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REUBER LANA ANTONIAZZI JUNIOR
Altura das árvores determina a distribuição de formigas no dossel de
uma floresta tropical seca: O caso das formigas arborícolas
dominantes e a formação dos mosaicos de formigas
Montes Claros, MG
Abril de 2015
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REUBER LANA ANTONIAZZI JUNIOR
Altura das árvores determina a distribuição de formigas no dossel de
uma floresta tropical seca: O caso das formigas arborícolas
dominantes e a formação dos mosaicos de formigas
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação Stricto Sensu em Ciências Biológicas
da Universidade Estadual de Montes Claros,
como um dos requisitos à obtenção do grau de
Mestre em Ciências Biológicas.
Orientador: Prof. Dr. Frederico de Siqueira Neves
Co-orientador: Prof. Dr. Sérvio Pontes Ribeiro
Montes Claros, MG
Abril de 2015
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Dedicatória
A todos aqueles que contribuem(íram)
direta ou indiretamente para a ciência,
dedico.
(...) I can think. I can wait. I can fast.
- And after that? Great times are coming! – He says.
I can't forget: think, wait, fast; always. (...)
Siddhartha (modified), Hermann Hesse
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Agradecimentos
Muita gente fez parte deste trabalho: A rede é enorme. São muitos vértices,
muitas interações; e não acaba aqui, longe disso, esta etapa é um novo começo;
renovado pelas parcerias que surgem e consolidado pelo resgate das antigas.
Professor Frederico Neves que, além de orientador, transformou-se em amigo,
parceiro, contribuiu muito para a minha formação ao longo desses dois anos; fico muito
grato pela confiança em me disponibilizar este belíssimo conjunto de dados: inédito,
fantástico. Ao Prof. Sérvio Pontes Ribeiro, por toda a amizade, ciência e disponibilidade
ao longo desses dois anos. Agradeço também ao Msc. Raphael Neiva Garro, peça
fundamental nesse processo, que, ao longo do seu mestrado, participou desde as coletas
até processamento do material e que dei continuidade aqui.
Agradeço a todos os envolvidos nas coletas (quatro árduas campanhas de
campo), foram tantos os envolvidos (professores, alunos), impossível citar todos os que
direta e indiretamente contribuíram: Dudú, Grazi, Rambo, Camilote, Luquete, Brown,
Créo, Luna, Fravim, Alessandra, Daniel, pessoal das outras coletas que compartilhou
daqueles dias de campo conosco: aves, vegetação... Agradeço ao Laboratório de
Ecologia Evolutiva, coordenado pelo Prof. Mário Marcos do Espírito Santo e ao
Laboratório de Ecologia e Propagação Vegetal, coordenado pela Profa. Yule Roberta
Ferreira Nunes pela identificação das espécies de árvores. Agradeço a cada um dos
envolvidos no processamento do material (triagem, montagem dos espécimes), e foram
muitos: Luquete, Lorena, Fábio Pacelhe, Lílian Suellen, Lorena Rosa, Ana, Tica, Caio,
Matheus, Mellina, sem vocês eu não teria conseguido finalizar, depois de tantas ajudas
isoladas, mutirões, isso foi possível. Agradeço ao Professor Magno Zazá (Magú) e Dr.
Newton Barbosa pelos apontamentos na qualificação.
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Aos professores do PPGCB/Unimontes, que tanto se dedicaram à minha
formação e à dos meus colegas: Marcílio, Maurício, Magú, Lemuca, Nésca, Ronaldo,
Dinho, Mário, Yule, Dario. A todo o pessoal de MoCcity. Começando pelos integrantes
da Zaca de Drape: Brown e Café, além da Leca. Aos colegas de sala: Bittencourt
(parceiro certo no kenturinha), Raquel, Renato, Thomáz, Paulo D’Angelis, Sara,
Bárbara Pacheco, Patrícia, Lucinélia, Tamires, Aline, Josy, Neto, Deisi, Francine,
Thiago e todos os outros, pelo convívio. Ao pessoal das resenhas dos laboratórios de
ecologia: Lôra, Luquete, André, Carol, Renata Xavier, João Cagão e todos os outros
colegas que tive o prazer de dividir aquele espaço, os momentos de café...
Ao LEI – Laboratório de Ecologia de Insetos e todos os seus integrantes: Dudú,
figura da melhor qualidade, presente desde as coletas até à revisão final do texto, não
precisa falar mais nada, valeu demais, é isso. Greeeeeemps (Fernanda Costa), da melhor
espécie, sempre me dando muita força, além das excelentes conversas e pelos excelentes
apontamentos e a rápida resposta nos dias de fechamento do texto. Spixo, apesar da
distância, parceiro sempre, pelos toques de escalada e pelos ótimos comentários, ainda
bem que calhou de estar por aqui no final dessa empreitada. Perillo e Cajurú, sempre
dispostos a ajudar no que for preciso, valeu demais por tudo meus amigos. À Lunita,
figura central na minha caminhada científica, desde as dicas no processo seletivo até
ajuda com o texto final, my brother! Bali-Ray, Arleu, Fábio, Alice, Ana, Lorena Rosa,
Lorena, Humberto, Marina Catão, Tica, Caio, Matheus, pelas trocas de experiêncas e
aprendizado. É muito legal ver a continuidade dos aprendizados, os mais novos
entendem o recado de quem está indo embora e dando continuidade a essa essência
única, que liga todos nós. Cotonete, meu amigo, obrigado por tudo nesses tempos,
nossas boas conversas e Marina Beirão, muito bom ter te conhecido. Ao Marcão
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Bornschein, recém pós-doc da ecologia aqui da UFMG, parceiro e amigo novo, fez uma
minuciosa correção da versão final, muito obrigado mesmo.
À Villa Parentoni (Villa), núcleo duro da ecologia na UFMG, obrigado pela
acolhida, minha casa na segunda metade do mestrado. Muito grato ao Professor Adriano
Pereira Paglia e, especialmente, ao Professor Marco Mello, que se dispôs a me receber
em sua disciplina/curso de Redes e por várias vezes em seu gabinete, sempre disponível
para me tirar dúvidas, me indicar caminhos; fico eternamente grato por me apresentar
este universo maravilhoso das Redes Complexas. Ao Rafael Almeida, com quem várias
tardes viraram noites na Villa, inúmeras discussões desde que eu fazia as análises
exploratórias e ao Rafael Pinheiro que, em breves e eficientes encontros, e-mails,
renderam muitas boas ideias. Espero encontrar mais com esses dois Rafaéis na minha
caminhada daqui pra frente. A todos os integrantes da Villa: Laura Gagliardi, Léo, Gabi,
Paloma, Ludmila, Emília, Vivi, Patrick, Capita, Jéssica, Marcela, Gabriel e tantos
outros.
Agradeço enormemente aos mirmecólogos que me ajudaram na determinação
taxonômica (taxonomia alfa) dos espécimes de formigas que compõe a base de dados
deste trabalho, Renata Bernardes Faria Campos (UFOP), Rodolfo Probst (MZUSP),
Flávio Camarota (UFU), Flávio Siqueira de Castro, Lílian Suellen.
Toda a turma do Curso de Campo do Pantanal ECOPAN-2014, pelos
aprendizados que vieram em excelente momento na minha formação, agradeço a todos
os colegas, professores e funcionários envolvidos, inesquecíveis momentos juntos.
Agradeço imensamente à minha família, alicerce fundamental para que eu
seguisse esse caminho, não sei como seria (ou se seria) sem eles: Pai, Mãe e Ruzman,
meu irmão. À minha namorada Bárbara Milagres, apoio sempre, compreensiva em
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todos os momentos, incondicionalmente ao meu lado, importantíssima para que tudo
fosse como é, é muito bom estar ao seu lado, será assim para sempre.
Agradeço à FAPEMIG e à CAPES por darem suporte a este trabalho. À
Unimontes, ao PPGCB e à Rede Matas Secas, por proporcionarem o desenvolvimento
deste trabalho e ao IEF, em especial ao Parque Estadual da Mata Seca, local da coleta
dos dados deste trabalho.
