resumo gramática_ 12ºano

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RESUMO GRAMÁTICA 12ºANO PREPARAÇÃO PARA EXAME Deixis A deixis designa o conjunto de palavras ou expressões (expressões deíticas) que têm como função ‘apontar’ para o contexto situacional. Assim, assinalam o sujeito que enuncia (locutor), o sujeito a quem se dirige (interlocutor), o tempo e o espaço da enunciação. Em função da sua natureza deítica, é possível apresentar a seguinte classificação: . Deítico pessoal – indica as pessoas do discurso (locutor e interlocutor); integram este grupo os pronomes pessoais (ex: tu, me, nós, etc.), determinantes e pronomes possessivos (ex: o meu, o vosso, teu, etc.), sufixos flexionais de pessoa-número (ex: falas, falamos, etc.), bem como vocativos. EX: «Aceita que eu exista como os sonhos.»; «Quando eu disser não ouças.» . Deítico espacial – assinala os elementos espaciais, evidenciando a relação de maior ou menor proximidade relativamente ao lugar ocupado pelo locutor; integram este grupo os advérbios ou locuções adverbiais de lugar (ex: aqui, cá, além, lá de cima, etc.), os determinantes e pronomes demonstrativos (ex: este, essa, aquilo, etc.), bem como alguns verbos que indicam movimento (ex: ir, partir, chegar, aproximar-se, afastar-se, entrar, sair, subir, descer, etc.). EX: «Vamos até ali.» . Deítico temporal – localiza fatos no tempo; integram este grupo os advérbios, locuções adverbias ou expressões de tempo (ex: amanhã, ontem, na semana passada, no dia seguinte, etc.) e sufixos flexionais de tempo-modo-aspeto (ex: falarei, faláveis, etc.). EX: «Depois de amanha serei outro.» . Deítico social – assinala a relação hierárquica existente entre os participantes da interação discursiva e os papéis por eles assumidos (ex: o senhor, vossa excelência, senhor diretor, etc.) EX: «Eu quero prevenir já o senhor doutor que ele não está bom da cabeça.» Atos de Fala Sempre que alguém fala, realiza em simultâneo três ações: · Ato locutório - enunciação de palavras ou frases que veiculam uma determinada mensagem; · Ato ilocutório - ao proferir um enunciado, o locutor realiza uma ação (ex: prometer, ordenar, pedir, etc.); · Ato perlocutório - resultado ou efeito provocado no interlocutor por um determinado ato ilocutório (ex: convencer, persuadir, assustar, etc.). Considere-se o seguinte exemplo, enunciado por um professor na sala de aula: - Está a ficar escuro! Este enunciado é um ato locutório, na medida em que o professor pronuncia uma frase que obedece às regras gramaticais e é contextualmente correta. É também um ato ilocutório, pois trata-se da ação de afirmar ou de ordenar (indiretamente) que levará a uma determinada ação por parte do interlocutor.

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Resumo 12ºano Português

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  • RESUMO GRAMTICA 12ANO PREPARAO PARA EXAME

    Deixis

    A deixis designa o conjunto de palavras ou expresses (expresses deticas) que tm como funo

    apontar para o contexto situacional. Assim, assinalam o sujeito que enuncia (locutor), o sujeito a quem

    se dirige (interlocutor), o tempo e o espao da enunciao. Em funo da sua natureza detica, possvel

    apresentar a seguinte classificao:

    . Detico pessoal indica as pessoas do discurso (locutor e interlocutor); integram este grupo os

    pronomes pessoais (ex: tu, me, ns, etc.), determinantes e pronomes possessivos (ex: o meu, o vosso,

    teu, etc.), sufixos flexionais de pessoa-nmero (ex: falas, falamos, etc.), bem como vocativos. EX: Aceita

    que eu exista como os sonhos.; Quando eu disser no ouas.

    . Detico espacial assinala os elementos espaciais, evidenciando a relao de maior ou menor

    proximidade relativamente ao lugar ocupado pelo locutor; integram este grupo os advrbios ou locues

    adverbiais de lugar (ex: aqui, c, alm, l de cima, etc.), os determinantes e pronomes demonstrativos

    (ex: este, essa, aquilo, etc.), bem como alguns verbos que indicam movimento (ex: ir, partir, chegar,

    aproximar-se, afastar-se, entrar, sair, subir, descer, etc.). EX: Vamos at ali.

    . Detico temporal localiza fatos no tempo; integram este grupo os advrbios, locues adverbias ou

    expresses de tempo (ex: amanh, ontem, na semana passada, no dia seguinte, etc.) e sufixos flexionais

    de tempo-modo-aspeto (ex: falarei, falveis, etc.). EX: Depois de amanha serei outro.

    . Detico social assinala a relao hierrquica existente entre os participantes da interao discursiva e

    os papis por eles assumidos (ex: o senhor, vossa excelncia, senhor diretor, etc.) EX: Eu quero prevenir

    j o senhor doutor que ele no est bom da cabea.

    Atos de Fala

    Sempre que algum fala, realiza em simultneo trs aes:

    Ato locutrio - enunciao de palavras ou frases que veiculam uma determinada mensagem;

    Ato ilocutrio - ao proferir um enunciado, o locutor realiza uma ao (ex: prometer, ordenar, pedir,

    etc.);

    Ato perlocutrio - resultado ou efeito provocado no interlocutor por um determinado ato ilocutrio (ex:

    convencer, persuadir, assustar, etc.).

    Considere-se o seguinte exemplo, enunciado por um professor na sala de aula:

    - Est a ficar escuro!

    Este enunciado um ato locutrio, na medida em que o professor pronuncia uma frase que obedece s

    regras gramaticais e contextualmente correta.

    tambm um ato ilocutrio, pois trata-se da ao de afirmar ou de ordenar (indiretamente) que levar a

    uma determinada ao por parte do interlocutor.

