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Revista Mensal sobre Saúde MentalTRANSCRIPT
CLIPPING VIVAVOZ
Fonte: G1 Seção:Bem
Estar
Página: Data: 30/12/2012
Hospitais terão vacina contra vício de cocaína em até 3 anos, prevê médico
Injeção tem função terapêutica e não previne vício, mas ajuda a tratá-lo.
Método também vai servir contra crack, diz pesquisador.
Rafael SampaioDo G1, em São Paulo
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Cocaína apreendida (Foto: Claudio
Oliveira/EPTV)
Uma vacina contra o vício em cocaína deve estar pronta para ser usada em hospitais em até três
anos, disse em entrevista ao G1 um dos principais pesquisadores do projeto para desenvolver o
produto nos Estados Unidos, o professor de psiquiatria da Universidade Baylor de Medicina, Thomas
Kosten.
O tratamento tem função terapêutica e não "previne" o vício, mas fortalece o sistema imunológico do
dependente e ajuda a combater o uso da droga, segundo o médico. "Ela [a vacina] ajuda a produzir
anticorpos específicos contra a cocaína", ressalta.
O princípio da vacina é o de vincular uma quantidade bem pequena da droga a uma proteína
inofensiva. A substância resultante da combinação, ao ser injetada no organismo do viciado, faz com
que seu sistema imunológico produza anticorpos contra a cocaína e a proteína, ressalta Kosten.
"Estes anticorpos 'seguram' a cocaína no sangue e evitam que ela chegue ao cérebro, prevenindo
efeitos da droga, como euforia", afirmou o médico.
Os testes, até agora, indicaram que 40% dos vacinados tiveram redução no uso da cocaína. Após
receber as aprovações necessárias do governo dos EUA, a vacina deve estar disponível também em
farmácias, diz Kosten.
Contra o crack
A vacina também vai servir contra o vício em crack. O tratamento exige cinco rodadas de injeções ao
longo de 12 semanas, para que sejam produzidos anticorpos em nível adequado. Após isso, é
necessária uma nova aplicação a cada três meses, para fortalecer o sistema imunológico do
dependente.
"Não há, até agora, efeitos colaterais ou riscos significativos observados", diz Kosten. Ele ressalta
que a vacina pode, em teoria, ser usada por mulheres grávidas, "mas não há planos de testar neste
segmento da população".
Recaídas
A injeção pode servir para evitar recaídas em viciados sob tratamento, entre outras funções, afirma o
médico. "Um novo estudo nacional para medir a eficácia da vacina acabou de ser finalizado, e os
resultados devem ser liberados na primavera de 2013 [entre março e abril, segundo as estações do
ano nos EUA]."
A vacina é um "bloqueador", então seu uso deve evitar overdoses de cocaína, ressalta Kosten. Além
das injeções, ele aponta que é importante que os viciados passem por terapia com psicólogos e
tratamentos auxiliares, para se recuperar totalmente.
"É preciso pelo menos mais um teste clínico antes que o tratamento possa ser analisado pela FDA
[agência de controle de medicamentos dos EUA], para distribuição no país", pondera o médico.
Outras injeções
Kosten diz estar pesquisando injeções para tratar outros tipos de vício em drogas. Entre as
substâncias cujo vício pode ser combatido estão a morfina e a metanfetamina. "As vacinas estão
sendo testadas em animais. No caso da metanfetamina, talvez em dois anos nós consigamos testar
em humanos", diz o médico.
Os primeiros testes de vacinas contra drogas realizados em humanos ocorreram em 1996, e o
primeiro estudo clínico do tratamento contra cocaína foi em 2009, de acordo com Kosten.
CLIPPING VIVAVOZ
Fonte: Conjur Seção:Bem
Estar
Página: Data: 29/12/2012
Nova Lei Seca atende parcialmente ao fim a que se propôs
Por Paulo José Rezende Borges
A nova Lei Seca (Lei 12.760) entrou em vigor nos últimos dias (21/12/12) e já promete polêmica. No afã de endurecer o tratamento dado aos motoristas que dirigem após o consumo de álcool e outras substâncias psicoativas, o tiro do legislador saiu pela culatra, pela segunda ocasião seguida.
A célere votação da nova Lei Seca foi uma reação do Congresso à decisão da 3a Seção do
Superior Tribunal de Justiça (REsp 1.111.566/DF), que confirmou que somente o bafômetro ou exame de sangue atestariam a embriaguez para fins penais na vigência da “antiga” Lei Seca.
A redação da “antiga” Lei Seca punia criminalmente aquele que dirigia veículo automotor “estando com concentração de álcool por litro de sangue igual ou superior a 6 (seis) decigramas”. Pela redação dada à norma, tornavam-se imprestáveis provas testemunhais ou de vídeo que, por óbvio, não seriam aptas a demonstrar a exata quantidade de álcool no sangue do motorista.
