revista conexão bahia 202

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Microempreendedor Individual: qualificação é sinônimo de crescimento Loja de material de construção começou na garagem COMÉRCIO E SERVIÇOS Mandiocultores de São Desidério planejam abrir padaria AGRONEGÓCIOS edição 202

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Publicação oficial do Sebrae Bahia. Edição 202 - Microempreendedor Individual: qualificação é sinônimo de crescimento

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Page 1: Revista Conexão Bahia 202

Microempreendedor Individual: qualificação é sinônimo

de crescimento

Loja de material de construção começou na garagem

COMÉRCIO E SERVIÇOS

Mandiocultores de São Desidério planejam abrir padaria

AGRONEGÓCIOS

edição 202

Page 2: Revista Conexão Bahia 202

Quem tem seu próprio negócio é um especialista. Mas para começar ou melhorar a sua empresa, até um especialista precisa de especialistas em pequenos negócios. Vai empreender? Vai ampliar? Vai inovar? Conte com o Sebrae.

Como vai? Somos o Sebrae.Especialistas em pequenos negócios.

> Baixe o aplicativo do Sebrae na App Storeou na Play Store.

Educação Empreendedora Consultoria Gestão Inovação Resultados

Page 3: Revista Conexão Bahia 202

Quem tem seu próprio negócio é um especialista. Mas para começar ou melhorar a sua empresa, até um especialista precisa de especialistas em pequenos negócios. Vai empreender? Vai ampliar? Vai inovar? Conte com o Sebrae.

Como vai? Somos o Sebrae.Especialistas em pequenos negócios.

> Baixe o aplicativo do Sebrae na App Storeou na Play Store.

Educação Empreendedora Consultoria Gestão Inovação Resultados

Page 4: Revista Conexão Bahia 202

Expediente

Publicação do Sebrae bahia,nº 202, Agosto de 2013Filiada à Aberje

Presidente do Conselho Deliberativo do Sebrae bahia João Martins da Silva Júnior

Diretor-superintendente Edival Passos Souza

DiretoresLauro Alberto Chaves Ramos Luiz henrique Mendonça Barreto

UNIDADE DE MARKETING E COMUNICAÇÃO

CoordenaçãoCássia Montenegro (DRT 1052)

EquipeAlice vargas, Mauro viana, Priscila Mafra, Pedro Soledade, Rafael Pastori, Rodrigo Rangel e vanessa Câmera. Estagiários:Ceres Martins, Daniela Santos e victor Lahiri. Agência Sebrae de Notícias(Varjão & Associados Comunicação)

Anaísa Freitas, Carla Fonseca, CarlosBaumgarten, Chico Araújo, Cristhiane Castro, FátimaEmediato, Cristina Laura, LaianaMenezes, Maria Clara Lima, GustavoRozario, Fernanda Barros, Nara Zaneli, Silvia Torres, TamaraLeal, Maiane Matos e Renata Smith.

RevisãoAnaísa Freitas e Carlos Baumgarten

Edição Carla Fonseca

Fotografi aMateus Pereira

CapaMateus Pereira

Projeto Gráfi co Solisluna Editora

Editoraçãoobjectiva

ImpressãoQualigraf Serviços Gráfi cos e Editora Ltda

Tiragem15.000 exemplares

Cartas Sebrae – Unidade de Marketing e ComunicaçãoRua horácio César, 64, Dois de Julho Salvador - Bahia. CEP: [email protected]

Telefones 71 3320.4558/4367

Agência Sebrae de Notíciaswww.ba.agenciasebrae.com.br

Desde 2008, quando foi criada a fi -gura do Microempreendedor Indivi-dual (MEI), mais de 3,2 milhões de trabalhadores informais adquiri-ram cidadania empresarial e come-çaram a fazer parte da economia formal do país. Essa mudança na legislação só favoreceu o ambiente empreendedor no Brasil. Hoje, em menos de dez minutos, cabeleirei-ras, costureiras, pedreiros e outros trabalhadores podem se tornar em-presários e investir em qualifi cação para alcançar metas ainda maiores e ter uma empresa de sucesso.

A Revista Conexão, que completa 20 anos em 2013, traz, nesta edição,

matéria especial so-bre o Microempre-

endedor Indivi-dual no Brasil e na Bahia.

Qual o perfi l deste empresário? Quem pode aderir? Quais direitos e deveres dos MEI? Todas estas ques-tões estão respondidas na matéria, que apresenta, ainda, as principais dúvidas dos Microempreendedores Individuais e histórias de sucesso destes empresários.

Pesquisa da Global Entrepreneur-ship Monitor (GEM) indica que, no Nordeste, de cada 100 empreende-dores, 52 são mulheres. Este número, aliado ao protagonismo feminino ob-servado em eventos e atendimento realizados do Sebrae, foi o principal motivo para a escolha de Ana Paula Padrão como entrevistada desta pu-blicação. A jornalista e empresária fala sobre como as mulheres avan-çam no mundo dos negócios, quais as suas qualidades de gestão e os maiores desafi os a vencer.

Na editoria de Economia Criativa, a edição 202 da Revista Conexão mostra dois casos de sucesso que envolvem gastronomia e sustenta-bilidade. O marisqueiro Luciano Freitas cria as ostras que serve em

seu restaurante fl utuante. Já o empresário Rogério Rocha recebe turistas do Brasil e de outros países em um roteiro exclusivo de enoturismo, que passa pelo Rio São Francisco e Lago de Sobradinho, na re-gião Norte da Bahia.

Confi ra a edição 202da Revista Conexão!

Formalização em dez minutos

matéria especial so-bre o Microempre-

endedor Indivi-dual no Brasil e na Bahia.

blicação. A jornalista e empresária fala sobre como as mulheres avan-çam no mundo dos negócios, quais as suas qualidades de gestão e os maiores desafi os a vencer.

Na editoria de Economia Criativa, a edição 202 da Revista Conexão mostra dois casos de sucesso que envolvem gastronomia e sustenta-bilidade. O marisqueiro Luciano Freitas cria as ostras que serve em

Artesanato de Carolina Leão, formalizada como MEI em 2010

Page 5: Revista Conexão Bahia 202

Sumário

26ENTREVISTAAna Paula Padrão Empreendendorismo: Substantivo feminino

29ECONOMIA CRIATIVATradição vira negócioNa rota do sabor

33INDÚSTRIA Negócios em família

35EDUCAÇÃO EMPREENDEDORABeleza que põe mesa

37EMPREENDEDORISMODo ateliê para o cinema

38SEbRAE PERTO DE VOCêSEbRAE ON-lINE

6COMéRCIO E SERVIÇOS

Construir com qualificação

8MERCADORede de excelência em serviços

10POlÍTICAS PÚblICAS

Seis anos de Simples Nacional

12AGRONEGÓCIONegócio Social

15INOVAÇÃO E TECNOlOGIAInvenção baiana

17MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAl De informais a empresários

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COMéRCIOE SERVIÇOS

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O dono da loja Pouco DinDim, Jonatas dos Santos, participou do Programa Negócio a Negócio, oferecido pelo Sebrae

Construir com qualificaçãoO empresário investiu em uma loja de material de construção que começou

na garagem de casa e hoje é referência no bairro de São Cristovão

De barman a dono de loja de material de construção. A trajetória de Jonatas dos Santos é diferenciada e sempre foi impulsionada pelo sonho de em-preender. Depois de deixar o trabalho como barman, em 2009, ele pegou sua recisão de R$ 2 mil e, na garagem de casa, começou a vender materiais de construção. Obteve bons resultados e formalizou a empresa um ano depois.

Foi em 2011 que a Pouco DinDim, localizada no bairro de São Cristó-vão, em Salvador, recebeu a visita de um agente do programa Negócio a Negócio. “O Sebrae me encontrou e, realmente, foi a melhor coisa que aconteceu na minha empresa.”

Quando Jonatas resolveu iniciar o próprio negócio, não tinha em mente o grau de planejamento necessário

para alavancar o empreendimento. Começando na informalidade, ele comprava materiais à vista e reven-dia com uma pequena margem de lucro. Até que, em 2010, adquiriu o CNPJ. “Formalizado, tenho muitas vantagens, como poder comprar di-retamente de fornecedores, o que re-duz os custos. Além disso, tive acesso a linhas de financiamento”, afirma.

6 REvISTA CoNExão

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Legalizado, o empresário passou a ter inúmeros direitos e também a cumprir deveres, visando profissio-nalizar a sua loja, que hoje emprega quatro funcionários. Planejamento é a palavra de ordem. “A demanda foi aumentando e eu estava com dificuldade em ter controle de es-toque. Adquiria materiais que não tinham saída”, lembra. A partir da intervenção do Sebrae, com o pro-grama Negócio a Negócio, essa reali-dade começou a mudar.

Ele conta que a gestão de estoque é um ponto crucial no segmento de material de construção. “É um dos grandes problemas para quem atua na área.” A partir da orientação que recebeu, Jonatas aplicou as mudan-ças necessárias para aprimorar a gestão. “Por conta das alterações, hoje sobra mais dinheiro em caixa, pois tenho uma estimativa de ven-das dentro das demandas por cada série de produtos. Controlo tudo que entra e sai da minha empresa.”

Capacitação – “Como todo brasi-leiro, sempre tive o sonho de abrir o meu próprio negócio. Mas me faltava entender o que é ser, de fato, um empresário.” A declara-ção de Jonatas reflete a história de muitos empreendedores do país que arriscam, mas não buscam conhecimento adequado para se manter no mercado. “O Sebrae salvou a minha empresa de um possível declínio. A capacitação é fundamental para quem quer em-preender”, recomenda.

A empresa de Jonatas atende à clientela do bairro de São Cristóvão. Há quatro anos no ramo, sendo três formalizado como microempresa, esse empreendedor acumulou o conhecimento necessário para se manter competitivo. O empresário já participou de diversas capaci-tações, como Gestão Empresarial, Treinamento Gerencial Básico e Gestão de Estoque.

Para Jonatas, o acompanhamento de resultados é o diferencial do Ne-gócio a Negócio. “Não adianta você apenas receber informação sem ter alguém para lhe guiar. O Sebrae ve-rifica se estamos aplicando o que foi transmitido.”

“Por conta das alterações, hoje sobra mais dinheiro em caixa, pois tenho uma estimativa de vendas dentro das demandas por cada série de produtos. Controlo tudo que entra e sai da minha empresa”Jonatas dos Santos

Programa SebraeNegócio a Negócio

O programa Negócio a Negócio

realiza atendimento de porta em

porta. O objetivo é levar orientação

gratuita e melhorar a gestão. A ini-

ciativa é voltada para o acompanha-

mento de Microempreendedores

Individuais e Microempresas. Gra-

tuitamente, os empresários recebem

as visitas dos Agentes de Orientação

Empresarial, que conhecem a em-

presa e apresentam sugestões para

a obtenção de melhores resultados,

a exemplo do que aconteceu com

Jonatas.

De acordo com a gestora do pro-

grama no Sebrae Bahia, Renata

Marins, o diferencial do Negócio a

Negócio está no atendimento ativo.

“O programa traz a oportunidade de

diagnóstico in loco do atual estágio

de gestão do negócio, com o mapea-

mento das oportunidades de melho-

ria e deficiências do empreendedor.

