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Resumos TRibuTáRios iob

Introdução ao estudo do IPI

Volume VI

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Sumário

Introdução ............................................................................................ 11

1. Introdução ao Estudo do dIrEIto trIbutárIo ............... 13

1.1. Direito Tributário ........................................................................ 13

1.2. Conceito de Tributo .................................................................... 14

1.3. Espécies de Tributos .................................................................... 15

1.3.1. Imposto ........................................................................... 16

1.3.2. Taxa ................................................................................. 16

1.3.3. Contribuição de melhoria ............................................... 16

1.3.4. Contribuições especiais ................................................... 17

1.3.5. Empréstimo compulsório ................................................ 17

1.4. Competência Tributária ............................................................... 18

1.5. Imunidades Constitucionais ........................................................ 19

1.5.1. Imunidade de livros, jornais e periódicos e o papel des-tinado a sua impressão .................................................... 20

1.5.2. Imunidade de produtos industrializados destinados ao exterior ............................................................................ 22

1.5.3. Imunidade do ouro na condição de ativo financeiro ou instrumento cambial ....................................................... 24

1.5.4. Imunidade da energia elétrica, derivados de petróleo, combustíveis e minerais .................................................. 24

1.5.5. Imunidade dos fonogramas e videofonogramas musicais (CDs e DVDs) produzidos no Brasil, contendo obras de artistas brasileiros ou interpretadas por estes .................. 24

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8 Karina de Brito Seco Mendes

2. PrIncíPIos constItucIonaIs ..................................................... 27

2.1. Noções Gerais .............................................................................. 27

2.2. Princípio da Legalidade ............................................................... 28

2.3. Princípio da Anterioridade e Anterioridade Nonagesimal .......... 29

2.4. Princípio da Seletividade ............................................................. 30

2.5. Princípio da Irretroatividade ....................................................... 30

2.6. Princípio do Não Confisco .......................................................... 31

2.7. Princípio da Igualdade ................................................................ 32

2.8. Princípio da Não Cumulatividade ............................................... 33

2.9. Princípio da Uniformidade Territorial ......................................... 34

3. Fato GErador .................................................................................. 35

3.1. Legislação .................................................................................... 35

3.2. Hipótese de Incidência e Fato Gerador ....................................... 35

3.2.1. Desembaraço aduaneiro .................................................. 37

3.2.2. Saída do estabelecimento industrial. Industrialização e suas modalidades ............................................................. 38

3.2.2.1. Exclusões do conceito de industrialização ........ 41

3.2.3. Equiparados a industrial ................................................. 43

3.2.3.1. Equiparados por opção ...................................... 57

3.3. Inocorrência do Fato Gerador ..................................................... 58

3.4. Sujeito Ativo e Sujeito Passivo .................................................... 59

3.4.1. Contribuintes do IPI ........................................................ 60

3.4.2. Responsáveis.................................................................... 61

3.4.2.1. Responsável na condição de substituto ............. 63

3.4.2.2. Responsabilidade solidária ................................ 64

3.5. Base de Cálculo ........................................................................... 65

3.5.1. Valor mínimo de tributação ............................................. 68

3.5.1.1. Saídas para filial ou estabelecimento interde-pendente ............................................................ 68

3.5.1.2. Saídas para autônomo que realiza venda direta ao consumidor .................................................... 69

3.5.1.3. Saídas para varejista que realiza venda de café moído ................................................................ 69

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Resumos Tributários IOB • Introdução ao estudo do IPI - Volume VI 9

3.6. Alíquota ....................................................................................... 70

3.6.1. Alíquota ad valorem ......................................................... 70

3.6.2. Alíquota específica........................................................... 75

3.7. O Contribuinte Optante pelo Regime do Simples Nacional e o IPI 77

4. obrIGação trIbutárIa ................................................................. 83

4.1. Noções Gerais .............................................................................. 83

4.1.1. Obrigação principal ......................................................... 84

4.1.2. Obrigação acessória ......................................................... 84

5. dos crédItos ................................................................................... 87

