revista aeronáutica edição nº 290

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ISSN 0486-6274 Número 290 Revista Aeronáutica 2015

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Revista Aeronáutica. Clube de Aeronáutica. Departamento Cultural.

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  • ISSN 0486-6274 Nmero 290

    Revista

    Aeronutica2015

  • w w w . c a e r . o r g . b rr ev i s t a@ c ae r.o r g .b r

    As opinies emitidas em entrevistas e em matrias assinadas estaro sujeitas a cortes, no todo ou em parte, a critrio do Conselho Editorial. As matrias so de inteira responsabilidade de seus autores, no representando, necessariamente, a opinio da revista. As matrias no sero devolvidas, mesmo que no publicadas.

    Departamentos

    Sede Central Administrativo/BeneficenteCel av Joo Carlos Gonalves de sousaCultural Cel av araken Hipolito da CostaComunicao Social ten Cel QFo ana elisa Jardim de mattos a. de meloCentro de Tecnologia e Informao CTITen Cel Int Franklin Jos Maribondo da Trindade

    Financeiro Cel Int Jlio Srgio Kistemarcher do Nascimento

    Jurdico Dr. Francisco Rodrigues da Fonseca

    Patrimonial / Secretaria Geral Cap Adm Ivan Alves Moreira

    Social (Interino) Cel Av Lus Mauro Ferreira Gomes

    Sede Barraaerodesportivo Cel Av Romeu Camargo Brasileiro esportivo Brig Ar Paulo Roberto de Oliveira Pereira

    operaesTen Cel Av Jos Carlos da Conceio

    assessoresadministrao e pessoal - Cel av Luiz dos reis DominguesInfraestrutura e Especial - Ten Cel Av Alfredo Jos Crivelli netoFinanceiro - Cel Av Paulo Roberto Miranda Machadoaerodesportivo - Loreta Helena Valrio Alves

    Expediente

    Sede CentralPraa Marechal ncora, 15Rio de Janeiro - RJ - CEP 20021-200 Tel.: (21) 2210-3212

    3 a 6 feira de 9h s 12h e 13h s 17h

    Sede Barra

    Rua Raquel de Queiroz, s/n Rio de Janeiro - RJ - CEP 22793-710 Tel.: (21) 3325-2681

    Sede LacustreEstrada da Figueira, n IArraial do Cabo - RJ - CEP 28930-000 Tel.: (22) 2662-1510

    RevisTa do Clube de aeRonuTiCaTel.: (21) 2220-3691

    Diretor e Editor Cel Av Araken Hipolito da Costa

    Conselho Editorial

    Maj Brig Ar Marcus Vincius Pinto CostaBrig Int Helio GonalvesCel Av Lus Mauro Ferreira GomesCel Av Araken Hipolito da Costa

    Jornalista Responsvel J. Marcos Montebello

    Produo editorial e design Grfico Rosana Guter nogueira

    Produo Grfica Luiz Ludgerio Pereira da Silva

    Reviso Dirce Brzida

    Secretrias Juliana Helena Abreu LimaGabriela da Hora RangelIsis Ennes Pestana Santos

    2015

    Conselho delibeRaTivoPresidente - Ten brig ar Paulo Roberto Cardoso vilarinhoConselho FisCalPresidente - Maj brig int Pedro norival de arajo

    PResidenTe Maj Brig Ar Marcus Vinicius Pinto Costa

    1 Vice-PresidenteBrig Int Helio Gonalves

    2 Vice-Presidente Cel Av Lus Mauro Ferreira Gomes

    superINTenDnCIASsede Central Cel Av Pedro Bittencourt de Almeida

    sede Barra Brig Ar Paulo Roberto de Oliveira Pereira

    Sede Lacustre Cel Int Antonio Teixeira Lima

    ISSN 0486-6274

    Abr. a Jun.

    Wingsuit, modalidade do paraquedismo

    4 MensaGeM do PResidenTeMaj Brig Ar Marcus Vincius Pinto Costa

    6 noTCias do CaeR Redao

    18 aCeRTando as ConTas CoM o PaTRiMonialisMoRicardo Vlez RodrguezFilsofo

    26 GoveRnabilidade, GoveRnanae enTRoPia sisTMiCaAfonso Farias de Souza Jr.Cel Int

    ndice

    14 MaRxisMo e seGuRanaEdgard LeiteHistoriador

    28 o desaFio do esPaoGil Nunes MacielTen Cel Md

    22 o PensaMenTo bRasileiRoe as ConsTiTuiesBrig Ar Tarso Magnus da Cunha Frota

    34 MinuTos aPavoRanTesTen Brig Ar Sergio Pedro Bambini

    32 onde FiCaM as laTRinas???Helio PerezCel Av

    31 deFesa naCionalRubens BarbosaEmbaixador

    44 Rio anTiGo visTo de CiMaRenato GrendelleJornalista

    36 FiRMe ao leMe,CoMandanTe RossaTo!Luiz Nogueira GalettoCel Av

    42 uMa Misso MinuCiosaMenTePlanejadaRaul Galbarro ViannaCel Av

    39 deColaGeM MonoMoToRde iPiRanGa Luiz Carlos Rodriguez RodriguezCel Av

    Baixe um leitor de QR code em seu celular, fotografe o cdigo ao lado e voc poder ler, fazer download ou compar t i lhar es ta revista pela internet.

    10 uMa inTeRPReTao ConvenienTeIves Gandra da Silva MartinsJurista

    12 sobeRania naCionalDenis Lerrer RosenfieldFilsofo

    16 duPliCidade MoRalDemtrio MagnoliSocilogo

    24 da anTiGa nova GlobalizaoManuel Cambeses JniorCel Av

    20 na indsTRia da bondadeno TeM CRiseGuilherme FiuzaJornalista

    46 TRansPlanTe de FezesConhea a iMPoRTnCia do MiCRobioMa de seu inTesTinoMaj Brig Md Ricardo Luiz de G. Germano

    48 diGnidadeou de CoMo nossos PolTiCos ConseGuiRaM ConTesTaR o FilsoFo iMManuel KanTJober RochaEconomista

    50 eManCiPao da PolTiCaCristovam BuarqueProfessor

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    MensaGeM do PResidenTeEstimados Associados,

    Algumas obras so obrigatrias, como o reparo da estrutura dos deques, danificadas pelo tem-po, outras eletivas, como a Academia e o embelezamento e a melhoria das instalaes do Deque das Turmas. Por que faz-las, ento, principalmente, as de menor urgncia? Foi esse o dilema que tivemos de resolver. Em busca da soluo, consideramos dois fatores:

    Primeiro, a situao era muito favorvel, em funo da aproximao das Olimpadas, e tnhamos propostas de contratao das facilidades das Sedes Central e da Barra da Tijuca,

    em condies muito animadoras, mas que exigiam forte elevao de nvel dos servios prestados;

    Todos os possveis transtornos se tornariam aceitveis, quando se olhasse para o futuro e se percebes-sem os extraordinrios benefcios que elas trariam.

    Assim, na Sede Central, alm da recuperao estrutural dos deques, do fechamento do Deque das Turmas com paredes e teto transparentes e da instalao de uma moderna academia de ginstica, dotada dos equipamentos tradicionais e de sauna, ofur e spa, tambm esto sendo reformados os banheiros e instalado o servio de Internet sem fio em todo o Clube.

    Terminadas essas obras, ser ini-ciada a reforma da fachada do Clube e da entrada do Hotel de Trnsito.

    Na Sede da Barra da Tijuca, j foi concluda a duplicao do Birutinha e ser iniciada a construo de um Ginsio, de uma pista de atletismo e de dois campos de futebol olmpicos, com o apoio do Comit Olmpico Brasileiro.

    Estamos, ainda, tratando de obter a homologao da pista de pouso, para, em seguida, procurarmos equa-cionar a situao das aeronaves j estacionadas, com a construo de dois hangares, usando recursos do prprio Clube, para abrig-las.

    O incmodo causado aos scios

    foi agravado pela coincidncia com a chegada das obras da Prefeitura rea da Praa Mal. ncora, na qual ficam, o Clube de Aeronutica, o III Comando Areo Regional (III COMAR) e o Insti-tuto Histrico-Cultural da Aeronutica (INCAER).

    Essa conjuno de obras fez com que fosse, seriamente, dificultado o acesso ao Clube, que passou a ser feito pela entrada principal do III COMAR. Com a reduo drstica da frequncia aos eventos socioculturais, a Adminis-trao viu-se obrigada a tomar medidas racionalizadoras, para controlar o dficit crescente.

    Assim, foram canceladas todas as atividades sociais do ms de julho e,

    a partir de agosto, feitas alteraes na forma de pagamento e programados, em carter experimental, apenas qua-tro eventos: a Seresta, o Bingo do Dia dos Pais, o Baile da Idade Feliz e o tra-dicional Baile de Aniversrio do Clube.

    Por tudo isso, pedimos a compre-enso dos nossos scios e encarece-mos que no abandonem o seu Clube por conta do desconforto transitrio. No deixem de frequentar as nossas instalaes e as nossas atividades. O transtorno passageiro e logo passa-r, quando voltaremos a privilegiar as atividades socioculturais, razo de ser do nosso Clube.

    Maj Brig Ar Marcus Vinicius Pinto CostaPresidente do Clube de Aeronutica

    Mas, acredite, estimado Scio, o Clube continua a ser, como sempre foi e ser, a sua casa, a continuidade da sua vida na Fora Area.

    a sua presena que nos animar a conjugar todos os nossos esforos para fazer o melhor para todos, agora, como faro, no futuro, os scios que nos sucederem n

    MACTE ANIMO! GENEROSE PUER, SIC ITUR AD ASTRA.

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    Lus Mauro Ferreira Gomes

    Cel Av

    2 Vice-Presidente do Clube de Aeronutica

    70 anos da viTRia da Feb e do FiM do holoCausTo

    E 159 anos do nasCiMenTo do Mal Rondon

    Havia, no Clube de Aeronutica, o sen-timento de que alguns fatos relevantes para as Foras Armadas brasileiras no es-tavam sendo comemorados, neste ano, em nvel compatvel com os seus significados.

    No se poderia deixar de enaltecer o herosmo de brasileiros de todas as idades, muitos com apenas 18 ou 19 anos, que dei-xaram o conforto de seus lares e foram lutar pela liberdade e pela democracia em terras distantes. Apesar das condies climticas muito adversas, at ento, desconhecidas, e da inferioridade de meios, conseguiram vitrias expressivas, de grande importncia para o sucesso da campanha.

    Tampouco se poderia esquecer o extraordinrio valor das aes do Marechal Rondon para a integrao nacional e para melhorar as condies de vida de nossos indgenas, quando se comemoram os 150 anos de seu nascimento.

    Assim, quando o Presidente da Academia Brasileira de Filosofia (ABF),

    Prof. Dr. Joo Ricardo Moderno, nos disse que alguns msicos de grande destaque no meio artstico brasileiro, coordenados por Jorge Mautner, desejavam realizar um Show de Msica Popular Brasileira para comemorar esses eventos, como, tambm, os 70 anos do fim do Holocausto, imediatamente, trabalhamos para colocar o Salo Marechal Ivo Borges e as facilida-des do Clube de Aeronutica disposio do Grupo.

    noTCiasnoTCias do CAERdo CAER

    Alm da ABF, contamos tambm com o apoio da Academia Brasileira de Defesa (ABD) e do Centro Brasileiro de Estudos Estratgicos (CEBRES).

    Em que pese o pouco tempo que tivemos para organiz-lo, o Show teve grande suces-so e excelente repercusso, principalmente, na mdia.

    O evento contou, em sua abertura,com a apresentao da Banda do 1 Batalho de Guardas, que brindou a todos com o Hino

    Nacional Brasileiro e a Cano do Expedi-cionrio. Tivemos, ainda, a presena dos lanceiros do 2 Regimento de Cavalaria de Guardas, Regimento Andrade Neves, tambm com seus uniformes histricos, o que deu solenidade a importncia que o momento requeria. Somos, por isso, muito agradecidos ao Comandante do Comando Militar do Leste, General de Exrcito Fernando Azevedo e Silva.

