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Revista de Farmácia das Faculdades Santo Agostinho, v. 4, n. 1/2014 1 REVISTA DE FARMÁCIA das Faculdades Santo Agostinho REVISTA DE FARMÁCIA das Faculdades Santo Agostinho

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REVISTA DE FARMÁCIAdas Faculdades Santo AgostinhoREVISTA DE FARMÁCIA

das Faculdades Santo Agostinho

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Revista de Farmácia das Faculdades Santo Agostinho v. 4 n. 1 2014

ISSN 2236-5273

REVISTA DE FARMÁCIAdas Faculdades Santo Agostinho

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OrganizadorProf. Ms. Flávio Júnior Barbosa Figueiredo

Corpo EditorialProf. Ms. Flávio Júnior Barbosa Figueiredo

Profa. Dra. NádiaAllesio VelosoProfa. Ms. Pollyanna Alvaro SpósitoProfa. Dra. Viviane Aguiar AndradeProf. Ms. Waldemar de Paula Júnior

Diagramação/CapaMaria Rodrigues Mendes

REVISTA ELETRÔNICA DE FARMÁCIA DAS FACULDADESSANTO AGOSTINHO

Faculdade de Saúde e Desenvolvimento Humano Santo Agostinho

Revista de Farmácia das Faculdades Santo Agostinho / Faculdades Santo Agostinho.- Vol. 4, n. 1, -.- Montes Claros : Faculdades Santo Agostinho, 2013 - v. : il. 21 cm.

AnualVol. 4, n. 1, 2014.Organizador: Flávio Júnior Barbosa Figueiredo; Pollyanna Alvaro SpósitoISSN 2236-5273

1. Saúde. 2. Medicamentos. 3. Farmacologia. I. Faculdades Santo Agostinho. II.Título

CDU: 615

Catalogação Bibliotecário Edmar dos Reis de Deus. CRB 6-2486

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ANÁLISE DA QUALIDADE DE Eugenia caryophyllos (CRAVODA ÍNDIA) COMERCIALIZADA EM MONTES CLAROS –MINAS GERAISDURÃES, C. K. A.; MARTINS, E. P.; OLIVEIRA, B. R.;FAGUNDES, G. D. J. S.; ANDRADE, V. F. .................................

ANÁLISE DA QUALIDADE DE Stryphnodendron adstringens(BARBATIMÃO VERDADEIRO) COMERCIALIZADO EMMONTES CLAROS – MGANTUNES, L. R.; CRISÓSTOMO, L. A.; FAGUNDES, G. J. S.;MIRANDA, S. E. O.; ANDRADE, V. F. ......................................

ATIVIDADE ANTIOXIDANTE DO EXTRATO FLUÍDO DAPassiflora setacea DC. (MARACUJÁ DO SONO)ANDRADE, V. F.; OLIVEIRA, C. S.; REIS; L.N.; FERREIRA,J. T. G. ...........................................................................................

AVALIAÇÃO DAS NOTIFICAÇÕES DE REAÇÕES ADVERSASA MEDICAMENTOS EM PACIENTES HOSPITALIZADOS:UMA REVISÃOLEAL, C. D. S.; REIS, J. A.; SILVA, D. S.; RODRIGUES, D. A. ...

AVALIAÇÃO DOS SERVIÇOS FARMACÊUTICOS NAINTERAÇÃO MEDICAMENTOSA EM PACIENTESGERIÁTRICOS HOSPITALIZADOS: UMA REVISÃOPEREIRA, L. T.; RIBEIRO, S. R.; SANTOS, D. S.;ALENCAR, D. R. ..........................................................................

Sumário

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CONHECIMENTO SOBRE BIOSSEGURANÇA E PERCEPÇÃODA BIOTECNOLOGIA ENTRE PROFISSIONAIS VINCULADOSA EMPRESAS DE BASE TECNOLÓGICA E INSTITUIÇÕES DEENSINO SUPERIOR DE MONTES CLAROS- MGPEREIRA, D. F. S.; SANTOS, V. M.; SAMPAIO, D. T.;XAVIER, M. A. S.; MENDES, A. J.; BARRETO, N. A. P.;XAVIER, A. R. E. O. .................................................................

CONSUMO DE ISOTRETINOÍNA POR ADOLESCENTES EADULTOS E A INCIDÊNCIA DE EFEITOS COLATERAIS NOMUNICÍPIO DE MONTES CLAROS, MGDIAS, D. S.; SILVA, V. F. L.; VELLOSO, N. V.; FRANÇA, F. D....

ESTUDO DOS POTENCIAIS EFEITOS DAS INTERAÇÕESENTRE MEDICAMENTOS E PRODUTOS NATURAIS: UMAREVISÃOCHAVES, B.; QUEIROZ, P. C.; ANDRADE, V. A.;FIGUEIREDO, B. F. J. ................................................................

INCIDÊNCIA DA DENGUE NO MUNICÍPIO DE JEQUITAÍ,MG, ENTRE OS ANOS DE 2008 E 2013MORAES, C. G. dos S.; JESUS, F. A. de; SPÓSITO, P. A. F. ......

INSTRUÇÕES AOS AUTORES..............................................

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ANÁLISE DA QUALIDADE DE Eugenia caryophyllos(CRAVO DA ÍNDIA) COMERCIALIZADA EM MONTESCLAROS – MINAS GERAIS

DURÃES, C. K. A.1; MARTINS, E. P.1; OLIVEIRA, B. R.1;FAGUNDES, G. D. J. S.1; ANDRADE, V. F.2

Resumo: O cravo da índia (Eugenia caryophyllos) é muito empregadona culinária e em fins terapêuticos como antissépticos,antimicrobianos, analgésicos, sedativos, anti-inflamatórios,espasmolíticos e anestésicos locais. Devido à ausência dafarmacovigilância em relação às plantas medicinais, encontram-seescassas as boas práticas de fabricação e comercialização, resultandoem baixa qualidade de fitoterápicos. O presente trabalho teve comoobjetivo a análise da qualidade de Eugenia caryophyllos (cravo da índia)comercializada em Montes Claros – Minas Gerais. Foram analisadastrês amostragens de cravo da índia adquiridas em uma farmácia, umsupermercado e um mercado livre situados nesta cidade. Os testesrealizados foram: análise das embalagens; descrição macroscópica emicroscópica; determinação de: material estranho, água, cinzas totaise óleos essenciais; e a identificação dos componentes do óleo essenci-al por Cromatografia de Camada Delgada, conforme sua monografia.

1 Acadêmico, Departamento de Farmácia, Faculdades Santo Agostinho, Montes Claros- MG, Brasil.

2 Professora, Departamento de Farmácia, Faculdades Santo Agostinho, Montes Claros- MG, Brasil. E-mail: [email protected]

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As amostras analisadas são desprovidas de informações adequadasnas embalagens, sendo que uma destas não apresenta qualquer infor-mação técnica. O material estranho mais encontrado é representadoprincipalmente por partes da própria planta: talos e pedúnculos. Alémdisso, foi verificado que todas as amostras analisadas estão fora dospadrões aceitáveis de umidade e cinzas. E estavam de acordo com ospadrões exigidos pela legislação, em relação à dosagem de óleo essen-cial e a sua composição. Apesar disso, pode-se concluir que a qualida-de dessas amostras está fora dos padrões de qualidade exigidos pelalegislação podendo atribuir riscos à saúde dos usuários, pois não seapresentam totalmente conforme as exigências sanitárias, sendo ne-cessárias medidas de fiscalização e vigilância mais eficazes.

Palavras-chaves: qualidade, cravo da índia, fitoterápicos.

Abstract: The dianthus (Eugenia caryophyllos) is widely used in cookingand for therapeutic purposes as antiseptic, antimicrobial, analgesic,sedative, anti-inflammatory, spasmolytic and local anesthetic. Due tothe lack of surveillance in relation to medicinal plants, is scarce goodmanufacturing practices and marketing, resulting in poor quality ofherbal medicines. The present study aimed to analyze the quality ofEugenia caryophyllos (dianthus) marketed in Montes Claros - MinasGerais. Three samples of clove purchased at a pharmacy, a supermarketand a free market located in this city were analyzed. Tests included:analysis of packaging; Macroscopic and microscopic description;determination: weird stuff, water, total ash and essential oils; and theidentification of essential oil components by thin layerchromatography, as his monograph. The samples analyzed are devoidof adequate information on packages, and one of these has notechnical information. The foreign material is found more especiallyrepresented by parts of the plant itself: stems and stalks. Furthermore,it was found that all samples are outside the acceptable standards ofmoisture and ash. And were in accordance with those required by law,

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in relation to the dosage of essential oil and its composition patterns.Nevertheless, it can be concluded that the quality of these samples isoutside the standards of quality required by the law may allocate risksto the health of users, by not being fully present as the healthrequirements, necessary measures for monitoring and surveillance ismore effective.

Keywords: quality, dianthus, phytotherapics.

INTRODUÇÃO

A utilização de plantas medicinais tem sido um grande recurso dacomunidade para tratar e curar doenças, fornecendo atividades tera-pêuticas de grande eficácia (MACIEL, 2002).

As indústrias de medicamentos, alimentos e produtos voltados para aárea cosmética tem mostrado grandes interesses por produtos deriva-dos de plantas medicinais, exigindo pesquisas altamente qualificadasque visam garantir a qualidade dos produtos (LIMA, 2010). A partirdas plantas medicinais, podemos obter vários tipos de princípios ati-vos, entre eles, os óleos essenciais, que são misturas complexas volá-teis extraídas de várias partes dessas plantas. Tratam-se de compostossimples, de solubilidade limitada em água (mas suficiente paraaromatizar soluções aquosas), solúvel em solventes orgânicos, trans-parentes ou de coloração levemente amarelada e sabor ácido(RABÊLO, 2010). Geralmente são instáveis na presença de luz, ar,calor, objetos metálicos e excesso de umidade (VITTI; BRITO, 2003).

O cravo da índia (Eugenia caryophyllos) pertence à família Myrtaceae,tem um extenso porte e pode chegar de 12 a 15 metros de altura(RABÊLO, 2010). É muito empregado na culinária e em fins

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terapêuticos (AFFONSO, 2012). Segundo Rabêlo, 2010, a copa é bemverde de formato piramidal, as folhas são semelhantes às do louro,ovais, opostas e de coloração verde brilhante com numerosas glându-las de óleo visíveis contra a luz.

Seu óleo essencial possui uma gama de aplicações no que diz respeitoao tratamento de enfermidades. É extraído a partir do botão floralseco, que também é utilizado como tempero (AFFONSO, 2012), de-vido ao seu marcante aroma e sabor originado de um composto volá-til chamado eugenol (MAZZAFERA, 2003). É o principal compo-nente na composição química do óleo, apresentando efeitos: anti-in-flamatório, cicatrizante, antibactericida, antisséptico, analgésico, po-dendo também ser usado para náuseas, flatulências, má digestão ediarreia (SILVESTRI, 2010).

Devido à ausência da farmacovigilância em relação às plantas medi-cinais, encontram-se escassas as boas práticas de fabricação ecomercialização, resultando em baixa qualidade de fitoterápicos (BAR-BOSA, 2010). Para obtermos um fitoterápico de boa qualidade, sãonecessárias as várias etapas da cadeia produtiva, como: práticas apro-priadas de identificação, sistema de cultivo, coleta, manipulação ade-quada, secagem, armazenagem e transportes. De acordo com a RDC14/2010, os fabricantes, ao registrar esses produtos, plantas medici-nais, devem dispor de testes que avaliem as aflatoxinas (grupode micotoxinas produzidas por muitas das espéciesdo fungo Asper gillus, tais como Asper gillus flavus, Asper gillusniger e Aspergillus parasiticus) e testes físico - químicos.

O controle de qualidade das plantas medicinais vai desde a obtençãoda matéria - prima, processo de produção e análise do produto acaba-do, considerando sua perspectiva botânica, química e farmacológica(NASCIMENTO et al, 2005). De acordo com Farias (2001), a quali-dade de um material não assegura a garantia do produto, mas é ele-mento decisivo deste.

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Tendo em vista a melhora na qualidade dos fitoterápicos, o Ministérioda Saúde desenvolveu uma portaria (Portaria nº 6 /SUS de 31 de ja-neiro de 1995), que regulariza os procedimentos para a produção defitoterápicos no Brasil. Em seguida a RDC-17, de 24 de fevereiro de2000 e, mais atualmente, a RDC 48, de 16 de março de 2004, queregulamenta o registro desses medicamentos.

O presente trabalho teve como objetivo a análise da qualidade de Eugeniacaryophyllos (cravo da índia) comercializada em Montes Claros - MG,considerando as informações fornecidas pelo fabricante e se as amos-tras apresentam - se dentro das devidas especificações. Para tanto, rea-lizaram - se ensaios de pureza (análise de material estranho, determina-ção de água e cinzas totais), extração de óleo essencial e identificaçãode eugenol por (CCD) Cromatografia de Camada Delgada.

MATERIAL E MÉTODOS

Obtenção e preparo das amostras

Para as análises, foram utilizadas três amostragens de cravo da índiaadquiridas em uma farmácia, um supermercado e um mercado livresituados na cidade de Montes Claros - MG. As amostras foram classi-ficadas segundo suas procedências em Amostra 1 (A1), provenientedo supermercado; Amostra 2 (A2), proveniente da farmácia; e Amos-tra 3 (A3), proveniente do mercado livre. Todas foram analisadas emtriplicata.

Para o preparo das amostras, foi utilizado o método de quarteamento.E os ensaios realizados de acordo com a monografia oficial, presentena Farmacopeia Brasileira v.4,1988, tais como: análise da embala-gem, descrição macro e microscópica; determinação de: material es-tranho, água, cinzas totais e óleos essenciais; e a identificação do com-posto eugenol do óleo essencial por Cromatografia de Camada Delga-

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da. Todas as amostras foram analisadas em triplicata no laboratóriode farmacognosia, do curso de Farmácia, das Faculdades Santo Agos-tinho de Montes Claros - MG.

Análise das embalagens

Foi analisada a correta nomenclatura (gênero, espécie, e família), e sea composição vegetal do produto correspondia à embalagem e o pesoreal do produto.

Descrição macroscópica e microscópica

As amostras foram analisadas macro e microscopicamente, buscandoidentificar características morfológicas e compará-las com o descritona Farmacopéia Brasileira, 1988. Foram realizadas, também, as análi-ses organolépticas para a verificação da cor, sabor e odor das amos-tras.

Determinação de material estranho

Para a determinação de materiais estranhos, foram pesados 125 g decravo da índia, pelo método de quarteamento, quando foi espalhadauma camada fina sobre superfície plana e separados manualmente osmateriais estranhos à droga, a olho nu.

Determinação de água em drogas vegetais

Para a determinação do teor de água presente nas amostras de cravoda índia foram pesados 3g da droga fragmentada, em cadinhos tara-dos e previamente dessecados durante 30 minutos. As amostras fo-ram dessecadas em estufa à temperatura de 100-105ºC durante 5 ho-ras antes da primeira pesagem.

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Determinação de cinzas totais

Para determinar o teor de cinzas totais foram pesados 3g da drogapulverizada, transferida para cadinho previamente calcinado, resfria-do e pesado. Foi incinerada, aumentando paulatinamente a tempera-tura, não ultrapassando 450ºC, até total eliminação do carvão. Emseguida, resfriada em dessecador e pesada.

Extração e determinação de óleos essenciais em drogas vegetais

Para a extração de óleos essenciais os botões florais, foram reduzidosa pó grosseiro e transferidos para um balão de 250mL contendo 100mLde água como líquido de destilação e 2,5mL de xilol e 2,5g da droga.A determinação do teor de óleos foi feita pelo processo de destilaçãopor arraste a vapor, com auxílio do equipamento Clevenger, durante04 (quatro horas). Ao final da operação, foi feita a leitura do volumedo óleo essencial recolhido no tubo graduado, subtraindo da leitura ovolume do xilol determinado anteriormente e foi calculada a quanti-dade de óleo essencial por 100g da droga.

Identificação do componente eugenol do óleo essencial por CCD

A identificação de eugenol nas amostras foi feita conforme aFarmacopeia Brasileira, 1988, em Cromatografia em Camada Delga-da, utilizando sílica-gel GF, com espessura de 0,25mm, como supor-te, e mistura de tolueno e acetato de etila (93:7) como fase móvel. Foiaplicada separadamente a placa, em forma de banda, 10 ìL de cadasolução descrita a seguir:

Solução 1: Foram agitados mecanicamente 0,5 g da droga fragmenta-da com 10mL de diclorometano. Filtrados e evaporada até secura embanho maria, à temperatura não superior a 60 ºC. O resíduo foiressuspendido em 10 mL de tolueno.

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Solução 2: Foram diluídos 2 ìL do óleo essencial em xilol, obtidos emdeterminação de óleos essenciais, em 1 mL de tolueno.

O cromatograma foi desenvolvido num percurso de 10 cm, a fasemóvel foi evaporada ao ar e depois examinada sob luz ultravioleta254 nm. A seguir, a placa foi nebulizada com revelador vanilina sulfú-rica SR sendo colocada em estufa entre 100 ºC e 105 ºC, durante 5minutos, sendo observada a presença da mancha correspondente aoeugenol de coloração castanho-alaranjada e Rf de aproximadamente0,5.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Análise das embalagens

Dentre as embalagens analisadas, 06 (seis) de 13 (treze) que foramadquiridas em um supermercado apresentaram peso abaixo do espe-cificado na embalagem. Dentre as 8 (oito) adquiridas em uma farmá-cia 4 (quatro) apresentaram peso abaixo do especificado, sendo a úni-ca que traz descrito a parte utilizada e nome científico correto. Aamostra obtida no mercado livre, não apresentou, em sua embalagem,informações sobre a droga, pois é embalada em saco plástico na horada venda.

Descrição macroscópica e microscópica

Na análise da descrição macroscópica das amostras da droga, obser-vou-se a presença de botões florais com coloração castanho-negra oucastanho-avermelhada, e características microscópicas, de acordo comas especificações da Farmacopeia Brasileira, 1988, sendo observadaa epiderme do hipanto, em vista frontal, com células poligonais, pe-quenas, de paredes espessadas. O tecido subjacente apresentou glân-dulas esquizolisígenas, ovoides, muito grandes, dispostas em duas

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séries. A zona externa, de coloração castanho-amarelada, apresentouglândulas esquizolisígenas, ovóides e grandes, o xilema é compostopor três a cinco elementos de vaso com espessamento helicoidal.

Determinação de material estranho

De acordo com as especificações da Farmacopeia, 1988, uma amos-tra de cravo da índia deve ter no máximo 4% de pedúnculos, pecíolose frutos. No máximo, 2% de botões florais alterados. No máximo,0,5% de outros elementos estranhos. É permitida a presença de 1%do peso seco de pedicelos da inflorescência. Na amostra do mercadolivre (A3), foram encontrados pedaços de pedras e folhas visíveis aolho nu, representando 0,9%, estando fora das especificações. Asamostras A1 e A2 apresentaram quantidades de material estranhoaceitáveis, conforme a Tabela 1 (Anexo 1).

Determinação de água em drogas vegetais

De acordo com a Farmacopeia Brasileira, 1988, o teor ideal para adeterminação de água em drogas vegetais é de no máximo 10%. ATabela 2 (Anexo 1) mostra os resultados obtidos nesta análise e, deacordo com estes, todas as amostras analisadas estão fora dos pa-drões aceitáveis. Essas alterações podem ser decorrentes doarmazenamento e embalagem em locais inadequados, na presença deumidade.

Determinação de cinzas totais

A Farmacopeia Brasileira, 1988, indica que o teor máximo de cinzastotais é de 7%. A Tabela 2 (Anexo 1) mostra os resultados obtidos naanálise das amostras de cravo da índia, constatando teor de cinzasmaiores que o recomendado, o que pode ser um indicativo de adulte-ração das amostras, pela presença de sujidades, areia e material estra-nho não visível a olho nu.

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Extração e determinação de óleos essenciais em drogas vegetais

De acordo com a Farmacopeia Brasileira, 1988, as amostras de cravoda índia devem conter, no mínimo, 15% de óleo essencial. A Tabela 2(Anexo 1) mostra os resultados obtidos com a extração do óleo essen-cial para cada uma das amostras analisadas, sendo que todas se mos-traram conforme os padrões exigidos pela legislação.

Identificação do componente eugenol do óleo essencial por CCD

A identificação Cromatográfica do óleo essencial foi feita com basenos valores de Rf encontrados na Cromatografia de Camada Delgadae comparados com aqueles descritos na Farmacopéia, 1988. A man-cha principal obtida deve ter Rf de aproximadamente 0,50, quecorresponderá ao eugenol, apresentava coloração castanho-alaranjada.A Figura 1 (Anexo 2) mostra os valores de Rf obtidos e as placascromatográficas onde foram observadas as manchas correspondentesao eugenol que apresentou coloração castanho-alaranjada de acordocom os parâmetros estabelecidos pela farmacopéia, 1988.

CONCLUSÃO

Segundo os dados obtidos, pode-se concluir que a qualidade das amos-tras de cravo da índia, comercializadas na cidade de Montes Claros –MG, estão fora dos padrões de qualidade exigidos pela legislação, po-dendo atribuir riscos à saúde dos usuários, pois não se apresentamtotalmente conforme as exigências sanitárias, sendo necessárias me-didas de fiscalização e vigilância mais eficazes.

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ANEXO 1

Tabela 1: Quantidade em porcentagem de material estranho encontrado nas amostrasde cravo da índia comercializado em Montes Claros - MG.

Tabela 2. Resultados das análises de teor de água, cinzas e óleo essencial realizadas nasamostras de cravo da índia comercializadas na cidade de Montes Claros - MG.

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ANEXO 2

Figura 1- Cromatograma das amostras de óleos essenciais de cravo da índiacomercializados em farmácia, supermercado e mercado livre em Montes Claros - MG.

REFERÊNCIAS

AFFONSO, R. S.; RENNÓ, M. N.; SLANA, G. B. C. A.;FRANÇA, T. C. C. Aspectos químicos e biológicos do óleoessencial do cravo da índia. Rev. Virtual de Química, v.4, n.2,p.146-161, 2012. Disponível em: <http://www.uff.br/RVQ/index.php/rvq/article/viewFile/254/234>. Acesso em: 15 Set.2014, ás 17:45.

BARBOSA, C.K.R.; COSTA, J.P.R.; BONFIM, F.P.F.; ALMEIDA,A.C.; MARTINS, E.R. Qualidade microbiológica de plantasmedicinais cultivadas e comercializadas em Montes Claros - MG.Revista Biotemas, Montes Claros, p. 78-81, 2010.

BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de VigilânciaSanitária (ANVISA). Portaria n. 6 de 31 de janeiro de 1995. DOU.Poder Executivo, Brasília, DF, 1995.

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BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de VigilânciaSanitária. RESOLUÇÃO – RDC nº 17 de 24 de fevereiro de 2000.Dispõe sobre o registro de medicamentos fitoterápicos. DOU. PoderExecutivo, Brasília, DF, 2000.

BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de VigilânciaSanitária. RESOLUÇÃO – RDC nº 48, de 16 de março de 2004.Dispõe sobre o registro de medicamentos fitoterápicos. DOU. PoderExecutivo, Brasília, DF, 2004.

BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de VigilânciaSanitária. RESOLUÇÃO-RDC No- 14, de 31 de março de 2010.Dispõe sobre o registro de medicamentos fitoterápicos. DOU PoderExecutivo, Brasília, DF, 2010.

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Análise da qualidade de Eugenia Caryophyllos (Cravo da Índia) comercializada em Montes Claros

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ANÁLISE DA QUALIDADE DE Stryphnodendron adstringens(BARBATIMÃO VERDADEIRO) COMERCIALIZADO EMMONTES CLAROS – MG

ANTUNES, L. R.1; CRISÓSTOMO, L. A.1; FAGUNDES, G. J. S.1;MIRANDA, S. E. O2; ANDRADE, V. F.3

Resumo: O Stryphnodendron adstringens (barbatimão verdadeiro) é umaespécie nativa do cerrado e caracteriza-se por apresentar altos teoresde taninos em sua madeira, cascas, folhas e frutos. A sua açãofarmacológica no tratamento de distúrbios gastrointestinais, cicatri-zação de feridas, úlceras, anti-inflamatório, antimicrobiano eantioxidante se deve à riqueza de taninos. Um fato a ser consideradona utilização dessa planta como alternativa nos tratamentos de saúdeé a variedade de espécies vegetais comumente denominadas debarbatimão. A confusão com essas espécies e a ausência das boaspráticas de fabricação e comercialização resultam em baixa qualidadede fitoterápicos. Assim, o presente trabalho teve como objetivo reali-zar uma pesquisa experimental para avaliar a qualidade doStryphnodendron adstringens (barbatimão verdadeiro) comercializado emMontes Claros - Minas Gerais. As amostras foram adquiridas na for-ma de cascas, em bancas de um mercado livre e em uma farmácia demanipulação na cidade de Montes Claros - Minas Gerais e encami-

1 Acadêmicas, Departamento de Farmácia, Faculdades Santo Agostinho, Montes Claros- MG, Brasil.

2 Professor, Departamento de Química, Faculdade Prisma.3 Professora, Departamento de Farmácia, Faculdades Santo Agostinho, Montes Claros

- MG, Brasil. E-mail: [email protected]

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nhadas aos Laboratórios de Farmacognosia das Faculdades SantoAgostinho, onde foram submetidas aos seguintes testes: identificaçãoquímica, ensaios de pureza, teor de umidade, cinzas totais e sulfatadase análises macro e microscópica. Todas as análises realizadas estavamdentro dos padrões exigidos pela sua monografia. Somente a armaze-nagem e a embalagem nas quais o barbatimão é dispensado nas ban-cas de mercado livre não são adequadas. A partir dos dados obtidos,conclui-se que a qualidade das amostras de barbatimão estava de acor-do com os padrões exigidos pela legislação e exigências sanitárias eaptas para o consumo.

Palavras-chave: taninos, qualidade, barbatimão verdadeiro.

