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Relato de Prática Tema: Jogos Olímpicos 2016 no Brasil. Welington Santana Silva Júnior 1 E.M. Prof. Walter Carretero Sorocaba, 2016 RESUMO Pelos princípios e procedimentos pedagógicos do currículo cultural, as aulas de educação física na E. M. Prof. Walter Carretero situada em um bairro de Sorocaba interior de São Paulo, para as turmas dos 1ºs aos 5ºs anos do ensino fundamental I, teve como tema nos 1º, 2º e 3º bimestres de 2016, os Jogos Olímpicos no Brasil, devido a realização do evento sendo o país sede neste ano. Os relatos aqui descritos se referem as vivências das aulas dos alunos do 3º ano B, 4º ano D e 5º ano A. Iniciei fazendo perguntas aos alunos sobre os Jogos Olímpicos na intensão de mapear o conhecimento prévio sobre o tema. As respostas em comum foram: futebol, basquete, natação, corrida, vôlei e ginástica. Eles responderam dizendo alguns nomes de esportes, não o evento propriamente dito. Das respostas em comum, procurei tematizar o que os alunos mais falaram, escolhi assim o atletismo, porque em todas as turmas pelo menos um aluno falou sobre as corridas. Quando comecei a falar sobre o atletismo, a maioria dos alunos entendia que seriam somente as corridas, daí então pude perceber mais um motivo importante em tematizar esse esporte, mostrar para os alunos que dentro do atletismo existem diferentes modalidades esportivas. Para melhor planejar, separei os temas por bimestres, onde no 1º e 2º iríamos trabalhar a corrida de revezamento, a corrida de velocidade, a corrida de resistência e a corrida com barreiras, e no 3° estudaríamos o salto em distância, o lançamento de peso e no decorrer das discussões o vôlei sentado como Jogos Paralímpicos. Como materiais utilizamos cordas, cones, bastões, caixas de papelão, uma bola de vôlei e um peso confeccionado com sacolas plásticas, areia e fita crepe. Com o objetivo de aprofundamento e ampliação do tema, buscamos realizar aulas na sala com a contextualização de textos históricos e específicos das modalidades do atletismo, dos Jogos Olímpicos e dos Jogos Paralímpicos, pesquisas na sala de informática e observações de imagens impressas. No decorrer das tematizações surgiram assuntos de gênero, aptidões e deficiências físicas, fato que favoreceu a problematizações referente aos temas e abertura para estudarmos os Jogos Paralímpicos como citado anteriormente, onde vivenciamos o vôlei sentado. Como avaliações, utilizamos fotos, registros escritos e mapeamento avaliativo em sala de aula e nas rodas de conversa. Para encerramos o projeto, realizamos os Jogos Olímpicos na escola, onde cada turma representou um país e fizemos as competições não visando resultados, mas sim a vivência dos esportes. Palavra Chaves: Jogos Olímpicos, Educação Física, Atletismo. 1 Professor de Educação física Escolar no município de Sorocaba desde 2014, especialista em fisiologia do exercício, membro do GEPF (Grupo de Pesquisa em Educação Física Escolar USP), membro do GEPEF (Grupo de Estudos em Pedagogia da Educação Física da Faculdade de Educação Física da ACM de Sorocaba), e membro do GIAP (Grupo de Pesquisa Sobre Infância, Arte, Práticas Educativas e Psicossociais).

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Relato de Prática

Tema: Jogos Olímpicos 2016 no Brasil.

Welington Santana Silva Júnior1

E.M. Prof. Walter Carretero

Sorocaba, 2016

RESUMO

Pelos princípios e procedimentos pedagógicos do currículo cultural, as aulas de

educação física na E. M. Prof. Walter Carretero situada em um bairro de Sorocaba

interior de São Paulo, para as turmas dos 1ºs aos 5ºs anos do ensino fundamental I, teve

como tema nos 1º, 2º e 3º bimestres de 2016, os Jogos Olímpicos no Brasil, devido a

realização do evento sendo o país sede neste ano. Os relatos aqui descritos se referem as

vivências das aulas dos alunos do 3º ano B, 4º ano D e 5º ano A. Iniciei fazendo

perguntas aos alunos sobre os Jogos Olímpicos na intensão de mapear o conhecimento