Agradeço a todos os que me ajudaram direta ou indiretamente e que por lapso
meu não tenha o seu nome aqui, meu muito obrigado.
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Altura das árvores determina a distribuição de formigas no dossel de
uma floresta tropical seca: O caso das formigas arborícolas
dominantes e a formação dos mosaicos de formigas
Antoniazzi-Jr, R.L.1,2,3; Ribeiro, S.P.3; Neves, F.S.1,2
1 Laboratório de Ecologia de Insetos, Departamento de Biologia Geral, Universidade Federal de
Minas Gerais, Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil. 2 Programa de Pós-Graduação Stricto
Sensu em Ciências Biológicas, Universidade Estadual de Montes Claros, Montes Claros, Minas
Gerais, Brasil. 3 Laboratório de Ecologia Evolutiva de Insetos de Dossel e Sucessão Natural,
Departamento de Biodiversidade, Evolução e Meio Ambiente, Universidade Federal de Ouro
Preto, Ouro Preto, Minas Gerais, Brasil.
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Resumo
Compreender a dinâmica das comunidades de dossel continua a ser uma fronteira da
investigação científica, especialmente em Florestas Tropicais Secas. Além disso,
entender como as características das espécies influencia a estrutura de uma rede
ecológica é uma das questões mais importantes em ecologia, então, este estudo tem por
objetivo analisar a estrutura das comunidades de formigas no dossel das florestas
tropicais secas usando redes árvores-formigas. Vários fatores podem interferir na
distribuição das comunidades de formigas arbóreas e, em nosso trabalho, a altura das
árvores, a presença de nectários extraflorais e a conectividade das copas das árvores
foram os investigados para elucidar as redes árvores-formigas e a existência dos
mosaicos de formigas dominantes. A partir de coletas acumuladas de dois anos (duas
estações secas e duas estações chuvosas alternadas), nós construímos uma rede na qual
foram estabelecidas 1.116 interações entre 79 espécies de formigas e 150 árvores – de
27 espécies. Esta rede estabeleceu que as árvores mais altas são mais centrais na
comunidade, embora nectários extraflorais e conectividade entre as copas não
demonstraram efeitos significativos. A comunidade de formigas como um todo é
marcada pela predominância de espécies de formigas arborícolas territoriais, em que
seis espécies representam 48,59% da ocorrência total das espécies (439 interações),
estando presentes, no mínimo uma delas, em 148 das 150 árvores. A rede separada das
espécies dominantes são separadas em dois módulos estatisticamente consistentes: um
deles composto por Crematogaster goeldi, Camponotus melanoticus, Camponotus
arboreus e o outro por Camponotus blandus, Cephalotes pusillus, Camponotus
renggeri. Cada módulo destes está associado a uma altura típica das árvore, e em cada
um deles há duas espécies do gênero Camponotus, no entanto este par de espécies não
apresentam atividade de forrageamento em um mesmo horário, uma delas é tipicamente
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diurna e a outra noturna, ou seja, os módulos se separam por espécies de formigas que
usam árvores de altura específica (partição espacial do nicho) e, dentro de um mesmo
módulo, espécies territorialistas apresentam nichos temporais específicos (partição
temporal do nicho). Isto caracteriza os mosaicos de formigas em Florestas Tropicais
Secas.
Palavras-chave: estrutura do habitat, complexidade do habitat, exclusão competitiva,
conectividade de copas, nectários extraflorais, interação formiga-planta, sucessão
ecológica, redes complexas
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Abstract.
Understand the dynamics of canopy communities remains a frontier of research,
especially in Tropical Dry Forests. In addition, understand how the features of the
species influences the structure of an ecological network is one of the most important
issues in ecology, then this study aims to analyze the structure of ant communities in
tropical dry forest canopies using ant-trees networks. Several factors can interfere on the
distribution of arboreal ant communities and in our work, the height of the trees, the
presence of extrafloral nectaries and the connectivity of crowns, were investigated to
elucidate the ant-trees networks structure and the existence of the ant mosaics. Based on
accumulated collections of two dry seasons and two rainy seasons, we have built a
network in which were established 1,116 interactions between 79 ant species and 150
trees of 27 species. This network established that the tallest trees are more central in the
community, although extrafloral nectaries and connectivity among crowns do not show
significant effects. The ant community as a whole is marked by the dominance of
species of territorial arboreal ants, which are six species representing 48.59% of the
total species occurrence (439 interactions), present in 148 of the 150 total trees. We
found the network separated in two modules statistically consistent: one of them
Crematogaster goeldi, Camponotus melanoticus, Camponotus arboreus and the other
Camponotus blandus, Cephalotes pusillus, Camponotus renggeri. Each module have
typical tree height, and into each one there are two Camponotus species, but this
Camponotus pair are diurnal and nocturnal foragers, in other words, beyond the use of
specific tree height (spatial niche), they present unique temporal niches (day/night).
This features confirming the ant mosaics in tropical dry forests canopies.
Keywords: arboreal ants, habitat structure, habitat complexity, competitive exclusion,
connectivity crowns, extrafloral nectaries, ant-plant interaction
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Introdução
Muitos fatores podem afetar a organização das comunidades biológicas em
florestas (Leibold et al., 2010). Apesar dos avanços no conhecimento dos padrões e
mecanismos que determinam a alta diversidade associada ao dossel (Ellwood & Foster,
2004; Tanaka et al., 2010; Wardhaugh, 2014), os estudos neste sistema ainda são
escassos se comparados àqueles já realizados no solo (Moffet, 2013). Pelo menos
metade da diversidade de artrópodes encontrada em uma floresta está associada ao
dossel (e.g. Basset et al., 2001; Ellwood & Foster, 2004; Stork & Grimbacher, 2006;
Basset et al., 2012). Nesse contexto, o dossel se mantém como uma fronteira de
conhecimentos biológicos e ecológicos (Lowman, 2009) e, dentre os artrópodes
presentes neste habitat, as formigas recebem destaque, pois são os organismos com
maior abundância e biomassa (Hölldobler & Wilson, 1990), e podem representar entre
20 e 40% dos artrópodes presentes nesse habitat (Hunt, 2003).
Plantas e formigas estabelecem diversas relações, influenciando-se uns aos
outros direta ou indiretamente (Rico Gray & Oliveira, 2007). Essas relações variam de
antagonismos, como aquelas entre formigas cortadeiras e suas árvores hospedeiras
(Buckley, 1982), neutras em que a árvore é utilizada como área para forrageamento, até
mutualismos, como a que ocorre entre formigas e plantas que apresentam nectários
extraflorais (NEF’s; mirmecófilas) ou domácias (mirmecófitas) (Beattie & Hughes,
2002; Rico Gray & Oliveira, 2007). Rainhas de formigas podem ainda selecionar certas
espécies de árvores para nidificação pela emissão de sinais químicos ou visuais (Djiéto-
Lordon & Dejean, 1999). A seleção pela árvore pode ainda se dar de forma indireta,
relacionada, por exemplo, à presença de epífitas (Ellwood & Foster, 2004), uma vez que
as formigas encontram nessas plantas inquilinas recursos alimentares e sítio para
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nidificação. Uma única árvore de uma floresta tropical pode abrigar 47 espécies de
formigas associadas às suas bromélias epífitas (DaRocha et al., 2015).
Além de local para nidificação, formigas associadas ao dossel encontram nas
árvores fonte de alimento, como os nectários extraflorais (NEF’s). Além dos NEF’s,
outra importante fonte de alimento nas plantas está nos insetos trofobiontes,
normalmente pertencentes à ordem Hemiptera, secretores de honeydew, líquido rico em
açúcar e que é atendido por formigas de diferentes gêneros (Blüthgen et al., 2000;
Delabie, 2001). Muitos estudos buscam compreender os padrões na relação entre NEF’s
e formigas (Rosumek et al., 2009; Aguirre et al., 2013), seja do ponto de vista da defesa
da planta contra herbivoria e suas idiossincrasias (Heil, 2008; Muehleisen, 2013; Alves-
Silva & Del-Claro, 2014; Assunção et al., 2014), ou mesmo da busca pelo entendimento
das interações e suas consequências na organização da comunidade (Rosumek et al.,
2009; Rezende et al., 2014; Camarota et al., 2015).
