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OPERA PRIMA HOMENAGEM A LELÉ A FESTA DA ARQUITETURA PROJETOS DE DIPLOMAÇÃO ENSAIOS TEÓRICOS ARQUI REVISTA DA FAU-UnB N°02 | 1/2014

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Revista da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Brasília.

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Page 1: Revista ARQUI

OPERA PRIMA HOMENAGEM A LELÉ A FESTA DA ARQUITETURA PROJETOS DE DIPLOMAÇÃO ENSAIOS TEÓRICOS

ARQUIR E V I S T A D A F A U - U n B

N ° 0 2 | 1 / 2 0 1 4

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ARQUI Revista da FAU-UnB

04 de setembro de 2014

Edição: 1/2014

No 02

Universidade de Brasília

Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da UnB

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A772 Arqui: Revista / Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da UnB, n.2 (1/2014). — Brasília, DF: FAU/UnB, 2014. 109 p. : il. ; color. : 23 x 29cm

Semestral

ISSN: 2358-5900 1. Arquitetura. 2. Urbanismo. I. Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da UnB.

CDU: 72:911.375.5(05)

FICHA CATALOGRÁFICAFaculdade de Arquitetura e UrbanismoUniversidade de Brasília – UnBInstituto Central de Ciências – ICC Norte – Gleba ACampus Universitário Darcy Ribeiro – Asa Norte – Caixa Postal 04431 CEP: 70904-970 – Brasília / DF – E-mail: [email protected]: (+55) (61) 3107-6630 / Fax: (+55) (61) 3107-7723

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Capa:Fotografia ampliada de Bruno AzambujaDivisões das sessões:Fotografias de Bruno Azambujahttps://www.flickr.com/bsazambuja

Revisão editorial: Frederico Maranhão de Mattos

Coordenação de Diplomação:Bruno CapanemaCláudia da Conceição GarciaLuciana Saboia Fonseca CruzRaimundo Nonato Veloso Filho

Coordenação de Ensaio Teórico:Ana Elisabete de Almeida MedeirosOscar Luis Ferreira

Projeto gráfico e diagramação: GRUPO arquitetura etc

Universidade de BrasíliaReitor: Ivan Marques de Toledo CamargoVice-reitora: Sonia BáoDecana de extensão: Thérèse Hofmann Gatti Rodrigues da Costa

Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da UnBDiretor: José Manoel Morales SánchezVice-diretora: Cláudia Naves David AmorimCoordenador de pós-graduação: Márcio Augusto Roma Buzar

Editor: José Manoel Morales Sánchez

Editora executiva: Maria Fernanda Derntl

Conselho editorial:Andrey Rosenthal Schlee Benny Schvarsberg Cláudio José Pinheiro Villar Queiroz Elane Ribeiro PeixotoLuiz Alberto Gouvêa

Equipe editorial da revista:Ana Elisabete de Almeida MedeirosCaio Frederico e SilvaDanilo Fleury | GRUPO arquitetura etcJosé Manoel Morales SánchezMaria Fernanda DerntlMarilia Alves | GRUPO arquitetura etcPaola Caliari Ferrari Martins

ARQUIR E V I S T A D A F A U - U n B

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ARQUI... O prefixo de origem gre-ga indica superioridade, primazia, excesso. Para nós, ARQUI é Arqui-vo e Arquitetura. Não um arquivo empoeirado de objetos do passado, mas um acervo em permanente atualização de trabalhos recentes de professores e alunos da FAU-UnB. Também não há pretensão de in-dicar resultados supostamente me-lhores, mas sim de apresentar uma amostra de nossa multifacetada produção: livros, pesquisas, planos urbanísticos, fotografias, projetos reais ou utópicos.A ARQUI retoma uma iniciativa an-terior, de 15 anos atrás, quando se publicou o número 1 da Revista da FAU-UnB. Antes dela houve tam-bém um Boletim semestral da Fa-culdade. Consideramos que esta re-vista é parte desse esforço coletivo e já de longa data para a divulgação do nosso trabalho acadêmico. Por isso, apesar do novo nome, este é o nú-mero 2 da revista. Esta edição é uma obra piloto, experimento concreto, que esperamos possa ser aprimora-do a cada semestre, no mesmo sen-tido pedagógico em que esperamos um melhor curso de arquitetura e urbanismo.Abre-se este renovado espaço para mostrar nossas atividades no campo do ensino, da pesquisa e da exten-são. Uma seleção necessariamente incompleta, mas ainda assim ex-pressiva. Ao folheá-la, alunos re-

cém-ingressos vão se deparar com um exigente horizonte de expecta-tivas; arquitetos recém-formados poderão compartilhar algumas das experiências de maior fôlego desen-volvidas no curso. E, para o público em geral, sem dúvida será esclarece-dor saber, afinal, o tanto que se faz numa Faculdade de Arquitetura e Urbanismo!

Equipe editorial

EDITORIAL

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SUMÁRIO10 Livro reúne reflexões

sobre BrasíliaErika Suzuki

25 Novo PORTO do Rio: MARAVILHA para quem?Ingrid Fonseca de Araujo

40 Clube Vizinhança 112|113 norteMarina Bacha Junho Aires

12 UnB ganha guia de bolsoAgência UnB

44 Ocupando EstelitaTamiris Tomimatsu Stevaux26 Estas ruas têm histórias

Jana Cândida Castro dos Santos

27 O retrato de uma Teresina esquecidaJúlio de Paiva Vieira Júnior

48 Mosteiro de São BentoCarina Beltrão de Medeiros

52 Velódromo de BrasíliaBruno Rodrigues Tenser

28 Verde patológicoMatheus Maramaldo A. Silva 16 De fundador da FAU a

Professor Emérito, o construtor da UnB: LeléCláudio Queiroz

50 Centro de cultura e gastonomia do DFArtur Rocci

20 Sobre o Ensaio TeóricoAna Elizabete de Almeida Medeiros 32 Sobre o TCC

Cláudia da Conceição Garcia 54 Chanceleria e residência

oficial do Brasil na ArmêniaAna Luiza Lacerda Amaral

22 Catálogo de EnsaiosPôsteres de divulgação 34 Catálogo de Diplomação

Chamadas dos trabalhos 56 (Re)composição com ponto históricoLuiz Eduardo Sarmento Araujo

24 Práticas integrativas em saúdeGabriela Emi de Brito Akaboci

38 Sobre os destaquesCláudia da Conceição Garcia 58 Intervenção urbanística

no SHIGS 713, 714 e 715Lara Agostinho Araújo

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HOMENAGEM

FAU PESQUISA NOVOS ARQUITETOS

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60 Qualificação urbana da Cidade EstruturalMaíra Oliveira Guimarães

80 Waterfront Planning Marathon – Anúncio dos Projetos selecionados

62 Mariápolis: vilarejo religiosoMelissa Aragón Escobedo

81 Lago para todos: lazer e mobilidade urbana na orla do lago ParanoáLouise Boeger

64 Planejamento rural e projeto de fazendaNayanna Nobre Pinheiro Teixeira

84 Concurso: Brasília em Cartaz

68 Galeria FotográficaExposição dos trabalhos finais de graduação

88 Galeria Fotográficaworkshop de valorização artística de projetos

66 Planaltina Parque:projeto urbanístico de interesse socialMarilia Alves

94 Galeria FotográficaVER[A]CIDADE

74 Opera Prima SESC Asa Norte: projeto de Adélia MargaridaEvelise Grunow

78 Concurso elege a marca do Museu da Educação do DFSonia Cruz

100 A (re)descoberta da cidadeJuliana Figueiredo

102 XIII Seminários de História da Cidade e do UrbanismoMaria Fernanda Derntl

104 Galeria FotográficaO Jogo da Arquite-tura

FAU PREMIADA

ENCONTROS NA FAU

FAU NA RUA

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Livro reúne reflexões sobre BrasíliaErika Suzuki – da Secretaria de Comunicação da UnBPublicação original no site da UnB

Proposta é promover discussões mais amplas sobre a gestão e a preservação da cidade

Em edição bilíngue português-in-glês, a obra Brasília 50+50: cidade, história e projeto reúne reflexões de arquitetos e pesquisadores da área sobre a evolução da capital, “do projeto à cidade construída”, e aponta caminhos para o futuro.Segundo Maria Fernanda Derntl, uma das organizadoras da publi-cação, os textos tiveram origem em workshop realizado em 2011 na Faculdade de Arquitetura e Urba-nismo. O encontro foi organizado em parceria com o Instituto Poli-técnico de Milão como parte das comemorações do cinquentenário de Brasília.Brasília 50+50 fala sobre a implan-tação da cidade e o seu desenvolvi-mento, além de trazer para o deba-te temas como mobilidade urbana e preservação do Plano Piloto. O desafio de planejar Brasília para os próximos 50 anos a partir de uma visão crítica dos últimos 50 está na base dos textos e da refle-xão de seus autores. T

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Brasília 50+50: cidade, história e projetoreflexões de arquitetos e pesquisado-res da área sobre a evolução da capital

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UnB ganha guia de bolsoAgência UnB Publicação original no site do Correio Braziliense, 18/03/2014

Publicação da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo traz mapa com ilustrações e explicação sobre prédios e obras de arte do câmpus Darcy Ribeiro. Material será distribuído a calouros

Integrado ao complexo arquitetôni-co da capital federal projetado por Oscar Niemeyer, o câmpus Darcy Ribeiro da Universidade de Brasília possui prédios de grande valor cul-tural e histórico. Para auxiliar na localização da comunidade acadê-mica e valorizar essas instalações, a Faculdade de Arquitetura e Urba-nismo (FAU) lançou um guia de bol-so de arquitetura e arte.Financiado com recursos da Co-missão UnB 50 anos e da própria faculdade, o material traz um mapa do câmpus e destaca trinta prédios e dezesseis obras de arte que estão acessíveis ao público. Além de foto, há uma breve explicação sobre a importância arquitetônica e cul-tural de cada edificação. Eles estão dispostos de acordo com a data de construção.Entre os destaques, estão a Faculda-de de Educação, um dos primeiros prédios da UnB, concluído em 1962; o Instituto Central de Ciências, projeto emblemático de Oscar Nie-meyer, conhecido como Minhocão; e a Faculdade de Ciências Sociais Aplicadas, de Matheus Gorovitz. O material apresenta ainda constru-ções mais recentes, como os insti-tutos de Química e de Ciências Bio-lógicas, finalizados em 2008 e em 2009, respectivamente. O guia catalogou dezesseis obras de arte expostas em diferentes pontos da universidade, entre as quais a es-

cultura Bartira, de Victor Brecheret, que representa a índia de mesmo nome com o filho em uma rede. Há ainda o mosaico Ao Gui, de Henri-que Gougon, dedicado ao líder estu-dantil desaparecido em 1973 Hones-tino Guimarães.“O objetivo inicial era suprir a falta de sinalização que havia anterior-mente. Hoje, as novas placas dimi-nuíram um pouco esse problema, mas a ideia de auxiliar na localiza-ção persiste. Ao mesmo tempo, gos-taríamos de valorizar a arquitetura da instituição”, explica o coordena-dor do projeto, Pedro Palazzo.“As pessoas passam todos os dias por essas obras, realizam suas ati-vidades nesses locais e não sabem da importância artística e histórica. Tentamos abordar essa relevância de uma maneira acessível a todos”, reforça Palazzo. Ainda neste ano, o material deve ganhar uma versão online.O projeto contou com a colabora-ção de professores e alunos da FAU, que realizaram pesquisas em publi-cações de Arquitetura, documentos históricos da fundação da universi-dade e em materiais recentes.

Guia de bolsoO material traz um mapa do câmpus e destaca trinta prédios e dezesseis obras de arte.

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De fundador da FAU a Professor Emérito, o construtor da UnB: LeléCláudio Queiroz Publicação original no site da UnB

Lelé nasceu em 1932, no Rio de Ja-neiro, no Encantado, subúrbio da Central, mas ganhou o apelido nas peladas da Ilha do Governador. Na década de 1940 havia um craque, meia-direita vascaíno, com esse cognome. O futuro arquiteto jogava na mesma posição, daí o apelido.“[...] Assim, no âmbito da nossa ar-quitetura onde são tantos os valores autônomos com vida própria, ele e o Oscar se completam. Oscar Ribeiro de Almeida Niemeyer Soares, arqui-teto artista: domínio da plástica, dos espaços e dos vôos estruturais, sem esquecer o gesto singelo, – o cria-dor. João da Gama Filgueiras Lima, o arquiteto onde arte e tecnologia se encontram e se entrosam, – o cons-trutor. E eu, Lucio Marçal Ferreira Ribeiro de Lima e Costa – tendo um pouco de uma coisa e de outra, sin-to-me bem no convívio de ambos, de modo que formamos, cada qual para o seu lado, uma boa trinca: é que sou, apesar de tudo, o vínculo com o nosso passado, o lastro, – a tradição”.Lelé iniciou em 1951 seus estudos de arquitetura na Escola de Belas Artes onde se formou em 1955. Referia-se à escolha profissional como uma casualidade: acidental. Aos dezoito anos era escrevente-datilógrafo da Marinha. Habilidoso ao desenhar, foi aconselhado por colega de tra-balho a estudar arquitetura, profis-são de que desconhecia a essência, embora fosse informado da seme-lhança com a engenharia. Egresso da Escola Militar, tinha bons co-nhecimentos em matemática, além de destreza inata em desenho, mas contou com a sorte para superar sua relativa proximidade com as Belas Artes.Filho único, foi arrimo da família humilde ao perder cedo seu pai. O jovem estudante de arquitetura já ganhava desenhando perspectivas; e à época, aos sábados tocava acor-deão em bailes de boates, músico afinado que era também em flauta

e piano.Em 1957 veio para Brasília construir Superquadras do Instituto de Apo-sentadoria dos Bancários (IAPB); em 1960 casou-se com Alda Rabello Cunha e em 1962, chamado por Oscar Niemeyer, veio para a Uni-versidade de Brasília (UnB). Sob a orientação do mestre, viveu o de-senvolvimento da pré-moldagem pioneira nos edifícios de Serviços Gerais (SG) e do Instituto Central de Ciências. Este, inacabado até hoje, como consequência da exone-ração de Niemeyer e dele próprio, entre o número grande de profes-sores, muitos do Instituto Central de Artes/Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (ICA/FAU). Do Lelé, propriamente, ficaram as obras-pri-mas de 1962: os SGs altos e os blocos residenciais da Colina (pilotis + 3); em 1996 Lelé concebeu a Fundação Darcy Ribeiro, o Beijódromo.“Gosto de falar dos amigos e, quan-do se trata de um velho e queri-do companheiro como Lelé, mais ainda. Lembro-me, com saudade, daqueles tempos em que na Nova Capital juntos vivemos, do traba-lho a nos ocupar dia e noite, e nós a resistir a solidão implacável, rindo, abraçados como se a vida fosse ape-nas um passeio [...] ”. Oscar, na ocasião do depoimento, em 1999, se refere a Lelé como o grande mestre da arquitetura, a par-tir de Brasília e do país, acentuan-do seu conhecimento exponencial como artista construtor, um arqui-teto em plenitude:“[...] Recordo-me de uma conversa que tive no Instituto dos Arquitetos do Rio de Janeiro, e de como não me contive quando o assunto de hospi-tais foi abordado. Hoje, quem qui-ser projetar um hospital atualizado, tem, antes, de conversar com Lelé [...]”. Mas Lelé, ele mesmo considera que, quando se concebe o espaço como um especialista, a obra começa a prejudicar-se pela ausência do pró-

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prio arquiteto, o responsável pela função humana primordial. Assim, declarando seu aprendizado fundamental sobre o espaço, com o Oscar, não descartava a admiração inspiradora percebida nas constru-ções de Corbu, Mies, Frank Lloyd, Aalto e Neutra. Da mesma forma, ele estudava a arquitetura gótica, a japonesa e a nórdica, se admirando da árabe e de sua totalidade arquitetural, feita de sombra, luz, ventilação natural, do-mínio dos ventos e integração das artes. Ao mesmo tempo se rendia à essencialidade da construção típica do Xingu, com suas varas estrutu-rais protendidas e harmonia natu-ral, adequadas.Além de Vitrúvio, que ao seu tempo tinha plena consciência dos elemen-tos naturais a condicionar o gesto arquitetônico, Lelé nos anos 1960 surpreendia muitos pelo zelo com a vegetação preexistente, com uma arbustiva no lugar, ou com uma ár-vore presente no terreno do projeto. De suas obras sociais construídas às residências funcionais de Brasí-lia; das pequenas escolas rurais às moradas simples de seus amigos em Abadiânia, dentre elas a de Frei Ma-teus, vice-reitor na UnB de Darcy; são todas emblemáticas, à luz dos bens do espírito, da racionalidade funcional desse artista construtor tratado pelo apelido: Lelé, o “Seu” Lelé, ou o Dr. Lelé. Passada a existência do último he-rói da referida tríade assumida por Lucio, ficam as reflexões para a pos-teridade sobre as derradeiras con-cepções do arquiteto Lelé; sobre a maneira como a sociedade despreza as contribuições intelectuais e cien-tíficas; como as dele, para o país que tanto amou. A título de exemplo, sua proposta ao governo, para atenuar a deficiência habitacional, entre outras tantas.O arquiteto João Filgueiras

Lima, o Lelé, fotografado no hospital Sara Kubitschek de Salvador

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FAUPESQUISA

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A disciplina de Ensaio Teórico foi criada em 1989 observando-se o pré-requisito de aprovação em todas as demais disciplinas obrigatórias da sequência do De-partamento de Teoria e Histó-ria da Arquitetura e Urbanismo da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Brasília – DTHAU/FAU-UnB. Reapresenta-se, em 2011, como resultado de uma construção coletiva alicerçada nas suas ex-periências anteriores que suge-riram alterações e ajustes man-tendo, porém, suas principais características.