  • A ao realizada pelo interlocutor constitui o ato perlocutrio. Neste caso, a enunciao pode levar um

    aluno a acender a luz ou a abrir os estores.

    Atos Ilocutrios

    possvel classificar os atos ilocutrios com base nas intenes comunicativas (objetivo ilocutrio) e na

    funo que assumem no contexto da sua enunciao (fora ilocutria).

    Dois enunciados podem ter o mesmo objetivo ilocutrio mas foras ilocutrias distintas. Por exemplo,

    uma ordem e um pedido tm o mesmo objetivo ilocutrio (levar algum a agir), no entanto as suas foras

    ilocutrias so diferentes, j que o primeiro tem a fora ilocutria de uma ordem e o segundo a de um

    pedido.

    Tipo Objetivo ilocutrio

    Atos ilocutrios assertivos

    Descrever um determinado estado de coisas e exprimir a crena na verdade do seu enunciado (1).

    Atos ilocutrios diretivos

    Levar o interlocutor* a praticar uma ao futura, que pode ser de natureza verbal [ato ilocutrio diretivo de resposta verbal:

    perguntas (2)] ou no verbal [ato ilocutrio diretivo de resposta no verbal (3)].

    Atos ilocutrios compromissivos

    Comprometer o locutor*1 relativamente prtica de uma ao futura (4).

    Atos ilocutrios expressivos

    Exprimir o estado psicolgico do locutor relativamente ao contedo do seu enunciado, sendo necessrio que este seja

    sincero naquilo que exprime. Podem ser realizados utilizando verbos como agradecer (5) ou lamentar (6); frases e expresses

    exclamativas com adjetivos valorativos (7) ou ainda frases exclamativas com verbos de valor afetivo como adorar (8),

    gostar, odiar, etc.

    Atos ilocutrios declarativos

    Ciar uma nova realidade, capacidade que lhe advm do seu estatuto institucional (9).

    Atos ilocutrios indiretos

    Transmitir no enunciado do locutor mais do que aquilo que realmente diz, ou transmitir algo diferente (10).

    *1 a quem a frase se dirige *2 quem anuncia a frase

    EX: (1) No percebo esta matria.

    (2) O que pensas deste filme?

    (3) Conduz mais devagar!

    (4) Prometo que estarei l hora marcada.

    (5) Obrigada pela folha.

    (6) Lamento o atraso.

  • (7) Boa noite!

    (8) Adoro viajar!

    (9) Declaro-vos marido e mulher.

    (10) Sabe onde fica o Centro de Congressos?

    o que o locutor quis de fato transmitir foi diga-me onde fica o Centro de Congressos.

    Reproduo do discurso no discurso

    Quando relata um discurso anteriormente proferido, o locutor reproduz, no seu prprio discurso, o

    discurso de outro locutor expresso noutra situao de enunciao. H cinco grandes modalidades de

    reproduo do discurso no discurso:

    . Discurso Direto

    o modo de enunciao que reproduz o discurso de locutores ocorrido em situao enunciativas

    anteriores, tal como foi dito ou pensado. Quando se trata de um texto ficcional, o narrador coloca as

    prprias personagens a apresentar diretamente as suas palavras. Geralmente introduzido por verbos de

    tipo declarativo (ex.: dizer, afirmar, etc.) que podem surgir no incio, no meio ou no fim do relato,

    carateriza-se pela utilizao de alguns sinais auxiliares que permitem identificar um novo enunciado de

    um locutor: travesses, por exemplo.

    E foi j ao caf que uns gachos fizeram o favor de servir mesa, [], que Joel se inclinou um pouco para

    Carmos Vermelho e ciciou:

    Precisava de falar contigo

    . Discurso Direto Livre

    um modo de relato de discurso frequente na literatura atual, permitindo criar novos efeitos estticos

    pelas possibilidades de maior liberdade narrativa que oferece. As falas ou os pensamentos das

    personagens aparecem imersos no discurso do narrador e desaparecem as marcas formais que assinalam

    a mediao do narrador (mudana de pargrafo, aspas, uso de travesses, etc.).

    J no via as pessoas. Passava o tempo a falar com elas mas tinha deixado de as ver. As pessoas

    comeavam logo de manh a falar. A primeira era a voz do canalizador que tinha ficado de ir s oito e

    meia mas no tinha podido aparecer e por isso pede muita desculpa mas agora s daqui a dois meses e

    trs e dois minutos que volta a ter tempo para ocupar-se daquele assunto da banheira bem vistas as

    coisas no assim to urgente ele at tinha um problema semelhante na casa do engenheiro nunes no

    sei se conhece o senhor engenheiro aquele que trabalha na cmara e por isso isto da banheira arruma-se

    de vez l para julho em todo o caso ainda antes das frias porque depois metem-se as frias e o diabo.

    . Discurso Indireto

    O discurso indireto implica uma enunciao indireta, na medida em que um locutor ou narrador se

    apropria de um discurso proferido anteriormente para o reproduzir sua maneira. Este tipo de discurso

    geralmente introduzido por verbos declarativos (dizer, afirmar, responder, etc.).

    Eva quis saber mais sobre este Dalai-Lama de que tanto se falava. Maria das Dores disse que a perita era a

    irm, que tinha melhores olhos e conseguia ler a letra pequenina.

  • . Discurso Indireto Livre

    Neste modo de relato de discurso, a enunciao do locutor-relator funde-se com a enunciao do

    primeiro locutor, sendo difcil fazer a sua identificao, ao contrrio do que se verifica no discurso direto e

    no discurso indireto.

    . Citao

    A citao um texto ou excerto reproduzido noutro discurso, fazendo-se referncia ao autor e/ou obra

    a que pertence. Assinala-se graficamente com aspas ou com um tipo de letra diferente e so uma das

    manifestaes da intertextualidade.

