resumo pré-modernismo e euclides da cunha

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PRÉ-MODERNISMO NO BRASIL 1900 - 1922

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Page 1: Resumo Pré-modernismo e Euclides da Cunha

PRÉ-MODERNISMONO BRASIL

1900 - 1922

Page 2: Resumo Pré-modernismo e Euclides da Cunha

Grupo passadista

(parnasianos e simbolistas)

X

Grupo renovador

(artistas dispostos a reexaminar o país dentro de uma perspectiva crítica)

Page 3: Resumo Pré-modernismo e Euclides da Cunha

Características

Momento de transição Regionalismo Social Ecletismo

Page 4: Resumo Pré-modernismo e Euclides da Cunha

Denominação do período

A expressão pré-modernismo foi empregada pela primeira vez no livro Contribuição à História do Modernismo, do crítico Alceu Amoroso, no ano de 1939. Por causa do ecletismo da época, chocam-se várias correntes e estilos, indefinidos entre o academicismo e a inovação – torna-se quase impossível rotular o período, enfeixá-lo dentro de um conceito totalizante.

Page 5: Resumo Pré-modernismo e Euclides da Cunha

Denominação do período

Trata-se de um conceito equivocado, que não abarca a totalidade estética e ideológica das obras então produzidas, considerando-as apenas textos precursores da Semana de Arte Moderna. Contudo, exigências didáticas e a ausência de outra classificação satisfatória terminaram por disseminar o termo pré-modernismo.

Page 6: Resumo Pré-modernismo e Euclides da Cunha

Origens

Ao contrário do que ocorreu na Europa, convulsionada pela Primeira Guerra Mundial e pela Revolução Soviética, no Brasil as duas primeiras décadas do século XX foram de relativa tranquilidade. As mudanças políticas do final do séc. XIX – a abolição da escravatura e a Proclamação da República – não provocaram alterações significativas na estrutura econômica, social e cultural do país

Page 7: Resumo Pré-modernismo e Euclides da Cunha

Origens

O café continuou sendo a base da economia brasileira, garantindo a hegemonia política dos grandes cafeicutores de São Paulo. A estes se alinhavam os produtores de gado de corte e de leite de Minas Gerais, formando a chamada “Política do Café com leite”.

Porém algumas mudanças iam se desenhando. A urbanização, a imigração e o crescimento industrial começavam a modificar a fisionomia da sociedade brasileira.

Page 8: Resumo Pré-modernismo e Euclides da Cunha

Origens

Nas cidades emergia uma classe média reformista e, nos quartéis, uma nova geração de militares, influenciados pelo ideário positivista, exigia mudanças.

Simultaneamente, aparecia pela primeira vez no país uma massa popular insatisfeita e propensa a revoltas irracionais, como, por exemplo, a rebelião contra a vacina obrigatória em 1904.

Page 9: Resumo Pré-modernismo e Euclides da Cunha

Origens

Havia, portanto, um conflito entre as forças conservadoras, que representavam o passado, e as novas forças sociais, que sinalizavam a necessidade da mudança. Essas últimas, no início da década de 30, se uniriam em uma poderosa frente ampla e tomariam o poder sob o comando de Getúlio Vargas.

Page 10: Resumo Pré-modernismo e Euclides da Cunha

Características

O movimento pendular da sociedade brasileira (imobilismo versus modernização) transferiu-se para a literatura. Com efeito, os primeiros anos do séc. XX são marcados tanto pela presença de resquícios culturais do séc. XIX como pela busca de novas formas de expressão e pelo desejo de uma nova redescoberta crítica do Brasil.

Page 11: Resumo Pré-modernismo e Euclides da Cunha

Primeiro autor do período Euclides da Cunha

Os sertões - Relato sobre a Guerra de Canudos, dividido

em três partes:- A terra – O Homem – A luta- Denúncia do esquecimento do sertão

brasileiro – estilo áspero, brilhante, difícil – mistura de sociologia, documento, panfleto, literatura e interpretação do Brasil.

Page 12: Resumo Pré-modernismo e Euclides da Cunha

O autor e a obra Euclides da Cunha

(1866 – 1909)

Os sertões foi publicado em 1902.

Também publicou:- Contrastes e confrontos

(1907)- Peru versus Bolívia (1907)- À margem da história

(1909)

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Repórter de guerra Antes de acompanhar, como jornalista, a

quarta e última expedição das Forças Armadas contra os rebeldes de Canudos, Euclides da Cunha escreveu um artigo intitulado “A nossa vendeia” (Vendeia refere-se à Guerra da Vendeia ocorrida numa região com este nome na França). Comparava os fanáticos seguidores de Antônio Conselheiro aos camponeses reacionários que, sob o comando de aristocratas, procuraram destruir a República Francesa, logo após a revolução.

