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Avaliação da eficácia da Retorta Ourolimpo® no controle da exposição ocupacional a vapores de mercúrio na recuperação de mercúrio metálico em amálgamas e resíduos. Autor: Gilmar C. Trivelato – Químico, aluno de Doutorado em Meio Ambiente do Programa de Pós-graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da Escola de Engenharia da UFMG, Pesquisador Titular da área de Higiene Ocupacional da FUNDACENTRO – Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e Medicina do Trabalho – Centro Regional de Minas Gerais. Endereço para correspondência : Rua Guajajaras 40 14º. Andar – Centro – Belo Horizonte (MG) – CEP 30180-100 E-mail: [email protected] Resumo: O mercúrio metálico é amplamente utilizado na mineração de ouro no Brasil e esta atividade constitui a principal fonte de contaminação ambiental desse metal. A Retorta Ourolimpo® é um equipamento desenvolvido para recuperar o mercúrio metálico, evitar a significativa contaminação ambiental e reduzir a exposição ocupacional durante o processo da primeira “queima” do amálgama ouro- mercúrio para obtenção de ouro puro. Testes anteriores demonstraram a eficácia desse equipamento na recuperação do mercúrio e redução da contaminação ambiental. O objetivo deste estudo foi avaliar a eficácia desse equipamento na redução da exposição ocupacional do operador. A exposição ocupacional foi estimada de forma exploratória em um cenário de maior risco – durante a destilação ou “queima” de mercúrio metálico puro. Foram coletadas e analisadas amostras de ar na zona respiratório do operador durante três queimas consecutivas, utilizando o método NIOSH 6009, adaptado aos equipamentos e condições disponíveis. Coletou-se também amostras na área de trabalho para estimar a imissão e amostras próximas ao ponto mais critico do equipamento para estimar a emissão. Os

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Avaliação da eficácia da Retorta Ourolimpo® no controle da exposição ocupacional a vapores de mercúrio na recuperação de

mercúrio metálico em amálgamas e resíduos.

Autor:Gilmar C. Trivelato – Químico, aluno de Doutorado em Meio Ambiente do Programa de Pós-graduação em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da Escola de Engenharia da UFMG, Pesquisador Titular da área de Higiene Ocupacional da FUNDACENTRO – Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e Medicina do Trabalho – Centro Regional de Minas Gerais.

Endereço para correspondência : Rua Guajajaras 40 14º. Andar – Centro – Belo Horizonte (MG) – CEP 30180-100E-mail: [email protected]

Resumo: O mercúrio metálico é amplamente utilizado na mineração de ouro no Brasil e esta atividade constitui a principal fonte de contaminação ambiental desse metal. A Retorta Ourolimpo® é um equipamento desenvolvido para recuperar o mercúrio metálico, evitar a significativa contaminação ambiental e reduzir a exposição ocupacional durante o processo da primeira “queima” do amálgama ouro-mercúrio para obtenção de ouro puro. Testes anteriores demonstraram a eficácia desse equipamento na recuperação do mercúrio e redução da contaminação ambiental. O objetivo deste estudo foi avaliar a eficácia desse equipamento na redução da exposição ocupacional do operador. A exposição ocupacional foi estimada de forma exploratória em um cenário de maior risco – durante a destilação ou “queima” de mercúrio metálico puro. Foram coletadas e analisadas amostras de ar na zona respiratório do operador durante três queimas consecutivas, utilizando o método NIOSH 6009, adaptado aos equipamentos e condições disponíveis. Coletou-se também amostras na área de trabalho para estimar a imissão e amostras próximas ao ponto mais critico do equipamento para estimar a emissão. Os resultados obtidos mostraram que a exposição estimada durante a queima foi 32 μg/m3, bem inferior aos valores estimados quando não se usa esse dispositivo. Se a atividade de queima for realizado durante toda a jornada de trabalho a exposição estimada pode ser superior ao valor do limite de exposição ocupacional recomendado pela ACGIG – 25 μg/m3

para uma jornada de 8 horas diárias e 40 horas semanais. Entretanto a exposição ocupacional pode se manter abaixo no nível de ação – 50% do valor do limite de exposição ou dose - se o equipamento for usado seguindo as recomendações do fabricante para a realização de até nove queimas diárias ou operação contínua de até três horas, sem constituir riscos significativos à saúde do operador. Essas conclusões se aplicam à recuperação de mercúrio existente em qualquer tipo resíduo ou amálgama que contenha mercúrio metálico.

