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1 A PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO
A produção do conhecimento consiste no empenho do individuo em perceber e entender a realidade social a
qual está inserido para posterior compreender a si mesmo. Dessa forma, as teorias de conhecimento são debatidas em
diferentes momentos historico socioculturais, onde vários autores/ pesquisadores discutem os paradigmas
epistemológicos que sustentam o pensamento cientifico atraves da interpretaçao da realidade, ou seja, as
transformações ocorridas na esfera da investigaçao e metodos de pesquisa a partir de elementos relacionados ao
sujeito-objeto como elemento principál no processo de produçao desse conhecimento.
Max weber dedicou seus estudos a produçao do conhecimento cinetifico sobre as ciencias, em que fundamenta
tal conhecimento a partir da racionalidade e da objetividade. Em metodologia das cisnecias sociais, Weber se posiona
controverso a qualquer ciencia empricia ao distinguir entre a simples valoração e a realidade empírica (juízo de valor e
juízo de fato), pois acreditaa que tal ciência Q era incapaz de proporcionar normas ou ideais obrigatorios dos quais
derivariam receitas para a pratica, ou seja, o que deve ser – os juizos de valor- não devem ser retirados de analises
cientificas, pois estas são originadas da subjetividade do autor/pesquisador, de impressoes que o mesmo tem sobre a
sua realidade. Isso acontece porque a subjetividade é composta de valores, julgamentos e está ligada diretamente ao
contexto social que o pesquisador esta inserido.
Porem, a analise webenriana gira em torno da verdade objetiva, em que o pesquisador mesmo imerso nas
relaçoes sociais rotineiras e estas relaçoes serem tambem objeto de seus estudos, ele não pode se isolar da realidade
em que está imbuido, pois estuda um mundo de significados do qual ele proprio faz parte. O pesquisador deve
perceber que a objetividade está condicionada pela orientaçao do interesse do conhecimento e que tal orientaçao
dependerá de sua interpretaçao pessoal. Observa-se que o conhecimento aqui obtido não é algo puramente objetivo,
mas sim objetivamente valido, uma vez que a meios utilizados seguem uma orientaçao correta, metodológica,
entretanto os resultados obtidos serao diferentes para cada pesquidor, por terem influencias pessoais.
Diferentemenete de weber, emile durkheim, tratava a idéia de objetividade no sentido convencional. Em as
regras do metodo sociologico, durkheim afirma que a sociologia deve ser compreendida como uma disciplina
cientifica, tendo como caracteritica fundamental a objetividade do conheimento e o objeto de seu estudo é o fato
social. Portanto, para Durkheim, a sociedade por constituir uma realidade sui generis, deveria ser estudada, descrita e
explicada como um domínio separado. Outro fator importante na concepçao de Durkheim é o objeto de estudo: o fato
social. Consiste na maneira de agir, de pensar e sentir, exteriores aos individuos. São capazes de moldar o
comportamento do individuo a partir de um modelo geral imposto pela sociedade.
Durkeim apresenta regras relativas a observaçao dos fatos sociais em que aponta como primeira regra
considerar os fatos sociais como coisas. Logo para alcaçar a objetividade cientifica é necessario que o pesquisador não
se envolva nos fatos estudados e que os considere como coisas para garantir a definição da sociologia como ciência.
Neste ponto weber discorda com durkheim, pois os fatos sociais não podem ser encarados como coisas externas ao
individuo, são intrínsecos a ele.
O pesquisador deve manter-se neutro e distante quanto a interpretação dos fatos para assegurar a exterioridade
do fenômeno social, pois a sua interferência pode distorcer, comprometer ou alterar o resultado da pesquisa. Nesta
segunda regra durkheim afirma que o pesquisador deve se afastar de todas as pré-noções, abster-se de empregar esses
conceitos formados fora da ciência em prol de necessidades sem cunho cientifico. Nesta asseveração, Weber concorda
com Durkheim ao defender a neutralidade axiológica, cujo pesquisador deve se distanciar de seus preceitos e valores
pessoais.
