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REVISTA BRASILEIRA DOS MUNICÍPIOS N: 31 Ano VIII Julho/Setembro SUMÁRIO IL;tudo Ue com'Jnidades no BraRil sob n2cional Cidades novas no Brasil (li) ......... . Econc,mia & FinnnÓilmento da d.:!ral Vida Rt:ral construçàQ da fulU.-a Capital Fe- A Norm,,l Rural como instrumento de recuperação Charles v:.ragley J. C. Pedro Gmnde América Werneck Junior PáA. 189 200 210 da kvo•Jra ................... . Pereira Rodrigues 217 Sa,!•}e & Educação Plano de médico -s:.>.nitária municipal C<!rlos Vinhas 221 Monografi;;M Regionais ográris do Município de lpiaú Idéias em foco Contribuição para lL'LI programa municipalifita mí- Milton Santos nimo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Yv<>s do:. Oliveira Municip,.J;smo - Fonna ideal de maniíest!lção da democracia . . . . . . . . . José Rehêlo Inquéritos & Reportat2ens Central hidrelétrica do Brumado-Um investimento 224 pioneiro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Risério Leite 230 Extensão do agropecuário no Brasil 233 Congresso Mundial de Geografia . . . . . . . . . . . . . . . . Heman.-. Tavares de 234 Atoavés da Agente de estatbtica, perguntador inveterado . . Germano Pontes 235 O deserwolvírr.entc das cidades . . . . . . . . . . . . . . . . . Pimentel Gomes 236 Urbanização . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Brasilio Macl1ado Neto 237 Bipanió.o de municípios . . . . . . . . . 238 Vida Municipl.'l! . . . . . . . . . . . . 239 Estatistiea Municipal Profissões liberais - !952 Notícias & Divisão Territorial éo Brasil - O Congresso no &.- tado do Rio - StJminários Muuiciptlis - Con- curso Teixeira de Freitas - Recife: Congresao de Salvação do Nordeste - Bahia: e•tud't> de locais - Distribuição de cotas do Im- pÔsto de renda - Economia de Alagoas - Renda nacional em 1953 - ConstmçÕ(oS no Distrito Fe- deral - Aspectos econômicos de Mato Grosso - 2 311 serviços de saúde pública - Em poucas linhas ...... . A REVISTA BRASILEIRA DOS MUNICÍPIOS, publicação trimestral do Conselho Nacional de Estatística, é 6rgão oficial da Associação Brasileira dos Municípios. · Dirçtor responsável: WALDEMAR LoPE:S Secretário: VALDEMAR CAVALCANTI Assinatura anual: Cr$ 80,00. Te,da correspondência deve ser encaminhada à sede do Conselho Nacional de Estatística, Avt:nida Fr:1nklin Roosevelt, 166. Telefone 43-4821. 245 273

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REVISTA BRASILEIRA DOS MUNICÍPIOS

N: 31 Ano VIII Julho/Setembro

SUMÁRIO IL;tudo Ue com'Jnidades no BraRil sob per~pectiva n2cional Cidades novas no Brasil (li) ......... .

Econc,mia & Fir.~nça11

FinnnÓilmento da d.:!ral

Vida Rt:ral

construçàQ da fulU.-a Capital Fe-

A Norm,,l Rural como instrumento de recuperação

Charles v:.ragley J. C. Pedro Gmnde

América Werneck Junior

PáA. 189 200

210

da kvo•Jra ................... . Francisc:~ Pereira Rodrigues 217 Sa,!•}e & Educação

Plano de assi~tência médico -s:.>.nitária municipal C<!rlos Vinhas 221 Monografi;;M Regionais

E~trutura ográris do Município de lpiaú

Idéias em foco Contribuição para lL'LI programa municipalifita mí-

Milton Santos

nimo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Yv<>s do:. Oliveira Municip,.J;smo - Fonna ideal de maniíest!lção da

democracia . . . . . . . . . José Rehêlo

Inquéritos & Reportat2ens Central hidrelétrica do Brumado-Um investimento

224

pioneiro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . • . . . . . . . Risério Leite 230 Extensão do ,;s~abelecimento agropecuário no Brasil 233 Congresso Mundial de Geografia . . . . . . . . . . . . . . . . Heman.-. Tavares de Sá 234

Atoavés da Impren~a Agente de estatbtica, perguntador inveterado . . Germano Pontes 235 O deserwolvírr.entc das cidades . . . . . . . . . . . . . . . . . Pimentel Gomes 236 Urbanização . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Brasilio Macl1ado Neto 237 Bipanió.o de municípios . . . . . . . . . 238

Vida Municipl.'l! . . . . . . . . . . . . 239 Estatistiea Municipal

Profissões liberais - !952 Notícias & ComEntário~

Divisão Territorial éo Brasil - O Congresso no &.­tado do Rio - StJminários Muuiciptlis - Con­curso Teixeira de Freitas - Recife: Congresao de Salvação do Nordeste - Bahia: e•tud't> de prob!em"~ locais - Distribuição de cotas do Im­pÔsto de renda - Economia de Alagoas - Renda nacional em 1953 - ConstmçÕ(oS no Distrito Fe­deral - Aspectos econômicos de Mato Grosso -2 311 serviços de saúde pública - Em poucas linhas ...... .

A REVISTA BRASILEIRA DOS MUNICÍPIOS, publicação trimestral do Conselho Nacional de Estatística, é 6rgão oficial da Associação Brasileira

dos Municípios. · Dirçtor responsável: WALDEMAR LoPE:S

Secretário: VALDEMAR CAVALCANTI

Assinatura anual: Cr$ 80,00. Te,da correspondência deve ser encaminhada à sede do Conselho Nacional de Estatística, Avt:nida Fr:1nklin

Roosevelt, 166. Telefone 43-4821.

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REVISTA BRASILElRA DOS 1VlUNICÍPIOS N.0 31 Ano VIII Julho/ Setembro 19 55

ESTUDOS DE COMUNIDADES NO BRASIL SOB PERSPECTIVA NACIONAL

CHARLES W AGLEY

(Da Universidade de Colúmbia)

DURANTE cs últimos vinte e cinco anos, foi publicada por antropólogos e sociólogos

uma longa série de estudos de comunidades, referentes não sàmente a vilas e pe­

quenas cidades, mas, também, a secções de grandes metrópoles, em várias partes do mundo. 1

Os métodos e objetivos dêstes estudos, como salientou Julian Steward, têm variado

extremamente e a definição do que é ou do que não é um estudo de comunidade é

ainda bastante vaga. Todavia, quase todos êstes estudos, presentemente chamados de

"estudos de comunidades", referem-se a uma cultura local, a uma unidade espacialmente

delimitada, parte integrante de uma sociedade maior e mais complexa, e têm empregado,

em sua maioria, métodos etnográficos. Em outras palavras, têm sido estudos de seg­

mentos localizados de nações modernas ou civilizações complexas, os quais ----:- embora

vários métodos de pesquisa tenham sido usados, métodos quantitativos de Sociologia inclu­

sive, - em sua maioria, se têm caracterizado pelo emprêgo dos métodos qualitativos da

Etnologia. De modo geral, refletem o ponto-de-vista do etnólogo em seus estudos de

grupos primitivos, aplicado a segmentos locais de culturas modernas e complexas.

Estudos desta natureza não são novos. Exemplos de levantamentos e descrições minu­

ciosas, que podem ser chamados de "estudos de comunidades", foram escritos já nos

séculos passados Entretanto, não foi senão há 25 anos atrás que Robert e Helen Lynd

publicaram seu estudo sôbre Middletown, o qual parece ter sido a primeira tentativa cons­

ciente de estudo de uma comunidade moderna usando uma abordagem cultural e etnográ­

fica. 2 Desde então, a despeito das falhas teóricas e metodológicas do método de estudo de

comunidade, tais estudos têm contribuído profundamente para o nosso conhecimento das

nações modernas e civilizações complexas.

ESTUDOS DE COMUNIDADES FEITOS NO BRASIL

NO Brasil, em parte devido ao vigoroso desenvolvimento das Ciências Sociais nos

últimos dez anos, mais de 20 estudos de comunidades têm sido realizados tanto

por cientistas sociais brasileiros, como por estudiosos estrangeiros dedicados a as­

suntos do Brasil. 3 De todos êles, entretanto, apenas 5 foram publicados até o presente

momento. Emílio Willems publicou em 1947 seu estudo sôbre Cunha, comunidade da

região paulista da serra do Mar 4; em 1948, apareceu o excelente relato de Lucilla Herrmann

sôbre mudanças sociais em Guaratinguetá, cidade do Vale do Paraíba, o qual, embora

essencialmente histórico, contém dados contemporâneos em número suficiente para que

seja considerado, em minha opinião, um estudo de comunidade'; em 1951, o minucioso

1 O presente estudo, escrito em inglês e traduzido por Josildete da Silva Gomes, foi publicado origi­nàriamente na revista "Sociologia", de São Paulo, cujos diretores autorizaram a transcrição na RBM

2 Middletown: A Study in Contemporary American Culture (New York, 1929) 3 Existirão outros, cuja lembrança não ocorreu ao autor, pois um levantamento formal de todos

os trabalhos não foi tentado. Além disso, vários surveys, tais como os realizados para fins especiais por Ka~ervo Oberg, em Catnetá, no Estado do Pará e no va!e do Rio Doce, sob os ~uspícios do "Institute of lnter-American Affairs" e do Serviço Especial de Saúde "Pública, respectivamente, não vão mencionados

4 Cut?ha: Tradição e Transição em uma Comunidade Rural do Brasil, São Paulo, 1947. Evolução da Estrutura Social de Guaratinguetá num período de Trezentos Anos (Revista de

Administração), São Paulo, 1948

R B.M - 1

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relato de Donald Pierson sôbre Cruz das Almas, da reg1ao da Sorocabana, em São Paulo, foi dado à publicidade 6 ; em 1952 apareceu a monografia de Emílio Willems sôbre a popu­lação caiçara da ilha de Buzios, que pode também ser considerada um estudo de comu­

nidade 7 e, finalmente, no ano passado ( 1953), foi publicado o estudo de uma comu­nidade do baixo Amazonas, realizado pelo autor 8 •

A partir de 1950, dois extensos programas de pesquisas, cada um dêles abrangendo vários estudos de comunidades, foram realizados no Brasil - o programa do vale do São Francisco, dirigido por Donald Pierson e patrocinado pela Escola de Sociologia e Política

de São Paulo e pela Comissão do Vale do São Francisco 9, e o programa de pesquisas sociais Estado da Bahia-Columbia University, dirigido por Thales de Azevedo e pelo autor, sob os auspícios da Fundação para o Desenvolvimento da Ciência, da Bahia, e a Universidade de Colúmbia, de New York 10

Cinco estudos de comunidades foram realizados como parte do programa do Vale do São Francisco: Rio Rico, no oeste da Bahia, por Levy Cruz; Cerrado, em Minas Gerais, por Esdras Borges Costa; Xique-Xique, no norte da Bahia, por Fernando Altenfelder Silva;

Passagem Grande, em Alagoas, por Alceu Maynard Araújo, e Cabrobó, em Pernambuco, por Otávio da Costa Eduardo. O trabalho de campo, em tôdas estas comunidades do Vale do São Francisco, já foi terminado e o material colhido está sendo agora preparado para publicação.

No programa de pesquisas Estado da Bahia-Columbia University, foram realizados quatro estudos de comunidades, todos êles no Estado da Bahia: - Vila Recôncavo, na região do Recôncavo, por Harry Hutchinson 11

; Minas Velhas, na Chapada Diamantina, região centro-sul, perto da fronteira com Minas Gerais, por Marvin Harris 12

; Monte Serrat, no árido sertão. do Nordeste, por Benjamin Zimmerman 13 e uma comunidade na zona cacaueira, a zona de Sudeste, por Anthony Leeds 14

• Planeja-se a sua publicação tanto no Brasil como nos Estados Unidos.

Deve-se acrescentar, aos já mencionados, vários outros estudos de comunidades que estão, no momento, em diferentes estágios de pesquisa de campo ou em preparação para serem publicados. Bernard Siegel, da Universidade de Stanford, estudou a comunidade de Itapecerica da Serra, nas vizinhanças da cidade de São Paulo, do ponto-de-vista da influência da tecnologia moderna sôbre uma comunidade rural; Oracy Nogueira está pre­

parando seu manuscrito sôbre a cidade de Itapetininga, na região da Sorocabana, em São Paulo; Gioconda Mussolini está estudando uma comunidade caiçara no litoral paulista; Eduardo Galvão está realizando pesquisas numa comunidade de caboclos e índios acultu­rados na região do rio Negro, no Amazonas; um grupo do Museu Nacional do Rio de

Janeiro, sob a direção de Carl Withers, está trabalhando numa comunidade litorânea do Estado do Rio de Janeiro e Esdras Borges Costa, segundo estou informado, pesquisou uma pequena comunidade em Santa Catarina .

O número de estudos de comunidades já terminados ou em processo de realização, é, como se vê, impressionante; quando todos êles tiverem sido publicados, o Brasil será uma das nações melhor estudadas no mundo, pela técnica de estudo de comunidade.

Os estudos de comunidades representam um sério empreendimento; exigem largo em­prêgo de capital e um grande esfôrço intelectual. Muitos dêles são orientados essen­cialmente para o problema de mudança cultural, embora em sua maioria tratem êste pro-

Cruz das Almas: A Brazilian V illage ( Institute of Social Anthropology, Washington, D C , 1951) Um segundo tomo sôhre Cruz das Almas, intitulado tentativamente The Life Cycle at Cruz das Almas, por Pierson, está destinado a aparecer futuramente

7 Buzios Island: A Caiçara Community in Southern Brazil (American Ethnological Society, Monograph XX, New York, 1952).

8 Amazon Town: A Study oi Man in lhe Tropics. (New York, 1953). ° Cf. Noticiário em Sociologia, vol XIV, n. 0 2, 1952, págs. 183-184 lO Uma Pesquisa sôbre a Vida Social no Estado da Bahia, Publicação do Museu do Estado, n.0 11.

(Bahia, 1950), por Charles Wagley, Thales de Azevedo e Luiz A Costa Pinto; também, Race and Classes in Rural Brazil, organizado por Charles Wagley (UNESCO, 1952). .

u Vila Recôncavo: A Sugar Plantation Community of the Northeastern Coast of Brazil, Ph. D. Thesis, Columbia University, microfílm; também "Race Relations in a Rural Community of the Bahia Recôncavo" in Race and Class in Rural Brazil (UNESCO, 1952).

12 Minas Velhas: A Study in Urbanism in the Mountain Region of Central Brazil, Ph. D Thesis, Columbia University, microfilm; também, "Race Relations in Minas Velhas" in Race and Classes in Rural Brazil.

l3 "Race Relations in the Arid Sertão" in Race and Classes in Rural Brazil; uma monografia com .. pleta está presentemente sendo escrita .

H Monografia em preparação.

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ESTUDOS DE COMUNIDADES NO BRASIL SOB PERSPECTIVA NACIONAL !91

blema de maneira diversa. Willems, no seu estudo sôbre Cunha, por exemplo, trabnlha com os conceitos de mudança cultural de Redfield, tal como foram desenvolvidos em The Folk Culture of Yucatan; Lucilla Herrmann faz uma análise histórica de mudança cultural, em seu trabalho sôbre Guaratinguetá; os estudos do programa Estado da Bahía­

-Columbia University focalizaram a mudança cultural, através do estudo comparativo de comunidades escolhidas aos pares, uma delas considerada "tradicional" e a outra "pro­gressista", em têrmos locais. O estudo de Siegel, nas vizinhanças da cidade de São Paulo,

como foi dito acima, teve como objetivo a análise do impacto de um complexo urbano-industrial sôbre uma comunidade rural, e a pesquisa presentemente em reali­zação por Withers e seus companheiros do Museu Nacional tem por finalidade o es­

tudo de uma comunidade, cuja vida, espera-se, sofrerá num futuro bem próximo bruscas modificações sociais e econômicas . Se há um traço comum a todos êstes estudos, pois, êste traço é, sem dúvida alguma, uma preocupação evidente com mudança social e cultural - um centro de interêsse inteiramente compreensível e de considerável significação, espe­

cialmente em vista da rápida transformação econômica social pela qual o Brasil está pas­sando agora.

Chegou o momento em que os interessados em estudos de comunidades brasileiras devem considerar a contribuição que os mesmos representam para a compreensão da cultura nacional brasileira. Todavia, estudos de comunidades que tenham por finalidade descrever culturas locais tão completamente quanto possível e analisar as relações fun­cionais existentes entre os diversos elementos que as compõem, têm que ser relacionados

com um amplo quadro de referência nacional, se se lhes quiser dar um sentido que ultra­passe os limites do valor que possuem por si mesmos, como documentos locais. Questões como as que se seguem, devem ser formuladas: Que segmentos da população total brasi­leira estão representados nas comunidades estudadas? Quais são os segmentos sociais sig­

nificativos a serem estudados no Brasil, pelo método de estudo de comunidades? Uma vez que o Brasil é um país de diferenças regionais bem definidas, que regiões estão repre­sentadas pelas comunidades estudadas? Que regiões têm sido descuidadas em nossa sele­ção de comunidades para pesquisas? Que tipos de comunidades têm sido estudados e quais os que deverão ser estudados no futuro? Estas e muitas outras questões da mesma natureza têm que ser levadas em conta se quisermos que os estudos de comunidades bra­sileiras nos dêem uma visão da amplitude da vida brasileira moderna . As respostas a tais questões dependem da existência ou não de um plano de pesquisas global, o qual

não precisa ser a motivação primordial para cada estudo de comunidade, mas que pro­porcione um quadro de referência, dentro do qual cada estudo de comunidade possa ser visto numa perspectiva nacional.

O presente artigo tem como objetivo sugerir tal quadro de referência nacional para os estudos de comunidades brasileiras. Através do mesmo, esperamos que os estudos que têm sido realizados adquiram uma significação mais ampla e que a necessidade de novos

estudos de comunidades se torne evidente. Está implícita neste trabalho a hipótese de que, a despeito da diversidade de problemas que têm motivado pesquisas em comunidades brasileiras (e que as continuarão motivando), cada estudo feito ou por fazer contribuirá significativamente para um objetivo de longo alcance - o conhecimento empírico da cultura nacional brasileira .

REGIONALISMO E SUBCUL TURAS BRASILEIRAS

UM dos problemas mais difíceis que o estudo de uma cultura nacional complexa como a do Brasil envolve, é a grande diversidade de padrões culturais e a grande variedade de manifestações locais de instituições nacionais nela contida. Feliz­

mente, o Brasil, comparativamente falando, é uma nação admiràvelmente homogênea do ponto-de-vista cultural. Em todo o território nacional uma só língua é falada, exceção feita a pequenas minorias - grupos indígenas e estrangeiros. Mais de 95% da população professa o catolicismo e, falando em têrmos gerais, as mesmas instituições e tradições nacionais, herdadas de Portugal, mas modificadas no Novo Mundo, são encontradas em

tôda a nação. Esta homogeneidade brasileira pode ser sentida, por exemplo, através

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da comparação de descrições como Cunha, de Willems, ou Cruz das Almas, de Pierson,

ambas em São Paulo, com o meu estudo de Itá, no vale do Amazonas. Por outro lado,

entretanto, o Brasil também apresenta uma diversidade social e cultural muito com­

plexa - uma variedade enorme de aspectos geográficos, que se têm feito sentir no ajus­

tamento do homem à paisagem brasileira; uma população que tem crescido vertiginosa­

mente durante os últimos cinqüenta anos e mudanças sociais e culturais que se têm pro­

cessado com velocidade desigual nas diferentes partes do País e entre os diferentes seg­

mentos da população. Êstes e outros fatôres, numerosos de mais para serem aqui des­

eritos, têm concorrido para os grandes contrastes e acentuadas diferenças na vida da

comunidade brasileira. Entre o seringueiro do Amazonas e o sitiante de São Paulo, ou

entre o trabalhador braçal de uma fazenda de açúcar do Recôncavo baiano e o va­

queiro do vale do São Francisco, há inúmeras diferenças. E todos nós estamos cons­

cientes dos diferentes mundos culturais em que vivem os lavradores isolados, os coletores

de produtos nativos do interior e as populações urbanas das capitais Além disso, dentro

de qualquer cidade, grande ou pequena, diferenças sociais e econômicas entre os seg­

mentos populacionais se refletem numa variação social e cultural que tem de ser levada

em consideração, em qualquer estudo da cultura nacional brasileira. Um estudo da cultura

nacional brasileira tem que incluir os traços comuns presentes em tôdas (ou quase

tôdas) as comunidades brasileiras, bem como as variações devidas ao regionalismo e às

diferenças rurais-urbanas e sócio-econômicas.

É evidente que tôdas estas variações na paisagem brasileira não podem ser estudadas

pelo método de estudo de comunidade, sem que seja realizada uma quantidade consi­

derável de estudos de comunidades locais de cada tipo concebível, em cada região do País.

Isto é impraticável, se não impossível. Parece-me possível, entretanto, a esta altura,

tentar-se um estudo de algumas das mais significativas e importantes variações da cultura

nacional brasileira e, através de comparações, procurar chegar a um acôrdo sôbre as feições

comuns da vida comunitária brasileira, através de todo o País. Sugerimos neste artigo

que o reconhecimento de dois grupos de variáveis, que podem ser chamadas pelos têrmos

gerais de ( 1) regionalismo e ( 2) subcultura, pode ser útil para êste fim. O sentido

destes têrmos se tornará mais explícito linhas abaixo.

1 . Regionalismo

MAIORIA dos cientistas soc1a1s, e mesmo o homem da rua, reconhece a impor­

tância das diferenças regionais para a compreensão da cultura nacional brasileira. A Existem nítidas diferenças no cenário nacional brasileiro, no que se refere a clima,

topografia, passado histórico, composição racial da população e padrões culturais e ins-

tituições modernas. É igualmente claro que a cultura de cada comunidade tem que ser

vista como um reflexo do meio físico, do processo histórico, do ajustamento ecológico e

dos padrões culturais básicos da região em que está localizada. Por isso, uma das pri­

meiras variáveis a serem consideradas se os estudos de comunidades se destinam a repre­

sentar largos segmentos da população brasileira, é regionalismo. A delimitação do Brasil

em regiões culturais é, portanto, necessária a fim de que tenhamos um quadro de refe­

rência nacional para os nossos estudos de comunidades .

Em outras publicações, esquematizei meus conceitos de regiões culturais brasileiras 15,

e muitos outros escritores têm tentado dividir o Brasil em regiões, cada um de acôrdo com

os critérios de suas próprias disciplinas 10• Uma outra divisão do Brasil em regiões poderá

servir tão bem como esta que proponho. As seis regiões que delimitei para o Brasil

são em resumo, 1) o Vale do Amazonas; 2) o Sertão •lo Nordeste; 3) a Costa Nor­

destina; 4) a Região Montanhosa Central; 5) o Sul e 6) o Oeste.

Quatro destas regiões culturais são fàcilmente distinguíveis e a maioria dos escritores

concorda em seus limites gerais. São elas: O Vale do Amazonas, o Sertão do Nordeste, a

1::> Cf. "Brazil" in Most of the Word, organizado pqr Ralph Linton; "Regionalism and Cultural Unity in Brazil", Social Forces, vol 26 n. 0 4, 1948, págs. 457-64; "lntroduction" para Race and Classes in Rural Br.azil.

Preston James, por exemplo, "The Cultural Regions of Brazil"' in Brazil: Portrait oi Half a Continent, organizado por Alexailder Marchant e T Lynn Smith, New York, 1951.

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ESTUDOS DE CO~IUNIDADES NO BRASIL SOB PERSPECTIVA NACIONAL 193

Costa Nordestina e o Sul. As outras duas reg10es mencionadas são mais difíceis de serem

delimitadas e suas fronteiras geográficas são por isso mesmo bastante vagas e arbitrárias.

A região aqui chamada Região Montanhosa Central, por exemplo, inclui o centro-sul da

Bahia, Minas Gerais e porções dos Estados de Espírito Santo, Rio de Janeiro e São

Paulo. É a região das altas escarpas brasileiras que correm paralelas à costa, possui uma

certa homogeneidade física e foi, no passado, o cenário de uma rica indúst11ia de mineração.

Hoje, ela deve ser considerada em têrmos de várias tradições locais e variações sub-regionais.

Minas Gerais, com suas fazendas mistas de criação e agricultura e seu profundo senso

de tradições, deve certamente ser considerada à parte da região montanhosa paulista, e o

centro-sul baiano, que outrora teve em Minas seu centro econômico e cultural, está agora

mais integrado ao Estado da Bahia. Mesmo a região que é aqui chamada o Sul,·. tem

suas subdivisões: a sub-região do Gaúcho e as sub-regiões dos imigrantes europeus (ale­

mães, poloneses, japonêses, italianos, etc.).

Estou pronto a admitir que a minha divisão do Brasil em seis regtoes culturais é irrlperfeita e altamente provisória. Talvez tenhamos que esperar que um geógrafo humanO>

nos dê uma divisão cultural do Brasil que não seja baseada simplesmente sôbre um agru­

pamento político de Estados, como a divisão usada hoje pelo Instituto Brasileiro de Geo­

grafia e Estatística, mas que reflita a realidade geográfica, histórica, econômica e os pa­

drões culturais modernos nacionais. O ponto importante, entretanto, não é que todos nós

concordemos a respeito dos limites exatos das regiões brasileiras, mas, que êste fator seja

levado em consideração na escolha de comunidades para pesquisa e no uso comparativo

de dados sôbre comunidades.

2 . Suhculturas brasileiras

HÁ algum tempo atrás, Ralph Linton salientou que a cultura total de uma sociedade

nacional complexa "is really an aggregate of sub-cultures Every sub-group", êle

escreveu, "always differs in some respects from the rest and the total culture consists of the sum of its sub-cultures plus certain additional elements which are the result of

their interaction." 17 Em sociedades tribais, estas sub culturas são normalmente as sub­

culturas dos grupos locais (hordas, aldeias, etc.), mas em sociedades nacionais mais com­

plexas, estas subculturas são representadas por largos segmentos populacionais, tais como

classes sociais ou mesmo grupos profissionais. Sugerimos, aqui, que o modo de vida de

certos segmentos da população brasileira é semelhante, em muitos aspectos, qualquer que

seja a região do País a que pertençam. Por exemplo, há numerosas feições semelhantes

no modo de vida da classe alta de Belém, de Recife, do Rio de Janeiro e de Pôrto Alegre,

a despeito do fato de que estas cidades estão situadas em regiões distintas Do mesmo

modo, a despeito das profundas influências regionais, o tabaréu, o caipira e o caboclo, vivendo

em regiões diversas, participam de muitos traços culturais em comum. Por isso, o têrmo

subcultura é empregado aqui para designar a variedade da cultura brasileira representada

pelos subgrupos nacionais ou segmentos da população brasileira. Da mesma maneira que

os estudos de comunidade precisam ser representativos de regiões nacionais, êles precisam

representar, também, as várias subculturas que, em conjunto, formam a cultura nacional,

se êles se destinam a contribuir para o nosso conhecimento do Brasil como um toçlo.

Uma classificação completa de todos os subgrupos brasileiros significativos (classes

sociais, grupos profissionais, etc.) e das subculturas de que êles são portadores, seria uma

tarefa mais difícil do que a divisão do Brasil em regiões culturais. No momento, entre­

tanto, o reconhecimento das cinco subculturas seguintes, às quais chamei, 1) Cabocla;

2) da Fazenda; 3) da Cidade; 4) da Classe Baixa Metropolitana; 5) da Classe Alta

Metropolitana, parece-me oferecer uma orientação provisória, mas útil, para estudos de

comunidade no Brasil.

O conteúdo destas subculturas não pode ser descrito, em detalhe algum, dentro dos

limites de um artigo. Por outro lado, como veremos, poucos dados de caráter empírico

têm sido, até então, colhidos para algumas delas. Em resumo, todavia, o conteúdo cul­

tural destas 5 subculturas brasileiras pode ser assim caracterizado:

17 The Study of Man, (New York, 1936), pág 275

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194 REVISTA BRASILEIRA DOS MUNICÍPIOS

1. Subcultura Cabocla 1s

SUBCULTURA dos grupos que habitam zonas rurais isoladas roceiros usando as

técnicas de roçado e queimada, pescadores, criadores de gado ou coletores de pro­

dutos nativos. Não se encontra, nesta variedade da cultura brasileira, a maior parte

do equipamento técnico moderno, como luz elétrica, maquinaria, veículos motorizados, etc.

Seu modo de vida preserva muito dos padrões arcaicos portuguêses, modificados no Novo

Mundo (festas, como as do Divino, irmandades, lendas, etc.), e ao lado dêles, dependendo

da região considerada, nela também sobrevivem traços culturais de origem indígena ou africana 10

,

A subcultura Cabocla tem um número mais reduzido de "alternativas", para usar a

terminologia de Ralph Linton, do que as subculturas mais complexas das cidades e metró­

poles'". Ela corresponde à "cultura de folk", de Robert Redfield, caracterizada por "a

single body of common understandings"21•

2. Subcultura da Fazenda

OS portadores dêste tipo de subcultura brasileira são geralmente os trabalhadores

assalariados e os meeiros e contratistas das grandes fazendas. Gilberto Freyre,

em Casa Grande e Senzala, descreveu-nos a vida nas plantações de açúcar da costa

do Nordeste, durante o período colonial, e Manuel Diégues Júnior deu-nos uma visão

desta mesma subcultura, nos engenhos alagoanos do passado "'.

Mesmo depois do fim da escravidão, a sociedade da Fazenda foi uma sociedade de

"casta" ou, ao menos, uma sociedade cujo sistema de classes era muito rígido. Os porta­

dores da subcultura da Fazenda foram primeiro os escravos e depois os trabalhadores livres,

ambos subordinados aos proprietários das plantações ou aos seus administradores. Esta

relação de subordinado e subordinante constitui o elemento essencial para a compreensão

da diferença entre as subculturas Cabocla e da Fazenda.

Tanto os caboclos como os trabalhadores das fazendas tiveram em comum muitos

aspectos da cultura brasileira. Mas, nas fazendas, a liderança religiosa, econômica e polí­

tica ficou nas mãos dos proprietários da terra ou dos administradores. Os trabalhadores

dependiam de seus patrões, no que se refere à segurança e ajuda em qualquer dificuldade,

e havia intimidade, lealdade e fortes laços pessoais entre a elite proprietária e seus empregados

Embora o pequeno engenho já tenha desaparecido, ainda existem fazendas no Brasil

nas quais o modo de vida do trabalhador lembra o do velho engenho, e deve ser consi­

derado, ainda, como uma variedade da subcultura da Fazenda. Mas, em geral, os velhos

engenhos têm dado lugar às usinas, propriedades de empresas industriais mais modernas.

Gradualmente, grandes corporações tem adquirido propriedades de famílias e as têm reunido

no que se pode quase chamar de "fábricas no campo", com seus numerosos trabalhadores,

tanto nas plantações, como na usina. Os padrões de intimidade e dependencia mútua, tra­

dicionais entre trabalhadores e patrões, têm sido substituídos por uma relação mais estri­

tamente comercial, entre os administradores, que são também empregados das corporações,

e os trabalhadores. Sindicatos, organizações de assistência social, leis de salário-mínimo e

outras instituições nacionais têm-se tornado, numa extensão maior, parte da vida do tra­

balhador da moderna plantação usineira. Nas grandes fazendas modernas há, freqüente­mente, luz elétrica, casas modernas, um cinema, rádios, clínica médica e escolas.

Enquanto o modo de vida do trabalhador do velho engenho parece ter sido (e ainda

é, onde êle persiste) mais semelhante àquele do caboclo, a vida do trabalhador de usina

18 O têrmo "Caboclo" é aqui usado no seu sentido social e não no sentido original de uma classificação racial. Êle parece ter um emprêgo mais amplo, no Brasil, que os têrmos regionais, -caipira, tabaréu, sertanejo, caiçara, etc

1t1 Cf Emilio Willems, "Caboclo Cultures of Southern Brazil" in Acculturation in the Americas, organizado por Sol Tax (Papers of the 9th International Congress of Americanists, Chicago, 1952); e Charles Wagley, "The Folk Culture of the Brazilian Amazon", Id id.

'"' The Study oi Man, pág. 275 e seguintes. " 1 Folk Cu/ture of Yucatan (Chicago, 1941), pág 341. -- O Bangüê nas Alagoas (Rio de Janeiro, 1949)

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ESTUDO DE COMUNIDADES ?'\O BRASIL SOB PERSPECTIVA NACIONAL 195

tende a se assemelhar à do trabalhador urbano. Ambas as variedades da subcultura da

Fazenda (isto é, a do Engenho e a da Usina) devem ser consideradas em qualquer tenta­

tiva de estudo da varia·ção dos padrões culturais brasileiros e, como são histàricamente

relacionadas, reuni-as sob uma mesma rubrica.

Deve ser dito, finalmente, que embora a discussão acima tenha se limitado a· hzendas

de açúcar, isto não quer dizer que as subculturas das Fazendas sejam limitadas aos estabe­

lecimentos agrícolas que plantam cana-de-açúcar. Outros produtos, tais como café, algodão,

mate e cacau, são também cultivados em fazendas. Mesmo as enormes fazendas de gado

do extremo Sul, do vale do São Francisco e do Nordeste, têm produzido um modo de vida

sob muitos aspectos semelhante ao de outros estabelecimentos agrícolas de larga escala.

É óbvio que cada produto determina importantes diferenças sócio-culturais entre os traba­

lhadores; todavia, avança-se a hipótese de que há um número suficiente de semelhanças no

modo de vida das fazendas brasileiras para que se faça da classificação da subcultura da

Fazenda um conceito útil.

3. Subcultura da Cidade'3

ATRAVÉS de todo o Brasil, há inúmeras pequenas cidades, algumas das quais são sedes

municipais e outras que não são outra coisa senão centros comerciais e religiosos.

Os homens de negócios, os artesãos, os funcionários federais, estaduais e municipais,

e outras pessoas que habitam estas cidades, são portadores àe uma subcultura que difere

tanto da subcultura da população rural de "caboclos" como da dos trabalhadores das

fazendas que vivem nos distritos rurais circunvizinhos "·'. Todavia, deve-se dar ênfase ao

fato de que seu modo de vida é sempre um corolário duma subcultura rural (Cabocla ou

de Fazenda), já que a cidade é o centro administrativo, ec::mômico, religioso e, freqüente­

mente, o centro social para a população rural. A gente da cidade sabe que possui uma

variedade diferente da cultura brasileira Ela olha de cima a gente da roça e tem cons­

ciência das diferenças no vestir, no tratar (etiqueta) e mesmo no falar que entre ambas

existem. A subcultura da Cidade tem mais em comum com os grandes centros urbanos do

que com as subculturas rurais da mesma comunidade. Possui clubes sociais e outras asso­

ciações, nas quais a participação obedece a divisões de classe. Nestas pequenas cidades

há sempre rádios, (freqüentemente um sistema de alto-falantes públicos, na praça), algu­

mas vêzes um cinema, uma estação telegráfica e uma agência do Correio, onde alguns

jornais e outros periódicos são recebidos. A política costuma ser intensa em tais locali­

dades e, enquanto os caboclos votam com os chefes políticos da cidade, os trabalhadores

das fazendas, seguindo o velho estilo, votam com os patrões. O catolicismo costuma ser

mais ortodoxo e mais estritamente sujeito aos ditames da organização da Igreja, entre

êstes citadinos do que entre os caboclos da zona rural, pois nas cidades há sempre um

padre residente e a população tem mais oportunidade de ir à missa. Todavia, nestas

pequenas cidades, persistem alguns padrões culturais considerados já fora de moda nas

capitais do Brasil; ainda se pode ver, por exemplo, um rapaz na caiçada cortejando a

namorada que se debruça à janela, ou o costume do passeio, ou footing, na praça central.

A subcultura da cidade é caracterizada por uma maior diversidade de costumes e pa­

drões do que as subculturas Cabocla ou da Fazenda.

4. Subcultura da Classe Baixa Metropolitana e

5. Subcultura da Classe Alta Metropolitana

Pouco pode ser dito agora sôbre estas duas subculturas urbanas bràsileiras, diante

do material de pesquisa etnológica empírica que possuímos. Entretanto, é bem evi­

dente, para todos nós, que ao menos estas duas subculturas brasileiras (indubità­

velmente mais) existem nos grandes centros metropolitanos do País. Nas favelas do Rio

23 O têrmo "cidade" é usado no sentido de "sede de município", como o faz o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística Compreende geralmente um centro relativamente pequeno e não uma grande aglomeração moderna.

24 Naturalmente, em muitos casos;, caboclos também habitam a cidade, saindo cada dia para trabalhar em suas roças ítles podem participar dos valores da cidade, mas também podem ser caboclos vivendo na cidade.

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196 REVISTA BRASILEIRA DOS MUXICÍPIOS

de Janeiro e nos distritos habitados pela classe trabalhadora de tôdas as cidades grandes

brasileiras, uma subcultura distinta parece estar tomando forma, ou já a tomou. Muitos

dêstes trabalhadores urbanos, que são trabalhadores industriais, trabalhadores manuais em

diversas especialidades e mesmo artesãos, parecem ser recém-imigrados de áreas rurais

e pequenas cidades. Seu padrão-de-vida, em muitos casos, é muito semelhante ao das

subculturas Cabocla, da Fazenda e da Cidade de onde êles vieram, mas o fato de que

agora vivem numa grande e complexa comunidade urbana leva-os a um modo diferente

de vida.

Da mesma maneira que para a Classe Baixa, também para a Classe Alta Metropolitana

existem poucos dados concretos. Parece, todavia, ser possível distinguir-se, lançando-se mão

dos elementos conseguidos através de observação e participação, uma subcultura de classe

alta urbana. Ela é composta por médicos, advogados e outr::>s profissionais liberais, funcio­

nários públicos, proprietários de estabelecimentos comerciais e seus empregados de alta cate­

goria, oficiais das fôrças armadas, etc. Todos êles pertencem à categoria dos white collars.

Nesta classe também se incluem os proprietários de fazendas, que participam tanto da socie­

dade da fazenda quanto da sociedade metropolitana.

Quer descenda dos proprietários de terras do século XIX, ou dos recentes imigrantes

que adquiriram alta posição econômica e social, esta classe tende a adotar os valores da

sociedade agrária do século referido . Embora haja, como mostrou Antônio Cândido, ao

menos no Sul do Brasil, uma tendência para o desaparecimento da família brasileira patriar­

cal, sob a ação das condições urbanas'", esta classe alta tende a manter conexões de famí­

lia a um grau que relembra a sociedade agrária do século passado. Ao mesmo tempo,

entretanto, é esta a classe que está intimamente relacionada com a Europa e os Estados

Unidos, e a primeira a adotar novas modas, tecnologia moderna, novas formas de compor­

tamento e outras inovações vindas do estrangeiro. Paradoxalmente, esta subcultura parece

tentar, de um lado, reter os elementos tradicionais da cultura nacional brasileira e, do

outro h:tdo, constituir-se a inovadora de modas e padrões.

A subcultura da classe alta das capitais brasileiras, como Belém, Salvador, São Paulo

ou Rio de Janeiro, por exemplo, representa um importante aspecto da cultura nacional;

êsse grupo constitui a classe dirigente do País, com grande influência sôbre as demais sub­

culturas brasileiras .

Estas cinco subculturas aqui consideradas não são, com certeza, as únicas que podem

ser distinguidas no Brasil; elas representam, apenas, uma classificação provisória e parcial

das subculturas brasileiras que precisam ser levadas em conta, para a compreensão das di­

versidades culturais do País.

LACUNAS A SEREM PREENCHIDAS

D EVE ser ressaltada a relação entre as diferentes subculturas e as unidades locais

que são o objeto dos estudos de comunidades. Uma comunidade geralmente con­

tém manifestações locais de mais de uma subcultura. Itá, por exemplo, a comuni­

dade descrita em Amazon Town, contém tanto a subcultura da Cidade como a subcultura

Cabocla dos distritos rurais. O mesmo se pode dizer de Vila Recôncavo, estudada por

Harry Hutchinson, no Recôncavo Baiano, a qual contém uma subcultura da Cidade, uma

subcultura de Fazenda, nas plantações de cana circunvizinhas e uma subcultura de Classe

Alta M_etropolitana constituída pelos proprietários das terras e administradores das plantações.

Deve-se também salientar que embora tôdas estas cinco subculturas estejam pre­

sentes em tôdas as seis regiões delimitadas anteriormente, elas são condicionadas pela região

na qual se encontram. Assim, no vale do Amazonas, uma subcultura de Classe Alta e de

Classe Baixa Metropolitanas podem ser encontradas em Belém e Manaus; subcultura de

Cidade, em quase tôdas as sedes municipais; subculturas de Fazenda, nas poucas planta­

ções de açúcar, nas enormes fazendas de gado de Marajó e do Baixo Amazonas e o caboclo

amazônico, como uma representação regional da subcultura Cabocla. Estas subculturas

amazônicas, porém, diferem, sem dúvida alguma, das subculturas da costa do Nordeste ou

25 "The Brazilian Family" in Brazil: Portrait of Half a Continent

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ESTUDO DE COi\lUNIDADES NO BRASIL SOB PERSPECTIVA NACIONAL 197

das do Sul do Brasil, por exemplo; não obstante, tôdas as subculturas de um mesmo tipo

têm um suficiente número de traços em comum para tornar tais categorias significativas, numa ampla base nacional.

Embora as s'ubculturas variem de acôrdo com a região onde se encontram e não

existam, em geral, isoladas nas comunidades, os conceitos de regionalismo e subculturas

oferecem, na minha opinião, um quadro de referência que procura controlar duas impor­

tantes variáveis na cultura nacional brasileira. Êste quadro de referência pode-nos permi­

tir considerar a contribuição até agora trazida pelos estudos de comunidades para uma

melhor compreensão da cultura nacional b~asileira. O primeiro fato a se tornar evidente, através desta inspeção, é a falta de estudos que

possam ser propriamente chamados de "estudos de comunidades", sôbre as subculturas metropolitanas. Não há dúvida que esta lacuna em nossos estudos de comunidades brasi­

leiras (e das subculturas que elas contêm), é um reflexo da grande complexidade da vida

urbana e da natureza especial dos nossos métodos e técnicas de pesquisas. Ao menos, no

que diz respeito à Antropologia Social, subculturas metropolitanas, das quais participam

um grande número de indivíduos, apresentam problemas difíceis de metodologia de pes­

quisa, desde que os métodos tradicionais de trabalho de campo têm melhor aplicação a

populações relativamente pequenas e relativamente homogêneas. Entretanto, deve ser

lembrado, que uma das primeiras tentativas conscientes de um estudo de comunidade foi o

estudo, por Robert Lynd, de Middletown que é uma cidade de 40 000 habitantes. Todavia,

êsse estudo foi levado a efeito por um grupo de pesquisadores e não por um único indivíduo

ou por uma dupla de cientistas sociais e, além disso, modernas técnicas quantitativas e de

survey foram amplamente usadas, ao lado das técnicas etnográficas tradicionais. Se pre­

tendemos estudar variedades metropolitanas da cultura nacional brasileira, com o mesmo

detalhe e a mesma intensidade com que temos estudado outras variedades, êste estudo

parece ser uma tarefa para um grupo que combine as técnicas da Etnografia com as técnicas da moderna Sociologia da vida urbana.

Todavia, nos têrmos em que foi apresentado o concelto de subcultura neste artigo,

talvez comunidades urbanas inteiras não precisem ser objeto da pesquisa. Parece possível

estudar algumas subculturas metropolitanas, da mesma forma como podemos estudar uma

fazenda local ou um grupo caboclo. Por exemplo, a classe alta de muitas cidades brasi­

leiras não é senão uma pequena porcentagem da população urbana total. Êstes pequenos

grupos formam, num sentido, uma espécie de "sociedades fechadas", dentro das quais as

relações sociais são freqüentes; os nomes das famílias são conhecidos por todos e uma

ampla série de relações pessoais, econômicas e casuais envolvem os membros do grupo.

Tais unidades sociais talvez possam ser estudadas por técnicas etnográficas. Por outro lado,

a maior parte das cidades brasileiras têm bairros ou distritos onde vive a classe traba­

lhadora, tais como, o Corta Braço, na Bahia, ou as favelas do Rio de Janeiro. Tais distritos

são muitas vêzes enormes em comparação com as pequenas comunidades estudadas por

antropólogos sociais, mas parecem ter um sistema social interno que os distingue da unidade

maior. Êstes distritos ou vizinhanças podem ser objeto de estudos culturais.

Deve-se, entretanto, dar ênfase ao fato de que tais estudos (da Classe Alta ou de um

distrito ou bairro de uma cidade) não seriam análogos a estudos de comunidade, no sentido

de que, idealmente, as diferentes subculturas (ou subclasses) são vistas em suas relações

umas com as outras na comunidade total. Êles seriam, porém, estudos de exemplos isolados

de importantes subculturas brasileiras e assim serviriam à finalidade de prover dados empí­

ricos sôbre a variação de padrões comuns e a presença de padrões únicos nestes segmentos

da população brasileira.

A segunda lacuna que aparece em nosso conhecimento dos tipos de subcultura esque­matizados acima, corresponde à Fazenda. Como foi mencionado, Hutchinson estudou uma

comunidade que contém não somente uma subcultura de Cidade mas, também, uma sub­

cultura de Fazenda (plantação de cana). Esta comunidade também tem uma usina, mas

as plantações são ainda, em sua maioria, propriedades de famílias e a usina é pequena

em comparação com as grandes usinas industrializadas, circundadas por terras produtoras

de cana de Pernambuco e São Paulo. Tais fazendas e usinas de açúcar industrializadas

precisam ser estudadas. Também na zona produtora de cacau do Sul da Bahia, como foi

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198 REVISTA BRASILEIRA DOS MUNICÍPIOS

indicado no princípio, foi estudada por Anthony Leeds uma comunidade na qual se encon­

tram plantações de cacau de várias espécies. Mas, que eu saiba, não temos estudos etna­

gráficos de uma fazenda de café, de uma emprêsa de erva-mate ou de uma grande fazenda

de gado no Sul, a despeito da importância evidente destas emprêsas agrícolas na economia brasileira .

Em têrmos destas subculturas, fica imediatamente evidente que a maior parte dos

estudos de comunidade, já completos ou ainda em andamento no Brasil, têm sido concen­

trados sôbre comunidades que contêm subculturas de Cidade e Cabocla. Isto é válido para

Cunha, para, ao menos, dois dos estudos baianos (Monte Serrat e Minas Velhas), para o

meu estudo de Itá, no vale do Amazonas, e é provàvelmente verdadeiro para vários dos

estudos realizados no vale do São Francisco '". E deve-se notar que, em geral, nossos

estudos de comunidades em que há as subculturas Cabocla e de Cidade têm sido estudos de

pequenas cidades. Itá tem uma população urbana de apenas 600 indivíduos, aproximada­

mente; tanto Monte Serrat como Minas Velhas têm-na um pouco acima de 1500 habi­

tantes e Cunha 1 485 . A maior cidade em estudo parece ser Itapetininga, com mais de

18 000 habitantes urbanos, em 1950. Talvez porque pequenas comunidades se prestem

melhor a um estudo intensivo pelas técnicas etnográficas e a análise de processos sociais,

corremos o risco de apresentar um quadro da cultura brasileira de alguma sorte destorcido,

através dos nossos estudos de comunidade .

Analisados em têrmos da nossa outra variável, regionalismo, os estudos de comunidades

realizados no Brasil abrangem uma ampla variedade de localidades regionais. Há estudos

para tôdas as principais regiões do Brasil com a exceção de duas - o extremo Sul e o

extremo Oeste. Há vários estudos na região de São Paulo; Cunha, de Emilio Willems, e

Minas Velhas, de Harris, podem ser considerados, num sentido, como extremos opostos da

extensa região montanhosa central, e Cerrado, embora no vale do São Francisco, também

pode ser considerada como parte daquela região. Para o sertão do Nordeste, há o estudo

de Monte Serrat feito por Zimmermann e os estudos do sertão do vale do São Francisca

por Alceu Maynard Araújo, Otávio da Costa Eduardo e Fernando Altenfelder Silva.

Contribuições para o estudo da costa agricultora do Nordeste foram feitas por Hutchinson,

Leeds e talvez pelo estudo da área produtora de arroz de Alagoas, no vale do São Francisco,

realizado por Alceu Maynard de Araújo. O estudo de "Buzios Island", de Willems, e os

trabalhos em andamento de Gioconda Mussolini e de Carl Withers com o pessoal do Museu

Nacional dar-nos-ão uma visão das comunidades de pescadores do litoral. Mas, a menos

que o estudo de Correntina, no Oeste da Bahia, feito por Levy Cruz, possa ser considerado

um estudo do Oeste brasileiro, não temos estudos da região de Goiás, do Sul de Mato

Grosso e do Oeste Paranaense, uma região onde condições de fronteira podem ser estudadas

em primeira mão e onde uma variedade regional da cultura brasileira está tomando forma.

Da mesma maneira, a menos que o estudo de Esdras Borges Costa de uma comunidade

em Santa Catarina seja terminado, então não teremos também estudos no extremo Sul,

com a sua tradicional variante gaúcha da cultura brasileira e suas comunidades de imi­

grantes europeus .

Idealmente, seria de muito valor ter estudos de todos os tipos de subculturas em tôdas

as principais regiões do Brasil para o fim de análise, através do método comparativo, das

fei,ções comuns e variantes regionais da cultura brasileira. Isto, provàvelmente, não é prá­

tico no momento Deve-se, por isso, salientar que não é ponto cruciante o conseguirem-se

estudos de tôdas as regiões e tôdas as subculturas. Ao contrário, o que é importante é que

sejam estudadas, em cada região, aquelas subculturas que historicamente e presentemente

pareçam ter a maior utilidade analítica para nossa compreensão da cultura nacional bra­

sileira. Poderemos citar, como exemplos, uma plantação de café na região de São Paulo,

uma fazenda de gado no Rio Grande do Sul e subculturas urbanas numa cidade, ao longo

do litoral Leste.

::w Cruz das Almas, que não é sede de município, não possui nem o grupo de funcionários do govêrno encontrados em tais centros, nem tantos homens de negócio como seria de esperar numa sede de município. Esta é talvez a razão por que Pierson descreve Cruz das Almas, como uma comunidade mais homogênea do que, por exemplo, Cunha, de Emilio Willems, sendo "duvidoso que na análise da comunidade seja útil o conceito de "classe". (Também porque os homens de negócio, com a exceção de um japonês, são igualmente lavradores; bem como a ausêncta, na ccmunidade, de fazendeiros D P ) .

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ESTUDO DE COMUNIDADES NO BRASIL SOB PERSPECTIVA NACIONAL 199

Deve ser repetido, finalmente, que o quadro de reíerência para estudos de comunidade ~ugerido acima tem como objetivo tornar nossos estudos mais úteis para uma compreensão do cenário nacional. Êle tenta controlar, num sentido, a grande diversidade na cultura nacional brasileira, como também procurar aquêle "mínimo saudável de cultura básica"""

do qual nos falou uma vez Gilberto Freyre.

O presente quadro de referência é um dos vários que podem ser concebidos para o

mesmo fim. O ponto importante é, todavia, que, a menos que um quadro de referência seja aumentado e melhorado, nossos estudos individuais de comunidade terão progressiva­mente menor valor para a compreensão de culturas nacionais complexas, tal como a do Brasil. Por isso, em lugar de crítica do presente quadro de referência, o autor pede aos

seus leitores que formulem um outro quadro de referência, alternativo, ou melhorem o apresentado acima, para orientação de nossas pesquisas futuras.