Embora, de acordo com o dicio-nário Houaiss, o termo “ensaio” possa ser entendido, entre outras definições, como “prosa livre que versa sobre tema específico, sem esgotá-lo...”, caberia muito mais definir a disciplina Ensaio Teóri-co como ato ou efeito de ensaiar. Ensaiar um texto acadêmico, por meio da escolha de um tema histórico, teórico e/ou empírico referente ao campo da Arquite-tura e/ou Urbanismo em suas diversas áreas – da Teoria, His-tória, Estética, Projeto, Tecno-logia, à Representação. Ensaiar a delimitação de um problema de pesquisa alicerçado em revi-são de literatura capaz de indicar metodologia e técnicas de pes-quisa a serem adotadas. Ensaiar

Sobre o Ensaio TeóricoAna Elisabete de Almeida Medeiros

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um texto científico, um primei-ro estudo de teorias e conceitos, objetos de análise e síntese, sob orientação docente; uma primei-ra introdução à prática da pes-quisa mediada por ações como levantamentos de fontes, pro-cessamento de dados empíricos e/ou sistematização de informa-ções; um primeiro exercício de expressão escrita cujos critérios de elaboração devem se pautar pela ordem e consistência de pesquisa obedecendo às normas de apresentação de trabalhos científicos; uma primeira defesa oral de argumentos do trabalho desenvolvido.

Aberto à orientação do conjun-to de professores da FAU-UnB, o Ensaio Teórico vem demonstran-do, a cada ano, maior capacidade de acolher temas relacionados ao projeto, à representação ou à tecnologia, indo além da teoria, história e estética. Tanto é as-sim que o número de professores orientadores dos departamentos de Teoria e História (THAU), e de Projeto e Representação (PRO), vem se aproximando niti-damente, seguidos, com um pou-co mais de distância, do departa-mento de Tecnologia (TEC). A aproximação dos professores dos três departamentos da faculda-de revela o caráter integrador da disciplina, concebida como um

convite ao exercício de um pen-sar múltiplo, essencial à prática arquitetônica que inclui a refle-xão teórica, desde a habitação compacta aos conjuntos habi-tacionais; do bioclimatismo às análises ambientais do urbanis-mo sustentável; das narrativas e percepções do espaço edificado às relações entre planejamento urbano e urbanização irregular; do estudo de edifícios paradig-máticos à reflexão do caráter sagrado do moderno; da lei da aplicabilidade técnica às práticas integrativas da saúde; do papel da vegetação nos diversos pro-cessos de degradação da cidade às representações sociais da rua e suas relações com a poesia; do estudo das intervenções urbanas contemporâneas ao descaso da memória materializada em cen-tros históricos... isso para ficar na produção do primeiro semes-tre de 2014. Os trabalhos finais, ora aqui publicados, revelam a amplitude de alcance da disci-plina dentro do amplo campo de formação e atuação da prática do arquiteto e urbanista.

Contrariando uma visão mais es-treita da profissão do Arquiteto e Urbanista, associada unicamente à prancheta, ao desenho artís-tico e/ou técnico, às imagens e modelos reduzidos como suas ferramentas básicas, ou à obra

edificada, em sua dimensão ur-bana ou arquitetônica, como ma-terialização do projeto, o Ensaio Teórico confirma a importância da dimensão da arquitetura e do urbanismo por escrito, da arqui-tetura e urbanismo impressos. Palavras também constituem uma parte, indispensável, à prá-tica arquitetônica e urbanística. Arquitetura tanto quanto espaço e imagem também é texto.Escreve-se como parte de um exercício consciente e delibera-do dirigido para identificar, de-finir ou explorar um dado tema cuja relevância se encontra na contribuição, ainda que singela e despretensiosa, ao debate arqui-tetônico e urbanístico de uma dada época; escreve-se para co-municar, divulgar, definir, con-solidar, apresentar ou transfor-mar conceitos; escreve-se com o intuito de ir além de limites de tempo e espaço nem sempre alcançados pela arquitetura e urbanismo edificados, que não podem ser objetos de transpor-tação ou reprodução, a exemplo de suas versões impressas ou por escrito. Escreve-se porque, segundo Brandão, “o destino da prática arquitetural é concluir-se na teoria para renovar-se” ou porque, de acordo com o próprio Le Corbusier, “qualquer recurso de linguagem pode ser veículo de construção”.

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A precariedade dos espaços físicos onde acontecem as Práticas Integrativas em Saúde (PIS) dentro do SUS levou à uma análise de projetosvoltados às PIS. Observou-se que os efeitos provocados pelos ambientes, refletem os princípios de promoção à saúde através da interação sociale, sobretudo, do contato com a natureza.

A partir do levantamento das soluções projetivas de qualidade para cada tipo de PIS, foi feita a análise do espaço físico do Centro deReferência em Praticas Integrativas em Saúde (CERPIS), em Planaltina-DF. O estudo identificou a necessidade de divulgar e informar sobre as PISjunto ao sistema de saúde e na sociedade em geral, bem como melhor a infraestrutura, no que diz respeito à manutenção e ampliação. Aponta,sobretudo, a necessidade de mais estudos sobre como uma arquitetura adequada pode potencializar tais práticas.

PRÁTICAS INTEGRATIVAS EM SAÚDE: CONCEITO, POLÍTICAS E PROJETOS

ALUNA: GABRIELA EMI DE BRITO AKABOCIORIENTADOR: PROF. DR. RICARDO TREVISAN

ENSAIO TEÓRICO 1/2014

Práticas integrativas em saúde: conceito, políticas e projetos

Instituto Central de Ciências: fundamentos do projeto original

por Gabriela Emi de Brito Akabociorientada por Ricardo Trevisan

por Matheus Macedoorientado por Cláudia da Conceição Garcia

O retrato de uma Teresina esquecida: ensaio sobre o esquecimento e memória de centros urbanos - estudo de caso da Praça Marechal Deodoro da Fonseca, em Teresina - PI

por Júlio de Paiva Vieira Juniororientada por Flaviana B. Lira

Catálogo dos Ensaios TeóricosFaculdade de Arquitetura e Urbanismo FAU-UnB

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Estas ruas têm histórias: Cora Coralina e as representações sociais da cidade de Goiás

por Jana Cândida C. dos Santosorientada por Elane R. Peixoto

a vegetação nos diversosprocessos de degradação da cidade

ensaio teórico/fau-unb - 1/2014matheus maramaldo andrade silva (10/0017916)

orientadora: flaviana lira barretobanca: giuliana de brito sousa

juliana saiter garrocho

O que está prestes a ler aqui é um enredo pouco jocoso acerca da vegetação, travado por pesquisas árduas. Não pensem em mim como um Dom Quixote, que enxerga mal os moinhos da vida,

estou são, nem como um ente que odeia a flora, como os colaboradores desta minha empreitada podem confirmar. As plantas são mais que uma obsessão machadiana para mim, são um motivo

prazeroso de investigação constante. Mesmo parecendo torpe a denominação deste texto, verás que tenho certa razão. A cada capítulo e linha, entenderás o que as vinhas da ira podem fazer desde

pequenas, mesmo se mostrando macias ao primeiro contato. Este ensaio, que teve como principais resultados um método de diagnóstico dos malefícios da equivocada implantação vegetal e uma lista-

gem de fitopatologias urbanas, nada mais é do que um manifesto ao bom senso da produção urbana. Plantar algo fora de casa (e dentro também) é algo sério e que pode incorrer a erros faraônicos, por

vezes pela nossa própria inexperiência ou mediocridade. Vejam, quem nunca se orgulhou de plantar uma árvore? Mas um dia o abacate que sairia dali não poderia machucar alguém? A vegetação

pode ser uma caixinha de surpresas – inclusive uma caixinha de Pandora. Faço aqui valer então minhas palavras, mesmo que em terceira pessoa, ócios do ofício, sabendo que esta é demasiada científica

para se tratar de algo tão desenvolto. Mas espero que a linguagem do meio acadêmico não esconda a principal mensagem do texto: não plante nada somente pelo código de barras; confira as infor-

mações nutricionais, a credibilidade da marca, o fornecedor e vá até a validade.

27/06,16hs, sala 04, fau-unb

verde patológico

Verde patológico: a vegetação nos diversos processos de degradação da cidade

por Matheus Maramaldo A. Silva orientado por Flaviana B. Lira

Patrimônio arquitetônico de Formosa - GO

por Rubiana Lemosorientado por Flaviana B. Lira

Arquitetura onde ela também precisa estar: a implementação da lei de assistência técnica

por Erick Welson. M.orientada por Maria do Carmo

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Práticas integrativas em saúde: Gabriela Emi de Brito Akaboci

conceito, políticas e projetos

O trabalho analisa as Práticas Inte-grativas em Saúde (PIS) buscando desvendar seus conceitos, políticas direcionadas e projetos especializa-dos. Define o conceito geral de PIS e de suas principais representantes, sendo: Medicina Tradicional Chi-nesa – Acupuntura; Homeopatia; Fitoterapia; Medicina Antroposó-fica; Termalismo-Crenoterapia; e Medicina Tradicional Chinesa – Tai Chi Chuan. Também trata das po-líticas públicas, mostrando como o modelo biomédico se tornou hege-mônico, e como chegamos ao atual cenário da saúde pública, que prio-riza os níveis de atenção secundário e terciário. A Política Nacional de Práticas Integrativas e Complemen-tares no SUS (PNPIC) foi a principal referência para a base conceitual.

A precariedade dos espaços físicos onde acontecem as Práticas den-tro do SUS levou a uma análise de projetos internacionais voltados às PIS. A análise de cada espaço foi dividida em categorias: (1) implan-tação e composição; (2) circulação; (3) materialidade; (4) ambientação interna; e (5) relação com a nature-za. Observou-se que os efeitos pro-vocados pelos ambientes refletem os princípios de promoção à saúde através da interação social e, sobre-tudo, do contato com a natureza. As características observadas nesses projetos serviram como base para o levantamento de boas soluções ar-quitetônicas para as necessidades de cada Prática.A partir do levantamento das solu-ções projetivas de qualidade para

cada tipo de PIS, foi feita a análise do espaço físico do Centro de Referên-cia em Práticas Integrativas em Saú-de (CERPIS). O estudo identificou a necessidade de divulgar e informar sobre as PIS junto ao sistema de saúde e na sociedade em geral, bem como melhorar a infraestrutura, no que diz respeito à manutenção e ampliação. Aponta, sobretudo, a necessidade de mais estudos sobre como uma arquitetura adequada pode potencializar tais práticas.

Acesso do edifício do laboratório do CERPISFonte: <http://sindsaude.org.br/por-tal/hrpl.html>. Acesso em: 5 de maio de 2014.

Edifício de acolhimento, triagem e ambulatórios do CERPISFonte: Arquivo da autora.

Orientador: Ricardo TrevisanBanca avaliadora:Raquel Naves BlumenscheinFrederico Flósculo P. Barreto

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Novo PORTO do Rio: MARAVILHA para quem?Ingrid Fonseca de Araujo

Há algumas décadas se discute o fu-turo da região portuária do Rio de Janeiro. Muitos projetos para revi-talização dessa área já foram apre-sentados, mas sem serem levados adiante. No entanto, em função da realização da Copa do Mundo de 2014 e dos Jogos Olímpicos de 2016 na cidade, o projeto recebeu apoio governamental. Desenvolvido em 2001, o Projeto do Porto Maravilha transforma a zona portuária em es-paço prioritário de intervenção para a recuperação da área central da ci-dade. O projeto se estende a uma área de cinco milhões de metros quadrados e tem como base a reabilitação do sistema viário e da infraestrutura. Incluem-se também projetos arqui-tetônicos de grande impacto, edifí-cios-âncora como museus ou sedes empresariais de grande porte. Tra-ta-se de uma estratégia do governo para alavancar o nome do Rio mun-dialmente, transformando a região portuária em uma nova área apta à circulação turística e práticas de consumo. O atual projeto baseia-se em “fór-mulas de sucesso” realizadas em ou-tras cidades mundo afora, em que as experiências de renovação de suas áreas portuárias passaram a se ligar às estratégias de marketing cultural e aos empreendimentos turísticos. As novas ações no sentido de im-plementar os “espaços de renova-ção” são cada vez mais homogêneas, moldadas a partir do efeito globa-lizante da economia, e acabam por determinar ou reforçar novas for-mas de inclusão/exclusão de grupos sociais.

Ao contrário dos discursos elogio-sos que buscam a legitimação des-se novo projeto de cidade na qual a cultura e o lazer mercadificados são promovidos como polos de atração turística e geradores de renda, a proposta de transformação da zona portuária do Rio corre o risco de produzir afastamentos sociais de-vido ao processo de gentrificação, entendido como a supervalorização de uma determinada região e a con-sequente subida do custo de vida, forçando moradores tradicionais a se mudarem do local. Assim, é provável que a antiga zona portuária do Rio transforme-se em uma cópia das revitalizações reali-zadas em outras cidades do mundo e que podem não estar condizentes com as necessidades da população. Apresentados para fins mercadoló-gicos como espaços “revitalizados”, neles, porém, a população vivencia a “revitalização” como mecanismo gerador de expulsão e segregação social.

Orientador: Pedro Paulo PalazzoBanca avaliadora:Benny Schvarsberg Elane Ribeiro

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Estas ruas têm histórias:Jana Cândida Castro dos Santos

Cora Coralina e as representações sociais da Cidade de Goiás

Orientador: Elane Ribeiro PeixotoBanca avaliadora:Flaviana LiraMônica Gondim

A ruaA rua entendida através de sua di-mensão social tem sido objeto de interesse de pesquisadores cujo viés de trabalho apoia-se no cotidiano, mencionado nos livros, nas canções populares, ilustrados nas charges e contados nas histórias dos mais ve-lhos. Para Kostof (1999), a rua pode ser entendida como uma institui-ção, dotada não só de uma identi-dade arquitetônica, mas também de uma função econômica e social. O autor explica que a rua tem expres-são tanto pela forma (pelo uso dos materiais, tipo de pavimentos e cal-çadas, de mobiliário urbano, de ve-getação) como pelo seu significado e valor institucional. E conclui que a forma e o conteúdo da rua são as-pectos indissociáveis e, neste caso, a história da rua seria contada pela história de ambos.Como caminho conceitual, me pro-pus a entender a rua pelo viés do imaginário. E, para isso, as poesias de Cora Coralina compuseram meu

material de pesquisa. A autora apre-senta a cidade de Goiás muito par-ticularmente, filtrando a beleza de seus detalhes corriqueiros. A leitura da autora goiana se fez de forma a iluminar a compreensão do concei-to de representação social, permi-tindo ver a cidade de outra maneira que não a de sua história oficial ou a de sua forma esvaziada de seu con-teúdo social.

Poemas eleitosDentre as principais publicações de Cora Coralina, o livro Poemas dos Becos do Goiás e Estórias mais guiou o desenvolvimento do tra-balho, pois a autora nos apresenta sua cidade natal descrevendo seus aspectos sociais e morfológicos, fa-lando de suas ruas, becos e largos. Aponta as tradições goianas, quan-do se refere aos costumes e ao modo de viver. Cora nos fala das pessoas simples e de personagens vivos em sua memória. Em alguns dos escri-tos, os edifícios aparecem por vezes

como protagonistas. Os elemen-tos naturais também são presenças fortes, o relevo da Serra Dourada e o Rio Vermelho são muitas vezes mencionados. Os poemas e crônicas de Cora Co-ralina podem ser vistos como re-presentações sociais, no momento em que seus poemas condensam imagens de vários tempos de uma cidade, seus costumes, sua gente, constituindo um material a alimen-tar o imaginário de uma época, e quando podem ser partilhadas por um coletivo goiano, da senhora rica à mulher lavadeira, da casa grande à mais simples. O compromisso de “contar, rever os autos do passado” reafirma a mestria de Cora Coralina em nos mostrar a alma encantadora das ruas de Goiás. Sua sensibilidade de mulher, sua delicadeza de me-nina e suas habilidades de doceira fazem dela uma contadora de belas histórias, vencendo os preconceitos de um tempo. Dona Cora, muito prazer e muito obrigada!