Abstract: The Stryphnodendron adstringens (Barbatimão verdadeiro) isa native species of the cerrado and is characterized by having highlevels of tannins in the wood, bark, leaves and fruits. Itspharmacological action in the treatment of gastrointestinal disorders,healing of wounds, ulcers, anti-inflammatory, antimicrobial andantioxidant is due the richness of tannins. A fact to be considered inthe use of this plant as an alternative in the health treatment is thevariety of plant species, commonly called Bartimão verdadeiro. Thetrouble with these species and the absence of good manufacturingpractices and marketing, results in low quality of herbal medicines.Thus the present work aimed to conduct an experimental study toevaluate the quality of Stryphnodendron adstringens (Barbatimão verda-deiro) marketed in Montes Claros-Minas Gerais. The samples wereacquired in the form of bark, in free market stalls and compoundingpharmacy, both located in the city of Montes Claros - Minas Geraisand sent to the laboratories of Pharmacognosy of Faculdades SantoAgostinho, where they were subjected to the following tests: chemicalidentification, purity tests, moisture content, total ash and sulphatedand macro and microscopic analyzes. All analyses were performedwithin the standards required by their monograph. Only the storage

Análise da qualidade de Stryphnodendron Adstringens (Barbatimão Verdadeiro)...

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and packaging in which the Stryphnodendron adstringens is dispensed infree market stalls are not suitable. From the data obtained it wasconcluded that the quality of the barbatimão samples was inaccordance with the standards required by legislation and sanitaryrequirements and suitable for consumption.

Key words: tannins, quality, barbatimão verdadeiro.

INTRODUÇÃO

A flora do cerrado brasileiro apresenta uma grande riqueza de vege-tais. Aproximadamente 6.500 plantas vasculares foram catalogadas.Grande parte destas espécies é útil ao homem, por serem alimentíci-as, medicinais, ornamentais, forrageiras, apícolas, produtoras de ma-deira, cortiça, fibras, óleo, taninos, material para artesanato e outros.A disponibilidade desses recursos, aliada às necessidades humanas,possibilita o envolvimento de parte da população rural nas atividadesextrativistas vegetais, nos processos de beneficiamento, industrializa-ção e artesanatos (FILHO, 2003).

O Stryphnodendron adstringens (Mart.) Coville (barbatimão verdadeiro)é uma espécie nativa do cerrado e caracteriza-se por apresentar altosteores de taninos em sua madeira, cascas, folhas e frutos. Sua açãoresulta na capacidade de complexação com proteínas e do seu poderde sequestrar íons metálicos, principalmente ferro, essenciais ao de-senvolvimento de microrganismos. Adicionalmente, os taninos pos-suem elevada atividade antioxidante decorrente da inativação de ra-dicais livres (HERZOG, 2002).

A sua ação farmacológica no tratamento de distúrbios gastrointestinais,cicatrização de feridas, úlceras, anti-inflamatório, antimicrobiano e

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antioxidante se deve à riqueza de taninos. As propriedadesadstringentes do barbatimão permitem que as proteínas das célulassuperficiais da mucosa e dos tecidos lesados desprotegidos se precipi-tem, formando um revestimento protetor contra a multiplicaçãobacteriana, promovendo uma ação antisséptica (EURIDES, 1996).

Fatores ambientais podem afetar fortemente a produção de taninospelas espécies de barbatimão, sendo, provavelmente o principal fator,a falta ou o excesso de água. Durante a estação seca, as plantas naregião do cerrado estão sob estresse hídrico e os metabólitos secundá-rios à base de carbono são reduzidos. Por outro lado, na estação úmi-da, há um aumento no metabolismo primário do barbatimão, sendoproduzidas folhas e flores novas. O clima úmido e quente tambémaumenta a proliferação de insetos e microrganismos patogênicos, oque significa uma necessidade de um maior nível de defesas endógena,tais como taninos e outros fenóis. As cascas coletadas na estação chu-vosa devem ser preferíveis para utilizações farmacêuticas, devido aofato de o conteúdo de compostos ativos ser superior neste período(SANTOS, 2002).

Um fato a ser considerado na utilização dessa planta como alternativanos tratamentos de saúde é a variedade de espécies vegetais comumentedenominadas de barbatimão. Pelo menos três espécies são assim de-nominadas, Stryphnodendron adstringens, Stryphnodendron polyphyllum eDimorphandra mollis, sendo que a última pertence a um gênero botâni-co diferente (JACOBSON, 2005). Um estudo comparativo da com-posição de taninos de três espécies de barbatimão (S. adstringens, S.polyphyllum e D. mollis) revelou diferenças significativas na composi-ção química entre os gêneros Stryphnodendron e Dimorphandra (SAN-TOS, 2002).

Os produtos isolados de plantas exercem efeitos benéficos ou maléfi-cos sobre o organismo. As reações adversas que as plantas poderão

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desencadear podem ser decorrentes de seus próprios componentes,pela presença de contaminantes ou, até mesmo, pelas preparaçõescaseiras duvidosas. Para assegurar o uso desses produtos, deve-sesubmetê-los a testes de eficácia e segurança por métodos recomenda-dos pela legislação. Portanto, o uso pela medicina popular baseado noconhecimento tradicional não é suficiente para validar as plantas me-dicinais como medicamentos eficazes e seguros (ALMEIDA, 2010).

Outra preocupação referente ao uso medicinal do barbatimão é o seuprocessamento (coleta, transporte e armazenamento) até chegar aopaciente. Proceder a uma pesquisa que tanja ao controle de qualidadedessa droga vegetal torna-se fundamental para a total segurança e efi-cácia do tratamento. As drogas vegetais devem estar, o quanto possí-vel, isentas de fungos, insetos e outros materiais contaminantes(PLETZ, 2010).

Considerando a recente inclusão e difusão dos medicamentosfitoterápicos nas farmácias da rede pública (BRASIL, 2009) e a ne-cessidade de se fornecer subsídios para o controle da identidade vege-tal da planta, que é frequentemente confundida com outras espéciesmedicinais popularmente conhecidas como barbatimão, é satisfatórioo conhecimento e divulgação desses testes de qualidade, a fim detrazer para a população medicamentos menos agressivos e de altaqualidade. Assim, o presente trabalho teve como objetivo realizar umapesquisa experimental para avaliar a qualidade físico-química dobarbatimão comercializado na cidade de Montes Claros - MG.

MATERIAL E MÉTODOS

Obtenção e preparo das amostras

As amostras foram adquiridas na forma de cascas, em bancas de ummercado livre e em uma farmácia de manipulação na cidade de Mon-

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tes Claros – MG, sendo nomeadas e identificadas de acordo com aprocedência, sendo: (A1) adquirida em uma banca de mercado livre;(A2) adquirida em outra banca de mercado livre e (A3) adquirida emuma farmácia de manipulação. Depois foram encaminhadas ao Labo-ratório de Farmacognosia das Faculdades Santo Agostinho, onde fo-ram submetidas aos testes de controle de qualidade. As análises fo-ram realizadas de acordo com a Farmacopeia Brasileira 5ª edição, 2010,e em triplicata.

Descrição macroscópica e microscópica

As amostras foram analisadas macroscopicamente, para a identifica-ção das características morfológicas presentes nas amostras adquiri-das. Para a análise microscópica, foram preparadas lâminas para ob-servação ao microscópio, com a finalidade de compará-las com a des-crição morfológica da Farmacopeia Brasileira, 2010.

Identificação química

Para a realização da identificação química, foi realizado o procedi-mento recomendado pela Farmacopeia Brasileira, 2010, descrito aseguir:

A. Foram aquecidos sob refluxo cerca de 3g da droga vegetal moídacom 60mL de água, durante 15 minutos. Logo depois de esfriadoem um dessecador e filtrado, foram adicionados a 2mL deste extra-to duas gotas de ácido clorídrico SR e gotejada gelatina SR até pre-cipitação.

B. A 2mL do extrato obtido no teste A descrito acima, foram adicio-nados 10 mL de água e quatro gotas de solução de cloreto férrico a1% (p/v) em metanol.

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C. A 2mL do extrato obtido no teste A descrito acima, foram adicio-nados 0,5 mL de vanilina a 1% (p/v) em metanol e 1mL de ácidoclorídrico SR.

D. A 5mL do extrato obtido no teste A descrito acima, foram adicio-nados 10 mL de ácido acético 2M e 5mL de acetato de chumbo SR.

Ensaios de pureza

Na determinação de matéria estranha, foram utilizados 500g de cas-cas e, através do método de quarteamento, a amostra foi espalhadaem camada fina sobre a superfície plana, separando manualmente osmateriais estranhos à droga a olho nu. Pensou-se o material separadoe determinou-se a percentagem com base no peso da amostra subme-tida ao ensaio.

Determinação de água

As drogas obtidas em forma de cascas foram reduzidas por corte etrituradas para limitar a dimensão de seus componentes. Foram pesa-dos 2g e transferidos para um cadinho tarado, previamente dessecadonas mesmas condições durante 30 minutos. A amostra foi dessecada a100-105ºC durante 5 horas, até o peso constante. A porcentagem deágua foi calculada em relação à droga seca ao ar.

Determinação de cinzas totais

Cerca de 3g da amostra foi pesada e transferida para cadinho de por-celana previamente tarado. A amostra foi distribuída uniformementeno cadinho e submetida à incineração aumentando gradativamente atemperatura até 600+/- 25ºC, até a eliminação de todo carvão. Logoapós, a amostra foi resfriada no dessecador e pesada. A amostra foievaporada até a secura em bico de bunsen e, em seguida, sobre chapa

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quente, e foi incinerada até o peso constante. A porcentagem de cin-zas foi calculada em relação à droga seca ao ar.

Determinação de cinzas sulfatadas

O Cadinho de porcelana foi aquecido ao rubro por 10 minutos, logoapós resfriado em um dessecador e então pesado em balança analíti-ca. Cerca de 1g da droga foi colocado no cadinho previamente tarado,a droga foi umedecida com ácido sulfúrico concentrado, carbonizadae incinerada em aquecimento gradativo até 800ºC em mufla, de acor-do com o seguinte esquema:

200ºC 30 minutos400ºC 30 minutos600ºC 30 minutos800ºC 30 minutos

Em seguida, a amostra foi resfriada, pesada novamente e depois inci-nerada por mais 15 minutos. Este procedimento foi realizado por duasvezes até que a diferença entre as duas pesagens ficasse abaixo de0,5mg.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Obtenção e preparo das amostras

As amostras de barbatimão adquiridas na farmácia de manipulaçãoestavam armazenadas em local fresco e protegidos da umidade, emembalagens adequadas e com as informações técnicas e modo de pre-paro. As amostras adquiridas nas bancas de mercado livre ficavamexpostas sobre a banca, desprotegidas da luz, umidade e calor. Assim,a armazenagem e a embalagem nas quais o barbatimão é dispensadonas bancas de mercado livre não são adequadas.

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Descrição macroscópica e microscópica

Através da análise macroscópica das amostras, foram observadas cas-cas secas e inodoras com fragmentos arqueados, com dimensões eformatos muito variados e fraturas da casca do tipo granulosa emrelação à região do súber e fibrosa, estriada longitudinalmente,esquirolosa, na região floemática. Na descrição microscópica, foi pos-sível observar que a porção externa da casca apresenta súber com 20a 30 estratos de células tabulares enfileirados radialmente, com pare-des delgadas e conteúdo marrom seguidos por muitos estratos de cé-lulas parenquimáticas de formato isodiamétrico ou pouco alongadospericlinalmente, também com paredes delgadas. Todas as amostrasestavam de acordo com as descrições morfológicas, macro e micros-cópicas, presentes na Farmacopeia Brasileira, 2010.

Identificação química

Na identificação química, foi analisado o aparecimento de coloraçãoe precipitados característicos para a presença de taninos, taninos to-tais, taninos condensados, conforme a Farmacopeia Brasileira, 2010.

O aparecimento do precipitado nítido, na reação com ácido clorídricoSolução Reagente (SR) e gelatina SR, indicou reação positiva para apresença de taninos totais.

Na reação de cloreto férrico a 1% (p/v) em metanol, foi observado odesenvolvimento de uma coloração cinza-escura, indicando reaçãopositiva para presença de taninos totais.

Na reação com vanilina a 1% (p/v) em metanol e de ácido clorídricoSR, foi observado o aparecimento da coloração vermelha, indicandoreação positiva para taninos condensados.

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O aparecimento de precipitado esbranquiçado na reação com ácidoacético 2M e 5mL de acetato de chumbo SR, indicando a presença detaninos.

A presença de taninos indica que todas as amostras analisadas apre-sentam o princípio ativo responsável pelos efeitos desejados pelosconsumidores.

Ensaios de pureza

De acordo com as especificações da Farmacopeia brasileira, 2010,uma amostra de Barbatimão deve ter, no máximo, 2,0% de materiaisestranhos. As amostras analisadas não apresentaram qualquer quanti-dade de material estranho visível a olho nu. Todas as amostras esta-vam dentro dos padrões aceitáveis de materiais estranhos. Os valoresobtidos das amostras são apresentados na Tabela 1 (Anexo 1).

Determinação de água

O teor ideal para a umidade de uma amostra de Barbatimão é de, nomáximo, 14% (FARMACOPEIA BRASILEIRA, 2010). A Tabela 1(Anexo 1) mostra os resultados obtidos nesta análise para as trêsamostragens de Stryphnodendron adstringens (Mart.) Coville. Todas asamostras estavam dentro dos padrões aceitáveis para o teor de umi-dade.

Determinação de cinzas totais

A Tabela 1 (Anexo 1) apresenta os resultados obtidos dando a por-centagem de cinzas em relação à droga seca ao ar. Todas as amostrasestavam dentro dos padrões aceitáveis de cinzas totais, sendo que,segundo a Farmacopeia Brasileira, 2010, o teor máximo de cinzastotais para uma amostra de Barbatimão é de 2,0%.

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Determinação de cinzas sulfatadas

De acordo com a farmacopeia Brasileira, 2010, o teor de cinzassulfatadas em uma amostra de Barbatimão deve ser de, no máximo,3,0%. Os valores obtidos nas análises das amostras são apresentadosna Tabela 1 (Anexo 1). Todas as amostras estavam dentro dos pa-drões aceitáveis de cinzas sulfatadas.

CONCLUSÃO

A partir dos dados obtidos pode-se concluir que a qualidade das amos-tras de Barbatimão comercializadas na cidade de Montes Claros –MG, apresentaram características físico-químicas de acordo com asdeterminadas na Farmacopeia Brasileira, 2010, para identificação deStryphnodendron adstringens, estando todas dentro dos padrões de quali-dade exigidos pela legislação e exigências sanitárias e aptas para oconsumo.

REFERÊNCIAS

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ANEXO 1

Tabela 1: Resultados obtidos nos testes de material estranho, teor de umidade, cinzastotais e sulfatadas nas amostras de Barbatimão (Str yphnodendron adstringens),comercializadas na cidade Montes Claros – MG.

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ATIVIDADE ANTIOXIDANTE DO EXTRATO FLUÍDO DAPassiflora setacea DC. (MARACUJÁ DO SONO)

ANDRADE, V.F.1*; OLIVEIRA, C.S.2; REIS; L.N.3;FERREIRA, J.T.G.3.

Resumo: Sabendo dos benefícios e a importância de fontes naturaisde antioxidantes no combate a doenças causadas pelo estresseoxidativo, acrescentada à busca pela população por terapias naturaise menos agressivas, este estudo avalia a atividade antioxidante doextrato fluído de folhas secas de Passiflora setacea. As folhas da espécieforam secas, moídas e padronizadas com auxílio de um tamiz de ma-lha 250 milímetros. Em seguida, foi obtido o extrato fluido através dapercolação. A dosagem de atividade antioxidante foi realizada pelamensuração da absorbância a 517 nanômetros in vitro do radical livreestável (2,2-difenil-1-picril-hidrazil), sendo também realizada estadosagem com o ácido ascórbico (controle), ambas em diferentes con-centrações. O extrato fluido de Passiflora setacea apresentou inibiçãodo radical livre em todas as diferentes concentrações da amostra,embora em menor percentual quando comparada aos resultados docontrole (ácido ascórbico). Dessa forma, os resultados comprovaramque as amostras analisadas da Passiflora setacea possuem atividade

1 Professora, Departamento de Farmácia, Faculdades Santo Agostinho, Montes Claros- MG, Brasil. E-mail: [email protected]

2 Farmacêutica, Montes Claros – MG, Brasil.3 Acadêmico, Departamento de Farmácia, Faculdades Santo Agostinho, Montes Claros

- MG, Brasil.

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antioxidante considerável, pelo método fotocolorimétrico do radicallivre estável. No entanto, é necessária a avaliação por outros testescomo os bioquímicos (peroxidação lipídica, captura de radical aníonsuperóxido, dentre outros) para comprovar essa atividade já que esteé o primeiro trabalho demonstrando a atividade antioxidante dessaespécie.

Palavras-chave: Passiflora setacea; antioxidantes; radicais livres.

Abstract: Knowing the benefits and the importance of natural sourcesof antioxidants to fight diseases caused by oxidative stress, added tothe quest for the population by natural and less aggressive therapies,this study evaluates the antioxidant activity of fluid extract of driedleaves of Passiflora setacea. The leaves of this species were dried, milledand standardized with the aid of a 250 mm mesh sieve. Then, thefluid extract was obtained by percolation. The dosage of antioxidantactivity was performed by measuring the absorbance at 517 nanometersin vitro stable free radical (2,2-diphenyl -1- picryl - hydrazyl ) is alsoperformed with this dosage ascorbic acid (control ), both at differentconcentrations . The fluid extract of Passiflora setacea showed inhibitionof free radical in all different sample concentrations, although at alower percentage when compared with the control (ascorbic acid).Thus the results showed that the samples of Passiflora setacea possessconsiderable antioxidant activity, by fotocolorimétrico method ofstable free radical. However the evaluation by other tests such asbiochemical (lipid peroxidation, superoxide anion radical capture,among others) is needed to verify this activity since this is the firstreport on the antioxidant activity of this species.

Keywords: Passiflora setacea; antioxidants; free radicals.

Atividade antioxidante do extrato flúido da Passiflora Setacea DC. (Maracujá do Sono)

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INTRODUÇÃO

O gênero Passiflora é o de maior expressividade da família Passifloraceae,no Brasil são 111 a 150 espécies, segundo Braga (2000), sendo quecerca de 60 delas produzem frutos de aceitação de mercado, tantopara a industrialização e uso farmacológico, como para o consumonatural (LEONEL, 2000).

As espécies do gênero Passiflora têm despertado interesse comercialdevido a seu potencial agronômico, nutricional e farmacológico. Ape-sar de as propriedades medicinais do maracujazeiro serem bem co-nhecidas, ainda são escassos os trabalhos científicos relacionados àsua composição química e de seus princípios ativos (BRAGA, 2000).As informações disponíveis provêm basicamente das espécies:Passiflora edulis, Passiflora incarnata, Passiflora alata e Passiflora caerulea.Nas espécies comerciais, foram identificadas substâncias, como:flavonoides, alcaloides, minerais, vitamina C e carotenoides.

Conforme Silva (2000), alguns autores têm relatado o uso medicinalda maioria das espécies de Passiflora em casos de alcoolismos crôni-cos, asma, convulsão infantil, delirium-tremens, disenteria, cefaleias,erisipelas, úlceras, nevralgias, tétano, crises nervosas, insônias e ou-tras. Suas folhas são usadas como diuréticos, antipiréticos e calman-tes; as raízes são empregadas como anti-inflamatório e anti-helmíntico.Mas uma grande parcela da população utiliza a planta como sedativoe tranquilizante.

Dentre as passifloráceas silvestres pouco conhecidas, destaca-se omaracujá sururuca ou maracujá do sono (Passiflora setacea DC.). É umaplanta de folhas trilobadas com 5 a 8 cm longitudinalmente por 6 a 10cm transversalmente (SANTOS, 2006), é pouco estudada quanto aouso medicinal, a maioria de estudos publicados dessa espécie se con-centra em sua utilização como porta enxerto ou fonte de resistência àmorte precoce, à bacteriose e à cladosporiose (BRAGA, 2000).

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Segundo Feldmann (2001), as principais fontes de flavonoides, quesão compostos polifenólicos, estão presentes na maioria dessas espé-cies, concentrados em sementes, frutos, cascas, raízes, flores e folhas.Pereira (2005), conclui que a Passiflora setacea DC. apresenta os se-guintes compostos secundários: lipídios, lignina, fenois, taninos ealcaloides, o que é comum na família Passifloraceae.

Com base nisso, estudos mostram que algumas plantas possuem subs-tâncias fitoquímicas devido à presença de compostos fenólicos capa-zes de neutralizar radicais livres, que são causadores da oxidação ex-cessiva nas células (KUSKOSKI, 2006).

Substância antioxidante, segundo Rufino (2007), é um composto queprotege o sistema biológico dos efeitos nocivos que podem ser causa-dos pelo processo de oxidação excessiva, retardando a velocidade deoxidação através da inibição dos radicais livres ou complexão de me-tais.

Os radicais livres são moléculas orgânicas e inorgânicas nas quais osátomos contêm um ou mais elétrons pareados e com existência inde-pendente, sendo de grande importância para a manutenção das fun-ções fisiológicas do corpo. Contudo, o desequilibro nas suas concen-trações e baixa de agentes antioxidantes resulta na indução de danoscelulares, a oxidação excessiva ou estresse oxidativo (BIANCHI, 1999).Porém, o estresse oxidativo pode gerar o aparecimento de doençascrônico-degenerativas, tais como: doenças cardiovasculares, doençade Alzheimer, arteriosclerose, diabetes mellitus, dentre outras(VICENTINO, 2007).

Essas substâncias, quando presentes em quantidades ideais, inibemou apresentam atrasos significantes nos processos oxidativos. No en-tanto, existem ainda alguns fatores que favorecem a produção de radi-cais livres, tais como: predisposição genética, radiação ultravioleta e

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grupos celulares que podem aumentar o dano oxidativo ou até mes-mo diminuir a capacidade de degradar os agentes agressores(VICENTINO, 2007).

Os trabalhos realizados com a espécie Passiflora setacea DC., até o pre-sente momento são direcionados ao melhoramento genético e uso naenxertia, havendo pouca exploração no estudo da sua composiçãoquímica. Assim, o presente trabalho avaliou a atividade antioxidantedo extrato das folhas secas desta espécie, uma vez que 95% das doen-ças degenerativas crônicas são induzidas por estresse oxidativo, po-dendo esse extrato ser utilizado no tratamento e prevenção dessasdoenças.

MATERIAIS E MÉTODOS

Material vegetal

As folhas de Passiflora setacea foram coletadas no mês de julho de 2014,na BR-122, aproximadamente ao Km 258 (estrada para Capitão Enéas-Minas Gerais) e a exsicata depositada no Herbário do Departamentode Biologia da Universidade Federal de Lavras, sob o número 776.Depois levadas para o laboratório de Farmacognosia da Faculdade deSaúde Santo Agostinho, Campus – JK, Montes Claros – MG, para arealização de todos os procedimentos.

Preparo do extrato

As folhas foram secas à sombra por um período de duas semanas edepois reduzidas a pó, sendo padronizadas com auxílio de um tamizcom abertura de malha 250 mm. Em seguida, foi obtido o extratofluído através da percolação com álcool 70° GL.

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Dosagem da atividade antioxidante

Para a avaliação da atividade captadora do radical livre DPPH (1,1-difenil-2-picrilhidrazina), alíquotas de EEB (extrato etanólico bruto)e ácido ascórbico (controle) foram diluídos com etanol para se obteras concentrações de 2, 5, 10, 50, 100 e 125 ìgmL-1. Logo em seguida,foi acrescentado a 3mL de cada amostra 0,1mL de solução etanólicado radical livre DPPH 1mM. Após 30 minutos de incubação à tempe-ratura ambiente, a redução do radical livre DPPH foi mensurada pelaleitura da absorbância no aparelho espectrofotômetro, Bioespectromodelo SP-22, em 517nm contra um branco específico em cada ava-liação, formado somente pelas amostras nas suas respectivas dilui-ções. Como controle, foi utilizado 0,1mL de solução etanólica de DPPH1mM e 3mL de etanol (ANDRADE, 2007). A avaliação da atividadecaptadora de radical foi obtida em porcentagem de inibição, confor-me a equação: % inibição = 100 – [(Aamostra – Abranco) x 100].

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Houve inibição do radical DPPH em todas as diferentes concentra-ções da amostra. Porém, a atividade antioxidante da Passiflora setaceaapresentou menor percentual de inibição quando comparada aos re-sultados do controle (ácido ascórbico), como mostra na Figura 1 (Anexo1). Dessa forma, o estudo colabora para que a espécie seja tema demais estudos utilizando outros experimentos, pois, segundo Barbosa(2006), o uso de antioxidantes é evidenciado como um papel impor-tante na neutralização de radicais livres que, por sua vez, podem in-duzir o aparecimento de várias doenças.

CONCLUSÃO

Os resultados comprovaram que as amostras analisadas da Passiflorasetacea possuem atividade antioxidante considerável, pelo método

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fotocolorimétrico do DPPH, mas se faz necessária a avaliação poroutros testes, como os bioquímicos (peroxidação lipídica, captura deradical aníon superóxido, dentre outros) para a comprovação dessaatividade.

REFERÊNCIAS

ANDRADE, C.A. et al 2007. Determinação do conteúdo fenólico eavaliação antioxidante de acácia podalyriifolia A. Cunn. ex G. Don,Leguminosae-mimosoideae. . Rev. Bras. Farmacogn. 17(2): 231-235, Abr./Jun. 2007.

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BIANCHI, M.L.P.; ANTUNES, L.M.G. Radicais livres e osprincipais antioxidantes da dieta, Rev. Nutr., Campinas, 12(2): 123-130, maio/ago, 1999.

BRAGA, M. F.; JUNQUEIRA, N. T. V. Potencial de outras espéciesdo gênero Passiflora. Informe Agropecuário, v. 21, p. 72-75, 2000.

