resultados da parceria científica entre a ufmg e o lna · pesquisadores do la-df/ufmg coletar...

1
Resultados da Parceria Científica entre a UFMG e o LNA Wagner J.B. Corradi 1 Gabriel A.P. Franco 1 Luiz P.R. Vaz 1 João F.C. Santos Jr. 1 Silvia H.P. Alencar 1 Domingos S.L. Soares 1 Sérgio L.A. Vieira 2 Luiz T.S. Mendes 3 Carlos A.P.C.O. Torres 4 Germano Quast 4 Bruno Castilho 4 Marcelo M. Guimarães 1 Francisco F.S. Maia 1 Wilson Reis 1 Fábio P. Santos 1 Cristiane O. Costa 4 Tiago A. Jota 1 Tiago A. Jota 1 Alexandre F.F. Lages 1 (1) Laboratório de Astrofísica, Departamento de Física, UFMG - Belo Horizonte/MG, Brasil (2) Centro Universitário UNA - Belo Horizonte/MG, Brasil (3) Departamento de Engenharia Eletrônica - Belo Horizonte/MG, Brasil (4) Laboratório Nacional de Astrofísica LNA/MCT - Itajubá/MG, Brasil Workshop OPD, SOAR e GEMINI - Campos do Jordão, Brasil - Março, 2010 Resumo Neste trabalho apresentaremos alguns dos resultados da parceria científica en- tre o Laboratório de Astrofísica (Depto. de Física da Universidade Federal de Minas Gerais (LA-DF/UFMG) e o Laboratório Nacional de Astrofísica (LNA/MCT). Pretendemos mostrar que os dados fotométricos, espectroscópicos e polarimétri- cos coletados no LNA, ajudaram a expandir e a consolidar os trabalhos científicos e a formação de recursos humanos na UFMG. Ao mesmo tempo, a UFMG tem ajudado o LNA na melhoria e desenvolvimento da instrumentação e dos recursos disponibilizados para a comunidade astronômica brasileira. Os benefícios mútuos dessa parceria se refletem no lugar de destaque alcança- dos por ambas instituições tanto no cenário nacional quanto internacional. Parceria entre o LNA e a UFMG Os recursos disponíveis no LNA/MCT permitiram aos pesquisadores do LA-DF/UFMG coletar dados fotométricos, espec- troscópicos e polarimétricos de altíssima qualidade que permitiram o estudo de uma ampla variedade de temas astrofísicos. Relacionamos abaixo alguns dos trabalhos mais importantes. Instrumentação Astronômica No final dos anos 80 começou o processo de automação do telescó- pio Perkin-Elmer de 1,60m (Figura 1) instalado no Observatório do Pico dos Dias (OPD). O programa AUTO em cooperação com o staff do LNA foi desenvolvido durante a dissertação de Mestrado do estu- dante Eduardo Fernandes Vieira, intitulada “Automação de telescó- pios, de sistemas de aquisição de dados e programas utilitários para a pesquisa Astrofísica”, sob orientação do Prof. Luiz Paulo Vaz. Nos dias de hoje a parceira tem continuado através da construção do es- pectrógrafo STELES, por exemplo. Figure 1. O telescópio de 1.60m e sua a sala de controle Dados Fotométricos Da mesma época até o final dos anos 90, várias campanhas ob- servacionais para coleta de dados fotométricos UBVRI e uvbyHβ permitiram a elaboração de outras 4 dissertações de mestrado envol- vendo o estudo de sistemas binários eclipsantes pela equipe do Prof. Luiz Paulo R. Vaz. Juntamente com dados do European Southern Observatory, foi possível fazer uma determinação precisa das mas- sas, raios e temperaturas estelares de dois sistemas triplos V906 Sco (Silvia Alencar, 1995) e RV Crateris (Ana Machado, 1997). No início dos anos 2000 os Profs. Wagner Corradi, João F. Santos Jr. e Sérgio Vieira iniciaram uma campanha observacional para o es- tudo de aglomerados abertos jovens, que são fontes de informação importante para o conhecimento da formação de estrelas e galáxias. Os dados UBV(RI)c tem sido coletados com o telescópio IAG 0.6m no OPD/LNA desde então. O trabalho de caracterização destes objetos