A teoria de Pierre Bourdieu centra sua reflexão em como fazer a ciencia, ou seja, como relacionar as teorias e
percepções intelectuais com os instrumentos de coletas e métodos de inserção em campo. Para ele a ciencia é um ato
racinal que precisa seguir orientações metodológicas, principalemnte quando se refere a construção do objeto – é
necessário questionar suas pré-noções, pois é a forma exequível de se obter o Conhecimento. O pesquisador deve
pensar relacionalmente, não desenvolver pensamentos setoristas ou isolados referente a teoria e ao metodo em relaçao
ao contexto do objeto, isto é, deve perceber as indissociaveis relaçoes existentes entre a teoria e o metodo, de modo
que ajuste a sua forma de pensar e o que se faz ou busca fazer no contexto da pesquisa. Logo, toda forma de
conhecimento está relacionada a uma determinada percepção e posicionamento diante da realidade social. Opondo-se
as teorias de dukheim, marx ratifica que a objetividade não pode ser alcanpoderia se manter distante e neutro perça se
houver separaço entre o sujeito e o objeto do conhecimento,no caso os fatos sociais, isto porque o pesquisador esta
envolvido pelo objeto, sendo produto das relaçaoes sociais que o liga a determinados grupos da sociedade.
3 O ESTADO DE BEM-ESTAR NOS PAÍSES DE CAPITALISMO AVANÇADO E SISTEMA DE
PROTEÇÃO SOCIAL NO BRASIL
O Estado de Bem-Estar foi implantado nos países industriais avançados com o nome de Welfare State. O
intuito do welfare state era tentar corrigir os problemas econômicos e sociais inerentes à sua estrutura desigual, onde o
Estado, segundo Arretche (1995) tinha o papel de garantir padrões mínimos de educaçao, saúde, habitação, renda e
segurisdade social para todos os cidadãos.
A origem do welfare estate esta relacionada com os conflitos sociais gerados pela economia capitalista de
caráter liberal, onde o Estado não possuía intervenção na relação economia e sociedade. Esta evidencia está presente
na obra A Grande Transformação, onde Polanyi descreve o nascimento do credo liberal, destacando a compreensão
inicial dessa relação: economia e sociedade. O liberalismo econômico era visto como principio organizador de uma
sociedade comprometida na criação de um sistema de mercado. A expansão desse sistema no século XIX fora
sinônimo do comércio livre internacional, do mercado de trabalho competitivo e do padrão-ouro, considerando ainda a
intervenção do Estado na economia. Para eles o Estado deveria apenas dar condições para que o mercado seguisse de
forma natural seu curso. A interferência governamental, no entanto, tinha a finalidade de organizar uma simples
liberdade - a da terra, do trabalho e da administração municipal. Porem, para garantir o funcionamento do laissez-faire
(princípio de garantia da lei e da ordem, com um mínimo de custo e de esforço) e contrariando as expectativas da
filosofia global de libertar o estado de todos os deveres desnecessários, era inevitável manter esta restrição, não tinha
outra opção senão confiar a esse mesmo estado os novos poderes, órgãos e instrumentos exigidos para o
estabelecimento do laissez-faire. Nesta conjuntura, tudo era visto como mercadoria e os preços deveriam ser ajustados
conforme as exigências do mercado. Dessa forma, o trabalho humano passa a ser mercadoria, explorado de forma
desumana pelo próprio homem.
Arretche em emergência e desenvolvimento do Welfare State também argumenta sobre a exploração do
trabalho humano. As tensões e conflitos mediados pela política capitalista liberal ocasionaram profundas
desigualdades sociais, conseqüentemente afetava a estabilidade política e econômica. Conforme Polanyi, Arretche
também destaca que a política liberal defendia a não intervenção do Estado nas atividades produtivas, mas era
impossível mantê-lo distante já que ele era responsável em providenciar políticas econômicas para sustentar o
interesse do livre comercio. Assim, Arretche apresenta argumentos quanto a origem e desenvolvimento do fenômeno
welfare estate, fazendo explanações de diversos autores sobre o tema em questão, principalmente o que concerne ao
desenvolvimento de programas de proteção social. Tais argumentos acentuam o welfare state como um campo de
escolhas, de solução de conflitos sociais, conflitos estes nos quais se decide a redistribuição dos frutos do trabalho
social e o acesso da população à proteção contra riscos inerentes à vida social, proteção concebida como um direito de
cidadania.