5.1. Da Não Cumulatividade do Imposto ........................................... 87

5.2. Dos Créditos Básicos ................................................................... 88

5.2.1. Aquisição de atacadista não contribuinte do IPI ............. 91

5.2.2. Aquisição de mercadorias/insumos de contribuintes op-tantes do regime do Simples Nacional ............................ 91

5.2.3. Crédito por devolução ou retorno dos produtos ............. 92

5.3. Créditos dos Insumos Empregados na Industrialização de Pro-dutos Saídos com Isenção, Alíquota 0% ou com Imunidade ...... 94

5.4. Créditos Incentivados.................................................................. 96

5.4.1. Incentivos à Sudene (Superintendência do Desenvolvi-mento do Nordeste) e à Sudam (Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia) ..................................... 96

5.4.2. Aquisição da Amazônia Ocidental ................................... 97

5.4.3. Outros incentivos ............................................................ 97

5.4.4. Dos créditos de outra natureza ........................................ 97

5.4.5. Do crédito presumido ...................................................... 98

5.4.5.1. Crédito presumido de IPI como ressarcimento de PIS/Pasep e Cofins ........................................ 98

5.5. Estorno dos Créditos ................................................................... 101

5.6. Manutenção do Crédito ............................................................... 104

rEFErêncIas bIlblIoGráFIcas .......................................................... 111

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introDução

A presente obra faz parte de uma coletânea de Resumos, em que a preocupação é apresentar aos leitores um panorama geral do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), que é um imposto de abrangência nacional de titularidade da União.

Nossa finalidade é auxiliar os estudantes, contadores, analistas e de-mais pessoas que trabalham na área fiscal ou tributária com uma obra prática, didática e que pode ser utilizada no dia a dia daqueles que lidam com o referido tributo.

No Capítulo 1, visando introduzir o leitor na seara tributária, abor-daremos um estudo preliminar sobre noções gerais de direito tributário, tributos e suas espécies, além de tratarmos sobre competência tributária, ou seja, a quem cabe a instituição e a cobrança do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI).

Também elencamos as imunidades tributárias relacionadas ao IPI haja vista sua importância no sistema tributário, cuja função é tutelar de-terminadas situações (pessoas ou coisas) da exação fiscal.

No Capítulo 2, o foco são os princípios constitucionais que norteiam explícita ou implicitamente todo o sistema tributário, e devem ser obser-vados pelos entes tributantes, a fim de se resguardar os direitos e garantias fundamentais do contribuinte, sob pena da alegação de inconstituciona-lidade de determinado ato legal. Necessário mencionar, que relacionamos apenas aqueles que julgamos mais importantes e também relacionados ao IPI, já que o tema é abrangente e o objeto do presente trabalho é um resumo.

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No Capítulo 3, trazemos noções básicas acerca da hipótese de incidên-cia e fato gerador, expressões comumente usadas na doutrina e nas legisla-ções, além de determinadas peculiaridades que o referido imposto possui, tais como a industrialização e a equiparação a industrial. Não obstante, ve-remos também sobre os sujeitos da obrigação, a base de cálculo e alíquota.

Também discorreremos acerca do IPI ao contribuinte optante pelo regime do Simples Nacional, haja vista o tratamento diferenciado a tal contribuinte, cuja intenção foi dar uma noção geral ao assunto.

No Capítulo 4, o assunto a ser tratado é a obrigação tributária, tanto a principal como a acessória. Em relação às obrigações acessórias cola-cionamos um quadro prático com as principais obrigações do IPI e sua fundamentação legal, com o fim de demonstrar a grande quantidade e árdua tarefa imposta aos sujeitos passivos da relação jurídica-tributária, cuja função é auxiliar o Fisco no controle da fiscalização evitando assim a sonegação.