exige um refinamento dos métodos de análise, incluindo a descon- taminação do diagrama cor-magnitude (CMD, Figura 2). Figure 2. (esquerda) Imagem DSS de NGC 1981. (Direita) CMD de NGC 1981 e do campo de controle, e em cores o CMD descontaminado Em conjunto com dados no infravermelho (2MASS) tem sido pos- sível obter parâmetros astrofísicos precisos. Por exemplo, mostramos que o aglomerado Dolidze-Dzim 1, trata-se na verdade de um aster- ismo no céu enquanto que o aglomerado NGC 1981 (Figura 2) tem distância e idade que indica um gradiente de idade nos aglomerados da Nebulosa de Órion (Francisco Maia 2007, 2010). O Prof. João F. Santos Jr. tem usado o SOAR (Bica et al. 2008) para estudar os aglomerados de estrelas da Grande Nuvem de Ma- galhães (GNM) Estes são alvos observacionais excelentes devido a sua proximidade e diversidade de idade e metalicidade. A GNM con- tém uma grande população de aglomerados pertencentes a sistemas binários, contrariamente ao que ocorre em nossa Galáxia, uma indi- cação de que o meio de baixa densidade da GNM parece favorecer a existência de aglomerados binários. Recentemente, seu estudante de mestrado Alexandre Lages está usando dados do SOI (SOAR optical imager) e conseguiu mostrar que não há evidências de um segundo “turnoff point” em NGC2214, contradizendo os resultados de Sagar et al. (1991) cuja conclusão é de que NGC2214 contém duas populações estelares distintas, uma de 60 M anos e outra de 170 M anos. Características morfológicas e estruturais de galáxias em ambi- entes densos tem sido estudadas pelo Prof. Domingos Soares. Os primeiros resultados foram assunto da dissertação do estudante de mestrado Paulo Veiga. O Prof. João F. Santos Jr. tem também us- ado o GEMINI para estudar as regiões centrais de galáxias Seyfert (Dottori et al. 2005). Dados Espectroscópicos Desde o final dos anos 80 o Prof. Gabriel Franco tem feito um acompanhamento espectroscópico de estrelas pré-sequência princi- pal Ae/Be de Herbig (Herbig 1960). Estes objetos são estrelas jovens de massa intermediária (2-8 ) ainda em seu estágio de contração para a sequência principal. Esse trabalho permitiu a conclusão de uma dissertação de mestrado e uma tese de doutorado (Sérgio Vieira 1994, 1999), além de inúmeras publicações de impacto na área. Posteriormente os Profs. Wagner Corradi, Sérgio Vieira, Silvia Alen- car e Luiz Mendes iniciaram uma das colaborações mais importantes da UFMG com o LNA. Após o convite dos Profs. Carlos Alberto Torres e Germano Quast para análisarem as estrelas candidatas ao grupo HAeBe do Pico dos Dias Survey (PDS, Torres 1999), foi publicado, em 2003, o maior catálogo de objetos jovens de massa intermediária (2-8 ) do hemisfério Sul (Vieira 2003). Figure 3. (esquerda) Localização da maioria das estrelas Aede Herbig do PDS Os espectros coletados ao longo da campanha do PDS, bem como de outras missões no ESO permitiram a elaboração de duas outras dissertações de mestrado. O estudante Marcelo Guimarães fez uma determinação refinada dos parâmetros estelares e de evidências de atividade circunstelar para um conjuntos de estrelas HAeBe do PDS (Guimarães 2006). Já a estudante Cristiane Costa utilizou os espectros dessas HAeBes para buscar por bandas interestelares difusas (DIBs). DIBs são lin- has de absorção que aparecem no espectro de objetos cuja luz tenha atravessado significativo material interestelar, provocados por ele- mentos cuja identificação ainda é desconhecida. Em sua disser- tação, a aluna mostrou que as estrelas PDS339, PDS340, PDS395, PDS473 and PDS514 