Abstract: Metallic mercury is extensively used in gold mining in Brazil and this activity constitutes the main source of environmental contamination. Retorta Ourolimpo® is an equipment developed to recover metallic mercury, to avoid expressive environmental contamination and to reduce occupational exposure during the process of first “burning” of the gold-mercury amalgam. Former tests had shown the equipment efficacy to recover mercury and avoid environmental contamination. The aim of this study was to assess its efficacy to reduce the operator occupational exposure. The occupational exposure was estimated in a worst case scenery – the destilation or “burning” of the pure metallic mercury. It was collected and analysed air samples in the repiratory zone during three sequencial “burnings” by using the NIOSH 6009 method, adapted to available equipments and conditions. It was also collected air samples in the working area to estimate the imission and air samples close to the equipment to estimate the emission. The results showed an estimated exposure of 32 μg/m3 during the burning process, much lower than the estimated exposures for “burnings” without using this equipment. If the burning activity occurs during all day’s journey the estimated exposure could be higher than the occupational exposure limit recommended by ACGIH – 25 μg/m3 for a conventional 8-hour workday and a 40-hour workweek. However the occupational exposure could be lower than the action level – 50% of the occupational exposure limit value – with no significative health risks to operator if the equipment is used according to the manufacturer’s recommendations and to carry out up to nine “burnings” per day or three hours of continuous operation. These conclusions are applicable to recover mercury from all kind of amalgam ou wastes containing metallic mercury.

Palavras-chave:Mercúrio. Exposição ocupacional. Recuperação de mercúrio. Mineração de ouro. Reciclagem.

1. Introdução

No Brasil, o processo de extração de ouro em garimpos utiliza amplamente o mercúrio metálico (Hgo) e esta atividade constitui uma das principais fontes de contaminação ambiental por mercúrio. Nesse processo de extração o mercúrio metálico se liga a partículas de ouro existentes no minério com a formação inicial de um amálgama ouro-mercúrio e, posteriormente, o ouro pode ser obtido aquecendo-se o amálgama. Como o mercúrio possui ponto de ebulição muito menor que o ouro, este processo pode ser considerado como uma espécie de “destilação” na qual o mercúrio é volatilizado, permanecendo o ouro metálico relativamente “puro”. Esse processo é vulgarmente conhecido como “queima”, provavelmente porque o aquecimento é feito através da ação direta de uma chama sobre um recipiente contendo o amálgama ou sobre o próprio amálgama.

Esse processo de separação por aquecimento é realizado em duas etapas, isto é, são feitas duas “queimas”. A primeira delas é feita na própria área de garimpo e a maior parte do mercúrio é liberado na forma de vapores metálicos que se dispersa no ar, contaminando o ambiente. O produto resultante é uma liga de ouro (“bullion”) que ainda contém cerca de 10% de mercúrio. Para a completa eliminação do mercúrio e obtenção do ouro em uma forma mais pura faz-se necessário uma segunda “queima”, que deve ser realizada em condições mais energéticas. Essa segunda queima geralmente acontece quando o garimpeiro vende o ouro obtido na primeira “ queima” em casas compradoras de ouro, existentes em vilas ou cidades

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localizadas nas zonas de garimpo. Embora a liga contenha um teor de mercúrio menor que a usada na primeira queima, pode ocorrer ainda significativa contaminação ambiental devido ao efeito de concentração – isto é, uma grande quantidade de ouro cuja primeira queima se deu em diferentes lugares passa a ser queimada em um único local (FAGÁ & TRIVELATO, 1991).

Considerando os elevados riscos ambientais e ocupacionais da primeira queima de amálgama ouro-mercúrio nas atividades de garimpo, além dos prejuízos econômicos decorrentes do não reaproveitamento do mercúrio usado em novos processos de extração de ouro, COTA (1997) desenvolveu um protótipo denominado Retorta OuroLimpo para recuperar o mercúrio metálico usado; evitar a significativa contaminação ambiental; e reduzir a exposição ocupacional do operador a vapores de mercúrio a níveis aceitáveis, durante o processo de aquecimento.

Esse modelo de retorta é uma espécie de sistema de destilação que consiste basicamente de um cadinho e tampa, rosqueáveis e em ferro fundido, e um tubo condensador em aço inox, encaixado numa “conexão” soldada na tampa. Para melhorar a eficiência de troca de calor no condensador coloca-se um pano úmido enrolado no tubo, ao qual se adiciona água durante a queima. A fonte térmica é a chama de um queimador tipo bico de Bunsen, que usa como combustível gás liquefeito de petróleo – GLP. O Anexo I contém a descrição detalhada do protótipo.

Como seu princípio de funcionamento independe do tipo de amálgama, a retorta também pode ser utilizada para recuperar mercúrio de resíduos contendo esse metal, tais como aqueles gerados em consultórios dentários, e ao mesmo tempo reduzir as exposições ocupacionais e contaminação ambiental.