No Capítulo 5, o assunto abordado são os créditos que, sem sombra de dúvida, é o objeto de maior preocupação dos contribuintes, já que a não observância da legislação de forma adequada, pode gerar autuações, acarretando, na maioria das vezes, vultosos dispêndios financeiros.

Relacionados ao tema, trataremos do crédito previsto da aquisição de atacadista não contribuinte do IPI, créditos de insumos empregados em produtos com alíquota 0%, isentos ou imunes, créditos presumidos e outros créditos incentivados, além dos chamados créditos básicos.

Não menos importante abordaremos sobre as hipóteses de estorno de créditos, ou seja, a legislação não prevê a manutenção dos créditos na escrita fiscal do contribuinte e ainda as situações em que se pode manter o crédito.

Em toda a obra são elencados os dispositivos legais pertinentes e também as Soluções de Consultas da Receita Federal, com a finalidade de esclarecer a interpretação da norma sob a ótica do Fisco.

Esperamos assim contribuir de forma prática, auxiliando nas ques-tões e dúvidas cotidianas dos contribuintes.

A Autora

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1. INTRODuçãO AO ESTuDO DO DIREITO TRIBuTáRIO

1.1. DIREItO tRIButáRIO

Antes de tratarmos do Imposto sobre Produtos Industrializados pro-priamente dito, vamos entender o que é Direito Tributário, o conceito de tributo, a quem cabe sua instituição e qual a sua finalidade.

Para o Estado atender aos objetivos que lhe são inerentes, como a construção de obras públicas, garantir a segurança pública, saúde e edu-cação, etc., bem como toda a estrutura para o atendimento destas necessi-dades básicas ele necessita de receitas.

A instituição e cobrança de tributos, sem dúvida, é a principal fonte de receitas públicas, cuja finalidade é custear a máquina Estatal para o atendimento de seus fins.

O Direito Tributário pode ser conceituado como o ramo da ciência jurídica, composto de normas que disciplinam a atividade do Estado em relação à instituição, arrecadação e fiscalização dos tributos.

Anis Kfouri Jr. leciona1:

“O Estado, para fazer frente às suas despesas, cobra tributos do cidadão, sendo que o Direito Tributário consiste no ramo do Direito que tem por finalidade definir critérios que essa cobrança possa ser

1. Curso de Direito Tributário, p. 84.

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feita, estabelecendo os limites da atuação estatal, bem como regras e procedimentos para o exercício do poder de tributar.”

O objeto do Direito Tributário não é a atividade financeira do Estado em si (esse sim, é objeto do Direito Financeiro), mas a relação jurídica tributária existente entre Fisco e contribuinte, que é o vínculo entre as partes (sujeito ativo/passivo) e a prestação (obrigação de dar ou fazer).

O sujeito ativo (credor) tem o direito subjetivo de exigir do sujeito passivo (devedor) a obrigação de dar dinheiro aos cofres públicos ou fazer ou não fazer algo que lhe é imputado (chamados deveres instrumentais ou obrigações acessórias) e o Direito Tributário disciplina essa relação pela norma jurídica posta.

Tendo em vista a supremacia do poder público em face do particu-lar, já que no caso o Poder Público age em nome da coletividade, toda essa relação deve ser norteada pelo respeito aos princípios e garantias funda-mentais erigidos na Constituição Federal, a fim de se buscar uma igualda-de jurídica entre as partes.

1.2. COnCEItO DE tRIButO

Como vimos, para que o Estado cumpra o papel que lhe foi outor-gado pela Constituição Federal em prol do bem comum ele necessita de receitas, sendo que o tributo compõe grande parte destas receitas.

O Código Tributário Nacional, Lei Federal nº 5.172/1966, por sua vez, traz o conceito de tributo no artigo 3º:

“Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo va-lor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, ins-tituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada.”

