resumo- o mundo precisa de filosofia
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UNIVERSIDADE CATÓLICA DO SALVADOR
Instituto de Filosofia e Ciências Humanas
Departamento de Filosofia
Metodologia da Pesquisa Científica
O MUNDO PRECISA DE FILOSOFIA VIVER OU TER CORAGEM DE MORRER
Geraldo Natanael de Lima
Orientadora: Florinda Lima do Nascimento
“Trabalhar como se a vida fosse eterna, viver como se fossemos morrer amanhã”.
Lema citado por Eduardo Prado
Salvador-Ba
Novembro de 2003
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Faremos um resumo informativo do capítulo VII – Viver, ou ter coragem de
morrer do livro “O mundo precisa de filosofia”, escrito por Eduardo Prado de
Mendonça.
Eduardo Prado inicia o capítulo VII citando Sócrates que levantava questões
sobre o sentido da vida, a noção do bem, se a vida é melhor ou pior que a morte e o
que é a morte. O autor continua sua investigação citando Jacob Boehme que afirmava
que “o ser humano desde quando nasce já está suficiente velho para morrer” e para
Martin Heidegger no seu pensar contemporâneo o ser humano é um ser dirigido para a
morte.
Prado concordou com Schopenhauer quando afirmou que ninguém pensa sua
morte e até o suicida não pensa nela, pois ele somente quer trocar sua vida, que se
tornou insuportável de mantê-la. O nascimento, a vida e a morte são mistérios que
inquietam a nossa existência, porém Bérgson cogitou que devemos buscar o melhor
para a vida. Devemos tentar compreender o próprio viver, a nossa organização e
encontrar uma direção, um significado e um sentido para a vida. Percebemos a vida
através da nossa consciência a qual tem como primeira função à abstração do que ainda
não existe.
Heidegger levanta a questão do “por que existe alguma coisa em vez do nada?”.
Isto nos faz pensar sobre a possibilidade da vida em outros planetas no universo e
sobre o que é a nossa existência. Nós somos seres contingentes que não sabemos o que
realmente acontecerá amanhã e quando acordamos temos a surpresa de ainda estarmos
vivos.
O autor faz uma comparação entre a morte e o momento das nossas decisões
cotidianas, em que vivemos e morremos a cada instante, pois existe neste ato uma
seleção onde deixamos de lado alguma coisa e escolhemos outras. Existe uma
renovação constante no ato da escolha que ocorre em um instante denominado de
presente. O presente é concebido teoricamente, pois na prática é um instante que não
pode ser percebido, entre um passado imediato que estamos apoiados e um futuro
iminente do qual nos inclinamos.
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O desenvolvimento do ser humano é caracterizado pelo movimento que se torna
cada vez mais eficaz e pela ação que se torna cada vez mais livre através da
possibilidade da escolha.
Bérgson caracterizou a luta constante pela vida e seus paradoxos: menor
esforço x criação, inconsciente x consciente, conciliação x luta, rotina x aventura,
mecânico x liberdade, sono x vigília. A matéria aparece como necessidade e se
transforma em instrumento do exercício da liberdade que cujo significante é a
consciência. Por exemplo, a palavra é a matéria que constitui o poema, que é formado
pela consciência no exercício de expressão da liberdade. Até o ato de repetição
habitual no ser humano é caracterizado pelo novo, pela renovação e recriação.
O amor é representado por estes paradoxos, como a divisão e união, este
encontro entre o que se oferece e o que é oferecido e a impossibilidade de plenitude. O
amor e a alegria diferem do desejo e do prazer pela característica da liberdade, da
doação.
A vida tem uma lei fundamental que é somente através da luta e vencendo as
dificuldades que conseguimos as coisas e nossos objetivos. A permissividade
excessiva na criação das crianças sem uma educação orientadora estabelecendo limites,
constituiu distorções e um sentimento de abandono para as crianças. Na realidade da
vida encontramos obstáculos e decepções o que requer um esforço e luta para
superarmos estas dificuldades. Devemos educar as nossas crianças entendendo o que é
realmente a vida, capacitando-as para ter coragem e persistência para enfrentar os
obstáculos, insucessos e decepções na vida.
A vida é liberdade, é um eterno fazer e devemos manter “o fogo sagrado da
nossa existência” através do amor. Amar é termos a capacidade de dar, reconhecer,
criar, é a liberdade, a alegria, a consciência da vida. O amor significa a vida quando faz
nascer de novo todas as coisas e a morte quando mata o passado. Pelo amor
conseguimos renascer de outra forma, nos recriamos como outros valores, dando a
nossa vida um novo sentido de liberdade, de consciência e responsabilidade.
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A idéia de possuir as coisas nos leva à prisão na medida que nos apegamos e
dependemos destas coisas que acreditamos que as possuímos para viver. Na realidade,
a morte é este ato em que nos desligamos de tudo que conseguimos construir na vida.
Entretanto para que nós possamos realmente viver devemos “morrer” no sentido de
estarmos sempre nos renovando, criando, sem nos apegarmos às coisas. Criar é nascer
a cada instante e devemos buscar amar a vida e sentir a alegria de viver.
Bibliografia:
COTTINGHAM, Dicionário Descartes, Jorge Zahar Editor, RJ, 1993. DESCARTES, Os Pensadores, Nova Cultural, SP, 1999.
JAPIASSÚ, Hilton e Danilo Marcondes, Dicionário Básico de Filosofia, RJ, Jorge
Zahar, 1996.