    Foi inesquecvel a apresentaode Jorge Mautner, Gilberto Gil, Jards Macal e Bem Gil, alm dos Cantores do Vidigal e do Grupo Afrolata, que proporcionaram aos que compareceram uma agradvel noite cultural. A todos os msicos que participaram, o reconhecimento emocio-nado do Clube de Aeronutica.

    O renomado artista Caetano Veloso estava em So Paulo para o encerramento da Virada Cultural, mas, esteve presente no citado evento musical, com a projeo do primoroso videoclipe gravado por ele e Jorge Mautner, na Base Area dos Afonsos e na Academia da Fora Area.

    Essa apresentao musical no Clube de Aeronutica marcou o reencontro dos militares brasileiros com os nossos artis-tas que, como ns e todos os verdadeiros brasileiros, querem o melhor para o Brasil.

    No dia 27 de agosto s 11 e meia da manh, como parte das comemoraes dos 71 anos do Hospital Central da Aeronutica, o HCA inaugurou as novas instalaes do Centro de Endourologia. Com esse empre-endimento, o HCA aperfeioa o atendimento urolgico, proporcionando ao paciente maior modernidade e tecnologia nos tratamentos. O novo ambiente tambm propicia mais conforto e comodidade para quem aten-dido na especialidade, maior adequao do espao, com salas mais amplas, modernas e individualizadas, sendo trs consultrios, sala de litotripsia, sala de exames e sala de procedimentos urolgicos, alm de outras ambientaes administrativas.

    A cerimnia foi presidida pelo Ten Brig Ar Rafael Rodrigues Filho, Comandante do Departamento de Controle do Espao Areo (DECEA), e contou com a presena do Maj Brig Med Jorge Marones de Gusmo, poca Diretor de Sade da Aeronutica; bem como de vrias autoridades, entre Oficiais-generais da Sade da Aeronutica, ex-Diretores de Sade e do Hospital Central da Aeronutica. Descerraram a fita inaugural o Maj Brig Maro-nes; o Brig Bencardino; o Brig Md Armando Celente Soares, Diretor do HCA; o Brig Md R1 Mello, Coordenador Tcnico da Urologia, e a Sra. Marlia Rebello, que este ano completa 60 anos trabalhando no HCA. O CEU, alm da nova ambientao, ganhou uma logomarca que expressa, atravs do seu design, a moder-nidade que, a partir de agora, define o padro de atendimento e tratamento oferecido.

    novas insTalaes do Ceu

    A clnica de Urologia do HCA est em funcionamento desde 1947, cinco anos aps a criao do hospital, sendo um marco no tratamento da sade do Homem na Fora Area Brasileira. Acompanhando a evoluo tecnolgica, em 29/12/1987, foi implantado o aparelho Litotriptor da EDAP por ondas de choque, mais moderno no tratamento dos clculos urinrios daquela poca. Com o aumento das necessidades de melhorar o atendimento, foi criado, em 14/03/1994, o Centro de Endourologia, um centro onde so realizados todos os procedimentos urolgicos e com o mais novo aparelho litotriptor EDAP CT-02, considerado o mais moderno de lito-tripsia para fragmentao de clculos renais atravs de ondas de choque. O sonho de crescer no pode parar, a modernizao est em nossas portas, enriquecer o lado cientfico em congressos e jornadas mandatrio, e nada melhor do que comear o sculo XXI com um novo Centro Endourologia, todo re-modelado e com equipamentos de ponta para melhor servir ao usurio de nosso sistema.

    Da esquerda para a direita, Brig Md Bencardino, Maj Brig Marones, Brig Md

    Soares, Marlia Rabello e o Brig Md Mello

    Da esquerda para a direita, Brig Int Helio Gonalves, Jards Macal, Maj Brig Vinicius, Cel Av Lus Mauro, Gilberto Gil e Cel Ana Elisa

    Presena da Banda do 1 Batalho de Guardas executando o Hino Nacional

    O grupo Afrolata coordenado por Jorge Mautner, ao centro

    Os links abaixo remetem matria da TV Globo sobre o evento e ao referido videoclipe:

    https://www.dropbox.com/s/smux00fwm3qhvvf/CAer%20Show%20de%20MPB%2020-06-2015.0002.mp4?dl=0; e

    https://www.dropbox.com/s/ut6ujj2itu6jxl9/Caetano%20Veloso%20e%20Jorge%20Mautner%20-%20Todo%20Errado%20%28HD%29%20-%20YouTube.mp4?dl=0.

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    Em meio a esta fase dolorosa de negao da vida sociocultural e de incer teza e insegurana generalizadas, encontrei grande alento ao comparecer abertura da exposio do Coronel Araken Hiplito da Costa na Galeria de Arte Canvas, em So Paulo, no dia 30 de maio, deste ano.

    Preocupado em no me atrasar, terminei por chegar muito cedo, quando somente estavam, na Galeria, o tio do expositor, Dr. Renato Ramalho, e sua esposa. Depois de cumpriment-los, tive a opor tunidade de examinar todos os quadros e esculturas com muita ateno, sem ningum que pudesse perturbar minha ventura, como bem disse J. G. de Arajo Jorge.

    Antes de prosseguir, um esclarecimento: no sou crtico de arte nem tenho vocao para isso.

    Assim, falarei das minhas emoes, sem qualquer preocupao com tcnica ou preten-so acadmica.

    O Coronel Araken um dos artistas mais criativos que conheo. Sempre fiel sua esttica, renova-se a cada exposio: variam completamente o grau de abstrao de seus trabalhos eo tema escolhido, mas percebe-se a grande coerncia das ideias propostas e da mensagem que cada um capta ao v-las, assim com a beleza plstica das criaes.

    Fascinado pelas cores, sabe us-las na medida certa, nem mais, nem menos do que o necessrio, para nos atingir profundamente, sem, nem de leve, produzir qualquer agresso.

    Passeando entre os quadros e as escul-turas, olhando-os de vrios ngulos, aprovei-tando o tempo disponvel, sentia-me comose recebesse do autor, a cada instante,mensagens pessoais, traduzidas em sentimentos, que me pareciam muito verdadeiras e nicas, mesmo sabendo que cada um dos presentes desen-volveria suas prprias emoes a partir dos mesmos estmulos.

    Gostei imensamente de todas as obras, mas uma me conquistou completamente, por sua grande intensidade e rara beleza, conse-guidas com uma simplicidade, que a valoriza ainda mais.

    Se eu tivesse, em minha casa, uma parede livre digna do Barroco iria querer t-lo sempre a meu lado.

    Estiveram presentes abertura da expo-sio, o Comandante do IV Comando Areo Regional, Maj Brig Ar Damasceno, Maj Brig Ar Vincius, Maj Brig Ar Walacyr, Maj Brig Ar Bellon, Cludio Tozzi, Benjamin Fernandes, entre outros.

    Na no i te daque le sbado, fomos, ainda,comemorar o aniversrio do expositor na Cantina do Piero, excelente restaurante, onde deixamos nossas dietas de lado e comemos pra-

    tos deliciosos, e degustamos excelentes vinhos, sem culpa, porque se tratava de uma boa causa.

    Momentos como esse que o Coronel Araken nos proporcionou servem para nos desviar das dificuldades que nos criam no dia-a-dia e, mesmo que algumas insistam em nos acompanhar, mesmo quando fugimos para So Paulo, ao voltamos,sentimo-nos revigorados, na certeza que valeu cada segun-do que vivemos naquele sbado.

    Um colega de Turma Coronel Edison Campos Reis costuma dizer: Enquanto houver bacalhau e vinho, haver vida, com o que concordo inteiramente, mas acrescento: enquanto houver exposies como as do Coronel Araken, valer a pena viver, por mais decepes que vida nos possa trazer.

    Parabns, Araken!

    evenTo CulTuRal eM so Paulo

    noTCiasnoTCias do CAERdo CAERnovo

    PResidenTe do CebRes

    No dia 18 de junho, ocorreu no salo de eventos do Clube de Aeronutica a passagem da Pre-sidncia do CEBRES (Centro Brasileiro de Estudos Estratgicos).O Presidente anterior, Maj Brig Ar Oswaldo Terra de Fa-ria, passou a posio para o Primeiro Vice-Presidente do CAER, Brigadeiro Helio Gonalves.Em seu discurso de posse, o agora Presidente do CEBRES, Brigadeiro Helio Gonalves exaltou os feitos do lder anterior e frisou que o trabalho continuar a ser feito de forma organizada e responsvel com sempre foi. Alm dos elogios desferidos pelo Brigadeiro, ele agradeceu a todos pela presena e em especial mesa de autoridades que contou com figuras ilustres como o Ten Brig Ar Carlos de Almeida Baptista, ex-Comandante da Aeronutica, ex-Presidente do Clube de Aeronutica e ex-Presidente do Conselho Fiscal.

    A mesa tambm foi composta pelo ex-Presidente do CEBRES, Maj Brig Ar Oswaldo Terra de Faria, Ten Brig Ar Jos Amrico e com o Presidente do Clube de Aeronutica Maj Brig Ar Marcus Vincius Pinto Costa.Durante a solenidade a nova Presidncia assinou o livro de posse, inclusive o segundo Vice-Presidente do CAER, Cel Av Lus Mauro como Vice-Presidente do CEBRES.Aps a solenidade todos se dirigiram a um coquetel de comemorao no Salo Nero Moura. O Brigadeiro Helio Gonalves, empossado Presidente, agradeceu a todos pela presena e em especial famlia que tanto o ajudou na carreira militar.

    esCola de equiTao CenTauRo, oRGulho

    DA SEDE BARRA

    Da esq. para dir., Ten Brig Ar Jos Amrico, Maj Brig Ar Terra de Faria, Ten Brig Ar Baptista,

    Brig Int Gonalves e Maj Brig Ar Vinicius

    Lus Mauro Ferreira GomesCel Av

    2 Vice-Presidente do Clube de Aeronutica

    O Clube de Aeronutica possui, em sua Sede na Barra da Tijuca, uma escola de equitao. O esporte muito procurado pelos Scios e no Scios do Clube devido ao bom desempenho da escola no circulo hpico.

    A Equipe Centauro Equitao brilhou no ms de junho ao arrecadar prmios em diversas categorias e se tornar uma das maiores vencedoras em Escolas de Equitao na Federao de Equitao do Estado do Rio de Janeiro.

    Na disputa do Campeonato Estadual de Escolas, ocorrido nos dias 27 e 28 de junho, no Centro Hpico Sapucaia, nossa Escola participou brilhantemente com 25 conjuntos nas provas de 0,40m, 0,60m, 0,80m e 0,90m, sendo campe na prova de 0,40m, campe e vice-campe na prova de 0,80m e campe e vice-campe na prova de 0,90m.

    Foi uma excelente participao da Escola no Campeonato Estadual de Salto. O Clube parabeniza Giovanna Bengaly, campe Mini Mirim, Mell Eckman, vice-campe Mini Mirim, Julia Bianchi Mini Mirim, Fred Baptista Amador A e Rubem Araujo Amador B Master B.

    Isabela Kim e Vitria fizeram uma excelente apresentao, garantindo o 1 lugar da prova de 0,60m! Em 0,80m, Julia Lima classificou-se como CAMPE e VICE CAMPE da prova, com os cavalos Centauro Fair Play e Top Jump.

    Na categoria preliminar, Juliana Soska foi campe nos 0,80m e ficou em 3 lugar com 34 pontos na 0,60m montando Vaidosa, representando a Escola de Equitao Centauro, orientada por Taina Lemos.

    Interessados em fazer parte da Escola de Equitao Centauro podem entrar em contato com o Clube de Aeronutica - Sede Barra para obter mais informaes.