21 Interpretação do Brasil (Rio de Janeiro, 1947), pág 152

N OVA FRIBURGO: INDúSTRIA TÊXTIL- O pequeno Município de Nova Fri­burgo (951 km2 e 47 755 habitantes, em 1950), além do seu tradicional conceito como centro de veraneio, pode contar com um adiantado parque têxtil. Mais conhe­

cido por seus hotéis, sua floricultura e como fornecedor de produtos agrícolas aos mercados da Capital Federal e de Niterói, o município baseia sua economia principalmente na indústria têxtil, em que sobressaem os tecidos de filó, fios de algodão, renda e elásticos. Em 1953, só êsse ramo da manufatura produzia mais de 260 milhões de cruzeiros anuais e empregava 3 400 operários .

A agricultura faz-se em pequena escala. Sem embargo de figurar como centro abas­tecedor, sua produção agrícola, em 1953, não foi além de 20 milhões de cruzeiros. O milho e o tomate são as culturas mais importantes; a primeira, estacionária desde 1949, e a se­gunda, em franco desenvolvimento. A fruticultura encontra satisfatório incremento no mu­nicípio, particularmente a uva, que é o terceiro produto de sua pauta agrícola. A comuna vem, outrossim, mantendo o título de segundo centro floricultor do Estado.

O movimento hoteleiro é apreciável, em decorrência lógica das características fribur­guenses como cidade de veraneio e repouso. No último Censo, os serviços de alojamento e alimentação produziam mais de 15 milhões de cruzeiros anuais, cifra hoje muito mais elevada. Como praça comercial, sua posição é satisfatória: por ocasião do mesmo Recen­seamento, o conjunto das transações alcançava quase 150 milhões de cruzeiros, com predo­minância do comércio varejista. Ê de se notar, ainda, o desenvolvimento cultural de Nova Friburgo, com seus vários estabelecimentos de ensino secundário e superior, o que se reflete na alfabetização em geral: apenas 37% de analfabetos, num Estado onde essa quota se eleva a 44%.

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CIDADES NOVAS DO BRASIL

li

J. C. PEDRO GRANDE (Do Conselho N acionai de Geografia)

IV - REGIÃO SUL

SÃo PAULO - São 66 as novas cidades originadas da última Divisão Administrativa e Judiciária processada no Estado de São Paulo, o que dá às municipalidades paulistas números absolutos e relativos menores que os de suas congêneres mineiras. Com

poucas exceções, a criação dêsses novos Municípios paulistas processou-se pelo fraciona­mento de Municípios por várias razões suscetíveis de subdivisão, de onde resultaram uni­dades de mais fácil administração.

Com êsse objetivo em mira, é razoável - embora não se possa estabelecer como regra fixa - que as zonas fisiográficas paulistas de mais recente desenvolvimento demográfico tenham dado a maior quantidade de Municípios e cidades novos.

Não é pois, de estranhar que tenhamos a acrescentar um único Município aos exis­tentes na zona do Médio Paraíba: lgaratá, com sua sede na ex-vila homônima ( 404 habi­tantes em 1950), quando pertencia ao Município de Santa Isabel. Na zona confinante do Alto Paraíba, originou-se do Município de São Luís do Paraitinga o de Lagoinha, ao qual serve de sede a ex-vila do mesmo nome, com 498 moradores no último Censo

Na zona industrial, são 6 as cidades novas. Ferraz de Vasconcelos, ex-vila com 3 189 habitantes no Censo de 1950, é sede do Município homônimo desmembrado de Poá; Mogi das Cruzes sofre nova redução de seu território, com o desmembramento do Muni­cípio de Itaquaquecetuba, ao qual serve de sede a ex-vila dêsse nome, com 1 048 mora­dores em 1950; Mauá, tendo como sede a ex-vila homônima (5 368 habitantes em 1950) e Ribeirão Pires, com o centro administrativo na ex-vila do mesmo nome (3 865 habi­tantes em 1950) emanciparam-se de Santo André; e Campinas viu-se desfalcada do terri­tório cedido para a formação dos Municípios de Sumaré, com sede na ex-vila homônima ( 1559 habitantes em 1950) e V alinhos, que tem para sede a ex-vila do mesmo nome, e que já no VI Recenseamento Geral tinha 4 220 moradores. Nenhuma cidade nova forne­ceram as zonas contíguas ao litoral de Santos, litoral de São Sebastião, da Mantiqueira, e ainda as de Botucatu e do Alto Ribeira.

Divinolândia, a ex-vila de Sapecado ( 1 445 habitantes em 1950), fêz-se a sede do Município homônimo, desmembrado de São José do Rio Pardo, e Santo Antônio do Jar­dim, com 615 moradores em 1950, foi então vila do Município de Pinhal, na zona Crista­lina do Norte.

A zona da Mogiana tem as cidades novas de Jaguariúna, com 1 502 habitantes, e Santo Antônio de Posse, ex-vila de Posse de Ressaca, com 1 092 moradores em 1950, quando ambas pertenciam ao Município de Mogi-Mirim.

~

A ZONA de Paranapiacaba podemos atribuir a cidade nova de Salto de Pirapora, com 1376 moradores em 1950, quando vila do Município de Sorocaba. Apenas uma nova sede municipal também deu a zona do litoral de lguape: Pariquera-Açu, com

616 habitantes em 1950, quando ainda era vila subordinada ao Município de Jacupiranga. Igualmente, só uma cidade nova produziu a zona de Franca: Buritizal, ex-vila homônima com 679 moradores em 1950, quando ainda pertencia ao Município de lgarapava.

Charqueada, ex-vila do mesmo nome, com 893 habitantes um quatriênio atrás, quando era do Município de Piracicaba; lracemápolis, com 1 220 moradores em 1950, ao tempo em que pertencia ao Município de Limeira; e Santa Cruz da Conceição ( 508 habitantes em 1950), com seu Município desmembrado de Pirassununga, são as três cidades novas surgidas na zona de Piracicaba.

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CIDADES :\'OV.-\S NO BRASIL 201

Apenas uma nova sede municipal forneceu a zona de Ribeirão Prêto: Barrinha, ex­vila, de 829 moradores em 1950, então de Sertãozinho. A zona contígua de Barretos tem as novas cidades de Icém, com 1 862 habitantes em 1950, saída do Município de Guaraci; e Severínia (1166 habitantes em 1950) com seu Município separado de Olímpia.

Na zona de Araraquara surgiram: Ibaté, ex-vila com 1 030 moradores no último Censo, sede do Município que foi desmembrado de São Carlos; Igaraçu do Tietê, que não é senão o subúrbio da cidade de Barra Bonita, desta separado pelo rio Tietê, e tendo por Muni­cípio parte do referido subúrbio de Barra Bonita; e Itaju, pequena ex-vila do Município de Bariri, pois em 1950 continha apenas 427 habitantes. Ribeirão Vermelho do Sul, ex-vila (925 habitantes em 1950), do Município de Itaporanga, é a única cidade nova nas Campinas do Sudoeste .

São 5 as cidades novas na zona de Rio Prêto: Bálsamo, ex-vila ( 1325 habitantes em 1950) do Município de Mirassol; Guapiaçu que foi vil~ ( 1 068 habitantes em 1950) do Município de São José do Rio Prêto; Nova Europa, com 764 moradores no último Censo, foi vila do Município de Tabatinga; Paraíso, ex-vila (509 habitantes, em 1950), com o Município desmembrado de Pirangi; e Taiaçu, com 667 moradores em 1950, quando perten­cia ao Município de Jaboticabal.

Com 11 cidades novas, mostra a zona de Marília um forte aumento - um têrço -­do número de suas sedes municipais. Alto Alegre tem como sede a ex-vila homônima, com 823 habitantes em 1950, quando vila do Município de Penápolis; Balbinos foi uma vila de apenas 315 moradores, cinco anos atrás, quando pertenceu ao Município de Pirajuí, tal como Uru (303 habitantes em 1950); do Município de Coroados desmembrou-se o que tem para sede a ex-vila de Clementina com 823 habitantes no último Censo. 'Guaiçara, a ex-vila homônima ( 1384 habitantes em 1950), e Sabino, ex-vila do mesmo nome ( 119:~ moradores em 1950) pertenceram ao Município de Lins, e ao Município de Getulina, a ex-vila de Guaimbé, à qual o Censo de 1950 atribuiu 863 moradores. Lucianópolis é a ex-vila de Gralha, com 517 habitantes em 1950 quando do Município de Duartina; Lupércio, a ex-vila do mesmo nome (850 habitantes em 1950) pertenceu a Garça; Piàcatu é a ex-vila homônima que com 1 052 moradores em 1950, foi do Município de Bilac. Braúna, Município que se desmembrou do de Glicério, tem a sede na ex-vila do mesmo nome (1456 habitantes em 1950).

NA zona da Sorocabana, apenas 2 novas cidades surgiram: Florínea, ex-vila dêsse nonie que, com 1 107 habitantes no VI Recenseamento Geral, pertenceu ao Município de Assis; e Platina, uma ex-vila com 487 moradores em 1950, quando fêz parte

do Município de Palmital.

É razoável que apresentem número relativamente maior de cidades novas as zonas paulistas de mais recente povoamento: a Pioneira e a do Sertão do Rio Paraná. Naquela, encontramos Anhumas, ex-vila homônima, que tinha 863 habitantes em 1950 quando pertencia ao Município de Presidente Prudente; Auriflama foi vila do mesmo nome com 1 044 moradores em 1950 quando era subordinada ao Município de General Salgado; Caia­bu, a ex-vila homônima e Taciba, a ex-vila do mesmo nome, com 452 habitantes em 1950, então pertencentes ao Município de Regente Feijó, Gastai Vidigal, a ex-vila de Brioso, ainda com 351 e Magda, ex-vila do mesmo nome, com 859 habitantes em 1950, quando eram do Município de Nhandeara; Nipoã, ex-vila homônima, com 823 moradores, e Poloni ex-vila do mesmo nome, com 1 397 habitantes, em 1950, então ainda do Município de Monte Aprazível.

Na zona do Sertão do Rio Paraná, a cidade de Caiuá foi vila, com 966 moradores em 1950, do Município de Presidente Venceslau, tal como a ex-vila de Marabá Paulista, ex-vila de Areia Dourada, então com 645 habitantes. Castilho, ex-vila homônima, com 1863 moradores, e Murutinga do Sul, ex-vila de Algodoal, em 1950 com 1 272 habitantes, pertenceram ao Município de Andradina; Flora Rica, com 340 moradores em 1950, foi vila do Município de Pacaembu, tal como o foi Irapuru que, no mesmo Censo, contou 2 003 habitantes. Do Município de Fernandópolis desmembrou-se o de Indiaporã, com sede na ex-vila homônima que em 1950 compreendia 779 moradores. Adamantina perdeu o território que constituiu o Município de Mariápolis, cuja sede é a ex-vila do mesmo nome, em 1950 com 1 544 habitantes. Com território dos Municípios de Santo Anastácio e Presidente Venceslau, formou-se o Município de Mirante do Paranapanema cuja sede é o anterior povoado de Palmital. Do Município de Gracianópolis, hoje Tupi Paulista, desmembrou-se o Município de Monte Castelo, que instalou sua sede na ex-vila homônima, em 1950 com 913 moradores. Ouro Verde possuía 372 habitantes em 1950, quando ainda vila do Município de Dracena. Panorama, com apenas 154 habitantes em 1950, e Santa Mercedes, com 442 habitantes no mesmo ano, foram vilas do Município de Paulicéia, que assim ficou bastante reduzido de superfície. Riolândia é a anterior vila de Veadinho do Pôrto e possuía 883 moradores em 1950, quando pertencia ao Município de Paulo de Faria; e, finalmente, Santa Fé do Sul, localidade nova surgida à margem da E. F. Arara­quarense em direção à barranca do Paraná, é a sede do Município homônimo, que se criou às expensas do Município de J ales.

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202 REVISTA BRASILEIRA DOS MUNICÍPIOS

P ARANÁ - Com o seu assombroso desenvolvimento, máxime na sua zona pioneira, 0 Estado do Paraná viu-se quase que forçado a desdobrar o seu quadro territorial que em 1944 abrangia 53 cidades e se ampliou em fins de 1948 para 80 sedes municipais e,

assim, em fins de 1951 ou princípios de 1952, adiantando-se ao decurso do qüinqüênio 1949/53, elevou mais 39 localidades à categoria de cidade. Dessas novas sedes municipais, apenas 24 haviam sido vilas; as 15 restantes eram simples povoados, sem dúvida prósperos na maioria dêles, quando, sem o interstício costumeiro de vila, receberam o título de cidades. Ainda no decorrer do ano de 1952, outro povoado anterior, Alto Paraná, passou a sede de Município, desmembrado do de Nova Esperança.

Poucas foram as cidades que, depois de 1948, surgiram na região oriental do Estado. No planalto de Curitiba, temos a minúscula cidade de Timbu (143 habitantes em 1950), sede do Município extenso e estreito, apertado entre a serra do Mar e o rio Capivari, com território destacado de Piraquara. Com seus 775 moradores no último Censo Demográ­fico, teve seu Município desmembrado de Lapa. Sôbre os Campos Gerais, atravessados pela Serra do Mar, encontramos Tijucas do Sul, que sob o nome anterior, Aruatã, tinha 3 73 habitantes cinco anos atrás, quando ainda vila do Município de São José dos Pinhais.

A :tona de Ira ti, tendo como eixo a antiga E. F. São Paulo-Rio Grande, deu apenas 2 novas cidades: Paulo Frontin, à qual, ainda vila do Município de Mallet, o Recensea­mento de 1950 atribuiu 506 moradores. Do Município de União da Vitória separou-se o que tem para sede a anterior vila de Cruz Machado, com a exígua população de 306 em 1950. Apenas um Município novo constituiu-se na zona de Tibagi: Ortigueira, cuja sede, a cidade homônima, contava 605 habitantes no derradeiro Censo. Na zona vizinha, a de Tomazina, separou-se do Município dêsse nome o de Pinhalão, cuja sede contava 703 habi­tantes em 1950 quando ainda vila. Na mesma zona e à margem da mesma ferrovia, situa-se a nova cidade de Japira.

Encontramos 5 cidades na zona Norte do Estado. Nenhuma delas é servida pela via férrea de Ourinhos ao rio Ivaí. Assim, o Município de Cornélio Procópio viu-se reduzido das terras que hoje constituem os Municípios, com as sedes respectivas nas cidades de Leópolis (477 moradores em 1950), e Sertaneja (888 habitantes na mesma época). Nova Fátima é a ex-vila de Tulhas, com 1 129 moradores no VI Recenseamento, quando ainda do Município de Congonhinhas. Assaí perdeu a faixa de terra sôbre a qual se constituiu o Município com sede em Amoreira, ex-vila· de São Sebastião da Amoreira, com 636 habi­tantes em 1950. Outra cidade nova é a de Santa Amélia, na mesma região.

Na zona do Ivaí são 3 as novas cidades: Faxina!, com 875 moradores em 1950 quando ainda vila de Apucarana, como também Araruva (1 068 habitantes). A sede do Município de Rio Bom, que também se originou de Apucarana e que em 1950 contava 432 moradores, viu crescer a sua então vila dé Catugi, que a sobrepujou, e há perto de três anos passou a sede do município ao qual empresta o seu nome .

Devido ao seu desenvolvimento espetacular, foi a vasta zona pioneira que forneceu a maior quantidade de cidades novas no Estado do Paraná. Na subzona, mais propria­mente denominada de zona do Iguaçu, o antigo Município de Clevelândia apresenta quatro cidades novas, sedes de municípios homônimos: uma, Pato Branco, em 1950 uma vila com 3 434 moradores, mais populosa que a sede municipal de então; Barracão, fronteando a localidade argentina Barracón, dela separada pela fronteira; Francisco Beltrão, nas ver­tentes do rio Marrecas; Santo Antônio, separada da localidade argentina pelo rio do mesmo nome, e Capanema, à margem do rio com a mesma denominação. Na mesma região, separou-se do Município de Laranjeiras do Sul o de Guaraniaçu, sediado no ex-po­voado de Rocinha, e o vizinho Município de Foz do Iguaçu cedeu terras para constituir-se o Município com sede na nova cidade de Cascavel (404 habitantes em 1950). Sôbre terras antes de Foz do Iguaçu, encontramos também o Município com sede em Toledo, à margem de um afluente do rio São Francisco, tributário do Paraná; à margem dêsse rio, temos o Município e a cidade nova de Guaíra, próximos do Salto das Sete Quedas.

Em boa parte de terras dos Municípios de Campo Mourão e de Foz do Iguaçu cons­tituiu-se o vasto Município que tem para sede a cidade de Peabiru, surgida de um povoado, centro de um núcleo colonial.

Chegamos assim ao vão entre os rios Paranapanema e Paraná, onde mais se fêz sentir a obra colonizadora iniciada por Lord Lovat e continuada pela Companhia Terras do Norte do Paraná e outras emprêsas. Êsse enorme triângulo, formado pelo Paraná, o Paranapa­nema, o Ivaí e pelo Tibagi, viu em 1951 nada menos de treze localidades, delas a maioria povoados, passarem à categoria de cidades: Primeiro de Maio, com 1 963 habitantes em 1950, quando ainda vila do Município de Sertanópolis; Alvorada do Sul ( 425 moradores em 1950), ex-vila do Município de Porecatu; Florestópolis, que foi povoado; Centenário do Sul (2 513 habitantes em 1950) e Santo Inácio, ex-vila de Redução de Santo Inácio ( 1 095 habitantes em 1950), sedes de Municípios desmembrados de Jaguapitã, que cedeu também terras para constituir o Município de Lupionópolis. Jandaia do Sul, com 4 903 moradores em 1950, quando vila do Município de Apucarana. Astorga, com 2 455 habi­tantes em 1950, é sede de Município desmembrado de Arapongas. O Município de Manda-

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CIDADES NOVAS NO BRASIL 203

guari dominou o vão desde a cidade do mesmo nome à barranca do Paraná, até 1951, quando foram elevadas à categoria de cidades as vilas de Maringá (7 270 habitantes em 1950), Marialva (2 860 habitantes em 1950) e Paranavaí (1874 moradores em 1950), e os povoados de Mandaguaçu (ex-vila Guaíra) e Nova Esperança. Dêste, em 1952, des~ garrou-se uma faixa que constituiu o Município com sede na cidade de Alto Paraná.

E MBORA contrariando completamente o estabelecido para divisão territorial no país, as transformações processadas no Paraná, em fins de 1951, deveriam vigorar no qüinqüênio 1952/56. Seria, portanto, contra essa mesma diretriz, qualquer inova­

ção na divisão administrativa do Estado, antes de expirado aquêle prazo. Pois mesmo assim, a Assembléia Estadual apresentou projeto de nova divisão que, làgicamente, recebeu o veto do Governador. São 29 ao todo os novos Municípios paranaenses, cujo número total se elevou, assim, de 119 para 148, ficando a superfície territorial média do Municí­pio reduzida de 1 688 para 1357 km2

Dessas novas sedes de municipalidades, 14 apenas haviam sido vilas até aí; 15 foram elevadas de povoados, à categoria de cidade, sem passarem pelo interstício de vila .

Quase que não deram novos Municípios e cidades as zonas chamadas de "velhas". Na zona que tem como espinha dorsal os trilhos da antiga E. F. São Paulo-Rio Grande, desmembrou-se no Município de Jaguariaíva o de Arapoti, com a sua sede na ex-vila homônima, em 1950 com 734 habitantes, situada à margem da Estrada de Ferro Jagua­riaíva-Ourinhos. Do Município de Reserva, com sua sede na bacia do rio Tibagi, separou-se o de Cândido de Abreu, totalmente na vertente direita do rio Ivaí. Contava a nova sede municipal, em 1950, quando ainda vila, 184 moradores. Na zona do Tibagi, o Município de Japira perde o território de seu distrito de Jaboti, que se transforma em Município, ao qual serve de sede a ex-vila do mesmo nome. O Censo de 1950, quando era de Tomazina, atribuiu-lhe 463 habitantes.

Maior número de cidades novas - 3 - vemos surgir na zona pioneira da vertente esquerda do rio Iguaçu. O Município de Palmas cedeu terras que formam hoje o Muni­cípio de Bituruna, fechado pelos rios Iguaçu e seu tributário Iratim, todo o norte do velho Município de Palmas. A novel cidade continha em 1950, quando vila, apenas 87 habitantes. Do vizinho Município de Mangueirinha tornam-se independentes os seus até então Distritos de Chopinzinho e Coronel Vivida. Aquêle tem para sede a ex-vila de Chopinzinho, antes Chopin, quatro anos atrás com 458 moradores. Do novo Município de Coronel Vivida é centro administrativo o ex-povoado homônimo que, em fins de 1951, fei elevado à categoria de vila .

O Município de Peabiru, na zona pioneira, entre as margens esquerdas dos rios Ivaí e Paraná, com a sede no seu extremo sudeste, estendia-se dali cêrca de 180 quilômetros até o barranco do Paraná. Reduziu-se êsse Município a uma superfície pequena, com a criação, às suas expensas, dos Municípios de Araruna, Engenheiro Beltrão e Cruzeiro d'Oeste. As respectivas cidades de Araruna e Engenheiro Beltrão haviam sido elevadas da categoria de povoados à de vilas, em 1951. Cruzeiro d'Oeste, que se tornou a sede do Município homônimo, bastante extenso, tem a probabilidade de rápido desenvolvimento, pois se acha no cruzamento da estrada de rodagem Guarapuava-Pitanga-Campo Mourão­Pôrto Camargo, com a estrada de ferro em avanço Maringá-Guaíra, a nossa futura ligação ferroviária com a República do Paraguai.

Também de terras de Peabiru se constituiu o Município de Rondon, cuja sede, ex­povoado, fica situada à margem da estrada Paranavaí-Tapejara.

Na zona do Ivaí vem-se desenvolvendo muito, dada sua situação à margem da futura ligação ferroviária Ponta Grossa-Apucana, o povoado de Califórnia, hoje cidade <têsse nome, que teve seu Município constituído pela diminuição territorial do de Araruva.

O Município vizinho, Jandaia do Sul, perdeu o seu Distrito de Bom Sucesso, no seu canto sudoeste. Desenvolvimento rápido, se refletirmos que essa cidade sàmente em fins de 1951 passou de povoado à categoria de vila. Outro Município vizinho, Arapongas, viu seu Distrito de Sabáudia transformado em Município, com a sede na ex-vila homô­nima, que no Censo de 1950 contava 1 660 moradores.

Na zona pioneira noroeste, vemos o Município de Jaguapitã ficar bem desfalcado em superfície com a emancipação do ex-Distrito de Guaraci que, por sua vez, cedeu terri­tório para constituir-se o Município de Colorado. A atual cidade de Guaraci era vila desde fins de 1951, ao passo que Colorado foi elevado agora, de povoado que era, à categoria de cidade.

Também sofreram forte redução os Municípios do Parapanema, Lupionópolis e Santo Inácio, pois do primeiro separou-se o seu Distrito de Cafeara, cuja sede é a atual cidade do mesmo nome e que foi povoado até fins de 1951; do Município de Santo Inácio ori­ginou-se o de Itaguajé, cuja sede foi povoado até quatro anos atrás.

Prosseguindo na zona pioneira mencionada, pelo divisor Paranapanema-Ivaí, temos o Município de Mandaguaçu, que perdeu território para formar o Município de São Jorge,

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cuja sede é o ex-povoado do mesmo nome. Dois Municípios originaram-se do de Nova Esperança, ambos na sua parte norte e vertente do Paranapanema e ambos com sedes que foram povoados: São João do Caiuá e Paraná City.

O mais radical fracionamento estava reservado ao Município de Paranavaí, até aí com os seus 120 km de extensão, o maior município da mesopotâmia Paranapanema-Para­ná-Ivaí, que lhe deu a denominação. Pois nada menos de 9 comunas novas surgiram dali. Querência do Norte, tendo a sede no ex-povoado do mesmo nome, na estrada que leva ao pôrto Três Morrinhos; Loanda, cujo centro administrativo é o ex-povoado homônimo, pouco afastado da estrada mestra Paranavaí-Pôrto Rico; Santa Cruz do Monte Castelo, que tem a sede no anterior povoado do mesmo nome, próximo à referida estrada ao Pôrto Rico, onde também encontramos o ex-povoado de Santa Isabel do Ivaí, centro do Muni­cípio homônimo; Nova Londrina, outro ex-povoado à margem da estrada Paranavaí-Pôrto São José, é a cabeça do Município homônimo; Tamboara é o novo Município sediado no ex-povoado do mesmo nome, ao sul da cidade de Paranavaí, ao passo que fica ao norte, na vertente do Paranapanema, a nova cidade de Terra Rica, à margem da estrada que conduz ao barranco dêsse rio e com o Município constituído de terras de Paranavaí, de onde também se originaram os novos Municípios de São Pedro do lvaí e Paraíso do Oeste.

É verdade que, principalmente na zona pioneira do Paraná, correspondeu a uma necessidade a criação de novos Municípios e suas sedes. Não de todos. Assim, consi­deramos exíguos os Municípios recém-criados de Cafeara e ficaram também prejudicados em extensão territorial alguns que se constituíram sôbre terras desmembradas do Muni­cípio de Paranavaí.

S ANTA CATARINA - Pela nova divisão territorial do Estado de Santa Catarina, a vigorar

no qüinqüênio 1954/58, quinze Municípios novos e suas respectivas sedes surgiram naquele Estado .

No extremo Suleste, desmembrou-se do Município de Araranguá o de Sombrio, que tem para sede a anterior vila dêsse nome, com 799 moradores em 1950. Braço do Norte, ex-vila do mesmo nome, com 1 492 habitantes no último Censo, é a sede do Municíplo que se separou do de Tubarão. A sua situação privilegiada à margem da linha da Viação Férrea Paraná-Santa Catarina proporcionou um rápido desenvolvimento à atual cidade, antes vila de Rio Negrinho, com 369 moradores em 1950, quando ainda dependente do Município de São Bento do Sul. Desmembrando-se do Município de Canoinhas, con~­tituiu-se o de Papanduva, com sede na ex-vila homônima, cinco anos atrás com 936 mora­dores. A passagem da estrada de ferro, que se vai aproximando de seu entroncamento, augura-lhe um futuro promissor. No vale do Itajaí, mais pràpriamente na sua bacia, temos hoje a cidade de Presidente Getúlio, sede do Município originado do de lbirama. Em 1950, a sua população urbana era de 865 habitantes.

A passagem da antiga via férrea São Paulo-Rio Grande causou o surto de um povoa­do em tôrno de sua estação de Erval, à margem esquerda do rio do Peixe. Servia essa estação à cidade de Cruzeiro, à margem oposta do rio e centro administrativo do Muni­cípio do mesmo nome. Unificando-se os dois núcleos urbanos, de fato próximos - sepa­rados apenas pelo rio - tornou-se Erval uma espécie de subúrbio de Cruzeiro, que em 1943 passou a chamar-se Joaçaba. A divisão territorial procedida em Santa Catarina, no fim do ano passado, transformou êsse subúrbio de Joaçaba em sede de Município independente de Joaçaba, dando-lhe a denominação de Herval d'Oeste. Ainda do Muni­cípio de Concórdia separou-se o de Seara, com sede na ex-vila do mesmo nome, no último Recenseamento com 346 moradores.

O extremo Oeste do Estado era ocupado pelo Município de Chapecó, com uma área de mais da sétima parte da do Estado todo. Pois no fim do 1953 sofreu êsse gigante entre os Municípios catarinenses um fracionamento - igual só o do Município da velha Capital de Goiás - pois dêle saíram nada menos de que oito Municípios novos.

No canto extremo Noroeste do Estado, onde se encontram o seu limite com o Estadn do Paraná e a fronteira do Brasil com a República Argentina, deparamos com a ex-vila de Dionísio Cerqueira, à qual o Censo de 1950 atribuiu 277 habitantes. De permeio entre o divisor Iguaçu-Uruguai e êste rio fica o novo Município de São Miguel d'Oeste, cuja sede é o anterior povoado de Oeste. À margem do rio Uruguai encontramos, a começar da fronteira com a Argentina, as novéis cidades de Itapiranga, com 780 moradores no último Censo Geral; Mondaí, em 1950 com 657 habitantes; Palmitos, quatro anos atrás com 881 moradores; e São Carlos, à qual, ainda vila do mesmo nome, o referido Censo atribuiu 671 habitantes. Outras duas cidades, sedes de Municípios saídos do fra­cionamento de Chapecó, situam-se na bacia do rio Irani, afluente do Uruguai. São as cidades de Xanxeré, em 1951 com 1311 habitantes, e Xaxim, que no mesmo ano tinha l 329 moradores.

E assim, o Estado de Santa Catarina conta mais 15 -cidades novas, inteirando 67 sedes municipais.

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CIDADES NOVAS NO BRASIL 205

R IO GRANDE DO SUL - Em 1954 foram criados quatorze novos Municípios e correspon­dente número de sedes municipais no Rio Grande do Sul. Tiveram as respectivas leis de criação os números 379 a 392/54.

Próximo da Capital gaúcha, o Município de S. Leopoldo viu seu território diminuído de dois Distritos: Esteio e Sapiranga. Aquêle tem sua sede na próspera ex-vila do mesmo nome, contendo uma população urbana de mais de 10 000 habitantes; fica situado à margem da rodovia nacional BR-2; êste tem como centro administrativo a novel cidade de Sapiranga, à qual o Censo de 1950 atribuiu 2 470 moradores e que fica localizado junto dos trilhos do ramal férreo a Canela.

Nesta mesma linha férrea situa-se a cidade nova de Gramado, já em 1950 uma vila florescente com 1 663 habitantes, com território desmembrado do Município de Taquara. Nova Petrópolis, hoje com meio milhar de moradores, é a sede do Município criado pela Lei estadual n. 0 3 79 I 54, às expensas do Município de Caí.

Do Município de Santo Antônio ou mais expllcitamente, Santo Antônio da Patrulha, originou-se a nova comuna de Rolante. A sua sede é a ex-vila homônima, com quase 1 500 moradores.

O Município de Guaporé, na zona alta das colônias, viu emancipar-se o seu Distrito de Casca. Sede de Município com área exígua, conta a nova cidade homônima cêrca de 600 habitantes, entre as cidades menos populosas do Rio Grande do Sul.

As demais cidades novas gaúchas ficam bastante mais distanciadas da sua Capital. Assim, no Município de Cruz Alta surgiu Ibirubá com perto de 1 300 moradores, para sede do Município que se desmembrou daquele que também perdeu o território sôbre o qual se constituiu o novel Município de Panambi, com sede na ex-vila homônima, no VI Recenseamento Geral com 2 409 moradores. Marau, contava 1 565 habitantes em 1950, quando ainda vila do Município de Passo Fundo, e Gaurama, hoje beirando dois mil habitantes, é a sede do novo Município que se originou do de Erechim, na mesma região percorrida pela linha férrea Santa Maria-Marcelino Ramos.

Na faixa que acompanha o rio Uruguai, vemos aparecer outras cidades novas: sede de ex-Distrito de São Luís Gonzaga, a cidade de Cêrro Largo, à qual o Censo de 1950 atribuiu 1 329 habitantes; desmembrado do Município de Santa Rosa, o seu ex-Distrito, com sede na atual cidade de Três de Maio que tem cêrca de 1 500 moradores; e ainda a jovem cidade de Frederico Westphalen, compreendendo 2 300 habitantes, que foi sede de um Distrito do Município de Palmeira das Missões, dessarte reduzido em sua super­fície territorial.

A décima quarta cidade nova gaúcha é Sananduva. Em 1950, quando ainda sede do Distrito homônimo de Lagoa Vermelha, possuía 1891 moradores.

Com exceção de dois, temos no Rio Grande do Sul novos núcleos urbanos que têm de mais de mil a dez mil habitantes, portanto cidades, embora novas, de algum vulto.

V - REGIÃO CENTRO-OESTE

MATO GROSSO - Com seus 1 400 000 km2 até 1943, o Estado dividia-se em 28 Muni­cípios, portanto com uma superfície de 50 000 km2 para cada Município. Redu­zido a 22 Municípios, de 1944 a 1946, aparece em seguida com a superfície global

de 1254 821 km2, de onde a média de 43 270 km2 para cada um dos 29 Municípios que

em 1950 se apresentam aumentados para 35 (média de 35 570 km2).

A enorme extensão territorial daquele Estado - exige, não há dúvida, um mais forte fracionamento da maioria dos Municípios. Êste propósito, no entanto, encontra suas barreiras na população, em grande parte muito rarefeita (referimo-nos particularmente à região setentrional de Mato Grosso com os mínimos na vertente amazônica) e, decorren­te dessa circunstância, a quase ausência absoluta de comunicações terrestres.

Neste sentido compreendeu perfeitamente a sua tarefa a Comissão Revisora do Quadro Territorial do Estado, disso incumbida pelo Govêrno estadual. Levando em consideração a grande superfície a ser estudada e a deficiência do conhecimento cartográfico (e no entanto muito fizeram para eliminar esta os magníficos trabalhos da Comissão Rondon, sintetizados pela Carta Geográfica do Estado, na escàla de 1 : 1 000 000, pelo General Jaguaribe), executaram os ilustres membros da Comissão trabalho excelente, aumentando de 70% o número dos Municípios matogrossenses, que de 35 passaram a 59, reduzindo assim a superfície média do Município naquele Estado a 21268 km2

Temos, portanto, no Estado de Mato Grosso, 24 cidades novas. Destas, quatro pas­saram a essa categoria e impllcitamente à de sedes municipais, de simples povoados que foram antes: Nortelândia, Arenápolis, Bataguaçu e Itaporã. As outras vinte cidades no­vas possuíam em julho de 1950, quando ainda vilas, de 316 (Jaraguari) a 3 448 habi­tantes; especificadamente, são 14 cidades novas cujo número de moradores fica entre 316 e 976, e outras 6 que têm de 1 002 a 3 448 habitantes, portanto somente estas com o número legal de habitantes. Por outro lado urgia criar estas cidades.

Tudo nos faz supor que a Comissão Revisora tenha obedecido, no fracionamento, não apenas ao propósito de criar unidades de administração municipal menores, portanto de administração menos penosa, mas também ao impulso dado pelo incremento demó-

R.B.M.- 2

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206 REVIS L\ BRASILEIRA DOS .MUl\ilCÍPIOS

gráfico. Certa a nossa suposição, desvendam-se a nós zonas no Estado onde mais s8

manifesta o aumento de população, a saber: na bacia do Paraguai, Cuiabá e seus arre­dores, incluindo Rosário Oeste, Diamantino, Santo Antônio do Leverger e Barra do Bugros, com centros secundários em Coxim, Corumbá e Poxoreu; na vertente do Paraná: Campo Grande, a incluir Rochedo; Rio Brilhante-Dourados, e com intensidade menor em Três Lagoas e Paranaíba; e na vertente do Araguaia.: Alto Araguaia e Guiratinga

;

E VERDADE que Cuiabá, a Capital do Estado, até hoje não possui via férrea Sem dúvida, muito já fêz a E. F. Araraquarense avançando seus trilhos até defronte de Aparecida do Taboado e, nesse andar, será a primeira a alcançar a Capital mato­

grossense, uma das mais interiorizadas entre as Capitais brasileiras. Mas até lá - que seja o mais breve possível - vem o caminhão rompendo por vales e montes e chapadões extensos e ao longo de seu trajeto ou pouco afastado, vemos tomar novo alento não apenas Paranaíba (caminho de São Paulo, via Triângulo), Coxim (no trajeto Campo Grande-Cuiabá) , Alto Araguaia e Guiratinga (trajeto via Goiás, canal de São Simão), e sobretudo a Capital, com reflexos em vasta área adjacente. No Sul do Estado, a via férrea impeliu o progresso de Três Lagoas, Campo Grande e Corumbá e causou, coadju­vada pela ponta dos trilhos da E. F. Sorocabana em Epitácio Pessoa, o extraordinário desenvolvimento do Sueste matogrossense, notadamente Dourados e Rio Brilhante.

Do Município de Cuiabá, que sabemos enorme, desmembrou-se o de Acorizal, com sede na ex-vila homônima, com 716 habitat).tes no Censo de 1950. Ainda com terras do Município de Cuiabá, de que foi Distrito, e aumentado com terras do Município vizinho de Rosário Oeste, formou-se o Município de Chapada dos Guimarães que na sua sede então vila contava, um quatriênio atrás, 453 moradores. Do Município de Diamantino destacou-se seu Distrito de Alto Paraguai, que acrescido de um trecho do Município de Rosário Oeste se constituiu em Município, cuja sede, em 1950 vila de Alto Paraguai, tinha 1 899 habitantes, mais de três vêzes que a própria sede municipal de então. Santo Antô­nio do Leverger viu terras de seu Município desmembradas, que formaram o novo Muni­cípio de Barão de Melgaço, sediado na ex-vila homônima, com 433 moradores no último Censo. O Município de Barra do Bugres cedeu território para formar dois Municípios com as sedes respectivas nos ex-povoados de Areias, hoje Arenápolis, e Nortelândia. La dá­rio, florescente ex-vila com 3 448 habitantes quatro anos atrás, tornou-se a sede do Muni­cípio homônimo, desmembrado do de Corumbá. Poxoreu, além de outras cessões, perdeu o seu Distrito de Rondonópolis, cuja sede homônima, com 951 habitantes em 1950, se tornou cidade. Rio Verde de Mato Grosso, a ex-vila de Coronel Galvão, com 1 249 mora­dores em 1950, é hoje a sede do Município do mesmo nome, com terras do Município de Coxim e uma faixa de Corguinho . Duas cidades surgiram no Sudoeste do Estado: Guia Lopes da Laguna, ex-vila (617 habitantes em 1950), do Município de Nioaque, e Jardim, com 1 096 moradores no VI Recenseamento, quando vila do Município de Bela Vista.

NA vertente do rio Paraná surgiu a novel cidade de Cassilândia ( 683 habitantes em 1950), sede do Município desmembrado de Paranaíba. Do Município de Três Lagoas separou-se o de Água Clara, com sua sede tendo 569 moradores em 1950, situada

à margem da E. F. Noroeste do Brasil. Corguinho ( 339 habitantes em 1950) é sede do Município homônimo, destacado de Rochedo. O vizinho dêste, Campo Grande, é o Muni­cípio que sofreu 0 mais forte fracionamento no Estado, pois três Distritos seus transfor­maram-se em Municípios, com as sedes respectivas em Jaraguari (316 moradores em julho de 1950), Sidrolândia, com 738 habitantes em 1950, e Terenos, à qual, ainda vila do referido Município, o Censo de 1950 atribuiu 492 habitantes. O grande surto no Sueste do Estado manifestou-se pela criação dos dois Municípios, o de Bataguaçu, desta­cado de Rio Brilhante, e Itaporã, desmembrado de Dourados, cujas sedes eram simples povoados por ocasião do VI Recenseamento .

Na vertente do Araguaia merece menção o fracionamento dos Municípios de Alto Araguaia e Guiratinga. O primeiro cedeu as terras para formar-se o Município de Ponte Branca, cuja sede é a ex-vila homônima, com 373 habitantes em 1950; também perdeu o seu Distrito de Itiquira, que acrescido de terras de Coxim e Poxoreu, forma o Município sediado na ex-vila homônima, à qual o Censo de 1950 atribuiu 837 habitantes. Ainda com Poxoreu contribuiu o Município de Alto Araguaia com terras para transformar o Distrito de Alto Garças, do Município de Guiratinga, em Município com sede na ex-vila de Alto Garças, que em 1950 continha 1 075 habitantes. Exclusivamente do Município de Guiratinga transformaram-se em Municípios os seus Distritos de Tesouro e Torixoreu, com as sedes respectivas nas ex-vilas homônimas, a primeira com 1 002 e a segunda com 976 habitantes em 1950.

GOIÁS- Durante o período de 1949 a 1953, teve o Estado de Goiás o número de seus Municípios e suas sedes respectivas um aumento de 77 para 125, 48 portanto, corres­pondendo a 62o/o. Coloca-se assim êsse Estado do Centro-Oeste brasileiro entre

as Unidades onde mais fracionamento sofreram os seus velhos Municípios.

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CIDADES NOVAS NO BRASIL 207

Parece-nos algo excessivo o desmembramento que criou Municípios pequeninos tais como Ouvidor e Parnaíba de Goiás (de Catalão), Cromínia (de Piracanjuba), Aloândia (de Pontalina), Ri alma (de J araguá), chegando ao extremo com a criação do Municí­pio-mirim de Palmelo, com apenas vinte quilômetros quadrados. Temos a fazer reparo, em alguma configuração bizarra, da superfície de alguns Municípios. Haja vista Mossâ­medes, Aurilândia, Ivolândia, que no entanto tem justificativa nos casos de Amaro Leite, Jataí, ltarumã, Pires do Rio e ainda Santa Rita do Araguaia Mas fora êsses senões, a mais recente divisão territorial e administrativa no Estado de Goiás, fracionando Muni­cípios da extensão de principados, como Pedro Afonso, quase 41 mil quilômetros qua­drados, e ainda Goiás, com perto de 32 mil, Pôrto Nacional, com 79 mil, encheu êsses "vazios" de um bom punhado de municipalidades novas e, cremos, dotadas de possibilida­des de progredir, e semelhante ou igual número de cidades, muitas, é verdade, de princípio modesto, como teremos ensejo de verificar, às quais, no entanto, não faltarão os meios para um próspero desenvolvimento.

Para obtermos uma visão mais fácil, vamos dividir a enorme superfície a estudar em duas: o Sul, a parte ao sul do divisor Tocantins-Araguaia e Paranaíba, e o Norte, o restante do Estado, que do referido divisor se estende para o setentrião. É evidente que essa linha divisora tem rigor apenas relativo.

Vamos, em seguida, subdividir o Sul nas partes leste, centro e oeste

Na parte leste temos pelo já referido fracionamento do Município de Catalão, os de Ouvidor e Paranaíba de Goiás. Aquêle tem a sede na ex-vila do mesmo nome, com 4 70 habitantes, antes uma estaçãozinha ao longo da atual Rêde Mineira de Viação. Êste tem como centro administrativo a atual cidade de Paranaíba de Goiás, ex-vila de Três Ran­chos, com 870 moradores. E de fato foram o seu princípio - e não faz lá tantos anos - três ranchos fincados à margem do que se estava preparando para ser o leito da via férrea de Ibiá-Monte Carmelo-Catalão-Goiandira. A novel cidade de Aurora, com 700 habitantes, é a sede do ·Município que, pelo desenvolvimento de sua agricultura, se pôde tornar independente do Município de Goiandira.

Perdeu o Município de Ipameri todo o enorme trato de terras a leste do rio Veríssimo, que formou o novo Município Campo Alegre de Goiás. Sua sede é a ex-vila de Rudá, que conta 360 moradores.

N o trecho central da parte sul encontramos a cidade novel de Aradiânia, com 600 habitantes, centro administrativo do Município que se desagregou do de Corumbá de Goiás. Pires do Rio perdeu o seu distrito de Cristianópolis cuja sede, hoje

cidade, contém 630 moradores. Separou-se ainda de Pires do Rio o território que é do minúsculo Município de Palmelo (20 km2

), com uma sede de talvez mil habitantes, cl.e permeio entre as cidades de Pires do Rio e de Santa Cruz de Goiás. De Caldas Novas vemos separar-se o atual Município de Marzagão, com 430 moradores, na sua sede, as­sim como Itumbiara perdeu o Distrito de Panamá cuja sede ,a ex-vila do mesmo nome, compreende 1 200 habitantes. O -Município de Piracanjuba ficou sem o seu território da vertente direita do rio Dourados, daí se formando dois Municípios, um com o centro administrativo na ex-vila de Cromínia, hoje com 560 moradores, e o outro na atual cidade de Mairipotaba, que conta 320 moradores. Aloândia, com 840 habitantes, é a sede do pequenino Município homônimo que se desligou do de Pontalina. Do Município de Pal­meiras de Goiás desmembrou-se o de Jandaia, cuja sede é a ex-vila do mesmo nome, hoje com 780 moradores.

Na região oeste da parte sul, o chamado Sudoeste de Goiás, a passagem da rodovia BR-31 no canal de São Simão causou o rápido desenvolvimento da localidade que se originou à margem direita do Paranaíba, São Simão, mais tarde denominada de Presi­dente Dutra e hoje cidade de Mateira, com seus 2 000 moradores e sede do Município desmembrado de Quirinópolis. Mais uma vez diminuiu a superfície do Município de Rio Verde com a criação do Município que tem por sede a ex-vila de Cachoeira Alta, hoje com 900 habitantes. O velho Município de Jataí vê quase de todo barrado o seu acesso às férteis terras da margem direita do Paranaíba, com a criação de dois novos Municí­pios: Cassu, cuja sede é a ex-vila do mesmo nome, com 300 moradoreJl, e Itarumã, com seu centro administrativo na cidade homônima, com 260 habitantes. E do Município de Mineiros separou-se o de Santa Rita do Araguaia; sua sede, com 700 moradores, é a ex-vila de Ivapé, antes com o nome atual, que confronta a cidade mato-grossense ie Alto Araguaia.

ATÉ aqui, a nossa enumeração de cidades novas no Estado de Goiás abrangeu sedes de Municípios pequenos, a não ser alguns de superfície média na zona conhecida por "Sudoeste goiano". Já os Municípios novos criados na extensa parte Norte

do Estado são, via de tegra, de bom tamanho e mesmo grandes, exceto alguns poucos, em tôrno da antiga Capital. Entretanto, a maior parte das novas cidades nessa região tem população que raramente ultrapassa, e freqüentemente não atinge, a meio milheiro de pessoas.

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208 REVISTA BRASILEIRA DOS MUNICÍPIOS

Para facilitar a nossa tarefa, vamos dividir a enorme parte Norte dêsse Estado nas duas bacias principais: a do Tocantins e a do Araguaia.

Na zona sueste da bacia do Tocantins deparamos com duas cidades novas: São João da Aliança, com 300 moradores, cabeça do Município saído de Formosa; e Veadeiros, ex­vila homônima, com 450 habitantes, na chapada do mesmo nome, e sede do Município desmembrado de Cavalcante. Mais ao norte, situa-se Campos Belos, ex-vila, com 430 moradores, cujo Município se separou do de Monte Alegre de Goiás, ex-Chapéu. Na parte nordeste da mesma bacia, o Município de Pedro Afonso sofreu fracionamento ri­goroso, ficando apenas com o Distrito da sede; dos outros quatro transformados em Muni­cípios, são sedes as ex-vilas de Itacajá, com 700 habitantes, à margem esquerda do rio Manuel Alves Pequeno; Lizarda, com 540 moradores, no sopé da escarpa formada pela "serra" das Mangabeiras; Piacá, com 230 habitantes, à margem esquerda do rio Manuel Alves Grande, e Tocantínia, com 580 moradores, à margem direita do rio Tocantins. E, ainda no extremo nordeste, temos a novel cidade de Babaçulândia, com 1 570 habitantes, antes a sede de um Distrito do Município de Tocantinópolis.

No Sudoeste da mesma bacia do rio Tocantins separou-se do Município de Uruaçu o de Amaro Leite, todo êle na bacia do rio Araguaia. Sua sede contém 480 moradores. O Município de Itapaci deu origem a dois Municípios novos: Pilar de Goiás, em boa parte situado na bacia do rio Araguaia, e tendo na sua sede 250 habitantes, e Crixás, todo êste novel Município situado na bacia do Araguaia; seu centro administrativo com­preende 240 habitantes. Sôbre território desmembrado do Município de Jaraguá consti­tuíram-se os Municípios que têm para centro administrativo, respectivamente, as ex-vilas de Goianásia, com 1 250 moradores; Rialma, ex-Rialmas, tendo 2 600 habitantes; e São Francisco de Goiás, ex-Chagas, e antes São Francisco das Chagas, com 510 moradores.

DOS Municípios situados na bacia do Araguaia vemos surgir outra série de novos Municípios e cidades novas. No seu extremo Noroeste, separa-se do Município de Araguacema a sua parte situada na bacia do Tocantins, constituindo o Muni­

cípio de Tupirama, com sua sede contendo 950 moradores e localizada à margem es­querda do rio Tocantins. No trecho Centro-Oeste desmembraram-se do Município de Pôrto Nacional que, com os 40 000 km" que lhe restam, ainda é o mais extenso Municí­pio goiano, tôdas as terras que ficam na bacia do rio Araguaia. Formam 2 Municípios de grande extensão: Cristalândia, com sua sede na ex-vila de Chapada, com 1 730 habi­tantes, a abrangendo ainda uma pequena parte da bacia do Tocantins, e o Município de Pium, sediado na ex-vila homônima, com perto de mil moradores. No extremo Sudoeste encontramos a novel cidade de Piranhas, ex-povoado do mesmo nome, à margem esquer­da do rio homônimo, com seu Município desmembrado de Caiapônia; a passagem da rodovia que se dirige a Aragarças, em busca do Brasil Central, deu-lhe rápido surto. Na mesma rodovia encontramos Aragarças, cidade nova e ex-povoado, defronte à cidade mato-grossense de Barra do Garças. Também Bom Jardim de Goiás, ex-vila de Iboti ou Ibotim, com 1140 moradores, é sede de um Município desmembrado de Baliza.

Ainda na região sudoeste da mesma bacia (dela descontada a parte adjudicada à zona Sudoeste) perdeu o pequeno Município de Aurilândia o território sôbre o qual se formaram os Municípios que têm para sede, respectivamente: Cachoeira de Goiás, ex-vila de Moitu e anteriormente Cachoeira, com 300 habitantes, e Ivolândia, que se originou de um pequeno povoado.

O fracionamento mais notável, entre os Municípios goianos, é, no entanto, do então extenso Município da velha Capital do Estado: nada menos de oito Municípios sur­giram do seu território. O velho Município, que até aí abrangia terras nas bacias do Araguaia e do Tocantins, ficou quase de todo sem participação nesta bacia. Nesta surgi­ram os novos Municípios que têm para sede as cidades de Carmo do Rio Verde, ex-vila do mesmo nome,• com 640 habitantes; Ceres, outra vila anterior, com 2 300 moradores e defrontando a novel cidade de Rialma, já referida; Rubiataba, ex-povoado situado na bacia do rio São Patrício; e Itapuranga, ex-vila de Xixá, com 1 200 habitantes. Partici­pam das duas bacias o novel Município de Mossâmedes, cuja sede é a ex-vila dêsse nome, com 830 moradores, e ainda o de São Luís de Montes Belos, sediado na ex-vila do mesmo nome. Pertencem à bacia do Araguaia os novos Municípios, um com a sede na ex-vila de Córrego do Ouro, com 640 habitantes, e o outro, a atual cidade de Fazenda Nova, ex-povoado de Paulópolis.

Dos 77 Municípios goianos anteriores a 1949, nada menos de 28 sofreram desmem­bramento de um a oito MuniCípios. Tornou-se, sem dúvida, mais densa a malha dos Municípios, principalmente no extenso Norte do Estado, embora nem sempre se pudessem criar cidades com o mínimo de mil habitantes.

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CIDADES NOVAS NO BRASIL 209

CONSIDERAÇÕES FINAIS

C HEGAMOS ao têrmo de nossa longa caminhada em visita às novéis cidades no País.