Isso se traduz na qualificação em-

presarial”, afirma.

Renata explica ainda que o em-

presário passa por um ciclo de três

visitas. “Na primeira, é aplicado um

questionário que aponta estágio de

gestão. Na segunda, entrega-se a

devolutiva do questionário com as

recomendações de produtos e so-

luções do Sebrae a serem adotadas.

Por fim, na terceira visita, o agente

retorna à empresa para saber se as

recomendações foram aplicadas”.

Para outras informações sobre o

programa Negócio a Negócio, basta

entrar em contato com a Central de

Relacionamento, pelo telefone 0800

570 0800, ou procurar um dos Pontos

de Atendimento do Sebrae.

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MERCADO

Rede de excelência em serviçosLabforte investe em novo modelo de gestão na área de saúde e promovebem-estar aos pacientes

Há 12 anos, sete donos de laborató-rios de análises da capital e do inte-rior se reuniam para tratar de assun-tos científicos e trocar ideias sobre os seus negócios. Os encontros rendiam tanto que eles passaram cerca de

seis anos nessa associação informal. Em setembro de 2007, os empresá-rios do interior e da capital resolve-ram se unir e formalizar o negócio: nascia a Rede Labforte, com 22 labo-ratórios associados.

Atualmente, são 37 laboratórios que compõem a rede, com mais de 1,3 mil funcionários diretos e com a realização de 800 mil exames por mês. O presidente da Rede La-bforte, Eduardo Borges, destaca

Eduardo Borges é presidente da Rede Labforte, que conta com 37 laboratórios associados na Bahia, tem mais de 1,3 mil funcionários e realiza cerca de 800 mil exames por mês.

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8 REvISTA CoNExão

Page 9: Revista Conexão Bahia 202

que o cuidado na união e o apoio

do Sebrae foram determinantes

para consolidar a parceria. “O con-

tato com a instituição permitiu a

formulação do estatuto interno e

o apoio de consultores específicos

para as áreas que pretendíamos

avançar”, avalia.

Segundo o presidente, o estatuto

é rígido e a seleção para entrar na

rede é minuciosamente avaliada.

“Temos um código de ética e regras

que devem ser obedecidas. Alguns

laboratórios descumpriram estas

regras e foram desligados. Há uma

demanda muito grande com relação

aos laboratórios, para que a gente as-

socie novas empresas. Até o final do

ano, mais sete entrarão para a Rede

Labforte. Estes passaram pela as-

sembleia e foram aprovados”, afirma.

A iniciativa de associativismo

refletiu na melhoria dos serviços

prestados em análises clínicas no

Estado e confirmou a rede como o maior conglomerado do Nordeste. A força da cooperação entre os peque-nos fez com eles se tornassem mais competitivos, tivessem maior poder de negociação com fornecedores, além de conquistar resultados ex-pressivos em processos de exames bioquímicos.

Associativismo

Segundo Eduardo, não há no Bra-sil uma rede de laboratórios igual a Rede Labforte. “Nessa formata-ção, não existe grupo como o nos-so. Temos experiências semelhan-tes em Santa Catarina, São Paulo e Belo Horizonte. Mas, essas redes são predominantemente comer-ciais, eles se unem para comprar e vender. Para nós, isso é secundário. Em nosso associativismo, a gestão conjunta é mais forte. Nossos nú-

meros são abertos. Todo associado

sabe quanto o outro gasta e fatura”,

destaca. A Rede Labforte investe na

qualificação de seus funcionários.

Os colaboradores têm oportunida-

de de participar de cursos, palestras

e consultorias. São realizadas duas

convenções por ano, com o objetivo

de estreitar relação e estimular ta-

lentos através de dinâmicas.

“O acesso à tecnologia de pon-

ta, por um preço mais baixo, é

a principal vantagem. Tudo que

negociamos é em rede, para to-

dos os associados, independente

do porte do laboratório. Depois,

vem a questão de prazo. Quando

você tem grande volume de com-

pra, os prazos para pagamento

são mais dilatados. Quem ganha

com isso é o cliente, com melho-

res preços, já que a compra dos

equipamentos sai em torno de

13% mais barata.”

Feira do Empreendedor traz oportunidades de negócios

As inscrições gratuitas para a Feira do Empreendedor já podem ser feitas no site. Em sua

sexta edição, o evento acontecerá no período de 22 e 26 de outubro, das 13h30 às 22h, no

Centro de Convenções, em Salvador. A inscrição gratuita estará disponível até o dia 20 de

outubro, através do site www.ba.sebrae.com.br/feira.

De acordo com a coordenadora da Unidade de Acesso a Mercado e Serviços Financeiros

do Sebrae Bahia, Suely de Paula, a ação organizada pela Unidade para a Feira do Empreen-

dedor é o estudo de oportunidade de tendências de mercado de consumo e a organização de cinco rodadas de negócio

setoriais. Quem quer expor o seu produto ou serviço no evento também pode fazer a inscrição. A gestora da Feira do

Empreendedor 2013, Ana Paula Almeida, afirma que a participação dos expositores é analisada através das propostas

apresentadas, considerando aspectos como perfil da empresa, adequação dos produtos e/ou serviços oferecidos ao mer-

cado local e investimento inicial necessário.

“O objetivo é fomentar a abertura de novos negócios e fortalecer os empreendimentos existentes. Será per-

mitida a participação de cerca de 120 expositores, definidos por setor”. São eles: franquias, máquinas e equi-

pamentos, oportunidades de representação comercial, serviços para o empreendedor, negócios verdes e sus-

tentáveis e soluções digitais. A comercialização será permitida apenas nos casos em que o produto ou serviço

ofertado possibilite o início ou expansão de um negócio.

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POlÍTICAS PÚblICAS

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Seis anos doSimples Nacional

Regime unificado de tributos permite avanços para micro e pequenas empresas

A opção pelo Simples Nacional, aliada às políticas públicas cria-das após a sanção da Lei Geral nos municípios, vem favorecendo Micro e Pequenas Empresas (MPE) a participarem de compras gover-namentais. De acordo com dados do Comprasnet., nos seis anos

de vigência desse regime unifica-do de tributos, instituído pela Lei Complementar nº 123, a partici-pação das MPE nas compras go-vernamentais do Brasil variou de R$ 9,7 bilhões para R$ 15 bilhões.

É o caso da NCK Equipamentos, empresa de pequeno porte, localiza-

da em Lauro de Freitas, que há cer-ca de dez anos vende Equipamento de Proteção Individual (EPI), itens de sinalização e produtos de limpeza e de coleta seletiva para órgãos e enti-dades públicas. Sérgio Branco, sócio e responsável pela parte comercial da loja, relembra a dificuldade de

Após optar pelo Simples Nacional, a NCK Equipamentos, dirigida por Sérgio Branco, dobrou o faturamento e hoje fornece para mais de 60 prefeituras baianas e órgãos federais, como o Exército e a Chesf

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Page 11: Revista Conexão Bahia 202

participar das primeiras licitações para o Estado, por conta do sistema tributário que regia as MPE até en-tão. “Na hora de oferecer preço, as grandes empresas podiam dar os melhores, porque tinham benefícios fiscais. Por exemplo, eu comprava um item da indústria a R$ 1 e vendia a R$ 1,20, enquanto que as grandes compravam e vendiam a R$ 1.”

Já em 2007, com a possibilidade de adotar o regime tributário do Sim-ples Nacional, a empresa ampliou a sua competitividade e o seu po-der de ofertar melhores condições nas licitações. “O Simples Nacional abriu muitas portas para locais em que nem sonhávamos poder entrar.” Com a simplificação do novo siste-ma tributário, a empresa dobrou o faturamento com as compras pú-blicas e obteve redução em torno de 30% sobre o valor dos tributos. Vie-ram os contratos com os municípios de Camaçari, Lauro de Freitas, Sal-vador e Simões Filho e, hoje, a NCK fornece para mais de 60 prefeituras

baianas e órgãos federais, como o Exército e a Chesf.

A história se repete com Naiara Bamberg da Silva, empresária do ramo de eventos e buffet, no muni-cípio de Senhor do Bonfim. Há cerca de um mês, ela migrou da categoria de Microempreendedora Individu-al para Microempresa, e optou pelo Simples Nacional.

“O fato de pagar tudo em um úni-co boleto facilita muito. Consigo re-solver as pendências financeiras e ainda posso me dedicar aos eventos, decidindo todas as questões.” Desde a formalização, há três anos, Naiara contou com o apoio do Sebrae. “Fiz cursos de gestão financeira e, ainda, recebi orientações sobre o Simples Nacional, em caso de uma possível mudança de categoria, que aconte-ceu de verdade.” Hoje, a empresária participa de diferentes modalidades de licitação, como pregões eletrôni-cos e carta convite, de municípios e estado, e já fornece para a Uneb e prefeituras da região.

Quando entrou em vigor, em 2007, o Simples Nacional tinha cerca de 1,3 milhão de empresas brasileiras, en-quanto hoje já passa de 7,3 milhões de empresas enquadradas, represen-tando arrecadação de mais de R$ 200 bilhões para a União, estados e municípios. Na Bahia, o total de mi-croempresas, empresas de pequeno porte e microempreendedores indi-viduais sob o regime do Simples Na-cional, chega a quase 455 mil.

Simples Nacional

O Simples Nacional abrange os

seguintes tributos IRPJ, CSLL, PIS/

Pasep, Cofins, IPI, ICMS, ISS e a

Contribuição Patronal Previdenciá-

ria para a Seguridade Social (CPP).

Microempresas, com faturamento

anual de até R$ 360 mil, e empresas

de pequeno porte, que faturam até

R$ 3,6 milhões, estão enquadradas

na faixa desse regime.

Como aderir?1. Acessar: www.receita.fazenda.

gov.br/SimplesNacional;

2. Clicar em “Solicitação de Opção

pelo Simples Nacional” e, me-

diante o código de acesso ou o

certificado digital, formalizar a

sua opção pelo Simples Nacional;

3. Seguir o passo a passo do site

da Receita Federal.

Critérios de classificação de em-presas quanto à Receita bruta Anual:

Microempreendedor Individual (MEI)

– Até R$ 60 mil

Microempresa (ME) – Até R$ 360 mil;

Empresa de Pequeno Porte (EPP) –

Entre R$ 360 mil e R$ 3,6 milhões.A NCK vende Equipamento de Proteção Individual (EPI), itens de sinalização e produtos de limpeza ecoleta seletiva

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Page 12: Revista Conexão Bahia 202

Negócio socialCom recursos do Governo Federal, mandiocultores de São Desidério distribuem

produtos para famílias carentes e planejam abrir uma padaria

A mandioca produzida pelos agri-cultores do povoado de Cabeceira Grande, no Oeste da Bahia, tem um destino certo. A raiz, cujos derivados, além de saborosos, são extremamen-te nutritivos, preenche as mesas de famílias carentes do município de São Desidério, localizado a 36 quilômetros do povoado, e de escolas municipais da região. Os derivados da mandioca estão presentes, ainda, em prateleiras de mercadinhos locais, atendendo a encomendas da população.

A variedade é grande. São petas (bolo feito à base de mandioca), bo-lachas, biscoito e bolo de tapioca e o famoso beiju. Os responsáveis por essa dinamização da mandioca na região são os produtores que com-

põem a Cooperativa de Mandiocul-tores de São Desidério (Coomasd), e o assunto principal entre os 20 coo-perados que fazem parte do grupo é prosperidade.