Page 14: Resumo Pré-modernismo e Euclides da Cunha

Repórter de guerra

Euclides traduzia, assim, a opinião pública das cidades brasileiras, que exigia a eliminação do arraial sertanejo, considerado um bastião monarquista.

A guerra civil já durava mais de um ano (1896 – 1897) e as derrotas militares das três primeiras expedições haviam criado um clima de histeria na população urbana, identificada majoritariamente com o pensamento republicano.

Page 15: Resumo Pré-modernismo e Euclides da Cunha

Mais e mais sangue

O fracasso da terceira expedição dirigida pelo legendário coronel Moreira César, um dos líderes do jacobinismo militar, levara multidões às ruas, clamando por vingança.

A lembrança das recentes Revolta Federalista e Revolta da Armada ainda estava viva na memória popular, de modo que a consolidação da República parecia exigir mais e mais sangue.

Page 16: Resumo Pré-modernismo e Euclides da Cunha

É dentro desse espírito que Euclides parte para o front. Suas reportagens, apesar de mais sóbrias e realistas do que as de outros correspondentes, são escritas dentro da ótica oficial e terminam quase sempre com a saudação: “Viva a República!”

Contudo em muitas delas já se percebe o desconforto do escritor com tudo aquilo a que assiste.

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Em 1897, Flávio de Barros documentou a fase final da campanha de Canudos, no interior da província da Bahia, estando presente à ofensiva final de 1 de outubro e fotografando o cadáver do beato Antonio Conselheiro. Vejam as imagens a seguir.

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Incêndio em Canudos

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Vista geral de Monte Santo

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Mulheres e crianças prisioneiras da guerra

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Igreja de Santo Antonio

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Supultamento do Capitão Antônio Manuel de Aguiar e Silva

Page 23: Resumo Pré-modernismo e Euclides da Cunha

Soldados e um conselheirista preso

Combatentes

Page 24: Resumo Pré-modernismo e Euclides da Cunha

O corpo de Antônio Conselheiro (Antonio Vicente Mendes Maciel)

Page 25: Resumo Pré-modernismo e Euclides da Cunha

Os sertões

De volta ao Sul, Euclides tenta entender o que ocorrera em Canudos. Ele não mais acredita ter participado de uma “guerra santa” para a salvação da República. Ao contrário, descobre que observara uma grande tragédia nacional e que era preciso explicá-la racionalmente, e não sob o ângulo da ideologia.

Estuda Geografia, Botânica, Antropologia, Sociologia, etc.

Page 26: Resumo Pré-modernismo e Euclides da Cunha

Os sertões

No entanto, as fontes de pesquisa disponíveis eram exclusivamente europeias, muitas delas impregnadas da perspectiva colonialista.

Desenvolvidas na Europa imperialista das últimas décadas do séc. XIX, tais fontes induziram o escritor a alguns erros interpretativos, sobretudo nas duas primeiras partes da sua obra.

Page 27: Resumo Pré-modernismo e Euclides da Cunha

Determinismo geográfico O homem é produto do meio natural O clima desempenha papel

preponderante na formação do meio Existe a impossibilidade de se constituir

uma verdadeira civilização em zonas tórridas, como o sertão.

Page 28: Resumo Pré-modernismo e Euclides da Cunha

Determinismo racial

Os cruzamentos raciais enfraquecem a espécie.

O sertanejo é caso típico de hibridismo racial

A miscigenação induz os homens à bestialidade e a toda a espécie de impulsos criminosos.

Page 29: Resumo Pré-modernismo e Euclides da Cunha

Análise As observações eram justas e brilhantes. As teorias eram medíocres. Segundo Nelson Werneck Sodré, “Existe em

Euclides um dualismo singular: enquanto observa, testemunha, assiste, conhece por si mesmo, tem uma veracidade e uma grandeza insuperáveis; enquanto transmite a ciência alheia, ainda sobre o que ele mesmo viu, conheceu. decai para o teorismo vazio, para a digressão subjetiva, para a ênfase científica, para a tese desprovida de demonstração.”

Page 30: Resumo Pré-modernismo e Euclides da Cunha

A terra

Na primeira parte, predomina a visão cientificista e naturalista do engenheiro Euclides da Cunha.

A descrição do meio físico opressivo é feita detalhadamente: a vegetação pobre, o chão calcinado, a imobilidade e a repetição da paisagem árida.

A linguagem, poderosamente retórica, transforma a natureza em elemento dramático.

Page 31: Resumo Pré-modernismo e Euclides da Cunha

O homem

É a parte mais polêmica, porque nela aparecem questões como a da formação racial do sertanejo e a dos males da mestiçagem.