Passaremos a analisar os elementos básicos que compreendem o conceito de tributo:

a) prestação pecuniária compulsória: quando se disciplina que o tributo é uma prestação pecuniária compulsória, significa dizer

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que independe da vontade do contribuinte, cuja obrigação é instituída em lei, devendo seu cumprimento ser realizado em dinheiro;

b) prestação que não constitua sanção de ato ilícito: essa obri-gação de pagar o tributo advém de um fato lícito previsto em lei, ou seja, um “fato gerador” previsto em lei. No caso do IPI, por exemplo, o fato gerador do imposto é a saída do produto do estabelecimento industrial ou equiparado a industrial ou o desembaraço aduaneiro;

c) prestação instituída em lei: a obrigação tributária só pode ser disciplinada em lei; todos os seus elementos (fato gerador, su-jeito passivo, base de cálculo, alíquota, etc.) precisam estar pre-cisamente delineados na lei, a fim de compelir o sujeito passivo ao adimplemento;

d) prestação cobrada mediante atividade administrativa plena-mente vinculada: significa dizer que a atividade da administra-ção pública deve seguir os ritos definidos na legislação, desde a instituição do tributo até sua efetiva cobrança, não havendo juízo de conveniência e oportunidade.

A Constituição Federal em seu artigo 145 prevê que a União, os Estados, o Distrito Federal e Municípios poderão instituir os seguintes tributos que são: os impostos, as taxas e a contribuição de melhoria.

Pode-se inferir nesse texto que tributo é gênero, do qual o imposto, as taxas e as contribuições de melhoria são espécies.

O Supremo Tribunal Federal reconhece ainda como modalidades de tributos as contribuições especiais e empréstimos compulsórios.

1.3. ESPéCIES DE tRIButOS

Conforme visto acima, os tributos compreendem os impostos, as taxas, as contribuições de melhoria, as contribuições especiais e os em-préstimos compulsórios.

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1.3.1. Imposto

Conforme artigo 16 do Código Tributário Nacional: “Imposto é o tributo cuja obrigação tem por fato gerador uma situação independente de qualquer atividade estatal específica, relativa ao contribuinte.”

Pode-se dizer, portanto, que o imposto é desvinculado de qualquer atividade estatal específica prestada ao contribuinte ou colocada a sua dis-posição (como a expedição de certidões, coleta de resíduos, etc.), ou seja, realizado o fato previsto em lei (por exemplo, a saída de produtos industriali-zados, circulação de mercadorias, etc.) nasce a obrigação de pagar o imposto.

O Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), que é o objeto de nosso estudo, tem como fato gerador a saída de produto industrializado do estabelecimento industrial ou equiparado ou, ainda, o desembaraço aduaneiro, como veremos mais adiante.

1.3.2. taxa

Prevista no artigo 145, II, da Constituição Federal, é instituída em razão do exercício do poder de polícia ou pela utilização (efetiva ou po-tencial) de serviços públicos específicos e divisíveis, prestados ao contri-buinte ou postos à sua disposição.

O fato gerador da taxa, portanto, é a prestação de um serviço públi-co (coleta de lixo, emissão de passaportes, etc.) ou o exercício do poder de polícia pelo Estado (regulação da conduta das pessoas limitando ou disciplinando direito).

Diferentemente do imposto, é vinculada a uma contraprestação e sua arrecadação é destinada ao custeio desse serviço. Não pode ter como base de cálculo própria de impostos (artigo 145, § 2º, da CF), tem que ter como parâmetro o custo efetivo do serviço.

1.3.3. Contribuição de melhoria

Nos termos do artigo 145, III, da CF, a contribuição de melhoria visa o custeio de obras públicas dos quais decorram a valorização imobiliária, podendo ser exigida de cada proprietário de imóvel.

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Ressalte-se que, para a cobrança, deve ser instituída a lei que disci-pline o fato gerador, devendo haver para tanto, uma valorização imobi-liária decorrente da atividade estatal (por exemplo, a construção de uma linha de metrô, a construção de um parque, etc.).

1.3.4. Contribuições especiais

As contribuições especiais estão elencadas no artigo 149 da Consti-tuição Federal que assim dispõe:

“Compete exclusivamente à União instituir contribuições sociais, de in-tervenção no domínio econômico e de interesse das categorias profissio-nais ou econômicas, como instrumento de sua atuação nas respectivas

áreas (...).”

