resumo - a era do capital.pdf
TRANSCRIPT
Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
Fábio Koifmann – História das Relações Internacionais
Peterson Freitas e Amanda Queiroz
Resumo: A Era do Capital – Segundo Capítulo, A grande Expansão
O livro trata sobre o momento em que o mundo tornou-se capitalista e uma minoria
significativa de países “desenvolvidos” transformou-se em economias industriais. Após
o impedimento causado pelos eventos da Primavera dos Povos, em 1848, o que seguiu
foi tão extraordinário que não foi possível detectar um precedente. O que fez este boom
tão satisfatório para os homens de negócios famintos de lucros foi a combinação de
capital barato e um rápido aumento nos preços. Como já foi sugerido, o emprego
cresceu aos saltos, tanto na Europa como no resto do mundo, para onde homens e
mulheres migravam então em quantidades enormes. A alta taxa de emprego e a presteza
em conceder aumentos salariais onde fosse necessário apagaram o descontentamento
popular.
A conseqüência política deste boom era de longo alcance. Proporcionou aos governos
sacudidos pela revolução um espaço para respirar e, por outro lado, destroçou os ânimos
dos revolucionários. Numa palavra, a política estava em estado de hibernação. Esse
período de calma chegou ao fim com a depressão de 1857. Economicamente falando,
tratava-se apenas de uma interrupção da era de ouro do crescimento capitalista, que
continuou numa escala até maior na década de 1860 e atingiu seu clímax em 1871-73.
Politicamente, transformou a situação. Mas a política reanimou-se. Em pouco tempo,
todas as velhas questões da política liberal voltaram à agenda – a unificação nacional da
Alemanha e da Itália, a reforma constitucional, liberdades civis e o resto. Em resumo, a
política ganhou novo ânimo num período de expansão, mas não era mais a política da
revolução.
O mundo triunfante do capitalismo teve sua era de vitória global iniciada e pontilhada
pelos gigantescos rituais de autocongratulação, as grandes exibições internacionais,
cada uma delas encaixada num principesco monumento à riqueza e ao progresso técnico
– o Palácio de Cristal em Londres (1851), a Rotonda em Viena, cada qual exibindo o
número crescente e variado de manufaturas, cada uma delas atraindo turistas nacionais e
estrangeiros em quantidades astronômicas. A primeira metade do século XIX é o
contraste entre o enorme e crescente potencial produtivo da industrialização capitalista e
sua inabilidade em aumentar sua base. Depois, devido à estrada de ferro, o vapor e o
telégrafo que representaram os meios de produção, o espaço geográfico da economia
capitalista pôde repentinamente multiplicar-se, na medida em que a intensidade das
transações comerciais aumentava. A criação de um único mundo expandido é talvez a
mais importante manifestação do desse período. Isso era particularmente crucial para o
desenvolvimento econômico e forneceu a base para a gigantesca expansão nas que teve
um papel tão importante na expansão da Inglaterra.
A economia capitalista recebeu simultaneamente um número de estímulos
extremamente poderosos que resultaram na expansão econômica, e a sua mais
característica medida do século XIX eram a força a vapor e seus produtos associados,
carvão e ferro, e obviamente também seu símbolo mais espetacular, a estrada de ferro,
que os combinava. A indústria têxtil, o mais típico produto da primeira fase de
industrialização, cresceu comparativamente menos. Com pequenas exceções, as
principais invenções técnicas da primeira fase industrial não exigiram conhecimento
científico muito avançado. A partir da metade do século, as coisas se modificaram, o
professor tornou-se uma figura industrial mais importante do que nunca. Uma
conseqüência significativa desta penetração da indústria pela ciência era que dali em
diante, o sistema educacional tornara-se crucial para o desenvolvimento da indústria. O
que o desenvolvimento econômico precisava em nível mais elevado não era tanto a
originalidade científica, mas a capacidade de compreender e manipular ciência.
Novas matérias-primas, freqüentemente encontráveis apenas fora da Europa, atingiram
a partir daí uma significação que só viria a se tornar evidente no período subseqüente do
imperialismo. Desse modo, o petróleo já havia atraído a atenção dos engenhosos
ianques como um combustível conveniente para lâmpadas, mas rapidamente encontrou
novos usos através do processamento químico. Olhando para trás, podemos observar
que a ruptura estava bem próxima: o mundo estava prestes a entrar na era da luz e força
elétricas, do aço e ligas de aço, do telefone e fonógrafo, das turbinas e máquinas a
explosão. Mas isso tudo ainda não havia acontecido em meados da década de 1870. A
maior inovação industrial, excetuando-se os campos científicos acima mencionados, foi
provavelmente a produção em massa de maquinaria. A maior parte do avanço na
engenharia de produção de massa veio dos Estados Unidos, pioneiro do revólver Colt,
rifle Winchester, relógios produzidos em massa, máquinas de costura e as modernas
linhas de montagem. Tudo isso assustava os europeus, que já percebiam, por volta de
1860, a superioridade tecnológica dos Estados Unidos na produção em massa.
O autor evidencia que todo grande boom é seguido por uma grande depressão. O
processo de expansão deste período, no fim da década de 1870, era curiosamente
catastrófico. Violentas quedas sucediam booms estratosféricos, até que os preços
descessem suficientemente para dissipar os mercados retraídos e limpar o campo das
empresas falidas, para que então os homens de negócios recomeçassem o investimento e
a expansão, renovando desta forma o ciclo.