    A principal mudana de natureza fonolgica que marca o portugus do sc. XVI a simplificao do

    sistema de sibilantes []. A este respeito, Teyssier afirma categoricamente que o portugus clssico ainda

    encontra um sistema de quatro sibilantes:

    A existncia de quatro unidades distintivas no portugus do incio do sculo XVI no sofre dvida.

    (Teyssier 1982: 50)

    . Frase simples e Frase complexa

    Frase simples - frase em que existe um nico verbo principal ou copulativo.

    Frase complexa - frase em que existe mais do que um verbo principal ou copulativo, que contm mais do

    que uma orao. Numa frase complexa, podemos ter oraes coordenadas e/ou subordinantes e

    subordinadas.

    . Coordenao

    A coordenao a relao sinttica estabelecida entre elementos que pertencem mesma categoria

    gramatical e que desempenham a mesma funo sinttica.

    As oraes coordenadas podem-se classificar em:

    Copulativa estabelece uma relao de adio com a(s) orao(es) com que se combina.

    EX: Estou cansado e vou descansar.

    Adversativa transmite uma ideia de contraste, de oposio, relativamente ideia expressa na frase ou

    orao com que se combina.

    EX: Estou cansado, mas vou continuar.

    Disjuntiva exprime um valor de alternativa face ao que expresso pela orao com que se combina.

    EX: Ou descanso ou no posso continuar.

    Conclusiva transmite uma ideia de concluso decorrente da ideia expressa na frase ou orao com que

    se combina.

    EX: Estou cansado, logo no posso continuar.

    Explicativa apresenta uma justificao ou explicao relativa frase ou orao com que se combina.

  • EX: Estou cansado porque andei muito.

    . Subordinao

    A subordinao a relao sinttica estabelecida entre oraes em que uma (subordinada) est

    sintaticamente dependente de outra (subordinante).

    As oraes subordinadas podem-se classificar em:

    Substantiva desempenha a funo sinttica de sujeito ou de complemento de um verbo, nome ou

    adjetivo, podendo ser facilmente substituda por um pronome como isso e subdividindo-se em:

    Completiva, que completa a ideia da orao anterior e pode ser introduzida pelas conjunes

    subordinativas que, se e para.

    EX: Eu bem sei que tu no voltas.

    Relativa, que introduzida por quantificadores e pronomes relativos sem antecedente, como quem, o

    que, onde, quanto, que, o qual, os quais, a qual, as quais.

    EX: Quem espera sempre alcana.

    Adjetivas exerce a mesma funo que um adjetivo e subdivide-se em:

    . Relativa restritiva, que tem como funo restringir a informao dada sobre o antecedente; a sua

    omisso acarreta uma alterao do sentido da orao subordinante, pois apresenta informao relevante

    para a definio do antecedente.

    EX: O poeta portugus que escreveu Os Lusadas foi grandioso.

    . Relativa explicativa, que apresenta informao adicional sobre o antecedente; a sua omisso no altera

    o sentido da orao subordinante, uma vez que o antecedente j se encontra suficientemente definido.

    EX: A literatura, que imortal, encanta os leitores.

    . Adverbiais desempenha a funo sinttica de modificador da frase ou do grupo verbal e, modificando

    o sentido de outras oraes, subdivide-se em:

    . Causal, que indica a causa ou o motivo daquilo que expresso na subordinante.

    EX: No compro este carro porque consome muito.

    . Final, que enuncia o objetivo da realizao da situao descrita na subordinante.

    EX: Leva dinheiro para pagares as compras.

    . Temporal, que estabelece a referncia temporal em relao qual a subordinante interpretada.

    EX: Estavas ao telefone, quando entrei.

    . Concessiva, que admite algo contrrio ao que apresentado na subordinante mas incapaz de impedi-lo.

    EX: Iremos piscina, embora no seja do meu agrado.

    . Condicional, que indica uma hiptese ou condio em relao ao que expresso na subordinante.

    EX: Se ele fosse rico, teria muitos criados.

  • . Comparativa, que contm o segundo elemento de uma comparao que estabelece em relao a uma

    situao apresentada na subordinante.

    EX: Ele trata-me como se eu fosse sua inimiga.

    . Consecutiva, que apresenta uma consequncia da situao expressa na subordinante.

    EX: Comi tanto que fiquei indisposta.

    Funes Sintticas

    Funes sintticas ao nvel da frase:

    . Sujeito elemento que controla a concordncia, em pessoa e em nmero, relativamente ao ncleo.

    Pode ser:

    . Simples constitudo apenas por um grupo nominal ou por uma frase.

    . Composto constitudo por duas ou mais expresses nominais ou por duas ou mais frases.

    . Nulo no est realizado lexicalmente, sendo possvel classific-lo em:

    . Subentendido quando possvel identificar no contexto o referente para o qual remete o sufixo

    flexional. EX: [Tu] Querias crescer depressa, a tens.

    . Indeterminado quando o verbo se encontra na 3 pessoa do plural ou do singular, acompanhado,

    neste ltimo caso, do pronome pessoal se com valor impessoal, no sendo possvel identificar o referente

    do sujeito nulo indeterminado, uma vez que no definido nem especfico. EX: Disseram-me que ia

    chover.; Via-se bem que alguns deles faziam logo as contas.

    . Expletivo ocorre apenas com verbos impessoais. EX: Havia j algumas pessoas sombra dos toldos

    ou estendidos ao sol.

    . Predicado funo sinttica desempenhada pelo grupo verbal.

    . Modificador da frase grupo preposicional (1) ou adverbial (2) que, ao contrrio dos complementos,

    no sendo selecionados pelo verbo, modificam-no, acrescentando informao suplementar.

    Caracterizam-se essencialmente pela sua grande mobilidade, podendo ocorrer em vrias posies da

    frase.

    EX: (1) O carrinho partiu, com Lourival, por entre a azinhaga.

    (2) O conselheiro enrolava vagarosamente o seu leno de seda da ndia.

