resumo: palavras-chave: introdução · memória é, sim, um trabalho sobre o tempo, mas sobre o...

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1 As produções audiovisuais em Super 8 e suas temáticas no final da década de 1970 na cidade de Juiz de Fora - MG 1 SANTOS, Ana Clara Campos dos 2 MUSSE, Christina Ferraz 3 Universidade Federal de Juiz de Fora RESUMO: O artigo pretende analisar o contexto da I Mostra de Juiz de Fora do Cinema Super 8, realizada em 1979 na cidade de Juiz de Fora-MG, seguindo preceitos discutidos no grupo de pesquisa Comunicação, Cidade, Memória e Cultura, do Programa de Pós-Graduação em Comunicação da UFJF. Utilizam-se autores de memória e história oral, além de estudiosos de cinema e cultura do período entre 1964 e 1984, época em que o regime militar vigorava no Brasil. Percebe-se que as temáticas dos filmes projetados eram correlacionadas aos sentimentos da época, como a propagação de movimentos contraculturais, a admiração por cantores a favor da liberdade sexual e de expressão, e a preocupação de notar e retratar pessoas ditas à margem da sociedade. PALAVRAS-CHAVE: História da mídia; audiovisual; super 8; memória; história oral. 1. Introdução O presente artigo é um trabalho produzido para o projeto “Cidade e Memória: a construção da identidade urbana pela narrativa audiovisual”, no qual é pesquisada atualmente a I Mostra de Juiz de Fora do Cinema Super 8, realizada de 18 a 21 de dezembro de 1979. A abordagem trata o evento inserido em determinado contexto político e cultural, seguindo preceitos discutidos no grupo de pesquisa Comunicação, Cidade, Memória e Cultura, do Programa de Pós-Graduação em Comunicação da UFJF. O método utilizado foi por entrevistas de história oral, baseadas nas lembranças sobre um acontecimento marcante ou não na vida de pessoas que viveram a época e tiveram alguma participação na mostra. Na memória de alguns, essas lembranças são mais nítidas, na de outros, já nem tanto. Por questões de limitações ou capacidade de armazenamento do próprio indivíduo ou por questões mais subjetivas, como selecionar que fatos foram suficientemente marcantes para suas vidas, cada 1 Trabalho apresentado ao GT História da Mídia Audiovisual do 3º Encontro Regional Sudeste de História da Mídia, realizado nosdias 14 e 15 de abril de 2014 na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). 2 Estudante de Graduação em Comunicação da UFJF e participante do grupo de pesquisa em Comunicação, Cidade, Memória e Cultura. E-mail: [email protected] 3 Vice-coordenadora do PPGCOM/UFJF e líder do grupo de pesquisa Comunicação, Cidade, Memória e Cultura. E-mail: [email protected]

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As produções audiovisuais em Super 8 e suas temáticas no final da década de 1970

na cidade de Juiz de Fora - MG1

SANTOS, Ana Clara Campos dos2

MUSSE, Christina Ferraz3

Universidade Federal de Juiz de Fora

RESUMO: O artigo pretende analisar o contexto da I Mostra de Juiz de Fora do

Cinema Super 8, realizada em 1979 na cidade de Juiz de Fora-MG, seguindo preceitos

discutidos no grupo de pesquisa Comunicação, Cidade, Memória e Cultura, do

Programa de Pós-Graduação em Comunicação da UFJF. Utilizam-se autores de

memória e história oral, além de estudiosos de cinema e cultura do período entre 1964 e

1984, época em que o regime militar vigorava no Brasil. Percebe-se que as temáticas

dos filmes projetados eram correlacionadas aos sentimentos da época, como a

propagação de movimentos contraculturais, a admiração por cantores a favor da

liberdade sexual e de expressão, e a preocupação de notar e retratar pessoas ditas à

margem da sociedade.

PALAVRAS-CHAVE: História da mídia; audiovisual; super 8; memória; história oral.

1. Introdução

O presente artigo é um trabalho produzido para o projeto “Cidade e

Memória: a construção da identidade urbana pela narrativa audiovisual”, no qual é

pesquisada atualmente a I Mostra de Juiz de Fora do Cinema Super 8, realizada de 18 a

21 de dezembro de 1979. A abordagem trata o evento inserido em determinado contexto

político e cultural, seguindo preceitos discutidos no grupo de pesquisa Comunicação,

Cidade, Memória e Cultura, do Programa de Pós-Graduação em Comunicação da UFJF.

