resumo de bubalinocultura - características do leite de bufala
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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MARANHÃO CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS
CURSO DE AGRONOMIA CRIAÇÕES DE ANIMAIS DE GRANDE PORTE – BUBALINOCULTURA
PROFESSOR SAVIGNY SAUAIA
BRUNA FERNANDA SILVA DE SOUSA – CÓD: 10.311.14
CARACTERÍSTICAS DO LEITE DE BÚFALA
São Luís - MA
2013
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MARANHÃO CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS
CURSO DE AGRONOMIA CRIAÇÕES DE ANIMAIS DE GRANDE PORTE – BUBALINOCULTURA
PROFESSOR SAVIGNY SAUAIA
CARACTERÍSTICAS DO LEITE DE BÚFALA
1. INTRODUÇÃO
A produção leiteira se destaca como uma das principais aptidões das búfalas e é
considerada de grande importância em vários países. No Brasil, sua contribuição também é de
grande importância em pequenas e médias propriedades rurais, onde é considerado o principal
provedor de alimentos, garantindo a produtividade e a permanência sustentável do homem na
zona rural (AMARAL et al., 2005).
A exploração leiteira é um forte atrativo aos produtores devido ao retorno econômico e
comercial, já que o leite é destinado em sua totalidade à produção de queijo “mozzarella”,
apresentando, desta forma, mercado assegurado com preços compensatórios (MACEDO,
2001). Logo o leite de búfala possui um potencial promissor, apresentando um elevado valor
nutritivo devido aos altos níveis de gordura, proteínas e minerais (cálcio e fósforo), podendo
ser consumido in natura ou servir de matéria prima para elaboração de lácteos.
Apesar do elevado valor nutritivo e da importância tecnológica do leite de búfala, sua
produção e consumo ainda são muitos baixos, quando comparados com o leite de vaca. Este
comportamento pode estar relacionado a pouca divulgação das características do leite e dos
poucos estudos que tem sido realizados a respeito da sua composição química, propriedades
físico-químicas e qualidade microbiológica.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Características gerais do leite de búfalas
O leite de búfala apresenta características peculiares que permitem sua fácil
identificação sob o ponto de vista físico-químico e sensorial. Tem sabor ligeiramente
adocicado, é mais branco que o leite bovino, devido à ausência quase total de caroteno (pro-
vit. A) em sua gordura. Quando comparado ao leite de vaca, apresenta diferenças na
composição, devido à presença de maior porcentagem de seus constituintes, principalmente,
gordura e proteína, os quais são responsáveis pelas características físicas (estrutura, cor,
sabor) do leite e dos seus derivados (BRITO e DIAS, 1998).
O trabalho realizado por Póvoa & Moraes-Santos (1982), observou-se que os
aminoácidos triptofano e cistina do leite de búfala, apresentaram menores teores em relação
ao leite de vaca. Para os demais apresentou valores superiores em relação ao leite de vaca. Na
tabela 1. estão os dados de análises químicas publicadas, com o intuito de demostrar a
superioridade do leite de búfala em relação ao de outras espécies, baseando-se nos seus
componentes nutricionais.
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A concentração total do colesterol do leite de búfala é menor do que a encontrada no
leite de vaca (275 mg/100 g contra 330 mg/100 g de gordura), e é 1,5 a 1,9 vezes mais
calórico que o leite de vaca. Considerando a concentração de aminoácidos, o leite de búfala
apresenta 25,55% de aminoácidos essenciais a mais do que o leite de vaca (AMARAL et al.,
2005a).
Com relação à composição, os valores divulgados por diferentes pesquisadores são
muito variados, o que, é justificado considerando-se que diversos fatores atuam sobre a
mesma. Têm especial importância na composição do leite às condições de clima, alimentação,
raça e manejo; assim, quando se observa a composição citada por diferentes autores, grandes
diferenças podem ser observadas, em função dos fatores destacados.
Um fator de incremento na qualidade do leite é a alta concentração de ácidos
graxos poliinsaturados, em especial, o ácido linoléico conjugado (CLA) devido aos seus
efeitos fisiológicos benéficos frente a algumas doenças como diabetes, doenças
cardiovasculares, hipertensão, obesidade e câncer (Miyazaky e Ntambi, 2003, citado por
Fernandes et al, 2005).
A característica nutricional do leite bubalino pode ser avaliada pelo perfil proteico e da
gordura. Pode ser considerado bastante rico em proteína (media de 4,2% de proteína bruta).
Em 100g de nitrogênio do leite, 89 a 96% são constituídos de nitrogênio proteico (NP),
representado pela caseína e proteínas do soro e, 4 a 11% de nitrogênio não proteico (NNP). O
nitrogênio não proteico e composto por aminoácidos livres, ureia, acido úrico, creatina e
produtos do metabolismo do corpo do animal (CARVALHO e HUHN, 1979).
A qualidade microbiológica do leite de búfala está intimamente relacionada aos
hábitos do animal e ao manejo de ordenha. Um fator de grande relevância é o comportamento
do animal de imergir em água (TEIXEIRA et al., 2005) ou o hábito de chafurdar-se à procura
de conforto térmico, que dificulta a higienização dos tetos da búfala.
Dentre os microrganismos presentes na contagem bacteriana total estão os do grupo
dos psicrotrófilos. Estes microrganismos desenvolvem em baixas temperaturas na faixa de -5
a 20°C com ótimo de crescimento de 10 a 15°C e podem produzir enzimas termorresistentes
que causam grandes modificações no produto durante o tempo de vida-de-prateleira (shelf
life) dos derivados lácteos, que permanecem armazenados em temperatura de ambiente
(CARMO, 2006). Além disto, causam grandes prejuízos devido à perda de qualidade dos
produtos refrigerados.
Enquanto se observa certa estagnação no consumo de derivados lácteos bovinos no
país nos últimos anos, os laticínios que processam leite de búfalas apresentaram entre 2.001 e
2.005 um crescimento médio anual no leite processado da ordem de 32,3%, segundo a ABCB
(Associação Brasileira de Criadores de Búfalos). Além da tradicional mussarela, outros
derivados começam a ser produzidos a partir do leite de búfalas tais como os queijos tipo
minas fecal, a ricota, o doce de leite, o queijo tipo coalho, o iogurte e o provolone, entre
outros. Caracteristicamente, verifica-se maior concentração de criadores (normalmente
pequenos), nas regiões em que se implantam atividades de industrialização de derivados
lácteos de búfalos (BERNARDES, 2006).
Mas apesar do maior valor nutritivo e rendimento industrial do leite de búfala quando
comparados ao leite de vacas e do crescimento de sua exploração, pouco se tem feito para
regulamentação de normas de padrão de identidade e qualidade, o que dificulta a realização de
medidas de controle e fiscalização pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com esta revisão de literatura, podemos concluir que:
- A superioridade nutricional e de rendimento industrial do leite de búfala em relação ao de
vaca se deve à sua composição química que compreende maiores teores de proteína, gordura,
minerais como cálcio e fósforo. Logo os produtos, o queijo mozzarella e o iogurte terão sua
composição química relacionados com a composição inicial do leite;
- Cuidados na ordenha e higienização do animal, evitando assim a contaminação por
microrganismos para garantir segurança ao consumidor;
- Requer mais pesquisas na área microbiológica para ampliar o conhecimento da atuação dos
microrganismos que interferem em parâmetros físicos e químicos e avaliá-los em produtos
lácteos, contribuindo para uma considerável melhora na padronização e shelf life, para
atender às normas de regulamentação do MAPA.
REFERÊNCIAS/BIBLIOGRAFIA
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