revisão sobre resíduos de serviços de saúde

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FUNDAÇÃO EDUCACIONAL DE FERNANDÓPOLIS FACULDADES INTEGRADAS DEFERNANDÓPOLIS NATÁLIA PAIXÃO VIANA NATÁLIA RAMOS BATISTA NATAN JUNIO MARTINEZ DE FARIAS PABULA FANTINI DE OLIVEIRA MACEDO TRATAMENTO DE RESÍDUOS QUÍMICOS E BIOLÓGICOS GERADOS NOS SERVIÇOS DE SAÚDE FERNANDÓPOLIS 2011

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Page 1: Revisão sobre resíduos de serviços de saúde

FUNDAÇÃO EDUCACIONAL DE FERNANDÓPOLIS FACULDADES INTEGRADAS DEFERNANDÓPOLIS

NATÁLIA PAIXÃO VIANA

NATÁLIA RAMOS BATISTA

NATAN JUNIO MARTINEZ DE FARIAS

PABULA FANTINI DE OLIVEIRA MACEDO

TRATAMENTO DE RESÍDUOS QUÍMICOS E BIOLÓGICOS

GERADOS NOS SERVIÇOS DE SAÚDE

FERNANDÓPOLIS

2011

Page 2: Revisão sobre resíduos de serviços de saúde

NATÁLIA PAIXÃO VIANA

NATÁLIA RAMOS BATISTA

NATAN JUNIO MARTINEZ DE FARIAS

PÁBULA FANTINI DE OLIVEIRA MACEDO

UMA REVISÃO SOBRE RESÍDUOS DE SERVIÇOS DE SAÚDE

Trabalho de Conclusão de Curso do curso de

Farmácia da Fundação Educacional de

Fernandópolis, como parte das exigências para a

conclusão do curso de Farmácia

Orientador: Prof. Dr. Anísio Storti

FERNANDÓPOLIS

2011

Page 3: Revisão sobre resíduos de serviços de saúde

FOLHA DE APROVAÇÃO

Natália Paixão Viana

Natália Ramos Batista

Natan Junio Martinez De Farias

Pábula Fantini De Oliveira Macedo

UMA REVISÃO SOBRE RESÍDUOS DE SERVIÇOS DE SAÚDE

Trabalho de Conclusão de Curso do curso de

Farmácia da Fundação Educacional de

Fernandópolis, como parte das exigências para a

conclusão do curso de Farmácia

Aprovado em ___/___/2011

Examinadores

___________________________________

Prof. Dr. Anísio Storti

___________________________________

Prof. Maria Elisa Furlan Gandini Castanheira

___________________________________

Prof. Vania Luiza Ferreira Lucatti Sato

Page 4: Revisão sobre resíduos de serviços de saúde

A Deus...

Aos nossos familiares pelo apoio em todas as horas,

Aos amigos sempre presentes...

Page 5: Revisão sobre resíduos de serviços de saúde

Agradecimento em especial ao nosso orientador

Anísio Storti pelo grande auxilio prestado,

E por compartilhar um pouco de seu conhecimento...

Obrigado!

Page 6: Revisão sobre resíduos de serviços de saúde

Há pessoas que transformam o sol numa

simples mancha amarela. Mas há, também, aquelas

que fazem de uma simples mancha amarela, o

próprio sol.

Pablo Picasso

Page 7: Revisão sobre resíduos de serviços de saúde

RESUMO

Os Resíduos de Serviços de saúde são resultantes de atividades exercidas

nos serviços de saúde, que por suas características, necessitam de processos

diferenciados em seu manejo, exigindo ou não tratamento prévio a sua disposição

final. Sendo responsabilidade de qualquer profissional da saúde a elaboração de um

plano de gerenciamento planejado e implementado a partir de bases científicas e

técnicas normativas e legais, visando à minimização da produção de resíduos e a

prevenção da saúde pública, dos trabalhadores e do meio ambiente. O tratamento

pode ser realizado por: processos manuais, mecânicos, visando à minimização do

risco a saúde e do meio ambiente.

Palavra chave: Resíduos de Serviços de Saúde. Tratamento de Resíduos.

Gerenciamento de Resíduos.

Page 8: Revisão sobre resíduos de serviços de saúde

ABSTRACT

The waste of health services are the result of activities undertaken in health

services, which by their characteristics, require different processes in handling, or not

requiring treatment prior to final disposition. Is the responsibility of any health

professional to draw up a plan for managing planned and implemented from scientific

and technical and legal regulations, aiming at the minimization of waste prevention

and public health workers and the environment. The treatment can be performed by:

manual processes, mechanics, in order to minimize the risk to health and the

environment.

Keyword: Waste of Health Services. Waste Treatment. Waste Management.

Page 9: Revisão sobre resíduos de serviços de saúde

LISTA DE ILUSTRAÇÃO

Figura 1: Esquema Operacional de valas sépticas............................................29

Figura 2: Esquema Operacional de Aterro Sanitário.........................................29

Figura 3: Autoclave............................................................................................35

Page 10: Revisão sobre resíduos de serviços de saúde

LISTA DE TABELA

TABELA 1: Símbolos de Identificação dos grupos de resíduos.................................26

TABELA 2: Níveis de inativação microbiana de acordo com a Environment Protection

Agency - EPA, EUA....................................................................................................31

TABELA 3: Formas e tipos de tratamento do RSS em várias regiões e municípios

brasileiros...................................................................................................................31

TABELA 4: Resumo dos métodos de tratamentos Recomendados segundo o grupo

de RSS perigoso........................................................................................................32

TABELA 5: Comparação das características de alguns processos de tratamento de

RSS............................................................................................................................37

Page 11: Revisão sobre resíduos de serviços de saúde

LISTA DE ABREVIATURAS

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas

AIDS – Síndrome da Deficiência Imunitária Adquirida

ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária

CNEN - Comissão Nacional de Energia Nuclear

CONAMA – Conselho Nacional do Meio Ambiente

FISPQ – Ficha de Informações de Segurança de Produto Químico

MS – Ministério da Saúde

NBR – Norma Brasileira

PGRSS – Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde

RDC – Resolução da Diretoria Colegiada

RSS – Resíduos de Serviços de Saúde

Page 12: Revisão sobre resíduos de serviços de saúde

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 12

2 RESÍDUOS GERADOS NOS SERVIÇOS DE SAÚDE ........................................ 16

2.1 ASPECTOS HISTÓRICOS ....................................................................................... 16

2.2 DEFINIÇÃO DE RESÍDUOS DE SERVIÇOS DE SAÚDE ....................................... 17

2.3 ASPECTOS LEGAIS ................................................................................................. 20

2.4 RISCOS POTENCIAIS .............................................................................................. 21

3 PLANO DE GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS DE SERVIÇOS DE SAÚDE .. 23

4 ETAPAS DO GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS DE SERVIÇOS DE SAÚDE 25

4.1 SEGREGAÇÃO ......................................................................................................... 25

4.2 IDENTIFICAÇÃO ....................................................................................................... 25

4.3 ACONDICIONAMENTO ............................................................................................ 27

4.4 COLETA .................................................................................................................... 27

4.5 TRATAMENTO .......................................................................................................... 28

4.6 DESTINAÇÃO FINAL ............................................................................................... 28

5 TRATAMENTO DE RESÍDUOS QUÍMICOS E BIOLÓGICOS ............................ 30

5.1 PRINCIPAIS TIPOS DE TRATAMENTO .................................................................. 31

5.1.1 INCINERAÇÃO ......................................................................................................................... 32

5.1.2 AUTOCLAVE ............................................................................................................................ 34

5.1.3 TRATAMENTO QUÍMICO ...................................................................................................... 35

5.1.4 MICROONDAS ......................................................................................................................... 36

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 38

Page 13: Revisão sobre resíduos de serviços de saúde

12

1 INTRODUÇÃO

“LIXO”, palavra de apenas 4 letras que define qualquer rejeito que ninguém

quer. Definir lixo é uma pretensão, pois o que é lixo para alguns, é alimento para

outros (BERTUSSI FILHO, 1989 apud BELEI; TAVARES; PAIVA, 1999).