Desde que foi criada, em 2010, a cooperativa vem aprimorando a sua gestão e promovendo a melhoria da qualidade de vida dos produtores, mantendo-se sustentável ao lon-go desses anos, mas os produtores decidiram ir mais longe. A partir de recursos oriundos do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), por meio de um projeto aprovado em 2012, a Coomasd está destinando a sua produção de biscoitos e beijus para famílias carentes da cidade.

A maior parte do que é produzido

pelos mandiocultores é distribuído semanalmente entre 250 famílias. A produção é entregue na sede do Centro de Referência de Assistência Social (Craes), que, por sua vez, re-passa às famílias. O PAA é um pro-grama do Ministério do Desenvol-vimento Agrário (MDA), do Governo Federal, executado também pelo Mi-nistério de Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS). Na Bahia, é realizado pelo Governo, através da Secretaria de Desenvolvimento Social e Combate à Pobreza (Sedes), em parceria com a Companhia Na-cional de Abastecimento (Conab), Empresa Baiana de Desenvolvimen-to Agrícola (EBDA) e organizações sociais. O Programa tem o objetivo

Após conseguir recursos doPrograma de Aquisição de Alimentos,os 20 cooperados planejamdobrar a produção

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AGRONEGÓCIO

Page 13: Revista Conexão Bahia 202

de possibilitar o acesso a alimentos às populações em situação de inse-gurança alimentar, além de promo-ver a inclusão social e econômica no campo, através do fortalecimento da agricultura familiar.

Os recursos recebidos permitiram o aprimoramento da produção, com a aquisição de novos equipamentos, a exemplo de um forno mais amplo e moderno. Dessa forma, o trabalho foi intensificado graças aos recursos ob-tidos pelo PAA. São cinco cooperados trabalhando de segunda à quinta-feira. Outras cinco pessoas trabalham de sex-ta à domingo, além de dez profissionais que ficam com serviços administrati-vos. Os cooperados chegam cedo para fazer a massa para beiju e biscoitos. Em seguida, o produto vai para o forno. Por fim, é embalado e separado para a dis-tribuição. Por dia, são produzidos 150 quilos de biscoito de mandioca.

O fornecimento dos produtos da mandioca para o programa do Go-verno Federal está previsto para ser executado em um total de cinco meses. Mas a Coomasd não preten-de parar por aí. Os produtores que-rem dar continuidade à distribui-ção de alimentos, participando de outros projetos sociais. O foco está

na possibilidade de contribuir com a mudança para melhor qualidade de vida das famílias da região.

A dona de casa Darilene dos Santos é uma das beneficiadas pela distribui-ção de alimentos da cooperativa. Ela recebe semanalmente biscoitos e pães de mandioca. “Agora posso dar um lanche e um café da manhã mais dig-no para meus filhos”, comemora. Para chegar ao atual nível de padronização dos produtos, a Coomasd conta com o apoio do Sebrae há mais de cinco anos, antes mesmo de se formalizar a cooperativa. Os cooperados já rece-beram consultorias tecnológicas para aumentar e melhorar a produtividade.

As ações do Sebrae contemplam diversificação de produtos, acesso a mercados, gestão do empreen-dimento e fortalecimento do coo-perativismo. Com as capacitações, eles passaram a evitar desperdícios e conseguiram desenvolver uma massa mais macia, desenvolvendo produtos em tamanhos adequados e com um sabor ainda melhor.

“Participamos também de consul-torias de incentivo à produção e de culinária. A ordem é continuarmos motivados para o desenvolvimento. Com a entrada dos recursos, quere-

mos comprar novos equipamentos e aumentar a área de produção”, aposta João Xavier, representante da Coomasd, responsável pela parte administrativa do grupo.

A cooperativa já fornece merenda escolar para São Desidério, através de uma parceria com a prefeitura. O beiju produzido é distribuído em 14 escolas da cidade, enquanto a fari-nha, o feijão e a tapioca são destina-dos a 30 instituições de ensino mu-nicipal. Segundo João Xavier, a ideia dos cooperados é participar de ou-tras concorrências públicas, fechan-do mais vendas com o município. “Queremos construir uma padaria e comprar um caminhão apropriado para o transporte de nossos produ-tos, agregando cada vez mais valor.”

Recentemente, a Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional (Car) e o Banco Nacional de Desen-volvimento Social (BNDES) aprova-ram um projeto de apoio financeiro para a Cooperativa de Mandioculto-res de São Desidério. O grupo será contemplado com o valor de R$ 55 mil para a compra de equipamentos e montar a padaria almejada. A ex-pectativa é que, com essa nova em-preitada, a produção da Coomasd

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Page 14: Revista Conexão Bahia 202

chegue a cerca de 300 quilos por dia.A região tem vocação para a ativi-

dade da mandiocultura e potencial para a instalação de uma unidade de beneficiamento, por conta do prota-gonismo local, do associativismo eco-nômico e da perspectiva de mercado. Além do apoio da prefeitura, os co-operados contam com a parceria do Banco do Brasil, Banco do Nordeste e Caixa Econômica Federal. O trabalho do Sebrae é aplicado na organização do grupo, com ações de fortaleci-mento do associativismo diagnóstico da atividade produtiva. Eles recebem também assistência técnica, através da prefeitura e EBDA, capacitação e consultoria tecnológica, por meio das Unidades de Treinamento e Aprendi-zagem (UTA), consultoria para aces-so a mercado, inicialmente pelo PAA e Programa Nacional de Alimentação (PNAE). Outro resultado obtido pela Cooperativa de Mandiocultores foi a instalação da casa de farinha e das unidades de treinamento.

Projeto Territorial da Bacia do Rio Grande As ações do Sebrae com os mandiocultores de São Desidério fazem parte do Projeto Territorial da Bacia do Rio Gran-

de. O projeto atende a todos os municípios da Bacia do Rio Grande, com público-alvo formado por produtores rurais,

associações e cooperativas. As atividades econômicas contempladas são fruticultura, mandiocultura, piscicultura,

bovinocultura de leite e artesanato. Além da Cooperativa de São Desidério, o projeto atende a Coopeixe, na área de

piscicultura. O Sebrae está apoiando a formação de novas cooperativas e atende, dentro do projeto, cerca de dez asso-

ciações. São assistidos em média 300 produtores nesse território.

A região tem vocação para a atividade da mandiocultura e potencial para a instalação de uma unidade de beneficia-

mento, por conta do protagonismo local, do associativismo econômico e da perspectiva de mercado. Além do apoio da

prefeitura, os cooperados contam com a parceria do Banco do Brasil, Banco do Nordeste e Caixa Econômica Federal. O

trabalho do Sebrae é aplicado na organização do grupo, com ações de fortalecimento do associativismo diagnóstico da

atividade produtiva. Eles recebem também assistência técnica, através da prefeitura e EBDA, capacitação e consultoria

tecnológica, por meio das Unidades de Treinamento e Aprendizagem (UTA), consultoria para acesso a mercado, inicial-

mente pelo PAA e Programa Nacional de Alimentação (PNAE). Outro resultado obtido pela Cooperativa de Mandiocultores

foi a instalação da casa de farinha e das unidades de treinamento.

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A cooperativa conta com o apoio do Sebrae há cinco anos

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Invenção baianaEmpresa NN Solutions apresenta software inovador para pessoas cegas

A acessibilidade para pessoas cegas ainda se configura em um desafio so-cial, e é cada vez mais comum obser-var empreendimentos que buscam de-senvolver soluções para esse público. A mais recente invenção genuinamen-te baiana vem da NN Solutions, em-presa incubada no Parque Tecnológi-co da Bahia. O negócio surgiu a partir da vontade de empreender de quatro estudantes da Escola Politécnica da Universidade Federal da Bahia.

Dessa iniciativa, foi criado o SLEP – Scanner Leitor Portátil. Trata-se de um software que pode ser instalado em celulares com câmeras de foco automático, através do qual, com a fotografia de um texto, o sistema reconhece as letras e ativa uma voz sintetizada que faz a leitura da escri-ta. Um dos sócios da NN Solutions, Joselito Lima, explica que o software é direcionado para pessoas cegas, e foi desenvolvido graças a recursos

disponibilizados por um edital da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia (Fapesb).

Em 2009, quando ainda era estudan-te, Joselito e outros três colegas tinham o sonho de abrir o próprio negócio, mas faltava capital. “O edital da Fapesb foi o nosso ponto de partida. Desenvolve-mos o projeto, que foi aprovado. Hoje, estamos incubados no Parque Tecno-lógico, com dois projetos finalizados e um em desenvolvimento”, conta.

Joselito Lima é uma dos criadores do SLEP –Scanner Leitor Portátil

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INOVAÇÃO ETECNOlOGIA

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O edital era direcionado para proje-tos de acessibilidade, conforme lem-bra Joselito. “Fomos ao Instituto de Cegos da Bahia para apresentar o tra-balho e recebermos uma consultoria para o desenvolvimento do software, de forma que ele fosse, de fato, uma solução para esse público. Eles perce-beram que a invenção tinha poten-cial”, afi rma. Com os recursos dispo-nibilizados, foi criado o SLEP e, assim, nasceu a NN Solutions, que, além dos engenheiros, possui um cientista da computação entre os sócios.

Joselito conta que a empresa busca a viabilização de ideias. “Desenvolve-mos trabalhos próprios, mas também recebemos ideias de clientes para colocá-las em prática. Buscamos de-

senvolver produtos que tenham utili-dade.” Um deles, que já está em fase de teste, é o Map Bus. Com aplicação também para celular, o sistema pro-põe-se a calcular o tempo da rota en-tre as paradas de ônibus da cidade. “O usuário acessa o software pelo celular e identifi ca o trajeto que vai percor-rer”, explica.

Enquanto a NN Solutions desenvol-ve novos produtos, o SLEP é divulgado em eventos de várias partes do Bra-sil, e já está sendo vendido para duas instituições de ensino: a Universidade Federal da Bahia e a Universidade Fe-deral do Recôncavo Baiano. “Partici-pamos da Reatech, uma das maiores feiras de tecnologia do mundo dire-cionada para acessibilidade, reabilita-ção e inclusão. A participação possibi-litou bons contatos”, disse.

Feira do Empreendedor – A NN Solutions estará na Feira do Empre-endedor, que acontece de 22 a 26 de outubro, no Centro de Convenções da Bahia, em Salvador. Os empresá-rios vão apresentar o SLEP ao público presente, na expectativa de fechar bons negócios. “Já participamos de algumas ações do Sebrae, como as Rodadas de Negócio. São ambientes propícios para fazer aumentar a nos-sa rede de contatos”, afi rma Joselito.

Em maio, eles participaram de um show room realizado no Parque Tec-nológico da Bahia. A ação fazia parte da campanha “Loucos por Ciência e Tecnologia”, que buscou dar visibi-lidade a produtos e serviços inova-dores desenvolvidos por empresas baianas. O evento foi realizado pela Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação do Estado da Bahia, que teve a parceria do Sebrae, e contou com a participação de 16 empresas.

Inovação para aumentar a competitividade

O Sebrae dissemina a ideia de

que a inovação é um diferencial

competitivo, especialmente para

as micro e pequenas empresas.