FELDMAN KA. Cytochrome P450s as genes for cropimprovement. Curr Opin Plant Biol; 4:162-7, 2001.

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LEONEL S.; LEONEL M.; DUARTE-FILHO J 2000. Principaisprodutos e subprodutos obtidos do maracujazeiro. InformeAgropecuário v. 2, p. 86-88, 2000.

PEREIRA, T.N.A.; NICOLI, R.G.; MADUREIRA, H.C., JÚNIOR,P.C.D.; GABURRO, N.O.P.; COUTINHO, K. Caracterizaçãomorfológica e reprodutiva de espécies silvestres do gêneroPassiflora. In: Faleiro, F.G., Junqueira, N.T.V., Braga, M.F., Pinto,A.C.Q., Sousa, E.S. (Eds) IV Reunião Técnica de Pesquisas emMaracujazeiro. Planaltina, DF: Embrapa Cerrados, p.29-34, 2005.

RUFINO, M.S.M; et al 2007; disponível em:www.cnpat.embrapa.br/cnpat/down/index.php?pub/Cot_127.pdfý.Acesso em: 01 out. 2014.

SANTOS, F.C. Caracterização físico-química do fruto e micropropagação domaracujá-do-sono (Passiflora setacea DC.). 2006. 65p. Dissertação(Mestre)-Universidade Federal de Lavras, Lavras-MG, 2006.

SILVA, C.P.; SILVA-ALMEIDA, M.F.; O uso medicinal domaracujá. In: A cultura do maracujazeiro. LACERDA, V. (ed);Informe Agropecuário, Belo Horizonte, v.21, n.206, p.86-88, set./out. 2000.

VINCETNO A.R.R.; MENEZES. F.S.; Atividade antioxidante detinturas vegetais, vendidas em farmácias com manipulação eindicadas para diversos tipos de doenças pela metodologia doDPPH .Rev. Bras. Farmacogn 17: 384-387, 2007.

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ANEXO 1

Figura 1: % da atividade antioxidante da amostra do extrato fluido das folhas secas dePassiflora setacea e da amostra controle de acido ascórbico.

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AVALIAÇÃO DAS NOTIFICAÇÕES DE REAÇÕESADVERSAS A MEDICAMENTOS EM PACIENTESHOSPITALIZADOS: UMA REVISÃO

LEAL, C. D. S¹; REIS, J. A.²; SILVA, D. S.³; RODRIGUES, D. A.4

Resumo: As reações adversas a medicamentos podem ser definidascomo qualquer resposta prejudicial ou indesejável não intencional amedicamentos. As notificações de reações adversas a medicamentospodem ser feitas no site NOTIVISA por profissionais de saúde. Estetrabalho tem como objetivo realizar revisão bibliográfica, sobre avali-ação das notificações de reações adversas a medicamentos em paci-entes hospitalizados. Estudo descritivo do tipo revisão de literatura,realizado a partir dos artigos publicados nos últimos quinze anos. Di-ante dos resultados encontrados, o sexo feminino teve maiorprevalência de reações encontradas. Quanto às classesmedicamentosas, os antibióticos, hipoglicemiantes, analgésicos eantipiréticos, medicamentos que atuam no sistema nervoso e apare-lho digestivo e metabolismo , foram as classes com maiores númerosde notificações.

Palavras-chave: Notificação, Reações Adversas, Farmacovigilância.

¹;² Acadêmicas do curso de Farmácia da Faculdade de Saúde e Desenvolvimento Huma-no Santo Agostinho. Montes Claros – Minas Gerais.

³;4 Departamento de Farmácia Faculdades Santo Agostinho – Montes Claros – MinasGerais.

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Abstract: Adverse drug reactions can be defined as any unintendedor undesirable adverse drug response. The reporting of adverse drugreactions can be made on site NOTIVISA by health professionals.This paper aims to review the literature on evaluation of reports ofadverse drug reactions in hospitalized patients. Descriptive type studyliterature review, conducted from articles published in the last fifteenyears. Considering the results, females had a higher prevalence ofreactions found. Regarding drug classes, antibiotics, antidiabetic,analgesic and antipyretic, medicine that act on the nervous systemand digestive and metabolism system, were the classes with largernumbers of notifications

Keyword: Notification, adverse reactions, pharmacovigilance.

INTRODUÇÃO

A Reação Adversa a Medicamento (RAM) pode ser entendida comoqualquer resposta prejudicial ou indesejável, não intencional a ummedicamento que ocorre nas doses usualmente empregadas para aprofilaxia, diagnóstico ou terapia de doenças ou para a modificaçãode funções fisiológicas humanas (ANVISA, 2012).

As RAM’s dose-dependentes podem ser evitadas ou prevenidas pelouso das menores doses possíveis, respeitando-se o quadrofisiopatológico do paciente (MAGALHÃES, 2001).

Secoli, 2010, dispõe que a polifarmácia pode ser definida com o usode 5 ou mais medicamentos. Esta prática está associada com o au-mento do risco e da gravidade das reações adversas. Segundo a auto-ra, o risco de ocorrência de RAM aumenta de três a quatro vezes empacientes submetidos à polifármacia.

Avaliação das notificações de reações adversas a medicamentos em pacientes hospitalizados

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Pacientes com históricos de alergias ou RAM são predispostos ao apa-recimento destas, visto que uma nova exposição ao antígeno podelevar a novas manifestações clínicas (GOMES, 2004).

No caso de idosos, devido às alterações farmacocinéticas efarmacodinâmicas próprias do envelhecimento (PINHO et al, 2012 ),a polimedicação, devido ao uso de vários medicamentos concomitante,pode ocasionar algumas patologias como insuficiência renal, hepáti-ca, bem como alterações no metabolismo do fármaco. (ISOPPO;HEBERLE, 2009).

MAGALHÃES, 2001, descreve que as crianças e neonatos podemsofrer alterações que influenciam nas características farmacocinéticase/ou farmacodinâmicas, relativas a essa faixa etária. Algumas altera-ções podem ser transtornos do crescimento ósseo ocasionado por dro-gas como as tetraciclinas, corticoides, ácido nalidíxico, quinolonas efluoroquinolonas. Para os neonatos, a taxa de absorção pode estaralterada devido à menor secreção de ácido e redução da motilidadegastro-intestinal.

As RAM’s podem ser classificadas em leves, moderadas e graves. Se-gundo a classificação de Magalhães, 2001, as reações leves não re-querem tratamentos específicos e não é necessária a suspensão domedicamento causador da RAM. As reações moderadas requeremmodificações na terapêutica medicamentosa, apesar de não ser neces-sária a suspensão do medicamento. Podem-se aumentar os dias deinternação do paciente. Na classificação grave, é necessária a inter-rupção da administração do medicamento e requer tratamento espe-cífico para a reação adversa. A letal contribui direto ou indiretamentepara a morte do paciente.

As reações adversas a medicamentos trazem um saldo negativo, vistoque, as manifestações clínicas apresentadas pelos pacientes podem

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prolongar os dias de hospitalização, gerando gastos à saúde(FIGUEIREDO, 2006).

Para prevenir ou reduzir os efeitos nocivos manifestados pelo pacien-te e melhorar as ações de saúde pública, é fundamental dispor de umsistema de Farmacovigilância (FIGUEIREDO, 2006).

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), Farmacovigilânciaconsiste da ciência e das atividades relativas à detecção, avaliação,compreensão e prevenção de efeitos adversos ou quaisquer outrospossíveis problemas relacionados a medicamentos (ANVISA, 2012).

Um método clássico de praticar a farmacovigilância é a monitorizaçãointensiva de pacientes. Este método tem como vantagens o registrode todos os eventos ligados ao paciente, reunindo dados completos econfiáveis, além da presença nas unidades de internação de profissio-nais com experiência em farmacologia clínica, capazes de estabelecero elo entre as cadeiras de ciências básicas e as cadeiras clínicas, favo-recendo a racionalização da terapêutica (PFAFFENBACH et al, 2002).

O setor de Vigilância em Serviços Sentinela, integrante da área deVigilância em Eventos Adversos e Queixas Técnicas da ANVISA cri-aram, com os serviços de saúde brasileiros (hospitais, hemocentros,dentre outros), a Rede Sentinela, que tem como objetivo construiruma rede de serviços em todo o país, preparada para notificar eventosadversos e queixas técnicas de produtos de saúde; insumos, materiaise medicamentos, visando garantir melhores produtos no mercado emais segurança e qualidade para pacientes e profissionais de saúde(ANVISA, 2008).

As notificações podem ser feitas por todos os profissionais da área dasaúde, como médicos, enfermeiros, farmacêuticos, dentre outros. Todasas informações contidas no formulário são sigilosas e não podem ser

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motivo de qualquer questionamento legal, de modo que todos os ca-sos relatados por profissionais de saúde não têm nenhuma implicaçãolegal (SOBRAFO, 2011).

O Sistema Nacional de Notificações para a Vigilância Sanitária(NOTIVISA) é um sistema informatizado em plataforma web, desti-nado para receber as notificações de eventos adversos (EA) e queixastécnicas (QT) relacionados com produtos sob vigilância sanitária, comomedicamentos, materiais e outros. (ANVISA, 2008).

Na notificação, deve constar a identificação do paciente notificador(informações estas que são confidenciais), o fármaco suspeito de pro-vocar as RAM’s, possíveis interações medicamentosas, a gravidadedos sintomas da reação e alguns fatores de risco associados ao pacien-te. Todas essas notificações podem ser feitas preferencialmente on-line com acesso a formulários específicos para cada classe denotificadores (ISOPPO; HEBERLE, 2009).

GROOTHEEST et al, 2004, descrevem que a cooperação entre aclasse médica e profissionais farmacêuticos parece ser de suma im-portância, visto que os dois grupos, através dos conhecimentos eexperiência, contribuem para a promoção do uso racional de medica-mentos.

Segundo dados da INFARMED, 2010, os profissionais farmacêuticosno ano de 2009 foram o grupo que mais enviou notificações ao Siste-ma Nacional de Farmacovigilância (SNF), totalizando 47% destas.

MATERIAIS E MÉTODOS

Trata-se de um estudo descritivo do tipo revisão de literatura, realiza-do a partir dos artigos publicados nos últimos quinze anos na SBRAFH(Revista Brasileira de Farmácia Hospitalar e Serviços de Saúde),

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Epidemiol. Serv. Saúde(Revista Epidemiologia e Serviços de Saúde) eRevista de Saúde Pública, com abordagem sobre as notificações dereações adversas a medicamentos em pacientes hospitalizados. Paratanto, foram utilizados os uni termos reação adversa, farmacovigilânciae notificação.

Os dados obtidos foram plotados através do Microsoft Excel forWindows 2000 e R versão 2.6.1 (R DEVELOPMENT CORE TEAM;2007), agrupados por similaridade de resultado. Destacaram-se aspublicações que demonstraram dados referentes às informações refe-rentes ao sexo e classe medicamentosa. Posteriormente, estes foramdiscutidos.

Através da análise da referida literatura, conseguiu-se explicitar asnotificações de reações adversas a medicamentos em pacientes hos-pitalizados.

RESULTADO E DISCUSSÃO

Rozenfeld, 2003, estima que, acima de 40%, a proporção de remédios“autoprescritos” ou de famílias que tomam remédios, são indicadospelo próprio usuário. Os desdobramentos adversos dapolifarmacoterapia estimulam sinergismos e antagonismos não dese-jados, descumprimento das prescrições dos produtos clinicamenteessenciais e gastos excedentes com os de uso sem necessidade.

Segundos dados de oliveira et al, 2013, no ano de 2010, 59,8% dasnotificações realizadas no sistema NOTIVISA foram feitas por hos-pitais da Rede Sentinela, 14,3% por profissionais de saúde e 8,3% porhospitais, não sendo relatado o percentual de hospitais colaboradorescomo tipo detalhado de notificante. Os hospitais da Rede Sentinelasão responsáveis por maiores número de notificações porque estessão motivados e qualificados para realizar notificações de eventosadversos e queixas técnicas de produtos de saúde.

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O sistema de notificação é de suma importância, visto que, apesar deno ambiente hospitalar conter profissionais que sejam capazes de re-conhecer uma RAM, os pacientes internados são expostos a adminis-tração de vários medicamentos, que são susceptíveis ao aparecimen-to de reações, podendo levar ao óbito destes (GOMES, 2004)

As figuras 1, 2 e 3 demonstram resultados da incidência de reaçõesadversas a medicamentos em pacientes hospitalizados, divididos porsexo.

No trabalho apresentado por Gomes et al, 2004, em Estudo de inci-dência de reações adversas a medicamentos em um hospital de ensinoem Fortaleza – CE, mostra que o sexo feminino teve incidência de54% das reações adversas sofridas, ficando o sexo masculino com46%, conforme demonstrado na figura 1.

No estudo de Oliveira, 2010, sobre eventos adversos com medica-mentos favorecidos pelo sistema de medicação de um hospital públi-co no município do Rio de Janeiro, a reação acometeu 67% do sexomasculino, enquanto o sexo feminino 33%, conforme demonstradona figura 2.

No estudo de Rozenfeld et al, 2009, em Efeitos adversos a medica-mentos em hospital público: estudo piloto, o sexo feminino ficou em70% das reações sofridas, enquanto o sexo masculino apresentou 30%das reações, conforme demonstrado na figura 3.

Em relação ao sexo, segundo Oliveira, 2004, as mulheres apresentammaior incidência de aparecimento de RAM em relação aos homens,uma vez que elas têm uma alta taxa de exposição a medicamentos,podendo citar, como exemplo, dismenorreia e complicações obstétri-cas e são mais suscetíveis possivelmente pelo uso de contraceptivos emaior concentração de tecido adiposo e, ainda, um determinantehormonal que possa afetar o metabolismo.

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No estudo de Varallo, 2010, os resultados demonstrados são atribuí-dos aos de Oliveira, 2004, atribuindo o fato de questões culturaisestarem associadas ao aparecimento de RAM’s no sexo feminino, con-siderando que as mulheres aceitam mais suas doenças, utilizando comfrequência o sistema de saúde.

Wannmacher, 2004, aponta que o uso irracional de medicamentoscorresponde a 23% de todas as reações adversas encontradas em hos-pital.

Hegele et al, 2009 citam que o ambiente hospitalar é favorável paraa identificação de reações adversas a medicamentos (RAMs), umavez que, no âmbito hospitalar, podemos encontrar pacientes compatologias diversas e em uso de vários medicamentos, estes que po-dem influenciar no aparecimento das RAMs.

A figuras 4, 5, 6 e 7 demonstram a incidência de reação adversa amedicamento em pacientes hospitalizados, segundo a classe terapêu-tica.

Segundo Louro et al, 2007, os antibióticos estão entre os medicamen-tos mais prescritos em hospitais, responsáveis por 20% a 50% dosgastos com medicamentos. Estima-se que seu uso seja inapropriadoem cerca de 50% dos casos e vários estudos apontam os antibióticoscomo um dos grupos medicamentosos que mais causam eventos ad-versos.

No estudo de Gomes et al, 2004, sobre a incidência de reações adver-sas a medicamentos em um hospital de ensino em Fortaleza – Ceará ,foi demonstrado que os antibióticos de uso sistêmico, como cefalotina,oxacilina, vancomicina, ceftriaxona apresentaram o maior número dereações adversas em relação as outra classes de medicamentos pres-critos, conforme figura 4. Os pacientes apresentaram queixas após o

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uso desses medicamentos, como bradicardia, taquicardia e arritmiacardíaca, hiperemia, placas eritematosas, dentre outras.

No estudo de Oliveira, 2010, os hipoglicemiantes (Gliblencamida,Metformina, Insulina) apresentaram maiores queixas técnicas em re-lação as outras classes utilizadas pelos pacientes, figura 5.

Segundo Silva, 2006, a hipoglicemia é a reação adversa mais frequen-te à insulina, principalmente para pacientes que têm insuficiênciarenal ou deficiência dos mecanismos reguladores. Essa reação podeser resultado de fatores, como: superdosagens, aumento do consumode glicose, desajuste entre o pico de ação de insulina e a refeição,fatores que aumentam a sensibilidade à insulina.

Para a glibenclamida, a hipoglicemia pode ocorrer como resultado deuma dose excessiva, mas também em função de outros fatores, comoalterações na dieta, ou exercícios sem adequado suprimento calórico,Miolo Memento 2006.

Godman; Gilman, 2005, após estudos, apontam que os efeitos adver-sos dos hipoglicemiantes ocorrem em cerca de 4% dos pacientes queusam fármacos de primeira geração. No caso dos de 2ª geração, comoa glibenclamida, apresentam risco de hipoglicemia , apesar de teremmeias-vidas semelhantes. Sendo assim, a glibenclamida causahipoglicemia em até 20 a 30% dos pacientes.

Segundo Lima et al, 2010 , os medicamentos que agem no aparelhodigestivo e metabolismo e sistema nervoso ficaram em 25,10% cadadas reações notificadas. Os medicamentos que atuam no aparelho di-gestivo e metabolismo podem estar relacionados com maior númerode ocorrências de reações adversas, devido ao uso indiscriminado,conforme demonstrado na figura 6.

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Fonteles et al, 2009, dizem que os medicamentos que atuam no siste-ma nervoso (SN) estão envolvidos em grande parte das reações ad-versas, sendo que estes representam uma grande parte daqueles utili-zados pela população.

Carlini; NAPPO, 2003, no artigo The pharmacovigilance of psychoativemedications in Braz il, apresentaram que os medicamentosantidepressivos, neurolépticos e antiepilépticos estavam presentes nosprincipais registros de suspeitas de reações adversas, causando, nasua maioria, hospitalização ou prolongamento da hospitalização, ris-co de vida, invalidez temporária dos pacientes e mortes. Os mesmosautores demonstraram que das 552,6 milhões de prescrições feitas,74,9 milhões (13,6%) dos fármacos prescritos correspondiam aosmedicamentos psicoativos.

Routlefge, 2004, descreve que antibióticos, anticoagulantes, agentesantineoplásicos e medicamentos anti-inflamatórios não-esteroides(AINEs) são responsáveis por 60% das RAM’s, considerando queestes geralmente são drogas com uma razão terapêutica baixa (pro-porção entre a dose terapêutica e tóxica média).

No estudo de Rozenfeld et al, 2009., os analgésicos e antipiréticosobtiveram maiores ocorrências de RAM’s, ficando com 70% das rea-ções encontradas no estudo. A dipirona e o paracetamol possuem par-cela significativa no aparecimento de RAM’s, uma vez que estes sãomuito utilizados pela população, conforme demonstrado na figura 7.Para o paracetamol, deve-se atentar quanto ao uso indiscriminado,visto que possui efeitos hepatotóxicos clinicamente importantes. Já adipirona pode apresentar-se com reações anafiláticas e cutâneas.

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CONCLUSÃO

As notificações de reações adversas são de grande importância para amelhoria da prática terapêutica racional, uma vez que a partir dessasnotificações é possível um rastreamento dessas substâncias, buscan-do sua qualidade. A ANVISA é o órgão responsável por garantir aqualidade, segurança e a eficácia dos medicamentos.

As queixas técnicas realizadas no sistema NOTIVISA têm condiçõesde identificar com antecedência questões que precisam ser corrigidasou melhorar para garantir a qualidade da assistência de saúde.

Os profissionais farmacêuticos hospitalares facilitam o acesso à his-tória clínica e à evolução do paciente hospitalizado, uma vez que ocontato desse profissional com o paciente é maior. A partir dessesdados, é possível elaborar uma notificação mais completa. Com osdados das notificações, a ANVISA pode realizar um monitoramentodos eventos adversos relacionados a medicamentos, identificar ques-tões relacionadas com a segurança e efetividade desses produtos ebuscar medidas para a segurança dos pacientes.

Figura 1 - Estudo de incidência de reações adversas a medicamentos em um hospital deensino em Fortaleza – Ceará.

Fonte: GOMES et al, 2004.

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Figura 2 - Eventos adversos com medicamentos favorecidos pelo sistema de medicaçãode um hospital público no município do Rio de Janeiro.

Fonte: OLIVEIRA, 2010.

Figura 3 - Efeitos adversos a medicamentos em hospital público: estudo piloto.

Fonte: ROZENFELD S et al, 2009.

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Figura 4 - Estudo da incidência de reações adversas a medicamentos em um hospital deensino em Fortaleza – Ceará.

Fonte: GOMES et. al., 2004.

Figura 5 - Eventos adversos com medicamentos favorecidos pelo sistema de medicaçãode um hospital público no município do Rio de Janeiro.

Fonte: OLIVEIRA, 2010.

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Figura 6 - Queixas técnicas e eventos adversos a medicamentos notificados em umhospital sentinela do interior de São Paulo, 2009-2010.

Fonte: LIMA et. al., 2009-2010.

Figura 7 – Efeitos adversos a medicamentos em hospital público: estudo piloto.

Fonte: ROZENFELD et. al., 2009.

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AVALIAÇÃO DOS SERVIÇOS FARMACÊUTICOS NAINTERAÇÃO MEDICAMENTOSA EM PACIENTESGERIÁTRICOS HOSPITALIZADOS: UMA REVISÃO

PEREIRA, L. T. ¹; RIBEIRO, S. R. ¹; SANTOS, D. S.²;ALENCAR, D. R.²*

Resumo: A interação medicamentosa ocorre quando os efeitos deum fármaco são alterados pela presença de outro ou por alimentos,bebidas e agentes químicos ou ambientais. Os idosos, devido geral-mente à alta ingestão de medicamentos, se apresentam como popula-ção vulnerável a essas interações. O objetivo geral desta pesquisa foiavaliar os serviços farmacêuticos na interação medicamentosa empacientes geriátricos hospitalizados. A metodologia baseou-se em umarevisão de literatura, abrangendo artigos científicos, manuais e revis-tas publicados de 2003 a 2013. Verificou-se que a digoxina e afurosemida foram os princípios ativos mais envolvidos em interaçõesmedicamentosas identificados nas pesquisas em estudo. E que a aten-ção farmacêutica tem o papel ativo de beneficiar o paciente, ajudan-do o prescritor na seleção apropriada e na dispensação dos medica-mentos. Assim, se faz indispensável o acompanhamento àfarmacoterapia do paciente geriátrico hospitalizado com a finalidadede evitar as interações farmacológicas e contribuir para a saúde doidoso.

¹ Curso de Farmácia, Faculdade de Saúde e Desenvolvimento Humano Santo Agosti-nho, Montes Claros, MG, Brasil.

² Orientadoras Trabalho de Conclusão de Curso* Autor para correspondência:[email protected]

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Palavras-chave: interação medicamentosa; pacientes geriátricos, aten-ção farmacêutica.

Abstract: A drug interaction occurs when the effects of a drug arealtered by the presence of another, or for food, beverage and chemicalor environmental agents. The elderly, usually with high intake ofmedications due to present themselves as a vulnerable population suchinteractions. The overall objective of this research was to evaluatepharmaceutical care in drug interactions in hospitalized geriatricpatients. The methodology was based on a review of literature coveringscientific, manuals and magazines published articles from 2003 to2013. It was found that digoxin and furosemide were the most activeprinciples involved in the research study identified drug interactions.And that pharmaceutical care is the active role of benefiting the patient,helping prescribers on the appropriate selection and dispensing ofmedicines. Thus, it is essential to follow the pharmacotherapy ofgeriatric patients hospitalized in order to avoid drug interactions andcontribute to the health of the elderly.

Keywords: drug interaction; geriatric patients; pharmaceutical care.

INTRODUÇÃO

O presente estudo discute a atuação do farmacêutico no que se refereà interação medicamentosa em pacientes geriátricos hospitalizados.Considerando o crescimento da população idosa em todo o mundo eo fato de se constituir no segmento social mais medicalizado, a ques-tão se coloca como desafio para os serviços e profissionais de saúde.Nesse sentido, problematiza-se: Qual a importância da função do far-macêutico no atendimento ao paciente geriátrico hospitalizado?

Avaliação dos serviços farmacêuticos na interação medicamentosa em pacientes geriátricos hospitalizados

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O objetivo geral que direcionou a pesquisa foi avaliar os serviçosfarmacêuticos na interação medicamentosa em pacientes geriátricoshospitalizados. E os objetivos específicos: identificar interaçõesmedicamentosas mais comuns em pacientes geriátricos hospitaliza-dos; relatar erros comuns em prescrições médicas de idosos hospitali-zados; descrever fatores que podem comprometer a qualidade do tra-balho do farmacêutico no contexto de tais interações; e demonstrarintervenções farmacêuticas na identificação de problemas potenciaisrelacionados a medicamentos.

A interação medicamentosa é o evento clínico em que os efeitos de umfármaco são alterados pela presença de outro fármaco, alimento, bebi-da ou algum agente químico ou ambiental, constituindo causas comunsde efeitos adversos. Quando dois medicamentos são administradosconcomitantemente, a um paciente, eles podem agir de forma indepen-dente ou interagirem entre si, com aumento ou diminuição de efeitoterapêutico ou tóxico de um ou de outro (HOEFLER, sd).

Deste modo, uma interação medicamentosa pode comprometer a qua-lidade de vida do paciente, pois ela pode promover o aumento datoxicidade de um fármaco, reduzir ou anular a sua eficácia. Além deinfluenciar diretamente na cura do paciente, ela pode gerar outrosagravos à saúde do mesmo (NOVAES, 2007).

Uma das principais causas da interação medicamentosa é a prescriçãosimultânea de vários medicamentos a um mesmo paciente, principal-mente quando este se encontra internado, a automedicação também éum fator importante (SUCAR, 2003). As estimativas de ocorrência deinteração medicamentosa estão entre 3% a 5% em pacientes que fa-zem uso de poucos fármacos e 20% entre aqueles que fazem uso de10 a 20 fármacos simultaneamente (SILVA et al, 2010).

Entre os idosos detecta-se amplo uso de medicamentos,desproporcionalmente alto para sua representação na população geral

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(COSTA, 2009). A presença de doenças crônicas nessa faixa da po-pulação concorre para a necessidade, na maioria dos casos, da utiliza-ção de mais de um medicamento. Em geral, as doenças dos idosos(crônicas e múltiplas) perduram por vários anos e exigem desses indi-víduos acompanhamento constante da saúde, especialmente no quese refere ao uso contínuo de medicamentos (MACEDO, 2012).