Deu-nos esta peregrinação contentamento e pesar. Contentamento, porque a malha dos Municípios foi-se estreitando, reduzindo a proporções bem menores boa

parte dos Municípios mato-grossenses e goianos; pesar, porque no vasto Norte, desde o Acre até o Pará inclusive, nenhuma nova sede municipal se criou. Particularmente no Pará, boa parte dos Municípios que deixaram de ser criados tinha sede modesta, aquém do mínimo estabelecido, em região de fraca densidade demográfica; em outras Unidades Fe­deradas foram criados Municípios de extensão superficial exígua, com sedes contendo po­pulação inferior ao que determina a lei . Isso em reg10es onde há facilidade rela­tiva de comunicação e onde a densidade de população admitiria número de habitantes mais elevado para uma sede municipal. Realmente, um estudo mais pormenorizado quan­to à superfície e população do Município, ao número de habitantes no seu centro admi~ nistrativo, quanto aos recursos com que tem a contar a novel comuna, demonstraria que não foi apenas desnecessária mas sobretudo prejudicial a criação de muitos Municípios e de muitas cidades, uma ou outra no Piauí, em Pernambuco, mas diversas e mesmo mui~ tas no Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Alagoas, Sergipe, Minas, São Paulo, Para~ ná, Santa Catarina.

Quanto à extensão superficial média de um Município, corroboramos a bem fun­dada opinião do insigne mestre Dr. Mário Augusto Teixeira de Freitas que esta extensão deve situar-se entre o mínimo de quinhentos e o máximo de dois mil e quinhentos quilô­metros quadrados: o mínimo além do qual não deve baixar senão em casos especiais a superfície do Município para que êle não tenha para o futuro comprometidos seu desenvolvimento e economia; o máximo, porque além do limite fixado não é exeqüível uma administração eficiente, ainda mais em região deficientemente servida de vias de comunicação. E as terras excedentes de muitos Municípios do interior, em quase todo o Norte, no Maranhão, em Goiás, Mato Grosso? Seriam desmembradas dos respectivos Municípios e nelas estabelecidos núcleos agrícolas, com eficiente ensino e prática da agri­cultura e cultivos adequados à região; núcleos que, bem orientados, seriam a sementeira de Municípios e cidades por êsses atuais ermos demográficos.

Quanto ao mínimo de população dos Municípios, devemos aconselhar que continue a ser observada a média de 10 000 habitantes, que poderia baixar a proporções mais mo­destas em região de densidade populacional fraca, e elevar-se além de 20 000 em região onde é apreciável a densidade demográfica .

No que respeita à população das cidades a criar, respeitamos o limite mínimo esta­belecido pelo Decreto-lei n.0 311: cêrca de mil habitantes. Julgamos necessário de prefe­rência em zonas pioneiras e de densidade demográfica diluída, admitir números mais modestos, desde que o núcleo urbano a escolher patenteie fortes probabilidades de desenvolvimento. Em estudos anteriores defendemos o nosso modo de pensar que, em zonas de densidade populacional média, o mínimo para cidade nova deve ser uma po­pulação de 2 000 almas, e mais, se possível; pois cremos poder afirmar que somente uma cidade com ao menos 25 000 habitantes tem a possibilidade e os meios para ofe­recer aos seus moradores o conjunto de confôrto a que deve fazer jus o citadino.

Todos os inconvenientes apontados na criação de novos Municípios e cidades, quan­to à extensão exígua ou demasiadamente excessiva, e quanto ao número mínimo de habi­tantes, respeitadas as razões para uma exceção, decorrem em boa parte da inobservância do citado Decreto-lei n.0 311. Os que assim o fazem, guiados por finalidades políticas ou outras, alegam que se trata de lei "morta" que não deve ser observada desde que foi criada na vigência do Estado Novo. Não há dúvida que somente nesse regime se pode­ria contar com a execução do teor da lei, e mesmo assim. . . porque de outro modo continuaria a balbúrdia de nós tristemente conhecida. Protestamos, no entanto, pelo es­pírito nacional dessa lei cuidadosamente preparada, na qual nos coube a subida honra de contribuir com nosso entusiasmo e nossa parcela de esfôrço, porque estudada porme­norizadamente por um grupo de brasileiros ilustres, que não tinham em vista o Estado Novo, mas estavam animados da vontade de construir sôbre segura base topográfica os Municípios brasileiros, as "pequenas pátrias" cujo conjunto constitui a Pátria Brasileira sôbre alicerces definidos, inconcussos.

E temos verificado com íntima satisfação que a observância do decreto-lei n.0 311 tem conservado a ordem que contrasta com a verdadeira balbúrdia que hoje reina em assunto de divisão territorial em não extensa, mas importante parte do torrão brasileiro. Daí a fraqueza econômica de muitas municipalidades, com um conjunto de graves conse­qüências. Basta que a Estatística diga de sua parte ...

Aos ilustres Legisladores solicitamos na qualidade de ibgeanos da velha guarda que mais se lembrem de seu Município e de sua Cidade, aquêle uma pedra importante no mosaico da Pátria Brasileira, esta o núcleo de irradiação de cultura; que meditem, mesmo que seja um pouco, sôbre as considerações acima que, felizmente, não são apenas nossas, mas de um bom número de brasileiros sinceros.

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Economia & Finanças

-FINANCIAMENTO DA CONSTRUÇAO DA FUTURA CAPITAL FEDERAL

AMÉRICO WERNECK JÚNIOR

EM estudo que a Revista Brasileira dos Municípios publicou em seu número anterior, o Sr. Odilon Benévolo propôs um plano econômico-social para a futura Capital da República, a ser erguida no Planalto Central do país por fôrça de velha aspiração patriótica, traduzida em preceito constitucional.

O regime econômico-social proposto para a nova Capital é ao mesmo tempo simples e eficaz. Tão simples que seu alcance não é percebido ao primeiro exame. Tão eficaz que em pouco mais de um decênio poderia transformar uma planície deserta em uma grande e bela cidade, assinalada pela abundância e pela paz social.

Parece que o pensamento dominante na Comissão Técnica, encarregada de estudar a mudança da Capital, é de que tôdas as terras do futuro Distrito Federal, logo após sua de­marcação, sejam desapropriadas pelo seu justo valor antes da construção da cidade e, depois de valorizadas pelas obras de urbanização, sejam revendidas em lotes urbanos e glebas rurais. Procura-se desta maneira canalizar para os cofres públicos, isto é, para a coletividade, a valorização das terras, cuja revenda seria mais que suficiente para cobrir as despesas de construção da cidade. A idéia, em si mesma, é digna de todo o apoio, mas a maneira pela qual se pretende pô-la em prática não dará à coletividade senão uma parcela mínima da valorização oriunda das obras públicas e do progresso urbano.

Ê essa deficiência do projeto original que o plano do engenheiro Odilon Benévolo vem eliminar por completo, concorrendo ainda, pelas excelentes condições econômicas e sociais que estabelece, para estimular o progresso da cidade.

Por êsse plano, tôdas as terras do futuro Distrito Federal, depois de desapropriadas pelo seu justo valor, permaneceriam para sempre como propriedade pública e, em vez de reven­didas como no projeto oficial, seriam divididas em lotes para construção ou glebas agrícolas e cedidas em caráter perpétuo a particulares ou entidades privadas sob um novo regime de aforamento sem laudêmios, caracterizado pelo fôro móvel, proporcional ao valor do solo que seria apurado periodicamente. Como complemento lógico do sistema, não haveria impostos locais no futuro Distrito Federal, cujos serviços públicos seriam amplamente custeados pela receita patrimonial, proveniente do aforamento das terras públicas.

PODE haver talvez quem estranhe esta proposta de alicerçar o regime econômico-social da nova Capital no velho instituto da enfiteuse, considerado por muitos como obso­

. leto e inconveniente e, como tal, já abolido em vários países Mas é preciso que se note que entre a enfiteuse de fôro móvel do plano Benévolo e a enfiteuse clássica,

consagrada no nosso Código Civil, há um abismo intransponível que faz dos dois sistemas dois institutos completamente distintos.

De fato a enfiteuse vigente, que nos veio da Grécia antiga por intermédio do direito romano, assinalada pelo fôro fixo e pelo laudêmio, é uma velharia jurídica, um instituto decrépito, incompatível com os tempos modernos. Embora inócua quando em benefício do Estado, torna-se monstruosa e parasitária quando instituída por particulares ou entidades privadas que, por seu intermédio, conseguem esconder ou disfarçar os apanágios do latifúndio e as injustiças do privilégio.

Os característicos essenciais da enfiteuse são o desdobramento da propriedade plena em domínio direto e domínio útil e a perpetuidade do aforamento. Mas a enfiteuse atual, além dêsses atributos intrínsecos, estabelece ainda, como condições do contrato, o fôro fixo e o laudêmio, e permite o exercício do domínio direto por particulares e entidades privadas. Ora, são exatamente essas condições absurdas, contrárias à natureza econômica do aforamento, que tornam atacável a atual enfiteuse e acabarão por riscá-la definitivamente, tal como existe, do rol das instituições jurídicas.

* Conferência da 11.u série do Instituto de Colonização Nacional, realizada no auditório do IBGE, em 23 de junho de 1955

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ECONOMIA & FINANÇAS 21 I

É evidente o êrro do fôro fixo. Por mais elevado que seja no momento da sua fixação, a pensão anual invariável perde continuamente sua substância no decorrer do tempo, já em virtude da valorização constante do solo, conseqüente ao progresso material e social da coletividade, já por motivo do aviltamento gradual da moeda, fenômeno que ocorre, com maior ou menor intensidade, em todos os países do mundo . Essa dupla depreciação do fôro fixo, em relação ao valor do bem aforado, é particularmente visível nas comunidades novas em que a valorização do solo se processa aos saltos, graças ao rápido aumento da densidade demográfica. No Rio de Janeiro, há terrenos foreiros à Prefeitura que, valendo dezenas de milhões de cruzeiros, pagam apenas o fôro anual de um cruzeiro ou ainda menos. O ridículo dessa situação dispensa qualquer comentário.

O laudêmio é outro absurdo do regime enfitêutico vigente. É devido ao senhorio direto pelo titular do domínio útil no momento em que êste aliena o imóvel aforado. Não há, para êsse privilégio do senhorio direto, nenhuma base econômica, nenhum fundamento moral, se­não o simples apoio de uma ficção jurídica, contrária aos mais elementares princípios da eqüidade Pois se o bem aforado é apenas o terreno, não se compreende seja o laudêmio cobrado também sôbre o valor das benfeitorias, para cujo montante o senhorio direto em nada contribuiu.

Entretanto, muito mais inaceitável que o fôro fixo e o laudêmio é a faculdade conce­dida a particulares e entidades privadas para o exercício do domínio direto. É êsse caracte­rístico da enfiteuse clássica que a torna justamente vulnerável e lhe valeu tantos inimigos irreconciliáveis que, não percebendo a possibilidade de uma reforma de fundo, clamam pela extinção radical do velho instituto. Pois a enfiteuse particular é uma reminiscência do feudalismo, pouco tolerável num mundo cada dia mais adverso à existência de classes parasitárias. É tão odioso o domínio direto, em mãos particulares, que não seria absurdo revogá-lo de um golpe, sem nenhuma indenização aos seus titulares, como se fêz na ma­numissão dos escravos .

Mas o aforamento público proposto para a futura Capital do país e concretizado no plano do engenheiro Odilon Benévolo corresponde a uma transfiguração da velha enfi­teuse Éle preserva o desdobramento da propriedade plena em domínio direto e domínio útil, bem como a perpetuidade do contrato, e elimina tudo o que há de errado, i:t;1conveniente ou injusto na antiga enfiteuse, substituindo o fôro fixo pelo fôro móvel, abolindo o laudêmio e proibindo o exercício do domínio direto por particulares e entidades privadas. Não pode haver objeção a um sistema, assim concebido, em que todos são beneficiados e ninguém é prejudicado.

Ésse novo regime enfitêutico, de bases racionais e princípios justos, daria à nova Capital um vultoso patrimônio territorial, cujo aforamento, além de dispensar os impostos como fonte da receita pública, traria à população grandes vantagens de ordem econômica e social. O valor do solo, tanto urbano como rural, seria baixo, dêste modo facilitando as constru­ções e as culturas, barateando a moradia e os produtos agrícolas. O padrão de vida seria elevado. O industrial, o comerciante e o lavrador não teriam que despender uma parte con­siderável do seu capital na aquisição da terra que seria obtida do govêrno por simples arren­damento, e o que êles pagariam por êsse arrendamento tomaria o lugar dos impostos de que ficariam imunes. Não haveria terrenos baldios nem glebas incultas, pois seria oneroso arrendar terras e conservá-las improdutivas. Não haveria favelas miseráveis a servir de couto à doença, ao vício e ao crime, pois as favelas são geradas pela fome de terra, pela ínfima remuneração do trabalhador e pela expoliação do fisco, impossíveis de existir onde o fisco não existisse e os recursos naturais estivessem ao alcance de todos e não apenas de uma pequena minoria de privilegiados.

O govêrno, liberto do aparelho fiscal, oneroso e complicado, seria mais simples, mais honesto, mais produtivo e menos dispendioso, com pequena máquina burocrática E não criaria dificuldades à iniciativa privada. Não puniria a prosperidade com impostos extor­sivos Não alimentaria a fofa demagogia trabalhista que o trabalhador livre e bem remu­nerado, seria o primeiro a desprezar. Não entravaria o comércio nem reprimiria a indústria. Seria como que a gerência de uma grande sociedade cooperativa. Porque a enfiteuse de fôro móvel a favor do Estado, com a abolição da bastilha fiscal, equivaleria a uma verdadeira cooperativa de produção e consumo da mais alta eficiência.

Como quase todos os impostos, em última análise, recaem sôbre o trabalho e o capital, os dois fatôres ativos que, agindo sôbre a terra, produzem tôda a riqueza, é claro que a liberação dêsses fatôres daria imenso impulso à produção e, em conseqüência, elevaria a remuneração do trabalho. Imagine-se um lugar onde o comércio fôsse absolutamente livre e não pagasse nenhum impôsto: nem o de licença, nem o de indústrias e profissões, nem o monstruoso impôsto de vendas e consignações, responsável, somente êle, por um aumento de 12% ou mais no custo da vida; onde, não havendo exação, não hàveria a corrupção que ela gera; onde os veículos trafegassem sem que os agentes do fisco, de sacola em punho, lhes travassem a marcha, exigindo uma contribuição qualquer; onde as construções se fi­zessem sem outras restrições que a obediência às posturas edílicas referentes à segurança e à estética; onde os vendedores ambulantes, que tanto poderiam contribuir para a distribuição e barateamento dos produtos locais não fôssem perseguidos pelos rapas, como se fôssem criminosos; onde as fábricas, a lavoura e a criação. não tivessem que alimentar a voracidade

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da sanguessuga fiscal; onde as diversões públicas não fôssem encarecidas pelas extgencias de um sócio que, libertando-se de todos os riscos, recolhe a maior parte dos benefícios.

Como seria feliz e próspero o povo dêsse lugar! Pois numa sociedade assim emancipada, ninguém seria perseguido por secar um brejo, irrigar terras, arar e semear um campo, abrir uma oficina ou transportar mercadorias . Aí a ferramenta do operário, o livro do estudante, o remédio do boticário, os animais do criador, o veículo do condutor, a loja do comerciante não pagariam impostos . As pequenas franquias fiscais que hoje protegem o jornalista, o professor e o escritor, transformando-os em entes privilegiados, seriam totais e estendidas a todos os profissionais. Todos poderiam livremente plantar e colhêr, comprar e vender, criar ou transportar, consumir ou poupar, sem a interferência de um fisco rapinante e do­minador.

Digo isto sem paixão, porque muito mais que um simples contribuinte, sou por dever de ofício um agente do fisco. Digo-o com conhecimento de causa. Há muitos anos que sirvo lealmente a fazenda do Distrito Federal, especialmente no campo tributário. Isso não me impediu nunca, nem me impede agora de clamar bem alto contra os erros do seu sistema fiscal. Aquêles que me conhecem podem atestar que sempre me bati abertamente, corajo­samente, com tôdas as minhas fôrças, dentro e fora dos meios oficiais, pela reforma radical dos seus métodos arcaicos e injustos . Sempre o considerei, tal como existe, um destruidor da economia popular, uma fonte de desigualdades, um promotor da miséria.

Pois é dêsse sistema calamitoso que o plano Benévolo procura livrar para sempre o povo e a administração do futuro Distrito Federal, nêle criando uma civilização nova, ali­cerçada não apenas nas liberdades civis e políticas, mas na liberdade econômica, sem a qual as primeiras seriam pouco mais que mera ilusão.

LANÇO daqui um apêlo aos homens de cultura do meu país, especialmente aos homens públicos que lhe regem os destinos, aos patriotas que vivem debruçados sôbre seus problemas, aos idealistas que se imolam à felicidade de sua gente, aos pioneiros que rasgam a picada do seu progresso, para que meditem sôbre o projeto que defendo.

Não o considerem como um expediente mais ou menos engenhoso que pode ocupar o espí­rito por um curto momento para ser logo após relegado ao limbo das coisas esquecidas. As relações econômicas e éticas que êle pode estabelecer são por demais profundas para serem tratadas superficialmente .

É típico da natureza humana rejeitar sem exame as idéias novas, pela própria novi­dade que encerram. Mas no aforamento proposto para a nova Capital, a novidade só é grande na aparência. A enfiteuse, em si mesma, é um instituto secular, conhecido e prati­cado em todo o mundo civilizado, e consagrado no nosso Código Civil. O que se propõe para a sua aplicação ao futuro Distrito Federal é uma reforma simples: a abolição do laudêmio, injusto e inconveniente, e a substituição do fôro fixo pelo fôro móvel, proporcional ao valor do solo. São modificações racionais e intuitivas, contra as quais nada se poderia objetar.

Quanto à fundação de um patrimônio fundiário para a nova Capital, teríamos apenas a repetição de um fato histórico. Pois quando Estácio de Sá, há perto de quatrocentos anos, fundou a cidade do Rio de Janeiro, criou logo, em benefício dela, um grande patrimô­nio territorial que até hoje subsiste nos terrenos foreiros à Prefeitura. Se aquêle homem de visão conhecesse o maravilhoso instrumento que é a enfiteuse de fôro móvel, o Rio de Janeiro seria hoje a cidade mais livre do mundo, como já é a mais bela.

Afirmo com a mais profunda convicção: o regime de aforamento para as terras da nova Capital cedo assombraria o país com resultados espetaculares. Não há exagêro no prognós­tico . Porque êsse regime se funda na justiça . Éle dá à coletividade a renda das terras que são públicas e cujo valor provém das obras públicas, do aumento da população e do pro­gresso social; e deixa aos indivíduos tôda a riqueza por êles criada, protegida até pela imunidade fiscal. Isso é pura justiça. E os frutos da justiça são sempre frutos de ouro. A inexistência de impostos e a barateza do solo atrairiam para a cidade grandes recursos em capital e trabalho. A nova Capital, com essas bases econômicas sólidas, seria um oásis de fartura neste Brasil acorrentado. Seria um farol no centro do país a apontar-lhe o roteiro da abundância e da paz social.

A adoção do aforamento nas terras da futura Capital, pela sua repercussão no resto do país, representaria um acontecimento muito mais importante que os dois marcos liberais da nossa história: a abertura dos portos e a abolição da escravatura.

PASSEMOS agora ao plano de financiamento da construção da nova Capital. Al­guma coisa já tem sido publicada sôbre o assunto em jornais e revistas, e parece que já venceu na Comissão Oficial a idéia de que tôdas as terras do futuro Distrito Federal devem ser desapropriadas por utilidade pública, de modo

a que, com sua valorização, proveniente das obras de urbanização e do afluxo demográfico, e com a venda dos lotes e glebas resultantes do parcelamento do solo, disponha o govêrno de amplos recursos para custear a construção da cidade .

As diretrizes e conclusões da Comissão Oficial, composta de técnicos de grande valor e superiormente dirigida pelo. eminente .Marechal José Pessoa, não são ainda conhecidas. Mas podemos ter uma idéia dos primeiros estudos por uma entrevista concedida à imprensa

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pelo Sr. Peixoto da Silveira, Secretário de Finanças de Goiás que, pelo elevado cargo que ocupa e pela importância que tem para seu Estado a mudança da Capital da República, deve estar a par dos trabalhos em andamento.

Falando recentemente à imprensa, fêz S. Exa. as seguintes declarações: "A construção da nova Capital será empreendimento autofinanciável: não custará um cruzeiro aos cofres públicos. A área demarcada para o futuro Distrito Federal é de pouco mais de 5 700 qui­lômetros quadrados ou 120 000 alqueires goianos. Isto custará cêrca de cem milhões de cruzeiros. Dessa área apenas 2% serão usados para a urbanização da Capital pràpriamente dita. O restante poderá ser revendido, em pequenas glebas, para chácaras e granjas, condi­cionando-se o seu uso de acôrdo com o plano geral que será traçado. Só a venda dessas pequenas áreas fora da zona urbana daria, no mínimo, dez vêzes mais do que o custo total. Mas não é só. Sem falar nestes terrenos destinados ao Distrito Federal, tomemos agora os 2% reservados à parte urbana. Planejada para 500 000 habitantes, a cidade contará com 100 000 lotes. Vendidos à média de 200 mil cruzeiros, a presta,ção, darão 20 bilhões de cruzeiros" .

As despesas relacionadas pelo Sr. Peixoto da Silveira, referentes à construção da cidade pràpriamente dita, montam a 4 bilhões de cruzeiros, e as relativas à mudança da Capital se elevam a 8 bilhões. Balanço do plano: Receita - 20 bilhÕes. Despesa - 12 bilhões . Saldo ~ 8 bilhões .

Êsse esquema de financiamento até certo ponto se baseia num círculo vtctoso, porque para construir a cidade é preciso vender os lotes a bom preço e, para vendê-los a bom preço é necessário que a cidade esteja construída. É verdade que êsse defeito pode ser minorado por uma operação de crédito que antecipe, ao menos parcialmente, o resultado do plano.

Mas a venda das terras do futuro Distrito Federal para com seu produto construir a cidade seria, afinal, uma operação desastrosa. Seria malbaratar em poucos anos um pa­trimônio inesgotável do qual a cidade poderia viver para sempre. Seria gerar, logo após a venda das terras, a especulação territorial de perniciosos efeitos. Seria opor um dique à expansão natural da cidade. Seria crivar a zona urbana de terrenos baldios e o campo de glebas incultas, assim mantidas à espera da valorização fatal. Seria fomentar a criação de favelas . Seria gerar a necessidade de impostos para atender ao pagamento das despesas públicas. Seria encarecer a vida da população e estiolar suas atividades produtivas. Seria impedir a imunidade fiscal para a propriedade e os frutos do trabalho. Em vez de uma ex­pressão de sabedoria, a nova Capital seria pouco mais que um monumento de vaidade. Que Deus ilumine nossos homens públicos para que não cometam êsse êrro fatal.

Vale a pena citar aqui um exemplo para patentear a extensão dêsse êrro. É um caso que a maior parte dos habitantes do Rio de Janeiro presenciou, pois ocorreu sob seus olhos nestes últimos vinte anos. Depois de arrasar o Morro do Castelo, a Prefeitura do Distrito Federal urbanizou a esplanada resultante do desmonte e dividiu-a em lotes que foram alienados em hasta pública. O grosso das vendas se fêz na base média de 500 cruzeiros por metro quadrado, quantia que hoje, devido à desvalorização da moeda, equivaleria a cêrca de 2 000 cruzeiros. Pois bem. As últimas transações sôbre terrenos localizados na Esplanada do Castelo acusam o preço unitário médio de mais de 30 000 cruzeiros por metro quadrado, isto é, um valor 15 vêzes superior ao valor da primeira venda, efetuada pela Prefeitura. Se em vez de vendidos tivessem sido aforados êsses terrenos, nas bases propostas para a futura Capital, êles não teriam o valor unitário de 30 000 cruzeiros por metro quadrado, porque a elevada taxa de aforamento de 10%, prevista no plano, reduziria consideràvelmente êsse índice. Mas não valeriam menos de 20 000 cruzeiros por metro quadrado. O produto do aforamento seria, assim, de 2 000 cruzeiros por metro quadrado, quantia igual ao preço unitário da primeira venda. Mas haveria esta diferença: a receita proveniente da primeira venda entrou para os cofres públicos uma única vez, ao passo que a receita do aforamento seria recolhida todos os anos e seu valor cresceria sempre, enquanto crescesse a importância da zona.

O exemplo é eloqüente, mas não é isolado. Ocorre continuamente; ocorre sempre que se vendem ou se venderam terras do Estado e continuará ocorrendo até que surja uma legislação adequada, capaz de resguardar o patrimônio público .

E o que aconteceu na Esplanada do Castelo, acontecerá na nova Capital com fôrça mil vêzes multiplicada, se não fôr adotado o plano de aforamento. Segundo o Secretário de Finanças do Estado de Goiás na entrevista já citada, o custo da desapropriação da área de 5 000 quilômetros quadrados do futuro Distrito Federal é de cêrca de 100 milhões de cru­zeiros, o que dá a média de 2 centavos por metro quadrado . Com a construção da cidade, o valor médio do metro quadrado na zona urbana não poderá ser inferior a 200 cruzeiros por metro quadrado. Aí teríamos uma valorização astronômica de dez mil vêzes!

Seria monstruoso permitir que êsse patrimônio imenso e sempre crescente, gerado pelas obras públicas realizadas e pelo afluxo de população que elas acarretam, se canalize para a bôlsa de particulares, muitos dos quais, proprietários ausentes, 9-ue só adquirem terras com propósitos especulativos, nada concorrendo para o progresso da cidade, do qual entretanto se beneficiam na certa .

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E o único instrumento econômico capaz de impedir essa monstruosidade é a enfiteuse de fôro móvel que, com uma taxa elevada de aforamento, drenaria para os cofres públicos a maior parte da valorização do solo, deixando ainda aos foreiros uma parcela razoável correspondente à valorização dos domínios úteis de que são titulares . Dêsse modo teriam todos, a sociedade e os indivíduos, o seu justo quinhão no resultado do trabalho comum.

Podemos agora lançar a pedra fundamental do plano de financiamento da construção da nova Capital que consiste na desapropriação, pelo seu justo valor, de tôda a área do futuro Distrito Federal e na cessão posterior de lotes urbanos e glebas agrícolas aos parti­culares e entidades privadas, por meio de um sistema de enfiteuse de fôro móvel, propor­cional ao valor do solo, apurado periàdicamente .

Mas não basta essa base sólida; temos ainda que erguer os pilares e assentar a cúpula do plano financeiro. O aforamento das terras só seria possível depois da realização de al­gumas obras de urbanização e só seria produtivo depois que a cidade tivesse uma certa população. Para chegar a êsse ponto seria necessário o dispêndio de quantias vultosas. Em outras palavras, os gastos teriam que precl!der os resultados, como em qualquer empre­endimento particular .

Essa defasagem entre o investimento de fundos no plano urbanístico e a receita da valo­rização fundiária que lhe é conseqüente só pode ser coberta pelo crédito público.

Seria quase impossível, nas atuais condições financeiras do país, em que o meio cir­culante se deprecia constantemente por sucessivos jatos de papel-moeda, lançar um em­préstimo público por meio dos títulos geralmente empregados nessas operações financeiras . Como tais títulos, necessàriamente resgatáveis a longo prazo, rendem juros fixos, pagos em moeda de poder aquisitivo decrescente, é evidente a perda que sofreriam seus portadores no decorrer do tempo. Isso basta para afastar dêsses títulos precários os possuidores de capitais disponíveis, ainda que se lhes acene com uma taxa de juros atraente e o sorteio periódico de prêmios elevados .

Para se ter uma idéia do grau de depreciação das apólices da dívida pública, vejamos a perda de substância que elas sofreram no decênio de 1944 a 1954. Os índices do custo da vida no Rio de Janeiro, apurados pelo Instituto Brasileiro de Economia e publicados pela "Conjuntura Econômica", foram de 58 em 1944 e 190 em 1954, na base de 100 para o ano de 1948. Isso quer dizer que, nesse curto período, o custo de vida subiu de 58 para 190 ou de 100 para 327 e o poder aquisitivo da moeda caiu na relação inversa de 327 para 100 em moeda corrente, segue-se que elas perderam naquele período 70% do seu valor. Igual perda sofreram as próprias apólices, desprezado o efeito das oscilações da procura e oferta na bôlsa de valores .

Foi dessa monta o prejuízo dos prestamistas do Estado que retiveram seus títulos no citado período. São especialmente dignos de lástima certos possuidores de apólices, como os órfãos e os incapazes, cujos bens são inalienáveis por preceito legal ou em virtude de cláusula testamentária .

Causa pasmo que o govêrno da União nada tenha feito para corrigir essa situação an­gustiosa ou para reduzir seus efeitos, se não em resguardo da sua dignidade, ao menos em defesa do próprio crédito.

JÁ que o nosso meio circulante é assim de valor tão instável, não é possível lançar em­

préstimos públicos, a longo prazo, por meio das apólices até hoje em uso. É necessário criar um instrumento novo, um título de dívida cujo valor, expresso em moeda, re­presente um poder aquisitivo constante É condição de qualquer empréstimo que o

devedor, findo o prazo do contrato, restitua ao credor o mesmo valor que dêle recebeu e, durante o prazo, lhe pague juros proporcionais a êsse valor. Valor aqui quer dizer valor de troca, poder aquisitivo, capacidade de adquirir bens de uso e consumo.

Para se conseguir êsse título estável, basta estabelecer que seus juros variem de acôrdo com certos índices econômicos, expressivos do poder aquisitivo da moeda Porque, com um valor de troca constante para os juros, haverá um valor de troca substancialmente cons­tante para o próprio título, seja qual fôr o valor da moeda.

Formulemos aqui um exemplo para clareza da exposição. As diversas Obrigações do Tesouro de 7% rendem os juros fixos de 70 cruzeiros por ano. Sua cotação média na bôlsa de valores é da ordem de 850 cruzeiros. Suponhamos que o Govêrno, a bem do crédito pú­blico, tivesse resolvido dar a êsses títulos um valor de troca estável a partir de 1954 e ti­vesse escolhido como fator corretivo o índice médio do custo da vida no Rio de Janeiro nos primeiros três meses de cada ano. De acôrdo com a revista "Conjuntura Econômica", o índice médio do custo da vida nos meses de janeiro, fevereiro e março foi de 174 em 1954 e de 219 em 1955, na base de 100 para o ano de 1948. Então os juros das Obrigações do Tesouro, que em 1954 foram de 70 cruzeiros, passariam a ser em 1955 de

70 cruzeiros x 219 88,1 O cruzeiros

174

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E a cotação dêsses títulos, naturalmente sujeita às oscilações normais da procura e oferta na bôlsa de valores e da taxa de juros em vigor, passaria de 850 cruzeiros para 1 070 cru­zeiros, em média .

O exemplo mostra como é simples êsse mecanismo fixador de valor de troca dos títulos públicos e de seus juros, e como êle pode estabelecer relações de confiança e respeito entre o prestamista e o Estado, abrindo para êste uma fonte segura de recursos nos momentos de apertura financeira . E não se diga que o processo é oneroso para os cofres públicos cujas obrigações cresceriam com a depreciação da moeda, porque essa mesma depreciação faria crescer também o montante da receita pública. As condições atuais, em que o ônus da depreciação da moeda, provocada pelo Estado, recai exclusivamente sôbre o prestamista inocente, é que não devem prevalecer numa sociedade em que se prezam a honestidade e a justiça.

Pode-se objetar a êsse processo que os índices de custo da vida apresentam divergências sensíveis conforme a técnica usada na sua apuração . É certo que êles não são perfeitos e absolutos, como não o é nenhuma obra do engenho humano. O avião, o trem de ferro e o navio não são meios perfeitos de locomoção, pois todos êles põem em perigo a vida humana. Mas ninguém deixaria de empregá-los quando a necessidade surgisse. O mesmo acontece com os índices econômicos: não são perfeitos, mas apresentam incontestàvelmente o melhor expediente para a solução de inúmeros e complexos problemas de natureza econômica. A variação que apresentam os índices de custo da vida de uma cidade para outra é apenas o reflexo das condi-ções econômicas locais . A vida pode ser mais cara num ponto do país do que em outro. Mas se compararmos o índice de uma grande cidade, como o Rio ou S. Paulo, com os de outras cidades, veremos que, embora diferentes, êles sobem e baixam simultâneamente, guardando entre si uma relação sensivelmente constante. E isso é tudo c que se requer dêsse índice na aplicação específica que estamos considerando.

Falo do índice do custo da vida porque, quando apurado por instituição idônea ou por técnicos competentes, é bem expressivo do poder aquisitivo da moeda. Mas é claro que, na fixação do valor de troca dos títulos públicos no modo aqui proposto, podem-se empregar outros indicadores econômicos, isolados ou em combinação, tais como: os índices dos preços dos produtos industriais ou dos produtos agrícolas, os índices dos custos da alimentação e da construção, os índices dos preços do ouro ou dos metais comuns, etc., etc. Tais índices são regularmente apurados pelo Instituto Nacional de Economia, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística e por outras entidades empenhadas em pesquisas econômicas.

Com um título de dívida assim protegido contra o desgaste de um meio circulante em eterna depreciação, capaz, portanto, de restaurar a confiança no crédito oficial, torna-se possível lançar um empréstimo público, a longo prazo, como convém ao financiamento da construção da nova Capital.

Nada sabemos ainda dos projetos da Comissão Oficial, mas é provável que o futuro Distrito Federal seja nos primeiros anos administrado diretamente pela União, como um simples território federal. Mais tarde, quando a nova cidade estivesse em condições de transformar-se na Capital do país, é que surgiria o novo Distrito Federal, com a autonomia financeira que a Constituição lhe dá.

Se assim fôr, o empréstimo para a construção da cidade deveria ser lançado pelo go­vêrno federal, que também arrecadaria para si as rendas locais, provenientes do aforamento do solo. Quando, finalmente, surgisse emancipado o novo Distrito Federal com sua orga­nização definitiva e com o grau de autonomia que lhe dá a Constituição, seriam então transferidas para o govêrno local tanto a responsabilidade do empréstimo, com o serviço de juros, de prêmios e de amortização, como a receita do aforamento de seu imenso patrimônio territorial, de valor sempre crescente.

A pronta cobertura do empréstimo que teria como lastro real a renda de um grande patrimônio fundiário em expansão permanente e a garantia de um título imune à deprecia­ção da moeda, poderia ser ainda apressada por uma taxa de juros atrativa, nunca inferior à que prevalece nas operações legítimas, o sorteio anual de prêmios substanciais e a isenção fiscal para os juros e prêmios .

COMO já mencionei anteriormente, o financiamento da construção da nova Capital, de acôrdo com a estimativa do Secretário de Finanças do govêrno goiano exige a soma de 4 bilhões de cruzeiros que seria gasta nas obras de urbanização, pavimentação a asfalto, abastecimento de água, rêde de esgotos, sistema elétrico e telefônico, hos­

pitais e escolas e outros serviços não especificados pelo Sr. Peixoto da Silveira. Tôdas essas obras são de interêsse local e os respectivos encargos cabem de direito ao govêrno local, para o qual seriam eventualmente transferidos.

As despesas relativas à mudança da Capital ascendem, segundo a mesma autoridade, a 8 bilhões de cruzeiros, sendo 2 bilhões para o custeio dos edifícios públicos e 6 bilhões para a construção de 20 mil residências que seriam vendidas a longo prazo aos funcionários da União. Todos êsses encargos são de responsabilidade do govêrno federal e não podem ser transferidos para o govêrno local.

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Não tenho elementos para julgar da exatidão dessas cifras que são, aliás, as únicas disponíveis. Nem têm elas maior importância neste estudo. Pois seja qual fôr o seu vulto real, as bases técnicas de financiamento permanecem inalteráveis.

E para melhor fixar as idéias aqui ventiladas e facilitar o exame e a crítica dos enten­didos em crédito público, apresento a seguir um esbôço de lei, referente apenas ao finan­ciamento da construção da nova Capital:

Art. 1.0 - Para a desapropriação das terras do futuro Distrito Federal e o financia­

mento das obras de urbanização da nova Capital do país, prevista no artigo 4.0 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, fica o Govêrno da União autorizado a lançar um empréstimo público em apólices ao portador até o limite de Cr$ 4 000 000 000,00 (quatro bilhões de cruzeiros) de valor nominal.

Art. 2. 0 - Serão as seguintes as condições gerais de empréstimo: a) As apólices serão do valor nominal de Cr$ 1 000,00 (mil cruzeiros) e sua emissão

será feita em séries de Cr$ 1 000 000 000,00 (um bilhão de cruzeiros). b) Os juros de cada apólice, pagáveis no terceiro trimestre de cada ano, serão de

Cr$ 75,00 (setenta e cinco cruzeiros) no ano inicial do lançamento do empréstimo. Nos Cr$ 75,00 x I

anos subseqüentes os juros serão de --------, em que B é o índice médio do custo B

da vida no Distrito Federal no mês de janeiro do ano inicial e I o mesmo índice no mês de janeiro de cada ano sucessivo.

c) As apólices não poderão ser colocadas no ano inicial do empréstimo por menos de Cr$ 900,00 (novecentos cruzeiros) ou seja 12 (doze) vêzes os juros de Cr$ 75,00 (se­tenta e cinco cruzeiros). Nos anos subseqüentes elas não poderão ser colocadas por quantia inferior a 12 (doze) vêzes a importância dos últimos juros fixados.

d) O resgate das apólices terá início 10 anos depois do ano inicial do empréstimo, à razão de 10% (dez por cento) da emissão total por ano. O resgate será feito por compra de títulos na bolsa de valores pela respectiva cotação, ou por sorteio pelo valor de Cr$ 1 000,00 x I -------- em que I e B têm valores definidos na alínea b) dês te artigo .

B e) Haverá um sorteio anual de 100 prêmios de Cr$ 50 000,00 (cinqüenta mil cru­

zeiros) para cada série. A êsse sorteio concorrerão tôdas as apólices da série, inclusive as não colocadas e as já resgatadas .

f) As apólices, os juros e os prêmios de que trata êste artigo gozarão de ampla imu­nidade tributária.

Art. 3.0 - A lei orçamentária de cada exercício consignará as dotações necessárias ao pagamento dos juros, prêmios e resgate a que se refere o artigo 2.0 •

Art. 4.0 - No mês de junho de cada ano será feito e publicado, pelo órgão competente, o cálculo dos juros a serem pagos no respectivo exercício financeiro. Para êsse cálculo ser­virão de base os índices econômicos apurados pelo Instituto Brasileiro de Economia ou outra entidade idônea, a juízo do Govêrno .

Art. 5.0 - Enquanto o futuro Distrito Federal não tiver organização política definitiva e fôr administrado diretamente pela União, caberão a esta todos os encargos do empréstimo, bem como a arrecadação das rendas locais. Cessada, porém, essa fase transitória com a mudança da Capital do país para o seu território, competirá à nova unidade da federação, com a autonomia financeira que adquire, não só arrecadar as rendas locais, como ainda assu­mir as vantagens e os encargos do empréstimo . A transferência do empréstimo para a responsabilidade do govêrno local não lhe retira a garantia da União nem a imunidade estabelecida na alínea f) do artigo 2.0

Art. 6.0 - Fica o Govêrno autorizado a abrir o crédito de Cr$ 20 000 000,00 (vinte milhões de cruzeiros), válido por 3 anos, para atender às despesas da execução desta lei .

Art. 7.0 - Revogam-se as disposições em contrário.

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Vida Rural

A NORMAL RURAL COMO INSTRUMENTO -DE RECUPERAÇAO DA LAVOURA

FRANCISCA PEREIRA RODRIGUES

MUITO tem sido dito, nos últimos tempos, sôbre a situação do Brasil, em todos os se­tores de sua vida econômica, financeira, cultural e social. Não têm sido poucas as manifestações dos técnicos, educadores, jornalistas e estudiosos, em geral, a respeito

dos mais complexos problemas que, de maneira mais direta, dizem respeito aos interêsses do País.

Entretanto, é interessante e oportuno salientar que de tudo quanto se tem falado, pouco, muito pouco mesmo, infelizmente, pode ser aproveitado, pois elevado é o número dos que falam, mas quase nula a enumeração daqueles que, sem demagogia e interêsses pessoais, com visão dos problemas, com conhecimento de causa, tocados por um acendrado amor à terra brasileira, propõem soluções, apontam os erros e indicam os caminhos, ofuscam a fantasia e mostram a realidade, adotando as idéias certas para os problemas difíceis e as soluções exatas para os casos duvidosos.

Parece mesmo que a cada novo dia mais se acentua essa tendência - e péssima ten­dência, aliás - do brasileiro para falar muito, entender tudo, debater todos os assuntos, mas não solucionar nenhum, deixando sempre um lamentável desencontro entre a realidade dos fatos e a sua aparente configuração, traindo assim aquêle espírito tradicional de nossa gente, espírito caracterizado por um ardor cívico elevado que sempre fêz surgir nos mo­mentos mais críticos as resoluções mais elevadas e conformes com a realidade.

Os fatos que dão origem a êsse estado de coisas são por demais conhecidos. Os homens de boa vontade, técnicos e capazes, sentindo e vendo a corrupção que invade a política, afas­tam-se dela permitindo que os oportunistas e inescrupulosos tomem posse dos cargos de maior responsabilidade, o que leva à descrença as nossas instituições. Dêsse alheamento que se torna quase indiferença e que alcança foros de comodismo, decorrem a insegurança e a insatisfação com que o povo observa homens e entidades do país. Por isso mesmo quando aparece um estudo eficiente, prático e objetivo dos problemas brasileiros, nem sempre a acolhida é a melhor. Aliás, ninguém de bom-senso poderá fugir do pessimismo ao encarar o assunto, através de números e dados estatísticos.

Observando-se, confrontando-se dados estatísticos, verifica-se a deplorável situação em que se encontram a nossa lavoura e a nossa pecuária - para citar apenas dois exemplos -fontes básicas de nossa economia. País essencialmente agrícola, é como queremos seja chamado o Brasil. No entanto, por um dêsses contrastes tão comuns aqui, o que vemos é a contínua queda do nosso prestígio agropecuário, embora tanto se fale e se procure fazer em sua defesa . A verdade é que o aumento de população e de produção em outras atividades superou em muito ao que se verifica nas lides do campo e da lavoura. Como comprovante do que afirmamos, nada melhor do que olharmos os dados estatísticos, que refletem uma situação de fato. Os números, com efeito, constituem verdades contra as quais não há antepor argumento algum. Assim, em 1934, São Paulo - para nos restringirmos ape­nas a um Estado - contava 6 433 327 habitantes, sendo 34,84% da zona urbana e 65,16% da zona rural. Em 1950, 9 231 000 habitantes, sendo 49,89% da zona urbana e 50,11% da zona rural.

Já aqui vemos o aparecimento do êxodo rural, cujas conseqüências se fazem sentir na produção agrícola, onde a safra de 1950/1 foi inferior à de 1936/7 em 230 181 toneladas. Mas nesse mesmo período, a produção industrial teve um aumento superior a 56 milhões de cruzeiros e o custo de vida aumentou de 275%. Há, pois, um contraste desolador. Enquanto todos os demais setores da atividade econômica sobem nas escalas estatísticas, a produção agrícola cai .

Entre os motivos geralmente citados como causadores da diminuição progressiva da produção agropecuária, no país e, principalmente, no Estado de São Paulo, destacam-se: a) a carência de braços; b) a falta de operário especializado; c) a falta de condições de vida ajustada ao trabalhador e sua família; d) a falta de financiamento à agricultura e à

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pecuana; e) mecanização irracional das tarefas da terra; f) a falta de assistência técnica, moral, médica e econômica ao homem da lavoura, como a proporcionada a quantos se de­dicam a trabalhos remunerados nos meios urbanos, em atividades industriais ou comerciais.

Falemos de cada um dêsses princípios, todos êles complexos.

A carência de braços, em todo o Brasil, é uma decorrência da industrialização. Os estrangeiros aqui chegados, como os brasileiros dos Estados do Norte e Nordeste, procuram o sul do país, mas permanecem nas cidades Os filhos dos Estados sulinos, por sua vez, abandonam os campos em demanda das cidades.

É verdade que o afluxo de alienígenas, quer trabalhando na zona urbana quer na rural, em muito concorreu para a nossa evolução em todos os setores da vida econômica, ainda que esta evolução se tenha caracterizado pela desorientação.

Mas, pergunta-se, por que os imigrantes preferem o sul do país e por que trocam os campos pelas cidades? As respostas não exigem muito estudo, são simples. Só no Sul os elementos da terra e do ambiente se equilibram, oferecendo ao trabalhador possibilidades de adaptação ao meio, segurança de colheitas normais, melhores salários e melhores escolas.

Os trabalhadores estrangeiros, aqui vindos em busca de vantagens materiais compen­sadoras têm, em geral, índice de vida mais alto do que o comum aqui existente. O aban­dono do campo, causando a carência de braços, que constitui sempre um grande mal para o Brasil, é conseqüência natural de nossa situação de país e povo em pleno e flagrante desen­volvimento, vivendo uma hora de evolução em que tudo é improvisado, até o próprio homem.

Se é certo que os imigrantes procedem de países superpovoados, onde há falta de terra, e aqui êles chegam certos do triunfo, a falta de confôrto no campo os impele para a cidade, onde, com sua formação tradicional, ajustam-se, com maiores vantagens sôbre o brasileiro, em todos os setores de trabalho . E vencem.

Há ainda outros males, quiçá maiores, decorrentes de nosso regime rural. No Brasil, como dissemos, por fôrça de sua evolução sem uma orientação básica, tudo é improvisado. Aqui, geralmente, o proprietário é pouco esclarecido sôbre os problemas de sua emprêsa (agrícola, industrial, etc.) e o operário pouco conhecedor de seu mister. A prova disso está em que, diàriamente, vemos o fazendeiro que constrói um arranha-céu, enquanto o enge­nheiro adquire uma fazenda; o industrial compra terras para loteamento, enquanto o médico dirige bancos e faz política, e o milionário, numa desorientação total, compra inúmeras em­prêsas de ramos diferentes.

Ao lado disso, vemos a disparidade existente no trabalho do operano. Éste nunca é estável. Tome-se a carteira profissional de um trabalhador e verificar-se-á nela a prova mais indiscutível do que afirmamos. Não há estabilidade. Logo, não há especialização. Não ha­vendo especialização, a conseqüência lógica é a menor quantidade e a inferior qualidade de produção.

Deve, porém, haver uma causa para essa instabilidade e conseqüente falta de especia­lização. E realmente há, não uma, mas várias causas. Entre elas a falta de condições de vida ajustadas para o lavrador e sua família; a falta de financiamento justo para a agricul­tura; a falta de assistência técnica, moral, médica, econômica e cultural ao homem do campo.

A falta de condições de vida ajustadas ao homem do campo e sua família é algo de que não se faz mister falar muito por ser uma realidade vista e sentida por todos, mormente os homens que aqui se encontram, acostumados à vida dos municípios, onde a mtsena, a desolação, a insatisfação e a desesperança, que é quase uma revolta do trabalhador, consti­tuem uma situação de fato que já não pode mais ser esquecida pelos homens públicos do país.

Com efeito, o homem do campo sente na própria carne os efeitos desumanos de uma política egoísta, demagógica e interesseira que prolifera, que cresce, que malbarata, que vili­pendia e ultraja os nossos foros de país civilizado, cristão e democrático.

Entretanto, também há uma razão para a falta de condições ambientais justas para o trabalhador rural. O egoísmo do fazendeiro e a falta de financiamentos à lavoura impedem que se dê ao homem do campo aquêle mínimo de reivindicações e de bem-estar social a que êle, como ser humano que é, tem direito. O egoísmo do fazendeiro, dizemos nós, porque a má orientação do capitalismo e, em geral, a falta de visão dos homens de negócios, impedem a realização e consecução de soluções altas para os problemas sociais.

Não conseguindo encontrar, entre a pressão do capitalismo desorientado e a teoria utópica do socialismo impraticável, um meio-têrmo que expresse a realidade, reprimindo os abusos e garantindo os direitos de cada um, o Estado, por seus dirigentes, não oferece à lavoura, sustentáculo de sua economia, os financiamentos de que ela necessita para produzir mais e melhor. E para alcançar êste objetivo - maior e melhor produção por menor preço - a lavoura necessita do apoio do Estado, para dar ao trabalhador as condições suficientes e necessárias para que êle represente o relevante papel que lhe está reservado.

É preciso, com a urgência e a importância que o caso requer, que o Estado, evitando o choque de doutrinas e teorias opostas, estabeleça uma fórmula que reconheça o valor dà

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VIDA RURAL 219

pessoa humana, criando condições necessárias para o estabelecimento de uma verdadeira justiça social cristã, valorizadora da vontade, asseguradora dos direitos, defensora da livre iniciativa e mantenedora do respeito mútuo entre os homens.

Por outro lado, é preciso que a mecanização agrícola, exercida com tanto sucesso em outros países, tenha aqui uma aplicação mais racional, produtiva, econômica e lucrativa, pois, como foi dito na 111 Conferência Rural Brasileira, a mecanização da lavoura, no Brasil, não encontrou ainda a sua rota certa, talvez por não se ter inspirado em princípios mais condi­zentes com a realidade nacional, nem possuir uma técnica especializada capaz de oferecer um resultado prático mais eficaz e compensador.

Como estamos vendo, são inúmeros e complexos os problemas que afligem a nossa eco­nomia agropecuária. Que fazer, para solucionar tão desencontrado e difícil assunto?

Não podemos afirmar que sejam soluções, mas apresentamos algumas sugestões que jul­gamos ideais, quer pela objetividade, quer pelo desinterêsse pessoal, quer pelo tempo de estudo e análise das questões que precederam a elaboração delas.

Assim é necessário que:

a) advogue-se a vinda de imigrantes, realmente especializados, destinados quer às atividades rurais quer às urbanas, oferecendo-lhes salários, assistência médica, social e escolar justa e condigna;

b) cuide-se da industrialização imediata dos produtos agropecuários, não apenas pela sua conseqüente valorização, mas pela garantia de sua conservação e natural consumo;

c) cogite-se de mercado interno para os produtos agropecuários, de vez que a sua exportação, se possível, não será compensadora, salvo raras exceções;

d) crie-se ou estimule-se aqui o mercado interno para os produtos da indústria pe­sada, incentivando-se o espírito de preferência pelo nacional ao alienígena;

e) criem-se, por meio das indústrias, reservas financeiras pré-destinadas à aplicação nas próprias indústrias, ampliando-as ou melhorando-as, e nunca dando-lhes emprêgo diverso, em investimentos de outro gênero, ainda que com certeza de compensação;

f) estabeleça-se o necessário equilíbrio entre o preço de matéria-prima pago ao pro­dutor pela indústria e o custo do produto manufaturado, pois ao agricultor cabem os riscos da cultura e da colheita, além dos percalços do financiamento;

g) a indústria contribua para a consolidação da trajetória agropecuária brasileira, como cooperadora e não competidora, pois ela é o meio-têrmo entre a matéria-prima e o consumidor. E ainda mais: a agricultura, a pecuária, a indústria e o comércio são movi­mentos interdependentes e, como tais, não podem agir separadamente;

h) faça-se um estudo que indique normas racionais para um eficiente e prático em­prêgo da mecanização agrícola, cada dia mais necessária.

APÓS estas sugestões, verifica-se que o problema brasileiro mais importante reside na escolha do caminho a seguir, para a exploração de sua enorme riqueza que, a cada novo dia, aumenta e cresce, por graça e obra de Deus, que parece dispensar bênçãos especiais à nossa terra, nascida, colonizada, fortalecida e vivendo à luz dos princípios

cristãos.

