigos e novos. Desenvolveu o gosto pelas relíquias, e as coleciona também em casa.

“É uma profissão que você tem que gostar. Mas é uma arte boa, que dá pra-zer. Quando eu me aposentar, quero uma banquinha em casa para eu me divertir”, diz o relojoeiro, que está bem longe de envergar um pijama; tem 49 anos.

Não é mais como antigamente

Outro ofício que mudou de feição, há pelo menos 30 anos, é o de sapateiro. Os sapatos feitos sob medida adqui-riram ares de requinte, para poucos eleitos. As fabriquetas artesanais não resistiram à era dos emborrachados, de um lado. De outro, a verticalização, desde os frigoríficos, e a forte concen-tração do setor, com alto impacto no preço do couro. A despeito de o Brasil ser um dos três maiores produtores, e exportadores, mundiais da matéria--prima, de calçados e artefatos.

Dois dos sapateiros com quem con-versamos já fabricaram sapatos. Hoje são consertadores de calçados, bolsas e assemelhados. Continuam a fazer do ofício seu meio de vida, todavia, “nada é mais como antigamente”, lamenta Severino Norberto, 66 anos.

Aos 50 anos de profissão, 35 dos quais no Mercado de Boa Viagem, ele não se queixa da demanda nem da alta

NORBERTO JÁ FABRICOU SAPATOS, MAS HOJE SÓ OS CONSERTA: “NADA

É MAIS COMO ANTIGAMENTE”

HERALDO ORGULHA-SE DE SER UM ESPECIALISTA NO CONSERTO

DE PANELAS DE PRESSÃO

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Trabalho Sociedade

concorrência: há quatro oficinas do gênero só no centro comercial.

Biu, como é conhecido, teve uma pequena fábrica de calçados na Mus-tardinha, fechou não por causa do preço do couro, mas, segundo ele, por causa da mão de obra: “Empregado é um pro-blema, ele nunca está satisfeito. Então, preferi fechar e trabalhar sozinho”. Há 35 anos comprou a loja no mercado e ali se instalou.

Severino não vai deixar herdeiros; nenhum dos seus cinco filhos quis aprender a profissão. Não é o caso do vizinho de box, Antônio Alves, que também se instalou em espaço próprio e já tem o único filho, de 30 anos, as-sumindo a responsabilidade do mister. Casado e pai de dois filhos, Anderson é quem hoje, de fato, põe a mão na mas-sa. Antônio fiscaliza. Só eventualmente pega no pesado.

O filho não se queixa: “Meu pai precisava de ajuda, e eu de emprego, então assumi”, resume o rapaz, que diz gostar do que faz. O pai, entretanto, com 45 anos de labuta e boa dose de desencanto, preferia que Anderson voltasse aos estudos – tem o segundo

grau – e buscasse profissão melhor: “Hoje é só plástico e mais plástico, tênis e mais tênis. Os curtumes fecharam e só as grandes fábricas aguen-tam o preço do couro. Pode escrever, aí, que somos uma espécie em extinção”.

Há controvérsias. Também em outro ramo bastante re-quisitado, e concorrido, no mesmo local: o conserto de panelas. Heraldo Gorgonho é o consertador, por vocação. “Senti que dava para a coisa”, resume o filho de Casa Amarela, Zona Norte do Recife. Lida com panelas, mas, na verdade, conserta de tudo em matéria de utilidades domésticas. Faz isso por conta própria há 30 anos, quase a metade dos seus 65 anos, parte dos quais vividos no Rio de Janeiro.

Trabalhou “fichado” em assistências técnicas, hotéis e restaurantes, sempre na manutenção. Há 20 anos montou uma banca na parte externa do Merca-do de Boa Viagem, onde também vende peças de reposição. Em matéria de panelas, entretanto, orgulha-se de ser

um especialista em panelas de pressão.“As pessoas hoje não sabem o que

é uma panela de qualidade. Compram panelas descartáveis, e depois trazem para eu dar um jeito. Acabo fazendo, pois conserto até panela importada. Se não tem peça de reposição, mudo o sistema e boto ela para funcionar”, diz. E enumera quatro marcas que, segundo ele, são símbolos de qualidade.