Outras características da flora podem influenciar os padrões de distribuição das
formigas, seja na escala do indivíduo arbóreo ou na escala de comunidades de árvores,
como, por exemplo, o tamanho ou a riqueza de árvores (ver Ribas et al., 2003; Campos
et al., 2006; Dejean et al., 2008; Janda & Konečná, 2010; Tanaka et al., 2010, Dejean et
al., 2015). Árvores mais altas favorecem maior disponibilidade de recursos, como sítios
para nidificação (Campos et al. 2006, Costa et al., 2011, Powell et al., 2011, Klimes et
al., 2012), além de serem mais ricas em insetos herbívoros (ver Neves et al., 2013,
Neves et al., 2014), incluindo espécies que realizam trofobiose.
Além disso, as árvores podem estar isoladas ou conectadas a outras árvores, o
que pode implicar em diferenças na fauna associada, uma vez que a maior conexão
entre árvores, e consequente maior acesso aos recursos é fator estruturador da fauna
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arborícola para diversos taxa (Majer & Delabie, 1999; Koenig et al., 2007; Wilson et
al., 2007; Gove et al., 2009). Além disso, a fauna das árvores está associada à matriz em
que estão inseridas (Neves et al., 2012), mas independente dessas peculiaridades,
relacionadas à conectividade de copas e à matriz do entorno, árvores são recurso chave
para a manutenção e conservação de espécies de insetos, inclusive em ambientes
antropizados (Manning et al., 2006; Frizzo & Vasconcelos, 2013).
O padrão de distribuição de espécies de formigas nas copas das árvores pode
também ser determinado por fatores bióticos, como a dominância e hierarquia de usos
de recursos (Majer, 1972; Majer et al., 1994; Djiéto-Lordon & Dejean, 1999; Ribeiro et
al., 2013). Alguns destes padrões foram inicialmente descritos a partir da distribuição de
espécies de formigas dominantes e territorialistas em manchas nos dosséis de sistemas
agroflorestais tropicais, denominados “mosaicos de dominância de formigas” (Room,
1971; Majer, 1972; Leston, 1978). Esta distribuição é resultado do patrulhamento de
espécies dominantes e agressivas, permeadas por codominantes, subdominantes ou
crípticas (Majer & Delabie, 1993; Majer et al., 1994).
Estudos relacionados ao padrão de distribuição de formigas arbóreas são mais
frequentes em florestas úmidas e mais recentemente no cerrado (ver Lewis & Basset et
al., 2007; Campos et al. 2006; Costa et al. 2011; Camarota et al., 2015; DaRocha et al.,
2015), sendo que a investigação dos padrões de distribuição de formigas em florestas
tropicais secas limita-se a raros estudos (Neves et al., 2010; Castaño-Meneses, 2014).
As florestas tropicais secas (FTS’s) possuem sazonalidade marcante, com perda
de mais de 50% das folhas na estação seca (Sánchez-Azofeifa et al., 2005), são
naturalmente distribuídas em manchas inseridas em diferentes fitofisionomias (Prado &
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Gibbs, 1993; Werneck et al., 2012) e apresentam muitas singularidades (Pennington et
al., 2009).
Poucos trabalhos investigaram as dinâmicas de formigas arborícolas em
Florestas Tropicais Secas, Neves e colaboradores (2010) na mesma floresta em que esse
estudo foi realizado, demonstraram haver mudanças na composição de espécies entre
diferentes estágios sucessionais, ainda que a riqueza não se altere, igualmente não
afetada pela riqueza e densidade de árvores (proxies da heterogeneidade de habitat).
Resultados semelhantes foram encontrados por Marques e colaboradores (2016), no
entanto, em relação à composição de espécies de formigas entre os diferentes estágios
de sucessão, ficou constatado que a similaridade entre as espécies epigéicas e dos
troncos é maior em estágios iniciais de regeneração, sendo que no fragmento estudado
em que o estágio de sucessão é mais avançado, a similaridade entre as espécies que
forrageiam nos troncos e no solo é menor. Em um outro estudo em uma floresta tropical
seca do México, utilizando-se de fogging, foram encontrados predominantemente
formigas dos gêneros Crematogaster (maior em ocorrência), Camponotus (maior em
diversidade), Pseudomyrmex e Cephalotes.
Diversos estudos têm se apropriado das ferramentas de análises de redes
complexas para investigar as características relacionadas à organização e estrutura das
interações biológicas, na tentativa de entender melhor os padrões e processos aos quais
os organismos estão submetidos (e.g., Proulx et al., 2005; Bascompte, 2007; Barabási,
2009; Bascompte, 2009; Butts, 2009; Ings et al., 2009). Utilizando as redes complexas
podemos compreender de uma forma mais ampla como as espécies alvo interagem,
adotando parâmetros de topologia e/ou estrutura das redes, tais como, modularidade,
aninhamento, conectância, centralidade (ver Petchey et al., 2008; Bascompte, 2010;
Mello et al., 2011; Weng et al., 2013). A topologia de cada rede é definida pela maneira
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que as interações são distribuídas entre as espécies e pode ser usada para entender os
processos ecológicos e evolutivos estabelecidos entre plantas e animais (Bascompte et
al., 2003). Espécies que estabelecem maior número de interações são mais importantes
e reconhecidas como mais centrais nas redes em que estão presentes como, p.e., em
redes de formigas (Gonzales et al., 2009; Dáttilo, 2013). A maior centralidade se deve
às características biológicas, como a presença de recursos, sejam alimentares ou não, ou
devido à sua elevada abundância e previsibilidade no ambiente, o que propicia a maior
frequência de interações. Altas frequências de interações podem levar ao domínio dos
recursos, exercendo alta influência nos demais membros da rede (Gonzales et al., 2009).
Entender como as características das espécies influenciam a estrutura de uma
rede ecológica é uma das mais importantes questões em ecologia (Sutherland et al.,
2013), assim, propomos a seguinte questão geral para o desenvolvimento deste trabalho:
Quais mecanismos determinam as características das redes de interações entre espécies
de formigas e árvores e como se estruturam os padrões de dominância de formigas?
Para responder a esta pergunta, propomos as seguintes hipóteses: (I) As redes entre
árvores e formigas são modulares, uma vez que as espécies de árvores que possuem
NEF’s devem manter formigas dominantes e territorialistas, sendo de baixo
aninhamento e, além disso, muitas espécies realizam poucas interações (baixa
conectância), havendo também alta exclusão competitiva e a formação de mosaicos de
dominância (altos valores de c-score); (II) Árvores mais altas, mais conectadas e de
espécies que tenham NEF’s são mais importantes nas redes, ou seja, possuem maior
centralidade, não sendo dependente do estágio de sucessão em que a árvore se encontra.
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Material e Métodos
Área de Estudo
O estudo foi realizado no Parque Estadual da Mata Seca (PEMS; 14°48’36” –
14°56’12” S e 43°55’12” – 44°04’12”W; 493m a.n.m.), vale do rio São Francisco, norte
do Estado de Minas Gerais. O clima da região é Tropical Sazonal, caracterizado por
uma longa estação seca, de maio a outubro (Peel, 2007). A temperatura média anual é
de 25,1 ˚C e a precipitação média anual é 818 ± 242 mm (média ± desvio-padrão),
concentrando-se na estação chuvosa, entre novembro e abril. O PEMS possui área total
de 15.466 ha, compostas por zonas de intenso uso do solo, agricultura ou pecuária, na
forma de fazendas e pequenas propriedades, ou pela urbanização, na expansão de
cidades e pequenas vilas.