O método utilizado foi por entrevistas de história oral, baseadas nas

lembranças sobre um acontecimento marcante ou não na vida de pessoas que viveram a

época e tiveram alguma participação na mostra. Na memória de alguns, essas

lembranças são mais nítidas, na de outros, já nem tanto. Por questões de limitações ou

capacidade de armazenamento do próprio indivíduo ou por questões mais subjetivas,

como selecionar que fatos foram suficientemente marcantes para suas vidas, cada

1 Trabalho apresentado ao GT História da Mídia Audiovisual do 3º Encontro Regional Sudeste de

História da Mídia, realizado nosdias 14 e 15 de abril de 2014 na Universidade Federal do Rio de Janeiro

(UFRJ). 2 Estudante de Graduação em Comunicação da UFJF e participante do grupo de pesquisa em

Comunicação, Cidade, Memória e Cultura. E-mail: [email protected] 3 Vice-coordenadora do PPGCOM/UFJF e líder do grupo de pesquisa Comunicação, Cidade, Memória e

Cultura. E-mail: [email protected]

2

entrevistado reconstruiu uma narrativa singular sobre aquele período que coincide com

a democratização lenta e gradual do país.

Como referência no campo da comunicação, foi utilizado o jornal Diário

Mercantil, considerado o meio impresso mais importante da cidade na época. Como

forma de manifestação cultural e artística, foi abordado um meio audiovisual: o cinema.

A bitola Super 8, muito popular nos anos 1970, tinha equipamento caro, mas ainda

assim era muito mais barato que o das bitolas de 16mm e 35mm. O Super 8 era

amplamente utilizado por amadores e por pessoas que se interessavam por fazer cinema.

Neste artigo, abordam-se, também, os aspectos artesanais do cinema analógico e as

temáticas de alguns filmes apresentados na mostra, que é nosso objeto de análise.

É importante lembrar que, no final da década de 1970, o governo militar

estava no ritmo de efetuar uma abertura política lenta e gradual. Um dos fatores que

enfraqueceu o governo ditatorial foi o fato de, em 1978, o presidente norte-americano

Jimmy Carter ter visitado o Brasil e deixado clara a insatisfação com a política brasileira

de direitos humanos. Em dezembro do mesmo ano foi revogado o Ato Institucional nº5,

que tinha iniciado em 1968, o momento mais duro do regime militar brasileiro. Antes

disso, o assassinato de Vladimir Herzog, no DOI-CODI (Destacamento de Operações de

Informações – Centro de Operações de Defesa Interna) do II Exército, em São Paulo,

em 1975, sinalizava que o arbítrio tinha seus dias contados.

2. A memória reconstruída pelas narrativas

Mais do que pesquisar fatos históricos em documentos oficiais, como na

imprensa local, a história oral é guiada pela memória e nos permite um conhecimento

mais multifacetado do passado, visto de vários ângulos diferentes. A notícia de jornal

pode ser apenas mais um relato. A história oral é plural e nos deixa a par dos

sentimentos de quem viveu determinado período, nos mostrando o que há além da

versão “oficial” dos fatos, levando em conta não apenas os fatores econômicos, políticos

e grandes movimentos sociais, mas também os pequenos movimentos culturais, os

subgrupos, as vozes periféricas.

O período estudado é a década de 1970, que teve sua maior parte dominada

pelo Ato Institucional nº 5, e foi a única década inteiramente sob regime militar no

Brasil. Livros e filmes são produzidos até hoje para mostrar o que se vivia naquela

época. Aspectos relacionados aos direitos humanos são hoje, quase trinta anos após o

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fim da ditadura, relembrados em depoimentos dados à Comissão Nacional da Verdade.

A comissão foi criada em 2012 para revelar casos de desrespeito aos direitos humanos,

principalmente no período de ditadura militar. No total, já foram dados 422

depoimentos4 à Comissão Nacional da Verdade em audiências públicas de diversos

temas. De acordo com Michael Pollak (1992), existem expressões que atribuímos a

certos períodos temporais que fazem referência direta a certos acontecimentos que

marcaram a memória social. Como os Anos de Chumbo5, que podem ser considerados

uma espécie de ferida coletiva, assunto que causa certo desconforto ao ser discutido, até

mesmo por ter, ainda hoje, fatos silenciados ao conhecimento da sociedade.

A história oral pode ser considerada subjetiva, pois a memória humana é

seletiva e não reproduz fatos concretos e unilineares. De acordo com Ecléa Bosi, “a

memória é, sim, um trabalho sobre o tempo, mas sobre o tempo vivido, conotado pela

cultura e pelo indivíduo (BOSI, 2003, p.53). Mas os jornais e documentos oficiais não

são também produtos de homens e mulheres que viveram ou estudaram determinado

período de tempo?