Clientela, garante, é o que não falta – para ele e seu vizinho de banca. “Quem conserta panelas? Todo mundo aqui em Boa Viagem, e quem traz é o patrão ou a patroa”, afirma.

A ALFAIATARIA PERRELLI VESTIU VÁRIAS GERAÇÕES DE POLÍTICOS PERNAMBUCANOS, DESDE 1921

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Projeto-piloto Proteção à vida

O Projeto-piloto de Segurança Bancária – implantado em agosto em 209 agências de Recife, Olinda e Jaboatão –,

já começa a apresentar seus primeiros resultados positivos. Segundo a Secre-taria de Defesa Social de Pernambuco, o crime conhecido como “saidinha de banco” foi reduzido em mais da metade nas três cidades (de 452 ocorrências registradas em 2012 para 220 em 2013).

Para a presidenta do Sindicato, Jaque-line Mello, a instalação dos biombos em frente aos caixas tem garantido a privaci-dade dos clientes nas transações. “Além disso, a implantação das câmeras nas áre-as internas e externas das agências está inibindo a ação dos bandidos”, comenta.

Segurançareforçada

Após cinco meses de implantação, projeto-piloto conquistado na Campanha Nacional de 2012 reduz roubos e crimes de “saidinha de banco” em Recife, Olinda e Jaboatão

O número de roubos a banco também caiu de 2012 para 2013 em Pernambuco (de 29 para 24 ocorrências, uma redução de 17,2%).

CONQUISTA DOS BANCÁRIOSO Projeto-piloto de Segurança foi conquistado pelos

bancários na greve da Campanha Nacional de 2012. Além dos biombos e das câmeras, o acordo garantiu a implantação de portas com detectores de metais, guarda-volumes e cofre com dispositivo de retardo. Vigilantes com coletes a prova de balas e armados também reforçam a segurança.

“Os bancários do Brasil inteiro estão de olho em Pernambuco. Precisamos garantir a eficácia do projeto--piloto para que os equipamentos de segurança im-plantados aqui sejam levados para o restante do país”,

afirma o diretor do Sindicato, João Rufino, que representa o Nordeste no Coletivo Nacio-

nal de Segurança Bancária da Contraf-CUT (Confederação Nacional dos Trabalhadores

do Ramo Financeiro).

ACOMPANHAMENTONo último dia 20 de janeiro, o Grupo de Acompa-

nhamento do Projeto-piloto de Segurança Bancária realizou sua terceira reunião. Durante o encontro, os comandos das Polícias Civil e Militar relataram que os bancos têm deixado de registrar Boletins de

Ocorrências após os crimes. Também há casos em que as instituições registram os BOs com mais de vinte dias

de atraso, o que dificulta o trabalho policial.Outra reclamação da polícia aos bancos foi sobre a péssi-

ma qualidade das imagens e do posicionamento inadequado de parte das câmeras de segurança, o que têm dificultado o reconhecimento dos criminosos. A polícia citou um caso em que o próprio vigilante não se reconheceu nas imagens.

JAQUELINE MELLO

JOÃORUFINO

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Entrevista Ademir Wiederkehr

“Segurança é investimento e não despesa”

O bancár io Ademi r Wie -derkehr, funcionário do Santander em Porto Alegre (RS), é hoje um dos maiores

especialistas do país quando o assunto é segurança bancária. Diretor da Con-traf-CUT (Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro) e coordenador do Coletivo Nacional de Segurança Bancária, Ademir está acompanhando de perto a implantação e o funcionamento do projeto-piloto de segurança nos bancos de Recife, Olinda e Jaboatão. Periodicamente, Ademir viaja para a capital pernambucana para verificar se o acordo do projeto--piloto está funcionando a contento. Nesta entrevista para a Revista dos Bancários, Ademir fala sobre o que os bancos precisam fazer para proteger a vida de clientes e funcionários e sobre as expectativas dos bancários de todo o país com o projeto-piloto implantado em Pernambuco.