A vegetação original predominante nas UCs é a floresta tropical seca (FTS),
crescendo em solos predominantemente férteis e planos. As FTSs são dominadas por
árvores decíduas que perdem aproximadamente 90-95% das suas folhas durante a
estação seca (Pezzini et al., 2014). Efetuamos parte do estudo em área com essa floresta,
inalterada há pelo menos 60 anos, com árvores emergentes que ultrapassam 20 m de
altura e apresentam um dossel mais estruturado, além da formação de um sub-bosque
característico, com reduzida entrada de luz na estação úmida e baixa densidade de
árvores novas e lianas. Efetuamos a outra parte do estudo em área que teve uso como
pastagem há quase 15 anos. Esta área é constituída por árvores que raramente atingem 8
m de altura, intercaladas por herbáceas e gramíneas, não apresentando o estrato de sub-
bosque (ver Madeira et al., 2009).
Desenho Amostral
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Ao longo de um transecto de 7 km, selecionamos dez parcelas de 20 m x 50 m
cada (0,1 ha), cinco parcelas na área considerada como estágio inicial, com distúrbio
antrópico recente e cinco em uma área considerada como estágio tardio, sem distúrbios
antrópicos há pelo menos 60 anos (ver Madeira, 2009). Em cada parcela, selecionamos
árvores nas extremidades e no centro da parcela, três em cada um desses setores
totalizando 15 árvores por parcelasão 75 árvores por estágio e 150 árvores no total. As
árvores selecionadas possuiam CAP (circunferência à altura do peito) de no mínimo 15
cm e são distantes, pelo menos, 5m entre si. Todas as parcelas possuem a mesma
topografia (Pezzini et al., 2014).
Figura 1: Locais de coleta. A: Parcelas do estágio inicial (early) e parcelas do estágio
tardio (late). B: Localização do Parque Estadual da Mata Seca no Brasil. C: Parque
Estadual da Mata Seca.
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Amostragem de Formigas
Os trabalhos de campo foram realizados em quatro campanhas: setembro de
2010, fevereiro e setembro de 2011 e em fevereiro de 2012. Coletamos formigas nas
copas das 150 árvores selecionadas, em cada campanha, acessando a das árvores
menores do que 7 m com escadas e a das com sete ou mais metros de altura mediante
técnicas de escalada individual com corda (Single Rope Technique – SRT; Neves et al.
2014).
Para as coletas das formigas arborícolas, utilizamos duas técnicas de
amostragem complementares: pitfall arbóreo e batimento utilizando um guarda-chuva
entomológico (ver Ribeiro et al., 2005; Campos et al., 2006). Os pitfalls arbóreos são
potes plásticos de 15 cm de diâmetro contendo água e detergente, que permanecem por
48 h em campo. Em cada uma das árvores instalamos dois pitfalls arbóreos, somando-se
30 pitfalls por parcela e 300 pitfalls em cada campaha de coleta. O batimento com
guarda-chuva entomológico consistiu em dispor um lençol em forma de funil com um
saco plástico aderido à sua boca logo abaixo dos ramos das árvores (ver Neves et al.,
2014). Fizemos os batimentos nas mesmas árvores em que instalamos os pitfalls, sendo
sempre 10 batidas em três conjuntos de ramos de cada uma das árvores, totalizando 30
batidas por árvore em cada campanha.
No laboratório, triamos, montamos e identificamos até ao menor nível
taxonômico possível os espécimes de formigas amostradas. A identificação das espécies
seguiu Bolton et al. (1994), Baccaro et al. (2015), Antweb (http://www.antweb.org),
AntCat (Bolton, 2014; http://antcat.org) e Antwiki (http://www.antwiki.org). Todo o
material está depositado no Laboratório de Ecologia de Insetos (LEI), Instituto de
Ciências Biológicas (ICB), Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Belo
Horizonte, Minas Gerais, Brasil.
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Estrutura da árvore
As árvores foram identificadas ao nível de espécie ou gênero (morfoespécie).
Além disso, em cada uma das 150 árvores amostradas, estimamos visu almente a altura
dos indivíduos e mensuramos a conectividade entre as copas, que é a contagem do
número de vezes que folhas, ramos e/ou troncos de uma árvore toca a vizinha.
Identificando a árvore, utilizamos o guia “World List of Angiosperm Species with
Extrafloral Nectaries” (Keeler, 2015) e dados da literatura (e.g., Rivera, 2000;
Gonzalez, 2011; Gonzalez, 2013) para determinar se nas espécies amostradas os
nectários extraflorais (NEF’s) estão presentes ou ausentes.
Análises Estatísticas e de Redes Complexas
Primeiramente, construímos uma curva de acúmulo de espécies de formigas para
a verificação da suficiência amostral (Colwell et al., 2004). Utilizamos o número de
espécies registradas em função do número de árvores amostradas e realizamos 10.000
randomizações para gerar os intervalos de confiança, utilizando o programa estatístico R
3.1.1 (R Core Team, 2014), pacotes Vegan (Oksanen et al., 2015) e GGPLOT2
(Wickham, 2009). Em seguida, extraímos a porcentagem do número total de espécies de
formigas observado em relação ao número de total de espécies de formigas estimado
pelo índice Jackknife de primeira ordem. O cálculo da riqueza por meio desse índice é
baseado na frequência de espécies e têm demonstrado uma maior fidelidade em
comparação a outros estimadores em relação à riqueza total de espécies amostradas na
comunidade (Chiarucci et al., 2003). Dessa forma, a comparação entre o observado e o
esperado pelo estimador nos informa se o esforço amostral utilizado no estudo (número
de amostras) foi suficiente para representar as espécies que ocorreram no local.
Para as análises de redes complexas, definimos duas redes, a rede geral (árvores-
espécies de formigas), que inclui todos os indivíduos arbóreos e as ocorrências de
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formigas acumuladas ao longo dos quatro períodos de amostragem e a rede de
dominantes (árvores-espécies de formigas dominantes), que é subconjunto da rede geral.
Para a determinação das formigas dominantes, utilizamos o critério de altas frequências
nas amostras (Majer & Delabie, 1994; Dáttilo et al., 2014a; Camarota et al., 2015),
considerado as espécies que estiveram presentes em mais de 15% das árvores e que
representam mais de 5% das ocorrências totais em relação a todas as outras espécies.
Para cada uma das redes, construímos uma matriz A, nas quais Aij representa uma
interação entre a árvore i e a espécie de formiga ou espécie de formiga dominante j
(Bascompte et al., 2003). Construímos, separadamente, a rede árvores-espécies de
formigas dominantes, a fim de investigar com maiores detalhes seus padrões de
distribuição no dossel estudado. Para descrever a topologia e estrutura da rede,
calculamos para as redes (árvores-formigas não dominantes e árvores-formigas
dominantes) as seguintes métricas: centralidade por grau, conectância, aninhamento e
modularidade, c-score.
Como medida da importância relativa da árvore para a estrutura da rede geral
utilizamos a métrica de centralidade por grau (Ci= ki / km), em que ki é o grau do vértice
e km é o grau máximo da rede (km = R – 1), sendo R o número total de vértices da rede.
Então, a centralidade por grau nos fornece o número de interações de cada vértice, seja
o indivíduo arbóreo ou a espécie de formiga. Nós calculamos ainda os valores de
conectância (C), que são dados pela proporção das interações que são realizadas em
relação a todas as interações possíveis dentro da rede (Jordano, 1987), utilizando o
programa Pajek (versão 3.15; Batagelj & Mrvar [1998]).
Para determinar se a espécie de formiga enquadra-se em um padrão consistente
com a exclusão competitiva, nós usamos o índice de coocorrência (c-score) (Stone &
Roberts, 1990). Ele é baseado no número médio de interações para cada par de espécies
22
únicas, variando de 0-1. Altos valores de c-scores indicam que a espécie é altamente
exclusiva e distribuída de forma não aleatória na rede. Baixos valores de c-score
indicam que as duas espécies em questão coocorrem mais frequentemente do que o
esperado ao acaso (Gotelli, 2000). Os valores de C-score e os grafos bipartidos das
redes foram gerados utilizando o pacote BIPARTITE (Dormann et al., 2008; Dormann
et al., 2009; Dormann; 2011) no programa estatístico R 3.1.1 (R Core Team 2014).