E, ainda, o artigo 149, § 1º, da CF, prevê que os Municípios, os Esta-dos e o Distrito Federal poderão instituir contribuição de seus servidores para custeio em benefício destes de regime previdenciário.

As contribuições sociais têm como finalidade o custeio da segu-ridade social, que engloba a previdência social, a assistência social e a saúde.

Já as Contribuições de Intervenção no Domínio Econômico (Cide) têm a finalidade de intervir na oferta de bens e serviços, conforme a ne-cessidade pública, cuja função é regulatória, como a Cide-Combustíveis.

As contribuições de interesse das categorias profissionais ou econô-micas visam o financiamento das entidades que regulam, fiscalizam e re-presentam determinados setores da economia (CRM, CRC, ao Crea, etc.).

Ainda o artigo 149-A da CF prevê a instituição pelos Municípios e Distrito Federal de contribuição para manutenção do serviço de ilumina-ção pública.

1.3.5. Empréstimo compulsório

Nos termos do artigo 148 da CF, o empréstimo compulsório é um tributo de competência da União, instituído por meio de lei complemen-

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tar, no caso de despesas extraordinárias decorrentes de calamidade públi-ca, guerra externa ou sua iminência e também no caso de investimento público de caráter urgente e relevante interesse nacional.

1.4. COmPEtênCIA tRIButáRIA

Como abordamos a definição de tributos e suas modalidades, é de suma importância saber a quem compete a sua instituição.

Nos moldes da Constituição Federal, cada ente político (União, Es-tados, Distrito Federal e Municípios) é competente para criar, majorar e remitir os tributos que lhe são outorgados.

Nas palavras de Eduardo Sabbag2:

“A competência tributária é a habilidade privativa e constitu-cionalmente atribuída ao ente político para que este, com base na lei, proceda à instituição da exação tributária.”

Aos Estados, por exemplo, compete a instituição do ICMS (Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e Prestação de Ser-viços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicações) e o IPVA (Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores); aos Municípios compete a instituição do ISSQN (Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza) e IPTU (Imposto sobre a Propriedade Predial e Terri-torial Urbana), etc.

No caso do IPI, o ente competente para sua instituição é a União, consoante prevê o artigo 153:

“Compete à União instituir impostos sobre:

(...)

IV - produtos industrializados.

(...).”

2. Manual de Direito Tributário, p. 397.

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Competência, portanto, nada mais é que a atribuição concedida pela Constituição Federal para a instituição de tributo, devendo ser exercida mediante lei, observadas as limitações constitucionais e também previstas em lei complementar.

Por meio da competência tributária é que o ente define os contri-buintes, alíquotas, base de cálculo, etc.

Observa-se que a atribuição de arrecadar ou fiscalizar os tributos pode ser exercida por outra pessoa jurídica de direito público, que é de-nominada de capacidade tributária ativa, o que não altera em nada a com-petência tributária elencada na Magna Carta.

Em relação as suas características, pode se dizer que competência tributária é indelegável (não pode ser delegada a outrem), irrenunciável (vedada a renúncia), incaducável (seu não exercício não faz perecer o direito de instituir o tributo), privativa (só pode ser exercida pelo ente de-finido na Magna Carta), inalterável (seu conteúdo não pode ser ampliado pela legislação infraconstitucional) e facultativa (pode ser exercida ou não sua competência, exceto a instituição do ICMS já que, por sua caracterís-tica nacional, não podem os Estados deixar de legislar).

1.5. ImunIDADES COnStItuCIOnAIS

Como tratamos da competência, conveniente abordar as imunida-des previstas na Constituição Federal e replicadas na legislação ordinária.

Com efeito, diz-se que a imunidade é uma regra de competência negativa, ou seja, o constituinte ao prever a instituição dos tributos pelos entes federados delimitou este poder de tributar, impedindo a exação em determinadas situações ou para determinadas pessoas.