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    O Ministro Celso de Mello, ao interpre-tar o 4 do artigo 86 da Constituio Federal, assim redigido: 4 O Presidente da Repblica, na vigncia de seu mandato, no pode ser responsabilizado por atos estranhos ao exerccio de suas funes, declara que: a norma consubs-tanciada no artigo 86 4 da Constituio, reclama e impe, em funo de um carter excepcional, exege estrita, do que deriva a sua inaplicabilidade a situaes jurdicas de ordem ex trapenal (Inq 672-QO, DJ 16/04/93). Por esta razo, entende que o pre-sidente no dispe de imunidade, quer em face de aes judiciais que vierem a definir sua responsabilidade civil, quer em funo de processos instaurados por suportar pr-tica de infraes poltico-administrativas. E conclui A CB no consagrou, na regra pactuada em seu artigo 86 4, o princpio da irresponsabilidade penal absoluta do presidente da Repblica.

    Tais consideraes preliminares, eu as fao em face do arquivamento de qualquer investigao sobre a Presidente Dilma, pelo Ministro Teori Zavaski, a pedido do Procu-rador Geral da Repblica, Rodrigo Janot, no processo sobre o assalto Petrobras, NADA OBSTANTE TER SIDO CITADA 11 VEZES, se-gundo informou plateia, o Senador Ronaldo Caiado, aps palestra que proferi na FIESP (Consea), sobre culpa grave como crime de improbidade administrativa.

    Mostrei, naquela ocasio, que o Su-perior Tribunal de Justia em dois casos, no RECURSO ESPECIAL N 816.193 - MG (2006/0015183-8) e no AgRg no AGRAVO DE INSTRUMENTO N 1.375.364 - MG (2010/0222887-9), decidiu que imprudncia, negligncia, impercia ou omisso que pro-voquem grave leso ao patrimnio pblico, constituem crime de improbidade adminis-trativa, mesmo que o chefe do executivo no tenha se beneficiado, pessoalmente, do desvio de recursos das burras oficiais.

    Ora, o 4, do artigo 86, da CF est subordinado introduo do artigo que

    UMA INTERPRETAO CONVENIENTE

    declara: admitida a acusao contra o Presidente da Repblica...., o que pressu-pe que investigaes preliminares sejam feitas, para que a acusao se concretize, visto que SEM INVESTIGAO NO PODE HAVER ACUSAES.

    A investigao criminal fundamental para definir se h ou no crime de improbida-de. No possvel, portanto, haver declara-o de imunidade prvia, sem qualquer exa-me anterior. No caso da Presidente Dilma, ela foi citada 11 vezes como conhecedora dos fatos que continuam sendo desventrados, de uma prtica em que no se conhece a data de encerramento. E durante o perodo em que ocorreram os fatos j apurados, manteve a diretora e depois presidente da companhia, Graa Foster, NO ANTERIOR E NO ATUAL MANDATO, at fevereiro de 2015. , pois, fundamental que se investigue at mesmo para que se saiba se h outras pessoas envolvidas ligadas primeira mandatria.

    Afastar da mera investigao persona-gem essencial do governo em que se deram os desvios mencionados, prejudicar a prpria apurao, no se permitindo sequer provar a inocncia da presidente, que seria sempre seu melhor salvo conduto para a continuidade na vida pblica. que a no investigao, nada obstante citada 11 vezes como conhecedora do saque Petrobras, sempre deixar a impresso de que foi res-ponsvel e beneficiria do esquema montado na maior empresa estatal brasileira.

    Investigao no significa condenao. O impeachment no pode ser realizado por fatos anteriores ao atual mandato, mas se houve ou no contaminao de um mandato ao outro s se poder saber, aps as inves-tigaes. Por isto, o 4 estabelece que o presidente no pode ser responsabilizado, mas, evidncia, no diz que no pode ser investigado. Como afirmou o Ministro Celso de Mello, sendo regra excepcional de imunidade, a interpretao que se impe SEMPRE ESTRITA E LIMITADA.

    A investigao necessria at porque

    h suspeita de que toda a campanha da pre-sidente do primeiro para o segundo mandato deu-se com o dinheiro recebido das emprei-teiras envolvidas na operao Lavajato. Sua vitria, alicerada em campanha milionria, na qual os dados sobre a economia foram fantasticamente manipulados, restaria ma-culada, a justificar seu afastamento.

    Ao interpretar o 4 e o artigo 86 da CF, nos Comentrios Constituio do Brasil que elaborei com Celso Bastos pela Editora Saraiva (15 volumes e mais de 12.000 pginas), falo em condenao, mas no digo que a investigao do envolvimento seja proibida, at mesmo para determinar o prazo inicial e final da prtica delituosa. Investigao, repito, no condenao. Aps apurados os fatos, eventual processo de impeachment perante o Congresso, no pode ter por fundamento ilcitos anteriores ao mandato em curso.

    Por fim, lembro que muitos constitu-cionalistas americanos, ao examinarem a emenda que propiciou apenas uma reeleio presidncia, entendem que, nos Estados Unidos, elege-se um presidente por 8 anos, tendo o povo o direito de confirmar ou no sua permanncia no 4 ano. Por esta razo, que raramente um presidente, eleito no primeiro mandato, no mantm seu mandato no segundo quadrinio.

    Termino este artigo com a observao de que, apesar do respeito e admirao que tenho pelo Ministro Teori Zavaski e pelo Procurador Geral da Repblica, de se reconhecer que o pedido de arquivamento de QUALQUER INVESTIGAO, APESAR DE INDCIOS CONSTANTES NAS APURA-ES FEITAS, aceito pelo STF, afastou o desconforto de aquela Corte ter que julgar a chefe de um outro Poder. Mas, se ela for inocente, permanecero, infelizmente, as suspeitas de ter tido conhecimento do que ocorria nos pores da empresa enquanto era gestado, segundo o New York Times, o maior escndalo de corrupo da histria do mundo n

    Ives Gandra da Silva MartinsJurista

    Professor emrito da Faculdade Mackenzie, das Escolas de Comando e Estado-Maior do Exrcito (ECEME) e Superior de Guerra (ESG) e membro da Academia Brasileira de Filosofia

    [email protected]

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    No h pas que se preze que no tenha um eficiente sistema de defesa de suas fronteiras. Estados que negligenciem esse dado bsico das relaes internacionais ficam merc no apenas de seus vizinhos, mas, sobretudo, no mundo de hoje, do terrorismo e das mais variadas formas de crime, como os de contrabando, trfico de armas e drogas.

    Seria uma grande ingenuidade pensar que se trata de um gasto pblico intil, que seria mais bem aproveitado em outras reas. O que se perde em arrecadao tributria, segurana pblica e defesa algo propriamente inestimvel. S a miopia poderia oferecer uma outra viso da reali-dade, certamente distorcida.

    O Exrcito Brasileiro, em parceria com a Savis, empresa do grupo Embraer, Defesa e Segurana, e sob a chancela da Vice-Presidncia da Repblica, est de-senvolvendo e implantando um moderno sistema integrado de monitoramento de fronteiras (Sisfron). O seu projeto-piloto est sediado na cidade de Dourados, Mato Grosso do Sul, sob a responsabilidade da 4 Brigada de Cavalaria Mecanizada. Deve, a curto prazo, se estender aos estados do Paran e Mato Grosso. A longo prazo, de-ver cobrir todas as fronteiras do territrio nacional, algo que colocar o pas em igual importncia com relao aos estados mais desenvolvidos do planeta.

    No sem razo, o Exrcito considera esse projeto prioritrio no sistema de defesa nacional. Est ele voltado para a dissuaso de qualquer inimigo potencial do pas, adotando as formas de que este vier a se revestir. No pode haver complacncia no que diz respeito soberania nacional. O mundo das relaes internacionais, do terror e do crime no uma relao entre

    sobeRania naCional

    Defesa de nossas fronteiras significa

    reduo da criminalidade

    anjos. Mesmo amigos que se respeitem devem contar com suas prprias foras.

    Seu objetivo consiste em cobrir uma faixa de fronteira de 16.886 quilmetros, equivalente ao dobro da distncia entre Paris e Pequim, correspondendo a uma rea de 2.553.000 quilmetros quadra-dos e englobando 588 municpios e 11 estados. O Brasil um pas continental. O projeto-piloto em andamento corresponde, preliminarmente, a 650 quilmetros, equi-valente a uma distncia Berlim-Bruxelas.

    Nesta faixa de fronteira, em boa parte seca, h problemas recorrentes de contrabando dos mais diferentes tipos, que terminam se estendendo para todo o territrio nacional. O crime organizado,

    quando tolerado, como uma epidemia que se propaga sem limitaes. Por sua vez, o terror, j sabemos, desconhece fronteiras.

    Somente uma soluo sistmica e integrada pode dar conta de uma questo efetivamente estratgica para o Brasil. Mesmo nossos estados vizinhos possuem o maior interesse em uma parceria deste tipo. Eis por que tal projeto, sob responsa-bilidade e liderana do Exrcito, integra a Polcia Federal, a Receita Federal, a Polcia Rodoviria Federal, as polcias estaduais, civis e militares, o Ibama, a Embrapa, as secretarias da Agricultura, entre outros.

    Defesa vem aqui tambm significar um efetivo sistema de inteligncia e de coleta de dados, compartilhado por outros rgos

    estatais. Torna-se, assim, eficaz tanto no controle do gado e da febre aftosa, contri-buindo para a vigilncia sanitria, quanto de veculos e embarcaes, passando por drogas, armas, cigarros, medicamentos e brinquedos. O Sisfron , neste sentido amplo, um instrumento poderoso de desen-volvimento econmico-social, propiciando um salto tecnolgico na defesa militar de nossas fronteiras.

    Tal projeto, do ponto de vista tecnolgi-co-militar, inclui sensores (radares mveis e fixos); comunicaes dos mais diferentes tipos, inclusive por satlite; veculos areos no tripulados (Vants); sistemas de defesa integrados, envolvendo toda uma infraes-trutura logstica, integrada a uma cadeia

    de comando, cujas decises se tomam no mais alto nvel. Note-se que tal equipamento de contedo nacional, em torno de 78%. Defesa nacional exige empresas nacionais, independentes de qualquer processo deci-srio situado fora do pas. Se no for assim, no h soberania nacional!

    O trfico de armas se faz pelas fron-teiras, que termina alimentando as favelas brasileiras. Fuzis e pistolas militares ostentados por traficantes e seus mili-tantes, inclusive menores, possuem essa provenincia. No so comprados em lojas! As drogas que minam a nossa juventude transitam por essas mesmas fronteiras, no sendo eficazmente combatidas.

    Tais produtos acompanham o contra-

    Denis Lerrer RosenfieldProfessor de Filosofia da Universidade Federal

    do Rio Grande do Sul

    bando de diversos setores como brinque-dos, cigarros, medicamentos, culos e roupas que, assim, ingressam livremente no pas, se que o termo livremente tenha aqui a sua expresso adequada. O crime um sistema de vasos comunican-tes! E ingressam sem certificao, sem recolhimento de impostos, com enormes prejuzos para o pas, aumentando o nosso desemprego e contribuindo para o fecha-mento de indstrias e comrcios.

    Para que se tenha uma melhor ideia da perda de arrecadao de tributos nas trs esferas de governo, estima-se em R$ 100 bilhes o volume anual de contrabando. Em 2014, para dar um exemplo, somente o con-trabando de cigarros paraguaios significou uma evaso fiscal de R$ 4,5 bilhes. E quan-to maior for a tributao deste produto, em nome do politicamente correto, maior ser o aumento correspondente do contrabando!

    Para que se tenha uma ideia ainda mais precisa, o Sisfron exigir, neste ano, para cobrir Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Paran, o que se pode bem considerar a modesta cifra de R$ 220 milhes! Imagine--se o ganho nacional!