Dito isto, paira ainda uma dúvida. Qual será êsse caminho? Quem nos guiará e às novas gerações, por essa estrada do porvir radioso e imponente que, sem qualquer contes­tação, há de surgir para o Brasil, num dia não muito distante?

Ainda uma vez, a resposta nos vem pronta, certa e ideal: o mestre rural especializado. Quem formará êsse mestre? Sàmente a Escola Normal Rural.

Enfim, chegamos ao ponto culminante. Depois da análise dos problemas complexos, atingimos a meta, encontramos a solução certa, descobrimos a verdade incontestável, pois só o mestre rural especializado consegue preparar convenientemente as novas gerações.

Muito conhecida é a precariedade de nosso sistema escolar. Seja no ensino primário, médio e normal ou superior, as falhas são enormes, a falta de base uma calamidade visível, clara, que não escapa nem mesmo ao mais bisonho observador.

Há muitos anos o esclarecido mestre que foi Sud Menucci, conhecendo os males do ensino, agravados a cada novo dia, propôs a criação da Escola Normal Rural, fundamentando a sua organização, dando-lhe estrutura e base necessárias para a realização de um grande projeto. E o que aconteceu, todos sabemos. Os poderes públicos, apesar da lei, não se dis­puseram a executar o projeto de Sud Menucci, que morreu sem ver realizada em São Paulo a idéia pela qual tanto se batera.

Felizmente, para o Brasil, porém, a idéia que São Paulo desprezou, foi aproveitada no Ceará, com sucesso e com grande oportunidade. Lá, no distante Estado do Nordeste, nasceu a primeira Escola Normal Rural. Não tardou muito e outros Estados seguiram o exemplo, por fôrça do patriotismo, da desambição e do esclarecimento de seus filhos.

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220 REVISTA BRASILEIRA DOS MUNICÍPIOS

Atualmente, são em número de 29 os estabelecimentos dêsse tipo, em todo o país, sendo que quase todos os Estados possuem pelo menos um. No entretanto, por um dêsses paradoxos tão comuns em nossa pátria, São Paulo ainda não possui uma Escola Normal Rural.

O que falta a São Paulo, o que falta aos municípios, dêste como de outros Estados, é a Escola Normal Rural, uma escola diferente, capaz, não de instruir, mas, antes disso, civi­lizar o nosso caboclo, fazendo com que êle viva a nossa época, tornando-o mais útil à so­ciedade, melhorando as suas condições de vida e contribuindo para que êle tire do solo, de maneira mais racional, o máximo que êle pode oferecer quando tratado com os meios certos.

A Escola Normal Rural, em São Paulo, tem encontrado não poucos adversários. Mas, êstes, se a combatem, é porque não conhecem o problema em sua inteireza, nem procuram estudá-lo ou não querem meditar um pouco sôbre as vantagens que a Normal Rural apre­senta e, ao invés de prestarem bons serviços à coletividade, preferem fazer poesia em tôrno da realidade .

Muito fácil seria, nos momentos atuais, a instalação de uma escola dêste tipo, pois não está longe a possibilidade de se transformarem as normais municipais existentes, em rurais. E, também, das várias escolas agrícolas, ameaçadas de paralisação, porque não se aproveitar para instalar em algums delas, Escolas Normais Rurais, com as facilidades materiais de aparelhamentos, edificações e terrenos que elas oferecem?

Seria um grande passo em favor dos municípios a instalação dessas escolas. Instalados os cursos que preconizamos e concedendo-se vantagens especiais aos professôres aí formados, os municípios agrícolas terão um elemento precioso à sua disposição para a ingente, ne­cessária e, mais do que nunca, urgente tarefa de melhorar as condições do homem do campo, em quem repousa a últi:na esperança dos municípios de conseguirem a sua libertação eco­nômica, produzindo mais e melhor, aumentando a sua renda interna, pois do govêrno já cansaram de esperar a devolução da parte que lhes cabe de direito e de justiça. A cultura, o progresso e o espírito incansável da gente paulista estão a exigir um tipo especial de Normal Rural, capaz de resolver metade do programa de economia agropecuária do país, sem dúvida alguma.

Atentando bem para êsses fatos, é que fazemos um apêlo ao espírito democrático e compreensivo dos municipalistas, convictos e sinceros, para que insistam junto aos seus representantes na Assembléia, no sentido da aprovação dos vários projetos referentes ao assunto, projetos êsses já em andamento.

Êste é o grande momento, é a grande e talvez última oportunidade que têm os muni­cípios, o Estado e a União de verem resolvida grande parte de seus programas econômicos, e o homem do campo de ver melhorada a sua condição de vida, pois como ser humano tem direito àquele mínimo de bem-estar a que todos aspiramos.

Que os homens de boa vontade, felizmente ainda existentes nesta terra, saibam agir, contribuindo para o progresso dos municípios, do Estado e da Nação, respeitando as normas de bem-estar geral, garantindo um viver mais feliz a todos os brasileiros, e, assim, serão merecedores do aplauso, do respeito e da veneração de 50 milhões de brasileiros que os contemplam aflitos, mas não desesperançados, pois acreditam nos homens de boa vontade, confiam no patriotismo dos brasileiros e t;rêem no poder de recuperação de nossa terra e de nossa grande gente .

I TAJAí: PÔRTO E CENTRO MANUFATUREIRO - O Município de Itajaí, na foz do no do mesmo nome, é o principal pôrto catarinense e por êle se escoa a produção do vale do Itajaí e de parte do planalto de Santa Catarina. Seu movimento de entradas

e saídas de navios é superior a 2 mil embarcações por ano; em 1954, exportou mercadorias no valor de 352 milhões de cruzeiros, contra 197 milhões de importação. A população presente em 1950 era de 52 057 habitantes, dos quais 38% na cidade. A taxa de alfabe­tização, no último Censo, era superior à do Estado: 67% dos habitantes de 10 anos e mais sabiam ler e escrever.

Itajaí está colocado entre os principais centros rizícolas do Estado de Santa Catarina. Entre 1948 e 1953, sua produção de arroz aumentou de 2 300 para 4 800 toneladas, no valor de 16 800 mil cruzeiros. O total da produção agrícola do município, em 1953, alcan­çou 32 600 mil cruzeiros, aparecendo como culturas subsidiárias a cana-de-açúcar, o fumo e a mandioca .

I ta! aí possui atualmente 810 estabelecimentos fabris. No seu parque industrial, cuja produção em 1950 era da ordem de 82 milhões de cruzeiros, se destacam os ramos dos produtos alimentares, do papel e papelão e o têxtil, cabendo ainda certa relevância à explo­ração da madeira. Encontra-se em vias de conclusão uma fábrica de cimento Portland.

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Saúde & Educação

PLANO DE ASSISTÊNCIA MÉDICO-SANITÁRIA MUNICIPAL

CARLOS VINHAS

Ao assumir a Pasta da Saúde, o Dr. Mário Pinotti iniciou os estudos e organizou um programa para enquadrar um grave problema de saúde nacional, decorrente da falta de quaisquer atividades médicas em cêrca de 700 municípios brasileiros. Tais municípios, situados em áreas de pouco valor econômico ou de difíceis condições de

vida, estão localizados no Norte, Nordeste e Centro-Oeste preferentemente, e comportam uma população de aproximadamente 10 milhões de pessoas.

Não existem ainda condições apropriadas para a fixação de profissionais médicos nessas regiões, tendo-se como resultante que essas populações nascem, vivem e morrem sem terem, senão eventualmente, oportunidade de atendimento, durante a vida, por médicos. Charlatães, curiosas e boticários são os únicos elementos de que essas populações podem lançar mão durante a vida, com as naturais restrições, compreensíveis em elementos de tão primários conhecimentos da verdadeira medicina.

Observa-se, por outro lado, que os municípios dessas regiões ainda não podem arcar com as despesas para a manutenção e fixação dêsses profissionais, e os Estados lutam com idêntico problema.

Mais ainda: embora tenha havido um constante progresso no campo médico-sanitário brasileiro, com o desenvolvimento de uma grande rêde de postos de higiene, centros de saúde, hospitais regionais, etc., não houve programa de govêrno capaz de procurar fixar no mínimo um médico em cada município sem aquêle profissional.

Eis que, diante da gravidade do problema evidenciada nos inquéritos realizados a res­peito, alertaram-se os técnicos de saúde pública e estudaram, sob a direção daquele emi­nente sanitarista, um Plano Federal de Assistência Médico-Sanitária Municipal, que deveria ter sido pôsto imediatamente em execução, mas infelizmente até agora sustado . Êste plano, estudado por um competente grupo de sanitaristas, sob a coordenação do dr. Ernani Braga, engloba, em suas linhas básicas, as idéias principais e medidas que vão adiante apontadas, em síntese.

PERTO de um terço dos mumctptos brasileiros - e o seu número é superior a dois mil, ressente-se da falta de assistência médica às suas populações. São diversas as condições que impedem a fixação de profissionais da medicina em tais municípios,

desde a deficiência global em médicos até a localização remota, dadas as escassas populações e a pobréza de arrecadações, bem como as difíceis condições de vida em muitos dêsses mu­nicípios do interior.

Recentemente, a assistência médica passou a ser considerada como atividade normal de Saúde Pública. As discussões técnicas da Organização Mundial de Saúde ( OMS) Ja afirmaram que "dans les territoires dits insuffisamment développés ou dans ceux ou l'ins­truction est peu pousée et ou les maladies épidémiques constituent une grave menace, la plus petite circonscription de base doit pourvoir à la fois au traitment médica! e aux mesures prophylactiques".

Entretanto, a prestação de assistência médica exclusivamente através da unidade sani­tária, ou médico-sanitária, é de custo elew:~do e funcionamento complexo, não sendo, pois, conveniente, num primeiro estágio, pensar em criar, de imediato, uma rêde de unidades médico-sanitárias, mesmo de pequena complexidade, para atender um problema que está a exigir providências urgentes. Aliás, nas discussões técnicas da OMS, o argumento contrário à inclusão de serviços médicos nas unidades sanitárias "était que cela compliquerait beau­coup l'administration".

O problema médico-assistencial no Brasil, em tôda a sua amplitude e em virtude de sua magnitude e complexidade, requer estudos mais apurados e planejamento mais deta­lhado. Há, desde logo, necessidade de contar-se com recursos espectats a serem constituídos de múltiplas fontes de renda, que assegurem o indispensável lastro econômico para a rea­lização de um amplo programa .

R.B M -3

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222 REVISTA BRASILEIRA DOS MUNICÍPIOS

A assistência, entretanto, originária dessa programação não pode ser primária, pois obrigatoriamente abrange a prestação de serviços médicos e de enfermagem, a distribuição de especialidades farmacêuticas, o internamento de doentes, o funcionamento de organismos de recuperação e readaptação de doentes crônicos e deficientes físicos. Teria que englobar, enfim, tudo aquilo que constitui a prestação de serviços de assistência médico-social, os quais devem possibilitar às populações conseguir, conforme a moderna definição de saúde, "um completo bem-estar físico, mental e social e não só a mera ausência de doença".

Nessa ordem de idéias e porque a complexidade do problema não deve constituir mo­tivo para que se recue diante dêle, pois a assistência médica às populações é um problema de saúde pública e como tal um problema de govêrno, ao Ministério da Saúde cabe pro­curar, na presente contingência, minorar a situação de cêrca de 700 municípios brasileiros desprovidos de médicos .

A fim de enfrentar-se o problema de imediato, devemos partir do mais simples, do mais elementar, daquilo que realmente falta e é necessário, isto é, a assistência médica pura, prestada por profissionais médicos, atraídos para os municípios que não os possuem e que, conseqüentemente, têm suas populações assistidas, indevida e perigosamente, por farmacêu­ticos, curiosas e charlatães, os primeiros muitas vêzes, os últimos quase sempre.

Teriam, evidentemente, de tomar parte na iniciativa, a ser lançada e patrocinada pelo Govêrno Federal, tanto o Estado quanto o Município, êste especialmente.

O Govêrno Federal obrigar-se-ia a contribuir com o pagamento mensal de um "pro­labore" aos médicos que fôssem para os municípios em que não haja qualquer tipo de assistência médica, oficial ou privada, devendo o referido pagamento obedecer ao padrão habitualmente estabelecido pelos Estados respectivos.

Caberia ao Estado fornecer certificados de óbito e boletins de apuração de atividades básicas. A ar uração e compilação dêsses dados caberia ainda ao Estado, que poderia tam­bém colaborar com outros recursos materiais ou de pessoal.

O M~nicípio comprometer-se-ia a fornecer um local para o funcionamento do consul­tório médico em suas atividades de atendimento aos indigentes. Poderia também dar-lhe uma ajuda financeira adicional, caso as circunstâncias locais o permitissem. Ao Município caberia ainda a obrigação de prover um auxiliar para o médico, no horário em que o mesmo estivesse a serviço dos indigentes da coletividade.

São bem conhecidas as dificuldades para o equipamento, funcionamento e fiscalização de unidades de saúde, quer estaduais, municipais ou mesmo federais. Tratando-se, no caso, de municípios que não dispõem de qualquer assistência médica, oficial ou particular, o pro­blema mais se agravaria se pretendêssemos criar um sistema regular de Postos, com a exi­gência de uma complexa supervisão e contrôle.

Deve, portanto, preponderar sob todos os aspectos a idéia que consiste, simplesmente, em dar às populações daqueles municípios uma assistência médica primária . E isso se obtém com a presença do médico na localidade.

A relativa fiscalização das atividades do médico instalado dependerá em grande parte do prefeito e dos próprios munícipes, que serão os mais categorizados e em condições de informar às autoridades estaduais de saúde pública, e mesmo ao Ministério de Saúde, se o médico que assumiu o compromisso de trabalhar e residir no município está se desempe­nhando a contento das obrigações assumidas.

De outro lado, a cooperação entre a União, o Estado e o Município, é indispensável ao bom êxito do trabalho programado.

As municipalidades terão de assumir o papel principal na escolha do médico que irá residir na sua jurisdição, assim facilitando sobremodo o problema de seu recrutamento.

Ao médico será assegurada plena liberdade de clínica e a possibilidade de receber pa­gamento de honorários por parte de tôdas as pessoas que não necessitem de sua assistência .

Será de tôda a conveniência que se estabeleça um horário mínimo de trabalho dentro do qual o médico deverá atender no local reservado pela Prefeitura, os doentes pobres da municipalidade e só dentro dêsse horário estabelecido, excetuados os casos de urgência; de outro modo, ficaria o médico sujeito a ser interrompido nas suas atividades normais da pro­fissão pelos indigentes que iriam procurá-lo a cada momento e a tôdas as horas em qual­quer local, alegando sua situa,ção de médico o~icial.

O "pro-labore" a ser concedido, não deve ultrapassar os limites dos salários pagos PEllo Estado, evitando-se, assim, que médicos já fixados em áreas nas quais se mantêm com difi­culdades se transfiram para o município desprovido dêsse profissional, criando problema novo para o que já o tinha resolvido .

ESSAS considerações são necessárias quando se pretende abordar o problema e se apre­ciam as dificuldades para solucioná-lo. Já na Bahia, foi feita a experiência com o que se chamou "o médico correspondente" e que nada mais era senão o médico clínico

colocado num município com o fim único e exclusivo de dar assistência médica à população e prover medidas de imunização contra certas doenças transmissíveis .

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223 SAÚDE & EDUCAÇÃO ------------------------------------~------------------------

A receptividade a tal sistema mostrou o bom acolhimento das populações a êsse tipo de serviço, assim permitindo enfrentar-se o problema novamente em âmbito muito mais amplo. Tenha-se em mente que a base precípua do programa ora traçado é a de dar assis­tência médica aos municípios que não dispõem da mesma, sem pretender instituir-se qual­quer sistema de postos de saúde ou de higiene.

A assistência medicamentosa, por contingências econômico-financeiras, forçosamente terá de sofrer limitações. Não deverá faltar, contudo, quer medicação anti-infecciosa, em geral, quer aquela indispensável ao socorro de urgência, quer ainda material imunizante ou outro que a necessidade indique.

Encarando, agora, o número provável de 700 municípios que necessitam de assistência médica e dentro das estimativas mínimas de custo, chegar-se-á ao montante necessário para 1955, de Cr$ 126 000 000,00 (cento e vinte e seis milhões de cruzeiros) para a operação e de Cr$ 24 500 000,00 para instalação dos serviços médicos municipais, totalizando Cr$ 150 500 000,00. A essa última importância poder-se-á acrescentar a parecla de Cr$ 20 000 000,00, para fazer face à natural ampliação e melhoria dos referidos serviços. Haverá, destarte, necessidade de contar-se, em orçamento, num exercício financeiro, com o total de Cr$ 170 000 000,00. Eis uma demonstração da primeira parcela:

Uma unidade 700 unidades TIPO

Mês Ano Ano

Médico 4 000,00 48 000,00 33 600 000,00

Medicamentos ... 10 000,00 120 000,00 84 000 000,00

Eventuais . . .. 1 000,00 12 000,00 18 400 000,00

TOTAL 15 000,00 180 000,00 126 000 000,00

Para uma tarefa de tal envergadura e tipo, a ser levada a efeito com os recursos exis­tentes e de futuro, dentro do planejamento aqui apresentado, o programa de ação é o de custo menos elevado e o mais exeqüível, enfim, dentro das realidades nacionais.

Em síntese, o Ministério da Saúde iniciará a tarefa de dotar, tanto quanto possível, os municípios brasileiros, de médicos, executando imediatamente as seguintes medidas:

a) desenvolverá uma ação no sentido de que a União assinasse com as Prefeituras, e com os Estados, acordos nos quais figurassem os pontos abaixo:

1) pertencer bàsicamente ao Município a tarefa de levar um médico para a regtao, prover-lhe de residência e local de trabalho e dar-lhe auxílio material e de pessoal;

2) obrigar-se o Estado a facilitar e auxiliar o trabalho do médico, ajudá-lo material­mente, colaborar na consecução do local para seu trabalho, assim como procurar instalar unidades sanitárias de preferência em municípios desprovidos de assistência médica;

3) caber ao Govêrno Federal a responsabilidade de equipar o local de trabalho do médico, a ser gratificado com uma quantia fixa, mensal, não superior ao salário pago pelo Estado àqueles profissionais; fornecer regularmente medicamentos e re­cursos outros, quando possível e necessário, para o atendimento da população pobre do município; exercer supervisão geral dos serviços.

b) coordenará a ação de todos os seus Departamentos, Laboratórios, Serviços e Divisões, no sentido de prestarem ajuda, de qualquer tipo, a êsse plano de trabalhos;

c) modificará, se possível, planos de trabalhos atuais, de modo a mobilizar recursos imediatos para início dêst eprograma assistencial;

d) estudará, para início em futuro próximo, um plano a longo prazo, de assistência médico-social às populações, tomando como ponto de partida o trabalho ora apontado.

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Monografias Regionais

ESTRUTURA AGRÁRIA DO MUNICÍPIO DE IPIAÚ

A PAISAGEM

MILTON SANTOS (Professor de Geografia Humana na Faculdade Cat61ica de Filosofia da Bahia)

QUEM percorrer o município de Ipiaú, no centro da zona cacaueira da Bahia, viajando

através de suas estradas principais, há de notar, caso venha de Jequié, que são muitas as fazendas chamadas mistas (cacau, café e gado), paisagem que vai ra­reando, até quase desaparecer à medida que se deixa a sede municipal na direção

de Ibirataia e Ubatã. Aqui, onde as casas aparecem com maior freqüência, é o domínio do cacaual. Além dessas duas paisagens, há a da zona do rio Oricó, onde o cacau não pode me­drar econômicamente. É uma área fora das linhas da circulação geral, onde está presente a policultura e a criação de gado menor. A presença do gado bovino na primeira parte do percurso é explicada porque se está atravessando a faixa de lenta transição entre a zona da pecuária (transição iniciada no próprio município de Jequié) e a área especificamente ca­caueira, fato que é ditado pelas condições naturais.

Tudo isso, porém, não exclui a dominância da lavoura cacaueira, nem autoriza que se lhe retire o caráter de monocultura, dentro do município.

POUCO IMPORTANTE A CRIAÇÃO DO GADO

EM 1940, por exemplo, notava-se que apenas 15 propriedades se dedicavam exclusiva­mente à criação do gado. Noutras 883 a exploração era mista. Dos 62 2 77 hectares aproveitados com exploração agrícola, apenas 3 331, isto é, 5,35% do total, o eram exclusivamente com o gado, número que, comparativamente, perde muito em impor­

tância, considerando-se o tipo de criação extensiva aí presente e a necessidade de grandes espaços que acarreta. De qualquer sorte, devemos ainda considerar que o gado bovino estava presente em apenas 477 estabelecimentos, havendo eqüinos, asininos e muares em maior número de propriedades (em 591 e 769, respectivamente), o que se explica pelas necessi­dades da cultura cacaueira. O gado suíno é o de maior assiduidade, pois estava presente em 926 estabelecimentos, predominando na bacia do rio Oricó.

Em 1940 eram 8 251 bovinos, 1 028 eqüinos, 2 679 asininos e muares e 10 984 suínos. já em 1953 o número de bovinos subia para 17 000 e o de suínos para 42 000. Havendo o Banco do Brasil financiado a produção de mandioca, em quadra de grande escassez (1952), mas o fazendo com base nos preços da alta, a superprodução (dos 130 hectares plantados em 1950, passou-se a 135 em 1951, 140 em 1952 e 720 em 1953) acarretou violenta baixa de preços, o que animou grande número de criadores a utilizar a mandioca como forragem: daí o grande crescimento da população porcina .

Mas a produção animal é econômicamente muito pequena, em relação à agrícola. Em 1939, por exemplo, de uma produção total no valor de Cr$ 6 324 000,00, cêrca de 85,88% cabiam às atividades agrícolas e 12,13% às de origem animal. Eram 5 431 mil cruzeiros contra 767, incluindo-se também nesta cifra os produtos animais.

A simples enunciação dêsses números demonstra que os estabelecimentos agropecuá­rios (em 1940 eram 883, sendo 67,71% do total e abrangendo 68,46% da área), no que se refere ao gado bovino, abrigam êsse gênero de atividade apenas secundàriamente, para efeito de um consumo próprio ou fornecimento de leite a localidades próximas. Os 15 esta­belecimentos dedicados exclusivamente à pecuária registraram uma produção no valor de apenas 208 mil cruzeiros, uma média de Cr$ 13 866,00. Dentre êsses 15, seis entregavam-se à criação em grande escala. Sendo sua produção global de 179 mil cruzeiros, tem-se uma média de Cr$ 29 500,00, para cada um dêles, o que é ainda muito pouco.

Assim, enquanto cada hectare ocupado em Ipiaú registrava em 1939 um rendimento médio de 102 cruzeiros, a mesma unidade de superfície, no que toca exclusivamente à pe-

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MONOGRAFIAS REGIONAIS 225

cuana atribuía um índice de somente Cr$ 62,74. Isso, que evidencia a preferência pela cultura cacaueira, explica-se pelas condições naturais aí dominantes e das quais já tivemos oportunidade de falar.

A DIVERSIFICAÇÃO AGRÍCOLA NÃO EXCLUI A MONOCULTURA CACAUEIRA

I PIAÚ pode ser considerado como um município tipicamente cacauicultor, não obstante ser Ilhéus o que mais produz. Das 1 313 propriedades recenseadas em 1940, cêrca de 1227 produziam cacau, isto é, 93,45%. Assim em apenas 6,55% dos estabeleci­mentos, achavam-se presentes outras atividades, e não a cultura cacaueira.

Por outro lado, a observação dos dados referentes a outras espécies mostra como rara­mente o cacau aparece sozinho numa mesma propriedade. Assim em 85,15 o/o delas está plantado o café, em 82,94% a mandioca, em 72,51% o feijão, em 50,19% o milho, para não falarmos das que comparecem com menor percentagem. Como dentro do número total das propriedades recenseadas em 1940 só 1,15o/o se dedica exclusivamente à pecuária, conclui-se que apenas 5,4% se entregam à policultura (excluído o cacau), estando a sua maior parte na zona do Oricó .

No que se refere à produção restritamente agrícola, o que se verifica é que, apesar do número de propriedades que colhem mandioca, café e feijão, principalmente os dois pri­meiros, avizinhar-se do número dos estabelecimentos cacauicultores, é flagrante a diferença na produção. Eram, em 1939, 3 756 toneladas de cacau, contra 429 de café e 135 de milho. A mandioca, com 23 281 toneladas é um caso à parte. Ela é, como se sabe, uma cultura ancilar do cacau. Em Ipiaú, ela preenche tais funções, além de comparecer como cultura isolada, na zona do Oricó, e mesmo entre as roças de cacau.

Como em 1939 a produção de cacau do município era pequena, muito menor que hoje, havendo, portanto, plantações novas em número considerável, não é para admirar-se que fôssem também grandes a área plantada e a produção de mandioca. Êsse o porquê da sua presença em 1 089 propriedades, isto é, em 82,94% do total.

Quanto ao café, levando-se em conta a queda da sua produção, pode-se chegar a idên­tica conclusão. Em lpiaú a rubiácea não pode concorrer ecologicamente com o cacau. Mu­nicípio cuja altitude é, em média, inferior aos 300 metros, de clima predominantemente úmido, explica-se uma maior produção do café no início da plantação do cacau, quando servia, a um tempo, para o consumo das fazendas e como sombra às plantações novas . Também a mandioca exerceu idêntico papel.

À proporção que tais plantações iam crescendo, os cafeeiros - cujo rendimento aí é reduzido - tiveram de ser arrancados. De uma produção que se mediu por 429 toneladas ou 7 150 sacos em 1939, baixou a 4 3 75 sacos de 60 quilos em 1952. Nessa cifra deve le­var-se em conta, todavia, que boa parte é colhida na zona de transição, onde nem todos os solos são excelentes para o cacau, possibilitando, por isso mesmo, e até certo ponto, uma concorrência do café, que se dá até com algum êxito. Mesmo em 1939, quando a produção de cacau em Ipiaú era talvez vinte vêzes menor (não temos dados exatos) que em 1950 (230 000 sacos), verificava-se que, plantados ambos em número quase igual de propriedades, se colhia em média 9 vêzes mais cacau do que café.

MUNICÍPIO DE IPIAú

Safra agrícola de 1939

Produção (ton.) PRODUTOS Número de

propriedades Total Média

Cacau 1 227 3 756 3

Café . 1 118 429 0,29

A CONQUISTA DA MATA PELO CACAU

EM 1939, último de que possuímos os dados estatísticos, cêrca de 62 277 hectares do território rionovense (cuja superfície total é de 1 268 km2

), incluía-se nos estabele­cimentos agropecuários. Eram 59,42o/0 do total, sendo então, e nesse particular, exce­

dido apenas pelo município de Ilhéus, cujas fazendas ocupavam 66,94% da área municipal. Havia 25,48% da área dos estabelecimentos cobertos por matas. Nos 3 lustros que se segui­ram muitas roças novas foram abertas, admitindo-se que a percentagem da superfície ocupada tenha sido consideràvelmente aumentada.

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226 REVISTA BRASILEIRA DOS 1\IUNICÍPIOS

Sàmente em 1954 calculavam-se os cacaueiros que estavam frutificando em 3 750 000 e os novos em 950 000, num total de 4 700 000. Considerando o prazo médio de 7 anos para frutificação, tais novos cacaueiros foram certamente plantados entre 1954 e 1947. Só êles, sem contar com outras culturas, respondem por um grande aumento de área culti­vada. A prevalecer a média municipal, registrada em 1950, de 355 pés de cacau por hectare, teríamos assim, sàmente num período de poucos anos (quatro a seis), cêrca de 2 676 hecta­res de novas plantações, naturalmente em detrimento da mata, que em 1939 cobria cêrca de 15 868 hectares do território do município. Entre 1950 e 1954 calcula-se em 300 000 o número de novos pés de cacau plantados, isso importando num aumento de área cultivada calculável em 839 hectares.

Ora, se foi êsse, "grosso modo", o número de novos hectares plantados entre 1950 e 1954, segue-se que, entre 1947 e 1950, o aumento teria sido de 1837 hectares (650000 pés), isto é, mais de duas vêzes maior. Admitindo, por generalização, a constância no período 1939/47 do ritmo do período 1947/50, não estaríamos longe de encontrar para os 15 anos que ficam entre 1939 e 1954 um aumento de área que se medirá por mais de 7 500 hectares naturalmente roubados à antiga porção de matas, assim reduzidas à metade do que havia em 1939. Estas, por sua vez, foram consideràvelmente desfalcadas pela pecuária e por outras atividades. Êste, porém, é apenas, um raciocínio dedutivo, já que não temos à mão dados estatísticos que o comprovem. ·

MUNICÍPIO DE IPIAÚ

DIVISÃO DA PROPRIEDADE

Censo de 1940

Número Extensão (ha.)

De O a 10 86 623

De lO a 100 1 104 36 150

De 100 a 1 000 120 22 003

De 1 000 a 10 000 3 3 501

1 313 62 277

FONTES: Giorgio Mortara - Ensaio de D.scrição Estatística de Uma Zona Fisiogrâfica: A Zona Ca. caueira da Bahia.

Inspetoria Regional de Estatística Municipal da Bahia. Agência Municipal de Estatística de Ipiaú.

Para confirmação do que dizemos, e na falta de dados numéricos mais completos, um fato despertou-nos a atenção e foi o seguinte. No município de lpiaú, como no de Jequié, são freqüentes as estufas para o trabalho de secagem do cacau, ao contrário do que acontece mais para o sul, onde essa tarefa é ordinàriamente feita pelas "barcaças", aproveitando-se assim o calor solar. Em vista disso, os lavradores ipiauenses reservam sempre uma boa parte de suas matas, a fim de poderem atear fogo à estufa e, em lugar da mata derrubada, continuam plantando cacau. De que essas matas se estão extinguindo são um sinal as inú­meras vendas de roças de cacau por pequenos fazendeiros que não têm mais o que derrubar. Sua propriedade estando já a produzir o máximo e ignorando em sua maioria, os processos modernos de adubação, cabe-lhes apenas esperar uma queda de produção nos anos subse­qüentes. O exemplo de outras zonas- as zonas de plantação antiga- é muito eloqüente: enquanto em 1950 se apanhavam em lpiaí 64 sacos de cacau por 1 000 pés frutificando, em Ilhéus colhiam-se apenas 12, para não falar nos 7 de Canavieiras. Em ambos êsses municípios a produção foi outrora muito mais significativa do ponto-de-vista do rendimento.

Por outro lado não mais havendo a mata da qual fabricavam a lenha, indispensável ao preparo do cacau, êste teria que ir ficando cada vez mais oneroso, sendo preferível para muitos passar adiante a roça e ir abrir outra ou cuidar da vida, em lugar diferente. Essa pode ser, também, uma das explicações para a tendência à concentração da propriedade que já se nota no distrito de lbirataia e em Ubatã, ex-Dois Irmãos, antigo distrito de lpiaú, hoje tornado município.

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Idéias em Foco

-CONTRIBUIÇAO PARA UM PROGRAMA MUNICIPALISTA MÍNIMO

A NOSSA experiência no movimento municipalis­ta nos levou a sistematizar idéias e resoluções

dos Congressos e reuniões americanos, nacionais ~~

regionais relativos ao desenvolvimento do Direito, da Ciência e Administração Municipais, elaboran­do uma modesta contribuição para um Programa Municipalista Mínimo.

Visamos com isto dar uma maior unidade es­piritual a êsse magnífico movimento de revitali­zação dos Municípios. · Não é um trabalho defi-nitivo Pelo contrário, desejamos críticas, suges-tões, tendo em mira um aperfeiçoamento mais de­talhado e profundo das idéias formuladas em um tom orgânico. Bem sabemos e avaliamos das di­ficuldades encontradas, contudo a evolução da dou~ trina municipalista está numa fase que exige preo~ cupação sistematizadora. Os arautos dessa doutri~

na não devem recuar ante as possíveis dificulda~

des de dar objeto delimitado ao seu campo de ação

O nosso país vive em crise permanente de evolução, ao lado do desenvolvimento industrial e técnico do mundo moderno.

As populações de nosso interior não podem continuar a viver em condições antagônicas de ci~

vilização moderna de certos centros metropolitanos. Urge uma política capaz de sanar os males dêsse desajustamento econômico, social e ético

Assim, elaboramos êste Programa Municipa· lista Mínimo, que representa e encarna uma con­tribuição de quem tem dado tudo pela doutrina de valorização da vida local no mundo hodierno, em benefício do homem e do perfeito equilíbrio dos grupos sociais e comunidades.

PROGRAMA MUNICIPALISTA

Aspecto Filosófico

Considera:

1) A luta dos Municípios por uma filosofia alicerçada no equilíbrio econômico, político e éti· co dos grupos sociais e das comunidades huma­nas

2) A prática da teoria da Intermunicipalida­de Universal, defendida magnificamente pelo emi~

nente Ruy de Lugo Vifi.a e em virtude da qual se torna extensivo aos Municípios o direito de coo~ peração internacional, como já vem acontecendo com a Comissão Pan·americana de Cooperação In­termunicipal, com sede em Cuba.

YVES DE OLIVEIRA

Aspecto Político e Constitucional

Visa:

1 ) A implantação no país de uma República Municipalista, baseada na descentralização polí­tica e administrativa, em três esferas do govêrno: a União, os Estados-Membros e os Municípios, ca· da qual exercendo poderes constituintes, a molde do que ocorre com o Rio Grande do Sul.

2) A extensão, aos vereadores, da prerroga­tiva da imunidade que é outorgada aos deputados e senadores.

Aspecto Administrativo

Objetiva:

1 ) Transferência imediata da Capital do Brasil para o Planalto Central.

2) Solução dos problemas de base do país, destacadamente os de transportes, energia elétrica e educação.

3) Descentralização administrativa dos ser~

viços de assistência e previdência, de molde a fa~

cilitar o contacto entre a instituição e o segurado, garantindo maior rapidez na concessão dos bene­fícios.

4) E!'aboração de Códigos Municipais em cada comuna, visando dar unidade às Leis locais, condensando quanto possível em um só corpo le­gislativo a matéria municipal.

5) Instituição do sistema de recrutamento para o serviço público pelo critério do mérito, não bastando, porém, tão só selecionar, e sim também orientar e proceder a uma revisão periódica, de~

vendo-se ressaltar a contribuição da psicotécnica pa­ra êste importante e fundamental objetivo.

Aspecto Econômico

Tem por objetivo:

1) Valori1çação dos planejamentos urbanos, rurais e regionais, dando-se ênfase administrativa aos problemas intermunicipais de base: transpor­tes, energia elétrica e educação

2) Cobrança de uma taxa de planejamen­to, nos Municípios, para elaboração dos planos e

&projetos do govêrno local.

3) Instalação sob a forma cooperativa, de bancos regionais, destinados a servir de base a um futuro instituto de crédito municipal.

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228 REVISTA BRASILEIRA DOS MUNICÍPIOS

4) Cooperação entre os Municípios, para criação de sociedades de fins econômicos, quando

a execução dos acordos intermunicipais o tornar necessário, podendo participar do empreendimen­to pessoas físicas ou jurídicas.

5) Apôio à reforma agrária que deverá rea­

lizar-se através da cooperação e do esfôrço con­jugados dos três níveis de govêrno.

6) Incentivo à criação de Bancos dos Muni­cípios, com o fim de reter no interior as fortu­

nas alí formadas.

7) Participação efetiva dos Estados e Muni­cípios nos lucros resultantes da exploração, indus­

trialização e prospecção petrolíferas, no respectivo território: o que é reconhecido de absoluta con­veniência.

Aspecto Financeiro

Pretende:

1) A reforma da Constituição brasileira pa­

ra que se objetivem novas discirminações de ren­das no País, visando ao melhoramento das condi­

ções financeiras dos Municípios, terminando-se de

uma vez por tôdas, com o sistema de auxílios permanentes nos orçamentos aos mesmos, por par­

te da União e dos Estados-Membros, a não ser em caráter excepcional

2) A instituição do Código Tributário Na­cional, como medida indispensável à consolidação,

pelas três esferas governamentais, das reivindica­ções municipalistas através de nítida delimitação dos campos de competência e de obediência às

diretrizes básicas de uma política tributária de­finida em plano nacional.

3) A percepção de 40% pelos Municípios,

do total das rendas públicas arrecadadas no país, dentro em prazo razoável e de modo progressivo,

mediante outorga de novos tributos.

Aspecto Educacional

Resolve:

1) Considerar a educação um problema de base capaz de ajudar a solucionar a crise brasi­

leira, acabando-se com o analfabetismo.

2) Elaborar-se um plano geral do ensino ru­ral, com a colaboração dos Municípios e de ins­tituições interessadas no fomento agrícola.

3) Intensificar o ensino profissional no in­

terior brasileiro .

4) Propagar o ensino técnico, instalando-se os respectivos cursos ao lado de cada Ginásio do Interior, segundo o plano dos Centros Regia;nais de

Educação.

Aspecto Científico e Didático

Insiste:

1 ) Considerar-se o municipalismo uma ciên­cia municipal autônoma, com metodologia própria.

2) Incorporação aos planos de estudos, por parte das Faculdades de Direito e Ciências Eco­

nômicas do Continente, da disciplina denominada: "Direito, Ciência e Administração Municipal".

3) Criação de institutos de altos estudos pa­ra peritos em administração municipal e urbanis­

tas planificadores.

4) Instituição sistemática, em cada núcleo urbano, de um plano de urbanismo.

5) O ensino, nas escolas primárias, de noções sôbre a doutrina municipalista, valorizando-se os problemas locais.

Aspecto Sanitário

Adota:

1) A resolução dos problemas de saúde

pública, paralelamente com os de assistência so­cial, não adiantando estudar um sem pebsar no outro.

2) Elaboração de um plano geral referente aos serviços de suprimento de água e às redes coletoras em tôdas as localidades brasileiras.

3) Assistência hospitalar em todos os Mu­nicípios devendo o Serviço de saúde do interior seguir uma orientação de medicina preventiva, de

higiene, de profilaxia e de assistência prOpriamen­te dita.

Aspecto Estatístico

Tenciona:

1) Manter os Convênios Nacionais de Esta­tística Municipal, em face dos seus meritórios e

relevantes serviços, como centros coordenadores e executores de trabalhos de interêsse local.

Aspecto Jurídico

Tem em mira:

1 ) Maior unidade e prestígio para o Poder

Judiciário

2) Representação dos Estados-Membros no Supremo Tribunal de Justiça.

3) Estímulo aos magistrados do país, incen~

tivando-os ao estudo e aprimoramento dàs quali­dades de cultura, inerentes à técnica de julgar.

4) Igualar o número de Ministros do Su~

premo Tribunal de Justiça ao dos Estados-Mem­bros, escolhidos, por exclusivo merecimento e lis~

ta tríplice, pelo próprio Supremo Tribunal de Jus­tiça e de nomeação pelo Presidente da República.

5) Instituição de Câmaras especializadas nos

Tribunais.

Aspecto Internacional

Recomenda:

1) A manutenção de vínculos de cooperação

municipal com as entidades dos países americanos que se dedicam ao estudo e defesa dos problemas locais, valorizando-se o princípio da Intermunici­

palidade Universal de Ruy de Lugo. Viíía, ao lado da execução dos postulados contidos nas Car­tas de Recomendação dos Congressos lnterameri­

canos e Internacionais de Municípios

Aspecto Moral e Ético

1 ) Que o povo brasileiro repudie e despreze a demagogia "política", o voto inconsciente, a au­

sência de espírito público, a desonestidade pessoal e a falta de caráter daqueles que têm parcela de direção na causa pública, visando-se com isso

ao bem comum, à segurança e à justiça em nome de uma melhor política democrática e de mais

aprimorada educação cívica.

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IDÜAS EM FOCO 229

MUNICIPALISMO . -MANIFEST AÇAO

L I num jornal paranaense esta criteriosa opinião: Se os partidos políticos, cuja responsabilidade

no regime é irrecusável, pensassem mais seriamen­

te nos graves problemas que afligem o povo, não poderiam deixar de volver sua atenção para o mu­nicipalismo e de exigir de quantos se candidatas­

sem, sob suas legendas, a cargos eletivos, o prévio compromisso de pugnarem pela vitória dessa cau­

sa, a qual é, em última análise, como sobejamente se tem demonstrado, a causa da própria Pátria.

Em seu livro Aplicações Práticas da Demo­

cracia, George Huszar adverte: "A Democracia precisa de adaptar-se às novas necessidades. É ne­

cessário descobrir novos métodos democráticos em que reinem a liberdade e a cooperação. A cria­

ção de tais métodos precisa acompanhar "pari~

passu" as descobertas da técnica, que tornou cada dia mais complexa a nossa civilização".

Para nós, a adaptação democrática recomen~

dável, exigida pela realidade brasileira, é a da sa­

dia política municipalista.

Só ela curará o todo nacional duns tantos processos, duns tantos males terríveis, que o le~

vam à desagregação.

A Estatística diz e prova, por exemplo, que apenas quatro Estados, situados na Região Sul

do país e onde se localiza sOmente um têrço da população brasileira, fornecem metade da renda nacional

A Estatística comparativa ainda esclarece que se verificam aumentos percentuais dessa renda nas Regiões Este e Centro-Oeste, ao mesmo tempo

em que se apuram decréscimos ao Norte e N ardeste. Quanto à Região Sul, apesar de ligeira diminuição, conservou "pràticamente inalterada sua larga van­tagem sôbre a& demais Regiões" .

FORMA IDEAL DE DA DEMOCRACIA

JOSÉ REBÊLO

(Vereador em Palmeira dos Índios, AI }

Quanto à distribuição de renda "per capita", assim se apresenta, em cruzeiros:

Nordeste 2 531 Norte 3 028 Centro-Oeste 4969 Este 6 408 Sul 9 442

Por que êsse deperecimento econômico e so­cial, pois, das regiões brasileiras situadas ao nor­

te da foz do São Francisco, o rio paradoxalmente chamado "da Unidade Nacional"? Por que a Re­pública está pensando e agindo em têrmos, em for~ mas estaduais.

É preciso pensar mais no Município. Assim nos afastaremos dessa lamentável e periculosa po­

lítica de Estados, com suas Unidades fortes a tira­rem o máximo proveito do todo, com desprêzo quase absoluto pela situação das unidades fracas. O municipalis1no é o remédio heróico contra as

idéias separatistas e o aniquilamento de partes vi­tais da Nação

Disto convencido, faço, pois, sinceros e ar­dentes votos no sentido de que se concretizem as conquistas pelas quais nos batemos no Congresso

Municipalista de São Lourenço. Necessitamos, ago­ra como nunca, de assistência técnica, de planeja­mento racional, de trabalhos de equipe Deve­mos prosseguir, articulados, a campanha traçada

naquele ponto das Alterosas, que ali nos reuniu fraternal e confiantemente. Havendo esmorecimen­

to ou descuido, a grande causa de certo fracassa­rá, com grave perda para a democracia brasileira.

A questão municipalista deve ser colocada, em todo o Brasil, como uma questão de natureza há~

sica, acima, muito acima mesmo, de qualquer outra.

ALAGOINHAS, CENTRO AGROPECUÁRIO - Situado no nordeste baiano e dis­tante pouco mais de 100 qui.lômetros de Salvador, a que está ligado por via-férrea e estrada de rodagem, o Município de Alagoinhas é um dos principais centros agro­

pecuários da Bahia Suas perspectivas de desenvolvimento econômico acentuaram-se ultima­mente com as pesquisas de petróleo nos distritos de Araçás e Boa União, dentro de sua juris­dição, e com as possibilidades que lhe trará o recebimento da energia de Paulo Afonso.

Sua população, em 1950, já ultrapassava os 52 mil habitantes; a cidade pràpriamente dita, com suas 21 283 almas, colocava-se em 5. 0 lugar no Estado. Atualmente, a principal fonte econômica é o curtimento de couros e peles, cujo valor, no último Censo Industrial, já ascendia a 25,8 milhões de cruzeiros. Essa atividade é, em parte, apoiada no apreciável rebanho bovino de que dispõe o município, estimado em 15 mil cabeças em 1953. Conta ainda com bom número de eqüinos, asininos, suínos, ovinos e muares, estando sua população pecuária avaliada em 27 milhões de cruzeiros.

No setor agrícola, o Município de Alagoinhas se destaca como principal produtor de laranja do Estado. Sua colheita, no período de 1949-1953, foi de 100 milhões de frutos (média de 20 milhões anuais), correspondendo a mais de 10% do total baiano. É também produtor de fumo, mas essa cultura tem declinado de forma sensível nos últimos cinco anos, reduzindo-se, em 1953, a 720 toneladas, no valor de 6 milhões de cruzeiros.

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Inquéritos & Reportagens

CENTRAL HIDRELÉTRICA DO BRUMADO UM INVESTIMENTO PIONEIRO

A CATADUPA do rio Brumado 1 é um dos ele. mentos geográficos mais importantes do alto

sertão. O padre Manoel Ayres de Cazal achou~a "uma vistosa cachoeira" 2 Spix e Martius ouvi· ram-lhe o retumbo de águas escachoantes 3 Teo­doro Sampaio contemplou-a, quando jornadeava pa­ra as Lavras Diamantinas 4 • Xavier Marques can-

1 "O rio Brumado, que nasce no Pico das Almas, banha a vila das Minas do Rio de Contas, faz a bela e altíssima cascata da Vila Velha, recebe o rio Taquiri e o rio do Tabuleiro, pela margem direita e entra no Rio de Contas no lugar Barra da Macela, cêrca de 120 quilômetros abaixo da foz do Água Suja" (Teodoro Sampaio - 110 Rio de S. Francisco e a Chapada Diamantina").

2 "O Rio de Contas nasce na serra da Trom­ba, obra de oito léguas ao Noroeste da Vila do seu nome, e da qual passa afastado cinco fazendo caminho de Leste ou com pouca diferença: - de­pois de grande espaço recolhe pela direita o Bru­mado, por outro nome Rio de Contas Pequeno, que sai do Morro das Almas, corre junto da mesma Vila, e meia légua abaixo de"la forma uma vistosa cachoeira" (Ayres de Cazal - "Corogralia Era­sílica" - 2 o vol. - ps 131-2).

3 "Vila Velha foi uma das mais antigas co­lônias do sertão da Bahia; despovoou-se, porém, com o descobrimento de minas de ouro na mon­tanha vizinha, o que motivou a fundação da Vila do Rio de Contas ( 1724) Os fazendeiros apro­veitaram-se da feliz situação dêsse belo vale, onde se acham situadas fazendas para criação de gado e plantio de algodão, que aí prospera tão bem, como nas florestas do rio Gavião, nos planaltos de Minas Novas e Caitité. Um algodoeiro viçoso for­nece de 10 a 15 libras de algodão com caroço e três a cinco libras de algodão beneficiado.

Uma légua a nordeste de Vila Velha está a Vila do Rio de Contas. Devíamos subir por um caminho íngreme, às vêzes perigoso, durante quase duas horas, até alcançar o almejado ponto de des­canso A montanha, chamada pelos habitantes Ser­ra do Rio de Contas, da Vila Velha, ou do Bru­mado, eleva-se, pelo menos, a 1 200 pés sôbre a Vila Velha e mostra completa analogia com as montanhas de Minas. A base é formada de chis­to micáceo, às mais das vêzes delgado, com predo­minância, ora de quartzo, ora de mica em falhe­lhos pequeninos, sôbre o qual se depositou um gneiss avermelhado e, mais acima, outro branco A direção destas formações, dispostas em camadas de espessura muito variada, é em geral de N. N. O. a S. S. E , pendendo para O., mais nas camadas inferiores, do que nas superiores A parte inferior da montanha está coberta de floresta pouco densa, cujas plantas arborescentes e fetos têm grande se­melhança com a flora do Serro Frio A meio ca­minho o viajante ouve o bramir da cachoeira do rio Brumado, que se despenha de uma altura de 150 pés, por entre rochedos abruptos Do alto da estrada descortine-se magnífica vista sôbre o de­licioso vale de Vila Velha" (Von Spix e Von Martius - "Através da Bah1a - Excertos da obra Reise in Brasilien - ps. 50-1-2) .

4 No dia 9 de Janeiro de 1880, chegou a Vila Velha, registrando: - "Depois de uma de­mora de cêrca de três quartos de hora, em visita ao povoado, que é uma vila das mais antigas dês-

RISÉRIO LEITE

tou a epopéia bandeirante no assalto ao ouro que suas águas, na cólera de um bote lançado da Cha­pada, foram esconder nas furnas de um leito, cujo cascalho~ acendendo o frenesi da ambição, dilacerou a imaginação de muitos 5 Vale Cabral estudou-lhe o aproveitamento hidrelétrico. Vital Soares lobri­gou no desperdício de seu potencial um dos sím~

tes sertões, aqui fundada quando se iniciaram, pe­los paulistas, os primeiros trabalhos de mineração de ouro, nestas paragens, passamos para a outra margem do rio Brumado, que aí limita a vila pelo lado de leste, depois de contemplarmos, por al­guns instantes, a altíssima cascata que aí faz êste rio ao descer da Chapada, num salto de cêrca de 200 metros de alto". (Teodoro Sampaio - Ob. cit.)

5 "Vila Velha! Vila de Nossa Senhora do Livramento de Minas do Rio de Contas, outrora rainha dos "gerais", caravançará dêste rico deserto! Sê propícia ao viajante que vem, como o príncipe, despertar a bela adormecida há séculos em tuas florestas Seu corpo já enverga, derreado no dor­so da cavalgadura; seus membros mal podem com­primir as espendas da sela. A cabeça embranque­ceu~lhe como a catinga ao sol de outubro. Pesa­lhe até o bornal a tiracolo. Só a alma não que~ bra, porque a traspas'sa o prumo de ferro da vonta­de, enquanto o espírito se regozija na evocação do teu passado, Vila Velha! ..

Não foi aqui, sereia do Brumado que, rom­pendo serras e selvas, acamparam com seus com~ baias e tropas mais aventureiros do que aboríge­nes havia em tuas brenhas? Não foi nestas vár­zeas que pastaram melhor cibo do que roças e ga­do as bandeiras dos intrépidos paulistas? Não foi nestas águas correntes que se miraram as catadu­ras dos nômadas sequiosos, a beber também com os olhos o líquido cintilante onde perscrutavam a boa pinta?

Arraial dos Crioulos, Santo Antônio de Mato Grosso, Serra da Tromba e Monte do Garrote, Bom Jesus e Remédios do Rio de Contas, que turbilhão de vida, que coivaras de ambição, quanto heroísmo e quanto sonho cruel alimentastes! Que perfis soberbos nó desgarre da audácia gerada pela vi­são das "manchas" e dos vieiros! Que braços ti­tânicos a desafiar a dureza dos elementos, a arran­car e a rolar penedos dos flancos destas serras!

Mineradores de instinto, criaram num repen­te industrioso a metalurgia bárbara, que por sua vez improvisou teus famosos ourives, lavrantes e douradores, ó filha dos bandeirantes e garimpeiros! Ainda se encontram os despojos do combate, as velhas armas, os vestígios das fábricas, os tôscos instrumentos que lhes serviram no saque da terra. Aqui está o fornilho que pertenceu a Belchior Mo .. ribeca, o sítio onde Pedro Mariz erigiu a casa de fundição, o almocafre com que minerou Sebastião Raposo.

