resumo evolução do estado moderno

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  • 7/22/2019 Resumo Evoluo do Estado moderno.

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    Ezequiel Schukes Quister

    Texto:A Evoluo do Estado Moderno - Uma Introduo Sociolgica. POGGI,Gianfranco. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1981, pag. 16-26.

    O aparato sistmico, nele includo as pessoas, as normas e as prescries,

    fundamentam o Estado como elemento funcional, com intuito de reger a ordem

    social. Para David Easton, essa funo recai principalmente naquilo que ela chama

    de alocao, que consiste em institucionalizar as negociaes de bens e regular sua

    distribuio, que, nessa teoria, podem ser materiais ou imateriais - exemplo: o

    poder, o direto, etc.

    Easton ainda subdivide tais critrios de alocao subitens como: costume,

    troca e ordem. Por costume exemplifica ttulos honorficos e assemelhados, cuja

    existncia tem valorao de acordo com o contexto de vida, a usana, o hbito.

    importante salientar que Easton coloca que as relaes consuetudinrias, em geral,

    tm o aval de todos os partcipes, porm, encaro essa afirmativa com cautela, j quenem todo costume se assenta na vontade unvoca.

    J a troca entendida como o processo de repasse de um bem, mediante

    pagamento, seja ele como for, a outra pessoa. Essa condio uma das mais

    vigentes atualmente, pois no contexto de globalizao fcil perceber o poder do

    comrcio internacional, por exemplo, ou mesmo do mercado interno, que no geral

    sofre aos sabores dos ventos de crises que podem influenciar a economia interna.

    Neste ponto Easton afirma que numa troca as partes tem uma relao de igualdade

    e esto de acordo com os termos dessa negociao. No contexto atual, no fica bem

    claro se, por troca, entende-se o processo simples de escambo. Considerando que

    em sociedades modernas quase tudo relao comercial, no fica evidente a

    maneira de troca indicada pelo autor.

    Por fim, aquilo exemplificado por ordem, pode ser entendido como um

    dispositivo coercitivo, j que se fundamenta no ato de indicao expressa de

    algum. exemplo de Easton eu sou quem manda aqui. evidente o carter

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    hierrquico que repousa em tal critrio; Easton coloca a poltica neste patamar, j

    que muitas das suas prescries se baseiam em vontade de poucos, sem considerar

    explicaes sobre os critrios de votos, de representao poltica, de vontade da

    maioria. O autor destaca ento o poder de emitir e promulgar ordens sancionadas.

    Ele deixa claro que essa condio fomentada no contexto de uma sociedade, cuja

    amplitude requer que tais aes ou prerrogativas sejam mais duradouras. Esclarece

    que no em qualquer grupo ou associao que essas aes se desenvolvem.

    Easton afirma que as consequentes mudanas sociais, a inerente expanso

    da sociedade e por que no sua modernizao, criam naturalmente contingncias

    que no podem ser sanadas sem o quesito alocao por ordem. Em suma, a

    alocao por ordem pode ser entendida como um mecanismo, uma ferramentareguladora, mediadora, porm, abstrata, cuja existncia virtual, no material. Ela

    o poder, fundamentado a partir do Estado. Sua expresso pode ser vista como a

    poltica, em sua mais alta considerao.

    Na contramo do conceito poltico de alocao, defendido por Easton, est o

    conceito empregado por Schmitt, cujo referencial de poltica se assenta sobre uma

    ideia bem objetiva: poltica o preocupar-se com o estabelecimento e manuteno

    de fronteiras entre coletividades e, em particular, com a proteo da identidade

    cultural de cada coletividade das ameaas exteriores. A ideia de que as coisas so

    definidas pelos equivalentes antagnicos est muito presente no texto de Schmitt:

    bem/mal; legal/ilegal. Para ele, o domnio poltico definido pela distino

    amigo/inimigo. A preservao dos indivduos, da cultura e sua consequente

    autonomia como sociedade so, segundo ele, os objetivos supremos de uma nao;

    portanto, a poltica deve ter essa finalidade. A crtica a essa maneira de pensar recai

    principalmente na impossibilidade de alocar os esforos jurdicos nesta finalidade, jque, segundo o autor, o ordenamento jurdico limitado e padronizado demais para

    abarcar situaes demasiadas imprevisveis, inusitadas. Assim, cabe poltica

    resolver as situaes emergncias, instveis, cuja oportunidade dita a ao. Esse

    pensamento fica bem expresso na concepo de Schmitt quando diz que o que

    conta a eficcia, no a legalidade.

    Definir o inimigo pode ser complexo e problemtico, j que aqueles que o

    fazem devem estar isentos de consideraes jurdicas, morais, econmicas, etc. A

    poltica, portanto, no deve ser entendida somente como uma forma de evitar

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    um dado, sempre acentuando sua fragilidade e condicionamento. Para Poggi, a

    coletividade produto da poltica, logo, s depois de cri-la possvel defend-la.

    Quanto a Easton, a inadequao de sua teoria consiste em condicionar os

    processos polticos a alocaes de objetos de valor entre colaboradoresantagnicos. Poggi, citando Catlin, cr que a poltica est mais interessada nas

    relaes entre os homens, na associao e competio, na submisso e controle, na

    medida em que eles procuram obter seu lugar no convvio com seus semelhantes,

    no a produo e consumo de algum artigo.

    Por fim, o objetivo da anlise foi menos esclarecer as diferentes concepes

    entre as teorias dos autores e mais indicar em que ponto elas convergem. Retirando

    os elementos prosaicos em cada argumentao, fica evidente que ambas,

    ressalvadas as diferenas histrias e conceituais, tm suas razes. Elas lanam luz

    sobre os aspectos internos, quando remontam aos interesses comuns ligados

    produo e ao consumo de bens, as interaes da resultantes e o papel estatal na

    regulamentao dessas e de outras funes. No aspecto externo, salientam a

    necessidade de proteo, vigilncia e segurana da sociedade. Sempre com vistas a

    salvaguardar as singularidades culturais, definindo bem os limites entre ns e os

    outros. Com efeito, os pontos de vistas analisados so complementares. Ainda

    assim, no esgotam as diversas nuances e dificuldades que se apresentam ao

    objetivo de explicar o surgimento do Estado moderno.