    Uma eficaz defesa de nossas frontei-ras, com a reduo do contrabando, alm do aumento da arrecadao tributria, sig-nifica reduo da criminalidade, aumento de empregos, consolidao de empresas no comrcio e na indstria e aumento cor-respondente da segurana pblica.

    Somente a soberania nacional pode tornar o pas respeitado nacional e interna-cionalmente. Qualquer hesitao em pro-jetos deste tipo no apenas desacreditaria o Exrcito nacional e as empresas a ele associadas, como poderia comprometer o nosso prprio futuro como nao livre e soberana n

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    Num artigo anterior, Marxismo e Lei (Revista Aeronutica, mar. 2014), discutimos a concepo marxista de crime, que entende a ao criminosa como uma reao a relaes de poder dominantes. Anotamos que tal abordagem do assunto gera uma viso inconsistente, do ponto de vista moral, sobre o ato crimi-noso. Seria ento legtimo, ou eticamente justificvel do ponto de vista poltico, roubar ou assassinar? Discutimos, ento, como tal dimenso terica estabeleceu de tal forma o saber jurdico socialista que os Estados operrios acabaram tomando-se Estados criminosos, pois a luta contra as relaes dominantes, isto o domnio da classe burguesa, justificaria aes criminosas, entendidas como reativas e legtimas.

    No por acaso juristas soviticos que desenvolveram estudos para teorizar tal aberrao, isto , o prprio fim da ideia de

    Marxismo e Segurana Edgard Leite

    Historiador e membro Titular da Academia Brasileira de Filosofia

    Lei, acabaram, eles mesmos, como Evgeni Pachukanis, coitado, sendo assassinados por um Estado que tem no crime um dos conceitos fundadores de uma ordem jurdi-ca, tida por revolucionria. Como o crime, em si, repousa sobre razes passionais ou irracionais, era difcil impedir que, dentro de um Estado dotado de imenso poder, a reao s relaes dominantes, ou burguesas, no tivesse essa mesma dimenso, passional e irracional.

    Neste artigo abordaremos um outro aspecto da questo, que o da seguran-a, pessoal e pblica, como Karl Marx a entendeu.

    Num tex to inti tulado A Questo Judaica, de 1843, Marx estendeu-se longamente sobre as questes relativas aos, segundo ele, chamados direitos humanos. Naquela poca, fazia pouco que as revolues americana e francesa

    tinham estabelecido os direitos individu-ais como base da estrutura jurdica das sociedades ocidentais. Marx entendeu que o fundamento mais elementar da crtica ao sistema democrtico, em desenvolvimento, estava num ataque ao perfil jurdico do sistema, principalmente aos temas ligados liberdade de conscincia.

    Marx considerou, assim, que, entre os direitos humanos, encontrava-se o da li-berdade de conscincia, principalmente o de praticar qualquer culto, reconhecido, seja como um direito humano, seja como conseqncia de um direito humano, o da liberdade e estabeleceu, a seguir, que a aplicao prtica do direito humano da liberdade o direito humano proprieda-de privada, ou seja, reconheceu que no poderia existir propriedade privada sem que se estabelece o direito liberdade de conscincia. Pois esta implica a ideia

    de que existe algo, a conscincia, que s pertence ao indivduo, e a mais ningum. Logo, todo direito propriedade privada deriva dessa preservao sagrada do di-reito de se pensar o que se quiser pensar e de se ter o domnio absoluto sobre o que se pensa (ou no que se cr).

    A partir da, tudo o que se produz em funo desse direito passa a pertencer ao indivduo de forma absoluta, como modos derivados desse direito essencial, isso , seus projetos de vida, intenes, objetivos, crenas, que resultam em produes, trabalhos, rendas e salrios e bens ad-quiridos com essas rendas e salrios. Tal perspectiva, alis, tinha sido defendida por John Locke.

    Marx sustentou, no entanto, que esse direito, ao invs de se constituir na garantia da liberdade, , ao contrrio, hostil liberdade de todos, pois se sustenta exclusivamente no egosmo do homem ( ... ), isto , do indivduo voltado para si mesmo, para seu interesse particular, em sua arbitrariedade privada e dissociado da comunidade. O egosmo, para ele, seria o fundamento do direito liberdade de conscincia, e asseguraria que toda a propriedade externa derivada disso seria uma propriedade egosta, donde a sociedade burguesa e democrtica ser egosta e voltada exclusivamente para o indivduo. Marx, assim, atacou no ape-nas o individualismo, mas, moralmente, o egosmo daquele que tem algo - seja uma conscincia ou bens adquiridos em funo da prtica dessa conscincia.

    Dessa maneira, Marx combateu funda-mentalmente aquilo que chamou de direito ao interesse pessoal, ou seja, o direito a ter vontades, projetos, perspectivas que fossem exclusivamente pessoais. Neste sentido, investiu contra a intimidade, as inclinaes particulares e opinies reser-vadas que, por alguma razo, pudessem gerar um interesse egosta.

    Desnecessrio dizer que, se a ideia de que o crime podia ter alguma legitimi-dade era uma ideia moralmente absurda, a ideia de que o ser humano no deveria ter interesses pessoais era igualmente sem sentido, considerando que as aes humanas, embora inseridas no coletivo, emergem, de forma poderosa, de envolvi-mentos e interesses pessoais.

    O pensamento jurdico marxista pas-sou, portanto, a investir no apenas contra o tecido moral da sociedade, mas tambm contra os fundamentos centrais da identi-dade do ser humano: pode existir um ser que no tenha qualquer interesse pessoal, mesmo que tal interesse seja apenas o da sua prpria preservao enquanto criatura viva? De fato, existem, mas esses so os suicidas.

    No tema que nos interessa, Marx entende, portanto, as instituies que se voltam para a preservao da ordem social, a polcia, por exemplo, essencialmente como instituies que buscam preservar o interesse pessoal ou o egosmo: o conceito de polcia, segundo Marx, estabelece que toda a sociedade somente existe para garantir a cada um de seus membros a conservao de sua pessoa, de seus direitos e de sua propriedade. E, assim, investe totalmente contra o conceito de segurana: a segurana o conceito social supremo da sociedade burguesa ... o conceito de segurana no faz com que a sociedade burguesa se sobreponha a seu egosmo. A segurana, pelo contrrio, a preservao deste.

    Podemos entender, assim, o funda-mento das crticas marxistas ao conceito de segurana, pessoal ou pblica, pois nele os seguidores de Marx encontram o pilar de sustentao dos interesses pessoais e do sistema que garante a propriedade privada. No de espantar, portanto, que jamais os movimentos polticos de esquer-da defendam qualquer ao no sentido

    de elaborar polticas eficientes de segu-rana, na medida em que estas buscam, segundo Marx, assegurar o egosmo, ou o interesse pessoal. Ao contrrio, os movimentos polticos de esquerda buscam o desmantelamento de qualquer poltica eficiente nessa rea e a desqualificao da polcia.

    Se conjugarmos tal perspectiva com a defesa marxista da virtual legitimidade do ato criminoso, podemos perceber que ata-car a ideia de segurana um dos pilares da doutrina de Marx. Atacar o egosmo, ou promover a identificao altrusta com o criminoso, movimento de forte apelo moral, o primeiro passo para tentar destruir qualquer interesse que a pessoa tenha sobre ela mesma e seus objetivos pessoais (que precisam de segurana para ser realizados) e promover a liquidao da sociedade como ns a conhecemos, na medida em que, em seu projeto de sistema, no h Lei nem individualidade.

    evidente que a construo de tal sociedade, como ficou comprovado em tentativas anteriores (URSS, por exemplo), impossvel. Mas a persistente insistncia nesse objetivo continua causando danos e mais danos no cotidiano das sociedades, gerando insegurana contnua e permanen-tes crises morais.

    Talvez, tais movimentos (crticos ao ser humano, tal como ele ) sempre tenham existido, de uma forma ou de outra, e sempre se coloquem no futuro, com outros contedos tericos, mas isso no quer dizer que no devamos, os defensores do ser humano, deixar de nos posicionar contra tais proposies suicidas batalhar, de forma contnua, pela defesa da liberdade de conscincia e de toda a criatividade e riqueza que acompa-nha o seu exerccio n

    Bibliografia: MARX, Karl: Sobre a Questo Judaica. So Paulo, Boitempo, 2010.

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    Creio que existe um interesse em ser preso na Venezuela. uma tcnica, a forma de luta da oposio. Induzem o governo a ultrapassar o limite. Criam uma notvel contradio internacional e esses bobos entram. Eu disse a eles: um erro. O autor da frase Jos Pepe Mujica, ex-presidente uruguaio e antigo guerrilheiro dos tupamaros. Na opinio dele, as ditaduras de direita surgem do intrnseco autoritarismo da direita e as de esquerda tambm. A visita de Lilian Tintori e Mitzy Capriles ao Brasil evidencia, uma vez mais, o significado desse tipo de duplicidade moral.

    Mujica foi preso quatro vezes entre 1970 e 1972, antes de experimentar 13 anos segui-dos de encarceramento, durante a ditadura uruguaia. As aes de guerrilha urbana da qual participou aconteceram no governo de Pacheco Areco, que suspendia as garantias constitucionais e preparava a senda para o golpe cvico-militar deflagrado por seu sucessor, Juan Maria Bordaberry, em 1973. Leopoldo Lpez e Antonio Ledezma, maridos de Tintori e Capriles, tambm foram encar-cerados por um regime em trnsito rumo ditadura. Contudo, o paralelo no se comple-ta: na Venezuela, a oposio no recorre violncia. Quando se recusa a receber Tintori e Capriles, Dilma Rousseff est dizendo que os direitos humanos e as liberdades polticas so valores negligenciveis para o Brasil.

    As acusaes que pesavam contra Mujica eram ilegtimas, pois formuladas por um governo que atentava contra as li-berdades pblicas mas eram verdadeiras. Os tupamaros, de fato, empenhavam-se na derrubada do governo por meio da fora. Os mais de 80 opositores venezuelanos presos, pelo contrrio, conclamaram o povo a se manifestar pacificamente pela mudana de governo. Eles esto na cadeia sob acusaes fantasiosas, quase onricas, denunciadas pela Anistia Internacional, pelo Human Rights Watch e pelo Alto Comissa-riado das Naes Unidas para os Direitos Humanos. Nem mesmo Mujica, um per-

    A subordinao dos princpios morais aos

    alinhamentos ideolgicos tem implicaes polticas

    sonagem incapaz de distinguir algozes de vtimas, contesta a natureza arbitrria dos encarceramentos. Virando as costas para as visitantes, Dilma rebaixa-se ao estatuto de cmplice dos carcereiros.

    Eleies so um pressuposto da de-mocracia, mas no se confundem com ela. Limitando os direitos da oposio, Pacheco Areco e Bordaberry, presidentes eleitos, depredavam a democracia uruguaia. Na Venezuela, Hugo Chvez e seu sucessor, Nicols Maduro, subordinaram o Judicirio vontade do Executivo, abolindo, na prtica, o sistema de separao de poderes. Mujica imputa aos oposicionistas a responsabilida-de pelos encarceramentos deles mesmos, que se sustenta, exclusivamente, sobre a destruio da independncia dos tribunais. O governo brasileiro escuda-se no princpio da soberania venezuelana para silenciar diante das prises arbitrrias, reproduzindo o argumento clssico de tantos regimes de fora confrontados com presses interna-cionais. Como Mujica, Dilma s se ope s ditaduras erradas ou seja, quelas com as quais no compartilha um credo ideolgico. A presidente nos envergonha a todos.