    . Vocativo constituinte (no obrigatrio) que identifica o interlocutor, ocorrendo em frases imperativas

    (1), exclamativas (2) e interrogativas (3).

    EX: (1) Fecha a porta, Pedro.

    (2) Di-me muito o peito, me!

  • Funes sintticas internas ao grupo verbal:

    . Complementos constituintes da frase selecionados pelo verbo:

    . Complemento direto grupo nominal (1) ou orao substantiva completiva (2) que pode ser

    substitudo respetivamente pelo pronome pessoal de 3 pessoa (o/a, os/as) e pelo pronome

    demonstrativo tono o.

    EX: (1) Dois homens seguravam o porco. Dois homens seguravam-no

    (2) Ho de jurar que no me conhecem. Ho de jur-lo.

    . Complemento indireto grupo preposicional (geralmente introduzido pela preposio a) que pode ser

    substitudo por um pronome pessoal de 3 pessoa (lhe/lhes).

    EX: Perguntem a ao Gouveia. Perguntem-lhe a.

    . Complemento oblquo grupo adverbial (1) ou preposicional (2) que, ao contrrio do complemento

    indireto, no pode ser substitudo por um pronome pessoal (lhe/lhes).

    EX: (1) Faz bem alma. Faz-lhe alma.

    (2) Tambm me lembro do sopro do maarico. Tambm me lembro-lhe.

    Exemplos de verbos que pedem complemento oblquo:

    . ir a, vir de, estar em, partir de (nome ou pronome precedido de preposio; advrbio);

    . comunicar com, concordar com, discordar de, precisar de, necessitar de, troar de, casar-se com,

    divorciar-se de, dispor-se a, arrepender-se de, interessar-se por (nome ou pronome precedido de

    preposio).

    . Complemento agente da passiva grupo preposicional (geralmente introduzido pela preposio por)

    que, na frase ativa correspondente, passa a grupo nominal com funo de sujeito.

    EX: Uma Cmara no eleita pelo povo, nomeada pelo Governo. O povo no elege uma Cmara, o

    Governo nomeia-a.

    . Predicativos:

    . Predicativo do sujeito grupo nominal (1), adjetival (2), adverbial (3) ou proposicional (4) ou orao (5)

    selecionado por um verbo copulativo (estar, ficar, continuar, parecer, permanecer, revelar-se, ser, tornar-

    se) que atribui uma propriedade ou uma localizao (espacial ou temporal) ao sujeito.

    EX: (1) A me era uma criatura desagradvel e azeda.

    (2) Garcia ficou aturdido.

    (3) Olhe que isto preciso que todos fiquem bem.

  • . Predicativo do complemento direto grupo nominal (1), adjetival (2) ou preposicional (3), selecionado

    por um verbo transitivo predicativo (achar, chamar, considerar, eleger, julgar, nomear, tratar,) que

    atribui uma propriedade ou uma localizao (espacial ou temporal) ao complemento direto.

    EX: (1) [] se o ministro fizer esse ladro recebedor de comarca.

    (2) Todos a achavam simptica.

    (3) Todos o tinham por tolo.

    . Modificador do grupo verbal grupo preposicional (1), adverbial (2) ou orao subordinada (3) que, ao

    contrrio dos complementos, no sendo selecionados pelo verbo, modificam-no, acrescentando

    informao suplementar. Caracterizam-se essencialmente pela sua grande mobilidade, podendo ocorrer

    em vrias posies da frase.

    EX: (1) O carrinho partiu, com Lourival, por entre a azinhaga.

    (2) O conselheiro enrolava vagarosamente o seu leno de seda da ndia.

    (3) No te posso dar minha filha, porque j no tenho filha.

    Funes sintticas internas ao grupo nominal:

    . Complemento do nome grupo preposicional [oracional (1) ou no oracional (2)] ou, menos

    frequentemente, adjetival (3) que integra o grupo nominal, ocorrendo sempre direita do nome que

    completa e sendo sempre de preenchimento opcional.

    EX: (1) Tem curiosidade de saber como esta pobre mquina por dentro [].

    (2) Ter pena dele seria como ter pena dum pltano [].

    (3) A procura turstica tem aumentado.

    . Modificador do nome funo sinttica que integra o grupo nominal, modificando-o atravs de

    informaes suplementares.

    . Restritivo grupo preposicional (1), grupo adjetival (2) ou orao relativa restritiva (3) que modifica o

    nome, restringindo a sua referncia.

    EX: (1) Fechou a porta da cela atrs de si [].

    (2) De repente, a rapariga loira viu uma criana sair a correr.

    (3) H palavras que fazem bater mais depressa o corao [].

    . Apositivo grupo nominal (1), adjetival (2) ou preposicional (3) ou orao relativa explicativa (4) que,

    ao modificarem o nome, no limitam a sua referncia. Na escrita, est sempre separado por vrgulas do

    nome que modifica e ocorre normalmente direita do mesmo.

    EX: (1) Alguma vez a sua Lol, magra e frentica criatura de olhos verdes, brincara nos jardins dos

    palacetes []?

    (2) Que doena estranha, lenta mas tenaz, matava o Rei?

    (3) A velha tinha-se dado preparatoriamente um choro, de grande efeito em coraes de viajante.

    (4) O rapaz, que chegou pelo lado de trs, abriu a cancela de madeira.

  • Funes sintticas internas ao grupo adjetival:

    . Complemento do adjetivo grupo preposicional [no oracional (1) ou oracional (2)] que integra o

    grupo adjetival, ocorrendo sempre sua direita. No de preenchimento obrigatrio.

    EX: (1) E ser o pai feliz com o meu sacrifcio?

    (2) Sou fcil de definir.

    . Modificador do adjetivo grupo adverbial que integra o grupo adjetival, correspondendo a um advrbio

    colocado esquerda do adjetivo.