A história oral faz com que os entrevistados reativem memórias de acordo

com as perguntas, com o entendimento do entrevistador sobre o assunto e com a

vivência presente de ambos, de modo que cada entrevista se torna única. O que é

lembrado ou re-construído pelo entrevistado depende desses fatores. Segundo Jô

Gondar, “o próprio passado pode se modificar, a posteriori: a partir do relampejar de

uma experiência presente, podemos reativar e recombinar os traços mnêmicos, de modo

a reconstruir a nossa própria história” (GONDAR, 2000, p.41).

Os documentos podem nos dar uma visão simplista e ordenada dos

acontecimentos, mas não traduzem todo o sentimento e conflitos de uma época ou

acontecimento. A importância da história oral pode ser explicada por Maurice

Halbwachs, quando afirma: “fazemos apelo aos testemunhos para fortalecer ou debilitar,

mas também para completar, o que sabemos de um evento do qual já estamos

informados de alguma forma, embora muitas circunstâncias nos permaneçam obscuras”

(HALBWACHS, 1990, p.25).

4 Disponível em: http://www.cnv.gov.br/index.php/component/content/article/2-uncategorised/364-tabela-

de-eventos. Acesso em: 12 mar. 2014. 5 Os Anos de Chumbo são assim chamados por representarem o período mais repressivo da ditadura

militar no Brasil, estendendo-se do fim de 1968, com a instituição do AI-5, até o final do governo de

Emílio Garrastazu Médici, em 1974.

4

A história oral permite que registros sobre o tempo e o espaço vivido por

uma pessoa aflorem. Registros, estes, que não aparecem em jornais ou em outros

documentos. De acordo com Verena Alberti, a história oral constitui “terreno propício

para o estudo da subjetividade e das representações do passado tomados como dados

objetivos, capazes de incidir (de agir, portanto) sobre a realidade e sobre nosso

entendimento do passado” (ALBERTI, 2004, p.42). Dessa forma, as entrevistas são

úteis para situar-se no tempo e no espaço, permitindo uma compreensão mais ampla do

passado recente, reconstruído pelo diálogo, o silêncio, as hesitações e as dúvidas.

3. A cultura na cidade do golpe

O golpe civil-militar de 1964 foi deflagrado na cidade de Juiz de Fora

(MG), o que torna a pesquisa mais interessante do ponto de vista acadêmico da

memória. O período de regime militar no Brasil aconteceu de 1964 até 1985; o golpe

civil-militar (civil, porque teve apoio de segmentos elitistas da sociedade) foi dado sob

o pretexto de que o presidente João Goulart era uma ameaça comunista. Com o regime

militar, as eleições presidenciais foram suspensas, o posicionamento político era motivo

de prisão, a cultura e a liberdade de imprensa e de expressão eram reprimidas. Apesar

disso, durante os primeiros anos do golpe, a cultura sobreviveu e teve grandes eventos:

“Juiz de Fora, em meados dos anos 1960, tem uma vida cultural muito intensa. Há

eventos variados, mostras de filmes, espetáculos de grupos teatrais de vanguarda,

exposições de artes plásticas, festivais de música, tudo isso, apesar da ditadura”

(MUSSE, 2008, p.155). Alguns desses eventos foram, por exemplo: em 1966, o 1º

Festival de Cinema de JF, evento que teve continuação no ano seguinte, com a

premiação do filme Terra em Transe, de Gláuber Rocha. Durante a década de 1960, a

Galeria de Arte Celina constituía um espaço de reunião de pintores, artistas plásticos,

cinéfilos, atores, músicos e escritores (MUSSE, 2008).

As pessoas entrevistadas para esta pesquisa afirmaram que havia certa

liberdade cultural na cidade de Juiz de Fora. Talvez pelo fato de os prefeitos terem sido

da oposição: Um dos entrevistados, Flávio Cândido6, afirma que “havia um clima de

maior liberdade na cidade; acho que a gênese dessa liberdade estava no MDB, que é o

partido de oposição – consentida ou não, mas era de oposição – é uma outra cara, não é?

6 Nascido em 1957, Flávio Cândido Flávio Cândido curso engenharia civil de 1974 a 1978 na UFJF, mas

não se formou. Tinha 21 anos quando participou da mostra de Super 8 e estudou cinema em Niterói, na

Universidade Federal Fluminense nos anos 1980 para trabalhar profissionalmente. Hoje trabalha com

produções em cinema, TV e produção cultural.

5

(CÂNDIDO, 2013). Os entrevistados para este trabalho não tiveram problemas com a

polícia, nem se envolveram tanto com as questões políticas a ponto de precisarem ter

medo da ditadura. Mas todos tinham algo em comum: o interesse por assuntos políticos

e sociais, e o objetivo de poder mudar o pensamento vigente no país através das

imagens.