O projeto-piloto de segurança ban-cária terminou de ser implantado em Recife, Olinda e Jaboatão há menos de cinco meses. Já dá para fazer uma avaliação?

Ainda é cedo para fazer uma avalia-ção. Estamos chegando na metade do período de funcionamento do acordo

PARA O COORDENADOR DO COLETIVO NACIONALDE SEGURANÇA BANCÁRIA DA CONTRAF, ADEMIRWIEDERKEHR, BANCOS DEVERIAM, NO MÍNIMO,DOBRAR SEUS INVESTIMENTOS EM SEGURANÇA

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do projeto-piloto, que é de um ano. Só teremos condições de fazer uma avaliação consistente ao final do pra-zo, que termina em agosto. Mas o que já se percebe é que várias medidas que integram o projeto-piloto estão se mostrando eficazes. É o caso da instalação dos biombos em frente aos caixas para garantir a privacidade dos clientes nas transações. Este equipa-mento tem reduzido o crime conhecido como “saidinha de banco” em Recife, Olinda e Jaboatão.

O que os bancários podem fazer nas agências para garantir o sucesso do projeto-piloto?

É importante que os bancários veri-fiquem se os equipamentos instalados

estão funcionando de acordo. Os traba-lhadores podem conferir, por exemplo, se as câmeras de segurança foram implantadas em locais adequados para captar imagens que permitam identificar eventuais suspeitos em ações crimi-nosas. Os bancários também podem verificar se os biombos estão, de fato, colocados de modo a impedir a visua-lização das transações dos clientes por terceiros; se os guarda-volumes estão instalados em locais apropriados; se as portas de segurança estão reguladas adequadamente... E, se houver qual-quer problema com o funcionamento dos equipamentos, os bancários devem informar imediatamente ao Sindicato.

O Sindicato e a Contraf-CUT,

junto com a Febraban, realizaram agora, em janeiro, reuniões com representantes das 209 agências de Recife, Olinda e Jaboatão que receberam os itens de segurança do projeto-piloto. Como foram as reuni-ões e a receptividade dos bancários?

Essas reuniões foram históricas. Foi a primeira vez que reunimos num mesmo espaço, para discutir segurança, representantes do movimento sindical, da Febraban, da polícia e dos bancários de base. Vale lembrar que, até pouco tempo atrás, a Febraban não participava de nenhuma reunião para discutir segu-rança; nem de audiências públicas con-vocadas pelas assembleias legislativas dos estados e pelas câmaras municipais. Nessas reuniões realizadas no Recife, os

Entrevista Ademir Wiederkehr

ADEMIR, AO LADO DA PRESIDENTA DO SINDICATO,JAQUELINE MELLO, PARTICIPA DA REUNIÃO DO GRUPO

DE ACOMPANHAMENTO DO PROJETO-PILOTO

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bancários puderam fazer perguntas que contribuíram para tirar dúvidas sobre o projeto-piloto. Também foram positivas porque conseguimos o compromisso dos gestores no acompanhamento do projeto-piloto. Além de aumentar a participação dos bancários nesta luta, as reuniões deram mais transparência para o projeto.

O acordo do projeto-piloto garan-tiu a instalação de uma série de itens de segurança nas agências. Há outras medidas que não foram contempla-das no acordo?

O projeto-piloto contemplou algumas das medidas que estão previstas na pau-ta de reivindicações dos bancários. Mas precisamos avançar em outros pontos que ficaram de fora do acordo, mas que são igualmente importantes. Por exemplo, o monitoramento em tempo real das câmeras de segurança. Também precisamos de medidas para combater o sequestro de bancários, entre elas, o fim da guarda das chaves das agências e dos cofres. Também defendemos que a porta com detector de metais sejam instaladas antes do autoatendimento. E, claro, que todas essas medidas sejam estendidas para os postos de serviço e para as agências que ficaram de fora do projeto--piloto, que são aquelas instaladas nos shoppings e as chamadas agências de negócio. Além disso, defendemos a isenção das tarifas de transferência para desestimular o saque em dinheiro e evitar que os clientes sejam alvo da “saidinha de banco”.