Um exemplar desse protótipo de retorta foi avaliado nos laboratórios do CETEM – Centro de Tecnologia Mineral (ARAUJO & RIBEIRO, 1996) e a eficiência média de destilação de mercúrio determinada foi de 96,8%, o que lhe conferiu aplicabilidade técnica no propósito de recuperar o metal e evitar contaminação ambiental.Embora seja um dispositivo “fechado”, o valor da eficiência média sugere que ocorrem emissões fugitivas durante o processo de destilação e, conseqüentemente, o operador pode ficar exposto a vapores de mercúrio durante o processo da queima. Mas, para completar a avaliação global do desempenho desse protótipo, faz-se necessário avaliar seu desempenho em reduzir a exposição ocupacional a vapores de mercúrio.

O objetivo deste estudo foi avaliar o desempenho ou eficácia da Retorta OuroLimpo no controle da exposição ocupacional a vapores de mercúrio durante a recuperação de mercúrio metálico em condições experimentais tais que permitiu extrapolar os resultados obtidos para situações de recuperação de mercúrio de amálgamas ou resíduos contendo esse metal.

As informações disponíveis permitem inferir que a exposição ocupacional é elevadíssima durante primeira queima de um amálgama de mercúrio na ausência de medidas de controle das emissões de vapores de mercúrio. TRIVELATO (1991) utilizou tubos colorimétricos para determinar a concentração de mercúrio próximo à zona respiratória do trabalhador que realiza essa tarefa e constatou que, nesse cenário, a exposição pode variar entre 1 e 5 mg/m3. Dependendo das condições de ventilação do local onde se realiza a queima pode-se caracterizar inclusive um quadro de exposição aguda – exposição de curta duração a

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concentrações elevadíssimas. Mas o cenário mais provável é de uma exposição crônica intermitente, uma vez que a atividade de queima não é realizada diariamente e durante toda a jornada.

Os efeitos sobre a saúde humana da ação tóxica do mercúrio, tanto em casos de exposições agudas quanto crônicas, são bem conhecidos e descritos na literatura científica (CANADIAN CENTER OF OCCUPATIONAL HEALTH AND SAFETY - COHS, 2000; NORDBERG,1998). Exposições ocupacionais agudas ocorrem por inalação de elevadíssimas concentrações do vapor metálico típicas de situações acidentais. Podem resultar em sérios problemas respiratórios, inclusive morte por deficiências respiratórias, e efeitos nocivos sobre o sistema nervoso. Como não se tem notícia de intoxicação aguda por mercúrio, seguida de morte, entre trabalhadores de garimpos de ouro, é provável que as exposições de curta duração resultem apenas em efeitos nocivos sobre o sistema nervoso, semelhantes àqueles que observados em conseqüência de exposição crônica.

A exposição ocupacional crônica a mercúrio metálico ocorre por inalação repetida de vapores de mercúrio elementar. Embora seja possível a absorção através da pele, sua velocidade é baixa (NORDBERG, 1998) e, portanto, esta via de exposição é irrelevante. Os principais efeitos nocivos relatados associados à exposição crônica são os distúrbios do sistema nervoso e danos renais, resultando em quadros clínicos complexos e preocupantes.

Para avaliar a eficácia de um equipamento ou dispositivo para reduzir ou manter a exposição ocupacional a níveis considerados aceitáveis, é necessário selecionar um critério apropriado para o tipo de exposição e estimá-la de forma representativa e coerente com o critério adotado. Na prática da Higiene Ocupacional as avaliações de risco à saúde associadas exposição crônica a contaminantes ambientais são feitas estimando-se a exposição representativa para uma jornada diária e semanal e comparando-se o valor obtido com valores de limites estabelecidos por razões técnicas ou permitidos legalmente. Caso o agente tenha também potencial para causar danos em conseqüência de exposições de curta duração (15 minutos), adota-se como critério o valor do limite de exposição para curta duração e estima-se a exposição para momentos nos quais espera-se que esse tipo de exposição ocorra (MULHAUSEN & DAMIANO, 1998).

No caso particular da exposição a mercúrio metálico, considerando que a exposição aguda ocorre apenas acidentalmente ou em condições de trabalho extremamente precárias, os limites de exposição ocupacional para vapores de mercúrio elementar são estabelecidos apenas para exposição repetida ou de longa duração. A AMERICAN CONFERENCE OF GOVERNAMENTAL INDUSTRIAL HYGIENISTS – ACGIH (2003) propõe o valor limite de 0,025 mg/m3, quando a exposição é expressa em termos de concentração média ponderada no tempo para jornadas diárias de 8 horas de duração e 40 horas semanais – MPT ou no original em inglês TLV-TWA (Threshold Limit Value – Time weighted average). A portaria 3214 do Ministério do Trabalho e Emprego, no seu Anexo11 estabelece o valor de 0,050 mg/m3 (BRASIL, 1978), para jornadas diárias de 8 horas e semanais de 48 horas. Embora este valor tenha sido estabelecido com base no valor proposto pela ACGIH da época da edição da portaria, ele não foi atualizado como ocorre anualmente com os valores propostos pela ACGIH e portanto, não se mostra adequado para avaliar riscos à saúde.