    EX: Vero como o elefante se enfrenta com os mais furiosos ventos contrrios.

    Testes prticos para identificar os complementos do verbo e o modificador do grupo verbal

    . Complemento direto: pode ser substitudo pelo pronome pessoal o, a, os, as. Se for uma orao, pode

    substituir-se pelo pronome demonstrativo isso. Surge na resposta questo: O sujeito + verbo + o qu?

    ou + quem?

    . Complemento indireto: pode ser substitudo pelo pronome pessoal lhe, lhes. Surge na resposta

    questo: O sujeito + verbo (+ complemento direto) + a quem?

    . Complemento agente da passiva: na frase ativa, desempenharia a funo de sujeito.

    . Complemento oblquo: no pode ser substitudo pelos pronomes pessoais o e lhe.

    Classes de Palavras

    . Nome:

    . Comum no se aplica a uma entidade nica, podendo designar objetos, seres, fatos e conceitos de

    forma no individualizada. EX: Quero aquele po.

    . Prprio designa uma nica entidade num determinado contexto comunicativo. EX: Baslio tomou-lhe

    as mos.

    . Contvel designa entidades ou seres singulares, passveis de serem divididos em partes distintas e

    enumerados. EX: caderno, cadeira, lpis, etc.

    . No-contvel designa algo que concebido como um todo contnuo, no podendo ser dividido em

    partes singulares nem contado. Ex: farinha, acar, gua, etc.

    . Concreto designa objetos ou entidades fsicas que podem ser localizadas no tempo e no espao. EX:

    janela, porta, rvore, gato, etc.

    . Abstrato refere-se a entidades no tangveis, imateriais, como sentimentos ou conceitos. EX:

    felicidade, beleza, perigo, medo, verdade, etc.

    . Adjetivo:

    . Qualificativo modifica um grupo nominal, atribuindo-lhe uma qualidade.

  • . Numeral modifica o nome, atribuindo-lhe uma determinada ordem dentro de uma srie. Corresponde

    a uma palavra tradicionalmente classificada como numeral ordinal. EX: primeiro, segundo, vigsimo lugar,

    etc.

    . Relacional palavra que se distingue dos restantes adjetivos por apresentar caractersticas prprias:

    completa, geralmente, o sentido do nome, atribuindo-lhe informaes de natureza classificatria, deriva

    de nomes [comrcio comercial], no admite variao em grau [uma manifestao operria uma

    manifestao muito operria], ocorre sempre em posio ps-nominal e no tem antnimo.

    . Variao em gnero:

    . Biforme possui uma forma para o feminino e para o masculino.

    . Uniforme possui apenas uma forma para ambos os gneros.

    . Variao em grau:

    . Normal expressa simplesmente a qualidade.

    . Comparativo compara uma qualidade entre duas entidades, distinguindo-se trs modalidades:

    . De superioridade EX: Londres mais cosmopolita do que Lisboa.

    . De inferioridade EX: Lisboa menos agitada do que Londres.

    . De igualdade EX: Londres to movimentada como Paris.

    . Superlativo:

    . Relativo apresenta uma qualidade atribuda a uma entidade que comparada a um conjunto de

    entidades.

    . De superioridade EX: O Everest a mais alta montanha do mundo.

    . De inferioridade EX: Os pases da frica subsariana so os menos desenvolvidos.

    . Absoluto indica uma qualidade que supera a noo que normalmente se tem dessa mesma qualidade,

    no se relacionando com nenhum conjunto de entidades.

    . Sinttico EX: Este problema faclimo.

    . Analtico EX: Aquele ator bastante clebre.

    . Pronome:

    . Pessoal

    . Demonstrativo

    . Possessivo

    . Indefinido

    . Relativo

    . Interrogativo

  • . Determinante:

    . Artigo definido

    . Artigo indefinido

    . Demonstrativo

    . Possessivo

    . Indefinido

    . Relativo

    . Interrogativo

    . Quantificador:

    . Universal

    . Existencial

    . Numeral

    . Relativo

    . Interrogativo

    . Verbo:

    . Principal

    . Copulativo

    . Auxiliar

    Advrbio:

    . De negao

    . De afirmao

    . De quantidade e grau

    . De incluso e excluso

    . Relativo

    . Interrogativo

    . De predicado

    . De frase

    . Conetivo

  • . Conjuno/locuo conjuncional:

    . Coordenativa

    . Subordinativa

    . Preposio/locuo prepositiva

    . Interjeio

  • Processos Morfolgicos de Formao Regular de Palavras

    . Flexo

    Designa o processo que se aplica apenas s palavras variveis, permitindo especificar as suas

    propriedades morfossintticas e morfossemnticas (nmero, tempo, modo, etc.).

    . Flexo nominal e adjetival - aplica-se aos nomes e adjetivos, podendo tambm incidir em

    determinantes, quantificadores e pronomes.

    . Flexo de nmero - permite distinguir o singular do plural. Enquanto o singular no possui qualquer

    afixo, o plural realizado pelo sufixo s. [P (singular), ps (plural)]

    . Flexo de gnero - permite distinguir o masculino do feminino. [Aluno, aluna]

    . Flexo em grau - permite estabelecer uma gradao no significado de alguns nomes e adjetivos. [Carro,

    carrinho, carro]

    . Flexo de caso - permite identificar as funes sintticas dos pronomes pessoais.

    . Flexo verbal - os verbos flexionam em tempo, modo, pessoa e nmero. Apresentam-se no quadro

    abaixo os sufixos flexionais de tempo (T), modo (M), pessoa (P) e nmero (N).

    Modo

    Tempo

    Sufixo TM

    (Tempo e Modo)

    Sufixos PN (Pessoa e Nmero)

    Singular Plural

    1 2 3 1 2 3

    Indicativo Presente Amlgama1

    Pretrito Perfeito

    Amlgama1

    Pretrito Imperfeito

    -va

    -a

    -s -mos

    -is -m

    Pretrito mais-que-perfeito

    -ra -s -mos

    -is -m

    Conjuntivo Presente -e (1 conjugao)

    -a (2 e 3 conj.)