Por isso, a instituição desenvolve

ações para aplicar esse conceito

nas empresas, através de consul-

torias e capacitações.

De acordo com as ações do Se-

brae, a inovação não diz respeito,

necessariamente, a aplicação de

altos investimentos. Ações simples

podem gerar grandes resultados. O

Programa “5 Menos que são Mais” é

um exemplo que traz consultorias

para que o empresário evite desper-

dícios e economize água, energia e

adote medidas que tragam ganhos

para o empreendimento.

Outra iniciativa voltada para a

inovação é o Sebraetec, que tem

o objetivo de aumentar a capa-

cidade competitiva das micro e

pequenas empresas com foco no

estímulo à transferência de tecno-

logia. Para isso, o Sebraetec incen-

tiva o processo de inovação e su-

peração de gargalos tecnológicos,

aproximando empresas e institui-

ções de pesquisa. As demandas

apoiadas pela solução incluem

design, efi ciência energética, saú-

de e segurança no trabalho.

“Adotar processos inovadores

traz mais competitividade para

as empresas e ajuda no desenvol-

vimento de um produto diferen-

ciado”, destaca a coordenadora da

Unidade de Acesso a Inovação e

Tecnologia do Sebrae Bahia, Már-

cia Suede.

O desenvolvimento do software, que captura a imagem e lê o texto, contou com a consultoria do Instituto de Cegos da Bahia

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De informais a empresários Trabalhadores por conta própria dão adeus à burocracia

e à alta carga tributária

Carolina Leão se formalizou em

2010 e hoje fornece para marcas

como a H. SternFo

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a

Incluir novos empreendedores na economia e provar que é muito mais rentável trabalhar na formalidade. Nos últimos quatro anos, esse vem sendo o desafi o do Governo Federal e de parceiros institucionais, como o Sebrae que, juntos, fornecem ins-trumentos de gestão para que os

Microempreendedores Individuais (MEI) exerçam a sua atividade em-presarial e desenvolvam habilidades de gestão.

São cabeleireiras, costureiras, vendedores ambulantes, pintores e tantos outros que decidiram ser protagonistas e aos poucos desmis-

tifi cam a ideia de que o trabalhador por conta própria não possui quali-fi cação. Esses trabalhadores, deram adeus à burocracia e à alta carga tri-butária, e hoje ultrapassam a marca de 3,2 milhões de Microempreende-dores Individuais em todo o Brasil.

MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAl

Page 18: Revista Conexão Bahia 202

Com o cartão do CNPJ (Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica) e os boletos para pagamento mensal do Instituto Nacional do Seguro Social – INSS (R$ 33,90), Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Servi-ços – ICMS (R$ 1,00) e Imposto sobre Circulação de Serviços de Qualquer Natureza – ISS (R$ 5,00) em um úni-co documento, o trabalhador passa à condição de Pessoa Jurídica, con-ta com a proteção da Previdência Social durante toda a vida, além de conquistar outros importantes benefícios. A categoria está incluí-da no regime tributário conhecido como Supersimples, que completa, em 2013, seis anos de implantação.

De acordo com os dados da Recei-ta Federal, atualizados até 28 de ju-

lho, a Bahia ocupa a quarta posição no ranking das inscrições, com mais de 222 mil trabalhadores legaliza-dos no Estado, atrás apenas de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. As atividades com o maior número de registros na Bahia são comércio varejista de artigos de vestuário e acessórios (com mais de 24 mil), cabeleireiros (15.186) e comércio de mercadorias em geral com pre-dominância de produtos alimentí-cios – minimercados, mercearias e armazéns (12.398). Com a inclusão previdenciária, acesso a linhas de crédito, ampliação de mercado e co-nhecimento, esses negócios tendem a crescer e migrarem para as cate-gorias de Microempresa (ME) ou Em-presa de Pequeno Porte (EPP).

Empreendedorismofeminino

A história da artista plástica Ca-rolina Leão com o Sebrae começou em 2008, através de sua primeira participação em uma Rodada de Negócios, mostrando o artesanato contemporâneo, com trabalhos em papelão de sapateiro (Papel Holler), em papel machê e desenhos em tin-ta acrílica, que retratam o universo cultural baiano. Depois de conhecer o potencial das rodadas em que par-ticipou, a artista decidiu acompa-nhar cursos do Sebrae Bahia para desenvolver novas peças e aprender a comercializar o trabalho.

Em 2010, a partir desses vários contatos com empresários interes-

Mulheres representam 46% dos Microempreendedores Individuais

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sados em comercializar as peças e do amadurecimento para o negócio, Carolina decidiu que era hora de se formalizar. “Antes da formalização, eu não tinha CNPJ e emitia nota fis-cal avulsa, o que me tomava tempo e dinheiro”, compara.

Em outubro, ela já estava forma-lizada e, em poucos meses, peças como a Bela África, as Baianas, o Boi Balanço e o Tucano Maior ganha-vam as vitrines de lojas da H. Stern pelo país. “Valeu a pena ter me for-malizado! Além dessa oportunidade que surgiu, eu tenho minha garantia futura, porque pago os impostos em dia”, comemora.

Para o superintendente do Sebrae Bahia, Edival Passos, o empreende-dorismo feminino é uma realidade no país e está mudando a rotina das

classes A, B e C. Edival mostra os nú-meros da pesquisa Global Entrepre-neurship Monitor (GEM), que indicam que, no Nordeste, de cada 100 empre-endedores 52 são mulheres. “Entre os micro empreendedores individuais, 46% dos formalizados são mulheres. Elas estão mudando a própria história com bastante determinação.”

No Brasil, o empreendedorismo se popularizou a partir da déca-da de 90, o que contribuiu para a crescente participação desse tipo de empresa na economia do País. O papel de destaque da modalida-de ganhou ainda mais força com a entrada em vigor da Lei Comple-mentar nº 123/2006, a Lei Geral da Micro e Pequena Empresa, e da Lei Complementar nº 128/2008, que re-gulamentou a figura jurídica do Mi-croempreendedor Individual.

E as mudanças na legislação só favoreceram o ambiente empreen-dedor no País. De lá para cá, o perfil da economia mudou e, atualmente, quase 44% dos brasileiros sonham em ter o próprio negócio. Os dados constam na pesquisa GEM 2012, rea-lizada pelo Sebrae em parceria com o Instituto Brasileiro da Qualidade e Produtividade (IBQP).

Um olhar diferenciado

Sancionada pelo então presiden-te Lula em 19 de dezembro de 2008, a Lei Complementar nº 128 criou a figura do Microempreendedor Indi-vidual. São milhões de brasileiros que trabalham por conta própria, têm até um empregado e faturam anualmente R$ 60 mil, produzindo bens, serviços ou comercializando mercadorias. Como num passe de mágica, de qualquer canto do País, e em apenas dez minutos, esses brasi-leiros podem registrar o seu negócio. Basta ter um computador ligado à internet e acessar o site www.por-taldoemprendedor.gov.br ou procu-rar um Ponto de Atendimento do Sebrae mais próximo.

“No início, eram apenas nove leitos e, hoje, conto com 42”. David Costa, proprietário do Hostel Hospeda Salvador, no Pelourinho

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De olho na Copa do Mundo, o empresário

David Costa disse que a formalização permitiu que ele fizesse parte da Associação Brasileira da

Indústria de Hotéis (ABIH)

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Page 20: Revista Conexão Bahia 202

Microempreendedor Individual desde 2010, o administrador de empresas David Costa, proprietário do Hostel Hospeda Salvador (alber-gue), no Pelourinho, lembra os pri-meiros passos dados no ramo de hotelaria e hospedagem e das difi-culdades para estabelecer o negócio. “O hostel funcionava com recursos próprios, pois as possibilidades de financiamento como pessoa físi-ca eram inviáveis. Quando surgiu a oportunidade de legalizar, não pen-sei duas vezes. Busquei todos os do-cumentos necessários e, em menos de dez minutos, imprimi o meu al-vará. Tudo pela internet.”

De olho na Copa do Mundo, o em-presário disse que a formalização

permitiu que fizesse parte da Asso-ciação Brasileira da Indústria de Ho-téis (ABIH), assinasse a carteira do seu funcionário e concretizasse os planos de ampliar o seu empreendi-mento. “No início, eram apenas nove leitos e, hoje, conto com 42. Depois da formalização, o nosso movimen-to melhorou em torno de 90%. Hoje, posso planejar um financiamento com linhas de crédito acessíveis”, revela.

Vantagens

A adesão à categoria garante uma redução de mais de 50% no valor mensal de contribuição para a Pre-vidência. Os microempreendedores

individuais contribuem com 5% do salário mínimo, e garantem os bene-fícios do INSS, como licença-materni-dade, auxílio doença e aposentadoria. Os benefícios e vantagens vão além da questão previdenciária. Podendo, então, emitir nota fiscal, os empreen-dedores são capazes de comprar di-reto dos fornecedores, vender os seus produtos e serviços para o governo, se agrupar em consórcios e assim dispu-tar licitações na área pública. Além disso, a abertura de contas em bancos e o acesso ao crédito são facilitados.

Como pessoa jurídica, o micro em-preendedor individual passa a ter crédito nos bancos oficiais, com juros oscilando entre 1% e 3% ao mês, ao passo que, como pessoa física, esses

Dados da Receita Federal (28/07/2013)

Principais atividades do MEI na Bahia

Comércio deartigos dovestuário eacessórios

24.568

Comércio demercadoriasem geral

12.398

Cabeleireiros

15.186Serviçosambulantesde alimentação

7.547

Comércio de cosméticos,produtos de perfumariae de higiene pessoal

6.012

Obras dealvenaria

5.850

Lanchonetes,casas de chás,de sucos esimilares

5.519

Fornecimento dealimentos paraconsumo domiciliar

5.477

Comércio varejistade bebidas

4.421

Bares

4.369

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Page 21: Revista Conexão Bahia 202

juros variam de 7% a 10%. Além dis-so, o Sebrae promove a participação gratuita em cursos, palestras e ofici-nas, orientando sobre a importância permanente da gestão dos recursos financeiros e criando um cenário de integração entre os MEI e as institui-ções financeiras, como a Oficina de Crédito Especial, que contempla pa-lestra e apresentação dos bancos.

Proprietário da Blueberry, loja vir-tual de artigos do vestuário, Diego Antônio Castro Carvalho aprovei-tou o conhecimento adquirido em lojas de surfe para pensar numa marca que representasse um es-tilo de vida, abarcando a arte de rua, ecologia e esportes radicais. Antes mesmo de conceber a sua primeira coleção, ele mergulhou de cabeça no projeto. Buscou no Sebrae a sua fonte de conhecimento e formalizou o negócio.

A participação em cursos, como Treinamento Gerencial Básico, Técni-cas de Negociação e oficinas na Feira do Empreendedor, serviu para estudar o terreno e semear uma ideia. “Fiquei um ano estudando o mercado. No Se-brae, aprendi que cada passo antes

de ser dado deve ser planejado. Hoje, tenho abertura para acionar linhas de crédito e respaldo para negociar com fornecedores”, afirma. Na lista de prio-ridades do empresário-artista, está a captação de recursos para montar um ateliê no bairro do Garcia, em Salvador.