não apresentam DIBs em seus espectros. Como estas estrelas tem pouquíssimo material interestelar à sua frente, este resultado impõe vínculos fortes sobre os modelos de DIBs, ao indicar que o meio circunstelar não é apropriado para a sobrevivência dos causadores das DIBS (Figura 4). Figure 4: Espectro de estrelas HAeBe do PDS sem DIBs e sem linhas inter- estelares: a) DIBs 5780 and 5797 b) O Gemini Multi-Object Spectrograph (GMOS) (Gemini-South) tem sido usado também no estudo de aglomerados abertos. Num tra- balho mais recente mostramos que o objeto ESO442SC04 foi clas- sificado erroneamente como um aglomerado velho no estado de dis- persão (Maia et al. 2008) Dados Polarimétricos Para coroar a parceria entre a UFMG e o LNA temos o trabalho do Prof. Gabriel Franco (Franco et al., 2008), realizado exclusivamente com dados coletados com os telescópios do OPD, que foi premiado e apareceu na capa da A&A. Utilizando o IAGPOL foram cobertos 46 campos na Pipe Nebula (Figura 5). A orientação dos vetores polar- ização estão perpendiculares à orientação da nuvem na direção da grande estrutura filamentar, indicando que o colapso global pode ter sido dirigido pela difusão ambipolar, mostrando assim a importância do campo magnético no estudo da formação estelar. 4 o 3 o 2 o 1 o 0 o 359 o 358 o 357 o 356 o Galactic Longitude 2 o 3 o 4 o 5 o 6 o 7 o 8 o Galactic Latitude 0.1% 1% Figure 5: Mapeamento da Pipe Nebula. Distribuição dos vetores polarização. Observe a orientação dos vetores perpendiculares à orientação da nuvem, indicando que o colapso global pode ter sido dirigido pela difusão ambipolar. Este mesmo instrumento foi usado pelo Prof. Wagner Corradi e equipe para mapear o suposto anel de interação entre as bolhas Lo- cal e Loop I. De agosto/2007 a fev./2009 foram observadas 900 es- trelas no filtro V (Figura 6). Este dados foram usados pelo estudante Fábio Santos em sua dissertação de mestrado para confirmar o resul- tado obtido por Reis & Corradi (2008) usando fotometria Strömgren, de que o anel de interação não existe (Figura 7). Este resultado joga por terra um modelo do meio interestelar local em vigência há quase uma década. O IAGPOL continua sendo usado pelo estudante de doutorado Wilson Reis para cobrir a direção da Superbolha de rion- Eridanus. Figure 6: Dis- tribuição espacial dos dados polarimétricos na direção das bol- has Local e Loop I (Santos, 2009). Mar- rom : 900 estrelas observadas no LNA; Azul: 1391 estrelas do catálogo de ?. Figure 7: Distribuição dos vetores polarização ao longo da região de inter- ação das bolhas: A diferença de orientação dos vetores nos lados leste e oeste do anel, além das distâncias muito discrepantes sugere que o anel não existe. Sumário A qualidade dos trabalhos apresentados apresenta de forma irrefutá vel que a parceria entre a UFMG e o LNA têm contribuido significamente para o crescimento de ambas as instituições. Acknowledgments and Financial Support Os autores são gratos às agencias financiadoras CNPq, CAPES e FAPEMIG e à UFMG pelo apoio financeiro. References Reis, W., Corradi, W.J.B., 2008, A&A, 347, 1065 Franco G.A.P., Alves F.A., Girart J. 2008, A&A 486, L13 Dottori et al., 2005, ApJL 628, 85 Bica E., 2008, MNRAS 391, 915 Reis, W., Corradi, W. J. B. 2008, A&A,486, 471 Santos, F. P., 2009, Master Thesis, De- partamento de Física, UFMG Vieira, S.L.A., Corradi, W. J. B., et al., 2003, AJ 126, 2971-2987 Guimarães, M. M., et al., 2006, A&A 457, 581-589 Torres, C. A. O. 1999 Special Publ. 10 (Rio de Janeiro: ON/MCT) Herbig, G. H., 1960, ApJS 4, 337