Raça de gigantes, Cresos do garimpo, N eras das rancharias, os seus urros brutais, urros de mando, de ameaça, de raiva, de assombro e de prazer, ainda repercutem nas co voadas dêstes mor­ros e nas lapas daquela encosta que se vai engolfar nas neblinas do Bruma do e do Paramirim.

Lá vêm êles surgindo de todos os quadrantes, picando matas virgens, descendo os tombadouros íngremes, metendo peito à violência das corredei­ras, desbordando das gratas e dos boqueirões.

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232 REVISTA BRASILEIRA DOS MUNICÍPIOS

EM suas linhas mestras, o plano elaborado pelo engenheiro Vale Cabral é o seguinte: No lugar denominado Currióla - onde co­

meça um pronunciadíssimo desnível de 202 me­tros, registrando-se aí a cachoeira do Fraga com 30 metros 11 - seria construída uma grande bar­ragem de armazenamento para 52 000 m 3 12. Essa bacia de acumulação visaria a regularizar a des­carga a ser utilizada Da bacia hidráulica, desce­riam as águas para uma caixa de decantação, lo­calizada próxima ao tombo da cachoeira do Bru-

tidas a um regime que a boa tradição tem feito respeitar, vão tornar possíveis as culturas nos nu­merosos pequenos vales de serra, vão banhar o solo ressecado e quase esterilizado pela falta pro­longada das chuvas, pelo ardor do sol inclemente". (Teodoro Sampaio - Ob . cit. )

Referindo-se à serra galgada, escreveu o notá­vel engenheiro que, ao lado de Amarante, Wieser, Lisboa, Saboya, Pecegueiro, Aquino e Castro e Or­ville Derby, integrou a missão Roberts: "O cará­ter das montanhas que acabamos de subir é ás­pero As suas encostas escarpadas e íngremes são despidas de vegetação em grande pasto. Na base delas, ao sair de Vila Velha, no leito inferior do Brumado, ao lado do granito, aparece um quartzi­to duro, de côr esverdeada ou cinzentada Mais em cima, em meia encosta, onde a estratificação é mais discordante, observamos uma inclinação de 65 ° sôbre o horizonte, o quartzito é mais schis­toso e mole, em alguns pontos, parecendo talcos­chisto, de côr avermelhada No alto, aparece uma argila talcosa, areia finíssima e alva, resultante da decomposição do quartzito schistoso, aí muito abun­dante e utilizado nas construções

Em baixo, a nossos pés, vê-se primeiro a ca­saria branca da Vila Velha, umas quatrocentas ca­sas estendidas na lombada estreita entre os rios Taquari e Brumado". ( Ob. cit ) .

11 "O Salto da Curriola, com 4 metros de al­tura, 1 500 metros cúbicos de descarga por segun­do e uma fôrça utilizável de 60 H. P. ; o do Fra­ga, com 40 metros de queda, 1 500 m3 de des­carga e 650 H P.; e, logo a seguir, com uma ele­vação de cento e sessenta metros, a Cachoeira do Brumado, prOpriamente dita, que se despenha em queda vertical, formando um salto único, com uma potência utilizável estimada em 5 250 K. W." -(Rarniro Berbert de Castro - "Hulha Branca").

12 "A grande barragem representaria a solu­ção ideal do problema, se fôsse viável a sua cons­trução, aproveitando-se o planalto magnífico sôbre o qual corre o rio Brumado Infelizmente, porém, isso não é possível, pois o represamento das águas implicaria do desaparecimento da cidade do Rio de Contas, que se acha situada abaixo do nível e que as águas atingiriam, caso fôssem represadas. Outra solução, entretanto, resolveria de modo sa­tisfatório o problema: seria a da construção de barragens menores, edificadas em secções, as quais aliviando gradativamente a pressão das águas, im~ pediriam a destruição daquela cidade". (Ramiro Berbert de Castro - Ob cit )

O lago de acumulação da Currióla, aconse· lha do pelo eng. 0 V ale Cabral, não colocaria a ci­dade de Rio de Contas sob a espada de Damocles do dilúvio.

Informa-nos o sr. João Vilas Boas, filho de Livramento e um dos benfeitores daquela comuna: "Em 1931, a Prefeitura Municipal de Livramento do Brumado mandou proceder a novo estudo da Cachoeira, a fim de aproveitar, em parte, o seu potencial, cujo trabalho estêve a cargo de técni­cos da firma Lusenhop & Schmidt, desta Praça. Não foi levado avante, dada a falta de recursos financeiros da própria municipalidade, àquela oca· sião Provávelmente, o dito trabalho ainda se en­contra no arquivo da referida Prefeitura.

Atualmente) aquela Prefeitura está montando urna usina hidrelétrica na fazenda Picada, antiga propriedade do sr Pedro Pereira Mandu, nas pro­ximidades da Cachoeira Também a cêrca de 8 a 10 quilômetros acima, no Alto Brumado, a Prefei­tura Municipal de Rio de Contas assentou uma pe­quena usina hidrelétrica, aproveitando uma outra queda, a montante da cidade, para a iluminação local".

Essas pequenas usinas visam à iluminação das sedes municipais. Falece· lhes capacidade para abas­tecer núcleos industriais e eletrificar o meio rural.

mado prOpriamente dita, queda principal que acusa 153 metros Da caixa de decantação, partiria um tubo adutor, de ferro, demandando, quase a pi­que, a casa das máquinas, a ser levantada nas vi­zinhanças do Passa-Quatro, onde as águas, depois de alimentarem as turbinas, reverteriam ao leito do rio

A jusante da cachoeira do Brumado, manifes­ta-se outro desnível de 80 metros. Contudo, Vale Cabral opina no sentido do seu não aproveitamen­to, de vez que, do Passa-Quatro para baixo, os agricultores entram a derivar a água do rio atra­vés de regos Êsses canais, sangrando a torren­te em ambas as margens, partem em espinha-de­peixe para irrigar os terrenos justafluviais. A famo­sa Baixada de Livramento, com mais de 150 km2 de terras lavoradas, principia onde morre o último desnível de 80 metros.

Afirma o técnico baiano que a cachoeira do Brumado pràpriamente dita, por si só e com sim­ples águas das sêcas, sem acumulação, tem capa­cidade para produzir 1 550 H P práticos; in­cluindo-se a Curriola no aproveitamento, sem acumulação, o potencial energético ascenderá a 3 550 H P práticos; finalmente, feito o represa­mento na Curriola, obter-se-ão 8 520 H. P prá­ticos.

SÔBRE o alto sertão baiano incide o fenômeno da ...._ repulsão demográfica As populações sertaní­colas, batidas pelas sêcas, tomam para o sul do país, cobrindo as célebres rotas de fuga Acossa­das pela magrém, abandonam a terra esturricada, onde um sol implacável, flamejando insensível à tragédia rural, golfa raios recrestantes Impossi­bilitadas de viver num chão rescaldado, inexorà­velmente mordido do calor solar, divorciam·se das glebas queridas, na odisséia do retirantismo. Em São Paulo ou no norte do Paraná, distribuir-se-ão espacial e ocupacionalmente, se não sofrerem o im­pacto da saturação do mercado de mão-de-obra, nessas áreas. Briquitarão nos novos habitats com o coração ulcerado pela saudade da casinha plan­tada no âmago da caatinga, em cujo terreiro lim­po os pintainhos felpudos, nos tempos de bonança, sempre puseram uma nota de festa.

A construção de uma Central Hidrelétrica no rio Brumado estancaria o êxodo, essa terrível sangria populacional que tanto debilita o nosso hinterland. Nos municípios da região vamos sur­preender um dos pontos de estrangulamento, uma das estenoses que garroteiam a economia do Es­tado Um suprimento energético abundante e ba­rato - racionalizando as atividades existentes e rasgando novos horizontes de trabalho - não só tonificaria os quadros da economia regional, como também fixaria o homem ao solo Com um acer­vo de matérias·primas bem diversificadas, fácil se­rá a instalação ali de um ponderável parque ma­nufatureiro Vejamos o assunto:

Cotonicultura - É ali a cultura clássica das terras enxutas, e que remonta a um passado lon­gínquo A preciosa malvácea, introduzida há mui­tos anos, foi afastando, para latitudes cada vez mais distantes, as associações vegetais da charneca, as for­mações botânicas do agreste. Sucedendo ao quadro natural da silva horrida, imprimiu à paisagem as marcas de sua expansão triunfante, humanizando-a sensivelmente

A presença do algodão sugere, de logo, a mon­tagem de: a) - fábricas de tecidos; b) - fá~ bricas de óleo; c) - fábricas de torta Desta, sa­bemos, constitui excelente alimento para o gado. Sua importância cresce em significação no meridia­no sertanejo, onde as estiagens periOdicamente cal­cinam as pastagens, deixando o campo esturrado.

Cultura canavieira - Essa gramínea tem seus domínios de eleição nos vales do Paramirim, Ri~ beirão da Furna e nas faixas úmidas do município de Ituaçu As manchas dos canaviais denotam a substituição da paisagem natural de openfield pela paisagem cultural de enclosure A cana-de-açúcar permitirá a instalação de: a) - usinas de açúcar; b) -- fábricas de álcool; c) - fábricas de papel,. utilizando o bagaço de cana

Agavicultura - A paisagem agavieira está em ritmo de expansão, o que possibilitará o estabele­cimento de unidades fabris manipuladoras dessa fi­bra dura

Rizicultura - O município de Livramento do Brumado é o maior centro rizicultor do Estado. A função da comuna é agrícola; a função de sua

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INQUÉRITOS & REPORTAGENS 233

sede é comercial. As plantações de milho e man­dioca, existentes não só neste, mas nos outros mu­nicípios, oferecerão matéria-prima para unidades produtoras de amido e féculas

A triticultura poderá ser fomentada em escala comercial, pois existem tratos propícios ao seu de­senvolvimento Escreveu Teodoro Sampaio, em seu livro "O Rio de S Francisco e a Chapada Dia­n1.antina": - "Ensaiou-se o trigo com vantagem na fazenda ucajueiro" do Major Francisco Pereira de Castro e conseguiu-se colhêr grão na razão de 480 litros por 1 de semente". Foi no município de Caitité que registrou, em seU Diário, essa informa­ção Quanto à comuna de Rio de Contas, sabe-se que o trigo é cultivado no lugar Mato Grosso.

Curtumes - A região possui apreciável po .. pulação bovina e vultoso rebanho caprino. Seus couros e peles poderão alimentar grande indústria.

Minerais - Os minerais poderão desempenhar papel inestimável no "facies" do parque industrial. Segundo Teodoro Sampaio, "o ferro é assinalado em quase tôda a Serra Geral" e "no riacho da uSolidão", que rega o povoado do Boqueirão das Parreiras, no têrmo do Monte Alto, também se as­sinalou a presença do diamante". Em Brejinho, encontramos ametistas Em Brumado, magnesita, dolomita, talco, esmeraldas e cristal de rocha Em Rio de Contas, ouro. Na Serra do Sincorá, alú­rnen Nas Lavras Diamantinas, diamante e car­bonado

A Central Hidrelétrica do Brumado mandaria energia às cidades e núcleos demográficos do alto sertão, destacando-se os seguintes aglomerados: -Livramento do Brumado, Paramirim, Brumado, Rio de Contas, Piatã, Ituaçu, Barra da Estiva, Caculé e Caitité Entretanto, seu "electric power" não se restringiria, é claro, à iluminação dos nódulos urbanos Seria empregado, principalmente, na mo­vimentação das fábricas e na eletrificacão rural. Pelos elementos que temos visto, a denÍanda será acentuada

A realização dêsse magno desiderato, amorà­velmente acalentado pelas populações sertanejas, exige grande mobilização de dinheiro. Temos pa­ra nós que o processo de formação do capital ne­cessário deverá buscar a fórmula de um investi­mento misto: - recursos públicos e poupanças

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particulares. Com um mercado de capitais positi­vamente fraco, teremos que recorrer ao govêrno estadual para a subscrição de mais da metade dos valores mobiliários. Uma sociedade de economia mista seria a estrutura jurídica ideal. Nenhum regime de contenção de despesas poderá ser invo­cado para justificar a ausência do podet público no empreendimento ou a procrastinação da obra para as calendas gregas. O investimento, ao que tudo assegura, proporcionará boa taxa de rentabilidade, de lucratividade empresarial. Investimento visceral­mente pioneiro, suscitará a eclosão de novas fon~ tes de riqueza coletiva, eliminando grave ponto de estrangulamento, o que redundará em palpáveis be­nefícios para o erário estadual, de vez que uma sa­dia política tributária deve chantar-se em bases econômicas, e não na espoliação fiscal através do manejo imoderado do instrumento do imposto. No que tange às disponibilidades privadas, vence-nos a convicção inanedável de que os inversores serta­nejos e mesmo extra-sertanejos não relutarão em concorrer para a elevação da nossa taxa de desen­volvimento econômico, além de investir em cometi­mento com grande capacidade remuneradora de ca­pital.

A ereção do parque industrial importará na abertura de um mercado comprador (Buyer's mar­ket) de matérias-primas regionais - que seriam absorvidas em vantajosas condições de procura -e na conseqüente fixação de um mercado vende­dor (Seller's market) de utilidades transformadas O aparecimento, na fisionomia da região, de um núcleo manufatureiro provocará certa alteração, cer­to dinamismo em sua estrutura ocupacional cris­talizada em linhas de atividade agrária, pois sur­girá a figura do operário fabril.

O povo sertanejo deve, animado por uma de­cisão delmirogouveiana, aglutinar-se para resolver o problema de seu abastecimento energético A dieselização, numa área de hulha branca, signifi­ca miopia administrativa No que diz respeito ao Govêrno, seus líderes, seus órgãos de staff, seu brain trust precisam compreender a necessidade im­periosa de empurrar o meridiano da civilização ser­tão a dentro Vitalizando a economia interiorana, o Govêrno estará, em última análise, recuperando a própria Bahia.

EXTENSA O DO ESTABELECIMENTO AGROPECUÁRIO NO BRASIL

'Ü CONFRONTO entre os resultados dos três Cen­. sos Agrícolas realizados no Brasil, em 1920, 1940 e 1950, revela acentuada concentração da exploração agropecuária, no último decênio, em contraste com o fracionamento registrado entre 1920 e 1940 Os dados censitários referem-se à área dos estabelecimentos recenseados, de certo modo afetadas pelos critérios que fundamentaram o le­vantamento de cada censo, no que respeita à con­ceituação de ''estabelecimento'' agropecuário.

Em grandes linhas, todavia, a comparação é significativa. Retrata um fenômeno, ou reflete uma tendência, considerados por muitos como prejudi­ciais ao desenvolvimento do País, que reclamaria, ao contrário, uma distribuição mais equitativa da terra entre os que a trabalham Os dados censi­tários revelam que, em 1950, a relação entre pro­prietários rurais e o total da população dos cam­pos não devia ser superior a 6,2%, ao passo que alcançava 6,7o/o em 1940. E, enquanto a exten­ção média de cada estabelecimento agropecuário :atingia 103 hectares em 1940, elevava-se em 1950 para 113 hectares •

Recente publicação do Serviço N acionai de Recensean1ento - Extensão do estabelecimento ru~ ral no Brasil - dá idéia da evolução do fenôme­no, em cada Unidade da Federação, segundo a ordem de grandeza das propriedades. Verifica-se, assim, que as grandes explorações rurais - 1 000 hectares e mais, por exemplo, - abrangiam 51 o/o da área total das propriedades recenseadas em 1950, e sOmente 4Bo/0 em 1940 A concentração acen­tuou-se nos grandes latifúndios (estabelecimentos •Com mais de 10 000 hectares, ou mais de 100 qui-

lômetros quadrados) Êsses vastos domínios agrá .. rios, numericamente pouco expressivos ( 1 653 em 1950, e apenas 1 273 em 1940) cobriam nessa úl­tima data 17% da área total, passando em 1950 à quota de 20%

O fenômeno alcançou, de modo geral, todo o território nacional. Pronunciou-se particularmente nos Estados de Maranhão, Piauí, Rio Grande do Norte, Minas Gerais, Espírito Santo e Rio de Ja­neiro Confinada a ilustraçã9 aos imóveis que me· diam de 1 000 hectares para cima, vê-se que, no Maranhão, a área por êles compreendida passou de 42% sôbre o total para 62%, entre 1940/1950; no Piauí, subiu de 40 para 53o/o; elevou-se de 34 para 42% no Rio Grande do Norte; de 34 para 3 9 o/o em Minas Gerais; de 5 para 8 o/0 no Espírito Santo; finalmente no Rio de Janeiro, de 22 para 29%.

Esclarece o Serviço N aciona! de Recenseamen­to, na introdução aos quadros divulgados, que "no confronto entre os resultados dos três levantamen­tos, deve-se ter em vista certas modificações do conceito de estabelecimento - unidade da coleta de informações - que afetam, em parte, a res­pectiva comparabilidade". Há realmente, determi­nadas circunstâncias que influíram na diminuição, registrada em 1950, do número dos pequenos esta­belecimentos A mais importante, citada na re­cente publicação do S. N R. , diz respeito ao ob­jetivo comercial: em 1950, só foram recenseadas as explorações agrárias cuja produção se destinasse à venda, ao passo que a operação censitária de 1940 abrangeu também as que produziam exclusivamen­te para o consumo doméstico.

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234 REVISTA BRASILEIRA DOS MUNICÍPIOS

CONGRESSO MUNDIAL DE GEOGRAFIA

F OI escolhido o Brasil para sede do XVIII Con­gresso Internacional de Geografia, que se reu­

nirá no Rio de Janeiro em agôsto de 1956 Tra­ta-se de uma reunião do maior interêsse científico e que também trará benefícios concretos à nação, pelo escôpo de seus objetivos, o renome dos par­ticipantes estrangeiros, e a seriedade e eficiência com que vem sendo preparada pela comissão orga­nizadora brasileira.

A ciência geográfica moderna aborda proble­mas de grande amplitude. Pela ênfase dada aos aspectos humanos e econômicos dos fatôres geográ­ficos, ela contribui para o equacionamento de pro­blemas de base - sobretudo em se tratando de nações jovens, em plena fase de desenvolvimento, como é o caso do Brasil. O temário do XVIII Con~ gresso Internacional de Geografia é a melhor pro~ va disto Muitos dos tópicos escolhidos têm uma ligação específica e íntima com nossas condições de terra, clima e conjuntura. Alguns exemplos:

Climatologia das regiões tropicais - Acli~ matação do homem nos trópicos - Efeitos da ação humana sôbre os solos tropicais - O uso da terra e a economia da água nas regiões semiá~ ridas - Problemas de geografia das indústrias nas regiões tropicais - As migrações intercontinentaís e os problemas de adaptação de imigrantes - Êxo~ do rural e concentração urbana: suas condições geográficas - Conseqüências geográficas de re~ formas agrárias - Estrutura agrária e desenvol­vimento das técnicas agrícolas nos países novos

Industrialização e desenvolvimento agrícola; suas relações recíprocas - Mudança de uma ca~ pital: problemas da escolha de novo sítio e re~ percussões geográficas.

Esta ênfase da comissão organizadora brasilei~ ra sôbre problemas de países novos em regiões tro~ picais fêz com que, além das numerosas adesões já recebidas de todos os países da Europa Ociden~ tal, dos Estados Unidos e do Canadá, também de~ cidissem participar do Congresso grande número de cientistas de destaque de outros países subdesen~ volvidos. Chegam diàriamente adesões de personaw lidades dos países da América Latina, da Índia, Paquistão, Filipinas, Indonésia, Israel, e de mui­tas regiões da África

Os Congressos Internacionais de Geografia vêm se reunindo cada três ou quatro anos, desde que o primeiro foi convocado em Antuérpia, no ano de 1871 Já naquela época, ao lado das 583 adesões de cientistas europeus e 7 norte-america­nos, figurava um brasileiro - o Imperador Dom Pedro II.

Em sua exposição de motivos ao presidente da República, os organizadores brasileiros do XVIII Congresso concluem dizendo: "O XVIII Congresso Internacional de Geografia constitui, além do mais, um acontecimento capaz de marcar o início de uma nova fase para a divulgação de conhe­cimentos sôbre o Brasil, Os Congressos Interna­cionais de Geografia têm, via de regra, uma par­ticipação numerosa. Já o certame de Londres ( 1895) contou com 1553 membros; o de Berlim, que lhe seguiu, 1500 membros; em Paris, reuni­ram-se em 1931 mais de mil geógrafos, e o Con­gresso de Washington, há pouco :reunido, contou com 1 500 inscrições. E que melhores propagan­distas poderíamos ter para o turismo no Brasil, que os geógrafos, por profissão habituados a ver e a descrever a paisagem? Saberão despertar, em suas aulas e conferências, o entusiasmo pelas belezas na­turais que irão conhecer pessoalmente em excursões por nossa terra e estimular o interêsse pela significa­ção científica das paisagens brasileiras percorridas".

Dois aspectos do Congresso do Rio de J a~ neiro transcedem à rotina corrente de reuniões internacionais, e mostram o entusiasmo lúcido dês­se pequeno grupo de brasileiros que, sob o im­pulso dinâmico de Hilgard O'Reilly Sternberg, um dos expoentes da moderna geografia no Brasil, vêm trabalhando dia a dia, a fim de que o XVIII Congresso deixe benefícios tangíveis para o país.

Um dêles consiste na organização de cursos­a serem dados por professôres estrangeiros, por períodos de vários meses, em nossas Faculdades de Filosofia. Muitos eminentes especialistas, al­guns dêles de renome mundial, já manifestaram interêsse em lecionar, em língua portuguêsa, fran­cesa ou espanhola, não só no Rio ou em São Paulo, como também em outras cidades brasi­leiras

O segundo aspecto é o das excursões a se­rem realizadas, que pela sua natureza, aliando objetivos científicos e práticos, haverão de atrair muitos participantes estrangeiros. Durante as ex­cursões, que se realizarão umas no período ime­diatamente anterior ao Congresso, e outra:;; após seu encerramento, terão lugar seminários e serão preparados trabalhos e relatórios

São as seguintes as excursões: 1 - Planalto Centro-Ocidental e Pantanal Mato-grossense ( 18 dias); 2 - Zona Metalúrgica de Minas Gerais e Vale do Rio Doce (16 dias); 3 - Roteiro do Café e Frentes Pioneiras (15 dias); 4 - Vale do Paraíba, Serra da Mantiqueira e Região de São Paulo (10 dias); 5 - Planície Litorânea e Zona Canavieira do Estado do Rio de Janeiro (8 dias); 6 -Bahia (15 dias); 7- Nordeste (18 dias) ; 8 - Amazônia ( 24 dias); 9 - Planalto Meridional e Zonas de Colonização Européia ( 24 dias).

Já se encontram em campo equipes de geó­grafos brasileiros, organizando em todos seus deta­lhes essas excursões, com a colaboração das nos­sas grandes universidades, do Conselho N acionai de Geografia, da Prefeitura do Distrito Federal, do Jardim Botânico, do Departamento Nacional de Estradas de Rodagem, e dos governos estaduais

Na verdade o XVIII Congresso vem sendo or~ ganizado com um cuidado e visão que honram o Brasil, e que já vem sendo apreciado no estran­geiro, de onde já chegaram adesões de gente do porte de, para citar apenas uns poucos nomes:

Dr. L. Duddley Stamp, professor de Geogra­fia Social na London School of Economics e con­siderado por muitos a maior autoridade mundial em assuntos de "uso da terra"; Pierre Deffon­taines, um dos iniciadores do moderno movimento geográfico no Brasil, durante muitos anos profes­sor da Universidade de São Paulo e atualmente professor na Universidade de Barcelona; prof. Carl Troll, diretor do Instituto Geográfico da Universi­dade de Bonn e diretor da revista Erdkunde, prin­cipal figura da geografia alemã contemporânea, especialista em biogeografia tropical; prof. Maxi~ milien Sorre, da Sorbone; prof. Han Boek, dire­tor do Instituto Geográfico da Universidade de Viena e autor de importante investigação clima­tológica do Irão; prof. Clarence F. Jones, chefe do Departamento de Geografia da Northwestern University nos Estados Unidos, recentemente pre­miado pela excelência de sua investigação sôbre o uso da terra em Pôrto Rico .

Personalidades como essas, e centenas de ou­tras, da ciência geográfica mundial, percorrerão regiões brasileiras nas excursões organizadas, em grupos dirigidos e secretariados por geógrafos bra­sileiros, e se verão face a face com problemas im­portantes de nossa geografia Para sua solução, êles trazem pontos de vista originais e uma baga­gem de conhecimentos acumulada em outras terras. Discutirão e debaterão os problemas in loco com nossos cientistas, prepararão mon9grafias sôbre êsse trabalho de campo.

Na realidade, o XVIII Congresso Internacio­nal de Geografia merece ser apoiado financeira~ mente e plenamente prestigiado pelo govêrno bra­sileiro, a fim de que o esfôrço, já desenvolvido pelos nossos cientistas possa continuar no mesmo ritmo e dar todos os resultados esperados. HERNANE TAVARES DE SÁ.

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Através da Imprensa

AGENTE DE ES'T A TÍSTICA PERGUNTADOR INVETERADO

ND jornal "O Povo", de Fortaleza (edição de 4 de julho), o Agente de Estatística Germa­

no Pontes publicou uma reportagem sob o título acima e com os seguintes subtítulos: "Anda de porta em porta, de colônia em colônia, de sítio em sítio, indagando o que o povo tem para que o Brasil saiba o que possui - Herói anônimo, a cavalo ou a pé, o estatístico municipal penetra no mais recôndito interior da Pátria - A maioria dos Agentes de Estatística do Ceará é uma verdadeira plêiade de intelectuais prestando os seus serviços à Nação".

A reportagem é a seguinte:

H Á uma classe de funcionários públicos no País, a quem ainda não se dá o merecido e justo

valor Afora o âmbito da Repartição, cujos Che­fes, os de boa vontade, reconhecem, com profundo respeito, o trabalho e a luta dêsses servidores, o resto os tem como simples empregados de baixa ca~ tegoria, não merecendo, por êsse errôneo conceito, o apoio moral e material a que fazem jus.

A essa classe entretanto, há mais de oito anos, eu me orgulho de pertencer. E, na função ou fora desta, sempre procurei elevá~la, defendê-la. Sempre a distingo como a religião a que pertenço, como a família de que faço parte. E se alguma coisa honra a minha vida, comparo~a ao cumpri~ menta do meu dever, porque estimo o cargo que exerço como o pintor ama o painel que lhe dá glória, o artista, enfim, a obra que o imortaliza

Como se vê, tenho orgulho de ser Agente de Estatística Em dizer isto, sei que me exponho a que o meu círculo social diminua, a que muitos me evitem, porque, afinal de contas, não estamos ainda no lugar que merecemos Todavia não im~ porta Um dia a minha classe terá o seu apogeu e o bastante é que os porvindouros colegas respei­tem, pelo menos, a nossa memória, saibam que sofremos para que êles vivessem um tempo melhor, para que o Brasil chegasse a se ufanar da sua es­tatística bem feita, por funções bem representadas.

E a tarefa é muito árdua. Em qualquer mu~ nicípio do Brasil encontramos um Agente de Es~ tatística coletando dados para um cômputo geral, anotando tudo o que se relaciona com a vida da comuna onde funciona e remetendo essas anota­ções para os Serviços Técnicos. Em cada comuna êle quer saber quantos bovinos, ou suínos, ou ca­prinos foram abatidos no mês, quantos meninos se batizaram, quem se casou, quem morreu, quan­tos quilos de milho, de feijão, de farinha, de quei­jo, de quiabo, o município está produzindo. E isto êle consegue indo de porta em porta, de colônia em colônia, de sítio em sítio, perguntando, inda­gando, insistindo junto aos produtores E as Re~ partições Técnicas, nas capitais dos Estados, Ter­ritórios e no Rio de Janeiro não querem saber se a coisa está dando trabalho. Querem é que o Agen­te mande, arranque das fontes e lhes remeta den­tro de prazos pré-estabelecidos, os dados, que irão figurar em volumes bem impressos e que na rea­lidade representam o suor e a epopéia ilustre e patriótica do anônimo estatístico municipal E o Agente, para cumprir o seu dever, para cumprir à risca êsses prazos, desdobra-se, vai a cavalo ou a pé, atravessa rios de nado, passa fome, visitando fazendeiro por fazendeiro, produtor por produtor, industrial por industrial, a fim de saber o que êles têm, o que estão fazendo, para que o Brasil, para que nós, os brasileiros, tenhamos uma noção exata do que produzem êstes oito e meio milhões de quilômetros quadrados da Terra de Santa Cruz

E, mais ainda, levarmos ao conhecimento do es­trangeiro, levarmos para fora das fronteiras da Pá­tria, a conta do que somos, do que possuímos, do que fazemos, por aqui, o que nasce nessa terra que, segundo Pera Vaz Caminha, tudo dá

INTELECTUAIS A SERVIÇO DA PATRIA - Coisa bem interessante e que me faz fugir à modéstia, é que nós, os Agentes de Estatística, não somos meros, "curiosos" ou rapazinhos de ins­trução primária, como quer entender a maioria mal­informada. Pelo menos aqui no Ceará os estatís­ticos municipais, com raras exceções, formam uma ilustrada plêiade de intelectuais, prestando os seus serviços à Nação Dêem um passeio a Marangua~ pe e lá o Sebastião Alves lhes dirá que o seu romance está no prelo em São Paulo Abram o jornal "O Povo", que lá está alguma coisa bem redigida do Julio M. Braga, de Iguatu Leiam o "Correio do Ceará", a "Gazeta de Notícias", o "Unitário" e o "Estado", vejam a coluna dos mu~ nicípios, que lá estão, na maioria dos correspon­dentes, os Agentes de Estatística do sertão, escre­vendo, informando, dando notícias. Se andarem por Acaraú, o Nicodemus Araujo lhes declamará seus bonitos poemas. Vão a Boa Viagem e pro­curem o estatístico local que, naturalmente, é o rapaz mais feio da cidade, mas que guarda atrás da máscara exótica do rosto uma invulgar inteli~ gência. E assim por diante. Eduardo Silva e Me~ ton Maia, de Limoeiro do Norte, o contabilista Edmar Demétrio, do !pu, e muitos e muitos ou­tros talentos, estão espalhados no interior do Cea­rá a serviço da estatística brasileira. E na função nem se fala. Todos são verdadeiros doutores. E o que é fato é que gente bôba não faz estatística.

FUNCIONANDO EM GABINETE E NO CAMPO - Há, entretanto, uma dualidade - con­traste na função do Agente de Estatística O IBGE "pagou" às Agências móveis luxuosos e bo­nitos De modo que uma repartição da Estatís­tica, nas cidades do interior, é bem instalada de chamar atenção Para haver harmonia entre o mo~ hilário da Agência e o Agente, êste tem que, pelo menos, trajar-se direitinho e exibir, também, a sua gravata. É sempre assim que encontramos êsse funcionário no seu gabinete de trabalho En­tretanto, os informantes, por mais que sejam cha­mados e intimados, não vêm a êsse gabinete pres­tar as informações necessárias ou exigidas Aí é quando o Agente se transforma, viajando pelo in­terior do município, indo ao encontro de todos, ora usando um péssimo animal alugado (no interior não se emprestam nem alugam as boas monta~ rias) , ora a pé. :Éste ano que o inverno foi de encher tudo, alguns dêsses servidores tiveram in­clusive, de atravessar rios cheios a nado, com o papelório dentro da pasta de couro e esta prote­gida por um encerado

MUITO MAL REMUNERADO AINDA -O IBGE, graças a Deus, tem procurado, nos últi~ mos anos, solucionar o principal problema do Agen~ te de Estatística: uma remuneração adequada. En­tretanto, tendo-se em vista o alto padrão de vida e a maneira como se devem conduzir os funcioná~ rios ibgeanos, no tocante à indumentária e à ins­talação e subsistência de suas famílias, o salário que percebem ainda é relativamente baixo Mui­tos outros servidores federais, de outros Ministé~ rios e outras autarquias, milhares dêles sem o co­nhecimento nem a responsabilidade dum estatístico municipal, ganham vencimentos muito superiores. Vivemos expedindo constantes SOS. E temos a

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236 REVISTA BRASILEIRA DOS MUNICÍPIOS

ce:rteza de que, em breve, nossa situação se norM malizará nesse tocante, em vista da grande ati­vidade que ora desenvolvem, em nosso benefício, os membros da Secretaria~Geral do Conselho Na­cionai de Estatística

Além de tudo isso, dêsse olhar de indiferença que sofremos anos a fio, sem culpa nenhuma da

direção do IBGE no Rio que, diga-se de passagem, tudo tem feito para melhorar a nossa sorte, o po­vo do sertão a quem servimos de alma e bom gos­to, dentro e fora do nosso setor funcional, e em cujo espírito procuramos introduzir, todos os dias, a compreensão sôbre a nossa tarefa, ainda mur­mura, depois que presta um informe: "Que su­jeito perguntador, danado! ... "

O DESENVOLVIMENTO DAS CIDADES

Os Estados Unidos tiveram, principalmente na segunda metade do século passado e no pri~

rneiro quartel dêste século, um desenvolvimento in~ vulgar. Chocante Os europeus habituados a bai~ xos níveis de crescimento ficaram impressionados. A admiração invadiu todos os Continentes, e com bastante razão De fato, durante algumas déca~ das, os índices de crescimento estadunidenses fo~ ram os maiores do mundo Tudo crescia por lá espetacularmente. A produção, a população do país, as cidades Hoje, não é mais assim Os índices de crescimento de vários países superam muito os dos Estados Unidos. Os índices de cres­cimento do Brasil são bem maiores que os dos Es~ tados Unidos, e não raro ocupam o primeiro ou o segundo lugar no mundo Os alemães, estudiosos, pesquisadores, frios, sabem disto Daí dizerem que o Brasil é o país de mais futuro em todo o mundo, e estarem instalando grandes indústrias em nossa tex:ra Querem, muito acertadamente, aproveitar ao máximo nossa atual fase de expansão Querem crescer conosco. Naturalmente, muito mais rápi­do seria nosso progresso se o Congresso abando~ nasse uns tantos anteprojetos de lei e preocupa­ções de.magógicas e politiqueiras e aprovasse o an­teprojeto que cria a Eletrobrás, que nos dará qui­lowatts-hora com abundância

Se o Brasil cresce aceleradamente em todos os setores, o desenvolvimento das cidades é ver­dadeiramente espetacular. Vejamos alguns dados.

Entre 1940 e 1950 Nova York cresceu de 5o/o (frações desprezadas) ; Chicago, outrora ci­dade-cogumelo, de 6o/0 ; Boston, de 4o/o; Detroit, de 13%; Filadélfia, de 7%; São Luís, de 5%; São Francisco, de 22o/o No mesmo período, o Rio de Janeiro cresceu de 36%; São Paulo, de 67%; Recife, de 53%; Pôrto Alegre, de 48%; Fortaleza, de 56%; Belém, de 27%; Belo Hori­zonte, de 71 o/0 ; Salvador, de 44o/0 ; Manaus, de 44% Das cidades capitais, Rio Branco, Acre, ba­teu o recorde com 78o/o.

Se compararmos o crescimento de nossas ci­dades com as de outras grandes cidades dos paí­ses de aquém Elba, verificaremos que São Paulo cresceu violentamente, muito mais que qualquer outra cidade de mais de um milhão de habitantes. Entre as cidades de mais de um milhão de habi­tantes, parece ser de fato, a que mais ràpidamen­te cresce em todo o mundo Tinha 239 000 habi­tantes em 1900; 579 000, em 1920; 1 326 000, em 1940; 2 227 000, em 1950. Hoje, deve ter 3 milhões de habitantes O grande São Paulo deve ter quase 3 e meio milhões de habitantes O cres~ cimento do Rio de Janeiro também é muito gran­de: 691 000 habitantes em 1900; 1157 000, em 1920; 1 764 000, em 1940; 2 413 000, em 1950 Atualmente, tem aproximadamente 3 milhões de habitantes . O grande Rio de Janeiro, deve ter 3 e meio milhões. Em 1960, o Rio deverá ter 3 e meio milhões de habitantes e o grande Rio tal­vez 4 n1ilhões

UM exame meticuloso de dados estatísticos mos­tra que as cidades brasileiras entraram numa

fase de desenvolvimento verdadeiramente impres~ sionante Belo Horizonte, por exemplo, quadrupli­cou a população nos últimos vinte anos Terá um milhão de habitantes antes dos 65 anos de ida­de Ê espantoso e sem exemplo, nos tempos que correm, pelo menos aquétn do rio Elba. Londrina

I

Mas crescimento vertiginoso, para cidade de mais de 100 000 moradores, é o de Belo Hori· zonte Parece bater todos o recordes Cidade inau­gurada em 1897, tinha 13 000 habitantes em 1900; 55 000, em 1920; 211 000, em 1940; 366 000, em 1950 Terá, em dezembro dêste ano, meio milhão de habitantes e 600 000 em dezembro de 1956 l-Iaverá cêrca de um milhão de belo-horizontinos em 1961 A cidade-cogumelo terá, então, 64 anos de vida É algo de assombroso

Avalia-se melhor o crescimento espetacular de Belo Horizonte quando se o compara com o de algumas grandes e prósperas cidades européias: Paris, 2 500 000, em 1890; 2 720 000, em 1910; 2 850 000, em 1950; Marselha, França, 410 000, em 1890; 495 000, em 1910; 636 000, em 1950; Bordéus, França, 255 000, em 1890; 256 000, em 1910; 257 000, em 1950; Londres, 4 100 000, em 1890; 4 900 000, em 1910; 4 997 000, em 1950; Hamburgo, 570 000, em 1890; 803 000, em 1910; 1 722 000, em 1950; Lisboa, 280 000, em 1890; 356 000, em 1910; 783 000, em 1950; Pôrto, 106 000, em 1890; 168 000, em 1910; 281 000, em 1950; Viena, 1 400 000, em 1890; 1 713 000, em 1910; 1 766 000, em 1950. As sete maiores cidades brasileiras tinham, respectivamente, em 1890, e em 1950, os seguintes habitantes: Rio, 522 000 e 2 413 000; São Paulo, 64 000 e 2 227 000; Recife, 111 000 e 534 000; Salvador, 174 000 e 424 000; Pôrto Alegre, 52 000 e 401 000; Belo Horizonte, 13 000 e 360 000; Fortaleza, 40 000 e 2 80 000 , Os dados franceses se referem a 1954 A grande Paris (Paris e cidades vizinhas) tinha 6 438 000 moradores, em 1954. A grande Londres (Londres e cidades vizinhas) 8 346 000 habitantes, em 1950.

O crescimento espetacular de Belo Horizon­te deve-se a vários fatôres O clima é agradabi­líssimo, graças à sua situação geográfica (alturas do paralelo 20) e à sua altitude ( 900 metros no centro, mais de 1 000 em alguns bairros) . É ca~ pita! de um grande Estado. Está em fase de ra­pidíssima industrialização. Em 1936, havia 483 fábricas, com 8 723 operários Produziam manufa­turas que valiam CrS 100 milhões Em 1946, 1 228 fábricas, com 20 908 operários. A produção era avaliada em Cr$ 815 milhões. De então pa­cá, a evolução foi muitíssimo mais rápida. Ade­mais, Belo Horizonte entrou em cheio na indús­tria pesada

Belo Horizonte, para não perder o seu atual ritmo de crescimento, precisa de um cinturão ve:r­de, de boas estradas asfaltadas ligando-a ao Rio, São Paulo. Triângulo, etc Algumas estão em cons­trução . Necessita de muita eletricidade. Só a Ele­trobrás dará a Belo Horizonte e ao Brasil ener­gia elétrica nas devidas quantidades O Brasil é um país freado pela escassez de quilowatts-hora. E o Congresso está contribuindo para isso.

II

tem um quarto de século, trinta a quarenta agên­cias bancárias, talvez 40 mil habitantes, todo o confôrto de uma grande cidade. Seu hotel de mais nome aloja-se num edifício de vinte pavi­mentos, provido de ar condicionado. Também crescem ràpidamente Bauru, Campo Grande, Lucé­lia, Marília, Arapongas, Goiânia, Caxias do Sul e muitas outras cidades das zonas novas. Até Rio

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ATRAVÉS DA IMPRENSA 237

Branco, no Acre, deve ter dobrado a população em treze anos São Paulo é a cidade milionária que mais cresce no mundo Está destinada, afirmam os estatísticos, a ter oito milhões de habitantes. Rio de Janeiro cresce anormalmente, bem como algumas Cidades de sua constelação - Niterói, Duque de Caxias, Nova Iguaçu, São Gonçalo ..• Cêrca de 100 mil moradores novos chegam anual­mente à aglomeração carioca Recife, Fortaleza, Pôrto Alegre estão em plena desfilada A pri­meira, com Olínda, cujas casas se confundem com as dela, terá um milhão de moradores em 1960 ou 1962 Pôrto Alegre chegará a 1960 com tal­vez 600 000 moradores, e Fortaleza com uns 430 000

Por que cresce1n as cidades brasileiras tão rà­pidamente? Por que muitas delas se transforma­ram em cidades-cogumelos? Procurarei resumir em poucas palavras o que outros, bem mais capazes deveriam explanar longamente, pois o fenômeno impressiona e é geogràficamente muito interessante ..

Há o crescimento natural da população. Co­mo a população brasileira entrou numa fase de crescimento muito rápido é natural que as cida­des participem dêste surto. Entre 1940 e 1950, a população brasileira cresceu de 27 ,6o/0 • Outros ín­dices: Colômbia, 24,2%; Argentina, 22,0%; Chi­le, 18,9o/o; Canadá, 18,8o/0 ; Estados Unidos, 14,6o/o; Espanha, 10,0%; Portugal, 9,8%; França, 5%

O Brasil recebe, em média, anualmente, mais de 80 mil imigrantes. Têm êles a tendência, ho­je muito acentuada, de ficar nas grandes cida­des. Os portuguêses, espanhóis, italianos, alemães, etc , que se encontram no Rio, povoariam uma grande cidade O mesmo sucede, em escala maior, em São Paulo, e em escala menor, mas ainda acen­tuada, em Curitiba, Recife, Pôrto Alegre, Belo Ho­rizonte, etc últimamente, boa parte dos imigran­tes consta de técnicos para as indústrias, princi­palmente para as novas indústrias A Manesmann, por exemplo, levou centenas de alemães para Belo Horizonte.

O ritmo de nossa industrialização está muito longe de ser satisfatório. Não resta dúvida1 porém, que no momento, se alinha entre os mais rápi­dos. Embora São Paulo esteja muito à frente das outras províncias, as estatísticas mostram que, ao arrepio das idéias de muita gente, a industria­lização é geral, se processa nas zonas mais ines­peradas Assim, de acôrdo com o IBGE, o Acre tinha (sim, o Acre) 34 estabelecimentos indus­triais em 1940 e 52 em 1950 O valor da pro­dução passou de Cr$ 978 000,00 em 1940, a Cr$ 9 846 000,00 em 1950. São pequeninas in­dústrias, não há dúvida. Mas progresso houve, e acentuadíssimo. O Ceará também progrediu indus­trialmente: 789 estabelecimentos industriais em 1940, cuja produção valia Cr$ 104 394 000,00 e, em 1950, respectivamente, 2 652 e. . . . . . . .. Cr$ 922 450 000,00 Em Pernambuco, em 1940, e em 1950, respectivamente: 1 877 e 3 633 in­dústrias. Valor da produção: Cr$ 807 646 milhei­ros e Cr$ 4 583 205 milheiros. Muitas vêzes se esquece que Recife é um dos grandes centros in­dustriais do país. Há, em Recife e proximidades,

além de siderurgia, fábricas de papel, cimento, te­cidos, discos, metalurgia, etc indústria grande, va­riada, muito próspera, em ascensão Espera-se que agora, dispondo da energia farta e barata de Pau­lo Afonso, terá um desenvolvimento muito grande, A fábrica de adubos instalada nas proximidades de Olinda tem influência nacional Contribuindo para o crescimento carioca há as indústrias do Distrito Federal e do Estado do Rio. Em 1940, havia 2 405 indústrias fluminenses e 4 169 cariocas, cujas pro­duções foram respectivamente avaliadas em . . . . Cr$ 860 729 milheiros e Cr$ 3 321 643 milheiros. Em 1950, 3 856 indústrias fluminen<es e 5 681 cariocas, cujas produções foram, respectivamente, avaliadas em Cr$ 7 320 673 milheiros e ....... . Cr$ 17 497 670 milheiros O Rio nãu é, como em regra se pensa, uma cidade de funcionários públi­cos e comerciantes. Está altamente industriali­zada.

A industrialização, aqui como alhures, provo­ca o êxodo rural No Brasi11 o êxodo é fatal e, dentro de certos limites, benéfico. Quase sempre o camponês, que quase nada produzia e consumia, que era um pêso morto, passa a produzir e con­sumir razoàvelmente, eleva o padrão de vida, se torna útil à coletividade. E o êxodo rural não sig­nifica redução de produção agropecuária.

Todos os países ricos têm pequena porcenta4

gem de seus habitantes dedicada às fainas agríco­las. Dedicam-se à agricultura 15% da população ativa dos Estados Unidos; 25o/o da francesa; 18o/o da alemã; 27% da canadense; 26% da argen­tina; 61% da brasileira Cêrca de 98% da po­pulação das Novas Hebridas, na Oceania, e 21% da de Nova Zelândia vivem da agricultura O pri­meiro país é paupérrimo; o segundo, riquíssimo Em conseqüência, o Brasil será muito mais rico e feliz que agora, quando diminuir muito a porcenta­gem de brasileiros que vivem da agricultura. E terá, nessa época, uma produção agrícola muito maior que agora, a exemplO do que se passa nos Estados Unidos, Canadá, Austrália e Argentina Posteriormente procurarei desenvolver minha tese. Antes disso, porém, quero dizer que sou favorável ao êxodo rural, até certo ponto, e a amplos mo­vimentos migratórios como os de nordestinos orien­tais para o Maranhão e províncias do Leste Meri­dional, Centro-Oeste e Sul Nos Estados Unidos, movimentos semelhantes se processam última­mente há até o despovoamento de Estados pouco povoados em benefício de Estados densamente po­voados mas potencialmente mais ricos

Há, parece-me, outros fatôres influindo no cres4

cimento acelerado das cidades brasileiras Tomado em conjunto, mostra que passamos ràpidamente, apesar dos pesares, de país agrícola, subdesenvol­vido, a país industrial e agrícola desenvolvido. A produção agropecuária brasileira talvez nunca te­nha progredido tanto quanto agora. A agricultura não tem, em regra, falta de braços Tem falta de máquinas, adubos, reprodutores, sementes e finan­ciamento. -- PIMENTEL GOMES,

Artigos publicados no "Correio da Manhã", do Rio, em 28/VII e 10/VIII

-URBANIZAÇAO

E Ml30RA não tenha atingido ainda as proporções de outros países, verifica-se no Brasil nítida

tendência à concentração demográfica nas cidades. O Laboratório do Conselho N aciona! de Esta­

tística estudou o fenômeno à luz dos dados dos dois últimos recenseamentos, demonstrando que, de 1940 a 1950, a população urbana aumentou de S 027 000 habitantes ou seja 56,5%

Para os objetivos da referida pesquisa consiM derou~se como núcleo citadino aquêle que contas­se com população superior a cinco mil habitantes. Em 1940, eram 324 as aglomerações dêsse tipo, com 8 899 000 habitantes, isto é, 21,6% da po­pulação brasileira Dez anos ·depois, o quadro era o seguinte: 478 núcleos urbanos, com 13 926 000 habitantes, correspondendo a 26,8o/o da população total do país.

O estudo em apreço distingue, nesse acréscimo, a parte devida ao desenvolvimento das 324 aglo-

R.B M.- 4

meraÇões urbanas constantes do censo de 1940, da­quela correspondente aos 158 novos núcleos incluí­dos em 1950, que abrangiam 1 197 000 habitantes Dessa forma., reduz-se a 3 844 000 habitantes, ou 43,6o/o, o aumento populacional das aglomerações urbanas registradas em 1940. Mesmo assim, a pro­porção é bastante elevada.

Êsse acréscimo resultou de excedente de 1 521 000 nascimentos e de 2 223 000 imigrantes, em sua quase totalidade provindos do meio rural De 1940 a 1950, o campo contribuiu, pois, numa proporção de seis décimos para o desenvolvimento de nossas cidades. Mais de um têrço do forte cres­cimento vegetativo das populações rurais alimenta o processo de concentração urbanística e, como ob 4

serva o prof. Jorge Kingston, são quase sempre os elementos em idades mais válidas, que emigram, originando-se, daí o elevado índice de crianças e adolescentes registrados entre os habitantes do campo em sua composição por idade.

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238 REVISTA BRASILEIRA DOS MUNICÍPIOS

O fenômeno urbanístico brasileiro se ongtna de várias causas: a rápida industrialização, as se­cas periódicas do Nordeste, o estacionamento ou a decadência econômica de certas zonas agrárias, o centralismo administrativo, a desigualdade na dis­tribuição das rendas públicas, a legislação social e de previdência de caráter exclusivamente cita­dino.

Não fôssem certos fatôres anormais, fàcilmen­te distinguíveis entre os acima enumerados, nada se teria a objetar contra tal tendência O Brasil estaria seguindo o esquema clássico do país em evolução da economia primária para a etapa in­dustrial

Mesmo porque nem sempre o êxodo rural se faz em prejuízo da lavoura. Representa, ao con­trário, aperfeiçoamento É que os métodos mo~ dernos de cultivo, o emprêgo da máquina, aumen­tam a prpdutividade "per capita", libertando nu~

merosa mão de obra que vem atender às necessida­des da indústria.

O caso de São Paulo serve de exemplo Atualmente, sua população quase se divide em partes iguais entre o quadro urbano e o quadro rural. A concentração demográfica nas cidades, re sultante do rápido progresso do parque manufatu­reiro do Estado, não trouxe prejuízos à economia agrária. Indústria e agricultura evoluem de modo harmonioso, concorrendo ambas para a grandeza da terra bandeirante.

Seria contra~senso querer contrariar a tendên­cia natural ao urbanismo O necessário é elimi­nar os fatôres anormais que contribuem para ace­lerá-lo, em detrimento das atividades agropecuá­rias essenciais. - BRASÍLIO MACHADO NETO.

(Publicado no "Correio Paulistano", em 13/IV).

BIPARTIÇÕES DE MUNICÍPIOS

No periodo de julho de 1950 a dezembro do ano findo o número de municípios brasileiros

subiu de 1 894 para 2 372, verificando-se, portao~ to, um aumento de 478 novas unidades.

Num país em que, apesar do êxodo de po~ pulações rurais e do evidente desequilíbrio do cres­cimento demográfico de certas áreas em relação a outras, é constante o surgimento de novos fulcros de vida, desenvolvendo-se intensamente certos nú­cleos, a criação de municípios sempre foi conside­rada fenômeno saudável, indício de progresso, ne~ cessidade de dar autonomia a células que se ha­viam expandido. Na realidade, porém, desde quan­do a Constituição determinou a distribuição, em partes iguais, a tôdas as municipalidades do inte­rior, de um décimo da arrecadação federal do im­pôsto sôbre a renda, muitas assembléias estaduais viram no aumento intenso de unidades a contemplar um meio prático e simples de canalizar recursos da União para os seus territórios Daí. a proliferação que, tal como se vem processando, nada tem de saudável.