O projeto-piloto foi conquistado na greve nacional de 2012. Por que foram escolhidas três cidades de Pernambuco para implantar os itens de segurança nas agências?

A indicação de Recife foi feita pelos próprios bancos. Isso ocorreu em fun-ção da luta do Sindicato, que garantiu a criação de uma lei municipal de

segurança bancária. O Sindicato tam-bém conseguiu envolver o Ministério Público, a Prefeitura e o Procon, que interditaram onze agências bancárias no Recife e aplicaram mais de R$ 15 milhões em multas. Este foi o principal fator para que Recife fosse escolhido para sediar este projeto-piloto. Mas a Contraf e o Sindicato entendiam que o projeto não podia ficar restrito à capital e, com muita pressão, conseguimos incluir Olinda e Jaboatão.

Em agosto o projeto-piloto com-pleta um ano e encerra o prazo de validade do acordo. Quais os próxi-mos passos?

Até agosto, vamos avaliar o desenro-lar do projeto através do Comando Na-cional dos Bancários. Já temos reuniões agendadas para o final de fevereiro e outras pré-marcadas para serem reali-zadas em Recife e São Paulo. Depois de fazer o balanço e verificar se as medidas foram positivas para combater o crime, vamos lutar, na Campanha Nacional deste ano, para garantir que os itens sejam estendidos para agências e postos de serviço de todo o país. Vale

destacar que é enorme a expectativa dos bancários em todo o Brasil com os resultados do projeto-piloto. Todos querem mais segurança e precisamos avançar neste debate. Não podemos ficar parados diante das 65 mortes ocorridas em assaltos envolvendo bancos em 2013. Precisamos proteger a vida das pessoas.

Pesquisa coordenada pela Contraf mostra que os bancos só investem 5% do lucro em segurança. É muito pouco. Qual valor seria necessário para garantir a proteção da vida de bancários e clientes?

No mínimo o dobro do que investem hoje. Os bancos não respeitam nem a Lei 7.102, que dispõe sobre segurança para estabelecimentos financeiros. E olhe que esta lei é de 1983 e está completamente desatualizada. Só no ano passado, os bancos receberam mais de R$ 24 milhões em multas da Polícia Federal por descumprirem a lei. Queremos que os bancos tratem a segurança como investimento e não como custo que pode ser cortado para aumentar o lucro.

Entrevista Ademir Wiederkehr

ADEMIR, AO LADO DA PRESIDENTA DO SINDICATO,JAQUELINE MELLO, PARTICIPA DA REUNIÃO DO GRUPO

DE ACOMPANHAMENTO DO PROJETO-PILOTO

O SINDICATO E A CONTRAF-CUT, JUNTO COM A FEBRABAN, REALIZARAM EM JANEIRO REUNIÕES COM REPRESENTANTES DAS 209 AGÊNCIAS DE RECIFE, OLINDA E JABOATÃO QUE RECEBERAM OS ITENS DE SEGURANÇA DO PROJETO-PILOTO

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Trabalho Discriminação

Camisa engomada, gravata impecável, calça social , sapatos brilhantes e a barba bem feita. Tailleur, salto

alto, maquiagem sóbria, mas que res-salte a beleza da mulher. É assim que o banco obriga você a trabalhar todos os dias? Pois saiba que a Justiça tem condenado as companhias pela cha-mada discriminação estética; quando essas exigências ultrapassam o limite do razoável.

Mulheres acima do peso, homens com barba e cabelos compridos, pesso-as consideradas fora do padrão estético têm acionado a Justiça do Trabalho para decidir os limites de interferên-cia das empresas na aparência de seus empregados. Os manuais de conduta, comuns nos bancos, são aceitos pelo Judiciário, mas os abusos são coibidos com veemência.