No final dos anos 1970, este grupo que fazia cinema, na maior parte das

vezes, não era composto de pessoas que faziam militância política. Aqueles que fizeram

mais militância, o grupo dos anos 1960, foram muito perseguidos depois do AI-5 e,

portanto, se desmobilizaram, foram para o exílio ou foram presos e alguns até

torturados. Com o início do processo de abertura, a partir do final da década de 1970,

esta nova geração, mais ligada na contracultura, começou a produzir.

De acordo com Antônio Walter Sena Júnior, conhecido como Toninho

Buda7, aquela época (depois de 1975) era de muita intolerância política, por causa da

ditadura, mas ao mesmo tempo, havia uma tolerância no sentido cultural. Ele diz que a

intelligentsia8 do país estava atiçada e produzindo muito: “Se estivessem acontecendo

coisas de cultura, normalmente todo mundo poderia falar, teoricamente, não é? Era um

momento de liberdade, e tal” (BUDA, 2013). Segundo Buda, Juiz de Fora sempre foi

um foco cultural do país, o ponto mais importante fora do eixo Rio - São Paulo, com

muitas produções culturais e artísticas:

Era uma coisa perigosa também, o que tornava a produção mais

interessante. Mas tinha uma efervescência na contracultura também,

fabulosa. Que era todo o pessoal também que, decepcionado com a

esquerda – que havia também esse momento de decepção com a

esquerda – entrou muito para esse lado de esoterismo, sabe? (BUDA,

2013)

A liberdade cultural era grande em todo o país, principalmente na área da

contracultura. De acordo com Heloísa Buarque de Hollanda (2004), no início da década

de 1970 chegaram ao Brasil as informações sobre o movimento contracultural – a

identificação dos artistas dessa vertente era com as minorias de gênero, étnicas, e não

mais com o proletariado oprimido.

7 Nascido em 1955, Toninho Buda se formou em engenharia na UFJF e tinha 24 anos na época da mostra.

Atuou em diversas artes como música, cinema e teatro e também na área da saúde: atualmente é residente

em Educação Física, no Programa de Residência Multiprofissional em Saúde do Adulto do Hospital

Universitário da UFJF. 8 Pessoas que produzem trabalhos intelectuais complexos e criativos, com objetivo de desenvolver e

disseminar a cultura.

6

Como já é esperado na História Oral, as opiniões sobre o passado recente

são muito diferentes. Afinal, são relatos, todos eles contaminados pela subjetividade. O

entrevistado Márcio Assis9 também era da linha das produções contraculturais e

trabalhou como fotógrafo em jornais alternativos. Porém, ele demonstra tristeza ao dizer

que Juiz de Fora sempre foi uma cidade conservadora, independente da ditadura.

Falando especificamente da década de 1970, ele se diz pertencer a uma geração que se

rebelou contra o conservadorismo da cidade. E a forma de rebeldia era através das

imagens.

Apesar do que comenta Márcio Assis, Flávio Cândido afirma que a vida

cultural e a formação na cidade de Juiz de Fora eram fortes. Grandes obras do cinema

brasileiro e estrangeiro poderiam ser assistidas em cinemas comerciais e de rua. Flávio

Cândido acha curioso o fato de que se podia assistir ao filme O Encouraçado

Potemkin10

em cineclubes e um livro de Karl Marx: “era uma ditadura meio esquisita

(risos), você consegue comprar livro de Marx na banca, não era lá grande repressão;

embora tenha havido, foi muito mais branda do que nesses outros países

latinoamericanos” (CÂNDIDO, 2013).

Já Arthur Lobato11

tem outra visão sobre o assunto: “se a polícia entrasse na

sua casa e tivesse O capital, do Karl Marx, você ia preso. Era proibida qualquer

literatura que falasse „povo‟” (LOBATO FILHO, 2013). No mesmo ano, Lobato foi

diretor de cultura no antigo ICHL (Instituto de Ciências Humanas e Letras da Faculdade

de Filosofia e Letras da UFJF) e programou de fazer uma projeção do filme O

Encouraçado Potemkin, cuja exibição era proibida, mas a obra circulava, mesmo assim.