Para testar a hipótese que trata das métricas das redes, buscamos investigar se os
padrões de distribuição das interações das redes estudadas são não aleatórios, utilizando
duas métricas: aninhamento e modularidade. O aninhamento nos permite testar se a rede
é aninhada, na qual espécies com poucas interações são conectadas com espécies com
muitas interações em grupos coesos. Nós usamos a métrica NODF (Almeida-Neto et al.,
2008) para estimar o valor de aninhamento das redes, utilizando o programa Aninhado3
(Guimarães & Guimarães, 2006), realizando 1.000 randomizações dos modelos nulos.
Esta métrica varia de 0-100, em que 0 é não aninhado e 100 é perfeitamente aninhado.
A modularidade nos permite estimar o grau com que os grupos (módulos) de espécie
interagem mais entre si do que com espécies de outro módulo, utilizando a métrica M
de Barber (Barber, 2007). O valor de M varia de 0 (estrutura não modular ou muitas
interações entre os módulos) a 1 (estrutura fortemente modular, poucas interações entre
os módulos) (Olesen et al., 2007). Nós calculamos o índice M otimizado pelo algoritmo
SA (Kirkpatrick et al., 1983), com 1.000 randomizações, utilizando o programa
MODULAR (Marquiti et al., 2014). Nós testamos a significância da modularidade de
cada rede por meio da simulação de 1.000 redes geradas por dois diferentes modelos
nulos para avaliar se os valores observados de modularidade foram maiores do que o
esperado pelos padrões aleatórios de interação. No primeiro modelo nulo, cada célula na
matriz tem a mesma probabilidade de ser ocupada (Atmar & Patterson, 1993), enquanto
23
que no segundo modelo nulo há o controle do número de interações por espécie na rede
e, portanto, a probabilidade de uma interação ocorrer é proporcional ao número de
interações possíveis (Bascompte et al., 2003).
Para verificar o efeito das características da árvore na centralidade por grau,
construímos um modelo linear generalizado (GLM) utilizando a medida de centralidade
por grau de cada árvore da rede geral como variável resposta, e as variáveis altura da
árvore, conectividade entre copas e presença de NEF como variáveis explicativas. Para
a construção do GLM, criamos primeiramente os modelos completos e a análise de
resíduos para testar a adequação ideal da distribuição de erros (Crawley, 2013).
Posteriormente, variáveis explicativas não significativas foram excluídas do modelo até
a obtenção do modelo mínimo adequado (Crawley, 2013). O GLM foi realizado
utilizando o programa estatístico R 3.1.1 (R Core Team 2014).
24
Resultados
Mirmecofauna
No total, amostramos 79 espécies de formigas pertencentes a oito subfamílias e a
26 gêneros. A subfamília Myrmicinae foi a que apresentou a maior riqueza de espécies
(34 espécies), seguida por Formicinae (14 espécies), Pseudomyrmecinae (13 espécies),
Dolichoderinae (dez espécies), Ectatomminae (três espécies), Dorylinae e Ponerinae
(duas espécies cada) e Heteroponerinae (uma espécie; Tabela 1). A subfamília
Myrmicinae representa 43,04% do total amostrado, sendo que as quatro subfamílias
mais ricas em espécie somam 89,87% de todas as espécies amostradas. Os gêneros mais
ricos em espécies foram Pseudomyrmex (13 espécies), Camponotus e Cephalotes
(ambos com 10 espécies, cada), Pheidole (7 espécies) e Crematogaster (6 espécies)
(Tabela 1). A partir da curva de acumulação de espécies (Figura 1), nota-se que há
tendência à estabilização. O Jackknife de primeira ordem estimou um total de 99
espécies para a área amostrada (eficiência amostral de 80%).
A espécie mais frequente foi Crematogaster goeldii Forel, 1903, representando
10,51% de todas as ocorrências e presente em 34,20% das árvores ao longo de todas as
coletas. Demais espécies frequentes foram Camponotus blandus (Smith, 1858) (9,88%
do total de ocorrências e presente em 32,15% das árvores), Cephalotes pusillus (Klug,
1824) (9,02% do total de ocorrências e presente em 29,35% das árvores); Camponotus
melanoticus Emery, 1894 (7,41% do total de ocorrências e presente em 24,11% das
árvores); Camponotus arboreus (Smith, 1858) (6,26% do total de ocorrências e presente
em 20,37% das árvores) e Camponotus rengeri Emery, 1894 (5,51% do total de
ocorrências e presente em 17,94% das árvores) (Tabela 1). Estas seis espécies foram
consideradas como as espécies dominantes no sistema, pois acumulam um total de
25
48,59% da frequência de todas as interações e em 98.7 % das árvores no mínimo uma
dessas seis espécies estava presente.
Figura 2: Curva de acumulação de espécies de formigas registradas nas 150 árvores
amostradas em Floresta Tropical Seca, no Parque Estadual da Mata Seca (PEMS), norte
de Minas Gerais, sudeste do Brasil.
26
Tabela 1: Espécies de formigas amostradas em Floresta Tropical Seca no Parque
Estadual da Mata Seca (PEMS), norte de Minas Gerais, sudeste do Brasil, com o
respectivo código (“Cod.”) utilizado nos grafos. “Freq. 1” se refere à frequência de
ocorrência (%) de cada espécie em relação ao total de ocorrências. “Freq. 2” se refere à
frequência (%) de árvores ocupadas pela espécie de formigas em relação ao total de
árvores (= 150). “Centralidade” se refere à centralidade por grau de cada espécie de
formiga. Os asteriscos indicam as espécies sugeridas como dominantes nesse sistema.
Subfamília/Espécie Cod. Freq. 1 Freq. 2 Centralidade
Dolichoderinae
Azteca sp.1 Aztsp1 0.06% 0.19% 1
Azteca instabilis (Smith, 1862) Aztins 1.15% 3.74% 12
Dolichoderus sp.1 Dolsp1 0.23% 0.75% 4
Dolichoderus sp.2 Dolsp2 0.06% 0.19% 1
Dolichoderus lutosus (Smith, 1858) Dollut 1.21% 3.93% 12
Dorymyrmex sp.1 Dorsp1 0.23% 0.75% 4
Forelius brasiliensis (Forel, 1908) Forbra 0.34% 1.12% 6
Linepithema sp.1 Linsp1 0.06% 0.19% 1
Tapinoma sp.1 Tapsp1 0.46% 1.50% 8
Tapinoma sp.2 Tapsp2 0.06% 0.19% 1
Dorylinae
Eciton sp.1 Ecisp1 0.11% 0.37% 2
Labidus praedator (Smith, 1858) Labpra 0.11% 0.37% 2
Ectatomminae
Ectatomma muticum Mayr, 1870 Ectmut 0.34% 1.12% 6
Gnamptogenys striatula Mayr, 1884 Gnastr 0.06% 0.19% 1
Gnamptogenys sulcata (Smith, 1858) Gnasul 0.17% 0.56% 2
Formicinae