    O principal que no nos fossilize-mos, alertou Mujica antes de assumir a Presidncia. De fato, no poder, o ex-tupa-maro revelou ter aprendido muitas coisas importantes, mas no uma, que decisiva: o imperativo de separar argumentos pol-ticos de argumentos morais. A distino foi clarificada pelo filsofo polons Leszek Kolakowski, em 1974, numa polmica com o historiador Edward Thompson. Face insistncia do interlocutor em suspender o julgamento sobre a URSS, Kolakowski ensinou que intil condenar a tortura em bases polticas (porque na maioria dos casos ela perfeitamente eficiente e os torturadores obtm aquilo que querem), restando apenas a condenao moral, e, ento necessariamente, em todos os luga-res do mesmo modo: na Cuba de Batista e na Cuba de Castro, no Vietn do Norte e no Vietn do Sul. Mujica critica o encarcera-

    mento de opositores na Venezuela como um erro poltico, no como a violao de um princpio inegocivel. Ele um fssil ideolgico, tanto quanto Dilma.

    A subordinao dos princpios morais aos alinhamentos ideolgicos tem impli-caes polticas. Na Amrica Latina, o presidente colombiano e os parlamentos da Colmbia e do Chile somaram-se ONU pedindo a libertao imediata de Lpez e Ledezma. As prises na Venezuela foram alvo de uma crtica direta do presidente uruguaio Tabar Vzquez, bem como dos ex-presidentes FH, do Brasil, e Ricardo Lagos, do Chile. Em entrevista CNN, Dilma s conseguiu murmurar uma oblqua con-trariedade, logo esterilizada pela referncia ritual soberania venezuelana. Por essa via, o Brasil do lulopetismo encerra-se na caverna dos pases aliados ao chavismo, habitada por argentinos, bolivianos, equa-torianos, cubanos e nicaraguenses.

    Da guerrilha urbana ao calabouo, e da Presidncia, Dilma compartilha uma trajetria com Mujica. Alando-os ao vrti-ce do poder, Brasil e Uruguai deram saltos civilizatrios, reciclando as intolerncias polticas do passado no caldo inclusivo da democracia de massas. Um pressuposto implcito nessa condenao simblica das ditaduras a crena na plena converso dos antigos militantes da luta armada aos valores democrticos. Deploravelmente, porm, o uruguaio e a brasileira rasgam o contrato de confiana que assinaram com suas naes. Carentes de uma rgua moral, eles insistem em absolver a Cuba de Castro e o Vietn do Norte, enquanto condenam a Cuba de Batista e o Vietn do Sul.

    A visita de Tintori e Capriles oferece uma oportunidade para demonstrar que, na democracia, a nao fala por cima do go-verno de turno. Nosso Congresso tem, hoje, a chance de aprovar uma solicitao formal de libertao dos presos polticos venezue-lanos. Na prtica, seria o impeachment de uma poltica externa sequestrada pelo arcasmo ideolgico n

    duPliCidade MoRalDemtrio MagnoliSocilogo

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    Ricardo Vlez Rodrguez

    FilsofoMembro do Centro de Pesquisas Estratgicas Paulino Soares de Souza, da UFJF, professor emrito da ECEME e docente da faculdade Arthur Thomas/Londrina

    [email protected]

    Escrevia sir Francis Bacon (1561-1626), um dos cones do empirismo ingls, na sua obra intitulada Novum Organum Scientiarum (1620), que a experi-ncia humana tem momentos privilegiados, aqueles em que os segredos da natureza se revelam, por instantes, perante a lente dos cientistas. Considerava que alguns fatos constituam instantiae ostensivae (instncias reveladoras, ou casos em que as estruturas da natureza estariam no seu mximo de manifestao). Esses seriam os momentos de insight das leis que comandam o cosmo. Os brasileiros estamos assistindo, nos eventos do petrolo, a uma dessas raras circunstncias na evoluo do nosso secular Estado patrimonial, que o pblico em geral no v, mas que so observveis por mentes preparadas. A opinio pblica no v essas instncias, mas paga a conta. O contribuinte que o diga. Sente j no bolso os desmandos da empresa patrimonialista, montada passo a passo, com pacincia de sindicalista que

    assiste assembleia para, esvaziada pelo cansao, aprovar a greve almejada. No caso do petrolo, esta seria a ltima etapa, a mais visvel, de aparelhamento do sistema produtivo por uma vida elite preparada para a funo de privatiz-lo, tudo em benefcio da burocracia estatal presidida pelo partido. No de hoje o projeto dessa empresa pa-trimonialista, que teve etapas memorveis. Em todas elas a cincia aplicada foi posta a servio da burocracia estatal, a fim de garantir a eficincia na racionalizao da em-presa do rei ou do primeiro mandatrio. Foi assim nas reformas pombalinas, na segunda metade do sculo 18, quando o marqus de Pombal amarrou o sistema produtivo ao redor dos monoplios reais, fora dos quais ningum conseguiria sobreviver. Assim ocorreu nas reformas modernizadoras do Imprio, com o monarca como centro da atividade econmica, colocando sob o seu tacape aqueles que quisessem apresentar--se como empresrios independentes do

    trono. As agruras sofridas pelo visconde de Mau, um dos nossos prceres do livre empreendedorismo, esto a para provar a eficincia do projeto patrimonialista. Assim se deu no ciclo modernizador do getulismo, com as reformas ensejadas pela elite gacha comandadas com mo de ferro pelo prprio Getlio Vargas, com o auxlio dos jovens intelectuais que integravam a Segunda Gerao Castilhista, com Lindolfo Boeckel Collor frente, tendo previamente sido cooptada a jovem elite tenentista no Clube 3 de Outubro. Assim tambm no ciclo militar em torno da proposta modernizadora em andamento nos terrenos econmico e social, pensada no petit comit que reunia, ao redor do general-presidente, a elite tecnocrtica e militar, responsvel por traar o andamento da mquina pblica rumo ao Brasil Grande. O lulopetismo tentou copiar esse esquema de modernidade ao redor do Estado empre-srio, racionalizando ao mximo a mquina tributria, centralizando as receitas em favor

    aCeRTando as ConTas CoM o PaTRiMonialisModa Unio (com detrimento de estados e mu-nicpios), utilizando como mo distribuidora de recursos entre os empresrios cooptados o BNDES, que partiu tambm para aliciar fidelidades internacionais no Hemisfrio Sul, na tentativa de dar vida a essa nova diplomacia que est acabando de desmontar a primorosa mquina construda, na aurora da Repblica, pelo baro do Rio Branco no Itamaraty. O mecanismo foi o mesmo do ngulo econmico: tudo centralizado ao redor dos monoplios oficiais, dentre os que se destacam a Petrobrs e a Eletrobrs. O modelo modernizador lulopetista assemelha--se, assim, ao posto em prtica por Vladimir Putin no seio do secular patrimonialismo russo, com a hegemonia das empresas produtoras de gs e petrleo. Proveniente do meio sindical, Lula caprichou no sentido de dominar completamente os fundos de penso das estatais. Fazem-se sentir hoje os efeitos prticos dessa poltica patrimo-nialista: enriquecimento rpido dos agentes

    pblicos garantida sua segurana nas sombras da nossa complexa legislao, que coloca sobre todos a espada de Dmocles da insegurana jurdica, mas para os amigos do rei constitui garantia de que nada acontecer com eles. Vide as penalidades muito diferen-tes impostas no julgamento do mensalo: pesadssimas para os que foram cooptados no setor privado pelo turbilho de dlares na cueca e nas malas gordas de notas, le-vssimas para os arquitetos dos malfeitos (para utilizar a terminologia do agrado da presidente Dilma). A macia divulgao dos feitos da ladroagem est sensibilizando a opinio pblica de que h algo de errado na estrutura do nosso Leviat. Foi de tal grau o tsunami da corrupo que inundou o quintal do dia a dia do cidado comum. Enquanto itens bsicos da sade pblica faltam nas unidades de pronto atendimento (UPAs), a elite larpia tem pronto atendimento de Primeiro Mundo no Hospital Albert Einstein, o mais caro do Pas. Enquanto j comea

    a sobrar calendrio e a faltar dinheiro na metade do ms no bolso dos contribuintes, os dlares desviados sobram nas contas milionrias da petralhada e dos empresrios corruptos. Enquanto a sociedade almeja por transparncia na prestao de contas, a Presidncia da Repblica prdiga em en-rolao e em contradies veiculadas pelos porta-vozes oficiais. Enquanto se esperava que o Ministrio da Justia cumprisse o seu papel de facilitador para que a Justia ope-rasse livre e clere, converteu-se em guich de reclamos dos larpios e em janela por onde assomam os feitores dos desmandos, que buscam pressionar politicamente os magistrados honestos.

    Tomara que de todo esse movimento de confusa agitao surja uma anlise aprofundada sobre as causas das nossas mazelas: o Estado patrimonial e o seu c-rebro, instalado hoje confortavelmente na Presidncia da Repblica e nos gabinetes dos burocratas de Braslia n

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    O relatrio do FMI confirmou as projees do mercado, prevendo que em 2015 o Brasil vai andar na contramo do mundo. Mdia geral de crescimento em torno de 3%, mdia de crescimento dos emergentes em torno de 4%, e o Brasil dando marcha a r PIB negativo de 15. Todos os setores da econo-mia nacional j esto sentindo esse tranco, menos a indstria da bondade. Para ter uma ideia, ela acaba de faturar R$ 150 mil do deputado Jair Bolsonaro, condenado por homofobia. Este pas pode cair no abismo, que os coitados estaro sempre no cu.

    Bolsonaro foi condenado por danos morais, pela Justia do Rio de Janeiro, por suas declaraes ao programa CQC, da TV Bandeirantes, sobre homossexualismo. Perguntado sobre o que faria se tivesse um filho gay, o deputado militar disse que isso no aconteceria, porque seus filhos tiveram boa educao. Trata-se, evidentemente, de um preconceituoso. Bolsonaro acha que homossexualismo falta de educao. A pergunta : por que ele no pode manifestar sua opinio?

    Militantes de esquerda cansam de declarar que militares so retrgrados, entre outros juzos progressistas igual-mente preconceituosos. Por que no so processados? Porque na bblia maniquesta da indstria da bondade militares so do mal e gays so do bem.

    A deputada e ex-ministra dos Direitos Humanos Maria do Rosrio pediu a cassao

    na indstria da bondade no tem crise

    Guilherme FiuzaJornalista

    do mandato de Jair Bolsonaro porque ele afirmou que s no a estupraria porque ela no merecia. O bizarro Bolsonaro faz a festa dos bonzinhos profissionais. Mas surge outra dvida. Antes de soltar seu disparate, o deputado foi chamado pela ex--ministra, em pblico, de estuprador. Por que ningum pediu a cassao do mandato de Maria do Rosrio? Por que seu insulto no foi tipificado como lesivo honra ou moral e nem sequer ganhou repercusso?

    Porque Maria do Rosrio acionista da indstria da bondade, vive disso. Ela defende que centenas de jovens da periferia invadam um shopping, como direito de ir e vir. uma estupradora do bom-senso. Um shopping ocupado por uma multido em bando (mais ou menos agressiva) deixa de servir ao p-blico comum. Muda de finalidade. Torna-se um territrio ocupado. Mas claro que as lentes da hipocrisia embaam essa realidade at porque realidade no o forte dessa turma. O negcio deles discurso. E a nica aplicao imune a riscos hoje no Brasil investir na retrica coitada. Basicamente, o que segura o governo em p.

    Sabendo bem disso, Dilma Rousseff deu uma resposta sui generis aos protestos de 12 de abril: atacou a reduo da maio-ridade penal. Foi sua primeira declarao pblica aps as novas manifestaes contra seu governo em todo o pas. Em geral ela fala de reforma poltica, a aspirina do governo popular. Mas dessa vez, com dois teros da populao defendendo seu impeachment,

    ela precisava de um remdio mais forte e abriu o dicionrio de primeiros socorros progressistas. No tem erro. Pode ser maioridade penal, orgulho gay, proselitismo feminista ou ditadura militar, tanto faz. No Brasil, um governo desastroso capaz de se safar com uma leve maquiagem humanista.