Uma demonstração bem nítida dessa circuns­tância está em que o aumento do número de dis­tritos, partes integrantes dos municípios, não ocor­reu proporcionalmente, como seria lógico Com efeito, enquanto na quantidade de municípios hou­ve o acréscimo acima mencionado, na de distritos a progressão foi de 5 434 para 6 124, tornando-se

evidente que a diferença de 690 não guarda har­monia nem coerência com aquêle, anteriormente citado, de 4 7 8 governos locais

O número de distritos, em cada município, va­ria muitíssimo, de um a dez, porém a freqüência maior passou a ser de apenas um ou dois distri~ tos, limitando~se portanto, quase geralmente, às próprias sedes sem quaisquer subunidades.

Trata-se, sem a menor dúvida, da simples caça à quota-parte que cada nova circunscrição disputa, por assim dizer, às 1 57 4 outras existentes ao ser promulgada a Constituição Federal, em 1946.

Resta acentuar que como a proliferação não se processou em todos os Estados, nem tampouco na mesma medida em cada Estado, as redivisões territoriais decretadas pelas assembléias legislativas vêm resultando em prejuízo do ideal, que é uma das afirmações mais nítidas da atual fase da vida institucional brasileira, de fortalecimento da vida municipal, pois a suplementação de recursos ima­ginada pelo constituinte para atender a problemas rurais fica parcialmente comprometida com a sim~ ples manutenção do governo autônomo e de um equipamento administrativo completamente vazio de possibilidades de atuar em proveito da comu­nidade.

(Publicado no "Diário de Notícias", do Rio, em 21/VI).

PETRóPOLIS: MUNICÍPIO INDUSTRIAL- O Município de Petrópolis, afamado

no mundo inteiro como um dos nossos principais centros de veraneio, é, sobretudo, do ponto de vista econômico, um grande parque industrial, o segundo do Estado do Rio.

No Censo de 1950, o valor de sua produção alcançava 740 milhões de cruzeiros anuais. Des­tacam-se as tecelagens de algodão, de lã e de fios artificiais, as indústrias de produtos ali­mentares e de papel e papelão. Nas indústrias de transformação se concentrava mais de um têrço (39%) da população ativa.

A produção agrícola do Município é de modesta expressão: em 1953 não ia além de 15 milhões de cruzeiros. A cultura de maior importância local é a do café ( 6 milhões de cruzeiros). Petrópolis é famoso também por sua desenvolvida floricultura. Em 1950 havia 596 estabelecimentos registrados na rubrica de "prestação de serviços", dentre os quais sobressaíam hotéis e restaurantes.

Na monografia que o CNE dedicou a essa próspera comuna fluminense, encontramos uma série de informações interessantes. Com uma população de 108 307 habitantes, dos quais 61 011 na cidade propriamente dita, Petrópolis aparece com uma taxa de alfabetização (68%) bastante melhor que a do Estado do Rio (56%). Sua posição como praça comer­cial é apreciável: um movimento conjunto de 480 milhões de cruzeiros no último Censo Comercial, sendo de notar a preponderância do comércio varejista sôbre o atacadista, aquêle com 73% do total das transações.

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Vida Municipal

MANAUS do Amazonas

AMAZONAS

Inaugurado o Instituto Christus

PARÁ

Alenquer - Instalada a Associação Rural. Ananindeua - Criada uma escola isolada na

localidade de Santa Rosa. * Teve início a cons­trução do prédio da Prefeitura

BELÉM - Realizados o XVIII Congresso Nacional dos Estudantes e a Conferência Nacional de Defesa da Amazônia. * Criado, pela Polícia Militar do Estado, em colaboração com o Depar­tamento Estadual de Segurança Pública, um corpo de vigilantes, destinado ao policiamento da Capi­tal * Tiveram início, pela Comissão Brasileira Demarcadora de Limites, em conjugação com a Comissão Venezuelana, os serviços de demarcação das fronteiras do Brasil com a Venezuela

Boa Vista do Iririteua - Instalado êste Mu­nicípio, constituído de terras do Município de Curuçá

Capanema - Iniciados os trabalhos de insta­lação da rêde de água potável da sede municipal.

Castanha1 - Inaugurada uma agência do Ban­co de Crédito da Amazônia

]acundá - Instalado o Município, desmem­brado de terras do Município de ltupiranga

Melgaço - Instalado o Município, desmem­brado do Município de Portei

Quatipuru - Instalado o Município, constituí­do de terras do Município de Capanema

Santa Maria do Pará - Instalado o Muni­cípio, desmembrado do Município de Igarapé-Açu.

Santarém - Instalado o Município, constituí­do do ex-distrito de mesmo nome e de parte do distrito de Boim, antes pertencentes a êste Muni­cípio

Santarém Novo - Instalado o Município, ex­distrito de mesmo nome pertencente ao Municí­pio de Maracanã

Santo Antônio do Tauá - Instalado o Muni­cípio, formado de território desmembrado do Mu­nicípio de Vigia

São João do Acangatá - Instalado o Muni­cípio, constituído de área desmembrada do Muni­cípio de Portel.

Soure - Iniciada pelo navio-motor Presidente Vargas, do SNAPP, a linha regular Belém-Soure e Belém-Mosqueiro.

Urumajó - Instalado o Município, ex-distri­to do Município de Bragança.

MARANHÃO

Brejo - Em construção a estação de passa­geiros do campo de pouso.

Parnarama - Inaugurado o prédio do Grupo Escolar Mestre Tibério.

Pinheiro - Em funcionamento o Pôsto de Puericultura da sede municipal.

PIAUí

Batalha - Fundado o Educandário Clóvis Melo, de ensino primário e complementar

]erumenha - Aberto crédito para a constru­ção do prédio destinado ao pôsto de saúde da sede municipal.

Monte Alegre do Piauí - Instalado o Muni­cípio, desmembrado do Município de Gilbués

TERESINA - Criado o Instituto de Águas e Energia Elétrica. * Realizou-se a III Concen­tração Rural. promovida pela Federação das Asso-

dações Rurais, em meio à qual foi inaugurada a Casa Rural do Piauí. * Inaugurada a agência telefônica do povoado de Morrinhos

CEARÁ

Baturité - Promulgada a lei que autoriza o executivo municipal a firmar contrato para a cons­trução do prédio destinado ao mercado público.

Brejo Santo - Em reconstrução a rodovia municipal que liga esta cidade ao Município de Porteiras

FORTALEZA - Instalada a Universidade do Ceará

Itatira - Em conStrução o prédio destinado à escola municipal da sede distrital de Lagoa do Mato * Fundada a Cooperativa Mista de Agricul­tores e Criadores

1 a;Juaribe - Inaugurados os prédios do Pôs­to de Saúde Dep Walter de Sá Cavalcante e do Grupo Escolar Governador Raul Barbosa

]ali - Em construção, pela municipalidade, um conjunto de prédios, onde serão instalados a Prefeitura, Câmara de Vereadores, Agência Muni­cipal de Estatística e Forum.

]uàzeiro do Norte - Inaugurado, sob a dire­ção da Sociedade Padre Cícero, o Abrigo dos Ro­meiros

Porteiras - Em construção estradas munici­pais que ligarão êste Município ao de J a ti e à Transnordestina e ao de Barbalha, via serra Ara­ripe

Sobral - Inauguradas a Maternidade Dr Ma­noel Marinho de Saboia, da Liga Sobralense de Assistência à Infância e à Maternidade e uma li­nha regular de ônibus ligando esta cidade à de Parnaíba * Lançada a pedra fundamental do pré­dio destinado à Creche Lúcia Pompeu.

Viçosa do Ceará - Inaugurado o prédio do grupo escolar e a estação radiotelegráfica muni­cipal.

RIO GRANDE DO NORTE

Angicos - Inaugurada urna agência do Ban­co do N ardeste do Brasil S A

Arês - Entregue ao tráfego a rodovia Pape ... ba-Carnaúba.

Goianinha - Inaugurada a Ponte Manoel Oto­ni de Araújo Lima, sôbre o rio Brandão, no perí­metro suburbano

Macaíba - Instalado um pôsto de subsistên­cia do SAPS

NATAL - Instalada a Caixa de Crédito da Pesca. * Inaugurados os prédios das Escolas Reu­nidas Professôra Leonor Lima, na praia de Re­dinha, sede da Organização das Voluntárias de Na tal, Clube dos Suboficiais e Sargentos da Aero­náutica, Escolas Reunidas Prof José Ivo, locali­zadas no bairro da Lagoa Sêca, e Delegacia Fiscal do Tesouro N acionai, que reunirá as repartições fazendárias. * Realizado o VIII Congresso N acio­nai de Estudantes Secundários.

Nísia Floresta - Fundou-se a Cooperativa Popular Mista de Nísia Floresta Limitada

Pau dos Ferros - Instalada uma sucursal do Banco do Nordeste .

São Bento do Norte - Em construção o tre­cho de estrada que vai dêste Município ao de João Câmara.

São José de Mipibu - Inaugurada a sede da Associação Esportiva Mipibuense

São Tomé - Iniciados os trabalhos de aber­tura da rodovia São Tomé-Lagoa das Marias, à altura de seu entroncamento com a do Seridó, que terá uma extensão de 67 km. * Realizados estudos para a construção do Açude São Tomé, sôbre o rio Potengi, na localidade de Barra

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240 REVISTA BRASILEIRA DOS MUNICÍPIOS

PARAíBA

A1agoa Grande - Inaugurados o serviço tele~ fônico urbano e interurbano e a iluminação elétri­ca da cidade

Antenor Navarro - Em construção a cadeia pública.

Araruna - Fundou-se a Escola Afonso Pe­reira, particular * Fundadas a Casa de Saúde e Maternidade N S de Fátima e Maria Júlia Ma­ranhão

Brejo do Cruz - Inaugurado o serviço de abastecimento dágua da sede municipal * Em construção, pelo Ministério da Aeronáutica em coo­peração com a Prefeitura, um campo de pouso.

Cajàzeir as - Iniciadas as obras de construção da cadeia pública estadual

Campina Grande - Em construção o Hospital D. Pedro I * Criado o serviço municipal de pronto socorro e a Faculdade de Ciências Econô­micas * Inaugurado, no distrito de São José da Mata, o Grupo Escolar Augusto dos Anjos * Inaugurado, pela municipalidade, o prédio onde funcionarão a Faculdade de Ciências Econômicas, Escola Técnica de Comércio, Biblioteca Pública e Escola de Artes.

Catolé do Rocha - A Prefeitura iniciou a insta!ação da rêde elétrica do povoado de Bom Sucesso

JOAO PESSOA - Inaugurados o ambulat6-rio e o mercado do Jardim Miramar, construídos pela Caixa Econômica Federal

Mamanguape - Iniciada a pavimentação da sede municipal.

Focinhos - Inaugurado o prédio da Prefei-tu r a

Solânea - Criada a Cooperativa de Crédi­to Agrícola * Teve início a construção dos pré­dios da cadeia pública e do pôsto de saúde

Sousa - Dotado de luz elétrica o povoado de Marisópolis

Teixeira - Inaugurado o Jardim de Infância Jesus de Nazaré

Uiraúna - Em construção o prédio destina­do à cadeia pública.

PERNAMBUCO

Garanhuns - Realizado o 1.° Congresso Per­nambucano de Odontologia.

Nazaré da Mata - Inauguradas as primeiras casas edificadas pela Prefeitura para residência de funcionários e operários municipais. * Instalada a Cadeia Pública

Petrolina - Inaugurada a Praça Dom Malan.

RECIFE - Criado o Banco da Prefeitura do Recife * Realizado, na Assembléia Legislativa, o ·Congresso de Salvação do Nordeste.

ALAGOAS

Capela - Instalado o Ginásio Maria Ima· •culada.

Delmiro Gouveia - Inauguradas as escolas municipais Guimarães Passos e Costa Rêgo loca­lizadas, respectivamente, na fazenda de Morros e povoado de Sinimbu. * Inaugurado o cemitério público

Mata Grande - Criadas as escolas munici­pais José de Aquino Ribeiro, João Malta de Sá, Alvino de Alcântara Ribeiro, Benedito Malta de Sá e Izídio Malta de Sá.

Pão de Açúcar - Fundadas as escolas Joa­quim Rezende, Cel Luís José de Melo e Prof. Ro­.sália Sampaio Bezerra, de ensino primário.

Piassabussu - Em construção o cais da ci­dade.

Traipu - Entraram em funcionamento as es­colas municipais situadas no povoado de Piranhas, fazenda Saco dos Medeiros e sítio Boqueirão, as­sim como sete escolas do Curso de Alfabetização de Adultos.

Viçosa Entregue ao tráfego a rodovia que liga a vila de Pindoba Grande à estrada Palmei­ra-Maceió.

SERGIPE

ARACAJU - Reiniciadas as obras de cons­trução do HoSpital da Clínica Psiquiátrica Adauto Botelho. * Lançada a revista Sergipe Ibegeano. * O Teatro de Cultura de Sergipe realizou o Se­gundo Festival de Arte do Centenário da Capital.

Car.ra - Instalada a Cooperativa Agrope­cuária

Pôrto da Fôlha - Inaugurado o Cine-Teatro Santo Antônio.

BAHIA

Barra - Realizadas a 7.3 Semana do Fazen­deiro e 6 a Exposição Agropecuária

Caetité - Inaugurado o campo de pouso da Base Aérea de Recife, cuja pista mede 1 100 me­tros de extensão por 30 de largura.

Canavieiras - A Cia de Transportes Aéreos Nacional Ltda inaugurou uma linha, que abrange êste Município

Caravelas - Inaugurado o Ginásio Sete de Setembro

Coaraci - Estabelecida a ligação telefônica entre a sede do Município e a vila de Almadina. * Instalado o Município, formado dos distritos de Almadina e Ccaraci, do Município de Ilhéus

Condeúba - Inaugurada a usina termelétri­ca da vila de Mandacaru

Ibicuí - Criada uma escola municipal no distrito de Ibitupã * Em construção o prédio des­tinado ao Colégio São Pedro.

Ilhéus - Entregue ao tráfego a Ponte Manoel Pereira de Almeida, sôbre o rio Aquipe, a qual liga êste Município ao de Una * Fundada a Asso­ciação de Beneficência Social de Sambaituba. * Em tráfego o Viaduto Catalão, que liga a Avenida Teresópolis ao bairro da Conquista * Autorizada pelo legislativo municipal a execução do serviço domiciliar de abastecimento dágua na vila de !ta­pitanga

lpirá - Inaugurado o Mercado Municipal. Itabuna - Instalado o Município de Ibicaraí,

ex-distrito dêste Município * Criado um pôsto de defesa agrícola * Inauguradas as sinaleiras elé­tricas da sede municipal * Em construção os gru­pos escolares de Cajueiro e Mangabinha.

Itajuípe - Instalado o Município, desmem­brado de terras do Município de Ilhéus

Ituaçu - Inaugurado o Pôsto de Puericul-tura

jacobina - Inaugurado o Parque Infantil, à Praça Barão do Rio Branco

Laje - Criada, na vila de Capão, a Escola Duque de Caxias

Maracás - Transcorrido o primeiro centená­rio de fundação do Município. * Instalados os distritos de Lagedo do Tabocal e Nova Itaípe

Miguel Calmon - Instalada a Comarca do Município

Monte Santo - Inaugurado o serviço de ilu­minação elétrica pública e domiciliar no povoado de Lagoa do Meio

Mucugê - Inaugurado o Mercado Público Mutuípe - Instalados un1a agência do Ban­

co Econômico da Bahia e o Parque Infantil Nilo Peçanha - Instalada a Comarca do Mu­

nicípio

Paramirim - Inaugurado o prédio do Grupo Escolar da sede municipal.

Queimadas - Instalada a Comarca do Mu­nicípio.

Ubatã. - Instalado o Município, desmembra­do de terras do Município de Ipiaú.

Urandi - Inaugurada a agência postal da vila de Guirapá.

Uruçuca - Instalado o Município, desmem­brado do Município de Ilhéus

MINAS GERAIS

Abaeté - Inaugurado o Grupo Escolar Ba­rão do Indaiá.

Alterosa - Instalado o Pôsto de Saúde da sede municipal

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VIDA MUNICIPAL 241

Araxá - Iniciada a abertura da rodovia que ligará êste Município ao Município paulista de Franca

Arcos - Fundada a Sociedade Anônima Gi­násio Arcoense

Areado - Autorizado pelo legislativo muni­cipal o funcionamento de feiras-livres

Barbacena - Inaugurado o Curso de Exten­são de Economia Rural Doméstica

BELO HORIZONTE - Em construção, no Km 9 da rodovia Belo Horizonte-Nova-Lima, a sede do Country Club de Belo Horizonte, cujo projeto está em parte a cargo do urbanista Burle Marx

Bonfim -:-- Em construção, com o aproveita­mento da cachoeira do Manso, uma usina elétrica no povoado de Cachoeira do Antunes, que terá a capacidade de 200 HP

Botelhos - Criada a Escola Rural Cachoeira do Carmo, localizada no bairro do mesmo nome

Brasópolis - Autorizada a municipalidade a executar as obras de abastecimento dágua dos dis­tritos de Olegário Maciel e Dias

Bueno Brandão - Em funcionamento o Pôs­to de Higiene

Cachoeira de Minas - Instalada a Comarca de Cachoeira de Minas

Cambuquira - Inaugurada a ZYV-52, Rádio Cultura de Cambuquira

Campo Florido ..___ Em construção o prédio destinado aos correios e telégrafos.

Capelinha - Reiniciada a construção da ro­dovia Capelinha-'vila dos Anjos, que ligará o Mu­nicípio ao de Teófilo Otoni.

Carangola - Inaugurado o serviço urbano de telefones automáticos.

Carmo da Mata -Inaugurado o Ginásio Prof. Eugênio Rubião, da Campanha Nacional de Edu­candários Gratuitos

Carrancas - Iniciadas as obras de eletrifica­ção do trecho ferroviário Minduri-Carrancas, da Rêde Mineira de Viação.

Cássia - Em construção a rêde de água po­tável destinada à sede municipal.

Cataguases - Instalado o Grupo Escolar Flá­via Dutra * Inaugurada a estação radiotelegráfica.

Comendador Gomes - Realizados entendimen­tos entre os governos estadual e municipal para a construção do Grupo Escolar Juscelino Kubitschek.

Congonhas - Autorizada pelo legislativo mu­nicipal a execução da nova rêde distribuidora de eletricidade e da rêde de alta tensão para receber energia elétrica da CEMIG. * Inaugurado o pré­dio do Lactário Odete Valadares, da Associação de Puericultura.

Conselheiro Lafaiete - Instalada uma agên­cia da Caixa Econômica Estadual * Inaugurado o campo de pouso local, cuja pista de 1 000 me­tros de extensão permite a descida de aviões de grande porte

Contagem - Fundou-se a Associação Rural de Contagem.

Coração de Jesus - Inaugurado o Cine-Tea­tro São José.

Cordisburgo - Realizada a 1.a Semana Ru­ralista Paroquial.

Corinto - Criada a Cooperativa dos Fazen­deiros * Inaugurada a Casa de Saúde Nossa Se­nhora de Fátima

Coronel Fabriciano do Município.

Instalada a Comarca

Cristais - Entregue ao tráfego a rodovia que Hga o Município ao de Campo Belo.

Curvelo - Realizada a XVI Exposição Agro­pecuária e Industrial.

Delf:m Moreira - Criada uma escola rural no povoado de Sertão dos Lemes.

Diamantina - Realizada a I Semana Rura­lista, promovida pela Diocese local e. pelo Serviço de Informação Agrícola do Ministério da Agricul­tura * Inaugurado o Pôsto de Reflorestamento.

Divinópolis - Firmado contrato entre a Cia Telefônica e a Ericsson do Brasil para fornecimen­to e instalação de telefones urbanos. * Lançada a pedra fundamental do edifício da Cooperativa dos Produtores de Leite, no bairro de Niterói

* Instalado um escritório da Associação de Crédi­to e Assistência Social (ACAR) . * Fundada a União Colegial dos Estudantes de Divinópolis. * Instalada uma agência do Banco do Brasil S A.

Formiga - Realizada a I Exposição Regional Agropecuária e Industrial.

Grão-Mogol - Procedidos estudos para o aproveitamento da cachoeira do Buriti no sentido de fornecer luz e fôrça à sede municipal.

Guia Lopes - Em execução as obras para o fornecimento de luz e energia à cidade.

Ibira=i - Criadas as escolas rurais Pedro I, General Osório e Monteiro Lobato, localizadas nas fazendas de Guatimi, Mata dos Taveiras e Barra Funda * Realizado empréstimo pela municipali­dade para a ampliação do serviço de abastecimento dágua

lnhaúma - Inaugurado, em Cachoeira de Ma­cacos, o Cine Ipiranga

Itaguara - Instalada a Comarca de Itaguara. Itamarandiba - Iniciados os trabalhos de ins­

talação do serviço de iluminação pública da vila de Aricanduva.

Juiz de Fora - Instalada a Sociedade Pesta­lozzi desta cidade * Realizou-se o IV Congresso Brasileiro de Hematologia e Hemoterapia

]uruaia - Realizados estudos para a insta­lação da rêde de abastecimento dágua da sede mu­nicipal.

Lagoa Santa - Fundado o Instituto Pio X Lambari - Em execução as obras da varian­

te da rodovia Lambari-Campanha e os trabalhos de ampliação do serviço de águas

Leopoldina - Realizada a XIX Exposição Agropecuária Regional.

Livramento do Brumado - Realizado o VIII Seminário Municipalista Baiano.

Malacacheta -Instalada uma agência do Ban­co Mineiro da Produção

Mateus Leme - A Caixa Econômica Estadual instalou uma agência neste Município.

Matipó - Fundado o Teatro de Cultura Dra­mática, cuja renda se destina à organização de uma biblioteca

Monte Azul - Em construção a praça de es­portes ·

Monte Carmelo - Iniciada a construção da estação rodoviária, localizada na praça Rio Branco. * Aberto crédito para a construção de uma pon­te sôbre o rio Perdizes, na estrada Monte Cp.rme­lo-Dourados

Monte Santo de Minas - Iniciadas as obras de pavimentação e rêde de esgotos na sede mu­nicipal

Montes Claros - Realizados estudos para a reforma do sistema de abastecimento dágua da cidade

Nepomuceno - Inaugurada a Rádio Clube de Nepomuceno.

Nova Lima - Em construção uma subestação de fôrça elétrica da Usina de Itutinga, que se des­tina a fornecer energia elétrica à Cidade Indus­trial, Belo Horizonte, Pedro Leopoldo e Morro V e­lho. * Em entendimentos o SESI, a Delegacia Especial do IAPC e o Sindicato local para que SOo/0 da arrecadação do primeiro, no Município, re­verta em serviços assistenciais ao operário.

Oliveira - Processados entendimentos entre os governos estadual e federal para, por intermé­dio da CEMIG e com auxílio dêsse último, se rea­lizarem as obras de construção da Usina Hidre­létrica do Anil.

Paracatu - Inaugurada uma linha de ônibus ligando esta cidade à de Vasante

Patrocínio - Fundada a Caixa Escolar Rural. Piranga - Entregue ao tráfego uma ponte de

cimento armado sôbre o rio Piranga * Estabele­cida a ligação telefônica entre esta cidade e o povoado de Manja Légua, distrito de Santo Antô­nio de Pirapetinga * Inaugurada a Ponte FloriaM no Peixoto Maciel, ligando a cidade à estrada de Conselheiro Lafaiete.

P.rapora - Em construção o prédio destina~ do ao Centro de Saúde do SESP

Pitangui - Constituída a Companhia Side­rúrgica Pitangui, cuja finalidade inicial será a mon­tagem de um alto~forno com capacidade de 50 toneladas diárias para produção de ferro gusa.

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242 REVISTA BRASILEIRA DOS MUNICÍPIOS

Pouso Alegre - Iniciados os trabalhos de instalação da rêde telefônica da sede municipal * Inaugurados uma agência do Banco do Brasil, o Grupo Escolar Dom Otávio e uma ponte de con .. ereto sôbre o rio Sapucaí Grande, na Rodovia Fer­não Dias * Feita a ligação rodoviária do campo de aviação com a Rodovia Fernão Dias

Ribeirão Vermelho - Inaugurado o prédio do Grupo Escolar Antônio Novais.

Rio Casca - Inaugurada a usina elétrica Jus­celino Kubitschek.

Rio do Prado - Iniciados os trabalhos de instalação da rêde de água potável para a cida­de * Entregue ao tráfego a rodovia municipal Rio do Prado-Palmópolis

Rio Espera - Instalada a Comarca de Rio Espera * Inaugurada uma agência do Banco de Minas Gerais S A

São Domingos do Prata - Por iniciativa da Sociedade Beneficente de Cultura, será construído um prédio em que serão instalados o Ginásio Es­tadual Marques Afonso e a Escola Técnica de Co­mércio Prateana

São Pedro dos Ferros - Inaugurado um cam­po de pouso particular, situado na fazenda Jother­Iândia, que permite a aterrissagem de aviões de grande porte

Tabuleiro - Inaugurados o Grupo Escolar Menelick de Carvalho e uma ponte de cimento armado sôbre o rio Formoso

Três Corações - Inaugurada uma linha de ônibus que liga esta cidade a Varginha * Em construção o conjunto residencial da nova Vila Mi­litar

Ubá - Instalado o Pôsto de Higiene e de Puericultura Milton Pothes Magalhães.

Uberaba - Lançada a pedra fundamental do Edifício dos Bancários * Realizado o Sétimo Con­gresso Médico do Triângulo Mineiro e do Brasil Central

Unaí - Instalada a Comarca do Município. Visconde do Rio Branco - Criados o Grupo

Escolar Laudelina Barandier e as Escolas Reuni­das Dr João Batista, estaduais.

ESPíRITO SANTO

Alegre - Criada uma escola singular esta­dual em Santa Maria, distrito de Ibltirama

Cachoeira de Itapemirim - Criadas escolas singulares estaduais em Fazenda da Serra, distrito de Cunduru e Santa Teresinha, distrito de Pacotu­ba * Realizada a XI Exposição Regional Agro­pecuária

Colatina - Fundada a Cooperativa de Con­sumo dos Funcionários Públicos e Bancários

Espírito Santo - Em construção a pista do campo de pouso do Aero Clube do Espírito Santo.

Guaçuí - Criadas escolas municipais em Ca­choeira Alegre e Segrêdo.

lconha - Criada uma escola municipal em Santo Antônio

Iúna - Instalada uma agência do Banco de Crédito Real de Minas Gerais S. A.

Mimoso do Sul - Iniciados os trabalhos de instalação da usina hidrelétrica na localidade de Caixa d'Água, distrito-sede

Muqui - Criada a Comarca do Município Nova Venécia - Inaugurada a nova rêde de

transmissão de energia elétrica. Santa Leopoldina - Inauguradas as instala­

ções de água potável para consumo da cidade São José do Calçado - Criada a Guarda Mu­

nicipal, às expensas do comércio e proprietários residentes na sede do Município.

Vala do Sousa - Instalado o Município, exw distrito de mesmo nome pertencente ao Município de Alegre

VITóRIA - Autorizado pelo legislativo mu­nicipal o funcionamento de feiras-livres * Trans­corrido o primeiro centenário de fundação da Bi­blioteca do Estado

RIO DE JANEIRO

Barra do Piraí - Realizada a X Exposição Agropecuária e Industrial Sul-Fluminense, organi~ zada pela Associação Rural caril a colaboração da Secretaria de Agricultura do Estado.

Bom Jardim - Lançada a pedra fundamen· tal da Santa Casa de Misericórdia

Campos - Lançada a primeira pedra do Hos­pital do Câncer Dr. Alvaro Alvim

Conceição de Macabu- Realizou~se, no Apren­dizado Agrícola, a VII Semana do Agricultor Flu­minense.

I taboraí Realizada a I Exposição Agro-In· dustrial

I taocara Entregue ao tráfego o trecho de estrada ligando o povoado de Batata! à sede do distrito de Laranjais

Maricá - Assinado contrato entre o govêrno do Estado e a Cia Brasileira de Energia Elétrica para o fornecimento de luz e energia ao Muni· cípio

NITERói - Realizada a I Conferência Ru­ral Fluminense * Lançada a pedra fundamental do Hospital da Associação dos Servidores Públicos do Estado do Rio de Janeiro (ASPERJ), loca­lizado no Saco de São Francisco.

Nova Iguaçu - Realizada a I Exposição In­dustrial.

Paraíba - Inaugurado o Grupo Escolar Mon­senhor Francisco, localizado na sede municipal

Petrópolis - Realizada a inauguração da Fa­culdade de Filosofia e Letras, pertencente à Fa~ culdade Católica desta cidade Instalada a Co­mtssao Municipal de Abastecimento e Preços (COMAP), * Teve lugar, em Quitandinha, sob o patrocínio do govêrno fluminense, a I Exposiw ção de Arte, Indústria e História.

Piraí - Instalada uma coletoria estadual em Santanésia, distrito dêste MunicípiO

Resende - Lançada a pedra fundamental da Estação Rodoviária do Itatiaia, à margem da Ro­dovia Presidente Dutra, entre os Km 156 e 157. * Realizou-se o Congresso de Defesa dos lnterêsses Flum~nenses

Santo Antônio de Pádua - Instaladas uma agência do Banco do Brasil S A , localizada no bairro de Pitangueiras e a agência postal do po­voado de Brejinho

São Fidélis - Criada a guarda noturna mu­nicipal

São João da Barra - Em funcionamento a Rádio Atafona, prefixo ZYP-28.

Teresópolis - Realizados o V Congresso Mé­dico do Estado do Rio e a VII Exposição Agrícola e Industrial

Volta Redonda - Instalada a Comarca do Município * Fundada a Associação Comercial, Industrial e Agropastoril de Volta Redonda * Em funcionamento a Casa da Mãe Pobre, de auxílio à gestante.

SÃO PAULO

Americana - Instituído pela municipalidade um concurso de monografias sôbre êste Município e o distrito de Nova Odessa, versando a história do Município desde a sua fundação.

Amparo - Realizou-se a Concentração das Estâncias Sanitárias, da qual participaram os pre~ feitos desta cidade e de Águas de Lindóia, Socor­ro, Serra Negra, Águas da Prata, Ibirá, Campos do Jordão, Atibaia, São Pedro, São José dos Cam· pos, Bragança Paulista, Pedreira, Itatiba e Monte Alegre do Sul

Analândia - Em construção uma usina para recebimento, beneficiamento e exportação de leite destinado à Capital do Estado

Araraquara - Inaugurado o serviço de abas­tecimento dágua do distrito de América Brasiliense.

Botucatu - Realizada a I Semana Ruralista, promovida pela Associação Rural em comemoração do primeiro centenário de fundação do Município.

Bragança Paulista - Construído pelo Estado, em terreno fruto de doação particular, o Aeroporto Artur Rodrigues de Souza

Campinas - Realizou~se, sob o patrocínio da Biometric Society, da União Internacional das Ciên­cias Biológicas, o Simpósio Internacional de Bio­metria.

Limeira - Inaugurado o Hospital da Socie­dade Humanitária Operária, construído às expen· sas de um grupo de trabalhadores.

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VIDA MUNICIPAL 243

Mirassol - Realizou-se uma concentração das Associações Rurais de Mirassol, Rio Prêto, Fer­nandópolis, Votuporanga, Nova Granada e Uchoa, na qual foram debatidos problemas do setor agro­pecuário. * Iniciados os trabalhos preliminares de construção da nova adutora.

Pindamonhangaba - Realizada a I Exposição Agrícola e Industrial

Piracicaba - Inaugurado o grupo escolar de Tranquinho, situado à margem da rodovia Piracica­ba-Rio Claro

Ribeirão Prêto - Realizada a li Convenção Regional dos Municípios * Adquirida, pela dire­toria executiva e o conselho da Biblioteca Cul­tural de Ribeirão Prêto, criada por vontade ex­pressa e legado testamentário de n.a Sinhá Jun­queira, grande área de terreno onde será erguido um edifício de dez andares, no qual funcionarão diversas dependências da Biblioteca

Rio Claro - Realizou-se a III Exposição In­dustrial

São José dos Campos - Lançado o semanário O Prefeito, de cunho humorístico.

SÃO PAULO - Fundada a Associação Pau­lista de Inventores, destinada a proteger os inven­tores brasileiros

São Roque - Realizada a V Festa do Vinho. Tietê - Ampliado o campo de pouso, cuja

área atual - 1 200 metros de extensão por 120 de largura -, possibilita a descida de aviões de grande porte

PARANA

Capanema - Instalada uma agência do Ban­co de Crédito da Atnazônia.

Carlópolis - Em construção o prédio da Pre­feltura

]acarezinho - Inaugurado o Seminário Dio­cesano de Assunção de J acarêzinho.

Londrina - Fundado o Correio Paranaense * Entregue ao tráfego o trecho da estrada de ro­dagem asfaltado entre Cambé e Araponga, da li­gação Maringá-Ourinhos, numa extensão de 40 qui­lômetros

Palmeira - Lançado o Jornal de Palmeira. Pato Branco - Inaugurados os serviços de

luz e energia elétrica da sede municipal.

SANTA CATARINA

Araranguá - Inaugurado o Ginásio Nossa Se­nhora Mãe dos Homens * Lançado o jornal Tri­buna do Sul, semanal.

Bom Retiro - Entrou em circulação a re­vista trimestral A Voz do Planalto * Em cons­trução o grupo escolar da localidade de Barracão, distrito de Catuíra

Criciúma - Inaugurado o serviço de luz elé­trica do distrito de Nova Veneza * Lançado o jornal Tribuna Criciumense.

]oaçaba - Incorporada à emprêsa aérea Cru­zeiro do Sul a Transportes Aéreos Catarinenses (TAC).

São Francisco do Sul - Inaugurado o pôsto médico do SAMDU e um pôsto de salvamento no balneário de Ubatuba

São Joaquim - Em construção um trecho de estrada de rodagem ligando a localidade de Bossa­roca, distrito de Urupema, à de Santa Isabel, dis­trito de São Joaquim.

São José - Instalada uma agência do Banco Indústria e Comércio de Santa Catarina S. A. (INCO)

RIO GRANDE DO SUL

Caí - Inaugurada a rêde elétrica da locali· dade de Conceição, distrito de Capela de Santana. * Efetuada a ligação das rêdes de luz e fôrça de Bom Princípio às da Comissão Estadual de Ener­gia Elétrica.

Canela - Instalado pela Secretaria de Agri· cultura um pôsto regional agrícola, que abrange o Município de Gramado.

Canaussu - Iniciado o calçamento da cidade. Caxias do Sul - Em construção a estrada

municipal São Jorge·Vila Sêca, que beneficiará uma vasta zona dos distritos de Criúva e Vila

Sêca. * Lançada a pedra fundamental da Esco­la Normal. * Realizada a 2.n Mesa Redonda do Comércio Varejista, que congregou os sindicatos sediados nesta cidade e nas de Pôrto Alegre, São Leopoldo, Novo Hamburgo e Taquara

Garibaldi - Inaugurado o Hospital Benefi­cente São Roque

ljuí - Fundada a Sociedade Ijuense de Am­paro aos Necessitados ( SIAN) . * Inaugurada a agência do Banco do Brasil

Iraí - Inaugurado o curso noturno Farias Brito, pré·ginasial e pré-contábil, instituição parti­cular em funcionamento no Grupo Escolar.

Júlio de Castilhos - Doada à municipalidade uma área de terras destinada à construção do Es .. tádio Municipal. * Inaugurada a Maternidade Dr Teodoro Ribas Sales, do Hospital Bernardino Sales de Barros .

Livramento - Inaugurada a Creche Santa Elvira, doação de particulares à municipalidade e destinada ao abrigo de menores. * Instalado o Abrigo de Velhos Mário Mota.

Montenegro - Lançada a pedra fundamen­tal do Hospital de Caridade da Sagrada Família

Passo Fundo - Realizou-se a 1.a Conferên­cia N acionai do Trigo * Fundada a Cooperativa dos Estudantes de Passo Fundo Ltda * Realiza­da a Semana Antituberculosa.

Pelotas - Realizado o V Congresso Brasilei­ro de Ciência do Solo, patrocinado pela Sociedade Brasileira de Ciência do Solo. * Proposta, no Se­gundo Congresso Tecnológico, a revisão do plano de eletrificação do Estado, visando a possibilidade de aumento imediato de energia

Santo Ângelo - Inaugurado o edifício do Palácio do Comércio

São Francisco de Assis _,__ Organizada a Guar­da Noturna * Lançado o jornal A Semana.

São Francisco de Paula - Lançada a pedra fundamental da sede do Círculo Operário de S~n Francisco de Paula * Realizou-se a III Concen· tração Rural Regional * Inaugurado o Pôsto de Puericultura.

São Leopoldo - Inaugurada a sede da agên· cia do Banco do Brasil S A.

São Lourenço do Sul - Em funcionamento o hospital da Santa Casa de Misericórdia

São Luís GOnzaga - Criada uma escola mu .. nicipal em Cerro dos Amaros, distrito de Pirapó.

Sarandi - Instalado o distrito de Vila Trin .. da de

Sobradinho - Criada a Sociedade Hípica Su­perense * Autorizada a criação do grupo esco­lar de Tamanduá * Estabelecida a ligação tele­fônica municipal de Várzea Grande e vilas de lba­rama e Arroio do Tigre com esta cidade

Taquara - Fundada a Associação Rural. Venâncio Aires - Em construção a Estação

Rodoviária e uma ponte sôbre o rio Gravataí, na localidade de Passo das Canoas, que ligará êste Município ao de Gravataí.

MATO GROSSO

Bataguassu - Inaugurada uma escola rural mista no povoado de Quebracho.

Campo Grande - Inaugurado o prédio do Grupo Escolar Dr Nicolau Fragelli.

Corumbá - Inaugurado o edifício dos Cor­reios e Telégrafos * Lançada a pedra fundamen­tal do Instituto do Sagrado Coração de Jesus, das Irmãzinhas de Jesus Adolescente

Coxim - Instaladas escolas municipais de en­sino primário nas localidades de J auru, Descanso, Corixão e Fortaleza.

Dourados - Inaugurado o Banco Agrícola de Dourados Sociedade Cooperativa de Responsabili­dade Ltda. * Em construção a estrada municipal que ligará a sede do Município à do distrito de Juti, via Pôrto Cambira. * Entregue ao tráfego uma estrada ligando o Município ao de Maracaju * Lançado o semanário A Luta. * Instalada a Pa­róquia N. S. da Glória, à margem direita do rio Dourados, no Núcleo Colonial Dourados

Nioaque - Em construção uma variante da rodovia Nioaque-Saltinho.

Paranaíba - Iniciada a construção da rodo­via Paranaíba-Pôrto Alencastro.

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244 REVISTA BRASILEIRA DOS MUNICÍPIOS

GOIAS

Buriti Alegre - Inaugurado o Estádio Edgard Martins.

Catalão - Realizou-se o VII Congresso de Estudantes do Estado de Goiás.

Corumbá de Goiás --:-- Iniciada a abertura de uma estrada rodoviária que liga esta cidade ao distrito de Olhos d' Agua.

Filadélfia - Entregue ao tráfego a estrada que liga a sede municipal ao distrito de Araguaína.

Formosa - Realizou-se a VI Exposição Re­gional de Animais, promovida pela Associação Ru­ral.

GOIÂNIA - Assinado decreto estadual que declara de utilidade pública o setor de localização da nova metrópole brasileira. * Inaugurado par­cialmente o aeroporto sito no bairro de Santa Ge­noveva, à margem da rodovia BR-14.

Goiatuba - Entregue ao tráfego a Ponte Afonso Arantes, sôbre o rio Meia Ponte, na rodo­via Goiatuba-Pontalina.

Itaberaí - Em construção o Hospital São Benedito S A.

Itumbiara - Inaugurado o Cine Walter Barra, com 1 200 cadeiras,

]ataí - Em construção o Grupo Escolar José Carvalho Bastos e um dispensário de combate à lepra. * Inaugurada uma agência do Banco Na­cional do Comércio e Produção S A. * Inaugura­do o Cine Imperador, dotado de ar condicionado, telas panorâmica e cinemascópica, som estereofô­nico e mil poltronas estofadas,

Luziânia - Em construção o grupo escolar da sede municipal e um prédio destinado à ins­talação de um hospital.

Mineiros - Iniciadas as obras de construção de uma usina hidrelétrica para fornecimento de luz e energia pública e domiciliar à sede muni~ cipal.

Morrinhos - Doados pelo legislativo mu~ici~ pal à Cia, Nacional de Transportes Aéreos 500 metros de terreno para a construção de um cam­po de pouso, um prédio destinado a uma estação de rádio e outros serviços.

Natividade - Levantada a planta da ponte a ser construída sôbre o rio São Valéria, na rodo­via Natividade-Peixe.

Orizona - Iniciada a construção de um cam­po de pouso da Fôrça Aérea Brasileira.

Paranã - Inaugurada pela Cia. Nacional de Transportes Aéreos uma linha Rio-Cristalândia, com escala nesta cidade.

Pires do Rio - Criadas escolas isoladas nas fazendas de Vargem e Cachoeira * Instalado um pôsto de subsistência do SAPS.

Porangatu - Efetuado o levantamento topo­gráfico da cidade para a execução do serviço de abastecimento dágua. "'= Iniciada a reconstrução da rodovia Porangatu-Matinba

Pôrto Nacional - Inaugurada uma escala da Nadonal Transportes Aéreos por êste Município "'= Realizada uma reunião de prefeitos, na qual foram debatidos assuntos de interêsse da região.

Santa Cruz de Goiás - Instalada a agência telegráfica da sede municipal.

Trindade - Inaugurado o Pôsto de Saúde.

Uruana - Iniciada a construção de uma pon­te sôbre o rio das Almas, à altura da usina hidre­létrica.

ARACAJU EM SEU PRIMEIRO CENTENÁRIO - O Município de Aracaju, que neste ano celebra o seu primeiro centenário de fundação e de elevação a Capital do Estado de Sergipe, transformou-se no espaço de cem anos, de uma simples povoação

de pescadores, num município cuja população atual é estimada em 85 mil habitantes. A ci­dade propriamente dita, com 67 539 habitantes no Censo de 1950, colocava-se em 24.0 lugar no país. Embora se inclua entre as menores capitais brasileiras em superfície, o município de Aracaju, com seus 300 km2

, é mais de quatro vêzes maior que o de Vitória, duas vêzes maior que os de Niterói e Recife, e ligeiramente menor que os de Fortaleza e Belo Horizonte.

A monografia "Aracaju", que o Conselho Nacional de Estatística elaborou em come­moração à efeméride, mostra-nos essa comuna em seus mais variados aspectos. O muni­cípio salienta-se como centro por excelência da vida econômica de Sergipe. Seu comércio atacadista realiza 78% das vendas do gênero no Estado, e o comércio varejista, 41%. Em 1953, apresentava um giro comercial de 700 milhões de cruzeiros, correspondente a 40o/0

do total estadual. Mais de dois terços do movimento de crédito e depósitos da Unidade são absorvidos pelos estabelecimentos bancários aracajuenses.

Também o parque industrial de Aracaju é de considerável significação dentro do Estado. Algumas indústrias (madeira, química e farmacêutica, editorial e gráfica) se con­centram quase integralmente na Capital. Econômicamente, a indústria têxtil é a mais importante do município, contribuindo com cêrca de 40% do valor da produção fabril. No setor agrícola, tem algum relêvo a cultura do côco-da-Bahia, de que Aracaju é o se­gundo produtor em Sergipe.

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Estatística ,Municipal

PROFISSÕES LIBERAIS - 1953

A REVISTA BRASILEIRA DOS MUNICÍPIOS divulga, no presente número, os resultados de inquéritos realizados pelo Serviço de Estatistica da Educação e Cultut·a sôbre a distribuição municipal, em 1953, do quadro de militantes de

seis profissões liberais importantes- médicos, dentistas, farmacêuticos, agrônomos, veterinário& e engenheiros. Em sintese, a ('ornposição dêsse quadto, pelas regiões lisiográficas, é a seguinte:

REGIÕES MÉDICOS

DENTIS- F ARMA- AGR6- VETERI- ENGE-FISIOGRÁFICAS TAS Cll:UTICOS NOMOS NÁRIOS NHEIROS

----------- ------ ------- ------ ------ ------ ------Norte 414 256 194 83 29 190 Nordeste 1 872 1 395 1 197 431 59 586 Leste 11 019 6 687 4 852 J 151 424 5 489 Sul 8 868 6 077 4 903 1 304 494 3 845 Centro-Oeste 388 464 417 72 32 108

TOTAL 22 561 14 879 I

11 563 3 041 1 038 10 218

O resumo se nos afigura expressivo quanto à deficiência geral dos profissionais das carreiras selecionadas, pois a melhÔr representada na estatistica, corr1 referência ao conjunto do Pais, revela apenas um contingente de 22 561 individuas dedicaáos à previsão e à cura de c:ioentes d'e uzna população que, em 1950, ja ascendia, segundo o recen­seamento geral realizado naquele ano, a cêrca de 52 milhões de habitantes, vinculados, teoricatnente, a urna área de mais de 8 e meio milhões de quilômetros quadrados.

A impzessão desfavorável, que sugerern os resultados nacionais, atenua-se quando as medidas estatfsticas passam a referir-se às tegiões fisiogtáficas, dando realce aos números que a cada um:o1 dizem respeito. E ainda menos sombria se torna quando se tomam para objeto da comparação, dentro de cada região fisiográfica, as unidades politicas da Federação e as condições heterogêneas das malhas que formam a rêde municipal.

Considerando, segundo as refez ir! as regiões e os municípios que nas mesmas se integzatn., a ausência de profissionais militantes, observam-se as relações seguintes:

REGIÕES FISIOGRAFICAS

Norte Nordeste Leste Sul . Centro-Oeste

TOTAL

Norte Nordeste Leste Sul Centro-Oeste

TOTAL

Em geral

98 428 675 632 112

945

100,00 100,00 100,00 100,00 100,00

100,00

Sem médicos

NÚMEROS

56 189 112

63 37

457

NÚMEROS

57,14 44,16 16,59 9,97

33,04

23,50

MUNIC!PIOS

Sem I Sem f arma~

dentistas cêuticos

ABSOLUTOS

46 50 150 86 115 78 40 21 27 16

378 251

PERCENTUAIS

46,94 51,02 35,05 20,09 16,99 11,56

6,33 .3,32 24,11 14,29

19,43 12,90

Sem Sem Sem agrô- veteri~ enge-

nomos nários nheiros

81 87 86 280 402 377 434 576 475 334 473 403

85 101 92

214 639 433

82,65 88,78 87,76 65,42 93,93 88,08 64,30 85,33 70,37 52,85 74,84 63,77 75,89 90,18 82,14

62,42 84,27 73,68

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246 REVISTA BRASILEIRA DOS MUNICÍPIOS

De 1945 municípios do Pais mais da quinta parte não possui profissionais da me­

dicina; os municípios onde não existem dentistas atingem quase um quinto; aproxima-se

de deis têrços o con6ngente dos que não cantam com agrônon1os; e, para velar pela

preservação da âqueza pecuária, apenas cêrca de 16% dcs municípios conta,m com

vetennários. As regiões menos desenvolvidas e mais carecentes de assistência técnica

especializada são justamente as rnais pobres ern pessoal competente para promover ("" dirit!.ir os empreendimentos construtivos necessários à valorização das fontes de

vida do País.

As deficiências flagrantes que patenteia a estatística de 1953 parecem indicar uma

situação que não é peculiar apenas às seis categorias profissionais focalizadas no tra­balho do SEEC, mas reflete as condições de todo u grupo constituído pelos ir.divíduos

que exercem as suas atividades no campo das carreiras liberais.

O Recenseamento de 1.0 de julho de 1950 registrou, enfle os habitantes do País

que exercem profissões daquela natureza, os totais de 64 631 hon1ens e de 14 227 mu­

lheres, que perfazem, reunidos, um contingente de 78 858 pessoas, isto é, 0,22% da

população de 10 e mais anos de idade, constituída pelo total de 36 557 990 habitantes. A situação das regiões fisiográficas em face dos resultados de extensão nacional c::;nfi­

gura-se nos números absolutos o relações que o quad1o abaixo consigna.

HABITANTES DE 10 E MAIS ANOS DE IDADE

REGIÕES Relação % sô bre o total FISIOGRÁFICAS

Em De

profissão De geral liberal Em geral profissão

liberal --~------------------ --~---- ------- ------- -------Norte 1 274 353 1 461 3,49 1,85

Nordeste 8 605 219 7 162 23,54 9,08

Leste 13 364 004 30 902 36,56 39,19

Sul. 12 131 764 37 467 33,18 47,51

Centro-Oeste 1 182 650 1 866 3,23 2,37

TOTAL 36 557 990 78 858 100,00 100,00

L;mita1no-nos a aludir a essas relações que se afiguram interessantes, sobretudo

como incentivo de estudos rnais apzofundados, para os quais os quadros porn1enoli­

zados oferecem abundante material analitico.

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ESTATÍSTICA MUNICIPAL 2J7

PROFISSÕES LIBERAIS - 1953

1. Distribuição por Unidades da Federação

MltDICOS DENTISTAS FARMAC:ll:UTICOS

UNIDADES DA Municípios FEDERAÇÃO existentes Municípios Profis- Municípios Profis- Municípios Profis-

que os si anais que os si anais que os sionais possuíam militantes possuíam militantes possuíam militantes

~------~---- ----~ ----- --~-- -----

Guaporé 2 2 16 ~ ~ 2 3 Acre 7 7 17 7 21 5 11 Amazonas 25 6 68 13 88 5 34 Rio Brancv 1 1 8 1 4 1 4 Patá 59 22 289 27 136 34 137 Amapá 4 4 16 4 7 1 5 MaranhãJ 83 16 111 39 112 50 130 Piauí 49 18 104 30 97 28 71 Ceará 79 47 329 66 329 71 301 Rio Grande do Norte 48 23 136 23 132 35 90 Paraíba. 42 33 224 36 137 40 139 Pernambuco (1) 90 71 811 62 484 86 371 Alagoas 37 31 157 22 104 32 95 Sergipe 42 18 104 14 72 16 40 Bahia 150 123 1 166 100 493 123 370 Minas Gerais 388 331 2 470 355 2 431 367 1 800 Espírito Santo 36 32 204 33 239 33 211 Rio rle Janeiro. 58 '58 962 57 707 57 592 Distrito Federal (21 1 1 6 113 1 2 745 1 1 839 São Paulo 369 337 5 963 350 3 796 (3) 361 (3) 3 266 Paraná. 119 97 886 102 788 109 553 Santa Catarina 52 43 283 48 227 51 345 Rio Grande do Sul 92 92 (4) 1 736 92 (4) 1 266 90 739 Mato Grosso 35 23 154 23 133 28 95 Goiás 77 52 234 62 331 68 322

BRASIL 1 945 1 488 (5) 22 561 1 567 (5) 14 879 1 694 (5) 11 563

AGRÔNOMOS VETERINÁRIOS ENGENHEIROS

UNIDADES DA Municípios FEDERAÇÃO existentes Municípios Profis- Municípios Profis- Municfpios Profis-

que os si anais que os sionais que os si anais p~SSUÍJ.m militantes possuíam militantes possuíam militantes

---~~----- --- --~--~ ----- --~-- ---~~ ----~

Guaporé 2 1 1 ~ ~ 2 10 Acre 7 2 9 1 1 1 1 Amazonas 25 2 16 1 2 2 18 Rio Branco 1 1 5 ~ ~ 1 4 Pará 59 9 45 7 22 5 133 Amapá 4 2 7 2 4 1 24 Maranhã,:) 83 9 20 3 3 1 18 Piauí 49 11 21 2 4 5 26 Cearã 79 35 102 7 13 5 79 Rio Grande do Norte 48 19 42 1 1 4 18 Paraíba. 42 19 77 4 6 11 51 Pernambuco (1) 90 42 143 7 28 18 337 Alagoas 37 13 26 2 4 7 57 Sergipe 42 13 31 4 5 8 35 Bahia 150 60 273 8 18 42 SOl Minas Gerais 388 109 367 52 165 115 1 148 Espírito Santo 36 21 37 11 15 8 44 Rio, de Janeiro. 58 37 127 23 64 26 247 Distrito Federal (2) 1 1 316 1 157 1 3 514 São Paulo 369 160 (4) 745 58 (4) 217 116 (4) 2 398 Paraná. .. 119 60 178 27 73 42 525 Santa Catarina 52 21 (41 45 19 30 23 130 Rio Grande do Sul 92 57 336 55 174 48 (4) 792 Mato Grosso 35 10 44 7 20 11 56 Goiás 77 17 28 4 12 9 52

BRASIL 1 945 731 1(5) 3 041 306 (5) 1 038 512 !5) 10 218

(1) Para o Recife, profissionais presentes em 1.0 de julho de 1950. - (2) Profissionais presentes em 1.0 de julho de 1950. - (3) Sem os dados correspondentes ao Município de Santos. - (4) Profissionais militantes em 1952. - (5) Com as deficiências anotadas.