prévio sobre o tema. As respostas em comum foram: futebol, basquete, natação, corrida,

vôlei e ginástica. Eles responderam dizendo alguns nomes de esportes, não o evento

propriamente dito. Das respostas em comum, procurei tematizar o que os alunos mais

falaram, escolhi assim o atletismo, porque em todas as turmas pelo menos um aluno

falou sobre as corridas. Quando comecei a falar sobre o atletismo, a maioria dos alunos

entendia que seriam somente as corridas, daí então pude perceber mais um motivo

importante em tematizar esse esporte, mostrar para os alunos que dentro do atletismo

existem diferentes modalidades esportivas. Para melhor planejar, separei os temas por

bimestres, onde no 1º e 2º iríamos trabalhar a corrida de revezamento, a corrida de

velocidade, a corrida de resistência e a corrida com barreiras, e no 3° estudaríamos o

salto em distância, o lançamento de peso e no decorrer das discussões o vôlei sentado

como Jogos Paralímpicos. Como materiais utilizamos cordas, cones, bastões, caixas de

papelão, uma bola de vôlei e um peso confeccionado com sacolas plásticas, areia e fita

crepe. Com o objetivo de aprofundamento e ampliação do tema, buscamos realizar aulas

na sala com a contextualização de textos históricos e específicos das modalidades do

atletismo, dos Jogos Olímpicos e dos Jogos Paralímpicos, pesquisas na sala de

informática e observações de imagens impressas. No decorrer das tematizações

surgiram assuntos de gênero, aptidões e deficiências físicas, fato que favoreceu a

problematizações referente aos temas e abertura para estudarmos os Jogos Paralímpicos

como citado anteriormente, onde vivenciamos o vôlei sentado. Como avaliações,

utilizamos fotos, registros escritos e mapeamento avaliativo em sala de aula e nas rodas

de conversa. Para encerramos o projeto, realizamos os Jogos Olímpicos na escola, onde

cada turma representou um país e fizemos as competições não visando resultados, mas

sim a vivência dos esportes.

Palavra Chaves: Jogos Olímpicos, Educação Física, Atletismo.

1 Professor de Educação física Escolar no município de Sorocaba desde 2014, especialista em fisiologia

do exercício, membro do GEPF (Grupo de Pesquisa em Educação Física Escolar – USP), membro do GEPEF (Grupo de Estudos em Pedagogia da Educação Física da Faculdade de Educação Física da ACM de Sorocaba), e membro do GIAP (Grupo de Pesquisa Sobre Infância, Arte, Práticas Educativas e Psicossociais).

Desenvolvimento.

Iniciei as aulas fazendo perguntas aos alunos sobre os jogos olímpicos na

intensão de mapear2 o conhecimento prévio sobre o tema:

Qual evento esportivo muito importante vai acontecer neste ano de 2016 aqui no

Brasil? (Poucos alunos souberam responder que seriam os jogos olímpicos).

O que são os Jogos Olímpicos?

As respostas em comum foram: futebol, basquete, natação, corrida, vôlei e

ginástica.

Eles responderam dizendo alguns nomes de esportes, não o evento propriamente

dito. Das respostas em comum, procurei tematizar3 o que os alunos mais falaram,

escolhi assim o atletismo, porque em todas as turmas pelo menos um aluno falou sobre

corrida de forma geral. Quando comecei a falar sobre o atletismo, a maioria entendia

que eram somente as corridas, daí então pude perceber mais um motivo importante em

tematizar essa modalidade, mostrar para os alunos que dentro do atletismo existem

diferentes modalidades esportivas.

Para melhor planejar, separei os temas por bimestres, onde no 1º e no 2º iriamos

trabalhar a corrida de revezamento, a corrida de velocidade, a corrida de resistência e

corrida com barreiras, e no 3° estudaríamos o salto em distância, o lançamento de peso e

por consequências de algumas discussões os Jogos Paralímpicos, onde vivenciamos o

vôlei sentado.

Corrida de Revezamento.