    Se voc foi desempregado pela crise, ou se simplesmente est com preguia de trabalhar, funde uma ONG de direitos humanos e ataque Jair Bolsonaro. No tem emprego melhor. Voc vai conseguir publicidade, simpatia, quem sabe at um convnio com o governo popular. E invista pesado na demagogia gay. As ONGs do Rio de Janeiro que processaram o deputado de direita por homofobia vivem seu momento de glria, com a incrvel sentena obrigan-do o ru a desembolsar R$ 150 mil. Como doce a vida dos gigols da bondade.

    Bolsonaro disse que seus filhos no seriam gays porque foram bem educados. E levou chumbo da Justia por isso. Parece que estamos entrando nos anos de chumbo vermelho, ou cor-de-rosa. Cuidado com o que voc fala. Mas se voc quiser fundar um partido progressista, chegar ao poder e roubar seu pas discursando pelos direitos humanos, a tudo bem.

    O militante revoltado de Marcelo Adnet denunciou a dona Rede Globo por escolher Luclia Santos, uma atriz branca, para viver a escrava Isaura. Est prximo o dia em que isso no ser mais uma piada no Brasil. A piada ser o prprio Brasil n

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    O PensamentO BrasileirO e as cOnstituies

    Essas afirmaes do jovem e moderno jurista pernambucano, Civilista e Constitucionalista, ao lado do pen-samento do grande Jean Jacques Rosseau, na sua obra o Contrato Social, nos leva abertura das presentes consideraes que, almejam, to s, mostrar o quanto a letra da Lei Magna respalda os anseios das massas de cidadania que tentam, como refere a Histria, a posio de integrao no seio social, no af de buscar sombra das Regras Maiores a considerao devida ao foco dos relacionamentos da vida de uma nao.

    Diz ainda Paulo Lobo, na pauta da sua recente conferncia na Universidade de Pernambuco: conheci pelo noticirio da Imprensa, que o nosso Brasil se enquadra no bordo das suas afirmaes.

    Cruzando os caminhos de Colnia e Imprio, a nova monarquia buscou sua identificao sombreada pelos valores cris-tos herdados dos nossos descobridores.

    Os albores da busca pelo progresso e desenvolvimento legaram determinadas caractersticas que, como sabemos, levou a nossa PINDORAMA, ao invejvel patamar de SEXTA ECONOMIA do mundo em tem-pos recentes.

    V-se que somos, orgulhosamente, a primeira nao abaixo do equador a conviver com esta orgulhosa outorga. O brasileiro, como sdito do primeiro Imp-rio com o pomposo ttulo de Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves, fez que o pindoramense se alinhasse s tradicio-nalssimas monarquias de alm mar.

    Assim, o nosso Pedro I, s vezes discutido pela sua face absolutista, marca pessoal dos reinois de ento, abriu as portas da Terra de Santa Cruz s pomposas casas reais do mundo do Velho Continente.

    Contou o jovem Imperador com poucos

    Brig Ar Tarso Magnus da Cunha [email protected]

    homens em condies de ajudar na estrutura-o do novel reinado, levando-o, nos moldes da Histria, a outorgar uma Carta Maior que na avaliao do constitucionalista Ronaldo Poletti foi a mais duradoura Carta Magna do nosso pas. Poletti segue e, nas suas avaliaes, adianta que h de se respeitar os sonhos absolutistas do jovem Monarca, herana do sangue tisnados do autoritarismo dos Orleans, Braganas, e Habsburgos.

    Soa claro, nos comentrios, que ousamos desenvolver, que o Direito, nos sessenta anos da Carta de 1824, abriu suas portas s posturas jurdicas tradicionais, regulando no campo ptrio os diretos e de-veres dos brasileiros, abrindo o caminho de um ordenamento jurdico no Imprio, como comenta Poletti na sua obra (Da Constituio Constituinte, Ed. Forense, 1986, Rio de janeiro, p. 35), que ...uma Constituio no deve ser um quadro acabado e perfeito, mas um esboo, onde as geraes futuras possam colorir e aper-feioar, de acordo com as suas vocaes.

    Nessa pauta, passamos a ousar uma posio publicista que traz a lume a cons-cientizao do legislador ptrio que, na segunda dcada do sculo XIX, brindou ao brasileiro com mais duas posturas na rea jurdica que, no s ombrearam o nosso Direito aos grandes ordenamentos vigentes nas naes consideradas mestras das leis, como complementou regras legis-lativas do Imprio com a edio do Cdigo Criminal, em 16 de dezembro de 1830 e, na sequencia, a lei adjetiva, mui necessria na aplicao da Lei Processual Criminal, em setembro de 1832.

    Faz-se interessante referir o que externou, tambm, o Jurista Ralph Lopes Pinheiro, na sua obra Histria Resumida do Direito (Thex Editora, 1976) que, ao lado das posies de Polletti, afirmou

    na pgina 105 da obra em referncia ...que 1822 foi a emancipao poltica do Pas..., o que nos conduz, de imediato, titulagem de uma nova cidadania, plena na sua dimenso, longe das antigas amarras de Colnia, que nos levava triste realidade de um sdito COLONIALISTA.

    Como se v, o Constitucionalismo com a novel Carta e as regras que passaram a vigorar, premiou o brasileiro com a sua nova identidade: A PLENA CIDADANIA.

    As presentes consideraes passam a se situar no campo do entendimento, buscando mostrar que, a Carta Outorgada por Pedro I, tornou-se a verdade que, fez do brasileiro de ento, o CIDADO DE DIREI-TOS E OBRIGAES, um novo brasileiro, sombreado e protegido constitucionalmen-te. como afirmou Paulo Lobo, Poletti, Ralph e este comentarista nas considera-es, acima desenvolvidas, que nos respal-dam a afirmar que o CONSTITUCIONALIS-MO MOSTROU QUE O BRASILEIRO DEVE A PEDRO I, o conturbado, discutido e au-toritrio Monarca, no histrico dia 25 de maro de 1824, fazer do brasileiro no s um sdito, mas o brasileiro sombreado pe-los reflexos da nossa primeira Carta Maior.

    Como final da audaciosa posio publicista vamos buscar na MARCHA da BASTILHA, o envlucro que as casas reinois se valeram nas suas posies, para justificar dispostos institucionais necessrios s atividades monrquicas.

    O interessante entender que uma outorga em 1824, o absolutismo do inex-periente Monarca ao lado da ausncia de grandes letrados fez, da Pindorama Monrquica, o nosso Brasil que, com to-dos os problemas e dificuldades, que sem-pre avultaram, moldurou, na sua primeiraC O N S T I T U I O O C E R N E DA CIDADANIA! n

    a efetivao dos direitos Constitucionais a garantia da cidadania(Paulo lobo)

    s com liberdade, igualdade e Fraternidade a humanidade encontra os seus caminhos...

    (Rousseau)

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    O fenmeno da globalizao econ-mica evidentemente no novo no mundo. De fato, poder-se-ia dizer que este remonta h cinco sculos. Desde que a Europa lanou-se conquista das rotas de aprovisionamento da sia e da frica, as quais levaram o grande navegador por tugus Vasco da Gama a dobrar o Cabo da Boa Esperana e o genovs Cristvo Colombo a descobrir acidentalmente a Amrica, j existia uma vocao globalizadora.

    Os espanhis e portugueses, pioneiros deste processo, viram-se prontamente alcanados e ultrapassados pelos ingleses, franceses e holandeses. As Companhias das ndias transportavam as matrias--primas que vieram a dar sustento ma-quinaria do capitalismo. Com o objetivo de dinamizar o intercmbio de mercadorias e o comrcio de capitais, criou-se, em 1694, a Bolsa de Londres, transformando essa cidade na capital das finanas mundiais. Com a chegada do sculo XIX, a circulao de capitais e mercadorias de um lado a outro do planeta alcanou um desenvolvi-mento exponencial.

    Ao amparo da revoluo da produo, dos transportes e das comunicaes, passou-se a fabricar e comerciar tendo em mente atingir escala planetria. Na Europa, a Frana e a Alemanha disputam a hege-monia com a Gr-Bretanha, enquanto os Estados Unidos, o Japo e a Rssia fazem sua apario como potncias econmicas emergentes.

    A prpria competio econmica foi uma das razes que acendeu o estopim da Primeira Guerra Mundial, em 1914. A partir desse momento tudo se modificou. O ce-nrio econmico mundial evidenciou uma

    Da antiga nova GlobalizaoManuel Cambeses Jnior

    Cel AvMembro emrito do Instituto de Geografia

    e Histria Militar do Brasil, membro da Academia de Histria Militar Terrestre do Brasil, pesquisador associado do Centro de Estudos e

    Pesquisas de Histria Militar do Exrcito e conselheiro do Instituto Histrico-Cultural

    da Aeronutica.

    [email protected]

    acentuada fragmentao que prolongou-se at o final da Segunda Guerra Mundial, em 1945, projetando os seus efeitos at o final da dcada de 1960.

    A denominada revoluo Ronald Reagan Margaret Tatcher inicia um processo de desregulamentaes, que ir complementar-se com o desaparecimento da Guerra Fria e a inusitada acelerao da tecnologia. Desta maneira, o mundo volta a integrar-se em escala planetria, reen-

    contrando uma velha vocao que entrou em crise a partir de 1914.

    No obstante, o mundo globalizado de hoje no o mesmo que conheceu o reno-mado economista Adam Smith. Nos dias atuais, os pases no praticam o escambo, trocando, por exemplo, l por carne, mas imbricam-se em redes produtoras planet-rias, dentro das quais, um mesmo produto final leva incorporado componentes elabo-rados nas mais diversas latitudes.

    Atualmente, difcil falar, por exem-plo, da nacionalidade de um veculo, quando suas diversificadas peas so fabricadas em dezenas de pases. Hoje, a informao transmite-se velocidade da luz. Textos, imagens e sons so trans-mitidos de forma instantnea. Autopistas virtuais integram computadores miniatu-rizados, em escala mundial. Verifica-se, ainda, que os fretes e transportes dimi-nuram, radicalmente, os seus custos. O

    resultado de tudo isso uma economia mundial homogeneizada e unificada em seus mnimos detalhes.

    Este fenmeno prprio da evoluo do sistema capitalista ps-industrial, devi-do s incrveis transformaes tecnolgi-cas e, tambm, s mudanas na tecnologia de transferncia de dados e da informao. As comunicaes tm ocorrido de forma instantnea. Surgem novos e atraentes temas na arena internacional: meio am-

    biente, comrcio de servios, propriedade intelectual etc.

    Este processo to complexo que conceitos como soberania, nao, Estado, empresas multinacionais, organizaes no governamentais, ecologia, esto sofrendo crises de conceituao em seus alicerces, porque, na realidade, estamos assistindo a uma etapa completamente diferente do processo evolutivo da humanidade.

    Na economia globalizada dos dias atuais, apresentam-se dois fenmenos bastante frequentes que os contempo-rneos de Adam Smith jamais poderiam imaginar: a possibilidade de crises sbitas e devastadoras em algum pas ou determi-nada regio, e a amplificao destas em escala planetria, por via de um inexorvel efeito domin. Estes cataclismos de epicentro localizado soem irradiar suas ondas expansivas, com relativa frequncia, aos quatro cantos do planeta, em virtude da interpenetrao da economia, em nvel mundial.

    A globalizao poder tender a criar um sistema mais estvel e simtrico no relacionamento entre os pases. Isto de-pender, fundamentalmente, do papel que os diplomatas e polticos desempenharo num desafio histrico e intelectual de imaginao e construo, neste alvorecer de sculo.

    Por isto, finalmente, saber aproveitar as oportunidades e os riscos da globa-lizao, em nosso pas, deve ser nosso objetivo e implica num grande sentido do realismo. Isto necessitar lucidez inte-lectual em captar os novos tempos para poder edificar, em torno deste processo globalizador, um mundo mais estvel e com Justia Social n

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    Um Brasil real em um reino ilusrio o que se vive hoje. O cenrio de aumento de impostos e incremento nas contas de energia, gua, combustvel e outras. Essas alteraes fundamentaro a reduo do poder aquisitivo dos cidados nacionais.