O Bradesco, por exemplo, foi conde-nado recentemente por proibir o uso de barba por seus funcionários - vedação que chegou a constar no manual de regras da empresa, segundo o processo. A decisão do juiz Guilherme Ludwig, da 7ª Vara do Trabalho de Salvador, determinou o pagamento de R$ 100

Com que roupaeu vou?Bancos exigem padrão estético dos bancários que, muitas vezes, é abusivo e condenado pela Justiça

mil por dano moral à coletividade dos trabalhadores, a retirada da previsão do manual da instituição e a publicação de retratação em jornais locais.

A decisão foi tomada em uma ação civil pública ajuizada em fevereiro de 2008, pelo Ministério Público do Trabalho (MPT). O magistrado entendeu que a regra era abusiva e violaria o artigo 3º, inciso IV, da Constituição. O dispositivo proíbe preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.

Em uma outra ação contra o banco, um advogado que trabalhou no departa-mento jurídico da instituição também alegou discriminação estética pelo mesmo motivo. Segundo seu depoimento no processo, um de seus chefes falava, de forma reiterada e usual, na frente de colegas, que “barbicha não era coisa de homem”.

A 6ª Turma do TST, porém, não concedeu a indenização porque as testemu-nhas teriam entrado em contradição sobre quem seria o gerente responsável pela humilhação. Ainda assim, o ministro Augusto César Leite de Carvalho, relator

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do recurso, deixou claro em seu voto que “a exigência imposta pela empresa de trabalhar sem cavanhaque ou sem barba pode afetar o direito à liberdade, à intimidade, à imagem, previstos na Constituição”.

Como não há regra que defina clara-mente em quais situações as empresas podem interferir na aparência de seus funcionários, as decisões têm sido tomadas a partir da aplicação de dois princípios constitucionais: dignidade da pessoa humana e razoabilidade.

A Convenção nº 111, da Organização Internacional do Trabalho (OIT), ra-tificada pelo Brasil, já trazia previsão relativa à discriminação. Segundo a convenção, é discriminação todo o ato, fato ou comportamento que tenha por objetivo dar preferência ou excluir alguém.

Foi o que ocorreu com um profes-sor de educação física obeso, de uma escola de Maringá (PR). Ele foi inde-nizado em R$ 10 mil ao alegar que foi chamado de gordo e de ser incapaz de ser bom professor de educação física.

A decisão da 6ª Turma do TST foi unâ-nime. Para o relator, ministro Aloysio

Corrêa da Veiga “deve a empresa cuidar para um ambiente de respeito com o trabalhador, não possibilitando posturas que evidenciem tratamento pejorativo, ainda mais em razão da condição física, o que traz sofrimento pessoal e íntimo ao empregado, pois além de ser gordo ainda tem colocado em dúvida a sua competência profissional”.

Uma trabalhadora das lojas C&A, em Curitiba, que alegou ter sido con-siderada feia e velha para os padrões estéticos da empresa, também obteve indenização de R$ 30 mil no TST. Se-gundo testemunhas, seu superior teria dito que “ela era bonita do pescoço para cima, e do pescoço para baixo era feia”.

Para a funcionária, a demissão aconteceu em função da idade e por critérios relacionados à aparência físi-ca. A trabalhadora foi contratada como vendedora aos 28 anos e demitida aos 38 anos.

DITADURA DA BELEZAPara o secretário de Bancos

Privados do Sindicato, G e r a l d o

Times, os bancos exigem um padrão estético e de vestimenta de seus fun-cionários que só reproduz a ditadura da beleza imposta pela mídia.

“É um absurdo que os bancários sejam obrigados a usar camisa e gravata em pleno calor do Recife. É inaceitável que uma bancária seja obrigada a estar dentro do peso e ser linda e maravilhosa todos os dias. As pessoas de fora veem os bancários bem vestidos e acham que somos bem remunerados, de classe mé-dia alta. Não sabem que a nossa catego-ria é uma das que mais adoece por conta da pressão por metas, do assédio moral, dos abusos dos bancos - que não pagam nenhuma verba para a vestimenta dos seus funcionários, diga-se. O Sindicato luta para que todos tenham qualidade de vida, saúde e felicidade no trabalho e fora dele. Isso sim é que é beleza”, finaliza Geraldo.