O entrevistado Márcio Assis conta que passou o ano de 1970 viajando fora

do Brasil – morou em Paris, Londres, Nova York e Los Angeles, por ser, segundo ele,

uma época muito rica, com muitas coisas acontecendo pelo mundo. Como ele, milhares

9 Nascido em 1950, Márcio Assis aprendeu a fotografar com o pai no inicio dos anos 1960 e na década de

1970, morando em Nova York. Comprou seu primeiro equipamento semi-profissional e durante a década

de 1970, trabalhou na Gazeta Jovem (jornal do de Juiz de Fora) ajudou a criar a revista Momento, fundou,

junto com Cláudio Márcio de Aguiar Pinto, a "Corpus" núcleo de arte, entidade que promoveu várias

exposições e cursos. Atualmente trabalha para secretaria de cultura do Rio de Janeiro fotografando

acervos de museus. 10

O Encouraçado Potemkin, dirigido pelo russo Sergei Eisenstein, tornou-se um dos mais respeitados

clássicos do cinema. O filme foi feito por encomenda para comemorar os 20 anos da Revolução

Soviética. Fonte: http://www.cineclick.com.br/oencouracado-potemkin. Acesso em: 24 de setembro de

2013. 11

Arthur Lobato estudou filosofia em 1979, na Faculdade de Filosofia e Letras (Fafile/UFJF) e já tinha

carteira assinada como fotógrafo e cinegrafista. Em 1980, tirou seu registro profissional de jornalista

repórter cinematográfico, profissão que exerceu ininterruptamente até abril de 2013. Atualmente mora em

Belo Horizonte e desenvolve trabalhos com vídeos e fotos, mas dá maior ênfase à carreira de Psicólogo,

se envolvendo com um projeto de saúde do trabalhador.

7

de brasileiros deixaram o país, alguns compulsoriamente: “Eu tive muitos amigos,

muitos parentes que tiveram que se mudar do Brasil para não ir mesmo parar nos porões

da ditadura, não é?” (ASSIS, 2013). No início dos anos 1970, ele havia voltado a Juiz

de Fora e ainda sentia o peso de o país estar sendo governado por militares.

4. A imprensa como espaço de resistência

Na década de 1970, a televisão emerge como meio massivo comunicacional,

ou seja, tinha uma programação quase inteiramente voltada para a massa. A Rede Globo

se consolida como líder de audiência, com programas cômicos e de entretenimento com

apresentadores como Chacrinha, Dercy Gonçalves e Sílvio Santos (BARBOSA, 2013).

O cinema também apresentava características da cultura de massa. Sem críticas políticas

ou sociais, a cultura de massa visava ao entretenimento para “distrair e afastar qualquer

tendência a fazer pensar” (VENTURA, 2000, p.60).

O jornal Diário Mercantil (DM) era considerado o meio de comunicação

mais representativo da cidade de Juiz de Fora na década de 1970. O jornalista e

colunista de cinema do DM, Décio Lopes, era um grande incentivador das artes,

principalmente da produção em cinema Super 8. É importante ressaltar que até mesmo

os documentos considerados oficiais passam por subjetividades – por mais objetivos

que pareçam ser, eles são influenciados pelo contexto no qual foram produzidos, como

afirma Gondar: “uma lembrança ou um documento jamais é inócuo: eles resultam de

uma montagem não só da sociedade que os produziu, como também das sociedades

onde continuaram a viver, chegando até a nossa” (GONDAR, 2005, p.17). O jornalista

Décio Lopes, falecido em 2012, era crítico de cinema e foi responsável pela promoção

da mostra de cinema Super 8 em sua coluna de cinema no jornal. Apesar de o Diário

Mercantil ter sido um jornal elitista e ter demonstrado apoio ao governo militar, Décio

era contra o regime e cobrava uma postura ativa dos jovens para mudar a situação do

país.

Décio Lopes também foi um dos responsáveis pelo Centro de Estudos

Cinematográficos (CEC) de Juiz de Fora. É perceptível o engajamento de Lopes com o

movimento, por trechos de suas matérias, como: “Juiz de Fora e a Zona da Mata têm

servido de inspiração e cenário para inúmeras realizações superoitistas” (LOPES,

1979b); ou ainda: “é hora de mostrar, seja o que for esteticamente, os resultados do

nosso movimento superoitista” (LOPES, 1979a).

8

Por todo o incentivo aos cineastas independentes, Décio Lopes criou laços

com os cineastas da cidade, que o tinham com afeto. Segundo Arthur Lobato, Décio

influenciou toda uma geração e cobrou dos jovens uma posição ativa no processo de

transformação do país. Em entrevista, Toninho Buda disse que Décio era um grande

amigo e pertencia à contracultura à esquerda, lembrando que foi ele quem promoveu o

primeiro e único festival de Cinema Super 8 de Juiz de Fora: “Você fala em cinema em

Juiz de Fora, o nome é Décio Lopes” (BUDA, 2013).