Considerando-se a elevada taxa de recuperação de mercúrio demonstrada no teste de estanqueidade realizada pelos técnicos do CETEM, a hipótese básica do estudo realizado foi de que a exposição do operador que utiliza a Retorta Ourolimpo ocorra a concentrações

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baixas, ou no máximo moderadas. É pouco provável a ocorrência de exposições agudas, como aquelas que se verificam quando a queima é feita sem qualquer medida de controle e em condições precárias de ventilação. Por essa razão é suficiente utilizar como critério o limite de exposição estabelecido para exposições crônicas.

2. Metodologia

2.1 Procedimento de “queima” ou destilação do Mercúrio

Optou-se por avaliar o desempenho de um protótipo na situação de maior risco – a destilação de mercúrio elementar – uma vez que o aquecimento do metal nessas condições tem potencial de gerar maiores quantidades de vapores de mercúrio do que o aquecimento de qualquer amálgama ou resíduo contendo qualquer teor de mercúrio.

Utilizou-se um exemplar do protótipo (Figura 1) disponibilizado pelo fabricante, montado em área aberta, com paredes laterais e ventilação natural (Figura 2). Foram efetuadas três queimas subseqüentes, seguindo os procedimentos recomendados pelo fornecedor, utilizando-se aproximadamente 100 g de mercúrio metálico em cada queima

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Figura 1 – Protótipo da Retorta Ourolimpo usado nos testes

2.2 Coleta e análise das amostras de ar

Utilizou-se os procedimentos propostos pelo do método NIOSH 6009 (NATIONAL INSTITUTE FOR OCCUPATIONAL SAFETY AND HEALTH-NIOSH, 1994) adaptado aos equipamentos e condições de laboratório disponíveis na Fundacentro

As amostras foram coletadas utilizando-se tubo adsorvente específico para coleta de vapor de mercúrio da SKC Inc. (código 226-17-1A), com 200 mg de Anasorb, adsorvente equivalente ao Hydrar e Hopcalite recomendados pelo método NIOSH 6009, e bombas de amostragem de ar de baixo fluxo, marca MSA, modelo Escort Elf Pump EEEX IIB T4, com vazão ajustada entre 150 e 250 ml/min. As bombas foram calibradas medindo-se o fluxo de ar (Q) antes e depois da coleta das amostras, utilizando-se um calibrador MSA Digital Primary Calibrator – A P Buck. O tempo de coleta (t) foi registrado pelo cronômetro da própria bomba de amostragem. Calculou-se o valor médio do volume de ar (Var).amostrado utilizando-se a expressão Varr = Q x t, a partir da média dos valores de fluxo e do tempo de coleta, descartando-se aqueles em que se observou variação de fluxo da bomba de amostragem superior a 5%. Os valores de volume de ar foram corrigidos para condições de temperatura e pressões normais, respectivamente, 25o C e 1 atm (760 mmHg). -

As amostras foram fechadas imediatamente após a coleta e enviadas para laboratório. A preparação das amostras foi feita no Laboratório de Inorgânica do Centro Técnico Nacional da Fundacentro em São Paulo, transferindo o conteúdo do tubo amostrado para um balão volumétrico e dissolvendo-o com 10 ml de uma mistura de ácido nítrico e clorídrico Suprapuro (Merck), completando-se o volume a 50 ml. A concentração de mercúrio nas soluções obtidas foi determinada na Seção de Equipamentos Especializados do Laboratório de Análises Químicas do Instituto Adolfo Lutz, em São Paulo, utilizando-se Espectrofotometria de Absorção Atômica com técnica de vapor frio de Hg. Os resultados foram expressos em mg Hg por tubo. O limite de detecção do método analítico é de 0,03 g/tubo. Foram determinadas as massas de mercúrio em quatro tubos em branco, seguindo os mesmos procedimentos usados nas amostras contendo o vapor metálico. Calculou-se a massa de mercúrio (mHg)

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Figura 2 - Montagem e local de realização dos testes.

presente no ar amostrado subtraindo o valor médio da massa obtida para os tubos brancos da massa encontrada em cada tubo.

2.3 Estratégia de coleta das amostras

Utilizou-se uma estratégia simplificada de caráter exploratório, e não uma abordagem estatística, de forma a permitir estimar, ao mesmo tempo, a exposição ocupacional como a concentração de vapores de mercúrio na área de trabalho (imissão) e as emissões fugitivas do equipamento. Para isso os dispositivos de coleta foram colocados em três pontos: zona respiratória do operador (amostra individual); a 1m de distância do operador e 1,5 m acima do piso -amostra de área, e próximo ao protótipo na região de maior probabilidade de ocorrer emissões (Figuras 3 e 4.).