Trabalho Discriminação

Com informações do Valor Econômico

GERALDO TIMES

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Cultura Dicas

Urso PédeCanaA troça sai em Olinda, na terça de car-

naval. Acompanhada por um trio pé-de--serra, percorre as ruas pedindo bebida, ao invés de dinheiro. Este ano, a troça homenageia a carnavalesca Dona Dá. As camisas custam R$ 20 e dão direito a duas cervejas e um prato de dobradinha.

Boi da MacucaO Boi da Macuca comemora 25 anos

com um festival cultural nos dias 14, 15 e 16, na Fazenda Macuca, em Correntes. A programação inclui roda de poesia, cantoria de viola, coco, forró, frevo e maracatu. Mais informações em www.boidamacuca.com.br.

CARNAVALRECOMENDADOS

Enquanto o carnaval não chega, não faltam prévias para esquentar as turbinas. O Guaiamum Treloso festeja 20 anos no Baile Perfumado, dia 14, com Marcelo D2, banda Zé Cafofinho e Orquestra do Sucesso. No dia seguinte, tem a prévia do Enquanto Isso na Sala de Justiça, no pavilhão do Centro de Convenções, com Titãs, Banda Eddie, Academia da Berlinda e a Super Orquestra de Frevo. No mesmo dia, tem também o Bal Masqué, no Clube Internacional, e o De Bar em Bar, cujo percurso vai da Academia Hi, localizada no Espinheiro, até a Arena de Bar em Bar, no Clube Português. Na semana seguinte, é a vez da prévia do Siri na Lata, do I Love Cafuçu, entre outras. Quer saber mais? Acesse: www.programacaocarnavalrecife.com.br/noticias-e-artigos.

Em pique de carnavalEste ano, o carnaval acontece no comecinho de março. O

primeiro dia do mês coincide com o sábado de Zé Pereira. Portanto, a agenda cultural carnavalesca não pode esperar a próxima edição da revista. A programação do Recife já está fechada. São 63 polos, o homenageado é Antônio Carlos Nóbrega e a abertura é na sexta, 28. Confira em www.pro-gramacaocarnavalrecife.com.br. Em Olinda, já tem bloco na rua desde o início do ano. Mas a programação oficial ainda não fora divulgada no fechamento desta edição (carnaval.olinda.pe.gov.br). Tem folia no estado inteiro: em Bezerros, o destaque são os Papangus no domingo de Momo, mas a programação inclui nomes como Alceu Valença, Almir Rou-che, Maestro Spock e Fafá de Belém; em Triunfo, os caretas desfilam na segunda-feira de Carnaval. Em Arcoverde, o Carnaval Folia dos Bois também tem vários polos, com destaque para o boiódromo da Praça da Bandeira.

ENQUANTO MOMO NÃO VEM...

PREF

EITU

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CIFE

A PRÉVIA DO “ENQUANTO ISSO NA SALA DE JUSTIÇA” É NO DIA 15

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Cultura Bancário Artista

KAYO VINICIUS NARCISO

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Sete anos atrás, um grupo de adoles-centes de Salgueiro decidiu criar uma banda de rock. A maioria já tocava algum instrumento. Kayo

Vinicius não. Era, no entanto, primo de baterista, sua família tinha um estúdio de gravação e ele tinha com a música uma relação especial. Decidiu encarar o desafio e aprender, na prática, aquilo que até então ele apenas ouvia tocar. Começou aí sua trajetó-ria como baterista da Banda Ressonância.

Deu certo. O grupo continua firme e forte, apenas um pouco menor. Dos cinco fundadores, restaram três: Kayo, na bateria; Erick, na guitarra; e Rubens, no baixo e na voz. No repertório, clássicos do rock nacional e internacional e também com-posições próprias.