Genericamente, lixo é o conjunto de resíduos sólidos resultantes das atividades

humanas (BELEI; TAVARES; PAIVA, 1999).

Ás condições precárias do gerenciamento dos resíduos no Brasil, decorrem

vários problemas que afetam a saúde da população – como a contaminação da

água, do solo, da atmosfera e a proliferação de vetores – e a saúde dos

trabalhadores que têm contato com esses resíduos. Os problemas são agravados

quando se constata o descaso com o gerenciamento dos resíduos de serviços de

saúde (GARCIA; ZANETTI RAMOS, 2003).

Há, no Brasil, mais de 30 mil unidades de saúde, produzindo resíduos e, na

maioria das cidades, a questão da destinação final dos resíduos urbanos não está

resolvida (FERREIRA, 1995).

A falta de informações sobre o assunto é um dos principais motivos para a

ausência de projetos bem sustentados que determinem melhorias no setor.

Particularmente os resíduos dos serviços de saúde merecem atenção especial em

suas fases de separação, acondicionamento, armazenamento, coleta, transporte,

tratamento e disposição final, em decorrência dos riscos graves e imediatos que

podem oferecer, particularmente na questão infecto-contagiosa (NAIME; SATOR;

GARCIA, 2004).

Resíduos de Serviços de Saúde: são todos aqueles resultantes de atividades

exercidas nos serviços de saúde que, por suas características, necessitam de

processos diferenciados em seu manejo, exigindo ou não tratamento prévio à sua

disposição final (BRASIL, 2005).

Os RSS (Resíduos de Serviços de Saúde), são de natureza heterogênea e,

em uma unidade prestadora de serviço de saúde, podem ser discriminados em: lixo

comum (papel, restos de jardim, restos de comida de refeitórios e cozinhas),

resíduos infectantes ou de risco biológico (sangue, gaze, curativos e agulhas) e

resíduos especiais (químicos, farmacêuticos e radioativos) (FERREIRA, 1995).

Os RSS ganharam atenção significativa há cerca de dez anos, pois com o

grande desenvolvimento ocorrido no campo da infecção hospitalar, bem como na

área de meio ambiente, houve um aumento no nível de exigência e questionamento

nos meios técnicos. Outros eventos, como o surgimento da epidemia de AIDS e a

evolução dos movimentos ambientalistas, contribuíram para levar a discussão ao

público em geral através dos meios de comunicação (RIBEIRO FILHO, 2000 apud

HADDAD, 2006).

A RDC ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) no 306/04 e a

Resolução CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente) no 358/05 versam

sobre o gerenciamento dos RSS em todas as suas etapas. Definem a conduta dos

diferentes agentes da cadeia de responsabilidades pelos RSS. Refletem um

Page 14: Revisão sobre resíduos de serviços de saúde

13

processo de mudança de paradigma no trato dos RSS, fundamentada na análise

dos riscos envolvidos, em que a prevenção passa a ser eixo principal e o tratamento

é visto como uma alternativa para dar destinação adequada aos resíduos com

potencial de contaminação. Com isso, exigem que os resíduos recebam manejo

específico, desde a sua geração até a disposição final, definindo competências e

responsabilidades para tal (BRASIL, 2006).

Page 15: Revisão sobre resíduos de serviços de saúde

14

JUSTIFICATIVA

O presente trabalho tem como objetivo rever a literatura sobre Resíduos dos

Serviços de Saúde, de sua geração até a sua disposição final, com enfoque nos

métodos de tratamento, por se tratar de uma etapa fundamental no gerenciamento

de resíduos.

O desconhecimento da legislação por parte dos profissionais de saúde, o

descaso com os resíduos, levam a sério problemas de saúde e ambientais.

Incidentes como o ocorrido em Olinda, no Lixão de Aguazinha, em que uma

mãe e seu filho alimentavam-se de uma mama amputada, encontrada entre resíduos

em abril de 1994, levam a sociedade a pensar melhor nos resíduos gerados pelos

serviços de saúde.

Sendo esse um assunto de fundamental importância para a formação de

qualquer profissional de saúde e por muitas vezes é deixado fora do currículo

universitário, buscou-se mostrar neste trabalho uma revisão sobre os Resíduos de

Serviços de Saúde.

Page 16: Revisão sobre resíduos de serviços de saúde

15

METODOLOGIA

Realizou-se uma revisão da literatura existente em bases de dados eletrônicas

sendo definidos descritores de assuntos visando uma consulta mais direcionada aos

resíduos de serviço de saúde.

Os descritores levados em consideração visando identificar a legislação existente

e possíveis experiências relacionadas com o gerenciamento de resíduos de serviço

de saúde e tratamento foram:

Resíduos de Saúde;

Resíduos do Serviço de Saúde;

Resíduos Sólidos;

Resíduos Químicos;

Resíduos Biológicos;

Gerenciamento de RSS;

Tratamento de Resíduos;

Programa de Gerenciamento de Resíduos;

Lixo;

Lixo Hospitalar;

Page 17: Revisão sobre resíduos de serviços de saúde

16

2 RESÍDUOS GERADOS NOS SERVIÇOS DE SAÚDE

2.1 ASPECTOS HISTÓRICOS

“Lixo é basicamente todo e qualquer resíduo sólido proveniente das

atividades humanas. No entanto o conceito mais atual é de que lixo é aquilo que

ninguém quer ou não tem valor comercial. Neste caso, pouca coisa descartada pode

ser chamada de lixo” (BIDONE; POVINELLI, 1999 apud NAIME; SATOR; GARCIA,

2004).

A Resolução CONAMA nº 005/1993 define resíduos sólidos como: resíduos

nos estados sólido e semi-sólido que resultam de atividades de origem industrial,

doméstica, hospitalar, comercial, agrícola e de serviços de varrição. Ficam incluídos

nesta definição os lodos provenientes de sistemas de tratamento de água, aqueles

gerados em equipamentos e instalações de controle de poluição, bem como

determinados líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na

rede pública de esgotos ou corpos de água, ou exijam para isso soluções técnica e

economicamente inviáveis em face à melhor tecnologia disponível (BRASIL; 1993).

Com relação aos Resíduos de Serviços de Saúde (RSS), é importante

salientar que das 149.000 toneladas de resíduos residenciais e comerciais geradas

diariamente, apenas uma fração inferior a 2% é composta por RSS e, destes,

apenas 10 a 25% necessitam de cuidados especiais. Portanto, a implantação de

processos de segregação dos diferentes tipos de resíduos em sua fonte e no

momento de sua geração conduz certamente à minimização de resíduos, em

especial àqueles que requerem um tratamento prévio à disposição final. Nos

resíduos onde predominam os riscos biológicos, deve-se considerar o conceito de

cadeia de transmissibilidade de doenças, que envolve características do agente

agressor, tais como capacidade de sobrevivência, virulência, concentração e

resistência, da porta de entrada do agente às condições de defesas naturais do

receptor (BRASIL, 2006).