Para cada ponto foram coletadas amostras em paralelo durante o período total das três queimas subseqüentes, num total de 6 amostras, sendo: duas amostras individuais (na zona respiratório do operador), duas amostras de área e duas amostras próxima à ponto de maior emissão. As amostras individuais e de área foram coletadas durante toda a operação, incluindo a montagem / desmontagem do sistema. As amostras para avaliar as emissões foram coletadas somente durante o período de aquecimento e destilação do mercúrio, desligando-se as bombas durante os intervalos entre as queimas.

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Figura 3 – Pontos amostrados

2.4 Cálculo da concentração de Hg e critérios para interpretação dos resultados:

A concentração de vapor de mercúrio nas amostras de ar coletadas foram calculadas dividindo-se a massa de mercúrio (mHg) pelo volume de ar corrigido (Var).

Para julgar a aceitabilidade da exposição e estimar o risco à saúde do operador, e trabalhadores eventualmente presentes na área de trabalho, optou-se por utilizar como Limite de Exposição Ocupacional (LEO) o valor do TLV-TWA proposto pela ACGIH (American Conference of Governmental Industrial Hygienists) – expresso em termos da concentração média ponderada pelo tempo para jornada de 8 horas e 40 horas semanais, cujo valor é de 0,025 mg Hg/m3. Este LEO é adequado para avaliar os riscos à saúde decorrente de exposições repetidas ou de longa duração a vapores de mercúrio, cujos efeitos são crônicos.

Embora esses vapores tenham o potencial de causar efeitos agudos, não foram adotados critérios para avaliar os riscos associados às exposições agudas porque, mesmo em um cenário em que as exposições sejam de curta duração, elas se dão a concentrações baixas ou moderadas e, portanto, não tem o potencial de causar um quadro de intoxicação aguda.

O Limite de Tolerância proposto pela legislação brasileira (BRASIL, 1978) foi utilizado apenas em caráter complementar para analisar se a operação da Retorta Ourolimpo na recuperação de Mercúrio constitui uma atividade insalubre para fins de pagamento de adicionais de salário previsto na NR 15, Anexo 11 da Portaria 3214. Este limite é inadequado para estimar os riscos à saúde uma vez que ele não está atualizado em relação ao estado atual da arte.

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Figura 4 – Coleta de amostras durante a operação

3. Resultados

A duração total das queimas foi de 58 minutos, isto é, aproximadamente 20 minutos para cada queima. A temperatura ambiente observada foi de 25,5 oC e a pressão atmosférica do local é 694 mmHg ou 925 mBar.

As estimativas de exposição ocupacional do operador, da taxa de emissão no ponto mais crítico e da concentração de mercúrio na área de trabalho (imissão)estão apresentadas na Tabela 1, com valores expressos em mg Hg/m3. A planilha completa contendo os dados de campo, resultados do laboratório e demais cálculos constam do Anexo II.

Parâmetro avaliado Tipo de amostra Tempo de coleta

(min)

No. amostras

Valor obtido (μg Hg/m3)corrigido para TPN

Exposição ocupacional Individual (zona respiratória do operador)

58 2 32

Emissão da fonte Amostra coletada próxima à fonte de emissão (ponto mais crítico)

42 1(*) 43

Contaminação da área de trabalho (imissão)

Amostra de área – 1 m da zona de trabalho e 1,5 m de altura.

58 2 29

(*) Uma amostra foi descartada em função da variação do fluxo ter sido superior a 5%.

Tabela 1 – Concentração de Hg nos pontos amostrados

4. Discussão

Os valores obtidos são coerentes com as observações qualitativas e em função do distanciamento entro os pontos de coleta de amostras e a fonte de emissão de vapores: a estimativa da emissão é superior à concentração de mercúrio na zona respiratória do operador, que por sua vez é superior à concentração ambiental nas áreas próximas à zona de operação. O gradiente de concentração pode ser explicado pelo efeito da diluição dos vapores emitidos no ambiente – quanto mais distante da fonte, menor a concentração a concentração de vapores de mercúrio.

Embora a concentração na área próxima a zona de operação seja menor do que aquela na zona respiratória do operador, a diferença não é significativa (aproximadamente 10%). Isto implica que pessoas vizinhas a essa área poderão estar expostas a níveis próximos ao do operador da Retorta. Por essa razão é recomendável que a operação seja realizada em área isolada e que pessoas não diretamente relacionadas à tarefa não devem permanecer na área.

Para avaliar a eficácia no caso de utilização contínua e freqüente da Retorta Ourolimpo deve-se estimar a exposição em termos de concentração média ponderada no tempo para uma jornada de 8 horas de trabalho, que é possível através de uma modelagem matemática a partir dos dados obtidos. A fim de calcular qual seria o tempo aceitável de operação diária da Retorta foi construído um quadro ilustrativo da estimativa da exposição ocupacional para

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vários cenários, isto é, várias queimas ou tempos de uso diário da Retorta. Para isto foram feitas as seguintes suposições:

Tempo médio de uma queima = 20 minutos Exposição média durante a queima = 0,032 mg Hg/m3. Tempo de exposição = tempo de operação da Retorta, durante o restante da jornada a

exposição seria nula uma vez que o amálgama sem aquecimento não constitui uma fonte de emissão de vapores de mercúrio e o mercúrio coletado encontra-se com um “selo de água”.