É importante lembrar que existem interações medicamentosas bené-ficas ou desejáveis, que têm por objetivo tratar doenças concomitantes,reduzir efeitos adversos, prolongar a duração do efeito, impedir, ouretardar o surgimento de resistência bacteriana, aumentar a adesão aotratamento, incrementar a eficácia ou permitir a redução de dose. Asinterações indesejáveis são as que determinam redução do efeito ouresultado contrário ao esperado, aumento na incidência e na gama deefeitos adversos e no custo da terapia, sem incremento no benefícioterapêutico (SHEN et al, 2003).

Nesse cenário de atendimento e cuidados para com o paciente idosose faz indispensável à função do profissional que realiza não apenas adispensação, mas que também a orientação sobre o uso de medica-mentos e, na prevenção de interações medicamentosas, sendo o far-macêutico (ALVES; ALVES; PARTATA, 2010).

Vieira (2007) informa que o número de farmacêuticos era bastantereduzido no país frente à demanda. Esse fato sofreu alterações a par-tir de meados dos anos de 1990, devido a ações dos Conselhos deFarmácia e da Vigilância Sanitária de todo o país. Hoje se tem o far-macêutico tanto no setor privado, quanto no serviço público, sendoque neste último a inserção vem ocorrendo de forma mais lenta.

A prática do farmacêutico deve estar orientada para a educação emsaúde, orientação farmacêutica, dispensação, atendimento e acompa-nhamento farmacêutico, registro sistemático das atividades,mensuração e avaliação dos resultados (VIEIRA, 2007).

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Nesse contexto, a atenção farmacêutica, que se trata de uma modali-dade de exercício profissional em que o farmacêutico assume um pa-pel ativo em benefício do paciente (ANDRADE et al, 2004), se fazimprescindível na prevenção e no monitoramento da terapêutica doidoso (LOCATELLI, 2007).

Segundo o Conselho Federal de Farmácia (CFF, 2013) o farmacêuti-co deve analisar a prescrição e o uso de medicamentos pelo paciente;e apresentar sugestão ou parecer farmacêutico a outros membros daequipe de saúde, com o propósito de auxiliar na seleção, adição, subs-tituição, ajuste ou interrupção da farmacoterapia do paciente.

Assim, a atenção farmacêutica é responsável por assegurar que o pa-ciente receba informações a cerca da utilização adequada dos medi-camentos o que contribui para o seu uso racional.

MATERIAIS E MÉTODOS

Este trabalho foi desenvolvido por meio da pesquisa descritiva dotipo revisão de literatura. Foram incluídos artigos científicos, manuaise revistas referentes à atenção farmacêutica na avaliação de interaçãomedicamentosa em pacientes geriátricos hospitalizados, quecorrespondiam aos períodos de publicação dos anos de 2003 a 2013,encontrados nas bases de dados do Scielo, LILACS, Pubmed, dentreoutros.

Para tanto, foram utilizadas as seguintes palavras-chaves: atenção far-macêutica; interação medicamentosa; idosos hospitalizados(pharmaceutical care; drug interaction; hospitalized elderly), nos idi-omas português e inglês. Mediante a análise desse acervo, foi possívelcontextualizar as implicações da atuação do farmacêutico no trata-mento medicamentoso do público acima referenciado.

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

O evento clínico em que os efeitos de um fármaco são alterados pelapresença de outro fármaco, alimento, bebida ou algum agente quími-co ou ambiental, constituindo causas comuns de efeitos adversos, énomeado interação medicamentosa. (HOEFLER, sd).

Esta pode comprometer a qualidade de vida do paciente, uma vezque promove o aumento da toxicidade de um fármaco, reduz ou anulaa sua eficácia. Além de influenciar diretamente na cura do paciente,ela pode gerar outros agravos à saúde do mesmo (NOVAES, 2007).

A interação medicamentosa pode ser classificada em farmacocinéticae farmacodinâmica. A primeira é constatada quando se tem a possibi-lidade de interferência de um dos fármacos nos processos de absor-ção, distribuição, metabolização e excreção (SHEN et al, 2003). E asegunda causa modificação do efeito bioquímico ou fisiológico domedicamento. Geralmente ocorre no local de ação dos medicamentos(receptores farmacológicos), ou através de mecanismos bioquímicosespecíficos, sendo capaz de causar efeitos semelhantes (sinergismo)ou opostos (antagonismo) (SECOLI, 2001).

Os idosos3 apresentam maior número de patologias e, logo, recebemmaior quantidade de medicamentos quando comparados a outras fai-xas etárias (BISSON, 2007). Corroborando, Araújo (2007) esclareceque tal condição aumenta o potencial para a ocorrência de interaçõesmedicamentosas, uma vez que esse potencial se eleva com o avançoda idade, com o número de medicamentos em uso e com o número demédicos que cuidam do mesmo indivíduo.

3 Considera-se idoso a pessoa com idade igual ou superior a 60 anos de idade (BRASIL.Estatuto do Idoso, 2003).

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Loyola Filho et al, (2005), por meio de um estudo realizado em Bambuí(Minas Gerais), constatou o consumo significativo de medicamentosem um curto espaço de tempo entre idosos. De 1.742 idosos residen-tes no município, um total de 1.606 participou da pesquisa, a qualidentificou o uso de no mínimo um medicamento no período de trêsmeses por 1.383 idosos, o que representa mais de 86% da populaçãoestudada.

Foi incluído nesta pesquisa tanto o consumo da medicação prescritaquanto o da não prescrita. Os medicamentos com ação sobre o apare-lho cardiovascular foram os mais consumidos (36,2%) entre os pres-critos, principalmente os diuréticos e cardioterápicos. Seguidos pelosmedicamentos que atuam sobre o sistema nervoso (25,5%), sobretu-do, analgésicos e psicolépticos.

Entre os não prescritos, os medicamentos que atuam sobre o sistemanervoso central foram os mais consumidos (37,1%), na quase totali-dade analgésicos, logo depois os medicamentos do trato alimentar emetabolismo (21,3%), especialmente vitaminas e antiácidos, e demedicamentos do sistema músculo-esquelético (12,0%)

Em outro estudo, realizado pela Universidade Regional do Noroestedo Estado do Rio Grande do Sul (Unijuí), através do Programa deAtenção ao Idoso4 - PAI, verificou-se que no período de março de2008 a julho de 2009, dos 16 idosos atendidos pelo PAI, 68,75% (11)estiveram pelo menos uma vez internados em hospital no mesmo pe-

4 O PAI é um projeto de extensão universitária que iniciou em 2008 e que propõe ummodelo de assistência ao idoso através do acompanhamento domiciliar de uma equi-pe multidisciplinar envolvendo acadêmicos e professores dos cursos de graduação emEnfermagem, Farmácia, Fisioterapia e Nutrição da Unijuí. O projeto tem como obje-tivo prestar assistência a idosos em situação de fragilidade que apresentam risco deinternação e/ou reinternação hospitalar (BUENO et al, 2012).

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ríodo. As internações foram advindas de complicações de doençasneurodegenerativas, oncológicas, do aparelho locomotor ecardiovascular. A maioria dos idosos, contudo, apresentavapolipatologias de caráter agudo e crônico (BUENO et al, 2009).

Do risco de internação e/ou reinternação, seis apresentaram riscomédio, quatro médio/alto e seis alto. Também foi verificado que onúmero máximo de medicamentos por idoso foi de quinze e o mínimode um (BUENO et al, 2009).

Constatou-se ainda, o total de nove idosos com risco de interações,sendo 4 mulheres e 5 homens, com média de 4 interações por idoso. Adigoxina foi o princípio ativo mais envolvido em interações, totalizandooito, esse fato se deve a frequência de problemas cardíacos entre osidosos. Seguido de furosemida (sete), omeprazol (cinco),espironolactona, fenobarbital, levotiroxina e ácido acetilsalicílico, cadaum com quatro, totalizando 36 possíveis interações (BUENO et al,2009).

Hammes (2008) apresenta uma perspectiva semelhante à expostaquanto às interações medicamentosas mais prevalentes em idososhospitalizados. A partir de uma pesquisa realizada em três UTIs deJoinville (SC), considerando um tempo de permanência superior a 48horas, admitiu-se 140 pacientes distribuídos entre as três unidadesem dois períodos distintos: 1 de outubro a 4 de novembro de 2004 e 7de março a 6 de abril de 2005. Nesse contexto verificou-se que 67,1%dos pacientes apresentaram alguma Interação Medicamentosa Poten-cial (IMP) significativa.

Sendo detectado o princípio ativo da digoxina e a furosemida entre ascinco interações medicamentosas mais recorrentes. Outros princípiosativos encontrados foram: aminoglicosídeos, fenitoína, IECA ebetabloqueadores, corticoides (HAMMES, 2008).

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O Quadro 1 apresenta interações medicamentosas comuns no idoso:

Quadro 1 – Interações medicamentosas comuns no idoso

Fonte: Adaptado de Ramos; Garcia (2007).

Com a finalidade de determinar a frequência de IMPs, a autora Vieiraet al (2012) realizou um estudo em Unidade de Terapia Intensiva -UTIs de dois hospitais de ensino da cidade de Goiânia: o HospitalGeral de Goiânia (HGG) e o Hospital das Clínicas da UniversidadeFederal de Goiás (HC/UFG). Essa pesquisa envolveu 117 pacientes,dos quais os idosos representaram 47% da casuística. O número totalde medicamentos prescritos para os 117 pacientes internados nas 24horas de internação foi de 1560, sendo empregados 147 fármacos(VIEIRA et al, 2012).

Dos 117 pacientes do estudo, 74 apresentaram 272 IMPs nas prescri-ções em 24 horas, com média de 2,3 interações por paciente. Com120 horas, 80 pacientes apresentaram 279 interações com média de2,4 por paciente. Potenciais interações medicamentosas foramidentificadas nos pacientes internados nas UTI´s juntamente com asreações adversas e sua gravidade, a exemplo do fentanil x midazolam(classificando-se como uma interação grave, tendo como consequênciaa depressão respiratória), furosemida x hidrocortisona (classificando-se como uma interação moderada, tendo como consequência ahipocalemia), AAS x ranitidina (classificando-se como uma interação

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leve, tendo como consequência a diminuição do efeito antiplaquetáriodo AAS) (VIEIRA et al, 2012).

Além dessas, outras interações também foram detectadas: midazolamx omeprazol (de gravidade moderada, causando depressão do SNC,letargia, ataxia), captropil x KCL (de gravidade considerada como grave,provocando hipercalemia), captopril x furosemida (moderada, cau-sando hipotensão postural), AAS x furosemida (moderada, tendo comoconsequência a diminuição do efeito diurético), AAS x insulina (degravidade moderada, tendo como efeito adverso a hipoglicemia),fentanil x nifedipina (grave, provocando hipotensão severa) eamiodarona x fentanil (grave, causando toxicidade cardíaca e risco detoxicidade do fentanil) (VIEIRA et al, 2012).

Fazendo uma comparação entre pacientes com idade igual ou superi-or a 60 anos e pacientes de faixa etária inferior a 60 anos, pode-seperceber, ainda nesse estudo, que aqueles com idade abaixo de 60,sofreram menos interação medicamentosa em relação aos pacientescom idade a partir dos 60 anos (VIEIRA et al, 2012).

Nesse cenário de atendimento e cuidados para com o paciente idosose faz indispensável ressaltar a importância do profissional que tempor função não apenas a dispensação, mas também a orientação sobreo uso de medicamentos, sendo o farmacêutico (ALVES; ALVES;PARTATA, 2010).

Em uma perspectiva de evolução, o autor Vieira (2007), informa quea demanda por farmacêuticos é antiga no Brasil, mas a oferta era re-duzida. Esse fato somente começou a sofrer modificações a partir demeados dos anos de 1990, devido a ações dos Conselhos de Farmáciae da Vigilância Sanitária de todo o país. Hoje, tem-se o farmacêuticotanto no setor privado, quanto no serviço público, neste último a in-serção vem ocorrendo de forma mais lenta.

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Hoje, mais do que nunca, é possível encontrar farmacêuticos desem-penhando funções dentro das secretarias municipais da saúde, mas onúmero de profissionais está muito aquém das reais necessidades. Aindanão está garantida a sua presença em todas as unidades básicas desaúde, mesmo existindo dispositivo legal que determine isto. No en-tanto, temos que refletir que mudanças estão ocorrendo e que acenampara a melhora dos serviços oferecidos à população (VIEIRA, 2007,p. 215).

A Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS, 2002), publicou umdocumento intitulado, Proposta de Consenso Brasileiro de AtençãoFarmacêutica, onde defende a prática do farmacêutico orientada paraa educação em saúde, orientação farmacêutica, dispensação, atendi-mento e acompanhamento farmacêutico, registro sistemático das ati-vidades, mensuração e avaliação dos resultados (VIEIRA, 2007).

Em resumo depreende-se a atuação desse profissional em três pontosbásicos: reorientando o serviço de farmácia, desenvolvendo as habili-dades da comunidade e incentivando os indivíduos à ação comunitária.

Desta forma, a atenção farmacêutica trata-se de uma modalidade deexercício profissional em que o farmacêutico assume um papel ativoem benefício do paciente (ANDRADE et al, 2004). Essa atividade sefaz imprescindível na prevenção e no monitoramento da terapêuticado idoso (LOCATELLI, 2007), sendo responsável por assegurar queo paciente receba informações acerca da utilização adequada dosmedicamentos o que contribui para o seu uso racional.

O propósito desse serviço é alcançar resultados concretos em respos-ta à terapêutica prescrita, que melhorem a qualidade de vida do paci-ente. Por isso busca de maneira sistematizada prevenir e resolver pro-blemas farmacoterapêuticos (SHOSTACK, 2004).

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A assistência farmacêutica, porém, muitas vezes não é compreendidaem toda a sua plenitude, o que como visto, transcende o próprio me-dicamento.

Ela vai além, muito mais além, pois a profissão farmacêutica épolimorfa e politécnica, abrangendo, além dos medicamentos, em to-das as suas fases (desde a pesquisa até a dispensação e orientação dopaciente, passando por produção, manipulação e controle), tambémos alimentos, os cosméticos, as análises clínicas e a saúde públicacomo um todo (SHOSTACK, 2004, p. 25).

A atuação do farmacêutico abrange a adesão ao tratamento e aminimização de erros quanto à administração de medicamentos. Istoporque tem como função reafirmar as orientações quanto ao suscita-do pelos prescritores e avaliar os aspectos farmacêuticos efarmacológicos que possam representar um dano em potencial paraqualquer paciente (SHOSTACK, 2004).

Com o propósito de alcançar resultados positivos no tratamento dopaciente, o farmacêutico então precisa dispor de tempo, pois confor-me Novaes (2007, p. 193), a prática da atenção farmacêutica envolvevárias fases:

Estabelecer a relação farmacêutico-paciente;

Recolher, sintetizar e analisar as informações relevantes;

Listar e classificar os sinais, sintomas e problemas relatados pelopaciente, identificados na anamnese;

Estabelecer o resultado farmacoterapêutico desejado para cada pro-blema relacionado com o medicamento;

Avaliar as alternativas terapêuticas disponíveis;

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Eleger a melhor solução farmacoterapêutica e individualizar o regi-me posológico;

Desenvolver o plano de monitorização terapêutica; Iniciar o tratamento individualizado e o plano de monitorização; e Realizar o seguimento para avaliar o resultado;

Observa-se que se faz necessário ao farmacêutico conhecer com pro-priedade o assunto com o qual atua, uma vez que a orientação perpas-sa a maioria de suas funções. As habilidades de comunicar e ouvir semostram como indispensáveis a esse profissional.

O aconselhamento do farmacêutico pode ser destinado ao paciente,ao seu acompanhante, familiar, cuidador, e ainda, ao médico prescritore demais profissionais de saúde envolvidos diretamente na assistên-cia a saúde. Nessa atividade, o farmacêutico avalia e orienta em rela-ção à farmacoterapia prescrita pelo médico, isto por meio da análisedas necessidades do paciente, quando também pode detectar proble-mas relacionados aos medicamentos (NOVAES, 2007).

Novaes (2007) esclarece que o aconselhamento também oferece be-nefícios como: a) torna o paciente capaz de reconhecer a necessidadedos medicamentos para a manutenção da saúde e do seu bem estar; b)o relacionamento entre o profissional de saúde e o paciente torna-semais eficaz, e isso cria uma atmosfera de confiança, que acaba poraumentar a aderência ao tratamento.

No âmbito do monitoramento, Amaral et al, (2008), afirma que todasas avaliações devem ocorrer de forma otimizada, onde o processo demonitorização terapêutica deve ser dividido em etapas, que facilitema avaliação no processo de intervenção do farmacêutico. Essa divi-são compreende, a saber:

Triagem dos pacientes: escalonando os pacientes que se encontramem um grupo de maior risco para o desenvolvimento de problemas

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relacionados aos medicamentos, onde pode-se avaliar faixa etária epatologias;

Análise dos dados, onde as informações serão obtidas através dahistória clínica do paciente idoso, entrevistando este pessoalmenteou seus familiares ou buscando informações com outros profissio-nais de saúde;

Detecção dos problemas - deve avaliar se há duplicidade de terapia,posologia adequada, se o medicamento selecionado é o ideal, se háalergias e intolerâncias ao medicamento, avaliação das reações ad-versas, se há interações, se existe ou não o cumprimento de terapiase se há uma boa relação custo-benefício na terapia;

Discussão da intervenção entre os profissionais de saúde onde, co-municando caso haja problema a equipe de profissionais responsá-veis pelo paciente idoso;

Documentação das intervenções, onde as decisões tomadas pelofarmacêutico serão organizadas a fim de garantir uma boareprodutibilidade do processo.

O trabalho do farmacêutico, no entanto, tem encontrado dificulda-des, dentre outros, quando o objeto da ação é o médico. Isto temocorrido, sobretudo, nos países onde a atenção farmacêutica não seencontra bem consolidada, onde profissionais da medicina resistem àrevisão da prescrição e ao alerta sobre problemas com o esquematerapêutico. O trabalho em equipe ou multiprofissional é o indicadopara superar essa fragilidade.

Em torno de 80% dos médicos consideram útil o serviço, mas, o res-tante julga como perda de tempo. Sabe-se, porém, que a rejeição dotrabalho do farmacêutico ou a resistência do médico ao serviço de

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assistência farmacêutica é bem menor quando as ações são conjun-tas, quando ambos os profissionais fazem parte de um mesmo projetoou equipe de saúde (NOVAES, 2007, p. 194).

No trabalho com idosos hospitalizados no Instituto Nacional deTraumatologia e Ortopedia (INTO) no Rio de Janeiro, foi realizadoum estudo no período de junho de 2004 a junho de 2005 pelo Serviçode Farmácia (SERFA), que na data contava com 2 farmacêuticos di-aristas, 4 plantonistas e 6 alunos do Curso de Residência Farmacêuti-ca da Universidade Federal Fluminense (NUNES et al, 2008).

Nesse período o SERFA atendeu 13,6% (747/5476) dos pacientesque internaram no INTO. Destes pacientes, cerca de 30% (224/747)necessitou de pelo menos uma intervenção do SERFA em algummomento do seu período de internação. Os médicos foram os profis-sionais mais contatados (71,1 %) pelos profissionais do SERFA paraseus atendimentos, seguidos dos enfermeiros (16,9 %), digitadores(6,2 %) e auxiliares de enfermagem (4,6 %) (NUNES et al, 2008).

Vale mencionar que os problemas foram detectados tanto por meioda detecção ativa (pelos próprios farmacêuticos), quanto também pordetecções passivas (em sua maioria, por pacientes e seus familiares).Essas últimas representaram 28% (NUNES et al, 2008).

A análise dos dados revelou que 81,8% (186/227) das intervençõesfarmacêuticas realizadas estavam relacionadas apenas à prescriçãomédica. As intervenções relacionadas tanto à prescrição quanto àadministração, representaram 8,8% (20/227) do total de interven-ções. Dos problemas relacionados à administração de medicamentos(10,1%; 23/227) se originaram na incompreensão da prescrição. Fatorelacionado, na maioria das vezes, à falta de legibilidade e/ou à pre-sença de nomes comerciais desconhecidos pelos profissionais de en-fermagem (NUNES et al, 2008).

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De todos os casos de erros, os mais numerosos foram os relacionadosà nifedipina retard 20 mg, muitas vezes prescrita como nifedipina 20mg. Ainda em relação à nifedipina, houve um erro de transcrição noqual foram solicitados seis comprimidos de nifedipina 10 mg ao invésdo comprimido de nifedipina oros contendo 60 mg deste medicamen-to, prescrito para o paciente (NUNES et al, 2008).

Do mesmo modo, identificou-se vários problemas em relação aos ni-tratos. Em uma ocasião, mononitrato de isossorbida 50 mg (cápsulacom grânulos de liberação prolongada), trazido por um paciente, foiconfundido com dinitrato de isossorbida por um auxiliar de enferma-gem, erro que não atingiu o paciente devido à intervenção farmacêu-tica. A prescrição de nitratos também gerou uma série de interven-ções relacionadas ao fato de que, durante o período de estudo, apenaso dinitrato de isossorbida era padronizado.

Desta forma, muitas prescrições de mononitrato de isossorbida 20mg foram compreendidas, pelos digitadores que realizavam a trans-crição da prescrição médica, e muitas vezes pela enfermagem, comoprescrições de dinitrato de isossorbida. Isto gerava o risco da adminis-tração de 20 mg de dinitrato de isossorbida em vez de 20 mg demononitrato de isossorbida, aumentando o risco de ocorrência de re-ações adversas, especialmente hipotensão e taquicardia reflexa(NUNES et al, 2008).

Outras intervenções também foram realizadas e evitaram a adminis-tração de medicamentos contraindicados para pacientes que apresen-tavam alergia ou alguma reação adversa. Nesse caso, a entrevista far-macêutica se mostrou bastante eficaz na prevenção deste tipo de even-to adverso. Dois casos envolveram dúvidas relatadas por auxiliares deenfermagem. Em um deles digoxina foi confundida com dipirona naprescrição de um paciente alérgico a este medicamento. No outro,dipirona foi confundida com digoxina na prescrição de um pacienteque jamais utilizara este medicamento (NUNES et al, 2008).

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Observa-se assim, a partir dessa última pesquisa que as intervençõesfarmacêuticas permitiram identificar potenciais problemas relaciona-dos aos medicamentos e a realizar a prevenção deles. O que concorrepara mostrar a capacidade do profissional em farmácia de melhorar ocuidado ao paciente e ofertar serviço de qualidade. Além disso, suasintervenções podem apresentar como resultados positivos a reduçãode custos e a promoção de maior adesão do paciente ao tratamento.

CONCLUSÃO

A realização deste trabalho permitiu tomar conhecimento acerca deum arcabouço teórico sobre a avaliação da intervenção farmacêuticana interação medicamentosa de pacientes geriátricos hospitalizados.

O estudo não se restringiu às teorias, visto que também apresentoupráticas e dados de pesquisas secundárias, onde se enfatizou o quantoà questão das interações pode ser recorrente, sobretudo junto à popu-lação idosa, pela quantidade de medicamentos, em geral, consumi-dos.

A ação do farmacêutico colocou-se como indispensável na promoçãoda cura ou de melhores condições de vida para o paciente, via trata-mento, pois, dentre outros, atua no reconhecimento de problemaspotenciais referentes à interação medicamentosa e também em rela-ção a outras circunstâncias que podem se fazer presentes, como aler-gias e reações adversas.

No entanto, identificou-se que o seu trabalho tem encontrado dificul-dades devido à inserção reduzida e lenta no setor público e privado. Equando o objeto da ação é o médico, ocorre muitas vezes deste resis-tir à revisão da prescrição e ao alerta sobre problemas com o esquematerapêutico.

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Assim, no reconhecimento de que esta temática se constitui em cam-po fértil para discussões no meio acadêmico e profissional, a presentepesquisa se coloca à disposição enquanto material de estudo emotivadora para outros trabalhos sobre o assunto.

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CONHECIMENTO SOBRE BIOSSEGURANÇA EPERCEPÇÃO DA BIOTECNOLOGIA ENTREPROFISSIONAIS VINCULADOS A EMPRESAS DE BASETECNOLÓGICA E INSTITUIÇÕES DE ENSINOSUPERIOR DE MONTES CLAROS- MG

PEREIRA, D.F.S1, SANTOS,V.M1; SAMPAIO, D.T1; XAVIER,M.A.S2; MENDES, A.J3; BARRETO, N.A.P3,

XAVIER, A.R.E.O*1, 2,3

Resumo: Atividades relacionadas à biotecnologia requerem conheci-mento em biossegurança. O objetivo deste estudo foi avaliar o conhe-cimento sobre biossegurança e a percepção quanto à biotecnologiaentre profissionais de empresas de base tecnológica (EBT) e institui-ções de ensino superior (IES) de Montes Claros. Foi realizada umapesquisa prospectiva quantitativa no período de novembro de 2011 aabril de 2012. A população foi composta por 121 profissionais. Oinstrumento de coleta de dados foi um questionário cujos dados porforam analisados estatisticamente no programa Minitab® v.16.0 con-siderando 95% o grau de confiança. Os resultados sobre conhecimen-to em biossegurança revelaram deficiências quanto ao acesso e cober-tura a este tema tanto IES em quanto EBT. A biotecnologia foi

1 Curso de Farmácia, Faculdades Santo Agostinho Montes Claros, Minas Gerais, Brasil.2 Programa de Pós-graduação em Recursos Genéticos e Biotecnologia, Universidade

Estadual de Montes Claros, Montes Claros, Minas Gerais, Brasil.3 Departamento de Fisiopatologia, Universidade Estadual de Montes Claros, Montes

Claros, Minas Gerais, Brasil.

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percepcionada favoravelmente entre IES e EBT. Em muitas questõesaqui analisadas, os dados apontaram a necessidade de adoção demelhoria em políticas de biossegurança. Este trabalho foi aprovadopelo Comitê de Ética da FUNORTE (Parecer número 01827/2011).