5. A bitola e a mostra

A película de Super 8 foi lançada em 1965 pela Kodak como uma evolução

do filme de 8 mm, pois sua superfície de imagem era maior. O Super 8 foi amplamente

utilizado no Brasil na década de 1970 entre cineastas amadores, para eventos sociais e

registros familiares, sendo antecessor da fitas VHS12

e MiniDV13

como meio

audiovisual doméstico (SUPPIA, 2009). Para fazer filmes em Super 8 havia algumas

características peculiares que diferenciavam o Super 8 de outras películas. A começar

pelo preço: o Super 8 custava cinco vezes menos que a película de 16 mm e até vinte

vezes menos do que a de 35 mm (ROCHA, 2011). A câmera era portátil e simples de

usar, facilitando principalmente o acesso da classe média à bitola, pois ainda tinha

custos altos para as camadas mais populares.

O filme de Super 8 tinha cerca de três minutos para registrar o que

realmente era desejado. A montagem dos filmes era feita a mão: o filme era cortado e

emendado com fita adesiva. Girava-se uma manivela a rodar os fotogramas e assisti-los

em um visor. O aspecto manual e analógico do filme é algo que marca os antigos

usuários da película: “Naquela época, para você editar um filme Super 8, era um

trabalho quase que artesanal. Você tinha que projetar, cortar, emendar... E a gente

fazendo isso tudo de uma forma artesanal, mesmo” (ASSIS, 2013). Segundo Flávio

Cândido, que morava em Juiz de Fora na década de 1970, o filme de Super 8 era levado

para um laboratório fotográfico, e de lá era mandado para revelar em São Paulo,

12

VHS é a sigla para Video Home System (Sistema Doméstico de Vídeo). É um sistema de gravação de

áudio e vídeo lançado em 1976, composto de fitas de vídeo e de um equipamento de gravação e

reprodução que permitia o registro de programas de TV e sua posterior visualização. 13

O vídeo digital (Digital Video, ou DV) é um formato digital de vídeo que permite a gravação em fitas

magnéticas. O MiniDV é um dos mais populares formatos de fita para DV e destina-se ao mercado

amador e semi-profissional, com a grande vantagem de um tamanho reduzido e qualidade superior,

comparado ao formato VHS.

9

demorando de 30 a 40 dias para voltar. Existia até mesmo uma emulsão que só era feita

no Panamá e usada para revelação (CÂNDIDO, 2013).

A maioria das câmeras não tinha som em trilha na película. Flávio Cândido

afirma que o som de um de seus filmes foi mostrado “ao vivo”, em fita cassete,

sincronizado com a exibição do filme. “O som era ao vivo. Como eu falei, gravei a fita e

a gente falava o texto, se tivesse que falar. Era muito precário, não é? Muito precário

porque as pessoas não tinham equipamento" (CÂNDIDO, 2013). Por conta disso, no

momento da exibição, o diretor lia algum texto ou comentava as imagens mostradas ao

público. E, finalmente, durante a projeção, havia o receio de o projetor mascar o filme e

todo o trabalho se perder.

O trabalho artesanal de revelar o filme e as dificuldades das produções

daquela época criam uma relação de afetividade do sujeito com o trabalho. Os cineastas

tinham tempo limitadíssimo para registrar uma imagem na película, em comparação às

câmeras digitais. O custo ainda era alto, atraindo apenas as pessoas que tinham mais

interesse e condições de comprar um equipamento.

Mesmo com algumas dificuldades e limitações, eram feitas mostras e

festivais por todo o Brasil, com espaços dedicados à bitola, nos quais eram exibidas

produções caseiras, comerciais ou cinematográficas. De acordo com Ana Carolina

Escosteguy e Cristiane Gutfreind (2007), em 1972, foi criado um festival do formato em

São Paulo; em 1976, um concurso de filmes sobre a cidade de Porto Alegre é

promovido pela prefeitura local. Ana Flávia Ferraz (2013) afirma que o Festival do

Cinema Brasileiro de Penedo (AL) aconteceu a partir de 1975 por oito anos

consecutivos. Era um espaço que o Super 8 ocupava juntamente com o 16mm e o

35mm, onde era realizada, inclusive, uma Mostra Competitiva Super 8. Outro evento, o

Festival de Cinema Super 8, foi realizado em Campinas (SP) entre 1970 e 1982

(SUPPIA, 2009).

Um desses festivais dedicados ao Super 8 foi a I Mostra de Juiz de Fora do

Cinema Super 8, realizada de 18 a 21 de dezembro de 1979, no centro da cidade. A

mostra teve um júri formado pelo artista plástico, poeta e músico Eugênio Malta, pelo

jornalista Antônio Messias da Rocha Filho e por Neusa Lopes, jornalista e crítica de

cinema.