Na década de 1980 com o advento da Síndrome de Deficiência Imunitária

Adquirida (AIDS) ocorre uma grande comoção pública em relação às condutas de

higiene hospitalar, e todos os resíduos que tivessem contato com pacientes eram

considerados infectantes e passavam a merecer tratamento específico. A partir de

1989 foi estabelecida uma nova filosofia na gestão de tratamento dos resíduos, na

qual foram determinadas e consagradas regras que consideram que somente uma

pequena quantidade de resíduos hospitalares deve receber tratamento específico

(NAIME; SATOR; GARCIA, 2004).

Vários episódios de mau gerenciamento dos resíduos de serviços de saúde

com conseqüências desastrosas para a saúde dos excluídos sociais já foram

destaque na mídia. Um incidente de grande repercussão foi o ocorrido em abril de

1994, no Lixão de Aguazinha, em Olinda. Mãe e filho haviam se alimentado com

Page 18: Revisão sobre resíduos de serviços de saúde

17

uma mama amputada encontrada entre os resíduos. O consumo de carne humana

foi confirmado pela Vigilância Sanitária local. Tudo indica que incidentes envolvendo

catadores e resíduos de serviços de saúde ocorram diariamente em vários locais do

país, entretanto, não há dados estatísticos precisos (GARCIA; ZANETTI RAMOS,

2003).

A gestão brasileira dos RSS teve como marco a Resolução N° 5 do CONAMA

(BRASIL, 1993), sendo atribuídas responsabilidades específicas aos vários

segmentos envolvidos como: geradores, autoridades sanitárias e ambientais (SILVA,

HOPPE; 2004).

2.2 DEFINIÇÃO DE RESÍDUOS DE SERVIÇOS DE SAÚDE

Muitos termos são utilizados como sinônimos para designar o resíduo

proveniente de Serviços de Saúde, tais como: resíduo sólido hospitalar, resíduo

biomédico, resíduo clínico, resíduo médico, resíduo hospitalar, resíduo infeccioso ou

infectante. Até 1990, a terminologia predominante, no Brasil, era resíduo hospitalar e

a designação “sólida” era usada para limitar o estudo à parcela sólida do resíduo,

dentro dos hospitais. Por um bom tempo, somente as instituições hospitalares

mereceram cuidado em relação ao resíduo gerado (GÜNTHER, 1993 apud

FORNACIARI, 2008).

De acordo com a RDC nº 358/ 2005, resíduos de serviços de saúde: são

todos aqueles resultantes de atividades exercidas nos serviços de saúde que, por

suas características, necessitam de processos diferenciados em seu manejo,

exigindo ou não tratamento prévio à sua disposição final.

De acordo com a RDC 306/04 os resíduos são classificados como:

Grupo A

Resíduos com a possível presença de agentes biológicos

que, por suas características, podem apresentar risco de infecção.

A1

Culturas e estoques de microrganismos; resíduos de fabricação de

produtos biológicos, exceto os hemoderivados; descarte de vacinas

de microrganismos vivos ou atenuados; meios de cultura e

instrumentais utilizados para transferência, inoculação ou mistura de

culturas; resíduos de laboratórios de manipulação genética.

Resíduos resultantes da atenção à saúde de indivíduos ou animais,

com suspeita ou certeza de contaminação biológica por agentes

classe de risco 4, microrganismos com relevância epidemiológica e

risco de disseminação ou causador de doença emergente que se

torne epidemiologicamente importante ou cujo mecanismo de

transmissão seja desconhecido.

Page 19: Revisão sobre resíduos de serviços de saúde

18

Bolsas transfusionais contendo sangue ou hemocomponentes

rejeitadas por contaminação ou por má conservação, ou com prazo

de validade vencido, e aquelas oriundas de coleta incompleta.

Sobras de amostras de laboratório contendo sangue ou líquidos

corpóreos, recipientes e materiais resultantes do processo de

assistência à saúde, contendo sangue ou líquidos corpóreos na

forma livre.

A2

Carcaças, peças anatômicas, vísceras e outros resíduos

provenientes de animais submetidos a processos de experimentação

com inoculação de microorganismos, bem como suas forrações, e os

cadáveres de animais suspeitos de serem portadores de

microrganismos de relevância epidemiológica e com risco de

disseminação, que foram submetidos ou não a estudo anátomo-

patológico ou confirmação diagnóstica.

A3

Peças anatômicas (membros) do ser humano; produto de

fecundação sem sinais vitais, com peso menor que 500 gramas ou

estatura menor que 25 centímetros ou idade gestacional menor que

20 semanas, que não tenham valor científico ou legal e não tenha

havido requisição pelo paciente ou familiares.

A4

Kits de linhas arteriais, endovenosas e dialisadores, quando

descartados.

Filtros de ar e gases aspirados de área contaminada; membrana

filtrante de equipamento médico-hospitalar e de pesquisa, entre

outros similares.

Sobras de amostras de laboratório e seus recipientes contendo

fezes, urina e secreções, provenientes de pacientes que não

contenham e nem sejam suspeitos de conter agentes Classe de

Risco 4, e nem apresentem relevância epidemiológica e risco de

disseminação, ou microrganismo causador de doença emergente

que se torne epidemiologicamente importante ou cujo mecanismo

de transmissão seja desconhecido ou com suspeita de

contaminação com príons.

Resíduos de tecido adiposo proveniente de lipoaspiração,

lipoescultura ou outro procedimento de cirurgia plástica que gere este

tipo de resíduo.

Recipientes e materiais resultantes do processo de assistência à

saúde, que não contenha sangue ou líquidos corpóreos na forma

livre.

Peças anatômicas (órgãos e tecidos) e outros resíduos provenientes

de procedimentos cirúrgicos ou de estudos anátomo-patológicos ou

de confirmação diagnóstica.

Page 20: Revisão sobre resíduos de serviços de saúde

19

Carcaças, peças anatômicas, vísceras e outros resíduos

provenientes de animais não submetidos a processos de

experimentação com inoculação de microorganismos, bem como

suas forrações.

Bolsas transfusionais vazias ou com volume residual pós-transfusão.

A5

Órgãos, tecidos, fluidos orgânicos, materiais perfurocortantes ou

escarificantes e demais materiais resultantes da atenção à saúde de

indivíduos ou animais, com suspeita ou certeza de contaminação

com príons.

GRUPO B

Resíduos contendo substâncias químicas que podem apresentar

risco à saúde pública ou ao meio ambiente, dependendo de suas

características de inflamabilidade, corrosividade, reatividade e

toxicidade.

Produtos hormonais e produtos antimicrobianos; citostáticos;

antineoplásicos; imunossupressores; digitálicos; imunomoduladores;

anti-retrovirais, quando descartados por serviços de saúde,

farmácias, drogarias e distribuidores de medicamentos ou

apreendidos e os resíduos e insumos farmacêuticos dos

Medicamentos controlados pela Portaria MS 344/98 e suas

atualizações.

Resíduos de saneantes, desinfetantes, desinfestantes; resíduos

contendo metais pesados; reagentes para laboratório, inclusive os

recipientes contaminados por estes.

Efluentes de processadores de imagem (reveladores e fixadores).

Efluentes dos equipamentos automatizados utilizados em análises

clínicas

Demais produtos considerados perigosos, conforme classificação da

NBR 10.004 da ABNT (tóxicos, corrosivos, inflamáveis e reativos).

GRUPO C

Quaisquer materiais resultantes de atividades humanas que

contenham radionuclídeos em quantidades superiores aos limites de

isenção especificados nas normas do CNEN e para os quais a

reutilização é imprópria ou não prevista.

Enquadram-se neste grupo os rejeitos radioativos ou contaminados

com radionuclídeos, provenientes de laboratórios de análises

clinicas, serviços de medicina nuclear e radioterapia, segundo a

resolução CNEN-6.05.