Operação realizada em ambiente bem ventilado, suficiente para diluir os vapores de mercúrio formados e renovar o ar, e desprezando-se o efeito de concentração de vapores de mercúrio na parte inferior (pois são mais densos que o ar e tendem a se acumular nas áreas mais baixas)

Com base nestas suposições pode-se estimar a exposição diária em termos de concentração média ponderada no tempo para jornada de 8 horas (MPT-8h) aplicando a seguinte fórmula - C = (0,032 x t) / 8 mg Hg/m3 - onde t é o tempo de utilização da Retorta no processo de recuperação de mercúrio, expresso em horas, e C é a concentração média ponderada no tempo para uma jornada de 8 horas diárias.

A Tabela 2 apresenta os resultados das estimativas de exposição em termos de concentração média ponderada no tempo para 8 horas de jornada e respectiva dose diária, expressa em termos de % do Limite de Exposição Ocupacional adotado como critério para julgar a aceitabilidade da exposição.

Número de “queimas” por

dia

Tempo de exposição a

32 mg Hg/m3.

Estimativada Exposição(MPT – 8 h)mg Hg/m3

% L.E.O(TLV-TWA =

0,025 mg Hg/m3)

1 20 min 0,00133 5,3

2 40 min 0,00267 10,7

3 60 min 0,00400 16

6 2:00 h 0,00800 32

9 3:00 h 0,0125 48

12 4:00 h 0,0150 64

18 6:00 h 0,025 96

24 8:00 h 0,030 128Tabela 2 – Estimativas da exposição e dose para várias queimas e tempos de exposição.

A análise dos dados da Tabela 2, obtidos por modelagem e não por medição em condições reais, permite inferir que, até nove (9) queimas diárias ou 3 horas de operação contínua, o nível de exposição a vapores de mercúrio estimado permanece abaixo do nível de ação (50% da dose) e, portanto, a exposição pode ser considerada aceitável e não implica em riscos significativos para a saúde dos trabalhadores.

Até dezoito (18) queimas diárias ou 6 horas de funcionamento o nível de exposição poderá ainda se situar dentro dos valores aceitáveis – inferior à dose diária recomendada pela

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ACGIH, isto somente pode ser afirmado com segurança se for feita uma avaliação da exposição coletando-se um número maior de amostras e utilizando-se uma abordagem estatística, de forma que o valor do percentil 95 seja inferior ao valor do limite de exposição adotado como critério. Mas as estimativas feitas para atividade contínua em jornadas de oito horas não ultrapassam os limites permitidos pela legislação brasileira.

5. Conclusões

A Retorta Ourolimpo® é eficaz para controlar a exposição ocupacional a vapores de mercúrio durante operação de recuperação desse metal se for utilizada para realização de nove (9) queimas ou até 3 horas em operação contínua em ambiente ventilado. Nessas condições de uso o nível de exposição ocupacional permanece aceitável e, portanto, não constitui um risco significativo à saúde dos trabalhadores – tanto para o operador da retorta e como para os outros em áreas vizinhas. Na utilização rotineira nessas condições não é necessário realizar o monitoramento ambiental da exposição, mas recomenda-se a verificação constante da estanqueidade do equipamento ou estudo em condições reais para avaliar a efetividade da redução da exposição..

Se a retorta for utilizada por períodos superiores a três (3) horas ou nove (9) queimas a exposição ocupacional pode exceder os valores dos limites de exposição. Recomenda-se neste caso sua utilização em local com ventilação exaustora ou a adoção de proteção respiratória, além da de monitoramento ambiental e biológico da exposição, isto é, a determinação de mercúrio, respectivamente em amostras de ar na zona respiratória e amostras de urina dos trabalhadores expostos.

A atividade de recuperação de mercúrio a partir de qualquer tipo de amálgama utilizando-se a Retorta Ourolimpo, mesmo realizada durante toda a jornada de trabalho de 8 horas diárias e 40 horas semana, não implica em exposição que possa caracterizar essa atividade como insalubre para fins de pagamento de adicional de insalubridade previsto na legislação trabalhista (Cap. V da CLT, artigo regulamentado através da Portaria 3214, Norma Regulamentadora 15, Anexo 11) ou como condição especial para fins de se obter o benefício aposentadoria especial junto à Previdência Social.

Os resultados e as conclusões dessa avaliação se aplicam somente a retortas em condições adequadas de funcionamento especificadas pelo fornecedor e seguindo rigorosamente as instruções de uso (ver Anexo I).