Na corrida de revezamento trabalhamos as passagens de bastão ascendente,

descendente, visual e não visual. Com a participação dos alunos, criamos um jogo

chamado pega-pega-bastão, uma forma lúdica para melhor entenderem as passagens de

bastão. Pega-pega-bastão: Alunos espalhados pela quadra e parados em certo ponto com

2 O mapear sendo uma didática do currículo cultural, tem como objetivo conhecer as manifestações

corporais que fazem parte do cotidiano dos alunos, ou para saber quais práticas se encontram disponíveis ao seu redor, buscando também levantar saberes prévios presentes nos alunos. (NEIRA; NUNES, 2011, pag. 107). 3 No currículo cultural, a construção do conhecimento advém da tematização, uma ação didática que

inviabiliza qualquer previsão antecipada, buscando nos acontecimentos diários atividades que focalizem o tema que está sendo estudado. (NEIRA; NUNES, 2011, p. 102).

uma distância de dois ou três metros entre eles. Um aluno é o fugitivo, que deverá estar

com o bastão nas mãos, outro será o pegador devendo correr atrás somente do aluno que

estiver com o bastão. O aluno fugitivo para não ser pego deve rapidamente durante as

corridas de fuga passar o bastão para um dos alunos que estarão espalhados pela quadra,

quem pegar o bastão passa a ser o fugitivo. Caso o pegador pegue o fugitivo antes que o

bastão seja passado para outro aluno, o fugitivo pego deverá passar o bastão para o

pegador, contar até 5 segundos e correr atrás do pegador que passará a ser fugitivo.

Fizemos grupos de quatro participantes e realizamos as corridas usando como

pistas as linhas da quadra. Evitei que acontecesse a competição, porém isso é quase que

inevitável, a competição era uma forma de estimulo, mas em muitos casos consegui

trabalhar essa questão para que não houvesse desistências. Antes de cada prática eu

fazia com os alunos uma ampliação e aprofundamento4 com leituras de textos ou

imagens da corrida especifica, e no final novamente para discutir novas ideias sobre os

resultados alcançados.

Pega-pega-bastão Corrida de revezamento ressignificada

Corrida de velocidade.

Na corrida de velocidade, comecei perguntando para os alunos o que eles

imaginavam que seria uma corrida de velocidade. Devido o nome, rapidamente alguns

deles responderam que seria uma corrida rápida.

Para iniciar essa corrida, iniciamos a aula com jogos onde os alunos precisassem

correr o mais rápido possível, tipo “mãe da rua” e “mãe do disco”, eles tinham que

4 É uma didática do currículo cultural que busca fontes de conhecimento que se aproxime o máximo da

realidade da manifestação cultural, assim como a didática chamada de ampliação que tem como objetivo acessar diferentes discursos que cercam está manifestação. (NEIRA; NUNES, 2011, p. 134).

atravessar o espaço determinado como a rua sem voltar para trás e o mais rápido e reto

possível, fazendo com que isso fosse semelhante ao que acontece na corrida de

velocidade.

Comecei colocando os alunos em paralelos e dando sinal de largadas, após fui

colocando novas regras como a saída baixa de cinco apoios.

Falei sobre as saídas através dos comandos: “Em seus lugares, pronto, já”, e

conversamos sobre a importância de não queimar a linha de largada, fato que estava

acontecendo muitos como todas as turmas.

Assim como na corrida de revezamento, sempre antes das práticas e após as

práticas conversávamos sobre especificidades da corrida, formas de saídas, tipos de

corridas e ideias para melhor compreender o que estava acontecendo na prática. Em

uma das aulas falei com os alunos sobre as distâncias diferentes das corridas como as de

100, 200 e 400 metros, logo após, procurei ressignificar5 com os alunos tal cultura

corporal, pedindo para que eles escolhessem lugares na quadra onde cada corrida

poderia ser representada de acordo com as distâncias citadas, olhando para as linhas das

quadras.

Houve ideias bem diferentes e com explicações diversas, todas elas foram

aceitas e vivenciadas. Após as corridas discutimos o que deu certo e errado.