Euclides vê na mistura de raças um retrocesso.

Page 32: Resumo Pré-modernismo e Euclides da Cunha

Descrição

“De sorte que o mestiço – traço de união entre as raças – é quase sempre um desiquilibrado. (…) E o mestiço – mulato, mameluco ou cafuzo -, menos que um intermediário, é um decaído, sem a energia física dos ascendentes selvagens, sem a altitude intelectual dos ancestrais superiores.”

Page 33: Resumo Pré-modernismo e Euclides da Cunha

Contrastando com essa quase incapacidade do mestiço para a civilização moderna, os sertanejos nordestinos (embora também resultantes de amplo caldeamento étnico) seriam diferentes por ter há muito se isolado no amplo interior do país. Abandonados há 3 séculos, sem contatos maiores com o litoral desenvolvido, “nossos patrícios retardatários” , ao contrário do que ocorrera com os mestiços urbanos, não haviam sido corrompidos:

Page 34: Resumo Pré-modernismo e Euclides da Cunha

“O abandono em que jazeram teve função benéfica. Libertou-os da adaptação penosíssima a um estágio social superior e, simultaneamente, evitou que descambassem para as aberrações e vícios dos meios mais adiantados.”

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Por isso, apesar do seu “atraso mental”, o sertanejo surge como um titã:

“ O sertanejo é, antes de tudo, um forte. Não tem o raquitismo exaustivo dos mestiços neurastênicos do litoral. A sua aparência, entretanto, ao primeiro lance de vista, revela o contrário. Falta-lhe a plástica impecável, o desempeno (=elegância), a estrutura corretíssima das organizações atléticas.

Page 36: Resumo Pré-modernismo e Euclides da Cunha

É desgracioso, desengonçado, torto, Hércules-Quasímodo (antítese entre o forte e belo herói mitólogico grego e monstruoso concunda de Notre Dame), reflete no aspecto a fealdade típica dos fracos. O andar sem firmeza, sem aprumo, quase gingante e sinuoso, aparenta a translação de membros desarticulados. Agrava-o a postura normalmente abatida, num manifestar-se de displicência que lhe dá um caráter de humildade deprimente.

Page 37: Resumo Pré-modernismo e Euclides da Cunha

É um homem permanentemente fatigado. Entretanto, toda esta aparência de cansaço ilude. Naquela organização combalida operam-se, em segundos, transmutações completas. Basta o desencadear de qualquer incidente exigindo-lhe o desencadear das energias adormidas O homem transfigura-se. Empertiga-se (fica ereto); (…) e corrigem-se-lhe, prestes, numa descarga nervosa instantânea, todos os efeitos de relaxamento habitual dos órgãos; e da figura vulgar do tabaréu conhestro (matuto desajeitado)…

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reponta inesperadamente o aspecto dominador de um titã acobreado e potente, num desdobramento surpreendente de força e agilidade extraordinárias.”

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O isolamento do sertanejo o mantém preso a valores arcaicos como o messianismo.

A “tutela do sobrenatural” rege a vida cotidiana, e as vicissitudes do meio intensificam a religiosidade e a consciência mágica do mundo.

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Julgada a partir de padrões urbanos, a figura de Antônio Conselheiro é bizarra:

“ E surgiu na Bahia o anacoreta (penitente que vive na solidão) sombrio, cabelos crescidos até os ombros, barba inculta e longa; face escaveirada; olhar fulgurante; mostruoso, dentro de um hábito azul de brim americano (…) O asceta (pessoa que despreza os prazeres da corporais em busca da espiritualização) despontava…

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Inteiriço, da rudeza disciplinar de quinze anos de penitência. Requintara nessa aprendizagem de martírios, que tanto preconizavam os velhos luminares da Igreja. Vinha do tirocínio (prática) brutal da fome, da sede, das fadigas, das angústias recalcadas e das misérias fundas. (…) Pregava. Era assombroso, afirmam testemunhas existentes. Uma oratória bárbara e arrepiadora (…); misto inextricável (que não se pode desenredar) e confuso de conselhos dogmáticos, preceitos vulgares de moral cristã e de profecias esdrúxulas… Era truanesco (ridículo) e era pavoroso. Imagine-se um bufão (palhaço) arrebatado numa visão de Apocalipse. (…) Ninguém ousava contemplá-lo. A multidão sucumbida abaixava, por sua vez, as vistas, fascinada, sob o estranho hipnotismo daquela insânia formidável”.

Page 42: Resumo Pré-modernismo e Euclides da Cunha

A luta

É a parte mais importante e dramática da obra.

Para escrevê-la Euclides inspira-se em reportagens, lê, ouve e entrevista pessoas que haviam participado das campanhas anteriores.