GRUPO D

Resíduos que não apresentem risco biológico, químico ou

radiológico à saúde ou ao meio ambiente, podendo ser

equiparados aos resíduos domiciliares.

Page 21: Revisão sobre resíduos de serviços de saúde

20

papel de uso sanitário e fralda, absorventes higiênicos, peças

descartáveis de vestuário, resto alimentar de paciente, material

utilizado em anti-sepsia e hemostasia de venóclises, equipo de

soro e outros similares não classificados como A1;

sobras de alimentos e do preparo de alimentos;

resto alimentar de refeitório;

resíduos provenientes das áreas administrativas;

resíduos de varrição, flores, podas e jardins;

resíduos de gesso provenientes de assistência à saúde;

GRUPO E

Materiais perfurocortantes ou escarificantes, tais como: Lâminas

de barbear, agulhas, escalpes, ampolas de vidro, brocas, limas

endodônticas, pontas diamantadas, lâminas de bisturi, lancetas;

tubos capilares; micropipetas; lâminas e lamínulas; espátulas; e

todos os utensílios de vidro quebrados no laboratório (pipetas, tubos

de coleta sanguínea e placas de Petri) e outros similares.

(BRASIL, 2004)

Definem-se como geradores de RSS todos os serviços relacionados com o

atendimento à saúde humana ou animal, inclusive os serviços de assistência

domiciliar e de trabalhos de campo; laboratórios analíticos de produtos para saúde;

necrotérios, funerárias e serviços onde se realizem atividades de embalsamamento

(tanatopraxia e somatoconservação); serviços de medicina legal; drogarias e

farmácias inclusive as de manipulação; estabelecimentos de ensino e pesquisa na

área de saúde; centros de controle de zoonoses; distribuidores de produtos

farmacêuticos, importadores, distribuidores e produtores de materiais e controles

para diagnóstico in vitro; unidades móveis de atendimento à saúde; serviços de

acupuntura; serviços de tatuagem, dentre outros similares (BRASIL. 2004).

2.3 ASPECTOS LEGAIS

Há diferentes entidades regulamentando os resíduos, como a Associação

Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), o Conselho Nacional do Meio Ambiente

(CONAMA), a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), os governos

estaduais e municipais, com legislações próprias e específicas sobre o

gerenciamento dos resíduos de serviços de saúde, estabelecendo normas para o

seu manejo (OLIVEIRA, 2007).

As diretrizes necessárias para garantir o gerenciamento e o manejo

apropriado destes resíduos nos estabelecimentos de saúde estão apresentadas nas

recomendações da ANVISA, RDC 306, de 2004, e do CONAMA, Resolução 358, de

2005 (GONÇALVES et al, 2011).

Enquanto a ANVISA foca a saúde pública e prevenção de acidentes, a

CONAMA foca o Meio Ambiente e controle da poluição aquática (GIL et al, 2007).

Page 22: Revisão sobre resíduos de serviços de saúde

21

Outras normas de referência incluem:

• NBR 12807 – Resíduos de serviços de saúde –

Terminologia

• NBR 12808 – Resíduos de serviços de saúde –

Classificação

• NBR 12809 – Manuseio de Resíduos de serviços de saúde –

Procedimentos

• NBR 12810 – Coleta de Resíduos de serviços de saúde –

Procedimentos

• NBR 9190 – Sacos plásticos para acondicionamento de Lixo

– Classificação

• NBR 9191 – Sacos plásticos para acondicionamento de Lixo

– Especificação

• NBR 10004 – Resíduos Sólidos – Classificação

• NBR 7500 – Símbolos de risco e manuseio para o transporte

e armazenamento de material – Simbologia

• Resolução CNEN-NE–6.05 – Gerência de rejeitos

radioativos em instalações

• NBR 12235 – Armazenamento de Resíduos Sólidos

Perigosos – Procedimento

• NBR 13221 – Transporte de Resíduos – Procedimento Bem

como as Normas Regulamentadoras do Ministério do Trabalho

• NR-9 – Programa de Prevenção de Riscos Ambientais

• NR-15 – Atividades e operações Insalubres (GIL et al,

2007).

A Resolução do Conama nº 358 de 29/04/2005 que dispõe sobre o tratamento

e a disposição final dos RSS e, portanto, aplica-se a todos os serviços relacionados

com o atendimento à saúde humana ou animal (BRASIL, 2005).

A norma brasileira NBR 10004/2004 (ABNT, 2004) que atribui a

responsabilidade do gerenciamento de RSS ao estabelecimento de saúde, desde a

geração até a disposição final (art 1º), bem como a necessidade de se elaborar e

implantar o Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde – PGRSS

(art 4º).

2.4 RISCOS POTENCIAIS

Para a comunidade científica e entre os órgãos federais responsáveis pela

definição das políticas públicas pelos resíduos de serviços saúde (ANVISA e

CONAMA) esses resíduos representam um potencial de risco em duas situações:

a) para a saúde ocupacional de quem manipula esse tipo de resíduo, seja o

pessoal ligado à assistência médica ou médico-veterinária, seja o pessoal ligado ao

setor de limpeza e manutenção;

Page 23: Revisão sobre resíduos de serviços de saúde

22

b) para o meio ambiente, como decorrência da destinação inadequada de

qualquer tipo de resíduo, alterando as características do meio (BRASIL, 2006).

A avaliação do risco é um processo analítico muito útil, que gera valiosas

contribuições para a gestão do risco, da saúde pública e para a tomada de decisões

de política ambiental. Administrar de forma eficaz os riscos à saúde, associados ao

vasto espectro da poluição gerada pelas atividades antrópicas, é um dos grandes

desafios a serem enfrentados pelas políticas públicas (NAIME; SATOR; GARCIA,

2004).

Alguns autores consideram exagerada a preocupação com os resíduos de

serviços de saúde. Zanon; Rutala; Mayhall argumentam que os resíduos de serviços

de saúde não constituem risco infeccioso para a comunidade e o meio ambiente, já

que não há evidências científicas comprovando a existência de nexo causal entre o

contato com o resíduo e a aquisição de doenças. Segundo esses autores para a

indução de uma doença infecciosa, são necessários vários fatores, que incluem:

presença de um patógeno, dose de inoculação, virulência do patógeno,

suscetibilidade do hospedeiro, e o fator mais comumente ausente uma porta de

entrada no hospedeiro. Portanto de acordo com esses autores, para um resíduo

apresentar risco infeccioso, ele deve conter patógenos com virulência e quantidade

suficientes de modo que a exposição de um hospedeiro suscetível aos resíduos

possa resultar em uma doença infecciosa (GARCIA; ZANETTI – RAMOS, 2003).

A Associação Paulista de Controle de Infecção Hospitalar (APCIH, 1999)

realizou estudos, indicando que as causas determinantes de ocorrências em

usuários dos serviços médicos são:

50% devido ao desequilíbrio da flora bacteriana do corpo do paciente já

debilitado;

30% devido ao despreparo dos profissionais que prestam assistência médica;

10% devido a instalações físicas inadequadas, que proporcionam a ligação

entre áreas consideradas sépticas e não sépticas, possibilitando a

contaminação ambiental,

10% devido ao mau gerenciamento dos resíduos sólidos dos serviços de

saúde (NAIME; SATOR; GARCIA, 2004).

Segundo Ferreira & Anjos , afirmações a respeito da ausência de riscos dos

resíduos de serviços de saúde não podem servir de justificativa para que as

instituições de saúde não estabeleçam procedimentos gerenciais que reduzam os

riscos associados a tais resíduos (GARCIA; ZANETTI – RAMOS, 2003).