Upload: phamanh

Post on 10-Nov-2018

216 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Resultados da Parceria Científica entre a UFMG e o LNAWagner J.B. Corradi1 Gabriel A.P. Franco1 Luiz P.R. Vaz1 João F.C. Santos Jr.1

Silvia H.P. Alencar1 Domingos S.L. Soares1 Sérgio L.A. Vieira2

Luiz T.S. Mendes3 Carlos A.P.C.O. Torres4 Germano Quast4

Bruno Castilho4 Marcelo M. Guimarães1 Francisco F.S. Maia1

Wilson Reis1 Fábio P. Santos1 Cristiane O. Costa4 Tiago A. Jota1

Tiago A. Jota1 Alexandre F.F. Lages1

(1) Laboratório de Astrofísica, Departamento de Física, UFMG - Belo Horizonte/MG, Brasil

(2) Centro Universitário UNA - Belo Horizonte/MG, Brasil

(3) Departamento de Engenharia Eletrônica - Belo Horizonte/MG, Brasil

(4) Laboratório Nacional de Astrofísica LNA/MCT - Itajubá/MG, Brasil

Workshop OPD, SOAR e GEMINI - Campos do Jordão, Brasil - Março, 2010

ResumoNeste trabalho apresentaremos alguns dos resultados da parceria científica en-

tre o Laboratório de Astrofísica (Depto. de Física da Universidade Federal de MinasGerais (LA-DF/UFMG) e o Laboratório Nacional de Astrofísica (LNA/MCT).

Pretendemos mostrar que os dados fotométricos, espectroscópicos e polarimétri-cos coletados no LNA, ajudaram a expandir e a consolidar os trabalhos científicose a formação de recursos humanos na UFMG. Ao mesmo tempo, a UFMG temajudado o LNA na melhoria e desenvolvimento da instrumentação e dos recursosdisponibilizados para a comunidade astronômica brasileira.

Os benefícios mútuos dessa parceria se refletem no lugar de destaque alcança-dos por ambas instituições tanto no cenário nacional quanto internacional.

Parceria entre o LNA e a UFMGOs recursos disponíveis no LNA/MCT permitiram aos

pesquisadores do LA-DF/UFMG coletar dados fotométricos, espec-troscópicos e polarimétricos de altíssima qualidade que permitiram oestudo de uma ampla variedade de temas astrofísicos. Relacionamosabaixo alguns dos trabalhos mais importantes.

Instrumentação AstronômicaNo final dos anos 80 começou o processo de automação do telescó-

pio Perkin-Elmer de 1,60m (Figura 1) instalado no Observatório doPico dos Dias (OPD). O programa AUTO em cooperação com o staffdo LNA foi desenvolvido durante a dissertação de Mestrado do estu-dante Eduardo Fernandes Vieira, intitulada “Automação de telescó-pios, de sistemas de aquisição de dados e programas utilitários paraa pesquisa Astrofísica”, sob orientação do Prof. Luiz Paulo Vaz. Nosdias de hoje a parceira tem continuado através da construção do es-pectrógrafo STELES, por exemplo.

Figure 1. O telescópio de 1.60m e sua a sala de controle

Dados FotométricosDa mesma época até o final dos anos 90, várias campanhas ob-

servacionais para coleta de dados fotométricos UBVRI e uvbyHβpermitiram a elaboração de outras 4 dissertações de mestrado envol-vendo o estudo de sistemas binários eclipsantes pela equipe do Prof.Luiz Paulo R. Vaz. Juntamente com dados do European SouthernObservatory, foi possível fazer uma determinação precisa das mas-sas, raios e temperaturas estelares de dois sistemas triplos V906 Sco(Silvia Alencar, 1995) e RV Crateris (Ana Machado, 1997).

No início dos anos 2000 os Profs. Wagner Corradi, João F. SantosJr. e Sérgio Vieira iniciaram uma campanha observacional para o es-tudo de aglomerados abertos jovens, que são fontes de informaçãoimportante para o conhecimento da formação de estrelas e galáxias.Os dados UBV(RI)c tem sido coletados com o telescópio IAG 0.6m noOPD/LNA desde então. O trabalho de caracterização destes objetosexige um refinamento dos métodos de análise, incluindo a descon-taminação do diagrama cor-magnitude (CMD, Figura 2).

