O amor próprio como constituidor do laço social e da aspiração humana porreconhecimento no Segundo Discurso de Rousseau

RESUMO

AUTOR PRINCIPAL:Leonardo Biazus

E-MAIL:leonardo@bomconselho.net

TRABALHO VINCULADO À BOLSA DE IC::Pibic UPF ou outras IES

CO-AUTORES:Angelo Vitório Cenci

ORIENTADOR:Angelo Vitório Cenci

ÁREA:Ciências Humanas, Sociais Aplicadas, Letras e Artes

ÁREA DO CONHECIMENTO DO CNPQ:Filosofia

UNIVERSIDADE:Universidade de Passo Fundo

INTRODUÇÃO:Ao longo da história do pensamento filosófico, muitos foram os autores que se propuseram a refletir a respeito da questãoantropológica que envolve o homem e a sua aspiração humana por reconhecimento social. O período iluminista concentraum expressivo número de autores que se ocuparam com esta problemática e dentre estes está Jean-Jacques Rousseau.Ele parte do questionamento a respeito do fundamento do laço social e busca compreender o que levou os homens aaproximarem-se uns dos outros. Exatamente neste período, a Academia de Dijon havia lançado um concurso no qualperguntava qual era a origem da desigualdade entre os homens e se ela era legitimada ou não pela lei natural. Pararesponder à questão proposta pela Academia Rousseau recorre à conceituação e à distinção entre estado de natureza eestado social, vale-se de uma análise do papel das paixões humanas e culmina seu percurso teórico tratando do conceitode amor próprio como constituidor do laço social.

METODOLOGIA:A metodologia utilizada em nosso processo de escrita baseia-se na pesquisa de caráter bibliográfico. Através da leitura,análise e interpretação de textos, procuramos reconstruir, por meio de paráfrases, a argumentação de Jean-JacquesRousseau acerca da constituição do homem no estado de natureza, apontando as condições e limites deste estado. Assim,o método utilizado é analítico-reconstrutivo, mediante o qual busca-se dialogar de forma interpretativa e reconstrutiva comos principais conceitos do autor e sua tradição intelectual, baseando-se na obra principal, já citada, bem como emcomentadores da mesma

RESULTADOS E DISCUSSÕES:Há na obra rousseauniana dois sentimentos que estão presentes no homem e que fazem deste um ser capaz de sediferenciar dos demais animais, a saber, os sentimentos de liberdade (liberté) e igual liberdade natural e o sentimento deperfectibilidade (perfectibilité). São eles que preparam o surgimento das paixões humanas e, consequentemente, nosauxiliam a iniciar a análise da passagem do estado de natureza para o estado civil. A pergunta proposta pela Academia deDijon começa a ser respondida por Rousseau a partir da conceituação das paixões humanas, que vão nos fazercompreender não só a passagem do estado de natureza para o estado civil, como nos remeterão, posteriormente, para abusca do ser humano por reconhecimento social. Se a conservação do homem natural depende exclusivamente delepróprio, é preciso que este amor seja inato e natural para o indivíduo continuamente cuidar de sua vida. Este equilíbrio querodeia sua vida decorre, portanto, de um dos sentimentos naturais conferidos ao homem: o sentimento de amor de simesmo. O zelo pela conservação da vida, assim como as demais paixões, é fruto deste amor original. Outro sentimentopresente neste processo é o de piedade, que faz com que o homem se dê conta da existência de seu semelhante e quepasse a zelar pela conservação de sua própria espécie. Tendo a consciência de que seu semelhante está a sofrer e que elepróprio poderia estar em seu lugar sofrendo, o homem natural vai um passo além do amor de si no momento em que entraem jogo a piedade e faz com que ele queira cuidar e, o mais importante, queira se aproximar daquele que sofre. Por fim, osentimento de amor próprio caracteriza-se pelo seu duplo movimento: pode resultar na amabilidade e na docilidade dohomem e, consequentemente, na aspiração humana por reconhecimento, pois é relativo ao olhar do outro, bem como noegoísmo, por isso precisa ser acompanhado de um projeto que promova a educação deste sentimento.

CONCLUSÃO:Recuperar um conceito moderno num contexto contemporâneo possibilita a oportunidade de dialogar com a tradição. Aproblematização de Rousseau significa tornar atual problemas que foram propostos ainda no século XVIII mas queperpassaram ao longo dos séculos e que ainda precisam ser discutidos em nosso meio filosófico.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:COLETTI. Luciana. Sociedade e política: estudo sobre natureza humana em Jean-Jacques Rousseau. Passo Fundo:Instituto de Filosofia Berthier, 2006.DERATHÉ, R.Rousseau e a ciência política de seu tempo. Tradução Natalia Maruyama.São Paulo: editora Barcarolla;Discurso Editorial, 2009.ROUSSEAU, J. J..Discurso sobre a origem e os fundamentos da desigualdade entreos homens. Tradução de Lourdes Santos Machado. Col. Os Pensadores. São Paulo: Abril Cultural, 1978.

Assinatura do aluno Assinatura do orientador