Já Sposati demonstra o fenômeno de welfare state em países latino-americanos, como forma de regulação
social tardia. A autora concorda com as apreciações de Polanyi e Arretche a respeito do liberalismo que apesar de
apresentar como ponto principal a defesa da liberdade política e econômica, mostrou-se incapaz de minimizar os
problemas gerados pelo mercado e acabou por necessitar da intervenção do estado para regulamentar as relações de
trabalho, as questões de reprodução da força de trabalho e amenizar também as desigualdades sociais. Sposati ressalta
ainda que, as primeiras medidas de proteção social tiveram origem nesse contexto rigidamente liberal onde se inseria a
construção teórico-ideológica do laissez-faire. A partir destas constatações, Sposati afirma que os países latino-
americanos não desfrutaram do mesmo modelo Welfare State como os países industrializados do norte. Isto é
decorrente, como exemplo o Brasil, por estar em período ditatorial, regime este que não permitia pactos democráticos
de universalização de cidadania. A questão social no Brasil era tratada com repressão, encarados como fatos
esporádicos e excepcionais.
Em vista disso, Pereira, em “Necessidades Humanas: subsídios à crítica dos mínimos sociais”.ratifica as idéias
de Sposati ao demonstrar o panorama econômico, político e social no contexto internacional e nacional. A crise
catastrófica do liberalismo econômico gerou significativas mudanças no ideal de laissez-faire, abrindo espaço para a
intervenção do Estado na economia e na sociedade. A autora destaca que o Estado tornou-se interventor, regulando a
economia, a sociedade, promovendo ações sociais e benefícios. O sistema de proteção social como direito de
cidadania surge a partir das distorções entre o trabalho e o capital, onde os trabalhadores eram explorados de forma
desumana, tratados como mercadoria. Conforme Pereira, através da articulação dos trabalhadores foi possível
transformar problemas sociais em questões sociais, levados a esfera política, originando respostas do Estado através
da concepção da Seguridade Social, respaldada pelo Welfare State. Ao descrever o panorama nacional, Pereira
menciona que as políticas sociais dos países capitalistas avançados tiveram repercussão diferente as que foram
desenvolvidas no Brasil, que nasceram livres de dependência econômica e do domínio colonialista.
É a partir dessa perspectiva que Maria Ozanira, Maria Carmelita e Geraldo di Giovanni apresentam uma
pesquisa sobre os programas de transferência de renda desenvolvidos no Brasil. As medidas de transferência de renda
ganharam centralidade no Brasil com a introdução do projeto neoliberal, que reorienta o sistema de proteção social,
alterando o seu caráter universalista e configurando-o sob a ótica da descentralização, da privatização e da focalização.
Os programas de renda mínima nascem a partir de da crise salarial provocada pela precariedade das formas de
trabalho, redução de salários e desemprego. Transformaçoes estas que alteraram a economia, a política e a sociedade,
produzindo debates e questionamentos sobre renda mínima. Os programas de renda mínima passam a ser colocados
como alternativa de política social no contexto de crise do Welfare State.
sssObserva-se que os autores supracitados fazem menção a criação e desenvolvimento do estado de bem estar
em países desenvolvidos, latino-americanos e no Brasil. É possível detectar que a sua origem é decorrente de conflitos
entre a classe trabalhadora e o capitalismo, ocorria um retrocesso que afrontava a dignidade da pessoa humana, tendo
em vista as condições desumanas que os trabalhadores eram submetidos. Dessa forma, os mesmos começaram a reagir
diante destas condições de trabalho, e surgiram as primeiras medidas de proteção ao trabalhador. Com a crise do
liberalismo, o Estado social se extingue dando lugar ao Estado mínimo adotado pelo neoliberalismo. O Estado mínimo
envolveu a redução dos gastos públicos (saúde, educação, previdência social, etc) significando, para os países
desenvolvidos, o fim do Estado de bem-estar social, e para os países em desenvolvimento, o agravamento do quadro
social. Esse fato acentuaria as fraturas sociais de desigualdades entre extremos de pobreza para a maioria e riqueza
para um reduzido número de pessoas.
4 POLITICAS PÚBLICAS E MOVIMENTOS SOCIAIS
A origem sobre Políticas Públicas esta vinculada à promoção de manifestações sociais, que, por conseguinte
esta relacionada com transformações históricas de poder entre economia, política e sociedade. Percebe-se que
varias conquistas ao que se refere a proteção dos direitos humanos esta arrolada a conflitos e tensões de classes,
em que a sociedade insatisfeita com as desigualdades sociais e a exploração do trabalho, manifesta-se contra o
desequilíbrio gerado pelo capital e trabalho. Logo, O estado passa a intervir através de criação de políticas públicas a
fim de manter o controle social em sua sociedade capitalista.