Segundo os entrevistados, o evento foi de grande importância. Toninho

Buda afirma que fazia filmes apenas para guardar, como se faz com fotografias, mas

quando surgiu a oportunidade, ele mandou quatro filmes. Márcio Assis diz que também

10

não tinha nenhum objetivo, apenas o de registrar o momento e guardar em seu arquivo

pessoal. Já Flávio Cândido disse que não fazia os filmes por fazer – a mostra era como

um mercado de exibição, um estímulo à produção e exibição. Os entrevistados e seus

respectivos filmes foram os seguintes:

Toninho Buda exibiu quatro filmes na mostra: Capoeira14

; O Sagrado e o

Profano15

; Casamento Negro16

e Contatos Imediatos de IV Graal (Figura 1). Este

último ganhou a categoria de melhor filme experimental. O filme era uma “crítica feroz

à sociedade convencional” (BUDA, 2012), pois condenava as instituições da igreja, da

universidade e da família tradicional. A recepção não foi das melhores: o público ficou

indignado com o filme, principalmente pelo fato de as pessoas, na época, serem muito

ligadas à religião, segundo Buda. Algumas cenas deste filme foram divulgadas,

recentemente, em um longa-metragem sobre o cantor Raul Seixas17

. De acordo com

Buda, os produtores do documentário gostaram muito de Contatos Imediatos,

principalmente por ser um documento que retrata a sociedade alternativa.

As câmeras Super 8 com som eram mais raras. A de Márcio Alcântara de

Assis possuía som e, por isso, ele produziu o filme Gil no Sport. Era o registro de um

show do cantor Gilberto Gil (Figura 2), “um ícone da liberdade brasileira” (ASSIS,

2013), no Sport Clube de Juiz de Fora. O filme registra toda a música Marina. O

interesse de Assis era pelo registro de som e imagem, da presença de palco do cantor.

Na Mostra, Flávio Cândido da Silva exibiu dois filmes: Malandança18

e

Ovelia. Recebeu por Ovelia (Figura 3) o prêmio de melhor filme, melhor fotografia e

melhor montagem. Remete ao conceito de “ovelha negra”. Segundo o autor, o filme é

um ensaio sobre uma luz que abre a cabeça das pessoas e as faz enxergar melhor as

coisas: “É uma coisa, uma necessidade que se tinha na época, da liberdade, da ânsia de

enxergar, de ver, discutir, etc. [...] Não tinha uma carga política explícita, embora

tivesse uma veia política” (CÂNDIDO, 2013).

14

Filmagem de um treino na Academia de Capoeira do Bonfim, em 1973. Toninho Buda fazia parte dos

treinos de capoeira da academia. 15

Segundo o autor, o filme é uma visita ao cemitério central de Juiz de Fora no dia dos mortos: são cenas

diversas, de pessoas rezando, acendendo velas e fazendo despachos de macumba. 16

Cena da celebração de um casamento; a cena também é mostrada em Contatos Imediatos. 17

O documentário sobre Raul Seixas no qual as cenas de Contatos Imediatos foram divulgadas se chama

Raul: o início, o fim e o meio, produzido em 2012. 18

Malandança é de temática social e tem caráter documental: Flávio Cândido explica que queria filmar

pessoas na rua, mendigos, catadores, pessoas marginalizadas na sociedade burguesa. Malandança

significa uma andança ruim da vida.

11

Arthur Lobato Filho (Figura 4) exibiu cinco filmes na Mostra: Experiências

de Animação; Resquícios; Fantasia Brilhante; Evolução Loucura Metafísica no Ser

Humano19

e Nordeste – Povo, Artesãos, Arquitetura. Este último ganhou o prêmio de

melhor documentário. De acordo com Lobato, Nordeste foi fruto de uma viagem que

fez de barco a vapor pelo Rio São Francisco atravessando a região nordeste do país. Ele

pensava de uma maneira preocupada com questões sociais:

Eu quero ir pro nordeste, mas eu quero mostrar a realidade, eu quero

mostrar a feira de Caruaru, eu quero mostrar o vapor, mas na visão de

quem vive lá. Então, no vapor, eu filmava os trabalhadores, a mão de

obra, os pescadores, então, assim, era uma tentativa de fazer uma

análise sociológica no meio a partir do ser humano, entendeu?

(LOBATO FILHO, 2013)

Fernando Farinazzo participou da mostra com a animação Um Comício

(Figura 05). Foi encomendada ao autor uma vinheta para o Programa Teixeira Neto, um

programa de auditório da TV Industrial20

. A ideia de Um Comício teve roteiro feito pelo

apresentador, Teixeira Neto, o qual aparece no filme como um candidato político, que,

após desagradar a população em um comício, precisou fugir das agressões do povo. O

filme foi feito com aspecto comercial e seria passado para a bitola 16mm, porém não

chegou a ser exibido na televisão, pois a TV Industrial deixou de veicular programação

local em 1979, quando foi vendida para a Rede Globo.