Detalhe da Cidade De GoiásIn: http://cidadedegoias.tur.br/acesso: em Maio 2014.

Rua da Cidade de GoiásIn: http://cidadedegoias.tur.br/ acesso: em Maio 2014.

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ensaio sobre o esquecimento e memória de centros urbanos - estudo de caso da Praça Marechal Deodoro da Fonseca, em Teresina - PI

TeresinaImagem de Teresina com a Praça da Bandeira em segundo plano. Em primeiro, o metrô e o shopping da cidade.Foto de Juscelino ReisFonte: http://www.skyscrapercity.com

O retrato de uma Teresina esque-cida constitui um ensaio, onde o principal objetivo é resgatar a me-mória da cidade, dando enfoque ao seu local de origem, a Praça Mare-chal Deodoro da Fonseca, hoje mais conhecida como Praça da Bandeira. Dessa forma, buscamos construir uma narrativa, condensando os fatos históricos essenciais ao en-tendimento do atual quadro de es-quecimento do centro histórico de Teresina, e principalmente da Praça da Bandeira.De forma não linear, usando de flashbacks, o ensaio, composto de quatro capítulos, se apropria das representações coletivas de Char-tier, a fim de atribuir identidades à cidade de Teresina: “A Teresina hi-pertensa”; “Teresina: cidade meni-na”; “Teresina: moça afobada” e “A Teresina esquecida”, nomeando os capítulos do ensaio.O retrato começa a ser construído nos dias atuais onde se vê A Teresi-na hipertensa, uma cidade cujo co-ração (a Praça da Bandeira) é diag-nosticado com graves patologias urbanas, um espaço público que sofre com o esquecimento por parte da população.A fim de entender esse esquecimen-to do local, retornamos ao passado, onde a Teresina menina nos é apre-sentada desde o seu nascimento até o seu primeiro centenário. Aqui é contada a história de Teresina, ex-tremamente ligada à Praça da Ban-deira, berço da cidade e local onde aconteciam as principais atividades da capital.Depois de conhecida a origem da cidade, buscamos, no terceiro ca-

O retrato de uma Teresina esquecida:Júlio de Paiva Vieira Júnior

pítulo, entender o seu crescimento, e como ele influenciou a dinâmica de uso e as morfologias da Praça da Bandeira. Aqui é mostrada a Teresi-na, uma moça afobada, em busca de um desenvolvimento tardio, e negli-gente com os seus espaços públicos.Ao construir o retrato de uma Tere-sina esquecida, vemos que a Praça da Bandeira se configura, na his-tória, como um local ora enalteci-do por sua importância histórica e potencial paisagístico e cultural, ora esquecido e afundado em pro-blemas sociais, fruto do descaso da população e das políticas urbanas da cidade.Dessa forma, o ensaio é concluído com reflexões sobre “A Teresina es-quecida”, mostrando a importância da preservação e da vivência do es-paço da praça, retomando, assim, a memória coletiva (estudada por Halbwachs), essencial para o resgate da memória das cidades. T

Orientador: Flaviana Barreto LiraBanca avaliadora:Gabriela TenórioElane Ribeiro

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a vegetação nos diversos processos de degradação da cidade

ImpedimentosDesenho do autor

Verde patológico:Matheus Maramaldo Andrade Silva

Quando falamos de vegetação, o que normalmente vem a nossa men-te está associado a fruições e à qua-lidade de vida. Porém, será que ela traz somente benefícios? Olhando minuciosamente para os percursos que diariamente são transcorridos, nota-se que nem sempre o transla-do vegetado é agradável, chegando por vezes a gerar a percepção de pe-rigo. Percebendo isso, viu-se a neces-sidade de avaliar em que medida a vegetação também pode trazer malefícios ao contexto urbano. A discussão construída buscou res-ponder isso por meio de revisão da literatura e de estudos de campo, organizando conceitos e uma fer-ramenta de diagnóstico aplicável a áreas urbanas, tendo como estudo de caso a Superquadra 308 Sul de Brasília.Lendo e saindo a cidade, verificou-se a presença de três grupos fitopato-lógicos : ambientais sanitários (1), fí-sicos (2) e psicossociológicos (3). As-sociados as plantas, encontraram-se problemas como toxidades (1), des-conforto ambiental (1), atração de fauna hostil (1), agressões materiais “estáticas” e em movimento (como frutos e árvores inteiras despenca-do) (2), elementos cortantes (2), se-gregação (3), inatividade (3) dentre vários outros, que foram listados e subcategorizados. Após essa classificação, foi montada uma ficha contendo tabelas (síntese das fitopatologias) e espaços para mapas (como o seguinte) e grafica-ções, servindo de base para diagnós-ticos, a exemplo do que foi feito na área escolhida.

Orientador: Flaviana B. Lira Banca avaliadora:Giuliana de Brito Sousa Juliana Saiter Garrocho

No caso desta, foram vistas 288 ocorrências (sem contar as árvores velhas e caducifólias). O piso estava bastante desgastado pela invasão de ervas daninhas e raízes superficiais e havia muitas plantas espinhosas e venenosas sem proteção, mas, em um panorama geral, esta área se en-contrava em um patamar diferen-ciado, com poucas barreiras vivas e grande variedade florística.Visto isso, além de auxiliar em fu-turos projetos da quadra, o que se espera com esta ferramenta é con-tribuir com os novos planejamen-tos de espaços livres e revitalizar os existentes. Quando não se há pro-jeto ou cuidados de manutenção, o verde ameaça a saúde, a segurança e a cadeia social das cidades, sendo imprescindível compreender suas características, ponderando acerca de várias dimensões que vão muito além da estética. T

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É com grande satisfação que a Fa-culdade de Arquitetura da Uni-versidade de Brasília (FAU-UnB) reúne, nessa primeira edição da revista ARQUI, os trabalhos de conclusão de curso (TCC) e que carinhosamente a comunidade da FAU designa como “diplô fi-nal”. O termo abreviado faz refe-rência à antiga denominação ao projeto de diplomação de curso, cuja exigência era determinada pelo currículo mínimo de Arqui-tetura na década de 60. Não se trata de um anacronismo, mas sim uma tradição histórica, que de alguma maneira, entre outros aspectos, mantém viva a história da construção acadêmica do cur-so de Arquitetura e Urbanismo da UnB.O trabalho de conclusão do cur-so (TCC) em arquitetura e urba-nismo corresponde a um com-ponente curricular obrigatório a ser realizado no último ano de estudos, centrado em deter-minada área teórico-prática ou de formação profissional, como atividade de síntese e integra-ção de conhecimento e consoli-dação das técnicas de pesquisa. Obrigatoriamente o aluno deve-rá desenvolver o projeto indivi-dualmente, com tema de livre es-colha do estudante, relacionado com as atribuições profissionais e cujo desenvolvimento é acom-panhado sob a supervisão de professor orientador, escolhido pelo estudante entre os docentes do curso, a critério da FAU-UnB.

Ao longo do desenvolvimento do TCC o aluno é submetido a qua-tro bancas de avaliação: a primei-ra, segunda e terceira compostas pelo professor orientador, com a participação de dois professores da FAU-UnB. Ao final do pro-cesso o aluno apresenta o pro-jeto para uma banca final que é composta pelos três professores que acompanharam todo o de-senvolvimento do projeto, acres-cida de um professor convidado e um arquiteto representante do IAB-DF, cujo objetivo é avaliar o produto final.A publicação dos projetos de fi-nal de curso representa uma nova iniciativa e se alinha a ou-tras publicações, cujo objetivo é fortalecer, ainda mais, o proje-to político-pedagógico do curso de arquitetura e urbanismo. Se por um lado é um caminho que busca estimular nossos alunos a obter ótimos resultados no TCC, por outro representa mais um recurso de avaliação pedagógica. O registro dos projetos finais, formalizados em uma publicação semestral, viabilizará um acom-panhamento sistemático da pro-dução acadêmica dos alunos. Desde 1966, ano de formatura da primeira turma de Arquitetura e Urbanismo, a UnB tem brindado Brasília com novos arquitetos e urbanistas, cuja formação profis-sional permite a atuação direta e indireta na cidade e, consequen-temente no cotidiano de cada cidadão. Nesses mais de 50 anos

Sobre o TCCCláudia da Conceição Garcia

Sobre o TCCCláudia da Conceição Garcia

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a FAU tem assumido essa res-ponsabilidade, a fim de garantir que cada aluno e, portanto, fu-turo profissional se comprometa social, política e culturalmente com o destino de Brasília, uma cidade que além de ser a capital dos pais é consagrada como Pa-trimônio Histórico e Artísitico da Humanidade. Nesse sentido, o projeto políti-co-pedagógico do curso atende as diretrizes curriculares e visa assegurar uma formação pro-fissional generalista, capaz de compreender e traduzir as ne-cessidades de indivíduos, grupos sociais e comunidade, com rela-ção à concepção, à organização e à construção do espaço interior e exterior, abrangendo o urba-nismo, a edificação, o paisagis-mo, bem como a conservação e a valorização do patrimônio cons-truído, a proteção do equilíbrio do ambiente natural e a utiliza-ção racional dos recursos dispo-níveis.Como consequência, no trabalho de conclusão de curso o aluno deve apresentar as habilidades necessárias para conceber proje-tos de arquitetura, urbanismo e paisagismo, considerando os fa-tores de custo, de durabilidade, de manutenção e de especifica-ções, bem como os regulamentos legais, de modo a satisfazer as exigências culturais, econômi-cas, estéticas, técnicas, ambien-tais e de acessibilidade dos usuá-rios.

Independente do tema, o aluno deve atender plenamente tais ex-pectativas a fim de que possa se consagrar como um profissional comprometido com os verdadei-ros ideários da profissão e garan-tir, assim, a cada cidadão melhor qualidade de vida sem desrespei-tar os princípios urbanísticos da cidade, além de garantir e pre-servar a qualidade de seu espaço público. Além disso, há os desdo-bramentos nas diversas especifi-cidades da área de arquitetura e urbanismo que poderão contri-buir, inclusive, para o progresso do nosso país. Nesta primeira edição adotou-se como critério para seleção dos trabalhos a serem publicados, aqueles que atingiram menção superior na avaliação por parte da banca final. Além disso, com o objetivo de estimular o nosso corpo discente, a comissão de professores responsável por esta primeira edição propôs indicar como destaque os trabalhos que de maneira exemplar atingiram com superioridade todos os cri-térios de avaliação do TCC.

Primeiro semestre de 2014Nesse semestre observamos a presença marcante de desenvol-vimento de projetos urbanísti-cos que variam desde a escala do bairro à escala da cidade, com a proposição de expansões urba-nas, requalificação de áreas de-gradadas, intervenções em siste-ma viário visando integração de

áreas urbanas, requalificação de espaços públicos etc. Além des-ses, há a presença de projetos de arquitetura de caráter institucio-nal e cultural cuja implantação impacta positivamente para qua-lificação de áreas públicas, que inclusive demostram respeito à escala de Brasília. A escolha dos temas pelos alunos reflete, sobremaneira, o conhe-cimento apreendido nesses mais de cinco anos de curso e revela a vocação da nossa instituição. Ajuda-nos a identificar as falhas, porém contribui para revelar que nossos professores conseguem colocar, cada um a seu modo, uma semente de esperança no coração de cada um desses futu-ros arquitetos, pois cada projeto, de uma maneira ou de outra, re-vela a preocupação para a cons-trução de um mundo melhor.Parabenizamos e agradecemos o corpo docente, os funcionários, a coordenação de diplomação, os alunos formandos, professo-res orientadores, professores das bancas intermediárias, além dos professores e arquitetos convida-dos, que a cada semestre contri-buem para que a FAU-UnB possa entregar à sociedade um pro-fissional com forte consciência social, pois nesses longos anos de formação devemos muito à sociedade brasileira que contri-buiu para que possamos oferecer um ensino público, gratuito e de qualidade.

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parcela do lote SN8, destinado a expansão acadêmica da UnB, Brasíia DF

Canteiro experimental da FAU-UnB

por Rodolfo C. Sarney Carvalhoorientação: Frederico Flósculo imagem: Rodolfo C. S. Carvalho

Parque da Cidade, Brasíia DF

Natuá: restaurante no Parque da Cidade

por Isabela R. de Souza Tavaresorientação: Luciana Sabóiaimagem: Isabela R. S. Tavares

Brasília, DF

Mosteiro de São Bento

por Carina Beltrão de Medeiros orientação: Bruno Capanema e Nonato Veloso imagem: Carina B. de Medeiros

Catálogo de DiplomaçãoFaculdade de Arquitetura e Urbanismo FAU–UnB

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Parque de Uso Múltiplo Enseada Norte – Setor de Clubes Norte – Brasília, DF

Espaço CORES – Convívio e Reintegração Social

por Mariana Freitas orientação: Joe Rodrigues imagem: Brunno Vilela

Clube Vizinhança 112 |113 norte

por Marina Bacha Junho Aires orientação: Bruno Capanemaimagem: Hermes Romão

Estrada Parque Contorno, DF-001, Paranoá/ Itapoã

Centro de cultura e gastronomia do DF

por Artur Rocci orientada: Bruno Capanemaimagem: Fábrica d`arte

Brasília, DF

Escola de educação infantil Maria Montessori

por Carolina Alves Vieira orientação: Jônio Cintraimagem: Carolina Alves Vieira

Estrada Parque Contorno, DF-001, Paranoá/ Itapoã

Velódromo de Brasília

por Bruno Rodrigues Tenser orientação: Aleixo Furtadomaquete: Bruno Rodrigues Tenser

Guará, DF

Chancelaria e residência oficial do Brasil na Armênia

por Ana Luiza Lacerda Amaral orientada: Oscar Ferreira imagem: Ana Luiza Amaral e Lorena Nery

Ierevan, Armênia

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Qualificação urbana da Cidade Estrutural

por Maíra Guimarães orientação: Benny Schvarsbergmaquete: Maíra Guimarães, Danilo Fleury, Gabriela Nehme e Gabriela Bílá

Cidade Estrutural, DF

Se essa rua fosse minha, espaços públicos pensados para crianças

por Gabriela Curado Nehme orientação: Cristiane Guinancio imagem: Gabriela C. Nehme

Cidade Estrutural, DF

Candangolândia, DF

Intervenção urbana na Candangolândia-DF

por Jonnatan Guimarães Pinheiro orientação: Cristiane Guinancio imagem: Jonnatan G. Pinheiro

Candangolândia, DF

Parque da Candanga

por Gabriela Elias Camolesi orientação: Gabriela Tenóriocoorientação: Liza Andrade e Carolina Pescatori imagem: Gabriela Elias Camolesi

Sacramento, MG

(Re)composição com ponto histórico - Estação do Cipó parque cultural

por Luiz Eduardo Sarmento Araújo orientação: Flaviana Liraimagem: Luiz Eduardo S. Araújo

Intervenção urbanística no SHIGS 713, 714 e 715

por Lara Agostinho Araújoorientação: Gabriela Tenórioimagem: Lara A. Araújo e Kessio Guerreiro

Brasília, DF

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Planaltina Parque:projeto urbanístico de interesse social

por Marilia Ferreira Alvesorientação: Cristiane Guinânciocoorientação: por Liza Andrade e Carolina Pescatori imagem: Marilia F. Alves

Planaltina, DF

Correntina, BA

Planejamento rural e projeto de fazenda no sudoeste baiano

por Nayanna N. P. Teixeira orientação: Kristian Schienimagem: Nayanna N. P. Teixeira

Ocupando Estelita

por Tamiris Tomimatsu Stevaux orientação: Flaviana Liraimagem: Tamiris T. Stevaux

Recife, PE

Mariápolis: vilarejo religioso

por Melissa Aragón Escobedo orientação: Bruno Capanemaimagem: Melissa Aragón e Jindrich Tomásek

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Marina Bacha

O projeto se destaca pela sensi-bilidade na implantação. Sen-do acertada e respeitosa com o entorno, promove a integração com espaço público imediato e as superquadras, em coerência com os ideários do Plano Pilo-to de Brasília, cuja premissa foi fundamental para definição do traçado regulador do projeto. Agrega ainda, solução, técnica e funcional, além da preocupação ambiental sem abrir da qualifica-ção estética.

Tamiris Stevaux

O projeto se destaca pela rele-vância do tema no contexto da requalificação urbana, além da seriedade no levantamento e uma pesquisa abrangente que viabilizou e deu subsídios ao de-senvolvimento do desenho. O projeto traz respostas às questões do desenho urbano contemporâ-neo, com destaque para os se-guintes pontos: a priorização ao pedestre; respeito às preexistên-cias dos valores locais; criação de uma identidade; aproveitamen-to da infraestrutura existente; diversidades de usos; densidade habitacional coerente; boa con-figuração dos espaços públicos, respeitando a mobilidade e aces-sibilidade de todos.