    Impressionante observar como os ltimos 10 anos corroeram as estruturas de governana1 e governabilidade2 e agora se insurgem diretamente sobre o trabalhador, isto , sobre os direitos trabalhistas, que foram desprezados, massacrados e espan-cados pela Medida Provisria 664/2014. Agora, para o beneficirio de trabalhador falecido ter direito a penso por morte, o segurado falecido deve ter pelo menos 24 meses de contribuio ao sistema. No caso de morte do cnjuge, para receber a penso, o beneficirio ter que ter pelo menos 2 anos de casamento e o clculo do valor da pen-so ser somente referente a 50% do valor da aposentadoria, acrescido de 10% por dependente. Ademais, foi tambm alterado o tempo de durao da penso por morte. Doravante, ele ser calculado de acordo com a expectativa de sobrevida do beneficirio, conforme Tbua Completa de Mortalidade/IBGE, no momento do bito do segurado.

    Aos poucos, foi-se inviabilizando o Estado/Governo, a Administrao Pblica e, agora, o alvo o cidado. As estruturas poltico-sociais esto ruindo em atroz ve-locidade, assim como as decises jurdicas pouco representam os interesses e deman-das da sociedade. Diariamente, em todo o espectro territorial nacional, presencia-se gigantesca quantidade de homicdios, la-trocnios, roubos e furtos. Relevante notar que as estatsticas sofrem sucessivos in-crementos h anos. Educao, Economia,

    GOVernaBiliDaDe, GOVernana e entrOPia sistmicaSade e Segurana so aes estruturan-tes para a nao, bem como Mobilidade, Justia Social e Trabalho/Emprego/Renda. Inflao aumentando, tendncia de PIB negativo, grandes empresas assustadas com a inadimplncia, desvalorizao de empresas estatais, relacionamento diplo-mtico pendular e polmico etc. O cenrio pouco satisfatrio e cresce a onda de insatisfao.

    Todas as vezes em que o povo se pronuncia e exige transparncia, justia e qualidade nos servios pblicos, sempre h algum de planto para desvirtuar o foco do problema. A populao jamais foi contra a Petrobrs, mas algumas pessoas insistem em mostrar que querem denegrir a estatal. Nada disso, o que as pessoas querem ver que tudo est sendo apurado e que os ladres, corruptos e nefastos dirigentes sejam penalizados pelos atos que cometeram. Quase todos so a favor da empresa, mas contra todo tipo de m gesto e de desvios de recursos do tesouro e da administrao direta ou indireta.

    O que se est presenciando um cami-nho de rduos confrontos que se seguiro a essa maneira de governar (ou desgover-nar). Pense um pouco e questione-se: por que o povo tem que pagar mais tributos para suprir desvios cometidos por gesto-res, dirigentes e polticos inescrupulosos? O governo enxerga seus cidados por meio de lente mope e dislxica.

    Mope em virtude da dificuldade, de boa ou m f, em perceber a real conjuntura em que vive e por trabalhar sempre visan-do a alcanar metas ideolgicas que no vestem o tecido social, que, por enquanto, ainda no demonstrou, com fora, a sua insatisfao com os devaneios e desvios causados por agentes pblicos e privados em atos mancomunados.

    Dislxico em relao capacidade de ler o ambiente e interpretar suas demandas

    em mundo real, por um lado, isso acontece em funo da incapacidade de qualificao de talentos para exercer cargos, por outro lado, h tambm uma continuada m-f ou cegueira nas inteligncias que guiam e coordenam as pessoas desqualificadas exercendo cargos pblicos.

    Quando se fragiliza a governabilidade, e a autoridade de um governo passa a ser vis-ta mais pelas suas inconsequncias do que

    por suas virtudes, estabelece-se a ciso entre povo e governo. Quando a governana abalada, rasga-se a legitimidade de opera-o de um governo e ele passa a atuar com foco nos efeitos dos equvocos realizados e o desgaste floresce com rapidez e, muitas vezes, com grande intensidade, uma vez que no h nem governabilidade nem go-vernana. Assim, instala-se a entropia sis-tmica e os fatores de agregao passam

    a funcionar como pontos de resistncia e rejeio. O empreendimento perde energia, substncia e, finalmente, o sentido de ser. Quebram-se conectividades e fragilizam-se capilaridades. D-se a inanio, o sistema no responde.

    Por fim, as pernas nada comandam, mas parece que o Pas est, em detrimen-to do crebro, sendo conduzido apenas por elas n

    Notas1 - Governana - conjunto das condies financeiras e administrativas de um governo para transformar em realidade as decises que toma (BRESSER PEREIRA, 1997).

    2 - Governabilidade - condies sistmicas do exerccio do poder, e que envolve: caractersticas do sistema poltico, forma de governo, relaes entre os poderes, sistema partidrio, sistema de intermediao de interesses e outras (DINIZ, 1996).

    Afonso Farias de Souza JniorCel Int / Prof. Dr.

    [email protected]

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    o desaFio do esPao

    Gil Nunes MacielTen Cel Md

    Estudioso das teorias da Fsica e dos desafios da conquista do espao

    [email protected]

    Desde criana, ficava deslumbrado quando via o cu pontilhado de estrelas, nas noites sem fim do interior sem luz, no Sul, onde nasci. Tinha esperanas na imaginao: sonhava que, em um futuro distante, talvez fosse possvel chegarmos at l, observ-las, admir-las, v-las bem de perto; claro que no tinha a menor noo da distncia que me separava da esperana, mas o sonho estava ali, comigo. Pouco mais de 20 anos haviam se passado, quando Iury Gagarin, em 1961, surpreendeu o mundo com seu voo orbital perfeito, em torno da Terra. Foi um acontecimento fantstico!

    Em 25 de maio daquele mesmo ano, o Presidente John Kennedy compareceu no Congresso dos EUA e afirmou: Eu acredito que esta Nao deve comprometer-se em alcanar a meta, antes do final desta dca-da, de pousar um homem na Lua e traz-lo de volta Terra em segurana. Dito e feito! Em 20 de julho de 1969, a Apolo 11 fez um pouso triunfal no Mar da Tranquilidade, em nossa Lua. Iury Gagarin, Neil Armstrong, Edwin Aldrian e Michael Collins, tripulantes de naves espaciais, na invaso do espao sideral so, hoje, heris da Humanidade. Isto determinao, critrio indispens-vel para vencer um Desafio do Espao.

    O Universo, a Natureza, um objeto de estudo desde os primrdios da Humanida-de, quando a evoluo natural desenvolveu uma conscincia rudimentar em nossos ancestrais antropomorfos. Deve ter sido mais ou menos a, que a razo comeou a ocupar o territrio dominado pelos instintos, e o contato consciente com o Mundo exterior catalisou a evoluo do pensamento.

    Cerca de uns dez mil anos se passa-ram at que, na regio indo-europeia, fosse criado o Snscrito lngua que foi falada por cerca de uns trs mil anos, aproximada-mente. Da linguagem, vieram os nmeros e, com eles, a poderosa matemtica para alavancar a compreenso da Natureza.

    Desenvolvida ao longo do tempo, a mate-mtica revelou-se um instrumento formidvel para entender e manipular o mundo exterior ao pensamento. Equacionando os fenmenos observados, analisando, definindo, progra-

    mando, iluminando a verdade e levando compreenso, a matemtica absolutamente imprescindvel para catalisar a evoluo do conhecimento em ritmo bem forte.

    impossvel citar todos os grandes nomes que contriburam para o avano cientfico na Terra. Seria uma lista intermi-nvel. Agora, em se tratando da hiptese referente criao e evoluo do Universo, a partir do Big Bang, impossvel no citar pelo menos alguns.

    Na Natureza, nada se cria, nada se perde, nada se destri, tudo se transfor-ma. Antoine Lavoisier, qumico francs, (1743/1794). A Natureza viva, dinmi-ca, est em eterno movimento e em uma transformao que no tem fim. Isto ns podemos ver a cada instante...

    Matria e energia so a mesma coisa em diferentes estados. Albert Einstein, cientista alemo nascido em Ulm, (1879/1955). Autor da famosa equao E=m.c2 que unificou a matria e a energia do Universo em que vivemos.

    As nebulosas observadas no espao profundo, alm da Via lctea, so galxias que se afastam umas das outras com ve-locidades proporcionais s distncias que as separam, com base no referencial da Terra. Edwin Powell Hubble, astrofsico nascido em Missouri, EUA, (1889/1953). A relao entre a velocidade e a distncia entre as galxias denominada Constante de Hubble, e o telescpio colocado pela NASA em rbita da terra para estudar as es-trelas, tem o seu nome para homenage-lo.

    Quando um objeto luminoso se afasta de um ponto-referncia, as ondas ele-tromagnticas emitidas por esse objeto tendem para o vermelho na viso desse ponto, e, quando se aproxima, tendem para o azul. Este fato, chamado efeito Doppler, permite determinar se as galxias esto se aproximando ou se afastando. um fenmeno relativista, que pode ser muito bem verificado e confirmado, na prtica, quando ouvimos o som grave de uma sire-ne quando se aproxima, e o agudo quando passa por ns e vai embora se afastando.

    No entanto, em termos de Universo, existem outros dilemas e mistrios: ser que o espao, no Universo, faz alguma ana-

    logia com a pelcula externa de um balo inflando? O que o espao? As galxias mais distantes emitem ondas eletromag-nticas que indicam maior velocidade de fuga em razo da distncia. Mas isto compreensvel, tanto para a superfcie de um balo inflando como para exploso aleatria de um ponto, de um buraco negro, por exemplo. No balo, eventuais pontos em sua superfcie, tendo qualquer um tomado como referncia, se afastam uns dos outros em razo do espao que se expande, a pelcula externa do balo. As galxias se afastam. Elas se movem em funo da fora inercial imposta massa expelida na grande exploso do Big Bang, ou ser o espao que se expande?

    Com esse nvel de conhecimento j adquirido pela fsica da poca e ao seu alcance, Anthony Gamow, natural de Odes-sa, Ucrnia, (1904/1968), naturalizado Norte-americano, concluiu, em 1946, que a matria total do Universo, em um passado remoto, deveria estar totalmente contida em um s ponto um buraco negro. Um ponto de massa com densidade e gravidade to intensas que nem mesmo a luz poderia escapar dele. A exploso desse ponto teria espalhado a matria no Universo, e a Gravidade, teria acomodado tudo na forma em que hoje vemos.

    Stephen William Hawking, nascido em Oxford, Inglaterra, 1942, um gnio que, lamentavelmente, em plena adolescncia, foi atacado pela terrvel Esclerose Lateral Amiotrfica (ELA), doena paralisante que o prendeu em cadeira de rodas pela vida toda. Hoje, com 72 anos, se comunica por meio de um programa que transforma seus discretos gestos em palavras, permitindo at mesmo escrever livros, uma vez que o problema no neurolgico, todo muscu-lar, e o crebro perfeito. Seu ltimo livro, Uma Breve Histria do Tempo, j vendeu cerca de 10 milhes de exemplares pelo Mundo todo. Stephen Willian Hawking um importante defensor da tese de que a origem do Universo foi a exploso monu-mental de um Buraco negro.

    Atualmente, a origem do Universo explicada pela exploso de um ponto, uma singularidade, tem recebido ampla

    aceitao pela Comunidade Cientfica em todo o Mundo. Subiu muito no rank da verdade quando, em 1965, Arno Penzias e Robert Wilson, cientistas dos Laboratrios Bell, tentavam remover um estranho rudo em uma antena instalada para estudar radiaes oriundas da Via Lctea, na faixa de micro-ondas. Constataram que o rudo era permanente, e provinha do espao profundo. O problema no foi resolvido, mas a origem foi. Os clculos matem-ticos indicavam para os cientistas que o Big Bang havia deixado uma radiao de fundo no Universo exatamente igual a essa, confirmando, assim, a tese defendida por Gamow, Stephen Hawking e, agora, com aceitao universal. A radiao de fundo foi identificada como sendo a mesma que aparece em nossas telas de televiso quando a imagem sai do ar.