Nota-se, com a maioria das descrições, que os filmes revelam preocupações

sociais e uso da situação política corrente na época, mas, principalmente, demonstram

preocupações em compreender o mundo à nossa volta através de transformações

individuais. Outros filmes da mostra, cujos autores ainda não foram encontrados, têm

nomes que remetem a registros de fatos e eventos possivelmente correntes nas vidas dos

jovens que fizeram os filmes. Algumas temáticas foram: uma pescaria, festas de

carnaval, um campeonato de motocross, a filmagem de uma peça de teatro da época, um

casamento e a inauguração de uma boate. A questão do cotidiano, dos anônimos, passa

a fazer parte das preocupações dos diretores.

6. Considerações finais

Percebe-se que as temáticas dos filmes eram relacionadas aos sentimentos

da época, como a propagação da Sociedade Alternativa, movimento contracultural

19

Filme de ficção, em que o autor apresentava todos os seus anseios e dúvidas existenciais. 20

Emissora instalada em Juiz de Fora entre os anos de 1964 a 1979, período no qual foi o único canal

com programação local. Foi pioneira no interior do Brasil.

12

popular na década de 1970; a admiração por certos cantores da época, como Raul Seixas

e Gilberto Gil, que eram a favor da liberdade sexual e de expressão; o registro do

cotidiano de pessoas à margem da sociedade, as chamadas minorias sociais – pessoas

em situação de rua, trabalhadores da região Nordeste do país. São produções que

revelam aspectos culturais, apesar de seus autores viverem em uma sociedade em que a

repressão autoritária do governo tentava, mas não conseguia reprimir os jovens de se

expressarem da melhor maneira que conseguiam: através das imagens. Os filmes

representam formas de ver o mundo e o desejo de mudar a qualidade de vida de si

mesmo e do próximo.

O cinema e as produções audiovisuais são formas de expressão cultural que,

se feitos de forma factual, ajudam a registrar determinados contextos. A bitola de Super

8, sendo um formato caseiro, mais acessível à população de classe média, possibilitou

que os cineastas amadores fizessem cinema e registrassem suas vontades, paixões e

características culturais da época. Apenas os que se interessavam de verdade pela arte

de filmar eram os que economizavam dinheiro para comprar equipamentos e fazer seus

filmes. Já os espaços dedicados à produção audiovisual, como cineclubes e festivais de

cinema eram lugares de sociabilidade e troca de experiências, como a I Mostra de Juiz

de Fora do Cinema Super 8. O jornal Diário Mercantil documentou a mostra e não

deixou que esta se perdesse no tempo. Em uma cidade de porte médio, o cinema era

uma das formas de entretenimento e, mesmo na época da ditadura, os jovens

conseguiam respirar em alguns espaços de liberdade e democracia.

Por meio dos depoimentos dos entrevistados, é possível conhecer diferentes

interpretações do passado e reconstituir a história recente do Super 8 de maneira plural.

Assim, distancia-se de uma visão unificada acerca do passado. Cada relato é único e real

para a pessoa que o conta, é sua própria verdade, independente da objetividade dos

fatos. A seleção feita pela memória dos entrevistados ajuda a reconstruir o passado em

suas diversas nuances, podendo ser semelhante, distinto ou mais detalhado do que a

forma como é apresentado nos livros de história ou nos jornais antigos. Os depoimentos

dos participantes da I Mostra de Juiz de Fora do Cinema Super 8 esclareceu pontos

obscuros e lacunas sobre este passado recente, ressignificando-o e permitindo uma

compreensão mais ampla da história.

Referências

13

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Acesso em: 31 jan 2014.

ANEXO I – Imagens

Figura 1 - Toninho Buda em Contatos Imediatos de IV Graal

Fonte: frame do filme Contatos Imediatos de IV Graal, de Toninho Buda e Antonio Guedes

Figura 2 - Gil no Sport, filme de Márcio Assis

Fonte: ASSIS, Márcio. Frame do curta-metragem Gil no Sport

15

Figura 3 - Cena de Ovelia no jornal Diário Mercantil

Fonte: Diário Mercantil, 15 fev. 1980.

Figura 4 - Arthur Lobato mostra sua câmera Super 8, que guarda até os dias de hoje

Fonte: http://www.youtube.com/watch?v=tL__277Qr6U&feature=youtu.be

Figura 5 – Um Comício: vinheta de abertura que não foi ao ar

Fonte: frame do filme Um Comício, de Fernando Farinazzo