Silva et al. verificaram que há possibilidade de agravos à saúde humana e

ambiental associados a diferentes microrganismos patogênicos, ressaltando o risco

à exposição biológica quando prevalece o gerenciamento inadequado dos resíduos

de serviços de saúde, dentro e fora dos serviços de saúde (GARCIA; ZANETTI –

RAMOS, 2003).

Page 24: Revisão sobre resíduos de serviços de saúde

23

3 PLANO DE GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS DE SERVIÇOS DE SAÚDE

O Plano de Gerenciamento dos Resíduos de Serviços de Saúde (PGRSS) é o

documento que aponta e descreve as ações relativas ao manejo de resíduos

sólidos, que corresponde às etapas de: segregação, acondicionamento,

coleta,armazenamento, transporte, tratamento e disposição final. Deve considerar as

características e riscos dos resíduos, as ações de proteção à saúde e ao meio

ambiente e os princípios da biossegurança de empregar medidas técnicas

administrativas e normativas para prevenir acidentes (BRASIL, 2006).

O PGRSS deve contemplar medidas de envolvimento coletivo. O

planejamento do programa deve ser feito em conjunto com todos os setores

definindo-se responsabilidades e obrigações de cada um em relação aos riscos

(BRASIL, 2006).

O PGRSS abrange todas as etapas de planejamento dos recursos físicos e

materiais e da capacitação dos recursos humanos envolvidos no manejo dos RSS. A

implantação está baseada na conscientização de todos os colaboradores, da

adequação do manejo e do levantamento e análise de riscos em relação aos

resíduos gerados. O manejo corresponde a um conjunto de medidas para gerenciar

os resíduos em seus aspectos internos e extra laboratório, desde a geração até a

disposição final. Dele constam as seguintes etapas: geração, segregação,

acondicionamento, coleta, armazenamento, transporte, tratamento e disposição final

(GONÇALVES, 2011).

O gerenciamento dos RSS constitui-se em um conjunto de procedimentos de

gestão, planejados e implementados a partir de bases científicas e técnicas,

normativas e legais, com o objetivo de minimizar a produção de resíduos e

proporcionar aos resíduos gerados, um encaminhamento seguro, de forma eficiente,

visando à proteção dos trabalhadores, a preservação da saúde pública, dos recursos

naturais e do meio ambiente (BRASIL, 2004).

O gerenciamento deve abranger todas as etapas de planejamento dos

recursos físicos, dos recursos materiais e da capacitação dos recursos humanos

envolvidos no manejo dos RSS (BRASIL, 2004).

A principal regra a ser adotada para o gerenciamento dos resíduos é a da

responsabilidade objetiva, isto é, quem gera o resíduo torna-se responsável pelo

mesmo (NOLASCO; TAVARES; BENDASSOLLI, 2006)

De acordo com a resolução 415/04 do Conselho Federal de Farmácia: “é

atribuição do farmacêutico a responsabilidade pela consultoria para elaboração do

plano de gerenciamento de resíduos de serviço de saúde, pela elaboração,

implantação, execução, treinamento e gerenciamento dos Resíduos de Serviço de

Saúde, desde a geração até a disposição final, de forma a atender aos requisitos

ambientais e de saúde coletiva, sem prejuízo da responsabilidade civil solidária,

penal e administrativa de outros sujeitos envolvidos”.

Page 25: Revisão sobre resíduos de serviços de saúde

24

No PGRSS há quatro pontos importantes a serem compreendidos: as cinco

categorias de resíduos (A, B, C, D, E), as seis fases do manuseio (segregação,

acondicionamento, identificação, armazenamento, transporte e destinação final), os

treinamentos e o monitoramento (GONÇALVES, 2011).

Page 26: Revisão sobre resíduos de serviços de saúde

25

4 ETAPAS DO GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS DE SERVIÇOS DE SAÚDE

4.1 SEGREGAÇÃO

A segregação dos resíduos na fonte geradora é determinante no processo de

tratamento de resíduos, pois possibilita que sejam classificados conforme normas

técnicas e conforme preconizado pela legislação. Assim, evita-se a contaminação de

resíduos que são recicláveis, como exemplo material de embalagem. Além disso,

para cada tipo de resíduo deve ser dado um tratamento diferenciado. Quanto melhor

a segregação, melhor será a possibilidade de tratamento. A segregação dos

resíduos em diferentes correntes ou categorias tem como principal objetivo o de

facilitar o seu tratamento e disposição final. Via de regra, quem determina o número

e a natureza das categorias de resíduos dentro de uma unidade geradora é o

destinatário final desses resíduos, ou seja, quase sempre um incinerador. Assim,

antes de se decidir pela segregação interna dos resíduos, é importante ter em mente

qual será o seu destino final. (JARDIM, 1998 aput FALQUETO; KLIGERMAN;

ASSUMPÇÃO).

O fenômeno da descartabilidade é o responsável pelo aumento cada vez maior

do volume de resíduos em estabelecimentos de saúde, determinando que as ações

sejam implementadas no sentido de haver uma segregação na origem da geração

(NAIME; SATOR; GARCIA, 2004).

Para que a segregação dos resíduos seja eficiente, é necessária uma

classificação prévia dos resíduos a serem separados. Deve ser estabelecida uma

hierarquia em função das características dos materiais, considerando as questões

operacionais, ambientais e sanitárias. A segregação em várias categorias é

recomendada como meio de assegurar que cada um receba apropriado e seguro

manejo, tratamento e disposição final (NAIME; SATOR; GARCIA, 2004).

A segregação é uma das operações fundamentais para permitir o cumprimento dos objetivos de um sistema eficiente de manuseio de resíduos e consiste em separar ou selecionar apropriadamente os resíduos segundo a classificação adotada. Essa operação deve ser realizada na fonte de geração,condicionada à prévia capacitação do pessoal de serviço (OPAS, 1997).

A segregação deve ser feita de modo bem criterioso, a fim de se evitar acidentes

decorrentes de incompatibilidades químicas, tais como combustão, explosão,

formação de gases tóxicos, corrosão, entre outros (FOSTER, 2005 aput GIL et al,

2007).

4.2 IDENTIFICAÇÃO

Page 27: Revisão sobre resíduos de serviços de saúde

26

Consiste no conjunto de medidas que permite o reconhecimento dos resíduos

contidos nos sacos e recipientes, fornecendo informações ao correto manejo dos

RSS (BRASIL, 2006).

Os recipientes de coleta interna e externa, assim como os locais de

armazenamento onde são colocados os RSS, devem ser identificados em local de

fácil visualização, de forma indelével, utilizando símbolos, cores e frases, além de

outras exigências relacionadas à identificação de conteúdo e aos riscos específicos

de cada grupo de resíduos (BRASIL, 2006).

Tabela 1: Símbolos de Identificação dos grupos de resíduos

Os resíduos de grupo A são identificados pelo símbolo de substância infectante, com rótulos de fundo branco, desenho e contornos pretos.

Os resíduos do grupo B são identificados através do símbolo de risco associado e com discriminação de substância química e frases de risco.

Os rejeitos do grupo C são representados pelo símbolo internacional de presença de radiação ionizante (trifólio de cor magenta) em rótulos fde fundo amarelo e contornos pretos, acrescido da expressão MATERIAL RADIOATIVO.

Os resíduos do grupo D podem ser destinados à reciclagem ou à reutilização. Quando adotada a reciclagem, sua identificação deve ser feita nos recipientes e nos abrigos de guarda de recipientes, usando o código de cores e suas correspondentes nomeações baseadas na Resolução do CONAMA nº 275/01, e símbolos de tipo de material reciclável.