A decisão do STJ apenas confirmou que a má redação dada ao artigo 306 do Código de Trânsito Brasileiro não poderia ser flexibilizada pelo Judiciário: se o intuito é demonstrar a embriaguez por outros meios de prova, outra lei deveria ser elaborada.
A nova Lei Seca atende parcialmente ao fim a que se propôs, estabelecendo claramente a possibilidade de se utilizar “teste de alcoolemia, exame clínico, perícia, vídeo, prova testemunhal ou outros meios de prova em direito admitidos, observado o direito à contraprova”.
O problema é a nova brecha criada pelo legislador. A redação dada ao CTB exige que a capacidade psicomotora do motorista esteja alterada para a ocorrência do crime. Por um lado, a lei estabeleceu um patamar máximo de alteração da capacidade psicomotora que é admitido e não configura crime (concentração menor do que 0,6dg de álcool por litro de sangue ou 0,3mg de álcool por litro de ar alveolar). Por outro lado, a mesma lei garante, em qualquer hipótese, o direito à contraprova.
Assim, os limites máximos de consumo de álcool previstos na lei estabelecem presunções relativas de alteração da capacidade psicomotora, admitindo contraprova pelo motorista, que poderá demonstrar que a quantidade de álcool que consumiu não altera sua capacidade psicomotora mais do que o permitido (lembrando que a lei permite certo grau de alteração na capacidade psicomotora). É dizer, o motorista submetido ao teste do bafômetro com 0,5mg de álcool por litro de ar alveolar poderá demonstrar pericialmente que sua capacidade psicomotora para condução de veículo se equipara à sua capacidade com concentração de 0,25mg de álcool por litro de ar alveolar.
CLIPPING VIVAVOZ
Fonte: Carta
Capital
Seção: Página: Data: 30/12/2012
Vício 2.0
À primeira vista o cigarro eletrônico pode parecer esquisito e, sejamos francos, um tanto
ridículo. Pode-se também pensar que é mais um aparato da moda dos moderninhos – os tais
dos hipsters. Mas é só à primeira vista. Dando outra chance e olhando mais de perto é possível
simpatizar com o produto e, até quem sabe, ser mais um adepto das tragadas de vapor.
O cigarro eletrônico, que ainda não é regulamentado no Brasil. Foto: Galeria de KaiChanVong
O princípio é simples: ao invés da fórmula tradicional de tabaco, papel e filtro, um dispositivo
eletrônico com cartucho, bateria e atomizador. Alguns modelos ainda oferecem uma “brasa” em
LED na ponta que acende quando o aparelho é tragado, mas esse modelo parecido com o
cigarro convencional é rapidamente abandonado pelos usuários de e-cigarrettes. Nos
aparelhos eletrônicos, cada vez que o ar é puxado pelo cartucho, onde estão os aromatizantes,
um dispositivo ativa o atomizador que por sua vez produz vapor.
Se bem que os entusiastas do produto garantem que o cigarro eletrônico não tem nada a ver
com os “analógicos”, como chamam os cigarros convencionais. “São experiências
completamente diferentes, desde a própria composição até o gosto e o cheiro. Por isso
preferimos chamar de vaporizador pessoal, para diferenciar”, explica Edson Shigueru, micro
empresário paulista de 44 anos, administrador de um fórum sobre os e-cigarettes.
Shigueru fumava quase um maço por dia, até que descobriu os vaporizadores pessoais, há um
ano e meio: “Parei de fumar no primeiro dia. Comprei mesmo com essa intenção, já que sofria
muito de sinusite e rinite. Depois que fiz a troca melhorou muito, voltei até a jogar bola. Sem
falar na melhora do olfato e do paladar”.
Outra vantagem apontada pelos usuários é a possibilidade de voltar a fumar em lugares
fechados. “É só tapar o LED na ponta que ninguém nem percebe”, diz a funcionária pública
gaúcha Mara Schafer, de 50 anos. “Ainda fumo os tradicionais, mas diminui muito,
principalmente nas saídas noturnas quando meu consumo de cigarros dobrava junto com a
cerveja. Agora nas baladas só levo o eletrônico”, conta.
Os olhares de curiosidade das outras pessoas podem ser um pouco incômodos, assim como
possíveis piadinhas: “Alguns dos meus amigos arregalaram os olhos no ínicio, foi engraçado.