Depois de um ano estudando o mercado, Diego Carvalho abriu a Blueberry, empresa de vestuário. O MEI participou de mais de cinco cursos do Sebrae

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MEI terá atendimento exclusivona Feira do Empreendedor

O maior evento de empreendedorismo do Brasil tem espaço garantido para os

microempreendedores individuais. Em sua sexta edição, a Feira do Empreendedor

2013 oferece qualificação e, ainda, guichês para a formalização. Serão três espa-

ços exclusivos para esse público: Serviços – oportunidade para formalização, im-

pressão de boletos mensais DAS, entrega da Declaração Anual de Faturamento,

alterações no CNPJ e baixa do registro; Parceiros – diversas instituições prestando

atendimento gratuito; e Negócio a Negócio – onde o MEI poderá ser acompanhado

por uma consultoria gratuita. Salas serão disponibiliza-

das na Área de Educação para a realização de pales-

tras e oficinas exclusivas para o Microempreendedor

Individual. As inscrições para a Feira do Empreendedor

podem ser feitas pelo site www.ba.sebrae.com.br/feira.

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Page 22: Revista Conexão Bahia 202

Oficinas gratuitas dequalificação

Para facilitar o acesso ao conhecimen-to, o Sebrae criou o Projeto Sebrae Microempreendedor Individual (SEI), baseado em sete soluções edu-cacionais nas áreas de finanças, vendas, gestão, empreendedoris-mo, compras, planejamento e coo-peração. A metodologia da capaci-tação foi desenvolvida para tornar o profissional mais competitivo e preparado para enfrentar os de-safios impostos pelo mercado. Os conteúdos são oferecidos em for-matos de oficinas (presenciais), cartilhas (impressas e em áudio), mensagens SMS por celular e kits educativos, com nova metodologia semipresencial.

Cursos para o MEI

SEI Vender – Trabalha os concei-tos de mercado e elementos do marketing, de forma integrada, de maneira a potencializar a capaci-dade de negociação e ampliar as vendas.

SEI Controlar meu Dinheiro – Mos-tra a importância do controle de caixa (diário e futuro) bem como das contas a pagar e a receber para uso mais racional do dinheiro, in-vestimentos adequados e maior capacidade de negociação.

SEI Comprar – Aborda elementos

essenciais da compra e estratégias para adquirir os produtos ou ser-viços necessários, com a qualidade adequada, preços e prazos de pa-gamento favoráveis.

SEI Empreender – Estimula o de-senvolvimento das características empreendedoras do aluno com os objetivos de aumentar a sua com-petitividade e a permanência no mercado.

SEI Unir Forças para Melhorar – Os participantes terão a oportuni-dade de conhecer as vantagens e

ganhos de empreender ações cole-tivas, formando uma rede de negó-cios para aumentar a competitivi-dade no mercado.

SEI Planejar – Contribui para que o MEI possa adotar um pro-cesso de trabalho mais organi-zado para melhorar o desempe-nho de sua empresa e aumentar a sua competitividade de modo sustentável.

SEI Administrar – Ensina como pla-nejar um negócio, melhorar os resul-tados, contornar e evitar problemas.

Participe de capacitações na Feira do Empreendedor!Veja os cursos em: www.ba.sebrae.com.br/feira

MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAl

Depois da formalização, proprietário da Blueberry, Diego Carvalho, tem planos para expandir seu negócio

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Page 23: Revista Conexão Bahia 202

Em dia com as obrigações?

Não adianta se formalizar e não man-ter o pagamento mensal do imposto. O empreendedor precisa fazer a sua Declaração Anual de Faturamento, meramente informativa e gratui-ta, a partir do controle mensal do seu negócio. Independentemente do valor do faturamento, é preci-so apresentar o relatório de recei-ta bruta ou a relação dos valores das compras/despesas. Para evitar

multas e juros, a declaração pode ser realizada diretamente no Por-tal do Empreendedor (www.portal-doempreendedor.gov.br), ou com a orientação gratuita de escritórios de contabilidade optantes pelo Simples Nacional e nos Pontos de Atendimento do Sebrae. Para saber o Ponto mais perto do MEI, basta ligar para a Central de Relaciona-mento do Sebrae (0800 570 0800).

“Não leva nem um minuto para finalizar a declaração. Basta ter as informações de todo o faturamen-to do ano. É a receita bruta que importa, com as vendas ou pres-tação do serviço, dependendo da atividade da empresa, emitindo nota ou não”, explica a gestora de Atendimento ao Microempreen-dedor Individual do Sebrae Bahia, Mariana Cruz.

“No início, acabei atrasando uns dois meses o pagamento e percebi o quanto isso pode-ria prejudicar o andamento do negócio.”

MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAl

Fábio Pinheiro, empresário que comercializa materiais esportivos.

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Page 24: Revista Conexão Bahia 202

Quando parou de competir pro-fi ssionalmente, o surfi sta Fábio Pi-nheiro resolveu empreender. Pas-sou a vender materiais esportivos voltados para o surfe, especifi ca-mente na modalidade bodyboard. Um dos primeiros na Bahia a aderir à categoria, ele queria deixar a in-formalidade e mirar um horizonte de possibilidades. Por isso, antes mesmo dessa fi gura jurídica ser criada, ele buscou informações so-bre o assunto, e percebeu como po-deria criar asas com a legalização.

Hoje, já são quatro anos de negó-cio formalizado, de um total de dez anos de atividade. “No início acabei atrasando uns dois meses o paga-mento e percebi o quanto isso po-deria prejudicar o andamento do negócio, além de deixar o meu fun-cionário descoberto de qualquer benefício. E outra: ninguém quer pagar multa. Tenho uma marca consolidada e que chega a outros países.”

“Formalizado, além de benefícios, o empreendedor passa a ter obrigações.

A primeira e principal é consigo mes-mo, pois o pagamento da contribuição é para ele e sua família, uma vez que o que paga é para a aposentadoria por idade ou invalidez, salário-materni-dade (mulher), auxílio-doença, e para a família (pensão por morte e auxílio

reclusão). O não pagamento dessa contribuição pode fazer com que este perca a condição de segurado e, em um momento de necessidade, não ter acesso ao benefício”, explica o técni-co da Unidade Regional do Sebrae em Ilhéus, Michelangelo Lima.

ATENÇÃO

Golpe do boleto O MEI tem como despesas legalmente estabelecidas, APENAS, o pagamento mensal de R$ 33,90 (INSS),

acrescido de R$ 5,00 (prestadores de serviço) ou R$ 1,00 (comércio e indústria) por meio de carnê emitido

através do Portal do Empreendedor, além de taxas estaduais/municipais que devem ser pagas depen-

dendo do estado/município e da atividade exercida. O pagamento de BOLETO, não relacionado com as

despesas mencionadas acima, é de livre e espontânea vontade do Microempreendedor Individual (MEI).

empreendedor passa a ter obrigações.

ATENÇÃO

Golpe do boleto

O surfi sta Fábio Pinheiro garante que a formalização traz benefícios e crescimento para a empresa

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Page 25: Revista Conexão Bahia 202

Principais dúvidas do MEI

Como e onde posso me formalizar?

A formalização é feita de forma gratuita pelo Portal do Empreende-dor. Há um considerável número de empresas contábeis espalhadas pelo País que poderão realizar a formali-zação de graça. Para saber quem são essas empresas consulte a relação constante dos endereços no Portal do Empreendedor na internet. O Se-brae também oferece orientação de graça sobre a formalização.

O que preciso para me formalizar?

Carteira de identidade, CPF, com-provante de residência e o número

do recibo de Declaração do Imposto de Renda Pessoa Física, pelo menos, dos últimos dois anos. Caso o em-preendedor não tenha declarado nesse período, será solicitado o Títu-lo de Eleitor.

Posso ter mais de uma ocupação ou atividade econômica?

Sim, pode ter mais de uma ocupa-ção. Ao se formalizar, é necessário registrar uma ocupação relativa a sua atividade principal e pode re-gistrar até quinze ocupações para atividades secundárias. A cada ocu-pação registrada será atribuído um código de Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE).

Como proceder em caso de atraso nospagamentos?

Caso o pagamento não seja re-alizado na data certa haverá co-brança de juros e multa. A multa será de 0,33% por dia de atraso limitado a 20% e os juros serão calculados com base na taxa SE-LIC, sendo que, para o primeiro mês de atraso, os juros serão de 1%. Após o vencimento deverá ser gerado novo DAS, acessando-se novamente o endereço www.portaldoempreendedor.gov.br. A emissão do novo DAS já conterá os valores da multa e dos juros, sem precisar fazer cálculos e não custa nada.

Concentração deMEI por município1º ...... Salvador .......................... 76.172

2º ...... Feira de Santana............. 13.511

3º ...... Vitória da Conquista ........ 7.803

4º ...... Lauro de Freitas................ 5.430

5º ...... Camaçari ........................... 5.000

6º ...... Teixeira de Freitas ............ 4.077

7º ...... Ilhéus ................................ 4.048

8º ...... Juazeiro ............................. 3.440

9º ...... Barreiras............................ 2.938

10º .... Porto Seguro...................... 2.848

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Empreendedorismo: substantivofeminino

Entrevista Ana Paula Padrão

Durante anos, a jornalista Ana Paula Padrão domi-nou a bancada dos principais jornais da TV Globo, SBT e Record. Em 2007, ela fundou a agência de con-teúdos em vídeos Touareg, e desde 2011 comanda o projeto Tempo de Mulher, que trata do empode-ramento feminino em quatro plataformas: portal, revista, realização de eventos e elaboração de pes-quisas sobre as mulheres brasileiras. A jornalista

esteve em Salvador para fazer parte do I Congresso Feminino de Empreendedorismo e conversou com a Revista Conexão sobre mulheres empresárias, como elas avançam no mundo dos negócios, quais as suas qualidades de gestão e os maiores desafios a vencer. Números da pesquisa Global Entrepreneurship Mo-nitor (GEM) indicam que, no Nordeste, de cada 100 empreendedores, 52 são mulheres.

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ENTREVISTA

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Como você avalia o avanço das mu-lheres no mundo dos negócios? Quais motivos estão levando as mulheres a serem mais empreendedoras?

As mulheres não avançam apenas nos negócios. O em-poderamento feminino está promovendo uma mudança na estrutura da sociedade brasileira e do mundo. Mu-lheres não empreendem pensando apenas em retorno financeiro. Muitas vezes é uma necessidade pessoal de equilibrar a vida familiar com o trabalho. Ao trabalhar para si mesmas, elas conseguem administrar melhor o tempo e, com isso, gerir mais harmoniosamente a casa, filhos e marido. Uma pesquisa feita pela minha empre-sa, Tempo de Mulher, em parceria com o Instituto Da-taPopular, mostra que 37% das mulheres têm intenção de abrir um negócio próprio nos próximos três anos, re-presentando um universo de 24 milhões de brasileiras. E 58% delas estão na Região Norte, onde seis em cada dez mulheres querem empreender. É uma revolução.

Qual característica feminina pode ajudar as mulheres a terem mais sucesso como donas de seu próprio negócio?