Roque Antonio Carrazza explicita3:

“A imunidade tributária é um fenômeno de natureza consti-tucional. As normas constitucionais que direta, ou indiretamente,

3. Curso de Direito Constitucional Tributário, p. 463

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tratam do assunto, fixam por assim dizer, a incompetência das enti-dades tributantes para onerar, com exações, certas pessoas, seja em função da sua natureza jurídica, seja porque coligadas a determina-dos fatos, bens ou situações.”

É uma garantia fundamental do contribuinte inserida no plano constitucional.

Em relação ao IPI, estas imunidades encontram-se basicamente nos artigos 150, VI, “d” e “e” e 153, § 3º, III e § 5º e 155, § 3º, todos da CF, que trataremos abaixo.

1.5.1. Imunidade de livros, jornais e periódicos e o papel destinado a sua impressão

A imunidade dos livros, jornais e periódicos e o papel destinado a sua impressão está prevista nos artigos 18, I do RIPI (Decreto nº 7.212/2010) e 150, VI, “d”, da CF.

Ao prever essa imunidade, a Constituição Federal visa garantir a liberdade de comunicação e do pensamento, fomentando o acesso ao en-sino, à cultura e ao conhecimento e, ainda, desonerar a cadeia produtiva, uma vez que até mesmo o papel utilizado para a confecção dos livros, jornais e periódicos é imune.

Roque Antonio Carrazza defende que não só o papel é imune, como também os insumos, tais como, tinta de impressão, maquinários, etc.; numa interpretação mais ampla e teleológica, entretanto, o assunto é con-troverso no próprio Supremo Tribunal Federal e, portanto, é recomendá-vel cautela.

nota:

Existe um registro especial para os contribuintes que operam com o papel imune previsto na Instrução Normativa da RFB nº 976/2009, além de uma obrigação acessória específica disciplinada na Instrução Normativa da RFB nº 1.064/2010 (DIF-Papel Imune), e também a Instrução Normativa da RFB nº 1.341/2013 que trata da rotulagem nas embalagens do papel destinado à impressão dos livros e periódicos.

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Resumos Tributários IOB • Introdução ao estudo do IPI - Volume VI 21

Tema de relevante discussão é se a imunidade prevista na Consti-tuição Federal abrangeria as publicações em meios magnéticos ou eletrô-nicos, haja vista o avanço tecnológico que não se vislumbrava à época da publicação da norma constitucional.

Não há dúvida que o que o espírito desta imunidade é assegurar a liberdade de expressão, difundir a cultura e conhecimento, pouco impor-tando a forma em que este é reproduzido (mais uma vez utilizando-se de uma interpretação teleológica), já que nos tempos atuais é mais comum a difusão ser feita por meios magnéticos.

Contudo, em decisão recente, a RFB publicou a Solução de Consulta Cosit nº 51, de 20144 em que se manifesta sobre a não aplicabilidade da imunidade às publicações eletrônicas aqui replicada:

ASSUNTO: Simples Nacional.

EMENTA: Consulta conhecida em parte. Imunidade tributária de livros, jornais, periódicos e do papel destinado à sua impressão. Inaplicabilidade às publicações em meio eletrônico ou digital.

É de natureza objetiva a imunidade de que gozam os livros, jornais, perió-dicos e o papel destinado à sua impressão, alcançando, em nível federal, exclusivamente, os impostos sobre o comércio exterior e o Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI. ressalte-se que essa imunidade não se aplica a publicações eletrônicas ou digitais. (...).

DISPOSITIVOS LEGAIS: Constituição Federal, art. 150, VI, “d”; Lei Com-plementar nº 123, de 2006, arts. 1º, 2º, 12, 18, 24 e 40; Resolução CGSN nº 94, de 2011, arts. 30, 36 e 113; Decreto nº 6.759, de 2009 (Regulamen-to Aduaneiro), arts. 211-A, 211-B, 235 e 245-A; Decreto nº 7.212, de 2010 (Regulamento do IPI), art. 18, I; Pareceres Normativos CST nº 389 e nº 1.018, de 1971). (g. n.).