O rock queressoa no SertãoDurante o dia, Kayo é bancário do Bradesco, em Cabrobó. De noite, ele se livrada farda engomada para virar roqueiro e assumir a bateria da banda Ressonância

“Aqui no Sertão, o cená-rio é meio complicado pra banda de rock. Mesmo as-sim, a gente faz uma média de duas a três apresentações por mês, tanto em Salgueiro como em outras cidades, como Cabrobó, Serra Talhada e Petrolina”, conta o baterista.

Kayo Vinicius Narciso é também bancário. Há três anos, faz parte dos quadros do Bradesco em Cabrobó. Mora em Salgueiro, onde faz a faculdade de administração. Além disso, tem com um irmão um estúdio de produção, que grava os CDs e vídeos, não apenas da Ressonância, como também de outras bandas locais.

Conciliar todas estas atividades nem sempre é tarefa fácil: “Geralmente, a gente ensaia nos domingos à tarde ou em dias de semana à noite, quando não tem faculdade. Mas, às vezes, quando a agenda aperta, ensaiamos até de madrugada”, conta o baterista, bancário e produtor.

Atualmente, a banda está em pique de produção de seu primeiro CD, com perspectiva de ficar pronto em abril. O grupo tem vários clips gravados; site com fotos, vídeos e músicas para download; e página no Facebook. Quer conhecer mais: acesse www.ressonanciarock.com.br ou curta a fanpage Ressonancia Rock.

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Turismo Conheça Pernambuco

Há oito anos, a cidade de Olinda, que já se orgulhava de ser o segundo município brasileiro a receber o título de Patrimônio

Histórico e Cultural da Humanidade, pas-sou a ostentar mais uma glória: tornou-se a primeira Capital Brasileira da Cultura. Boa parte dos méritos para a conquista do título vem do Carnaval.

Em fevereiro ou março, as ruas da ci-dade ganham ainda mais cores do que as de seus sobrados. As ladeiras se enchem de música: orquestras de frevo, batuques de maracatu e afoxé. No lugar aportam bonecos gigantes, papangus, caboclos de lança, La Ursas, bois e burrinhas em uma festa sem trios nem cordões de isolamento. Nos blocos se misturam todos os segmen-tos sociais, de todas as idades, das mais diversas crenças.

Nesta época, o melhor é chegar logo cedo, antes das 11 horas – que é quando começam a sair os blocos. Para quem quer ver o carnaval, mas não está disposto a acompanhar os blocos, a dica é escolher pontos como a Rua da Boa Hora, o Largo do Guadalupe ou o Largo do Amparo. São locais por onde passam muitas troças, mas que concentra tanta gente quanto em locais como os Quatro Cantos, o Bonfim ou as imediações da Prefeitura.

Mas, para quem está disposto a seguir

as orquestras, tem bloco para todos os gostos. Blocos tradicionais, como Vassourinhas, Elefante, Pitombeiras; blocos que arrastam multidões como O Homem da Meia Noite e o Ceroulas; blocos que fazem percursos mais alternativos e evitam os focos; blocos líricos, maracatus, afoxés, caboclinhos, ursos, bois e milhares de troças. É só escolher e acompanhar.

Detalhe: apesar de se concentrar, sobretudo, durante o dia, em Olinda não tem hora pra folia acabar. No sábado de Zé Pereira, por exemplo, o Homem da Meia Noite faz seu percurso nas madrugadas e entrega ao Cariri a chave de Momo, para que o bloco amanheça o dia nos festejos.

Mas não é só no período de Momo que Olinda pode se orgulhar de ser a Capital da Cultura. Passear por suas ladeiras, por si só, já é um encantamento. Os sobrados e igrejas preservam lembranças do período colonial. No entanto, há mais que isso em Olinda: uma atmosfera diferente, que inspira artistas, poemas e canções, como bem escreveu o poeta Carlos Pena Filho:

“Olinda é para os olhos / Não se apalpa, é só desejo / Ninguém diz: é lá que eu moro / Somente diz: é lá que eu vejo”.

OLINDA

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