Com as duas corridas vivenciadas nas aulas práticas e pelas contextualizações

nas rodas de conversas no início e no fim de cada aula, iniciamos as aulas em sala para

que pudéssemos nos aprofundar no tema pelo que já tinha sido discutido na prática. Na

sala de aula, comecei escrevendo alguns tópicos na lousa e perguntando sobre cada um

deles, de acordo com as respostas eu explicava com mais detalhes através de desenhos e

outras anotações na própria lousa sobre o que estava sendo discutido.

5 Devido o distanciamento pela realidade dos alunos referente a realidade social da manifestação

cultural em prática, ressignificar é a didática do currículo cultural onde os docentes estimulam o grupo á criarem possibilidades de vivenciar atividades que permitam a compreensão desta manifestação da cultura corporal usada na tematização relacionada diretamente ao tema. (NEIRA; Nunes, 2011, p.123).

Linha de partida Linha de chegada

Corrida de resistência.

Começamos a corrida de resistência com um mapeamento onde fiz perguntas

para os alunos sobre tal modalidade:

Alguém sabe o que é corrida de resistência? Alguém já praticou a corrida de

resistência? O que significa a palavra resistência?

A maioria disse que não tinham participado de nenhum treino com esse nome,

dois ou três alunos disseram que participaram de uma prova de corrida onde tinham que

correr uma distância longa no paço municipal da cidade em um evento esportivo. Teve

alunos que falaram que eram como as provas de resistência do BBB (Big Broder Brasil)

provavelmente porque as palavras “prova de resistência” eram muito faladas pelo

apresentador do programa transmitido pela Rede Globo. Sobre a palavra resistência, a

resposta mais comum foi: é quando se resiste alguma coisa, tipo resistir à corrida.

A partir dai, iniciei uma contextualização básica sobre a corrida de resistência,

de meio fundo e de fundo, conversamos sobre a questão fisiológica que dá característica

a corrida após uma aluna perguntar de que forma nosso corpo poderia se tornar mais

resistente, fato que nos permitiu ampliar o tema, abordando assuntos biológicos

referentes as adaptações fisiológicas promovidas por programas de exercícios físicos em

treinamento esportivos.

Após, com o uso de oito cones e das linhas da quadra, montamos uma pista de

corrida, onde coloquei equipes de 4 a 6 alunos para correrem juntos em um tempo

determinado. Procurei no início deixar claro que o objetivo não era ver quem chegaria

primeiro, mais sim quem conseguiria regular sua velocidade para poder permanecer na

corrida durante o tempo determinado de acordo com a série, sendo em torno de 1 a 3

minutos de corrida, um tempo relativamente curto, mas por se tratarem de crianças

pequenas com capacidades físicas muito diferentes das de adultos, e por saber que eles

iriam tentar correr o mais rápido possível, achei melhor não propor tempos longos.

Após as primeiras vivências, os alunos perceberam que aqueles que iniciavam a corrida

com muita velocidade não estavam conseguindo concluir o tempo determinado, fato que

os fizeram compreender a importância de controlar a velocidade em uma corrida como a

de resistência.

Em uma das aulas, um aluno pediu para eu colocá-lo para correr em um grupo

de meninas porque as meninas eram mais fracas. Não falei nada na hora, coloquei esse

aluno para correr em um grupo misto, onde eu escolhi algumas meninas que corriam

muito bem. Deixei a corrida acontecer, uma das meninas correu melhor que esse

menino que inclusive não conseguiu completar a prova. No fim da aula, levantei essa

questão e discutimos sobre gênero, onde falamos que no esporte até pode haver

diferenças entre homens e mulheres devidos os fatores biológicos, porém que mesmo

assim, em muitos casos existem mulheres mais fortes e resistentes fisicamente que

alguns homens, mas que na sociedade essa diferença não deve existe, quando acontece

são ações preconceituosas e machistas.

Corrida de resistência

Corrida com obstáculos.

Comecei a corrida com obstáculo perguntado aos alunos se algum deles já tinha

praticado essa corrida no atletismo? As respostas em comum foram: É correr desviando

de algumas coisas, tipo cones; É correr e pular algumas coisas; É correr e pular

obstáculos e cones.

Elaborei uma atividade onde alguns alunos deveriam ficar agachados e outros

alunos deveriam correr pelos que estavam agachados, sem dizer a forma que o fariam,

alguns saltavam e outros apenas desviavam. Em seguida, fizemos algumas atividades de

jogos com regras modificadas onde era preciso saltar os osbstáculos sendo esses os

próprios alunos agachados.