AgradecimentosAgradecemos ao engenheiro Paulo Lucas Costa, que desenvolveu a Retorta Ourolimpo, o apoio no fornecimento dos materiais necessários e auxílio na montagem dos dispositivos para coleta das amostras; ao Dr. Carlos Sérgio Silva, coordenador do Laboratório de Inorgânica da Fundacentro em São Paulo pelo preparo das amostras e à Dra. Alice Sakuma, responsável pelo Laboratório de Equipamentos Especializados do Instituto Adolfo Lutz (SP)pela realização das análises químicas.

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Referências bibliográficas

AMERICAN CONFERENCE OF GOVERNAMENTAL INDUSTRIAL HYGIENISTS -ACGIH. 2003 TLVs and BEIs - Threshold Limit Values for Chemical Substances and Physical Agents & Biological Exposure Índices. Cincinnati, American Conference of Governmental Industrial Hygienists (ACGIH), 2003.

ARAÚJO, R.V.V., RIBEIRO, R.A. Avaliação de retorta destinada à recuperação de mercúrio contido em amálgamas de metais preciosos. Rio de Janeiro: CETEM/CNPq, 1996 (Relatório Técnico)

BRASIL, Ministério do Trabalho. Portaria 3214, Norma Regulamentadora No. 15, Anexo 11, de 08 de junho de 1978. Diário Oficial da União de 06-07-1978 (Suplemento).

CANADIAN CENTRE FOR OCCUPATIONAL HEALTH AND SAFETY – CCOHS. Mercury. In: Cheminfo. CD-ROM, Ed. 2000-1, February,2000-COTA,P.L.Redução da contaminação mercurial em áreas de garimpo de ouro; desenvolvimento de uma alternativa tecnológica.Dissertação de Mestrado na Área de concentração de Meio Ambiente na Escola de Engenharia da UFMG, BH, 1997,64p.

FAGÁ,I., TRIVELATO,G.C.Avaliação da eficácia de capelas para casas compradoras de ouro por determinação de mercúrio no ar.Revista Brasileira de Saúde Ocupacional, vol.19,número 72,p.13-16, 1991 .

MULHAUSEN, J.R., DAMIANO, J. A strategy for assessing and managing occupational exposures. 2nd ed. Fairfax: AIHA Press, American Industrial Hygiene Association, 1998, 349p.

NATIONAL INSTITUTE FOR OCCUPATIONAL SAFETY AND HEALTH. NIOSH Method 6009 – Mercury”. In: NIOSH Manual of Analytical Methods, 4th ed. Cincinnati, National Institute for Occupational Safety and Health (NIOSH), 1994.

NORDBERG, G. Metals: Chemical Properties and Toxicity. In: Encyclopaedia of Occupational Health and Safety, 4th ed., editada por Jeanne M. Stellman. Genebra, ILO, 1998., p.. 63-28 a 30.

TRIVELATO, G.C. Avaliação da exposição a mercúrio em atividades de garimpo em Poconé (MT). São Paulo: Fundacentro, 1991 (Relatório técnico não publicado).

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ANEXO I

DESCRIÇÃO DA RETORTA OUROLIMPO®

“A retorta OuroLimpo® (Figura 5) é um sistema de destilação composto de:

a) “fogareiro”;b) “suporte para cadinho”;c) “protetor contra ventos”;d) “cadinho” ou câmara de queima;e) “tampa do cadinho” (tipo roscável);f) “tubo condensador” e;g) “conexão” soldada na tampa, onde é encaixado o “tubo condensador”.

O “fogareiro”, por sua vez, é composto de: “apoio” (tipo tripé); “base” com aletas; “queimador” e “mangueira de gás” com dois registros.

A seguir é apresentado um detalhamento de cada um desses componentes.a) O fogareiro utilizado possui altura de 17 cm e peso de 1,7 kg. Duas adaptações foram

feitas no fogareiro: uma, nas aletas situadas na “base” e a outra, no “queimador” (onde se produz a chama). Em cada uma das aletas, foi feito um pequeno corte para encaixe do “protetor contra ventos”. Já no “queimador”, foi feito um estreitamento em sua abertura a fim de melhorar o direcionamento e concentração da chama sobre o conjunto “cadinho/tampa”. O fogareiro utilizado, que demonstrou ser muito eficiente, é facilmente encontrado no comércio. Por questões de segurança, optou-se pelo modelo, que possui “mangueira de gás” com dois registros.

b) O “protetor contra ventos” tem como funções básicas: evitar a troca de calor entre o conjunto “cadinho/tampa” e o ar frio, concentrar calor neste conjunto e ainda proteger a chama de ventos. Sua forma é cilíndrica e é feito em chapa de aço carbono, de 1 mm de espessura. Sua altura é de 20 cm e seu diâmetro interno de 13,5 cm. Na parede deste cilindro de aço é feito um corte de 12 cm de altura por 1,5 cm de largura, onde se encaixa o “tubo condensador”. Para aumentar a resistência mecânica dessa peça, a chapa é frisada em dois pontos.