Palavras-chave: Conhecimento; Percepção; Biossegurança;Biotecnologia.

Abstract: Biotechnology related activities require biosafetyknowledge. The aim of this study was to evaluate the biosafetyknowledge and biotechnology perception among professionals fromTechnology based-company (TBC) and Higher Education Institutions(HEIs) in Montes Claros. Prospective and quantitative studies werecarried out from November 2011 to April 2012 by survey applied to121 professionals. The results were statistically analyzed by Minitab®16.0 considering 95% as confidence level. Deficiencies in access tobiosafety knowledge were demonstrated in the HEI as well as EBTand biotechnology was favorably perceived between IES and EBT.On many issues here analyzed the data pointed to the need foradoption of improved biosafety policies. This study was approved bythe Ethics Committee of Funorte (Report # 01827/2011).

Keywords: Knowledge; Perception; Biosafety; Biotechnology.

INTRODUÇÃO

A biossegurança pode ser definida como um conjunto de medidasvoltadas para a prevenção, minimização ou eliminação de riscos ine-rentes às atividades de pesquisa, produção, ensino, desenvolvimentotecnológico e prestação de serviços que podem comprometer a saúdedo homem, dos animais, do meio ambiente ou a qualidade dos traba-

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lhos desenvolvidos (TEIXEIRA; VALEE, 1996). Dentre as defini-ções mais comuns de biotecnologia, está aquela em que diz ser estauma aplicação que utilize sistemas biológicos e organismos vivos ouseus derivados para a criação ou modificação de produtos ou proces-sos para usos específicos (ALBORNOZ, 2005).

Apesar de a biossegurança no Brasil estar formatada legalmente paratratar da minimização dos riscos em relação aos organismos genetica-mente modificados (GASKELL, 2006), sua abrangência é muito maisampla. É uma ciência atenta à necessidade de serem tomadas medi-das destinadas ao conhecimento e controle dos riscos que o trabalhocientífico desenvolvido em indústrias de base tecnológica ou institui-ções de ensino superior pode apresentar para a segurança do meioambiente e da vida.

A grande maioria das atividades de biotecnologia requer o conheci-mento de biossegurança. Uma das medidas mais eficazes para garan-tir a segurança na realização das atividades de uma instituição, bemcomo a qualidade dos trabalhos executados, é contar com o quadrode recursos humanos capacitados e manter um programa decapacitação e educação continuada para todo seu pessoal (ODA;ÁVILA, 1998).

A biotecnologia no Brasil teve como pioneiro Marcos dos Mares Guia,eminente bioquímico da Universidade Federal de Minas Gerais. Suasólida formação na área da bioquímica de proteínas levou-o a umprojeto que culminou com a produção de insulina, inicialmente isola-da a partir de animais e, posteriormente, com a produção da proteínarecombinante em parceria com a Universidade de Brasília. Surgiu,assim, a Biobrás, com sede em Montes Claros, norte de Minas Gerais,que, na década de 90, era uma das quatro empresas produtoras deinsulina no mundo (LD SOFT, 2005).

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A cidade de Montes Claros, situada no Norte de Minas Gerais, é reco-nhecida como um polo em educação superior nessa região. Possui dezinstituições, entre públicas (estaduais e federais) e privadas, que ofe-recem mais de cinquenta cursos e envolvem aproximadamente vintemil alunos, isentando-se da contagem aqueles que cursam educação àdistância. Além disso, devido a incentivos fiscais, o município tor-nou-se um atrativo a implantação de indústrias têxtil, alimentícias,energética (biodiesel), bem como aquelas voltadas para o setorbiotecnológico com atividades relacionadas à biossegurança. Os avan-ços biotecnológicos impactam a sociedade e, portanto, é salutar queseus variados segmentos conheçam e discutam as suas aplicações. Nestesentido, ações educativas ou pesquisas de diagnóstico que promovamdiscussões e reflexões sobre a importância da democratização do co-nhecimento em biotecnologia e biossegurança são essenciais, inclusi-ve como medida de assegurar a sua correta aplicação.

MATERIAIS E MÉTODOS

O objetivo deste trabalho foi avaliar o conhecimento sobrebiossegurança e percepção quanto à biotecnologia entre profissionaisdas áreas de ciências biológicas e da saúde atuantes em empresas debase tecnológica (EBT) e educação em ensino superior de MontesClaros (IES). Para tal, foi realizada uma pesquisa de caráter prospectivoe cunho quantitativo realizada no período de novembro de 2011 aabril de 2012. A população foi composta por profissionais das áreasde ciências biológicas e da saúde oriundos de duas empresas de basetecnológica e duas instituições de ensino superior de Montes Claros -MG.

Foi realizado previamente um levantamento numérico de empresas/funcionários cujas atividades envolvessem os temas biossegurança ebiotecnologia. Em seguida, foi estabelecido um contato com as insti-tuições para a autorização da pesquisa cujos responsáveis receberam

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o Termo de Concordância da Instituição contendo as implicações doestudo e opção por participar ou não da pesquisa. As empresas quepermitiram a realização da pesquisa disponibilizaram seus funcionári-os a responderem um questionário estruturado previamente validado,após explicação do assunto da pesquisa e concordância de participa-ção através da assinatura do Termo de Consentimento Livre e Escla-recido.

Os dados gerados a partir da aplicação do instrumento de coleta dedados (questionário) foram submetidos a uma análise descritiva coma obtenção dos valores médios e cálculo de frequências das variáveisestudas. As análises estatísticas (nível de significância p < 0,05) fo-ram realizadas empregando o pacote estatístico Minitab v. 16.0.

Este trabalho originou-se do projeto: “Avaliação do conhecimento deprofissionais da área de ciências biológicas e da saúde sobrebiossegurança e biotecnologia”, possuindo caráter inédito, uma vezque proporcionou um diagnóstico inicial sobre o conhecimento embiossegurança e percepção sobre biotecnologia entre profissionais dasáreas acima supracitadas atuantes em IES e EBT em Montes Claros-MG. Foi aprovado pelo Comitê de Ética das Faculdades Unidas doNorte de Minas, (Parecer número 01827/2011), estando em confor-midade com a resolução 196/96 da CONEP. Todos os participantesconcordaram voluntariamente em participar da pesquisa e assinaramo Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Conhecimento em Biossegurança

Participaram do estudo 121 profissionais das áreas de ciências bioló-gicas e da saúde atuantes em empresas com atividades debiossegurança e biotecnologia em Montes Claros – MG. Das três

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empresas de base tecnológica identificadas, somente uma não autori-zou a pesquisa. Quatro instituições de ensino superior convidadasaceitaram participar da pesquisa, porém, a coleta de dados somentepôde ser realizada em duas, sendo uma delas pertencente à iniciativaprivada.

Dentre os participantes deste estudo, 76 foram oriundos de EBT e 45de IES, sendo dentre estes 4 pertencentes tanto à EBT quanto à IES.Dos 76 participantes das EBT, a maioria era do gênero masculino(61,84%). A maior parte possuía ensino médio (53,95%) e 44,74 %ensino superior, dos quais somente um participante com doutorado enenhum com mestrado. Quanto ao vínculo profissional, 93,42% eramfuncionários e somente 6,58% estagiários. Em relação à formaçãocomplementar em Biossegurança, somente 19,74% relataram ter fre-quentado curso específico.

A análise univariada das variáveis tempo de serviço (p=0, 199) e ida-de (p=0, 253) não evidenciou diferença estatística significativa entreos participantes das EBT e IES. Dentre as principais áreas de atua-ção, as mais frequentes foram: Bacteriologia (26,61%), outras(17,74%), Virologia (12,90%) e Bioquímica (10,48%).

Em um total de 45 participantes oriundos de IES, 64,4% eram repre-sentados por indivíduos do gênero feminino. Em relação à escolarida-de, 40% possuíam ensino superior, dos quais 17,78 % cursarammestrado e 13,33% doutorado. A análise univariada da variável esco-laridade evidenciou diferença estatística significativa (nível designificância estatística p < 0,05) entre IES e EBT (p < 0, 001).

Quanto ao vínculo profissional, 80% eram funcionários e 20% estagi-ários. Em relação à formação complementar em biossegurança, 80%relataram não ter freqüentado curso específico. Dentre as principaisáreas de atuação, as mais frequentes foram: saúde pública (14,41%),outras (14,41%) e humana (9,1%).

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Entre a variável “Formação complementar em biossegurança”, os re-sultados revelaram que ambos os grupos de profissionais apresenta-ram baixo índice de participação em cursos biossegurança relaciona-dos. No entanto, dentre os resultados nas Tabelas 1 e 2, no que se dizrespeito à participação em treinamentos em Biossegurança, 77,63%dos entrevistados das EBT e 51,11% das IES declararam ter recebidoalgum tipo de treinamento.

Empresas de Base Tecnológica e ou Instituições de Ensino superiorque realizam atividades na área de Biotecnologia envolvendo atecnologia do DNA recombinante e ou pesquisas com células troncodevem estar em conformidade com a Lei de Biossegurança (BRASIL,2005).

Por outro lado, Costa e Costa (COSTA; COSTA, 2009) descrevem ocenário brasileiro em relação à legislação em Biossegurança no Brasilrelatando que, além da Biossegurança, regulamentada pela Lei espe-cífica, há aquela praticada, desenvolvida principalmente nas institui-ções de saúde e que envolve os riscos por agentes químicos, físicos,biológicos, ergonômicos e psicossociais. Para as duas vertentes, o co-nhecimento em biossegurança proporcionado através de treinamentoperiódico de pessoal é um fator chave para garantir um ambiente detrabalho seguro, seja em EBT ou IES.

Com o objetivo de avaliar o acesso e cobertura ao conhecimento emBiossegurança em IES e EBT, foram elaboradas e validadas questõesaplicadas em formato de um questionário às IES e EBT de MontesClaros – MG.

A análise por Qui-quadrado entre os diferentes níveis de resposta (aofinal do questionário) sobre a percepção da avaliação do conhecimen-to em biossegurança entre os dois grupos mostrou não haver diferen-ça significativa entre eles (p=0,492). Comparando a percentagem de

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respostas somente como “nível elevado” entre EBT e IES (14,47% e6,67% respectivamente), houve diferença estatística significativa (p=0, 001). Esse fato pode ser explicado, uma vez que as duas EBT aquiestudadas realizam atividades que mais requerem em suas rotinas essetipo de conhecimento. Os dados sugerem que participantes das EBTpossuem uma percepção mais elevada sobre conhecimentos embiossegurança.

Profissionais das áreas de ciências biológicas e da saúde atuantes emIES ou EBT que realizam atividades de biossegurança relacionadasestão expostos a riscos, dentre os quais os biológicos. A classificaçãode riscos biológicos é regulamentada por órgãos nacionais e internaci-onais. A organização mundial da saúde (WHO) e o Instituto Nacionalde Saúde dos Estados Unidos da América (NIH) estabelecem 4 níveisde classificação dos riscos biológicos em laboratórios, baseados nasprincipais características dos micro-organismos e vias de transmissãode suas possíveis doenças (CDC, 2009). No Brasil, a classificação derisco dos agentes biológicos é normatizada pelo Ministério da Saúde,na qual órgãos, instituições de ensino e pesquisa devem se basear, nosentido de orientar suas atividades relativas à biossegurança e na ma-nipulação de agentes biológicos (BRASIL, 2010).

Em se tratando de Organismos Geneticamente Modificados (OGM),a legislação brasileira estabelece que o Ministério da Ciência, Tecnologiae Inovação, em sua comissão denominada CTNBio (Comissão Técni-ca Nacional de Biossegurança), é o órgão responsável em classificaros OGM segundo a classe de risco, bem como os níveis relacionadosde biossegurança a essas atividades, dentre outros (BRASIL, 2010).

Os resultados mostrados nas Tabelas 1 e 2, em relação à questão “Otrabalho que você desenvolve dentro da empresa oferece risco físico,químico ou biológico?”, demonstram que 75,56% dos participantesda IES e 96,05% dos participantes das EBT responderam “sim”. Em

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relação à questão: “As áreas que oferecem riscos químicos, físicos eou biológicos dentro da empresa são sinalizadas”, 57, 78% (IES) res-ponderam “sim”, 28,89 (IES) “não” e 13,33% “não sei”. As respostasdas EBT foram: 96,05% “sim” e 3,95 “não”. A análise das duas ques-tões entre os grupos indicou a mesma diferença estatística significati-va (p = 0,001). Complementando a questão anterior, os resultadossobre a questão “Você conhece mapa de riscos de onde trabalha?”mostrou que somente 37,78% dos participantes das IES responderam“sim”, 60% “não” e 2,22 “não sei”. Os participantes das EBT res-ponderam: “sim” 96,08% e “não” 3,95%. Nossos resultados sugeremque a maioria dos funcionários das EBT conhece o mapa de riscos deonde trabalham, bem como possíveis riscos físicos e ou biológicosaos quais se expõe. O mesmo resultado não foi encontrado entre osparticipantes da IES.

Pereira et al, (2013) se propuseram a avaliar os resultados e a efetividadede treinamentos relacionados à biossegurança ministrados a estudan-tes de um curso de pesquisa biomédica em laboratório no InstitutoOswaldo Cruz, Rio de Janeiro, Brasil. Os autores verificaram que54,03% dos estudantes consideram o curso como excelente, bem como20% aumentaram suas médias nos pré e pós-testes. Os estudantestreinados adotaram mudança de comportamento no sentido de ade-são ao uso equipamentos de proteção individual, bem como passarama mapear necessidade de adequações da estrutura física. De acordocom os autores, foi possível a aprendizagem organizacional graças atrês pressupostos: conceitual, prática e ético.

Quando questionado aos participantes deste estudo quanto ao co-nhecimento do uso de equipamentos de proteção individual (EPI’s)necessários para o desenvolvimento de seus trabalhos com seguran-ça, 100% oriundos das EBT e 91,11% das IES responderam “sim”.No entanto, quanto à disponibilização desses EPI aos participantes,98,68% oriundos das EBT e somente 55,56% das IES responderamestar disponível (Tabelas 1 e 2).

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Apesar de os resultados mostrarem que há de conhecimento da im-portância do uso dos EPIs, os dados das IES, quanto à disponibilização,apontam a existência de risco no trabalho desses profissionais quenão possuem acesso aos EPIs. Vale ressaltar, no entanto, que outraquestão deveria ter sido levantada aqui, neste estudo, no que se dizrespeito à adesão ao uso dos EPIs. Durante a aplicação do questioná-rio, foi verificado que um dos participantes não estava utilizando osEPIs necessários, mesmo tendo acesso a eles e conhecendo a sua im-portância. A reflexão a se fazer aqui, neste caso específico, vai deencontro com os resultados obtidos por Pereira e colaboradores8, ondeatividades de conscientização (treinamentos contínuos, palestras, cur-sos) a respeito da importância do uso dos EPIs poderiam ter um im-pacto na mudança de comportamento e melhor adesão ao uso destespara este e outros funcionários das IES e EBT aqui pesquisadas.

Costa; Costa, 2009, analisaram a percepção de docentes e discentessobre os processos de ensino-aprendizagem em cursos de nível médioda área de saúde na Fundação Oswaldo Cruz. A justificativa da pes-quisa baseou-se na observação dos autores sobre a existência de umadefasagem da biossegurança em relação ao mundo de trabalho e omundo da escola e demandas decorrentes do progresso técnico-cien-tífico e da sua própria evolução, no que se refere à biossegurança noespaço de saúde. Os resultados desta pesquisa apontaram para a ne-cessidade de aprimoramento nos processos de ensino em biossegurançanos cursos pesquisados. Os autores enfatizaram a importância desseaprimoramento, uma vez que poderia contribuir sobremaneira para ainclusão da biossegurança nos currículos da educação profissional emsaúde.

O descarte adequado de resíduos de serviços de saúde, dentre os quaisos biológicos, é assunto de biossegurança relacionado discutido e re-gulamentado em várias instâncias internacionais e nacionais. No Bra-sil, a RDC número 306/2004 da Agência Nacional de Vigilância Sa-

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nitária (ANVISA) e a resolução do Conselho Nacional do Meio Am-biente (CONAMA), número 358/2005, estabelecem o regulamentotécnico para o gerenciamento de resíduos de serviços de saúde, intrae extra estabelecimento respectivamente, com o objetivo de preser-var a saúde pública e a qualidade do meio ambiente (PEREIRA et al,2013).

Além da RDC 306/2004 e CONAMA 358/2005, outras normas ediferentes órgãos regulamentam a contenção do trabalho com materi-al biológico, considerando o tema biossegurança relacionados, dentreos quais: Normas Brasileira Regulamentares (NBR), InstruçõesNormativas da CTNBio, Diretrizes do Ministério da Saúde e NormaRegulamentadora número 32 do Ministério do Trabalho e do Empre-go (PEREIRA et al, 2013).

Quando os participantes deste estudo foram questionados: “Você járecebeu algum treinamento sobre como lidar em casos de acidentesde trabalho que envolva material biológico?” 60% dos participantesdas IES responderam “não”, enquanto, 73,68% das EBT responderam“sim”. Em relação à questão envolvendo gerenciamento de resíduos(descarte e disposição final): “Você já recebeu algum treinamento sobrecomo descartar produtos químicos e/ou materiais biológicos demaneira correta?” 48,89% dos participantes das IES responderam“não”, enquanto, 73,68% das EBT “sim”. Embora os resultadosapontem para as IES com o maior índice de deficiências em lidar comacidentes de trabalho envolvendo materiais perigosos (biológicos e/ou químicos), bem como no seu correto descarte, os resultados dasEBT revelaram também haver deficiências neste grupo aqui analisado.

Em um trabalho relacionado ao gerenciamento de resíduos, Stehling11

avaliou o conhecimento sobre este tema entre docentes, discentes,funcionários, pós-graduandos e bolsistas vinculados ao Instituto deCiências Biológicas e da Saúde da Universidade Federal de Minas

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Gerais. Os resultados mostraram alto índice de desconhecimento so-bre assunto, mas um compromisso e preocupação da comunidade en-volvida na pesquisa. A autora enfatizou a necessidade de uma abor-dagem mais detalhada sobre o tema tanto para alunos da graduação,quanto para docentes, funcionários, alunos de pós-graduação e bol-sistas que atuam nos laboratórios de pesquisa. Além disso, a mesmaafirmou ser visível a contribuição da deficiência de investimentoinstitucional, nas questões de provimento de materiais e equipamen-tos necessários à implantação do gerenciamento de resíduos, o quetem gerado um grau de impotência na comunidade pesquisada para aaplicação, na prática, dos conhecimentos existentes na gestão destesresíduos.

Percepção quanto a Biotecnologia

Devido à estreita relação entre biossegurança e atividades que envol-vam biotecnologia este trabalho se propôs também a avaliar a percep-ção da biotecnologia entre profissionais das áreas de ciências biológi-cas e da saúde atuantes em empresas de base tecnológica (EBT) eeducação em ensino superior de Montes Claros (IES).

Em relação à formação complementar em biotecnologia, 11% dosparticipantes relataram não possuir. Dentre as principais áreas deatuação as áreas mais freqüentes foram: saúde pública (14,41%), outras(14,41%) e humana (9,1%).

Foram abordadas sob forma de questionário as seguintes dimensõesrelativas à biotecnologia: percepção quanto à definição, interesse, infor-mação, confiança em fontes de informações e atitudes.

Relativamente à dimensão da percepção que os participantes de EBTpossuem da biotecnologia, verificou-se pelos resultados obtidos (Fi-gura 01) que as duas definições que a melhor definem são: conjunto de

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aplicações que utilizam micro-organismos (55,26%) e conjunto de aplicaçõestecnológicas da biologia (31,67%). Entre os participantes das IES asmesmas definições foram as mais encontradas, porém, a primeira res-pondida por 22,29% e a que se refere a aplicações tecnológicas da biologiaobteve 57,40% das respostas. Um índice similar (58%) de escolha dadefinição aplicações tecnológicas da biologia foi encontrado em um inqué-rito com docentes em Portugal (FIRMINO, 2009). Ainda neste inqué-rito a definição técnicas bioquímicas e de engenharia genética obteve 31%das respostas, enquanto que nenhum docente inquirido escolheu pro-dução industrial de alimentos e medicamentos com resposta. Firmino (2009)considera que a não escolha desta opção como positivo, uma vez querevela uma visão não reducionista da biotecnologia. Somente 01 partici-pante das EBT e 02 das IES consideraram produção industrial de alimen-tos e medicamentos com resposta.

A maioria dos profissionais inquiridos tanto das IES (51,3%) quantoEBT (64,44%) consideram-se razoavelmente interessados sobrebiotecnologia. O índice de respostas na categoria pouco interessados foide 5,30% nas EBT e 17,77% nas IES. Enquanto 17,77 % dos partici-pantes das IES responderam possuir grau elevado de interesse, 64%das EBT consideraram este o seu nível de informação. Esse alto índi-ce encontrado pode ser explicado devido à amostra ser composta (den-tre os representantes das EBT) por profissionais que atuam em em-presas com atividades biotecnologia relacionadas.

Em relação ao nível de informação em assuntos biotecnologia relacionados,80,20% dos participantes das EBT e 44,44% das IES o consideraramrazoável e somente 5,2% (EBT) e 5% das IES como elevado. Nenhumdos docentes inquiridos por Firmino (2009) considerou elevado seunível de informação sobre biotecnologia.

No que se diz respeito à confiança em fontes que divulgam assuntos sobrebiotecnologia (Figura 02, painéis A e B), 97,70% dos participantes das

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IES e 92,1% EBT afirmaram confiar em cientistas, enquanto que so-mente 11,90% (IES) e 32,3% (EBT) em governos e políticos. Resultadossimilares a estes foram encontradas por Firmino, onde foi destacadogoverno e políticos como fontes não confiáveis12.

A segunda fonte mais confiada nas IES foi a literatura científica da espe-cialidade (90,50%) enquanto que nas EBT 95,8% responderam con-fiar na indústria farmacêutica. A terceira fonte confiada nas EBT foi aliteratura científica da especialidade (90,50%) e nas IES os médicos. Essesresultados parecem estar relacionados com a percepção adquirida nopróprio ambiente de trabalho dos participantes.

Quanto à dimensão atitudes dos inquiridos em relação a utilização dabiotecnologia (Figura 03), verificou-se claramente que a clonagem hu-mana não é aprovada em nenhuma circunstância por 75% dos partici-pantes das EBT e 72% das IES. Somente 23% dos inquiridos das IESe 22% das EBT aprovaram esse assunto com reserva. As aplicaçõesrelativas à saúde humana foram as mais aprovadas sem dúvidas pelamaioria dos participantes desta pesquisa, dentre as quais: utilização deinsulina e de medicamentos produzidos por engenharia genética (EBT= 80% eIES= 66,70%) e detecção e terapia de doenças genéticas (EBT=59,2% nasIES= 57,8%). Em relação a transplantes de órgãos, 41,40% (IES) e 33,3%(EBT) aprovaram com reserva.

Foram também as mais aprovadas, porém, com reservas: produção dealimentos a partir de Organismos Geneticamente Modificados (EBT=50,50%nas IES= 66,7%) e redução da utilização de herbicidas por manipulaçãogenética de plantas (EBT=52 %). Nas IES somente 22,4% aprovaramcom restrição este utilização, sendo que 51,10% aprovaram sem re-servas.

O inquérito de Firmino (2009) respondido por docentes em relação àdimensão atitudes também apontou a clonagem humana (Figura 03, painel

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D) como sendo a mais não aprovada (72%) bem como o maior índice deaprovação sem dúvidas naquelas aplicações relativas à saúde humana.Dentre os aprovados com reservas estiveram em evidência à manipulaçãogenética de plantas para reduzir a utilização de herbicidas (Figura 03, painel F)(72%) e a produção de alimentos a partir de Organismos GeneticamenteModificados (Figura 03, painel E) (72%). Os resultados encontrados napesquisa com as IES e EBT de Montes Claros reforçam as conclusõesde Firmino (2009) em relação a uma maior aceitação das aplicações dabiotecnologia na área de saúde (ressaltando-se diagnóstico e tratamentode doenças humanas). Realça-se aqui o maior índice de aprovação semdúvidas das EBT e IES quanto à utilização de insulina e de medicamentosproduzidos por engenharia genética (Figura 03, painel A).

Acredita-se que o fato de Montes Claros sediar empresas de basetecnológica que produzem e ou desenvolvem tecnologia de produçãode insulina por engenharia genética, possa ter influenciado o alto índi-ce de aprovação pelas IES e principalmente pela EBT, com significa-tiva aprovação (80%). A mesma percepção foi observada em relaçãoa dimensão confiança em fontes de informação, em que 95,8% dos partici-pantes da EBT (Figura 02, painel A) responderam confiar totalmenteou confiar nas informações biotecnologia relacionadas divulgadas pelaindústria farmacêutica.

Bonis; Costa, 2009, afirmam que o desenvolvimento da biotecnologiasuscita uma série de preocupações tanto para cientistas quanto para asociedade de modo geral. Os autores em questão destacam a necessi-dade de se alfabetizar cientificamente a sociedade para que esta saibase posicionar frente às demandas científicas tecnológicas atuais. Nes-te sentido, temas como clonagem de embriões humanos, animaistransgênicos, organismos geneticamente modificados (OGM) no am-biente, terapia gênica, células-tronco, entre outros, são assuntos quegeram certa polêmica, e os possíveis riscos inerentes a essas ativida-des precisam ser bem conhecidos e esclarecidos.

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CONCLUSÃO

A análise da percepção dos profissionais das ciências biológicas e dasaúde sobre o conhecimento biossegurança revelou deficiências deacesso e cobertura a este tema relacionado tanto em IES quanto emEBT, sendo as IES apontadas com menor índice de conhecimento eacesso.

Os resultados aqui encontrados revelam a necessidade de um investi-mento maior das IES e EBT em treinamentos e ou cursos específicosem biossegurança e gerenciamento de resíduos. As questões a estestemas aqui relacionadas foram as mais expressivas, no sentido de in-dicar fragilidades com potencial de ameaça à saúde individual, coleti-va e ao meio ambiente, além do impacto na qualidade de vida de seustrabalhadores.