Dessa forma, vários estudiosos buscaram contextualizar o papel das políticas publicas a partir das
transformações sociais e do surgimento de movimentos reivindicatórios. O interesse acadêmico pelos movimentos
sociais converge com o aumento de sua visibilidade por parte da sociedade e pelo desenvolvimento de teorias que
tinham como objeto as ações coletivas.
Gohn em teoria dos movimentos sociais retrata as teorias clássicas sobre os movimentos sociais com foco
nas ações e nos comportamentos coletivos da sociedade norte-americana. A autora teoriza sobre os paradigmas
clássicos que influenciaram a formação do movimento social. Nesta abordagem é notável que a potencialização das
insatisfações das pessoas em relação as mudanças geram reações que norteiam as ações e o comportamento
coletivo. Gohn apresenta cinco linhas de abordagem com características comuns: as teorias da ação social e coletiva
e a tentativa de compreensão dos comportamentos coletivos (enfoque sócio-psicológico). Diante disso, os
movimentos e ações sociais eram vistos como ciclos evolutivos, onde sua origem partia da formação de grupos que
reivindicavam transformações nos processos produtivos e industriais. Na abordagem norte-americana, Gohn
argumenta que as ações e comportamentos coletivos são oriundos de tensões e conflitos sociais, ou seja, os
movimentos sociais surgem a partir da instabilidade econômica e da tenuidade social.
Já os movimentos sociais urbanos no Brasil tiveram repercussão nos anos 80
De acordo com autora os anos 80 trazem um panorama novo na prática e na teoria sobre os movimentos sociais populares urbanos. Na prática surgem
novas lutas como pelo acesso á terra, a sua posse, moradia, expressas nas invasões, ocupações de casas e prédios abandonados, articulação do movimento dos
transportes.
Nos 90 o quadro de pesquisadores passa e se preocupar com os problemas da violência, da exclusão social e deixam de lado os movimentos sociais, e as redes ONGs
passa ser o centro dos estudos, como o Instituto Pólis de São Paulo que funcionavam como núcleos de pesquisa.
No final dos anos 70, no Brasil o que se destacava eram os movimentos sociais populares vinculados às práticas da Igreja católica, articulada á Teologia da Libertação.
A categoria teórica básica enfatizada era a da autonomia, tratava-se de uma estratégica política na visão dos movimentos populares, pois se reivindicava um duplo
distanciamento. De um lado o Estado autoritário. Os fundamentos da autonomia são difusos. Matrizes do socialismo libertário do século passado, como o anarquismo
que fazia uma análise marxista da realidade.
Nos anos 80 no campo das práticas pesquisadores mostraram interesse pelo caráter novo dos movimentos populares como das mulheres, os ecológicos, dos negros e
índios. A emergência desses estudos demarcou duas novidades, o novo e uma divisão paradigmática. O novo que passou ser referência para os movimentos que
inscreviam suas demandas no campo dos direitos sociais tradicionais: direito a vida, ao alimento, abrigo e outros para sobrevivência do ser humano.O novo nos
movimentos ecológicos e das mulheres demandava os direitos modernos, igualdade e a liberdade, em termos das relações de gênero, raça e sexo.
A divisão paradigmática dos anos 80 predominava as análises de cunho marxistas para os para os movimentos populares, influenciadas pela corrente franco-
espanhola, ou análises acionalistas. O novo movimento europeu advinha de camadas sociais que não se encontravam em condições de miserabilidade, se
organizavam em torno das problemáticas das mulheres, dos estudantes, pela paz , pela qualidade de vida etc. e se contrapunham aos movimentos sociais clássico, o
dos operários.
Na década de 80 novos movimentos foram criados, frutos da conjuntura política- econômica, foram os movimentos dos desempregados e das Diretas Já que surgiu no
momento de pico de um ciclo de protestos contra o regime militar e a política excludente de desempregados, centrado na questão da constituinte.