c) O “suporte do cadinho” é confeccionado através do corte, dobra e solda de quatro pedaços de barra chata de ferro, de 3 mm de espessura e 20 mm de largura. O “suporte” pode ser usado apoiado na “base do fogareiro” ou soldado internamente no “protetor contra ventos”.

d) O “cadinho” utilizado foi confeccionado utilizando um niple duplo de 2 ½, de ferro maleável, preto (sem galvanização), e chapa de aço carbono de 3 mm de espessura. O niple, que compõe o corpo do “cadinho” é usinado até adquirir dimensões padronizadas (Figura 3.2), mantendo uma de suas extremidades com a rosca original. A chapa é cortada e soldada no niple, compondo o fundo do “cadinho”.

Visando reduzir o tempo despendido na realização de queima de amálgama, construiu-se dois cadinhos de diferentes tamanhos, acopláveis à mesma tampa. Um ou outro cadinho, pode ser usado de acordo com a quantidade de amálgama produzida pelo garimpeiro, tornando o sistema mais versátil (Figura 3.2).e) A “tampa do cadinho” é feita de um tampão de 2 ½, de ferro maleável, preto, a qual é

furada na sua parte lateral superior, onde é soldada uma conexão de ferro de 10 mm de diâmetro interno (união simples de solda). Esta conexão, que recebe o “tubo

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condensador”, funciona pelo sistema de porca de aperto e anel de penetração interno, o qual é comprimido contra a parede do tubo ao se processar o aperto da porca sobre o corpo da conexão. Este sistema fornece uma perfeita ligação entre estas peças, não possibilitando a ocorrência de vazamentos (alta estanqueidade).

O “tubo condensador” é feito utilizando 45 cm de tubo de aço inoxidável, com espessura de parede de 1 mm e diâmetro externo de 10 mm. Este é curvado com o propósito de promover um maior contato do Hg vaporizado com a parede do tubo e facilitar a coleta do Hg condensado. O seu tamanho e forma asseguram uma perfeita condensação do vapor de Hg, dispensando a imersão da saída do mesmo em água. Desta forma, evita-se a possibilidade de ocorrência de acidente (explosão da câmara), causado pela sucção da água fria para o interior da câmara de queima superaquecida, passível de ocorrer, no final da queima, em retortas cujo tubo condensador encontra-se mergulhado em água. A fim de aumentar a eficiência de troca de calor do “tubo condensador”, deve-se enrolar e prender sobre o mesmo, um pano úmido.” (COTA, 1997)

Figura 5. Foto do protótipo da Retorta Ourolimpo

COTA,P.L.Redução da contaminação mercurial em áreas de garimpo de ouro; desenvolvimento de uma alternativa tecnológica.Dissertação de Mestrado na Área de concentração de Meio Ambiente na Escola de Engenharia daUFMG, BH, 1997,64p.

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ANEXO II PLANILHA DOS RESULTADOS OBTIDOS

Tipo de Amostra

Número da Amostra

Tempo de coleta (min)

Vazão das Bombas de AmostragemVolume de Ar amostrado (m3) -cond amb

 Volume de ar corrg. TPN

Conc. Hg na solução (ug/L

massa de Hg na tubo (ug)

Massa de Hg na amostra de ar (ug)

Concentração de Hg no Ar (mg/m3)

  

Inicial (ml/min)

Final (ml/min)

Média (ml/min)

Variação da vazão (%)

Individual 1A 58 197,5 191,3 194,4 3,2 0,0113 0,0103 7,8 0,39 0,342 33,2   1B 58 202,2 203,5 202,9 0,6 0,0118 0,0108 7,5 0,375 0,327 30,4   Média                     31,8 Emissão 2A 42 196,5 220,3 207,9 12 0,00873 0,00796 10,3 0,515 0,467 58,7(*)  2B 42 197,9 197,1 197,5 0,4 0,0083 0,0076 7,5 0,375 0,327 43,2   Média                        Área 3A 58 197,6 198,8 198,2 0,6 0,0115 0,0105 7,2 0,36 0,312 29,8   3B 58 184,9 184,1 184,5 0,4 0,0107 0,0098 6,4 0,32 0,272 27,9                         28,8 Brancos B1               0,9 0,045       B2               1 0,05       B3               1 0,05       B4               0,9 0,045       Média                 0,048     Obs. (*) Valor descartado em função da variação da vazão ser superior a 5%Condições ambientes no momento da coleta:Data da coleta = 03/08/2001Pressão atmosférica = 925 mBar = 694 mmHgTemperatura ambiente= 25,5 C

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