A gestão feminina tem várias características elogia-das em estudos de práticas de boa governança, entre elas tomar decisões consensuais, ouvir todas as partes, contemplar todos os pontos de vista em processos de avaliação. Mulheres, em geral, têm o foco mais amplo, acompanham mais os processos de decisão. Há também o fator de mulheres terem mais aversão a correr riscos. Tudo isso contribui para serem boas gestoras e obterem bons resultados em seus empreendimentos.

O que diferencia o empreendedorismo feminino do empreendedorismo masculino?

As pesquisas mostram que mulheres têm um grande di-ferencial, principalmente na área de gestão de pessoas,

e isso se reflete tanto no universo de pequenos quanto de grandes negócios. Em estudos, mulheres, em geral, obtêm melhores resultados em quesitos como facilida-de no trato são reconhecidas por dar mais feedback (re-torno) às suas equipes, conversam mais com os subordi-nados, abrem mais discussões sobre planos de carreira. Têm também melhor desempenho em tornar o ambien-te de trabalho menos competitivo e mais colaborativo. Todas estas características também são aplicadas quan-do são elas as donas de negócios próprios.

Qual a dica para as mulheres que ainda têm dificuldade em administrar a família e a vida profissional como empreendedora?

A principal dificuldade das mulheres é lidar com a cul-pa. O primeiro passo é entender que não é possível ser perfeita em tudo. A tripla jornada é exaustiva. O tem-po, ou melhor a falta dele, é um gerador permanente de angústia, e é preciso administrar esse estresse para ele não contaminar o dia a dia. Outra coisa importante é entender que essa dificuldade não é uma característi-ca individual de uma pessoa. É um drama que permeia toda uma geração de mulheres. Em palestras que dou pelo Brasil, é comum mulheres virem conversar comi-go após o evento e dizer o quanto se sentiram alivia-das ao perceber que as angústias delas são comuns a muitas outras. Já ouvi relatos de mulheres dizerem que tinham “vergonha” de passar tanto tempo no trabalho preocupadas com assuntos de família. Mas é claro que uma mulher vai se preocupar com a sua família, afinal, que espécie de pessoa seria ela se relegasse a família a segundo plano, priorizando obsessivamente o trabalho? Ninguém assim seria um bom profissional, muito me-nos um bom gestor ou empreendedor.

Como começar a ser empreendedora depois de muitos anos somente cuidando da casa e da família?

Acreditar em si mesma. Autoestima e autoconfiança são fundamentais. Nos eventos do Tempo de Mulher, princi-

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palmente em comunidades de baixo IDH, percebo que um dos principais entraves às mulheres se tornarem empreendedoras não é, ao contrário do que se pensa, a falta de recursos fi nanceiros, e sim um profundo sen-timento de baixa autoestima, muitas vezes alimentado pelo próprio parceiro. São mulheres que ouvem dentro de casa que “não têm mais idade para isso”, o que é um absurdo. Nunca é tarde para aprender, crescer, empreen-der. Se uma mulher é capaz de gerir uma família, prover de cuidados um lar, por que não seria capaz de admi-

nistrar um empreendimento? É preciso, claro, aprender, fazer cursos, se qualifi car, reunir informações sobre o mercado no qual você quer empreender. Vejo muitas mulheres com capacidade de fazer tudo isso, mas que não vão em frente pela falta de autoestima.

Você se considera uma empreendedora? Por quê? Como nasceu o projeto Tempo de Mulher e como ele pode ajudar a despertar o empreendedorismo entre as brasileiras?

Empreender sempre esteve nos meus planos durante muitos anos, eu apenas não sabia se era capaz de fa-zer isso. Acho que é um drama que todo empreende-dor enfrenta “será que sou capaz, será que consigo?”. Hoje tenho duas empresas, a Touareg, uma agência de conteúdo em vídeos, fundada em 2007, e o Tempo de Mulher, lançado em 2011. O Tempo de Mulher foi um desejo meu de trabalhar pela causa do empode-ramento feminino. Para falar transversalmente com as mulheres brasileiras, ele compreende quatro dife-rentes plataformas. Temos um portal, o www.tempo-demulher.com.br, que é o parceiro de conteúdo femi-nino da Microsoft no Brasil, um projeto extremamente bem-sucedido, com mais de 25 milhões de pageviews (visualizações) por mês. Temos também uma revista, a Tempo de Mulher Business, com tiragem de 20 mil exemplares, distribuída para o mundo corporativo, fo-cada no papel da mulher nas empresas. O TDM, como carinhosamente chamamos o Tempo de Mulher, faz ainda eventos para discutir questões femininas em di-ferentes níveis. Este ano teremos nosso grande even-to anual em outubro, em São Paulo, com vários pai-néis sobre empoderamento feminino nas empresas. E também fazemos pesquisas para entender melhor a alma, as angústias e os hábitos da nova mulher brasi-leira. Nossa missão é ampliar os canais de informação para o empoderamento da mulher, além de fortalecer ações que a benefi ciem. O empreendedorismo é uma dessas ações, e é fundamental para melhor inclusão da mulher na sociedade.

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ECONOMIACRIATIVA

Tradição vira negócioNascido em Canavieiras, distrito de Cairu, no baixo Sul da bahia, Luciano Freitas, 33, é fi lho de ma-risqueiros e imaginava seguir o

exemplo dos pais após completar

os estudos. Assim o fez. Ao termi-

nar a educação formal, retornou à

comunidade para trabalhar catan-

do ostras e siris para vender. No

ano de 2000, porém, projetos so-

ciais, iniciados na localidade, des-

pertaram nele o desejo de crescer

e melhorar de vida.

O pescador buscou se informar e,

com o apoio do Governo Estadual, Fun-

dação Odebrecht e do Sebrae Bahia,

conseguiu fundar uma cooperativa de

criação de ostras em cativeiro.

Com a valorização dos roteiros

turísticos do Morro de São Paulo,

passar pela comunidade começou

a se tornar obrigatório. Foi quando

os pescadores, vendo a possibilida-

de de comercializar o fruto de seu

trabalho, passaram a vender ostras

aos turistas que passavam pela co-

munidade. No ano de 2004, surgiu

o primeiro fl utuante para comer-

cialização de ostras, que logo fi cou

pequeno para o número de pessoas

que visitavam o local.

O desejo de ter o próprio negócio

sempre esteve presente nos planos de

Luciano, até o dia em que foi convida-

do pelo Sebrae para participar do Se-

minário Empretec. “As noções de em-

preendedorismo vieram com o curso”, De forma sustentável, Luciano Freitas cria ostras que serve em seu restaurante

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Marisqueiro enxerga oportunidade epassa a vender ostras em restaurantefl utuante

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contou. Como Microempreendedor In-dividual, Freitas percebeu as vantagens de ter o negócio formalizado e deu va-zão ao sonho ao montar o restaurante flutuante Companhia das Ostras.

Com o apoio da família, o empre-sário administra o estabelecimento que, mês a mês, tem apresentado sig-nificativa demanda. “Hoje, contamos com estrutura adequada e já possuo as documentações exigidas pela Ca-pitania dos Portos”, declarou.

O gestor do Ponto de Atendimento do Sebrae em Valença, Ângelo Fah-ning, destacou que o pescador bus-cou a instituição a fim de melhorar a própria vida e da comunidade. “Nós identificamos nele o espírito empre-endedor. Com a participação nos cur-sos, ele adquiriu mais conhecimento em relação à atividade que exercia e se tornou presidente da cooperativa de marisqueiros.”

Segundo Ângelo Fahning, com as ca-pacitações tecnológicas oferecidas à co-munidade, os pescadores conseguiram aumentar a renda mensal para quatro salários mínimos. Passaram a ser mais valorizados e ter orgulho do ofício.

Além do Seminário Empretec, Lu-ciano participou também do curso Saber Empreender, das oficinas SEI, e teve a oportunidade de integrar mis-sões técnicas realizadas em Fortaleza e Paulo Afonso. “As orientações rece-bidas em consultoria são o norte para os meus trabalhos e tudo que eu de-senvolvo no restaurante”, expôs.

Independência comsustentabilidade

O tempo de maturação da ostra até o seu consumo é de um ano e

meio. Inicialmente, os pescadores as coletavam nos mangues. Em seguida, eram fervidas e vendidas aos quilos, contudo a rentabilidade não era satisfatória. Hoje, o pesca-dor cria as ostras de forma susten-tável e no seu próprio restaurante flutuante. “Usamos a própria casca da ostra. Com ela capturamos as sementes, que são ostras pequeni-nas, e levamos para reprodução”, relatou.

As ostras, usadas no preparo dos pratos servidos no restaurante, são colhidas na hora do pedido. Além das moquecas tradicionais de pei-xe, de camarão e do próprio fruto do mar, Freitas serve a ostra natu-ral, crua com sal e limão, gratinada ou cozida, coberta de queijo rala-

do, palmito e orégano. “O mais sa-boroso de todos os pratos é a ostra natural”, afirma o pescador.

As cascas também são usadas na confecção de artesanato. Com a aju-da da família, Luciano produz oito tipos de peças diferentes que são co-mercializadas no restaurante. “Não jogamos no mar e nem no lixão da comunidade. Aproveitamos tudo de maneira sustentável”, destacou.

No período de maior movimen-tação no restaurante, a mão de obra utilizada vem da própria comunidade. Além disso, todo o tempero necessário para preparar os pratos é comprado de produto-res locais. “É uma forma de movi-mentar a economia do lugar onde eu nasci”, acrescentou.

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Vapor do Vinho atrai olhares para o enoturismo em pleno sertão baiano

Belezas naturais, passeio pelas águas do Rio São Francisco, visita às viníco-las onde são produzidos vinhos, espu-mantes e brandys. Tudo isso existe numa região do semiárido baiano, com o sol brilhando o ano inteiro. E foi de lá que nasceu uma das mais saborosas ideias de empreendedoris-mo, que vem dando certo e atraindo a atenção de turistas brasileiros.

O Vapor do Vinho vai do passeio pelas águas do Velho Chico e visita aos vinhedos até o processo de cria-ção das bebidas feitas das uvas. O primeiro passeio aconteceu em 2011 e, de lá para cá, a aposta vem se con-solidando como um dos principais atrativos turísticos.

O idealizador Rogério Rocha re-trata a sua paixão pela atividade quando fala das aventuras ao sin-grar as águas ainda criança na com-panhia do pai, que trabalhava como barqueiro. Ele enxergou a região como um polo turístico ainda na faculdade, e uma pesquisa foi feita para saber se havia possibilidade de inaugurar um roteiro, inicialmente denominado Enofluvial.

A ideia era revelar um lado do sertão baiano pouco conhecido no País, homenageando os antigos va-pores que navegaram pelo Rio São Francisco e ajudaram a desenvol-ver o Nordeste brasileiro. O contato inicial foi feito com o empresário

Eurico Benedetti, do Grupo Miolo, que possui vinícola no município de Casa Nova e acreditou no projeto, entrando como parceiro para abrir as portas da Vinícola Ouro Verde ao público. Jornalistas brasileiros e de outros países foram convidados a conhecer o Vale e o receptivo da vinícola foi inaugurado com lança-mento do roteiro.

“Fizemos uma pesquisa e hoje podemos dizer que esse é o úni-co roteiro da América Latina onde o turista conhece, em um só dia, uma vinícola, uma fazenda de uva e manga, realiza uma eclusagem e navega em um lago artificial”, res-salta Rocha.