    -s -mos

    -is -m

    Pretrito Imperfeito

    -sse -s -mos

    -is -m

    Futuro -r / -re -s -mos

    -des

    -m

    Infinitivo Pessoal -r / -re -s -mos

    -des

    -m

  • O presente e o pretrito perfeito do indicativo no possuem sufixos individuais de TM e PN, ocorrendo

    apenas um que rene todas as informaes, designado amlgama.

    . Derivao

    o processo morfolgico que permite a formao de novas palavras a partir de uma forma de base,

    podendo envolver a juno de um afixo.

    . Afixao

    o processo morfolgico que associa uma afixo a uma base, permitindo formar novas palavras. Uma

    palavra formada por afixao resulta da juno de um afixo a uma base. [etern: eternizar ; fala : falador;

    clara: claramente]. Fazem parte da afixao os processo de:

    . Derivao por sufixao - processo de formao de palavras que consiste na juno de um afixo (sufixo)

    direita da base. [(estudant)e - estudantil; (activ)o - activista; (gag)o - gaguejar]

    . Derivao por prefixao - processo de formao de palavras que consiste na juno de um afixo

    (prefixo) esquerda da base. [gordura - anti-gordura; legal - ilegal; (lig)ar - desligar]

    . Derivao parassindtica - processo de formao de palavras que consiste na juno simultnea de um

    prefixo e de um sufixo a uma base. [tronar - des(tron)ar; patriar ex(patri)ar; lisar - a(lis)ar]

    . Derivao no-afixar

    Permite formar nomes a partir de verbos, mas, ao invs de se juntar um afixo, retira-se um segmento

    base. [atacar - ataque; chorar - choro]

    . Converso

    um processo de formao de palavras que no implica qualquer alterao formal, na medida em que

    apenas se procede alterao da classe de palavra. [O comer e o coar vo do comear.]

    . Composio

    Designa o processo morfolgico de formao de palavras que associa duas ou mais formas de base.

    . Composio morfolgica

    Resulta da associao de dois ou mais radicais, ligados entre si por meio de uma vogal de ligao (i ou o),

    podendo ocorrer um hfen entre os radicais. forma composta atribui-se o nome de composto

    morfolgico. [lus(o)-(descendente); fot(o)grafia, queim()dromo]

    . Composio morfossinttica

    Designa o processo de composio que associas duas ou mais palavras. [ator-encenador; governo-

    sombra; surdo-mudo; guarda-roupa]

  • Processos irregulares de formao de palavras

    O lxico de uma lngua pode ser alargado atravs do recurso a processos irregulares de formao de

    palavras, permitindo assim a criao de neologismos novos conceitos ou realidades, podendo ser de

    natureza formal (amlgama, sigla, acronmia, onomatopeia e truncao) ou semntica (extenso

    semntica e emprstimo).

    . Extenso Semntica

    Processo que ocorre quando so atribudos novos sentidos a uma unidade lexical j existente. [No

    embarco nessas ideias! o verbo embarcar comeou por significar entrar numa embarcao, mas, por

    extenso semntica, tambm passou a ter o sentido de aderir, aceitar]

    . Emprstimo

    Processo que resulta da apropriao de uma unidade lexical de outra lngua. [gabardina (do francs); piza

    (do italiano)]

    . Amlgama

    Processo de criao de palavras que resulta da juno de partes de duas ou mais unidades lexicais.

    [informtica (informao+automtica)]

    . Sigla

    Unidade resultante da juno das iniciais de um grupo de palavras, que so pronunciadas

    individualmente. [PSP (Polcia de Segurana Pblica)]

    . Acrnimo

    Unidade lexical resultante da juno das letras ou slabas iniciais de um conjunto de palavras, sendo

    pronunciada como uma palavra. [sida, nato, onu]

    . Onomatopeia

    Unidade lexical resultante da imitao de um som natural. [fru-fru, tique-taque]

    . Truncao

    Processo de criao lexical que resulta da supresso de uma parte da palavra. [disco (discoteca), Alex

    (Alexandre)]

    Significao lexical

    O significado de uma unidade lexical sempre que refere entidades do mundo, podendo ser denotativo

    ou conotativo.

    . Denotao

    Parte objetiva do significado lexical, podendo ser analisada fora do discurso, uma vez que literal e

    estvel.

    A chave da porta desapareceu. - o sentido denotativo de chave : instrumento metlico destinado a

    abrir portas

  • . Conotao

    Parte subjetiva, instvel do significado lexical que se atualiza em sentidos secundrios ancorados ao

    sentido denotativo da unidade lexical.

    Precisas de te concentrar para encontrares a chave do teu problema. - um dos sentidos conotativos de

    chave : soluo

    . Monossemia

    Caraterstica semntica de unidades lexicais que apenas possuem um nico significado em todos os

    contextos. frequente nos termos de linguagens especializadas [telefone; estetoscpio].

    . Polissemia

    Caraterstica semntica da maior parte das unidades lexicais que possuem vrios significados,

    relacionados entre si [borracho - pombo novo; bonito; bbado].

    Relaes Semnticas entre Palavras

    Atendendo ao seu significado, as palavras podem estabelecer entre si diferentes tipos de relaes. Estas

    relaes assumem particular relevncia na construo da coeso textual, j que representam um

    contributo indispensvel para a unidade semntica do conjunto (enunciado/texto) a que pertencem.

    Relaes de Semelhana Sinonmia

    Existe sinonmia quando a substituio de um item lexical por outro no altera o significado do

    enunciado:

    . Sinonmia total - quando as unidades lexicais tm o mesmo significado em todos os contextos

    lingusticos no mesmo registo.

