resumo e anÁlise crÍtica dawkins
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FACULDADE TEOLÓGICA BATISTA DE SÃO PAULO
Maria Rocha Silva
“AFASTAR-SE DA RELIGIÃO É AVANÇO CIVILIZATÓRIO”
O Resumo
Resumo e análise de artigo apresentado como requisito parcial da disciplina Filosofia da Religião do Programa de Integralização de Créditos do Curso de Bacharel em Teologia da Faculdade Teológica Batista de São Paulo.
Prof. Dr. Lourenço Stelio Rega
SÃO PAULO
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“Afastar-se da religião é avanço civilizatório” é a frase bombástica de Richard
Dawkins proferida em entrevista concedida ao jornal “O Estado de São Paulo” em 12
de agosto de 2007. Dawkins é professor de Compreensão Pública da Ciência na
Universidade de Oxford, além de biólogo, etólogo (a Etologia faz o estudo
comparado do comportamento dos animais), evolucionista e ateu.
Nesta entrevista, ele propõe que os ateus reafirmem de forma escancarada a
sua descrença em Deus, e que “saiam do armário” seguindo o mesmo exemplo dos
gays. Dawkins repudia Deus, que ele chama de “talvez o personagem mais
desagradável da ficção” e a quem ele dirige uma longa série de desqualificativos: de
ciumento a orgulhoso (a forma mais branda de ataque) a perseguidor misógino,
vingativo, homofóbico, racista, etc.
Dawkins contesta o argumento de que “religião não se discute” e, polemista
extremado, espera que ao final da leitura de seu livro “Deus, um delírio” os leitores
se tornem ateus. Não bastasse isso, dentre outras “pérolas”, Dawkins afirma que
“Deus leva crédito pelas coisas boas, mas nunca a culpa pelas coisas ruins” (ele se
referia ao fato de muitas pessoas morrerem num acidente aéreo, por exemplo).
Inquirido se a religião faz parte do DNA, como algo intrínseco à essência do
ser humano, Dawkins concorda parcialmente com o entrevistador, afirmando que
“muitos de nós escapam, especialmente as pessoas que têm uma educação melhor.
Eu diria, sim, que há uma predisposição da mente humana que nos torna
vulneráveis à religião, mas não acho que isso esteja embutido em nossos genes.”
De acordo com Dawkins é possível jogar fora a religião e continuar sendo
ético: “Qualquer um que disser que baseia sua ética na religião está quase
certamente enganado”. Para ele, “a ciência tem, sim, muito a dizer para o mundo, e
acho que as pessoas se sentiriam muito mais completas em suas vidas se
aprendessem com a ciência. Não só com o conhecimento da ciência, mas com a
metodologia do descobrimento científico, que é algo que vale a pena ser seguido”.
Ao final da entrevista Dawkins afirma que “se há algo que a ciência não pode
responder, não há nenhuma razão para supor que a religião possa”.
A Análise
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Ler essa entrevista de Richard Dawkins fez-nos lembrar do bispo Marcião,
outro personagem igualmente desagradável que apareceu no início da igreja cristã.
Semelhantemente ao herege Marcião, Dawkins imagina Deus como um ser invejoso,
legalista, e que pune a humanidade de forma dura e inclemente. Claro que devemos
fazer a ressalva: Marcião cria em Deus não obstante suas ideias tresloucadas;
Dawkins declara abertamente ser ateu.
Ainda que travestido de academicismo, as ideias de Dawkins apenas retratam
um criador de polêmicas, moldado ou concebido para dar asas à loucura. Alguém
pode argumentar que Dawkins tem o direito de dizer o que quiser. Sim, sabemos
que ele tem esse direito. A questão é que suas ideias parecem fomentadas por uma
sociedade cada vez mais ávida por novidades e polêmicas.
Além disso, se a situação fosse oposta, isto é, se nos levantássemos como
defensores da fé cristã (ou de Deus) seríamos sumariamente tachados de fanáticos,
extremistas, fundamentalistas, etc. Porém, como este senhor é bem conceituado no
meio acadêmico, suas ideias delirantes são aplaudidas e seus ataques, ainda que
sejam produto do próprio delírio, parecerão bem interessantes e fundamentados.
Tudo para satisfazer a feira das vaidades. Poderíamos dizer, ainda, que Dawkins
daria um bom discípulo de Nietzsche: se Deus está morto (ou sempre esteve morto),
o lugar dele deveria ser ocupado pelo homem – de preferência pelo homem que
acredita em si mesmo.
Por outro lado, vale notar que existem, sim, pessoas igualmente bem
conceituadas no meio acadêmico que são cristãs, como o prof. John Lennox,
matemático da Universidade de Oxford. Respondendo sobre a origem de Deus, ele
afirma que a pergunta é absurda. “Deus é eterno; ele não foi criado, sempre existiu",
afirma o professor, enfático. "A única razão pela qual alguém pode perguntar isso é
para dizer que não há realidade definitiva. Quem criou o Deus, que criou o Deus,
que criou o Deus? Vamos retroceder no tempo para sempre."1
Segundo ele, suas opiniões são baseadas em lógicas científicas que
demonstram a existência de Deus. Ele é um forte crítico do biólogo Richard
Dawkins, seu "colega" de Oxford e autor de Deus, uma Ilusão, para quem a
evolução darwiniana é suficiente para explicar a vida na Terra.
1 Entrevista concedida ao “Estadão” em 25 de abril de 2009.2
"Dawkins acha que ele foi criado pelo universo. Então eu pergunto: Quem
criou o criador dele?", rebate Lennox. "Viu só? A pergunta funciona para os dois
lados."
Como felizmente acreditamos na existência de Deus, cremos ser melhor
finalizar esta análise com o que o apóstolo Paulo escreveu em 1Co. 1.18-21:
“Certamente, a palavra da cruz é loucura para os que se perdem, mas para nós, que
somos salvos, poder de Deus. Pois está escrito: Destruirei a sabedoria dos sábios e
aniquilarei a inteligência dos instruídos. Onde está o sábio? Onde, o escriba? Onde,
o inquiridor deste século? Porventura, não tornou Deus louca a sabedoria do
mundo? Visto como, na sabedoria de Deus, o mundo não o conheceu por sua
própria sabedoria, aprouve a Deus salvar os que creem pela loucura da pregação”.
(ARA).
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