Dessa forma, são necessários esforços para a adequação das IES edas EBT às diretrizes de biossegurança estabelecidas em leis a elasaplicáveis, uma vez que os setores dos dois grupos, cujos participan-tes responderam ao questionário, realizam atividades de biossegurançarelacionados em maior ou menor proporção.

A análise das dimensões biotecnologia relacionadas, caracterizadasneste trabalho, revelou a visão dos profissionais das ciências biológi-cas e da saúde quanto a este tema. De uma forma geral, a biotecnologiafoi percepcionada favoravelmente entre IES e EBT. Embora o índicede formação nessa área tenha sido baixo, os dois grupos mostraramserem interessados e informados sobre o tema biotecnologia.

Quanto à dimensão confiança em fontes de informações, os resulta-dos mostraram uma menor confiança em governos e políticos e maiorconfiança em cientistas. No que se diz respeito a atitudes perante ouso da biotecnologia, a maioria não concorda com a clonagem humana e

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concorda com utilização de insulina e de medicamentos produzidos por enge-nharia genética. Nossos resultados foram em quase sua totalidade, osmesmos encontrados por Firmino (2009) em um estudo em Portugal.

Este trabalho objetivou o diagnóstico inicial das questõesbiossegurança e biotecnologia relacionados entre profissionais compotencial de atuação neste tema vinculados á EBT e IES. Outrostrabalhos deverão ser continuados como perspectiva futura no senti-do de avaliar uma população maior nos dois grupos aqui delineados.

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CONSUMO DE ISOTRETINOÍNA POR ADOLESCENTESE ADULTOS E A INCIDÊNCIA DE EFEITOS COLATERAISNO MUNICÍPIO DE MONTES CLAROS, MG

DIAS, D. S.1; SILVA, V. F. L.1; VELLOSO, N. V.2; FRANÇA, F. D.2

Resumo: A acne é um problema típico de adolescentes, atingindo95% da população e apresenta importância clínica pelas repercussõespsicossociais que pode causar. A isotretinoína é um medicamento efi-caz contra a acne, porém apresenta efeitos colaterais graves, que afe-tam a qualidade de vida de pacientes em tratamento. Atualmente, háum aumento de consumo de isotretinoína que causa questionamentosem função da mesma posologia para usuários jovens e adultos. O ob-jetivo do trabalho foi avaliar o consumo de isotretinoína por adoles-centes e adultos no período de 2013 a 2014 e verificar a incidência egravidade dos efeitos colaterais no município de Montes Claros, MG.A coleta de dados foi realizada por análise das prescrições deisotretinoína em uma drogaria situada em Montes Claros, MG. Osusuários foram entrevistados através de um questionário para avaliaros principais efeitos colaterais apresentados. Este projeto foi encami-nhado a um comitê de ética em pesquisa e apresentou-se adequadoaos princípios éticos preconizados pela resolução 466/12, sendo apro-vado conforme o parecer 441.056. Verificou-se que 70% dos usuári-os de isotretinoína são do sexo feminino, 30% são do sexo masculino.Noventa e oito por cento (98%) dos usuários têm conhecimento dos

1 Faculdade de Farmácia, Faculdades Santo Agostinho, Montes Claros, MG.2 Faculdade de Medicina, Universidade Federal de Mato Grosso, Campus Sinop, MT.

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efeitos colaterais da isotretinoína. Concluiu-se que o uso deisotretinoína é um tratamento para a acne que leva pacientes de ida-des de 15 a 30 a procurarem dermatologistas, principalmente pormotivo estético. Embora cientes da gravidade dos efeitos colateraisda substância, os usuários sentem-se satisfeitos com os resultados.

Palavras-chave: Acne, Isotretinoína, Retinoide, Efeito colateral.

Abstract: Acne is a typical problem of teenagers reaching 95% ofthe population and clinical significance for psychosocial effects it cancause. Isotretinoin is an effective drug against acne, but has seriousside effects, affecting the quality of life of patients undergoingtreatment. Currently, there is an increased consumption of isotretinoin,which causes the same questions depending on dosage for young andadult users. The aim of the study was to evaluate the use of isotretinoinby teenagers and adults in the period 2013 to 2014, and the incidenceand severity of side effects in Montes Claros, MG. Data collectionwas performed by analysis of prescriptions for isotretinoin in adrugstore located in Montes Claros, MG. Users were interviewed usinga questionnaire to assess the main side effects observed. This projectwas submitted to a research ethics committee and performedappropriate to the ethical principles adopted by Resolution 466/12and received approval on the advice 441 056. It was found that 70%of users of isotretinoin are female, 30% are male. Ninety-eight percent(98%) of users are aware of the side effects of isotretinoin. It wasconcluded that the use of isotretinoin for acne treatment is that leadpatients ages 15 to 30 seek dermatologists, especially for aestheticreason. Although aware of the severity of the side effects of substanceusers feel satisfied with the results.

Keywords: Acne, Isotretinoin, retinoid, side effect

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INTRODUÇÃO

A acne, que em grego quer dizer “eflorescência”, “ponto de eleva-ção”, é um problema típico de adolescentes, e pode atingir até 95%da população dessa faixa etária (RIBEIRO, 2010). É uma dermatoseextremamente comum na prática médica. Em recente levantamentoepidemiológico realizado pela Sociedade Brasileira de Dermatologia,a acne foi a causa mais frequente de consultas ao dermatologista,correspondendo a 14% de todos os atendimentos. Outros estudosepidemiológicos mostram que 80% dos adolescentes e adultos jovensentre 11-30 anos de idade irão sofrer de acne (BRASIL, 2010).

A adolescência, por definição, período instável e de transformaçõesfísicas e psíquicas, no qual o jovem sente necessidade de agradar aoutrem, torna-o mais susceptível às potenciais repercussões psicoló-gicas da acne (TEIXEIRA et al, 2012). As alterações hormonais dapuberdade estão quase sempre relacionadas com o início da acne vul-gar típica e os adolescentes do sexo masculino são os mais frequente-mente e intensamente afetados. Maturação adrenal e desenvolvimen-to gonadal levam à produção de andrógenos e subsequente aumentodas glândulas sebáceas, culminando com a erupção de acne nessa fai-xa etária (SCHMITT et al, 2009). Entretanto, pode acompanhar o in-divíduo até os 30 anos de idade, especialmente no sexo feminino. Maso comprometimento severo é mais comum no sexo masculino(BRENNER et al, 2006).

Em 1955 foi sintetizado o ácido 13-cis-retinoico ou isotretinoina. Suautilização para o tratamento da acne inflamatória iniciou-se na Euro-pa em 1976, nos Estados Unidos em 1980 e, no Brasil, as observa-ções, quanto à eficácia da terapia, iniciaram-se em 1982 (SAMPAIO;BAGATIN, 2008).

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A isotretinoina é muito eficaz contra a acne porque consiste no únicomedicamento que combate eficientemente as erupções em todas asfrentes importantes: reduz o tamanho das glândulas sebáceas, o querestringe drasticamente a produção de sebo; diminui o acúmulo decélulas que leva aos comedões nos folículos sebáceos; destrói a popu-lação das bactérias P. acnes; e controla a inflamação. E o mais notávelé que os efeitos terapêuticos da droga costumam perdurar até bemdepois de o paciente parar de tomá-la (PRESTON; MACEDO, 2007).Apesar de possuir efeitos terapêuticos notáveis e eficazes, aisotretinoína, sendo o único retinoide de administração por via oral,traz consigo efeitos colaterais que podem atingir desde os órgãos desentido aos principais sistemas vitais do usuário.

Os maiores problemas relacionados ao uso da isotretinoina derivamde seu potencial teratogênico e da ocorrência de múltiplas reaçõesadversas, às vezes graves, que podem levar à contraindicação paraseu uso. Por ser um retinoide análogo da Vitamina A, seus efeitoscolaterais são semelhantes ao quadro desta hipervitaminose. Os sin-tomas relacionados com hipervitaminose A são: secura da pele e dasmucosas dos lábios, da mucosa nasal, podendo levar à epistaxe, dafaringe (rouquidão) e dos olhos (conjuntivite, opacidade da córnea eintolerância a lentes de contato) (PIQUERO, 2004). Sabe-se que tan-to a deficiência quanto o excesso de vitamina A causam anormalida-des no crescimento ósseo longitudinal dos mamíferos. Como aisotretinoína é sintetizada a partir da vitamina A, acredita-se que elatambém regule a condrogênese em placas de crescimento (OLIVEI-RA, 2009). Adicionalmente, a toxicidade sistêmica dos retinoides podeatingir músculos, ossos, trato gastrointestinal, sistema nervoso cen-tral, olhos, ouvidos, tireóide e rins (BRITO et al, 2010).

A comercialização da isotretinoína vem crescendo significativamentenos últimos anos. As prescrições deste medicamento a pré-adolescen-tes e adultos são significantes, fato que tem levantado questionamentos

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visto que a posologia é a mesma para ambos, entretanto, os efeitoscolaterais acometidos na fase juvenil acontecem em proporção desi-gual aos na fase adulta. Apesar do risco potencial de causar tantosefeitos colaterais, o foco dos estudos científicos relacionados àisotretinoína é a teratogenicidade. Raramente são levadas em consi-deração as reações adversas acometidas ao paciente em tratamentocom a isotretinoína na fase juvenil. Assim, o objetivo do presentetrabalho foi avaliar o consumo de isotretinoína por adolescentes eadultos no período de 2013 a 2014 e verificar a incidência e gravidadedos efeitos colaterais no município de Montes Claros, Minas Gerais.

MATERIAL E MÉTODOS

Tratou-se de uma pesquisa de campo, participante, descritiva e decaráter quantitativo.

Local e amostra da pesquisa

A pesquisa foi realizada em uma drogaria e em uma instituição deensino superior da cidade de Montes Claros, interior de MG. O muni-cípio de Montes Claros localiza-se ao norte de Minas Gerais, em umaregião mineira denominada Polígono das Secas. Classificada como umadas 5 maiores cidades de MG, possui uma população de 390.212 ha-bitantes. A população jovem, compreendida entre 15 e 29 anos, re-presenta 29,5% do total, com 106.926 habitantes (IBGE, 2014). Adrogaria encontra-se situada no centro da cidade, onde há maior fluxode pessoas e de consumo de medicamentos. Os sujeitos da pesquisaforam os usuários de isotretinoína, os quais foram abordados na dro-garia em questão e na instituição de ensino superior.

Instrumentos para a coleta de dados

A coleta de dados foi realizada a partir das análises de 50 prescriçõescom indicação para isotretinoína oral oriundas da referida drogaria.

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Os dados de interesse foram extraídos e transcritos para um formulá-rio de coleta de dados. Adicionalmente, foram realizadas entrevistascom os 20 usuários de isotretinoína oral através de um questionárioestruturado contendo 11 questões sobre o tratamento medicamentoso.As entrevistas foram aplicadas somente após a compreensão dos ob-jetivos da pesquisa e assinatura do Termo de Consentimento Livre eEsclarecido (TCLE).

Análises dos dados

Após a coleta, os formulários contendo os dados das prescrições e asentrevistas dos usuários foram tabulados e analisadosquantitativamente, utilizando-se o software Excel para Windows.

Aspectos éticos

Os sujeitos da pesquisa foram informados a respeito de seus objeti-vos da mesma, respeitando-se a autonomia de cada um deles. No casodo sujeito ser um menor, foram necessários a autorização e o acompa-nhamento de seu responsável no momento da pesquisa. A entrevistafoi realizada somente após a assinatura do TCLE. Foi garantido oanonimato dos participantes. Os aspectos éticos foram consideradosde acordo com a Resolução 466/12 do Ministério da Saúde, que esti-pula normas de éticas regulamentadoras de pesquisas envolvendo se-res humanos. Além disso, foi solicitada a autorização da empresacoparticipante, através do Termo de Consentimento da Empresa. Esteprojeto foi encaminhado a um comitê de ética em pesquisa e apresen-tou-se adequado aos princípios éticos preconizados pela resolução466/12 e recebeu aprovação, conforme o parecer 441.056.

RESULTADOS

A partir das análises das prescrições de isotretinoína, percebeu-se queo consumo do retinoide foi maior no sexo feminino (70%) que nosexo masculino (30%) ( ANEXO I, Figura 1).

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Ao pesquisar a idade dos usuários nas prescrições médicas, percebeu-se que a maioria destas não informou a idade dos usuários (Figura 2).Porém, nas prescrições em que as idades foram citadas, a média parao sexo feminino foi de 22,7 anos (ANEXO I, figura 2, painel A) epara o sexo masculino 22,4 anos (ANEXO I, Figura 2, painel B).

O próximo passo foi verificar se nas prescrições que continham asidades dos usuários existia diferença de posologia. Nos usuários dosexo feminino, em apenas uma prescrição com idade informada foiindicada a posologia de 10 mg/dia, enquanto que em nenhuma pres-crição para o sexo masculino com idade informada foi indicada aposologia de 10 mg/dia. As dosagens 20 mg/dia e 30 mg/dia foramigualmente indicadas tanto para o sexo feminino quanto para o mas-culino. A dosagem de 40 mg/dia foi a indicada em maior número deprescrições ( ANEXO I, Tabela 1).

Em 88% das prescrições, o diagnóstico clínico não foi informado e10% destas classificaram a dermatite somente como acne. Apenas2% das prescrições informaram a classificação da acne, sendo essaclassificada como acne tipo IV. Em nenhumas das prescrições foramidentificados os tipos de acne I, II e III (ANEXO II, Figura 3).

Além disso, a partir do questionário aplicado, foi possível afirmar que97% dos usuários procuraram o dermatologista por motivo estético(ANEXO II, Figura 4, painel A) e todos os usuários foram submeti-dos a testes, sendo que 70% fizeram o teste Beta HCG (gonodotrofinacoriônica humana) e 30% fizeram o hemograma completo (ANEXOII,Figura 4, painel B). Identificou-se também que antes de fazer o usoda isotretínoina, os usuários recorreram a outros meios de tratamento,sendo que 32% fizeram uso de sabonetes específicos para a acne,31% usaram pomadas, 21% aplicaram loções e 16% fizeram uso decremes (ANEXO II, Figura 4, painel C).

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Todos os usuários foram orientados quanto ao uso do retinoide (ANE-XO III, Figura 5, painel A), porém 2% destes desconhecem os efeitoscolaterais da isotretinoína. Quanto à duração do tratamento para aacne, 32% dos entrevistados estavam em tratamento há um mês, 31%há dois meses, 16% há três meses e 2% há um ano.

Os resultados também mostraram que a maioria dos entrevistados(70%) foram submetidos ao tratamento com a maior dosagem daisotretinoína (40 mg/dia), 20% administraram o medicamento nadose de 20 mg/dia, 8% administraram o medicamento na dose de30 mg/dia e apenas 2% utilizaram o medicamento na dose de 10 mg/dia. Os efeitos adversos do medicamento foram observados em todosos entrevistados, porém em formas e tipos diferentes: 76% dos usuá-rios apresentaram sangramento labial, 23% apresentaram queda decabelo, 1% apresentou sangramento nasal. Durante o tratamento, 99%dos entrevistados se sentiram emocionalmente alterados, porém ne-nhum outro tipo de medicamento foi administrado durante o trata-mento com Isotretinoína. Todos os entrevistaram se sentiram satisfei-tos com o tratamento com a Isotretinoína.

DISCUSSÃO

Para avaliar o consumo de isotretinoína por adolescentes e adultos e aincidência de efeitos colaterais, foram analisadas prescrições médicase os usuários foram entrevistados.

A acne é uma dermatite que atinge grande parte da população entre afase juvenil e a fase adulta, o que proporciona um aumento das con-sultas com médicos dermatologistas, pois esses pacientes buscam omeio mais rápido e eficiente de tratar a acne, bem como amenizar osefeitos provocados por ela. Assim, o tratamento para a acne que aten-de às exigências de eficácia terapêutica com pouco tempo de trata-mento é o retinóide derivado da vitamina A, comercialmente vendido

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como Isotretinoína. A administração da isotretinoína é por via oral eo tratamento é indicado para a acne vulgar nódulo cística grave(GILMAN; GOODMAN, 2010).

Existem cinco graus de acne que devem ser tratados de acordo comseus sinais e sintomas. O tipo de acne grau I contém apenas cravos,sem lesões inflamatórias, espinhas ou cistos, enquanto a acne grau IIcontém cravos e espinhas pequenas – pequenas lesões inflamadas epontos amarelos de pus, também chamados de pústulas. Esses doistipos de acne não devem ser tratados com isotretinoína oral, devido otratamento ser agressivo para uma dermatite simples. A acne de grauIII tem formação de cravos, espinhas pequenas e cistos – lesões maisprofundas e dolorosas, avermelhadas e bem inflamadas. A acne degrau IV é caracterizada pela presença de cravos, espinhas pequenas ecistos, que se comunicam causando inflamação mais grave e aspectodesfigurante. Este tipo de acne também é conhecido como acneconglobata, enquanto a acne de grau V tem o surgimento súbito daacne com lesões graves, como cistos dolorosos que ulceram deixandograndes cicatrizes, acompanhado de sintomas gerais, como febre, mal-estar e dor no corpo. É uma forma rara e mais comum no sexo mascu-lino e deve ser tratada com isotretinoína oral, bem como os graus III eIV (SBD – Sociedade Brasileira de Dermatologia, 2014)

A isotretinoína é um retinoide de 1ª geração, a qual afeta a diferenci-ação celular, interagindo com as células através de dois receptores;receptores de ácido retinoico e os receptores retinoides (RAR/RXR),bem como suas isoformas, em que o complexo ligante receptor ativagenes promotores, e a expressão destes é responsável pelos efeitosfarmacológicos desejáveis, e também pelos efeitos adversos(VALADARES et al, 2012). Sua ação primária é diminuir a produçãode sebo, que auxilia no tratamento da acne nodular e cística (acneconglobata). O tamanho da glândula sebácea diminui, e existe umaalteração na morfologia e na capacidade secretória das células. Ocor-

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re em cerca de 90% dos casos a redução completa das lesões (CAJU-EIRO et al, 2014).

Como demonstrado na figura 1, as mulheres representamquantitativamente as maiores usuárias de Isotretinoína com porcen-tagem de 70%, enquanto os homens são representados por 30%. Estadiferença pode ser justificada por diversos motivos, como o fato de asmulheres serem mais preocupadas com a saúde do que os homens,além de o instinto feminino buscar sempre a perfeição, tanto em nívelde saúde quanto em nível de estética, conforme visto na figura 3,painel A. Outros fatores incluem também a predisposição genética(LEONARDI, 2008). A grande maioria dos homens recorre esponta-neamente aos médicos, quando o problema resulta em desconfortoou até mesmo em dor ou deformidade, que são efeitos colaterais cau-sados pela acne, assim a isotretinoína atuará diretamente nesses efei-tos. (TEIXEIRA et al, 2012).

Os resultados relatados na figura 2 (painel A) mostraram que, com aidade de 14 anos, houve duas prescrições de Isotretinoína, que conti-nham idade informada, sendo que a idade de 22 anos tem a maiorprevalência de usuárias de Isotretinoína, isso pode estar relacionadoaos fatores hormonais, alimentação e predisposição genética que po-dem estar associados à produção de sebo, embora a literatura nãojustifica a maior prevalência de acne nesta idade.

Os homens iniciam o tratamento de forma tardia, com 17 anos e finali-zam com idade de 28 anos, idade relativamente menor que a idade comque as mulheres finalizam o tratamento (figura 2, painel B). A média daidade dos usuários é bem semelhante em ambos os sexos, sendo a mé-dia de idade das mulheres de 22,7 anos e a dos homens de 22,4 anos.

Apesar de os receituários médicos solicitarem o preenchimento daidade dos usuários, a maioria das prescrições médicas não contém os

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dados preenchidos completamente, conforme evidenciado na Figura2. Das 50 prescrições analisadas, apenas 15 apresentaram idade eposologia informada.

A isotretinoína é um medicamento que possui alto grau de toxicidade(CAJUEIRO et al, 2014) e deve-se ter um controle especial durante otratamento. Portanto, analisamos as posologias prescritas e, de acordoa tabela 1, verificou-se que para mulheres com idade de 15 anos foiprescrita a isotretinoína na dosagem de 10 mg/dia, sendo essa posologiaadequada para essa faixa etária, pois o corpo do adolescente aindaestá em formação e uma dosagem muito elevada poderia trazer efei-tos colaterais que afetariam diretamente a qualidade de vida dessausuária.

A posologia de 30 mg/dia foi indicada para a idades de 14, 27 e 37anos. Essa posologia é considerada alta, principalmente para a idadede 14 anos. Provavelmente essa dosagem foi indicada para tratar umadermatite que está em um nível de gravidade alta, como a acne degrau IV ou V. Se o tratamento for a longo prazo, possivelmente essaadolescente apresentará efeitos adversos que podem ser irreversíveis.Como a adolescente está em processo de crescimento dos ossos, oretinoide pode produzir efeitos colaterais sobre o esqueleto, incluindohiperostoses esquelética idiopática difusa, ossificação extra-esquelética, bem como o fechamento prematuro das epífeses(GILMAN; GOODMAN, 2010).

A maior dosagem para a Isotretinoína é de 40 mg/dia, sendo que essadosagem é indicada somente quando a dermatite atinge o grau V comacne nodular recalcitrante e grave, pois, além do desconforto, a acnedeforma a face com inflamações que se tornam difíceis de serem tra-tadas. Conforme visto na tabela 1, essa posologia foi prescrita parauma adolescente de 14 anos e certamente essa usuária irá sofrer efei-tos colaterais mais graves, pois o aumento da dosagem favorece o

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aumento dos efeitos colaterais. É também importante considerar quea dose é cumulativa, sendo que a dose de 40 mg/dia, administradapor longos períodos, pode exceder rapidamente a dose total que é 120mg/kg, agravando ainda mais o quadro clínico da paciente (GILMAN;GOODMAN, 2010).

Em relação às prescrições para o sexo masculino, foram analisadas 15prescrições e apenas seis prescrições continham as idades. Paraposologia de 20 mg/dia, apenas a idade de 26 anos foi indicada, cer-tamente o mesmo possui uma dermatite grau III , pois a acne de grauIV ou V requerem uma dosagem maior para o tratamento. A dosagemde 30 mg/dia indicada para uma pessoa do sexo masculino com 22anos não é tão agravante quanto para uma idade abaixo dos 18 anos,pois, com 22 anos, o corpo já não está mais passando por processo demudança, como crescimento dos ossos, porém deve-se ter um contro-le quanto ao uso e acompanhamento no tratamento. A posologia de40 mg/dia é a dosagem máxima mais indicada para ambos os sexos,talvez pela necessidade de alcançar os resultados mais rapidamente.Os homens procuram o tratamento quando a acne já está avançada,sendo assim, a posologia máxima é a terapêutica mais adequada paraa situação.

Os prescritores não são obrigados a indicar o diagnóstico clínico nosreceituários, embora seja solicitada essa informação no Termo deConsentimento assinado pelo usuário e anexado à prescrição. Confor-me mostrado na figura 2, 88% das prescrições não apresentaram odiagnóstico clínico.

A isotretinoína é teratogênica, e tal fato não está relacionado à dose,além disso, pode ocorrer abortamento espontâneo. Assim, conformevisto na figura 3, mulheres com idade fértil que fazem uso daisotretinoína precisam fazer o teste do beta HCG antes de iniciar otratamento e a indicação seria inicia-lo no começo de um período

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menstrual normal e realizar testes periódicos para evitar o risco deutilizar uma droga com efeitos colaterais que afetariam não somente ausuária, mas também o feto.

Portanto, para se iniciar o tratamento com a isotretinoína, devem serrealizadas avaliações laboratoriais, que incluem hemograma comple-to, testes de função hepática e determinação dos lipídeos em jejum.Tais testes devem ser repetidos após um mês de tratamento e seremrefeitos somente se ocorrerem anormalidades (GILMAN;GOODMAN, 2010). As mulheres devem realizar dosagem de beta-HCG todo mês, porque é proibido engravidar durante o tratamento,pois o risco de aborto ou malformações graves no feto em gravidezesacidentais durante esse tratamento é extremamente alto. Por essemotivo, toda mulher em idade fértil deve utilizar uma combinação dedois métodos anticoncepcionais, iniciando um mês antes do trata-mento e seguindo pelo menos até três meses após o término do mes-mo (LAUTH, A., 2014). De acordo com as entrevistas realizadas foiobservado que todos os usuários foram submetidos às avaliações (fi-gura 3, painel B) e iniciaram o tratamento sem associar a outros trata-mentos para a acne, segundo orientações médicas. Os usuários relata-ram que apesar dos efeitos colaterais sistêmicos ocorridos comoressecamento labial, queda de cabelo e sangramento nasal, sentiram-se totalmente satisfeitos com o tratamento, pois os resultados do tra-tamento foram rápidos e eficazes.

CONCLUSÃO

O uso de isotretinoína é um tratamento farmacológico para a acneque constantemente leva pacientes de idades de 14 a 30 a procuraremdermatologistas. A maioria é representada por mulheres que recorremao especialista, quando se sentem totalmente em desconforto com adermatite e principalmente por motivo estético. Os homens apenasprocuram o tratamento médico, quando o processo da dermatite está

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em grau avançado. O médico deve analisar cautelosamente o casoclínico do paciente, bem como a idade e as possíveis alterações que omedicamento pode causar no usuário, tendo em vista que, se for umadolescente de 14 anos, a dosagem deve ser mínima e o tratamentodeve ser realizado de forma gradativa.