Sobre os destaquesCláudia da Conceição Garcia

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Clube VizinhaçaClube de Vizinhança é a forma como são denominados os Clubes Sociais Esportivos e Recreativos, que desempenhariam um impor-tante papel dentro das Unidades de Vizinhança de Brasília para a população. Segundo o Relatório do Plano Piloto, proposto por Lucio Costa (1957), esses equipamentos urbanos localizados próximos às habitações visavam uma promoção de uma “coexistência social”.Os lotes destinados a esses Clubes seriam os das Entrequadras Norte e Sul da cidade. Inicialmente pre-vistos em seis, apenas um foi cons-truído, o Clube de Vizinhança nº1

da Entrequadra Sul 108/109. Com projeto original do próprio Lucio Costa, esse Clube foi construído um pouco depois da construção de Brasília.O Clube de Vizinhança 112/113 Norte visa, portanto, a promoção de atividades de Esporte e Lazer dentro do contexto urbano das En-trequadras próximo às habitações e outros serviços.Além disso, possui a intenção de promover um espaço de encontro destinado à convivência da popula-ção.

LocalizaçãoO Clube de Vizinhança visa

atender à comunidade do Plano Piloto, em especial àquela próxima ao seu entorno, integrando o ideal de Unidade de Vizinhança proposto por Lucio Costa.Dessa forma, a escolha de uma En-trequadra como lote para o projeto tem como propósito tornar o uso do Clube mais cotidiano, tendo em vista que atualmente há uma setorização dos clubes sociais re-creativos nos setores de Clubes Sul e Norte, próximos ao Lago Paranoá e afastados das habitações do Plano Piloto. Além disso, os terrenos das Entrequadras encontram-se atual-mente desocupados em sua grande maioria, o que gera uma descon-

Clube Vizinhança 112 | 113 norteProjeto e texto de Marina Bacha Junho Aires

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tinuidade urbana, principalmente na porção Norte da cidade.Assim, o terreno escolhido para o projeto foi o da Entrequadra Norte 112/ 113. Além das condicionantes do terreno, como a sua declivida-de e a vista da cidade, a proximi-dade com o Parque Olhos D’Água foi também um dos fatores que motivaram essa escolha. Apesar de estar do lado oposto dos Eixos Ro-doviários, o Clube de Vizinhança complementaria as atividades do Parque, que não contempla uma diversidade muito grande de ativi-dades de esporte e lazer.

Privado x PúblicoO projeto do Clube, apesar de con-siderar os ideais de compor uma Unidade de Vizinhança previsto por Lucio Costa, propondo ativi-dades próximas às habitações, deve também levar em consideração o contexto atual do local do projeto e sua relação com a cidade.Dessa forma, uma das maiores dificuldades do projeto surge ao propor um espaço privado e se-guro para os usuários do Clube, e, simultaneamente, criar um espaço permeável e com usos públicos de forma com que o lote não perca sua dinâmica com o entorno.Assim, foram determinados alguns

IMPLANTAÇÃO0 5 10 20

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Vista internaVista do espaço interno do clube e seu caráter público e privado

ImplantaçãoO edifício foi implantado na Entrequadra 112 | 113 e se adapta bem ao seu contexto urbano

Vista frontalAcesso principal ao edifício a partir da via W1

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conceitos e diretrizes de acordo com os estudos feitos a partir das condicionantes do local.

PermeabilidadeAtualmente, o lote da Entrequadra escolhido para o projeto não possui nenhum equipamento construído. Existe apenas uma grande área de gramado com poucas árvores e duas traves de gol, o que indica o uso do local como campo de fute-bol, apesar das precárias condições. Também estão presentes alguns caminhos de terra demarcados na grama, indicando um fluxo de pe-destres/bicicletas em determina-dos percursos.Foram delimitados, com isso, os principais fluxos no terreno, que cortam o lote nos sentidos longi-tudinal, que marca uma passagem do Comércio Local até o Eixinho, e transversal, que une as duas Super-quadras do entorno.Dessa forma, nasce um dos concei-tos para o projeto, o de manter a permeabilidade dos fluxos existen-tes e a visual, aproveitando a decli-vidade natural do terreno de forma a preservar e valorizar a principal vista da cidade a Nordeste.

Integração | VivênciaOutro fator importante para o pro-jeto são os edifícios e equipamentos presentes em seu entorno. Portan-to, é importante levar em conside-ração uma forma de integrar esses espaços, da mesma forma como Brasília foi proposta inicialmente, com a criação das Unidades de Vi-zinhança.Em vista disso, uma das diretrizes para o Clube da 112/ 113 Norte é a promoção da integração com o en-torno, não apenas com o Comércio

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Local e os Eixos Rodoviários, mas também com as Superquadras, criando-se ao longo dessa inte-gração espaços de vivência como praça, restaurante, café, livraria, lanchonete e lojas. Esses espaços foram criados próximos aos eixos dos fluxos principais. O eixo trans-versal foi proposto, ainda, de forma a conectar uma praça arborizada existente na Superquadra da 113 Norte com o restante do projeto. Essa encontra-se hoje em estado precário e praticamente inutilizá-vel. Dessa forma, pretende-se revi-talizar o espaço de maneira a trazer uma maior vivência para o local.

AcolhimentoO espaço do Clube conta com uma área mais privada e outra de âmbi-to público. Ambas, com o intuito de serem locais agradáveis e con-vidativos aos seus usuários e tran-seuntes.Outra diretriz adotada, portanto, foi a questão do acolhimento. Afi-nal, a população deve ter suas ne-cessidades atendidas e o direito ao esporte e ao lazer preservados da melhor maneira possível.O espaço privado é composto pe-los volumes principais, ordenados nos sentidos dos eixos principais, e de áreas abertas dispostas ao seu redor, além de outras áreas presen-tes nos níveis inferiores. Já o espaço público dispõe de uma grande pra-ça formada em uma faixa mais ao Sul do lote, e conta com atividades públicas distribuídas em torno dos eixos transversal e longitudinal, tornando-o não só um local de pas-sagem, mas também um local agra-dável de encontro da população. T

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Perspectiva explodidaIndica os variados espaços e funções do edifício

Vista internaVista dos espaços de convivência e lazer

FluxosMapa de fluxos do entorno

Vista aéreaEsquema aéreo do edifício

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A grande dependência do Ho-mem com relação à água sempre condicionou sua forma de vida. Essa estreita relação não é ape-nas fisiológica, mas também eco-nômica. Muitas cidades instala-das próximas a rios e mares eram verdadeiras portas de entrada e saída para uma diversidade de atividades, produtos e desbrava-dores de horizontes impulsiona-dos pelas grandes navegações e foram, por muito tempo, centros funcionais e geográficos, que de-terminaram o tecido urbano do restante da cidade. Com o desenvolvimento tecno-lógico e a substituição do mode-lo industrial por uma economia de caráter diversificado, essas áreas em frentes hídricas foram perdendo importância, dando origem a um processo de declí-nio, que proporcionou o esvazia-

mento de usos e funções, o aban-dono e a degradação dos imóveis, além da precariedade dos espa-ços, equipamentos e serviços ur-banos.Nas últimas décadas, essas anti-gas cicatrizes deixadas no teci-do urbano voltaram a atrair os interesses do capital por serem detentoras de grandes vantagens estratégicas, como a presença de infraestruturas, a boa localização na malha urbana e a possibilida-de de agregar valor econômico ao patrimônio arquitetônico que ficou preservado ou, muitas ve-zes, abandonado. No entanto, muitas dessas inter-venções seguem os padrões do planejamento estratégico, usan-do o território de forma indife-rente ao contexto e independen-te do tempo. Na construção de uma espécie

de realidade paralela, na qual as cidades se mostram comuns e banais, as intervenções de requa-lificação têm deslocado o foco das relações sociais construídas localmente, ao buscar inserir as cidades numa lógica global, ca-racterizada pelo consumo visual das paisagens enobrecidas para o lazer e para o turismo cultu-ral, pondo em risco os preceitos do direito à cidade, à qualidade de vida, o direito à memória e à identidade da cidade. Nesse contexto, como forma de questionar o rumo que o plane-jamento da cidade tem tomado e sua influência no desenho ur-bano, foi escolhido como objeto de trabalho deste Projeto de Gra-duação a área do Cais José Esteli-ta, em Recife, Pernambuco.O Cais José Estelita, localizado em um dos bairros mais antigos

Ocupando EstelitaProjeto e texto de Tamiris Tomimatsu Stevaux

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da cidade do Recife, tem sua pai-sagem urbana marcada pela pre-sença das águas, grandes eixos de transporte e galpões desativados. Apesar de ser uma área bastante degradada e carente dos cuida-dos do poder público, o espaço tem singular importância por seus traços históricos e seu va-lor estético, artístico, urbanísti-co, paisagístico e simbólico, que guardam memórias e nos ajudam a compreender a configuração da cidade contemporânea.Desde 1990 são desenvolvidos projetos de requalificação para o Estelita, no entanto, somente em 2012, após a venda do terreno de 100 mil metros quadrados, para um complexo de empresas priva-das do setor imobiliário, forma-do pela Moura Dubeux, Queiroz Galvão, GL Empreendimento e Ara Empreendimentos, um pro-

jeto foi aprovado.Nomeado Consórcio Novo Reci-fe, ele prevê uma nova vestimen-ta para a área: doze torres de até 40 pavimentos, entre elas, con-domínios luxuosos e um grande polo hoteleiro, pistas de cooper, comércio e bares que prometem agregar valor ao local. Por desconsiderar questões ur-banísticas básicas, pela conivên-cia do poder público, juntamente com a ausência da participação popular e a presença de diver-sas ilegalidades no processo de venda do terreno e aprovação do projeto, a população se mobili-zou contra o Consórcio, criando o movimento Ocupe Estelita.Com os debates que surgiram em torno do consórcio Novo Recife, o objetivo deste trabalho é prin-cipalmente estimular a reflexão sobre a cidade em que queremos

MapaIntervenção na área do Cais José Estelita e seu contexto urbano

Vista aéreaCriação de uma esplanada para pedestres

viver. A revitalização do Cais José Estelita vai muito mais além de criar uma nova vestimenta para o lugar, deve tratar-se de um processo conduzido pela comu-nidade, com um bom projeto e um programa de gestão, com o estabelecimento de uma gama de parcerias, projetos colaborativos e as relações público-privadas. Um projeto que envolva a co-munidade e que seja o reflexo de

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uma identidade fundamentada localmente, através da visão do público das áreas existentes e do contexto. Portanto, no sentido de requali-ficar a área em questão, fortale-cendo sua identidade e memória, e integrá-la com seu entorno, promovendo usos democráticos, com acesso irrestrito da popu-lação, este projeto visa, antes de tudo, servir como contraponto crítico, com a intenção de mos-trar não uma solução, mas uma possibilidade dentre infindáveis abordagens e ações que pode-riam ser postas em prática para reativar o Estelita, sobretudo sob a perspectiva do desenvolvimen-to humano, preocupando-se com a melhoria da qualidade de vida de todos os cidadãos. A fim de promover a dimensão humana como dimensão neces-sária a um novo planejamento foi pensado um projeto que ti-vesse como diretrizes:- a integração do Cais José Este-lita com o Bairro de São José e o restante da cidade, recosturando “esse retalho da cidade, na trama urbana e, ao mesmo tempo, for-talecendo toda a trama ao redor”; - o estímulo ao adensamento da área de modo sustentável, apro-veitando e melhorando a infraes-trutura existente; - a promoção do desenvolvimen-to de um sistema de transporte eficiente, valorizando o pedestre, a bicicleta e o transporte público, nesta ordem de importância; - a implementação de espaços públicos de qualidade e acessí-veis a toda a população, princi-palmente a partir da criação de áreas verdes;- a diversidade de usos e funções, sobretudo com atividades que sejam compatíveis com as neces-sidades e vocação da área; - o uso dos pavimentos térreos com áreas de uso público e não

residenciais, com acesso para a via pública, a partir da proposi-ção de fachadas estreitas, uso de detalhes e variedade de materiais para estabelecer fachadas mais atrativas; - a implementação de atividades que promovam a vida diurna e a noturna, de modo a promover a circulação de pessoas durante um largo período do dia, propor-cionando a sensação de seguran-ça ao transeunte;- a afirmação do Cais José Este-lita como instrumento de iden-tidade da população recifense, destacando os valores da comu-nidade, mantendo o caráter pú-blico essencial às frentes hídri-cas e fortalecendo a memória do cais, através de atitudes como a valorização dos marcos históri-cos e patrimoniais e conservação da memória da linha ferroviária, dos armazéns e dos cilindros de armazenamento; - a redução do tamanho do lote por meio do parcelamento em lotes menores, facilitando a co-nexão da orla com o restante do bairro; - a preocupação com os aspec-tos bioclimáticos, protegendo os usuários das altas temperaturas presentes ao longo do ano e os períodos de chuva, além do cui-dado com a ventilação natural; - o estímulo ao contato dos cida-dãos recifenses com a água; - o estudo do desenho urbano de forma a promover a acessibilida-de universal, pela supressão de barreiras e de obstáculos nas vias e espaços públicos.A partir dessas diretrizes o pro-jeto propôs uma volumetria que busca respeitar a paisagem de um recife horizontal, garantindo a visibilidade do conjunto urba-no dos bairros de Santo Antônio e São José, onde estão localizados 16 bens tombados pelo IPHAN.Marcada por edifícios de doze

pavimentos, a Avenida Sul se abre para a frente hídrica através de portais marcados por edifícios lineares de cinco a oito pavimen-tos que configuram as vias trans-versais. Já a Avenida Engenhei-ro José Estelita é caracterizada por um padrão de edifícios mais baixos, com no máximo seis pa-vimentos, que dialogam com os elementos preexistentes no ter-reno. O elemento estruturador da pro-posta foi o prolongamento do eixo da Avenida Dantas Barreto pela criação de uma esplanada para pedestres, que não só tres-passa o lote do cais, mas conti-nua além da Avenida José Esteli-ta, terminando em um píer que poderá ser ponto de chegada e saída de pequenos barcos de transporte de pessoas e turismo. O prolongamento de eixos de in-tegração entre o bairro e a fren-te hídrica se repete ao longo da orla, criando espaços de perma-nência e apreciação da paisagem.No que diz respeito aos usos, o projeto prevê a presença de ati-vidades residenciais, comerciais, de serviço, institucionais, cul-turais e recreativas. Seguindo a proposta do Plano Diretor de 2006, propôs-se a requalificação do armazém de açúcar a partir da implantação de uma escola de formação profissional com cen-tros de desenvolvimento espor-tivo, musical e cultural. Além da criação de um espaço de eventos e apresentações culturais apro-veitando os silos de armazena-mento. A maioria dos edifícios é de uso misto, isto é, apresentam o pavi-mento térreo ativo, ocupado por atividades comerciais ou de ser-viço e os pavimentos superiores ocupados por residências, sendo os primeiros pavimentos desti-nados à área de garagem e lazer. A proposta busca não apenas a

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diversidade de usos e funções, mas, principalmente, a diversi-dade de público. Com relação à mobilidade, o projeto melhora a infraestru-tura viária criando um sistema de calçadas amplas e atrativas, uma linha de trem de superfície, aproveitando o leito ferroviá-rio existente, faixas exclusivas para o transporte coletivo, novos pontos de ônibus, um sistema de ciclofaixa em toda a área do cais, prevendo inclusive sua expansão para as áreas do entorno e novos pontos de aluguel de bicicleta, e a retirada do viaduto das Cinco Pontas, acompanhada de nova proposta viária e da criação de uma grande área verde de per-manência, o parque do Estelita.Inspirando-se nas arquiteturas e espaços da cidade do Recife, o projeto buscou trazer as cores como uma metáfora da cultura e alegria dos cidadãos recifenses. Portanto, a orla, a praça dos si-los, o eixo histórico Dantas Bar-reto e o cruzamento que conecta edifícios de grande importância

patrimonial, como o Forte das Cinco Pontas, a Igreja Matriz de São José e os armazéns do Pátio Ferroviário, ganharam cores vi-vas que auxiliam a exaltar a re-levância história, paisagística, urbanística e simbólica do lugar, ao mesmo tempo em que con-tribuem na orientação e identi-ficação do espaço por parte dos usuários e transeuntes. Além disso, o uso das cores no desenho de piso auxilia no re-conhecimento dos espaços com-partilhados, onde não existe a tradicional segregação entre os veículos automóveis, pedestres e outros usuários das vias e todos compartilham em harmonia do espaço público.No que diz respeito aos aspectos bioclimáticos, foram analisados os ventos predominantes e iden-tificadas as fachadas que atuam como barreiras. Como forma de minimizar os impactos negati-vos gerados por essas barreiras criadas, foram adotadas as es-tratégias de escalonamento dos edifícios, posicionando os mais

altos (máximo 12 pavimentos) atrás dos mais baixos (mínimo 5 pavimentos), a criação de pavi-mentos vazados, como forma de reduzir os efeitos da sombra de vento (igual a seis vezes a altura do edifício) e não prejudicar o tratamento dos andares inferio-res dos edifícios, um elemento de grande importância na vivaci-dade da cidade.Outra estratégia para otimizar o conforto térmico foi a adoção de edifícios com o pavimento térreo recuado, criando uma proteção para o pedestre tanto das altas temperaturas quanto da chuva. T