Mas depois curtiram e hoje sou obrigada a levar uma bateria extra pra poder dividir meu cigarro
com eles”, diz Mara. O bancário carioca Victor Deveza, de 31 anos, concorda: “Meus amigos
acharam estranho quando viram, mas se acostumaram e alguns já aderiram também. Mas só
fumo em casa, pois na rua as pessoas olham torto, acham que é droga”. Victor parou de fumar
os cigarros de tabaco há dois anos, quando descobriu os aparelhos eletrônicos.
A maior parte dos adeptos aderiu aos vaporizadores justamente por influência dos amigos. O
marketing do produto é feito apenas pelo boca-a-boca, já que sua comercialização no Brasil é
proibida e a compra do produto é feita ou através de sites estrangeiros (e nacionais, agindo
ilegalmente) ou durante viagens ao exterior. Apesar da venda não ser regularizada, os usuários
não cometem nenhuma infração e não podem ser sancionados pela utilização do aparelho.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) explica que falta comprovação científica
das alegações terapêuticas para o tratamento do tabagismo e do suposto risco reduzido em
relação aos cigarros convencionais. Alguns testes concluídos indicaram a presença de
produtos cancerígenos, como a nitrosomina, mas usuários alegam que a composição dos
primeiros dispositivos vindos da China (os e-cigarettes foram patenteados no país asiático em
2003) já foram modificados.
Simone Chiapetta, chefe do laboratório de Tabacos e Derivados do Instituto Nacional de
Tecnologia, onde foram realizadas as pesquisas para a Anvisa, explica que é difícil escolher
um dispositivo para análise: “Não há um controle de produtos, pode chegar no país todo tipo de
aparelho de má qualidade. Então analisamos o que há no mercado”. Chiapetta afirmou também
que o laboratório já está com material para uma nova pesquisa que deverá ser iniciada em
alguns meses. “Há uma pressão da Anvisa para concluir definitivamente esse caso”, informou.
As associações antifumo são prudentes e dizem aguardar o parecer da Anvisa sobre os
impactos do produto na saúde dos usuários, mas reconhecem os benefícios imediatos do
cigarro eletrônico, como a inexistência da figura do fumante passivo. “Sem dúvida o dispositivo
eletrônico traz menos prejuízo em todos os sentidos, seja na saúde, no convívio social e no
meio ambiente. Mas ainda assim concordo com o posicionamento de precaução da Anvisa”,
argumenta Wilson Bespalhuk, representante da Associação Mundial Antitabagismo e
Antialcoolismo no Brasil.
Um impasse acontece também na possível classificação do produto. A primeira opção seria na
categoria de “derivado de tabaco”. No entanto, alega-se que o cigarro eletrônico não contém
tabaco, apenas nicotina, ainda assim opcional. Outra saída seria enquadrar o aparelho como
um tratamento contra o tabagismo, como é feito em alguns países, mas esse caminho dificulta
a regulamentação, já que sua eficiência é difícil de ser comprovada cientificamente, mesmo
com inúmeros depoimentos positivos. Não é todo mundo que se adapta a trocar a fumaça
densa do cigarro por um vapor aromático.
A quantidade de nicotina pode ser controlada pelo usuário e diminuída de acordo com sua
vontade. “O próprio corpo vai pedindo pra baixar, é natural”, garante Shigueru, que hoje
vaporiza três vezes menos nicotina do que quando começou. O líquido depositado no
dispositivo pode ser comprado pela internet, mas também pode ser produzido em casa e
adaptado ao gosto de cada usuário. Há diversos sabores como café, banana ou tabaco.
O preço do aparelho varia entre 150 e 300 reais, de acordo com o modelo. Os semi-
descartáveis são mais em conta. Substituíndo o fumo convencional acaba compensando
financeiramente, a não ser que a pessoa descubra um novo hobby e passe a comprar todas as
novidades do mercado.
No exterior, as discussões sobre a legalização e os limites dos vaporizadores pessoais também
geraram polêmica. Nos Estados Unidos o e-cigarrette foi proíbido pela FDA (Food and Drug
Administration) em 2010, mas no ano seguinte os produtores entraram na Justiça e
conseguiram sua liberação. Países como França, Itália, Portugal, Canadá, Noruega, entre
outros, legalizaram o produto, limitando apenas alguns aspectos como a idade do consumidor.
A Austrália classificou toda e qualquer nicotina, exceto cigarros convencionais e tratamentos
antitabaco, como veneno, incluindo também os vaporizadores.
No Brasil, a popularização dos cigarros eletrônicos vai depender muito da decisão da Anvisa de
legalizar ou não sua comercialização. Enquanto isso, o número de adeptos aumenta
timidamente, mas quem entra para o grupo não se arrepende: “Sei que não é um produto
totalmente inofensivo, mas troquei 4.500 substâncias nocivas por quatro. Acho que foi um bom
negócio”, conclui Shigueru.