Para os demais resíduos do grupo D deve ser utilizada a cor cinza ou preta nos recipientes. Pode ser seguida de cor determinada pela Prefeitura. Caso não exista processo de segregação para reciclagem, não há exigência para a padronização destes recipientes

Os produtos do grupo E são identificados pelo símbolo de substância infectante, com rótulos de fundo branco, desenho e contornos pretos, acrescido da inscrição de RESÍDUO PERFUROCORTANTE, indicando o risco que apresenta o resíduo.

RESÍDUO PERFUROCORTANTE

Fonte: BRASIL, 2006

Page 28: Revisão sobre resíduos de serviços de saúde

27

4.3 ACONDICIONAMENTO

Consiste no ato de embalar os resíduos segregados, em sacos ou recipientes

que evitem vazamentos e resistam às ações de punctura e ruptura. A capacidade

dos recipientes de acondicionamento deve ser compatível com a geração diária de

cada tipo de resíduo (BRASIL,2004).

Os resíduos sólidos devem ser acondicionados em saco constituído de material

resistente a ruptura e vazamento, impermeável, baseado na NBR 9191/2000 da

ABNT, respeitados os limites de peso de cada saco, sendo proibido o seu

esvaziamento ou reaproveitamento.

Os sacos devem estar contidos em recipientes de material lavável, resistente à

punctura, ruptura e vazamento, com tampa provida de sistema de abertura sem

contato manual, com cantos arredondados e ser resistente ao tombamento (BRASIL,

2006).

Os recipientes de acondicionamento existentes nas salas de cirurgia e nas salas

de parto não necessitam de tampa para vedação (BRASIL, 2006).

Os resíduos líquidos devem ser acondicionados em recipientes constituídos de

material compatível com o líquido armazenado, resistentes, rígidos e estanques,

com tampa rosqueada e vedante (BRASIL, 2006).

A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) dispõe de várias normas

técnicas relacionadas aos sacos plásticos, que devem ser consultadas: NBR

9191/2002; NBR 9195/1993; NBR 9196/1993; NBR 9197/1993; NBR 13055/1993 e

NBR 13056/1993 (NAIME; SATOR; GARCIA, 2004).

4.4 COLETA

A coleta consiste em transferir os resíduos em forma segura e rápida das fontes

de geração até local destinado para seu armazenamento temporário.

As principais recomendações que se deve implementar e cumprir

são as seguintes:

• Devem-se utilizar carros de tração manual com amortecedores

e pneus de borracha.

• O carro deve ser projetado de tal forma que assegure

hermetismo, impermeabilidade, facilidade de limpeza, drenagem e

estabilidade, visando a evitar acidentes por derramamento dos

resíduos, acidentes ou danos à população hospitalar. Os carros

devem ter, de preferência, portas laterais e estar devidamente

identificados com símbolos de segurança.

• Devem-se estabelecer turnos, horários e a freqüência de coleta.

• Deve-se sinalizar de forma apropriada o itinerário da coleta e

utilizar o que for riscos de contaminação.

• Deve-se evitar o emprego de ductos internos.

Page 29: Revisão sobre resíduos de serviços de saúde

28

• É preferível diferenciar a coleta, isto é, executá-la com

itinerários e horários diferentes segundo o tipo de resíduo.

• Os resíduos especiais e alguns recicláveis devem ser coletados

de forma separada segundo as características do resíduo.

• Os carros para a coleta interna devem ser lavados e

desinfetados no final de cada operação. Além disso, devem ter

manutenção preventiva (OPAS, 1997).

4.5 TRATAMENTO

Segundo a RDC 306/04 da ANVISA: “Consiste na aplicação de método, técnica

ou processo que modifique as características dos riscos inerentes aos resíduos,

reduzindo ou eliminando o risco de contaminação, de acidentes ocupacionais ou de

dano ao meio ambiente. O tratamento pode ser aplicado no próprio estabelecimento

gerador ou em outro estabelecimento, observadas nestes casos, as condições de

segurança para o transporte entre o estabelecimento gerador e o local do

tratamento. Os sistemas para tratamento de resíduos de serviços de saúde

devem ser objeto de licenciamento ambiental, de acordo com a Resolução

CONAMA nº. 237/1997 e são passíveis de fiscalização e de controle pelos

órgãos de vigilância sanitária e de meio ambiente.”

De acordo com a Resolução CONAMA 05/93, compreende-se por sistema de

tratamento de resíduos sólidos o “conjunto de unidades, processos e procedimentos

que alteram as características físicas, químicas ou biológicas dos resíduos e

conduzem à minimização do risco à saúde pública e à qualidade do meio ambiente”.

Segundo TAKAYANAGUI, 1993 as formas de tratamento comumente conhecidas

são:

Incineração;

Esterilização a vapor (em Autoclave);

Inativação térmica;

Esterilização por gases;

Radiações ionizantes;

Uso de microondas;

4.6 DESTINAÇÃO FINAL

Entende-se por disposição ou destino final de RSS o confinamento desses

resíduos em vala séptica ou, depois de haverem sido submetidos a um tratamento

como a desinfecção, esterilização ou incineração, em aterro sanitário (BRASIL,

2001).

Pela confinação em valas sépticas, “os RSS, sem sofrer compactação a fim de

não romper os invólucros que os acondicionam, são tratados através de reação

Page 30: Revisão sobre resíduos de serviços de saúde

29

exotérmica (cal virgem e água), sendo em seguida recobertos por terra” (BRASIL,

2001).

A Figura 1 mostra um esquema operacional de Valas Sépticas.

Figura 1: Esquema Operacional de Valas Sépticas - Fonte: BRASIL, 2001

A NBR 8.419/1992 define Aterro sanitário como: a técnica de disposição de

resíduos sólidos urbanos no solo, sem causar danos à saúde pública e à sua

segurança, minimizando os impactos ambientais, método este que utiliza princípios

de engenharia para confinar os resíduos sólidos à menor área possível e reduzi-los

ao menor volume permissível, cobrindo-os com uma camada de terra na conclusão

de cada jornada de trabalho, ou a intervalos menores, se necessário. O projeto deve

ser elaborado para a implantação de um aterro sanitário que deve contemplar todas

as instalações fundamentais ao bom funcionamento e ao necessário controle

sanitário e ambiental durante o período de operação e fechamento do aterro.

A Figura 2 mostra um esquema operacional de um Aterro Sanitário.

Figura 2: esquema peracional de um Aterro Sanitário - Fonte: BRASIL, 2001

Page 31: Revisão sobre resíduos de serviços de saúde

30

5 TRATAMENTO DE RESÍDUOS QUÍMICOS E BIOLÓGICOS

Entende-se por tratamento dos resíduos sólidos, de forma genérica,

quaisquer processos manuais, mecânicos, físicos, químicos ou biológicos que

alterem as características dos resíduos, visando à minimização do risco à saúde, a

preservação da qualidade do meio ambiente, a segurança e a saúde do trabalhador

(BRASIL, 2006).

Camargo et al., 2009 relataram que os resíduos do grupo B são resíduos

contendo substâncias químicas que apresentam risco à saúde ou ao meio

ambiente, dependendo de suas características de inflamabilidade, corrosividade,

reatividade e toxicidade e que as características dos riscos destas substâncias são

as contidas na Ficha de Informações de Segurança de Produtos Químicos (FISPQ),

conforme NBR 14725 da ABNT e Decreto/PR 2657/98. A FISPQ (Ficha de

Informações de Segurança de Produto Químico) não se aplica aos produtos

farmacêuticos e cosméticos. Resíduos químicos que apresentam risco à saúde ou

ao meio ambiente, quando não forem submetidos a processo de reutilização,

recuperação ou reciclagem, devem ser submetidos a tratamento ou disposição final

específicos. As embalagens e materiais contaminados por substâncias químicas que

apresentem risco a saúde e ao meio ambiente, devem ser tratados da mesma forma

que a substância que as contaminou.