Vista aéreaVista da cidade em contraste com a intervenção proposta

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Mosteiro de São BentoProjeto e texto de Carina Beltrão de Medeiros

Construções religiosas fazem parte da história do homem, em busca de uma aproximação com o divino através da manifestação do trans-cendente e do indizível. Hoje os espaços convidam através dos ma-teriais utilizados, mas em especial pela luz e proporção. O foco saiu do concreto para a luz; o material se torna um meio para conduzir o imaterial.No catolicismo, a água é relaciona-da ao batismo, início da vida reli-giosa. Parte do projeto é disposto sob um espelho d’água, buscando santificar os espaços. A busca não é por uma edificação que abrigue um espaço de oração, mas por um

espaço que seja a própria oração. O caminho tem sua importância na eterna busca pelo divino. O fogo atrai, aconchega, aquece; reúne comunidades. Está relacionado à chama do Deus e ao Espírito Santo. Os mosteiros de São Bento são co-nhecidos pelos votos de pobreza, humildade e simplicidade, através da clausura monástica. A Regra de São Bento dirige estas instituições desde o século VI e, embora ainda vigente, é hoje aplicada com algu-mas concessões.O objeto de projeto é o novo Mos-teiro de São Bento em Brasília, dada à incapacidade do atual de atender à demanda. O programa de neces-

sidades foi elaborado junto aos mo-násticos, considerando duas carac-terísticas antagônicas do mosteiro: o recolhimento e a necessidade de contato com a comunidade. Apesar do vasto terreno, apenas uma parte foi utilizada pelo pro-jeto, ao passo que o restante cria o isolamento necessário através da vegetação. O diálogo com o urba-no foi explorado, fornecendo um novo elemento à cidade, a capela, cuja cobertura marca a paisagem. A água atua também como elemento de diálogo com Brasília. O projeto foi dividido em três edifi-cações: o mosteiro, a capela e a hos-pedaria, que acolheria as funções

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de secretaria e loja. Além destas, um boulevard unifica o complexo, mediando hospedaria e capela, co-tidiano e retiro. O ponto focal des-te é uma grande fogueira externa.Na hospedaria se dá o contato en-tre monges e fiéis, uma vez que é proibida a entrada de fiéis no mos-teiro, ou contato após as missas na capela. Cada quarto de hóspedes conta com um jardim externo para oração. O visitante ali não deve es-quecer o motivo principal de sua estadia: consentimento divino. No pavimento superior do mostei-ro estão as funções mais elevadas espiritualmente, que tipicamente constituem o claustro: biblioteca, sala capitular, oratório e refeitório. O oratório, como principal am-biente do mosteiro, recebeu um pé-direito triplo, com iluminação zenital, como luz intocável que vem de cima. A estrutura é em concreto arma-do, modulada com vãos máximos

de 7,5 m no mosteiro, atingindo os 20 m na capela. As lajes são nervu-radas, mas maciças nos balanços. A cobertura da capela é composta por uma malha de vigas protendi-das e lajes nervuradas, todas inver-tidas. A passarela do mirante, em treliça metálica, vence um vão de 40 m, com uma altura de 2,5 m, se apoiando no campanário.O jogo de volumes entre a capela e o claustro se justifica nas relações com o mundo externo. Enquanto a capela ganha altura e se destaca na paisagem, o claustro se apresen-ta como um vazio em meio à água. O claustro tem como pressuposto a humildade e o isolamento, colo-cando-se em uma posição de sub-serviência, formalmente o elemen-to negativo. A capela tem um papel de liderança, exemplo, identidade de toda uma comunidade, é o ele-mento positivo, vertical e marcante no perfil do projeto. T

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CorteO projeto se aproveita da declividade do terreno

Vista CapelaA preocupação com a luz é um dos condicionantes do projeto

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O Centro de Cultura e Gastro-nomia de Brasília localiza-se no CLRN 502, no início da avenida W3 norte. Para propor este novo uso, pretende-se demolir a concessio-nária existente no local e usar este terreno para uma nova proposta que poderá ser melhor aprovei-tado pela população. Por se tratar de uma região próxima aos seto-res centrais de Brasília, julgou-se que um uso que se aproximasse de um complexo de restaurantes fos-se muito bem-vindo para aqueles que trabalham pelas redondezas, já que existem muitos usos diversos, como escritórios, comércios e ins-tituições e pouca oferta de lugares

para se alimentar e passar o tempo. Além do Centro de Gastronomia o Centro de Cultura foi pensado para servir de incentivo para revitaliza-ção e reavivamento da avenida W3 norte como um entre vários pontos de cultura que poderão ser consoli-dados ao longo da avenida.“Até os anos 1970 foi importante polo cultural e comercial da cida-de; já há algum tempo deixou de desempenhar esse papel” (HO-LANDA, 2003).A W3 se encontra em contínuo abandono desde a década de 70, por isso ela foi escolhida para se-diar o terreno do Centro de Cultu-ra e Gastronomia de Brasília.

A rampa gramada próxima ao cru-zamento das vias é um espaço pú-blico adjacente ao Centro que foi projetado para receber diversos eventos de naturezas distintas, se-jam eles voltados à gastronomia, cultura, feiras de artesanato, anti-guidades etc., ou até mesmo shows com música ao vivo e teatro. É um espaço público em que foram da-das as devidas condições para que a população de Brasília tenha mais um espaço livre e agradável, possi-bilitando-lhe a apropriação deste espaço para a realização de even-tos, a fim de reanimar uma área tão importante para a cidade de Brasí-lia.O acesso principal acontece pela

Centro de cultura e gastronomia do DFProjeto e texto de Artur Rocci

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praça central entre o Centro de Cultura e o Centro de Gastronomia e é feito através das portas pivotan-tes que demarcam as entradas. Há dois outros acessos pela fachada sul, voltada para o cruzamento das vias.O concreto é o material mais usa-do no projeto, aparecendo tanto como material construtivo e de revestimento de paredes internas e externas e nos pisos elevados. A fim de quebrar com a monotonia do concreto usou-se muita madei-ra em detalhes como em portas, es-quadrias e fechamentos de abertu-ras. As aberturas funcionam como visuais pontuais para aqueles que

percorrem o prédio tanto em seu interior quanto em seu exterior. A cobertura com sua estrutura me-tálica foi projetada para integrar vi-sualmente o complexo, facilitando a percepção das pessoas de que se trata de um mesmo edifício, além de funcionar como sombreamento, dando ao espaço um grau de con-forto térmico agradável.

EntradaVista da praça Central. Acesso principal ao Centro de Cultura e Gastronomia. Imagem por Fábrica d`arte.

Fachada OesteVista da fachada oeste próxima à avenida W3 norte. Imagem por Fábrica d`arte.

Fachada SulVista a entrada na fachada sul pela rampa gramada. Imagem por Fábrica d`arte.

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Velódromo de BrasíliaProjeto e texto de Bruno Rodrigues Tenser

IntroduçãoNo Brasil, nesta década, o esporte está em destaque – país-sede dos jogos Pan-americanos do Rio de Janeiro (2007); dos Jogos Mundiais Militares (2011); da Copa das Con-federações de Futebol (2013); da Copa do Mundo de Futebol (2014); e dos Jogos Olímpicos e Paraolím-picos do Rio de Janeiro (2016). Nesse cenário, a ideia de propor a construção de um velódromo com padrões olímpicos, na capital do país, visa ao desenvolvimento de um esporte pouco praticado em alto nível no Brasil – o ciclismo. O país possui poucos velódromos apropriados. De maneira geral, seu estado de conservação é precário, além de a maioria estar defasada em relação às exigências do Comitê Olímpico Internacional (COI).

O TerrenoO sítio escolhido para o projeto do

velódromo localiza-se no Guará, Região Administrativa X do Distrito Federal, distante cerca de 10 km do centro de Brasília e com população de 175 mil pessoas. No Guará II, está localizado o Centro Administrativo, Vivencial e Esportivo (CAVE), onde se encontram a Administração Regional, a Feira do Guará e o complexo esportivo, composto por estádio de futebol, ginásio de esportes, kartódromo, pista de skate, quadras coberta e descoberta, quadra de areia (voleibol e futevôlei), pista de bicicross e motocross. A proximidade de um complexo esportivo como o CAVE foi um dos fatores determinantes para a escolha do terreno em que o velódromo foi projetado.O terreno está localizado entre a via do Contorno do Guará, uma área de preservação ambiental, e a pista de motocross do CAVE. Livre de ocupação, o sítio possui área

total de aproximadamente 60.000 m².

Fluxo ExternoPedestresO fluxo de pedestres acorre prin-cipalmente no sentido norte-sul, em um largo passeio proposto para conduzir o público da estação de metrô até a entrada principal do velódromo, passando por uma grande praça. Na proposta, a pra-ça é uma extensão do velódromo, onde o público pode permanecer antes e depois das competições. Possui restaurantes e lojas, além de ser um espaço que pode ser utiliza-do para outros tipos de eventos.

VeículosO velódromo possui três áreas para estacionamento: duas áreas gran-des, ligadas por uma via interna, as quais minimizam o congestio-namento de veículos nos horários

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ocorrem as competições. Possui a pista oficial de ciclismo com 250 metros de extensão e inclinações variáveis, como exigido pelo Comi-tê Olímpico Internacional. Rebai-xada um metro do nível da pista, há uma grande área plana para acesso dos competidores. Nessa área, en-contra-se também uma quadra po-liesportiva de dimensões oficiais. Dessa maneira, o velódromo com-porta outros tipos de atividades, esportivas ou não.- Área de apoio: área localizada no nível inferior à pista, destinada principalmente ao apoio dos com-petidores. Possui estacionamento coberto, oficina de bicicletas, boxes para equipes, vestiários, apoio mé-dico, academia, auditório, espaço para exposições, lojas e outros. Al-guns desses ambientes, tais como a academia e as lojas, possuem aces-so pelo lado externo, para o uso do público geral, nos dias em que não houver competição.

de entrada e de saída do velódro-mo. Em dias de competição, o es-tacionamento norte é destinado ao público e o sul é reservado para or-ganizadores e funcionários. O es-tacionamento interno, com acesso pelo sudoeste, é restrito aos ônibus dos competidores, ambulâncias e pessoas credenciadas.

EstruturaA estrutura do velódromo é com-posta de pilares de concreto arma-do, dispostos de maneira elíptica, os quais suportam a carga das ar-quibancadas superiores e do anel de compressão externo, ambos também em concreto armado. Em virtude do grande comprimento do anel de compressão, este pos-sui juntas de dilatação nas quatro extremidades da elipse. A estrutu-ra do anel é vazada internamente, onde não há encontro com os pila-res, para diminuir o peso próprio. Cabos de aço protendidos, dispos-tos de maneira radial, ligam o anel de compressão a um anel interme-

diário, para suporte de equipamen-tos de som e luz, e também a um anel interno tracionado. Todo o complexo do velódromo é coberto por uma membrana de fechamen-to, fixada na estrutura de cabos.

O velódromoPara fins didáticos, o velódromo pode ser dividido em três áreas. São elas:- Área destinada ao público: com-posta por arquibancada superior, com capacidade para aproximada-mente 3.260 espectadores, e cadei-ras inferiores, com capacidade para 1.774 pessoas. Ambos os setores possuem espaços para cadeirantes. A bilheteria encontra-se na entrada principal. Banheiros e lanchonetes estão distribuídos de maneira a atender toda a extensão do veló-dromo. Internamente aos portões e catracas de acesso, há ainda luga-res reservados exclusivamente para a guarda de bicicletas do público. - Área de competições: é o centro da estrutura do complexo, onde

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FachadasFachada frontal e posterior do edifício

Vista internaSimulação do uso esportivo do espaço

MaqueteRelação volumétrica do projeto com o entorno

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Armênia e BrasilAs relações diplomáticas entre Bra-sil e Armênia estão se aprofundan-do nos últimos anos e ainda não há, neste país, um imóvel Próprio Nacional para abrigar a Embaixada e a Residência Oficial do Brasil. A arquitetura junto a outros aspectos culturais brasileiros ajuda a conso-lidar a imagem do país no exterior e, portanto, a construção de uma edificação que esteja em conso-nância com tais características é essencial. Além disso, o corte com aluguel seria significativo e, em um curto período, já se teria economia.

Diplomacia e ArquiteturaA relação entre dois ou mais paí-ses é normalmente realizada pelo Chefe de Estado junto a um cor-po diplomático e pode abranger as vertentes política, comercial, eco-nômica, financeira, cultural e con-sular. No Brasil, é o Ministério das Relações Exteriores (MRE) que de-sempenha este papel. Atualmente, o Brasil mantém relações diplomá-ticas com 138 países e possui, dentre suas representações diplomáticas, embaixadas, consulados, vice-con-sulados, organizações multilaterais e escritórios financeiro e comer-cial. Há muitos imóveis que são pa-trimônios nacionais, chamados no MRE de Próprios Nacionais. A arquitetura, como linguagem, arte e cultura, pode iniciar um in-tercâmbio de valores entre países

Chanceleria e residência oficialdo Brasil na ArmêniaProjeto e texto de Ana Luiza Lacerda Amaral

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por intermédio da edificação da embaixada. Quando tratada como símbolo, esta deve transmitir a es-sência de seu país, as intenções em relação ao país que a sedia, além de suprir um programa de necessida-des peculiar.

LocalizaçãoA área destinada à embaixada está localizada em Yerevan, capital da Armênia, país localizado no Leste Europeu. O terreno de aproxima-damente 2.300 m² foi concedido ao Brasil para a construção da Embai-xada.A face maior do lote é voltada para uma larga avenida, chamada Gri-gor Lusavorich, com 6 faixas de ro-lamento. Ao lado sul é tangenciado por uma ruela de pouco movimen-to. O fundo do lote dá para o pátio de uma escola e, portanto, há horá-rios de muito barulho.

Diretrizes de ProjetoOs programas de necessidades das edificações em questão possuem peculiaridades. A residência oficial abriga um representante de Esta-do e, por isso, não possui o mesmo programa de necessidades de uma casa comum. O primeiro pavimen-to é destinado a recepções e reu-niões de médio porte. A modulação é crucial para se obter um espaço flexível. Outra diretriz importante é a se-gurança. Na residência, os quartos de visitante estão isolados da área destinada ao embaixador e os fun-cionários que trabalham na casa

devem circular por áreas distintas. Quanto à Chancelaria, a seguran-ça é ainda mais reforçada. A partir de um único ponto de controle, a identificação é feita tanto para pe-destres quanto veículos.Os aspectos ambientais, tais como temperatura, ventos, insolação e relevo, foram considerados no projeto. A preocupação ambiental é hoje um dos temas diplomáticos tratados entre os países, e a arqui-tetura deve externar a posição do Brasil. Como se trata de obra pública, al-guns princípios influenciaram no

resultado final, como a austeri-dade, a sobriedade e a economia. A bossa do projeto está na torção do último pavimento voltado para a bela paisagem com a montanha Ararat ao fundo.

FachadaVistas da fachada principal do edifício

Bossavoltado para a bela paisagem com a montanha Ararat ao fundo.

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(Re)composição com ponto históricoEstação do Cipó parque culturalProjeto e texto de Luiz Eduardo Sarmento Araujo

Localizada em Sacramento (MG), o complexo da Estação do Cipó foi inaugurado em 1888, entrando em desuso em 1975. Desde então entrou em completo abandono. A intervenção pretende, além da pesquisa histórica que retoma a memória do lugar, dar novos usos para as edificações históricas e in-cluir novas edificações formando o Parque do Cipó, democratizando o acesso à orla do Rio Grande.

A linhaPraticamente repetindo o traje-to dos bandeirantes, as linhas de trem foram ocupando o vale do Rio Grande, passando pelo Triângulo Mineiro, rumo ao “Paiz dos Goias”. As estações de Sacramento (Cipó) e Uberaba foram, provavelmente, as últimas construídas com mão de obra escrava, revelando um para-doxo de um país periférico que pre-tendia se modernizar: importava tecnologia de ponta dos países téc-

nico e culturalmente hegemônicos e as implantava com mão escrava. Sacramento possuía outras três es-tações em seu território, mas a Es-tação do Cipó (denominada oficial-mente de Estação de Sacramento) era a mais utilizada pela população, pela proximidade com a cidade, a uma distância de aproximadamen-te quatorze quilômetros do centro do município.A distância entre o perímetro urba-no e estação fez com que ocorres-sem fenômenos atípicos na relação cidade-linha férrea, talvez o mais interessante é que, para facilitar o acesso dos passageiros e trocas co-merciais, foi implantado um siste-ma de bondes elétricos, que fazia o trajeto cidade-estação, provavel-mente o único caso de um bonde elétrico – meio de transporte es-sencialmente urbano – funcionan-do em zona rural. O bonde funcio-nou até 1938.