    Sinonmia parcial - quando as unidades lexicais tm o mesmo significado em muitos contextos, mas no

    em todos, no sendo, portanto, substituveis entre si em todos os enunciados.

    Morrer e falecer no podem ser usados em todos os contextos:

    Morrer de susto - Falecer de susto [X]

    O doente faleceu - A planta faleceu [X]

    Relaes de Oposio Antonmia

    A antonmia a relao de oposio que se estabelece entre o significado de duas ou mais unidades

    lexicais. [gordo magro]

  • Relaes de Hierarquia

    So estabelecidas atravs de hipernimos e hipnimos.

    . Hiperonmia - relao hierrquica de incluso de significado entre duas unidades lexicais, em que o

    significado do hipernimo (por ser mais geral) inclui o dos hipnimos;

    Hiponmia - relao hierrquica de incluso de significado entre duas unidades lexicais, em que o

    significado do hipnimo (por ser mais especfico) includo no do hipernimo.

    [Flor (hipernimo): cravo, rosa, lrio, jarro, malmequer, etc. (hipnimos)]

    Relaes de Parte-Todo

    So estabelecidas atravs do recurso a holnimos e mernimos.

    . Holonmia - relao de incluso semntica entre duas unidades lexicais, em que o significado de uma (o

    holnimo) considerado um todo cujas partes constituintes so os mernimos.

    Meronmia - relao de hierarquia semntica entre duas unidades lexicais, em que o significado de um (o

    mernimo) corresponde a uma parte constituinte da outra (holnimo).

    [Computador (holnimo): teclado, monitor, rato, etc. (mernimos)]

    As relaes de hiperonmia hiponmia distinguem-se das de holonmia meronmia, na medida em que

    as primeiras equivalem a uma relao de ser, enquanto as segundas se definem como uma relao de ter.

    Baleia (hipnimo) um mamfero (hipernimo).

    Barco (holnimo) tem vela, leme, convs (mernimos).

    Estrutura Lexical

    . Campo Lexical - conjunto de unidades lexicais que se referem ao mesmo domnio conceptual.

    Calas, saia, camisola, camisa, vestido, etc. pertencem ao mesmo campo lexical: vesturio.

    . Campo semntico - conjunto de sentidos que uma unidade lingustica pode atualizar nos diferentes

    contextos em que pode ocorrer.

    Campos semnticos de bola e neve: bola de futebol, bola de neve, vela do barco, vela do carro, etc.

    Figuras de Estilo

    . A nvel fnico - incidem nas propriedades fonticas das palavras selecionadas pelo seu autor, que procura assim criar efeitos esttico-expressivos atravs dos sons, conferindo ritmo e musicalidade ao

    texto.

    . Aliterao - repetio intencional de sons consonnticos [consoantes] em palavras sucessivas ou

    prximas.

    Ex: O vento vago voltou.

    . Assonncia - repetio intencional dos mesmos sons voclicos em palavras sucessivas ou prximas.

  • Ex: tona de guas paradas.

    A nvel sinttico - resultam da criao de efeitos estticos e expressivos atravs de recursos sintticos e morfolgicos.

    . Anfora - repetio sucessiva de uma palavra ou expresso no incio de frases ou versos.

    EX: urgente o amor.

    urgente um barco no mar.

    urgente destruir certas palavras, dio, solido e crueldade, alguns lamentos, muitas espadas.

    . Anacoluto - interrupo brusca da construo sinttica inicial da frase, resultante de uma mudana

    inesperada do pensamento.

    EX: senhor doutor. O senhor vai ver que o Alentejo Eu tenho a uma herdade, havemos de l ir.

    . Anstrofe - alterao da ordem direta da frase devido anteposio de um complemento ou

    deslocao de uma palavra.

    EX: s horas em que um frio vento passa.

    . Assndeto - omisso da partcula de ligao entre palavras ou frases, que passam a estar separadas

    atravs de vrgulas.

    EX: E aos meus olhos saqueados como se a cidade ardesse, uma cidade fantstica, aberta de

    quarteires, de praas, de sonhos.

    . Epanadiplose - repetio da mesma palavra ou expresso no incio e no final de um verso ou de uma

    frase.

    EX: Noite igual por dentro ao silncio, Noite

    Com as estrelas lantejoulas rpidas

    No teu vestido franjado de Infinito.

    . Epanalepse - repetio da mesma palavra ou expresso em vrios momentos de um texto,

    relativamente prximos.

    EX: Amei a mulher, amei a terra, amei o mar.

    . Epfora - repetio da mesma palavra ou expresso no final de versos ou de frases sucessivas.

    EX: No sou nada.

    Nunca serei nada.

  • . Enumerao - apresentao sucessiva de elementos.

    EX: Mas o melhor do mundo so as crianas, as flores, msica, o luar e o sol.

    . Gradao - sucesso de elementos que se apresentam segundo uma ordem significativa, positiva ou

    negativa, de modo a destacar uma evoluo ascendente ou descendente.

    EX: A minha vida um avental que se soltou.

    uma onda que se alevantou.

    um tomo a mais que se animou

    . Hiprbato - separao de palavras que pertencem ao mesmo grupo sinttico; transposio da ordem

    normal das palavras de uma orao

    EX: As inquietas ondas apartando. [apartando as ondas inquietas]

    . Paralelismo de construo - repetio da estrutura frsica para memorizar ou destacar ideias

    EX: Trs vezes do leme as mos ergueu,

    Trs vezes ao leme as reprendeu.

    . Polissndeto - repetio do elemento de ligao entre frases ou palavras

    EX: E com as mos e os ps

    E com o nariz e a boca.

    . A nvel interpretativo:

    . Alegoria - representao fsica de ideias, realidades abstratas, obtida atravs de um conjunto de

    imagens, de comparaes, de metforas, de personificaes ou de animismos. Normalmente

    concretizada atravs de seres animados.