Os usuários, embora cientes da gravidade dos efeitos colaterais apre-sentados pela isotretinoína, encaram o tratamento como última op-ção a dermatose e se sentem totalmente satisfeitos com os resultadosobtidos pela terapêutica. Apesar de a isotretinoína ser muito prescritapor dermatologistas, não é possível encontrar relatos recentes na lite-ratura em relação aos efeitos colaterais e idade dos usuários. Essasinformações são extremamente importantes, pois a isotretinoína é ummedicamento sujeito a controle especial de alto risco, teratogênico ecom um elevado número de dispensação diária. O correto preenchi-mento de todos os dados do receituário de dispensação pelo médico,junto com o Termo de Consentimento assinado pelo paciente, deve-ria ser obrigatório para possibilitar uma melhor farmacovigilância.Assim, os efeitos colaterais poderiam ser amenizados e a dispensaçãode uma droga de alto teor de risco poderia ser evitada para o trata-mento em adolescentes de 14 aos 18 anos, que estão em formação eapresentam dermatites de grau leve como a Acne de grau I e II, vistoque existem outras formas de tratamento menos agressivo.

REFERÊNCIAS

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Consumo de Isotretinoína por adolescentes e adultos e a incidência de efeitos colaterais...

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ANEXO I

Figura 1. Relação de usuários de isotretinoína. FONTE: Prescrições de uma drogaria,Montes Claros-MG, 2014.

Figura 2. Relação entre as idades dos pacientes e número de prescrições no sexo femi-nino (A) e no sexo masculino (B). FONTE: Prescrições de uma drogaria, MontesClaros-MG, 2014.

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Tabela 1. Relação entre número de prescrições/idade/posologia nos usuários do Sexofeminino e masculino. FONTE: Prescrições de uma drogaria, Montes Claros-MG, 2014.

ANEXO II

Figura 3. Diagnóstico clínico informado nas prescrições médicas. FONTE: Prescriçõesde uma drogaria, Montes Claros-MG, 2014.

Consumo de Isotretinoína por adolescentes e adultos e a incidência de efeitos colaterais...

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Figura 4. Questionário para coleta de dados dos usuários. FONTE: Entrevista comusuários de Isotretinoína, Montes Claros 2014.

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ESTUDO DOS POTENCIAIS EFEITOS DAS INTERAÇÕESENTRE MEDICAMENTOS E PRODUTOS NATURAIS:UMA REVISÃO

CHAVES, B.¹; QUEIROZ, P. C.¹; ANDRADE, V.A.²;FIGUEIREDO, B. F. J.³*

Resumo: Introdução: A oferta de medicamentos para o tratamentode doenças é muito grande, porém uma grande parte da populaçãoutiliza produtos naturais, para o cuidado da saúde. Um conceito mui-to perigoso é que estes não representam riscos para a saúde, o quecontribui para o elevado número de intoxicações e falhas terapêuticasocasionadas pela associação produto natural e medicamento alopático.Objetivos: Caracterizar as interações medicamentosas envolvendo me-dicamentos e produtos naturais. Material e Métodos: Revisão deliteratura descritiva tendo como base artigos e documentos encontra-dos nas plataformas Medline, Scielo e Google acadêmico publicadosentre os anos de 2008 e 2014 com buscas realizadas utilizando osdescritores “interações entre medicamentos e plantas medicinais”;“interação entre medicamentos alopáticos e produtos naturais”,“interações medicamentosas”. Resultados: O uso de produtos natu-

1 Acadêmico do Curso de Farmácia das Faculdades Santo Agostinho, Montes Claros,Minas Gerais, Brasil.

2 Bióloga, Doutora em Ciências, Professora das Faculdades Santo Agostinho, MontesClaros, Minas Gerais, Brasil.

3 Farmacêutico, Mestre em Ciências da Saúde, Professor do Curso de Farmácia dasFaculdades Santo Agostinho, Montes Claros, Minas Gerais, Brasil.*[email protected]

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rais em associação com fármacos aumenta o risco de morbimortalidadecausada pelos efeitos adversos e toxicidade provocada por estes pro-dutos. As plantas usadas pela população brasileira, em grande parte,não possuem estudos científicos sobre a atividade farmacológica. Osefeitos adversos associados a plantas medicinais são classificados emintrínsecos e extrínsecos. A associação de produtos naturais e medi-camentos alopáticos pode originar substâncias que alteram as propri-edades farmacológicas e que podem levar à toxicidade. Conclusão:É possível inferir que pouco ainda se sabe a respeito das interaçõesmedicamentosas entre produtos e medicamentos, falta de informa-ção, uso inadequado e facilidade de aquisição estão associados a esseproblema. A especialização dos profissionais de saúde quanto a indi-cação de plantas medicinais é primordial para a redução de tais efei-tos e interações.

Palavras-chave: Plantas medicinais, Medicamentos, Medicamentosalopático, Interação medicamentosa.

Abstract: Introduction: The offer of drugs for treatment of diseasesis very large, but a large portion of the population uses natural productsfor health care. A very dangerous concept is that it does not representa risk to health, which contributes to the high number of intoxicationsand therapeutic failures caused by natural and allopathic medicineproduct association. Objectives: To characterize drug interactionsinvolving drugs and natural products. Material and Methods: Reviewof literature based on descriptive articles and documents found inMedline, SciELO and platforms Google scholar were publishedbetween the years 2008 and 2014 searches using keywords“interactions between medicines and medicinal plants”; “Interactionbetween allopathic and natural products”, “drug interactions”.Results: The use of natural products in combination with drugsincreases the risk of morbidity and mortality caused by toxicity andadverse effects caused by such products. Plants used by the Brazilian

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population, in large part, have no scientific studies on thepharmacological activity. Adverse effects associated with herbalmedicines are classified into intrinsic and extrinsic. The associationof allopathic drugs and natural products can cause substances thatalter the pharmacological properties and can lead to toxicity.Conclusion: It is possible to infer that little is known about the druginteractions between products and medications, lack of information,misuse and ease of purchase are associated with this problem. Theexpertise of health professionals as an indication of medicinal plantsis essential to reduce such effects and interactions.

Keywords: Medicinal Plants, Medicines, Allopathic Medicines, DrugInteractions.

INTRODUÇÃO

A oferta de medicamentos alopáticos para o tratamento de doençasatualmente é muito grande, porém uma grande parte da população fazuso de plantas para o cuidado da saúde.

Veiga Júnior (2008) afirma que a grande oferta de medicamentos nãoresolveu os problemas de saúde da maioria parte da população. Eledemostra que, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), 80%da humanidade ainda não recebem atendimento primário de saúde,por diversos motivos, entre eles por estarem muito distantes dos cen-tros de saúde ou por não possuírem recursos para adquirir os medica-mentos prescritos. No Brasil, o uso de plantas medicinais é incentiva-do principalmente pela crise econômica que afeta o país, pela dificul-dade de acesso da população à assistência médica e farmacêutica, aocusto dos medicamentos industrializados e uma tendência dos consu-midores a utilizarem produtos de origem natural decorrente de uma

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“consciência ecológica” (VEIGA JUNIOR, 2008; SILVEIRA; BAN-DEIRA; ARRAIS, 2008).

Os olhos das autoridades e administrações de saúde têm-se se volta-do para o uso de plantas medicinais nos últimos anos, por diferentesrazões e em diferentes setores. Um dos motivos é decorrente da ob-servação do aumento de seu uso pela população e aumento dos in-centivos em investimentos públicos em plantas medicinais. Fato esteque foi decisivo para que a medicina tradicional fosse tratada commais seriedade e explorada a possibilidade de utilizá-la em cuidadosprimários de saúde (SILVEIRA; BANDEIRA; ARRAIS, 2008).

A população dos países mais pobres faz uso de plantas medicinais portradição e ausência de alternativas econômicas viáveis; já nos paísesmais desenvolvidos, é observado que o uso de fitoterápicos é muitoinfluenciado por modismos de consumo de produtos naturais(NICOLETTI et al, 2007; SILVEIRA; BANDEIRA; ARRAIS, 2008).Esse modismo favorece a difusão de promessas de cura através dasplantas medicinais para muitos males, em certas vezes, em um únicoproduto (NICOLETTI et al, 2007; SILVEIRA; BANDEIRA; AR-RAIS, 2008).

Um conceito muito perigoso é o de que as plantas medicinais não repre-sentam riscos para a saúde humana por serem naturais e terem sidotestadas através de séculos de utilização pela população de todo o mundo.A falsa concepção de que “medicamento natural, se não fizer bem, malnão faz” contribui com a estatística de que no Brasil, segundo o Siste-ma de Informações Tóxico-Farmacológicas (SINITOX), os medicamen-tos ocupam o primeiro lugar entre os agentes causadores de intoxica-ções em seres humanos e o segundo lugar nos registros de mortes porintoxicação, embora, não sejam encontrados dados específicos relacio-nados exclusivamente à ingestão de plantas medicinais (ANTUNES,2009; SILVEIRA; BANDEIRA; ARRAIS, 2008).

Estudo dos potenciais efeitos das interações entre medicamentos e produtos naturais

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O uso de plantas medicinais em associação a fármacos aumenta orisco de morbimortalidade causada pelos efeitos adversos e toxicidadeprovocada por esses produtos. As plantas usadas pela população bra-sileira com inúmeras indicações ditas medicinais, em grande parte,não possuem estudos científicos sobre a atividade farmacológica naqual dizem ter potencial, requerendo, assim, maior investigação quí-mica, farmacológica e toxicológica (SANTOS et al, 2011; ANTUNES,2009).

A falta de informação sobre as propriedades das plantas medicinais eseu consumo concomitante com os medicamentos alopáticos semconhecimento do médico, a falta de conhecimento sobre os efeitosmedicinais e tóxicos das plantas, bem como a capacidade de identificá-las pela migração da população rural para as cidades são fatorespreocupantes da automedicação. Segundo dados da OMS, cerca de80% da população mundial utilizam produtos de origem natural paracombater problemas, como pressão alta, queimaduras, gripe, tosse,prisão de ventre, entre outros (VEIGA JUNIOR, 2008; NICOLETTI,2009; SANTOS, 2009; GOUWS et al, 2012).

As interações medicamentosas entre plantas medicinais e fármacosrepresentam riscos ao paciente e aumento dos gastos associados àassistência à saúde, fazendo-se necessários estudos mais aprofundadosque enfoquem a natureza das interações medicamentosas como causada manifestação de eventos adversos (BARROS; BARROS, 2010;BATES et al, 2001).

MATERIAIS E MÉTODOS

Realizou-se uma revisão de literatura descritiva tendo como base arti-gos e documentos encontrados nas plataformas Medline, Scielo eGoogle acadêmico publicados entre os anos de 2008 e 2014 com bus-cas realizadas utilizando os descritores “interações entre medicamen-

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tos e plantas medicinais”; “interação entre medicamentos alopáticose produtos naturais”, “interações medicamentosas”.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Em um levantamento estatístico realizado entre março e maio de 2004,na Região Serrana e Centro-Norte do Estado Rio de Janeiro, atravésde entrevistas com populares, descrito por Veiga Júnior (2008), foiobservado que mais de 90% da população faziam uso regular de plan-tas medicinais. Entre os entrevistados, 67% afirmaram usar plantasmedicinais durante o período da pesquisa. Para cerca de 63,0% dosentrevistados, as plantas medicinais são utilizadas sempre que há al-gum tipo de indisposição ou problema de saúde, sendo que apenas12,6% destes veem a utilização das plantas medicinais com algumaressalva, preferindo utilizá-las somente nos casos mais simples, comogripes e pequenas infecções. A utilização somente nos casos termi-nais aparece como uma alternativa para 1,4% dos entrevistados napesquisa (VEIGA JÚNIOR, 2008).

Veiga Júnior (2008) ainda relata que entre quem prepara as plantasmedicinais na família, 44,5% são representados pelas mulheres, ca-bendo a apenas 5,7% dos homens a mesma tarefa. Para 28,4% dosentrevistados, o conhecimento sobre a preparação dos extratos à basede plantas é bem difundido em toda família, enquanto que, em 21,4%dos casos, somente os mais velhos detêm esse conhecimento.

O conhecimento das plantas medicinais ainda é quase que exclusiva-mente popular. A urbanização e modernização da sociedade podeminfluenciar no conhecimento e também levar à perda do conhecimen-to sobre plantas medicinais. As informações importantes sobre efei-tos nocivos e modo de utilização das plantas medicinais podem desa-parecer com a população mais idosa se estas não forem repassadaspara os mais jovens (SANTOS et al, 2011).

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No entanto, antes de serem utilizadas pela população, deveriam serrealizados testes de segurança e toxicidade com as plantas medicinaispara que, no final, obtenham-se informações sobre o uso seguro eadequado, para assim fornecer resultados desejados a quem for utilizá-las (SANTOS et al, 2011).

Os métodos empregados na farmacovigilância de fitoterápicos - noti-ficação espontânea de RAM (Reação Adversa a Medicamento), namonitorização de pacientes e estudos analíticos - são semelhantes aosutilizados na farmacovigilância de medicamentos convencionais, emque se verificam as relações de casualidade e gravidade, segundo mé-todo estabelecido pela OMS. Porém, é importante levar em conta queos fitoterápicos são, em muitos casos, misturas complexas de váriasplantas das quais se conhece pouco sobre a toxicidade e possíveisreações adversas. Além disso, há grande dificuldade de distinguir rea-ções adversas de eventos relacionados à qualidade do produtofitoterápico, adulteração, contaminação, preparação incorreta ouestocagem inadequada e/ou uso inapropriado, irracional.

Segundo Silveira, Bandeira e Arrais (2008) os efeitos adversos associ-ados a plantas medicinais são classificados em intrínsecos e extrínsecos.As reações intrínsecas são aquelas inerentes à constituição química.Podem ser do tipo A (toxicidade previsível, overdose ou interaçãocom outros fármacos) ou tipo B (reação idiossincrática).

Toxicidade: Casos de intoxicações devido ao uso pouco cuidadosode plantas medicinais, como a utilização da planta errada, foramregistradas pelo SINITOX, em que 1.132 casos de intoxicação hu-mana por plantas no país foram registrados, sendo esses 5 óbitos(ano base 2010). O aumento do risco de toxicidade humana, quan-do utilizadas concomitantemente à medicina ortodoxa, ocorre por-que as plantas medicinais são utilizadas em idades extremas, duran-te a gravidez e presença de doenças crônicas que interferem no me-tabolismo.

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Overdose e uso prolongado: Planta medicinal é um agentexenobiótico, que apresenta produtos de biotransformação potenci-almente tóxicos, assim não possuem somente efeitos imediatos efacilmente correlacionados com sua ingestão, mas também efeitosque se instalam em longo prazo e de forma assintomática, podendolevar a um quadro clínico severo, algumas vezes fatal. Portanto, seuuso em problemas moderados, tais como a obesidade, insônia, cons-tipação, hemorroidas, dor nas articulações, entre outras, podem apre-sentar riscos, uma vez que são consumidas por várias semanas oumeses de tratamento.

Interação com outros fármacos: Muitas plantas têm o poder deminimizar, aumentar ou se opor aos efeitos dos medicamentosalopáticos.

Reação idiossincrática: Um grande número de plantas associadas areações alérgicas tem sido documentado. Pacientes que desenvol-vem esse tipo de reação geralmente recorrem à medicina tradicionalpara o tratamento destas.

As reações extrínsecas são aquelas ocasionadas pelas falhas duranteo processo de fabricação, tais como: miscelânea e substituições, fal-ta de padronização, contaminação, adulteração, preparação ouestocagem incorreta e/ou rotulagem inapropriada.

Miscelânea e substituições: Substituições podem apresentar resulta-dos desastrosos. Algumas vezes ocorrem de forma acidental, complantas similares a olho nu, outras vezes ocorre de forma intencio-nal, com substituição de parte da planta por outros ingredientes maisbaratos.

Falta de padronização: Deve-se levar em consideração que a varia-bilidade química sazonal pode afetar o teor de princípios ativos de

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plantas medicinais cultivadas, sendo por isso um importante fator aser estudado para o estabelecimento de critérios de qualidade paraessas plantas. Diferentes processos de extração podem alterar e di-minuir significantemente seus constituintes; assim como alguns pro-cessos de destilação podem originar novas substâncias.

Contaminação: Deve-se, além de identificar a planta, observar cole-ta adequada, obter material autêntico, não tóxico e com qualidade.A desobediência a estas recomendações pode causar danos à saúdedo consumidor.

Adulteração: A adição de medicamentos (esteroides, não-esteroides,tranquilizantes e diuréticos) a fitoterápicos pode aumentar aefetividade, mas pode trazer riscos aos pacientes, aumentando a pro-babilidade de complicações e overdose, principalmente se os paci-entes já estiverem fazendo uso de outra terapia ortodoxa.

Preparação ou estocagem incorreta: Assim como os alimentos, adecomposição de fitoterápicos pode ocorrer por ação de bactérias,ação dos preservativos e aumento de temperatura.

Rotulagem inapropriada: O rótulo de produtos fitoterápicos e plan-tas medicinais merecem a mesma atenção daquela dada aos medica-mentos alopáticos.

As reações adversas podem ocorrer de duas formas no organismo,metabolização e polimorfismo genético, como citado por Mazzari ePrieto (2014):

Fase 1 e o metabolismo do fígado humano citocromo P450: Seme-lhante aos medicamentos alopáticos, os medicamentos à base deplantas também passam pelo metabolismo de Fase 1 e Fase 2, a fimde ser excretado do corpo. Se uma planta medicinal é utilizada

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concomitantemente a um medicamento alopático, por exemplo, oprimeiro pode inibir ou induzir a atividade e expressão de umcitocromo específico que poderia ser o mesmo responsável pelometabolismo do último, levando a interações.

Polimorfismo genético: As respostas para aos medicamentos podemser diferentes entre os indivíduos devido à variabilidade do conteú-do do complô enzimático P450. Uma dosagem predefinida de ummedicamento pode ser suficiente para exercer um efeitofarmacológico em um paciente, mas pode ser necessário ajuste paraoutro paciente para atingir o mesmo efeito. Isso pode ser explicadopor polimorfismos genéticos dentro de citocromo P450 que podemafetar o metabolismo de xenobióticos em geral, levando a altera-ções na resposta à droga (MAZZARI; PRIETO, 2014).

Bandanai (2011) afirma que muitas substâncias, em associação, po-dem dar origem a outras, alterando as propriedades farmacológicasgerando produtos tóxicos e até mesmo desconhecidos. Essas incom-patibilidades podem ser do tipo físicas, químicas, farmacotécnicas efarmacológicas (BANDANAI, 2011).

Mazzari e Prieto (2014) deixam claro que o perfil farmacocinético demedicamentos é essencial para determinar a possibilidade de interaçõesmedicamentosas. Estudos de polimorfismo também são de grandeimportância, pois o polimorfismo pode afetar a capacidade do orga-nismo metabolizar os xenobióticos, levando a reações adversas.

Porém, estudos farmacocinéticos sobre as plantas medicinais são muitodifíceis de serem realizados devido à complexidade química. Por essemotivo, existem poucos dados para as inúmeras plantas nativas e exó-ticas que são tradicionalmente utilizados no Brasil. O perfilfarmacocinético in vitro de alguns medicamentos à base de plantaspode ser encontrado na literatura e, embora esses dados sejam impor-

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tantes, eles são raramente usados para a previsão das potenciaisinterações entre plantas medicinais e medicamentos alopáticos(MAZZARI; PRIETO, 2014).

Segundo um estudo citado por Bandanai (2011), realizado em Hospi-tal no Rio Grande do Sul, os efeitos adversos do medicamento podemser omitidos pelo prescritor, devido ao fato de que as informaçõesnegativas relativas ao medicamento prejudiquem a adesão do pacien-te ao tratamento medicamentoso (BANDANAI, 2011).

Puppo e Silva (2008) apud Bandanai (2011) informam que, em pes-quisa realizada com indivíduos atendidos na Farmácia escola da Uni-versidade Municipal de São Caetano do Sul e usuários do fitoterápicoGinkgo (Ginkgo biloba L.), foi observado que 13,73% dos entrevista-dos faziam associação desse medicamento com o ácido acetilsalicílico(AAS), sem conhecimento dos potenciais riscos de interações devidoao uso concomitante desses dois tipos de medicamentos. O usoconcomitante de Ginkgo com o ácido acetilsalicílico pode aumentaros riscos da ocorrência de hemorragias (BANDANAI, 2011).

Bandanai (2011) afirma também que, devido ao uso concomitante dediferentes medicamentos, os idosos fazem parte de um grupo queapresenta maior possibilidade de potenciais interaçõesmedicamentosas. Os profissionais da saúde, muitas vezes, por faltade informação, prescrevem medicamentos alopáticos junto com osfitoterápicos, por acreditarem que substâncias vegetais não causamnenhum efeito nocivo ao organismo (ALEXANDRE, 2008;BANDANAI, 2011).

DISCUSSÃO

Após o estudo, é possível inferir que pouco ainda se sabe a respeitodas interações medicamentosas entre plantas medicinais e medica-

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mentos, apesar de o uso concomitante de medicamentos e plantasmedicinais ser bem difundido e de conhecimento da classe médica.

Diversos fatores, além da falta de informação, estão associados a esseproblema, um dele é a falta de diálogo entre médico e paciente e per-da do conhecimento popular a respeito do uso correto e possíveisefeitos nocivos das plantas medicinais. O conhecimento ainda é con-centrado na população mais idosa e, muitas vezes, ele não é dissemi-nado para a população mais jovem.

É importante também uma maior especialização dos profissionais desaúde quanto à indicação de plantas medicinais e também um cuida-do maior na hora de prescrever um medicamento alopático, questio-nando ao paciente se este faz uso de plantas medicinais como trata-mento medicamentoso.

CONCLUSÃO

Após a realização deste trabalho, é possível concluir que o uso deplantas medicinais e medicamentos é uma prática comum, porém nãoé dada a devida atenção para esse problema. Para se ter segurançacom uso dos medicamentos à base de plantas, os pacientes deveminformar ao médico sobre seu uso e pedir orientações sobre eles. Aorientação farmacêutica também é de suma importância, pois o far-macêutico tem a detenção do conhecimento específico para prevenir,detectar e resolver problemas relacionados aos medicamentos, alémde promover seu uso racional.

Ainda são incertos os reais efeitos do duplo tratamento, utilizandoplantas medicinais e medicamentos alopáticos. Pouco se sabe sobre operfil toxicológico das plantas comumente utilizadas pelos pacientes.Isso torna a definição e o estudo dos efeitos adversos e nocivos dasplantas medicinais ainda mais difícil, principalmente quando elas sãoutilizadas junto com medicamentos.

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Um sistema robusto de farmacovigilância, semelhante ao que existepara medicamentos alopáticos, poderá contribuir muito positivamen-te para a identificação e a notificação das interações entre plantasmedicinais e medicamentos alopáticos. Esses dados poderiam ser usa-dos na busca de soluções para o problema e melhor estudo das rea-ções mais comuns apresentadas pelos pacientes.

A solução pode estar em um maior incentivo para pesquisas que bus-cam traçar o perfil toxicológico das plantas usadas para fins medici-nais e também em campanhas de conscientização de pacientes e daclasse médica, para que conheçam os possíveis efeitos nocivos e seatentem para a realidade do uso de plantas medicinais como cura.

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INCIDÊNCIA DA DENGUE NO MUNICÍPIO DE JEQUITAÍ,MG, ENTRE OS ANOS DE 2008 E 2013

MORAES, C. G. dos S.¹; JESUS, F. A. de ²;SPÓSITO,P. A. F.³

Resumo: A dengue é transmitida pela picada do mosquito transmissorAedes aegypti. É a principal doença reemergente da atualidade. Oaumento do número de casos e a disseminação para novas áreasgeográficas, especialmente as regiões tropicais, fazem da doença umimportante problema de saúde pública. Minas Gerais está entre osestados com maior prevalência de dengue, de acordo com o Ministérioda Saúde. O objetivo do presente trabalho foi avaliar a incidência dadengue no município de Jequitaí, MG, entre os anos de 2008 e 2013.Os dados relacionados aos novos casos com diagnóstico confirmadode dengue no Município de Jequitaí, MG foram coletados a partir daanálise de informações adquiridas na Gerência Regional de Saúde(GRS) de Montes Claros - MG, da qual o Município faz parte. Deacordo com os resultados, foi notificado um total de 465 casos dedengue no município entre 2008 e 2013. O número de casos novosmanteve-se em constante oscilação. 2010 foi o ano com mais casosnotificados (203), seguido pelo ano de 2012 (149). Houve uma maiornotificação da doença entre as mulheres do que nos homens durante

1 Graduanda do Curso de Farmácia das Faculdades Santo Agostinho. E-mail:[email protected]

2 Graduanda do Curso de Farmácia das Faculdades Santo Agostinho. E-mail:[email protected]

3 Professora do Curso de Farmácia das Faculdades Santo Agostinho, Montes Claros,MG. E-mail: [email protected]

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todo o período avaliado. Quanto à distribuição da doença por grupoetário, a maior concentração foi observada nas faixas etárias de 11 a40 anos. Verificou-se que a maioria das notificações ocorreu no períodode janeiro, março, abril, maio e dezembro. Os dados epidemiológicosobtidos apontam para a necessidade de intervenção através depolíticas públicas de prevenção primária. Estudos como este sãoimportantes para orientar o planejamento e o estabelecimento deestratégias para o combate da doença no município.

Palavras-chave: Incidência, Dengue, Jequitaí.

Abstract: The Dengue is transmitted by the bite of the mosquitoAedesaegypti. It is the main reemerging disease currently. The increasednumber of cases and the spread to new geographic areas, especiallytropical regions, makes the disease a major public health problem.Minas Gerais is among the states with the highest prevalence of den-gue fever according to the Ministry of Health. The purpose of thisstudy was to evaluate the incidence of dengue in the city of Jequitaí,MG, between the years 2008 and 2013. The data related to new caseswith confirmed diagnosis of dengue in the Municipality of Jequitaí-MG were collected from the analysis of information acquired in theRegional Health Management (SWM) of Montes Claros - MG, Jequitaímakes part of this regional. According to the results reported were atotal of 465 dengue cases in the city between 2008 and 2013. Thenumber of new cases has remained in constant oscillation. 2010 wasthe year with the most reported cases (203) followed by the year 2012(149). There was a higher notification of the disease in women thanin men during the study period. Regarding the distribution of the diseaseby age group, the highest concentration was observed in the ages groups11- 40 years. It has been found that most reports occurred in the periodJanuary, March, April, May and December. Epidemiological data pointto the need for intervention through public policy for primaryprevention. Studies like this are important to guide planning andestablishing strategies to combat the disease in the city.