O escritor não esconde a comoção diante da violência que gera banhos diários de sangue (milhares de vítimas).

Page 43: Resumo Pré-modernismo e Euclides da Cunha

A luta Em A Luta, Euclides apresenta o conflito como

uma tragédia de erros. Durante a escrita de Os Sertões, Euclides

compreende que a Guerra de Canudos não fora um conflito entre a reação e o progresso, entre a Monarquia e a República, como as elites intelectuais, políticas e militares, bem como a opinião pública do país, acreditavam. O que ele presenciara havia sida apenas um conjunto de equívocos, demências e crueldades. Uma pungente guerra civil.

Page 44: Resumo Pré-modernismo e Euclides da Cunha

A luta Erros resultantes de uma profunda cegueira de ambos os

lados. Para os adeptos do Conselheiro, os soldados eram agentes do Cão (do demônio) e deviam ser destruídos. Para o Exército, os sertanejos eram jagunços primitivos a serviço da causa monárquica e tinha de ser exterminados. Os soldados traziam no peito o retrato do marechal Floriano Peixoto, cuja memória saudavam com a mesma paixão e fanatismo com que os sertanejos gritavam pelo nome do “santo” Conselheiro.

Recompor a razão, eis o caminho que o escritor encontra para entender a guerra.

Na verdade, os guerrilheiros de Canudos eram uns pobres-diabos, filhos da ignorância e das crendices de uma civilização parada no tempo há três séculos. Precisavam de professores e não de tiros de canhão.

Page 45: Resumo Pré-modernismo e Euclides da Cunha

Já as tropas do governo, que representavam a civilização contemporânea e a face moderna do país, às quais cabia manter um mínimo de racionalidade, haviam sido incapazes de perceber a verdadeira natureza dos inimigos. Trataram então de destruí-los a ferro e a fogo, com requintes de horror e barbárie. Daí o caráter de denúncia que impregna o texto de Os Sertões e o transforma em uma “epopéia às avessas”, em um “grito de consciência nacional”.

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Denúncia Tal perspectiva é anunciada na nota preliminar

que abre o livro:

“ Aquela campanha lembra um refluxo para o passado. E foi, na significação integral da palavra, um crime. Denunciemo-lo”

É a mesma denúncia que Euclides reforça no epílogo de seu “livro vingador”:

“É que ainda não existe um Maudsley para as loucuras e os crimes das nacionalidades… “

(Maudsley é um antropólogo inglês)

Page 47: Resumo Pré-modernismo e Euclides da Cunha

A interpretação do Brasil Ao descrever o fervor patriótico que

envolve a nação depois da vitória final do Exército, o escritor não apenas examina os acontecimentos sob o ângulo da tragédia como também descobre que o confronto refletia a divisão estrutural do Brasil.

Havia dois Brasis completamente estranhos entre si, o do litoral e o do sertão, e que o último jazia ignorado ou esquecido pela consciência culta nacional

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Genêro literário

Os Sertões é uma combinação única de ensaio sociológico, estudo científico, reabilitação histórica, panfleto, reportagem de guerra e literatura, o que o torna impossível de enquadrá-lo nos limites de um gênero qualquer.

Apresenta agudo senso do dramático, relatando os acontecimentos de tal forma que surpreende o leitor.

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Confere às ações uma plasticidade vigorosa e assustadora, buscando sempre o contraste violento, o êxtase e a agonia, a situação-limite do ser humano

Consegue traduzir o horror da guerra, dando ao leitor a impressão de estar no próprio centro das batalhas.

É um estilo barroco no gosto pelo ornamental, no excesso vocabular, no léxico arcaico e na presença contínua de antíteses e paradoxos.

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Tudo isso dificulta a leitura, mas quem se dispuser a empreender algum esforço terá uma recompensa. Penetrará no reino de uma linguagem admirável, ousada, criativa, muito próxima do ritmo da prosa lírica.

Com certeza, nenhuma obra em nossa cultura teve tão larga repercussão. Suas duas camadas estruturais, que se interligam, a ensaística e a literária, tornaram-se fontes permanentes de debate.

Page 51: Resumo Pré-modernismo e Euclides da Cunha

A ensaística pôs em xeque todas as concepções que a intelectualidade brasileira tinha a respeito do seu próprio país, passando a influenciar decisivamente a discussão política do século XX.

A literária, apesar do caráter irreproduzível da sua linguagem, alimentou, como motivo e visão de mundo, inúmeros relatos do chamado ciclo nordestino do Romance de 30, sobretudo Vidas Secas de Graciliano Ramos e Seara Vermelha de Jorge Amado. Estudos recentes têm apontado também a forte influência de Os Sertões sobre a obra de João Guimarães Rosa.