Entendendo o sítioO PontoEm quase 700 quilômetros de linha férrea da Companhia Mogiana, a Estação do Cipó, que funcionava 24 horas por dia, era o ponto mais importante para os citadinos de Sa-cramento, por ser irradiador de ri-quezas, desenvolvimento e princi-palmente mudanças. Repetindo o que ocorreu com os bondes elétricos, que tiveram um breve período de funcionamento, por causa da destruição do modelo ferroviário em detrimento do mo-delo rodoviário, entrou em desuso em 1975.Atualmente o conjunto conta com seis edificações, a estação propria-mente dita, com compartimento que funcionava como administra-ção e bilheteria, unida volumetri-camente pela plataforma de em-barque e grande galpão de carga. Além disso, quatro casas: uma

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maior destinada à família do che-fe da estação, uma geminada para a equipe de manutenção da linha e outras duas pequenas casas de fun-cionários e um armazém.

O PlanoA gleba onde se encontra a Estação do Cipó possui generosa paisagem natural. A norte-noroeste do sítio existe uma encosta, área de preser-vação permanente coberta de flo-restas de cerrado – tipo de vegeta-ção do bioma de transição entre as matas de galeria e os campos. A sul está o Rio Grande, que foi represa-do a partir de 1999.Ao sudeste e ao sudoeste, desde o início dos anos 2000, iniciou-se um processo de loteamento das áreas rurais e a consequente priva-tização da orla.

Projeto de intervençãoa) CAMPING, contando com in-fraestrutura básica: cozinhas cole-

tivas, banheiros, e administração/guarita – somando aproximada-mente 7.000m²;b) PARQUE DA ESTAÇÃO, con-tando com área ajardinada, deques, banheiros públicos, bares e áreas cobertas de permanência próximas ao rio, somando aproximadamente 12.100 m²;c) RESTAURANTE DA ESTAÇÃO e pequena loja de conveniência nos galpões de carga da antiga estação, contando com área de 400 m²;d) PONTO DE MEMÓRIA DA LI-NHA FÉRREA, na antiga bilheteria e administração da Estação, com aproximadamente 150 m²;e) ESTAÇÃO DA FLORA CERRA-TENSE, contando área expositiva e educativa na antiga casa do chefe da estação e de produção e propa-gação de mudas da vegetação na-tiva do cerrado, com área total de aproximadamente 700 m²;f) ESTAÇÃO DA FAUNA CERRA-TENSE, com enfoque na memória

ribeirinha e na divulgação dos pei-xes nativos da região que pratica-mente desapareceram após a im-plantação das usinas hidrelétricas, área de aproximadamente 150m², ocupando o antigo alojamento dos funcionários de manutenção da li-nha;g) ALOJAMENTO para funcioná-rios e eventuais pesquisadores e es-tudantes, área de 300m²;h) PRAÇA DA ESTAÇÃO, com pai-sagismo e possibilidade de receber pequenos eventos, área de 2600m².i) CAPELA NOSSA SENHORA DO CERRADO - ocupando o antigo ar-mazém.

MaqueteVistas gerais do projeto, mostrando o parque, os deques, pavilhões de apoio e edificações de interesse histórico. Por Talita Sá.

Intervenções na Estação do Cipó

Fotos históricasArmazém e habitações funcionais do complexo arquitetônico Estação do Cipó – década de 1950. Bondes elétricos de Sacramento – inauguração da linha em 1913 – único caso de bondes rurais no Brasil. Ligou a cidade de Sacramento à estação mais próxima, no Cipó.Fonte: acervo Carlos Alberto Cerchi.

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Intervenção urbanística no SHIGS 713, 714 e 715Projeto e texto de Lara Agostinho Araújo

O projeto refere-se a uma inter-venção urbanística nas quadras 713, 714 e 715 Sul, que visa à qualificação das áreas livres verdes e das ruas lo-cais, a fim de priorizar o pedestre e o ciclista, proporcionando espaços de permanência, para reduzir a in-segurança atualmente presente no local. A área do projeto é próxima a uma região hospitalar e a instituições de ensino, sendo lindeira à W3, um importante corredor de transporte público e centro comercial. Além disso, é uma região em que se pode morar em casa dentro do plano pi-loto. A intenção, então, é a de apro-veitar a abundante oferta de servi-ços e transportes próximos às 700 e estimular o caminhar e o pedalar, inibindo o uso do carro dentro das quadras, por meio do incentivo ao uso dos estacionamentos nas pro-ximidades e tornando as ruas locais

Quiosques e Skate ParkLara Agostinho Araújo e Késsio Guerreiro

Perspectiva da praça 714Lara Agostinho Araújo

Horta ComunitáriaLara Agostinho Araújo, Rodrigo Rezende da Cruz e Késsio Guerreiro

Planta do projetoLara Agostinho Araújo

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em ruas compartilhadas.O projeto também leva em con-ta princípios de sustentabilidade, tendo como uma das metas a des-centralização da infraestrutura ur-bana, ou seja, adotando sistemas alternativos de reaproveitamento de águas pluviais, de tratamento de esgoto e de geração de energia solar em cada residência, para di-minuir a dependência dos sistemas convencionais. Além disso, tem-se como outra importante meta fo-mentar o sentido de comunidade,

visto que comunidades unidas cui-dam mais e melhor da vizinhança e criam redes de segurança. Des-sa maneira, as áreas verdes foram tratadas de forma a abrigarem no-vos e diversificados usos a fim de reunir os vizinhos e proporcionar novas trocas sociais. Assim tem-se parques infantis, parques para ca-chorros, academias e hortas comu-nitárias distribuídas por essas áreas verdes e, no grande recuo da 714 voltado para W3, tem-se uma praça com quiosques, skatepark e a deli-

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mitação de uma área para a criação de um centro comunitário. A ideia é lançar um modelo de quadra mais sustentável, que sirva de vitrine para as outras quadras. T

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Qualificação urbana da Cidade EstruturalProjeto e texto de Maíra Oliveira Guimarães

Nos últimos anos, muito foi in-vestido na Cidade Estrutural para a execução das obras de infraes-trutura urbana e de implementa-ção de equipamentos públicos e comunitários. Entretanto, viu-se a replicação sistemática de mode-los urbanísticos imediatistas e de simplificação das dinamicidades locais em detrimento a padrões so-cialmente responsáveis de planeja-mento urbano.São inúmeros os problemas ainda presentes na Cidade, como infraes-trutura de saneamento precária, escassez de empregos, deficiência nos serviços de saúde, de educa-ção, de lazer e de transporte, altos índices de violência urbana, além

do grave problema do déficit habi-tacional, ilustrado pelo contínuo crescimento das invasões. Estima-se que 8 mil moradores dos 35 mil estejam alocados em áreas de pro-teção ambiental. Por entender a complexidade do objeto de estudo, a Qualificação Urbana da Cidade Estrutural par-tiu de uma escala mais abrangente, apresentando, inicialmente, um novo zoneamento para a Cidade, o qual veio a se enquadrar e a com-plementar as intervenções propos-tas para Setor Central do parcela-mento.Em ambas as escalas de proposição, almejou-se a construção de uma configuração urbana mais coeren-

te, que viesse a reforçar o signifi-cado das identidades próprias da Cidade e a incentivar o desenvolvi-mento de suas potencialidades em âmbitos locais e regionais. Dentre as diretrizes do projeto, encon-tram-se:a) A dinamização das áreas por meio de uma maior destinação a usos mistos, suprindo as demandas locais de disponibilidade de servi-ços, promovendo maior diversida-de de usos e estimulando as opor-tunidades de produção de renda das famílias;b) A criação de novos espaços ver-des de usos diferenciados e dotados de equipamentos comunitários, de modo a amenizar o quadro de in-

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Vias peatonais e praças Residências multifamiliaresComércios

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Feira Livre

Usos mistos

Stands e quiosques

tensa densidade construtiva, favo-recer os indicadores de qualidade urbana e auxiliar o processo de se-gurança compartilhada;c) Amparado na aplicação dos con-ceitos da Nova Mobilidade, foi proposta a completa transforma-ção do Setor Central em zona pea-tonal, a ser dotada de boulevards e praças, bem como a implemen-tação de um sistema ciclo viário integrado e abrangente em todas as vias principais e coletoras da Ci-dade;d) O incentivo ao desenvolvimen-to econômico local e à integração com o entorno por meio da cria-ção da Feira Livre, constituindo um novo núcleo de vitalidade e

atratividade urbana;e) A criação de unidades de habita-ção coletiva multipavimentos com uso misto no térreo. Tal proposta visa à diversificação de usos e à ate-nuação do problema habitacional, além de contribuir para a orienta-ção urbana da Cidade.

Mapas temáticosMapas representativos de 3 das 4 diretrizes de projeto

Antes e DepoisContraste entre situação existente e situação prevista em projeto

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DefiniçãoMariápolis são pequenos vilarejos que têm como única lei o amor re-cíproco, fundamentado na regra de ouro, princípio das grandes re-ligiões: “Fazer com os outros aqui-lo que gostaria que fosse feito com você e não fazer com os outros aquilo que não gostaria que fosse feito com você”.Esses vilarejos surgiram por inspi-ração de Chiara Lubich, fundado-ra do Movimento dos Focolares, como uma nova sociedade baseada na comunhão de bens culturais, es-pirituais e materiais.Os habitantes dessas comunida-des se caracterizam por serem de

diferentes nacionalidades, idades, credos, culturas e níveis socioeco-nômicos, porém, com o mesmo in-tuito de construir um mundo mais fraterno.Quanto à situação dos habitantes, há o tipo permanente (aqueles que moram na cidadela sem período determinado) e os habitantes de passagem (aqueles que decidem passar um período de até um ano).O vilarejo se mantém com o traba-lho dos seus habitantes sob o siste-ma econômico denominado “eco-nomia de comunhão”, onde cada um coloca livremente à disposição da comunidade a sua profissão e suas capacidades pessoais. Nas di-ferentes cidadelas se realizam di-

versos tipos de trabalhos, de acor-do com o contexto do local onde se situam. Compreendem desde pro-fessores, arquitetos, médicos, entre outros. Existem inclusive vários ateliês com trabalhos mais simples, de fácil aprendizado para os habi-tantes de passagem.

Memorial DescritivoA Mariápolis de Brasília está localizada numa área rural, com chácaras, e conta com um entorno natural muito agradável, típico do cerrado.Por esse motivo, durante o pro-cesso de criação, deu-se uma es-pecial atenção a esse aspecto, ao propor espaços verdes no interior

Mariápolis: vilarejo religiosoProjeto e texto de Melissa Aragón Escobedo

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do vilarejo e mirantes localizados nos pontos mais altos do terreno e acessados por meio de passarelas.Essas passarelas permitem ao tran-seunte se sentir entrando na na-tureza e fazendo parte dela, sendo um modo de aproximá-lo com o divino.A subsistência das Mariápolis se dá por meio da produção e venda de produtos e, por isso, decidiu-se co-locar os comércios e ateliêrs juntos e próximos à BR80 para maior vi-sibilidade de quem passa de carro perto do vilarejo.Além do comércio e ateliêrs, a eco-nomia de Mariápolis conta ainda com alojamentos para eventos, o que propicia postos de trabalho para os habitantes locais.Tais alojamentos são, muitas vezes, utilizados por diferentes institui-ções que precisam ter certa inde-pendência e privacidade, e, por esse motivo, decidiu-se implantá-los em local mais isolado e indepen-

dente do conjunto.Dado que para os habitantes do vi-larejo é muito importante ter uma vida comunitária, privilegiaram-se os espaços de uso comum, entre eles o conjunto de praças que co-nectam a cidade por meio de um canal central.Contribuir com a preservação da natureza também é uma necessi-dade da comunidade. Por isso o canal central das praças, durante o período de chuvas, receberá a água coletada e tratada dos prédios, para posteriormente, acompanhando o caimento do terreno, chegar nos espaços de cultivos localizados nas encostas.A Igreja, edifício que poderia ser considerado o de maior significân-cia, foi implantado no ponto mais alto do terreno, de maneira a res-saltá-lo e afirmar sua hierarquia na composição. Como a Igreja não terá seu uso res-trito ao vilarejo, sua implantação

previu um acesso direto, desde a entrada principal. Esse acesso foi marcado e ressaltado por meio de vegetação de porte mais alto, com palmeiras ao longo de toda a via e reforçando a perspectiva para a edificação.Ao equilibrar esses diversos as-pectos, como respeito à natureza, vida em comunidade, produção local, entre outros, o projeto bus-ca chegar no desejo principal das Mariápolis, de ser uma pequena expressão de uma sociedade equili-brada que consegue subsidiar todas suas necessidades materiais, sociais e espirituais.

Vista aérea geralMelissa Aragón, Isabel Cabral e Jindrich Tomásek

Vista da igrejaMelissa Aragón, Jindrich Tomásek

Vista aérea do parque centralMelissa Aragón, Jindrich Tomásek

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Esta diplomação nasceu da deman-da do sudoeste baiano por projetos rurais qualificados para as fazendas da região. Há mais de trinta anos a região vem sendo utilizada em grande escala para a produção de soja, milho, sorgo e algodão. A fal-ta de investimento do governo faz com que os próprios latifundiários precisem investir na propriedade. Pelas grandes distâncias percorri-das, todos os envolvidos no funcio-namento da fazenda precisam de uma sede que atenda às necessida-des primárias (abrigo, alimentação, educação, saúde e lazer).

Planejamento rural eprojeto de fazendaProjeto e texto de Nayanna Nobre Pinheiro Teixeira

Para o funcionamento sadio de uma sede de produção agrícola, foi constatada a necessidade de com-plexos residenciais e de serviços. Para atender a essa necessidade foi planejada uma fazenda com dois eixos distintos que fizesse com que a população que habitasse o local não precisasse conviver com a área da produção agrícola. Para o projeto foi escolhida uma grande propriedade que é fornada por cinco fazendas privadas, per-tencentes a mesma sementeira. Essas cinco fazendas, atualmente, são estruturadas separadamente,

sendo que a mão de obra emprega-da nelas precisa percorrer toda as áreas para atender às necessidades do trabalho. O programa de neces-sidades foi estabelecido a partir de um estudo na própria região. As cinco fazendas que serão benefi-ciadas pelo projeto apresentam dé-ficit tanto na estrutura residencial quanto na de serviços.A criação de uma sede central pro-porciona aos funcionários uma qualidade de vida, já que as distân-cias ficam mais acessíveis, tornan-do mais fácil a ida ao trabalho e a volta para refeições e descansos.

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A sede é projetada para acompa-nhar as curvas de nível da região. O traçado arqueado faz com que as vias se adaptem melhor ao terreno. A via principal é responsável por setorizar as áreas residenciais das áreas de serviço. Assim, o morador não precisa lidar com trânsito pe-sado perto da sua moradia, assim como os funcionários em horário de trabalho não precisam se preo-cupar com pedestres em áreas de trânsito intenso de caminhões e maquinário. Todos os edifícios da sede foram projetados a partir de um sistema

construtivo padrão. As treliças de madeira estão espalhadas pelas construções garantindo identida-de. Toda a arquitetura foi inspirada no estudo realizado sobre as fazen-das coloniais brasileiras.

ResidênciasImagem do complexo residencial renderizada

Vista de pássaroImagem aérea renderizada

MaqueteMaquete física do complexo

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Planaltina Parqueprojeto urbanístico de interesse socialProjeto e texto de Marilia Alves

Conjuntos de habitações de inte-resse social deveriam ser planeja-dos e construídos como se fossem cidades implantadas rapidamente, procurando um baixo custo econô-mico e para uma população vulne-rável. Em todas as instâncias, a má-xima eficiência deve ser combinada com a máxima preocupação pela qualidade de vida de seus habitan-tes, de modo que esses objetivos de velocidade, economia e bem-estar social não se tornem opostos. Na melhor prática, eles deveriam ser dois lados da mesma moeda, en-quanto estratégias sociais deveriam visar uma ação eficiente, e mode-los de racionalização de trabalhos e custos poderiam ser atrelados às

necessidades a longo prazo dos ha-bitantes desses conjuntos.O termo “a longo prazo“ se refere a ações ou consequências que não são somente instantâneas, mas são processos com uma dimensão tem-poral. Quanto tempo é longo? As decisões sobre a construção de con-juntos habitacionais podem ter im-pactos que se estenderão por muito tempo na vida de seus habitantes. Sendo assim, o argumento seguin-te para o planejamento de conjun-tos habitacionais como entidades de longo prazo deve ser observado: a pior coisa que pode acontecer é a construção de um conjunto que cresce excessivamente, causan-do superlotação da infraestrutura

preexistente, ou custos de recons-trução ou remanejamento. Geralmente, os indicadores para se construir um empreendimento econômico se baseiam na redução de custos de material por meio de um projeto inteligente, redução de desperdício material mediante técnicas de construção eficientes, redução de desperdícios de tem-po e mão de obra por meio de um cronograma competente, redução do custo do uso do edifício dentro de toda a sua vida por meio da im-plementação de materiais duráveis. É preciso expandir os objetivos da construção racional em duas di-reções, que são fundamentais na contagem dos custos e benefícios

EMBRAPA+

Moradores

Oficinas, cursos prÆticos e

profissionalizantes

Prote�ªo das pesquisas

+Conhecimento

EmpoderamentoLa�os comunitÆrios

Lucro Custo

Amplia

Tamanho

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MCMV

R$Aumento de densidadeDiversidade arquitet�nicaIdentidadeFam�lia

tipoHabita�ªo

tipoOportunidade de mudan�a

Prosperidade

+

Planejamento processualUm modo de garantir o sucesso projetual é pensá-lo a longo prazo. Além de permitir as modificações inerentes à vivência humana, é importante instigá-las.