O Grupo E, apesar de ser uma classe a parte, apresenta características de

potencial risco biológico, semelhante aos resíduos do Grupo A (SOUZA, 2011).

De acordo com o documento Technical Assistance Manual: State Regulatory

Oversight of Medical Waste Treatment Technology, da EPA, EUA, existem diversos

níveis de inativação microbiana. Para as tecnologias de tratamento de resíduos de

serviços de saúde, é necessário atingir pelo menos o nível III (BRASIL, 2006).

Segundo a RESOLUÇÃO N. 358, de 29 de Abril de 2005 do CONAMA, os

resíduos do grupo A devem ser submetidos a processos de tratamento em

equipamento que promova redução de carga microbiana compatível com nível III de

inativação microbiana.

Page 32: Revisão sobre resíduos de serviços de saúde

31

Tabela 2 mostra os níveis de inativação microbiana de acordo com a

Environment Protection Agency - EPA, EUA

Tabela 2: Níveis de inativação microbiana de acordo com a Environment Protection Agency - EPA, EUA

Nível de Inativação

Descrição

Nível 1 Inativação de bactérias vegetativas, fungos e vírus lipofílicos com uma redução maior ou igual a 6 Log10

Nível 2 Inativação de bactérias vegetativas, fungos e vírus lipofílicos e hidrofílicos, parasitas e microbactérias com uma redução maior

ou igual a 6 Log10

Nível 3 Inativação de bactérias vegetativas, fungos e vírus lipofílicos e hidrofílicos, parasitas e microbactérias com uma redução maior

ou igual a 6 Log10 e inativação de esporos de B. staerotermophilus ou B. subtilis com uma redução maior ou igual

a 4 Log10

Nível 4 Inativação de bactérias vegetativas, fungos e vírus lipofílicos e hidrofílicos, parasitas e microbactérias e inativação de esporos de

B. staerotermophilus ou B. subtilis com uma redução maior ou igual a 6 Log10

Fonte: BRASIL, 2006.

5.1 PRINCIPAIS TIPOS DE TRATAMENTO

Tabela 3: Formas e tipos de tratamento do RSS em várias regiões e

municípios brasileiros.

Total Incinerador Queima a céu aberto

Micro-ondas

Forno Auto-clave

Outro Sem trata-mento

Brasil 4469 1379 616 76 131 763 291 1856

Norte 304 48 69 - 10 01 23 164

Nordeste 1309 276 439 - 48 06 75 519

Sudeste 1492 488 68 57 38 285 99 686

Sul 997 487 01 19 05 461 67 292

Centro - Oeste

367 80 39 - 30 10 27 195

Fonte: IBGE, 2008

Observa-se que aproximadamente 56% dos municípios brasileiros não tratam

de seus resíduos de serviços de saúde.

Page 33: Revisão sobre resíduos de serviços de saúde

32

Tabela 4: Resumo dos métodos de tratamentos e recomendados segundo o

grupo de RSS perigoso:

Métodos de Tratamento Grupo de RSS

Grupo A

Risco Biológico

Grupo B

Risco Químico

Incineração X X

Autoclave X

Tratamento Químico X

Microondas X

Fonte: Guía de Capacitación - Gestión y Manejo de Desechos Sólidos

Hospitalarios (1996) apud BRASIL, 2001.

5.1.1 INCINERAÇÃO

É um processo de tratamento de resíduos sólidos que se define como a

reação química em que os materiais orgânicos combustíveis são gaseificados, num

período de tempo prefixado. O processo se dá pela oxidação dos resíduos com a

ajuda do oxigênio contido no ar (BRASIL, 2006).

A incineração dos resíduos é um processo físico-químico de oxidação a

temperaturas elevadas que resulta na transformação de materiais com redução de

volume dos resíduos, destruição de matéria orgânica, em especial de organismos

patogênicos (BRASIL, 2006).

A concepção de incineração em dois estágios segue os seguintes princípios:

temperatura, tempo de resistência e turbulência. No primeiro estágio, os resíduos na

câmara de incineração de resíduos são submetidos a temperatura mínima de 800ºC,

resultando na formação de gases que são processados na câmara de combustão.

No segundo estágio, as temperaturas chegam a 1000ºC-1200ºC (BRASIL, 2006).

Os incineradores podem queimar a maioria dos resíduos sólidos perigosos,

incluindo os farmacêuticos e os químicos orgânicos, exceto os resíduos radioativos e

os recipientes pressurizados (BRASIL, 2001).

Os incineradores modernos são equipados com duas câmaras de combustão

(primária e secundária) providas de queimadores capazes de alcançar a combustão

completa dos resíduos e uma ampla destruição das substâncias químicas nocivas e

tóxicas (dioxinas, furanos, etc.). Na câmara de combustão secundária se alcançam

temperaturas em torno de 1.100ºC e se opera com um tempo de permanência de, no

mínimo, dois segundos. Para tratar o fluxo de gases e as partículas arrastadas,

antes de serem liberadas na atmosfera, são agregadas torres de lavagem química,

ciclones, filtros, etc (BRASIL, 2001).

De acordo com o Guia de capacitación: Gestión y manejo de desechos

sólidos hospitalarios (1998) apud SOUZA, 2011, a incineração apresenta

algumas vantagens e desvantagens. Algumas vantagens são descritas a seguir:

Page 34: Revisão sobre resíduos de serviços de saúde

33

Pode ser utilizado para qualquer tipo de resíduo infectante, e mesmo

para alguns resíduos especiais e é possível ser utilizado sem

necessidade de segregação intra hospitalar;

Resíduos químicos e farmacêuticos também podem ser tratados sob

certas condições;

Reduz em cerca de 15% o peso dos resíduos, e seu volume

final é reduzido potencialmente, em cerca de 80% a 95% ;

Elimina características repugnantes dos resíduos patológicos e de

animais os, além disso, os restos ficam irreconhecíveis,

descaracterizados e definitivamente não recicláveis;

Destruição de qualquer material que contém carbono orgânico,

inclusive os patogênicos;

Resíduos anatomopatológicos também podem ser tratados;

Pode ser operado independente das condições meteorológicas;

Necessita de área proporcionalmente reduzida;

Possibilita o aumento da vida útil dos aterros sanitários;

Possibilita a recuperação de energia; e

Evita o monitoramento do lençol freático em longo prazo, visto que os

resíduos são destruídos.

No entanto, algumas desvantagens também são inerentes ao

processo, tais como:

Custo de implantação do sistema é duas ou três vezes mais do que

qualquer outro;

Necessita alto custo de funcionamento pelo consumo de

combustível;

Dificuldade de manutenção e operação, exigindo pessoal

especializado;

Dificuldade de queima de resíduos com umidade alta;

Possibilidade de risco de emissões de substâncias tóxicas na

atmosfera, gerando uma dificuldade no controle desses efluentes

gasosos, como dioxinas, furanos, partículas metálicas, se o

incinerador não for bem projetado e operado;

Os resíduos de serviço de saúde apresentam teores de enxofre e

cloretos que podem produzir dióxido de enxofre e ácido clorídrico na

reação de combustão, tais produtos surgirão dos gases expelidos

pela chaminé em incineradores mal projetados ou operados.