Figure 2. (esquerda) Imagem DSS de NGC 1981. (Direita) CMD de NGC 1981 edo campo de controle, e em cores o CMD descontaminado

Em conjunto com dados no infravermelho (2MASS) tem sido pos-sível obter parâmetros astrofísicos precisos. Por exemplo, mostramosque o aglomerado Dolidze-Dzim 1, trata-se na verdade de um aster-ismo no céu enquanto que o aglomerado NGC 1981 (Figura 2) temdistância e idade que indica um gradiente de idade nos aglomerados

da Nebulosa de Órion (Francisco Maia 2007, 2010).O Prof. João F. Santos Jr. tem usado o SOAR (Bica et al. 2008)

para estudar os aglomerados de estrelas da Grande Nuvem de Ma-galhães (GNM) Estes são alvos observacionais excelentes devido asua proximidade e diversidade de idade e metalicidade. A GNM con-tém uma grande população de aglomerados pertencentes a sistemasbinários, contrariamente ao que ocorre em nossa Galáxia, uma indi-cação de que o meio de baixa densidade da GNM parece favorecera existência de aglomerados binários.

Recentemente, seu estudante de mestrado Alexandre Lages estáusando dados do SOI (SOAR optical imager) e conseguiu mostrarque não há evidências de um segundo “turnoff point” em NGC2214,contradizendo os resultados de Sagar et al. (1991) cuja conclusão éde que NGC2214 contém duas populações estelares distintas, umade 60 M anos e outra de 170 M anos.

Características morfológicas e estruturais de galáxias em ambi-entes densos tem sido estudadas pelo Prof. Domingos Soares. Osprimeiros resultados foram assunto da dissertação do estudante demestrado Paulo Veiga. O Prof. João F. Santos Jr. tem também us-ado o GEMINI para estudar as regiões centrais de galáxias Seyfert(Dottori et al. 2005).

Dados EspectroscópicosDesde o final dos anos 80 o Prof. Gabriel Franco tem feito um

acompanhamento espectroscópico de estrelas pré-sequência princi-pal Ae/Be de Herbig (Herbig 1960). Estes objetos são estrelas jovensde massa intermediária (2-8 ) ainda em seu estágio de contraçãopara a sequência principal. Esse trabalho permitiu a conclusão deuma dissertação de mestrado e uma tese de doutorado (Sérgio Vieira1994, 1999), além de inúmeras publicações de impacto na área.

Posteriormente os Profs. Wagner Corradi, Sérgio Vieira, Silvia Alen-car e Luiz Mendes iniciaram uma das colaborações mais importantesda UFMG com o LNA. Após o convite dos Profs. Carlos Alberto Torrese Germano Quast para análisarem as estrelas candidatas ao grupoHAeBe do Pico dos Dias Survey (PDS, Torres 1999), foi publicado,em 2003, o maior catálogo de objetos jovens de massa intermediária(2-8 ) do hemisfério Sul (Vieira 2003).

Figure 3. (esquerda) Localização da maioria das estrelas Aede Herbig do PDS

Os espectros coletados ao longo da campanha do PDS, bem comode outras missões no ESO permitiram a elaboração de duas outrasdissertações de mestrado. O estudante Marcelo Guimarães fez umadeterminação refinada dos parâmetros estelares e de evidências deatividade circunstelar para um conjuntos de estrelas HAeBe do PDS(Guimarães 2006).

Já a estudante Cristiane Costa utilizou os espectros dessas HAeBespara buscar por bandas interestelares difusas (DIBs). DIBs são lin-has de absorção que aparecem no espectro de objetos cuja luz tenhaatravessado significativo material interestelar, provocados por ele-mentos cuja identificação ainda é desconhecida. Em sua disser-tação, a aluna mostrou que as estrelas PDS339, PDS340, PDS395,PDS473 and PDS514 não apresentam DIBs em seus espectros.Como estas estrelas tem pouquíssimo material interestelar à suafrente, este resultado impõe vínculos fortes sobre os modelos deDIBs, ao indicar que o meio circunstelar não é apropriado para asobrevivência dos causadores das DIBS (Figura 4).