Brachymyrmex sp.1 Brasp1 0.11% 0.37% 2
Brachymyrmex sp.2 Brasp2 0.11% 0.37% 2
Camponotus sp.1 Camsp1 0.46% 1.50% 8
* Camponotus arboreus (Smith, 1858) Camarb 6.26% 20.37% 56
Camponotus atriceps (Smith, 1858) Camatr 3.50% 11.40% 43
* Camponotus blandus (Smith, 1858) Cambla 9.88% 32.15% 79
Camponotus bonariensis Mayr, 1868 Cambon 0.40% 1.31% 7
* Camponotus melanoticus Emery, 1894 Cammel 7.41% 24.11% 79
* Camponotus renggeri Emery, 1894 Camren 5.51% 17.94% 60
Camponotus senex (Smith, 1858) Camsen 2.24% 7.29% 29
Camponotus substitutus Emery, 1894 Camsub 3.10% 10.09% 37
Camponotus vittatus Forel, 1904 Camvit 4.48% 14.58% 48
Myrmelachista sp.2 Myrsp2 0.11% 0.37% 2
Myrmelachista bambusarum Forel, 1903 Myrbam 0.46% 1.50% 8
Heteroponerinae
Acanthoponera mucronata (Roger, 1860) Acamuc 0.11% 0.37% 2
27
Myrmicinae
Acromyrmex sp.1 Acrsp1 0.11% 0.37% 2
Cephalotes sp.1 Cepsp1 0.34% 1.12% 6
Subfamília/Espécie Código Freq. 1 Freq. 2 Centralidade
Cephalotes sp.2 Cepsp2 0.23% 0.75% 4
Cephalotes sp.3 Cepsp3 0.06% 0.19% 1
Cephalotes atratus (Linnaeus, 1758) Cepatr 2.76% 8.97% 37
Cephalotes maculatus (Smith, 1876) Cepmac 2.41% 7.85% 30
Cephalotes minutus (Fabricius, 1804) Cepmin 2.24% 7.29% 20
Cephalotes pavonii (Latreille, 1809) Ceppav 0.75% 2.43% 8
Cephalotes pellans De Andrade & Baroni
Urbani, 1999 Ceppel
0.57% 1.87% 8
Cephalotes persimilis De Andrade & Baroni
Urbani, 1999 Cepper
0.11% 0.37% 2
* Cephalotes pusillus (Klug, 1824) Ceppus 9.02% 29.35% 72
Crematogaster sp.1 Cresp1 1.15% 3.74% 16
Crematogaster sp.2 Cresp2 0.29% 0.93% 2
Crematogaster sp.3 Cresp3 0.29% 0.93% 5
Crematogaster sp.4 Cresp4 0.06% 0.19% 1
* Crematogaster goeldii Forel, 1903 Cregoe 10.51% 34.21% 93
Crematogaster quadriformis Roger, 1863 Crequa 0.17% 0.56% 3
Cyphomyrmex sp.1 Cypsp1 0.17% 0.56% 3
Nesomyrmex costatus (Emery, 1896) Nescos 0.11% 0.37% 2
Nesomyrmex vicinus (Mayr, 1887) Nesvic 0.06% 0.19% 1
Pheidole sp.1 Phesp1 0.17% 0.56% 3
Pheidole sp.10 Phesp6 0.11% 0.37% 1
Pheidole sp.6 Phesp7 0.06% 0.19% 1
Pheidole sp.7 Phesp8 0.06% 0.19% 1
Pheidole sp.8 Phsp10 0.06% 0.19% 2
Pheidole flavens Roger, 1863 Phefla 0.29% 0.93% 5
Pheidole radoszkowskii Mayr, 1884 Pherad 0.98% 3.18% 17
Rogeria sp.1 Rogsp1 0.06% 0.19% 1
Solenopsis sp.1 Solsp1 0.06% 0.19% 1
Solenopsis sp.2 Solsp2 0.06% 0.19% 1
Solenopsis sp.3 Solsp3 0.06% 0.19% 1
Solenopsis sp.4 Solsp4 0.06% 0.19% 1
Wasmannia auropunctata (Roger, 1863) Wasaur 0.34% 1.12% 5
Wasmannia lutzi Forel, 1908 Waslut 0.23% 0.75% 4
Ponerinae
Neoponera villosa (Fabricius, 1804) Neovil 0.46% 1.50% 8
Odontomachus bauri Emery, 1892 Odobau 0.06% 0.19% 1
Pseudomyrmecinae
Pseudomyrmex sp.1 Psesp1 0.23% 0.75% 4
Pseudomyrmex sp.2 Psesp2 0.06% 0.19% 1
Pseudomyrmex sp.3 Psesp3 0.06% 0.19% 1
Pseudomyrmex elongatus (Mayr, 1870) Pseelo 0.11% 0.37% 2
28
Pseudomyrmex gracilis (Fabricius, 1804) Psegra 3.91% 12.71% 52
Pseudomyrmex lizeri (Santschi, 1922) Pseliz 1.84% 5.98% 28
Pseudomyrmex maculatus (Smith, 1855) Psemac 1.55% 5.05% 27
Pseudomyrmex oculatus (Smith, 1855) Pseocu 2.01% 6.54% 24
Subfamília/Espécie Código Freq. 1 Freq. 2 Centralidade
Pseudomyrmex pallidus (Smith, 1855) Psepal 2.58% 8.41% 29
Pseudomyrmex schuppi (Forel, 1901) Psesch 3.56% 11.59% 41
Pseudomyrmex tenuis (Fabricius, 1804) Pseten 0.06% 0.19% 1
Pseudomyrmex termitarius (Smith, 1855) Pseter 0.40% 1.31% 7
Pseudomyrmex unicolor (Smith, 1855) Pseuni 0.29% 0.93% 5
29
Flora
Das 150 árvores selecionadas, 123 foram identificadas, totalizando 27 espécies,
incluídas em nove famílias. As famílias mais ricas em espécies foram Fabaceae (10
espécies), Bignoniaceae (quatro espécies), Anacardiaceae e Apocinaceae (três espécies,
cada) (Tabela 2).
Apesar da maior riqueza de Fabaceae, apenas 20% das árvores amostradas
pertenceram a esta família, sendo que Bignoniaceae representou 30% do total de árvores
amostradas e Anacardiaceae 18%. Estas três famílias representaram 68% de todas as
árvores amostradas. Do total de árvores, 27 foram de Handroanthus chrysotrichus
(Mart. ex A. DC.) Mattos (Bignoniaceae), 25 de Myracrodruon urundeuva Allemão
(Anacardiaceae), 15 de Handroanthus ochraceus (Cham.) Mattos (Bignoniaceae) e 11
de Senegalia polyphylla (DC.) Britton (Fabaceae). Do total de árvores, 47% possuíram
NEF’s, pertencentes a 11 espécies; as espécies em que os NEF’s estão ausentes (16)
representam 35% das árvores (Tabela 2).
30
Tabela 2: Espécies de árvores amostradas em Floresta Tropical Seca no Parque
Estadual da Mata Seca (PEMS), norte de Minas Gerais, sudeste do Brasil. “Qtde.”
representa a quantidade de árvores amostradas por espécie; “NEF” representa a
presença (S) ou ausência (N) de Nectário Extrafloral (NEF’s); “Freq.” representa a
frequência (%) de árvores amostradas em relação ao total de árvores (= 150).
Subfamília/Espécie Qtde. NEF Freq.
Anacardiaceae
Myracrodruon urundeuva Allemão 25 N 16.67%
Schinopsis brasiliensis Engl. 1 N 0.67%
Spondias tuberosa Arruda 1 N 0.67%
Apocynaceae
Aspidosperma parvifolium A. DC. 3 S 2.00%
Aspidosperma polyneuron Müll. Arg. 3 S 2.00%
Aspidosperma pyrifolium Mart. 1 S 0.67%
Bignoniaceae
Handroanthus chrysotrichus (Mart. ex A. DC.) Mattos 27 S 18.00%
Handroanthus heptaphyllus (Vell.) Mattos 2 S 1.33%
Handroanthus ochraceus (Cham.) Mattos 15 S 10.00%
Tabebuia reticulata A.H. Gentry 1 N 0.67%
Boraginaceae
Auxemma oncocalyx (Allemão) Baill. 1 N 0.67%
Patagonula bahiensis Moric. 1 N 0.67%
Burseraceae
Commiphora leptophloeos (Mart.) J.B. Gillett 3 N 2.00%
Combretaceae
Combretum duarteanum Cambess. 6 N 4.00%
Terminalia fagifolia Mart. 1 S 0.67%
Fabaceae
Chloroleucon foliolosum (Benth.) G.P. Lewis 2 S 1.33%
Goniorrhachis marginata Taub. 1 N 0.67%
Machaerium acutifolium Vogel 2 N 1.33%
Mimosa hostilis (Mart.) Benth. 1 N 0.67%
Piptadenia sp. 1 N 0.67%
Plathymenia reticulata Benth. 2 S 1.33%
Platymiscium blanchetii Benth. 3 N 2.00%
Prosopis sp. 3 S 2.00%
Senegalia polyphylla (DC.) Britton 11 S 7.33%
Senna spectabilis (DC.) H.S. Irwin & Barneby 4 N 2.67%
Flacourtiaceae
Casearia selloana Eichler 1 N 0.67%
Malvaceae
Pseudobombax marginatum (A. St.-Hil., Juss. & Cambess.) A.