Durante os anos 80 várias mudanças ocorrem, em destaque as alterações nas políticas públicas, e nos setores da vida social como o crescimento do associativismo
institucional, em particular nas entidades de órgãos públicos que absorveram grande parcela dos desempregados do setor privado, o aparecimento e expansão de
entidades aglutinadoras dos movimentos sociais populares que viria quase a ser uma substituta dos movimentos sociais nos aos 90: as ONGs _ Organizações Não-
governamentais.
Militantes, assessores e simpatizantes deixaram de exercitar a política por meio da atuação do social movimentos sociais, movidos pela paixão, pela ideologia ,
passaram a se aproximar das ONGs e se ocupou em elaborar pautas e agendas de encontros, seminários e as eleições.Ao final dos anos 80 o Partido dos
Trabalhadores tem como principal preocupação a capacitação técnica das lideranças populares para atuar como co-participação das políticas públicas locais.
Sobre os movimentos sociais, o "novo" deste último período deve ser visto numa dupla dimensão: como construtor de espaço de cidadania. Na primeira o exemplo
maior é dado pela nova Constituição brasileira, em especial no capitulo sobre os novos direitos sociais. Na segunda destacam-se: Agnes Heller (1981), Norbeto Bobbio
(1992) Arendt (1981), Lefévre (1973), com a contribuição da dicotomia público e privado, a questão da cidadania, a cultura política nos espaços associativos, e a
questão do cotidiano.
No plano das análises, os anos 90 enfatizaram duas categorias básicas: Na primeira a cidadania coletiva,pensar o exercício da cidadania em termos coletivos de
grupos e instituições que se legitimaram juridicamente a partir de 88. e a segunda a exclusão social, que decorre das condições socioeconômicas que passaram a se
interativas, causadoras de restrições e situações que Durkheim certamente caracterizaria como anomia social: violência generalizada, desagregação da autoridade
estatal.
Habernas (1985) cria a "categoria do agir comunicativo" para o entendimento das ações presentes nos movimentos, vendo possibilidades de geração de novas formas
de relações de produção, contribuindo para resolver problema de produtividade ou de impasse em ares econômicas em crise.Destaque-se ainda que Offe (1988)
chamou a atenção para a composição social dos NMS europeus basicamente a nova classe média, formada por grupos sociais conscientes dos problemas sociais
gerados pelo capitalismo.A nova camada elaboraria respostas racionais que enfrenta.
Então assim os movimentos sociais no Brasil como no conjunto da América Latina, trouxeram á cena política de forma majoritária, a participação das mulheres. O maior
contingente de participação de mulheres foi nos movimentos populares como demandatárias de reivindicações populares por melhorias, serviços e equipamentos
coletivos, e não como demandatárias de direitos de igualdade entre os sexos. Foram elas que lutaram por creches, transportes, saúde entre outros.
Portanto os Movimentos Sociais no Brasil das décadas de 70, e ao decorrem dos anos 80, foram demarcados com o surgimento de inúmeras formas de movimentos e
formas organizativas populares, que reivindicavam direitos sociais tradicionais para sobrevivência do ser humano assim como a igualdade e a liberdade e a construção
de uma democracia.
Movimentos sociais no Brasil
No Brasil, nas décadas de 1970 e 1980, também há um período de forte
mobilização e reivindicação política, sendo que Gohn aponta que o termo sociedade
civil entrava para a linguagem política corrente como sinônimo de “participação e
organização da população civil do país na luta contra o regime militar” (2005: 70). Tal
período é caracterizado por Colbari (2003) como “a idade de ouro dos movimentos
sociais” no Brasil, sendo que o contexto nacional de insatisfação com o fracasso dos
planos econômicos do governo, as carências da população e os anseios pela
redemocratização, motivaram um clima de efervescência nacional. Como conseqüência,
a década de 1980 foi bastante frutífera no que diz respeito aos estudos sobre
movimentos sociais no Brasil. Entretanto, na década de 1990, quando se descortina um
novo contexto (com o Brasil pós-ditadura, com mudanças na economia e com a
globalização), vemos tais mudanças afetarem os movimentos sociais, trazendo também
impactos teóricos, sobre os quais falaremos mais adiante.