Keywords: Incidence, Dengue, Jequitaí.

Incidência da Dengue no município de Jequitaí, MG, entre os anos de 2008 e 2013

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INTRODUÇÃO

A palavra dengue é de origem espanhola e quer dizer “melindre”, ma-nha. A dengue é uma doença de ampla distribuição mundial, princi-palmente em regiões tropicais e subtropicais. É uma arbovirose cau-sada por um vírus da família Flaviviridae, que apresenta quatro sorotiposconhecidos: DEN-1, DEN-2, DEN-3 e DEN-4 (OLIVEIRA et al,2012; LEITE et al, 2011; COSTA; FERREIRA, 2002).

A dengue é transmitida pela picada do mosquito transmissor Aedesaegypti, uma espécie hematófaga originária da África; um mosquito dehábitos domésticos e diurnos, que se utiliza principalmente de depó-sitos de água limpa e parada para depositar seus ovos. O A. aegyptitem mostrado alta resistência à dessecação, com grande capacidadede adaptação em diversos ambientes e em situações não favoráveis(CLARO; ROSA; TOMASSINI, 2004, LEITE et al, 2011, Silva et al,2010).

Segundo Gubler 2004, dentre todas as arboviroses conhecidas, a den-gue é considerada a única completamente adaptada aos seres huma-nos, que mantém a circulação dos vírus em áreas urbanas, especial-mente nas grandes cidades de países tropicais. Contudo, ainda é regis-trada a existência de ciclos enzoóticos florestais, mas que não apre-sentam grande importância na atual transmissão e disseminação dosvírus.

A dengue é a principal doença reemergente da atualidade e quase 40%da população mundial vive sob o risco de adquiri-la. O aumento donúmero de casos e a disseminação para novas áreas geográficas, espe-cialmente as regiões tropicais, fazem da doença um importante pro-blema de saúde pública (TAUIL, 2002).

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De acordo com dados da Organização Mundial de Saúde, a dengueatinge 100 países em todos os continentes e, aproximadamente, 50milhões de pessoas se infectam todos os anos, ocorrendo cerca de500.000 casos de Febre Hemorrágica da Dengue (FHD) e 21.000óbitos (BRASIL, 2009; TEIXEIRA, 2008).

Nos últimos vinte anos, o Brasil vivenciou quatro grandes epidemias:1998, 2002, 2008 e 2010. Vários são os fatores que explicam a expan-são da doença nos últimos anos, tais como: a aglomeração de pessoassem imunidade ao vírus, aumentando o risco de epidemias, a maiorparte da população brasileira vive em áreas urbanas, a falta de sanea-mento básico (COSTA; SILVA, 2013).

O atual quadro epidemiológico da dengue no país caracteriza-se pelaampla dispersão do Aedes Aegypti em todas as regiões brasileiras, comuma complexa dinâmica de distribuição do seu vírus e circulação si-multânea de três sorotipos virais (DEN-1, DEN-2 e DEN-3), alémda vulnerabilidade para a introdução do sorotipo DEN-4 (COSTA;SILVA, 2013).

A dengue é uma doença febril aguda, que se manifesta de maneiravariável, desde uma forma assintomática até quadros graves ehemorrágicos, podendo levar ao óbito. É a mais importante arboviroseque afeta o homem e vem se apresentando, junto com as outras cha-madas doenças tropicais negligenciadas, como um sério problema desaúde pública (LEMOS; MAFRA, 2009).A doença classifica-se, cli-nicamente, como dengue clássico (DC), febre hemorrágica do dengue(FHD) (OLIVEIRA, et al, 2012; ARAUJO, et al, 2012)

Minas Gerais está entre os estados com maior prevalência de denguede acordo com o Ministério da Saúde, 2002, sendo assim, considera-se importante avaliar o número de casos novos de dengue no municí-

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pio de Jequitaí, MG, visto que este está entre os municípios do Esta-do que mais apresentam casos de dengue (Secretaria de Estado deSaúde).

Segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatís-tica), Jequitaí é uma cidade do norte de Minas Gerais, com a distânciade 500 Km da capital, Belo Horizonte, com uma área de 1.268,443km2, tendo o cerrado como bioma predominante.

Diante do exposto, o objetivo do presente trabalho foi avaliar a inci-dência da dengue no município de Jequitaí, MG, entre os anos de2008 e 2013.

METODOLOGIA

Trata-se de um estudo epidemiológico descritivo e quantitativo, decaráter retrospectivo, tendo como período de estudo os anos de 2008a 2013, quando foram coletados dados relacionados aos novos casoscom diagnóstico confirmado de dengue no município de Jequitaí–MG,notificados à Gerência Regional de Saúde (GRS) de Montes Claros,MG, da qual o município faz parte. Jequitaí possui uma população deaproximadamente 8.000 habitantes, de acordo com o IBGE. Foramconsiderados apenas os casos relativos aos residentes no município.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A dengue é considerada, dentre as doenças virais de transmissãovetorial, a que mais causa impacto em termos de morbimortalidadena população mundial em anos recentes e também exige esforços einvestimentos cada vez mais intensos dos serviços de saúde pública(BOGUTCHI; CORRÊA; FRANÇA, 2005).

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Neste trabalho, avaliou-se a incidência de dengue no município deJequitaí, MG, entre os anos de 2008 e 2013. De acordo com os resul-tados obtidos (figura 1), no período em estudo foram notificados umtotal de 465 casos de dengue no município. Verifica-se que o númerode casos novos de dengue ao longo do período analisado manteve-seem constante oscilação. No ano de 2008, observa-se apenas um casoconfirmado, em 2009 não houve nenhum caso detectado. 2010 foi oano com mais casos notificados (203), seguido pelo ano de 2012 (149).

As figuras 2 e 3 mostram que dos 465 casos, 262 foram de pessoas dosexo feminino (56,3%) e 203 do sexo masculino (43,7%), sendo as-sim, houve uma maior notificação da doença entre as mulheres doque entre homens durante todo o período avaliado.

Estudos realizados por diferentes autores mostraram que a porcenta-gem de mulheres acometidas pela doença é maior. Em Mossoró-RN, adistribuição do número de casos entre os sexos foi de 52,6% no sexofeminino e 47,4% no masculino. Em estudos realizados em Araguaína-TO (VASCONCELOS et al, 1993), Belém-PA (NASCIMENTO et al,2003), Teresina-PI (MONTEIRO et al, 2009), Giruá-RS (BARONI;OLIVEIRA, 2009) e no México (GÒMES-DANTÉS et al, 1995), foiencontrada maior concentração de casos de dengue em pessoas dosexo feminino, situação justificada pelos autores pelo fato de ocorrermaior permanência da mulher no ambiente intra e peridomiciliar, onde,na maioria das vezes, ocorre a transmissão.Ribeiro 2006 constatouque, em São Sebastião, SP, aproximadamente 60% dos casos de den-gue ocorreram no sexo feminino e 40% no masculino. Os dados apre-sentados corroboram com os encontrados no presente estudo.

Gonçalves Neto; Rebêlo (2004), em sua pesquisa no município deSão Luís-MA, não perceberam diferença significativa entre o númerode casos de dengue no sexo masculino e no feminino.

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Além dos dados consistentes apresentados acima, fica umquestionamento que talvez exija mais estudos, que é: “será que a inci-dência da doença é maior entre as mulheres ou estas procuram commaior frequência os centros de saúde e por isso tem-se uma maiornotificação?”

A tabela 1 mostra a distribuição do número de casos de dengue, deacordo com a faixa etária. Quanto à distribuição da doença por grupoetário, ocorreram casos em todas as faixas, porém a maior concentra-ção foi observada nas faixas etárias de 11 a 40 anos.

No Brasil, a incidência do dengue clássico, da febre hemorrágica dodengue e até mesmo das infecções inaparentes por esse agente é bemmais elevada em adultos (20-40 anos) (SIQUEIRA-JÚNIOR et al,2005; TEIXEIRA et al, 2005; HALSTEAD, 2006). Estudos realiza-dos por Oliveira et al, 2012 em Mossoró, RN, mostraram que a inci-dência da doença entre 2006 e 2010 foi maior na faixa etária entre 20e 49. Porém, em 2010, a população de 5 a 9 anos de idade concentrouo maior número de casos. Ribeiro et al, 2006, demonstraram que adistribuição da doença por grupos etários em São Sebastião, SP, ocor-reu principalmente nas idades entre 20 a 29 anos e 30 a 39 anos, emambos os sexos. Ao estudar o dengue clássico em Giruá-RS, Baroni;Oliveira, 2009, observaram que, em 2007, a infecção predominou nafaixa etária de 31 a 40 anos (18,9%). Esses achados, semelhantes aosencontrados em Mossoró, evidenciaram o grupo economicamenteprodutivo como o mais afetado. Em Salvador (TEIXEIRA et al, 2001),São Luís (GONÇALVES; NETO; REBÊLO, 2004) e Teresina(MONTEIRO et al, 2009), os autores mostraram que a faixa etáriamais acometida era a de pacientes entre 15 e 49 anos, um grupo bas-tante amplo. Em Jequitaí, os resultados encontrados foram semelhan-tes aos descritos pelos diversos autores.

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Alguns estudos têm demonstrado o aumento dos casos de dengue emcrianças e isso pode estar relacionado ao fato de que, à medida que apopulação adulta vai sendo infectada pelos diversos sorotipos e ad-quirindo imunidade específica para cada um deles, as crianças cres-cem em importância epidemiológica, por constituírem o grupopopulacional mais susceptível (GALDINO et al, 2011).

De acordo com Costa &Silva, 2013, a dengue é uma doença comcaracterística sazonal, que se concentra em um mesmo período, todosos anos e tem uma relação intrínseca com as condições climáticaslocais. No Brasil, o período de maior incidência da dengue coincidecom o verão, devido à maior ocorrência de chuvas e ao aumento datemperatura, que tornam um clima favorável à reprodução. Aproxi-madamente 70% dos casos de dengue ocorrem entre os meses de ja-neiro a maio, com exceção das regiões Norte e Nordeste, nas quais atemporada de chuvas começa tardiamente (em março e se estendematé julho). Além disso, a maior parte do território brasileiro apresentacondições favoráveis à reprodução do mosquito durante o ano todo,principalmente nos grandes centros urbanos com carência de sanea-mento básico (Ministério da Saúde, 2002).

No presente estudo, verificou-se que a maioria das notificações ocor-reu no período de janeiro, março, abril, maio e dezembro (tabela 2),coincidindo com o período em que geralmente ocorrem as chuvas.

Em estudo realizado por Corrêa et al, 2005, no qual se avaliou aocorrência de dengue em Belo Horizonte entre 1996 e 2001, verifi-cou-se que houve grande variação nas taxas de incidência anual emensal no período analisado, sendo que as maiores taxas de incidên-cia mensal em geral foram verificadas em março e abril de cada ano.

Suzuki (2006) encontrou, em Mogi das Cruzes-SP, correlação signifi-cativa entre a variável climática pluviosidade e o número de casos de

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dengue, relatando a maior concentração dos casos a partir do mês emque se iniciam as chuvas até três meses após seu término. TambémMonteiro et al., (2009), estudando a epidemiologia da dengue emTeresina-PI, durante o período de 2002 a 2006, observaram maiorincidência de casos no primeiro semestre de cada ano, principalmentenos meses de março a maio. Ribeiro et al. (2006) reforçam ainda que,além das precipitações atmosféricas, a temperatura elevada mantémuma correlação positiva com a transmissão de dengue. No municípiode Rio Claro, observou-se que o período do ano de maior ocorrênciados casos, para os anos de 2007, 2008 e 2009, são os meses de março,abril e maio (AZEVEDO et al, 2011).

Vale ressaltar que o conhecimento da relação entre a incidência decasos de dengue e variáveis climáticas e pluviométricas pode propici-ar um maior entendimento da dinâmica de transmissão que pode serútil para a elaboração de estratégias de controle por parte da Secreta-ria de Saúde local.

Segundo Silva et al, 2007, a reprodução da dengue não ocorre nosprimeiros meses em que ocorre a precipitação. Dessa maneira, pode-se analisar que a dengue pode ocorrer tanto no período chuvoso comopode acontecer no fim deste mesmo período, desde que alguns fatoresclimáticos, como umidade e temperatura mantenham-se favoráveis àsobrevivência do vetor.

Para Silva et al, 2008, no que tange à umidade relativa do ar, o Aedesaegypti encontra grande potencialidade de desenvolvimento quandoesta apresenta-se na faixa entre 70% a 100%; essas condições serãosatisfatórias para o desenvolvimento de todas as fases que compreen-dem o ciclo do mosquito Aedes aegypti. A temperatura é um dos princi-pais fatores ambientais que influenciam tanto direto como indireta-mente os insetos, seja no seu desenvolvimento seja na alimentação.

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O conhecimento sobre a temperatura e seus efeitos no ciclo de vida émuito importante. Esse conhecimento, quando destinado ao Aedesaegypti, permite determinar épocas propícias à ocorrência da maioriados casos e, assim, colabora na tomadas de decisões de controle domosquito.

No Município de Pirapora (MG), no ano de 2010, foram notificados2.366 casos de dengue, caindo em 2011 para 203 casos notificados.Neste estudo, percebeu-se claramente a relação existente entre as chu-vas e a ocorrência da dengue em Pirapora-MG (COSTA et al., 2013).

Diante dos fatos, os serviços de saúde devem estar atentos ao atendi-mento adequado do paciente para prevenir a doença. No municípiode Jequitaí, MG, o predomínio da doença pode ser explicado pelasprecárias condições socioeconômicas da população que ali reside, hámuitas famílias com grande número de filhos, o que aumenta o núme-ro de contatos devido à maior concentração de pessoas num mesmolocal, falta de informação, menor acesso aos serviços de saúde e diag-nóstico tardio. Todos esses fatores contribuem para manter a cadeiade transmissão da doença. Um dos principais fatores sociais que in-fluencia na distribuição e densidade do Aedes aegypti são os depósitosde água no domicílio, peridomicílio ou em áreas de uso coletivo (ce-mitérios, borracharias, floriculturas) que servem como local deovoposição (criadouros) para os mosquitos do dengue. Além disso,têm-se os depósitos naturais, tais como bromélias, ocos de plantas,árvores e pedras. É necessária a realização de uma vigilânciaentomológica contínua para orientar as ações de controle sobre o vetore o ambiente e minimizar o impacto da doença na saúde da popula-ção.

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CONCLUSÃO

Conclui-se que há necessidade de implantação de estratégias de pre-venção e controle da doença no município de Jequitaí, MG, tais comocampanhas de sensibilização da comunidade e treinamento de profis-sionais. A participação da comunidade é de suma importância paradiminuir o número de casos no município. Estudos como este sãoimportantes para orientar o planejamento e o estabelecimento de es-tratégias para o combate da doença.

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Figura 1: Distribuição dos casos de dengue no município de Jequitaí, MG, entre os anosde 2008-2013. Fonte de dados: GRS, Montes Claros, MG.

Figura 2: Distribuição dos casos de dengue no município de Jequitaí, MG entre os anosde 2008-2013 para o gênero feminino e masculino. Fonte de dados: GRS, MontesClaros, MG.

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Figgura 3: Casos de dengue notificados por ano, entre 2008 e 2013, para o gênerofeminino e masculino no município de Jequitaí, MG. Fonte de dados: GRS, MontesClaros, MG.

Tabela 1: Distribuição do número de casos de dengue em Jequitaí, MG, de acordo coma faixa etária, no período de 2008 a 2013.Fonte de dados: GRS, Montes Claros, MG.

Incidência da Dengue no município de Jequitaí, MG, entre os anos de 2008 e 2013

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Tabela 2: Distribuição mensal dos casos de dengue confirmados, no período de 2008 a2013, em Jequitaí-MG.Fonte de dados: GRS, Montes Claros – MG.

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INSTRUÇÕES AOS AUTORES

A Revista Eletrônica de Farmácia das Faculdades Santo Agostinho é umperiódico de publicações científicas, editada pelo Curso de Farmácia dasFaculdades Santo Agostinho. Embasada na formação multidisciplinar doprofissional farmacêutico, trata-se de um meio de comunicação de acessolivre e gratuito, aberto à comunidade científica e aos profissionais e estudan-tes da área saúde, interessada em temas inerente às Ciências Farmacêuticas eda Saúde; tendo como objetivo publicar semestralmente trabalhos originais erelevantes na forma de artigos originais, casos clínicos, cartas ao editor erevisões, resultados de trabalhos experimentais e teóricos de acordo aos pa-drões internacionais de produção científica, que possam contribuir para adisseminação do conhecimento técnico-científico e cooperar com amultidisciplinaridade da área farmacêutica e suas interfaces.

NORMAS EDITORIAIS

A Revista Eletrônica de Farmácia das Faculdades Santo Agostinho aceitatrabalhos para as seguintes seções:

1. Artigos originais: resultado de pesquisa de natureza empírica, experimen-tal ou conceitual (até 15 páginas);2. Artigos de revisão: revisão crítica da literatura sobre temas pertinentes aoescopo (até 20 páginas);3. Cartas: crítica a artigo publicado em fascículo anterior à Revista de Far-mácia (até três páginas);4. Estudo de caso (até 15 páginas).

Na elaboração do texto, deverão ser observadas as seguintes normas:

- Os trabalhos deverão ser apresentados exclusivamente por via eletrônica([email protected]) em formato .doc, .docx ou .odt. As

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páginas devem estar no formato A4 e apresentar as margens superior eesquerda de 3 cm e margens inferior e direita de 2 cm, não excedendo a15 páginas (contadas a partir da introdução até a conclusão). As tabelas e asilustrações deverão ser apresentadas em folhas separadas e anexadas aofinal do trabalho.

- Os trabalhos devem ser redigidos em português ou inglês, da forma maisconcisa possível, com linguagem no passado e impessoal (sempre quepossível), com os sinais de chamadas de rodapé em números arábicos elançados ao pé da página em que estiver o respectivo número e em ordemcrescente.

- Siglas e abreviações dos nomes de instituições, ao aparecerem pela primei-ra vez no trabalho, devem ser colocadas entre parênteses e precedidas donome por extenso.

- As citações no texto devem ser efetuadas pelo sistema autor-data, confor-me norma NBR 10520/2002 da ABNT.

FORMA E PREPARO DOS MANUSCRITOS

I Da folha de rosto:

Os itens constantes da folha de rosto devem obedecer à seguinte sequência:

I.1 Título centralizado, em caixa alta, fonte Arial, negrito, tamanho 12,espaçamento entre linhas 1,5.

I.2 Abaixo do título, os nomes dos autores (sobrenome seguido por vírgulae pela abreviatura dos prenomes – Sobrenome, P.P.) centralizados e separa-dos por ponto e vírgula. Ao final da descrição de cada autor, deve constarum número de ordem em algarismos arábicos sobrescrito para identificaçãodo mesmo.

Instruções aos autores

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I.3 Abaixo da relação dos autores, centralizado e precedido pelos respecti-vos números arábicos, em sobrescrito, deve vir o vínculo institucional, segui-do pelo departamento, universidade, cidade, estado e país. No caso do autorcorrespondente, ainda deve ser acrescentado o email para contato.

Observação: não havendo vínculo institucional, informar a atividade profissio-nal, cidade, estado e país.

I.4 Resumo em português, com limite de 250 palavras, estabelecendo o(s)objetivo(s) do estudo, os métodos empregados de forma sucinta, resultadosmais relevantes e a conclusão. O resumo deve ser escrito em um único pará-grafo, sem paragrafação, em letra Arial tamanho 11, espaçamento simples ealinhamento justificado. Não deve conter citações bibliográficas, siglas e abre-viações. Abaixo deve constar uma relação de três a seis palavras-chave, sepa-radas por vírgula e iniciadas com letra minúscula, exceto nomes próprios.

I.5 Resumo em inglês (Abstract), deve ser a tradução fidedigna do resumoem português e seguir o mesmo padrão estabelecido para o mesmo. Abaixo,deve constar uma relação de três a seis palavras-chave em inglês (Keywords),separadas por ponto e vírgula e iniciadas com letra minúscula.

II Do corpo do texto:

O texto deve ser redigido com fonte Arial, tamanho 12, espaçamento entrelinhas 1,5, paragrafação de 1 cm e alinhamento justificado. As páginas devemestar no formato A4 e apresentar as margens esquerda e superior de 3 cm emargens direita e inferior de 2 cm.

As seções devem vir destacadas em negrito, no corpo do texto, com alinha-mento justificado e apenas a primeira letra de cada palavra em maiúsculo.

O texto deverá conter as seguintes seções, respeitando a sequência:

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Introdução

Explanação clara e objetiva do problema, da qual devem constar a relevânciae o(s) objetivo(s) do trabalho, restringido as citações ao necessário.

Materiais e Métodos

Descrição concisa, sem omitir o essencial para a compreensão e reproduçãodo trabalho. Trabalhos submetidos à avaliação de um Comitê de Ética deve-rão incluir um parágrafo nesta seção para notificação.

Resultados

Sempre que necessário, devem ser acompanhados de tabelas, figuras ou ou-tras ilustrações auto-explicativas, acompanhados por legenda.

Tabelas: elaboradas apenas com linhas horizontais de separação no cabeça-lho e no final. Devem estar em ANEXO no mesmo arquivo e limitadas aum número mínimo necessário, lembrando que tabelas muito grandes sãodifíceis de serem lidas. Devem ser digitadas com espaçamento 1,5, fonteArial, tamanho 12. O texto e elementos no interior das tabelas devem serdigitados em minúsculo (primeira letra em maiúsculo), exceto as siglas.

As legendas devem ser precedida pela palavra Tabela, seguida pelo númerode ordem em algarismos arábicos. As legendas devem ser descritivas, conci-sas e inseridas acima das tabelas, com espaçamento simples, fonte Arial,tamanho 10.

Figuras: as figuras são ilustrações tais como desenho, fotografia, prancha,gráfico, fluxograma e esquema. O número de ilustrações deve ser restrito aomínimo necessário. Devem ser de boa qualidade e numeradas consecutiva-mente.

Instruções aos autores

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As legendas devem ser precedidas pela palavra Figura, seguida pelo núme-ro de ordem em algarismo arábico, inseridas abaixo das mesmas, comespaçamento simples, fonte Arial, tamanho 10. Listar as figuras e respectivaslegendas numeradas, com os respectivos símbolos e convenções em folhaseparada. Fotografias digitais deverão ser enviadas em arquivos separados,tal qual foram obtidas.

Discussão - deve ser limitada aos resultados obtidos no trabalho e o con-teúdo deve ser interpretativo. Poderá ser apresentada como um elemento dotexto ou juntamente com os resultados, formando o tópico Resultados eDiscussão.

Conclusão ou Considerações Finais.

Referências bibliográficas – a lista de referências deverá ser apresentadana ordem alfabética dos sobrenomes do primeiro autor de cada trabalho,sem numeração, registrando-se o nome de todos os autores, de acordo comas normas da ABNT (NBR 6023/2002), conforme exemplos:

Livro:

LEVINE, J.D. Veterinary Protozoology. Ames: ISU Press, 1985, 414 p.

Artigo completo:

BUGG, R.J.; ROBERTSON, I.D.; ELLIOT, A.D.; TOMPSON, R.C.A.Gastrointestinal parasites of urban dogs in Perth, Western Australia. VeterinaryJournal, v. 157, n. 3, p. 295 – 301, 1999.

Resumo:

LIMA, N. D. Eimeriose dos ruminantes. In: II SEMINÁRIO BRASILEI-RO DE PARASITOLOGIA VETERINÁRIA, 20, 1980, Fortaleza. Anais ...Brasília: C B P V, 1980. p. 79-97.

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Tese, dissertação:

ARAUJO, M. M. Aspectos ecológicos dos helmintos gastrintestinais de caprinos do muni-cípio de Patos, Paraíba - Brasil. 2002. 40 p. Dissertação (Mestrado) - Universida-de Federal Rural do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2002.

Documento eletrônico:

CDC. Epi Info, 2002. Disponível em: http://www.cdc.gov/epiinfo/ei2002.htm. Acesso em: 10 jan. 2003.

JESUS, V. L. T.; PEREIRA, M. J. S.; ALVES, P. A. M. Susceptibilidade deraças bovinas a tricomonose genital. In: CONGRESSO BRASILEIRO DEPARASITOLOGIA VETERINÁRIA, 12, 2002, Rio de Janeiro. Anais...Riode Janeiro: CBPV, 2002. 1 CD-ROM.

DECLARAÇÃO DE DIREITO AUTORAL

Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:

Os autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito deprimeira publicação.

Os autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamen-te, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nestarevista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro),com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.

Os autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu traba-lho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) aqualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode geraralterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do traba-lho publicado.

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POLÍTICA DE PRIVACIDADE

Os nomes e endereços informados nesta revista serão usados exclusivamen-te para os serviços prestados por esta publicação, não sendo disponibilizadospara outras finalidades ou a terceiros.

MANUNTENÇÃO DA REVISTA

Para publicação de trabalho na Revista Eletrônica de Farmácia será cobradauma taxa, de apenas R$ 300,00, para manutenção do periódico. O depósitodeverá ser identificado utilizando o CPF do autor correspondente na contabancária abaixo. O prazo para envio do comprovante de depósito será deaté 48h após a submissão do trabalho.

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REVISTA ELETRÔNICA DA FARMÁCIA DAS FACULDADES SAN-TO AGOSTINHO

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Todo contato referente a submissão de trabalhos deverá ser feito por meioeletrônico via: [email protected].

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Imagem da capa:CANJERANANome popular: Canjerana,Canjerana-do-campoUtilização: A casca é tônica eantifebrilFonte: Guia ilustrado de plan-tas do cerrado de Minas Gerais.CEMIG, IEF, IBAMA. Empre-sas das Artes, 2003