Exemplos: Mãe da rua obstáculos – de 5 a 7 pegadores, os alunos fugitivos

quando pego deveriam agachar e virar um obstáculo humano, os alunos fugitivos

deveriam durante as corridas saltar os obstáculos, o jogo acabava quando todos os

fugitivos viravam obstáculos.

Pega-pega-obstáculo – Um ou mais pegadores, quem for pego vira obstáculo,

quem estiver livre deve saltar os obstáculos para salva-los.

Fizemos algumas corridas com obstáculos humanos, onde em um espaço

determinado, os alunos se posicionavam como osbstáculos (agachados) e outros como

corredores (em pé), ao sinal de partida os corredores corriam e saltavam os alunos

obstáculos, logo em seguido os corredores se posicionavam como osbstáculos e os

alunos obstáculos como corredores. Fizemos também uma pista de corrida seguindo os

mesmos princípios, alunos corredores e alunos obstáculos. Após utilizamos caixas de

papelão como obstáculos, dividimos a turma em grupos de 5 a 7 alunos para que não

houvessem quedas ou possíveis acidentes pelo pouco espaço e muitos alunos ao mesmo

tempo, foi bem divertido e dinâmico, os alunos que ficavam na arquibancada

aguardando seus momentos de correr torciam por seus colegas, e de certa forma faziam

suas observações para que pudéssemos discutir no fim da aula.

Mãe da rua obstáculos Corrida com obstáculos

Corrida com obstáculos humanos

Atletismo não é só corrida, o arremesso de peso e o salto em

distância também é atletismo.

Arremesso de peso.

Quando começamos o mapeamento e as tematizações dos os Jogos

Olímpicos através das práticas das modalidades do atletismo, conhecida pela

maioria dos alunos como as corridas, uma das observações feitas foi o fato dos

alunos não saberem a definição dos esportes pertencentes ao atletismo.

Após as vivências das corridas de velocidade, de resistência, de

obstáculo e de revezamento, perguntei aos alunos quais esportes estavam

acontecendo naquele momento nos Jogos Olímpicos no Rio 2016, que não são

corridas? Estávamos no mês de agosto, momento em que os jogos estavam

em andamento. As respostas comuns foram: “lançamento de dardos”,

“arremesso de peso”, “lançamento de disco”, “natação”, “futebol”, “salto em

distância” e “futebol na água”.

Através das respostas, escolhi o tematizar o “arremesso de peso” e o

“salto em distância”, para que os alunos conhecessem outras modalidades

esportivas, que não são corridas, mas que pertencem ao atletismo.

Para explicar melhor sobre as características que fazem um esporte

pertencer ao atletismo, conversamos sobre os principais movimentos corporais

envolvidos, como: O saltar, o arremessar e o correr. A modalidade esportiva

em que o movimento corporal relacionado ao objetivo for qualquer um desses

três movimentos principais, então esse esporte pertencerá ao atletismo.

Iniciamos as vivencias com o arremesso de peso, destacando o

arremessar como um dos principais movimentos corporais que caracterizam o

atletismo e analisando algumas imagens que imprimi, onde mostravam atletas

realizando o arremesso de peso, logo após, iniciamos a prática com as

técnicas de pegada na bola (peso), a realização simples do arremesso e logo

em seguida iniciamos a técnica do giro de 180° com deslocamento para pegar

impulso e arremessar o peso em uma distância maior. E para finalizar as aulas

práticas, fizemos as técnicas do arremesso de peso dentro de um círculo feito

no piso da quadra com giz de lousa, onde também realizamos algumas

competições com a utilização dos próprios alunos como juízes para marcar o

local onde o peso caísse.

Para nos aprofundarmos sobre o tema, fizemos aulas nas salas

trabalhando textos que contextualizassem essa manifestação cultural, onde

procuramos conhecer a história, os objetivos e as regras da modalidade

esportiva.

Para ampliar o conhecimento sobre a temática, fizemos algumas aulas

na sala de informática com o objetivo de pesquisar sobre a modalidade, fazer

diferentes observações e levantar questões que não foram feitas durante as

aulas anteriores na sala e na quadra.