Nesse período, surgiram movimentos populares3
, e movimentos outros, tais
como o novo sindicalismo4
e os movimentos que tinham por objetivo a luta pelo
reconhecimento de direitos sociais e culturais (movimentos de “raça”, gênero, sexo,
pelo meio ambiente, por segurança, pelos direitos humanos, etc.) (SADER, 1988 apud
GOHN, 2005). A atuação desses atores diferenciava-se do modelo anterior, concentrado
em partidos e sindicatos. Entre os motivos para essa atuação diferenciada, podemos
apontar o fato de os sindicatos e partidos terem uma orientação de classe, não
abrangendo a especificidade de questões como as de gênero e etnia, bem como o fato de
a própria ditadura militar impedir a atuação dos mesmos. Assim, houve ampliação e
pluralização dos grupos, surgindo movimentos, associações, instituições, ONGs, etc.
Assim, cabe ressaltar que a renovação do cenário de participação e envolvimento
social não se deu apenas nos campos popular (reivindicador de recursos materiais, de
infra-estrutura, etc.) e trabalhista, havendo também movimentos de mulheres,
ambientalistas, movimentos pela paz, dos homossexuais, entre outros; os quais já
tinham lutas independentes do mundo do trabalho (GOHN, 2005). Apesar disso, é
preciso salientar que, diferentemente dos cenários europeu e norte-americano, onde as
demandas coletivas
[...] indicavam para uma abordagem cultural da construção de identidades,
uma vez que naqueles países as carências materiais estavam relativamente
resolvidas, na América Latina essa realidade ainda convivia (e convive) com
problemas de ordem material e com a luta pela democratização política nos
países em que se instalaram ditaduras militares (GOSS e PRUDÊNCIO,
2004: 84).
Desta maneira, as reflexões acerca das teorias sobre os novos movimentos
sociais não podem ser aplicadas em sua totalidade à realidade brasileira, visto que existia sim uma variedade
de movimentos sociais, mas persistia a “hegemonia de
movimentos populares por terra, casa, comida, equipamentos coletivos básicos, como
também a questão dos direitos humanos” (PRUDÊNCIO, 2000 apud GOSS e
PRUDÊNCIO, 2004). Gohn (2006) enfatiza a importância desses movimentos para a
vida política do país, visto que tais atores, ao se reconhecerem como sujeitos de direitos
e exercerem sua cidadania, tiveram como principal contribuição a reconstrução da
democracia no país:
Artigo: Construção democrática, neoliberalismo e participação: os dilemas da confluência perversaEvelina Dagnino
Resumo
O texto explora os contornos de uma crise discursiva, que parece atravessaras experiências contemporâneas de construção democrática no Brasil e naAmérica Latina. Essa crise discursiva resulta de uma confluência perversaentre, de um lado, o projeto neoliberal que se instala em nosso país aolongo das últimas décadas e, de outro, um projeto democratizante, participativo,que emerge a partir da luta contra o regime autoritário e busca oaprofundamento democrático. Focaliza a seguir o que parecem ser as característicasdessa crise no contexto brasileiro, marcada pela disputa político-cultural entre esses dois projetos e pelos deslocamentos de sentidoque ela opera em três noções – sociedade civil, participação e cidadania –, queconstituem as referências centrais para o entendimento dessa confluência.Finalmente, discute de forma muito preliminar as implicações desse processode ressignificação para as representações vigentes de política e dedemocracia, e as possibilidades de enfrentamento dessa crise.
Para Maria da Glória Gohn os movimentos sociais
são ações coletivas de caráter sociopolítico, construídas por atores sociais
pertencentes a diferentes classes e camadas sociais. Eles politizam suas demandas
e criam um campo político de força social na sociedade civil. Suas ações
estruturam-se a partir de repertórios criados sobre temas e problemas em
situações de: conflitos, litígios e disputas. As ações desenvolvem um processo
social e político-cultural que cria uma identidade coletiva ao movimento, a partir
de interesses em comum. Esta identidade decorre da força do princípio da
solidariedade e é construída a partir da base referencial de valores culturais e
políticos compartilhados pelo grupo.18
Feita essas observações, verifica-se a imprecisão e polêmica que norteiam
a conceituação dos movimentos sociais, mas considerando que a crise do
mundo industrial e a passagem a um capitalismo organizado em redes tem como
resultado uma fragmentação social, cria-se assim, uma nova forma de
organização e ação.
5 O PÚBLICO E O PRIVADO NO CONTEXTO DAS POLÍTICAS PÚBLICAS