FERNANDO MOMBELLI, Coordenador-Geral

Também o Supremo Tribunal Federal tem posicionamentos diver-gentes acerca do assunto, tanto é assim, que reconheceu a repercussão ge-

4. Receita Federal do Brasil. Disponível em: <http://www.receita.fazenda.gov.br>. Aces-so em: 21 ago. 2014.

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22 Karina de Brito Seco Mendes

ral do tema (publicação no DJe no dia 01.10.2012) cuja votação ocorrerá no Recurso Extraordinário nº 330.817/RJ5, ementa a seguir reproduzida:

Direito Constitucional e Tributário. Mandado de Segurança Coletivo. Pre-tendida imunidade tributária a recair sobre livro eletrônico. Necessidade de correta interpretação da norma constitucional que cuida do tema (art. 150, VI, “d”). Matéria passível de repetição em inúmeros processos, a repercutir na esfera de interesse de toda a sociedade. Tema com repercussão geral.

Quando o Supremo Tribunal Federal reconhece a repercussão geral no Recurso Extraordinário, significa que depois da análise do mérito des-te processo, as instâncias inferiores deverão aplicar a mesma decisão em casos idênticos.

1.5.2. Imunidade de produtos industrializados destinados ao exterior

Na exportação, o contribuinte realiza os procedimentos desde a ne-gociação até o faturamento para o comprador no exterior e, para tanto, deve estar habilitado perante órgãos competentes (Secretaria da Receita Fe-deral, Siscomex, etc.) além de observar vários procedimentos específicos.

Essa operação, que comumente é denominada de exportação direta, está beneficiada pela imunidade, consoante artigos 18, II, do RIPI e 153, § 3º, III, da Constituição Federal.

A imunidade prevista para exportação visa ampliar a competitivida-de às mercadorias nacionais no comércio exterior.

Ressalve-se que a Constituição Federal não definiu o conceito de produto industrializado, mas seu conteúdo está definido artigo 46 pará-grafo único do Código Tributário Nacional (Lei nº 5.172/1966):

“Para os efeitos deste imposto, considera-se industrializado o produto que tenha sido submetido a qualquer operação que lhe modifique a natureza ou a finalidade, ou o aperfeiçoe para o consumo.” (g. n.)

5. Supremo Tribunal Federal. Disponível em: <http://www.stf.jus.br>. Acesso em: 21 ago. 2014.

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Resumos Tributários IOB • Introdução ao estudo do IPI - Volume VI 23

Produto industrializado é o resultante de uma operação indus-trial, que pode ser física, química, mecânica, etc., modificando a natu-reza ou finalidade ou que possibilite sua melhor utilização (aperfeiçoe para consumo).

Acerca do tema industrialização e seus delineamentos, trataremos mais adiante, por ora, é importante saber que a imunidade abrange pro-dutos industrializados.

Já a exportação indireta, que consiste na venda do produto para ter-ceiros que realizarão a exportação é abrangida pela suspensão do IPI, nos termos do artigo 43, V e § 1º do RIPI.

nota:

Assim dispõe o art. 43:

“Poderão sair com suspensão do imposto:

(...)

V- os produtos, destinados à exportação, que saiam do estabelecimento indus-trial para:

a) empresas comerciais exportadoras, com o fim específico de exportação nos termos do § 1o;

b) recintos afandegados; ou

c) outros locais onde se processe o despacho aduaneiro de exportação.

(...)

§ 1º No caso da alínea “a” do inciso V, consideram-se adquiridos com o fim es-pecífico de exportação os produtos remetidos diretamente do estabelecimento industrial para embarque de exportação ou para recintos alfandegados, por conta e ordem da empresa comercial exportadora.”