Arremesso de peso

Salto em distância.

No salto em distância, a maior preocupação estava em quais matérias

usar na falta de uma caixa de areia apropriada para a modalidade, colchonetes

ou tatames, o que seria melhor? Opinamos pelos tatames, pois os colchonetes

eram finos e não iriam amortecer bem a queda após o salto.

Iniciamos as aulas com uma conversa e exposição de imagens da

modalidade, com o objetivo de fazer um mapeamento sobre até onde os alunos

conheciam sobre o salto em distância. Logo após esta parte, iniciamos os

saltos, fizemos uma fila, determinamos a raia de corrida e a linha de partida, e

começamos a saltar, com os alunos descalços para não danificar os tatames.

Na semana seguinte, fiz uma tábua de impulsão com papelão e fita

crepe, e introduzi esse acessório nas aulas teóricas e práticas. Em todas as

aulas, mesmo sendo na quadra, sempre conversávamos sobre a modalidade,

seja no início ou no final, com assuntos relacionados ao contexto histórico,

assim como o fiz nas corridas, nestes momentos também sempre

procurávamos conversar sobre a história dos Jogos Olímpicos.

Para o aprofundamento, assim como no arremesso de peso,

trabalhamos textos em sala de aula. Em média, a cada 4 ou 6 aulas práticas,

fazíamos 1 aula teórica em sala.

Na ampliação do tema, também procurei usar a sala de informática, não

foi muito fácil, porque desta vez somente 2 ou 3 computadores estavam

funcionando, porém mesmo com a dificuldade, o objetivo de levantar questões

sobre a modalidade foi alcançado.

Salto em distância

Jogos Paralímpicos.

O início da tematização dos jogos paraolímpicos, se teve após o

questionamento de uma das alunas do 4º ano A, que foi fundamental para a

discussão durante a aula sobre os deficientes físicos, a pergunta foi:

Professor, por que os Jogos Olímpicos foram transmitidos na televisão e

os Jogos Paralímpicos não?

Repassei a pergunta para a turma, não demorou muito e ouvi um

dizendo: - “é preconceito”. Foi o início de uma discussão sobre a

desvalorização que nossa sociedade tem com as pessoas portadoras de uma

deficiência física ou mental, falamos sobre o acesso a todos os lugares,

principalmente pelos cadeirantes (pessoas paraplégicas), levantamos em

questão a nossa escola, onde discutimos se na construção da mesma foi

pensado na inclusão de alunos paraplégicos. Como resultado chegamos à

conclusão que nossa escola não possui estrutura para alunos cadeirantes

frequentarem todos os lugares, teríamos que fazer adaptações para que

acontecesse uma verdadeira inclusão.

Iniciamos a tematização dos Jogos Paralímpicos começando por

contextualizações históricas, onde buscamos informações referentes a origem,

progressão e continuidade atual, com atividades na sala de aula e nas rodas de

conversa.

Para vivenciar os Jogos Paralímpicos, realizamos a prática do vôlei

sentado. Começamos com uma roda de conversa no objetivo de fazermos um

mapeamento sobre essa modalidade e para iniciarmos um debate sobre os

deficientes físicos, preconceitos, dificuldades, discriminação, valorização, etc.

Não tínhamos na escola uma rede de vôlei para iniciarmos a prática,

montamos uma rede com o uso de cones e cordas, fato que não interferiu na

qualidade das aulas.

Confesso que não foi fácil, até o momento tínhamos feito a prática de

esportes do atletismo, modalidades individuais, ao iniciar um esporte coletivo,

com regras diferentes, obtivemos muitos conflitos devido a competição natural

entre os alunos e a dificuldade das crianças pequenas de ficarem sentadas e

se locomoverem somente se arrastando. Dificuldades essas que na segunda

aula prática das turmas já estavam diminuídas.

Para que a competição entre eles não interferisse na aula, eu procurei

deixar claro que as partidas seriam por tempo e não por pontuação, pois

durante os jogos eu não contava os pontos, eu registrava o tempo da atividade.