    Calcula-se que existam cerca de 100.000 galxias no grupo local a que pertence a nossa Via Lctea, e 17 bilhes em todo o Universo observvel. Em 2006, Masanori Lye, do Observatrio Nacional do Japo, no Hava, encontrou a galxia mais distante observada at agora: a IOK-1, que foi vista como era a 12,88 bilhes de anos atrs cerca de 750 milhes de anos aps o Big Bang.

    A Natureza tem cartas na manga, tem os seus mistrios. Para que o Universo tenha o comportamento que vem tendo, necessrio acrescentar mais 24% de matria escura e mais 71% de energia escura, fantasmas que no emitem luz e no podem ser vistos, mas tm que exis-tir! Isto porque o comportamento desses ridculos 5% que restam de matria visvel exige a presena de mais 95% de matria que no podemos ver.

    A partir deste ponto, resta saber se a gravidade possuir fora bastante para inverter o processo em expanso e compri-mir, novamente, todo o contedo em uma nova singularidade, repetindo o ciclo Big Bang e eternizando o Universo; ou ento, ser vencida pela inrcia e perder o contedo total disperso nas profundezas do infinito. A Natureza gosta de adotar comportamen-tos cclicos, mas, neste caso, bastante difcil uma previso segura.

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    No so poucos os desafios que o novo governo vai enfrentar para resgatar o Ministrio da Defesa como rgo de Estado. A Poltica Nacional de Defesa, a Estratgia Nacional de Defesa e o Livro Branco de Defesa deveriam ser atualiza-dos para refletir as diretrizes polticas de governo em termos estratgicos e de avanos tecnolgicos, acompanhados da introduo sistemtica e sustentvel de mecanismos de governana institucional dessas mesmas diretrizes.

    A modernizao da defesa nacional no pode ser adiada. Caberia redefinir prioridades polticas claras para a gesto superior da aquisio de meios, com a devida reviso dos programas estratgicos de aquisio militares, a fim de assegurar a eficcia operacional integrada com eficincia na aplicao de recursos pblicos.

    Para isso, torna-se essencial rever o atual Plano de Articulao e Equipamentos de Defesa (Paed), estabelecido em 2011 para o perodo at 2030, adequando sua ambio com a formao de clusters tecnolgico-industriais, em parceria com universidades.

    Nesse contexto, deveriam ser mantidas as prioridades definidas na Estratgia Nacional de Defesa e oferecida especial ateno aos setores aeroespacial, ciberntico, nuclear, tendo, como pilares, a inovao tecnolgica conjugada e o desenvolvimento de competncias transformadoras na cadeia produtiva nacional.

    Com 48 megaprojetos sendo desenvolvidos no mbito do Ministrio da Defesa, o processo de consolidao da indstria nacional de Defesa e melhores prticas de controle interno pelo Ministrio da Defesa, como recomenda o TCU, deveriam merecer ateno prioritria do governo federal. Previsibilidade e no contingenciamento de recursos financeiros para os investimentos deveriam ser regras rigidamente obedecidas.

    O fortalecimento da indstria de defesa objetivo definido na Poltica Nacional da Indstria de Defesa (PNID), em 2005. Uma srie de instrumentos legais, e mais particu-larmente o que criou o Regime Especial Tributrio para a Indstria de Defesa e disps sobre medidas de incentivo indstria nacional, faz vigorar o mesmo tratamento tributrio para a produo nacional e os produtos importados.

    Pensando a mdio e longo prazo, e dentro de uma viso estratgica, para defender nosso territrio, para respaldar nossa projeo externa e para assumir as novas respon-sabilidades demandadas pela comunidade internacional, justificvel a construo de submarino nuclear, a aquisio de avies de caa de combate, a retomada do programa aeroespacial para utilizao do Centro de Lanamento de Alcntara e o desenvolvimen-to de veculo lanador de satlite, alm da necessria ampliao do Centro de Defesa Ciberntica.

    Defesa e Poltica Externa deveriam estar mais articulados e coordenados. Nenhum pas que pretenda ocupar hoje um espao importante no concerto das naes pode dar-se ao luxo de ignorar em seu discurso diplomtico as preocupaes com sua segurana e com formas de ampliar seus mecanismos de defesa n

    defesa nacionalRubens Barbosa

    Embaixador

    Presidente do Conselho de Comrcio Exterior da Fiesp

    Em termos de Espao, de Universo, ainda engatinhamos, mas j estamos marcando presena e explorando o to-mo local em que nascemos e vivemos j fomos Lua e voltamos todos vivos: Naves robticas pousaram em Marte e enviaram dados. Muito em breve, Pluto ser includo nessa lista. Algumas sondas j foram lanadas para o espao profundo, no interior da Galxia. Estamos no caminho certo. No entanto, o Desafio do Espao ter ainda que enfrentar grandes problemas para ser vencido. Em princpio, teremos que decifrar o complicado problema das dimenses descobrir atalhos em even-tuais caminhos no espao-tempo, e ainda mais, decifrar os complicados mistrios, da Fsica Quntica.

    Na jornada da Humanidade para a con-quista do espao, alm dos Estados Unidos e Rssia, outros pases vm ocupando lugar de destaque, com avanos significati-vos em cincia e tecnologia, entre eles, pa-ses da Unio Europeia, China, Japo, ndia, Ucrnia. Neste grupo, lamentavelmente, o Brasil, apesar dos esforos da Fora Area Brasileira e de entusiastas e abnegados, os projetos parecem estar estagnados. difcil de acreditar que o acidente de 2003, exploso do foguete VLS-1 e perda de vinte um especialistas, em que pese seu nvel de tragdia, tenha sido capaz de esmorecer a determinao do Pas em ser protagonista na grande aventura em direo ao espao.

    A estatura poltica e econmica do Brasil, no concerto das naes, impe que ocupe um lugar de destaque na corrida espacial. Como analogia, pode dizer que se trata da repetio em quatro dimenses das grandes navegaes e descobertas dos Sculos XV, XIV e XIII. Quem no contribuir, certamente, no ter como participar das benesses decorrentes dos avanos cientficos e tecnolgicos.

    Urge que o Pas retome com vigor o seu projeto espacial e que o desenvolvi-mento da cultura e das cincias voltadas para as futuras Jornada nas Estrelas seja incentivado ao extremo, de maneira a formarmos uma conscincia coletiva de que no estamos ss no Universo ou indefinidamente presos ao Planeta Terra n

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    Corria o ms de maio de 1981, e fui designado pelo COMTA para acompanhar um voo para o sul, dos Velhas guias.

    A rota seria: Galeo, AFA, Base Area de Canoas, Base Area de Santa Maria, CTA etc.

    Dentre os Velhas guias estavam o Ten Brig Sampaio, paraninfo da turma Afonsos 1961, e ex-presidente do STM, e o heri de guerra Brig Nero Moura ex-comandante do 1 Grupo de Aviao de Caa na Itlia, na Segunda Guerra Mundial.

    Na AFA, em Pirassununga, Nero Mou-ra almoou com os Cadetes.

    Comearam as perguntas. Brigadeiro, na guerra o senhor tinha

    medo de morrer? Resposta: claro todos tnhamos medo, mas durava somente at a decolagem, porque aps o avio sair do cho esses pensamentos eram esqueci-dos, pois ficvamos totalmente voltados para o voo e envolvido com a misso.

    Brigadeiro, na guerra o Sr. era Cel. e fez quantas misses de combate? Eu fiz 62 misses, comecei como Major comandante do Grupo de Caa e, depois, fui promovido a Ten Cel.

    Quantos pilotos morreram? Tivemos

    Helio PerezCel Av

    [email protected]

    5 pilotos mortos em combate e 16 P-47 abatidos.

    Seguiram outras perguntas mais.Dali partimos para Porto Alegre Ca-

    noas sede do 1/14 Grupo de Aviao de Caa, Esquadro Pampa.

    Agora comeam as grandes tiradas do Brig Nero Moura. Aps o pouso em Canoas o Brig pergunta:

    Que barracas so aquelas na cabe-ceira da pista?

    o esquadro Pampa que est acampado fazendo treinamento.

    Quero ir l! Ao chegarmos na ca-beceira da pista com o Esquadro em forma, o Comandante apresenta-se, e o Brig pergunta?

    ONDE FICAM AS LATRINAS?Todos ns pensamos, pronto, o ve-

    lhinho pirou. Pirou nada, ele podia ser velhinho somente na idade, mas ainda tinha muita lucidez.

    Caminhamos at o final do acam-pamento, o Brig com a sua inseparvel bengala andando com muita disposio. Chegando l, apontada a barraca das latrinas. Nero Moura foi l e fez uma ins-peo regulamentar. Virou-se para o Maj comandante do 14 e disparou: Onde fica o

    rancho? O Maj apontou a barraca do ran-cho que ficava bem distante das latrinas.

    Muito bem, est perfeito; as latrinas devem sempre ficar longe do rancho. Pa-rabns; na guerra, isso muito importante.

    Achei que terminavam ali aquelas lem-branas desse simptico heri de guerra. Ledo engano.

    No dia seguinte, decolamos para San-ta Maria, unidade muito importante da FAB.

    Novas surpresas nos aguardavam. Ele, alm de ser heri de guerra, , tambm, o patrono da Aviao de Caa brasileira. Foi piloto de Getlio Vargas, que era gacho como ele, e depois da guerra, foi Ministro da Aeronutica, no governo Vargas, com apenas 40 anos de idade.

    Pousamos em Santa Maria na hora do

    almoo e, aps solenidades de praxe, Nero Moura pergunta de supeto:

    Tem um helicptero disponvel para decolar agora? Claro que tinha o helicp-tero de sobreaviso. Entramos no H1-H o, velhinho e eu, ambos de saco. Logo ele pediu os fones para falar com os pilotos e disse: Voa nesta proa; e apontou com a mo. Aps cerca de 20 minutos de voo, apontou uma colina bem alta e disse pousa ali. No entendemos nada. Essa colina no tinha rvores, somente um capim macio at os joelhos, que balanava com o vento constante.

    Aps o corte dos motores, descemos do helicptero e Nero Moura, muito feliz e sorridente, comeou a falar, andando e apontando sempre com a bengala. A primeira coisa que disse foi:

    Aqui ficava a pista de pouso. E, apontando a bengala, acrescentou: a gente decolava nessa proa, sempre descendo o morro, e pousava de l pra c, subindo o morro. Ali ficava o hangar e a manuteno. Ali era o comando. Aqui ficava a linha dos avies. Etc, etc. etc.

    Comeou a andar pra l e pra c, apon-tando a bengala, que nesse momento j no era mais necessria, e sempre sorrindo,

    parecendo um menino que estava sentindo as energias positivas daquele local.

    Que pena no ter uma mquina foto-grfica para registrar!

    Foi somente nesse momento que entendemos o que estava passando pela cabea desse autntico Velha guia. Tan-tos anos depois, precisamente 44 anos, ele estava voltando a pisar aquele solo sagrado, pois foi ali que ele, como Ten Av do Exrcito, iniciou a sua vida de piloto de guerra. Ali foi promovido a Cap e comandou o 3 Regimento de Aviao do Exrcito, que possua 10 aeronaves, sendo 6 Curtiss Fal-con. Deviam ser no mnimo 2 linhas de voo.

    Em 1931 ele foi provido a 2 Ten, e em 1933 foi criado o 3 R Av em Santa Maria. Naquele local, Nero Moura viveu e voou muito. Em 1937, Nero Moura j como Cap Av e comandante, fez a transferncia des