Caso a exportação (na modalidade indireta) não seja efetivada den-tro de 180 dias da data da emissão da Nota Fiscal de venda pelo industrial, ou as mercadorias sejam revendidas no mercado interno ou ainda ocorra a destruição, furto ou roubo, a comercial exportadora ficará responsável pelo recolhimento do imposto suspenso acrescido de juros e multa mora-tória, contados da data da emissão do documento fiscal (artigos 25, VII e 36, X, do RIPI).

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24 Karina de Brito Seco Mendes

1.5.3. Imunidade do ouro na condição de ativo financeiro ou instru-mento cambial

Esta imunidade está prevista no artigo 18, III, do RIPI e na Consti-tuição Federal artigo 153, § 5º, que assim dispõe:

“§ 5º O ouro, quando definido em lei como ativo financeiro ou instrumen-to cambial, sujeita-se exclusivamente à incidência do imposto de que trata o inciso V do caput deste artigo, devido na operação de origem (...).”

O ouro na condição de ativo financeiro ou instrumento cambial está sujeito tão somente ao IOF (Imposto sobre Operações Financeiras).

1.5.4. Imunidade da energia elétrica, derivados de petróleo, combus-tíveis e minerais

Prevista no artigo 18, IV, do RIPI e na Constituição Federal no artigo 155, § 3º:

“À exceção dos impostos de que tratam o inciso II do caput deste artigo e o art. 153, I e II, nenhum outro imposto poderá incidir sobre operações relativas a energia elétrica, serviços de telecomunicações, derivados de pe-tróleo, combustíveis e minerais do País.”

Como explica Roque Antonio Carrazza6:

“A Constituição, nesse passo, veda, em síntese que terceiros suportem, ao consumirem estes serviços ou produtos, outros en-cargos financeiros que não os oriundos do ICMS e dos impostos alfandegários.”

1.5.5. Imunidade dos fonogramas e videofonogramas musicais (CDs e DVDs) produzidos no Brasil, contendo obras de artistas bra-sileiros ou interpretadas por estes

Esta imunidade foi acrescentada recentemente pela Emenda Consti-tucional nº 75/2013, que introduziu a alínea “e” ao artigo 150, VI, da CF, que assim dispõe:

6. Curso de Direito Constitucional Tributário, cit. p. 518.

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Resumos Tributários IOB • Introdução ao estudo do IPI - Volume VI 25

“Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:

(...)

VI - instituir impostos sobre:

(...)

e) fonogramas e videofonogramas musicais produzidos no Brasil contendo obras musicais ou literomusicais de autores brasileiros e/ou obras em geral interpretadas por artistas brasileiros bem como os suportes materiais ou arquivos digitais que os contenham, salvo na etapa de replicação indus-trial de mídias ópticas de leitura a laser.” (g. n.)

Eduardo Sabbagg leciona7:

“O propósito do novel comando imunitório é desonerar de impostos os fonogramas (a obra artística da produção de som) e vi-deofonogramas (a obra artística da produção de imagem e som), mu-sicais ou literomusicais, produzidos no Brasil. Desse modo, a obra intelectual do artista, em sua inteireza, passa a ficar protegida da tri-butação. Para além disso, o poder constituinte derivado houve por bem ofertar a proteção à mídia física, a qual veicula materialmente aquela obra intelectual. Trata-se dos suportes materiais ou arquivos digitais, a saber, os CDs e DVDs.”

O que se observa é que o legislador, ao introduzir essa imunidade na Constituição Federal, buscou, além de promover o fomento à cultu-ra, a redução da pirataria com a diminuição dos custos do processo de produção da música (contratação do estúdio, músico, mixagem, etc.). Importante mencionar que esta imunidade abrange não só as obras veicu-ladas nos CDs, DVDs, Blu-Ray (suporte físico/material), mas também os arquivos digitais, que são as músicas baixadas via internet por download, aplicativos de música para produtos eletroeletrônicos, etc.

7. Manual de Direito Tributário, cit. p. 385. Grifo do original.