    EX: O polvo, com aquele seu capelo na cabea, parece um monge; com aqueles seus raios estendidos,

    parece uma estrela; com aquele no ter osso nem espinha, parece a mesma brandura, a mesma

    mansido. [Neste excerto, a figura do polvo a representao fsica de ideias como a hipocrisia e a

    traio.]

    . Animismo - atribuio de propriedades anmicas a seres ou realidades inanimados. No se confunde

    com a personificao na medida em que as propriedades atribudas no so humanas.

    EX: Um vento selvagem, sem cabresto, cavalgava pelas ruas.

    . Anttese - apresentao de dois conceitos opostos para realar o seu contraste.

    EX: Julguei que isto era o fim e afinal o princpio.

  • . Antonomsia - substituio de um nome prprio por uma palavra ou expresso que o designem de

    modo inconfundvel.

    EX: Cessem do sbio grego e do Troiano.

    . Apstrofe/invocao - interpelao, chamamento de algum ou de algo personificado

    EX: cu! campo! cano!

    . Comparao - relao de semelhana entre duas ideias usando uma partcula comparativa ou verbos

    como parecer, assemelhar-se, etc.

    EX: O meu olhar ntido como um girassol.

    . Disfemismo - apresentao, de forma violenta, de uma ideia que pode ser expressa de forma suave.

    EX: Cheiro que no ofende estes narizes, habituados, que esto ao churrasco do auto-de-f.

    . Eufemismo - expresso, de uma ideia chocante, de uma forma suave.

    EX: Quando a fogueira se apagar tens de te ir embora [= morrer].

    . Hiplage - transferncia de caratersticas de uma realidade para outra com a qual est relacionada.

    EX: Ns fummos um preguioso charuto no jardim.

    . Hiprbole - exagero da realidade.

    EX: Corre um rio sem fim.

    . Ironia - afirmao que pretende sugerir ou insinuar o contrrio;

    . Metfora - comparao de dois conceitos sem utilizao da partcula comparativa.

    EX: Numa onda de alegria.

    . Metonmia - utilizao de um vocbulo em vez de outro, com o qual tem uma relao de contiguidade.

    EX: Estou a estudar Cames.

    . Oximoro - expresso que inclui contradio, revelando assim a sua complexidade.

    EX: So coisas vestindo nadas.

  • . Perfrase - utilizao de muitas palavras para dizer o que pode ser expresso por poucas.

    EX: Pelo neto gentil do velho Atlante [= Mercrio]

    . Personificao - atribuio de caratersticas humanas a seres inanimados ou a animais.

    EX: Quando uma nuvem passa a mo por cima da luz.

    . Pleonasmo - utilizao de duas palavras ou expresses que significam o mesmo, tendo geralmente valor

    de insistncia.

    EX: Vi, claramente visto, o lume vivo.

    . Sinestesia - expresso simultnea de sensaes diferentes.

    EX: Brancura quente da calada.

    Noes de Versificao

    Verso

    Entende-se por verso, cada uma das linhas de um poema.

    . Ritmo - efeito sonoro produzido intencionalmente pela alternncia entre slabas tnicas (acentuadas) e

    slabas tonas (no acentuadas). Ao conjunto das slabas acentuadas presentes num verso atribui-se a

    designao de acento rtmico.

    Metro/mtrica medida potica que corresponde ao nmero de slabas mtricas de um verso. A

    contagem do nmero de slabas mtricas:

    . efetuada apenas at slaba tnica (slaba acentuada) da ltima palavra do verso;

    . Procede-se normalmente juno das vogais tonas finais quando a palavra seguinte iniciada por

    vogal.

    EX: Mu/dam/-se os/tem/pos/, mu/dam/-se as/von/ta/des.

    1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

    (ltima slaba mtrica) (eliso) (eliso)

    Classificao dos versos quando mtrica:

    . Monosslabo uma slaba

    . Disslabo duas slabas

    . Trisslabo trs slabas

  • . Tetrasslabo quatro slabas

    . Pentasslabo/redondilha menor cinco slabas

    . Hexasslabo seis slabas

    . Heptasslabo/redondilha maior sete slabas

    . Octosslabo oito slabas

    . Eneasslabo nove slabas

    . Decasslabo dez slabas

    . Hendecasslabo onze slabas

    . Dodecasslabo doze slabas

    Rima

    Rima a correspondncia dos mesmos sons.

    Classificao da rima:

    . Em funo da correspondncia de sons:

    . Rima consoante/perfeita - correspondncia total de sons (consoantes e vogais) a partir da ltima slaba

    tnica.

    Cruel como os Assrios

    Lnguido como os Persas,

    Entre estrelas e crios

    Cristo s nas conversas.

    . Rima toante/imperfeita - existe apenas uma correspondncia de sons voclicos a partir da ltima slaba

    tnica.

    Veio pela encosta um monte

    E a rir de modo a ouvir-se de longe.

    . Em funo da natureza gramatical das palavras que rimam:

    . Rima rica - incide em unidades pertencentes a classes de palavras diferentes.

    . Rima pobre - incide em unidades pertencentes mesma classe de palavras.

    . Em funo do esquema rimtico (combinaes de rima):

    . Rima cruzada- a b a b

    . Rima emparelhada - a a b b

    . Rima interpolada - a b b a ou a b c a

  • . Rima encadeada - ltima palavra de um verso rima com o meio do verso seguinte.

    E h nevoentos desencantos

    Dos encantos dos pensamentos.

    . Rima interior - uma das palavras (ou ambas) que rima encontra-se no interior do verso.

    E eu na alma tenho a calma.

    Estrofe

    Classificao da estrofe em funo do nmero de versos:

    . Monstico um verso

    . Dstico ou parelha dois versos

    . Terceto trs versos

    . Quadra quatro versos

    . Quintilha cinco versos

    . Sextilha seis versos

    . Oitava oito versos

    . Novena nove versos

    . Dcima dez versos