Com os alunos de 1º e 2º anos, procurei fazer dois times, dividindo a

turma em números iguais de participantes, para que todas as crianças

estivessem participando ao mesmo tempo, evitando assim a dispersão, sem

separar meninos de meninas, procurei formar equipes com os mesmos

números de meninas e meninos juntos. Já com os 3ºs, 4ºs, e 5ºs anos,

formamos equipes de 6 jogadores, conforme as regras oficiais, também mistos,

sem separação de gênero, mesmo que os alunos pedissem para formar

equipes de meninos contra as equipes de meninas, conversamos sobre a

importância da igualdade entre gêneros na sociedade e tentávamos envolver

todos no jogo sem fazer diferenças.

Mudamos algumas regras e determinamos espaços diferentes de acordo

as dificuldades das turmas, conforme a ação pedagógica do princípio da

ressignificação pelo currículo cultural, construindo novos significados e

possibilidades sobre o tema, onde por exemplo, com os alunos de 1º e 2º anos,

o espaço da área de jogo era menor que para as outras turmas com alunos

maiores, também mudamos a forma de jogar, onde ao invés de rebater, os

alunos tinham que segurar a bola, fazer os três passes e arremessar ou rebater

para o campo do adversário, isso para que eles pudessem intender melhor o

jogo, pois minha intenção não estava em trabalhar os fundamentos do vôlei,

mas sim a vivencia direta do jogo, os fundamentos fomos discutindo no

decorrer dos jogos, sem nenhum tipo de exigência por movimentos corretos, o

que nos interessava era a manifestação corporal.

Aulas teóricas.

Para cada um dos três temas, em dias específicos, fazíamos o

aprofundamento, a ampliação e a problematização em sala de aula com textos,

registros e leituras, e na sala de informática com pesquisas na internet.

Princípios esses, defendidos no currículo cultural, para que os alunos possam

acessar diferentes conhecimentos populares e científicos referente ao tema,

comparando um com o outro, observando fatos que nas aulas práticas não

foram observadas, conhecendo a realidade, já que em muitos momentos a

ressignificação foi necessária, não para fugir da real prática da manifestação,

mas para estudarmos outras formas de realização da manifestação corporal

em questão.

Um fato que muito enriqueceu nossas aulas foi a realização e

transmissão dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos ao mesmo tempo em que

estávamos trabalhando alguns dos esportes envolvidos, com isso os alunos

traziam para as aulas suas observações após assistir na televisão os jogos.

E a história dos Jogos Olímpicos?

Durante todo o projeto, do 1º ao 3º bimestres, discutíamos fatos

históricos que relatavam a origem dos Jogos Olímpicos desde a Antiga Era a

até a Era Moderna, procurei buscar informações em livros, artigos e sites.

Foi muito interessante esses momentos, porque na maioria das vezes eu

estava apreendendo ao mesmo tempo com os alunos, devido os

planejamentos das aulas que estavam exigindo muitas pesquisas. A cada aula

onde surgiam curiosidades e duvidas exigia um novo estudo e um novo

planejamento para as próximas tematizações.

Ao receber a tocha olímpica na cidade de Sorocaba, também buscamos

contextualizar os mitos religiosos e os fatos históricos que deram origem a

tocha olímpica.

Geralmente, entre as vivências das modalidades esportiva do atletismo,

também conversávamos sobre a história dos Jogos Olímpicos, e assim

também fizemos com cada um das modalidades tematizadas, fato que nos

permitiu construir problematizações6 e ampliações através de questionamentos

feitos pelos alunos, como:

Por que os países faziam as guerras?

Por que os atletas da era antiga jogavam nus (sem roupas)?

Por que as mulheres não participavam dos primeiros jogos olímpicos?

Por que os Jogos Olímpicos passam na televisão e os Jogos

Paralímpicos não?

Foram questões como essas que prolongaram o andamento do projeto,

para cada questão levantávamos uma nova discussão, onde tratávamos de

assuntos religiosos devido a origem dos jogos olímpicos, questões de gênero

devido a exclusão das mulheres nos primeiros jogos, e as construções culturais

referente o culto ao corpo na antiga era.

Ampliações e aprofundamentos.