Robyns 1 N 0.67%
31
Não identificadas
NI 27 ? 18.00%
32
Redes complexas
Registramos um total de 1.116 interações estabelecidas entre as 79 espécies de
formigas e 150 árvores (Figura 2). Essa rede geral apresentou conectância de 0,09, c-
score de 0,61, aninhamento de 10,2 e modularidade de 0,31, formando seis módulos (p
< 0,05; para os dois modelos nulos).
33
Figura 3: Rede de interações entre indivíduos de árvores (esquerda) e espécies de
formigas (direita), amostradas em Floresta Tropical Seca, no Parque Estadual da Mata
Seca (PEMS), norte de Minas Gerais, sudeste do Brasil. As espécies estão organizadas
de acordo com a centralidade e a proximidade dos conjuntos de pares de espécies com
os quais se relacionam. A espessura das barras indica a centralidade de cada espécie.
34
Verificamos um efeito da altura da árvore na centralidade, entretanto esse efeito
é influenciado pelo estágio sucessional que a árvore esta presente (Tabela 3).
Encontramos influência negativa da altura das árvores na centralidade por grau quando
a árvore esta presente no estágio inicial e uma influência positiva na centralidade
quando a árvore está presente no estágio tardioda árvore (Figura 3;), ou seja, árvores
menores presentes no estágio inicial possuem maior importância para a rede
(centralidade x altura), e o efeito é contrário no estágio tardio, quanto mais alta a árvore
nestes ambientes de floresta, maior é a sua importância na rede. No entanto, a
conectividade das copas e a presença de nectários extraflorais (NEF’s) não determinam
o grau de centralidade do indivíduo arbóreo (p > 0.05, Tabela 3).
Tabela 3: Resultado do Modelo Linear Geralizado (GLM) relacionando a riqueza de
formigas às variáveis explicativas (Altura das árvores, Conectância entre copas,
Espécies de árvores com NEF’s, Estágio sucessional), na Floresta Tropical Seca
(TDF’s) estudada, Parque Estadual da Mata Seca, Manga, MG.
Variáveis explicativas Desvio p
Altura 15,38 < 0,01
Conectância 0,05 0,81
NEF’s 0,33 0,57
Estágio Sucessional 1,40 0,24
35
Figura 4: Centralidade por grau das espécies de formigas em função da altura das
árvores no estágio inicial e tardio (círculos vazios representam árvores do estágio inicial
e círculos cheios as árvores do estágio tardio) em uma Floresta Tropical Seca, Parque
Estadual da Mata Seca (PEMS), Manga, Minas Gerais.
Para a rede das seis espécies dominantes (Figura 4), registramos um total de 439
interações, conectância de 0,49, C-score de 0,38, aninhamento de 49,73 e modularidade
(p < 0,05) de 0,28, formando dois módulos. As alturas das árvores foram dispostas em
um gráfico à esquerda da rede de interações (Figura 4), sendo dessa maneira possível
visualizar a relação das alturas com os módulos, uma vez que os vértices são arranjados
no grafo em relação às interações que estabelecem. Sendo assim, o módulo formado por
Ca. arboreus, Ca. melanoticus e Cr. goeldii associa-se a árvores com alturas médias de
9,99 m (desvpad = 5,3 m), mais altas do que as árvores relacionadas ao módulo formado
por Ca. blandus, Ce. pusillus e Ca. renggeri associado a árvores mais baixas, com
36
médias de 6,64 m (desvpad = 3,41 m) (Figura 4). Além disso, os valores de C-score
foram determinados especificamente para cada um dos pares de espécies de formigas do
gênero Camponotus que forrageiem tipicamente no mesmo período (dia/noite).
Diversos trabalhos (XXXXXXX) determinaram horários típicos de forrageamento para
as espécies aqui estudadas, sendo Ca. arboreus (Módulo I) e Ca. blandus (Módulo II)
relacionadas à atividade de forrageamento tipicamente diurna, enquanto que Ca.
melanoticus (Módulo I) e Ca. renggeri (Módulo II) são relacionadas a atividades de
forrageamento tipicamente noturna. Então, os valores de C-score para o par de atividade
diurna é 0,77, enquanto que o par que compartilha do período noturno é 0,42.
37
Figura 5: Grafo da rede de interação entre indivíduos de árvores (esquerda) e espécies
de formigas dominantes (direita) amostradas em Floresta Tropical Seca no Parque
Estadual da Mata Seca (PEMS)’. O gráfico lateral à esquerda representa a altura das
árvores; a linha tracejada vermelha indica a média de altura das árvores em que as
espécies do módulo I (à direita) foram coletadas (6,64 m +/- 3,41 m) e a linha azul
indica a média de altura das árvores em que as espécies do módulo II foram coletadas
(9,99 m +/- 5,3 m). A espessura das barras representa a centralidade de cada espécie de
formiga ou indivíduo arbóreo.
I
II
38
Discussão
A altura da árvore é um mecanismo importante para a determinação da
centralidade por grau na rede de interações, entretanto esse efeito é dependente das
características do habitat de entorno da árvore, ou seja, a estrutura da vegetação
associada ao tempo de regeneração da área. No estágio inicial o efeito é negativo,
árvores menores possuem maior centralidade e maior importância na rede e, no estágio
tardio, o efeito é positivo, ou seja, árvore maiores possuem maior centralidade e
consequentemente maior importância no sistema. Esse efeito contrário se deve ao fato
de espécies de solo forragearem nas árvores baixas no estágio inicial, aumentando o
número de interações e a centralidade na rede. Em árvores maiores no estágio inicial
ocorre o estabelecimento de formigas agressivas que impedem o acesso de formigas de
solo, diminuindo a importância da árvore na rede de interações. No estágio avançado o
efeito é contrário já que árvores maiores possuem maior importância na rede, ou seja,
um maior número de interações. Esse padrão se deve ao fato de espécies dominantes e
territorialistas permitirem que espécies arborícolas submissas forrageiem mas não
nidifiquem nessas árvores (ver Klimes et al. 2015). Estudos anteriores realizados no
sub-bosque da mesma área demonstram uma mudança da composição de espécies de
formigas arborícolas com o avanço da sucessão (Neves et al. 2009, Marques et al.
2016). Assim formigas oportunistas de solo não são encontradas forrageando em
árvores presentes no estágio avançado de sucessão. Estudos evidenciaram que árvores
maiores suportam uma maior riqueza de formigas no cerrado (Costa et al., 2011) e em
áreas de florestas úmidas (Campos et al., 2006; Lourenço et al., 2015), o que está
relacionado à maior densidade de ninhos em árvores maiores e em estágios avançados
de sucessão (Klimes et al. 2012, 2015).
39
No presente estudo não verificamos o efeito da conectividade entre as copas das
árvores ou da presença de NEF’s na importância da árvore na rede de interações. Em
outros sistemas, verificou-se que a conectividade entre as copas das árvores é um dos
fatores que determina a fauna de formigas arborícolas (Majer & Delabie, 1999; Gove &
Majer, 2006), contudo não encontramos as mesmas evidências em nosso trabalho.
Árvores mais baixas e pouco conectadas podem estar relacionadas a espécies de
formigas oportunistas ou que nidificam no solo (Gove & Majer, 2006; Martinez, 2015),
inclusive este padrão de uso foi confirmado em árvores da mesma área de estudo do
presente trabalho (Neves et al., 2010). Similarmente, Marques et al. (2016)
confirmaram uma maior similaridade de formigas de solo e de arbóreas em estágios
iniciais de sucessão. Dentre as espécies amostradas em nosso estudo, encontramos
espécies descritas como tipicamente predadoras generalistas epigéicas (Brandão et al.,
2011), como, p.e., Ectatomma muticum e Odontomachus bauri. Outras, como as
formigas de correição (Labidus praedator e Eciton sp.1) e até as myrmicines
generalistas (e.g., Pheidole spp., Solenopsis spp., Wasmmania spp., Rogeria spp.) que
também estão relacionadas tipicamente à fauna epigéica. Assim, a conectividade pode
ter pouca importância na rede devido à manutenção, em árvores mais baixas, de
espécies tipicamente de solo.