Figure 4: Espectro de estrelas HAeBe do PDS sem DIBs e sem linhas inter-estelares: a) DIBs 5780 and 5797 b)O Gemini Multi-Object Spectrograph (GMOS) (Gemini-South) tem

sido usado também no estudo de aglomerados abertos. Num tra-

balho mais recente mostramos que o objeto ESO442SC04 foi clas-sificado erroneamente como um aglomerado velho no estado de dis-persão (Maia et al. 2008)

Dados PolarimétricosPara coroar a parceria entre a UFMG e o LNA temos o trabalho do

Prof. Gabriel Franco (Franco et al., 2008), realizado exclusivamentecom dados coletados com os telescópios do OPD, que foi premiadoe apareceu na capa da A&A. Utilizando o IAGPOL foram cobertos 46campos na Pipe Nebula (Figura 5). A orientação dos vetores polar-ização estão perpendiculares à orientação da nuvem na direção dagrande estrutura filamentar, indicando que o colapso global pode tersido dirigido pela difusão ambipolar, mostrando assim a importânciado campo magnético no estudo da formação estelar.

4o 3o 2o 1o 0o 359o 358o 357o 356o

Galactic Longitude

2o

3o

4o

5o

6o

7o

8o

Gal

actic

Lat

itude

0.1% 1%

Figure 5: Mapeamento da Pipe Nebula. Distribuição dos vetores polarização.Observe a orientação dos vetores perpendiculares à orientação da nuvem,indicando que o colapso global pode ter sido dirigido pela difusão ambipolar.Este mesmo instrumento foi usado pelo Prof. Wagner Corradi e

equipe para mapear o suposto anel de interação entre as bolhas Lo-cal e Loop I. De agosto/2007 a fev./2009 foram observadas 900 es-trelas no filtro V (Figura 6). Este dados foram usados pelo estudanteFábio Santos em sua dissertação de mestrado para confirmar o resul-tado obtido por Reis & Corradi (2008) usando fotometria Strömgren,de que o anel de interação não existe (Figura 7). Este resultado jogapor terra um modelo do meio interestelar local em vigência há quaseuma década. O IAGPOL continua sendo usado pelo estudante dedoutorado Wilson Reis para cobrir a direção da Superbolha de rion-Eridanus.

Figure 6: Dis-tribuição espacial dosdados polarimétricosna direção das bol-has Local e Loop I(Santos, 2009). Mar-rom : 900 estrelasobservadas no LNA;Azul: 1391 estrelasdo catálogo de ?.

Figure 7: Distribuição dos vetores polarização ao longo da região de inter-ação das bolhas: A diferença de orientação dos vetores nos lados leste e oestedo anel, além das distâncias muito discrepantes sugere que o anel não existe.

SumárioA qualidade dos trabalhos apresentados apresenta de forma irrefutá vel que aparceria entre a UFMG e o LNA têm contribuido significamente para o crescimentode ambas as instituições.

Acknowledgments and Financial SupportOs autores são gratos às agencias financiadoras CNPq, CAPES e FAPEMIG e àUFMG pelo apoio financeiro.

ReferencesReis, W., Corradi, W.J.B., 2008,

A&A, 347, 1065

Franco G.A.P., Alves F.A., Girart J.2008, A&A 486, L13

Dottori et al., 2005, ApJL 628, 85

Bica E., 2008, MNRAS 391, 915

Reis, W., Corradi, W. J. B. 2008,A&A,486, 471

Santos, F. P., 2009, Master Thesis, De-partamento de Física, UFMG

Vieira, S.L.A., Corradi, W. J. B., et al.,2003, AJ 126, 2971-2987

Guimarães, M. M., et al., 2006, A&A457, 581-589

Torres, C. A. O. 1999 Special Publ. 10(Rio de Janeiro: ON/MCT)

Herbig, G. H., 1960, ApJS 4, 337