Grandes investimentos em medidas de controle ambiental;

A variabilidade da composição dos resíduos pode resultar em

problemas de manuseio de resíduo e operação do incinerador e,

também exigir manutenção mais intensa;

O tratamento dos resíduos através do processo de incineração deve atender

todas as exigências legais e ambientais, segundo a Resolução do CONAMA 316 de

29/10/2002, que dispõe sobre procedimentos e critérios para o funcionamento de

sistemas de tratamento térmico de resíduos, para que não apresentem resíduos

deletérios à saúde, tanto nos efluentes sólidos, gasosos, como nos líquidos, durante

o processo. Para atender a essas exigências o equipamento tem um custo bastante

Page 35: Revisão sobre resíduos de serviços de saúde

34

elevado, não só no investimento inicial, mas na sua constante manutenção, além de

exigir mão-de-obra especializada (OLIVEIRA, 2010).

5.1.2 AUTOCLAVE

É um tratamento que consiste em manter a matéria contaminado em contato

com vapor de água, a uma temperatura elevada durante período de tempo suficiente

para destruir potenciais agente patogênicos ou reduzi-los a um nível que não

constitua risco. O processo de autoclavagem inclui ciclos de compressão e de

descompressão de forma facilitar o contato entre o vapor e os resíduos. Os valores

usuais de pressão são da ordem dos 3 a 3,5 bar e a temperatura atinge os 135ºC.

Este processo tem a vantagem de ser familiar aos técnicos de saúde, que o utilizam

para processar diversos tipos de materiais hospitalares (BRASIL, 2006).

A autoclavagem é constituída das seguintes operações:

Pré-vácuo: São criadas condições de pressão negativa de forma que,

na fase posterior, o vapor entre mais facilmente em contato com os

materiais que estão sendo esterilizados.

Admissão de vapor: Introdução de vapor na autoclave , seguido pelo

aumento gradual da pressão, de forma a criar condições para o

contato entre a água superaquecida e o material, e para facilitar sua

penetração nos invólucros, dando acesso a todas as superfícies.

Esterilização: Manutenção da temperatura e pressão elevadas

durante certo período de tempo, até se concluir o processo. De

acordo com a carga o operador deve definir o tempo e a temperatura

de cada ciclo.

Exaustão lenta: Liberação gradual do vapor que passa por um filtro

com poros finos o suficiente para evitar a passagem de qualquer

microorganismo para o exterior da autoclave, e permitir a diminuição

gradual da pressão até que seja atingida menos de uma atmosfera.

Arrefecimento de carga: Arrefecimento de carga até uma temperatura

que permita a retirada do material da autoclave.

(REBELATO, 2006 apud OLIVEIRA, 2010)

São vantagens na esterilização a vapor:

Alto grau de eficiência;

É um equipamento simples de operar;

É um equipamento conceitualmente similar a outros normalmente utilizados

em estabelecimentos de saúde (autoclaves para esterilização).

Entre as desvantagens, estão:

Não reduz o volume dos resíduos tratados;

Pode produzir maus odores e gerar aerossóis;

É necessário utilizar recipientes ou bolsas termo - resistentes que têm custos

relativamente elevados;

Page 36: Revisão sobre resíduos de serviços de saúde

35

Não é conveniente para resíduos anatômicos pois continuam sendo

reconhecíveis depois do tratamento;

Os aparatos de vapores são escassamente utilizados em países tropicais, de

tal maneira que não há familiaridade com os riscos que implicam (BRASIL,

2001).

A Figura 3 mostra uma Autoclave Vertical.

Figura 3: Autoclave - Fonte: contanatura.weblog.com.pt

5.1.3 TRATAMENTO QUÍMICO

Processo em que os resíduos são mergulhados em solução química

desinfetante, que destrói agentes infecciosos. Os resíduos líquidos são despejados

em sistemas de esgoto e os resíduos sólidos secos resultantes, são dispostos em

aterro sanitário. No entanto, as recomendações para seu uso referem-se mais à

desinfecção de utensílios e superfícies do que de resíduos, sendo necessário um

monitoramento de cada lote dos produtos utilizados para maior garantia. O maior

inconveniente é que este processo usa produtos tóxicos e deixa resíduos tanto ou

mais perigosos para o meio ambiente, além de seu emprego estar associado a altos

riscos ocupacionais. São contra-indicados para resíduos anatomopatológicos,

animais contaminados e outros e pela natureza dos resíduos, pois estes agentes

são ineficazes na presença de excesso de matéria orgânica (BERTUSSI FILHO,

1994 apud OLIVEIRA, 2010).

São vantagens na desinfecção química:

Baixo custo;

Pode ser realizada na fonte de geração.

Entre as desvantagens estão:

Pode ser ineficaz contra patogênicos resistentes a determinados químicos;

As oportunidades de desinfetar quimicamente o interior de uma agulha ou de

uma seringa são muito baixas;

Pode aumentar os riscos, porque há tendência a se considerar que os

resíduos tratados com desinfetantes são seguros;

Não reduz o volume dos resíduos tratados;

Page 37: Revisão sobre resíduos de serviços de saúde

36

A disposição do desinfetante utilizado no sistema de esgotamento sanitário

pode afetar o funcionamento do tratamento de águas residuárias, intervindo

no processo de degradação biológica (BRASIL, 2001).

5.1.4 MICROONDAS

É uma tecnologia relativamente recente de tratamento de resíduo de serviços

de saúde e consiste na descontaminação dos resíduos com emissão de ondas de

alta ou de baixa freqüência, a uma temperatura elevada (entre 95 e 105ºC). Os

resíduos devem ser submetidos previamente a processo de trituração e umidificação

(BRASIL, 2006).

A desinfecção por microondas é vantajosa por:

Alto grau de eficiência.

Entre as desvantagens estão:

Custo de instalação superior ao da autoclave;

Não é apropriado para tratar mais de 800 kg de resíduos;

Apresenta riscos de emissões de aerossóis que podem conter produtos

orgânicos perigosos;

Requer pessoal especializado e estritas normas de segurança (BRASIL,

2001).

A Tabela 5 mostra uma comparação das características de alguns processos

de tratamentos de RSS.

Page 38: Revisão sobre resíduos de serviços de saúde

37

Tabela 5: Comparação das características de alguns processos de tratamento de RSS

Fonte: Guía de Capacitación - Gestión y Manejo de Desechos Sólidos Hospitalarios (1996) apud BRASIL, 2001.

Processo

Redução volume

Eficiência Desinfecção

Impacto Ambiental

Capacitação Pessoal

Capacidade Tratamento

Custo Investimento

Custo Operação

Autoclave Baixa Alta Baixa Média Média - baixa Média Média

Tratamento Químico

Baixa Incompleta Média Média Média – Alta Média Média

Microondas Baixa Alta Baixa Alta Pequena unidade

Alta Alta

Incineração Alta Alta Baixa Alta Sem Limites Alta Alta

Page 39: Revisão sobre resíduos de serviços de saúde

38

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Devido ao desconhecimento sobre a legislação a cerca de RSS (Resíduos de

Serviços de Saúde) e o risco inerente ao descaso com os RSS, colocam

diariamente trabalhadores, população em geral e o meio ambiente em situação

de risco.

O tratamento dos RSS depende de seu certo gerenciamento que parte de

sua geração até a sua disposição final, sendo essa uma tarefa que integra toda

sociedade, poder público, comunidade e principalmente prestadores de serviços

de saúde.

Sendo assim é necessário o conhecimento das bases científicas e técnicas

normativas e legais por parte do profissional de saúde colocando assim em

prática nos estabelecimentos de saúde o PGRSS (Plano de Gerenciamento de

Resíduos de Serviços de Saúde).

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