Empresário Rogério Rocha recebe turistas do Brasil e de outros países, em um roteiro exclusivo de enoturismo, que passapelo Rio São Francisco e Lago de Sobradinho

NaRota

do Sabor

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ECONOMIACRIATIVA

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O turista é acompanhado por um guia e, posteriormente, por um enólogo, que tira as dúvidas e realiza um mini-curso sobre degustação e como esco-lher um bom vinho, harmonizando-o com os pratos típicos da região, a exem-plo da carne caprina, ovina e peixes.

O sucesso trouxea demanda

O projeto começou com seis fun-

cionários e hoje já conta com 12. No início, o passeio tinha uma deman-da de até 30 passageiros por final de semana, mas, logo nos primeiros meses, aumentou para 50 pessoas aos sábados. Começaram também a chegar caravanas durante a semana formando grupos para conhecer a região. Hoje, o Vapor tem demanda de 500 passageiros por mês.

O empresário assegura que o nú-mero de visitantes e rendimento deve aumentar “se houver mais divulgação na Bahia, pois, atualmente, o nosso maior público vem do Estado de Per-nambuco. O Salão Baiano de Turismo deu visibilidade, mas as operadoras precisam tomar conhecimento desse novo roteiro enoturístico do Brasil”.

Com o crescimento, Rogério foi es-truturando a empresa. Adquiriu um ônibus e um microônibus e o serviço de transporte, que antes era terceiriza-do, e hoje pertence a ele. Outra barca foi inaugurada para dar suporte à pri-meira e uma terceira está sendo recu-perada com capacidade para levar até 200 passageiros. As vinícolas também se preparam e o projeto de um restau-rante está em andamento, espaço que vai misturar a gastronomia das regi-ões Nordeste e Sul.

Rogério acredita que é preciso disseminar o roteiro com descon-tos para o turista local, pensando sempre em alavancar o potencial do Vale do São Francisco. A cadeia do turismo vai além do Vapor do Vinho e envolve toda a comunidade, des-de o setor de hotelaria e restaurante até o pessoal das feiras livres.

Parcerias Parceiro do Governo do Estado, por

meio de uma iniciativa da Bahiatur-sa, o Sebrae apoiou o projeto com orientações a cerca do empreendi-mento, além de contatos com o Ban-co do Nordeste para a construção do primeiro barco. A empresa conta hoje com seis embarcações, sendo quatro voltadas para a travessia Juazeiro-Pe-trolina e duas para o Enoturismo.

Rogério foi um dos participantes da Oficina Economia Criativa e Cidades Criativas, que o Sebrae realizou em dezembro de 2012, em Juazeiro, com a especialista no assunto, Ana Carla Fonseca. Para a coordenadora da Uni-dade Regional do Sebrae em Juazeiro, Jussara Oliveira, o Vapor do Vinho é um equipamento importante para consolidar o roteiro estabelecido, por-que une o potencial do Rio São Fran-cisco, da Barragem de Sobradinho, das vinícolas existentes no município de Casa Nova, Bahia, e do agronegócio.

“Toda essa oferta de serviços que existe nessa região vem se potencia-lizando. É interessante para o turista ter uma visão do que é o Vale, sua história de ocupação, das tradições e do agronegócio”, ressalta. Ela acredita que a iniciativa vai permitir, no futuro, associar outros potenciais destinos.

Economia Criativa na Feira do Empreendedor

Conhecer o perfil do empreen-dedor criativo, onde e como atuar nesse segmento. Esta é a novidade do Espaço Economia Criativa na Fei-ra do Empreendedor, que acontece entre os dias 22 e 26 de outubro, no Centro de Convenções, em Salvador.

No espaço poderá ser feito um teste digital “Perfil do empreen-dedor criativo”, para identificar o empresário como parte da cadeia produtiva. Além disso, para esti-mular os visitantes a enxergarem os setores da economia criativa e turístico, o Sebrae irá disponibilizar técnicos para ajudar os participan-tes a iniciarem ou alavancarem os seus negócios.

Em parceria com o Espaço Ten-dências e Ideias de Negócios, serão mostradas opções para a economia criativa nas áreas de turismo religio-so, rural, de aventura, LGBT e enotu-rismo; mapeamento de equipamen-tos culturais do Teatro Castro Alves; distribuição de cartilha informativa sobre as opções de franquias como o Bar do Empreendedor, Quiosque Brahma e Seu Buteco.

A área reservada ao segmento vai oferecer uma série de oportunida-des para o empreendedorismo em áreas como moda, gastronomia, tu-rismo, artesanato e produção cultu-ral. Os empreendedores do setor vão poder comercializar os seus produ-tos como artesanato e gastrono-mia, além de ter uma programação de desfiles com estilistas da Bahia. As inscrições gratuitas para a Fei-ra do Empreendedor estão abertas e podem ser feitas através do site www.ba.sebrae.com.br/feira.

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INDÚSTRIA

A história da Cerâmica Alves co-meça em 1984, na cidade de Can-diba, Oeste baiano, pelas mãos do então médico Juracy Alves. Cons-truindo uma relação de confiança com os filhos, Fernando e Amanda Neves, Juracy fez questão de man-tê-los desde cedo próximos ao negócio da família, até que fosse

dada a eles a oportunidade de ge-rir a empresa.

Fernando, tecnólogo em cerâmica, passou a ser responsável pela linha de produção, estoque, qualidade e investimentos, enquanto Amanda cuida da administração financeira.

No início, a Cerâmica Alves pos-suía 15 funcionários e produzia

apenas blocos, em uma realidade muito distante do sonho de Juracy Alves de fazer um milhão de peças por mês. Mas, com o empenho dos herdeiros, a Empresa de Pequeno Porte (EPP) passou a ter 95 funcio-nários e a produzir mais de dois milhões de peças por mês, entre blocos e telhas.

Negóciosem famíliaFilho do fundador da empresa, o empresário Fernando Alves estáà frente da Cerâmica Alves nasáreas de estoque, qualidade,investimentos e linha de produção

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A Cerâmica Alves produz mais de dois milhões de peças ao mês e, após certi-ficação, está apta a fornecer material para construtoras participantes do Pro-

grama “Minha Casa, Minha Vida”, do Governo Federal

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“Para alcançar essa marca, mo-dernizamos toda a parte de gestão e contamos com a alavancagem do mercado da construção civil. Apro-veitamos essa fase investindo e melhorando a linha de produção”, afirma o empresário. Da parceria com o Sebrae, Fernando conta que participou de soluções empresa-riais, como Empretec, Estratégias Empresariais, além de cursos sobre vendas, recursos humanos e finan-ças, sempre contemplando a parti-cipação de colaboradores.

Em 2011, a Cerâmica começou a fazer parte do Programa Setorial da Qualidade (PSQ), por meio do Programa Sebraetec, uma solução do Sebrae com o foco em inovação e tecnologia. “Nós controlávamos a linha de produção, mas esses dados não eram registrados ou debatidos com a equipe. A partir da consultoria, passamos a ela-borar relatórios e analisá-los com os nossos funcionários”, relem-bra. Ele conta ainda que, a partir do novo cenário, passou a realizar treinamentos focados na neces-sidade de cada setor da empresa, além de criar o Laboratório Inter-no da Cerâmica, para estudar o material utilizado.

Concluída a qualificação pelo Programa Setorial da Qualidade de Telhas Cerâmicas (PSQ-TC), ligado ao Programa Brasileiro da Qualida-de e Produtividade no Habitat (PB-QP-H), do Ministério das Cidades, a fábrica agora exibe o certificado que atesta a fabricação conforme exigências da Associação Brasilei-ra de Normas Técnicas (ABNT) e a habilita a fornecer material para construtoras participantes do Pro-

grama “Minha Casa, Minha Vida”, do Governo Federal.

A certificação, oficialmente en-tregue durante o 41º Encontro Nacional da Indústria Cerâmica Vermelha, realizado em Campo Grande, Mato Grosso do Sul e pro-movido pela Associação Nacional da Indústria Cerâmica, era a con-firmação de que valera a pena todo o investimento feito até então.

Com a qualificação, a Cerâmica Alves conseguiu melhorar a pro-dutividade em até 60%, agregar va-lor ao produto, atingir o modelo de estoque zero e estar sempre com, pelo menos, uma semana de venda fechada.

Fernando não esconde a satis-fação ao comparar o cenário atu-al com o momento anterior ao da parceria com o Sebrae. “A diferen-ça é enorme. Hoje, a empresa tem controle da perda e homogenei-dade na linha de produção. Antes, perdíamos até 17% ao mês e, agora, apenas 5%”, analisa.

A próxima meta da Cerâmica Al-ves é, com o apoio do Sebrae, se adequar às normas do ISO 9001, e, até 2014, buscar mais essa cer-tificação. Atualmente, a empresa participa do Projeto Indústria Se-torial Vitória da Conquista, ofere-cido pelo Sebrae em parceria com a Secretaria de Indústria Comér-cio e Mineração (Sicm) e a Fede-ração das Indústrias do Estado da Bahia (Fieb). No segundo semestre de 2013, a empresa vai participar do Programa de Capacitação da Norma Regulamentadora (NR) 12, que trata da segurança no traba-lho, que evolve máquinas e equi-pamentos.

Projeto IndústriaSetorial

O analista do Sebrae, Bruno Cruz, explica que o projeto tem foco na geração de negócios em torno de grandes investimentos e na melho-ria da competitividade das micro e pequenas empresas. “Dentre os diversos setores e grupos atendi-dos pelo projeto, podemos destacar o grupo de cerâmicas, no qual as ações são executadas em conjunto com a Associação das Cerâmicas do Sudoeste da Bahia (Acesuba)”, com-pleta. Ao todo, 12 cerâmicas são atendidas pelo projeto, dentre as quais cinco já participaram do PSQ.

SebraetecO Programa Sebraetec busca

aumentar a capacidade compe-

titiva das Micro e Pequenas Em-

presas (MPE) baianas através do

estímulo à transferência de tec-

nologia. Para isso, procura incen-

tivar o processo de inovação e a

superação de gargalos tecnológi-

cos, aproximando as MPE das ins-

tituições de pesquisa.

O processo funciona da seguinte

forma: após um primeiro contato,

o Sebrae identifica as demandas

de cada empresa e, a partir daí,

indica instituições que realizarão

consultorias em áreas específicas.

As consultorias são prestadas por

instituições credenciadas e ha-

bilitadas para atuar em diversas

áreas. Interessados em participar

devem ligar para a Central de Re-

lacionamento do Sebrae no nú-

mero 0800 570 0800.

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EDUCAÇÃO EMPREENDEDORA

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Beleza que põe mesa Empreendedora feirense se destaca no ramo de estética,

após participar do Programa Na Medida

A empresária Valdineide Araújo, co-nhecida pelos seus clientes como Neide, deu os seus primeiros passos no mundo dos negócios no ramo de varejo. Depois de três anos com um mercadinho, ela resolveu investir em algo que fazia os seus os olhos brilharem. As lembranças de um ambiente repleto de mulheres, o cheiro das tintas, esmaltes e o ba-rulhinho do secador remontavam um cenário envolvente que, como

passe de mágica, transformava a aparência das pessoas.