6 Ação pedagógica ocorrida pela ampliação do tema, que permite analisar criticamente aspectos da

manifestação corporal, estimulando os alunos a buscarem respostas para melhor compreender os efeitos práticos desta manifestação. (NEIRA, NUNES, 2011, p. 136).

Olimpíadas, pontos positivos e negativos.

Com o objetivo de desenvolver a criticidade nos alunos, levantei em aula

os pontos positivos e os pontos negativos trazidos para um país que decide ser

sede de grandes eventos esportivos como os Jogos Olímpicos e a Copa do

Mundo.

Pontos positivos: Melhora no transporte, melhora na segurança, geração

de empregos, aumento na economia local, valorização dos atletas e dos

esportes menos conhecidos.

Pontos negativos: Gasto do dinheiro público, aumento dos impostos

após os jogos, a poluição na lagoa Rodrigo de Freitas expondo a saúde dos

atletas, o aumento do risco de assaltos e o aumento de pessoas cambistas que

venderam ingressos com preços abusivos e de forma ilegal.

Após, as perguntas que fiz aos alunos foram:

Será que o Brasil estava preparado para ser sede dos Jogos Olímpicos

2016?

Como anda a educação, a saúde, o saneamento básico e a segurança

no Rio de Janeiro e em todo o nosso país?

Procurei me manter neutro, enfatizei que não haveria respostas erradas

ou certas, mas que cada um expusesse sua opinião própria e justificasse.

Alguns disseram que os jogos Olímpicos foram bons para o país e para

o estado sede dos jogos, porém a maioria dos alunos disseram que os pontos

negativos foram maiores que os pontos positivos

Avaliações.

Como avaliação7, propus atividades de registros8 em cartazes pelas

turmas dos 3ºs, 4ºs e 5ºs anos e em folhas de sulfite para os alunos de 1ºs e

2ºs anos, onde o objetivo era descrever sobre tudo que trabalhamos durante o

7 A avalição pelo currículo cultural visa pelas anotações das observações dos ocorridos no cotidiano das

aulas e pelos registros dos alunos, favorecer a junção de informações que possam resultar em reflexões sobre o trabalho pedagógico em andamento até a sua conclusão. (NEIRA; NUNES, 2011, p. 158). 8 No currículo cultura, é pelo registro que se alcança a retomada dos procedimentos para a socialização,

dadas pelas discussões em aula e a noção da necessidade de se tomar novas direções. (NEIRA; NUNES, 2011, p. 157).

andamento do projeto, além das escritas, os alunos também fizeram desenhos

representando a prática. Também tiramos fotos e registramos as falas de

alunos e acontecimentos como forma avaliativa durante todo o projeto,

considerando que são pelas avaliações que novas ideias para nova aulas vão

surgindo, exigindo assim atividades avaliativas constantes.

Avaliações e registros na confecção de cartazes.

Avalição com modelagem de massinhas caseiras em um trabalho interdisciplinar com a

professora de sala.

Jogos de encerramento.

Para finalizar o projeto Jogos Olímpicos Brasil 2016, planejamos e

fizemos uma programação para a semana das crianças no mês de outubro,

onde ficou acordado a realização dos jogos na quadra e que cada sala

representaria um país, também opinamos em premiar a todos os alunos com

um adesivo no formato de uma medalha de ouro, para que não houvesse

classificação entre ganhadores e perdedores, pois nosso objetivo estava na

construção do conhecimento, e não na busca de movimentos corporais

perfeitos e específicos de cada modalidade como acontecem nos centros

esportivos. Foi um dia muito divertido e de oportunidades para todos

funcionários da escola participarem, inclusive para as professoras de sala, que

muito ajudaram neste momento, algumas até fizeram um trabalho em paralelo

interdisciplinar ao se apropriarem de nosso projeto na educação física.

Encerramento do projeto

Referência:

MATTHIESEN, S.Q. et al. Atletismo se Aprende na Escola. Projeto Núcleo de Ensino

da UNESP de Rio Claro. Unesp/Rio Claro, p587-611, 2003

NEIRA, M. G. A reflexão e a prática no ensino. Educação Física. São Paulo: Blucher,

2011.

PAIVA, M.; FERNANDES, S. Corridas de Velocidade. Centro de Formação da

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