Quanto à baixa importância das árvores com NEF’s na rede, Camarota et al.
(2015) igualmente não detectaram diferenças na comunidade de formigas entre espécies
de árvores com e sem nectários extraflorais no cerrado. Além disso, verificaram que a
maioria das espécies pertencentes aos gêneros Cephalotes e Pseudomyrmex são
oportunistas e/ou visitantes ocasionais e, mesmo as tipicamente associadas aos NEF’s,
foram encontradas em frequências similares em árvores que não apresentam estas
estruturas. Os NEF’s podem não ter exibido a influência esperada no padrão de
40
distribuição uma vez que são recursos efêmeros, relacionados à formação de brotos e
folhas jovens e logo se torna inativo (Blüthgen et al., 2000), principalmente em uma
floresta seca, em que as árvores perdem as folhas ao longo da estação seca. Foi
constatada baixa especialização da rede entre formigas em plantas que apresenta NEF’s,
quando comparado à presença de insetos trofobiontes (Fotso et al. 2015).
No presente estudo foram amostradas 79 espécies, número superior às 43
espécies de formigas arbóreas coletadas por Neves e colaboradores (2010) na mesma
região de estudo. A elevada riqueza de espécies detectadas no presente estudo pode ser
fruto da utilização dos distintos métodos de amostragem, Neves et al. (2010) utilizaram
armadilhas de iscas atrativas aderidas ao tronco à uma altura de cerca de 1,3 m em 75
árvores. Isso demonstra que os métodos complementares de coleta utilizados no
presente estudo e a inclusão do dossel no esforço amostral são fundamentais para uma
efetiva investigação da mirmecofauna arbórea (Bestelmeyer et al. 2000). Em uma
floresta seca no México, Castaño-Meneses (2014) amostrou, com o método de fogging
em sete campanhas, um total de 46 espécies. Esta riqueza, inferior à verificada no
presente estudo, pode estar relacionada às coletas de fauna exclusivamente diurna.
Apesar da rede geral do presente estudo apresentar modularidade, o valor
detectado é inferior ao encontrado em outras redes (Dáttilo et al., 2013; Dáttilo et al.,
2014-b; Santos et al., 2013), o que pode estar relacionado à pouca especificidade em
relação ao uso de recursos, sem a formação de grupos coesos e isolados (Guimarães-Jr
et al., 2007), notadamente em relação às espécies dominantes, presentes na maioria das
árvores.
A rede geral do presente estudo apresenta padrão não aleatório, indicando alta
exclusão competitiva, o que pode ser resultado da formação dos mosaicos de
41
dominância, dado pelo índice de c-score encontrado neste estudo. Adicionalmente, o
valor encontrado para este índice é maior do que o encontrado em redes de flores-
formigas para as diferentes sazonalidades investigadas, seca e chuvosa (0,34 e 0,5,
respectivamente) (Santos et al., 2014) na caatinga. Isso indica que, no dossel estudado,
as forças das interações bióticas são fortes, nos dando fortes indícios da formação de
territórios bem definidos entre as diferentes espécies de formigas. Então, outros
recursos, mais previsíveis e persistentes nas árvores, como sítios de nidificação
(relacionados à altura da árvore – tamanho) e a presença de insetos herbívoros (presas
ou trofobiontes) (Neves, et al., 2014), podem estruturar o mosaico de formigas, ou
mesmo as diferentes condições abióticas e microclimáticas, dadas pela altura da árvore
e o estrato vertical (Windsor, 1990; Madigoski, 2004; Moffett, 2013).
A baixa conectância encontrada para a rede geral é um reflexo do grande número
de espécies com baixa ocorrência, que é o que geralmente se encontra em ambientes
tropicais de elevada diversidade (Basset et al., 2012). Além disso, o baixo aninhamento,
quando comparamos aos valores encontrados para outras redes plantas-formigas (Santos
et al., 2013; Lange et al., 2013), sugere que as espécies que possuem poucas interações
não interagem preferencialmente com as árvores mais generalistas, realizando relações
com um par que também realiza menos interações.
A partir da análise da rede das espécies de formigas dominantes com maiores
frequências nas amostras e elevados valores de centralidade (Centralidade > 55), foi
possível verificar a existência de dois módulos com três espécies cada, um deles
formado por Ca. arboreus, Ca. melanoticus, Cr. goeldii e o outro formado por Ca.
blandus, Ce. pusillus e Ca. renggeri. Cada um dos módulos apresenta uma maior
frequência de interações determinada espacialmente pela altura da árvore. Dentro de
cada um desses módulos há duas espécies pertencentes ao gênero Camponotus,
42
conhecidas como arborícolas dominantes (Brandão et al., 2011, Camarota et al., 2015,
Dejean et al., 2015) que podem promover a exclusão de outras espécies, especialmente
de tamanhos diferentes (Fayle et al. 2015). No entanto, as espécies dominantes do
gênero Camponotus, inseridas dentro de um mesmo módulo, apresentam sobreposição
espacial (Figura 4), mas não temporal, forrageando em horários diferentes. Em um
mesmo módulo, a espécie Ca. arboreus tem descrita atividade diurna (Maravalhas et
al., 2009), já Ca. melanoticus apresenta atividade essencialmente noturna (Orivel et al.,
2002; Kaminski et al., 2011). A outra espécie deste módulo, Cr. goeldii, apresenta
atividade diurna (Lanan, 2011) e pertence a um gênero numericamente dominante em
muitos dosséis tropicais (Davidson et al., 1993), mas pode coocorrer com outras
espécies em subdominância. No segundo dos módulos, Ca. blandus apresenta atividade
diurna bastante documentada na literatura (Oliveira et al., 1995, Del-Claro & Oliveira
1999; Orivel et al., 2002; McClure et al., 2008; Alves-Silva et al., 2013), enquanto que
Ca. renggeri apresenta atividade noturna (Del-Claro & Oliveira 1999, Ronque, 2013). A
terceira espécie deste módulo, Ce. pusillus, apresenta atividade diurna (Kaminski et al.,
2011), mas pode coocorrer com outras espécies dominantes, em subdominância,
apresentando comportamento submisso (Espirito-Santo et al., 2012). Estas observações
podem estar relacionadas ainda à segregação pelo tamanho das operárias (Fayle et al.,
2015), uma vez que espécies de tamanhos próximos tendem a não coexistir (entre duas
espécies de Camponotus spp., p.e.), embora com tamanhos bastante distintos (extremos)
a coexistência é mais esperada (Camponotus x Crematogaster).
Além da exclusão dentro de um mesmo módulo, em relação ao horário de
forrageamento, as Camponotus spp. que apresentam os mesmos horários de
forrageamento excluem-se em relação à altura das árvores que ocupam. As faixas de
altura das árvores do par de espécies diurnas é Ca. blandus (4,1 a 7,7 m) e Ca. arboreus
43
(7,5 a 18 m), sugerindo que a altura das árvores é um fator determinante na composição
das espécies dominantes. McClure et al. (2008) descreveram que Ca. blandus nidifica
no solo e forrageia em árvores e pode estar associada a árvores baixas, sendo isto
dependente de condições bióticas (exclusão competitiva). Dessa forma, as espécies dos
módulos da rede de dominantes são distribuídas com relação a diferentes alturas das
árvores, sugerindo a influência da posição na árvore na formação dos mosaicos de
dominância, conforme proposto por Ribeiro et al. (2013).
Conclusões
Um fator que emerge desse estudo é a importância da altura das árvores na rede
de interações e a importância de grandes árvores nos estágios avançados de sucessão.
Assim grande árvores devem ser sempre mantidas em áreas de conservação, sendo
necessário mantê-las para a manutenção da estrutura da rede de interações em florestas
secas. Além disso, as espécies dominantes de formigas devem estruturar o restante da
fauna em distintos estágios de sucessão, com a segregação espaço-temporal, formando
mosaicos de formigas que, por sua vez, devem ser importartantes na determinação da
estrutura das comunidades associadas a florestas secas.
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