As irmãs inocularam em Neide essa paixão até então recôndita, mas prestes a preencher a sua vida. Tomada pelas imagens e sensações, fechou as portas do mercadinho e resolveu investir em algo com o que se identificava. Sem pestanejar, ma-triculou-se num curso, abriu um sa-lão e tornou-se cabeleireira. Seguin-do o exemplo das irmãs, em 1999, a

profissional de estética alugou uma sala de 20 metros quadrados em uma galeria da cidade, contratou um cabeleireiro e uma manicure, e deu o pontapé inicial para a sua carreira.

Em meio a altos e baixos, Neide sobrevive há 14 anos nesse ramo. Nunca pensou em desistir, mas pre-cisou de auxílio para que melhoras-se nos negócios. A empresária en-controu ajuda no Sebrae, através do

A empresária, Valdineide Araújo, emprega 13 pessoas em seu Salão de Beleza

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Page 36: Revista Conexão Bahia 202

Programa Na Medida. “Sem experi-ência em gestão fi nanceira, sempre tive difi culdade com fl uxo de caixa. Não tinha controle de estoque, os produtos acabavam perdendo a va-lidade e não planejava os meus gas-tos. O apoio da Instituição foi muito importante para avançar na parte administrativa”, explica.

Para a empresária, que não abre mão de manter a dupla função de cabeleireira e administradora, o co-nhecimento adquirido foi funda-mental para alavancar o negócio, e o resultado já pode ser demonstra-do em números. “Antes, apesar de a empresa ser informatizada, eu não sabia o que era percentual de lucro e de gastos. Eu vivia contando dinheiro para pagar as contas. O curso de ges-tão fi nanceira permitiu que eu con-seguisse aumentar, desde outubro de 2012, as minhas vendas em 12% e diminuir os gastos em 5%”, relata.

Neide garante que esse conta-to repercutiu em um senso maior de responsabilidade e cada passo foi dado com responsabilidade e planejamento. “Eu queria ter uma rede de salões de beleza, mas tive difi culdades para gerir uma fi lial. A prioridade era ter uma rede, hoje não é mais. Quero um espaço maior, onde possa conduzir melhor o atendimento”, revela.

A empresária feirense dedica o seu tempo agora a um nicho em ascensão e que a encanta: o mercado do matri-mônio. “A ideia é ampliar os serviços prestados às noivas. Estamos fazendo um programa voltado, especialmente, para as noivas, com muita coisa dife-rente que ainda não existe aqui em Feira de Santana”, explica.

Para ela, a parceria com o Se-

brae é uma mar-ca vitoriosa na história do Salão de Beleza Vizzon. “De uma salinha de 20 metros qua-drados, com dois funcionários, pas-sei para um sa-lão de 400 metros quadrados, com seis cabeleireiros, quatro manicu-res, duas depi-ladoras, uma recepcionista e um bom nome no mercado”, conta.

Segundo a gestora do Programa Na Medida, em Feira de Santana, Lúcia Leite, o objetivo é manter um

espaço de formação, comunicação e interação entre os empresários par-ticipantes. “Eles têm o nosso supor-te, onde orientamos com práticas para o dia a dia, de acordo com a necessidade de cada empresa.”

Projeto Na Medida Sebrae

O projeto tem como objetivo ampliar o acesso do empresário a conhe-

cimentos sobre a gestão do seu negócio com vistas ao aumento da pro-

dutividade, competitividade e lucratividade de modo sustentável. A capa-

citação disponibiliza uma grade de soluções educacionais que atende às

especifi cidades e demandas do público-alvo.

As soluções são oferecidas nos formatos de cursos, palestras, ofi cinas,

diálogos empresariais e consultorias. Os cursos Gestão Financeira, Ges-

tão de Pessoas e Equipes, Planejamento Estratégico, Ofi cinas de Internet,

Redes Associativas, além de palestra sobre Tributação, Ofi cina, Plano de

Marketing e Seminário Empretec fazem parte do projeto.

“Ao participar de um curso do Na Medida, o empresário tem a possibi-

lidade de acessar informações que agreguem valor no dia a dia da gestão

do seu empreendimento. Através das soluções que compõem o projeto,

o empresário poderá compartilhar experiências, erros e acertos, refl etir

sobre a aplicabilidade dos conteúdos apresentados e ter a oportunidade

de melhorar seu o negócio”, explicou a analista da Unidade da Educação

Empreendedora, Viviane Brasil.

Os participantes têm como ganho a consultoria agregada ao curso,

possibilitando a capacitação continuada e a participação nos “Diálogos

Empresarias,” que são encontros orientados por facilitadores, com temas

pré-defi nidos, carga horária de até três horas cada, que estimulam a refl e-

xão sobre a aplicabilidade dos conteúdos teóricos, técnicos e conceituais

ministrados durante os cursos.

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EMPREENDEDORISMO

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Do ateliê para o cinemaEspecialista em criar peças de ele-mentos da cultura afro-brasileira em cobre, latão e outros metais, o artis-ta plástico Alessandro Teixeira, co-nhecido como “Aless...”, consolidou sua marca no mercado nacional e internacional. Alessandro teve pe-ças em um dos cenários do fi lme “A pele que habito”, do cineasta Pedro Almodóvar. “Uma produtora entrou em contato através do meu site. Fi-

quei lisonjeado e orgulhoso de ver o meu trabalho sendo observado por formadores de opinião.”

Em 2009, o artista decidiu se for-malizar como Microempreendedor Individual, interessado em vanta-gens como o registro no Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas (CNPJ). “Isso me proporcionou vendas que eu poderia ter perdido, já que o cliente precisava de uma nota fi s-

cal”, lembra. A convite do Sebrae, o artista plástico participou do XVI Encontro Internacional de Negó-cios (EINNE), em 2012. Lá, ele teve a oportunidade de, pela primeira vez, integrar uma rodada de negó-cios. “As peças saíram rapidamen-te. Fiz negócios com dois compra-dores de outros estados do Brasil e tive bons contatos com empresas da Suíça, do Canadá e de Angola.”

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Page 38: Revista Conexão Bahia 202

Sebrae perto de vocêO Sebrae possui uma estrutura de atendimento presencial em diversas cidades na Bahia, disponibilizando aos empresários orientação, formalização, consultoria, capacitação e informação.

O Ponto de Atendimento do Sebrae em Vitória da Conquista está localizado na Rua Coronel Gugé, 221, no Centro da cidade. Horário de funcionamento: 9h às 12h30 e 13h30 às 17h.

Centro de Atendimento ao EmpreendedorAv. Sete de Setembro, 261 – Mercês CEP. 40060-000 Tel. 71 3320.4526

Pontos de Atendimento na Bahia Além do Centro de Atendimento ao Empreendedor, o Sebrae Bahia possui 31 Pontos de Atendimento, distribuídos em dez unidades regionais.

AlagoinhasR. Rodrigues Lima, 126-A – Centro. CEP: 48010-040. Tel. 75 3422.1888.

BarreirasAv. Benedita Silveira, 132, Ed. Portinari Térreo – Centro. CEP: 47804-000. Tel. 77 3611.3013/4574.

BrumadoRua Marechal Deodoro da Fonseca, 89 - Térreo - Centro. CEP: 46100-000. Tel. 77 3441-3699/3543.

Camaçari R. do Migrante, s/nº – Centro. CEDAP – Casa do Trabalho. CEP: 42800-000. Tel. 71 3622.7332.

Euclides da CunhaR. oliveira Brito, 404 – Centro. CEP: 48500-000. Tel. 75 3271.2010.

EunápolisR. 5 de Novembro, 66, Térreo – Centro. CEP: 45820-041. Tel. 73 3281.1782.

Feira de Santana R. Barão do Rio Branco, 1.225 – Centro. CEP: 44149-999. Tel. 75 3221.2153.

Guanambi Av. Barão do Rio Branco, 292 – Centro. CEP: 46430-000. Tel. 77 3451.4557.

Ilhéus Av. Dois de Julho, 1.039, Térreo – Centro. CEP: 45653-040. Tel. 73 3634.4068.

Ipiaú Praça João Carlos hohllenwerger, 39 – Centro. CEP: 45570-000. Tel. 73 3531.6849/5696.

IrecêR. Coronel Terêncio Dourado, 161 – Centro. CEP: 44900-000. Tel. 74 3641.4206.

ItaberabaR. Rubens Ribeiro, 253, Ed. Tropical Center, Salas 22/23 – Centro. CEP: 46880-000. Tel. 75 3251.1023.

ItabunaAv. Francisco Ribeiro Júnior, nº 198, Ed. Atlanta Center – Centro. CEP: 45600-921. Tel. 73 3613.9734.

Itapetinga Av. Itarantim, 178 – Centro. CEP: 45700-000. Tel. 77 3261.3509.

IpiráPraça Roberto Cintra, 400-A – Centro. CEP: 44600-000. Tel. 75 3254.1239.

Jacobina R. Senador Pedro Lago, 100, Salas 1 e 2 – Centro. CEP: 44700-000. Tel. 74 3621. 4342.

JequiéR. Felix Gaspar, 20 – Centro. CEP: 45200-350. Tel. 73 3525.3552/3553.JuazeiroPraça Dr. José Inácio da Silva, 15 – Centro. CEP: 48903-430. Tel. 74 3612.0827.

Lauro de Freitas Lot. varandas Tropicais, nº 279, Q.3, Lote 16, Rua A, Galpão 01 – Pitangueiras. CEP: 42700-000. Tel. 71 3378.9836.

Paulo AfonsoR. Amâncio Pereira, 60 – Centro. CEP: 48602-110. Tel. 75 3281.4333.

Porto SeguroPraça ACM, 55 – Centro.CEP: 45810-000. Tel. 73 3288.1564.

Salvador / Boca do Rio. SAC Empresarial Av. otávio Mangabeira, 6.929, Multishop – Boca do Rio. CEP: 41706-690. Tel. 71 3281.4154.

Salvador / Itapagipe R. Direta do Uruguai, 753, Bahia outlet Center, Lojas 134/135 – Uruguai. CEP: 40454-260. Tel. 71 3312.0151.

Salvador / Liberdade Estrada da Liberdade, 26, Lojas 13 e 26 – Liberdade. CEP: 40375-016. Tel. 71 3241.8126.

Salvador / Pelourinho. QualiculturaR. das Laranjeiras, 02, Terreiro de Jesus – Pelourinho. CEP: 40026-230. Tel. 71 3321.9509.

Santo Antônio de JesusR. Ruy Barbosa, 22/26, Ed. Saene, Loja 3,Sala 104 – Centro. CEP: 44572-000. Tel. 75 3631.3949.

Seabra R. horácio de Matos, 25, Salas 01/02 – Centro. CEP: 46900-000. Tel. 75 3331.2368.

Senhor do Bonfim R. Benjamim Constant, 12 – Centro. CEP: 48970-000. Tel. 74 3541.3046.

Teixeira de Freitas Av. Presidente Getúlio vargas, 3.986 – Centro. CEP: 45985-200. Tel. 73 3291.4333/4777.

Valença R. Barão de Jequiriçá, 297, Galeria Central – Centro. CEP: 45400-000. Tel. 75 3641.3293.

Vitória da ConquistaR. Coronel Gugé, 221 – Centro. CEP: 45000-510. Tel. 77 3424.1600.

Central de Relacionamento 0800 570 0800 Segunda a sexta-feira das 8h às 20h

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