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248

MUNICÍPIOS

PORTO VELHO Guajará Mirim

RIO BRANCO BrasilHa .. Cruzeiro do Sul Feijó .. . . .. Sena Madureira Tarauacá. Xapurí

MANAUS* Barce1os Barreirinha. Benjamin Constant Boca do Acre Borba Canutama Carauari Coa ri Codajás. Eirunepé Fonte Boa Humaitá !ta coa tiara Itapiranga Lábrea Manacapuru Manicoré Maués Parintins São Paulo de Olivença Tefé . Uaupés . . Urucará Urucurituba

BOA VISTA,,

BELll:M* Abaetetuba Acará Afuá . Alenquer Ahneirim Altamira Anajás . Ananindeua Anhanga Arariúna Araticu . Baião Barcarena Bragança* Breves .. Bujaru . . . Cametá .. . Capanema Capim. Castanha! Chaves . . Conceição do Araguaia Curralinho Curuçá Faro Guamá Gurupá . Igarapé-Açu Igarapé-Mirim Inhangapi Irituia !ta i tuba ltupiranga João Coelho Juriti

REVISTA BRASILEIRA DOS MUNICÍPIOS

PROFISSÕES LIBERAIS - 1953

2. Distribuição por Municípios

... I

. I

Médicos I Dentistas

GUAPORll:

14 2

ACRE

11 7 1 3 1 1 1 1 4 1 2 1 2

AMAZONAS

61

2

RIO

70

2 3 2

2 2 1 1

BRANCO

I Farma­cêuticos

5 1 2

28

2

8 4 I 4 I

247 1

1 4 1

PARÁ

90 2

3

2 1 1 2 2

69 3 1

4 1 1 2 7

4

3 3

Agrô­nomos

1 I

8

15

5 I

32

3

Veteri­nários

15

Enge­nheiros

9 1

17

4

128

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Marabâ . MarAcanã Marapanim Mocajuba Moju

MUNICÍPIOS

IV.~. ante Alegre. Muaná .. Nova Timboteua Óbidos . Oriximiná Ourém . Ponta de Pedras Portei . . . Pôrto de Moz Prainha . Salinópolis . Santarém* . , .. São Caetano de Odivelas São Sebastião da Boa Vista Soure Tucuruí Vigia Vi seu

MACAPÂ Amapá. Mazagão Oiapoque .

.SÃO LUíS Alcântara . Alto Parnaíba Anajatuba Araioses Arari .. Axixá Bacahal* Balsas . Barão de Grajaú Barra do Corda ... , Barreirinhas . . Benedito Leite Bequimão Brejo . Buriti ... , Buriti Bravo Cajapió . . Cajari .... ...... . Cândido Mendes Cantanhede Carolina Car';ltapera Caxtas .. Chapadinha Codó* .. Coelho Neto Colinas ... Coroatá Cururupu . Curuzu , ... Dom Pedro .. Grajaú . Guimarães . Humberto de Campos Icatu. Imperatriz Ipixuna .. Itapecuru Mirim Lago da Pedra Loreto . . ..... . Magalhães de Almeida Matinha. Matões .. Mirador. Monção Morros

.·Nova Iorque :Paraibano ·.Parnarama

ESTATÍSTICA MUNICIPAL

PROFISSÕES LIBERAIS - 1953

2. Distribuição por Municípios

Médicos I Dentistas

PARÂ (conclusão)

1 3 1

12

3

6

3 2 1 1

MARANHÃO

91 54

4 1

3 3 2 2

2 3 2

F arma~ cêuticos

6

37

4 2

2 3 1 6 3 4 1 3 3 1

3 2 1

4

Agrô­nomos

3

4 3

11

Veteri­nários

3 1

249

Enge­nheiros

24

18

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250 REVISTA BRASILEIRA DOS MUNICÍPIOS

MUNICIPIOS

Passagem Franca Pastos Bons Pedreiras* Penalva Feri-Mirim . Pindaré-Mirim Pinheiro .. Pirapemas Pôrto Franco Presidente Dutra Primeira Cruz Riachão Ribamar Rosário .. Santa Helena . Santa Quitéria do Maranhão São Bento S.§.o Bernardo São Domingos do Maranhão São Francisco do Maranhão São João Batista São ] oão dos Patos. São Raimundo das Mangabeiras São Vicente Ferrer Timhiras Timon Turiaçu Tutóia Urbano Santos Vargem Grande Viana . . Vitória do Mearim Vitorino Freire

TERESINA* Alto Longá Altos Amarante Barras Batalha. Beneditinos Bertolínia Bom Jesus. Buriti dos Lopes Campo Maior. Canto do Buriti Caracol .... Castelo do Piauí Cocal Corrente. Esperantina Floriano Fronteiras . Gilbués .. Guadalupe Jaicós .. Jerumenha . José de Freitas. Luís Correia. . Luzilândia ... Miguel Alves Oeiras .. Palmeirais Parnaguá. Parnaíba* PauHstana Pedro II Picos .. Pio IX Piracuruca Piripiri. Pôrto . Regeneração . Ribeiro Gonçalves Santa Filmnena São João do Piauí . São Miguel do Tapuio São Pedro do Piauí São Raimundo Nonato Simplício Mendes ... União .

PROFISSÕES LIBERAIS - 1953

2. Distribuição por Municípios

M'd' I D . I Farma-e 1cos enbstas cêuticos

MARANHÃO (conclusão)

PIAUÍ

60

14

3 2

1 1 3 1

1 2

34

2 1 2 2 1 1 1 1 4 1

1 1 3

7 1

1 1 3

1 14

2

1 2

2 1 3

2 2 1 1

1 3

2 3

15

1 1 6 1

8 1 2 4 1 3 2 1

5 1 1

Agrô­nomos

7

3

Veteri~ nários

3

Enge­nheiros

13

10

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ESTATÍSTICA MUNICIPAL 251

PROFISSÕES LIBERAIS - 1953

2. Distribuição por Municípios

MUNICÍPIOS

I Médicos Dentistas I F arma- Agrô· Veteri- Enge-

cêuticos nomos nãrios nheiros

PIAUÍ (conclusão)

Uruçuí 21 2 I 1 -

2 I Valença do PiaJ..Ií* 3

CEARA

FORTALEZA* 202 177 113 45 7 72 Acaraú* 1 3 2 Acopiara 2 2 2 Aquiraz Aracati. 4 3 1 Aracoiaba 1 1 Araripe 1 2 Assaré 1 2 Aurora. 1 2 5 Barba lha 3 4 3 Baturité 3 5 1 Boa Viagem 1 2 1 Brejo Sêco 2 1 4 Camocim. 3 4 2 Campos Sales I 2 2 Canindé 1 2 3 Cariré 1 Caririaçu 2 Cascavel 2 2 Caucaia 1 2 Cedro. 1 2 Coreaú 1 3 Crateús 5 4 6 1 C rato 17 8 8 4 FHrias Brito 3 Frade I Granja. 2 5 Guare.ciaba do Norte 2 Ibiapina 2 3 2 Icó 2 1 4 6 Iguatu 6 4 1 Independência 7 lpaumirim 3 !pu . 4 3 2 Ipueiras 1 2 1 Itapagé 1 1 2 Itapipoca 2 2 2 Jaguaribe 1 3 2 Jaguaruana 1 2 Jardim . 2 2 4 Juazeiro do Norte* 7 5 5 Jucãs 1 3 2 Lavras da Mangabeira 2 1 4 2 Limoeiro do Norte 3 3 7 1 Maranguape 5 3 2 2 Massapê. 1 2 Mauriti 1 1 Milagres. 1 1 3 Missão Velha 2 1 3 Mombaça. 2 2 2 Morada Nova 2 2 Nova Russas 2 1 Pacajus Pacatuba 3 1 Pacoti.. 4 3 2 Pedra Branca 1 2 Pentecoste 1 Pereira . 1 5 Quixadá* 4 3 1 1 Quixeramobim 1 3 2 2 Redenção 2 2 1 2 Russas 3 5 7 1 Saboeiro Santa Cruz do Norte 2 Santana do Acaraú 1 Santana do Cariri 1 Santa Quitéria 1 3 São Benedito 4 1 2 São Gonçalo do Ámarante 1 2 2 Senador Pompeu 3 3 4 1 Sobral* 11 9 5 5 4 Solonópole 1 Tamboril 1 Tauã 3 5 Tianguá Ubajara. 2 2 Ucuburetama 2 2 V ãrzea Alegre 1 1 Viçosa do Cearã 3 3

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252

NATAL• Acari. Açu ... Alexandria . Angicos Apodi..

MUNICÍPIOS

Areia Branca Arês .. Augusto Severo Caicó , ... Canguaretama Caraúbas . Ceará-Mirim Currais Novos Florânia Goianinha Ipanguaçu . . Jardim de Piranhas Jardim do Seridó João Câmara Jucurutu Lajes .. Luís Gomes Macaiba Macau Martins Mossoró . Nísia Floresta Nova Cruz Parelhas Patu . . Pau dos Ferros Pedro Avelino Pedro Velho . Portâ.legre . Santa Cruz ..... . Santana do Matos. Santo Antônio. . São João. do Sabugi São José de Mipibu São J o3é do Campestre São Miguel. ... São Paulo do Potengi São Rafael São Tomé. Serr8 Negra do N arte Taipu .. Touros ...

JOÃO PESSOA*. Alagoa Grande. Alagoa Nova . . . Antenor Navarro Araruna ... . Areia ..... . Bananeiras*. . . . ... . Bonito de Santa Fé ..... . Brejo do Cruz Cabeceiras. Caiçara .... Cajazeiras. . . . . Campina Grande* , Catolé do Rocha. Conceição. . .... Cruz do Espírito Santo Cuité .. Esperança ... Guarabira* lngá . Itabaiana .. Itaporanga Mamanguape* Monteiro* ... Patos* Piancó Picu! .. Pilar .... . Pombal* ... . Princesa Isabel Santa Luzia. . ... Santa Rita ...

REVISTA BRASILEIRA DOS MUNICÍPIOS

PROFISSÕES LIBERAIS - 1953

2. Distribuição por Municípios

I Médicos I Dentistas I ~~~k~~ I RIO GRANDE DO NORTE

87 1 3 2 1

3

4

1 2 3

1 2 2

11

2

3 1

76 3 2

4

2 5

3 3

1 3 2

13

PARAÍBA

99 7 1 2

4 5 1 1 1 1 6

45 3

1 1 5 4 l 3 3 3 1 7 4 1

2 1 1 1

48 1

1 1 3 2 1 2

1 5

24 1 1

1 2 3 l 2 2 4 3 4 2 1

3 2 2 1

30 3 1 1 1 1 2

1 2 1 1 2 1 2 1 9

1 2 2

4

1 1 2 3 2

13 1 2 5 1 2 1 1 3

4 6

19 2 3 2 6 1 3 4 7 6 3 1 4 7

1 5 3 2 3

Agrô­nomos

14 4 1

2 3 1

3

19 1

19 4

2 4 1

5 1 1 1 2 1

Veteri­nários

-.

3

Enge­nheiros

13

3

27 1

13

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MUNICÍPIOS

São ] oão do Cariri São José de Piranhas Sapé ..... . Serraria... . , Soledade .... Souza* Sumé . Taperoá Teixeira. , Umbuzeiro.

RECIFE* . Afogados da lngazeira Agrestina .. Água Preta . Águas Belas •. Alagoinha Aliança Altinho. Amaraji Angelim Araripina Arcoverde Barreiros . . . Belém de São Francisco Belo Jardim . Bezerros* .. .. . Bodoc6 .... . Bom Conselho* . . Bom Jardim .... Bonito. Brejo da Madre· de Deus Bulque Cabo Cabrob6 . Canhotinho Carpina. Caruaru"' Catende Correntes Custódia Escada Exu Flores. Floresta Gameleira .... Garanhuns*. . , , ... . Gl6ria do Goitá .. . Goiana, Gravatá Igaraçu .. Inajá . Jpojuca Jaboatão*, .. João Alfredo Jurema. . .. Lagoa dos Gatos . . . ·. . . . . Lajedo ............ . Limoeiro* .. Macaparana. Maraial. .. . Moreno .. . Nazaré ... . O linda* .. Orob6 . Ouricuri ... Palmares Palmeirina , Panelas.,. . . Parnamirim .. , .. Paudalho Paulista Pedra . Pesqueira. Petrolândia Petrolina Qui papá Ribeirão Rio Formoso

ESTATÍSTICA MUNICIPAL 253

PROFISSÕES LIBERAIS - 1953

2. Distribuição por Municípios

Médicos I Dentistas I -:e~~'f'c~~

(1)

PARAÍBA (conclusão)

1 3 1 1 4

PERNAMBUCO

617 (1) 2

2 5 6 2 1 3 1 2 1 1 1 1 1

1 3

I9 5 1 1 3 1

1 1

10

5 3 1

1 2 1

1 4

1 4

10 1 1 8

9 2 5 1 4

320 (1) 2

1 1 4 4 1 3 3 2 2

2 2

19 4 1

2 1 3 8

3 4 2

2 3 1

1 3 4

1 2 7

3

2 6 1 3

3

2 2 2 3 1 2 1 1 2 2

127 3 1 3 3 2 3 2 3 2 1 5 2 2 3 6 1 7' 4

3 2 4 I 1 2 7 2 4 3 3 1 4 3

5 5 2 5 3

4 2 3 3 I 2 2 2 2 1 3 2 1 3 4 1 3 2 1 1 3 4

2 3 3 2

Agrô­nomos

lO

Veteri~ nãrios

Enge­nheiros

(l) 70 1<1) lO (I) 296

1 1 1 4 1

1 1 6 1 2

5 2 1 1 1

4

3 4 1

3 2

1 3 1

3

6

6

4

(1) Profissionais presentes em 1.• de julho de 1950.

R.B M -5

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254

MUNICíPIOS

Salgueiro Sanhar6. . . Santa Maria da Boa Vista São Bento do Una*. São Caitano . . São Joaquim do Monte Sijo José do Belmonte São José do Egito . São Lourenço da Mata Serra Talhada Serrita Sertânia Sirinhaém Surubim Tabira També. Taquaritinga do Norte. Timbauba Triunfo . Vertentes Vicência. Vitória do Santo Antão*

MACEIÓ' Agua Branca Anadia Arapiraca Atalaia Batalha Capela . . . Colônia Leopoldina Coruripe, .. . Igreja Nova Junqueiro . Limoeiro de Anadia Major Izidoro Maragogi .. Marechal Deodoro Mata Grande Murici . . . . . .... Palmeira dos lndios* Pão de Açúcar . . Passo de Camaragibe Penedo Piassabussu Pilar Piranhas Pôrto Calvo Pôrto de Pedras . Pôrto Real do Colégio Quebrângulo , . . . . • • • • . Rio Largo . , , : , , , .... . Santana do lpanema* . . . São Brás . . . . . São José da Lage São Luís do Quitunde São Miguel dos Campos Traipu. . . . . União dos Palmares* Viçosa* .

ARACAJU*. Aquidabã Arauá . Brejo Grande Buquim .. Campo do Brito Canhoba .. Capela . Carmópolis.. . Cedro do São João Cristian6polis. Divina Pastôra Estância . , , Frei Paulo . Gararu .. ... Indiaroba , Itabaiana .. Itabaianinha

REVISTA BRASILEIRA DOS MUNICÍPIOS

PROFISSÕES LIBERAIS - 1953

2. Distribuição por Municípios

I Médicos I Dentistas I ~art'?a-ceu 1co~

PERNAMBUCO (conclusão)

1 3 1 1 I

3 6

2 I 3 I I 2 5 3 2 I 6

5 2 2

3 I 5 1 I

4 2 I

6

ALAGOAS

99 1 2 4 2

I 5 I 1

10 I 1

2 1 1 2 3 2

1 2 1 1 3 3

64 3 1 I I

2 I I 7

2 2 2

3 I 1

3 3

SERGIPE

7I

4

4 I

50

3 I

I I 5 1 1 3 5 3 5 I 2 2 2 5 2 4 4 3 5 4

10

25 2 2 4 1 1 3 1 2

2 2 1 1 1 I 4 3 2 4

3 2 I 3 3 2 2 3 2 3 2 2 5

I9

3 1

Agrô· nomos

3

4

2

I 1 3

6

3

3 I

4 1

11

Veteri­nários

3

Enge­nheiros

4

32

3

6

10 2

3

24

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ESTATÍSTICA MUNICIPAL 255

PROFISSÕES LIBERAIS - 1953

2. Distribuição por Municípios

MUNICÍPIOS Médicos I Dentistas I F arma- Agrô- Veteri- Enge-cêuticos no mos nários nheiros

SERGIPE (conclusão)

Itaporanga d 1 Ajuda Japaratuba Japoatã . Lagarto 3 Laranjeiras Maruim, Muribeca Neópolis Nossa Senhora da Glória Nossa Senhora das Dores. N assa Senhora do Socorro Pôrto da Fôlha . Propriá. 7 4 3 5 Riachão do Dantas 1 1 Riachuelo. Ribeirópo!is: .. : ·'

2

Rosário do Catete Salgado ......... Santa Luzia do Itanhi Santo Amaro das Brotas 1 São Cristóvão .. 4 Simão Dias 1 Siriri Tobias Barr~t~

BAHIA

SALVADOR* 660 181 73 108 8 3o1 Alagoinhas* 12 7 2 6 4 Alcobaça 2 2 1 Amargos a 5 3 3 1 Andaraí . 1 1 1 Angical Aratu!pe 1 Baixa Grande 1 1 1 Barra . 3 3 1 Barra da Estiva 2 4 Barreiras . 4 3 Belmonte 4 3 Boa Nova 2 Bom Jesus da Lapa 6 1 1 Brejões 2 1 Brotas de Macaúbas 2 3 4 Brumado 3 Cachoeira 5 2 1 Caculê 4 1 4 Caetité ... 4 6 3 Cairu Camamu 4 1 Camassari 1 1 Campo Formoso 1 1 1 Canavieiras* . ... 11 11 11 4 Caravelas . 4 4 3 Carinhanha. : : : . : 2 1 2 Casa Nova 1 1 Castro Alves ·. 3 2 3 1 Catu .... ················ 2 2 2 3 Cícero Dant~~:: 3 3 Cipó ............... .... .. 2 1 2 Conceição da Feira ....... . ....... Conceição do Altneida ... 1 1 Conceição do Coitê .. 2 3 Conde .. 2 2 1 Condeúb~ · · ·" · · · · · 1 2 7 Coração de Maria.,, 1 1 Correntina ...... ... 2 2 Cotegipe .... Cruz das Alm~~ . 6 4 3 32 3 Curaçá .. 1 1 Entre Rios .. 1 2 Esplanada . 2 3 2 Euclides da C;,nha·. 2 2 2 1 Feira de Santana* 31 22 13 15 6 Glória 3 1 5 24 Guamambi 5 2 4 Ibipetuba 4 Ibitiara .. 6 Ilhêus• 47 31 10 13 4 9 Inhambupe 2 1 5 Ipiaú ..... 12 6 2 Ipirá* .... , ........ 2 2 2 Irará 3 1 4 Irecê .. 1 2

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256 REVISTA BRASILEIRA DOS MUNICÍPIOS

PROFISSÕES LIBERAIS - 1953

2. Distribuição por Municípios

MUNICIPIOS I Médicos I Dentistas I F arma~

I Agrô- Veteri- Enge-

cêuticos nomes nârios nheiros

BAHIA (continuação)

Itaberaba* 4 3 4 2 1 ltabuna* 32 19 6 11 Itacaré 2 1 1 1 Itambé 11 5 3 Itaparica 3 1 Itapicuru !taquara 1 Itirussu 1 1 Itiúba 1 1 Ituaçu. 1 1 3 Ituberá., 6 2 2 3 Jacaraci .. 1 2 Jacobina* 8 3 3 Jaguaquara 2 2 1 Jaguarari 1 1 J aguararipe* 1 Jandaíra . 1 Jequié* . 22 17 6 6 6 Jeremoabo 1 1 1 Jiquiriçá 1 1 Juazeiro 15 4 Laje I 1 Lençóis, 4 2 Livramento do BrumacÍo .. 3 1 Macajuba 2 Macarani* 4 5 Macaúbas I Mairi. 2 2 2 Maracãs. 1 Maragogip~ 5 4 4 Maraú. 2 1 Mata de são João 2 2 Miguel Calmon. 2 4 3 Monte Santo . 1 1 2 Morro do Chapéu 1 1 Mucugê. 1 2 Mucuri ..... Mundo Novo 4 3 3 Muritiba 4 3 1 Mutuípe 1 1 Nazaré. 4 4 3 3 Nilo Peçanha . 2 Nova Soure Oliveira dos :B~~Jinhos. ~. Palmas de Monte Alto. Palmeiras . Paramirim. Paratinga ... Paripiranga ... , Piatã 1 Pilão Arcad~: · I Poções* ....... 7 6 I 2 Pojuca. 1 2 Pôrto Segur~ 1 3 1 Prado ....... 2 Queimadas ... 1 2 Remanso 1 3 Riachão d.; jacuípe .. 2 Riacho de Santana 1 1 Ribeira do Pombal 1 2 1 Rio de Contas. 1 3 3 Rio Real 2 1 Rui Barbosa· . . 4 2 2 Santa Cruz Cab;âúa 1 Santa Inês 3 3 Santaluz 2 2 Santa Mari~ da Vitória .. 1 1 3 Santana 3 2 Santa Teresinha Santo Amaro"' 19 5 7 9 4 Santo Antônio de Jesus. 5 5 3 2 Santo Estêvão 2 1 2 Santo Inácio . 1 São Félix 2 1 São Felipe 1 1 São Francisco do Conde . 4 3 4 20 São Gonçalo dos Campos . 2 1 2 4 São Miguel das Matas ... 1 1 São Sebastião do Passé ... 1 1 1 Saúde. 3 2 Seabra . .': : : : : : : • • · · 1 1 Senhor do Bonfi~: 5 4 2 4 Sento Sé ..•...

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ESTATÍSTICA MUNICIPAL 257

PROFISSÕES LIBERAIS - 1953

2. Distribuição por Municípios

MUNICÍPIOS Enge-

nheiros

BAHIA (conclusão)

Serrinha* 6 1 Taperoâ 1 2 Tucano 3 1 Uauá 1 Ubaíra. 1 2 1 Ubaitaba 4 3 2 3 Una ... 1 1 3 2 Urandi 2 1 4 Valença s 4 3 Vitória da Conquista* 24 9 6 4 4 Xique-Xique .. 2 2 1 1 1

MINAS GERAIS

BELO HORIZONTE*. 810 492 148 95 61 604 Abadia dos Dourados 1 2 Abaeté 4 5 Abre Campo·. 2 4 6 Açucena 2 1 Águas Formos~s. 2 2 6 Aimorés 9 6 8 4 Aiuruoca 2 3 2 I Além Paraíba 13 9 10 3 Alfenas . .. 10 9 8 2 A1menera. 3 6 1 A!pinópolis. 2 1 4 Alterosa 1 2 1 Alto Rio Doe; 2 2 5 1 Alvinópolis 1 4 2 2 Andradas. 5 5 7 I Andrelândia . .' . 2 6 3 1 Antônio Carlos 1 2 2 I Antônio Dias 2 2 5 Araçua!. 2 5 4 3 Araguari 25 23 13 4 5 Araxá . 16 13 8 I 5 Arceburgo 2 1 2 Arcos 3 3 4 Areado .. 5 2 2 Astolfo Dutra 2 2 4 Ataléia 2 1 I Baependi 2 5 3 Baldim. 1 2 3 Bambuí 8 10 8 Barão de Cocais 3 2 3 1 6 Barbacena• 30 25 17 9 lO Barra Longa 2 1 I Belo Vale. 1 4 1 Betim. 1 5 I Bias Forte~ 2 2 2 Bicas. 8 9 4 Boa Esperança 6 7 6 Bocaiúva õ 2 4 Bom Despacho 4 5 7 Bom jardim de Minas 1 2 2 Bom Jesus do Galho. 2 1 7 Bom Sucesso 3 3 3 Bonfim. 2 4 4 Borda da Mata 3 3 6 Bote lhos 1 5 7 Brasília .. 3 3 Brasópolis . 4 3 5 Brumadinho . 2 3 5 Bueno Brandão 1 2 2 Buenópolis 2 2 3 Cabo Verde .. , 2 3 3 Cachoeira de Minas 1 2 Caeté 6 4 2 8 Caldas 4 7 7 3 Camanducaia 1 1 5 Cambu! 1 2 5 Cambuquira 4 2 4 Campanha 3 4 5 Campestre. 3 5 5 Campina Verde ..... 4 4 2 Campo Belo. 6 9 5 Campo do Mei~ · : 2 1 3 Campo Florido 1 2 Campos Altos 3 5 2 Campos Gerais 3 5 6 Canápolis 4 3 3 Candeias 4 :I 2 Capelinha 2 2 3

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258

MUNICÍPIOS

Capetinga Capitólio .. Caraí .. Carandaí Carangola. Caratinga* Carlos Chagas. Carmo da Cachoeira Carmo da Mata Carmo de Minas Carmo do Cajuru. Carmo da Paranaíba Carmo do Rio Claro Carmópolis de Minas Carrancas. Carvalhos. Cascalho Rico Ciissia ... Cataguases Caxambu Cláudio Coimbra . . . Comendador Gomes Comercinho . . . Conceição da Aparecida Conceição das Alagoas Conceição do Mato Dentro Conceição do Rio Verde. Conceição dos Ouros Congonhas Conquista . . . . Conselheiro Lafaiete Conselheiro Pena . Contagem Coqueiral. . Coração de Jesus Cordisburgo, Corinto Coroaci .. Coromandel . Coronel Fabriciano Córrego Danta Cristais Cristina . Crucilândia Cruzília Curvelo. Delfim Moreira Delfinópolis. Diamantina* Dionísio Divino . Divinópolis Divisa Nova Dom Joaquim Dom Silvério Dores de Campos Dores do Indaiá El6i Mendes. Entre Rios de Minas Ervália .. Esmeraldas Espera Feliz Espinosa Estiva . . Estrêla do Indaiá, Estréia do Sul Eugenópolis Extrema Fama. Felixlândia Ferro~ Formiga ... Francisco Sá Fruta! Galiléia . . . Governador Valadares* Grão Mogol Guanhães Guapé . Guaraciaba Guaranésia Guarani,

REVISTA BRASILEIRA DOS MUNICÍPIOS

PROFISSÕES LIBERAIS - 1953

2. Distribuição por Municípios

I Médicos I Dentistas I Fêart'!'a­c U lCOS

MINAS GERAIS (continuação)

2 3

14 19

3 2 3 3

2 4 1 1 2

7 12

7 2

I 2 2 3

4 3

18 3 2 2 4 1 5 1 4 9

2 3

3 14

1 J 5 1 2

16

J 2 3 4 3 5 3 2 2 1

3 12

I 4

30

3 I

3 4

3 2 1 2

19 13

2 4 3 6 I 2 5 2 1 1 2 7

22 6 2 I

3

7 6 1 3 3

13 2

2 1 2 5

2 5 1 2 2 1 3

15 3 I

lO

í1 2 3 I 3 6 2

12 3 2 6 2 2 2 3 4 1 I 2 4

19 I 6 1

20 I 4 5

3 4

2 4 1 4

11 7 2 2 3 3 2 4 3 2 3 2 1 3

11 6 3 3 I

2 3

10 4 2 3 2

19 2 I 3 3 2 6 3

4 2 3 5 2 J

11 3 2 3 I I 9 2 3 2 2 8 2 5 4 4 4 2 2

2 3 I I I 4 9 2 4

24 I 6 3 2 6 5

Agrô­nomos

3 1

4

2

4

VeteriM nários

Enge­nheiros

2 3 4

4 4

3

15

6

26

3

1 1

12

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ESTATÍSTICA MUNICIPAL 259

PROFISSÕES LIBERAiS - 1953

2. Distribuição por Munidpios

MUNICÍPIOS I Médicos I Dentistas I F arma· Agrô- Veteri- Enge-cêuticos no mos nários nheiros

MINAS GERAIS (continuação)

Guarará., 3 Guaxupé 8 10 10 5 3 Guia Lopes 1 2 Guidoval 1 2 2 Guiricema 1 3 5 Heliodora. I 2 2 Ia pu 3 Ibiá .... 4 3 1 Ibiraci 2 4 2 Iguatama .. 1 1 Indianópolis. 3 Inhapim 3 6 Inhaúma 4 3 Ipanema 2 1 7 Itabira 7 6 8 7 Itahicito 5 3 3 7 Itaguara I 1 2 Itajubá. 22 21 14 27 Itamarandiba 2 1 2 I tam bacuri * 2 4 3 Itamogi 1 3 2 Itamonte 1 I 1 Itanhandu 4 4 5 Itanhomi 2 1 2 Itapagipe, I I I tapecerica 3 9 9 Itaóna . lO 11 7 Itinga 1 2 Itueta . 3 Ituiutaha* 17 28 8 4 Itumirim 2 1 2 5 Iturama I 3 2 Jaboticatubas I 1 1 Jacinto 2 Jacuí.. I 2 3 jacutinga. 4 4 5 1 Janaóba. 3 1 3 2 Januária* 5 3 4 3 Jequeri. 3 3 3 Jequita! 2 Jequitibá Jequitinhonha 3 2 I Jesuânia 2 1 Joaíma. 2 2 1 João Pinheiro 1 3 3 Jordânia .. 2 I Juiz de Fora*:. 122 184 44 8 21 72 Juruaia. 1 2 1 Ladainha, .. 3 1 1 Lagoa da Prata 1 5 3 Lagoa Dourada. 1 1 I Lagoa Santa 1 1 I Lajinha. 4 3 10 Lambari 2 4 5 Laranjal 2 2 Lavras ... 17 18 10 19 3 1 Leopoldina 12 19 16 4 3 4 Liberdade 2 2 Lima Duarte 4 3 3 Luminárias . 2 Luz 2 4 3 Machado 4 5 6 8 Malacacheta 1 1 1 Manga 2 1 2 Manhuaçu. 7 7 6 3 Manhumirim 6 14 14 2 Mantena. 7 12 4 2 Mar de Espanha 5 9 4 Maria da Fé I 2 2 Mariana 4 7 8 Martinho Campos 1 I 5 Mateus Leme 2 2 Matias Barbosa 5 4 4 Matipó I I 5 Matozinhos I 3 2 Medina 3 I Mercês 2 2 2 Mesquita 2 2 Minas Novas* 3 Miradouro I 2 Miraí 5 2 Monsenhor Paulo 2 Monte Alegre de Minas 2

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260 REVISTA BRASILEIRA DOS MUNICÍPIOS

PROFISSÕES LIBERAIS - 1953

2. Distribuição por Municípios

MUNICÍPIOS I Médicos I Dentistas I F arma- Agrô- Veteri- Enge-cêuticos nomos nãrios nheiros

MINAS GERAIS (continuação)

Monte Azul .... 2 2 1 Monte Belo .. ... 1 3 4 Monte Carmelo 4 4 8 2 Monte Santo de Mi~gs 5 4 9 I Montes Claros•. .. 25 14 11 11 Monte Sião .. Morada Nova de' Mlnas' 1 2 4 Muriaé. 13 17 18 4 Mutum .. 3 I 7 Muzambinho 5 3 6 Nanuque 3 3 2 Natércia I 1 3 Nepomucen~ 4 5 6 Nova Era 2 3 3 Nova Lima 17 8 2 4 Nova Ponte . 1 4 2 Nova Resende I 2 5 Novo Cruzeiro 2 I Oliveira 6 7 3 6 Ouro Fino. 6 13 10 3 I Ouro Prêto 9 !I 12 2 31 Pains I 3 3 Palma 2 4 9 I Paracatu. 5 5 7 I 2 Pará de Minas 8 !I 6 3 3 Paraguaçu 3 4 5 Paraisópolis 3 4 9 Paraopeba 3 2 2 Passa Quatro. 4 3 3 Passa Tempo. I 6 3 Passos 13 12 lO 2 I Patos de Minas* 15 19 13 5 6 Patrocínio 9 9 6 2 1 Peçanha 4 3 5 1 Pedra Azul 4 4 3 Pedralva 2 2 4 Pedro Leopoldo 6 6 9 Pequi 1 2 Perdizes . Perdões 3 6 5 Pimenta 1 3 Piranga 4 4 5 Pirapetinga 1 3 3 Pirapora 9 6 7 3 Pitangui . 6 6 2 2 Piüí 7 6 8 Pocrane I 2 5 Poço Fundo 2 6 3 1 Poços de Calda~ 32 40 16 4 9 Pompéu .. 1 4 5 Ponte Nova* 22 24 18 7 9 Porteirinha 1 I Poté 2 I 2 Pouso Alegre 11 !I 18 Pouso Alto 1 3 2 Prados . 1 3 2 Prata 3 9 5 Pratápoiis 2 5 1 4 Pretinha 1 Presidente 6i~gâri.o 1 4 Raposos .. 1 2 Raul Soares 5 11 3 Recreio 2 3 5 Resende Costa 2 1 1 Resplendor 5 2 6 Ribeirão Ver~eiho 1 1 2 1 Rio Acima 1 2 1 4 Rio Casca 7 5 6 Rio Espera 2 4 4 Rio Novo 6 9 5 Rio Paranaíba. 1 2 2 Rio Pardo de M.inas 1 1 2 Rio Piracicaba 7 5 4 5 31 Rio Pomba. 9 15 6 2 1 Rio Prêto . 3 4 3 1 Rio Vermelho 1 2 2 Rubim 2 Sabará 9 4 8 Sabin6poÜs 4 6 4 Sacramento 4 6 6 Salinas* .. 2 4 3 Salto da Di;,lsa 2 1 Santa Bárbara 3 4 4

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ESTATÍSTICA MUNICIPAL 261

PROFISSÕES LIBERAIS - 1953

2. Distribuição por Municípios

MUNICÍPIOS I Médicos I Dentistas I F arma-

I Agrô- Veteri- Enge-

cêuticos nomos nârios nheiros

MINAS GERAIS (conclusão)

Santa Cruz do Escalvado 2 Santa Juliana 1 1 3 Santa Luzia .. 2 1 2 Santa Margarida .... 1 1 Santa Maria do Itabira 2 2 5 Santa Maria do Suaçuí 2 2 7 Santana de Pirapama 1 3 Santa Rita de Caldas 1 2 7 Santa Rita de J acutinga 1 1 2 Santa Rita do Sapucaí 6 6 9 Santa Vitória 2 2 Santo Antônio dd Amparo 2 4 3 Santo Antônio do Monte 2 5 4 Santos Dumont. . . . 11 12 9 4 São Domingos do Prata 3 2 8 São Francisco . 2 2 São Geraldo 1 3 4 São Gonçalo do ·Ábaeté 2 2 São Gonçalo do Parâ 1 1 2 São Gonçalo do Sapucaí 6 11 8 São Gotardo . 4 2 4 São João Batista· do Í:ÚÓria 2 1 São João da Ponte 1 1 São João de! Rei •. 24 20 13 8 São João do Paraíso·.·. 1 São João Evangelista 1 3 6 São João Nepomuceno 5 11 6 São Lourenço .. São Pedro da União

11 9 8

São Pedro dos Ferros 3 4 4 São Romão. 1 1 São Sebastião do Maranhão 1 São Sebastião do Paraíso 13 14 14 São Tiago 1 1 São Tomás de Aq~ino 3 São Vicente de Minas 2 3 4 Sapucaí-Mirim .... 1 1 Senador Firmino 2 3 Serrania 1 Sêrro. 3 4 2 1 Sete Lagoas 15 17 3 9 4 Silvianópolis 2 2 8 Simonésia 1 5 Soledade de Minas 1 I I Tarumirim 2 I 2 Teixeiras. 2 5 4 Te6filo Otôni~ 27 21 li 8 Tiradentes I Tiros I 2 2 Tocantins 2 3 4 Tombos 2 4 4 2 1 Três Corações lO 10 7 I 4 Três Pontas 9 12 8 2 Tumiritinga I 2 2 Tupaciguara 6 4 3 Turmalina I I Ubá 15 16 14 2 I 2 Uberaba*. 58 42 27 9 3 11 Ubedândia* 46 54 22 4 5 13 Unaí 2 I 4 Varginha 24 12 8 Veríssimo 2 1 Vespasiano I 2 I Viçosa 9 12 8 23 Virgem da Lapa I 2 Virgínia . I 1 I Virginópolis I 3 3 Virgolândia I 4 Visconde do Rio Branco 7 6 6 3 Volta Grande 2 3 3

ESP1RITO SANTO

VITÓRIA* 75 38 17 7 3 33 Afonso Cláudio 4 7 11 I Alegre* 6 28 22 2 Alfredo Chaves I 5 1 I Anchieta 1 1 1 I Aracruz. 1 3 5 Baixo Guandu .. 3 7 3 Barra de São Francisco 2 4 5 I Cachoeira de Itapemirim* 26 32 19 4 3 3 Cariacica I 3

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262 REVISTA BRASILEIRA DOS MUNICÍPIOS

PROFISSÕES LIBERAIS - 1953

2. Distribuição por Municípios

MUNICÍPIOS Médicos I Dentistas I F arma·

I Agrô· Veteri- Enge

cêuticos nomos nários nheiros

ESPÍRITO SANTO (conclusão)

Castelo .. 5 5 8 Colatina* 23 16 23 Conceição da Barr~ .. 2 1 Domingos Martins. 2 2 2 Espírito Santo. 5 6 5 3 Fundão. 1 4 2 I Guaçuí 5 11 8 Guarapari 1 1 Ibiraçu .. 4 5 3 Iconha .. 3 2 2 Itaguaçu 3 7 5 Itapemirim 1 1 7 Iúna Joeira~a

3 2 5

Linhares. Mantenóp~Ús

6 7

Mimoso do Sul 6 11 16 Muniz Freire 2 6 3 Muqui 4 5 4 1 Rio Novo do Sul 1 3 3 1 Santa Leopoldina 2 3 2 1 Santa Teresa . 3 3 2 5 São José do Calçado 3 5 7 1 São Mateus 3 6 6 Serra 1 2 1 Viana 1

RIO DE JANEIRO

NITERÓI*. 405 198 98 20 21 37 Angra dos Reis 3 4 2 1 Araruama ... 5 4 3 Barra do PiraÍ 19 17 7 2 6 Barra Mansa*, . 53 28 14 2 128 Bom Jardim 4 3 7 1 Bom Jesus do Ítabapoana. 8 7 7 1 Cabo Frio 4 4 1 Cachoeiras de Maca cu 2 2 7 1 Cambuci 5 6 7 Campos*. 77 55 35 7 4 11 Cantagalo 4 7 6 3 Carmo .. 4 4 4 Casemiro de Abreu. 1 2 3 Conceição de Macabu 2 2 3 Cordeiro .. 2 5 3 Duas Barras 1 1 3 Duque de Caxias* 9 6 6 Itaboraí 5 2 8 Itaguaí 1 2 1 42 9 Itaocara 3 4 14 1 Itaperuna* 14 14 25 6 3 !ta verá 1 2 4 2 Macaé* 11 10 17 3 1 Magé 7 s 9 Mangaratiba 2 1 Maricá. 4 3 3 1 Marquês· de· Valença 11 11 4 2 Mendes 4 3 3 Miracema 8 6 7 Natividade· de Carangoia 3 4 7 Nilópolis 12 17 11 Nova Friburgo 22 23 13 2 17 Nova Iguaçu* 24 22 27 1 2 Paraíba do Sul 7 8 4 3 1 Para ti 3 1 1 Petrópolis* 77 61 37 2 2 13 Piraí 5 3 5 4 3 3 Porciúncula 2 5 6 2 1 Resende. 16 17 2 4 I 3 Rio Bonito 6 6 9 1 I Rio das Flores. 1 2 1 Santa Maria Madalena 2 3 4 3 Santo Antônio de Pãdua 6 9 17 1 São Fidélis 5 13 16 2 São Gonçalo* .. 23 19 28 1 São João da Barra 3 15 16 1 São João de Meriti* 4 6 13 São Pedro da Aldeia 2 3 3 São Sebastião do Alto 2 1 4 Sapucaia 3 2 4 Saquarema. 1 2 3 Silva Jardim. I 1 3 Sumidouro 2 3 2

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MUNICÍPIOS

Teresópolis . Trajano de Mofais Três Rios Vassouras*

Rio de Janeiro*

SÃO PAULO* Adamantina . . Agua!. ..... . Águas da Prata. Aguas de Lindóia .. Águas de São Pedro Agudos . . ... Alfredo Marcondes . Altinópolis .. Alvares Florence Alvares Machado. Álvaro de Carvalho .. Americana .. América de Campos., Amparo. . . Analândia . Andradina Angatuba. Anhembi Aparecida Apiaí .... Araçatuba*. . . Araçoiaba da Serra . .. Araraquara* ... Araras Arealva Areias. Ariranha .. Artur Nogueira. Assis . ........ . A ti baia ... . Avaí . . Avanhandava Avaré Bananal .. Bariri . Barra Bonita Barretos* Barueri Bastos .. Bata tais Bauru* Bebedouro .. Bento de Abreu. . Bernardino de Campos. Bilac. Birigüi . . , Boa Esperança do Sul Bocaina Bofete Boi tu v a Borborema Botucatu .. Bragança Paulista"' Brodósqui Brotas Buri Buritama.. . Cabrália Paulista Cabreóva Caçapava . . . Cachoeira Paulista Caconde. Cafelândia Cajobi Cajuru . Campinas* . . Campos do J ordão

ESTATÍSTICA MUNICIPAL

PROFISSõES LIBERAIS - 1953

2. Distribuição por Municípios

Médicos I Dentistas I Fêartt?a· C U lCOS

RIO DE JANEIRO (conclusão)

I~ I I5 I7

I~ I I6 I3

DISTRITO FEDERAL

I(I) 6 113 I(I) 2 745 I(I)

SÃO PAULO (2)

3 217 9 3 2 5 I 5 3 4 2 4 1

10 I

IO 2

I7 I 1 2 I

35

45 IO

I I I 2

I5 5 I l 9 3 7 6

35

3 10 62 I2

2 4 3

14 2 3

2 2

25 I5

2 3 1 2 I 1 5 4 4 9 2 6

230 I8

039 8 5 2 2

4 1 5 3 2 I

I4 1

11

IO 1 1 5

22 I

52 11

2 1 2 3

I6 5 I I

11 3 8 7

3I 2 2

I5 57 20

2 4 7

12 2 3 1 2 1

18 I3

2 5

4 1 I 8 4 4 6 4 6

158 6

9 6

I3 I5

839 l(l)

026 8 4 3 1

6 7 8 4 6 3 7 3 4 1

IO 3 2 8 2

I6 2

32 4 2 1 3 3

I5 5 2 6

I3 4 8 5

I5 2 I 7

32 11

3 4 7

I4 3 4

3 5

16 10 3 4 2 6 3 I 9 7 3 2 6 8

47 6

(I) Profissionais presentes em 1.0 de julho de I950.

Agrô­nomos

3I6 I(I)

142

3

3

4 10 10

4

4 I

3

I 2 6

I 11

3

6

4

3

2 ]08

2

3

263

Enge­nheiros

4 I 2 2

157 l(l) 3 514

105

3

1 6 1

12

1 769 1

3

1 6

35 1

I J 3

2 32

3

1 5

75 2

(2) Para agrônomos, veterinários e engenheiros, número de profissionais militantes em 1952.

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264 REVISTA BRASILEIRA DOS MUNICÍPIOS

PROFISSÕES LIBERAIS - 1953

2. Distribuição por Municípios

MUNIC1PIOS I Médicos I Dentistas I F arma~ Agrô· Veteri- Enge-cêuticos nomos nários nheiros

SÃO PAULO (continuação)

Campos Novos Paulista .. 1 Cananéia. 2 1 3 Cândido M~ta .. 3 3 2 Capão Bonito ... 2 3 3 2 Capivari 5 11 11 4 Caraguatatuba 3 2 1 Cardoso 1 3 Casa Branca 12 12 7 2 I Catanduva 35 41 22 2 3 Cedral 3 4 4 Cerqueira Cé;ar 2 2 4 Cerquilho . 1 2 2 Colina. 4 3 7 Concha! . 1 1 2 Conchas 2 5 5 Cordeir6poÚs 1 2 2 Coroados lO 7 CorumbataÍ 1 2 Cosmópolis 5 3 2 4 Cosmorama 2 2 2 Cotia . 2 2 5 Cravinh~s 4 8 8 Cruzeiro 9 9 12 3 Cuba tão 2 2 5 Cunha 1 1 2 Descalvado 4 4 3 Dois Córregos 4 5 4 Dourado 3 1 3 Dracena 9 9 8 Duartina 5 7 lO Echaporã 1 2 3 Eldorado Elias Fausto I 2 2 Estrêla d 'Oeste 2 2 3 Fartura . 2 4 6 FernandópoÚs 8 6 7 Fernando Prestes. 1 I I Fl6rida Paulista 3 7 4 I Franca* 34 41 24 4 Franco da Rocha 1 4 2 2 Gália 2 3 7 I Garça ... 14 12 11 2 General Saigado 2 4 fi Getulina 1 6 9 Glicério 4 7 6 Guaíra . 5 7 2 Guapiara 1 I Guará 3 5 4 Guaraçaí 2 4 3 Guaraci 1 3 6 Guarantã 2 3 4 Guararepes 8 6 6 Guarerema 2 2 2 Guaratinguef:â 18 21 12 3 4 4 Guareí 2 Guariba 2 5 6 Guarujá 2 1 3 Guarulhos. 7 8 5 Hercu!ândin 1 2 2 Iacanga 2 2 2 Ibirá 2 4 2 Ibirarema 1 I 3 lbitinga 6 9 7 Ibiúna ~ 2 2 Iepê I 4 4 Igarapava lO 16 12 lguape 1 3 I Ilha bela. I lndaiatuba 5 6 4 Indiana I 2 2 lpauçu 2 3 3 lporanga Ipuã . 1 Irapuã. 3 Itaberá 2 Itai I Itajobi. 3 5 Itanhaém 2 3 Itapecerica da Serra 3 5 1 Itapetininga 11 14 11 8 3 25 Itapeva 5 4 3 3 4 Itapira 11 11 7 Itápolis 8 8 9

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ESTATÍSTICA MUNICIPAL

PROFISSÕES LIBERAIS - 1953

2. Distribuição por Municípios

MUNICIPIOS

Itaporanga Itapuí.... . .. Itararé .. . .. Itariri Itatiba . Itatinga Itirapina Itirapuã Itu .. Ituverava ... Jaborandi Jabuticaba! .. Jacareí , .. J acupiranga .. Jales Jambeiro,. Jardinópolis Jarinu ..... Jaú Joanópolis. . José Bonifácio . Júlio Mesquita .. Jundiaí* ... J unqueirópolis .. Juquiá ..... . Laranjal Paulista Lavínia ... Lavdnhas.. Leme .. Lençóis Paulista Limeira .. ... . Lins*. Lorena .. Lucélia .. Lutécia. Macatuba Macaubal Mairiporã Manduri Maracaí . , Mar:ília* . ... Martinópolis .. Matão ............. . Miguelópolis ....... . Mineiros do Tietê .. Miracatu . ........ . Mirandópolis . . . .. . Mirassol. .. Mococa .... . Mogi das Cruzes* . ... . Mogi Guaçu ...... . Mogi Mirim ..... . Monte Alegre do Sul ... Monte Alto ...... . Monte Aprazível. .. Monte Azul Paulista Monteiro Lobato Monte Mor. Morro Agudo . Natividade da Serra Nazaré Paulista ... Neves Paulista Nhandeara Nova Aliança Nova Granada . Novo Horizonte Nuporanga, Óleo ..... . Ollmpia.. .... . ........ . Oriente.... . . . . . . .......... . Orlândia. .. . . . . . . . . . . . . . .... . Oscar Bressane..... . ............. . Osvaldo Cruz . . .. Ourinhos ................... ..... . Pacaembu ........ . . Palestina . . . . Palmital ..................... , ... . Paraguaçu Paulista. . . . . . ..... , ... . Paraibuna .. Paranapanema.. . ......... . Parapuã . .................... . Patrocínio Paulista. , . . . . . . . . .. Paulicéia .......•..................