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de um conjunto habitacional. Eles devem ser incluídos não apenas para os habitantes dos edifícios e do bairro, mas para aqueles de outras localidades que têm qual-quer ligação com o lugar e estender esse conceito de custos e benefí-cios, para cobrir não só aqueles de habitar determinado lugar, mas também levar em conta o possível suporte e capacitação que um es-paço pode oferecer à manutenção de vida de seus moradores, mudan-do das questões de existência, para questões de prosperidade. O loteamento estabelecido para a implantação desse bairro é vizinho ao Mestre d’Armas, na RA de Pla-naltina, em uma área ocupada pela Embrapa. O GDF pretende expul-sá-la e a Embrapa alega que suas pesquisas não sobreviverão a essa mudança. Esse projeto é uma resposta a vá-rios conflitos políticos, sociais e ambientais e critica diretamente os processos atualmente estabele-cidos pelo Programa Minha Casa, Minha Vida. Pretende dar uma al-ternativa à retirada da Embrapa, o estabelecimento de um desenvolvi-mento urbano a longo prazo com processos de participação popular, integração entre os bairros Mestre d’Armas e a cidade de Planaltina, além de criar condições ambientais não destrutivas para uma área de fragilidade ecológica.

Calçadão urbanoAs vias foram implantadas de modo a acomodarem canais de infiltração à vista da população de modo a criar uma identidade e incitar cuidados por parte dos moradores

Centro dos BairrosCentros de bairros são importantes espaços de agregação comunitária. No projeto, ele foi locado de modo a servir ao novo bairro e àqueles adjacentes.

Pátios semi-públicosAs unidades unifamiliares se agrupam em torno de pátios comunitários que, por meio de associações externas, irão formar suas identidades dentro do urbano.

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GALERIA FOTOGRÁFICA

Galeria da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo

Exposição dos Trabalhos Finais de Graduação

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Fotos de Marilia Alves

Seminário final – projeto final (entrega e seminário)

Formato: 3 pranchas em formato A0, com orientação retrato, apresentado em seminário com presença de banca.

Conteúdo mínimo: mapas, planta de situação, planta de locação/cober-tura, plantas baixas de todos os níveis, 2 cortes, fachadas principais, perspectivas, todos os detalhes significativos relacionados à natureza do projeto; especificações de toda natureza que sejam indispensáveis à compreensão da proposta; memo-rial descritivo; modelo reduzido com curva de nível.

Nesta etapa será entregue, em definitivo, o Caderno de processos contendo o processo de projetação e croquis desenvolvidos ao longo dos 2 semestres, des-de Diplomação I.

Trecho retirado do Plano de Curso do Trabalho Final de Graduação 1/2014

Conteúdo da exposição

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Opera PrimaSESC Asa NorteEvelise Grunow | Publicação original em Projeto Design, Edição 409

Imagens e fotos cedidas por Adélia Margarida Massimo Ribeiro

O trabalho de graduação que a ar-quiteta Adélia Margarida Ribeiro defendeu em 2011, na UnB, um dos premiados no Opera Prima, teve como tema a criação de uma unida-de do Sesc, misto de centro social, de esporte e lazer, na Asa Norte, em Brasília. A escolha do programa de-riva do estudo de Margarida sobre a obra de Lina Bo Bardi, notadamente do Sesc Pompeia, em São Paulo, e do desejo de intervir no Plano Piloto da capital federal. A proposição inicial do Centro de Atividades do Sesc na Asa Norte ocorreu no oitavo semes-tre, antes do usual no curso de ar-quitetura e urbanismo da UnB. Lá, o ensaio teórico não precisa ter refle-xo direto no projeto de conclusão, mas Margarida optou por dar conti-nuidade ao estudo que desenvolveu sobre a relação entre os espaços pú-

blicos e os privados na obra de Lina Bo Bardi. O Sesc Pompeia, então, serviu de inspiração para o progra-ma do trabalho de graduação.O terreno escolhido, a Entrequadra 112/113 (EQN 112/113), foi um acha-do. Vazio e destinado originalmente a abrigar um Clube de Vizinhança, atendia ao propósito de dar uma unidade do Serviço Social do Co-mércio na Asa Norte. Da análise do entorno residencial e comercial – tanto local quanto de maior porte – surgiram os eixos ortogonais que estruturam o projeto em torno de uma praça aberta.“É uma implantação muito respei-tosa”, assinala a orientadora Lucia-na Saboia Fonseca Cruz, que desta-ca ainda o processo de trabalho de Margarida (amparado por maquetes

de estudo, da localização até o de-talhamento) e a referência de obras como as de Paulo Mendes da Rocha, em que cruzamentos demarcam praças públicas.O Sesc desenhado por Margarida é setorizado em três edificações: um grande volume horizontal e elevado sobre pilotis abriga as atividades so-ciais, esportivas e administrativas; uma construção encaixada na de-clividade do terreno é ocupada pela quadra poliesportiva; e a caixa me-

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Vista externaVista da praça conformada pelos eixos longitudinal e transversal da implantação

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Maquete do contextoModelo representando o inserimento do projeto, em escala 1:1250

Espaço internoO térreo em pilotis internaliza a praça aberta

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tálica vermelha do palco do teatro é o ponto de destaque. Sobre a colaboração entre orienta-dores (o trabalho teve coorienta-ção de Janes Oliveira) e orientanda, Margarida destaca o questionamen-to de Luciana sobre a estratégia que efetivasse a pretendida interação do projeto com a paisagem e o próprio programa, o que, entre outros, re-percutiu no partido e no enfrenta-mento do desnível de cerca de dez metros. E, na via oposta, Luciana elogia a maturidade da ex-aluna: “Ela buscou ter experiência também fora da universidade, era uma aluna com excelente bagagem”.A condução coletiva das orientações é outra prática de Luciana elogiada pela jovem arquiteta: “Faz com que estejamos em constante desenvol-vimento do projeto”. Bruno Capa-nema e Luiz Márcio Penha foram os arquitetos convidados, respec-tivamente pela universidade e pelo IAB/DF – “um convênio de mais de três anos de existência”, explica o atual presidente da entidade, Thia-go Teixeira –, para formar a banca junto com Cláudio Queiroz, Ga-briel Dorfman e Luciana. Para ela, o diferencial da UnB é o convívio de professores com perfis variados e a vocação para o ensaio teórico e para a problematização dos projetos.

Parecer do júriO trabalho se destaca pelo rigor projetual, uma forte tradição da ar-quitetura brasileira, e pela inserção condizente com o contexto urbano. Utiliza formas simples para criar os espaços e volumes, ao mesmo tem-po em que abriga as atividades com dinamismo. T

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Maquete do projetoModelo representativo do SESC Asa Norte, em escala 1:750

CortesOs cortes evidenciam a relação das edificações com o terreno em desnível

Vista externaVista da passagem do eixinho W para a comercial e da entrada para o teatro

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Ficha técnica

UnB-FAU | Trabalho Final de Graduação - 1.2011

Aluna: Adélia Margarida Massimo Ribeiro

Orientadora: Luciana Saboia

Orientador de estruturas: Janes Oliveira

Membros da banca final: Cláudio Queiroz, Gabriel Dorfman, Bruno Capanema (professor convidado UnB-FAU) e Luiz Márcio Penha (professor convidado IAB-DF)

Colaboradores: Eder Alencar, Matheus Gorovitz, Gisele Cangussú, Ana Cyra Brêtas e Ana Carolina Vaz

Maquete eletrônica e imagens realistas: Eder Alencar

Maquete escala 1:750: Ana Carolina Vaz

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Concurso elege a marca do Museu da Educação do DFSonia Cruz – Decanato de ExtensãoPublicação original no site da UnB

Os três primeiros lugares foram conquistados por estudantes da UnB: Luiz Eduardo Sarmento Araú-jo (1º lugar), Clara Cristina de Sou-za Rego e Artur Leonardo Coêlho Rocci (2º lugar) e Gabriela Bandei-ra Advincula (3º lugar). Além disso, Daniella Demathei do Valle foi con-templada com menção honrosa.“É um grande orgulho ter um tra-balho de minha autoria servindo de imagem a uma instituição tão importante, que resgata essa histó-ria da educação no DF”, enfatiza o vencedor, que é aluno da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU). Além de Luiz Eduardo, Artur e Ga-briela também são estudantes da

FAU. As outras premiadas – Clara e Daniela – são, respectivamente, alunas de Desenho Industrial e de Museologia. Segundo o professor da FAU José Carlos Coutinho, que presidiu a comissão julgadora do concurso, “o trabalho vencedor mostrou sim-plicidade e originalidade ao repro-duzir o traço da frente do prédio da Escola Júlia Kubitschek, projeto original de Oscar Niemeyer”. Cou-tinho também elogiou o nível dos 29 trabalhos apresentados. O con-curso foi lançado pelo Decanato de Extensão (DEX) em parceria com as secretarias de Educação e de Cultu-ra do Distrito Federal. T

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Inspiração vencedoraMontagem explicativa da inspiração para a logo vencedora

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10 Lugar: Luiz Eduardo Sarmentoem colaboração com Gabriela Bílá, Gabriela Nehme, Maíra Guimarães e Marilia Alves

20 Lugar: Clara Cristina de Souza Rego e Artur Leonardo Coêlho Rocci

30 Lugar: Gabriela Bílá em colaboração com Gabriela Nehme, Luiz Eduardo Sarmento, Maíra Guimarães e Marilia Alves

Menção honrosa: Daniella Demathei do Valle

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Waterfront Planning MarathonAnúncio dos Projetos selecionados

Os seguintes nove projetos foram selecionados para participar da Ma-ratona:Auckland, New ZealandBasel, Switzerland Fort Lillo, Antwerp, BelgiumKaliningrad, RussiaOld Fordon, Bydgoszcz, PolandLago Paranoá, Brasília, Brasil(Lago Para Todos)Trencin, SlovakiaVaranasi, IndiaYoung City, Gdansk, Poland.

Formato da MaratonaSeguindo uma curta introdução, cada participante apresentará o seu plano ou projeto em, apenas, 10 mi-

nutos. Quando o sino tocar, a próxi-ma apresentação inicia-se.

PrêmiosUm júri internacional, presIdido pelo Presidente da ISOCARP Mi-lica Bajic-Brkovic, avaliará e esco-lherá um ou dois participantes para o “The Best Waterfront Project Award”. A audiência elegerá “The Best Waterfront Oral Presentation”. Os prêmios serão anunciados no jantar de Gala do Congresso, quan-do os certificados serão entregues aos vencedores.Critérios de avaliação dos melhores projetos: qualidade de planejamen-to urbano e desenho; compreensão;

boas ligações entre cidade e água; Inovação, criatividade e singularida-de; apreciação e proveito do público geral; sustentabilidade e aperfei-çoamento do ambiente; viabilidade econômica; sucesso (quando já im-plantado).

Tradução livre do anúncio no site oficial do evento - http://www.isocarp.org - por Marilia Alves

Imagens cedidas por Louise Boeger

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Lago Para Todos: lazer e mobilidade urbana na orla no lago Paranoá

Projeto e texto por Louise Boeger

Nem sempre as funções desempe-nhadas pelos espaços de margens de corpos d’água e os tipos de confi-guração desses espaços favorecem a interação entre os cidadãos, promo-vendo encontro e convívio social e garantindo a sua proteção ambien-tal. Em todo o Brasil, faixas de pre-servação às margens de cursos d’á-gua previstas em lei (APPs) têm sido desrespeitadas, seja por ocupações irregulares ou mesmo por projetos governamentais. Em Brasília, embora Lucio Costa descreva sua visão para a ocupação futura da orla do Lago Paranoá por todos os cidadãos desde o projeto original da cidade, não foi previs-

ta destinação legal para as áreas de suas margens, resultando em espa-ços residuais dos projetos de par-celamento de setores adjacentes, favorecendo, assim, a extensão das divisas posteriores de clubes e terre-nos residenciais de alto padrão até a beira d’água, caracterizando inva-são de espaços públicos. Conforme Aldo Paviani:

A breve discussão sobre conflitos de uso no Lago Paranoá ilustra um possível papel de corpos d’água ur-banos na reprodução de situações de desigualdade. Ao definir usos das margens do Lago Paranoá que privilegiam populações com faixa de renda elevadas, o planejamento

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Uso propostoProjeto de fruição coletiva das margens do lago

O lago ParanoáVista aérea do Lago Paranoá, Brasília

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O principal objetivo dessa interven-ção urbana é certamente aproximar a população do Lago Paranoá, como espaço importante na cidade para ações de lazer e mobilidade urbana, despertando a consciência de que o lago não deve ser visto como pro-priedade de poucos, mas sim como um bem de TODOS.

cristalizou ainda mais uma segrega-ção sócio-espacial característica da estrutura urbana da capital. Ao abs-ter-se de cumprir seu papel fiscali-zador, o Estado reforçou a ocupação privada de espaços públicos, privi-legiou a consecução de objetivos e interesses de determinados grupos e, assim, parece ter contribuído para reproduzir a dominação social.

Muitas das áreas potenciais para destinação de espaços públicos na orla hoje se limitam a terrenos cer-cados e inacessíveis à população, desvinculados do tecido urbano e, em alguns casos, em estágio de completo abandono. A infraestru-tura dos próprios espaços públicos destinados legalmente ao lazer na orla é precária.É evidente a necessidade de uma re-qualificação urbanística, com a im-plantação de um sistema coeso de espaços públicos na orla do Lago Pa-ranoá. Não somente atuações pon-tuais, mas integrando efetivamente os espaços já existentes e os novos espaços a serem propostos com a malha urbana. O projeto LAGO PARA TODOS estabelece diretrizes que podem guiar as ações do poder público para garantir o acesso à orla como espaço fundamentalmente público que é. Considerando a atual estrutura viária adjacente ao lago, foi estabe-lecido um circuito cicloviário inte-grado, buscando promover o uso da bicicleta não só como lazer mas também como meio de transporte. Para tal, foram propostas ciclovias e Estações Intermodais. Além da ci-clovia, a mobilidade na área do lago é explorada com a proposta de um sistema de transporte aquaviário conectando as Estações, localiza-das em pontos de interesse ao lon-go da orla, de forma a promover o desenvolvimento de áreas de lazer de qualidade, movimentadas não só aos fins de semana, mas no dia a dia da população.