I Médicos I Dentistas I ~'::t'[:,~~ I SÃO PAULO (continuação)

1 4 5 1 4 2 2 1

13 9 2

15 9 7 7

4

27 1 3 1

31 2

2 3

5 4

18 27

8 9 1 1 2

2

52 6 5 3 1

4 9

15 17

2 15

5 6 6

2 3 1

3 4 4 4 9 I

13 1 5 1 8

17 4 2 7 7 2

2 2 1

1 3 7 2 8 1 3 2

16 11

1 22

9 2 2 1 6 I

24 2 2 2

32 3

7 3

7 2

21 31 10

7 1 2 3 1 1 7

46 3 5 4 2 1 5

15 9

19 4

13 1 6 5 5 1 4 3 1

5 5 2 5 7 2 2

14 2 5 1 5

11 6 2 4 6 3

3 3 4

6 5 9 3

10 2 2 1

11 5 2

18 7 4

14 1 4 1

16 2 3 3

31 3 3 4 4 l 7 6

18 18

9 9 2 2 3 2 3 2

20 7 5 5 2 4 7

14 lO 13

5 12

2 10

9 4 2 2 4 1 2 5

10 6 7 7 2 4

16 3 6 2 5 5 9 5 2 3 3 2 2 2 3

Agrô­nomos

1 3

8 5

3 1 I 4 3 1

1 1 l 7 1 1

1 1 5 1

2 1 2 1 2

3

3 1

Veteri~ nários

3

2

265

Enge­nheiros

4 3

3

23

1 2

10 3 2

4 1

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266 REVISTA BRASILEIRA DOS MUNICÍPIOS

PROFISSÕES LIBERAIS - 1953

2. Distribuição por Municípios

MUNICÍPIOS I Médicos I Dentistas F arma- Agrô- Veteri- Eng-e-cêuticos nomos nários nheiros

SÃO PAULO (continuação)

Paulo de Faria 3 4 6 Pederneiras 5 7 s 3 Pedregulho 3 4 5 Pedreira 2 2 2 Pedro de Toledo 2 2 I Penápolis 9 11 9 Pereira Bar~et~ · 4 2 2 Pereiras I I Piedade 2 3 4 Pilar do Sol 3 3 Pindamonhangaba lO fi 8 9 4 3 Pindorama 3 4 7 I Pinhal . 13 lO 19 4 Piquerobi I 1 Piquete 2 3 4 Piracaia I 4 3 Piracicaba* 37 56 33 74 16 Piraçununga lO I7 9 9 2 Piraju. 6 6 li 1 5 Pirajuí 12 7 lO I 1 Pirangi. 2 3 4 Pirapõzinho 3 3 7 Piratininga 4 4 3 Pitangueiras 1 4 6 Planalto 3 Poá 2 2 4 Pompéia 6 7 6 Pongai 2 3 3 Pontal 4 5 3 Porangaba 1 I 3 Pôrto Feliz 4 6 6 Pôrto Ferreira 3 6 5 Potirenda ba . . 3 5 5 Presidente Alves 4 3 Presidente Bernardes 6 9 6 Presidente Epitácio . 2 I 2 Presidente Prudente* 43 31 25 6 Presidente Venceslau 7 7 6 3 Promissão 6 9 7 Quatá 4 5 2 Queluz 3 2 5 Qt:intana 2 2 2 Rancharia . 7 7 5 Redenção da Serra 1 1 2 Regente Feijó 5 10 Reginópolis 2 1 Registro 1 3 Ribeira Ribeirão Bonito 2 Ribeirão Branco 1 Ribeirão Prêto* 132 110 63 26 4 20 RifB.ina 1 1 2 Rincão .. 2 2 Rinópo!is ·. 3 4 1 Rio Claro 18 30 19 13 8 Rio das Pedr~s ... 1 1 3 Rubuácea 2 3 3 Sales Oliveira 3 3 6 Salesópolis ... I 2 2 Salto .. 4 5 2 Salto Grande. I I 4 Santa Adélia 2 3 3 Santa Bárbara d'Oeste . 3 6 3 Santa Bárbara do Rio Pardo 1 1 2 Santa Branca I 2 I Santa Cruz das Palmeir~s 2 4 2 Santa Cruz do Rio Pardo 7 9 7 Santa Gertrudes 2 Santa Isabel. 1 I Santana de Parnaíba . I 3 Santa Rita do Passa Quatro I3 12 9 4 I Santa Rosa de Viterbo 5 4 3 4 3 Santo Anastácio 6 4 10 2 Santo André* 49 SI 24 1 37 Santo Antônio da AlegrÍ~ 1 2 1 Santos* 240 154 18 93 São Bento do SapucaÍ 2 I 5 1 São Bernardo dos Campos 5 8 4 São Caetano do Sul* 11 28 29 6 São Carlos. 27 41 25 6 3 12

São João da Boa Vista 19 20 15 4 2 11

São Joaquim da Barra 7 8 7 I São José do Barreiro 1 1 4

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ESTATÍSTICA MUNICIPAL 267

PROFISSÕES LIBERAIS - 1953

2. Distribuição por Municípios

MUNICÍPIOS Médicos I Dentistas I F arma~

I Agrô- Veteri~ Enge

cêut.kos nomes nários nheiros

SÃO PAULO (conclusão)

São José da Bela Vista 1 2 2 São José do Rio Pardo 15 17 7 5 São José do R.io Prêto* 71 53 33 9 São José dos Campos 17 8 11 4 São Luis do Paraitinga 1 1 3 São Manuel . 8 10 8 4 São Miguel Arcanjo 1 1 2 São Pedro 2 3 6 3 São Pedro do Turv~ 1 1 2 São Roque. 7 12 7 São Sebastião 2 3 2 São Sebastião da Grama 3 3 3 São Simão 4 5 6 4 São Vicente 22 12 10 1 6 Sarapuí 1 1 Serra Azul 1 2 2 Serrana. 3 2 2 Serra Negra 7 5 7 Sertãozinho 4 10 11 Silveiras 1 1 Socorro 4 6 2 1 Sorocaba 65 50 35 3 18 Suzana 4 1 6 1 1 Tabapuã 3 3 5 I 1 Tabatinga 4 4 7 Taiúva. 1 2 Tambaú 3 6 6 Tanabi . 3 6 4 Tapiratiba 4 4 2 Taquaritinga 10 13 9 Taquarituba 2 1 2 Tatu! 7 11 13 2 Taubaté* 30 30 29 10 Terra Roxa 1 2 1 Tietê 10 lO 5 3 Timburi 1 3 Torrinha . 2 3 2 Tremembé 2 1 3 Tupã*. 20 21 29 4 Tupi Paulista 4 4 4 Ubatuba . 3 3 1 Ubirajara 1 2 2 Uchôa 3 5 2 Urupês . 2 4 6 Valentim G~ntiÍ I 2 1 Valparaíso 6 4 7 Vargem Grande do Sul 5 5 5 Vera Cruz 4 7 7 Vinhedo 2 4 1 Viradouro 3 5 4 Votuporanga IO 8 I2 Xavantes 2 3 5

PARANÁ

CURITIBA* 395 274 86 47 29 375 Abatiá . 2 2 2 Alvorada d;, Sul 3 2 Amoreira .. 1 3 3 Andirá 3 5 5 Antonina 3 2 4 1 2 Apucarana* 22 16 13 3 10 Arapongas* 12 I3 8 I 2 Araruva 2 4 4 Araucária 2 2 I Assaí 6 7 4 Astorga. 4 6 6 Bandeirantes 5 7 6 Barracão Bela Vista cio Paraí.so 5 6 7 Bocaiúva do Sul 2 1 I 4 Cambará .. 8 7 7 4 Cambé. 6 7 7 Campo Largo 2 3 4 Campo Mourão 4 6 6 3 Capanema Carlópolis 2 3 2 Cascavel . 2 I 2 Castro 4 6 3 Catugi . . . .. 2 2 2 Centenário do Sul 3 5 5 Cêrro Azul I I 1 Clevelândia* 1 2 I

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268 REVISTA BRASILEIRA DOS MUNICÍPIOS

PROFISSÕES LIBERAIS - 1953

2. Distribuição por Municípios

MUNIC!PIOS I Médicos I Dentistas I F arma- Agrô- Veteri- Enge-cêuticos nomos nários nheiros

PARANÁ (continuação)

Colombo .. 1 3 Congonhinhas 2 Contenda. 4 Cornélio Pr~c.ópio. 13 12 5 4 5 Cruz Machado Curiúva Faxinal 1 1 1 FlorestópoÚs 1 2 2 Foz do Iguaçu . 3 3 1 Francisco Beltrão 4 5 3 Guaíra 2 2 1 Guaraniaçu . 1 Guarapuava* 8 11 5 4 Guaraqueçaba Guaratuba I I Ibaiti .. 2 3 4 Ibiporã 5 8 2 Imbituva 2 I 3 I Ipiranga . 1 1 1 Irati . 6 6 3 4 2 J acarêzinh'o .. 12 9 9 8 3 6 Jaguapitã. 9 15 22 I J aguariaíva .'. 3 4 6 1 Jandaia do Sul 5 10 9 Japira 1 2 J a taízinho . . 2 1 Joaquim Távora 3 2 4 Lapa. 5 4 5 Laranjeiras do Sul. 3 2 2 Leópo\is . 3 2 Londrina* . 75 SI 27 14 36 Lupion6polis 3 3 4 Malé. 2 1 3 Mandaguaçu 5 4 4 Mandaguari* 9 9 5 2 Mangueirinha 2 2 1 1 Marialva 5 4 5 1 Maringá 13 11 7 4 Morretes 1 3 1 Nova Esperança 4 2 7 Nova Fátima 3 3 3 Ortigueira Palmas 3 3 2 1 Palmeira 3 4 2 1 Paranaguá 10 5 5 4 Paranavaí . 5 8 7 2 Pato Branco 3 3 2 1 Paulo Frontin 1 1 Peabiru 7 7 9 Pinhalão . 1 1 1 Pirai do Sui. 1 3 4 Piraquara 1 Pitanga* . 1 4 7 1 Ponta Grossa~. 46 46 35 16 9 27 Porecatu 4 4 4 2 Pôrto Amazona~. .. 1 1 4 Primeiro de Maio . 2 7 5 Prudentópolis 2 4 5 Qnatinguá ... 1 2 1 Rebouças. 1 1 1 Reserva 2 4 Ribeirão Ciaro' . 2 4 4 Ribeirão do PinhaÍ . 3 2 3 Rio Azul 1 1 1 Rio Branco' cio S~i ... 2 I Rio Cinzas . 1 1 3 Rio Negro. 8 6 5 Rolândia ... ! 12 9 9 Santa Amé!ia 1 2 Santa Marina 3 6 3 Santo Antônio 2 2 1 Santo Antônio da Platina 7 5 7 2 Santo Inácio 3 7 12 São Jerônimo da Se;ra 1 1 5 São João do Triunfo .. 1 São José dos Pinhais 3 5 2 2 São Mateus do Sul 2 3 3 Sengés 1 1 Sertaneja .. 2 3 3 Sertanópolis 6 5 4 1 Siqueira Camp~s 2 5 1 3 Teixeira Soares 1 1 Tibagi 4 3 1

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ESTATÍSTICA MtJNiéiPAL 269

PROFISSÕES LIBERAIS - 1953

2. Distribuição por Municípios

MUNICÍPIOS Médicos I Dentistas I F armaM Agrô· Veteri· Enge· cêuticos nomos nários nheiros

PARANÁ (conclusão)

Tijucas do Sul Timbu 2 Timoneira To!edo. 3 1 1 Tomazina .. 2 2 2 1 União da VitÓria 6 8 5 3 5 Uraí 6 5 7 1 Venceslau Brás 2 3 3 1

SANTA CATARINA

FLORIANÓPOLIS* 57 26 36 13 4 32 Araquari 4 Araranguá 3 1 6 Biguaçu 1 1 Blumenau 21 27 17 22 Bom Retiro 2 1 3 Brusque 6 7 8 Caçador 6 9 5 Camboríú. 1 1 Campo Alegre 1 Campos Novos I I 8 1 Canoinhas* 5 7 6 1 Capinzal 2 2 2 3 Chapecó* 13 2 8 1 2 Concórdia 7 1 4 2 1 Cricíúma'~' 7 5 9 9 Curitibanos 2 3 7 1 Gaspar 1 4 1 Guaramirim 2 1 5 Ibirama 3 1 3 Imaruí 2 2 Inda ia!. 2 3 5 Itaiôpolis 2 1 1 Itajaí* 7 6 11 9 ltuporanga 2 1 6 Jaguaruna 1 3 Jaraguã do Sul 6 5 7 Joaçaba 6 6 7 I 2 Joinvile 21 19 29 4 lO Laguna 7 4 9 3 Lajes* 16 14 18 8 3 4 Mafra .. 4 4 4 2 2 Nova Trento 1 t Orleães 3 2 6 Palhoça 2 6 Piratuba 1 3 Pôrto Belo Pôrto União 6 7 6 3 Rio do Sul 5 9 9 3 Rodeio I 2 6 São Bento do Sul . 4 4 3 São Francisco do Sul 5 2 li São Joaquim 5 5 6 São José 4 1 2 Taió 2 6 Tangarã 3 2 1 Tijucas 2 3 3 Timnó. 2 9 4 Tubarão* 15 5 13 14 Turvo 2 1 7 Urussanga 3 1 6 4 Videira 8 4 9

RIO GRANDE DO SUL (1)

PORTO ALEGRE* 843 380 137 114 59 628 Alegrete . 23 15 9 2 2 6 Antônio Prado 3 3 2 Aparados da Serr~ 4 1 Arroio do Meio 3 5 3 Arroio Grande 4 5 4 4 Bagé* .... 47 24 11 8 4 Bento Gonçalves 6 7 8 3 2 Caçapava do Sul 5 8 4 1 1 Cacequi . . .. 2 2 2 1 2 Cachoeira do Sul* 26 17 13 3 3 3 Caí. 4 17 5 2 Camaquã .. 5 7 2 Candelária 1 3 3 Canela 3 6 2

(1) Para médicos, dentistas e engenheiros, número de profissionais militantes em 1952.

R.l3 M. - 6

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27() REVISTA BRASILEIRA DOS MUNICÍPIOS

PROFISSÕES LIBERAIS - 1953

2. Distribuição por Municípios

MUNICÍPIOS I Médicos

I Dentistas I F arma- Enge·

I cêuticos nheiros

RIO GRANDE DO SUL (conclusão)

Canguçu* 7 4 5 Canoas 3 5 8 Caràzinh~ .. 16 15 7 3 I Caxias do Sui* 29 29 15 7 13 Cruz Alta* . 23 15 12 1 7 Dom Pedrito 11 8 12 3 Encantado 5 6 6 Encruzilhada: do Sul 7 5 3 5 Erechim ... 18 22 11 Erva! 2 1 4 Estrêla* .. 10 10 9 Farroupilha 2 6 3 1 Flores da Cunha 1 3 3 Garibaldi .. 3 9 4 2 General Câmara 2 3 1 General Vargas 4 1 2 Getúlio Vargas. 5 8 6 Gravataí 4 6 2 I Guaíba. 6 9 7 12 1 Guaporé* 8 10 9 I I Ijuí* 11 16 10 3 3 Iraí 2 2 5 I Itaqui . 4 4 3 2 2 ]aguarão 9 8 6 3 3 Jaguari 6 2 2 1 I Júlio de CastÜhcs 9 3 6 8 Lagoa Vermelha* 15 12 17 1 1 Lajeado 11 13 8 2 2 Lavras do Sul 5 2 2 1 Livramento. 21 18 7 4 7 Marcelino Ramos 4 6 5 1 Montenegro* . 13 19 6 2 Nova Prata 5 3 8 1 Novo Hamburgo 10 12 5 5 Osório. . .... 6 9 6 4 2 Palmeira das Missões* 8 9 7 1 1 Passo Fundo* 28 26 16 5 2 7 Pelotas* . 67 69 29 73 8 12 Pinheiro Machado 3 2 4 1 Piratini* 2 1 1 5 Quaraí 4 4 4 2 2 2 Rio Grande* 38 34 20 8 3 24 Rio Pardo 6 5 8 1 1 Rosário do Sui 9 4 4 3 2 Santa Cruz do Sul* 18 24 15 1 2 Santa Maria* 50 35 15 3 3 Santa Rosa* 21 23 1 1 2 Santa Vitória do Palmar 5 4 3 2 Santiago .. 6 4 5 1 1 Santo Ângelo*. 16 16 10 2 3 Santo Antônio* 7 9 5 São Borja. 5 7 6 4 3 São Francisco de Assis 3 2 1 I São Francisco de Paula 7 4 7 I São Gabriel 11 8 6 1 São Jerônimo*. 9 12 7 13 São José do N arte 4 4 3 São Leopoldo* . 23 31 14 8 São Lourenço do Sul 5 7 6 2 São Luís Gonzaga* 14 9 11 1 São Pedro do Sul 2 4 2 São Sepé 4 4 3 Sarandi*. 7 6 4 Sobradinho 6 5 6 Soledade* 9 5 8 1 Tapes. 5 4 3 1 Taquar~*·. 13 24 lO I Taquari 8 3 5 4 Tôrres 2 1 3 Três Pas~os* 4 6 10 Tdunfo. 3 2 1 Tupanciretã 4 3 7 1 5 Uruguaiana 5 11 12 4 7 Vacaria .... 8 9 12 5 1 Venâncio Aires 4 13 7 Veranópolis . 5 5 4 5 Viamão ... 2 4 7

MATO GROSSO

CUIABÁ* 3~ I 2: I 10 181 41

22 Alto Araguaia 1 Amamba! 2

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MUNICÍPIOS

Aparecida do Tabuado Aquidauana Aripuanã Barra do Bugres F.arra do Garça3 Bela Vista Bonito Cáceres . Camapuã Campo Grande* Corumbá Coxin1 Diamantino Dourados Guiratinga Maracaju Mato GtosSo Miranda Nioaque N assa Senhora do Livramento Paranaíba Poconé. Ponta Porã. Pôrto Murtinho Poxoreu . . . Ribas do Rio Pardo Rio Brilhante Rochedo. Rosário Oeste , , Santo Antônio do Leverger Três Lagoas . Várzea Grande

GOIÂNIA• Anãpolis* Anicuns Araguacema Araguatins Arraias Aurilândia Baliza.. . ... Bela Vista de Goiás Buriti Alegre Caiapônia Caldas Novas Catalão Cavalcante Corumbá de Goiás Corumbaíba Cristalina Cumarí . Dianópolis Edéia. Filadélfia Firminópolis Formosa .. Goiandíra Goiás*. Goiatuba Guapó. Hídrolândia Inhumas Ipameri I porá Itabera! Itaguatins Itapad Itauçu Itumbiara Jaraguá Jata! .. . .. Leopoldo de Bulhões Luziânia Mineiros ... Miracema do Norte . Monte Alegre de Goiás Morrinhos Natividade Nazário. Nerópolis .. Niquel~ndia .. ,

ESTATÍSTICA MUNICIPAL

PROFISSÕES LIBE:RAIS - 1953

2. Distribuição por Municípios

I Médicos I Dentistas I ~~~k:~ I MATO GROSSO (conciusão)

5 1 3 1

47 16

l 1 8 3

2 3 8 2 1

8

8 22

1

1 2 3 1 1 5 1 1 1 1 2

4 3

18 3

1 3 9 l 2

1 4 2 8

7 1

GOIÁS

2 6

4 3 3

41 14

4 3 6 1

6 2 2 1 2

6

77 27

4

1 4 4

4 4

lO 1 4 3 4 1 1 2

1 5 3 9 4 1 l 6 9 4 2

4 5 6 7

14

10 1 3 I

1 8

1 16

5 4

5 2 4

5 1 5 2 2 2

2

7 1

37 20

7

2 6 4

4 1 4 8 2 3 2 1 3

3

1 5 3

22 6 3 2 6 7 2 2 2 5 4 8 9 8 2 2 2 2

6 2 1 I 3

Agrô· nomos

15 3

11 2

Veteri­nários

7 2

7 2

2

271

Enge. nheiros

3

17 4

3

39 6

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272

MUNICÍPIOS

Orizona .. Palmeiras de Goiás Paranã Paraúna Pedro Afonso Peixe. . . Petrolina de Goiás Piracanjuba Pirenópo!is. Pires do Rio Planaltina Pontalina Pcrangatu . Pôrto Nacional Posse Q.uirinópolis Rio Verde . Santa Cruz de Goiás Santa Helena de Goiás São Domingos Silvâ>ia . Sítio da Abadia Taguatinga . Tocantinóp0lis Trindade Uruaçu Uruana Urutai . Viantipolis

REVISTA BRASILEIRA DOS MUNICÍPIOS

PROFISSÕES LIBERAIS - 1953

2. Distribuição por Municípios

Médicos I Dentistas I ~arz:n~~ cent1cos

GOIÁS (conclusão)

2 2 1

1 2 2 4 J 1

3

3 6

1 2 2

1 5 1 2

2 5 4 6 2 3 2 3 2 7

10 2 5 1 2

4 2 8 1 1

2 8

2 2 2 2 6 3 7 2 5 3 6 1 8 7

7

3 1 1 4 3 3 7 2 2

Agrô­nomos

* Segundo o censo de 1950, município com mais de 50 000 habitantes.

Veteri~ nârios

Enge­nheiros

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Notícias & Comentários

DIVISAO TERRITORIAL DO BRASIL

EM virtude de haver-se ràpidamente esgotado a edição da Divisão Territorial do Brasil (quadro

vigente em 31-12-54), lançada pelo Conselho Na­cional de Estatística em junho dêste ano, está sendo preparada uma nova edição, a ser posta em circulação em outubro, com os quadros atualizados até 1 ° de julho

Entre 31 de dezembro de 1954 e 1. 0 de julho de 1955 foram criados no país nada menos do que 2 7 municípios e 105 distritos, muitos dos quais sem as condições básicas exigidas para a sua eman~ cipação Continua, portanto, a criação desordenada de municípios e distritos, sem os estudos prelimi­nares e o planejamento técnico necessários, como se pode ver pelo exemplo do Paraná, que já criou quatro novos municípios, depois de 1 o de julho

Além dos 23 municípios no Pará e 1 no Rio de Janeiro, registrados em nosso número anterior, passaram a ter existência legal, no primeiro semestre de 1955, mais os seguintes:

Monte Alegre do Piauí (Piauí) - criado pela lei estadual n" 1133, de 6/Vl/1955; instalado a 30 de junho; desmembrado do município de Gil­bués

Prata (Paraíba) - criado pela lei estadual n. 0 1 147, de 16/II/1955; instalação prevista para 1. 0 /l/1959; desmembrado do município de Monteiro, formando-se dois distritos de Prata e Boi V e lho

Itambaracá (Paraná) - criado pela lei esta­dual n ° 32, de 7 /II/1955; instalação prevista para após as eleições de 3 de outubro; desmembrado do município de Andira, do qual fazia parte como distrito, com o mesmo nome

No Paraná foram criados os seguintes distritos: Mirador (lei municipal n. 0 107, de 10/I/55), no município de Paranavaí; Jussara, Cianorte, Tuneira, Rondon, Cidade Gaúcha, Cruzeiro do Oeste, Maria Helena, Pôrto Camargo, Umuarama e Iporã (l<:>i municipal n° 12, de 25/IV/55), no município de Peabiru; Campina da Lagoa (lei municipal n o 20, de 30/V/55), no município de Campo Mourão

No Rio Grande do Sul foram criados os dis­tritos de Vista Gaúcha (lei municipal n. 0 598/54) e Derrubadas (lei. municipal n ° 599 I 54), no nlu­nicípio de Três Passos; Trindade (lei municipal n ° 342, de 25/III/55), no município de Sarandi; Cruzeiro, Sete de Setembro e Pôrto. Mauá (lei municipal n° 173, de 1. 0 /iV/55), no ~unicípio de Santa Rosa

Embora criados em anos anteriores, só agora foi possível obter melhores esclarecimentos sôbre a constituição dos seguintes distritos, todos :no Paraná: Fênix (lei municipal n. 0 13/54), no município de Campo Mourão; Rio Bonito, Pôrto Santana, Bar­reirinho e Herveira (lei municipal n. 0 19/53), no município de Laranjeiras do Sul; !roi (lei munici­pal n. 0 53/54), Cruzeiro do Sul, Uniflor e Barão de Lucena (lei municipal no 62/54), no muni­cípio de Nova Esperança; Novo Sarandi, Quatro Pontes, General Rondou, Margarida e Dez de Maio (lei municipal n o 17 j 53), e Maripá (lei municipal no 36/54L no município de Toledo.

O CONGRESSO DO ESTADO DO RIO

R EALIZOU-SE em Niterói, de 17 a 21 de agôsto, o I Congresso dos Municípios Fluminenses,

movido pela Siciedade Amigos dos Municípios, ten­do, segundo Q s~u :Regimento Interno, "por objetivo

o estabelecimento de diretrizes concretas no equa­cionamento e solução de problemas dos municípios do Estado do Rio"

O temário do Congresso versou os seguinte as­suntos: 1 ) educação e saúde; 2) obras públicas; 3) fôrça motriz e eletrificação; 4) bancos e caixas econômicas; 5) problemas agropecuários; 6) coope­rativas de produção; 7) operação-município; 8) as­suntos gerais

A sessão de instalação, realizada na noite do dia 7, foi presidida pelo governador do Estado, Sr. Miguel Couto Filho, tendo discursado o presidente da Assembléia Estadual, Deputado Toga de Barros

Entre as contribuições apresentadas e debatidas pelo Congresso, destaca-se o projeto da Operação Rio de Janeiro, projeção regional da Operação Mu­nicípio, de âmbito nacional Essa operação com­preende um plano estadual de obras, empreendi­mentos e serviços municipais e um sistema de atos complementares, objetivando: a) transformar os Mu­nicípios em unidades de sustentação e fatôres de desenvolvimento econômico ... social do Estado, me­diante investimentos vinculados a projetos gerado­res de riqueza e de melhoria das condições de vida de seus habitantes; h) ampliar e fortalecer a capa­cidade financeira e administrativa dos Municípios fluminenses; c) equacionar e dar solução objetiva aos problemas essenciais do Estado, de preferência na base de acôrdos, convênios ou contratos multi­laterais; d) reorganizar, dinamizar e modernizar o mecanismo da administração estadual e municipal

SEMINARIOS MUNICIPALIST AS

PROMOVIDOS pela Associação dos Municípios da Bahia, realizaram-se, no terceiro trimestre

dêste ano, dois seminários municipalistas, o VIII e o IX, respectivamente em Livramento do Bru­mado e Salvador

O VIII Seminário Municipalista Bahiano veri­ficou-se entre 26 e 28 de agôsto e dêle partici­param delegados dos municípios de Livramento do Brumado, Rio de Contas, Ituaçu, Barra d.a Estiva, Piatã 1 Mucugê, Paramirim, Macaúbas, Riacho de Santa na, Caetité, lgaporã, Guanambi, Palmos de Monte Alto, Uran.di, Jacaraci, Caculé, Condeúba, Tremedal e Brumado

Do temário constavam os seguintes assuntos: vias de comunicação e meios de transporte; regula­rização dos cursos dágua; irrigação e açudagem; problemas ligados à agricultura; desenvolvimento dos rebanhos; tributação; problemas de educação e saúde; êxodo na região, suas causas e conseqüên­çias; comunicações diversas

De 22 a 24 de setembro, em Salvador, realizou­se o IX Seminário Municipalista Bahiano, cujo ob­jetivo principal foi o de debater o problema do aproveitamento e domínio das ilhas fluviais do São Francisco O temário estava formado dos seguintes pontos: a) papel das ilhas no desenvolvimento da lavoura e da pecuária na zona do Rio São Fran­cisco; h) situação jurídica do domínio dessas ilhas - União, Município ou domínio privado; c) classifi­cação das ilhas como terras devolutas ou bens pa­trimoniais; d) o problema do domínio em face do melhor aproveitamento econômico; e) aproveitamen­to racional das ilhas em face das necessidade dos pequenos agricultores e das conveniências da eco­nomia popular; f) providências a serem sugerida~ ao Poder Público para solução do problema

Participaram dos debates, na qualidade de in­tegrantes do Seminário, deputados estaduais, direto­res de entidades federais e estaduais, prefeitos mu­nicipais, jornalistas e estudiosos de questões mun,i."( cipalistas,

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M UNICIPIOS PROGRESSISTAS - Os prereltos ou representantes dos cin co munleiplos do llra~ll con sid erados como os m ais progressistas durante o ano de 1951. em concurso promovido pelo

lnolltnto Brasileiro de Administração Municipal e pe la revista "O Cru"tel ro", receberam, dn' mllus do Preside n te da RCI>Ílbllcn, no dia 19 de agôsto, diploma~ de honra . F oram os se~u lntes O> munlclpios vitoriosos: Adnmantln:~. e 1\ mras, em São r•aulo ; Blumenau. em Santl\ Cata r ina, Londrina, no l'aran:\, e MulUlpe, na Uahla. Além dês~(·>, cln~o outro> foram colocados <>ntrc o~ dez rtnaJistns, reccbcnrlo mcn~:lo honrosa: São Caeta no do Sul (S Pau lo). Baturlté (Cearl\), Gmúba ( RIO G randr d o Sul ), :lloosorô ( Rio Grande do Norte) e l'atos (l'araibn). N:. roto, o S r. ~t:irio de :\1atos Rochn, prefeito de Mutulpe, fluando recebia o diploma do seu munlclplo.

CO~CGRSO " TEIXEIRA DE FREITAS''

A SOCIEDADE Bro<ilciro de E•talistico in•ti· tuiu um concurso, dost.nodo a premiar tr:t·

bolhos inéditos sóhrc o temo "O A~:cnt" d<• Esta· tistics c o Município'', c oo quol, em hQmenog<m• oo fundador do IBGE, deu c> nome d<· "Concurso Tcixdr::a de Froit~s".

São as $eguintcs as boM.·• dCs,.c- «Jncurso: 1 - O Concurso Teixciro de Frc1tft1 destina-se

a premiar trabalhos oricinais. méditos. sôbrc o tema "O Accnte d<> Estotístoea e o Muni<:ipio"

2 - Shmcnte os A gentt-s e derruu.s servldor .... :~ dt' Agência• Municipa's dl' Estat•stoca (Quadro Jll da Secret<tra-Gcr11l do CNE) poderão porticipor do con~urso

3 - Os prêm•o~ n scr('m conlér~do serão os •cguintcs: 1." pr~mio. no valor "" CrS 5 000,00: 2 .• prêmio, no valor de Cr$ 4 000,00: 3.• prêmio, no valor d" CrS 3 000 00: Pr~m•o R<•eli\o Norte, no valor de Cr$ 2 000,00; Prêmio Região Nordeste , no valor de Cr$ 2 000 00; Pr<omio Reeiõo k ste, no valor de CrS 2 000,00; Pri-mio R<'I;IÍ\o Sul, no vnlor de CrS 2 000,00; Pr.;mio Rciiüo Ccntro-Oes· te, no valor de CrS 2 000,00 .

4 - Os trnbnlho• devem ser datilografado• (lm duns vio:c c t;'\poco dois, ocupando apenM uma dos faces do POP<'I de formoto of1C1o. O número de f)Óitinas datilo&rofaclo• nõo devo '"r tnferior 3 dez, tôdas numcradn.s c rubrica:las pe-lo autor, que ar.síoani a última .

5 - O. tr•balhos •erõo capeados por folha d" papel de formato duplo of•cio. Na capa da frent<!, f('rio co""ignod11• p<'lo 11utor u se&uintca tndicaçõco :

Cnncur110 Tttirrtrll de FreitM "O Acrnte de Esu.t ... t•ca c- o Munic ipio'' Trabalho apr~t•do por: ( nome do autor) Agência Municis>al de E•totisti~ > rle ( nomf' rlo Município)

6 - O• trabalho• devem '"r encominhodos entre 2 f! 20 dt> jnnriro dc 1956 nos Tn<P<·tort's Rt>· gionnia rl" Es;totistico Murucipat. quc doriW> rtoelbo o cado concorrente.

7 - At6 o dio 25 dc janeiro, us lnsp<'torcs cncnmmhorito: n) A Sociedede BrosilC'.rn d e Etta · tística - rt~loçio dos concorrentlt's (nomt' <~ coq~n) " as primt'irn• vi tu do• trobnlhos oprcs<'ntnc1o<: b) A Comissõo Rrgaono1 encar-regada de ,.,._.t~•onar os trabalhos, c6p1o da re-lação dos <'oncorr<'nt" c ... "'gunclas vlau dos trabalhos: apre~ntadoa .

8 - O prt•\ldente da Cnminllo Rca•onal distri· bu1rá os troba1ho• ~ntrc 05 membros do ConúS$..Io. de mtuleira qu~ ate 28 de fevere-iro f'~teJttOl -.:ttl••· çionadM os melhor"' de cada rec•iio Nlio poder-m ser ..,1,-cionAdo• m..U de dez tubalhos em cad.> rf'ciõo: o núm~ro dêlca: pode ser. contudo. 1nferior a dez.

9 - Atl! 28 de fevereiro, cedo Cnmis•llo R c· Qional envior6 a SBE comunicação rdncionando os trabalho• s<•l('c•onodos pora concorrer oo JUlga· mento finol

tO - RccêbadBs os comunicações mencionad.u no •tem nntcnor. o Presidente da SBE 01 en· caminhoró À Comissõo Julcodora, qu~ clo"ific&r~ tlqu~lc$ Qll\" devem receber os prêmio~ ffie)OC'tonodo~ no 1tc.-m '2

li - Todot os lrabalhos sclccionodo• concnr• rcrão aos J pnmc•ro" prêmios. Aos demai~ concor· rcrào •P<mot ~ ttoboltlos oriundo~ da!li Rt•&JO<"t qut~ dio nom~ •o~ prêmios. excluídos os JÓ pn·miodo'J . Para .-r~•to do concurso. o Estado d~ M1nu C~ro~•t oerá con,id<·rado na Regiiio Centro Ocsto. JUnt.l•

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NOTÍCIAS & COMENTÁRIOS 275

mente com Goiás e Mato Grosso A Comissão Jul­gadora poderá conceder "menção honrosa" àqueles trabalhos que, não obtendo nenhum dos prêmios mencionados, merecerem destaque especial

'2 . ; As Gomissões Regionais, sediadas em Belém, Recife,, Niterói, São Paulo e Belo Horizonte, serão co·nstituídas de três membros, oportunamente designados· pelo presidente da SBE

13 - A Comissão Julgadora, sediada no Dis­trito Federal, será !ntegrada também por três meln­bros, designados pelo Presidente da SBE .

14 - Se a Comissão Julgadora assim entender, podem deixar de ser concedidos um, alguns ou todos os prêmios.

15 - A decisão da Comissão Julgadora, de­pois de homologada pela D~retoria da ~BE, não poderá ser revista, sob qualquer pretexto.

16 - A SBE poderá divulgar, na "'Revista Brasileira de Estatística", na "Revista Brasileira dos Municípios", ou em separatas das mesmas, os trabalhos que forem premiados ou que merecere1n ''menção honrosa".

17 - No julgamento serão levados em conta: a) a utilidade prática do trabalho, os aspectos nêle abrangidos e a contribuição pessoal do autor; b) a clareza, a s~mplicidade e a precisão da ex­posição, bem como a correção da linguagem; c) a originalidade e a objetividade com que o tema fôr desenvolvido

18 - A coordenação dos trabalhos do concurso ficará a cargo do 1. 0 Secretário da SBE.

19 - Os casos omissos serão resolvidos pelv Presidente da Sociedade, que poderá submetê-los à Diretoria da entidade

RECIFE: CONGRESSO DE SALVAÇÃO DO NORDESTE

S OB os auspícios dos governos de vários Estados nordestinos, realizou-se no Recife, de 20 a 27

de agôsto, o Congresso de Salvação do Nordeste, para o debate e estudo de questões ligadas aos pro­blemas daquela região.

Do extenso temário do Congresso constaram itens sôbre energia elétrica, problema das sêcas, distribuição, aproveitamento e conservação das ter­ras, assistência ao trabalhador rural, reflorestamen­to, indústria em geral, agricultura, produção mi­neral, comércio e transporte

Atendendo a uma solicitação e convite da Co­missão Organizadora, o Conselho N acionai de Esta­tística apresentou ao Congresso uma comunicação, preparada sob a orientação do Prof. Giorgio Mor­tara, e intitulada Contribuição para o estudo da demografia do Nordeste. Fêz-se, ainda, representar nas sessões peta Inspetor Regional em Pernambuo:o, Sr. Laércio Coutinho de Barros

BAHIA: ESTUDO DE PROLEMAS LOCAIS

PELO Govêrno da Bahia foi promovida a reali­zação em Salvador, entre 4 e 7 de setembro,

de uma Conferência Consultiva sôbre crédito agrí­cola e financiamento do desenvolvimento econômico regional, durante a qual foram debatidos os princi­pais problemas de aproveitamento dos recursos na­turais e humanos do Estado

Tomaram parte na Conferência os Srs. Munhoz da Rocha, Ministro da Agricultura; Augusto Viana, presidente da Confederação das Indústrias; Alcides Vidigal, presidente do Banco do Brasil; Costa Pôrto, presidente do Banco do Nordeste; Cleanto Leite, presidente do Banco de Desenvolvimento Econômico, além de diretores dêsses estabelecimentos de cré­dito, par~amentares e técnicos em economia.

A agenda da conferência foi bastante ampla, abrangendo nove assuntos principais a saber 1 . Ele­tricidade; 2 Petróleo; 3 . Transportes; 4 Comu­nicações; 5 . Agricultura e abastecimento; 6. Agua urbana e industrial; 7. Cidade industrial; 8 Orga­nização financeira; e 9 Organização técnica

DISTRIBUIÇÃO DE COTAS DO IMPOSTO DE RENDAS

FOI sancionada pelo presidente da República a lei do Congresso, modificando o art. 4. 0 , e

seu parágrafo único, da lei n. 0 305, de 18 de julho de 1948, re~ativo à quota do impôsto de renda, destinada aos municípios O referido dispo­sitivo terá a seguinte redação:

"Art. 4. 0 - A apuração e fixação de impor­tância devida aos municípios terão por base: 1) o total da arrecadação geral do impôsto de renda e proventos de qualquer natureza, no exercício an~ terior ao da elaboração orçamentária; 2) o número de unidaçles administr:ativas, existentes a 31 de de~ zembro do ano da elaboração orçamentária, acres~ cido das que forem criadas até essa data, desde que instaladas até 31 de janeiro do ano seguinte

"Parágrafo único - No exercício de 1955, a instalação, para efeito do disposto no item II dêste artigo, poderá ter sido feita até 31 de março de 1955 "

Sôbre o paga:nento dos débitos da União para com os Municípios, relativamente às cotas de ún­pôsto de renda em atraso e referentes aos exercí­cios de 1948 a 1955, a Associação Brasileira de Municípios enviou a todos os prefeitos uma cir­cular, com amplos esclarecimentos

ECONOMIA DE ALAGOAS

T ERRITORIALMENTE o menor Estado do Nordeste, possui Alagoas um dos melhores

so!os dessa região. Três quintos de sua superfície estão completamente fora do "polígono das sêcas"; enquanto nas demais Unidades nordestinas, à ex­ceção do Maranhão, as caatingas recobrem de 54 a 86% do território, em Alagoas a área abrangida por tipo de revestimento não chega a 40% Conta ainda com um potencial hidráulico, na bacia do São Francisco, de' 235 mil c v , maior que o de todos os Estados do N ardeste reunidos

A área dos estabelecimentos agropecuários, no Censo de 1950, era de 1,5 bilhões de hectares, dos quais 280 mil dedicados à lavoura Dentro dessa área havia 420 mil hectares de terras incultas, o que dá idéia das possibilidades de desenvolvi­mento da agricultura no Estado Em 1953, a la­voura alagoana apresentava uma área de cultivo várias vêzes maior que a de Unidades como o Amazonas, o Par~ ou Mato Grosso, e com um valor cie produção superior a 1 bilhão de cru­zeiros. Em 1954, as safras de consumo domés­tico - mandioca, milho, feijão - renderam mais de 100 milhões de cruzeiros cada uma, destacan­do-se a mandioca, com 173 milhões

A principal cultura é a da cana-de-açúcar, cuja produção, em 1954, foi de 2,7 milhões de tone­ladas e 321 milhões de cruzeiros. A fabricação de açúcar é um dos principais alicerces da indústria alagoana, figurando êsse Estado como quarto pro­dutor nacional O algodão tem, igualmente, conside­rável importância na economia estadual, não só no setor agricola (127 milhões de cruzeiros em 1954) como no industrial; cêrca de 40o/o da produção in­dustrial de Alagoas se concentram no seu parque têxtil, de que a fiação e tecelagem de algodão absor­vem a quase totalidade Outra cultura de expressão é a de côco~da-Bahia, cuja safra em 1954 alcan­çou 57 milhões de frutos, no valor de 100 milhões de cruzeiros, sendo inferior apenas à produção baiana

RENDA NACIONAL EM 1953

A RENDA Nacional do Brasil elevou-se a 336,5 bilhões de cruzeiros em 19 53, segundo as mais

recentes estimativas da Fundação Getúlio Vargas. Em relação ao ano de 1952, quando o total esti­mado havia sido de 284,4 bilhões de cruZeiros, o aumento foi da ordem de 18,3%. Desde 1947, as taxas de incremento anual, em têrmos nominais, têm sido sempre superiores a 11 o/o, alcançando o máximo (19,5%) em 1951, para cair a 15,6% em 1952 e novamente elevar-se .no ano se· guinte.

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276 REVISTA BRASILEIRA DOS MUNICÍPIOS

São Paulo contribui com a maior parte -113,2 bilhões de cruzeiros, o que corresponde a pouco menos de um têrco do total nacional Mas o crescimento, em comParação com o ano ante­rior, foi ali de apenas 6,4% No Distrito Federal, a segunda Unidade de maior Renda ( 50,9 bilhões), verificou-se também incremento anual relativamen­te modesto, 12,3% As mais elevadas taxas de crescimento aparecem no Rio Grande do Sul e em Minas Gerais, onde os resultados referentes ao ano de 1953 foram, respectivamente, 24,9•% e 24,3o/o, superiores aos do ano de 1952 Em. um único Estado - o Rio Grande do Norte - houve declínio absoluto da renda: de 2 824 milhões para 2 676,3 milhões de cruzeiros

A renda ''per capita" do brasileiro evoluiu de 2 870 cruzeiros, em 1947, a 6 033 cruzeiros em 1953, em valores não deflacionados, passando do índice 100, naquele ano, ao índice 242, neste último Na discriminação pelos Estados, as quo­tas por habitante variam dos mínimos de 1 878 e e 1 581 cruzeiros no Maranhão e no Piauí, aos máximos de 11 510 cruzeiros em São Paulo e 19 549 cruzeiros no Distrito Federal Assim, a renda "per capita" do carioca é mais de 10 vêzes supefior à do piauiense e a do paulista quase 1 O vêzes superior à do maranhense

Metade da Renda Nacional, em 1953, pro­veio de quatro Estados, que formam a Região Sul, onde está localizada apenas uma têrça parte da população do Brasil Assim, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul que reuniam, naquele ano, 18 514 000 habitantes, segundo esti­mativas do Laboratório de Estatística (IBGE) , concorreram com parcela igual à das restantes Unidades da Federação, apesar de terem estas o dôbro do efetivo demográfico: 3 7 345 000 habi­tantes

Como tem acontecido nos anos anteriores, as variações na discriminação regional da Renct,.a en­tre 1952 e 1953 foram pouco sensíveis O Leste aumentou de 35,3o/0 para 36,4% sua participação no total do país, e o Centro-Oeste de 2,1 o/o para 2,7o/0 Houve ligeira diminuição no Norte, de 1,8 para 1,7% e no Nordeste, de 10,2 para 9,6o/o A contribuição do Sul desceu de 50,6o/o para 49,6o/0 , conservando-se pràticamente inalterada sua larga vantagem sôbre tôdas as demais regiões

No mesmo período, entretanto, a evolução da quota por habitante acusou diferenças acentuadas A renda "per capita" cresceu de 41 o/o no Centro­Oeste, passando de 3 522 para 4 969 cruzeiros, e de 15% no Leste, (de 5 571 para 6 408 cru­zeiros) No Sul, a melhoria foi de 8% (8 716 para 9 442 cruzeiros) fixando-se em 5o/o tanto no Norte ( 2 877 para 3 028 cruzeiros) quanto no Nordeste (2 420 para 2 531 cruzeiros).

CONSTRUÇOES NO DISTRITO FEDERAL

T EM diminuído, nos últimos anos, o número de construções licenciadas no Distrito Federal,

que, assim, parece estar voltando ao ritmo normal de seu crescimento imobiliário, depois da "febre de construções" que caracterizou um movimentado período desde após-guerra. Por outro lado, o reta~ tivo aumento médio das áreas de piso denota um aparente predomínio de construções maiores sôbre as de menor vulto Súmulas publicadas pelo "Bo­letim Estatístico" nos mostram que as médias men­sais de 1953 e 1954 para construções licenciadas no Rio foram as mais baixas dos últimos dez anos. Em contrapartida, suas áreas de piso alcançaram as médias mais elevadas do decênio

O fenômeno se torna mais visível quando Se confrontam os dados do qüinqüênio 1950-1954 Em 1950, o número de construções licenciadas havia atingido um total realmente elevado: 11 405, ou seja, 905 por mês. O ano seguinte apresentou uma cifra ainda apreciável: 10 341. Mas já em 1952 se registrava substancial redução: 8 2 7 8 - se bem que a média mensal de 690 construções continuasse das melhores Enfim, em 1953 e 1954, construiu­se ·menos, no. Rio, do que em todos os dez anos anteriores: 6 363 e 6 167, respectivamente

A área de piso não acompanhou, todavia, o decréscimo numérico das edificações No lustro examinado, justamente 1950 figurou com a menor área de piso total: 1 661 267 m 2 Nos derradeiros quatro anos, essa área tem-se mantido sempre aci­ma de 2 milhões de metros quadrados, havendo chegado, em 1952, a quase 2,9 milhões Em 1953 e 1954, as médias foram respectivamente de 418 m2 e 3 64 m 2 por construção, as mais altas obtidas recentemente. Embora nesses dados estejam tam~ bém incluídas as licenças para acréscimos e mo­dificações, a parcela destas não é de molde a alterar, de maneira fundamental, a situação ex­posta

Em 1952, quando já havia entrado em declí­nio o surto imobiliário que se iniciara em meados da década precedente, o Distrito Federal contava com 447 110 prédios, segundo os mais recentes da­dos sôbre ''Melhoramentos Urbanos'', coligidos pelo Serviço de Estatística da Educacão e Cultura Comw parando-se êsse número com os~ resultados do levan­tamento procedido em 1951 ( 428 269 unidades prediais), podemos precisar que surgiram na Cidade Maravilhosa, no espaço de um ano, nada menos de 18 841 novos prédios

Quer isso dizer que tivemos uma casa consw truída em cada 28 minutos; 52 casas, em média, por dia, e 1 570 por mês Mas êsses elementos, que evidenciam ainda um intenso desenvolvimento da atividade de edificação, excedem consideràvel­mente o número de construções licenciadas que, no mesmo ano de 1952, não foi além de 8 278

Há, por conseguinte, 10 563 unidades exceden­tes, algumas das quais devem ter sido licenciadas anos antes; mas é de supor que, em grande parte, aí estejam compreendidas pequenas construções rústicas erguidas, como tudo indica, em áreas não urbanizadas e, principalmente, nas favelas. Essa hipótese, se aceita, levaria a concluir que, dos 18 841 novos prédios computados no Distrito Fe­deral pelo último levantamento, 10 563 seriam "clandestinos", predominando entre êstes, possivel­mente, os casebres de favelados

ASPECTOS ECONOMICOS DE MATO GROSSO

C OM sua imensa extensão territorial, 1 254 821 km2, e uma população pouco superior a meio

milhão de habitantes (576 154 em 1 ° de janeiro de 1955), o Estado de Mato Grosso enfrenta os vários problemas peculiares às grandes áreas insu­ficientemente povoadas Alguns de seus 35 municí~ pios se estendem por mais de 100 mil km2; o da capital Cuiabá, é maior do que 12 Unidades brasi­leiras As florestas tropicais e os cerrados predo~ minam no revestimento florístico, sendo também grande a área abrangida pelo pantanal.

Mato Grosso é pouco desenvolvido industrial­mente Sua principal base, nesse setor, é a pre­paração de carnes, que lhe rendeu, em 1953, cêrca de 290 milhões de cruzeiros. Possui um dos maiores rebanhos bovinos do país, estimado em mais de 6 milhões de cabeças As riquezas minew rais continuam pràticamente inexploradas A pro­dução extrativa vegetal concentra-se na borracha e na erva~mate, esta. última em declínio no após­guerra, declínio verificado, aliás, em todo o terri­tório nacional.

Por ocasião do último Censo, Mato Grosso apresentava a maior área agrícola depois de Minas Gerais, cêrca de 29 n1ilhões de hectares, dos quais 70% ocupados por pastagens A lavoura partici­pava nesse total com apenas 0,8%. Conforme o "Anuário Estatístico do Brasil - 1954", a pro­dução agrícola mato-grossense, em 1953, foi da ordem dos 800 milhões de cruzeiros. Como cultu­ras de maior importância figuravam o arroz, a mandioca e o milho, com valor de produção supe­rior a 100 milhões de cruzeiros; apareciam, em seguida, o feijão, o café e a banana, todos com mais de 50 milhões. O cultivo do algodão e da cana"de-açúcar se achavam, nesse ano, em franca ascensão, ambos com valor de produção acima de 40 milhões.

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NOTÍCIAS & COMENTÁRIOS 277

EM POUCAS LINHAS

I NSTALOU-SE em Goiânia, em setembro, a Co­missão Organizadora do II Congresso dos Mu­

nicípios Goianos, que ficou assim constituída: Srs. João de Paula Teixeira, prefeito de Goiânia; Ca­margo Júnior, secretário do Interior e Justiça; José Balduíno, chefe do gabinete civil; Deputado Agenor Diamantino e Joaquim Neves Pereira

* No terceiro trimestre de 1955 foram instaladas mais as seguintes Agências Municipais de Estatís­tica: em Pilões e Pedras de Fogo, na Paraíba; Santa Rosa de Lima, em Sergipe

* A Arquidiocese de Diamantina promoveu, de 12 a 19 de junho, uma Semana Ruralista, da qual participaram 40 municípios Na ocasião, foi reali­zado, pelo secretariado da Semana, um inquérito sôbre as condições de vida na Arquidiocese, com~ preendendo aspectos sanitários, alimentação e agri~ cultura.

* Foi instalada e inaugurada, a 31 de agôsto, a Agência Municipal de Estatística de Carira, f>m Sergipe.

* Sergipe Ibgeano é o título de uma publicação periódica do Mivimento Cultural Ibgeano daquele Estado, e que já se encontra em seu terceiro número

* A Sociedade Paulista de Escritores abriu inscri­ções para o Prêmio Irene Giorgi, destinado às me­lhores monografias inéditas sôbre assuntos munl­cipais paulistas, de autoria de associados daquela entidade O prêmio é de Cr$ 15 000,00 para o pri­meiro e Cr$ 5 000,00 para o segundo colocado Informações podem ser solicitadas à SPE, rua João Brícola 46, 10 o andar, São Paulo.

* A Agência Municipal de Estatística de Cana­vieiras publicou o Pequeno Anuário do Município de Canavieiras, um registro completo da vida daquela comuna em 1953 O volume foi organizado pelo Agente de Estatística local, Sr Myron Pereira

2 311 SERVIÇOS DE SAúDE PúBLICA

P ROGRIDE razoàvelmente no Brasil a assis­tência médico-sanitária, no que concerne aos

serviços oficiais de saúde pública Tínhamos, em 1949, 1 694 unidades do gênero, na proporção de uma para cada 29 970 habitantes; com as 2 311 existentes em 1953, a proporção diminuíra para 1 por 24 130, ainda muito larga em confronto com a de países mais desenvolvidos Tomando-se como re­ferência o período de 1949 a 1953, observa-se um aumento de 617 estabelecimentos no território na­cional (centros de saúde, postos de higiene, serviços de medicina preventiva) , quase todos instalados em municípios do interior.

Os Estados sulinos apresentavam, em conjunto, proporção melhor que a nacional: um estabeleci­mento oficial de saúde pública para cada 19 865 pessoas. A situação médico-sanitária do Norte era, aparentemente, ainda melhor: um estabelecimento para cada 12 185 pessoas. Deve-se, no entanto, res­salvar que as 1 362 unidades ali em funcionamento cobriam uma área terrestre de mais de 3,5 milhões de quilômetros quadrados, cabendo em média, a cada uma, cêrca de 22 mil km2 ; já no Sul essa média era de apenas 9 mil km2 •

Nas demais regiões, apenas o Leste se apro­ximava da posição nacional: um estabelecimento n1édico-sanitário oficial para cada 24 735 habitan­tes. A proporção no Nordeste era de um por 36 775 e, no Centro-Oeste, de um por 45 810. Em tôdas elas, porém, se registrou melhoria de nível no período focalizado; a posição do Centro-Oeste, por exemplo, era em 1949 de uma unidade para cada grupo de 56 mil habitantes. Progressos de outra ordem foram assinalados, entre êles o do aparelhamento técnico: em 1949, 644 estabeleci­mentos possuíam laboratórios de pesquisas; em 1953, êsse número se elevava a 877.