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Mapas de microzoneamentos

Antes e DepoisCortes da situação existentes versus a situação de projeto

Obstrução da orlaEsquemas de desvio das obstruções por parte do projeto

Iluminação proposta para a orla

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Concurso:Brasília em Cartaz

Publicação original em http://www.jornalbrasil.com.br/?pg=desc-noticias&id=131348 - 26/04/2014 Sábado

Imagens do site: http://www.brasiliaemcartaz.com.br/

Brasília, abril de 2014 – Até 30 de maio, o brasiliense pôde ver como Brasília é percebida e celebrada por jovens artistas de todo o país, lado a lado com momentos importantes que marcaram os 54 anos de história da cidade na exposição Brasília em Cartaz. Dez dos cartazes que concorreram ao concurso para comemorar o ani-versário da cidade estavam expostos no Museu Nacional de Brasília, jun-tamente com 54 cartazes de desig-ners e artistas de Brasília mostrando a “arqueologia impressa da cidade”, nas palavras do idealizador da expo-sição, o artista gráfico e professor da UnB, Nanche Las-Casas. A exposição foi aberta com a pre-miação dos três primeiros lugares do concurso Brasília em Cartaz, que atraiu estudantes, profissionais do Design, Artes Visuais, Comunicação Social e Arquitetura (www.brasilia-emcartaz.com.br) de todo o país. O júri presidido pelo professor da FAO/USP Chico Homem de Melo, autor de A linha do tempo do De-sign Gráfico Brasileiro, deu o pri-meiro lugar a Diogo Damásio e Diego Ribeiro, do estúdio de design paulistano Por um Acaso. Diogo ex-plica que os dois encaram a cidade como um signo de ousadia. O cartaz vencedor, que recria um dos pilares do Palácio da Alvorada, através de um recorte em cruz no papel (veja aqui) e surpreende pela tridimen-sionalidade, foi pensado para não

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se limitar “ao universo das proposi-ções mais rotineiras do design grá-fico, do mesmo modo que o projeto da capital do Brasil não se limitou ao universo das possibilidades mais imediatas da realidade brasileira da época”, afirma. O segundo lugar ficou com um co-letivo de jovens brasilienses, que inscreveram seis cartazes e tiveram mais dois premiados com men-ções honrosas. Também querendo encontrar um novo olhar para a cidade tão fotografada, cuja arqui-tetura está gravada no imaginário brasileiro, o arquiteto e designer Luiz Eduardo Sarmento, de 24 anos, e Chico Mineiro, jornalista e artista

plástico de 27 anos, convidaram o amigo fotógrafo e cineasta Vinícius Gonçalves para ajudá-los a fugir da “monumentalidade e buscar um ou-tro recorte nos espaços simbólicos de Brasília”, segundo Sarmento. A seleção de cartazes da mostra his-tórica passeia pela produção artísti-ca e cultural da cidade e traz artistas como Resa, Jo Oliveira, Zé Nobre e Célia Matsunaga. A curadoria é da professora Marisa Maass, do Dese-nho Industrial da UnB.“São momentos importantes da pro-dução gráfica e cultural da cidade, que merecem ser vistos ou relem-brados. Nossa intenção ao propor a exposição foi dar uma oportunida-

de ao visitante de viajar pela histó-ria da cidade, revelada em eventos e personagens. O cartaz é a evidência da vida da capital na forma da arte gráfica”, afirma Las-Casas. O trabalho de garimpagem em co-leções particulares e no Arquivo Público do DF, juntamente com a novíssima produção dedicada ao aniversário da cidade, pôde ser vista até o dia 30 de maio.

Fonte: Quartzo Comunicações T

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Menção HonrosaLuiz Eduardo Sarmento (FAU-UnB) e Chico Monteiro

1o LugarDiogo Damasio e Diego Ribeiro

Menção HonrosaLuiz Eduardo Sarmento (FAU-UnB) e Chico Monteiro

2o LugarVinicius Fernandes, Luiz Eduardo Sarmento (FAU-UnB), Chico Monteiro

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Workshop de valorização artística de projetos

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Fotos de Juan Guillén

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O workshop de valorização artística de projetos realizado durante os dias 22, 23, 24 e 25 de abril de 2014 teve início com uma palestra de Eduar-do Bazjëk aberta ao público no dia 22, no auditório 12, no ICC norte, campus Darcy Ribeiro, seguido pelo curso nos dias 23, 24 e 25 de abril que ocorreu na galeria da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) na UnB. O evento teve organização da Profa. Luana M. E. Kallas (UnB – Coordenadora), Prof. Juan Carlos Guillén salas (UNIP – Coordena-dor), Prof. Sérgio Rizo(UnB), Prof. Reinado Guedes (UNIP), Profa. Paola Caliari Ferrari Martins (UnB), Profa. Flaviana Barreto Lira(UnB) e Prof. Benny Schvarsberg (UnB). O workshop teve apoio do Prof. José Manoel Morales Sánchez, diretor da FAU.O palestrante, instrutor e ilustrador profissional, Eduardo Bazjëk gra-duado pela Faculdade de Arquitetu-

ra e Urbanismo Mackenzie em 1998 e trabalha há 13 anos como ilus-trador de arquitetura, atualmente com mais de 1.700 ilustrações ar-quitetônicas desenvolvidas para o mercado de arquitetura e mercado imobiliário. Ministra, desde 2010, um curso de desenho arquitetônico em São Paulo e outras cidades do Brasil. Em 2005 recebeu o título de Menção honrosa pela ASAI – Ame-rican Society of Architectural Illus-trators. Em 2009, passou a integrar o grupo do Urban Sketchers, como correspondente de São Paulo, parti-cipou dos Simpósios Internacional de Urban Sketching como instrutor e, atualmente, está organizando o mesmo Simpósio Internacional de Urban Sketching em Paraty, no Rio de Janeiro, que ocorreu nos dias 27, 28, 29 e 30 de agosto de 2014.O workshop foi destinado a profis-sionais e estudantes e voltado para a valorização de projetos usando

técnicas tradicionais, como o lápis de cor e a caneta marcador. O even-to teve a participação de 25 pessoas durante 3 dias em período integral, totalizando 25 horas. As fotos do workshop foram cedidas pelo Prof. Juan Carlos, e o ilustrador Eduardo Bajzëk cedeu algumas imagens dos seus trabalhos. O evento foi um sucesso e trouxe um evento que há muito tempo não ocorria no âmbito da FAU, motivando os participan-tes ao uso de técnicas tradicionais, usando lápis grafite, lápis de cor e materiais não muito comuns como a caneta marcador, mostrando que, apesar dos recursos computacionais inovadores existentes, o workshop resgatou o valor das técnicas arte-sanais que, associadas ao recursos computacionais de última geração, podem se tornar excelentes formas de representação arquitetônica, ur-banística e paisagística.

Desenhos de Eduardo BajzëkPanorama da cidade de São Paulo,Sesc Pompéia e Estância dos Ipês

Texto de Luana Kallas

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O workshop do Eduardo Bajzëk resgata a fundamental importância de existir uma boa representação em um projeto de Arquite-tura ou Urbanismo. O curso de valorização artística mostra muito claramente aos alu-nos, a essência da representação de pro-jetos arquitetônicos e urbanísticos, por meio de desenhos que podem ser totalmente ou parcialmente manuais, demonstrando assim que as amplamente utilizadas, atualmen-te, renderizações fotorealistas, nem sempre conseguem expor a alma do projeto e, es-tas, por vezes, acabam destoando muito a realidade e confundem as pessoas de forma negativa.Portanto, o Eduardo Bajzëk, consegue, de maneira muito direta e leve ministrar o curso e repassar seus conhecimentos e técnicas, de modo que seus aprendizes, em geral, atingem bons resultados ao final do curso. Algo muito importante que ele nos ensina é observar os melhores ângulos, ou seja, aqueles que mais valorizam o projeto.

Jonnatan Guimarães Pinheiro

Expondo a alma do projeto

O workshop realizado com o ilustrador Eduardo Bajzek foi bastante positivo não apenas porque pudemos aprender um determinado método de apresentação de nossos projetos arquitetônicos, mas também porque insistimos no desenho como ferramenta de raciocínio e apreensão do ambiente pelo arquiteto. Em uma época em que a máquina digital permite uma produção infinita de imagens e que, por-tanto, as desvaloriza, a atividade do “urban sketching”, que realizamos no terceiro dia de workshop, estimula o olhar e evidencia detalhes do espaço em que vivemos que deixamos passar despercebidos no nosso dia a dia.

Matheus Macedo

Ferramenta de raciocínio

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Galeria da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo

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Fotos de Marilia Alves

Ficha técnica

Exposição VER[A]CIDADE

Curadoria: Estudantes do 6o período do Curso de Bacharelado em MuseologiaAnna Maria AmorimCelso Barroso Lima Eduardo MoraesEduardo MoraesFernanda WerneckGabriela Mói Tedesco AmancioIara Silva PerreinLuciana CardimMeiriluce SantosNaiara LeãoPedro Guilherme Mussoline

Logomarca da exposiçãoLucas Santos

Design GráficoJean-Michel Georges PerreinLucas Santos

Elaboração e programação visual da mídia digital da exposiçãoIara Silva PerreinJean-Michel Georges Perrein

Agradecimentos aos professoresAna Lúcia Abreu GomesAndréa Fernandes ConsideraCelina KuniyoshiDeborah Silva SantosElizângela CarrijoLuciana PortelaMatias Monteiro FerreiraMonique MagaldiSilmara Küster de Paula Carvalho

Agradecimento EspecialDiretor da Faculdade de Arquitetura e UrbanismoJosé Manoel Morales Sánchez

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A (re)descoberta da cidadeJuliana FigueireidoPublicação original no site do Correio Braziliense, 26/04/2014

páginas foram concebidas em qua-tro meses, enquanto a estudante se dedicava a outras disciplinas do curso. “Tive que virar noites na reta final, mas acreditava e gostava tan-to do que estava fazendo, que nem senti”, lembra.

Para explicar o AviãoA vontade de fazer o guia surgiu durante o período em que Gabrie-la morava na Europa (2011-2013) e precisava explicar Brasília aos in-quietos arquitetos estrangeiros. A principal dúvida consistia, acre-dite se quiser, em saber se a cida-de era realmente habitada. “Todos tinham muita curiosidade, e eu sentia muito prazer em falar da ca-pital. Eu via como a Europa estava superpreparada na questão do tu-rismo, e comecei a refletir sobre os turistas que vêm para cá, e como é difícil para eles descobrirem a cida-de”, conta. O objetivo de Gabriela não era fa-lar de Brasília só para os visitantes, mas, também, para os próprios ha-bitantes daqui. “Acho que os prin-cipais interessados no guia serão os brasilienses. Vivemos um momen-

Mapas vibrantesUm dos pontos de atraçao d’O Novo Guia é o design especial de cada mapa.

O Novo Guia de BrasíliaO guia turístico com uma nova for-ma de ver Brasília é resultado de uma pesquisa de Ensaio Teórico e foi fi-nanciado pelo Catarse.

“Um guia feito por alguém que quer compartilhar um pouco da cidade em que nasceu e cresceu como se estivesse a apresentando aos pró-prios amigos.” Esse é o propósito da estudante de arquitetura e urba-nismo da Universidade de Brasília (UnB) Gabriela Bílá, ao escrever O novo guia de Brasília. O projeto, fei-to para a faculdade no final de 2013, busca verbas para a publicação no site de financiamento coletivo Ca-tarse.É impossível folhear o único exem-plar impresso da obra e não sentir que algo especial foi criado ali. O novo guia de Brasília não é um livro qualquer. Ao contrário das obras do gêneros, geralmente muito comer-ciais ou institucionais, esse trabalho mostra a capital pelo olhar de al-guém que, com 24 anos, ainda vive o frescor de descobrir o dia a dia da cidade e deseja compartilhar as no-vidades com os outros.Gabriela foi a responsável por toda a criação de conteúdo — textos, fotos e ilustrações — e pela dia-gramação do projeto. A autora re-cebeu dicas de outros apaixonados pela cidade e usou algumas fotos de arquivo público para contar a história da capital. As cerca de 200

to de valorização da cidade pelos moradores. A geração que nasceu aqui está descobrindo possibilida-des além do serviço público e sen-tindo vontade de ocupar a cidade. Voltei para cá no meio do ano pas-sado e percebi que tinha algo no ar”, reflete.Em seis capítulos, O novo guia de Brasília viaja pelas quadras, tesou-rinhas e passagens subterrâneas da capital, apresenta as famosas obras arquitetônicas, conta como é viver sobre os pilotis, e visita lugares e festas imperdíveis, com direito a paradas nos melhores bares e lan-ches da cidade. Ainda há espaço para momentos dedicados à apre-ciação da natureza: o Lago, o céu, os parques e as frutas. T

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XIII Seminário de História da Cidade e do Urbanismo

um lado, o tempo vivido e, por outro lado, o tempo lógico da disciplina. Entende-se que na tensão entre es-sas duas temporalidades encontra-se uma História aberta à ação hu-mana que, independentemente de sua duração, pode estimular, neste Seminário, reflexões sobre o urba-no. A palavra escala, também pre-sente no título, pode se referir tanto a relações de proporção e dimensão como a pontos de vista na apreen-são do real. No âmbito da história da cidade e do urbanismo, o ter-mo escala sugere escolhas relativas ao recorte da pesquisa e também a perspectivas a serem adotadas para apreensão do objeto historiográfi-co. A partir dessa temática inicial, o Seminário foi organizado em torno de quatro subtemas: território, re-presentações, cotidiano e discurso profissional. Buscou-se desse modo abarcar desde a esfera do edifica-do até o imaginário sobre a cidade, numa disposição aberta a contri-buições provenientes de outras ver-tentes da História ou de disciplinas como Geografia e Antropologia.O XIII SHCU teve lugar nas depen-dências da Câmara Legislativa do Distrito Federal. Destacou-se ainda a presença de palestrantes estran-

De 9 a 12 de setembro deste ano, o Labeurbe da FAU-UnB promoveu o XIII Seminário de História da Ci-dade e do Urbanismo. Os SHCUs, realizados bienalmente há vinte seis anos, constituem o principal fórum nacional de divulgação de resulta-dos de pesquisas a respeito da ci-dade e do urbanismo. Suas edições vêm propiciando intercâmbios e discussões entre pesquisadores bra-sileiros e internacionais e também profissionais de atuação diversa no campo da Arquitetura e do Urba-nismo. Desse modo, estimulam a formação de redes e grupos de pes-quisa no âmbito dos programas de pós-graduação das Faculdades de Arquitetura e Urbanismo, além de propiciar uma disseminação mais ampla de conhecimentos relativos a seu campo de estudos. Seu propósi-to mais geral é contribuir para con-solidar as relações entre pesquisa e atividades de ensino, planejamento, formulação de políticas públicas e gestão de cidades. Neste ano, o Seminário intitulou-se Tempos e Escalas da Cidade e do Urbanismo. O tema refere-se pri-meiramente à História como narra-tiva por meio da qual se apreende a noção temporal. Considera-se, por

geiros reconhecidos por estudos seminais no campo da história da cidade: Henri-Pierre Jeudy e Carlos Sambricio. Também estiveram pre-sentes especialistas nacionais for-mados nas áreas de Ciências Sociais, Antropologia, História ou Filosofia: Cibele Rizek, Estevão Chaves de Re-zende Martins, Fraya Frehse e My-riam Bahia. O evento foi promovi-do pelo LabeUrbe (PPG-FAU-UNB) e pela ANPUH. Teve patrocínio da CAPES, do CNPq, do Ministério das Cidades, CAU-BR, UFG e UNI-CEUB. A comissão organizadora local foi formada pelos professores Elane Ribeiro Peixoto (coordena-ção-geral), Maria Fernanda Derntl, Pedro Paulo Palazzo e Ricardo Tre-visan.Como resultado do evento, foram publicados pela editora da FAU-UnB (com o apoio do CNPq, CAPES, FAPDF, CAU/BR) o livro Tempos e Escalas da Cidade e do Urbanismo: quatro palestas; um número temá-tico da revista Paranoá com artigos selecionados; um caderno de resu-mos; e os anais onlines do evento.www.shcu2014.com.br T

Maria Fernanda Derntl e Elane Ribeiro Peixoto

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CARLOS SAMBRICIO

HENRI-PIERRE JEUDY

CIBELE RIZEK

FRAYA FREHSE

MARIA FERNANDA DERNTL

MYRIAM BAHIA

ESTEVÃO CHAVES DE REZENDE MARTINS

Palestrantes

SHCU em númerosReuniu cerca de 200 trabalhos, dos quais 125 foram apresentados como comunicações orais em sessões temáticas, 15 em sessões de interlocução de grupos de pesquisa e os demais como pôsteres em exposição permanente durante o evento. Buscou-se, assim, integrar as vá-rias instâncias da formação de pesquisadores na área da História Urbana. Os trabalhos escolhidos pelo Comitê Científico foram inéditos e obrigatoriamente completos.

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Identidade visual do SeminárioRealizada por Gabriel Ernesto Solórzano, Luiz Felipe Champloni, Ricardo Trevisan e Pedro Paulo Palazzo

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Festa da Arquitetura da UnB

O jogo da arquitetura

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Fotos de Amanda Sol e do arquivo da Festa da Arquitetura

Por que uma festa dentro do curso de arquitetura? Qual é o diferencial dela para as festas dos outros cursos? Acho que um dos maiores diferenciais do nosso curso pros outros é a diversidade de coisas que aprendemos. Quando se organiza uma festa, ga-nha-se a oportunidade de colocar muita coisa em prática, e mais que qualquer coisa, põe-se a criatividade como diferencial das coisas que são feitas. Uma festa que envolve cenografia, 3 ambientes de músicas, iluminação, performances, lounges, comida, bar etc, representa um grande desafio para os estudantes. A festa gera um grande aprendizado em diversas áreas do conhecimento, além de ensinar as pessoas a trabalhar melhor em grupo, pois nada na festa se faz sozinho (ou quase nada).

Qual foi o diferencial do Jogo da Arquiteura? Nossa, não acho que tenho como escolher um diferencial, até porque acompanhei o processo e o resultado de diversas produções. As escolhas musicais foram ex-celentes, a cenografia nunca foi tão reciclável, a iluminação ficou linda, fizemos as projeções mapeadas, dezenas de performances... Acho que o diferencial da festa é que ela é uma construção coletiva, ninguém chegaria a esse resultado sem uma legião de estudantes de arquitetura empenhados em serem criativos.

Gabriela Farinasso, diretora-geral da festa, responde:

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